A Implantação de Um SGA - Sistema de Gestão Ambiental Nos Moldes Da ISO 14001
A Implantação de Um SGA - Sistema de Gestão Ambiental Nos Moldes Da ISO 14001
A Implantação de Um SGA - Sistema de Gestão Ambiental Nos Moldes Da ISO 14001
O processo de implantação de um SGA nos moldes da ISO 14001 passa por cinco etapas básicas
conforme ilustração abaixo:
Este ciclo é o velho conhecido “ciclo do PDCA”, iniciais das palavras inglesas Plan, Do, Check,
Action, utilizado nos processos de implementação do Gerenciamento pela Qualidade Total – CQT.
A grande espiral do ciclo PDCA indica que esse é sempre retomado de forma que a melhoria
contínua seja alcançada progressivamente, a cada novo ciclo.
Apesar de não ser uma etapa exigida pela norma, antes de iniciar o processo de implantação do
SGA, faz-se necessário verificar o estágio atual da empresa, no que se refere às questões
ambientais. Essa etapa é denominada por algumas empresas de Análise Crítica Preparatória ou
Diagnóstico Preliminar ou Revisão Inicial ou Auditoria Preliminar.....A norma ambiental ISO 14001
não se aplica somente as grandes empresas: ela pode ser implantada tanto por uma grande
multinacional, como por uma pequena indústria, de fundo de quintal, que se preocupa com as
questões ambientais.
De maneira geral as empresas estão começando de modo certo: verificando o estágio em que se
encontram, no que se refere às questões ambientais, através da Análise Crítica Preparatória.
Neste momento, analisa-se criticamente a situação da empresa, de forma que ela venha a servir
como subsídio para a identificação dos pontos que devem ser focalizados no processo de
implantação do SGA. Nessa etapa é importante que a empresa seja transparente e não omita
nenhuma informação. Quanto mais se mostrem os fatos, mais eficiente o SGA a ser implantado.
Não deve haver negligência nessa etapa. Deve-se vasculhar a empresa, verificando como ela
funciona em todos seus micros e macros aspectos.
É preciso organizar questionários direcionados para todas as áreas e anotar tudo que for observado
para subsidiar o Relatório de Análise Preparatória, na qual deve constar:
• Pontos fortes e fracos da empresa em relação a todos os requisitos exigidos pela norma
ambiental
• Lista de recomendações referentes a tudo que deve ser feito pela empresa para cumprir os
requisitos da norma
O objetivo de todas as empresas que estão num processo de implantação de SGA não pode ser
outro: identificar com clareza os seus problemas ambientais para se estabelecer um
plano de melhoria contínua com foco na atenuação ou eliminação desses problemas!
A primeira etapa
Depois da etapa preliminar, que não é exigida pela norma, mas ajuda muito quando feita antes de
se iniciar o processo, pode-se iniciar a primeira etapa recomendada pela ISO 14001: a definição
da política ambiental.
Segundo a definição da NBR ISO 14001 a política ambiental é:
Algumas empresas estão preferindo realizar essa etapa depois que avançam um pouco na fase de
Planejamento. Isso visa definir uma política mais pragmática e menos filosófica, o que só é possível
após levantamento dos seus impactos ambientais. Não é recomendável declarar, na política, o que
se pretende fazer, se isso não irá, de fato ser efetivado na prática!
“A política ambiental de uma empresa não poderá estar em vigor apenas como um exercício de
relações públicas, mas sim como uma base para o desenvolvimento de objetivos e metas
ambientais específicos nos diferentes níveis da organização. A aplicação da política resultará em
mudanças na forma como a organização é gerenciada, nos planos de investimento e nas
estratégias adotadas pela empresa.” Michael J. Gilbert
A segunda etapa
É também muito importante não confundir o conceito de impacto ambiental com o de aspecto
ambiental, que segundo a NBR ISO 14001 é: “Elemento das atividades, produtos ou serviços de
uma organização que pode interagir com o meio ambiente.”
Exemplo: o efluente gasoso gerado no processo produtivo. Para esse mesmo exemplo, o impacto
ambiental correspondente é a modificação das condições atmosféricas locais.
O aspecto ambiental é sempre o elemento que causa o impacto ambiental. Logo o segundo não
existe sem o primeiro!
Após o levantamento dos impactos ambientais da empresa é necessário classificá-los. De posse dos
impactos dos impactos, devidamente classificados, a empresa deve decidir se todos vão ser
focalizados na definição dos objetivos e metas ambientais. O que geralmente se faz é começar,
com o foco nos impactos significativos, pois não se pode abraçar o mundo todo de uma só vez! Os
fatores econômicos também têm que ser considerados. Não precisa pressa! O importante é que a
empresa identifique seus problemas ambientais e estabeleça um plano de melhoria contínua,
visando eliminá-los.
A terceira etapa
Nesta fase, é necessário ocorrer a conscientização e o treinamento dos empregados sobre os novos
procedimentos adotados. Pode-se implementar um programa de treinamento e educação
ambiental.
Para facilitar a etapa de implementação é interessante elaborar uma tabela de correlação dos
impactos ambientais com os objetivos e metas, na qual deve constar:
• Descrição do impacto
• Atividade da empresa relacionada com o impacto
• Setor/profissional responsável
• Objetivo e metas relacionadas
Esse descritivo facilitará a visualização dos setores ou profissionais que são responsáveis pelo
Programa de Gestão Ambiental da empresa. Deve ser feita uma revisão anual dos objetivos e
metas e os responsáveis devem definir cronogramas e mecanismos de acompanhamento para
medir se eles estão sendo cumpridos.
A empresa que já tem o SGQ implantado, basta incorporar novos documentos referentes ao SGA.
Caso contrario, o processo é mais trabalhoso. Esta documentação fornece subsídio para que a
auditoria avalie se a empresa está em conformidade com a norma ambiental.
O manual do SGA, deve ser bastante objetivo e resumido, descrevendo, em linguagem simples,
como funciona o sistema, incluindo a política ambiental, a estrutura organizacional do SGA (com a
matriz de autoridade e responsabilidade nos diversos níveis funcionais da empresa) e como são
gerenciadas as questões referentes a todas as exigências da norma.
Nesse manual não será possível colocar todos os documentos do SGA, pois ficaria impraticável
carregá-lo, deixando portanto, de ser manual. Ele deve apenas fazer referência a outros
documentos da empresa, tais como os procedimentos, instruções operacionais, registros,
protocolos etc, os quais devem ficar disponíveis nos setores interessados da empresa.
A quarta etapa
Nessa etapa, é importante checar como estão sendo conduzidas as operações que provocam
impactos ambientais.
Exemplo: existem métodos para verificar a composição de um gás que é emitido pela empresa?
Existem equipamentos que monitoram e medem efluentes gasosos? São calibrados regularmente?
Existem registros que comprovam que isso é feito?
Da mesma forma é hora de observar se todas as não-conformidades estão sendo levantadas, se há
procedimentos para esse levantamento, assim como para a correção das não-conformidades.
É o momento de realizar as auditorias do SGA, para as quais já devem também existir
procedimentos de realização definidos.
As auditorias ambientais internas tem como objetivo verificar se as atividades de gestão ambiental
estão, ou não, em conformidade com a norma. No final de uma auditoria, após a emissão do
relatório pelos auditores, a pessoa responsável pela área ou atividade auditada poderá visualizar
claramente se o SGA está sendo eficaz, no que se refere ao cumprimento dos seus requisitos e ao
desempenho ambiental planejado. Para isso a auditoria tem que ser muito criteriosa e seu relatório
muito bem escrito e detalhado! Os auditores devem ser preparados através de um curso de
Formação de Auditores.
Deve-se caprichar nas auditorias internas. Quanto mais bem feitas elas forem, mais claramente
indicarão as não-conformidades o que permitirá corrigi-las, obtendo, assim, um SGA invejável!
Além de garantir a certificação!
A quinta etapa
O grande instrumento para subsidiar a realização da análise crítica são os diversos planos
operacionais das áreas/setores/pessoas da empresa. Quando esses são confrontados com os
objetivos e metas ambientais almejados, pode-se obter uma visão clara de como eles progrediram
e o que fazer para atingir a melhoria do sistema.
Fechando o ciclo
Quando uma empresa realiza todo o ciclo de implementação, corrigindo as não conformidades
detectadas, ela já está preparada para receber a auditoria de certificação. Solicita-se, então, uma
instituição certificadora, que envia seus auditores para verificar se a empresa esta apta ou não a
receber a certificação ambiental.
A certificação não entra como uma etapa do ciclo de implementação do SGA pois ela é facultativa.
Muitas empresas poderão implantar um SGA sem ter interesse na certificação. Para essas, o SGA é
importante pois irá ajudá-las a gerenciar de forma adequada os seu problemas ambientais.
Nos dias que antecedem à chegada dos auditores externos, é muito comum acontecerem
verdadeiras sabatinas para se verificar se todos estão com tudo na ponta da língua! Acontece um
grande número de reuniões com os empregados para orientá-los no sentido de como agir na hora
H. essa hora é precedida de muita ansiedade e expectativa, mas os empregados devem estar
cientes de que não há motivos para temores e que tudo deve ser exposto de forma bem clara.
Quem já participou desse processo afirma que ele assemelha-se muito a uma gingana, na qual
todos fazem o que podem para ganhar o grande prêmio! A certificação do SGA da empresa é
confirmada. Missão cumprida!
Mas não se pode esquecer é que o processo não acabou por aí! O ciclo deve ser recomeçado com a
revisão da política, objetivos e metas ambientais, de forma a seguir na procura constante e
incessante da MELHORIA CONTÍNUA! Só assim, quando os auditores retornarem à empresa,
poderão atestar se ela continua a merecer a certificação.
Bibliografia:
ABREU, Dora. Sem ela nada feito: uma abordagem da importância da educação ambiental na
implantação da ISO 14001. Salvador: Asset Negócios Corporativos, 1997