Claudio Alves Canellas

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CLAUDIO

ALVES
CANELLAS
“DE JUDOCA CARIOCA A
KODANSHA SERGIPANO”
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CLAUDIO ALVES CANELAS
“DE JUDOCA CARIOCA A KODANSHA SERGIPANO”

JAMILLE SOUZA DE THAIS KATHARINE


FREITAS SANTOS RODRIGUES

JOAQUIM DE ALMEIDA IVAN FERREIRA JUNIOR


NETO
WILSON MARTINS
ANDERSON MARTINS
SANTOS

KLEVERTON DE ALMEIDA
SOUZA

3
Copyright © 2021

Yama Judo Clube

4
Sumário
PREFÁCIO ................................................... 7
INTRODUÇÃO ............................................. 8
CAPÍTULO 1 COMO TUDO COMEÇOU ......... 11
SUA MAIOR INSPIRAÇÃO ........................... 12
FORMAÇÃO E PROFISSÃO .......................... 16
ALÉM DO JUDO ........................................ 18
O JUDOCA E O MILITAR ............................. 21
DO RIO PARA O MUNDO ........................... 23
CONQUISTAS ............................................ 27
O KODANSHA CANELLAS ........................... 32
FILOSOFIA DE VIDA ................................... 34
MESTRES E ALUNOS .................................. 36
O ENVOLVIMENTO COM OUTRAS LUTAS .... 39
CAPÍTULO 2 PERGUNTAS PROPOSTAS ........ 40
SOBRE O JUDÔ AO LONGO DO TEMPO ....... 41
ACONSELHAMENTOS AOS INICIANTES ........ 43
A PARTE MAIS DIFÍCIL ............................... 45
SOBRE O JUDÔ SERGIPANO ....................... 46

5
TEORIA VS. PRÁTICA ................................. 47

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PREFÁCIO
Caro leitor, nesta obra iremos contar um pouco da
história de vida de um ilustre judoca que escolheu
Sergipe como lar, após uma trajetória de vida incrível.
Hoje, o judoca se consagrou Kodansha, que é
considerado um representante direto da arte de Jigoro
Kano no Brasil.

Esse trabalho foi confeccionado pelos alunos


atletas de judô do clube Yama Judô, projeto do
Departamento de Educação Física da Universidade
Federal de Sergipe, sob orientação do sensei Enaldo
Boaventura.

Para tanto, gostaríamos de convidar você para


conhecer a história de Claudio Alves Canellas, em um
breve relato contendo as mais importantes memórias
deste.

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INTRODUÇÃO
Claudio Alves Canellas, nascido na cidade do Rio
de Janeiro, viveu a infância em um morro do Botafogo, na
favela de Dona Marta, (a primeira favela pacificada da
capital fluminense). Com origem humilde e vivendo em
um barraco de madeira, o único filho de dona Olívia, uma
mulher guerreira, que, independentemente da profissão
ou condição humilde, nunca deixou de cuidar do filho,
não apenas alimentando, mas também proporcionando
educação para a vida. Saindo do Rio de Janeiro, conheceu
inúmeros estados e regiões, culturas e povos, e conviveu
com muita diversidade natural e humana, que, ao longo
da vida, proporcionou muito conhecimento. Teve honras,
méritos e muita alegria. Possui faculdade na área da
saúde, graduado especificamente em educação física e
possui ainda pós graduação e inúmeros outros cursos de
especialização. Através do judô, Canellas conquistou
muitos títulos, desde estaduais à nacionais e

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internacionais. Hoje, com mais de 60 anos, está longe de
abrir mão dos amores que possui na vida: em primeiro a
mãe dona Olívia, esposa e filhos, em seguida o judô e a
profissão. E é com essa perspectiva que teremos o prazer
de contar um pouco da história de vida de Cláudio
Canellas. Do Rio de Janeiro para o mundo, judoca carioca
que se tornou Kodansha Sergipano.

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Antigo barraco de madeira, localizado na favela da Dona
Marta, Morro do Botafogo, Rio de Janeiro/RJ.

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CAPÍTULO 1:
COMO TUDO COMEÇOU
Neste primeiro capítulo, abordaremos a vida e as
histórias mais importantes lembradas por Canellas
durante a entrevista. Histórias vividas desde a infância,
quando conheceu o judô, até as épocas em que viveu em
regiões distantes do nosso país, onde vivenciou
experiências inesquecíveis, com diversos povos e
experimentando diversas culturas. A submersão é
inevitável e fará você se sentir presente em cada
momento

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SUA MAIOR INSPIRAÇÃO
Como já sabemos, Claudio Alves Canellas, nasceu
no Rio de Janeiro em 20 de setembro de 1959. Cresceu e
passou a infância no subúrbio da cidade maravilhosa.
Passou a infância residindo em um barraco de madeira,
na favela da dona Marta, no morro do Botafogo. Aos
cuidados de dona Olívia, mãe querida com quem convive
e cuida até os dias de hoje, Canellas teve oportunidade
de estudar e conhecer as boas oportunidades que a vida
poderia oferecer. Contrariando a triste estatística da
maioria das crianças nascidas nas favelas do Rio de
Janeiro, ele escolheu estudar. A culpa pela excelente
escolha que fez e boa conduta que desenvolveria ao
longo da vida é atribuída a mãe, que o levou para
conhecer o judô, quando ainda tinha apenas 4 anos. Dona
Olívia, na época uma trabalhadora humilde, foi peça
fundamental ao apresentar e entregar o seu filho para o
judô. Apesar da origem humilde, certa vez fora lhe

12
concedido uma oportunidade de ouro que mudaria sua
vida, quando lhe foi oferecida a chance de estudar num
dos colégios cariocas mais bem conceituados: o Colégio
Curso Martins. Nesse momento, se fazia existente o
precursor da profissão que escolheria para a vida. Aos
poucos, o jovem Claudio crescia influenciado pelo
aprendizado de seus professores de judô. Ao aprender
sobre respeito, hierarquia, disciplina, lealdade, e outros
princípios que o judô possui, não teve dificuldade quando
ingressou no Exército Brasileiro. Vamos abordar um
pouco da carreira militar de Canellas nos próximos
capítulos. De antemão, podemos dizer que foram anos
servindo com conduta exemplar. Além de judoca
extraordinário e oficial exemplar, ainda possui graduação
em educação física e atuou, com excelência, em escolas
por todo o país, levando não só a atividade física, mas o
judô para milhares de crianças, muitas das vezes de
forma gratuita. Ainda teve oportunidade de apresentar a
arte de Jigoro Kano para diversas etnias indígenas. Mas,
voltando ao assunto desse capitulo, dona Olívia, e

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norteadora e responsável pelas conquistas do único filho,
hoje com 86 anos, recebe os cuidados do filho, que, com
todo carinho, não mede esforços para acomodar da
melhor forma possível. Quem, outrora, vivia em um
barraco de madeira na favela da dona Marta, hoje
desfruta de uma das paisagens mais lindas do nordeste
brasileiro.

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15
FORMAÇÃO E PROFISSÃO
Além de uma vida inteira dedicada ao judô e uma
vasta carreira no Exército brasileiro, kodansha Canellas
ainda é graduado em educação física pela Escola de
Educação Física do Exército e, posteriormente, aplicou
para inúmeras especializações e cursos de pós graduação
na mesma área da saúde.

Resumindo o histórico cronológico da carreira


como judoca de Canellas, ele começou a treinar com 4
anos e, aos 7 anos, ganhou a primeira faixa colorida: a
graduação na cor azul. Aos 18 anos, conquistou a faixa
marrom. Nessa época já estava ingressando no serviço
militar, onde teria uma carreira brilhante pela frente,
incluindo como paraquedista das forças armadas,
carreira essa que dividia espaço com o judô em seu
coração. Já dentro do Exército brasileiro, com 22 anos
conseguiu o 1º DAN. Após a graduação com faixa preta,
em 1989 conquistou o 2º DAN, em 1994 veio o 3º DAN,

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em meados do ano 2000, o 4º DAN, em 2007 chegou ao
5º DAN e, após longa jornada na vida que inclui viagens
por todo o país e pelo mundo, hoje, em 2018, já residindo
em Aracaju/Se, conquistou o 6º DAN - faixa coral
Vermelha e Branca, se tornando um kodansha.

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ALÉM DO JUDO
A vontade de seguir a carreira militar surgiu na
oportunidade que recebeu quando ainda vivia com a
mãe, dona Olívia, quando, na oportunidade, cursou o
Curso Colégio Martins, no Rio de Janeiro. No entanto, a
vida efetiva no Serviço Militar Brasileiro se iniciou quando
ele foi aprovado e ingressou na Escola Preparatória de
Cadetes do Exército (EsPCEx), localizada na cidade de
Campinas. Posteriormente, já engajado com o serviço
militar, se graduou em Educação Física pela Escola de
Educação Física do Exército (1988). Pós em fisiologia do
Exercício e treinamento Desportivo pela Universidade
Católica do Paraná, Mestrado em Ciências Militares pela
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército
brasileiro. ainda atuou como Organizador e iniciador da
Corrida das Comunicações no Rio de Janeiro de 1991 a
1997 e ensinou natação para os alunos do Curso de
Formação de Sargentos de Manutenção de

18
Comunicações do Exército Brasileiro na Escola de
Comunicações do Exército brasileiro por 6 anos
consecutivos. Com tamanha experiência e
conhecimento, passou em um concurso público para
professor de Educação Física da Prefeitura de Manaus
onde lecionou por 2 anos. Ainda em Manaus, foi
Comandante do Corpo de Alunos do Colégio Militar de
Manaus, responsável pela disciplina de cerca de 1000
alunos. Coordenou a seção de Educação Física do Colégio
Militar de Manaus em 2004.

Foi Oficial de Comunicação Social do Exército


Brasileiro no Estado da Bahia durante o ano de 2012 e
presidente nacional do programa de governo federal
"Soldado Cidadão" no ano de 2008. Uma das grandes
realizações dentro do Exército Brasileiro foi quando fez o
Curso de Formação de Paraquedistas do Exército
Brasileiro, concluindo inúmeras horas de saltos como
paraquedista.

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Mas o serviço militar não o proporcionou
somente essas conquistas. Ainda não contamos aqui toda
contribuição e influência que o Judô teve em sua carreira
militar. É o que vamos abordar no próximo capítulo.

20
O JUDOCA E O MILITAR
Quando nós falamos de um Oficial do Exército
Brasileiro, logo nos vem uma ideia de uma pessoa que
possui total disciplina em seus hábitos, conhecimento de
submissão hierárquica, princípios de lealdade com o
companheiro da equipe e muitas outras características,
que são bastantes semelhantes com os princípios que
aprendemos no Judô de Jigoro Kano.

Para Canellas, a coletânea dessas características


foi um dos principais fatores que o fez crer que estaria
escolhendo o serviço militar como profissão para toda
vida. Os princípios de boa índole, aprendidos com a
prática do judô, foram fundamentais e exerceram um
peso considerável na hora da escolha.

Ele explica que ingressou no Exército já obtendo o


costume de submissão, respeito e disciplina, que seus
professores ensinavam dentro dos inúmeros dojos

21
frequentados durante a infância e adolescência. Ele ainda
compara os códigos de conduta do Judô e dos hábitos
marciais utilizados no Exército Brasileiro com os
costumes dos antigos samurais japoneses, quando cita,
como exemplo, o protocolo que um samurai costumava
praticar, tirando sua própria vida, ao perceber que havia
falhado diante de uma determinada situação.

22
DO BOTAFOGO PARA O
MUNDO
Como Oficial do Exército, ele atuou em vários
estados do Brasil. Isso proporcionou a oportunidade de
conhecer novas culturas, saberes, pessoas e tudo o que a
diversidade brasileira pode oferecer. No Amazonas, por
exemplo, além de ter atuado como professor de
educação física em escolas municipais de Manaus e no
Colégio Militar de Manaus e de ministrar treinos de judô,
em horas extras e de modo gratuito, ele teve
oportunidade de ensinar o judô a várias etnias indígenas,
cerca de doze tribos, situadas na região da “tríplice
fronteira”, entre o Brasil, Venezuela e Colômbia, no
município de São Gabriel da Cachoeira/AM. O fruto desse
trabalho foi um campeão amazonense, treinado por 2
anos, fora outros que não tiveram oportunidade de
competir, por não haver adversários na mesma

23
categoria.de adversários. A recompensa por esse
trabalho, além das amizades que perduram como tempo,
veio em forma de muito aprendizado e conhecimento da
cultura e costumes de diferentes etnias indígenas,
enfatizando o fato de ser um povo muito inteligente,
contrariando a maneira de pensar e preconceito alheio.
A exemplo dessa afirmação, ele cita como exemplo o
Vice-Presidente da República, o senhor Antônio Hamilton
Mourão (General Mourão), que é indígena, e diz que o
único caminho é muito estudo, necessitando ser “o
primeiro da turma”. Canelas diz que se orgulha muito por
ter vivido esse processo de transmitir a disciplina e os
conhecimentos do Judô para os indígenas:

“foram dois anos de glórias, estando ali”.

Em outra experiência, antes dessa, no nordeste


do país, ministrou aulas de judô no Colégio Militar de
Recife, vinculado como professor visitante e ainda foi
professor de educação física na Escola de Comunicações

24
(EsCom), em Brasília depois de ter sido instrutor de
paraquedismo no Centro de Instrução Paraquedista
General Penha Brasil, na vila militar do Rio de Janeiro.

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26
ALGUMAS CONQUISTAS
Conheceu muitos países competindo judô. Uma
das consequências do judô em sua vida é justamente a
oportunidade de conhecer diversos lugares por meio das
competições, tanto nacionalmente como
internacionalmente. Ao participar de algumas
competições, teve a oportunidade de viajar ao exterior
como, por exemplo, quando competiu no World Judô
Championships de Bruxelas e de Budapeste.

A primeira participação registrada em uma


competição é do ano de 1976, quando foi Campeão
Estadual Do Rio De Janeiro, Federação Estadual De Judô
Do Rio De Janeiro. Em 1986 foi Campeão De Judô Das
Forças Armadas, Comissão Desportiva E Militar Do Brasil.
Depois de um curto breve período, voltou a conquistar
medalha como Campeão Dos Jogos Da DEE (Diretoria De
Especialização E Extensão (Geral)Como Técnico E Atleta
De Corrida Rústica, Exército Brasileiro, em 1993. No ano

27
seguinte, voltou a conquistar o mesmo campeonato.
Depois de um longo período sem participar de
competições, voltou a lutar motivado pelo seu Sensei (.)
e chegou a conquistar o 3º lugar Campeonato Mundial De
Judô, World Master Judô Association, em 2007. Após essa
conquista, podemos observar que a experiência, aliada
com a motivação, resultou em conquistas importantes na
carreira de Canellas, não somente no judô como também
dentro do Exército Brasileiro. Em 2008, foi vice Campeão
Sul-americano De Judô, Confederação Brasileira De Judô,
Campeão Brasileiro De Judô, Confederação Brasileira De
Judô, 5- Medalha De Serviço Amazônico Com Passador De
Prata E Duas Castanheiras, Exército Brasileiro. No ano
seguinte, em 2009, foi Campeão Panamericano De Judô,
da União Pan Americana De Judô, 3º Lugar no
Campeonato Mundial de Judô, World Master Judô
Association, campeão brasileiro de Judô, Medalha Militar
de Ouro, por ter mais De 30 Anos de bons serviços
prestados e sem punições no Exército Brasileiro. Já em
2010, foi 3º Lugar no Campeonato Mundial De Judô,

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Federação Internacional de Judô, Vice Campeão
Brasileiro De Judô, Confederação Brasileira de Judô,
recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Militar do
Presidência Da República, a Medalha General Osório “O
Legendário”, de Melhor Preparo Físico do Exército,
Exército Brasileiro. Em 2011, conquistou a medalha do
Pacificador pelo Exército Brasileiro. Em 2012, foi o 3º
lugar no Campeonato Brasileiro de Judô, Confederação
Brasileira de Judô. Em 2015, já com raízes firmadas em
Sergipe, voltou a disputar e foi campeão da Copa São
Paulo de Judô, da Federação Paulista de Judô e o
Campeão Sergipano de Judô, pela Federação Sergipana
De Judô.

Pode parecer não haver importância nas


medalhas pertinentes ao Exército citadas acima, no
entanto, se lembrarmos que o judô foi o norteador para
que Canellas escolhesse a carreira militar como profissão,
vemos que faz todo sentido citá-las, pois corroboram e
exemplificam todas as características de um judoca

29
exemplar que são humildade, respeito, lealdade,
comprometimento, perseverança e amizade.

30
Além de medalhas conquistadas no judô, Canellas também
recebeu inúmeras condecorações no Exército Brasileiro

31
O KODANSHA CANELLAS
No ano de 2012, chegava em Sergipe, o já
renomado Sensei Canellas. Estar em lugar novo e
desbravar o desbravar o desconhecido já não era
novidade nenhuma para Canellas, visto que já possuía
vasta experiencia em decorrência da ampla carreira nas
forças armadas. Além de chegar em Sergipe possuindo
grande experiencia e portando títulos como o de
campeão brasileiro, o primeiro lugar no panamericano de
judô na República Dominicana e o terceiro lugar no
mundial da Hungria em 2010, continuou competindo na
categoria master e, em 2015, disputou o campeonato
paulista e o sergipano, conquistando medalha de ouro
em ambas competições. No entanto, o que não sabia é
que, a partir daquele momento, Canellas trilharia um
caminho que o consagraria Kodansha. Em suas palavras,
ser um Kodansha é:

“…ser um representante direto da arte de Jigoro Kano”.

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Em 2018 veio o tão aguardado 6° DAN.

Sua contribuição para o estado de Sergipe não se


limita em apenas transmitir e compartilhar o
conhecimento que possui. Canellas já empreendeu
montando sua própria academia, a Academia Líder, que
foi palco de descoberta de crianças e jovens talentosos
na arte de Kano. Além disso, Canellas contribuiu para a
formação de inúmeros faixas-preta para o estado, além
de oportunizar o primeiro contato com o judô para
inúmeras crianças. Defensor da boa saúde e qualidade de
vida, Canellas ainda oferecia atividade física aquática,
como natação para bebês e hidroginástica. Hoje, depois
de alguns anos de muito esforço e dedicação, já não
possui mais o estabelecimento. No entanto, está longe de
abandonar o tatame e a formação de novos judocas.
Além disso, hoje possui novos hobbies, como a
composição de letras e melodias de músicas.

33
FILOSOFIA DE VIDA
A caridade que pratica quando ministra aulas
gratuitas de judô, a doação de si ao próximo, a
transmissão de conhecimento feita de maneira
respeitosa e cuidadosa, a empatia, todas essas atitudes
são características do Sensei Canellas. Ele defende a
necessidade de praticar o perdão. Segundo ele, o perdão
cura qualquer doença, enquanto que o ódio, a raiva e o
rancor podem ser tóxicos para o ser humano e que
devemos tomar atitudes urgentes contra esses
sentimentos. Para ele, o perdão é o melhor caminho. Ele
diz que a aproximação com Deus é a melhor forma para
se adquirir o perdão ao próximo e que podemos recorrer
para que sentimentos ruins, como os citados
anteriormente, sejam eliminados de nós. Se não
conseguimos perdoar aquele que nos machuca, podemos
pedir a Deus que ele irá nos ajudar. E por consequência
de saber perdoar o semelhante, ele prega o amor e

34
respeito ao próximo. Essas são características que ele
aprendeu ao longo da vida e afirma que é o mínimo que
um superior na hierarquia deve ter. O respeito ao
próximo é fundamental, sendo necessário saber ouvir,
compreender e responder a todos com respeito.

35
MESTRES E ALUNOS
Não à toa, Canellas teve bons mestres ao longo da
vida e isso é comprovado hoje, quando analisamos as
palavras e a maneira como se expressa.

Para começar esse assunto, vamos mencionar


alguns dos inúmeros professores que contribuíram e
ainda contribuem na formação do Kodansha Canellas. Ele
cita a ordem dos mestres que teve ao longo da carreira e
da vida. Entre eles, podemos mencionar o professor
Zequinha, seu primeiro sensei, mestre de Lucca,
professor Germano, professor Geraldo Bernardes, sensei
Takeshi Miura, entre outros.

A exemplo de seus mestres, ao longo da carreira ele


contribuiu na graduação de cerca de 25 faixas pretas.
Alguns deles, na verdade, migraram de outros dojos já
possuindo a faixa marrom. Porém, por ter acompanhado
todo o progresso desses alunos de maneira paralela

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desde o início, é visível o apego e carinho de sensei
Canellas para com esses alunos ao considerá-los como
seus graduados. Podemos dizer ainda que ele contribuiu
para a carreira de vários campeões, a exemplo, os
amazonenses

37
38
O ENVOLVIMENTO COM
OUTRAS LUTAS
Canellas diz que, além do judô, ele também
pratica o jiu-jitsu, sendo faixa roxa nessa arte marcial. Ele
conta que decidiu praticar jiu-jitsu após uma luta de judô,
que ele perdeu no Ne-waza, e julgou a sua derrota como
algo que poderia ter evitado de maneira muito simples.
fato é que, na época, seu sensei não costumava treinar
luta no solo. Sem conseguir aceitar esse fato e com medo
que um dia algum aluno seu se machucasse com as
chaves e estrangulamentos ou passasse pelo mesmo
problema, ele procurou uma academia de jiu-jitsu para
aperfeiçoar suas técnicas, se aprofundou na arte e hoje
possui faixa roxa na modalidade. como fora dito antes, o
conhecimento é fundamental para a prática ser
aperfeiçoada cada vez mais.

39
CAPÍTULO 2
PERGUNTAS PROPOSTAS
Durante esse capítulo, nós iremos apresentar as
respostas para as perguntas propostas pelo sensei
Enaldo. Essas perguntas retratam os pensamentos e
opiniões de Canellas, acerca de questões pertinentes ao
nosso esporte de um modo geral.

40
SOBRE O JUDÔ AO LONGO
DO TEMPO
De modo afirmativo, Sensei Canellas inicia sua
fala trazendo alguns dados importantes sobre essa
questão. Sob o ponto de vista histórico a imigração
japonesa no Brasil, durante a Segunda Guerra, foi um
grande marco para que o judô fosse difundido em
território nacional, pois também envolve a vinda de
mestres judocas e suas famílias. Há, nesse sentido, uma
transmissão direta desse saber mais tradicional vinculado
ao judô kodokan sendo disseminado pelo país. Esses
processos estão vinculados ao terreno da partilha oral, de
modo que para o sensei Canellas esses mestres
representam a memória viva desse judô mais tradicional.
No entanto, os mestres vinculados à escola japonesa
estão “sumindo”, pois muitos já faleceram por suas
idades avançadas. Isso tudo implica num processo de que

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cada vez mais as pessoas pouco leem ou buscam se
informar sobre o que de fato é o judô para além da
competição. Ele defende a necessidade de correr atrás do
conhecimento, na medida em que esse processo também
abre novos caminhos para o saber. Por meio da filosofia
da arte marcial podemos reavaliar ou expandir aquilo que
aprendemos na parte do combate. Ele cita como o mestre
Miguel Suganuma e como esse sensei entende o judô não
como uma defesa pessoal, mas sim como amor,
humildade e paixão. Sendo assim, e acima de tudo, há um
incentivo por parte de sensei Canellas pela busca pelo
conhecimento. O judô é uma arte marcial composta do
treino do corpo e da mente

42
ACONSELHAMENTOS AOS
INICIANTES
Aos iniciantes, o Sensei Canelas diz que a
abordagem inicial é parecida, independentemente da
idade, mas que a atenção deve ser maior com crianças
até os 8 ou 9 anos, e que o ensino de Judô a elas deve ser
lúdico, divertido, educativo apenas, e que o ensino
competitivo deve começar logo mais tarde, por conta do
risco de eventuais lesões. Aos adultos o cuidado deve ser
redobrado, pois existem aqueles que possuem uma certa
maldade com o oponente, e também aqueles que não
possuem tanta firmeza nas técnicas e movimentos.

Por conta da sua ampla experiência no judô e por


ser graduado em Educação física, além de elaborar
trabalhos relacionando grupos musculares e o judô,
Canellas cita a importância dos tríceps pois são muito
utilizados. São eles: Os músculos posteriores do braço, os

43
músculos anteriores do antebraço e os flexores do punho
e dos dedos. Sensei Canellas frisa também que às vezes o
judoca ao treinar sai com as 3 seções do tríceps inchadas,
sendo necessário sempre fazer alongamentos e em
ocasiões que não possa treinar, é importante que o atleta
faça exercícios que façam a extensão de cotovelo e flexão
de punho para que os seus músculos estejam
trabalhando.

44
A PARTE MAIS DIFÍCIL
Canellas relata que a parte mais difícil para um
sensei é lidar com pessoas. Quem é sensei lida não
somente com os alunos, mas com os pais desses alunos,
o que é muito mais difícil.

Para ilustrar esse pensamento, ele dá o exemplo


de um menino, recém chegado em seu dojo.
Naturalmente, ao final do treino, o menino ocupou o
último lugar na fila. Quando um familiar da criança
presenciou isso, não aceitou e foi contestar. Logo, ele
poderia ter agido de qualquer maneira. No entanto,
decidiu agir de maneira correta, ao explicar como
funciona a hierarquia do judô.

Imaginando a cena, não é difícil, para qualquer


pessoa, cair na tentação de responder a essa situação
com ignorância ou coisa do tipo.

45
SOBRE O JUDÔ SERGIPANO
Segundo Canellas, o judô sergipano progrediu
muito nos últimos cinco anos. Há nove anos residindo no
estado, na cidade de Aracaju, ele nota uma grande
evolução em muitos aspectos, no entanto enfatiza que
pode melhorar mais. Ele diz que a nova gestão está com
ideias boas e novas ações para evoluir ainda mais. Sergipe
possui atletas de renome nacional e ele cita até a
participação nas olimpíadas, quando diz que:

“…temos aqui no estado atletas que vão para as


olimpíadas. Apesar de não competir, participar da
equipe de apoio é um ganho muito grande”.

Sensei Canellas só lamenta o fato de que o estado


ainda não possui árbitros a nível internacional, no
entanto, sabemos que é questão de tempo, para isso
acontecer.

46
TEORIA VS. PRÁTICA
"Se você não tem conhecimento teórico, vai dar com os
urros n’agua”.

Com esse dito popular, lembrado por Canellas


durante a entrevista, nós começamos este trecho. Com
isso, ele deixa bem claro que a leitura e o conhecimento
da metodoogia e dos funtamentos têm muita
importância para a aplicação prática. Conhecer a história,
a teoria, nomenclaturas, etc., é tão importante quanto
conhecer a própria técnica. Além do mais, os que
possuem a teoria, na prática possuem grande vantagem.
Por outro lado, quem tem conhecimento parcial, sempre
ficará à mercê dos outros e serão obrigados a se
submeterem. No entanto, vale frisar que, na medida em
que se adquire conhecimento, também é necessário
adquirir humildade.

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