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MR050-2018
DADOS DA OBRA
• Língua Portuguesa
• Matemática
• História Geral
• História do Brasil
• Geografia Geral
• Geografia do Brasil
• Atualidades
• Noções Básicas de Informática
• Noções de Administração Pública
Autores
Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Evelisi Akashi
Jaqueline Lima dos Santos
Carlos Alexandre Quiqueto
Bruna Pinotti Garcia Oliveira
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO
CURSO ONLINE
PASSO 1
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SUMÁRIO
Língua Portuguesa
Matemática
História Geral
História do Brasil
Geografia Geral
Geografia do Brasil
Atualidades
Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do 1º
de março de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional..........................................................................................................................01
MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2010. ..............01
MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ...........................................................................................................................09
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas
e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras
e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. .................................................................................34
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e
rodapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. ..............................................................................................................................................................................59
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. .....................................74
Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas...........................................................83
1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................................................................................................................................................................. 01
1.1. Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; e
Capítulo II – Dos Direitos Sociais;................................................................................................................................................................. 01
1.2. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo VII – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais;
Seção II – Dos Servidores Públicos; e Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios..... 26
1.3. Título V – Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: Capítulo III – Da Segurança Pública.................132
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO........................................................................................................................................... 39
2.1. Título I – Dos Fundamentos do Estado.............................................................................................................................................. 39
2.2. Título II – Da Organização e dos Poderes: Capítulo I – Disposições Preliminares; e Capítulo III – Do Poder
Executivo................................................................................................................................................................................................................. 39
2.3. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo I – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais: artigos
111 a 114, e 115 “caput” e incisos I a X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI e XXVII; Capítulo II – Dos Servidores Públicos do Estado:
Seção I – Dos Servidores Públicos Civis: artigo 124 “caput”, e artigos 125 a 137; Seção II – Dos Servidores Públicos
Militares; Capítulo III – Da Segurança Pública: Seção I – Disposições Gerais; Seção III – Da Polícia Militar.................... 42
2.4. Título VII – Da Ordem Social: Capítulo III – Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer: Seção I – Da Educação:
artigos 237 a 249 e 251 a 258; Capítulo VII – Da Proteção Especial: Seção I – Da Família, da Criança, do Adolescente,
do Jovem, do Idoso e dos Portadores de Deficiência........................................................................................................................... 50
2.5. Título VIII – Disposições Constitucionais Gerais: artigos 284 a 291........................................................................................ 52
SUMÁRIO
3. LEI Nº 10.261, de 28 de outubro de 1968 – Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado....................................... 53
4. LEI Nº 10.177, de 30 de dezembro de 1998 – Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Estadual........................................................................................................................................................................................................................ 82
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, de 09 de março de 2001 – Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar – RDPM.
92
6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, de 17 de dezembro de 2008 – Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
para os servidores das classes que especifica.............................................................................................................................................105
6.1. Capítulo I – Disposição Preliminar.....................................................................................................................................................105
6.2. Capítulo II – Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários: Seção I – Disposições Gerais; Seção II – Do
Ingresso; Seção III – Do Estágio Probatório; Seção IV – Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens
Pecuniárias; Seção VII – Da Progressão; Seção VIII – Da Promoção; Seção IX – Da Substituição.....................................106
6.3. Capítulo IV – Disposições Finais: artigos 54 a 56.........................................................................................................................109
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Lei de Acesso à Informação; e Decreto n° 58.052, de 16 de maio
de 2012.......................................................................................................................................................................................................................110
LÍNGUA PORTUGUESA
1
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) não pode ser considerado literário, visto que a lin- TEXTO II
guagem aí utilizada não está adequada à norma culta for-
mal. A cana-de-açúcar
(B) não pode ser considerado literário, pois nele não
se percebe a preservação do patrimônio cultural brasileiro. Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no
(C) não é um texto consagrado pela crítica literária. Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A re-
(D) trata-se de um texto literário, porque, no processo gião que durante séculos foi a grande produtora de cana-
criativo da Literatura, o trabalho com a linguagem pode de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os
aparecer de várias formas: cômica, lúdica, erótica, popular férteis solos de massapé, além da menor distância em re-
etc lação ao mercado europeu, propiciaram condições favorá-
(E) a pobreza vocabular – palavras erradas – não permi- veis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional
te que o consideremos um texto literário. de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco,
Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir
Leia os fragmentos abaixo para responder às questões o açúcar, que em parte é exportado e em parte abastece o
que seguem: mercado interno, a cana serve também para a produção de
álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia
TEXTO I e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil,
O açúcar especialmente em São Paulo, está ligada ao uso do álcool
O branco açúcar que adoçará meu café como combustível.
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim 2-) Para que um texto seja literário:
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. a) basta somente a correção gramatical; isto é, a ex-
Vejo-o puro pressão verbal segundo as leis lógicas ou naturais.
e afável ao paladar b) deve prescindir daquilo que não tenha correspon-
como beijo de moça, água dência na realidade palpável e externa.
na pele, flor c) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capa-
que se dissolve na boca. Mas este açúcar cidade de compreensão do leitor.
não foi feito por mim. d) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento.
Este açúcar veio O escritor revela, ao escrever, o mundo, e, em especial, re-
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, vela o Homem aos outros homens.
dono da mercearia.
e) deve revelar diretamente as coisas do mundo: senti-
Este açúcar veio
mentos, ideias, ações.
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
3-) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção
e tampouco o fez o dono da usina.
incorreta
Este açúcar era cana
a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real,
e veio dos canaviais extensos
ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principal-
que não nascem por acaso
mente como um meio de refletir e recriar a realidade.
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital b) No texto II, de expressão não literária, o autor infor-
nem escola, ma o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares
homens que não sabem ler e morrem de fome onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil,
aos 27 anos etc.
plantaram e colheram a cana c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum –
que viraria açúcar. açúcar – e vai ampliando seu potencial significativo, explo-
Em usinas escuras, rando recursos formais para estabelecer um paralelo entre
homens de vida amarga o açúcar – branco, doce, puro – e a vida do trabalhador que
e dura o produz – dura, amarga, triste.
produziram este açúcar d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos
branco e puro de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. de novas formas de dizer.
e) O texto II não é literário porque, diferentemente do
Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de literário, parte de um aspecto da realidade, e não da ima-
Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228) ginação.
Gabarito
1-) D
2
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) D – Esta alternativa está correta, pois ela remete ao Condições básicas para interpretar
caráter reflexivo do autor de um texto literário, ao passo
em que ele revela às pessoas o “seu mundo” de maneira Fazem-se necessários:
peculiar. a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
3-) E – o texto I também fala da realidade, mas com um b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
cunho diferente do texto II. No primeiro há uma colocação texto) e semântico;
diferenciada por parte do autor em que o objetivo não é Observação – na semântica (significado das palavras)
unicamente passar informação, existem outros “motivado- incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
res” por trás desta escrita. tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo pú- c) Capacidade de observação e de síntese e
blico, a preocupação com a interpretação de textos. Isso d) Capacidade de raciocínio.
acontece porque lhes faltam informações específicas a
respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a
Interpretar X compreender
concursos públicos.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão aju-
Interpretar significa
dar no momento de responder às questões relacionadas
a textos. - explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - É possível deduzir que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - O autor permite concluir que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
e decodificar ).
Compreender significa
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz está escrito.
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- - o texto diz que...
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. - é sugerido pelo autor que...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma ção...
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- - o narrador afirma...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial. Erros de interpretação
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
a) Extrapolação (viagem)
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, tema quer pela imaginação.
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações,
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
b) Redução
na prova.
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendi-
1. Identificar – é reconhecer os elementos fundamen- mento do tema desenvolvido.
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais c) Contradição
definem o tempo). Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do can-
2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança didato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
ou de diferenças entre as situações do texto. quentemente, errando a questão.
3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado
com uma realidade, opinando a respeito. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
dárias em um só parágrafo. de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- que o autor diz e nada mais.
vras.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que - Falante não pode negar que tenha querido transmitir
relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre a informação expressa pelo pressuposto, mas pode negar
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de que tenha desejado transmitir a informação expressa pelo
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pro- subentendido.
nome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se - Negação da informação não nega o pressuposto.
vai dizer e o que já foi dito. - Pressuposto não verdadeiro – informação explícita ab-
surda.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia - Principais marcadores de pressupostos: a) adjetivos; b)
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e verbos; c) advérbios; d) orações adjetivas; e) conjunções.
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer QUESTÕES
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – Vu-
cedente. nesp/2013)
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de O uso da bicicleta no Brasil
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância,
Brasil ainda conta com poucos adeptos, em comparação
a saber:
com países como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos
quais a bicicleta é um dos principais veículos nas ruas. Ape-
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, sar disso, cada vez mais pessoas começam a acreditar que
mas depende das condições da frase. a bicicleta é, numa comparação entre todos os meios de
qual (neutro) idem ao anterior. transporte, um dos que oferecem mais vantagens.
quem (pessoa) A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
o objeto possuído. na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
como (modo) considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
onde (lugar) prioridade sobre os automotores.
quando (tempo) Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à
quanto (montante) bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade,
pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não
Exemplo: consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
Falou tudo QUANTO queria (correto) metais, plásticos e borracha; a diminuição dos congestiona-
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria mentos por excesso de veículos motorizados, que atingem
aparecer o demonstrativo O ). principalmente as grandes cidades; o favorecimento da saú-
Dicas para melhorar a interpretação de textos de, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a econo-
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do mia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro, nos
assunto; impostos.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa No Brasil, está sendo implantado o sistema de compar-
a leitura; tilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo, o
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
pelo menos duas vezes; parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
- Inferir; ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, San-
tos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderi-
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
rem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilha-
autor;
mento é semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre,
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor os usuários devem fazer um cadastro pelo site. O valor do
compreensão; passe mensal é R$10 e o do passe diário, R$5, podendo-se
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas
cada questão; modalidades. Em todas as cidades que já aderiram ao pro-
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; jeto, as bicicletas estão espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomo-
Segundo Fiorin: ção não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ain-
-Pressupostos – informações implícitas decorrentes ne- da não sabem que a bicicleta já é considerada um meio de
cessariamente de palavras ou expressões contidas na frase. transporte, ou desconhecem as leis que abrangem a bike.
- Subentendidos – insinuações não marcadas clara- Na confusão de um trânsito caótico numa cidade grande,
mente na linguagem. carros, motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas, misturam-
- Pressupostos – verdadeiros ou admitidos como tal. se, causando, muitas vezes, discussões e acidentes que po-
- Subentendidos – de responsabilidade do ouvinte. deriam ser evitados.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocio-
A verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles nante. Para muitos de nós, os carros são a extensão de
estão totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. nossa personalidade e podem ser o bem mais valioso que
Por isso é tão importante usar capacete e outros itens de possuímos. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para
segurança. A maior parte dos motoristas de carros, ônibus, alguns, mas também é uma atividade que tende a aumen-
motocicletas e caminhões desconhece as leis que abran- tar os níveis de estresse, mesmo que não tenhamos cons-
gem os direitos dos ciclistas. Mas muitos ciclistas também ciência disso no momento.
ignoram seus direitos e deveres. Alguém que resolve in- Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez
tegrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio de que entra no trânsito, você se junta a uma comunidade
locomoção precisa compreender que deverá gastar com de outros motoristas, todos com seus objetivos, medos e
alguns apetrechos necessários para poder trafegar. De habilidades ao volante. Os psicólogos Leon James e Diane
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas Nahl dizem que um dos fatores da ira de trânsito é a ten-
devem, obrigatoriamente, ser equipadas com campainha, dência de nos concentrarmos em nós mesmos, descartan-
sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, do o aspecto comunitário do ato de dirigir.
além de espelho retrovisor do lado esquerdo.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito,
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net.
o Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsi-
Adaptado)
to não são os congestionamentos ou mais motoristas nas
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como ruas, e sim como nossa cultura visualiza a direção agressiva.
meio de locomoção nas metrópoles brasileiras As crianças aprendem que as regras normais em relação
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra ao comportamento e à civilidade não se aplicam quando
devido à falta de regulamentação. dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido em comportamentos de disputa ao volante, mudando de
incentivado em várias cidades. faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sem-
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela pre com pressa para chegar ao destino.
maioria dos moradores. Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era des-
os demais meios de transporte. carregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
arriscada e pouco salutar. situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
transformar um incidente em uma violenta briga.
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos Com isso em mente, não é surpresa que brigas vio-
objetivos centrais do texto é lentas aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do está predisposta a apresentar um comportamento irracio-
ciclista. nal quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta maior parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada
é mais seguro do que dirigir um carro. quando dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos,
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bi- é estar ciente de seu estado emocional e fazer as escolhas
cicleta no Brasil. corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com a
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como emoção.
meio de locomoção se consolidou no Brasil. (Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista uol.com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013.
deve dar prioridade ao pedestre.
Adaptado)
(Oficial Estadual de Trânsito - DETRAN-SP - Vunesp
2013) Leia o texto para responder às questões de 3 a 5 3-) Tomando por base as informações contidas no tex-
to, é correto afirmar que
Propensão à ira de trânsito (A) os comportamentos de disputa ao volante aconte-
cem à medida que os motoristas se envolvem em decisões
Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente conscientes.
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais se- (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são cau-
guro do mundo, existem muitas variáveis de risco no trân- sadas pela constante preocupação dos motoristas com o
sito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas. E aspecto comunitário do ato de dirigir.
com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas (C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas
não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, é o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma di-
mas também se engajam num comportamento de risco – reção agressiva.
algumas até agem especificamente para irritar o outro mo- (D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de ex-
torista ou impedir que este chegue onde precisa. periências e atividades não só individuais como também
Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá sociais.
ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando (E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle
um motorista a tomar decisões irracionais. das emoções positivas por parte dos motoristas.
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Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica 05. Leia as frases abaixo:
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu 2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Mar-
celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo te.
para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID 3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas
– Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto de humor.
ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, 4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
eletrônico. Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de
Os alunos da turma avançada de robótica, por exem- vocábulos para as lacunas existentes:
plo, constroem carros com sensores de movimento que a) concerto – há – a – cessões – há;
respondem à aproximação das pessoas. A fonte de energia b) conserto – a – há – sessões – há;
vem de baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que c) concerto – a – há – seções – a;
precisamos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o ins- d) concerto – a – há – sessões – há;
trutor de robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alu- e) conserto – há – a – sessões – a .
nos também aprendem a consertar computadores antigos.
“O nosso projeto só funciona por causa do lixo eletrônico. 06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
Se tivéssemos que comprar tudo, não seria viável”, com- NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res-
pletou. ponder à questão.
Em uma época em que celebridades do mundo digital
fazem campanha a favor do ensino de programação nas Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmi-
escolas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da tiram valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes
turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já impuseram limites de disciplina.
sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse tre-
interessando”, disse. cho, é:
(Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. A) de desprendimento. B) de responsabilidade.
Adaptado) C) de abnegação. D) de amor.
E) de egoísmo.
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser
pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa- preenchida com a primeira alternativa da série dada nos pa-
gem, pela seguinte expressão: rênteses:
A) Pelo menos B) A contar de A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en-
C) Em substituição a D) Com exceção de chentes. (afim- a fim).
E) No que se refere a B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflin-
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo girem - infringirem).
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. (concelhos - conselhos).
A) Estimulante. B) Cansativo. E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
C) Irritante. D) Confuso. de - acerca de).
E) Improdutivo.
08. Assinale a alternativa correta, considerando que à
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- direita de cada palavra há um sinônimo.
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
ção. 09. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- Leia o texto a seguir.
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão Temos o poder da escolha
do”, sem alterar o sentido do texto.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, Os consumidores são assediados pelo marketing a todo
está correto o que se afirma em momento para comprarem além do que necessitam, mas
A) I, II e III. B) III, apenas. somente eles podem decidir o que vão ou não comprar.
C) I e III, apenas. D) I, apenas. É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”,
E) I e II, apenas. mas só nós temos o poder da escolha.
8
LÍNGUA PORTUGUESA
Cada vez mais precisamos do consumo consciente. 4-) I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está
Será que paramos para pensar de onde vem o produto que preso por homicídio. – o termo em destaque pode ser
estamos consumindo e se os valores da empresa são os substituído, sem alteração do sentido do texto, por “faz”.
mesmos em que acreditamos? A competitividade entre as = correta
empresas exige que elas evoluam para serem opções para II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
o consumidor. Nos anos 60, saber fabricar qualquer coisa reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
era o suficiente para ter uma empresa. Nos anos 70, era ção. = correta
preciso saber fazer com qualidade e altos índices de pro-
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
dução. Já no ano 2000, a preocupação era fazer melhor ou
diferente da concorrência e as empresas passaram a atuar rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
com responsabilidade socioambiental. pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
O consumidor tem de aprender a dizer não quando a do”, sem alterar o sentido do texto. = correta
sua relação com a empresa não for boa. Se não for boa,
deve comprar o produto em outro lugar. Os cidadãos não 5-) 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
têm ideia do poder que possuem. 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
É importante, ainda, entender nossa relação com a em- vida em Marte.
presa ou produto que vamos eleger. Temos uma expectati- 3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
va, um envolvimento e aceitação e a preferência dependerá gramas de humor.
das ações que aprovamos ou não nas empresas, pois po- 4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
demos mudar de ideia. tempo passado)
Há muito a ser feito. Uma pesquisa mostrou que 55,4%
das pessoas acreditam no consumo consciente, mas essas
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
mesmas pessoas admitem que já compraram produto pira-
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
ta. Temos de refletir sobre isso para mudar nossas atitudes.
(Jornal da Tarde 24.04.2007. Adaptado) não lhes impuseram limites de disciplina.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
No trecho – Temos uma expectativa, um envolvimen- trecho, é de egoísmo
to e aceitação... –, a palavra destacada apresenta sentido Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado
contrário de nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações
A) vontade. B) apreciação. de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan-
C) avaliação. D) rejeição. tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per-
E) indiferença. cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli-
10. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
Na frase – Os consumidores são assediados pelo marke- coletivas).
ting... –, a palavra destacada pode ser substituída, sem alte-
ração de sentido, por:
7-) A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagela-
A) perseguidos. B) ameaçados.
C) acompanhados. D) gerados. dos das enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado
E) preparados. para indicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há
pessoas que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos)
GABARITO B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar
arreio no cavalo)
01. A 02. D 03. A 04. A 05. D C) Serão punidos os que infringirem o regulamen-
06. E 07. E 08. A 09. D 10. A to. (inflingirem = aplicarem a pena)
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve-
COMENTÁRIOS lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
de um distrito).
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses E) Moro a cerca de cem metros da praça principal.
imigraram para o Brasil no século passado, hoje os bra- (acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
sileiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca
de uma vida melhor; internamente, migram para o
Sul, pelo mesmo motivo. 8-) b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
= significados invertidos
2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
comprar, é tudo reciclagem”... cados invertidos
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi-
3-) antônimo para o termo destacado : “No início das au- cados invertidos
las, eu achava meio chato, mas depois fui me interessando” e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas significados invertidos
depois fui me interessando”
9
LÍNGUA PORTUGUESA
9-) Temos uma expectativa, um envolvimento e acei- - Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
tação... –, a palavra destacada apresenta sentido contrário com o seu significado secundário, com o sentido amplo
de rejeição. (ou simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lin-
guagem rica e expressiva. Veja este exemplo:
10-) Os consumidores são assediados pelo marketing... Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes
–, a palavra destacada pode ser substituída, sem alteração que seja tarde demais.
de sentido, por perseguidos. Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle
de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen-
to.
3. - SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS Questões sobre Denotação e Conotação
PALAVRAS
01. (Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP –
2013). Uma frase empregada – exclusivamente – com sen-
tido figurado é:
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo- A) Não é o tipo de companhia que se quer para tomar
la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de- um vinho ou ir ao cinema.
finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma B) No início de maio, Buffett convidou um sujeito cha-
língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto. mado Doug Kass para participar de um dos painéis que
compuseram a reunião anual de investidores de sua em-
Sentido Próprio e Figurado das Palavras presa, a Berkshire Hathaway.
C) Buffett queria entender o porquê.
Pela própria definição acima destacada podemos per- D) Questiona.
ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas E) Coloca o dedo na ferida.
relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex- 02. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado). Assinale a alternativa que apresenta palavra empregada no
sentido figurado.
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
A)...somente eles podem decidir o que vão ou não
dem-se assim:
comprar.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido
B) Há consumidores que gastam rios de dinheiro com
comum que costumamos dar a uma palavra.
supérfluos.
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
C)… deve comprar o produto em outro lugar.
do”, que podemos dar a uma palavra.
D)… de onde vem o produto que estamos consumin-
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes do…
contextos: E) Temos de refletir sobre isso para mudar nossas ati-
1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil pe- tudes.
çonhento)
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra- 03. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
dável, que adota condutas pouco apreciáveis) NESP – 2013). Leia o texto a seguir.
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co-
nhece muito sobre alguma coisa, “expert”) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e ree-
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- ducação
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado
em sentido figurado. João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e
Podemos então concluir que um mesmo significante dois meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). anos preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos
muros, grades, cadeados e detectores de metal, eles têm
Denotação e Conotação outros pontos em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra válvula de escape para as horas de tédio, tornou-se uma
com o seu significado primitivo e original, com o sentido metáfora para o que pretendem fazer quando estiverem
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem em liberdade.
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem
para que não voasse mais. que pensar duas, três vezes antes. Se você movimenta uma
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido peça errada, pode perder uma peça de muito valor ou to-
próprio, comum, usual, literal. mar um xeque-mate, instantaneamente. Se eu for para a
rua e movimentar a peça errada, eu posso perder uma peça
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicio- muito importante na minha vida, como eu perdi três anos
nário: trata-se de definição literal, quando o termo é utili- na cadeia. Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque
zado em seu sentido dicionarístico. -mate”, afirma João Carlos.
10
LÍNGUA PORTUGUESA
O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil inter- RIO DE JANEIRO – Durante entrevista na Festa Literá-
nos em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o proje- ria Internacional de Paraty deste ano, o cantor Gilberto Gil
to “Xadrez que liberta”. Duas vezes por semana, os presos criticou as arquibancadas dos estádios brasileiros em jogos
podem praticar a atividade sob a orientação de servidores da Copa das Confederações.
da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sex- Poderia ter dito o mesmo sobre a plateia da Tenda dos
ta-feira, será realizado o primeiro torneio fora dos presídios Autores, para a qual ele e mais de 40 outros se apresen-
desde que o projeto foi implantado. Vinte e oito internos taram. A audiência do evento literário lembra muito a dos
de 14 unidades participam da disputa, inclusive João Carlos eventos Fifa: classe média alta.
e Fransley, que diz que a vitória não é o mais importante. Na Flip, como nas Copas por aqui, pobre só aparece
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu “como prestador de serviço”, para citar uma participante de
não esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar ou- um protesto em Paraty, anteontem.
tras coisas devido ao xadrez, como ser olhado com outros Como lembrou outro dos convidados da festa literária,
olhos, como estou sendo olhado de forma diferente aqui o mexicano Juan Pablo Villalobos, esse cenário é “um espe-
no presídio devido ao bom comportamento”. lho do que é o Brasil”.
Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cân- (Marco Aurélio Canônico, Na Flip, como na Copa. Fo-
lha de S.Paulo, 08.07.2013. Adaptado)
dido Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas
mudanças no comportamento dos presos. “Tem surtido um
O termo espelho está empregado em sentido
efeito positivo por eles se tornarem uma referência positiva
A) figurado, significando qualidade.
dentro da unidade, já que cumprem melhor as regras, res-
B) próprio, significando modelo.
peitam o próximo e pensam melhor nas suas ações, refle- C) figurado, significando advertência.
tem antes de tomar uma atitude”. D) próprio, significando símbolo.
Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham E) figurado, significando reflexo.
a liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João
Carlos já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas 05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
também minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já NESP – 2013). Leia o texto a seguir.
passei para a minha família: xadrez, quando eu sair para a
rua, todo mundo vai ter que aprender porque vai rolar até Violência epidêmica
o torneio familiar”.
“Medidas de promoção de educação e que possibili- A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Em-
tem que o egresso saia melhor do que entrou são mui- bora possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as
to importantes. Nós não temos pena de morte ou prisão classes sociais, é nos bairros pobres que ela adquire carac-
perpétua no Brasil. O preso tem data para entrar e data terísticas epidêmicas.
para sair, então ele tem que sair sem retornar para o crime”, A prevalência varia de um país para outro e entre as
analisa o presidente do Conselho Estadual de Direitos Hu- cidades de um mesmo país, mas, como regra, começa nos
manos, Bruno Alves de Souza Toledo. grandes centros urbanos e se dissemina pelo interior.
(Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/ As estratégias que as sociedades adotam para com-
xadrez-que-liberta-estrategia-concentracao-e-reeduca- bater a violência variam muito e a prevenção das causas
cao/6/noticias. Acesso em: 18.08.2012. Adaptado) evoluiu muito pouco no decorrer do século 20, ao contrário
dos avanços ocorridos no campo das infecções, câncer, dia-
Considerando o contexto em que as seguintes frases betes e outras enfermidades.
foram produzidas, assinale a alternativa em que há empre- A agressividade impulsiva é consequência de pertur-
go figurado das palavras. bações nos mecanismos biológicos de controle emocional.
A) O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil Tendências agressivas surgem em indivíduos com dificul-
dades adaptativas que os tornam despreparados para lidar
internos em 22 unidades prisionais do Espírito Santo.
com as frustrações de seus desejos.
B) Além dos muros, grades, cadeados e detectores de
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os
metal, eles têm outros pontos em comum...
que tiveram a personalidade formada num ambiente des-
C) Nós não temos pena de morte ou prisão perpétua
favorável ao desenvolvimento psicológico pleno.
no Brasil. A revisão de estudos científicos permite identificar três
D) “Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque fatores principais na formação das personalidades com
-mate”, afirma João Carlos. maior inclinação ao comportamento violento:
E) Já passei para a minha família: xadrez, quando eu 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
sair para a rua, todo mundo vai ter que aprender... humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
04. (Agente de Promotoria – Assessoria – VUNESP – transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
2013). Leia o texto a seguir. não lhes impuseram limites de disciplina.
3) Associação com grupos de jovens portadores de
Na FLIP, como na Copa comportamento antissocial.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de 07. (Analista em C&T Júnior – Administração – VUNESP
crianças que se enquadram nessas três condições de ris- – 2013). Leia o texto a seguir.
co. Associados à falta de acesso aos recursos materiais, à O humor deve visar à crítica, não à graça, ensinou Chi-
desigualdade social, esses fatores de risco criam o caldo co Anysio, o humorista popular. E disse isso quando lhe
de cultura que alimenta a violência crescente nas cidades. solicitaram considerar o estado atual do riso brasileiro. Nos
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a últimos anos de vida, o escritor contribuía para o cômi-
resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passagei- co apenas em sua porção de ator, impedido pela televisão
ro: o criminoso fica impedido de delinquir apenas enquan- brasileira de produzir textos. E o que ele dizia sobre a risa-
to estiver preso. Ao sair, estará mais pobre, terá rompido da ajuda a entender a acomodação de muitos humoristas
laços familiares e sociais e dificilmente encontrará quem contemporâneos. Porque, quando eles humilham aqueles
lhe dê emprego. Ao mesmo tempo, na prisão, terá criado julgados inferiores, os pobres, os analfabetos, os negros,
novas amizades e conexões mais sólidas com o mundo do os nordestinos, todos os oprimidos que parece fácil espezi-
crime. nhar, não funcionam bem como humoristas. O humor deve
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ain- ser o oposto disto, uma restauração do que é justo, para a
da. Obrigados a optar por uma repressão policial mais ati- qual desancar aqueles em condições piores do que as suas
va, aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias não vale. Rimos, isso sim, do superior, do arrogante, daque-
continuarão superlotadas. le que rouba nosso lugar social.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir O curioso é perceber como o Brasil de muito tempo
a criminalidade e tratar os que ingressaram nela. atrás sabia disso, e o ensinava por meio de uma imprensa
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. ocupada em ferir a brutal desigualdade entre os seres e
Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar as classes. Ao percorrer o extenso volume da História da
os policiais a executar sua função com dignidade, criar leis Caricatura Brasileira (Gala Edições), compreendemos que
que acabem com a impunidade dos criminosos bem-su- tal humor primitivo não praticava um rosário de ofensas
cedidos e construir cadeias novas para substituir as velhas. pessoais. Naqueles dias, humor parecia ser apenas, e ne-
Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medi- cessariamente, a virulência em relação aos modos opres-
das preventivas para que os pais evitem ter filhos que não sivos do poder.
serão capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de A amplitude dessa obra é inédita. Saem da obscurida-
integrá-los na sociedade por meio da educação formal de de os nomes que sucederam ao mais aclamado dos artistas
bom nível, das práticas esportivas e da oportunidade de a produzir arte naquele Brasil, Angelo Agostini. Corcundas
desenvolvimento artístico. magros, corcundas gordos, corcovas com cabeça de burro,
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adap- todos esses seres compostos em aspecto polimórfico, com
tado) expressivo valor gráfico, eram os responsáveis por ilustrar
a subserviência a estender-se pela Corte Imperial. Contra a
Assinale a alternativa em cuja frase foi empregada pa- escravidão, o comodismo dos bem--postos e dos covardes
lavra ou expressão com sentido figurado. imperialistas, esses artistas operavam seu espírito crítico
A) Tendências agressivas surgem em indivíduos com em jornais de todos os cantos do País.
dificuldades adaptativas ...(4.º parágrafo) (Carta Capital.13.02.2013. Adaptado)
B) A revisão de estudos científicos permite identificar
três fatores principais na formação das personalidades com Na frase –… compreendemos que tal humor primitivo
maior inclinação ao comportamento violento... (6.º pará- não praticava um rosário de ofensas pessoais. –, observa-se
grafo) emprego de expressão com sentido figurado, o que ocorre
C) As estratégias que as sociedades adotam para com- também em:
bater a violência variam... (3.º parágrafo) A) O livro sobre a história da caricatura estabelece mar-
D) ...esses fatores de risco criam o caldo de cultura que cos inaugurais em relação a essa arte.
alimenta a violência crescente nas cidades. (10.º parágrafo) B) O trabalho do caricaturista pareceu tão importante
E) Os mais vulneráveis são os que tiveram a personali- a seus contemporâneos que recebeu o nome de “nova in-
dade formada num ambiente desfavorável ao desenvolvi- venção artística.”
mento psicológico pleno. (5.º parágrafo) C) Manoel de Araújo Porto-Alegre foi o primeiro pro-
fissional dessa arte e o primeiro a produzir caricaturas no
06. O item em que o termo sublinhado está emprega- Brasil.
do no sentido denotativo é: D) O jornal alternativo em 1834 zunia às orelhas de to-
A) “Além dos ganhos econômicos, a nova realidade dos e atacava esta ou aquela personagem da Corte.
rendeu frutos políticos.” E) O livro sobre a arte caricatural respeita cronologica-
B) “...com percentuais capazes de causar inveja ao pre- mente os acontecimentos da história brasileira, suas temá-
sidente.” ticas políticas e sociais.
C) “Os genéricos estão abrindo as portas do merca-
do...” 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
D) “...a indústria disparou gordos investimentos.” Públicas – VUNESP – 2013). Leia o texto a seguir.
E) “Colheu uma revelação surpreendente:...”
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ponto de Interrogação
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
servem para compor a coesão e a coerência textual, além de “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos vedo)
as principais funções dos sinais de pontuação conhecidos
pelo uso da língua portuguesa. Reticências
1- Indica que palavras foram suprimidas.
Ponto - Comprei lápis, canetas, cadernos...
1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em 2- Indica interrupção violenta da frase.
que se encontra. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Este mal... pega doutor?
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
Ponto e Vírgula ( ; ) - Deixa, depois, o coração falar...
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
importância. Vírgula
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; Não se usa vírgula
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) *separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
gam-se diretamente entre si:
2- Separa partes de frases que já estão separadas por - entre sujeito e predicado.
vírgulas. Todos os alunos da sala foram advertidos.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta- Sujeito predicado
nhas, frio e cobertor.
- entre o verbo e seus objetos.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo- O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
tivos, decreto de lei, etc. V.T.D.I. O.D. O.I.
- Ir ao supermercado;
- Pegar as crianças na escola; Usa-se a vírgula:
- Caminhada na praia; - Para marcar intercalação:
- Reunião com amigos. a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
dância, vem caindo de preço.
Dois pontos b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
1- Antes de uma citação produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem
2- Antes de um aposto abrir mão dos lucros altos.
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
tarde e calor à noite. - Para marcar inversão:
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fecha-
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo das.
a rotina de sempre. b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
4- Em frases de estilo direto c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
Ponto de Exclamação tos em enumeração):
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
susto, súplica, etc. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: C) Duas explicações do treinamento para consultores
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
- Para isolar: trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, metas de vendas associadas aos dois temas.
possui um trânsito caótico. D) Duas explicações do treinamento para consultores
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das
Fontes: metas de vendas associadas aos dois temas.
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ E) Duas explicações, do treinamento para consultores
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula. iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
htm trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
metas, de vendas associadas aos dois temas.
Questões sobre Pontuação
04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alterna-
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alterna-
tiva em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp
tiva em que a pontuação está corretamente empregada, de
de junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- à pontuação.
bora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- do que em outros.
bora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!,
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- do que em outros.
bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo,
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, do que em outros.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- – do que em outros.
bora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada que em outros.
a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). As-
lacunas da frase abaixo: sinale a alternativa em que a frase mantém-se correta após
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas o acréscimo das vírgulas.
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
nica ao grupo ou acione o código na internet.
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; o código foi acionado.
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os que a criança foi encontrada.
sinais de pontuação estão empregados corretamente em: (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
A) Duas explicações, do treinamento para consultores meiro às, areias do Guarujá.
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons- (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das lefone de quem a encontrou e informar um ponto de refe-
metas de vendas associadas aos dois temas. rência
B) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das
metas de vendas associadas aos dois temas.
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06. Assinale a série de sinais cujo emprego corresponde, (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em-
na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto: bora , (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
“Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará- procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar
grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente ( )
Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mostrou 2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas de-
seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”. vem ser consideradas : uma é a contribuição teórica que o
A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interroga- trabalho oferece ; a outra é o valor prático que possa ter.
ção, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final
B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga- vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final, 3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
travessão, travessão, ponto final, ponto final A) Duas explicações , (X) do treinamento para consulto-
D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, traves- res iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de PPD e a
são, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação construção de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das
E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interrogação, metas de vendas associadas aos dois temas.
vírgula, vírgula, travessão, interrogação C) Duas explicações do treinamento para consultores ini-
ciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a cons-
07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está trução de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar das
pontuada corretamente: metas de vendas associadas aos dois temas.
A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resul- D) Duas explicações do treinamento para consultores ini-
tado do concurso. ciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resul- trução de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou falar das
tado do concurso. metas de vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações , (X) do treinamento para consultores
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resul-
iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a
tado do concurso.
construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar
D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do
das metas , (X) de vendas associadas aos dois temas.
concurso, em fila.
E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul-
4-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
tado do concurso.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X) rapi-
damente , (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda que o
08. A frase em que deveria haver uma vírgula é: avanço seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exem-
A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde. plo, do que em outros.
B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã (B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) ampliam
usou um vestido azul. rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X) ainda que o
C) Ela tem lábios e nariz vermelhos. avanço seja mais notável , (X) em alguns países, o Brasil é um
D) Não limparam a sala nem a cozinha. exemplo ! (X) , do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam rapi-
GABARITO damente seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ainda que
o avanço seja mais notável, em alguns países : (X) o Brasil é um
01. C 02. C 03. B 04. D 05. E exemplo, do que em outros.
06. B 07. B 08. B (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen-
RESOLUÇÃO te , (X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X) o avanço
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas que em outros.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequa-
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- das
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
dona. pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrô-
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa nica ao grupo ou acione o código na internet.
e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma (B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- onde o código foi acionado.
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados
dona. , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, que a criança foi encontrada.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encon- primeiro às , (X) areias do Guarujá.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
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6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pará- Adjetivo Pátrio Composto
grafo
( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente (? elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudi-
) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - ) ou mos- ta. Observe alguns exemplos:
trou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os restantes ( ? ) África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto
7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o -inglesas
resultado do concurso. América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha irmã China sino- / Acordos sino-japoneses
usou um vestido azul. Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do Europa euro- / Negociações euro-americanas
“e”. Isso ocorre quando a conjunção aditiva coordena ora- França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
ções de sujeitos diferentes nas quais a leitura fluente pode Grécia greco- / Filmes greco-romanos
ser prejudicada pela ausência da pontuação. Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
5. - CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, Flexão dos adjetivos
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO:
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM
ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM Gênero dos Adjetivos
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Preposições Artigos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
o, os sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a
a ao, aos menos que venham especificadas.
de do, dos Eles estavam em casa.
em no, nos Eles estavam na casa dos amigos.
por (per) pelo, pelos Os marinheiros permaneceram em terra.
a, as um, uns uma, umas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
à, às - -
da, das dum, duns duma, dumas - Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata-
na, nas num, nuns numa, numas mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
pela, pelas - - excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o - Não se une com preposição o artigo que faz parte do
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O
por crase. Estado de S. Paulo.
Morfossintaxe
Constatemos as circunstâncias
em que os artigos se manifestam Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas re-
lações com o substantivo. Assim, nas orações da língua por-
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do nu- tuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal do
meral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olim- substantivo a que se refere. Tal função independe da função
píadas. exercida pelo substantivo:
A existência é uma poesia.
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do Uma existência é a poesia.
artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
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- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de Separando os números em centenas, de trás para frente,
palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no di- obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
minutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Interjeições, leitura e produção de textos 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e
vinte e seis.
Usadas com muita frequência na língua falada informal, 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além Flexão dos numerais
disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falan-
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
te - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzen-
ou dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrati-
tas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas,
vos - particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso
etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens e,
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas. Natu-
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
reza sintética e conteúdo mais emocional do que racional fazem
primeiro segundo milésimo
das interjeições presença constante nos textos publicitários.
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
Fonte: primeiras segundas milésimas
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam
Numeral em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conse-
guiram o triplo de produção.
Numeral é a palavra que indica os seres em termos nu- Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais fle-
méricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa xionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
em determinada sequência. medicamento.
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e nú-
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] mero. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas ter-
ças partes
Eu quero café duplo, e você? Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dú-
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] zia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido.
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência É o que ocorre em frases como:
de “fila”] “Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que O time está arriscado por ter caído na segundona. (= se-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando gunda divisão de futebol)
a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
trata de numerais, mas sim de algarismos. Emprego dos Numerais
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, dú- e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois
zia, par, ambos(as), novena. do substantivo:
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Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são larga-
mente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
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Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra- Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa
tamento. escola neste ano.
Instrumento = Escreveu a lápis. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. adequada]
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. [neste: pronome que determina “ano” = concordância
Companhia = Estarei com ele amanhã. adequada]
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado. [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco. dância inadequada]
Origem = Nós somos do Nordeste, e você? Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume. demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. Pronomes Pessoais
Essa moça morava nos meus sonhos! Os pronomes retos apresentam flexão de número, gêne-
[qualificação do nome] ro (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a prin-
cipal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa
Grande parte dos pronomes não possuem significados forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado:
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referência - 1ª pessoa do singular: eu
exata daquilo que está sendo colocado por meio dos pro- - 2ª pessoa do singular: tu
nomes no ato da comunicação. Com exceção dos prono- - 3ª pessoa do singular: ele, ela
mes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm - 1ª pessoa do plural: nós
por função principal apontar para as pessoas do discurso ou - 2ª pessoa do plural: vós
a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no tempo - 3ª pessoa do plural: eles, elas
ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
apresentam uma forma específica para cada pessoa do dis- Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
curso. como complementos verbais na língua-padrão. Frases como
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem
ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias for-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] mas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do
verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número Pronome Oblíquo
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência atra-
vés do pronome seja coerente em termos de gênero e nú- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
mero (fenômeno da concordância) com o seu objeto, mes- tença, exerce a função de complemento verbal (objeto dire-
mo quando este se apresenta ausente no enunciado. to ou indireto) ou complemento nominal.
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
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Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do Pronome Oblíquo Tônico
pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa
que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de
acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
Pronome Oblíquo Átono figurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
fraca: Ele me deu um presente. - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con- - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
figurado: - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 1ª pessoa do singular (eu): me
- 2ª pessoa do singular (tu): te Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
- 1ª pessoa do plural (nós): nos demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 2ª pessoa do plural (vós): vos - As preposições essenciais introduzem sempre prono-
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da lín-
Observações: gua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apre- Não há mais nada entre mim e ti.
senta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompa- Não há nenhuma acusação contra mim.
nhar diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce Não vá sem mim.
sempre a função de objeto indireto na oração.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
diretos como objetos indiretos. de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo
objetos diretos. pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome,
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi- deverá ser do caso reto.
nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no Não vá sem eu mandar.
-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe
o uso dessas formas nos exemplos que seguem: - A combinação da preposição “com” e alguns pronomes
- Trouxeste o pacote? originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conos-
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. co e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequente-
- Não contaram a novidade a vocês? mente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
- Não, no-la contaram. Ele carregava o documento consigo.
No português do Brasil, essas combinações não são - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego é “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são re-
muito raro. forçados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos,
ambos ou algum numeral.
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas Você terá de viajar com nós todos.
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o Estávamos com vós outros quando chegaram as más no-
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma tícias.
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é Ele disse que iria com nós três.
suprimida. Por exemplo:
fiz + o = fi-lo Pronome Reflexivo
fazeis + o = fazei-lo
dizer + a = dizê-la São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação ex-
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: pressa pelo verbo.
viram + o: viram-no O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
repõe + os = repõe-nos - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
retém + a: retém-na Eu não me vanglorio disso.
tem + as = tem-nas Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
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A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlo-
cutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que
podem ser observados no quadro seguinte:
Pronomes de Tratamento
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos
um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente
tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na
3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
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5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí- - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os
passos. (= Vou seguir seus passos.) - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
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O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante-
me demonstrativo o, a, os, as. cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
Não sei o que você está querendo dizer. onde morava foi assaltada.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem ex-
presso. - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou
Quem casa, quer casa. em que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
Observe: no exterior.
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
quantas. lavras:
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. - como (= pelo qual): Não me parece correto o modo
como você agiu semana passada.
Note que: - quando (= em que): Bons eram os tempos quando po-
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, díamos jogar videogame.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu ante- - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
cedente for um substantivo. numa só frase.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) O futebol é um esporte.
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a O povo gosta muito deste esporte.
qual) O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gen-
quais) te que conversava, (que) ria, (que) fumava.
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
dos quais, das quais. quando desempenha função de complemento. Vamos en-
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
(antecedente) (consequente) frase e que função exerce. Observe as orações:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: lhe ajudar.
Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Ele fez tudo quanto havia falado. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
(antecedente) reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
exercendo função de complemento, e, consequentemente,
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre é do caso oblíquo.
precedido de preposição. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
É um professor a quem muito devemos. o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
(preposição) a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Importante: Em observação à segunda oração, o em- O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver- pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo. 2 - Substantivos Concretos e Abstratos
Eu estou perguntando-lhe algo.
LÂMPADA MALA
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, di- Os substantivos lâmpada e mala designam seres com
ferentemente dos segundos que são sempre precedidos de existência própria, que são independentes de outros seres.
preposição. São substantivos concretos.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
estava fazendo. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o existe, independentemente de outros seres.
que eu estava fazendo.
Obs.: os substantivos concretos designam seres do
Substantivo mundo real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs- Brasília, etc.
tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma,
denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme- etc.
nos, os substantivos também nomeiam:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... Observe agora:
-sentimentos: raiva, amor... Beleza exposta
-estados: alegria, tristeza... Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
-qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria... O substantivo beleza designa uma qualidade.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos. - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
A histórica Ouro Preto. se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A dinâmica São Paulo. col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e
A acolhedora Porto Alegre. cônsules.
Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
Gênero e Significação - Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no masculino
e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar em maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, mane-
jando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça duas maneiras:
(parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariá-
(cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o veis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de
da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento da três maneiras.
confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o estepe - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vegetação), o - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
guia (pessoa que guia outras), a guia (documento, pena gran- - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
de das asas das aves), o grama (unidade de peso), a grama
(relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o
de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de aumen- látex - os látex.
to), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, Plural dos Substantivos Compostos
ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-fu- -A formação do plural dos substantivos compostos de-
maça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala pende da forma como são grafados, do tipo de palavras que
(parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio (apare- formam o composto e da relação que estabelecem entre si.
lho receptor), a rádio (estação emissora), o voga (remador), a Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como
voga (moda, popularidade). os substantivos simples: aguardente/aguardentes, giras-
sol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmequeres.
Flexão de Número do Substantivo O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
Em português, há dois números gramaticais: o singular, discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica do - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
plural é o “s” final. substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando Plural dos Nomes Próprios Personativos
formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sem-
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e pre que a terminação preste-se à flexão.
alto- -falantes Os Napoleões também são derrotados.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos As Raquéis e Esteres.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
normal. Por exemplo: casa tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
do ser. Classifica-se em: no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprenderão,
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjeti- nutriríamos.
vo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- Classificação dos Verbos
dor de aumento. Por exemplo: casarão.
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificam-se em:
do ser. Pode ser: - Regulares: são aqueles que possuem as desinências
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca al-
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. terações no radical: canto cantei cantarei cantava
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- cantasse.
dor de diminuição. Por exemplo: casinha. - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse.
Verbo - Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes- e pessoais:
soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros * Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor-
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
principais verbos impessoais são:
ocorrência (nascer); desejo (querer).
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os
se ou fazer (em orações temporais).
seus possíveis significados. Observe que palavras como cor-
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
rida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
alguns verbos mencionados acima; não apresentam, porém,
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem.
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Estrutura das Formas Verbais ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Era primavera quando a conheci.
apresentar os seguintes elementos: Estava frio naquele dia.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhe-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. cer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci
(radical fal-) mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sen-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica tido figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em
a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
(partir). Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
- Desinência modo-temporal: é o elemento que desig-
na o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: ** São impessoais, ainda:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) tempo: Já passa das seis.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que desig- 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
na a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
ou plural): 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem,
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referên-
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) cia a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse
caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados verbos, então, pessoais.
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de
a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar “ser possível”. Por exemplo:
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Não deu para chegar mais cedo.
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Dá para me arrumar uns trocados?
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LÍNGUA PORTUGUESA
* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu
bastante.
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar:
galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e
a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.
- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
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LÍNGUA PORTUGUESA
Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam
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LÍNGUA PORTUGUESA
Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está
implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto represen-
tado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os
verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando
o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.
Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronomi-
nais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito,
exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto direto) - 1ª pessoa do singular
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocor-
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não rer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- estudará as lições amanhã.
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocor-
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) rer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma 2. Tempos do Subjuntivo
boa colocação.
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
ou advérbio. Por exemplo: - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
vérbio) o jogo.
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad- Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
jetivo) truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeo-
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em nato.
curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
plo: - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocor-
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. rer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. vier à loja, levará as encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases
- Particípio: quando não é empregado na formação dos que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele
tempos compostos, o particípio indica geralmente o resul- vier à loja, levará as encomendas.
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero,
número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Indicativo
Pretérito mais-que-perfeito
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LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indi-
cativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e
pessoa correspondente.
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa
do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou
conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
Infinitivo Pessoal
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO 9-)
Vamos aos itens:
1-) a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu queres -
É comum que objetos sejam esquecidos em locais correta.
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu quereria,
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus per- tu quererias, ele quereria - incorreta.
tences, conservando-os junto ao corpo. c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo = eu
quisera, ele quisera – correta.
2-) d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira, que tu
Analisemos: queiras, que ele queira - correta
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a socie- e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu qui-
sesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta.
dade tem (verbo no singular)
RESPOSTA: B
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o jo-
vem tem (verbo no singular)
10-)
c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm (ver-
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madei-
bo no plural)
ra no animal.
d) A mentira tem perna curta. = correta
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
RESPOSTA: D
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida mo-
vimentada.
3-) Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se existir = variável. Portanto, temos:
de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, I – Existiam onze pessoas...
diante da pergunta “débito ou crédito?”. II – Havia muitos ferimentos...
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de III – Existia muita gente...
classificar segundo ideias preconcebidas.
Vozes do Verbo
4-)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme ar- indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São
quivo virtual. = verbo no futuro do pretérito três as vozes verbais:
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
5-) expressa pelo verbo. Por exemplo:
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do Ele fez o trabalho.
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode- sujeito agente ação objeto (paciente)
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é
crescimento econômico (singular), portanto, terceira pessoa - Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação
do singular (ele) = poderia. expressa pelo verbo. Por exemplo:
O trabalho foi feito por ele.
6-) sujeito paciente ação agente da passiva
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
silêncio. - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a tra- paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
balhar no feriado. O menino feriu-se.
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re- Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a
queira a seu superior. noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
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LÍNGUA PORTUGUESA
A voz passiva pode ser formada por dois processos: ana- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substan-
lítico e sintético. cialmente o sentido da frase.
1- Voz Passiva Analítica Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio Sujeito da Ativa objeto Direto
do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada. A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
O trabalho é feito por ele. Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo as-
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados. sumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. Observe
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não es- mais exemplos:
teja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação mestres.
das frases seguintes:
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) - Eu o acompanharei.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi- Ele será acompanhado por mim.
cativo)
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudi-
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) caram-me. / Fui prejudicado.
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LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO
6. - CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
1-)
No enunciado temos uma oração com a voz passiva do
verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou
da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função é a de referindo à relação de dependência estabelecida entre um
agente da passiva. O sujeito paciente é “os dados”. termo e outro mediante um contexto oracional. Desta feita,
os agentes principais desse processo são representados pelo
2-) sujeito, que no caso funciona como subordinante; e o verbo,
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele o qual desempenha a função de subordinado.
foi abatido... Dessa forma, temos que a concordância verbal caracte-
riza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos
3-) “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando,
... valores e princípios que sejam percebidos pela socieda- temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo apre-
de como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um senta-se na terceira pessoa do singular, pois faz referência a
na ativa: que a sociedade perceba os valores e princípios... um sujeito, assim também expresso (ele). Como poderíamos
também dizer: os alunos chegaram atrasados.
4-)
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na Casos referentes a sujeito simples
passiva, um verbo na ativa:
A multidão ocupava as ruas. 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
5-)
B = as impressoras foram adquiridas... 2) Nos casos referentes a sujeito representado por subs-
C = família numerosa é sustentada... tantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do
D – foi acolhido como patrono... singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... Observação:
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
6-) adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
O engajamento moral e político não chegou a consti- poderá ir para o plural:
tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, um Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no in-
finitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) ficará 3) Quando o sujeito é representado por expressões par-
no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual de titivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a
Said não chegou a ser constituído pelo engajamento... metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode
concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o
7-) substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar.
’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas A maioria dos alunos resolveram ficar.
no interior do país.
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo serta- 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
nejo, indistintamente. aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o ver-
bo concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca
8-) de mil candidatos se inscreveram no concurso.
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” 5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex-
= voz ativa pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa Observação:
do Consumidor” = voz passiva - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
necessariamente, deverá permanecer no plural:
9-) Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
Mais tarde vim a entender a tradução completa... campanha de doação de alimentos.
A tradução completa veio a ser entendida por mim. Mais de um formando se abraçaram durante as solenida-
des de formatura.
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a sé-
rie Mulheres. 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos
quase clandestina. que atuaram na Copa América.
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7) Em casos relativos à concordância com locuções pro- Casos referentes a sujeito composto
nominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
nos atermos a duas questões básicas: gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estan-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plu- do relacionado a dois pressupostos básicos:
ral, o verbo poderá com ele concordar, como poderá tam- - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
bém concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
receberemos. / Alguns de nós o receberão. - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar
- Quando o primeiro pronome da locução estiver ex- na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são pri-
presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin- mos.
gular: Algum de nós o receberá.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer ante-
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pro- posto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
nome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do filhos compareceram ao evento.
singular ou poderá concordar com o antecedente desse pro-
nome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. / 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma- 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo. mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- do mundo.
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu
Observações: esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por- fruto de meu esforço.
centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos de-
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin- mais termos da oração para que concordem em gênero e
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria. número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto,
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso,
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por - A pequena criança é uma gracinha.
pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Majesta-
des gostaram das homenagens. Vossa Majestade agradeceu Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à re-
o convite. gra geral mostrada acima.
a) Um adjetivo após vários substantivos
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
aspectos que os determinam: - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver- - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predica-
tivo também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
Cubas é uma criação de Machado de Assis. masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam- - Ela tem pai e mãe louros.
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Ela tem pai e mãe loura.
tência mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados mente para o plural.
Unidos é uma potência mundial. - O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
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02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concor- (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
dância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em: até agora uma maneira adequada para que os insumos bá-
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa lei- sicos sejam quantificado.
tura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimora- (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
mento intelectual, estão na capacidade de criação do autor, trou até agora uma maneira adequada para que os insumos
mediante palavras, sua matéria-prima. básicos seja quantificado.
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus auto- os insumos básicos.
res, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
permitem criar todo um mundo de ficção, em que persona- - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
gens se transformam em seres vivos a acompanhar os leito- I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negati-
res, numa verdadeira interação com a realidade. va...
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifi-
somente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias cação do continente americano (2,0)...
entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimen- Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
to intelectual deste último e o prazer da leitura. II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que cons- exemplos, em:
titui leitura obrigatória e se tornam referências por seu con- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próxi-
teúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. mo ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
responder à questão. (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba- (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para também existem umas que não merecem nossa atenção.
o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e
da água em si ___________diferença, as companhias não po- 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
dem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de
por tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portan- peregrinação.
to, elas começam a usar preços- -sombra. Ainda assim, O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar caso o segmento grifado seja substituído por:
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das (A) Há folheteiros que
políticas de crescimento verde sempre ___________ a segunda (B) A maior parte dos folheteiros
opção. (C) O folheteiro e sua família
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (D) O grosso dos folheteiros
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, (E) Cada um dos folheteiros
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec- 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
tivamente, com: Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas em:
(A) Restam… faça… será (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem
(B) Resta… faz… será preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas
(C) Restam… faz... serão criações poéticas tão originais.
(D) Restam… façam… serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atri-
(E) Resta… fazem… será buído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas
melhores universidades do país.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
tiva em que o trecho a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-padrão a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
da língua portuguesa. resultado do puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
até agora uma maneira adequada de se quantificar os insu- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
mos básicos. representatividade.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
cos ser quantificados.
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(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- e) No final do século XX já não se via (viam) muitos intelec-
trou até agora uma maneira adequada para que os insumos tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era (eram)
básicos sejam quantificados. notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- corajosamente assumiam.
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem os
insumos básicos. = correta 9-)
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) =
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos “há” permaneceria no singular
aos itens: (B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta)
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem = “sabe” permaneceria no singular
(singular) (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O con-
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) sumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram singular
(plural) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete”
(plural) passaria para “refletem-se”
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
formas estão no plural) mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáti-
cas) = “pressiona” permaneceria no singular
6-)
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “fo- 10-) Fiz as correções:
lheterios”) (A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto) (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular da manhã = eram
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, co-
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta: meçou = começaram
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o
cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atri- 7. - REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
buído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas
melhores universidades do país.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a si-
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
tuação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos
que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
requizessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvalori- mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras,
zação e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o
(podem) ser resultado do puro e simples desconhecimento. sentido desejado, que sejam corretas e claras.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os
problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta Regência Verbal
de representatividade.
Termo Regente: VERBO
8-) Fiz as correções entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como en- A regência verbal estuda a relação que se estabelece en-
tre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às tre os verbos e os termos que os complementam (objetos
mais humildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos ad-
de hoje. verbiais).
b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreve- conhecermos as diversas significações que um verbo pode
ram. assumir com a simples mudança ou retirada de uma prepo-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre ára- sição. Observe:
bes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, con-
estejam (esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos tentar.
(resolvido) ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agra-
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verda- do ou prazer”, satisfazer.
de, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
costumam encontrar muito mais detratores que admiradores. “agradar a alguém”.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Os verbos transitivos diretos são complementados por Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar siva analítica. Veja:
esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos O questionário foi respondido corretamente.
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes po- Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
dem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, tos introduzidos pela preposição “com”.
quando complementos verbais, objetos indiretos. Antipatizo com aquela apresentadora.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, nam para uma minoria privilegiada.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, es-
timar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger,
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
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Paguei o débito ao cobrador. - A construção “dizer para”, também muito usada po-
Objeto Direto Objeto Indireto pularmente, é igualmente considerada incorreta.
Pedir ASPIRAR
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pes- (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
soa.
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Pedi-lhe favores. como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Objeto Indireto Objeto Direto (Aspirávamos a elas)
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Objetiva Direta nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)
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LÍNGUA PORTUGUESA
ASSISTIR IMPLICAR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar - Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
assistência a, auxiliar. Por exemplo: a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. implicavam um firme propósito.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. b) Ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadureci-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- mento político de um povo.
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário. - Como transitivo direto e indireto, significa comprome-
Não assisti às últimas sessões. ter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões eco-
Essa lei assiste ao inquilino. nômicas.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran-
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa quem não trabalhasse arduamente.
conturbada cidade.
PROCEDER
CHAMAR - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so- cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir.
licitar a atenção ou a presença de. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de ad-
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha- junto adverbial de modo.
má-la. As afirmações da testemunha procediam, não havia
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. como refutá-las.
Você procede muito mal.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre-
sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
preposicionado ou não.
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido
A torcida chamou o jogador mercenário.
pela preposição “a”) é transitivo indireto.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
O avião procede de Maceió.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
Procedeu-se aos exames.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
O delegado procederá ao inquérito.
CUSTAR
QUERER
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Frutas e verduras não deveriam custar muito. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
Verbo Oração Subordinada Substantiva estimar, amar.
Subjetiva Quero muito aos meus amigos.
Intransitivo Reduzida de Infinitivo Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
atitude. VISAR
Objeto Oração Subordinada Substantiva - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
Subjetiva fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Indireto Reduzida de Infinitivo O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
pessoa. Observe: objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Custei para entender o problema. O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Forma correta: Custou-me entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.
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LÍNGUA PORTUGUESA
ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, tran-
sitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto bra-
sileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma
coisa).
SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.
NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.
OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.
VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.
Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; para-
lelamente a; relativa a; relativamente a.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
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LÍNGUA PORTUGUESA
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). 06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em a alternativa correta quanto à regência dos termos em des-
partes desiguais... taque.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a res-
o grifado acima está empregado em: ponsabilidade pelo problema.
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
extremos de sutileza. se perdido.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de
nos troncos mais robustos. um índio na porta do prédio.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
rientam, não raro, quem... perdido de sua família.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho (E) A família toda se organizou para realizar a procura
na serra de Tunuí... à garotinha.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
gentio, mestre e colaborador... 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a
alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacu-
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). nas do texto, de acordo com as regras de regência.
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem cor-
o da frase acima se encontra em: poral e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
verbo latino dirigere... mídia pode exercer sobre os jovens.
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das A) dos … na
sociedades... B) nos … entre a
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado C) aos … para a
pela justiça. D) sobre os … pela
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- E) pelos … sob a
ções da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen- 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
timento de justiça. Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alterna- cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
tiva em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de
de junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e dez mil tomadas.
à pontuação. B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida- um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, criar logotipos e negociar.
do que em outros. D) O taxista levou o autor a indagar no número de to-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida- madas do edifício.
mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, rasse a um prédio na marginal.
do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapida- 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As-
mente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
do que em outros. língua e sem alteração de sentido.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço direitos dos trabalhadores domésticos.
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo A) da
– do que em outros. B) na
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen- C) pela
te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja D) sob a
mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do E) sobre a
que em outros.
GABARITO
61
LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO 6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das ou- se perdido.
tras ciências ... (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
Facilitar – verbo transitivo direto um índio na porta do prédio.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdi-
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de do de sua família.
ligação (E) A família toda se organizou para realizar a procura
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transi- pela garotinha.
tivo direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou
verbo transitivo indireto já assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
nos filhos do sueco. que a mídia pode exercer sobre os jovens.
Pedir = verbo transitivo direto e indireto
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran- 8-)
sitivo direto B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
ligação C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... criar logotipos e negociar.
=verbo intransitivo D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- tomadas do edifício.
mento. =transitivo direto E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
rasse em um prédio na marginal.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada
em partes desiguais... 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
Constar = verbo intransitivo direitos dos trabalhadores domésticos.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado
nos troncos mais robustos. =ligação
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
rientam, não raro, quem... =transitivo direto 8. - COLOCAÇÃO PRONOMINAL
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
na serra de Tunuí... = transitivo direto
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o Colocação Pronominal
gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
A colocação pronominal é a posição que os pronomes
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao
Lidar = transitivo indireto verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me,
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
sociedades... =transitivo direto O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado na oração em relação ao verbo:
pela justiça. =ligação 1. próclise: pronome antes do verbo
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- 2. ênclise: pronome depois do verbo
ções da justiça... =transitivo direto e indireto 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen-
timento de justiça. =transitivo direto Próclise
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à regên- - Palavras com sentido negativo:
cia (pontuação encontra-se em tópico específico) Nada me faz querer sair dessa cama.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, Não se trata de nenhuma novidade.
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
tuação) - Advérbios:
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto Nesta casa se fala alemão.
à pontuação) Naquele dia me falaram que a professora não veio.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço - Pronomes relativos:
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
do que em outros. Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
62
LÍNGUA PORTUGUESA
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, refe-
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- rem-se, respectivamente, a
nos. A ênclise vai acontecer quando: (A) dúvidas e preços.
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: (B) dúvidas e insumos básicos.
Amem-se uns aos outros. (C) companhias e insumos básicos.
Sigam-me e não terão derrotas. (D) companhias e preços do carbono e da água.
(E) políticas de crescimento e preços adequados.
- O verbo iniciar a oração:
Diga-lhe que está tudo bem. 02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC – 2013-
Chamaram-me para ser sócio. adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho grifa-
do está corretamente substituído por um pronome em:
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
posição “a”: B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. lhes desalentado
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
conhecê-lo?
- O verbo estiver no gerúndio: D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- parecia ser-lhe
cupada. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
Despediu-se, beijando-me a face.
03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013-
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada de
mesmo instante. modo INCORRETO em:
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. A) mostrando o rio= mostrando-o.
B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
Mesóclise C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado lhes acrescentariam.
no futuro do presente ou no futuro do pretérito: E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
se realizará) 04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). Assi-
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma pro- nale a alternativa em que o pronome destacado está posi-
posta a você) cionado de acordo com a norma-padrão da língua.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta.
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família.
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais.
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança.
63
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a al- (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
ternativa cujo emprego do pronome está em conformidade (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
com a norma padrão da língua. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
lada.
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP –
(D) Conformado, se rendeu às punições. 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investigação.
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). Assi- – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que substi-
nale a alternativa correta quanto à colocação pronominal, de tuem, corretamente, os termos em destaque são:
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. A) os comprovam … ajudá-la.
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que B) os comprovam …ajudar-la.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. C) os comprovam … ajudar-lhe.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. E) lhes comprovam … ajudá-la.
(C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. GABARITO
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que
abrisse a bolsa que encontrara. 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten- 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
RESOLUÇÃO
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013).
1-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
não está claro até onde pode realmente chegar uma políti-
prazo.
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a
e respectivamente, considerando a norma culta da língua.
terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
A) a que … acaba … à
carbono e da água faça em si diferença, as companhias não
B) com que … acabam … à
C) de que … acabam … a podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dó-
D) em que … acaba … a lares por tonelada de carbono, sem qualquer preparação.
E) dos quais … acaba … à Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim,
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria
– 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e das políticas de crescimento verde sempre será a segunda
respectivamente, as lacunas do trecho. opção.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava 2-)
sujeito de forma cômica. A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
A) Fazem... a ... de que B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
B) Faz ...a ... que desalentado
C) Fazem ...à ... com que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
D) Faz ...à ... que conhecê-las ?
E) Faz ...à ... a que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
parecia sê-lo
09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu- 3-)
lantes. transpor [...] as matas espessas= transpô-las
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabe-
ça... 4-)
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
(B) A menina tinha se distanciado muito da família.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos gri- (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
fados acima foram corretamente substituídos por um pro- (E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
nome, na ordem dada, em:
64
LÍNGUA PORTUGUESA
5-)
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. 9. - CRASE
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba-
lada.
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
(E) Todos querem que se combata a corrupção. A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mis-
tura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de
6-) duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da pre-
posição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação
pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental tam-
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que bém, para o entendimento da crase, dominar a regência dos
abrisse a bolsa que encontrara. verbos e nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten- a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrên-
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. cia simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
Observe:
7-) Vou a + a igreja.
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro- Vou à igreja.
dutos de que não necessitam e acabam tendo de
pagar tudo a prazo. No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do arti-
8-) go “a” que está determinando o substantivo feminino igreja.
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jo- Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem,
vem fazia referência à violência a que o brasileiro estava a união delas é indicada pelo acento grave. Observe os outros
sujeito de forma cômica. exemplos:
Conheço a aluna.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
Refiro-me à aluna.
9-)
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhe-
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblí- cer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não
quo no/na (fizeram-na, colocaram-no) pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indi-
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; reto (referir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
“lhe” é para objeto indireto Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto; feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
“lhe” é para objeto indireto já especificados.
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
Casos em que a crase NÃO ocorre:
10-)
– Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos - diante de substantivos masculinos:
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas Andamos a cavalo.
vão ajudar a polícia na investigação. Fomos a pé.
felizmente os comprovam ... ajudá-la Passou a camisa a ferro.
(advérbio) Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.
65
LÍNGUA PORTUGUESA
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método: troque a palavra femi-
nina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)
- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
- na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”.
A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)
*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.
66
LÍNGUA PORTUGUESA
Aquele (s), Aquela (s), Aquilo Se a palavra distância estiver especificada, determinada,
a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o ter- de 100km daqui. (A palavra está determinada)
mo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo: Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A
Refiro-me a + aquele atentado. palavra está especificada.)
Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado. Se a palavra distância não estiver especificada, a crase
não pode ocorrer. Por exemplo:
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo Os militares ficaram a distância.
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige prepo- Gostava de fotografar a distância.
sição, portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo: Ensinou a distância.
Aluguei aquela casa. Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja Observação: por motivo de clareza, para evitar ambigui-
outros exemplos: dade, pode-se usar a crase. Veja:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. Gostava de fotografar à distância.
Quero agradecer àqueles que me socorreram. Ensinou à distância.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai. Dizem que aquele médico cura à distância.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse. - diante de nomes próprios femininos:
Comprei aquela caneta. Observação: é facultativo o uso da crase diante de no-
mes próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Observe:
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses
pronomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possível Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a feminino diante de nomes próprios femininos, então pode-
substituição do termo regido feminino por um termo regido mos escrever as frases abaixo das seguintes formas:
masculino. Por exemplo: Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. berto.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a - diante de pronome possessivo feminino:
crase. Veja outros exemplos: Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. artigo. Observe:
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando
responder nenhuma das questões. por você.
A sessão à qual assisti estava vazia. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está espe-
rando por você.
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo as frases abaixo das seguintes formas:
“a” também pode ser detectada através da substituição do Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
termo regente feminino por um termo regido masculino. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país. - depois da preposição até:
Meu luto é ligado ao do meu país. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
As orações são semelhantes às de antes. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à por-
Os exemplos são semelhantes aos de antes. ta.
Suas perguntas são superiores às dele. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
Seus argumentos são superiores aos dele. palestra vai até às cinco horas da tarde.
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.
67
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia 06. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões
o texto a seguir. contrárias _____ modificações relativas _____ aquisição da casa
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor- própria.
reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira a) às - àquelas _ à
causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto- b) as - aquelas - a
mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen- c) às àquelas - a
deu-a por ter feito o que fez. d) às - aquelas - à
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. e) as - àquelas - à
Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
ordem dada: NESP – 2013-adap) O acento indicativo de crase está corre-
A) à – a – a tamente empregado em:
B) a – a – à A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
C) à – a – à com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
D) à – à – a desejos.
E) a – à – à B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
nos mecanismos biológicos de controle emocional.
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ proble- C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
mas já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
a) à - àqueles - a - há alimentam a violência crescente nas cidades.
b) a - àqueles - a - há E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
c) a - aqueles - à - a dade atinge os mais vulneráveis.
d) à - àqueles - a - a
e) a - aqueles - à - há 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
O sinal indicativo de crase está correto em:
04.(Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e área de biotecnologia.
efervescente. B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase educação dos filhos.
se o segmento grifado for substituído por: C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
A) leitura apressada e sem profundidade. instalações do prédio.
B) cada um de nós neste formigueiro. D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer de-
C) exemplo de obras publicadas recentemente. talhe que envolva a segurança das pessoas.
D) uma comunicação festiva e virtual. E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
E) respeito de autores reconhecidos pelo público. comprometa o bem-estar do cidadão.
68
LÍNGUA PORTUGUESA
09. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Assinale a - Apoio a ? Regência nominal pede preposição;
alternativa em que a sequência da frase a seguir traz o uso - retorno a? regência nominal pede preposição;
correto do acento indicativo de crase, de acordo com a nor- - antes de verbo no infinitivo não há crase.
ma-padrão da língua portuguesa.
6-) O Ministro informou que iria resistir _às__ pressões
Um bom conhecimento de matemática é indispensável contrárias àquelas_ modificações relativas __à_ aquisição da
A) à todo e qualquer estudante. casa própria.
B) à estudantes de nível superior. - resistir a? regência verbal pede preposição;
C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. - contrária a? regência nominal pede preposição;
D) à construção do saber nas mais diversas áreas. - relativas a? regência nominal pede preposição.
E) à uma boa formação profissional.
7-)
GABARITO A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
01. B 02. A 03. B 04. A 05. D desejos. (antes de verbo no infinitivo não há crase)
06. A 07. E 08. B 09. D B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
mecanismos biológicos de controle emocional. (se o “a”
RESOLUÇÃO está no singular e antecede palavra no plural, não há crase)
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. (artigo indefinido)
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
não há crase) alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra mas-
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida culina)
= à) E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar en- dade atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nomi-
caminhar um drogado da nossa própria família? (antes de nal: desfavorável a?)
pronome indefinido/relativo)
8-)
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la so- A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
bre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos área de biotecnologia. (artigo indefinido)
que _a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ con- B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar
fiança (objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por ter à educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
feito o que fez. C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
3-) “Nesta oportunidade, volto _a_ referir-me àqueles__ D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
problemas já expostos a _ V. Sª _há_ alguns dias”. detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome
- a referir = antes de verbo no infinito não há crase; indefinido)
- quem faz referência, faz referência A algo ou A alguém E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
( a regência do verbo pede preposição) comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
- antes de pronome de tratamento não há crase (exce-
ção à senhora, que admite artigo); 9-) Um bom conhecimento de matemática é indispensá-
- há no sentido de tempo passado. vel à construção do saber nas mais diversas áreas.
A) à todo e qualquer estudante. (pronome indefinido)
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada B) à estudantes de nível superior. (“a” no singular antes
e sem profundidade. de palavra no plural)
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. (pro-
indefinido) nome indefinido/relativo)
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra E) à uma boa formação profissional. (artigo indefinido)
masculina)
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa-
lavra masculina)
69
LÍNGUA PORTUGUESA
ANOTAÇÕES
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70
MATEMÁTICA
Definimos o conjunto dos números inteiros como a Associativa: Para todos a,b,c em Z:
reunião do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3, a + (b + c) = (a + b) + c
4,..., n,...}, o conjunto dos opostos dos números naturais e o 2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7
zero. Este conjunto é denotado pela letra Z (Zahlen=número
em alemão). Este conjunto pode ser escrito por: Z = {..., -4, Comutativa: Para todos a,b em Z:
-3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, ...} a+b=b+a
O conjunto dos números inteiros possui alguns 3+7=7+3
subconjuntos notáveis:
Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada z
- O conjunto dos números inteiros não nulos: em Z, proporciona o próprio z, isto é:
Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4,...}; z+0=z
Z* = Z – {0} 7+0=7
- O conjunto dos números inteiros não negativos: Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z, tal que
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4,...} z + (–z) = 0
Z+ é o próprio conjunto dos números naturais: Z+ = N 9 + (–9) = 0
Números Opostos: Dois números inteiros são ditos 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião passou
opostos um do outro quando apresentam soma zero; assim, de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da temperatura?
os pontos que os representam distam igualmente da origem. Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) –
Exemplo: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 (+3) = +3
é 2, pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0 2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante o
No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a é – a, e dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de 3 graus.
vice-versa; particularmente o oposto de zero é o próprio zero. Qual a temperatura registrada na noite de terça-feira?
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) = +3
Adição de Números Inteiros Se compararmos as duas igualdades, verificamos que (+6)
– (+3) é o mesmo que (+6) + (–3).
Para melhor entendimento desta operação, Temos:
associaremos aos números inteiros positivos a ideia de (+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3
ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder. (+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3
Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+5) + (+3) = (+8) (–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
Perder 3 + perder 4 = perder 7 (-3) + (-4) = (-7) Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros
Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+8) + (-5) = (+3) é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do
Perder 8 + ganhar 5 = perder 3 (-8) + (+5) = (-3) segundo.
1
MATEMÁTICA
2
MATEMÁTICA
Observamos que não existe um número inteiro não 8. Copie as igualdades substituindo o x por números
negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um inteiros de modo que elas se mantenham:
número negativo. a) (–140) : x = –20
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a b) 144 : x = –4
operação que resulta em outro número inteiro que elevado c) (–147) : x = +21
ao cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os d) x : (+13) = +12
nossos cálculos somente aos números não negativos. e) x : (–93) = +45
f) x : (–12) = –36
3
MATEMÁTICA
4
MATEMÁTICA
5
MATEMÁTICA
Como todo número racional é uma fração ou pode ser O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,
o produto de dois números racionais ainda é um número
escrito na forma de uma fração, definimos a adição entre racional.
- Associativa: Para todos a, b, c em Q: a × ( b × c ) = (
os números racionais e , da mesma forma que a
a c
b d a×b)×c
- Comutativa: Para todos a, b em Q: a × b = b × a
soma de frações, através de: - Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q × 1 = q
+ c =
a ad + bc
a em Q, q diferente
b d bd - Elemento inverso: Para todo q =
b
de zero, existe q =
-1 b em Q: q × q = 1
-1 a x b =1
Propriedades da Adição de Números Racionais a b a
- Distributiva: Para todos a, b, c em Q: a × ( b + c ) = (
O conjunto Q é fechado para a operação de adição, isto a×b)+(a×c)
é, a soma de dois números racionais ainda é um número
racional. Divisão de Números Racionais
- Associativa: Para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) = (
a+b)+c
A divisão de dois números racionais p e q é a própria
- Comutativa: Para todos a, b em Q: a + b = b + a
operação de multiplicação do número p pelo inverso de
- Elemento neutro: Existe 0 em Q, que adicionado a
q, isto é: p ÷ q = p × q-1
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q,
Potenciação de Números Racionais
tal que q + (–q) = 0
6
MATEMÁTICA
quadrada de .Indica-se =
1 1 1
−2 2 9 3
⎛ 3⎞ ⎛ 5 ⎞ 25 9
⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 3 9
Exemplo 3
2
⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ ⎛ 1⎞ 1
⎜⎝ − ⎟⎠ = ⎜⎝ − ⎟⎠ .⎜⎝ − ⎟⎠ =
5 5 5 25
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá
o número zero ou um número racional positivo. Logo, os
- Produto de potências de mesma base. Para reduzir um números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q.
produto de potências de mesma base a uma só potência,
conservamos a base e somamos os expoentes. O número -100 não tem raiz quadrada em Q, pois tanto
9
2 3 2+3 5
-10
como +10 , quando elevados ao quadrado, dão 100
.
3 3 9
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2 2⎞ ⎛ 2 2 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞
⎜⎝ ⎟⎠ .⎜ ⎟ = ⎜ . ⎟ .⎜ . . ⎟ = ⎜ ⎟ =⎜ ⎟ Um número racional positivo só tem raiz quadrada no
5 ⎝ 5⎠ ⎝ 5 5⎠ ⎝ 5 5 5⎠ ⎝ 5⎠ ⎝ 5⎠
conjunto dos números racionais se ele for um quadrado
perfeito.
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir
O número não tem raiz quadrada em Q, pois não
2
um quociente de potências de mesma base a uma só 3
potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes. existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3
Exercícios
a)
7 ⎡⎛ 5 1 ⎞ ⎛ 7 3 ⎞ ⎤
− ⎜ − ⎟ −⎜− + ⎟
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de 24 ⎢⎣⎝ 12 8 ⎠ ⎝ 6 4 ⎠ ⎥⎦
potência a uma potência de um só expoente, conservamos
a base e multiplicamos os expoentes
⎡⎛ 3⎞ ⎛ 1⎞ 5⎤ ⎛ 9 7⎞
b) ⎢⎜ + ⎟ : ⎜ − ⎟ + ⎥ − ⎜ − ⎟
⎣⎝ 16 ⎠ ⎝ 12 ⎠ 2 ⎦ ⎝ 4 2 ⎠
7
MATEMÁTICA
2 2
3 7
⎡⎛ 3 ⎞ ⎛ 1 ⎞ 5 ⎤ ⎛ 9 7⎞
2. Escreva o produto + . + como uma só b) ⎢⎜ + ⎟ :⎜ − ⎟ + − ⎜ − ⎟
⎝⎣ 16 ⎠ ⎝ 12 ⎠ 2 ⎥⎦ ⎝ 4 2 ⎠
potência. 3 3
⎡ 3 ⎤
12 4 ⎢ 16 5 ⎥ ⎛ 9 − 14 ⎞ ⎛ 36 5 ⎞ ⎛ 5 ⎞
⎛ 16 ⎞ ⎛ 16 ⎞ como uma
3. Escreva o quociente ⎜ − c) ⎢ 1 + ⎥ − ⎜ ⎟ =⎜ − ⎟ −⎜− ⎟
: − 2 ⎥ ⎝ 4 ⎠ ⎝ 16 2 ⎠ ⎝ 4 ⎠
só potência. ⎝ 25 ⎟⎠ ⎜⎝ 25 ⎟⎠ ⎢−
⎣ 12 ⎦
9 5 5 −9 + 10 + 5 6 3
4. Qual é o valor da expressão d) − + + = = =
4 2 4 4 4 2
7 ⎡⎛ 5 1 ⎞ ⎛ 7 3 ⎞ ⎤ 7 ⎡⎛ 10 − 3 ⎞ ⎛ −14 + 9 ⎞ ⎤ 9) Solução:
− ⎜ − ⎟ −⎜− + ⎟ = − ⎜ ⎟ −⎜ ⎟
24 ⎢⎣⎝ 12 8 ⎠ ⎝ 6 4 ⎠ ⎥⎦ 24 ⎢⎣⎝ 24 ⎠ ⎝ 12 ⎠ ⎥⎦
1 1
a) + = 2 + = =
1 3 1
3 6 6 6 6 2
7 ⎛ 7 5 ⎞ 7 ⎛ 7 + 10 ⎞ 7 17 10 5
−⎜ + ⎟= −⎜ ⎟ = − =− =−
24 ⎝ 24 12 ⎠ 24 ⎝ 24 ⎠ 24 24 24 12 b) 1- 1 = 2 - 1 = 1
2 2 2 2
8
MATEMÁTICA
Problemas
9
MATEMÁTICA
conter o mesmo número de funcionários com o maior núme- Os termos da razão recebem nomes especiais.
ro possível. Determine quantos funcionários devem participar
de cada equipe e o número possível de equipes. O número 3 é numerador
3. (PUC–SP) Numa linha de produção, certo tipo de ma- 3
nutenção é feita na máquina A a cada 3 dias, na máquina B, a
a) Na fração
5
cada 4 dias, e na máquina C, a cada 6 dias. Se no dia 2 de de-
O número 5 é denominador
zembro foi feita a manutenção nas três máquinas, após quan-
tos dias as máquinas receberão manutenção no mesmo dia. O número 3 é antecedente
1. Calculamos o MDC entre 156 e 234 e o resultado é : os cada 7 alunos na classe, 3 são rapazes”.
retalhos devem ter 78 cm de comprimento.
Razão entre grandezas de mesma espécie
2. Calculamos o MDC entre 30, 48 e 36. O número de A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o
equipes será igual a 19, com 6 participantes cada uma. quociente dos números que expressam as medidas dessas
grandezas numa mesma unidade.
3. Calculamos o MMC entre 3, 4 e 6. Concluímos que Exemplo
após 12 dias, a manutenção será feita nas três máquinas. Por- Uma sala tem 18 m2. Um tapete que ocupar o centro
tanto, dia 14 de dezembro. dessa sala mede 384 dm2. Vamos calcular a razão entre a
área do tapete e a área da sala.
4. Calculamos o MMC entre 2, 3 e 6. De 6 Primeiro, devemos transformar as duas grandezas em
em 6 horas os três remédios serão ingeridos jun- uma mesma unidade:
tos. Portanto, o próximo horário será às 14 horas. Área da sala: 18 m2 = 1 800 dm2
5. Se o primeiro menino ficar com 2 bolinhas, sobrarão 18 Área do tapete: 384 dm2
bolinhas para os outros 3 meninos. Se o segundo receber 4, Estando as duas áreas na mesma unidade, podemos
sobrarão 14 bolinhas para os outros dois meninos. O terceiro escrever a razão:
menino receberá 6 bolinhas e o quarto receberá 8 bolinhas.
384dm 2 384 16
2
= =
1800dm 1800 75
RAZÃO E PROPORÇÃO.
Razão entre grandezas de espécies diferentes
Razão Exemplo 1
Considere um carro que às 9 horas passa pelo quilômetro
Sejam dois números reais a e b, com b ≠ 0. Chama-se 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilômetro 170.
razão entre a e b (nessa ordem) o quociente a b, ou . Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h
A razão é representada por um número racional, mas é Calculamos a razão entre a distância percorrida e o
lida de modo diferente. tempo gasto para isso:
10
MATEMÁTICA
é representado num desenho por 20 cm. Qual é a escala do A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro
desenho? (ou para o segundo termo) assim como a soma dos dois
últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
comprimento i no i desenho 20cm 20cm 1
Escala = = = = ou1 : 40
comprimento i real 8m 800cm 40 5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
= ⇒⎨ = ⇒ =
2 4 ⎩ 5 10 5 10
A razão entre um comprimento no desenho e o ou
correspondente comprimento real, chama-se Escala.
5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
Proporção = ⇒⎨ = ⇒ =
2 4 ⎩ 2 4 2 4
A igualdade entre duas razões recebe o nome de
proporção. A diferença entre os dois primeiros termos está para o
Na proporção 5 = 10 (lê-se: “3 está para 5 assim como 6
3 6
primeiro (ou para o segundo termo) assim como a diferença
está para 10”), os números 3 e 10 são chamados extremos, e entre os dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto
os números 5 e 6 são chamados meios. termo).
11
MATEMÁTICA
12
MATEMÁTICA
5) Resposta “4,15 hab./km² Logo, a largura da 4ª casa é de (2,25 . 0,75) = 1,69 cm.
Solução: O problema nos oferece os seguintes dados: Portanto a sequência seria: (4...3... ... ...) e assim por
1156000hab. diante.
Densidadedemográfica = = 4,15hab. / km 2
278500km 2
Onde a razão de proporção é ... e pode ser representada
pela expressão:
6) Resposta “Ângela 20; Vera 8”.
Ti . P elevado à (n - 1)
Solução:
A – V = 12 anos Onde:
A = 12 + V Ti = termo inicial, neste caso: 4
P = proporção entre Ti e o seguinte (razão), neste caso:
A 5 12 + V 5 n = número sequencial do termo que se busca, neste
= → = caso: 4
V 2 V 2
Teremos:
2 (12+V) = 5V
24 + 2V = 5V (Ti = 4; P = ; n – 1 = 3)
5V – 2V = 24
3V = 24 4. =
V = 24 9) Resposta “E”.
3 Solução:
A = 81 litros
V (Vera) = 8
A – 8 = 12 A 9
= →
81 9
=
A = 12 + 8 T 5 T 5
A (Ângela) = 20
9T = 405
7) Resposta “24 cm; 54 cm”.
Solução: T=
x + y = 78 cm
x = 78 - y T = 45
x 4 78 − y 4 A+T=?
= → = 81 + 45 = 126 litros
y 9 y 9
9 (78 - y) = 4y
702 – 9y = 4y 10) Resposta “117 e 52”.
702 = 4y + 9y Solução:
13y = 702 x – y = 65
x = 65 + y
y = 702 x 9 65 + y 9
13 = → =
y 4 y 4
y = 54cm
x + 54 = 78 9y = 4 (65 + y)
x = 78 - 54 9y = 260 + 4y
x = 24 cm 9y – 4y = 260
5y = 260
8) Resposta “ 27 cm ”.
16 y=
Solução: Caso a proporção entre a 2ª e a 1ª casa se
mantenha constante nas demais, é só determinar qual é esta y = 52
proporção existente entre elas: no caso, = 0,75, ou seja, a
largura da 2ª casa é 75% a largura da 1ª; Portanto a largura x – 52 = 65
da 3ª casa é (3 . 0,75) = 2,25 cm. x = 65 + 52
x = 117
13
MATEMÁTICA
Exemplo
PORCENTAGEM.
Uma mercadoria foi comprada por R$ 500,00 e vendida
por R$ 800,00.
Pede-se:
É uma fração de denominador centesimal, ou seja, - o lucro obtido na transação;
é uma fração de denominador 100. Representamos - a porcentagem de lucro sobre o preço de custo;
porcentagem pelo símbolo % e lê-se: “por cento”. - a porcentagem de lucro sobre o preço de venda.
Resposta:
Deste modo, a fração 50 é uma porcentagem que podemos Lucro = 800 – 500 = R$ 300,00
100
representar por 50%. Lc = 300
= 0,60 = 60%
500
Caso essa diferença seja negativa, ela será chamada de Uma empresa admite um funcionário no mês de janeiro
prejuízo. sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumento. Se a
Assim, podemos escrever: empresa deseja que o salário desse funcionário, a partir de
Preço de custo + lucro = preço de venda março, seja R$ 3 500,00, com que salário deve admiti-lo?
Preço de custo – prejuízos = preço de venda
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem Resolução: VA = 1,4 . V
de duas formas: 3 500 = 1,4 . V
Lucro sobre o custo = lucro/preço de custo. 100%
Lucro sobre a venda = lucro/preço de venda. 100% V=
3500
= 2500
1,4
14
MATEMÁTICA
15
MATEMÁTICA
16
MATEMÁTICA
17
MATEMÁTICA
240 x 81 30015
x = 15
4 2 4 2.5
= => 2x = 4 . 5 a x= => x = 10
O corredor teria gasto 15 segundos no percurso. x 5 21
Resposta: Em 10 dias.
18
MATEMÁTICA
9. Um motociclista rodando 4 horas por dia, percorre Logo, concluímos que o tampo da mesa tem 20 palitos
em média 200 km em 2 dias. Em quantos dias esse de fósforo de largura.
motociclista vai percorrer 500 km, se rodar 5 horas por dia?
19
MATEMÁTICA
20
MATEMÁTICA
Solução:
Média Aritmética Ponderada
Ração Dias Bois
2420 8 2 Definição
x 12 4
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa
à adição e na qual cada elemento tem um “determinado
peso” é chamada média aritmética ponderada.
21
MATEMÁTICA
22
MATEMÁTICA
EQUAÇÃO DO 1º GRAU.
10.1+ 14.2 + 18.3 + 30.5 10 + 28 + 54 + 150 242
= = = 22
1+ 2 + 3 + 5 11 11
7) Resposta “4,9”. Veja estas equações, nas quais há apenas uma incógnita:
Solução:
3x – 2 = 16 (equação de 1º grau)
3.5 + 6.3 + 8.2 15 + 18 + 16 49
MP = = = = 4,9
5 + 3+ 2 10 10 2y3 – 5y = 11 (equação de 3º grau)
x=
18
3
x=6
23
MATEMÁTICA
Exemplo 2 Registro
x=-
42
1 – 3x + 2/5 = x + 1 /2 17
10 – 30x + 4 = 10x + 5
-30x - 10x = 5 - 10 - 4 Note que, de início, essa última equação aparentava
-40x = +9(-1)
ser de 2º grau por causa do termo - no seu lado direito.
x2
40x = 9 3
x = 9/40 Entretanto, depois das simplificações, vimos que foi
x = 0,225
reduzida a uma equação de 1º grau (17x = – 42).
Há também um processo prático, bastante usado, que
se baseia nessas ideias e na percepção de um padrão visual. Questões
- Se a + b = c, conclui-se que a = c + b.
1 - (PRF) Num determinado estado, quando um veículo
Na primeira igualdade, a parcela b aparece somando no é rebocado por estacionar em local proibido, o motorista
lado esquerdo; na segunda, a parcela b aparece subtraindo paga uma taxa fixa de R$ 76,88 e mais R$ 1,25 por hora
no lado direito da igualdade. de permanência no estacionamento da polícia. Se o valor
- Se a . b = c, conclui-se que a = c + b, desde que b ≠ 0. pago foi de R$ 101,88 o total de horas que o veículo ficou
Na primeira igualdade, o número b aparece estacionado na polícia corresponde a:
multiplicando no lado esquerdo; na segunda, ele aparece A) 20
dividindo no lado direito da igualdade. B) 21
O processo prático pode ser formulado assim: C) 22
- Para isolar a incógnita, coloque todos os termos com D) 23
incógnita de um lado da igualdade e os demais termos do E) 24
outro lado.
- Sempre que mudar um termo de lado, inverta a 2 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. IMA-
operação. RUÍ/2014) Certa quantia em dinheiro foi dividida igual-
mente entre três pessoas, cada pessoa gastou a meta-
Exemplo de do dinheiro que ganhou e 1/3(um terço) do restante
de cada uma foi colocado em um recipiente totalizando
Resolução da equação
5(x+2)
=
(x+2) . (x-3)
-
x2
, R$900,00(novecentos reais), qual foi a quantia dividida ini-
usando o processo prático.
2 3 3 cialmente?
A) R$900,00
Procedimento e justificativa: Iniciamos da forma B) R$1.800,00
habitual, multiplicando os dois lados pelo mmc (2;3) = 6. C) R$2.700,00
A seguir, passamos a efetuar os cálculos indicados. Neste D) R$5.400,00
ponto, passamos a usar o processo prático, colocando
termos com a incógnita à esquerda e números à direita, 3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Um quadrado é
invertendo operações. chamado mágico quando suas casas são preenchidas por
números cuja soma em cada uma das linhas, colunas ou
diagonais é sempre a mesma.
24
MATEMÁTICA
25
MATEMÁTICA
A) 55. Verba: y
B) 25.
C) 40.
D) 50.
E) 35.
Respostas
1 - RESPOSTA “A”.
Devemos inicialmente equacionar através de uma
equação do 1º grau, ou seja:
6 - RESPOSTA: “A”.
Luana: x
Bia: x+10
Felícia: x+7
Bia-Felícia= x+10-x-7 = 3 anos.
x = 1800
7 - RESPOSTA: “B”.
3 - RESPOSTA: “A”. Idade de Rodrigo: x
Igualando a 1ª linha com a 3ª , temos:
3x-1=14
Mmc(2,5)=10
4 - RESPOSTA: “A”.
520 milhões para as melhorias das estações de trem,
como foi distribuído igualmente, corredores de ônibus, no-
vos terminais e subsídio de passagem também receberam
cada um 520 milhões.
Restante da verba foi de 520.4 = 2080 ; 106 = notação
científica de milhões (1.000.000).
26
MATEMÁTICA
Sistema de Equação
Sobrou 1/10 da pizza.
Definição
9 - RESPOSTA: “E”. Observe o raciocínio: João e José são colegas. Ao
Preço livro J: x passarem por uma livraria, João resolveu comprar 2 cadernos
Preço do livro K: x+15 e 3 livros e pagou por eles R$ 15,40, no total dos produtos.
José gastou R$ 9,20 na compra de 2 livros e 1 caderno. Os
dois ficaram satisfeitos e foram para casa.
No dia seguinte, encontram um outro colega e falaram
sobre suas compras, porém não se lembrava do preço
Valor pago:197 reais (2.100 – 3) unitário de dos livros. Sabiam, apenas que todos os livros,
como todos os cadernos, tinham o mesmo preço.
Bom, diante deste problema, será que existe algum
modo de descobrir o preço de cada livro ou caderno com as
informações que temos ? Será visto mais à frente.
Um sistema de equação do primeiro grau com duas
incógnitas x e y, pode ser definido como um conjunto
formado por duas equações do primeiro grau. Lembrando
que equação do primeiro grau é aquela que em todas as
incógnitas estão elevadas à potência 1.
Observações gerais
Em tutoriais anteriores, já estudamos sobre equações do
primeiro grau com duas incógnitas, como exemplo: X + y =
7 x – y = 30 x + 2y = 9 x – 3y = 15
O valor pago pelo álbum é de R$ 11,00. Foi visto também que as equações do 1º grau com duas
variáveis admitem infinitas soluções:
10 - RESPOSTA: “C”. X+y=6x–y=7
Irmão mais novo: x
Irmão do meio: 2x
Irmão mais velho:4x
Hoje:
Irmão mais novo: x+10
Irmão do meio: 2x+10 Vendo a tabela acima de soluções das duas equações,
Irmão mais velho:4x+10 é possível checar que o par (4;2), isto é, x = 4 e y = 2, é a
solução para as duas equações.
x+10+2x+10+4x+10=65 Assim, é possível dizer que as equações
7x=65-30 X+y=6
7x=35 X–y=7
x=5 Formam um sistema de equações do 1º grau.
Exemplos de sistemas:
27
MATEMÁTICA
28
MATEMÁTICA
Unidades de Comprimento
km hm dam m dm cm mm
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m
Há, de fato, unidades quase sem uso prático, mas elas têm uma função. Servem para que o sistema tenha um padrão:
cada unidade vale sempre 10 vezes a unidade menor seguinte.
Por isso, o sistema é chamado decimal.
E há mais um detalhe: embora o decímetro não seja útil na prática, o decímetro cúbico é muito usado com o nome
popular de litro.
As unidades de área do sistema métrico correspondem às unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o quilômetro
quadrado, o metro quadrado e o hectômetro quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o nome de
hectare (ha): 1 hm2 = 1 ha.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como nos
comprimentos. Entretanto, consideramos que o sistema continua decimal, porque 100 = 102.
Unidades de Área
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2
Agora, vejamos as unidades de volume. De novo, temos a lista: quilômetro cúbico (km3), hectômetro cúbico (hm3), etc.
Na prática, são muitos usados o metro cúbico e o centímetro cúbico.
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 =
103, o sistema continua sendo decimal.
Unidades de Volume
3 3
km hm dam3 m3 dm3 cm3 mm3
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. Se o volume da água que enche um tanque é de 7 000 litros,
dizemos que essa é a capacidade do tanque. A unidade fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a 1 dm3.
Cada unidade vale 10 vezes a unidade menor seguinte.
Unidades de Capacidade
kl hl dal l dl cl ml
quilolitro hectolitro decalitro litro decilitro centímetro mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de medidas de massa. A unidade fundamental é o grama.
Unidades de Massa
kg hg dag g dg cg mg
quilograma hectograma decagrama grama decigrama centigrama miligrama
1000g 100g 10g 1g 0,1g 0,01g 0,001g
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t):
1t = 1000 kg.
29
MATEMÁTICA
Para passar de uma unidade para a menor seguinte, 10. Quantos minutos se passaram das 9h50min até as
multiplica-se por 60. 10h35min?
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 décimo
de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,3h = 18min. Respostas
1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o Isto equivale a passar a vírgula uma casa para a esquerda.
curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e chegou Poderíamos também raciocinar da seguinte forma:
na hora da aula cuja duração é de uma hora e meia. A que
horas terminará a aula de inglês? Como 1 m3 equivale a 1 kl, basta fazermos a conversão
a) 14h de 1 kl para decalitros, quando então passaremos dois níveis à
b) 14h 30min direita. Multiplicaremos então 1 por 10 duas vezes:
c) 15h 15min
d) 15h 30min 1kl.10.10 ⇒ 100dal
e) 15h 45min Logo, 100 dal equivalem a 1 m³.
30
MATEMÁTICA
14mm3 :1000 :1000 :1000 :1000 :1000 :1000 Números Diretamente Proporcionais
⇒ 14 :1018 km3 ⇒ 14.10−18 km
Considere a seguinte situação:
⇒ 1, 4.10−17 km3 ⇒ 0.000000000000000km3
Joana gosta de queijadinha e por isso resolveu aprender
Portanto, 0, 000000000000000014 km3, ou a 1,4 x 10- a fazê-las. Adquiriu a receita de uma amiga. Nessa receita,
17
km3 se expresso em notação científica equivalem a 14 mm3. os ingredientes necessários são:
31
MATEMÁTICA
32
MATEMÁTICA
Exemplo 2: Vamos dividir o número 104 em partes Com 1 tonelada de cana-de-açúcar, uma usina produz
inversamente proporcionais aos números 2, 3 e 4. 70l de álcool.
Representamos os números procurados por x, y e z. E De acordo com esses dados podemos supor que:
como as sucessões (x, y, z) e (2, 3, 4) devem ser inversamente - com o dobro do número de toneladas de cana, a usina
proporcionais, escrevemos: 104
produza o dobro do número de litros de álcool, isto é, 140l;
x y z x y z x+ y+z - com o triplo do número de toneladas de cana, a usina
= = = = = produza o triplo do número de litros de álcool, isto é, 210l.
1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ + Então concluímos que as grandezas quantidade de cana-
2 3 4 2 3 4 2 3 4
de-açúcar e número de litros de álcool são diretamente
proporcionais.
Como, vem
Grandezas Inversamente Proporcionais
Velocidade Tempo
30 km/h 12 h
Logo, os números procurados são 48, 32 e 24.
60 km/h 6h
Grandezas Diretamente Proporcionais 90 km/h 4h
120 km/h 3h
Considere uma usina de açúcar cuja produção, nos
cinco primeiros dias da safra de 2005, foi a seguinte: Com base na tabela apresentada observamos que:
- duplicando a velocidade da moto, o número de horas
Dias Sacos de açúcar fica reduzido à metade;
1 5 000 - triplicando a velocidade, o número de horas fica
reduzido à terça parte, e assim por diante.
2 10 000
3 15 000 Nesse caso dizemos que as grandezas velocidade e
4 20 000 tempo são inversamente proporcionais.
5 25 000 Observe que, duas a duas, as razões entre os números
que indicam a velocidade são iguais ao inverso das razões
Com base na tabela apresentada observamos que: que indicam o tempo:
inverso da razão 6
60 3
=
120 6 3
90
=
3 inverso da razão 4
120 6 3
Isso nos leva a estabelecer que: Duas grandezas são
diretamente proporcionais quando a razão entre os valores Podemos, então, estabelecer que: Duas grandezas
da primeira é igual à razão entre os valores da segunda. são inversamente proporcionais quando a razão entre os
valores da primeira é igual ao inverso da razão entre os
Tomemos agora outro exemplo. valores da segunda.
33
MATEMÁTICA
34
MATEMÁTICA
Resolução 05
x/(3/4) = y/(5/2) = z/(1/3) = k (constante)
x + y + z = 215
3k/4 + 5k/2 + k/3 = 215
(18k + 60k + 8k)/24 = 215 → k = 60
x = 60.(3/4) = 45
y = 60.(5/2) = 150
z = 60/3 = 20
(x, y, z) → partes diretamente proporcionais
O segmento AB (“tem começo e fim”)
Resolução 06 Nas próximas figuras, indicamos a semi-reta AB, de
x = Rafael origem A, e a semi-reta BA, de origem B.
y = Mateus
x/15=6
x=90
y/12=6
y=72
A semi-reta AB A semi-reta BA
(sua origem é A e “ela não tem fim”)
NOÇÕES DE GEOMETRIA: FORMA, (sua origem é B e “ela não tem fim”)
PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME. A seguir, indicamos a reta AB.
TEOREMA DE PITÁGORAS.
35
MATEMÁTICA
Área
Área é a medida de uma superfície.
A área do campo de futebol é a medida de sua super-
fície (gramado).
Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos
em uma malha quadriculada, a sua área será equivalente Pegamos um retângulo e colocamos em uma malha
à quantidade de quadradinho. Se cada quadrado for uma quadriculada onde cada quadrado tem dimensões de 1 cm.
unidade de área: Se contarmos, veremos que há 24 quadrados de 1 cm de
dimensões no retângulo. Como sabemos que a área é a
medida da superfície de uma figuras podemos dizer que
24 quadrados de 1 cm de dimensões é a área do retângulo.
36
MATEMÁTICA
O retângulo acima tem as mesmas dimensões que o ou- Um trapézio é formado por uma base maior (B), por
tro, só que representado de forma diferente. O cálculo da uma base menor (b) e por uma altura (h).
área do retângulo pode ficar também da seguinte forma: Para fazermos o cálculo da área do trapézio é preciso
A = 6 . 4 A = 24 cm² dividi-lo em dois triângulos, veja como:
Podemos concluir que a área de qualquer retângulo é: Primeiro: completamos as alturas no trapézio:
A=b.h
AT = B . h + b . h
2 2
AT = h (B + b)
2
37
MATEMÁTICA
Portanto, no cálculo da área de um trapézio qualquer Observe o triângulo equilátero (todos os lados iguais).
utilizamos a seguinte fórmula: Calcule a sua área.
A = h (B + b)
2
h = altura
B = base maior do trapézio
b = base menor do trapézio
Área do Triângulo
Como o valor da altura não está indicado, devemos
Observe o retângulo abaixo, ele está dividido ao meio
calcular o seu valor, para isso utilizaremos o teorema de
pela diagonal:
Pitágoras no triângulo:
A = 4 . 2√3
2
No triângulo retângulo é fácil ver a altura, pois é o A = 2 . 2√3
próprio lado do triângulo, e forma com a base um ângulo
de 90° (ângulo reto).
A = 4 √3 cm2
TEOREMA DE PITÁGORAS
Observe o exemplo:
38
MATEMÁTICA
Existem inúmeras maneiras de demonstrar o teorema Um terreno tem a forma de um triângulo retângulo e
de Pitágoras. Veremos uma delas, baseada no cálculo de tem rente para três ruas: Rua 1, Rua 2 e Rua 3, conforme
áreas de figuras geométricas planas. nos mostra a figura. Calcule, em metros, o comprimento a
Consideremos o triângulo retângulo da figura. da frente do terreno voltada para a rua 1.
a = medida da hipotenusa
b = medida de um cateto
c = medida do outro cateto
De acordo com os dados do problema, temos b = 96
Observe, agora, os quadrados MNPQ e DEFG, que têm m e c = 180 m.
a mesma área, pois o lado de cada quadrado mede (b+c).
Aplicando o teorema de Pitágoras:
a2 = b2 + c2 a2 = 41616
a2 = (96)2 + (180)2 a = 41616
a2 = 9216 + 32400 a = 204
d2=2 l2 d=l 2
Cancelando 2bc, temos:
Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero
a2=b2+c2
Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabele-
A demonstração algébrica do teorema de Pitágoras cer uma relação importante entre a medida h da altura e a
será feita mais adiante. medida l do lado de um triângulo equilátero.
39
MATEMÁTICA
a) 7,5
b) 14,4
c) 12,5
d) 9,5
e) 10,0
40
MATEMÁTICA
5) Alternativa c
Solução: na figura dada podemos observar dois triân-
gulos retângulos iguais e com lados medindo:
a) 15
b) 14
c) 12
d) 10
e) 6
Resoluções
Sendo r a hipotenusa, 10 e r – 5 são catetos:
1) Alternativa d r2 = 102 + (r – 5)2
Solução: x é hipotenusa, 12 e 5 são os catetos, então: r2 = 100 + r2 – 2.5.r + 52
x2 = 122 + 52 r2 = 100 + r2 – 10r + 25
x2 = 144 + 25 r2 – r2 + 10r = 125
x2 = 169 10r = 125
x= r = 125 : 10
x = 13 cm r = 12,5
2) Alternativa d 6) Alternativa a
Solução: como podemos observar na figura, temos um Solução: aplicação direta do Teorema de Pitágoras:
triângulo retângulo cujos catetos medem 8 m e 6 m, cha- x2 = 122 + 92
mando o cabo de energia de x, pelo Teorema de Pitágoras: x2 = 144 + 81
x2 = 62 + 82 x2 = 225
x2 = 36 + 64 x=
x2 = 100 x = 15
x=
x = 10 m
RACIOCÍNIO LÓGICO. RESOLUÇÃO DE
3) Alterntiva b
SITUAÇÕES-PROBLEMA.
Solução: temos que fazer uma figura, um trapézio re-
tângulo é aquele que tem dois ângulos de 90°.
41
MATEMÁTICA
para definir sua lógica. Algumas sequências são bastante Sequência de Pessoas
conhecidas e todo aluno que estuda lógica deve conhecê- Na série a seguir, temos sempre um homem seguido
las, tais como as progressões aritméticas e geométricas, de duas mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma
a série de Fibonacci, os números primos e os quadrados posição múltipla de três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e
perfeitos. a posição dos braços sempre alterna, ficando para cima em
uma posição múltipla de dois (2º, 4º, 6º, 8º,...). Sendo assim,
Sequência de Números a sequência se repete a cada seis termos, tornando possível
determinar quem estará em qualquer posição.
Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um
mesmo número.
Sequência de Figuras
Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão
um mesmo número. visto na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer
rotações, como nos exemplos a seguir.
Sequência de Fibonacci
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como
Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois Fibonacci, propôs no século XIII, a sequência numérica: (1,
anteriores. 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei
1 1 2 3 5 8 13 de formação simples: cada elemento, a partir do terceiro, é
obtido somando-se os dois anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2 + 1
Números Primos: Naturais que possuem apenas dois = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante. Desde o século XIII, muitos
divisores naturais. matemáticos, além do próprio Fibonacci, dedicaram-se ao
2 3 5 7 11 13 17 estudo da sequência que foi proposta, e foram encontradas
inúmeras aplicações para ela no desenvolvimento de
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são modelos explicativos de fenômenos naturais.
naturais. Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de
1 4 9 16 25 36 49 Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma
das maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados
Sequência de Letras de lado 1, podemos obter um retângulo de lados 2 e 1.
As sequências de letras podem estar associadas a uma Se adicionarmos a esse retângulo um quadrado de lado 2,
série de números ou não. Em geral, devemos escrever obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adicionarmos agora
todo o alfabeto (observando se deve, ou não, contar com um quadrado de lado 3, obtemos um retângulo 5 x 3.
k, y e w) e circular as letras dadas para entender a lógica Observe a figura a seguir e veja que os lados dos quadrados
proposta. que adicionamos para determinar os retângulos formam a
ACFJOU sequência de Fibonacci.
42
MATEMÁTICA
Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor
circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos lado for igual a é chamado retângulo áureo como o caso
uma espiral formada pela concordância de arcos cujos da fachada do Partenon.
raios são os elementos da sequência de Fibonacci. As figuras a seguir possuem números que representam
uma sequência lógica. Veja os exemplos:
Exemplo 1
O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre A sequência numérica proposta envolve multiplicações
arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje por 4.
em ruínas, era um retângulo que continha um quadrado 6 x 4 = 24
de lado igual à altura. Essa forma sempre foi considerada 24 x 4 = 96
satisfatória do ponto de vista estético por suas proporções 96 x 4 = 384
sendo chamada retângulo áureo ou retângulo de ouro. 384 x 4 = 1536
Exemplo 2
Como os dois retângulos indicados na figura são A diferença entre os números vai aumentando 1
semelhantes temos: (1). unidade.
13 – 10 = 3
17 – 13 = 4
Como: b = y – a (2). 22 – 17 = 5
28 – 22 = 6
Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0. 35 – 28 = 7
Logo:
43
MATEMÁTICA
Exemplo 4
(D) (E)
(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78
44
MATEMÁTICA
05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos Admitindo-se que a regra de formação das figuras
de fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a
indicado abaixo: figura que ocuparia a 277ª posição dessa sequência é:
(A) (B)
.............
1° 2° 3°
45
MATEMÁTICA
Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui 16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram
corretamente o ponto de interrogação é: desenhadas de acordo com determinado padrão.
(A) (B)
(C)
(D) (E)
(A) (B)
Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais
que X + Y é igual a:
(A) 40
(B) 42
(C) 44 (C) (D)
(D) 46
(E) 48
46
MATEMÁTICA
(D) (E)
48.675 1
XXX XXX
O número procurado é:
XBX XBX (A) 87456
XXX BXX (B) 68745
(C) 56874
21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do (D) 58746
terceiro é igual à soma de seus dois termos precedentes. (E) 46875
Sabendo-se que os dois primeiros termos, por definição,
são 0 e 1, o sexto termo da série é: 26. Considere que os símbolos ♦ e ♣ que aparecem
(A) 2 no quadro seguinte, substituem as operações que devem
(B) 3 ser efetuadas em cada linha, a fim de se obter o resultado
(C) 4 correspondente, que se encontra na coluna da extrema direita.
(D) 5
(E) 6 36 ♦ 4 ♣ 5 = 14
22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G 48 ♦ 6 ♣ 9 = 17
H I J L M N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada 54 ♦ 9 ♣ 7 = ?
letra é substituída pela letra que ocupa a quarta posição
depois dela. Então, o “A” vira “E”, o “B” vira “F”, o “C” vira Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o
“G” e assim por diante. O código é “circular”, de modo que ponto de interrogação deverá ser substituído pelo número:
o “U” vira “A” e assim por diante. Recebi uma mensagem (A) 16
em código que dizia: BSA HI EDAP. Decifrei o código e li: (B) 15
(A) FAZ AS DUAS; (C) 14
(B) DIA DO LOBO; (D) 13
(C) RIO ME QUER; (E) 12
(D) VIM DA LOJA;
(E) VOU DE AZUL. 27. Segundo determinado critério, foi construída a sucessão
seguinte, em que cada termo é composto de um número seguido
23. A sentença “Social está para laicos assim como de uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6 – .... Considerando que no
231678 está para...” é melhor completada por: alfabeto usado são excluídas as letras K, Y e W, então, de acordo com
o critério estabelecido, a letra que deverá anteceder o número 12 é:
(A) 326187;
(A) J
(B) 876132;
(B) L
(C) 286731;
(C) M
(D) 827361; (D) N
(E) 218763. (E) O
47
MATEMÁTICA
28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU 32. Ardoroso → rodo
e URSO – devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo, Dinamizar → mina
de modo que cada uma das suas respectivas letras ocupe Maratona → ?
um quadrinho e, na diagonal sombreada, possa ser lido o
nome de um novo animal. (A) mana
(B) toma
(C) tona
(D) tora
(E) rato
Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação entre 35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco
o primeiro e o segundo grupos de letras. A mesma relação de 10 metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o
deverá existir entre o terceiro grupo e um dos cinco grupos dia, ela consegue subir 2 metros pela parede; mas à noite,
que aparecem nas alternativas, ou seja, aquele que substitui enquanto dorme, escorrega 1 metro. Depois de quantos
corretamente o ponto de interrogação. Considere que a dias ela consegue chegar à saída do poço?
ordem alfabética adotada é a oficial e exclui as letras K, W e Y.
36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar
29. CASA: LATA: LOBO: ? as páginas de um livro de 100 páginas?
(A) SOCO
(B) TOCO 37. Quantos quadrados existem na figura abaixo?
(C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO
30. ABCA: DEFD: HIJH: ?
(A) IJLI
(B) JLMJ
(C) LMNL
(D) FGHF 38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.
(E) EFGE
48
MATEMÁTICA
40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com 45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito.
cinco quadrados iguais.
49
MATEMÁTICA
50
MATEMÁTICA
51
MATEMÁTICA
AbcdE: E na verdade é A; P E R U
ZabcD: D na verdade é Z;
UvxaA: A na verdade é U; M A R A
LmnoP: P na verdade é L; T A T U
U R S O
23. Resposta “B”.
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma
O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do
com a outra e, em seguida, nos traz uma sequência numérica.
alfabeto, tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando
É perguntado qual sequência numérica tem a mesma ralação
esses valores, obtém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49.
com a sequência numérica fornecida, de maneira que, a
relação entre as palavras e a sequência numérica é a mesma.
29. Resposta “B”.
Observando as duas palavras dadas, podemos perceber
facilmente que têm cada uma 6 letras e que as letras de Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas: letra
uma se repete na outra em uma ordem diferente. Tal ordem, “A”. Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras deverão
nada mais é, do que a primeira palavra de trás para frente, de ser as mesmas da 3ª sequência de letras: “O”. A 3ª letra da
maneira que SOCIAL vira LAICOS. Fazendo o mesmo com a 2ª sequência é a próxima letra do alfabeto depois da 3ª
sequência numérica fornecida, temos: 231678 viram 876132, letra da 1ª sequência de letras. Portanto, na 4ª sequência de
sendo esta a resposta. letras, a 3ª letra é a próxima letra depois de “B”, ou seja, a
letra “C”. Em relação à primeira letra, tem-se uma diferença
24. Resposta “A”. de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência e a 1ª letra da 2ª
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma sequência. Portanto, entre a 1ª letra da 3ª sequência e a 1ª
com a outra, e em seguida, nos traz uma sequência numérica. letra da 4ª sequência, deve ocorrer o mesmo fato. Com isso,
Foi perguntado qual a sequência numérica que tem relação a 1ª letra da 4ª sequência é a letra “T”. Logo, a 4ª sequência
com a já dada de maneira que a relação entre as palavras e a de letras é: T, O, C, O, ou seja, TOCO.
sequência numérica é a mesma. Observando as duas palavras
dadas podemos perceber facilmente que tem cada uma 30. Resposta “C”.
6 letras e que as letras de uma se repete na outra em uma Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras
ordem diferente. Essa ordem diferente nada mais é, do que letras do alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra
a primeira palavra de trás para frente, de maneira que SALTA da sequência. Na 2ª sequência, continua-se da 3ª letra
vira ATLAS. Fazendo o mesmo com a sequência numérica da sequência anterior, formando-se DEF, voltando-se
fornecida temos: 25435 vira 53452, sendo esta a resposta. novamente, para a 1ª letra desta sequência: D. Com isto,
na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se para a 1ª
25. Resposta “E”. letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará
Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não pela letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L.
acontecem no número procurado. Do número 48.675, as Logo, a 4ª sequência da letra é: LMNL.
opções 48, 86 e 67 não estão em nenhum dos números
apresentados nas alternativas. Portanto, nesse número a 31. Resposta “E”.
coincidência se dá no número 75. Como o único número Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo
apresentado nas alternativas que possui a sequência 75 é de 1 unidade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a
46.875, tem-se, então, o número procurado. multiplicação do termo anterior por 3. E assim por diante,
até que para o 7º termo temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 +
26. Resposta “D”. 1 = 40. 9º termo = 40 . 3 = 120. 10º termo = 120 + 1 = 121.
O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo 11º termo = 121 . 3 = 363. 12º termo = 363 + 1 = 364. 13º
representa a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36 ÷ 4 + 5 termo = 364 . 3 = 1.092. Portanto, podemos concluir que o
= 9 + 5 = 14. Na 2ª linha, tem-se: 48 ÷ 6 + 9 = 8 + 9 = 17. 13º termo da sequência é um número maior que 1.000.
Com isso, na 3ª linha, ter-se-á: 54 ÷ 9 + 7 = 6 + 7 = 13. Logo,
podemos concluir então que o ponto de interrogação deverá 32. Resposta “D”.
ser substituído pelo número 13. Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e
“ro” e inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”.
27. Resposta “A”. Da mesma forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as
As letras que acompanham os números ímpares formam a sílabas “na” e “mi”, definindo-se a palavra “mina”. Com
sequência normal do alfabeto. Já a sequência que acompanha isso, podemos concluir que da palavra “maratona”. Deve-se
os números pares inicia-se pela letra “E”, e continua de acordo retirar as sílabas “ra” e “to”, criando-se a palavra “tora”.
com a sequência normal do alfabeto: 2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª
letra: G, 8ª letra: H, 10ª letra: I e 12ª letra: J. 33. Resposta “A”.
Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas
28. Resposta “D”. letras “a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida.
Escrevendo os nomes dos animais apresentados na Já as letras “a” e “r” são as 2 primeiras letras da palavra
lista – MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem: “arborizado”. A palavra “dias” foi obtida da mesma forma:
PERU, MARÁ, TATU e URSO, obtém-se na tabela:
52
MATEMÁTICA
40.
Dia Subida Descida
1º 2m 1m
2º 3m 2m
3º 4m 3m
4º 5m 4m
5º 6m 5m
6º 7m 6m
7º 8m 7m
8º 9m 8m
9º 10m ----
41.
Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do 12.345.679 × (2×9) = 222.222.222
poço. 12.345.679 × (3×9) = 333.333.333
36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – ... ...
91 – 92 – 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são 12.345.679 × (4×9) = 666.666.666
necessários 20 algarismos. Portanto, para obter 999.999.999 devemos multiplicar
12.345.679 por (9x9) = 81
37.
42.
= 16
= 09
43.
= 04
53
MATEMÁTICA
No exercício 2 elevado a 2 = 4
50.
46. Observe que:
x2 x3 x4 x5 x6 x7
47.
48.
54
HISTÓRIA GERAL
1
HISTÓRIA GERAL
Anglo-Russa. Embora estes acordos não tenham aliado o cionalmente, para serem inaceitáveis, com a intenção de
Reino Unido com a França ou a Rússia formalmente, eles provocar uma guerra com a Sérvia. Quando a Sérvia con-
fizeram a entrada britânica em qualquer conflito futuro en- cordou com apenas oito das dez reivindicações, a Áustria
volvendo a França ou a Rússia e o sistema de intertrava- -Hungria declarou guerra ao país em 28 julho de 1914.
mento dos acordos bilaterais se tornou conhecido como Hew Strachan argumenta que “se uma resposta equivo-
a Tríplice Entente. cada e precipitada da Sérvia teria feito alguma diferença
O poder industrial e econômico dos alemães havia para o comportamento da Áustria-Hungria é algo duvi-
crescido muito depois da unificação e da fundação do im- doso. Francisco Fernando não era o tipo de personalidade
pério em 1871. Desde meados da metade dos anos 1890, que comandava a popularidade e sua morte não lançou o
o governo de Guilherme II usou essa base para dedicar império em profundo luto”.
significativos recursos econômicos para a edificação do O Império Russo, disposto a permitir que a Áustria
Kaiserliche Marine, criada pelo almirante Alfred von Tir- -Hungria eliminasse a sua influência nos Balcãs e em
pitz, em rivalidade com a Marinha Real Britânica na su- apoio aos seus sérvios protegidos de longa data, ordenou
premacia naval mundial. Como resultado, cada nação se uma mobilização parcial um dia depois. O Império Ale-
esforçou construir o outro em termos de navios importan- mão mobilizou-se em 30 de julho de 1914, pronto para
tes. Com o lançamento do HMS Dreadnought em 1906, o aplicar o “Plano Schlieffen”, que planejava uma invasão
Império Britânico expandiu a sua vantagem sobre seu rival rápida e massiva à França para eliminar o exército francês
alemão. A corrida armamentista entre Reino Unido e Ale- e, em seguida, virar a leste contra a Rússia. O gabinete
manha, eventualmente ampliada ao resto da Europa, com francês resistiu à pressão militar para iniciar a mobilização
todas as grandes potências dedicando a sua base indus- imediata e ordenou que suas tropas recuassem 10 km da
trial para produzir o equipamento e as armas necessárias fronteira, para evitar qualquer incidente. A França só se
para um conflito pan-europeu. Entre 1908 e 1913, os gas- mobilizou na noite de 2 de agosto, quando a Alemanha
tos militares das potências europeias aumentou em 50%. invadiu a Bélgica e atacou tropas francesas. O Império
A Áustria-Hungria precipitou a crise Bósnia de 1908- Alemão declarou guerra à Rússia no mesmo dia. O Reino
1909 por anexar oficialmente o antigo território otoma- Unido declarou guerra à Alemanha em 4 de agosto de
no da Bósnia e Herzegovina, que ocupava desde 1878. 1914, após uma “resposta insatisfatória” para o ultimato
Isto irritou o Reino da Sérvia e seu patrono, o pan-eslavo britânico de que a Bélgica deveria ser mantida neutra.
e ortodoxo Império Russo. A manobra política russa na
A Guerra
região desestabilizou os acordos de paz, que já estavam
enfraquecidos, no que ficou conhecido como “o barril de
A crise de julho e as declarações de guerra
pólvora da Europa”.
Em 1912 e 1913, a Primeira Guerra Balcânica foi trava-
Após o assassinato do arquiduque Francisco Fernan-
da entre a Liga Balcânica e o fragmentado Império Oto-
do em 28 de junho, o Império Austro-Húngaro esperou
mano. O Tratado de Londres resultante ainda encolheu o
três semanas antes de decidir tomar um curso de ação.
Império Otomano, com a criação de um Estado indepen-
Essa espera foi devida ao fato de que grande parte do
dente albanês, enquanto ampliou as explorações territo- efetivo militar estava na ajuda a colheita, o que impos-
riais da Bulgária, Sérvia, Montenegro e Grécia. Quando a sibilitava a ação militar naquele período. Em 23 de julho,
Bulgária atacou a Sérvia e a Grécia em 16 de junho de graças ao apoio incondicional alemão (carta branca) ao
1913, ela perdeu a maior parte da Macedônia à Sérvia e Império Austro-Húngaro se a guerra eclodisse, o Ultimato
Grécia e Dobruja do Sul para a Romênia durante a Segun- de julho foi mandado à Sérvia, e que continha várias re-
da Guerra Balcânica, desestabilizando ainda mais a região. quisições, entre elas a que agentes austríacos fariam par-
te das investigações, e que a Sérvia seria a culpada pelo
Crise de Julho atentado. O governo sérvio aceitou todos os termos do
ultimato, com exceção da participação de agentes aus-
Em 28 de junho de 1914, Gavrilo Princip, um estu- tríacos, o que na opinião sérvia constituía uma violação
dante sérvio-bósnio e membro da Jovem Bósnia, assas- de sua soberania.
sinou o herdeiro do trono austro-húngaro, o arquiduque Por causa desse termo, rejeitado em resposta sérvia
Francisco Fernando da Áustria, em Sarajevo, na Bósnia. em 26 de julho, o Império Austro-Húngaro cortou todas
Isto iniciou um mês de manobras diplomáticas entre Áus- as relações diplomáticas com o país e declarou guerra ao
tria-Hungria, Alemanha, Rússia, França e Reino Unido, no mesmo em 28 de Julho, começando o bombardeio a Bel-
que ficou conhecido como a Crise de Julho. Querendo grado (capital sérvia) em 29 de Julho. No dia seguinte, o
finalmente acabar com a interferência sérvia na Bósnia Império Russo, que sempre tinha sido aliado da Sérvia,
— a Mão Negra tinha fornecido bombas e pistolas, trei- deu a ordem de locomoção a suas tropas.
namento e ajuda a Princip e seu grupo para atravessar a O Império Alemão, que tinha garantido apoio ao Im-
fronteira e os austríacos estavam corretos para acreditar pério Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra
que os oficiais e funcionários sérvios estavam envolvidos mandaram um ultimato ao governo do Império Russo
— a Áustria-Hungria entregou o Ultimato de Julho para para parar a mobilização de tropas dentro de 12 horas,
a Sérvia, uma série de dez reivindicações criadas, inten- no dia 31. No primeiro dia de agosto o ultimato tinha
2
HISTÓRIA GERAL
expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha então guerra. As expectativas austro-húngaras de uma vitória
declarou-lhe guerra. Em 2 de agosto a Alemanha ocupou fácil e rápida não foram realizadas e como resultado o Im-
Luxemburgo, como o passo inicial da invasão à Bélgica e pério Austro-Húngaro foi obrigado a manter uma grande
do Plano Schlieffen (estratégia de defesa alemã que previa força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas que
a invasão da França, Inglaterra e Rússia). A Alemanha tinha batalhavam contra a Rússia na Frente Oriental.
enviado outro ultimato, desta vez à Bélgica, requisitando
a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como Exército alemão na Bélgica e França
tal pedido foi recusado, foi declarada guerra a Bélgica.
Em 3 de agosto, a Alemanha declarou guerra à França, Após invadir o território belga, o exército alemão
e no dia seguinte invadiu a Bélgica. Tal ato, violando a so- logo encontrou resistência na fortificada cidade de Liège.
berania belga - que Grã-Bretanha, França e a própria Ale- Apesar do exército ter continuado a rápida marcha rumo
manha estavam comprometidos a garantir fez com que o à França, a invasão germânica tinha provocado a decisão
Império Britânico saísse da sua posição neutra e declarasse britânica de intervir em ajuda a Tríplice Entente. Como
guerra à Alemanha em 4 de Agosto. signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico es-
tava comprometido a preservar a soberania belga. Para
O início dos confrontos a Grã-Bretanha os portos de Antuérpia e Ostende eram
importantes demais para cair nas mãos de uma potência
Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorre- continental hostil ao país. Para tanto, enviou um exército
ram no continente africano e no oceano Pacífico, nas co- para a Bélgica, atrasando o avanço alemão.
lônias e territórios das nações europeias. Em Agosto de Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória
1914, um combinado da França e do Império Britânico in- na Batalha das Fronteiras (14 de agosto a 24 de agosto
vadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo. Pouco de 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o
depois, em 10 de Agosto, as forças alemãs baseadas na que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que es-
Namíbia atacaram a África do Sul, que pertencia ao Im- tavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha
pério Britânico. Em 30 de Agosto a Nova Zelândia inva- derrotou a Rússia em uma série de confrontos chamados
diu a Samoa, da Alemanha; em 11 de Setembro a Força da Segunda Batalha de Tannenberg (17 de agosto a 2
Naval e Expedicionária Australiana desembarcou na ilha
de setembro de 1914). O deslocamento imprevisto para
de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Bretanha),
combater os russos, porém, acabou permitindo uma
que fazia parte da chamada Nova Guiné Alemã. O Japão
contraofensiva em conjunto das forças francesas e ingle-
invadiu as colônias micronésias e o porto alemão de abas-
sas, que conseguiram parar os alemães em seu caminho
tecimento de carvão de Qingdao na península chinesa de
para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de
Shandong. Com isso, em poucos meses, a Tríplice Entente
1914), forçando o exército alemão a lutar em duas fren-
tinha dominado todos os territórios alemães no Pacífico.
tes. O mesmo se postou numa posição defensiva den-
Batalhas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África.
tro da França e conseguiu incapacitar permanentemente
Na Europa, o Império Alemão e o Império Austro-Hún-
230.000 franceses e britânicos.
garo sofriam de uma mútua falta de comunicação e desco-
nhecimento dos planos de cada exército. A Alemanha tinha
garantido o apoio à invasão austro-húngara à Sérvia, mas A guerra das trincheiras
a interpretação prática para cada um dos lados tinha sido
diferente. Os líderes austro-húngaros acreditavam que a Os avanços na tecnologia militar significaram na prá-
Alemanha daria cobertura ao flanco setentrional contra a tica um poder de fogo defensivo mais poderoso que as
Rússia. A Alemanha, porém, tinha planejado que o Impé- capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente
rio Austro-Húngaro focasse a maioria de suas tropas na mortífera. O arame farpado era um constante obstáculo
luta contra a Rússia enquanto combatia a França na Frente para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal
Ocidental. Tal confusão forçou o exército Austro-Húngaro que no século XIX, armada com poderosas metralhado-
a dividir suas tropas. Mais da metade das tropas foi com- ras. Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e
bater os russos na fronteira, enquanto um pequeno grupo logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia.
foi deslocado para invadir e conquistar a Sérvia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal arti-
fício, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais
A batalha da Sérvia miserável tornando-se um dos mais temidos e lembrados
horrores de guerra.
O exército sérvio submeteu-se a uma estratégia de- Numa nota curiosa, temos que no início da guerra,
fensiva para conter os invasores austro-húngaros, o que chegando a primeira época natalícia, se encontram relatos
culminou na Batalha de Cer. Os sérvios ocuparam posições de os soldados de ambos os lados cessarem as hostilida-
defensivas no lado sul do rio Drina. Nas duas primeiras des e mesmo saírem das trincheiras e cumprimentarem-se
semanas os ataques austro-húngaros foram repelidos cau- (trégua de Natal). Isto ocorreu sem o consentimento do
sando grandes perdas ao exército das Potências Centrais. comando, no entanto, foi um evento único. Não se repetiu
Essa foi a primeira grande vitória da Tríplice Entente na posteriormente por diversas razões: o número demasiado
3
HISTÓRIA GERAL
elevado de baixas aumentou os sentimentos de ódio dos anarquistas e intelectuais como Monteiro Lobato critica-
soldados e o comando, dados os acontecimentos do pri- vam essa postura e a possibilidade de grande convocação
meiro ano, tentou usar esta altura para fazer propaganda, militar, pois segundo estes, entre outros efeitos negativos
o que levou os soldados a desconfiar ainda mais uns dos isto desviava a atenção do país em relação a seus proble-
outros. mas internos.
A alimentação era sobretudo à base de carne, vege- Assim, devido a várias razões, de conflitos internos à
tais enlatados e biscoitos, sendo os alimentos frescos uma falta de uma estrutura militar adequada, a participação mi-
raridade. litar do Brasil no conflito foi muito pequena; resumindo-se
no envio ao front ocidental em 1918 de um grupo de avia-
Fim da Guerra dores (do Exército e da Marinha) que foram integrados à
Força Aérea Real Britânica, e de um corpo médico-militar
A partir de 1917, a situação começou a alterar-se, composto por oficiais e sargentos do exército, que foram
quer com a entrada em cena de novos meios, como o car- integrados ao exército francês, tendo seus membros tan-
ro de combate e a aviação militar, quer com a chegada ao to prestado serviços na retaguarda, como participado de
teatro de operações europeu das forças norte-americanas combates no front. À Marinha coube a maior participação
ou a substituição de comandantes por outros com nova militar brasileira no conflito, com o envio de uma esquadra
visão da guerra e das tácticas e estratégias mais adequa- naval com a incumbência de patrulhar a costa noroeste da
das; lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, África a partir de Dakar, e o Mediterrâneo desde o estreito
que causam profundas alterações no desenho da frente, de Gibraltar, evitando a ação de submarinos inimigos.
acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e le-
vando por fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha
adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala
2. O NAZI-FASCISMO E A SEGUNDA
no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por
Lênin, prontamente assina a paz sem condições, (Tratado
GUERRA MUNDIAL.
de Brest-Litovski) assim anulando a frente leste, mas essa
circunstância não será suficiente para evitar a derrota. O
armistício que pôs fim à guerra foi assinado a 11 de no- Nazifascismo - é um termo de conjunção entre o fas-
vembro de 1918. cismo italiano, doutrina totalitária desenvolvida por Benito
Mussolini a partir de 1919 e o nazismo alemão, em muitos
Brasil aspectos emulando a primeira, que, embora tendo nascido
em 1920, é amplamente utilizado na Alemanha Nazi ape-
O nono presidente do Brasil, Venceslau Brás, declara nas uma década mais tarde sob regime de Adolf Hitler e
guerra aos Poderes Centrais. Ao seu lado, o ministro in- do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores.
terino das Relações Exteriores Nilo Peçanha (em pé) e o
presidente de Minas Gerais, Delfim Moreira (sentado). No
Fascismo e Nazismo
Brasil, o confronto foi conhecido popularmente, até a Se-
gunda Guerra Mundial, como a “Guerra de 14”, em alusão
Os termos fascismo e nazismo são usados como sinô-
a 1914. No dia 5 de abril de 1917, o vapor brasileiro “Pa-
nimos. O nazismo é geralmente considerado como uma
raná”, que navegava de acordo com as exigências feitas
forma de fascismo, mas o nazismo, em contraste viu o ob-
a países neutros, foi torpedeado, supostamente por um
jetivo do estado no serviço de um ideal daquilo que o es-
submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompeu re-
tado supostamente deveria ser: as suas pessoas, raças, e a
lações diplomáticas com os países do bloco liderado pela
engenharia social destes aspectos da cultura com o fim úl-
Alemanha. Em 20 de maio, o navio “Tijuca” foi torpedeado
perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo timo de uma maior prosperidade possível para eles às cus-
Brasileiro confiscou 42 navios alemães, austro-húngaros e tas de todos os outros. O fascismo de Mussolini continuou
turco-otomanos que estavam em portos brasileiros, como fiel à ideologia de que todos estes fatores existiam para
uma indenização de guerra. servir o estado e que não era necessariamente no inte-
No dia 23 de outubro de 1917, o cargueiro nacional resse do Estado servir ou manipular algumas daquelas ca-
“Macau”, um dos navios arrestados, foi torpedeado por racterísticas. O único objetivo do governo sob o fascismo
um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu era autovalorizar como a maior prioridade da sua cultura,
comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular simplesmente sendo o Estado em si, quanto maior a sua
contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917, o país dimensão, melhor, pelo que se pode dizer que se tratou
declarou guerra aos Poderes Centrais. de uma Estadolatria (idolatria do estado) governamental.
A partir deste momento, por um lado, sob a liderança A característica importante do fascismo é o Nacionalismo.
de políticos como Ruy Barbosa, recrudesceram agitações Enquanto o Nazismo era uma ideologia metapolítica,
de caráter nacionalista, com comícios exigindo a “impe- vendo a si mesmo apenas como uma utilidade pela qual
riosa necessidade de se apoiar os Aliados com ações” uma condição alegórica do seu povo era o seu objetivo,
para por fim ao conflito. Por outro lado, sindicalistas, o fascismo era uma forma sinceramente antissocialista de
Estadismo que existiu por virtude de e com fins em si mes-
4
HISTÓRIA GERAL
mo. O movimento Nazista falou da sociedade baseada em à uma hierarquia, teve como consequência a determina-
classes como o seu inimigo e pretendia unificar o elemen- ção deles de submeterem a sociedade civil por inteiro às
to racial acima de classes estabelecidas, enquanto que o regras militares. O que conduziu a que levassem a quarte-
movimento fascista tentou preservar o sistema de classes lização da sociedade por inteiro. Entendiam que travavam
e sustentou-o como a fundação de cultura estabelecida e agora, finda a guerra, uma batalha para salvar a pátria, a
progressiva. sua pátria, ameaçada pela subversão comunista (inspira-
Este teorema subjacente fez os fascistas e nazistas de da na revolução bolchevique que ocorria, desde 1917, na
então verem-se como parcialmente exclusivos entre si. Rússia), e pela debilidade da democracia liberal, incapaz
Hoje, no entanto, esta diferença não é patente na termi- de concentrar a energia necessária para retirar a nação
nologia, mesmo quando usada num contexto histórico. da profunda crise econômica e moral com que saíra da
guerra.
Características:
Difusão pelo Mundo
- Totalitarismo: subordinação dos interesses indivi-
duais aos do Estado. As ruas de Roma, de Munique, de Berlim, de Madri, e
- Nacionalismo: tudo pela nação, cuja grandeza deve até do Rio de Janeiro, enchiam-se de desfiles cívicos de
ser buscada pela totalidade da sociedade. militantes que marchavam embandeirados, aos sons mar-
- Militarismo: a guerra permite um aprimoramento in- ciais, enaltecendo o nacionalismo e os valores pátrios que,
dividual e nacional. segundo os fascistas, foram esquecidos ou abertamente
- Expansionismo: expansão territorial é uma necessi- traídos no período do pós-guerra. Cada organização fas-
dade à sobrevivência da nação; no caso nazista, defendia- cista tinha o seu símbolo, sua cor e seu líder absoluto: um
se a ideia do “espaço vital”. chefe, um Duce, um Führer, um caudilho, um chefe, que
- Corporativismo: o Estado totalitário aparece como comandava seus homens como um general em tempo de
árbitro de todos os conflitos no interior da sociedade. guerra, e a quem seus seguidores devotavam verdadei-
- Anticomunismo: defesa do combate ao comunismo ra idolatria, considerando-o uma espécie de salva-pátria.
tanto dentro do país (perseguições) quanto no âmbito in- Obviamente que os fascistas detestavam a democracia.
ternacional (aniquilação da União Soviética).
- Racismo: crença na superioridade racial dos brancos Objetivos Políticos e Raciais
sobre os não-brancos (arianismo); este aspecto foi parti-
cularmente importante no caso nazista. Tinham os nazifascistas como objetivo maior, deter a
subversão social representada pelo comunismo. O nazi-
A Militarização da Política fascismo transformou o bolchevismo no seu inimigo de
morte e os comunistas não-soviéticos eram vistos como
No início os seus militantes e principais quadros par- meros agentes a serviço do domínio mundial daquela po-
tidários foram largamente preenchidos por ex-comba- tência. Pode-se dizer que o fascismo assumiu uma cono-
tentes, por veteranos da Primeira Guerra Mundial, que se tação mais radical exatamente nos países ou nas socieda-
sentiram frustrados, excluídos, quando não traídos pelos des que se sentiam mais vulneráveis a uma revolução co-
governos do após-guerra. Dai entender-se que tanto os munista. Naquelas em que a hierarquia social, os valores
chefes do movimento nazifascista (como Hitler e Musso- tradicionais e o ordenamento das classes, estavam mais
lini) como seus seguidores mais próximos serem oriun- sujeitos a serem derrubados. E, onde, no passado recente,
dos das trincheiras, e que, mesmo na paz, continuavam a frustração ou a humilhação nacional sofrida na guerra
usando uniforme e celebrando a vida de soldados. Com- ainda não fora esquecida.
portavam-se eles como se ainda estivesse entre seus ca- O nazismo, a vertente alemã do fascismo, elegeu
maradas no fronte de guerra. O fascismo foi, portanto, ainda, como seu pior adversário, além dos já citados co-
uma militarização da política, a transposição para a vida munistas, os judeus. Seguidores da tradição antissemita
civil dos hábitos e costumes adquiridos por uma gera- europeia, atribuíam a eles todas as desgraças e vexações
ção inteira de europeus que passaram quatro anos da sua porque a Alemanha passara (a direita alemã debitou à
existência condicionados pela brutal experiência de uma derrota de 1918 aos comunistas e aos judeus que teriam
guerra terrível. dado “uma punhalada nas costas” do país). O violento
Essa experiência militar deles fez com que os partidos antissemitismo dele e sua política de defesa da euge-
fascistas não somente usassem uniforme e obedecessem nia - a obsessão pela pureza racial do homem ariano -,
ao seu chefe do mesmo modo que os soldados seguem fez com que os nazistas terminassem por ordenar, entre
o seu general, como entendessem a política como um 1939-45, o maior massacre de seres humanos até hoje
campo de batalha, na qual seus adversários não era vis- registrado na história: o holocausto de todos os judeus
tos como rivais num quadro eleitoral, mas sim inimigos europeus e o extermínio de todos aqueles que , se-
a serem encarcerados ou eliminados no futuro. A milita- gundo eles, “levavam uma vida indigna de ser vivida”
rização da vida política, com o partido organizado como (os loucos, menores excepcionais, portadores de males
fosse um regimento do exército, disciplinado e obediente genéticos, idosos senis, etc.).
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HISTÓRIA GERAL
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HISTÓRIA GERAL
1º/09/1939, embora a Inglaterra procurasse estabelecer Em 1943, na batalha de Stalingrado, o exército alemão,
um pacto entre Berlim e Varsóvia, tropas alemãs penetra- após perder 350 mil homens, foi derrotado. O Exercito Ver-
vam na Polônia. A Inglaterra e a França em questão de ho- melho, liderado pelo marechal Zukov, começava seu avan-
ras exigiram a retirada da Alemanha e declararam guerra. ço. Na batalha do atlântico, a marinha anglo-americana
abateu os submarinos alemães e, em seguida, as cidades
A Guerra alemãs sofreram, diariamente, ataques aéreos das forças
anglo-americanas.
Enquanto a Polônia era invadida pelos alemães, a oes- Mesmo diante dessas derrotas, a Alemanha se mos-
te, e pelos soviéticos, a leste, a França e a Inglaterra decla- trava forte. Porém, no dia 6 de junho de 1944, começava a
raram guerra à Alemanha. Na Polônia, os alemães aplica- Operação Overlord, que consistia no desembarque de mi-
lhares de soldados no norte da França, na região da Nor-
ram uma nova tática de guerra em que o movimento era
mandia, cujo objetivo era acabar com a dominação alemã
um dos elementos fundamentais. Tratava-se da blitzkrieg,
na Europa Ocidental. A Alemanha resistia através da propa-
a guerra-relâmpago, embasada na aviação, na artilharia ganda nazista e das bombas voadoras, enquanto os aliados
de grande alcance e nos tanques (panzers). Essa tática de invadiam seu território. No dia 8 de maio de 1945, a rendi-
guerra permitiu a vitória alemã em poucas semanas. A Po- ção alemã colocava fim ao Terceiro Reich. Por outro lado,
lônia, no final de setembro, estava divida entre a Alema- na Ásia, a guerra continuava com a resistência japonesa.
nha e a URSS. No entanto, a 6 de agosto de 1945, os norte-americanos
No Ocidente, a França e Inglaterra não acreditavam realizaram o bombardeio atômico em Hiroshima e a nove
na guerra e insistiam em realizar a paz com a Alemanha. de agosto em Nagasaki. Em 16 de agosto, após vencer a
Entretanto, em abril de 1940, os alemães invadiram a Di- resistência de militares que desejavam continuar a guerra,
namarca e a Noruega e, em seguida, a Holanda e a Bél- o governo japonês pediu a paz, encerrando dessa forma
gica, preparando o ataque sobre a França. No território Segunda Guerra Mundial.
francês tentou-se impedir o avanço alemão através da
Linha Maginot, formada por franceses e ingleses. A fra-
gilidade dessa defesa obrigou o exército franco-inglês a 3. A GUERRA FRIA.
constantes retiradas. As forças alemãs, com seus subma-
rinos, atacavam os navios ingleses, e com os aviões, as
cidades inglesas. Mas, em setembro a Inglaterra obteve
A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra
uma vitória sobre a Alemanha. A Real Força Aérea “RAF”
Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão
afastou a Força Aérea Alemã (Lufwaffe) dos céus ingleses.
disputar a hegemonia política, econômica e militar no
Por outro lado, no norte da África, o exército alemão mundo. A União Soviética possuía um sistema socialista,
(Afrikakorps), comandado pelo general Erwin Rommel (a baseado na economia planificada, partido único (Partido
“Raposa do Deserto”), atacou os ingleses, somando nu- Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os
merosas vitórias, porém não conseguiu a conquista do Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a ex-
canal de Suez. Em junho de 1941, o exército alemão ata- pansão do sistema capitalista, baseado na economia de
cou a União Soviética, desrespeitando o tratado de não mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na
-agressão. A operação Barba Ruiva determinou a invasão segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas
àquele país em três frentes: potências tentaram implantar em outros países os seus sis-
- norte, para ocupar Leningrado; temas políticos e econômicos.
- centro, para ocupar Moscou; A definição para a expressão guerra fria é de um confli-
- sul, para ocupar a região da Ucrânia e do Cáucaso. to que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocor-
rendo um embate militar declarado e direto entre Estados
A resistência soviética se fez através da campanha da Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países es-
“terra arrasada”, isto é, em seu recuo os soviéticos quei- tavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um
mavam e demoliam tudo aquilo que os invasores pu- conflito armado direto significaria o fim dos dois países
dessem utilizar e, com isso, conseguiram deter o avanço e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém ambos
acabaram alimentando conflitos em outros países como,
alemão. Em dezembro, chegava ao fim a tentativa de ne-
por exemplo, na Coreia e no Vietnã.
gociação entre EUA e Japão a respeito da expansão deste
país da Ásia, com o ataque japonês base de Pearl Harbor. Paz Armada
A entrada dos EUA na guerra reforçou os aliados, visto
que sua indústria foi convertida para a produção bélica. Na verdade, uma expressão explica muito bem este
Os norte-americanos tornaram-se os abastecedores das período: a existência da Paz Armada. As duas potências en-
diversas nações que lutavam contra o Eicho (Alemanha, volveram-se numa corrida armamentista, espalhando exér-
Itália e Japão). citos e armamentos em seus territórios e nos países alia-
Em 1942 os japoneses sofreram suas primeiras derro- dos. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas
tas. O Afrikakorps também foi derrotado pelo exército in- potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do
glês do marechal Montgomery, na batalha de El Alamenin. ataque inimigo.
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HISTÓRIA GERAL
Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos países
objetivo era defender os interesses militares dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro
membros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico forças que venceram a guerra: URSS, EUA, França e Ingla-
Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados terra. No final da década de 1940 é levantado Muro de Ber-
Unidos e tinha suas bases nos países membros, principal- lim, para dividir a cidade em duas partes: uma capitalista e
mente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era co- outra socialista. É a vergonhosa “cortina de ferro”.
mandado pela União Soviética e defendia militarmente os
países socialistas. Plano Marshall e COMECON
Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Ca-
nadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, As duas potências desenvolveram planos para desen-
Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia. volver economicamente os países membros. No final da
Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano
Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Orien- Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente
tal, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia. através de empréstimos, para reconstruir os países capi-
talistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o CO-
Corrida Espacial MECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de
garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.
EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no
que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para Envolvimentos Indiretos
tentar atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocor-
ria, pois havia uma certa disputa entre as potências, com Guerra da Coreia: Entre os anos de 1951 e 1953 a
o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema Coreia foi palco de um conflito armado de grandes pro-
mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete porções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a
Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o Coreia sofre pressões para adotar o sistema socialista em
espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde todo seu território. A região sul da Coreia resiste e, com o
acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses.
com a missão espacial norte-americana. A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão
da Coreia no paralelo 38. A Coreia do Norte ficou sob in-
Caça às Bruxas fluência soviética e com um sistema socialista, enquanto a
Coreia do Sul manteve o sistema capitalista.
Os EUA liderou uma forte política de combate ao co-
munismo em seu território e no mundo. Usando o cinema, Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e
a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as his- 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS.
tórias em quadrinhos, divulgou uma campanha valorizan- Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato
do o “american way of life”. Vários cidadãos americanos tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os solda-
foram presos ou marginalizados por defenderem ideias dos vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas florestas
próximas ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e mili-
senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas tares morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados
pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos paí- e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma
ses aliados dos EUA, como uma forma de identificar o so- vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista.
cialismo com tudo que havia de ruim no planeta.
Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista Fim da Guerra Fria
e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam
todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas A falta de democracia, o atraso econômico e a crise
pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era pra- nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise
ticamente impossível. Um sistema de investigação e es- do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o
pionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No
a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da começo da década de 1990, o então presidente da União
CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialis-
soviéticos. mo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas,
acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi
“Cortina de Ferro” se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates
políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso,
Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.
duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A Re-
pública Democrática da Alemanha, com capital em Berlim,
ficou sendo zona de influência soviética e, portanto, so-
cialista. A República Federal da Alemanha, com capital em
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HISTÓRIA GERAL
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HISTÓRIA GERAL
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HISTÓRIA GERAL
A nova ordem é multipolar. Nela, o mundo está dividi- A Rússia, detentora da maior parcela do arsenal da
do em áreas de influência econômica. As alianças militares ex-URSS, vive uma crise sem precedentes. A incerteza na
perderam o sentido, pelo menos no que se refere à opo- sucessão do presidente Boris Yeltsin torna os investidores
sição ao bloco político-ideológico antagônico. Hoje, tem externos temerosos. A política econômica do Estado russo
lugar a expansão das alianças econômicas: União Europeia, não dá conta das garantias exigidas pelo mercado inter-
Nafta, ALCA, Mercosul, APEC. No contexto da economia nacional para a completa inserção do país. O rublo des-
globalizada, os blocos econômicos são um grande impulso valoriza-se a cada dia. O Estado já pediu uma moratória.
para a otimização do crescimento econômico integrado. Além disso, movimentos nacionalistas eclodem em cons-
Os Estados-Nação perderam espaço para a ação das trans- tante tensão – caso da Chechênia e, mais recentemente,
nacionais. Extinguiu-se o embate direita-esquerda, caracte- do Daguestão.
rístico do confronto leste-oeste que permeou a Guerra Fria. No resto do países que outrora se admitiam socialistas,
Se é possível identificar o início dessas transformações, a situação não é muito diferente. Na Europa, alguns como a
sem dúvida ele tem lugar em meados da década de 80, Hungria, a Polônia e a República Checa vislumbram a possi-
quando Mikhail Gorbachev assumiu o poder na URSS. Com bilidade de ingressar na UE – União Europeia; outros como
o planejamento estatal em crise desde o fim dos anos 70, as ex-repúblicas soviéticas Casaquistão, Uzbequistão e
com a Guerra Fria absorvendo quase 1/3 de seu orçamen- Quirguízia veem seus governos ameaçados pela expansão
to, diante da não-adesão da população aos planos quin- do islamismo. A Coreia do Norte e Cuba amargam embar-
quenais, e com o comprometimento da máquina estatal gos econômicos que impedem tentativas mais concretas
com a cultura que se criou ao redor da corrupção, Gorba- de ingressar no mundo sem fronteiras. Enfim, implodiu-se
chev entendeu serem necessárias mudanças no país. Essas o mundo socialista, ou mais propriamente o socialismo
mudanças abrangeriam as esferas política e econômica. Era real, deixando órfãos e sem orientação os partidos de es-
também necessário acabar com a Guerra Fria e abrir a eco- querda; alguns até sucumbiram à proposta neoliberal.
nomia do país aos investimentos externos, com os quais se
poderia reorientar a tecnologia, sofisticada no setor militar, O Neoliberalismo do Primeiro Mundo
para o incipiente setor civil. A URSS tinha a capacidade de
lançar mísseis intercontinentais e de manter uma estação Na Europa Ocidental, o fim do socialismo significou a
espacial em órbita, mas era absolutamente incapaz de pro- aparente vitória do neoliberalismo. No início dos anos 90
duzir automóveis ou eletrodomésticos de qualidade. a política da Europa do Oeste inclinou-se para propostas
Diante dessas necessidades, Gorbachev deu início a com menor participação do Estado, atribuindo ao merca-
um amplo processo de abertura política – glasnost – e de do a solução de muitos problemas. Afortunadamente, a
reestruturação da economia – perestroika. população desses países entendeu muito rápido que essa
A abertura política, que possibilitaria à população ma- política neoliberal traria o retrocesso, e as grandes perdas
nifestar-se a respeito de suas necessidades, tornando-a seriam sentidas na área social. Na segunda metade da dé-
coautora da ação do Estado que efetivamente a represen- cada de 90, a tendência neoliberal foi desbancada politi-
taria, possibilitou, no entanto, a eclosão de sentimentos camente na Alemanha, na França, na Itália e na Inglaterra.
nacionalistas, sufocados duramente durante a Guerra Fria. A globalização que derruba fronteiras poderia deses-
A reestruturação da economia, que redirecionaria a ação tabilizar a economia da Europa unida e colocá-la à mercê
do planejamento estatal para o setor civil, fez vir à tona o do capital especulativo internacional, criando espaço para
que de fato era sabido pelo governo e pela sociedade so- a ação maior de capitais americanos.
viética: que o planejamento estatal fora um fracasso, se não A nova ordem internacional acabou com um sem-nú-
em sua totalidade, pelo menos devido à consolidação da mero de conflitos diretamente ligados à ação das super-
burocracia e da maquiagem dos resultados que o Estado potências; mas fez surgir outros, na sua maioria de origem
procurou contabilizar politicamente. étnica, religiosa e nacional, que durante a Guerra Fria fo-
O caos econômico, associado à instabilidade política, ram mantidos em estado latente, pois poderiam ameaçar a
efeitos colaterais do processo de modernização do país, hegemonia das superpotências sobre determinados países
levaram a URSS ao fim em 1991. E diante da necessidade ou regiões.
de manutenção da integração econômica das ex-repúbli- Entre os países capitalistas, a despeito de ter-se pro-
cas soviéticas, visto que ainda não gozavam de autonomia nunciado ainda mais a diferença entre ricos e pobres, agora
nesse setor para se inserirem no mercado internacional, Norte-Sul, vale a abertura dos mercados, o fim de restrições
criou-se a CEI – Comunidade dos Estados Independentes, comerciais e a implantação de um comércio mais amplo,
que tinha também como atributo o monitoramento do ar- sob a égide da OMC – Organização Mundial do Comércio,
senal da ex-URSS. que substituiu o GATT – General Agreement of Taxes and
Trading (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).
Os Países Pós-Socialistas A palavra de ordem é a inserção no mercado mundial.
Os capitais estão cada vez mais livres e, perante uma varia-
Efetivamente a CEI nasceu morta. Do ponto de vista da gama de possibilidades de investimentos, deslocam-se
econômico, as ex-repúblicas soviéticas tomaram rumos facilmente de um país para outro, de uma economia menos
não necessariamente concordantes. O fato é que pouco atraente para outra mais atraente, até que uma outra surja,
resta hoje do que já foi a segunda maior economia do num fluxo contínuo de investimentos que se movimentam
mundo. As crises se sucedem. ao sabor dos ventos da economia.
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HISTÓRIA GERAL
O Neoliberalismo nos Países Emergentes nômicas como muito mais prolongadas, ao contrário do
que se podia sentir nas crises anteriores à transição para o
No entanto, os efeitos alucinantes do mercado livre, capitalismo monopolista, as quais teriam se caracterizado
das múltiplas possibilidades de investimento e de integra- por serem explosivas e menos duradouras, causadas, prin-
ção econômica acarretaram a atual crise mundial. cipalmente, por más colheitas e ausência de produtos no
Os países emergentes, como os Tigres Asiáticos, a mercado, provocando fome, miséria e revoltas sociais de
Rússia, e o Brasil, sucumbiram à mobilidade do capital in- vulto, a canalizar o descontentamento imediato das mas-
ternacional. Dependentes de investimentos externos, es- sas.
ses países foram obrigados a abrir suas economias e seu De fato, somente com a passagem para o capitalismo
mercado consumidor. No entanto, a concorrência dos pro- monopolista, a Europa continental passaria a sentir a ple-
dutos importados frente aos nacionais abalou o parque na expansão das relações capitalistas no campo, transfor-
industrial dos países do sul, exceção feita aos Tigres Asiáti- mando a antiga estrutura baseada no atendimento às ne-
cos. Seus governos, por sua vez, não responderam ao cha- cessidades de consumo dos produtores em uma economia
mado neoliberal de atribuir cada vez mais ao mercado o voltada, essencialmente, à produção de mercadorias. Nes-
equacionamento das questões sociais. Endividadas e com te momento, o caráter das crises também se transforma.
máquinas administrativas inoperantes do ponto de vista Hilferding, cujos estudos ajudaram Lênin a desenvolver
político e monetário, essas economias quebraram. suas análises sobre o imperialismo, dizia que, na produ-
O smart money – o “dinheiro esperto”, ou seja, o ca- ção mercantil pré-capitalista, as perturbações na econo-
pital especulativo internacional – não vê nesses países mia eram decorrentes de catástrofes naturais ou históricas,
amplas possibilidades de se reproduzir. Para evitar a fuga como queda da colheita, secas, epidemias, guerras. Isto
desses capitais, essenciais para a manutenção de seu tênue porque tal produção era dirigida a atender às necessida-
desenvolvimento, os países do sul queimam suas reservas des próprias dos produtores, ligando produção e consumo
cambiais, elevam as taxas de juros, agravam seus proble- como meio e fim, ao passo que somente o capitalismo ple-
mas sociais internos, ampliam as desigualdades, mas man- namente consolidado passa a generalizar a produção de
têm os investimentos externos, que não tardarão a exigir mercadorias, fazendo com que todos os produtos tomem
mais e mais capitais, em mero processo de especulação. a forma de mercadorias e tornando o produtor dependen-
O mundo sem fronteiras amplia as desigualdades. Isso te do mercado, ao fazer da venda da mercadoria condição
está expresso no relatório das Nações Unidas para o De- prévia para a retomada da produção.
senvolvimento Humano. Os países ricos enriquecem ainda A dependência do produtor em relação ao mercado, a
mais, enquanto os países pobres perdem suas reservas e anarquia na produção e a separação do produtor do con-
são obrigados a se sujeitar cada vez mais às determina- sumo (o produto deixa de ser propriedade do produtor
ções do mercado financeiro. e, consequentemente, sua produção não tem mais como
Com a globalização da economia, há a perspectiva de objetivo central o seu consumo) são características da
uma maior integração no sentido de cooperação entre os produção capitalista, ou seja, da produção cujo objetivo
países; mas existem os excluídos – nações que não cons- é a realização e multiplicação do lucro. A possibilidade de
tituem Estados nacionais. A globalização não dá conta do crise no capitalismo nasce da produção desordenada e
nacionalismo, que surge na defesa de interesses de nações do fato pelo qual a extensão do consumo, pressuposição
apartadas do direito a um território, o que faz eclodir inú- necessária da acumulação capitalista, entra em contradi-
meros conflitos políticos, étnicos, religiosos e até mesmo ção com outra condição, a da realização do lucro, já que
tribais. No mundo global não há espaço para aquelas na- a ampliação do consumo de massas exigiria aumento de
ções que, por mais justa que seja sua reivindicação, não salários, o que provocaria redução da taxa de mais valia.
se constituíram como Estado e não são, portanto, econo- Tal contradição insanável faz com que o capital busque
micamente viáveis. A globalização é o que o capitalismo compensá-la através da expansão do campo externo da
quer, independentemente do desenvolvimento, da inte- produção, isto é, da ampliação constante do mercado.
gração real e da mutualidade entre os povos. Quanto mais a força produtiva se desenvolve, tanto mais
entra em antagonismo com a estreita base da qual depen-
As Crises Econômicas Capitalistas dem as relações de consumo. Portanto, a crise periódica é
inerente ao capitalismo, pois somente pode ser resultante
O processo de aprofundamento e alargamento das re- das condições específicas criadas pelo próprio sistema.
lações capitalistas no mundo veio acompanhado de outro, Segundo a teoria exposta originalmente por Marx no
igualmente drástico, para as populações: o das sucessivas Livro III de O Capital, quanto mais se desenvolve o capita-
crises de superprodução, que passavam, a contar da dé- lismo, mais decresce a taxa média de lucro do capital. Esta
cada de 1870, a fazer parte da realidade econômica dos ideia fundamenta-se no fato de que o processo de acu-
países capitalistas desenvolvidos, cujas consequências mulação capitalista leva, necessariamente, ao aumento da
atuariam no sentido de contribuir, sensivelmente, para a composição orgânica do capital, a qual é apontada como
promoção de alterações profundas na estrutura das so- sendo a relação existente entre o capital constante (o va-
ciedades burguesas. A partir da consolidação do capita- lor da quantidade de trabalho social utilizado na produção
lismo na sua fase imperialista, percebem-se as crises eco- dos meios de produção, matérias-primas e ferramentas de
12
HISTÓRIA GERAL
trabalho, ou seja, o “trabalho morto” representado, basica- Na fase imperialista, o poder industrial separa-se da
mente, pelas máquinas e pelos insumos necessários à pro- fábrica e centraliza-se num truste, num monopólio, num
dução) e o capital variável (valor invertido na reprodução banco, ou na burocracia de Estado, sendo ultrapassada a
da força de trabalho, o “trabalho vivo” dos operários). O fase liberal na qual o proprietário era, ao mesmo tempo,
processo de acumulação resulta na tendência à substitui- empreendedor, gerenciando uma propriedade individual
ção do “trabalho vivo”, a única fonte de valor, por “trabalho ou familiar. A concorrência clássica da época da “mão
morto”, que não incorpora às mercadorias nova quantida- invisível do mercado” foi substituída pela concorrência
de de valor, mas apenas transmite às mesmas a quantidade entre oligopólios, empresas múltiplas comandadas por
de valor já incorporada nos meios de produção. Como a gerências que trocaram a gestão empirista e intuitiva
taxa de lucro depende da taxa de mais valia, cujo valor se do capitalismo liberal pelo planejamento estratégico. Ao
reduz com a redução do “trabalho vivo”, as taxas de lucro, contrário do que parte da esquerda imaginou, a planifi-
a longo prazo, tendem a decrescer. cação gerencial das empresas não significou um passo na
Tal situação é decorrente da própria concorrência ine- direção do socialismo, pois a competição não deixou de
rente ao sistema capitalista, a qual obriga os capitalistas existir, apenas tendo se transferido para novos patama-
a buscar superar seus rivais através do investimento em res, assim como o planejamento oligopolista não alterou
meios de produção tecnologicamente mais avançados, a estrutura da sociedade, mas contribuiu para o processo
para reduzir os custos da produção, além de tentar eco- de renovação e ampliação da hegemonia burguesa.
nomizar ao máximo na parcela relativa ao capital variável,
em função do acirramento dos conflitos provocados pela O Capitalismo Contemporâneo
luta de classes e pelo fortalecimento do movimento ope-
rário. A queda da taxa de lucro, portanto, é resultado, em As tendências verificadas na passagem para o im-
última instância, da tendência à substituição do “trabalho perialismo aprofundaram-se durante a primeira meta-
vivo” por “trabalho morto”, fazendo reduzir a fonte de mais de do século XX, sendo responsáveis pela eclosão de
valia, o que acaba por originar uma super acumulação de duas guerras mundiais, entremeadas pela grande crise
capital e de mercadorias, ao mesmo tempo em que promo- econômica de 1929 e a ascensão do nazifascismo. Uma
ve uma restrição na capacidade de consumo da sociedade,
nova ordem econômica mundial foi erigida, no mundo
por causa do desemprego que desencadeia.
capitalista, após a Segunda Grande Guerra, muito em
Com o desenvolvimento pleno do capitalismo, cresce a
função do surgimento de um poderoso bloco socialis-
interdependência internacional dos processos econômicos
ta capitaneado pela União Soviética. A Conferência de
nacionais, situação que se reflete no caráter das crises, fa-
Bretton Woods, realizada nos EUA em 1944, estabelecia
zendo da crise capitalista um fenômeno mundial. Ao mes-
as bases da economia capitalista contemporânea, com
mo tempo, porém, enquanto as firmas menores sofrem a
a definição das regras do sistema monetário e finan-
falência e a bancarrota em massa, o processo de concen-
ceiro internacional capitalista ao fim do conflito, visan-
tração do capital faz aumentar a capacidade de resistência
do impedir o excesso de moeda circulante e a inflação
da grande empresa. Enquanto a produção artesanal e vol-
tada para consumo próprio é praticamente aniquilada com (conforme a ortodoxia liberal, o excesso de dinheiro
o progresso do capitalismo, a grande empresa, cuja produ- circulando no mercado e altos salários dos trabalha-
ção passa a atingir amplos mercados e se diversifica, pode dores eram apontados como principais causadores da
prosseguir durante a crise, mesmo tendo sido forçada a inflação e das crises econômicas).
reduzir parte da produção. A resistência às crises é também A conjuntura do pós-guerra apontava para o poderio
aumentada pela forma de organização da sociedade anô- inquestionável dos Estados Unidos, que saíam da guerra
nima, que, decorrente da crescente influência dos bancos como a grande potência econômica, financeira, política e
junto às indústrias, é responsável pela maior facilidade na militar, liderando o bloco capitalista e iniciando a Guerra
captação de capitais e no acúmulo de reservas na época de Fria contra a União Soviética e o bloco socialista. Duas
“prosperidade”, além de proporcionar um controle maior nações poderosas, Alemanha e Japão, estavam derrota-
na gerência do capital. das; França e Inglaterra debilitadas pela guerra. O dólar
Do quadro exposto não convém inferir que as empre- foi definido como moeda padrão internacional (os EUA
sas resultantes de processos de concentração, fusão ou detinham 80% das reservas de ouro do planeta, e o Te-
cartelização sejam capazes de debelar os efeitos da crise, souro norte-americano garantia a conversibilidade do
mas, sim, que possam encará-los de maneira menos trau- metal em troca de dólares). Foi o momento da criação
mática, pois o peso maior da crise será sentido pelas in- do BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e De-
dústrias não cartelizadas. No que tange à luta de classes, a senvolvimento, o Banco Mundial), do FMI (Fundo Mone-
concentração de capital faz crescer o poder do empresaria- tário Internacional), que receberam dos EUA um capital de
do no enfrentamento à organização crescente dos traba- U$ 10 bilhões e do GATT (atual Organização Mundial do
lhadores. A grande indústria também é capaz de oferecer Comércio). Estas instituições foram criadas com o objeti-
maior resistência às greves operárias do que, antes, permi- vo de administrar um sistema no qual o desenvolvimento
tia a estrutura das pequenas e médias empresas, isoladas econômico mundial passava a depender em larga medida
entre si e competindo umas com as outras. da aceitação das condições impostas pelos Estados Unidos.
13
HISTÓRIA GERAL
O Plano Marshall encabeçou a ajuda estadunidense da Bolsa de Nova York, em 1929; a experiência keynesiana
aos países capitalistas destruídos pela guerra. Foram des- anterior nos Estados Unidos, com o New Deal, durante o
tinados U$ 13 bilhões à Europa, com desvalorizações ma- governo Roosevelt; a ascensão ao poder de partidos so-
ciças das outras moedas em relação ao dólar e politizando cial-democratas, trabalhistas ou socialistas; o fortalecimen-
as relações econômicas dos EUA com os demais países, em to dos partidos comunistas após a guerra, graças à parti-
função do endurecimento com o Leste europeu. À medida cipação destacada na resistência ao nazifascismo em seus
que crescia a participação dos EUA na defesa do chamado países e ao prestígio conquistado pela União Soviética em
“mundo livre” (capitalista), os gastos militares desse país função de sua decisiva atuação para a derrota da Alema-
passaram a representar o maior movimento de capitais nha nazista e para a libertação dos territórios sob domínio
para o exterior. alemão; a pressão político-ideológica exercida pelo bloco
A nova conjuntura internacional enterrava definitiva- socialista.
mente a antiga ordem imperial baseada na colonização Os primeiros sintomas de uma nova crise capitalista de
direta. O “novo imperialismo” implicou que cada vez mais grandes proporções, porém, foram sentidos na década de
regiões do globo se tornassem dependentes do merca- 1960, quando o passivo externo, isto é, o dólar circulante
do, fato que permitiria à nova potência imperial capitalista fora dos Estados Unidos, era exatamente igual às reser-
(EUA) penetrar muito além do alcance da conquista militar vas norte-americanas em ouro. Se todo mundo chegasse
e do domínio político direto. O capitalismo, que sempre com dólar e exigisse do governo dos EUA a troca por ouro,
foi capaz de gerar novas e crescentes necessidades de ex- as reservas cairiam a zero. Daí para a frente, o distancia-
pansão permanente, demonstrava também ser capaz de mento entre o passivo externo e o ouro nos EUA só ten-
produzir outra forma de dominação, diferente de qualquer deu a aumentar. A conjuntura internacional era marcada
uma que tenha existido no passado: a dominação não mais pela crescente recuperação das economias europeias e
exclusivamente dependente do controle político e militar do Japão, resultando na maior concorrência das empre-
direto, mas realizada através de imperativos econômicos sas destes países com as norte-americanas, acompanhada
e da subordinação ao mercado, manipulado em benefício de um processo acirrado de lutas de libertação nacionais
do capital imperialista. na África e na Ásia (1958/1963) e da expansão da Guerra
Novos métodos de sujeição foram desenvolvidos, per- Fria. A participação direta dos EUA em conflitos regionais,
mitindo às principais potências capitalistas e aos Estados como as Guerras da Coreia e do Vietnan aprofundaram os
Unidos, em particular, direcionarem os Estados a agirem gastos militares e a corrida armamentista. Daí que a crise
em benefício do grande capital, sem a necessidade de a do petróleo, em 1973, tenha sido apenas a gota d’água
todo momento exercer o domínio militar direto. Ilustração de um processo de crise de superprodução já há tempos
significativa desta mudança foi a emergência da Alemanha anunciado.
e do Japão após a guerra, com a ajuda de seus antigos
adversários, como os maiores competidores econômicos Neoliberalismo e Globalização
dos EUA, numa relação contraditória de concorrência e
cooperação. O boom econômico terminava nos anos 1970, em
Nos anos seguintes à guerra, os Estados Unidos e as grande parte porque a competição entre as grandes po-
principais economias capitalistas viveram um longo boom tências capitalistas produzia uma crise de superprodução
econômico. Em tais condições, havia interesse real no de- e queda de lucros. Começava um novo movimento des-
senvolvimento das economias nacionais, tendo em vista cendente na economia capitalista globalizada. Paralela-
que isso significava a expansão dos mercados consumido- mente, a crise política vivenciada nos anos 1980 pelos paí-
res. Tal situação favoreceu a emergência do Welfare State ses socialistas do Leste Europeu e, com maior dramatici-
(Estado de Bem Estar Social), caracterizado pela aplicação dade, pela União Soviética da era Gorbatchev, possibilitou
de um conjunto de medidas e leis de proteção aos tra- a ofensiva do grande capital na fase neoliberal, marcada
balhadores adotadas pelos Estados europeus a partir de pela ascensão ao poder de grupos de direita, por meio das
1945. Em países como Inglaterra, França, Suécia, Alemanha eleições, em diversos países ocidentais (Margaret That-
e outros, o Estado passou a ser responsável pela previ- cher, 1979, Inglaterra; Ronald Reagan, 1980, EUA; Helmut
dência social, pela assistência médica universal, estabele- Khol, 1982, Alemanha; Schluter, 1983, Dinamarca).
cendo, ainda, seguros sociais que garantiam o amparo à As origens do pensamento neoliberal estão ligadas ao
velhice, à invalidez, à maternidade e aos desempregados. livro O Caminho da Servidão, do economista Friedrich Ha-
Além disso, o Estado passava a controlar os setores estra- yek (1944), através do qual atacava a social-democracia e
tégicos da economia (energia, comunicações, transportes, o keynesianismo, buscando resgatar as bases teóricas do
serviços públicos, etc). liberalismo clássico, às vésperas das eleições na Inglaterra,
A emergência do Welfare State foi consequência de vencidas pelos trabalhistas, logo após a guerra. Em 1947,
uma série de fatores conjugados, para além da conjun- uma reunião de intelectuais contrários à política keynesia-
tura de crescimento econômico após a Segunda Grande na, em Mont Pèlerin, na Suíça, inaugurava a “francomaço-
Guerra: a conquista de direitos sociais e trabalhistas pelo naria neoliberal”. Hayek e seus companheiros argumen-
movimento operário europeu, após mais de um século de tavam que o novo “igualitarismo” do período, promovido
embates; o receio de novas crises econômicas após o crack pelo Estado de Bem Estar Social, destruía a liberdade dos
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HISTÓRIA GERAL
cidadãos e a vitalidade da concorrência, da qual depende- produtiva), a expropriação do contrato de trabalho e dos
ria a prosperidade de todos. Somente cerca de quarenta direitos sociais, como forma de tornar o emprego descar-
anos depois o pensamento neoliberal encontrava campo tável e a mão de obra plenamente disponível para o capital,
fértil para sua difusão, sendo adotado pelos grupos eco- tudo isso contribui para a perda do sentido de classe e da
nômicos que hegemonizaram os Estados nacionais com capacidade de organização e de resistência à exploração
políticas de desmonte dos sistemas de bem estar e de por parte dos trabalhadores.
ataques às conquistas dos trabalhadores, visando inaugu- Uma das principais teses propagadas pelas correntes
rar uma nova fase de acumulação capitalista. neoliberais é a de que a chamada globalização contem-
As raízes da crise dos anos 1970, segundo os neo- porânea, além de caracterizar uma nova época histórica
liberais, estaria no poder excessivo e nefasto dos sindi- marcada pelo triunfo final do capitalismo, o que teria fe-
catos e, de maneira geral, do movimento operário, que chado as portas para outras alternativas políticas e sociais,
havia corroído as bases da acumulação capitalista com promoveria uma crescente unidade e integração do capi-
suas pressões reivindicativas sobre os salários e com sua tal internacional. A transnacionalização do capital signifi-
“pressão parasitária” para que o Estado aumentasse cada caria não a intensificação da concorrência, mas, ao contrá-
vez mais os gastos sociais. Tais processos teriam sido res- rio, o declínio da competição entre os grandes capitalistas
ponsáveis pela redução dos níveis necessários de lucros e a interpenetração dos capitais de origens nacionais, por
das empresas e pelo desencadeamento de movimentos meio de uma crescente colaboração entre as empresas.
inflacionários, provocando a crise econômica. As soluções Haveria, assim, uma relação inversa entre globalização e
propostas para enfrentamento da crise centravam-se na competição. Quanto mais globalmente integrado ficasse
conformação de um Estado forte para romper com o po- o capitalismo, menos concorrência haveria.
der dos sindicatos e para controlar a circulação do dinhei- Na verdade, a globalização moderna significa justa-
ro, ao mesmo tempo em que se apresentava como um mente o contrário. Não podemos esquecer jamais que a
Estado mínimo na intervenção direta na economia e nos competição é e sempre será o coração do sistema capi-
gastos sociais. talista e que será sempre uma lei da concorrência que o
As metas supremas dos governos neoliberais pas- capital busque caminhos para vencer ou evitar a compe-
savam a ser a estabilidade monetária; a contenção dos tição. Sendo assim, uma das consequências da compe-
gastos com o bem estar social; a restauração da taxa “na- tição capitalista é o fato de que os perdedores poderão
tural” de desemprego, ou seja, o aumento do exército de ser absorvidos pelos vencedores. Portanto, a tendência à
reserva de mão de obra, para reduzir salários e quebrar o concentração e à centralização do capital é uma das ex-
poder de pressão dos sindicatos; as reformas fiscais para pressões da concorrência, não sua antítese. A competição
incentivar agentes econômicos; a redução dos impostos envolvendo grandes corporações transnacionais intensi-
cobrados aos mais ricos e às grandes fortunas (setor dinâ- fica-se à medida que novos e cada vez mais agressivos
mico da sociedade capitalista). Uma nova e “saudável de- competidores participam da guerra pelos mercados.
sigualdade” voltaria a dinamizar as economias avançadas.
A revolução das comunicações e a introdução da au-
Dentre as principais políticas adotadas pelos gover-
tomação, que em um primeiro momento reduziu a capa-
nos neoliberais estavam os programas de privatizações
cidade de negociação da classe operária, possibilitaram a
de empresas estatais nos setores estratégicos e de servi-
concentração da produção em unidades produtivas espe-
ços públicos, favorecendo o avanço dos processos de oli-
cializadas e capazes de abastecer o mercado mundial. A
gopolização e monopolização do capital. O desmonte do
criação de mercados comuns e a queda de barreiras ta-
Estado de Bem Estar se deu através do corte nos gastos
rifárias facilitaram o fluxo de mercadorias. Teóricos anun-
sociais e da mercantilização dos direitos sociais duramen-
ciaram a sociedade pós-industrial e a era dos serviços. Na
te conquistados pelas classes populares, os quais foram
esquerda, virou moda dizer que o tempo do trabalho se
convertidos em bens ou serviços adquiríveis no mercado
(saúde, educação, seguridade social transformam-se em foi e seria a vez dos excluídos. O proletariado não dimi-
mercadorias). A ideologia dominante promove a exalta- nuiu, ao contrário, cresceu em termos mundiais.
ção do mercado: competir é a regra; cidadania vira sinô- O capitalismo incorporou regiões e populações intei-
nimo de possibilidade de acesso ao consumo dos bens ras à produção de mercadorias. Desorganiza a economia
no mercado. camponesa da China e da Índia, separando os trabalha-
Desenvolvem-se novas formas de dominação dos dores dos seus meios de produção. Cerca de um bilhão
trabalhadores, associadas à crescente deterioração e e meio de trabalhadores foram incorporados à produção
precarização dos direitos trabalhistas, com a necessá- capitalista de mercadorias. Com novos trabalhadores e
ria depreciação do valor de uso da mais importante das novos consumidores, o capitalismo garantiu mais um ci-
mercadorias no sistema capitalista: a força de trabalho. O clo de expansão. Cento e cinquenta anos de conquistas
aumento do desemprego industrial nos países de capita- sociais dos trabalhadores da Europa e dos EUA, o Estado
lismo desenvolvido, a adoção de novas técnicas de geren- de Bem Estar Social e a concorrência do bloco socialista
ciamento da produção e de controle da força de trabalho, encareceram o preço da força de trabalho. A produção
sob a égide do toyotismo, os processos de terceirização manufatureira, em grande parte, migrou da Europa, dos
e fragmentação das unidades produtivas (a reestruturação EUA e do Japão para outras regiões – norte do México,
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HISTÓRIA GERAL
Malásia e Indonésia, sul da China e Índia. Esse processo manter as condições de acumulação e competitividade
persiste, na busca de menores custos de reprodução da de várias formas, preservando a disciplina do trabalho
força de trabalho. Pela primeira vez, a maioria da popula- e a ordem social em face das crescentes políticas de
ção mundial está submetida ao processo de produção de expropriação (de direitos, contratos, postos de trabalho,
mais valia, vivendo no assalariamento, vendendo sua força conquistas sociais, etc). Toda corporação transnacional se
de trabalho aos detentores de meios de produção. Mais do erige sobre uma base nacional que depende de um Esta-
que nunca, a contradição capital-trabalho é a principal em do local para manter sua viabilidade, assim como necessi-
nosso tempo, não apenas como figura de retórica. ta que outros Estados lhe proporcionem o acesso a novos
O impulso inicial do grande crescimento chinês foi mercados e a novos contingentes de trabalhadores. Pro-
dado pela produção para exportação de manufaturas cessos históricos nacionais de conquista da hegemonia na
de baixa qualidade. Multinacionais de todos os setores sociedade e no Estado por parte das frações burguesas
– eletroeletrônicos, brinquedos, autopeças – se instala- locais associadas aos capitais transnacionais garantiram a
ram na China ou terceirizaram a produção em empresas efetiva expansão da ordem neoliberal em diversos países.
locais. Os custos baixos da força de trabalho e o controle A globalização como uma forma de imperialismo ne-
cambial por parte do governo chinês permitiram a prática cessita da desigualdade entre as economias nacionais e
de preços bem abaixo dos padrões então vigentes. Mas regionais, pois o capital se fortalece na diferenciação da
a China tem diversificado a sua matriz industrial, depen- economia mundial, tendo liberdade para se deslocar com
dendo cada vez menos da exportação de manufaturas de o propósito de explorar regimes de mão de obra mais ba-
baixo valor agregado. Seu vigoroso crescimento indus- rata. Ao mesmo tempo, a relação entre poder econômico
trial e a consequente elevação do nível de vida de parte e poder político, entre capital e Estado, não sendo uma
da sua população têm demandado quantidades cada vez relação mecânica, mas contraditória e complexa, pode ser
maiores de combustíveis, minérios e alimentos no mer- fonte de instabilidades para o domínio do capital globali-
cado mundial. Em contrapartida à deflação das manufa- zado. As realidades locais, onde efetivamente acontecem
turas, assiste-se a uma inflação de produtos primários. os processos de luta de classes, a todo momento sofrem
No mundo neoliberal e imperialista, os países e Es- mudanças em função das contradições históricas e dos
tados nacionais continuaram a desempenhar um papel conflitos sociais, como pode ser verificado na conjuntura
central, a despeito do muito que já se falou sobre a “glo- de amplos movimentos de massas e ascensão de gover-
balização”. Em muitos aspectos, o poder estatal foi re- nos de corte popular nos últimos anos na América Latina,
forçado. É o caso das políticas monetárias que visam à assim como nas explosivas e massivas revoltas recentes
estabilidade dos preços, a despeito do desemprego que na Grécia.
geram. É o caso das políticas econômicas e sociais visan- Diante deste quadro de instabilidade política e social
do reduzir o custo do trabalho. No plano internacional, permanente, o imperialismo, com seu centro hegemô-
os Estados foram os vetores da mundialização da ordem nico nos Estados Unidos, buscou aplicar, sob o governo
neoliberal, pela eliminação das barreiras à circulação de Bush, a doutrina da “guerra permanente”, elegendo o
bens e capitais e da abertura dos países ao capital in- “terrorismo” como inimigo central a ser abatido, com o
ternacional, principalmente, pela venda, a baixos preços, real objetivo de sustentar a hegemonia do capital global
das empresas públicas mais rentáveis. estadunidense numa economia mundial administrada por
Para exercer o seu alcance global, o capitalismo pre- muitos e diferenciados Estados locais. A política belicista
cisa dos Estados nacionais para manter as condições do governo Bush foi adotada em função da necessidade
vitais ao sucesso de suas operações, ou seja, todo um de manutenção da indústria bélica. O Pentágono garante
o funcionamento da indústria no único setor que não é
aparato legal, político, administrativo e coercitivo capaz
exportado nem terceirizado: o complexo industrial militar.
de prover a ordem necessária à manutenção do sistema
É verdade que o complexo não está imune à crise da in-
de propriedade numa situação de cada vez mais violenta
dústria americana, porém, consegue polpudos lucros, com
desigualdade. Além disso, o capital global se beneficia
a invenção de guerras e pagamentos à vista e com altos
do desenvolvimento desigual e da diferenciação existen-
sobrepreços.
te nas diversas economias do mundo, que proporcionam Para a ação global imperialista, o funcionamento deste
fontes baratas de trabalho e de recursos, ao mesmo tem- complexo industrial militar, por meio da demonstração de
po em que controlam a mobilidade da mão de obra. A um poder militar maciço, tem fundamentalmente a preten-
forma política do capitalismo global, portanto, não é um são de exercer um efeito intimidatório em todo o planeta,
Estado global, mas um sistema global de múltiplos Esta- com os EUA assumindo o papel de “polícia do mundo” em
dos locais. favor do capital. Como o poder militar estadunidense não
O capitalismo não criou o Estado nação, mas não é consegue estar em todo lugar o tempo todo, nem impor
casual o fato de este instrumento da dominação burguesa um sistema de Estados plenamente subservientes, a ação
ter praticamente se tornado a forma política universal no imperialista dos EUA se utiliza do efeito demonstração,
período em que os imperativos do mercado capitalista se atacando alvos fragilizados e previamente escolhidos, jus-
difundiram até abranger todo o globo. Acima de tudo, no tamente por não oferecerem ameaça real imediata, como
mercado globalizado, o capital necessita do Estado para ocorre no Iraque e no Afeganistão.
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HISTÓRIA GERAL
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HISTÓRIA GERAL
– estão em queda desde os anos 1960, fica evidente que A crise representa o fim de um período marcado pela
a busca por ganhos financeiros de investidores diversos, presença hegemônica do projeto neoliberal, que pro-
além do movimento especulativo em si, é uma tentativa piciou uma forma de acumulação, pela qual a saída do
das empresas de manter o nível de suas taxas de lucro. Em Estado das esferas da produção – com a privatização de
função da crescente expropriação dos trabalhadores e da empresas públicas – e do planejamento, a desregulamen-
redução de sua capacidade de compra em nível mundial, tação das economias, o fim dos sistemas de proteção à
as empresas produzem mais do que os mercados em re- produção interna, a retirada dos direitos dos trabalhado-
tração podem absorver. Assim, a onda sucessiva de com- res, o desmonte dos sistemas de bem estar públicos e ou-
pra e venda de papéis acaba por criar um castelo de car- tras medidas deram a tônica, objetivando oferecer toda
tas, que facilmente desmorona por não ter vínculos com a liberdade aos capitais e aumentar a taxa de exploração
a economia real, da produção. Ocorre, assim, a super acu- do trabalho. Ganhou enormemente com o neoliberalismo
mulação de capitais e a impossibilidade de valorizá-los na o setor financeiro, gerando uma proporção de 10 dólares
esfera da produção. girando na esfera financeira para cada 1 dólar aplicado na
Ainda é cedo para que os efeitos e a duração da crise produção.
sejam estimados com precisão, pois se, por um lado, o A crise significa também uma derrota política do capi-
montante de capital envolvido é muito alto, é também talismo e a quebra de todos os mitos criados pelo grande
correto afirmar que hoje, ao contrário de 1929, os Esta- capital para endeusar o neoliberalismo, como o mito do
dos estão mais aparelhados para fazer frente a proble- mercado autorregulador das relações econômicas, o mito
mas econômicos. Há instituições mais fortes, articulação da retirada do Estado da economia e das privatizações, o
internacional e uma aliança entre os Estados capitalistas, mito da desregulamentação, além do mito da credibilida-
para os quais a debelação da crise é uma necessidade. As de das agências de risco e do fim da história. No terreno
receitas disponíveis, do ponto de vista do capital, são a re- político, a crise marca o que pode ser o início do fim do
ceita keynesiana – com mais gastos públicos na produção Império estadunidense, uma vez revelada a sua debilidade
e base fiscal – e a receita monetarista, com a liberação de interna, reforça a multipolaridade e abre espaço para a re-
mais dinheiro para produtores privados e consumidores, tomada da ofensiva do campo socialista, mesmo que, com
na forma de crédito, com juros baixos. Outra saída, a saída a crise, os trabalhadores continuem ainda desorganizados
“natural” do sistema, ou seja, simplesmente deixar que as e precarizados. A crise põe em cheque, diretamente, o sis-
empresas quebrem, ou que haja fusões e incorporações tema de organizações multilaterais, como a ONU, e exige
para que empresas mais fortes surjam, para que o capi- uma nova ordem institucional mundial.
talismo se renove e volte mais forte, tem sido descartada Não devemos cultivar a ilusão de que esta crise é ape-
pelos principais líderes do governos dos países centrais, nas mais uma crise do capitalismo e que este modo de
como os presidentes Sarkozy, da França, e Obama, dos produção, ao final do processo, sairá mais forte e seguirá o
EUA. seu rumo num patamar superior, como ocorreu em outros
As primeiras respostas oferecidas pelos governos dos momentos da história. Tampouco devemos cair na arma-
países centrais combinaram elementos de ajuda e de es- dilha de acreditar que esta será a crise final do capitalismo.
tatização de bancos e socorro a empresas de grande por- O desenrolar da crise depende, fundamentalmente, da sua
te, além de baixas nas taxas de juros. A evolução da crise condução política e da correlação de forças nos embates
depende, portanto, da combinação de medidas a serem sociais que virão. As dimensões da crise e as dificuldades
tomadas e o peso dado a cada uma delas. No momento, de sua superação sinalizam para o acirramento da luta de
os sinais claros são de recessão, que poderá prolongar-se, classes e para a retomada do movimento de massas em
tornando-se uma depressão, ou convergir para um perío- caráter mundial, abrindo reais possibilidades de enfren-
do de alguns anos sem crescimento, ou seja, de estagna- tamento no sentido da transformação e da derrocada do
ção, trazendo consigo o desemprego e grandes tensões sistema capitalista.
sociais no centro e na periferia do capitalismo. Neste qua- Assim, cabe às forças revolucionárias lutar para que as
dro, a ofensiva contra os salários, direitos e garantias dos classes trabalhadoras assumam, organizadamente, a con-
trabalhadores e até mesmo a vigência de modelos autori- dução, o protagonismo do processo, garantindo soluções
tários de exercício de poder são uma possibilidade a mais. que, ao mesmo tempo em que combatem os efeitos ime-
A reunião do G-20, realizada em Washington ao fi- diatos da crise, criem as condições para que se acumule,
nal de 2008, apontou para algumas ações voltadas para na contestação da ordem burguesa, na defesa de seus di-
estimular a demanda, como medidas fiscais, mudanças reitos e na obtenção de novas conquistas, na organização
na política monetária, mais recursos para o FMI ajudar as e na consciência dos trabalhadores, a força necessária para
economias emergentes, empenho para romper o impasse assumir a direção política da sociedade no caminho da su-
na Rodada de Doha neste ano, reforma das instituições peração revolucionária do capitalismo. Mais do que nunca,
de Bretton Woods para dar mais voz às economias emer- está na ordem do dia a questão do socialismo.
gentes, entre outras medidas, no que parece ser um passo
no sentido de reforçar os aspectos regulatórios e de ação
coordenada dos principais países do mundo.
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HISTÓRIA GERAL
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HISTÓRIA GERAL
06. (Professor PEB II – História – Soler – 2013). Os 09. (Professor – História – UNC – 2013). A participa-
Estados Unidos foram o país que mais se beneficiou com a ção da França na 1ª Guerra Mundial tem entre seus mo-
Primeira Guerra Mundial, tornando-se o mais rico e pode- tivos:
roso de todo mundo. Assinale a alternativa incorreta: A) Vingar a morte do Arquiduque francês Francisco
A) Foram impostas severas restrições à imigração eu- Ferdinando.
ropeia, com o pretexto de não trazer concorrência à mão B) Buscar uma saída para o Mar Mediterrâneo.
de obra norte-americana e impedir a entrada de ideias co- C) Defender as colônias francesas dominadas pelo Im-
munistas e foram organizados sindicatos de empresas para pério Austro- Húngaro.
concorrer com os sindicatos de trabalhadores. D) Buscar colônias na África e Ásia fornecedoras de
B) Os republicanos mantiveram-se no poder e o país matéria-prima para suas indústrias.
entrou num período de grande prosperidade. E) Retomar as ricas colônias de Alsácia e Lorena que
C) Nas eleições presidenciais de 1920 disputavam duas havia perdido para a Prússia.
tendências: a dos democratas, defendendo uma política
isolacionista em relação à Europa, e a dos republicanos, 10. (Professor de Educação Básica – PEB II – Histó-
que não queriam o desligamento da política europeia; sen- ria – Soler – 2013). São características do Estado nazista:
do Franklin Roosevelt, dos republicanos, vencedor e ligado I – Nacionalismo: a nação era o ideal supremo;
aos interesses dos grandes empresários norte-americanos. II – Arianismo: crença na superioridade da raça nór-
D) Na América Latina foi adotada a política de inter- dica;
venção quando os interesses norte-americanos fossem III – Antissemitismo: marcado pela perseguição aos
ameaçados. judeus;
IV – Liberalismo: fortalecimento da livre concorrência.
07. (Professor – Anos Finais – História – ICAP – Estão corretas as afirmações
2013). Sobre a Segunda Guerra Mundial é verdadeiro dizer a) I, III e IV.
que: b) II, III e IV.
A) Estiveram envolvidos somente países europeus. c) I, II e IV.
B) A causa do conflito foi provocada simplesmente d) I, II e III.
pelo ataque a base militar norte americana de Pearl Harbor
pelos japoneses. GABARITO
C) Foi uma batalha de forças entre EUA potencia capi-
talista contra a URSS potencia socialista. 01. A
D) A China queria ampliar seu território promovendo 02. D
sucessivos bombardeios no Japão. 03. D
E) O Eixo era formado pela Alemanha, Itália e Japão 04. B
com o intuito de formar uma ponte econômica entre suas 05. D
nações e dominar o resto do mundo. 06. C
07. E
08. (Professor – História – IMA – 2013). Em novem- 08. A
bro de 2009, comemorou-se de várias formas os 20 anos 09. E
da queda do muro de Berlim. Em relação a este tema, é 10. D
correto afirmar que:
A) A sua construção foi motivada para conter a emi-
gração de alemães orientais, em grande número, para o
lado capitalista, especialmente de trabalhadores com alta
qualificação profissional.
B) Tratava-se de uma divisão simbólica entre dois blo-
cos ideológicos, o socialismo e o capitalismo, separados
por uma profunda e irreconciliável divisão no campo das
ideias, comparada, por isso, a um muro.
C) O muro de Berlim foi levantado na capital alemã por
determinação de Adolf Hitler, como demonstração de for-
ça do nazismo, para separar os judeus dos alemães.
D) Foi construída por determinação das forças que
compunham a OTAN, especialmente a Alemanha Oriental,
tendo sido um resultado da guerra fria.
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HISTÓRIA DO BRASIL
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HISTÓRIA DO BRASIL
O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro para deter o avanço das forças revolucionárias, lideradas
de Andrada diz em discurso, ainda em 1929, façamos a re- militarmente pelo coronel Góis Monteiro. Entretanto, em
volução pelo voto antes que o povo a faça pela violência. 12 e 13 de outubro ocorreu o Combate de Quatiguá, que
Esta frase foi vista como a expressão do instinto de sobre- pode ter sido o maior combate desta Revolução, mesmo
vivência de um político experiente e um presságio: Minas tendo sido muito pouco estudado. Quatiguá localiza-se a
Gerais, se aliando ao Rio Grande do Sul e aos tenentes, direita de Jaguariaíva, próxima a divisa entre São Paulo e
consegue preservar sua oligarquia. Uma revolução que fos- Paraná. A batalha não ocorreu em Itararé, já que os gene-
se feita só pelos tenentes teria derrubado também o PRM rais Tasso Fragoso e Mena Barreto e o Almirante Isaías de
(Partido Republicano Mineiro) do poder em Minas Gerais e Noronha depuseram Washington Luís, em 24 de outubro e
o PRR do poder no Rio Grande do Sul. formaram uma junta de governo.
Jornais que apoiavam o governo deposto foram em-
As eleições e a revolução pastelados; Júlio Prestes, Washington Luís e vários outros
próceres da República Velha foram exilados.
As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930 Washington Luís havia apostado na divisão dos minei-
e deram a vitória a Júlio Prestes, que obteve 1.091.709 vo- ros não acreditando em nenhum momento que Minas Ge-
tos, contra apenas 742.794 dados a Getúlio. Notoriamente, rais faria uma revolução, não se prevenindo, nem tomando
Getúlio teve quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul. medidas antirrevolucionárias, sendo derrubado em poucos
A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das dias de combate.
eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decor-
rente de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados Uma república nova
onde a Aliança Liberal conseguiu a vitória, não obtiveram
o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daí, iniciou- Às 3 horas da tarde de 8 de novembro de 1930, a junta
se uma conspiração, com base no Rio Grande do Sul e em militar passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Var-
Minas Gerais. gas, encerrando a chamada República Velha, derrubando
A conspiração sofreu um revés em junho com a sub- todas as oligarquias estaduais exceto a mineira e a gaúcha.
versão comunista de Luís Carlos Prestes. Um ex-membro Na mesma hora, no centro do Rio de Janeiro, os soldados
do movimento tenentista, Prestes tornou-se adepto das gaúchos cumpriam a promessa de amarrar os cavalos no
ideias de Karl Marx e apoiador do comunismo. Isso o levou, obelisco da Avenida Rio Branco, marcando simbolicamente
depois de um tempo, a tentativa frustrada da intentona co- o triunfo da Revolução de 1930.
munista pela ANL. Logo em seguida, ocorre outro contra- Getúlio tornou-se chefe do Governo Provisório com
tempo à conspiração: morre, em acidente aéreo, o tenente amplos poderes. A constituição de 1891 foi revogada e
Siqueira Campos. Getúlio passou a governar por decretos. Getúlio nomeou
No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassina- interventores para todos os Governos Estaduais, com exce-
do por João Dantas em Recife, por questões políticas e de ção de Minas Gerais. Esses interventores eram na maioria
ordem pessoal, servindo como estopim para a mobilização tenentes que participaram da Revolução de 1930. Por sua
armada. João Dantas e seu cunhado e cúmplice, Moreira vez, o presidente eleito e não empossado Júlio Prestes cri-
Caldas, foram encontrados degolados em sua cela em ou- ticou duramente a Revolução de 1930 quando, em 1931,
tubro de 1930. As acusações de fraude e a degola arbitrária exilado em Portugal, afirmou: O que não compreendem é
de deputados mineiros e de toda a bancada da Paraíba da que uma nação, como o Brasil, após mais de um século de
Aliança Liberal, o descontentamento popular devido à cri- vida constitucional e liberalismo, retrogradasse para uma
se econômica causada pela grande depressão de 1929, o ditadura sem freios e sem limites como essa que nos de-
assassinato de João Pessoa e o rompimento da política do grada e enxovalha perante o mundo civilizado.
café com leite foram os principais fatores, (ou pretextos na Um dos maiores erros da revolução de 1930 foi entre-
versão dos partidários de Júlio Prestes), que criaram um gar os estados à administração de tenentes inexperientes,
clima favorável a uma revolução. um dos motivos da revolução de 1932. O despreparo dos
Getúlio tentou várias vezes a conciliação com o go- tenentes para governar foi denunciado, logo no início de
verno de Washington Luís e só se decidiu pela revolução 1932, por um dos principais tenentes, o tenente João Caba-
quando já se aproximava a posse de Júlio Prestes que se nas, que havia participado da revolução de 1924, e que usou
daria em 15 de novembro. A revolução de 1930 iniciou-se, como exemplo o tenente João Alberto Lins de Barros que
finalmente, no Rio Grande do Sul em 3 de outubro, às 17 governou São Paulo. João Cabanas, em fevereiro de 1932,
horas e 25 minutos. Osvaldo Aranha telegrafou a Juarez no seu livro “Fariseus da Revolução”, criticou especialmente
Távora comunicando início da Revolução. Ela rapidamente o descalabro que foram as administrações dos tenentes nos
se alastrou por todo o país. Oito governos estaduais no estados, chamando a atenção para a grave situação paulista
Nordeste foram depostos pelos tenentes. pouco antes de eclodir a Revolução de 1932:
No dia 10, Getúlio Vargas lançou o manifesto O Rio João Alberto serve como exemplo: Se, como militar,
Grande de pé pelo Brasil e partiu, por ferrovia, rumo ao Rio merece respeito, como homem público não faz juz ao me-
de Janeiro, capital nacional à época. Esperava-se que ocor- nor elogio. Colocado, por inexplicáveis manobras e por
resse uma grande batalha em Itararé (na divisa com o Para- circunstâncias ainda não esclarecidas, na chefia do mais
ná), onde as tropas do governo federal estavam acampadas importante estado do Brasil, revelou-se de uma extraordi-
2
HISTÓRIA DO BRASIL
nária, de uma admirável incompetência, criando, em um só Três tenentes de 1930 chegaram à Presidência da Repú-
ano de governo, um dos mais trágicos confucionismos de blica: Castelo Branco, Médici e Geisel. O ex-tenente Juarez
que há memória na vida política do Brasil, dando também Távora foi o segundo colocado nas eleições presidenciais de
origem a um grave impasse econômico (déficit de 100.000 1955, e o ex-tenente Eduardo Gomes, o segundo colocado,
contos), e a mais profunda impopularidade contra a “Revo- em 1945 e 1950. Ambos foram candidatos pela UDN, o que
lução de Outubro” e ter provocado no povo paulista, um mostra também a influência dos ex-tenentes na UDN, par-
estado de alma equívoco e perigoso. Nossa história não tido que tinha ainda, entre seus líderes, o ex-tenente Juraci
registra outro período de fracasso tão completo como o do Magalhães, que quase foi candidato em 1960.
“Tenentismo inexperiente”. Os partidos fundados por Getúlio Vargas, PSD (partido
dos ex-interventores no Estado Novo e intervencionista na
Consequências economia) e o antigo PTB, dominaram a cena política de
1946 até 1964. PSD, UDN e PTB, os maiores partidos polí-
Os efeitos da Revolução demoram a aparecer. A nova ticos daquele período, eram liderados por mineiros (PSD e
Constituição só é aprovada em 1934, chamada Constitui- UDN) e por gaúchos (o PTB).
ção de 1934, depois de forte pressão social, como a Revo- Apesar de quinze anos (1930-1945) não serem um
lução Constitucionalista de 1932. Mas a estrutura do Esta- período longo em se tratando de carreira política, poucos
do brasileiro modifica-se profundamente depois de 1930, políticos da República Velha conseguiram retomar suas
tornando-se mais ajustada às necessidades econômicas e carreiras políticas depois da queda de Getúlio em 1945. A
sociais do país. renovação do quadro político foi quase total, tanto de pes-
Getúlio não gostou desta constituição, e, três anos e soas quanto da maneira de se fazer política. Sobre a queda
meio depois, decreta uma nova constituição, a Constituição da qualidade da representação política após 1930, Gilberto
de 1937. E assim se posicionou em relação à Constituição Amado em seu livro “Presença na Política”, explica que na
de 1934, no 10º aniversário da revolução de 1930, em dis- República Velha, as eleições eram falsas, mas a representa-
curso de 11 de novembro de 1940. ção era verdadeira… As eleições não prestavam, mas os de-
Uma constitucionalização apressada, fora de tempo, putados e senadores eram os melhores que podíamos ter.
apresentada como panaceia de todos os males, traduziu- Especialmente o balanço de 1930 feito pelos paulistas
se numa organização política feita ao sabor de influências [quem?] é sombrio: Reclamam eles que, após Júlio Prestes
pessoais e partidarismo faccioso, divorciada das realidades em 1930, nenhum cidadão nascido em São Paulo foi eleito
existentes. Repetia os erros da Constituição de 1891 e agra- ou ocupou a Presidência, exceto, e por alguns dias apenas,
vava-os com dispositivos de pura invenção jurídica, alguns Ranieri Mazzilli, o Dr. Ulisses Guimarães e Michel Temer. Os
retrógrados e outros acenando a ideologias exóticas. Os paulistas reclamam também que apenas em 1979 chegou
acontecimentos incumbiram-se de atestar-lhe a precoce à presidência alguém comprometido com os ideais da re-
inadaptação. volução de 1932: João Figueiredo, filho do general Euclides
A partir da constituição de 1937, o regime centraliza- Figueiredo, comandante da revolução constitucionalista de
dor, por vezes autoritário do getulismo, ou Era Vargas, es- 1932 e que fora exilado na Argentina entre 1932 e 1934.
timula a expansão das atividades urbanas e desloca o eixo João Figueiredo fez a abertura política do regime militar.
produtivo da agricultura para a indústria, estabelecendo as Getúlio foi o primeiro a fazer no Brasil propaganda
bases da moderna economia brasileira. O balanço da revo- pessoal em larga escala - o chamado culto da personalida-
lução de 1930 e de seus 15 anos de governo, por Getúlio, de, com a Voz do Brasil, - típica do fascismo e ancestral do
foi feito, no Dia do Trabalho de 1945, em um discurso feito marketing político moderno. A aliança elite-proletariado,
no Rio de Janeiro, no qual disse que a qualquer observador criada por Getúlio, tornou-se típica no Brasil, como a Alian-
de bom senso não escapa a evidência do progresso que ça PTB-PSD apoiada pelo clandestino PCB.
alcançamos no curto prazo de 15 anos. Éramos, antes de
1930, um país fraco, dividido, ameaçado na sua unidade, A nova economia do Brasil
retardado cultural e economicamente, e somos hoje uma
nação forte e respeitada, desfrutando de crédito e tratada A política trabalhista é alvo de polêmicas até hoje e
de igual para igual no concerto das potências mundiais. foi tachada de “paternalista” por intelectuais de esquerda.
Esses intelectuais acusavam Getúlio de tentar anular a in-
Legado político e social fluência desta esquerda sobre o proletariado, desejando
transformar a classe operária num setor sob seu controle,
A nova política do Brasil nos moldes da Carta do Trabalho do fascista italiano Benito
Mussolini.
Três ex-ministros de Getúlio Vargas chegaram à Presi- Os defensores de Getúlio Vargas contra argumentam,
dência da República: Eurico Dutra, João Goulart e Tancredo dizendo que em nenhum outro momento da história do
Neves. Este último não chegou a assumir o cargo, pois, na Brasil houve avanços comparáveis nos direitos dos traba-
véspera da posse, sentiu fortes dores abdominais sequen- lhadores. O expoentes máximos dessa posição foram João
ciais durante uma cerimônia religiosa no Santuário Dom Goulart e Leonel Brizola. Brizola foi considerado, por mui-
Bosco diagnosticada como uma “diverticulite”, que o levou tos o último herdeiro político do «Getulismo», ou da «Era
à morte em 21 de abril de 1985, em São Paulo. Vargas», na linguagem dos brasilianistas.
3
HISTÓRIA DO BRASIL
A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, em lon- (que eram escolhidos pelos tenentes). A economia cafeeira
go prazo, estas leis trabalhistas prejudicam os trabalhado- receberá atenções por parte do governo federal. Para su-
res porque aumentam o chamado custo Brasil, onerando perar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho
muito as empresas e gerando a inflação, que corrói o valor Nacional do Café, reeditando a política de valorização do
real dos salários. café ao comprar e estocar o produto. O esquema provo-
Segundo esta versão, o custo Brasil faz com que as em- cou a formação de grandes estoques, em razão da falta de
presas brasileiras contratem menos trabalhadores, aumen- compradores, levando o governo a realizar a queimados
tem a informalidade e faz que as empresas estrangeiras excedentes. Houve um desenvolvimento das atividades in-
se tornem receosas de investir no Brasil. Assim, segundo a dustriais, principalmente no setor têxtil e node processa-
crítica liberal, as leis trabalhistas gerariam, além da inflação, mento de alimentos. Este desenvolvimento explica-se pela
mais desemprego e subemprego entre os trabalhadores. chamada política de substituição de importações.
Os liberais afirmam também que intervencionismo es-
tatal na economia iniciado por Getúlio só cresceu com o A composição do Governo Provisório
passar dos anos, com a única exceção de Castelo Branco
atingindo seu máximo no governo do ex-tenente de 1930 Depois de criar um Tribunal Especial - cuja ação foi nula
Ernesto Geisel. Somente a partir do Governo de Fernando - com o objetivo de julgar “os crimes do governo deposto”,
Collor se começou a fazer o desmonte do Estado interven- o novo governo organizou um ministério que, pela compo-
cionista. Durante sessenta anos, após 1930, todos os minis- sição, nos mostra o quanto Getúlio estava compromissado
tros da área econômica do governo federal foram favorá- com os grupos que lhe apoiaram na Revolução:
veis à intervenção do Estado na economia, exceto Eugênio - general Leite de Castro - ministro do Exército;
Gudin por sete meses em 1954, e a dupla Roberto Campos - almirante Isaías Noronha - ministro da Marinha;
- Octávio Bulhões, por menos de três anos (1964 -1967). - Afrânio de Melo Franco (mineiro) - ministro do Exterior;
- Osvaldo Aranha (gaúcho) - ministro da Justiça;
Trabalhadores do Brasil - José Américo de Almeida (paraibano) - ministro da
Viação;
Era com esta frase que Getúlio iniciava seus discursos. - José Maria Whitaker (paulista) - ministro da Fazenda;
Na visão dos apoiadores de Getúlio, ele não ficou só no - Assis Brasil (gaúcho) - ministro da Agricultura.
Dentro ainda da ideia de compromisso, foram criados
discurso. A orientação trabalhista de seu governo, que em
dois novos ministérios:
seu ápice instituiu a CLT e o salário mínimo, marca, para os
- Educação e Saúde Pública - o mineiro Francisco Campos;
getulistas, um tempo das mudanças sociais célebres, onde
- Trabalho, Indústria e Comércio - o gaúcho Lindolfo
os trabalhadores pareciam estar no centro do cenário polí-
Collor.
tico nacional, aplicando o populismo.
Para Juarez Távora, pela sua admirável participação re-
Infelizmente os trabalhadores rurais não foram benefi-
volucionária e pelo seu prestígio como homem de ação,
ciados com igualdade pela CLT, tudo por força das oligar- foi criada a Delegacia Regional do Norte. Pela chefia políti-
quias que existiam e pressionavam o governo. ca dos estados brasileiros do Espírito Santo ao Amazonas,
Juarez Távora foi chamado de O Vice-Rei do Norte.
Era Vargas (1930/45)
A política cafeeira da Era Vargas
A chamada Era Vargas está dividida em três momentos:
Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo. O capitalismo passava por uma de suas violentas crises
O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado de superprodução. Essas crises cíclicas do capitalismo eram
“Estado de compromisso”, em razão do apoio de diversas o resultado da ausência de uma planificação, o que produ-
forças sociais e políticas: as oligarquias dissidentes, classes zia a anarquia da produção social.
médias, burguesia industrial e urbana, classe trabalhadora As nações industriais com problemas de superprodu-
e o Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia ção acirravam o imperialismo, superexplorando as nações
nenhuma força política hegemônica, possibilitando o for- agrárias, restringindo os créditos e adotando uma política
talecimento do poder pessoal de Getúlio Vargas. protecionista, sobretaxando as importações.Neste contex-
to o café conheceu uma nova e violenta crise de superpro-
Governo Provisório (1930/1934). dução, de mercados e de preços, que caíram de 4 para 1
libra nos primeiros anos da década de 30.
Aspectos políticos e econômicos Como o café era à base da economia nacional, a cri-
se poderia provocar sérios problemas para outros setores
No plano político, o governo provisório foi marcado econômicos, tais como a indústria e o comércio, o que seria
pela Lei Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Var- desastroso. Era preciso salvar o Brasil dos efeitos da crise
gas. Os órgãos legislativos foram extintos, até a elaboração mundial de 1929. Era necessário evitar o colapso econômico
de uma nova constituição para o país. Desta forma, Vargas do País. Para evitá-lo, o governo instituiu uma nova política
exerce o poder executivo e o Legislativo. Os governadores cafeeira, visando o equilíbrio entre a oferta e a procura, a ele-
perderam seus mandatos – por força da Revolução de 30 – vação dos preços e a contenção dos excessos de produção,
seus nomeados em seus lugares os interventores federais pois a produção cafeeira do Brasil era superior à mundial.
4
HISTÓRIA DO BRASIL
Para aplicar esta política, Vargas criou, em 1931, o CNC A constituição de 1934.
(Conselho Nacional do Café), que foi substituído em 1933
pelo DNC (Departamento Nacional do Café). Dentro desta Promulgada em 16 de novembro de 1934 apresentan-
nova política tornou-se fundamental destruir os milhares do os seguintes aspectos:
de sacas de café que estavam estocadas. O então ministro - A manutenção da República com princípios federa-
da Fazenda, Osvaldo Aranha, através de emissões e impos- tivos;
tos sobre a exportação, iniciou a destruição do excedente - Existência de três poderes independentes entre si:
do café através do fogo e da água, Executivo, Legislativo e Judiciário;
De 1931 a 1944, foram queimadas ou jogadas ao mar, - Estabelecimento de eleições diretas para o Executivo
aproximadamente, 80 milhões de sacas. Proibiram-se no- e Legislativo;
vas plantações por um prazo de três anos e reduziram-se - As mulheres adquirem o direito ao voto;
as despesas de produção através da redução dos salários e - Representação classista no Congresso (elementos
dos débitos dos fazendeiros em 50%. eleitos pelos sindicatos);
Por ter perdido o poder político e pelo fato de ter de - Criado o Tribunal do Trabalho;
se submeter às decisões econômicas do governo federal, - Legislação trabalhista e liberdade de organização sin-
as oligarquias cafeeiras se opuseram à política agrária da dical;
Era Vargas. - Estabelecimento de monopólio estatal sobre algumas
atividades industriais;
Liberalismo e centralismo - Possibilidade da nacionalização de empresas estran-
geiras;
Saber quem perdeu a Revolução de 1930 é fácil, o difí- - Instituído o mandato de segurança, instrumento jurí-
cil é saber quem ganhou, devido à extrema heterogeneida- dico dos direitos do cidadão perante o Estado. A Constitui-
de da frente revolucionária. ção de 1934 foi inspirada na Constituição de Weimar pre-
De um lado estavam os tenentes que ocupavam um servando o liberalismo e mantendo o domínio dos proprie-
destacado papel no governo, eram favoráveis a mudanças
tários visto que a mesma não toca no problema da terra.
e, por isso, achavam desnecessárias as eleições, que para
eles só trariam de volta as oligarquias tradicionais.
Governo Constitucional (1934/1937).
Do outro lado, os constitucionais liberais defendiam
as eleições urgentes. Vargas manobrava inteligentemente
Período marcado pelos reflexos da crise mundial de
os dois grupos. Ora fazendo concessões aos tenentes, per-
1929:
mitindo-lhes uma influência político, como João Alberto,
- crise econômica,
nomeado interventor em São Paulo, ora acenando com
- desemprego,
eleições, como a publicação do Código Eleitoral de feve-
reiro de 1932 e o decreto de 15 de março, que marcava - inflação e
para 3 de maio de 1933 as eleições pata uma Assembleia - carestia.
Constituinte. Neste contexto desenvolvem-se, na Europa, os regi-
mes totalitários (nazismo e fascismo) – que se opunham
Revolução constitucionalista de 1932 ao socialismo e ao liberalismo econômico. A ideologia na-
zifascista chegou ao Brasil, servindo de inspiração para a
Movimento ocorrido em São Paulo ligado à demora de fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada pelo
Getúlio Vargas para reconstitucionalizar o país, a nomea- jornalista Plínio Salgado. Movimento de extrema direita,
ção de um interventor pernambucano para o governo do anticomunista, que tinha como lema “Deus, pátria, família”.
Estado (João Alberto). Mesmo sua substituição por Pedro Defendia a implantação deum Estado totalitário e corpora-
de Toledo não diminuiu o movimento. O movimento teve tivo. A milícia da AIB era composta pelos “camisas verdes”,
também como fator a tentativa da oligarquia cafeeira re- que usavam de violência contra seus adversários. Os inte-
tomar o poder político. O movimento contou com apoio gralistas receberam apoio da alta burguesia, do clero, da
das camadas médias urbanas. Formou-se a Frente Única cúpula militar e das camadas médias urbanas.
Paulista, exigindo a nomeação de um interventor paulista e Por outro lado, o agravamento das condições de vida
a reconstitucionalização imediata do país. da classe trabalhadora possibilitou a formação de um mo-
Em maio de 1932 houve uma manifestação contra Ge- vimento de caráter progressista, contando com o apoio de
túlio que resultou na morte de quatro manifestantes: Mar- liberais, socialista, comunistas, tenentes radicais e dos sin-
tins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a radicalização dicatos – trata-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL).
do movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo Luís Carlos Prestes, filiado ao Partido Comunista Brasileiro
deste momento marcado pela luta armada. Após três meses foi eleito presidente de honra. A ANL reivindicava a suspen-
de combates as forças leais a Vargas forçaram os paulistas à são do pagamento da dívida externa, a nacionalização das
rendição. Procurando manter o apoio dos paulistas, Getúlio empresas estrangeiras e a realização da reforma agrária.
Vargas acelerou o processo de redemocratização realizando Colocava-se contra o totalitarismo e defendia a democracia
eleições para uma Assembleia Constituinte que deveria ela- e um governo popular.
borar uma nova constituição para o Brasil.
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HISTÓRIA DO BRASIL
A adesão popular foi muito grande, tornando a ANL A Constituição de 1937 eliminava a independência sin-
uma ameaça ao capital estrangeiro e aos interesses oligár- dical e extinguia os partidos políticos. A extinção da AIB
quicos. Procurando conter o avanço da frente progressis- deixou os integralistas insatisfeitos com Getúlio. Em maio
ta o governo federal - por meio da aprovação da Lei de de 1938 os integralistas tentaram um golpe contra Vargas
Segurança Nacional – decretou o fechamento dos núcleos – o Putsch Integralista – que consistiu numa tentativa de
da ANL. A reação, por parte dos filiados e simpatizantes, ocupar o palácio presidencial. Vargas reagiu até a chegada
foi violenta e imediata. Movimentos eclodiram no Rio de a polícia e Plínio Salgado precisou fugir do país.
Janeiro, Recife, Olinda e Natal – episódio conhecido como
Intentona Comunista. Política trabalhista
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HISTÓRIA DO BRASIL
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HISTÓRIA DO BRASIL
- As eleições passaram a ser pelo voto direto, a desco- De suas principais medidas, podemos destacar que
berto (voto aberto); a Constituição de 1934:
- Os mandatos tinham duração de quatro anos;
- Não haveria reeleição; - Prevê nacionalização dos bancos e das empresas de
- Os candidatos a voto eletivo seriam escolhidos por seguros;
homens maiores de 21 anos, com exceção de analfabetos, - Determina que as empresas estrangeiras deverão ter
mendigos, praças de pré e religiosos sujeitos ao voto de pelo menos % de empregados brasileiros;
obediência; - Confirma a Lei Eleitoral de 1932, com Justiça Eleito-
- Ao Congresso Nacional cabia o Poder Legislativo, ral, voto feminino, voto aos 18 anos (antes era aos 21) e
composto pelo Senado e Câmara de Deputados; deputados classistas (representantes de classes sindicais);
- As Províncias passaram a ser Estados de uma Federa- - Cria a Justiça do Trabalho;
ção com maior autonomia; - Proíbe o trabalho infantil, determina jornada de tra-
- Os Estados da Federação passaram a ter suas Consti- balho de oito horas, repouso semanal obrigatório, férias
tuições hierarquicamente organizadas em relação à Cons- remuneradas, indenização para trabalhadores demitidos
tituição Federal; sem justa causa, assistência médica e dentária, assistência
- Os presidentes das Províncias passaram a ser presi- remunerada a trabalhadoras grávidas;
dentes dos Estados e eleitos pelo voto direto à semelhança - Proíbe a diferença de salário para um mesmo traba-
do Presidente da República; lho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado
- A Igreja Católica foi desmembrada do Estado Brasilei- civil e
ro, deixando de ser a religião oficial do país. - Prevê uma lei especial para regulamentar o trabalho
Além disso, consagrava-se a liberdade de associação e agrícola e as relações no campo (que não chegou a ser fei-
de reunião sem armas, assegurava-se aos acusados o mais ta) e reduz o prazo de aplicação de usucapião a um terço
amplo direito de defesa, aboliam-se as penas de galés, ba- dos originais 30 anos.
nimento judicial e de morte, instituía-se o habeas-corpus e
as garantias de magistratura aos juízes federais (vitalicie-
1937
dade, inamobilidade e irredutibilidade dos vencimentos).
Outorgada (concedida) no governo Getúlio Vargas.
1934
- Instituiu o regime ditatorial do Estado Novo: a pena
de morte, a suspensão de imunidades parlamentares, a
Promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro
prisão e o exílio de opositores.
governo de Getúlio Vargas.
- Suprimiu a liberdade partidária e extinguiu a inde-
- Instituiu a obrigatoriedade do voto e tornou-o secre-
pendência dos poderes e a autonomia federativa. Gover-
to; ampliou o direito de voto para mulheres e cidadãos de
no mínimo 18 anos de idade. Continuaram fora do jogo nadores e prefeitos passaram a ser nomeados pelo presi-
democrático os analfabetos, os soldados e os religiosos. dente, cuja eleição também seria indireta. Vargas, porém,
Para dar maior confiabilidade aos pleitos, foi criada a Jus- permaneceu no poder, sem aprovação de sua continuida-
tiça Eleitoral. de, até 1945.
- Instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de De suas principais medidas, pode-se destacar que a
oito horas, o repouso semanal e as férias anuais remune- Constituição de 1937:
rados e a indenização por dispensa sem justa causa. Sindi-
catos e associações profissionais passaram a ser reconheci- - Concentra os poderes executivo e legislativo nas
dos, com o direito de funcionar autonomamente. mãos do Presidente da República;
- Estabelece eleições indiretas para presidente, que
Considerada progressista para a época, a nova terá mandato de seis anos;
Constituição: - Acaba com o federalismo;
- Acaba com o liberalismo;
- instituiu o voto secreto; - Estabelece a pena de morte;
- estabeleceu o voto obrigatório para maiores de 18 - Retira do trabalhador o direito de greve;
anos; - Permitia ao governo expurgar funcionários que se
- propiciou o voto feminino, direito há muito reivin- opusessem ao regime;
dicado, que já havia sido instituído em 1932 pelo Código - Previu a realização de um plebiscito para referendá
Eleitoral do mesmo ano; -la, o que nunca ocorreu.
- previu a criação da Justiça do Trabalho;
- previu a criação da Justiça Eleitoral;
- nacionalizou as riquezas do subsolo e quedas d’água
no país;
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HISTÓRIA DO BRASIL
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HISTÓRIA DO BRASIL
1968 História
Ato Institucional nº5 Desde 1964 o Brasil estava sob uma ditadura militar, e
desde 1967 (particularmente subjugado às alterações decor-
Suspensão da Constituição. rentes dos Atos Institucionais) sob uma Constituição impos-
ta pelo governo federal. O regime de exceção, em que as
garantias individuais e sociais eram restritas, ou mesmo ig-
Poderes absolutos do presidente: fechar o Congresso,
noradas, e cuja finalidade era garantir os interesses da dita-
legislar sem impedimento, reabrir cassações, demissões e
dura, internalizados em conceitos como segurança nacional,
demais punições sumárias, sem possibilidade de aprecia- restrição das garantias fundamentais etc, fez crescer, durante
ção judicial. o processo de abertura política, o anseio por dotar o Brasil
de uma nova Constituição, defensora dos valores democrá-
1969 ticos. Anseio que se tornou necessidade após o fim da dita-
dura militar e a redemocratização do Brasil, a partir de 1985.
Nova emenda constitucional, que passou a ser chama- Independentemente das controvérsias de cunho político,
da de Constituição de 1969. Foi promulgado pelo general a Constituição Federal de 1988 assegurou diversas garantias
Emílio Garrastazu Médici (escolhido para presidente da Re- constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade aos
pública por oficiais de altas patentes das três Armas e com direitos fundamentais, permitindo a participação do Poder Ju-
ratificação pelo Congresso Nacional, convocado somente diciário sempre que houver lesão ou ameaça de lesão a direi-
para aceitar as decisões do Alto Comando militar). tos. Para demonstrar a mudança que estava havendo no sis-
tema governamental brasileiro, que saíra de um regime auto-
ritário recentemente, a constituição de 1988 qualificou como
Incorporou o Ato Institucional nº5.
crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o
estado democrático e a ordem constitucional, criando assim
Mandava punir a todos que ofendessem a Lei de Segu- dispositivos constitucionais para bloquear golpes de qualquer
rança Nacional. Extinguiu a inviolabilidade dos mandatos natureza. Com a nova constituição, o direito maior de um ci-
dos parlamentares e instituiu a censura aos seus pronun- dadão que vive em uma democracia representativa foi con-
ciamentos. Suspendeu a eleição direta para governadores, quistado: foi determinada a eleição direta para os cargos de
marcada para o ano seguinte. Presidente da República, Governador do Estado e do Distrito
Federal, Prefeito, Deputado Federal, Estadual e Distrital, Se-
1979 nador e Vereador. A nova Constituição também previu maior
responsabilidade fiscal. Pela primeira vez, uma Constituição
Reforma da Constituição de 1969, em que é revogado brasileira define a função social da propriedade privada urba-
o AI-5 e outros atos que conflitavam com o texto consti- na, prevendo a existência de instrumentos urbanísticos que,
tucional. Quanto às medidas de emergência, o presidente interferindo no direito de propriedade (que a partir de ago-
ra não mais seria considerado inviolável), teriam por objetivo
poderia determiná-las, dependendo apenas da consulta a
romper com a lógica da especulação imobiliária. A definição e
um conselho constitucional, composto pelo presidente da
regulamentação de tais instrumentos, porém, deu-se apenas
República, pelo vice-presidente, pelos presidentes do Se- com a promulgação do Estatuto da Cidade em 2001.
nado e da Câmara, pelo ministro da Justiça e por um mi-
nistro representando as Forças Armadas. O estado de sítio Estrutura
só poderia ser decretado com a aprovação do Congresso.
A Constituição de 1988 está dividida em nove títulos. As
1988 temáticas de cada título são:
10
HISTÓRIA DO BRASIL
11
HISTÓRIA DO BRASIL
A Constituição brasileira já sofreu 72 reformas em seu Com isso, a Constituição de 1988 favoreceu os Estados
texto original, sendo 72 emendas constitucionais tendo a e Municípios, transferindo-lhes a maior parte dos recursos,
última sido promulgada no dia 2 de abril de 2013, e 6 emen- porém sem a correspondente transferência de encargos e
das de revisão constitucional. A única Revisão Constitucional responsabilidades. O Governo Federal continuou com os
geral prevista pela Lei Fundamental brasileira aconteceu em mesmos custos e com fonte de receita bastante diminuí-
5 de outubro de 1993, não podendo mais sofrer emendas de das. Metade do imposto de renda (IR) e do imposto sobre
revisão. Mesmo assim, houve tentativas, como a Proposta de produtos industrializados (IPI) — os principais da União —
Emenda à Constituição (PEC) 157, do deputado Luiz Carlos foi automaticamente distribuída aos estados e municípios.
Santos, que previa a convocação de uma Assembleia de Re- Além disso, cinco outros tributos foram transferidos para a
visão Constitucional a partir de janeiro de 2007. base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercado-
rias e Serviços (ICMS). Ao mesmo tempo, os constituintes
Remédios Constitucionais ampliaram as funções do Governo Federal.
Assim, a Carta de 88 promoveu desequilíbrios graves
A Constituição de 1988 incluiu dentre outros direitos,
no campo fiscal, que têm repercutido nos recursos para
ações e garantias, os denominados “Remédios Constitucio-
programas sociais ao induzir a União a buscar receitas não
nais”. Por Remédios Constitucionais entendem-se as garan-
partilháveis com os Estados e Municípios, contribuindo
tias constitucionais, ou seja, instrumentos jurídicos para tor-
nar efetivo o exercício dos direitos constitucionais. para o agravamento da ineficiência e da não equidade do
Os Remédios Constitucionais (listados abaixo) são pre- sistema tributário e do predomínio de impostos indiretos
vistos no artigo 5º e no artigo 129-Inciso III, da Constituição e contribuições. Consequentemente houve uma crescente
de 1988: carga sobre tributos tais como o imposto sobre operações
Habeas Data - artigo 5º, Inciso LXXII - sua finalidade é financeiras (IOF), contribuição de fim social (FINSOCIAL),
garantir ao particular o acesso às informações que dizem ao contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), entre ou-
seu respeito constantes do registro de banco de dados de tros.
entidades governamentais ou de caráter público ou corre-
ção destes dados, quando o particular não preferir fazer por Em relação às Constituições anteriores, a Constitui-
processo sigiloso, administrativo ou judicial. ção de 1988 representa um avanço.
Ação Popular - artigo 5º, Inciso LXXIII e Lei n.º 4.171/65)
- objetiva anular ato lesivo ao patrimônio público e punir As modificações mais significativas foram:
seus responsáveis.
Ação Civil pública - artigo 129, Inciso III - objetiva repa- - Direito de voto para os analfabetos;
rar ato lesivo aos interesses descritos no artigo 1º (todos os - Voto facultativo para jovens entre 16 e 18 anos;
incisos), da Lei nº 7.347. - Redução do mandato do presidente de 5 para 4 anos;
Habeas Corpus - artigo 5º, Inciso LXVIII - instrumento - Eleições em dois turnos (para os cargos de presiden-
tradicionalíssimo de garantia de direito, assegura a repara- te, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200
ção ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido por mil habitantes);
ilegalidade ou por abuso de poder. - Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados,
Mandado de Segurança - artigo 5º, Inciso LXIX - usado além de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos
de modo individual, tem por fim proteger direito líquido e domésticos;
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data. - Direito a greve;
Mandado de Segurança Coletivo - artigo 5º, Inciso LXX - Liberdade sindical;
- usado de modo coletivo, tem por finalidade proteger o di-
- Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44 ho-
reito de partidos políticos, organismos sindicais, entidades
ras semanais;
de classe e associação legalmente constituídas em defesa
- Licença maternidade de 120 dias (sendo atualmente
dos interesses de seus membros ou associados.
discutida a ampliação).
Mandado de Injunção - artigo 5º, Inciso LXXI - usado
para viabilizar o exercício de um direito constitucionalmente - Licença paternidade de 5 dias;
previsto e que depende de regulamentação. - Abono de férias;
- Décimo terceiro salário para os aposentados;
Política Urbana e Transferências de Recursos - Seguro desemprego;
- Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do salário.
Entre outros elementos inovadores, esta Constituição
destaca-se das demais na medida em que pela primeira vez
estabelece um capítulo sobre política urbana, expresso no
artigo 182 e no artigo 183. Até então, nenhuma outra Cons-
tituição definia o município como ente federativo: a partir
desta, o município passava efetivamente a constituir uma
das esferas de poder e a ela era dada uma autonomia e atri-
buições inéditas até então.
12
HISTÓRIA DO BRASIL
Os governos militares
3. A ESTRUTURA POLÍTICA E OS
MOVIMENTOS SOCIAIS NO PERÍODO O marechal Humberto de Alencar Castello Branco
MILITAR. esteve à frente do primeiro governo militar e deu início
à promulgação dos Atos Institucionais. Entre as medidas
mais importantes, destacam-se: suspensão dos direitos
políticos dos cidadãos; cassação de mandatos parlamen-
Ditadura Militar no Brasil tares; eleições indiretas para governadores; dissolução de
todos os partidos políticos e criação de duas novas agre-
As intervenções militares foram recorrentes na histó- miações políticas: a Aliança Renovadora Nacional (Arena),
ria da república brasileira. Antes de 1964, porém, nenhuma que reuniu os governistas, e o Movimento Democrático
dessas interferências resultou num governo presidido por Brasileiro (MDB), que reuniu as oposições consentidas.
militares. Em março de 1964, contudo, os militares assumi- Em fins de 1966, o Congresso Nacional foi fechado,
ram o poder por meio de um golpe e governaram o país sendo imposta uma nova Constituição, que entrou em vi-
nos 21 anos seguintes, instalando um regime ditatorial. gor em janeiro de 1967. Na economia, o governo revogou
A ditadura restringiu o exercício da cidadania e repri- a Lei de Remessa de Lucros e a Lei de Estabilidade no
miu com violência todos os movimentos de oposição. No Emprego, proibiu as greves e impôs severo controle dos
que se refere à economia, o governo colocou em prática salários. Castelo Branco planejava a transferir o governo
um projeto desenvolvimentista que produziu resultados aos civis no final de seu mandato, mas setores radicais
bastante contraditórios, tendo em vista que o país ingres- do Exército impuseram a candidatura do marechal Costa
sou numa fase de industrialização e crescimento econômi- e Silva.
co acelerados, sem beneficiar, porém, a maioria da popula- O marechal enfrentou a reorganização política dos
ção, em particular a classe trabalhadora. setores oposicionistas, greves e a eclosão de movimen-
tos sociais de protesto, entre eles o movimento estudantil
Antecedentes do golpe universitário. Também neste período os grupos e orga-
nizações políticas de esquerda organizaram guerrilhas
Os militares golpistas destituíram do poder o presiden- urbanas e passaram a enfrentar a ditadura, empunhando
te João Goulart, que havia assumido a presidência após a armas, realizando sequestros e atos terroristas. O gover-
inesperada renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Sua pos- no, então, radicalizou as medidas repressivas, com a justi-
se foi bastante conturbada e só foi aceita pelos militares e
ficativa de enfrentar os movimentos de oposição.
pelas elites conservadoras depois da imposição do regime
A promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em
parlamentarista. Essa fórmula política tinha como propó-
dezembro de 1968, representou o fechamento completo
sito limitar as prerrogativas presidenciais, subordinando o
do sistema político e a implantação da ditadura. O AI-5
Poder Executivo ao Legislativo. Goulart, contudo, mano-
restringiu drasticamente a cidadania, pois dotou o gover-
brou politicamente e conseguiu aprovar um plebiscito, cujo
no de prerrogativas legais que permitiram a ampliação da
resultado restituiu o regime presidencialista.
repressão policial-militar.
O presidente, entretanto, continuou a não dispor de
Suprimidos os direitos políticos, na área econômi-
uma base de apoio parlamentar que fosse suficiente para
ca o novo presidente flexibilizou a maioria das medidas
aprovar seus projetos de reforma política e econômica. A
saída encontrada por Goulart foi a de pressionar o Con- impopulares adotadas por seu antecessor. Costa e Silva
gresso Nacional por meio de constantes mobilizações po- não conseguiu terminar seu mandato devido a problemas
pulares, que geraram inúmeras manifestações públicas em de saúde. Afastado da presidência, os militares das três
todo o país. armas formaram uma junta governativa de emergência,
Ao mesmo tempo, a situação da economia se deterio- composta pelos três ministros militares: almirante, da Ma-
rou, provocando o acirramento dos conflitos de natureza rinha; general Lira Tavares, do Exército; e brigadeiro Sousa
classista. Todos esses fatores levaram, de forma conjunta, e Melo, da Aeronáutica.
a uma enorme instabilidade institucional, que acabou por Ao término do governo emergencial, que durou de
dificultar a governabilidade. agosto a outubro de 1969, o general Médici foi escolhido
Nessa conjuntura, o governo tentou mobilizar setores pela Junta Militar para assumir a presidência da República.
das Forças Armadas, como forma de obter apoio político, O general dispôs de um amplo aparato de repressão
mas isso colocou em risco a hierarquia entre os comandos policial-militar e de inúmeras leis de exceção, sendo que
militares e serviu como estímulo para o avanço dos milita- a mais rigorosa era o AI-5. Por esse motivo, seu manda-
res golpistas. to presidencial ficou marcado como o mais repressivo do
Em 1964, a sociedade brasileira se polarizou. As classes período da ditadura. Exílios, prisões, torturas e desapare-
médias, as elites agrárias e os industriais se voltaram con- cimentos de cidadãos fizeram parte do cotidiano de vio-
tra o governo e abriram caminho para o movimento dos lência repressiva imposta à sociedade.
golpistas.
13
HISTÓRIA DO BRASIL
Siglas como DOPS (Departamento de Ordem Política Ao término do mandato de Geisel, a sociedade bra-
e Social) e DOI-CODI (Destacamento de Operações e In- sileira tinha sofrido muitas transformações. A repressão
formações-Centro de Operações de Defesa Interna) fica- havia diminuído significativamente; as oposições políticas,
ram conhecidas pela brutal repressão policial-militar. Com o movimento estudantil e os movimentos sociais come-
a censura, todas as formas de manifestações artísticas e çaram a se reorganizar. Em 1978, o presidente revogou o
culturais sofreram restrições. No final do governo Médici, AI-5 e restaurou o habeas corpus. Geisel conseguiu impor
as organizações de luta armada foram dizimadas. a candidatura do general João Batista Figueiredo para a
Na área econômica, o governo colheu os frutos do sucessão presidencial. Foi o último general presidente, en-
chamado “milagre econômico”, que representou a fase áu- cerrando o período da ditadura militar, que durou mais de
rea de desenvolvimento do país, obtido por meio da cap- duas décadas.
tação de enormes recursos e de financiamentos externos. Figueiredo acelerou o processo de liberalização políti-
Todos esses recursos foram investidos em infraestrutura: ca e o grande marco foi a aprovação da Lei de Anistia, que
estradas, portos, hidrelétricas, rodovias e ferrovias expan- permitiu o retorno ao país de milhares de exilados políticos
diram-se e serviram como base de sustentação do vigoro- e concedeu perdão para aqueles que cometeram crimes
so crescimento econômico. O PIB (Produto Interno Bruto) políticos. A anistia foi mútua, ou seja, a lei também livrou
chegou a crescer 12% ao ano e milhões de empregos fo- da justiça os militares envolvidos em ações repressivas que
ram gerados. provocaram torturas, mortes e o desaparecimento de cida-
A curto e médio prazo, esse modelo de desenvolvi- dãos. O pluripartidarismo foi restabelecido. A Arena muda
mento beneficiou a economia, mas a longo prazo o país a sua denominação e passa a ser PDS; o MDB passa a ser
acumulou uma dívida externa cujo pagamento (somente PMDB. Surgem outros partidos, como o Partido dos Tra-
dos juros) bloqueou a capacidade de investimento do Es- balhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
tado. A estabilidade política e econômica obtida no gover- O governo também enfrentou a resistência de militares
no Médici permitiu que o próprio presidente escolhesse radicais, que não aceitavam o fim da ditadura. Essa resis-
seu sucessor: o general Ernesto Geisel foi designado para tência tomou a forma de atos terroristas. Cartas-bombas
eram deixadas em bancas de jornal, editoras e entidades
ocupar a Presidência da República.
da sociedade civil (Igreja Católica, Ordem dos Advogados
O governo do general coincidiu com o fim do milagre
do Brasil, Associação Brasileira de Imprensa, entre outras).
econômico. O aumento vertiginoso dos preços do petró-
O caso mais grave e de maior repercussão ocorreu em abril
leo, principal fonte energética do país, a recessão da eco-
de 1981, quando uma bomba explodiu durante um show
nomia mundial e a escassez de investimentos estrangeiros
no centro de convenções do Rio Centro. O governo, porém,
interferiram negativamente na economia interna.
não investigou devidamente o episódio.
Na área política, Geisel previu dificuldades crescentes
Na área econômica, a atuação do governo foi medío-
e custos políticos altíssimos para a corporação militar e
cre, os índices de inflação e a recessão aumentaram dras-
para o país, caso os militares permanecessem no poder
ticamente.
indefinidamente. Ademais, o MDB conseguiu expressiva No último ano do governo Figueiredo surgiu o movi-
vitória nas eleições gerais de novembro de 1974, con- mento das Diretas Já, que mobilizou toda a população em
quistando 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara defesa de eleições diretas para a escolha do próximo presi-
dos Deputados e as prefeituras da maioria das grandes dente da República. O governo, porém, resistiu e conseguiu
cidades. Por essa razão, o presidente iniciou o processo barrar a Lei Dante de Oliveira. Desse modo, o sucessor de
de distensão lenta e gradual em direção à abertura e à Figueiredo foi escolhido indiretamente pelo Colégio Elei-
redemocratização. toral, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Não obstante, militares radicais (denominados pe- Federal. Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral esco-
los historiadores como a “linha dura”), que controlavam lheu o deputado como novo presidente da República. Tan-
o sistema repressivo, ofereceram resistência à política de credo derrotou o deputado Paulo Maluf. Tancredo Neves,
liberalização. A ação desses militares gerou graves crises no entanto, adoeceu e morreu. Em seu lugar, assumiu o
institucionais e tentativas de deposição do presidente. vice-presidente. Texto adaptado de CANCIAN, R.
Os casos mais notórios de tentativas de desestabilizar
o governo ocorreram em São Paulo, quando morreram, O Golpe militar
sob tortura, o jornalista e o operário .
O conflito interno nas Forças Armadas, decorrente de Em 31 de março de 1964, tropas militares lideradas
divergências com relação à condução do Estado brasileiro, pelos generais Luís Carlos Guedes e Olímpio Mourão Fi-
esteve presente desde a tomada do poder pelos militares lho desencadeiam o movimento golpista. Em pouco tem-
até o fim da ditadura. po, comandantes militares de outras regiões aderiram ao
No entanto, Geisel conseguiu superar todas as ten- movimento de deposição de Jango. Em 1˚ de abril, João
tativas de desestabilização do seu governo. O golpe final Goulart praticamente abandonou a presidência, e no dia 2
contra os militares radicais foi dado com a exoneração do se exilou no Uruguai. O movimento conspirador que depôs
ministro do Exército, general Sílvio Frota. Jango da presidência da república reuniu os mais variados
setores sociais, desde as elites industriais e agrárias (em-
14
HISTÓRIA DO BRASIL
presários e latifundiários), banqueiros, Igreja Católica e os A Linha Dura: No governo estavam oficiais da linha
próprios militares, todos temiam que o Brasil caminhasse dura, e as ruas eram dominadas pelas greves dos ope-
para um regime socialista. O golpe militar não encontrou rários e movimentos estudantis. Neste clima se iniciou a
grande resistência popular, apenas algumas manifestações contravertida batalha entre o Estado e os manifestantes,
que foram facilmente reprimidas. Essa é uma questão im- que reivindicavam o fim do regime. Como consequência,
portante, pois os pesquisadores do tema ainda não apre- as liberdades individuais foram suprimidas e a Nação defi-
sentaram explicações satisfatórias, no sentido de entender nitivamente entrou em um processo de radicalização entre
porque a sociedade brasileira, que na época atravessava os militares e a oposição, que gerou o gradual fechamento
um período de dinamismo com o surgimento de movi- do regime, até culminar com o AI-5.
mentos sociais de variados tipos, manteve-se paralisada
sem oferecer resistência ao movimento golpista. Eleições de 1965: A lei eleitoral de 15 de julho de 1965
proibia a reeleição, assim, Magalhães Pinto e Carlos Lacer-
Rumo à ditadura da, não concorreram, ficando apenas apoiando seus candi-
datos da UDN. No entanto, em Minas Gerais venceu Israel
Pinheiro, do PSD e no Rio de Janeiro, Francisco Negrão de
Por razões óbvias, os militares chamam o movimen-
Lima, do PTB, o que foi visto como alarmante pelos seto-
to que depôs Jango de Revolução Redentora. Por outro
res “linha dura” do governo militar que se mobilizaram em
lado, na historiografia brasileira, o movimento de março
alterar mais uma vez a constituição para garantir a vitória
de 1964 é justificadamente denominado de Golpe Militar. dos políticos de situação. No dia 6 de outubro, o Presidente
O golpe pôs fim a primeira experiência de regime demo- da República encaminhou ao Congresso Nacional medidas
crático no país e encerrou com a fase populista. O regime para endurecer o regime, atribuindo ao governo militar
que se instaurou sobre a égide dos militares foi se radicali- mais poderes, restringindo a liberdade de expressão e ação
zando a ponto de se transformar numa ditadura altamente dos cassados, controlar o Supremo Tribunal Federal, acabar
repressiva que avançou sobre as liberdades políticas e os com o foro especial para os que exerceram mandato exe-
direitos individuais. Os generais se sucederam na presi- cutivo e estabelecendo eleições indiretas para Presidente
dência e governaram o país por 21 anos. da República. No dia 8 de outubro, Lacerda, na televisão,
chama Castelo Branco de traidor da revolução, rompe com
Castello Branco (1964/1966) o governo e renuncia à sua candidatura.
O Congresso Nacional ratificou a indicação do co- 1968 - Reações ao Regime: Em julho ocorreu a pri-
mando militar, e elegeu o Marechal Humberto de Alen- meira greve do governo militar, em Osasco. A linha dura,
car Castello Branco, chefe do Estado-Maior do Exército. representada entre outros por Aurélio de Lira Tavares, mi-
Como vice-presidente foi eleito o deputado pelo PSD José nistro do exército e Emílio Garrastazu Médici, chefe do SNI
Maria Alkimin, secretário de finanças do governo de Mi- começou a exigir medidas mais repressivas e combate às
nas Gerais, do governador Magalhães Pinto, que ajudou idéias consideradas subversivas. A repressão se intensificou
a articular o golpe. No dia 15 de abril de 1964, Castello e em 30 de agosto a Universidade Federal de Minas foi
Branco tomou posse. Em 17 de julho, sob a justificativa de fechada e a Universidade de Brasília invadida pela polícia.
que a reforma política e econômica planejada pelo gover- Em 2 de setembro, o deputado Márcio Moreira Alves, do
no militar poderia não ser concluída até 31 de janeiro de MDB, pronunciou discurso na Câmara convocando o povo
1966, quando terminaria o mandato presidencial inaugu- a um boicote ao militarismo e a não participar dos festejos
rado em 1961, o Congresso aprovou a prorrogação do seu de Independência do Brasil em 7 de setembro como forma
de protesto. O discurso foi considerado como ofensivo pe-
mandato até 15 de março de 1967, adiando as eleições
los militares e o governo encaminhou ao congresso pedido
presidenciais para 3 de outubro de 1966. Essa mudança
para processar deputado Márcio Moreira Alves, o que foi
fez com que alguns políticos que apoiaram o movimento
rejeitado na Câmara por 75 votos.
passassem a ser críticos do governo, a exemplo de Carlos
Lacerda, que teve sua pré-candidatura homologada pela O AI-5 e o Fechamento do Regime Militar: Para en-
UDN ainda em 8 de novembro de 1964. As cassações con- frentar a crise Costa e Silva editou, em 13 de dezembro de
tinuaram, superando 3.500 nomes em 1964, entre os quais 1968, o AI-5 que permitia ao governo decretar o recesso
o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que se exilou em Pa- legislativo e intervir nos estados sem as limitações da cons-
ris. Em seguida Castelo Branco baixou o AI-2, e o que era tituição, a cassar mandatos eletivos, decretar confisco dos
um simples movimento militar passou a se constituir num bens “de todos quantos tenham enriquecido ilicitamente”
regime, evoluindo para uma linha dura no comando do e suspender por 10 anos os direitos políticos de qualquer
general Costa e Silva em 1967. cidadão. Ou seja, apertou ainda mais o regime. O AC 38
decretou o recesso do Congresso por tempo indetermi-
nado. Foram presos jornalistas e políticos que haviam se
manifestado contra o regime, entre eles o ex-presiden-
te Juscelino Kubitschek, e ex-governador Carlos Lacerda,
além de deputados estaduais e federais do MDB e mesmo
15
HISTÓRIA DO BRASIL
da ARENA. Lacerda foi preso e conduzido ao Regimento Lista dos principais movimentos de direita e esquerda
Marechal Caetano de Farias, da Polícia Militar do Estado
da Guanabara, sendo libertado por estar com a saúde de- A esquerda
bilitada, após uma semana fazendo greve de fome. No dia - Mais de mil sindicatos de trabalhadores foram funda-
30 de dezembro de 1968 foi divulgada uma lista de políti- dos até 1964
cos cassados: 11 deputados federais, entre os quais Márcio - Surge o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT)
Moreira Alves. Carlos Lacerda teve os direitos políticos sus- - Pacto de Unidade e Ação (PUA aliança intersindical)
pensos. No dia seguinte, o presidente Costa e Silva falou - União Nacional dos Estudantes (UNE)
em rede de rádio e televisão, afirmando que o AI-5 havia - Ação Popular (católicos de esquerda)
sido não a melhor, mas a única solução e que havia salvado - Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb - reu-
a democracia e estabelecido a volta às origens do regime. nindo intelectuais de esquerda)
No início de 1969 Lacerda viajou para a Europa e, em - Frente de Mobilização Popular (FMP, liderada por
maio, seguiu para a África como enviado especial de O Es-
Leonel Brizola)
tado de São Paulo e do Jornal da Tarde. Em 16 de janeiro
- União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do
de 1969 foi divulgada nova lista de 43 cassados com 35
deputados, 2 senadores e 1 ministro do STF, Peri Constant Brasil
Bevilacqua. O regime militar estava se tornando uma dita- - Ligas camponesas
dura mais e mais violenta, a imprensa da época (Folha de - Organizações de luta contra o regime militar e pela
São Paulo) veladamente afirmava que o AI-5 foi o “golpe instalação do regime comunista (inclusive surgidas após o
dentro do golpe”, expressão esta que acabou virando cha- golpe)
vão entre a população. - Ação Libertadora Nacional (ALN)
- Comando de Libertação Nacional (COLINA)
A Emenda Constitucional: No dia 17 de outubro, foi - MNR
promulgada pela junta militar a Emenda Constitucional nº - Molipo
1, incorporando dispositivos do AI-5 à constituição, estabe- - Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8]
lecendo o que ficou conhecido como Constituição de 1969. - PCB
Em 25 de outubro, Médici e Rademaker foram eleitos pelo - PCBR
Congresso por 293 votos, havendo 76 abstenções, corres- - Partido Operário Comunista (POC)
pondentes à bancada do MDB. O novo presidente tomou - POLOP
posse no dia 30 de novembro. - VAR-Palmares
- Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Após o Golpe de 1964: Logo após o golpe de 1964,
em seus primeiros 4 anos, a ditadura foi endurecendo e A direita
fechando o regime aos poucos. O período compreendido - Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES)
entre 1968 até 1975 foi determinante para a nomenclatura - Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad)
histórica conhecida como “anos de chumbo”. Dezoito mi- - Campanha da Mulher pela Democracia (Camde, fi-
lhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições im- nanciada pelo Ipes)
postas por seguidos Atos Institucionais que ignoravam e
- União Cívica Feminina (UCF, sob orientação do Ipes)
cancelavam a validade da Constituição Brasileira, criando
- Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas
um Estado de exceção, suspendendo a democracia. Que-
(Adce, ligada ao Ipes)
rendo impor um modelo sócio, político e econômico para
- Movimento Anticomunista (MAC, formado por uni-
o Brasil, a ditadura militar, no entanto, tentou forjar um am-
biente democrático, e não se destacou por um governante versitários)
definido ou personalista. Durante sua vigência, a ditadura - Frente da Juventude Democrática (formada por estu-
militar não era oficialmente conhecida por este nome, mas dantes anticomunistas radicais)
pelo nome de “Revolução” - os golpistas de 1964 sempre - Comando de Caça aos Comunistas (o famoso CCC
denominaram assim seu feito - e seus governos eram con- que era formado por estudantes anticomunistas radicais)
siderados “revolucionários”. A visão crítica do regime só co- - Esquadrões da Morte (formados por policiais para o
meçou a ser permitida a partir de 1974, quando o general assassinato de opositores)
Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da
vida sócio-política do país. A Invasão da UNE: Em Ibiúna, São Paulo, realizou-se
em 12 de outubro de 1968 o trigésimo congresso da UNE.
Bipolarização: Durante a eclosão do golpe de 1964 A polícia invade a reunião e prende 1240 estudantes, mui-
havia duas correntes ideológicas no Brasil, sendo uma de tos são feridos, alguns gravemente; quando levados para
esquerda e outra de direita. Aquelas correntes tinham mo- a prisão são torturados e muitas moças abusadas sexual-
vimentos populares de ambas facções, acredita-se finan- mente pelos policiais. Aqueles que tentam protestar contra
ciados com capital externo. Além da polarização, existia a violência são espancados e humilhados publicamente, os
também um forte sentimento antigetulista, dizem alguns familiares que tentam entrar com habeas-corpus são ficha-
motivador do movimento militar que derrubou Jango. dos pelo SNI e ameaçados pelas forças de segurança.
16
HISTÓRIA DO BRASIL
Alguns pais, por serem funcionários de instituições melhorar os salários, diminuir a concentração de renda e
públicas, perdem seus empregos e são perseguidos pelas recuperar o sistema público de saúde e educação, ou im-
forças de repressão; alguns repórteres que presenciaram os plementava reformas políticas que criassem canais para
espancamentos têm seus equipamentos destruídos pelos que o descontentamento popular pudesse se manifestar,
policiais, sendo dada ordem para nada ser publicado ou desde que preservada a estabilidade política, ou seja, os
divulgado pelos meios de comunicação. interesses essenciais das elites econômicas e políticas. Ora,
era óbvio que a elite empresarial, base de apoio do gover-
Criação do Conselho Superior de Censura: Em fun- no, não iria admitir alterações no modelo econômico. No
ção dos acontecimentos que estão por atropelar a histó- decorrer da década de 1964 - 1974, ele fora responsável
ria, é criado no dia 22 de novembro de 1968 o Conselho pelo espetacular enriquecimento dessa fração da socieda-
Superior de Censura, cuja função é centralizar e coordenar de brasileira. A elite econômica, a partir daquele momento,
as ações dos escritórios de censura espalhados pelo país. passou a lutar com unhas e dentes para preservar essa for-
Começa a haver vazamentos de dados e informações para ma de produzir riqueza e miséria em larga escala: o mode-
órgãos de direitos humanos internacionais, sendo portanto lo econômico brasileiro. Em resumo, a “abertura política”
urgente a interrupção de toda e qualquer informação de visava realizar mudanças graduais no sistema político para
eventos que possam ocasionar algum tipo de protesto da atingir dois objetivos simultâneos. Primeiro, transferir o
opinião pública internacional e o espalhamento de notícias poder aos civis que apoiaram o golpe de 1964. Segundo,
indesejáveis em território nacional. Também são criados tri- manter o selvagem sistema de acumulação capitalista cria-
bunais de censura, com a finalidade de julgar rapidamente do pelos militares e pelos grupos econômicos dominantes.
órgãos de comunicações que porventura burlem a ordem
estabelecida, com seu fechamento imediato em caso de A Vitória da Oposição nas Eleições de 1974: O pri-
necessidade institucional. meiro desafio que Geisel teve de enfrentar foram as elei-
ções legislativas de novembro de 1974. Convencido de
A estratégia política do governo Geisel: Tratava-se que a Arena tinha os melhores candidatos, certo de que o
da já referida “abertura lenta, gradual e segura” idealizada MDB era fraco e sem lideranças de expressão, decidiu dar
por Golbery. Lenta e gradual, para os militares não perde- os primeiros passos ruma à liberalização política. Permitiu
rem o controle do processo. Segura, para evitar que as for- uma relativa liberdade de expressão durante a campanha
ças políticas derrubadas em 1964 voltassem ao poder. Seria eleitoral. Os candidatos puderam ir à televisão, expor e de-
muito simplismo, entretanto, supor que a “abertura” tenha bater suas idéias. A campanha da oposição centrou-se na
sido planejada e implementada só por essa razão. Outros denúncia da injustiça social, da falta de liberdades públicas
motivos foram decisivos para a sua adoção. Em primeiro e da excessiva abertura da economia ao capital estrangeiro.
lugar, Geisel e seu grupo tinham perfeita consciência de A vitória do MDB foi esmagadora: dobrou a representação
que a situação do país, especialmente a econômica, torna- na Câmara Federal, triplicou a representação no Senado e
ra-se complicada. As crescentes dificuldades econômicas assumiu o controle das Assembleias Legislativas nos Esta-
decorrentes do colapso do “milagre”, descritas anterior- dos mais importantes do país. O governo ficou preocupado
mente, geravam focos de descontentamento entre setores diante do resultado das eleições. No decorrer dos anos de
empresariais, classes médias e operariado. O novo governo 1975 e 1976, nada tinha aparecido de novo na esfera políti-
sabia que manter uma ditadura num quadro de crescimen- ca e econômica que desse a Geisel a esperança de alcançar
to econômico e relativa prosperidade era muito diferente um resultado melhor nas eleições para o governador de
de mantê-la numa situação de crise econômica. A falta de 1978. Muito pelo contrário. A indignação e revolta contra
liberdade política aliada à queda nos lucros e à grave crise a situação política e econômica aumentaram ainda mais.
social era uma combinação perigosa, que poderia fazer ex-
plodir o sistema político, com consequências imprevisíveis O Governo se prepara para as Eleições de 1978: O
para o interesse dominantes. Pacote de Abril
Em segundo lugar, os militares sabiam que as medi-
das econômicas para enfrentar a crise seriam impopulares No início de 1977, no dia 1º de abril, Geisel recorreu
e provocariam descontentamentos, inclusive entre podero- ao AI-5. Fechou o Congresso e outorgou o Pacote de Abril.
sos grupos econômicos. Havia o temor de que o desgaste Entre as principais medidas desse conjunto de decretos, es-
que o governo iria sofrer com essas medidas atingisse o tava a adoção de maioria simples para realizar reformas na
Exército. Os fracassos do governo se confundiriam com os Constituição (o governo não controlava mais dois terços
do Exército. Para esse grupo de militares liderados por Gei- do Congresso). Além disso, determinavam que os governa-
sel, afastar-se, o mais rápido possível, do Executivo era uma dores de Estado e um terço dos senadores fossem eleitos
forma de preservar a instituição e evitar a sua desmoraliza- indiretamente por um colégio eleitoral estadual, composto
ção e desgaste perante a nação. Isso, pensavam, seria o fim, inclusive por vereadores. Essas medidas garantiam a vitó-
pois para eles o Exército e o conjunto das Forças Armadas ria da Arena na eleição para governadores. Os estados do
eram os principais pilares da República. Diante desses pro- Norte e Nordeste, controlados pela Arena, teriam direito
blemas havia, pelo menos, duas alternativas. Ou o gover- a um número maior de deputados, comparativamente aos
no reorientava a economia visando atenuar a crise social, estados do Sul e do Sudeste. Isso porque foi estabelecido
17
HISTÓRIA DO BRASIL
um número mínimo e um número máximo de deputados Até um filho de general foi preso sem que ele pudesse
federais por estado, prejudicando os estados mais populo- fazer nada a respeito. Dez líderes sindicais foram detidos e
sos e importantes. Por fim, a Lei Falcão (nome do ministro torturados no Rio de Janeiro. A Igreja e a OAB tinha entra-
da Justiça da época, Armando Falcão) determinava que os do com um pedido de informações ao governo a respeito
candidatos não poderiam se manifestar, nem no rádio nem do paradeiro de 22 suspeitos que foram presos e haviam
na televisão, durante a campanha eleitoral. Em síntese, tais desaparecido. O governo, simplesmente, não sabia infor-
reformas visaram garantir a vitória da Arena nas eleições de mar onde eles se encontravam.
1978, o que acabou ocorrendo. Apesar das medidas auto-
ritárias, o governo não tinha desistido de seu projeto de li- A Morte de Herzog e de Manoel Fiel Filho
beralização. Em outubro de 1978, no final do seu mandato,
Geisel impôs ao Congresso, e a Arena aprovou, a Emenda Em outubro de 1975, um jornalista que trabalhava na
Constitucional nº 11. TV-Cultura de São Paulo ficou sabendo que o DOI-Codi
estava a sua procura e se apresentou espontaneamente
ao QG do II Exército para prestar depoimento. Foi ime-
A Abertura Política Avança: O Fim do AI-5
diatamente preso, interrogado e torturado até a morte.
Na versão do comando do II Exército, o jornalista havia se
Ela extinguiu o AI-5, principal instrumento jurídico da
suicidado na cela, enforcando-se com o próprio cinto. A
ditadura militar. O Executivo já não tinha poder legal de repercussão foi enorme, pois acabava de ser assassinado
fechar o Congresso, cassar mandatos e direitos políticos. O um membro da elite cultural paulista. A Igreja, a OAB, estu-
habeas-corpus foi restaurado e a censura prévia, ao rádio dantes e professores das principais universidades paulistas
e à televisão, abolida. A pena de morte e a de prisão per- marcaram atos de protesto e cobraram do governo um es-
pétua foram extintas. Foi restaurada a independência do clarecimento para o caso. O fato era uma desmoralização
Judiciário. No lugar do AI-5, foram criadas as medidas de para Geisel, pois contrariava a sua promessa de liberaliza-
emergência, o estado de sítio e o estado de emergência, ção. Ficava evidente que o governo não tinha controle so-
que, no conjunto, davam ao Executivo alguns poderes per- bre seus organismos de segurança. Em janeiro, o operário
didos com a extinção do AI-5. metalúrgico e ativista sindical Manoel Fiel Filho, que vinha
No final de 1978, foram revogados os decretos de ba- sendo torturado havia dias nas dependências do DOI-Codi,
nimento de mais de 120 exilados políticos. Muitos políticos em São Paulo, também perdeu a vida em virtude das bru-
de expressão, entretanto, ficaram fora dessa lista, entre eles talidades que sofreu. Na versão do comando do II Exército,
Leonel Brizola e Luís Carlos Prestes, que continuavam proi- tratava-se de outro suicídio. Geisel, que defendera o co-
bidos de voltar ao país. Pode parecer paradoxal a sucessão mandante do II Exército por ocasião da morte de Herzog,
de medidas autoritárias e liberalizantes adotadas por Gei- sentiu-se traído, pois era evidente que aqueles cadáveres
sel. Na verdade, não havia contradição alguma nessa estra- estavam sendo “colocados sobre sua mesa” com a única
tégia. O presidente estava empenhado em dar andamento intenção de criar problemas para o seu projeto de abertura.
à abertura política. Mas ele não admitia perder o controle Era um desafio aberto à sua autoridade. Ele tomou, então,
sobre esse processo. Daí as medidas de caráter autoritário. uma atitude rápida e ousada, afastando o comandante do
Elas sempre foram introduzidas para dar ao governo condi- II Exército, Ednardo d’Ávila, sem consultar o Alto Coman-
ções de conduzir o processo, na sequência e na velocidade do das Forças Armadas, como era comum nesses casos.
que julgava apropriadas. Depois confessou que o fez não porque Ednardo estives-
se envolvido com a tortura ou mortes, mas, sim, porque
Os Obstáculos à Estratégia do Governo: Apesar de ele não tinha controle sobre alguns oficiais comandados
por ele. A aprovação do Alto Comando à decisão de Geisel
Geisel ter sido bem-sucedido na implementação de seu
mostrou que ele contava com um enorme apoio dentro do
programa político, não foram poucos os obstáculos que
Exército. A partir desse momento, a linha-dura passou para
teve de remover para atingir seus objetivos. Havia, basica-
a defensiva. Se o comandante do II Exército podia “cair” por
mente, duas forças de oposição ao seu projeto de liberali- desafiar a autoridade presidencial, o que poderia acontecer
zação. A primeira, e mais poderosa, estava no interior das com oficiais de patentes inferiores?
próprias Forças Armadas. Era a linha-dura, que comandava
os organismos de repressão montados durante o governo O Renascimento do Movimento Operário e Sindical
Médici. A segunda, bem menos poderosa, era composta
por algumas organizações da sociedade civil. A repressão que se seguiu ao golpe de 1964 pratica-
mente eliminou toda uma geração de dirigentes e ativistas
A Resistência Militar à Abertura Política: As primei- sindicais. Nos anos seguintes, uma nova geração de ope-
ras dificuldades de Geisel com a linha-dura começaram a rários, sem sólidas vinculações partidárias, começou a re-
aparecer logo depois da derrota eleitoral do governo nas tomar as lutas trabalhistas reorganizar os sindicatos. Esse
eleições de 1974. Para esse grupo, a derrota ocorreu por processo ocorreu com maior rapidez no “centro nervoso”
causa do PCB, que, apesar de estar na ilegalidade, desen- da indústria brasileira, o setor automobilístico sediado no
volvia intensa atividade política. Iniciou-se uma ampla cam- ABCD paulista. A retomada da luta sindical ganhou gran-
panha de perseguição aos comunistas. Inúmeros suspeitos de impulso nessa região em 1977. Nesse ano, tornou-se
de ligações com o partido foram presos e desapareceram. pública e inquestionável a falsificação ocorrida no índice
18
HISTÓRIA DO BRASIL
da inflação de 1973, quando Delfim Netto era ministro da Os planos de Simonsen e sua queda: Simonsen as-
Fazenda. Economista competente e muito hábil com os sumiu dizendo que o Brasil não poderia mais crescer no
números, Delfim estabeleceu em 15% a inflação de 1973. mesmo ritmo. Crescimento significava aumento das im-
Entretanto, os números do Banco Mundial sobre a econo- portações e obtenção de mais empréstimos. O país, entre-
mia brasileira não batiam com esse índice. Depois de refa- tanto, não tinha condições de importar mais nem contrair
zer várias vezes os cálculos, os técnicos do Banco Mundial novos empréstimos. O Brasil tinha de se preparar para cres-
chegaram à conclusão de que a inflação de 1973 não po- cer menos e começar a pagar seus compromissos externos.
deria ser inferior a 22,5%. Esse índice, projetado nos anos Os grandes bancos internacionais aplaudiram o diagnósti-
seguintes, representava uma perda de, aproximadamente, co do ministro. Os empresários brasileiros, não. Diante da
34% nos salários dos trabalhadores. O sindicato dos Meta- perspectiva de queda nas vendas, falta de crédito e falên-
lúrgicos de São Bernardo, por iniciativa de seu presidente,
cias, começaram a criticar o ministro e, em cinco meses,
Luís Inácio da Silva, conhecido por “Lula”, baseado nos da-
mais precisamente em agosto de 1979, ele caiu. Depois
dos do Banco Mundial, começou uma campanha exigindo
a reposição daquela enorme perda salarial. O governo e que foi afastado, Mário Henrique Simonsen arrumou um
os empresários reconheciam a fraude, mas não aceitavam bom emprego no First National City Bank of New York, um
repor a perda. Depois de sete meses de negociações, já no dos maiores bancos norte-americanos e um dos principais
início da campanha salarial, em maio de 1978, as greves credores do Brasil.
explodiram na indústria automobilística do ABCD paulista.
Depois se propagaram por todo o país. Meio milhão de Delfim Netto e as Promessas de um Novo “Mila-
trabalhadores fizeram greve nesse ano. Em 1979 as parali- gre”: Delfim Netto saiu da reserva e, finalmente, foi esca-
zações atingiram mais de três milhões de assalariados. lado como titular, comandando o poderoso Ministério do
Planejamento. Missão: reeditar o “milagre econômico”. Mas
A Sucessão do General Geisel a dura realidade mostrou que a sua capacidade milagrosa
declinava à exata medida que escasseavam os recursos ex-
Apesar das dificuldades, Geisel continuava a conduzir ternos.
com firmeza os planos para fazer o seu sucessor. Quan-
do ele foi indicado, nem a linha-dura nem o partido de A Continuidade da Abertura Política: Apesar de per-
oposição, o MDB, aceitaram. A linha-dura tinha seu próprio manecer o traço anti-popular das medidas econômicas,
candidato, mas Geisel se encarregou de neutralizá-lo, con- no campo político as mudanças continuavam. O projeto
seguindo transformar Figueiredo no candidato oficial do de abertura política dava novos passos, todos eles mili-
Exército. O MDB, por sua vez, não concordava com a forma metricamente planejados e programados pelo “mago” do
pela qual o presidente era escolhido. O partido resolveu, regime, Golbery do Couto e Silva. A estratégia do minis-
então, lançar um candidato próprio para concorrer com tro tinha etapas muito bem determinadas. O plano con-
Figueiredo no Colégio Eleitoral. Foi escolhido um outro
sistia na realização, em sequência, das seguintes reformas:
general, de coloração nacionalista e defensor da redemo-
anistia a todos os presos e exilados políticos, reformula-
cratização, Euler Bentes Monteiro. Como a maior parte do
ção partidária (fim da Arena e do MDB), restauração das
Colégio Eleitoral era composta pela Arena, fiel seguidora
das determinações do Exército, o candidato oficial acabou eleições diretas (para governadores e depois para prefeitos
vencendo, em outubro de 1978, por 355 a 266 votos. das capitais), convocação de uma Constituinte, que seria o
coroamento do processo de “redemocratização” do país.
Governo Figueiredo (Março-1979 / Março-1985) O sucessor de Figueiredo ainda seria escolhido indireta-
mente. Só ao final de seu mandato é que seriam realizadas
No momento em que o movimento operário e sindical eleições diretas para presidente. Por que essa sequência e
retomava as suas lutas, ocorria a sucessão do presidente não outra? Simplesmente porque Golbery sabia que a mi-
Geisel. João Baptista Figueiredo era integrante do seu gru- séria crescente do povo e o descontentamento da classe
po e estava decidido a dar continuidade à estratégia da média, em virtude da crise econômica, produziram uma gi-
abertura política que Geisel havia iniciado. gantesca derrota eleitoral do regime nas eleições marcadas
para 1982, se fosse mantido o bipartidarismo. Se a oposi-
Economia e Política Econômica: As dificuldades eco- ção permanecesse unida ao MDB, esse partido receberia
nômicas que o governo Figueiredo teve de enfrentar eram os votos da massa descontente e a oposição assumiria o
tremendas. Os operários já não aceitavam ser esfolados. controle do Congresso, criando problemas para o governo
Setores empresariais reclamavam do avanço da estatiza- na continuidade das reformas políticas. A ideia que estava
ção. A dívida externa tirava a capacidade de o governo in- por trás da anistia e da formalização partidária era simples
vestir e sustentar o ritmo de crescimento. O preço do pe- e eficaz: dividir a oposição e, assim, enfraquecê-la.
tróleo jogava os gastos com importações nas alturas. Para
administrar essa situação, o comando da área econômica Anistia: Com a anistia, retornaram ao Brasil lideran-
foi entregue a Mário Henrique Simonsen, nomeado minis- ças políticas de expressão nacional, como Leonel Brizola,
tro do Planejamento. Delfim foi trazido de volta da França e Miguel Arraes, Francisco Julião, Luís Carlos Prestes, Márcio
destacado para o Ministério da Agricultura. Ficou de pron- Moreira Alves, o pivô da crise que precipitou o AI-5, e de-
tidão, esperando uma falha de Simonsen. mais líderes do PCB e do PC do B (na ilegalidade)
19
HISTÓRIA DO BRASIL
Reformulação Partidária: O retorno desses líderes em 1980. No final desse ano e no início de 1981, bombas
acendeu o debate político no país e contribuiu para que começaram a explodir em bancas de jornal que vendiam
fosse montado um novo quadro político partidário. Em no- periódicos considerados de esquerda (Jornal Movimento,
vembro de 1979, o Congresso aprovou a lei de reformula- Pasquim, Opinião etc.). Uma carta-bomba foi enviada à
ção partidária. A Arena foi extinta, e seus integrantes for- OAB e explodiu nas mãos de uma secretária, matando-a.
mariam dois partidos: o PDS (Partido Democrático Social) Havia desconfianças de que fora uma ação do DOI-Codi,
e o PP (Partido Popular). Esses partidos representavam o mas nunca se conseguiu provar nada.
grande empresariado, os grandes proprietários de terras e
os banqueiros. A maioria dos políticos do extinto MDB fica- O Caso Riocentro
ram juntos e criaram o PMDB (Partido do Movimento De-
mocrático Brasileiro). Alguns dos seus integrantes entraram Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro
no partido que Brizola estava organizando, o PTB. A Justiça durante a realização de um show de música popular. Dele
Eleitoral, por determinação de Golbery, impediu que a si- participavam inúmeros artistas considerados de esquerda
gla PTB fosse entregue a Brizola. Ele, então, fundou o PDT pelo Regime. Quando as primeiras pessoas, inclusive fo-
(Partido Democrático Trabalhista). A sigla PTB foi entregue tógrafos, se aproximaram do local da explosão, depara-
a Ivete Vargas, que organizou o partido com políticos que ram com uma cena dramática e constrangedora. Um carro
vieram da Arena e do MDB. O PMDB e PDT representavam esporte (Puma) estava com os vidros, o teto e as portas
o pequeno e o médio empresariado, que não foram tão fa- destroçados. Havia dois homens no seu interior, reconhe-
vorecidos pelo “milagre econômico”, setores da classe mé- cidos posteriormente como oficiais do Exército ligados ao
dia, profissionais liberais, grupos nacionalistas. O novo PTB, DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do passageiro,
por sua vez, não tinha semelhança com o antigo partido estava morto, praticamente partido ao meio. A bomba ex-
getulista. Era um partido que tendia a votar sempre com plodira na altura de sua cintura. O motorista, um capitão,
o PDS e o PP, dando assim sustentação ao regime militar estava vivo, mas gravemente ferido e inconsciente. O Exér-
e às elites que assumiram o poder em 1964. Correndo por cito abriu um Inquérito Policial-Militar para apurar o caso
fora desse processo, surgiu, em outubro de 1979, o PT. O e, depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de
PT resultou da convergência de três forças sociais que não depoimentos, concluiu que a bomba havia sido colocada
reconheciam os políticos tradicionais como porta-vozes de ali, dentro do carro e sobre as pernas do sargento do Exér-
seus interesses: liderança sindical, que emergiu com as gre- cito, por grupos terroristas. Essa foi a conclusão da Justiça
ves de 1978, principalmente no ABCD; movimentos sociais, Militar, e o caso foi encerrado.
como as sociedades amigos de bairro, as comunidades
eclesiais de base, movimento dos sem-terra; ex-militantes
A campanha das Diretas-já
de grupos da esquerda clandestina, setores da classe mé-
dia empobrecida, profissionais liberais e trabalhadores do
As eleições de 1982, como dissemos, provocaram um
setor de serviços. A ideia da criação do PT surgiu no ABCD,
clima de euforia na oposição, pois ela fora muito bem vo-
e desde o início Lula tornou-se um dos seus principais lí-
tada, em especial o PMDB. Esse fortalecimento da oposi-
deres.
ção acabou motivando o deputado Dante de Oliveira, do
PMDB, a propor, em janeiro de 1983, uma emenda consti-
Eleições Diretas
tucional restaurando as eleições para presidente da Repú-
Em novembro de 1980, foram restauradas as eleições blica em 1984. A iniciativa do deputado passou, a princípio,
diretas para governador. Realizadas as eleições, as previ- despercebida. Entretanto, progressivamente, sua proposta
sões do estrategista do regime se confirmaram. Apesar de foi ganhando adesões importantes. Em março, o jornal
a oposição (PMDB, PDT e PT) ter recebido a maioria dos Folha de S. Paulo resolveu, em editorial, apoiar a emenda
votos e eleito governadores de estados importantes (Mon- para as diretas. Em junho, reuniram-se no Rio de Janeiro
toro, em São Paulo; Brizola, no Rio de Janeiro; Tancredo os governadores Franco Montoro e Leonel Brizola, mais o
Neves, em Minas Gerais), o PDS conseguiu obter maioria líder do PT, Luís Inácio da Silva, para discutir como os par-
no Congresso (Câmara e Senado) e no Colégio Eleitoral, tidos políticos de oposição poderiam agir para aprovar a
que deveria eleger o sucessor de Figueiredo em 1984. Os emenda das diretas. Vários governadores do PMDB assi-
militares conseguiam assim criar as condições que garan- naram um manifesto de apoio. O PT e entidades da socie-
tiam a continuidade da abertura nas sequências e no ritmo dade civil de São Paulo convocaram uma manifestação de
que desejavam, bem como a transferência do poder aos apoio à eleição direta. Ela reuniu cerca de 10.000 pessoas.
civis de sua confiança. A campanha começava a ganhar as ruas. A seguir, ocorre-
ram manifestações em Curitiba (40.000 pessoas), Salvador
A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo (15.000 pessoas), Vitória (10.000 pessoas), novamente em
São Paulo (200.000 a 300.000 pessoas). Em fevereiro de
Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de en- 1984, Ulisses Guimarães (PMDB), Lula (PT) e Doutel de An-
frentar resistência da linha-dura às reformas políticas que drade (PDT) saíram em caravana pelo Brasil, fazendo comí-
estavam em andamento. As primeiras manifestações dos cios nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Lula
grupos que estavam descontentes com a abertura vieram começava a se firmar como liderança nacional. A campanha
20
HISTÓRIA DO BRASIL
ganhava força. Novas manifestações ocorreram no Rio de de políticos do Nordeste liderado por José Sarney e Marco
Janeiro, Belém, Belo Horizonte (250.000 pessoas). No dia 10 Maciel. Com a aproximação da convenção do PDS, Paulo
de abril de 1984, foi convocada uma manifestação no Rio Maluf, com seu estilo autoritário, arrivista e arrogante, tinha
de Janeiro, com o apoio de Brizola, que reuniu na praça da grandes chances de conseguir a indicação.
Candelária cerca de 1 milhão de pessoas. Era a maior ma- O Surgimento da Frente Liberal: José Sarney, Marco
nifestação pública realizada em toda a história do país até Maciel, Antônio Carlos Magalhães e aliados já se sentiam
aquela data. No dia 16 realizada no Anhangabaú, em São derrotados do PDS. Estavam também convencidos de que
Paulo, uma manifestação que quebrou o recorde do Rio. teriam pouca influência em um possível governo malufis-
Reuniu mais de 1,7 milhão de pessoas. Não havia dúvida. ta. Criaram, então, a Frente Liberal, embrião do futuro PFL
O povo brasileiro queria votar para presidente. O governo (Partido da Frente Liberal).
era contra. Figueiredo aparecia na televisão dizendo que
a eleição seria indireta. O governador da Bahia, Antônio O Surgimento da Aliança Democrática
Carlos Magalhães, Mário Andreazza (ministro dos Trans-
A Frente Liberal aliou-se ao PMDB, compondo uma
portes de Figueiredo), Paulo Maluf, José Sarney, todos do
frente política para derrotar Maluf no Colégio Eleitoral.
partido do governo, o PDS, faziam de tudo para evitar que
Surgiu a Aliança Democrática, que apoiou a chapa Tan-
a campanha produzisse efeito no Congresso. Mário An-
credo Neves (presidente), pelo PMDB, e José Sarney (vi-
dreazza, Paulo Maluf e Sarney disputavam a indicação pelo ce-presidente), pela Frente Liberal. Enquanto Maluf repre-
PDS como candidatos a presidente no Colégio Eleitoral. sentava uma fração de elite econômica paulista, o leque
As emissoras de televisão, principalmente a Rede Globo, de forças políticas que sustentavam a Aliança Democrática
tentaram ignorar as manifestações públicas. Quem só se era muito maior. Ela juntava o maior partido de oposição,
informava pelo Jornal Nacional teve a impressão de que a o PMDB, lideranças de Minas Gerais e as principais ex-
campanha das diretas surgiu do nada. Quando as manifes- pressões políticas conservadoras dos estados nordestinos.
tações de rua superaram 1 milhão de pessoas, até a Globo Além disso, tais lideranças, como José Sarney e Antônio
teve de dar a notícia. Carlos Magalhães, eram políticos da confiança de Ro-
Finalmente, no dia 25 de abril de 1984, ocorreu a vota- berto Marinho, proprietário da Rede Globo de Televisão.
ção da emenda Dante de Oliveira. Foi derrotada. Faltaram Ou seja, o apoio desses políticos à candidatura Tancredo
22 votos para atingir os dois terços necessários. Da ban- trouxe junto o apoio da Rede Globo. Maluf estava derro-
cada do PDS, 112 deputados não compareceram ao Con- tado. Alguns militares acusaram os dissidentes do PDS,
gresso, contrariando a vontade popular, que se manifestara que formaram a Frente Liberal, de traidores. Tiveram como
de forma cristalina nas ruas. Um profundo sentimento de resposta que traição era apoiar um corrupto como Maluf.
frustração e impotência tomou conta do país. O Congres- Entre xingamentos e agressões verbais, os meses finais de
so Nacional, que deveria expressar a vontade da nação, na 1984 expiraram.
verdade, agia de acordo com a vontade e as conveniên-
cias políticas de uma elite minoritária, mas que dominava
o país. O poder dessa elite advinha da força econômica, do 4. A ABERTURA POLÍTICA E A
controle que mantinha sobre o PDS, sobre vários políticos REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
oportunistas e do comando que detinha dos meios de co-
municação, especialmente das emissoras de televisão.
21
HISTÓRIA DO BRASIL
Por caminhos tortuosos, o presidente acabou saindo Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de irregularidades.
mesmo do PDS. Por uma dessas ironias da história, os mili- Logo depois, a revista “ISTOÉ” publicou uma entrevista de
tares tiveram de entregar o poder ao homem que, dias an- Eriberto França, motorista da secretária de Collor, Ana Acio-
tes, acusou de traidor. Hostilidades pessoais à parte, a tran- li. Ele confirmou que as empresas de PC faziam depósitos
sição completou-se e, apesar das dificuldades, foi coroada com regularidade nas contas fantasmas movimentadas pela
de sucesso, pois o poder voltou às mãos dos civis, mas dos secretária. Essas informações atingiram diretamente o Pre-
civis confiáveis, daqueles que não representavam ameaça sidente.
aos interesses enraizados no decorrer de 20 anos de regime
militar. - Impeachment - Surgiram manifestações popula-
res em todo o país. Os estudantes organizaram diversas
Collor passeatas pedindo o Impeachment do Presidente. Depois
de um penoso processo de apuração e confirmação das
Primeiro governo civil brasileiro, eleito por voto direto acusações e da mobilização de amplos setores da socie-
desde 1960. Foi também o primeiro escolhido dentro das dade por todo o país, o Congresso Nacional, pressiona-
regras da Constituição de 1988, com plena liberdade par- do pela população, votou o impeachment (impedimento)
tidária e eleição em dois turnos. Collor, ex-governador de presidencial. Primeiramente, o processo foi apreciado na
Alagoas, político jovem e com amplo apoio das forças con- Câmara dos deputados, em 29 de setembro de 1992, e,
servadoras, derrotou no segundo turno da eleição, Luiz Iná- depois, no Senado Federal, em 29 de dezembro de 1992.
cio “Lula” da Silva, migrante nordestino, ex-metalúrgico e O Parlamento decidiu afastar Collor do cargo de Presiden-
destacado líder da esquerda. Entre suas promessas da cam- te da República e seus direitos políticos são cassados por
panha estão a moralização da política e o fim da inflação. oito anos. Foi também denunciado pela Procuradoria-Ge-
Para as elites, ofereceu a modernização econômica do país ral da República pelos crimes de formação de quadrilha e
consoante a receita do neoliberalismo. Prometeu a redução de corrupção. Itamar Franco assumiu a presidência após
do papel do Estado, a eliminação dos controles burocráticos o Impeachment de Fernando Collor de Mello de forma
da política econômica, a abertura da economia e o apoio interina entre outubro e dezembro de 92, e em caráter
às empresas brasileiras para se tornarem mais eficientes e definitivo em 29 de dezembro de 1992. O Brasil vivia um
competitivas perante a concorrência externa. Plano Collor - dos momentos mais difíceis de sua história: recessão pro-
No dia seguinte ao da posse, ocorrida em 15 de março de longada, inflação aguda e crônica, desemprego, etc. Em
1990, o Presidente lançou seu programa de estabilização, o meio a todos esses problemas e o recém Impeachment de
plano Collor, baseado em um gigantesco e inédito confisco Fernando Collor de Mello, os brasileiros se encontravam
monetário, congelamento temporário de preços e salários e em uma situação de descrença geral nas instituições e de
reformulação dos índices de correção monetária. Em segui- baixa autoestima. O novo presidente se concentrou em ar-
da, tomou medidas duras de enxugamento da máquina es- rumar o cenário que encontrara. Itamar procurou realizar
tatal, como a demissão em massa de funcionários públicos uma gestão transparente, algo profundamente almejado
e a extinção de autarquias, fundações e empresas públicas. pela sociedade brasileira. Para fazer uma gestão tranqui-
Ao mesmo tempo, anunciou providências para abrir a eco- la, sem turbulências, procurou o apoio de partidos mais à
nomia nacional à competição externa, facilitando a entrada esquerda. Em Abril de 1993, cumprindo com o previsto na
de mercadorias e capitais estrangeiros no país. Os planos de Constituição, o governo fez um plebiscito para a escolha da
modernização econômica e de reforma administrativa são forma e do sistema de governo no Brasil. O povo decidiu
bem recebidos, em geral. As elites políticas e empresariais manter tudo como estava: escolheu a República (66% con-
apoiaram a desregulamentação da economia e a redução tra 10% da Monarquia) e o Presidencialismo (55% contra
da intervenção estatal no setor. 25% do Parlamentarismo). No governo de Itamar Franco foi
Mas já em 1991 as dificuldades encontradas pelo plano elaborado o mais bem-sucedido plano de controle inflacio-
de estabilização, que não acabou com a inflação e aumen- nário da Nova República: o Plano Real. Montado pelo seu
tou a recessão, começaram a minar o governo. Circulam Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o plano
suspeitas de envolvimento de ministros e altos funcionários visava criar uma unidade real de valor (URV) para todos os
em uma grande rede de corrupção. Até a primeira-dama, produtos, desvinculada da moeda vigente, o Cruzeiro Real.
Rosane Collor, dirigente da LBA, foi acusada de mal uso do Desta forma, cada URV correspondia a US$ 1. Posterior-
dinheiro público e de favorecimento ilícito a seus familia- mente a URV veio a ser denominada “Real”, a nova moeda
res. As suspeitas transformaram-se em denúncias graças brasileira. O Plano Real foi eficiente, já que proporcionou o
a uma intensa campanha da imprensa. Em 25 de abril de aumento do poder de compra dos brasileiros e o contro-
1992, Pedro Collor, irmão do Presidente, deu uma explosi- le da inflação. Mesmo tendo sofrido as consequências das
va entrevista à revista “Veja”. Nela, falou sobre o “esquema investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
PC” de tráfico de influência e de irregularidades financeiras do Congresso Nacional, entre 1993 e 1994, em virtude de
organizadas pelo empresário Paulo César Farias, amigo de denúncias de irregularidades no desenvolvimento do Orça-
Collor e caixa de sua campanha eleitoral. A reportagem teve mento da União, Itamar Franco terminou seu mandato com
enorme repercussão e a partir daí surgiram novas revela- um grande índice de popularidade. Uma prova disso foi o
ções sobre irregularidades no governo. Em 26 de maio, o seu bem-sucedido apoio a Fernando Henrique Cardoso na
Congresso nacional instalou uma Comissão Parlamentar de sucessão presidencial.
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ao ex-presidente Lula e fez menção especial a José Alen- tária municipal da Fazenda de Porto Alegre de 1985 a 1988,
car, que não pôde comparecer à posse devido à internação no governo Alceu Collares. De 1991 a 1993 foi presidente
hospitalar. Completou seu pronunciamento lembrando que da Fundação de Economia e Estatística e, mais tarde, foi se-
ainda era preciso uma longa evolução do país nos aspectos cretária estadual de Minas e Energia, de 1999 a 2002, tanto
político e econômico, ressaltando também a relevância do no governo de Alceu Collares como no de Olívio Dutra, no
Brasil no cenário internacional. Em abril de 2007, Dilma já meio do qual se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) em
era apontada como possível candidata à presidência da Re- 2001. Em 2002, participou da equipe que formulou o plano
pública. No mês seguinte, Dilma afirmou que era simpática de governo de Luiz Inácio Lula da Silva para a área energé-
à ideia. Em outubro do mesmo ano, jornais estrangeiros, tica. Posteriormente, nesse mesmo ano, foi escolhida para
como o argentino La Nación e o espanhol El País, já in- ocupar o Ministério de Minas e Energia, onde permaneceu
dicavam que ela era um nome forte à sucessão de Lula, até 2005, quando foi nomeada ministra-chefe da Casa Ci-
que passou a fazer uma superexposição de Dilma para tes- vil, em substituição a José Dirceu, que renunciara ao cargo
tar seu potencial como candidata. Em abril de 2008, a The após o chamado escândalo do mensalão. Em 2009, foi in-
Economist indicava que sua candidatura não parecia ainda cluída entre os 100 brasileiros mais influentes do ano, pela
viável, pois era pouco conhecida, ainda que fosse a ministra Revista Época e, em novembro do ano seguinte, a Revista
mais poderosa de Lula. Em dezembro de 2008, o presidente Forbes classificou-a como a 16ª pessoa mais poderosa do
Luiz Inácio Lula da Silva disse que jamais conversara com mundo.
Dilma Rousseff sobre sua possível candidatura para as elei-
ções presidenciais de 2010, dizendo ter apenas insinuado. Repercussão Internacional
Para Lula, Dilma é a “pessoa mais gabaritada” para sucedê
-lo. Em outubro de 2009, Dilma e Lula foram acusados pela Durante sua campanha eleitoral, a possibilidade de
oposição de estarem fazendo propaganda eleitoral antes eleição de Dilma Rousseff recebeu destaque em vários pe-
do prazo durante visitas feitas pelo Presidente às obras riódicos internacionais. Para o britânico The Independent,
de Transposição do Rio São Francisco. O episódio ganhou em matéria publicada sobre a candidata, a sua eleição
mais notoriedade quando o então Presidente do Supremo “marca o desmantelamento final do ‘Estado de segurança
Tribunal Federal, Gilmar Mendes, comentou o caso. Sua nacional’, um arranjo que os governos conservadores nos
candidatura foi oficializada em 13 de junho de 2010, em Estados Unidos e na Europa já viram como seu melhor ar-
convenção nacional do Partido dos Trabalhadores reali- tifício para manter um status quo podre, que manteve uma
zada em Brasília-DF. Foi também referendado o nome do vasta maioria na América Latina na pobreza, enquanto fa-
atual presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer vorecia seus amigos ricos”, sendo ela uma candidata que
(PMDB-SP) como seu vice. Sua candidatura foi apoiada por “não se constrange com o passado de guerrilha urbana,
figuras famosas como Chico Buarque, Beth Carvalho, Alceu que incluiu o combate a generais e a temporada na prisão
Valença, Elba Ramalho, Emir Sader, Oscar Niemeyer, Leo- como prisioneira política”. Disse também que, caso eleita,
nardo Boff, e Marilena Chauí. tornar-se-á “a mulher mais poderosa do mundo”. O jornal
Dilma Vana Rousseff nasceu em Belo Horizonte, 14 espanhol El País caracterizou Dilma como “uma grande
de dezembro de 1947. É uma economista e política brasi- gestora, mulher mais de ação do que de pensamento” e
leira, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT). Durante o posteriormente, ao estimar que o candidato do PSDB José
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a Serra pudesse sofrer uma “derrota humilhante” nas urnas,
chefia do Ministério de Minas e Energia, e posteriormente, pôs em questão o aparecimento de escândalos levantados
da Casa Civil. Em 2010, o resultado de segundo turno, em por outros candidatos às vésperas das eleições: “milhares
31 de outubro, fez com que Dilma se tornasse a primei- de brasileiros sonhavam com uma campanha eleitoral sem
ra mulher a ser eleita para o posto de chefe de Estado, e sobressaltos e centrada nas propostas dos candidatos, mas
também de governo, em toda a história do Brasil. Nascida mais uma vez o jogo sujo está eclipsando o debate políti-
em família de classe média alta, interessou-se pelos ideais co”. A candidata, que é descendente de búlgaros, recebeu
socialistas durante a juventude, logo após o Golpe Militar uma reportagem de duas páginas do mais importante pe-
de 1964. Iniciando na militância, integrou organizações que riódico da Bulgária, o Trud, e vários jornalistas de meios
defendiam a luta armada contra o regime militar, como o de comunicação do país comentam com empolgação a
Comando de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda possibilidade uma filha de búlgaro ser eleita presidente do
Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Passou Brasil. Durante sua campanha o país experimentou uma es-
quase três anos presa entre 1970 e 1972, primeiramente pécie de “febre” e interesse por Dilma.
na Operação Bandeirante (Oban), onde teria passado por
sessões de tortura, e, posteriormente, no Departamento de
Ordem Política e Social (DOPS). Reconstruiu sua vida no
Rio Grande do Sul, onde, junto a Carlos Araújo, seu compa-
nheiro por mais de trinta anos, ajudou na fundação do Par-
tido Democrático Trabalhista (PDT) e participou ativamente
de diversas campanhas eleitorais. Exerceu o cargo de secre-
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08. Em março de 1931, o Decreto nº 19.770 criava, A) Revolução de 1930; Júlio Prestes.
no Brasil, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. B) Revolução de 1930; Getúlio Vargas.
Considerando-se o contexto histórico, pode-se afirmar que C) Revolução de 1930; João Pessoa.
esse ato do Poder Executivo tinha como um dos seus ob- D) Revolução Constitucionalista de 1932; Júlio Prestes.
jetivos: E) Revolução Constitucionalista de 1932; Getúlio Vargas.
A) promover a expansão do setor primário.
B) desregulamentar o sistema de contratação e de im- 12. O estudo comparativo das Constituições Brasilei-
postos. ras de 1824 (Carta Outorgada, Imperial) e de 1891 (Carta
C) concentrar a renda nacional nas camadas médias promulgada, Republicana) NÃO permite afirmar:
urbanas. A) A Carta Imperial criou 4 (quatro) poderes, mas o
D) acabar com a organização autônoma do movimento documento republicano estabeleceu somente 3 (três).
operário. B) Enquanto o estatuto Imperial recebeu uma emen-
E) intervir nas relações de trabalho no campo. da, o Ato Adicional, um progresso rumo à federação, a
Carta republicana foi emendada em 1926, com fortaleci-
09. (PUC-SP). Segundo alguns autores, o tenentismo mento do Poder Central.
representou uma tentativa de ruptura da organização polí- C) A Carta de 1891 estabeleceu a Federação como
tica vigente na República brasileira por que: forma de Estado.
A) os tenentes se identificaram com um programa radi- D) A Carta Republicana teve inspiração europeia, ao
cal de transformações sociais. passo que a lei maior imperial buscou seguir o modelo
B) a aliança partidária entre os militares e as camadas norte- americana.
médias urbanas propunha a reforma da Constituição. E) A Carta de 1824 criou o Unitarismo como forma de
C) o movimento visava à derrubada do governo e ao Estado, mesmo porque as Províncias eram destituídas de
estabelecimento da austeridade político-administrativa. preparo político.
D) os tenentes propunham o estabelecimento do regi-
me parlamentarista dirigido pelos elementos mais esclare-
13. A Constituição Brasileira de 1988 introduziu al-
cidos da nação.
terações significativas no plano jurídico-político nacional.
E) os militares eram portadores de uma ideologia in-
Dentre elas pode-se citar:
dustrializante claramente definida em seu programa de
a) instituição do habeas data, que torna passível de
governo.
fiança crimes como racismo, tráfico de drogas e terrorismo.
b) extensão do direito de elegibilidade às mulheres e
10. (FGV – SP). “Aliança (...) engloba parte de um elei-
voto facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos.
torado urbano – que representa porcentagem pequena no
c) proibição da greve aos setores considerados essen-
cômputo geral –, pequenas oposições estaduais e o situa-
ciais: saúde, transportes, polícia e funcionalismo público.
cionismo dos Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e
Paraíba: estas forças restritas participam das eleições de 1º d) extensão do voto a analfabetos, proteção ao meio
de março de 1930 com margem mínima de vitória. Por sua ambiente e reconhecimento da cidadania dos índios.
vez, Washington Luís aglutina o apoio de todos os Estados e) restrição dos direitos trabalhistas apenas ao setor
– exceção aos da Aliança.”. produtivo urbano e eleições em dois turnos para presi-
O texto acima se refere à união das oligarquias dissi- dente, governador e prefeitos.
dentes cujos interesses não estavam vinculados ao café. A
tal união deu-se o nome de: 14. O Brasil, desde sua emancipação política até os
A) Aliança Republicana. dias de hoje, concebeu diferentes ordens jurídicas cons-
B) Aliança Integracionista. titucionais. Muitos pesquisadores consideram as Consti-
C) Aliança Renovadora Nacional. tuições brasileiras de 1934 e 1988 as mais progressistas
D) Aliança Liberal. por estabelecerem, respectivamente, dentre outros, os
E) Aliança Nacional Libertadora. seguintes avanços sociais:
A) voto feminino e crime de racismo inafiançável
11. (Unificado – RS). “A escolha dos candidatos à su- B) corporativismo sindical e voto dos analfabetos
cessão presidencial funcionará como um estopim para a C) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e direito
mais importante revolução da história republicana. (...) Os de greve irrestrito
entendimentos políticos evoluíram no sentido de agrupa- D) voto obrigatório para maiores de 18 anos e Estatu-
rem-se em torno de Getúlio Vargas as forças da oposição to da Criança e do Adolescente
(...). Realizaram-se, contudo, as eleições e o resultado foi
favorável a Júlio Prestes. Entretanto, vinte e dois dias antes
de terminar o mandato de Washington Luís, a revolução
estava nas ruas.”.
A que revolução o texto faz referência e quem assumiu
a Presidência da República sucedendo a Washington Luís?
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15. Com base na charge e nos conhecimentos sobre a 17. O Brasil recuperou-se de forma relativamente rá-
atual Constituição brasileira, é correto afirmar: pida dos efeitos da Crise de 1929 por que:
A) As dificuldades de acesso aos direitos sociais ele- a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de
mentares (moradia, saúde e alimentação) têm origem na incentivo econômico, com empréstimos obtidos no Exterior;
forma como a Constituição atual foi elaborada. b) o País, não tendo uma economia capitalista desen-
B) A Constituição de 1988 introduziu uma série de be- volvida, ficou menos sujeito aos efeitos da crise;
nefícios sociais que privilegiaram as famílias dos estratos c) houve redução do consumo de bens e, com isso foi
médios em detrimento da população em geral. possível equilibrar as finanças públicas;
C) O texto da última Constituição assegura em sua d) acordos internacionais, fixando um preço mínimo
formulação jurídica conquistas sociais e individuais aos para o café, facilitaram a retomada da economia;
cidadãos brasileiros. e) um efeito combinado positivo resultou da diversifi-
D) Os dispositivos da Constituição de 1988 revogaram cação das exportações e do crescimento industrial.
a legislação conhecida como CLT (Consolidação das Leis
do Trabalho). 18. A política cultural do Estado Novo com relação aos
E) O texto atual da Constituição é omisso em relação intelectuais caracterizou-se:
ao tema dos direitos da criança e do adolescente no Brasil. a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelec-
tuais considerados adversários de regimes ditatoriais;
b) por um clima de ampla liberdade, pois o governo
cortejava os intelectuais para obter apoio ao seu projeto
nacional;
c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham ex-
pressão e o governo se baseava nas forças militares;
d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois
o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados;
e) por uma política seletiva através da qual só os adver-
sários frontais do regime foram reprimidos.
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ANOTAÇÕES
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Em todos os países subdesenvolvidos, a diferença en- Nunca se falou tanto em preservação ambiental como
tre ricos e pobres é muito mais acentuada do que nos nos dias de hoje. A preocupação com o meio ambiente
países desenvolvidos. Por exemplo, na Colômbia, 2,6% da tomou conta dos meios de comunicação, das escolas e
população possui 40% da renda nacional; no Chile, 2% até mesmo das indústrias. Mas, apesar de todo o emba-
dos proprietários possuem 50% das terras agrícolas. Des- te, a natureza ainda está sofrendo grandes desgastes por
sa forma, a população de baixa renda acaba sofrendo de causa da ação do homem, e os efeitos desse desgaste já
sérios problemas de subnutrição, falta de moradias, aten- podem ser sentidos no nosso dia a dia.
dimento médico-hospitalar inadequado, insuficiência de
escolas, etc. Inundações, secas, catástrofes naturais, falta de ali-
mento e de combustível são apenas algumas das conse-
Como Definir a Nova Ordem? quências que já começam a ser sentidas – e a previsão de
cientistas e pesquisadores é que este cenário piore.
A nova ordem costuma ser definida como multipolar. Para inverter este quadro, é preciso uma ação coletiva
Isso quer dizer que existem vários polos ou centros de intensa e imediata. E, para que isso ocorra, é preciso com-
poder no plano mundial. Hoje temos três grandes potên- preender quais são os maiores problemas ambientais da
cias mundiais de poderio econômico, tecnológico e polí- atualidade e como eles afetam nosso cotidiano.
tico-diplomático: EUA, Japão e a União Europeia. Assim, o São vários os problemas apontados por organizações
século XX começou com uma ordem multipolar, passou ambientais como World Wide Fund (WWF) e Greenpeace,
para a bipolaridade e termina com uma nova multipola- e mesmo por órgãos governamentais, como a Organiza-
ridade. Que diferenças existem entre a multipolaridade ção das Nações Unidas (ONU). Porém, alguns são aponta-
deste fim de século e aquela do início? dos como mais urgentes ou mais alarmantes.
A primeira grande diferença é que no início do século
havia somente um agente no cenário internacional: o Es- Efeito estufa
tado Nacional (como, por exemplo, Inglaterra, Alemanha,
etc.) e tudo girava ao redor de suas relações econômicas O efeito estufa é um mecanismo atmosférico natural
e político-militares. Já nos dias hodiernos há um relativo que mantém o planeta aquecido nos limites de tempera-
enfraquecimento do estado-nação e um fortalecimento tura necessários à preservação da vida. Se não houvesse a
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instalação de sistemas de controle de emissão de gases acelera o processo de erosão da terra – assim, quando há
poluentes e procurar utilizar fontes de energia alternati- uma chuva forte, por exemplo, as possibilidades de acon-
vas não-poluentes. tecer enchentes e inundações são muito maiores.
Além disso, recomenda-se aumentar o sistema de Além disso, sem a proteção da vegetação, o solo sofre
coleta seletiva e reciclagem, recuperar o gás metano nos mais com a ação do sol, ressecando-se e podendo provo-
aterros sanitários, e não praticar desmatamento ou quei- car o processo de desertificação (formação de desertos e
madas. Aliás, o plantio de árvores é uma das formas que regiões áridas em áreas antes verdes). No Brasil, este pro-
melhor contribuem para diminuir o aquecimento global, cesso vem ocorrendo no sertão nordestino e no cerrado
pois o reflorestamento é capaz de neutralizar as emissões de Tocantins nas últimas décadas.
de carbono, um dos grandes vilões do aquecimento glo- Mas não é só: sem habitat natural, muitas pragas po-
bal. dem migrar para os centros urbanos – como, por exem-
plo, o inseto conhecido como barbeiro, que pode trans-
Desmatamento e extinção de espécies mitir a doença de Chagas.
A extinção de espécies vegetais, que podem servir de
alimento e também de base para medicamentos, tanto
A exploração comercial dos recursos materiais está le-
para seres humanos como animais, pode desequilibrar
vando a natureza a um colapso. Florestas inteiras são der-
toda a cadeia ecológica.
rubadas para a comercialização de madeira ou queimadas
Por fim, o desmatamento tem sido apontado com um
para que se dê lugar a pastos para gado, ou mesmo pela
dos grandes contribuidores para o aquecimento global,
simples expansão das cidades. pois as árvores são capazes de neutralizar as emissões de
Os animais, através da caça predatória para comercia- carbono, um dos grandes vilões do aquecimento global.
lização de sua pele e carne, do tráfico ilegal, ou por causa O desaparecimento de espécies animais também tem
da destruição de seu habitat, também correm grande riso consequências na vida no homem. A questão vai muito
de desaparecerem. mais além do que o simples drama “as gerações futuras
Some-se a isso a mineração e a indústria poluente nunca vão ver um mico-leão-dourado” – o que, por si só,
e o resultado é a extinção de espécies animais e vege- é bem triste.
tais – muitas já desapareceram, e um número igualmente Mas quando uma espécie desaparece, toda a cadeia
grande está em vias de desaparecer. E o planeta todo, alimentar fica alterada. Por exemplo, se a população de
especialmente os seres humanos, já está sentindo as con- gaviões diminui ou desaparece, aumenta a população de
sequências. cobras, uma vez que esses são seus maiores predadores.
As florestas e bosques restantes no planeta todo Muitas cobras precisariam de mais alimentos e, con-
possuem apenas uma pequena parcela de sua cobertura sequentemente, o número de sapos diminuiria e aumen-
original. Nos países em desenvolvimento, principalmente taria a população de gafanhotos. Esses gafanhotos pre-
asiáticos como a China, quase toda a cobertura vegetal foi cisariam de muito alimento e com isso poderiam atacar
explorada. Estados Unidos e Rússia também destruíram outras plantações, causando perdas para o homem.
suas florestas com o passar do tempo. É importante lembrar que o desaparecimento de de-
O Brasil também assiste, ano após ano, sua riqueza terminadas espécies de animais interrompe os ciclos vitais
natural desaparecendo. Um relatório divulgado pela ONG de muitas plantas. Ou seja, a extinção de uma espécie ani-
ecológica World Wild Fund (WWF) apontou que o desma- mal causa uma reação em cadeia na natureza, afetando o
tamento na Amazônia já atinge 13% da cobertura original. ser humano com a diminuição de certas fontes de alimen-
O caso da Mata Atlântica é ainda mais trágico, pois to ou com a proliferação de pragas e doenças.
apenas 9% da mata sobrevive a cobertura original de
1500. No mundo todo, 150 mil quilômetros quadrados de Soluções
floresta tropical são derrubados por ano, sendo que no
Parar o processo de extinção de espécies animais e
Brasil, esse número gira em torno de 20 mil quilômetros
vegetais, e do desflorestamento, não é fácil nem rápido.
quadrados.
Mas também não é impossível. A primeira ação é uma
A situação da fauna é igualmente preocupante. Cien- vigilância mais acirrada acerca do tráfico de animais sil-
tistas do Plano das Nações Unidas para o Meio Ambiente vestres, da derrubada de árvores e das queimadas.
calculam que existam entre 10 e 100 milhões de espécies Um maior policiamento, com punições mais severas,
de seres vivos no planeta, das quais 25% estão ameaça- já ajudaria a diminuir a taxa preocupante de diminuição
dos de extinção. Todo dia, no mundo inteiro, desapare- de espécies de plantas e animais.
cem quase trezentas espécies animais e vegetais devido à Da mesma forma, um maior controle na mineração
destruição de seus habitats. e na poluição das indústrias (tanto do ar, como da água
e do solo) garantiria maior saúde ao meio ambiente – e,
Consequências consequentemente, a toda sociedade.
Além disso, o planejamento para a expansão das ci-
Os resultados da ação exploratória do homem na dades e das áreas agrícolas, para que não agridam o meio
natureza já podem ser percebidos nos quatro cantos do ambiente, e da exploração dos recursos naturais, como a
planeta. A diminuição significativa da cobertura vegetal madeira, são indispensáveis.
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Mas não é só controle e vigilância as soluções para rem devido a doenças como cólera e malária. A expectati-
esse problema. É preciso também conscientizar e educar va é de que nos próximos 25 anos 2,76 bilhões de pessoas
a sociedade, os governos, as empresas. sofrerão com a escassez de água.
Através de programas de educação ecológica, em que Cerca de 70% da água consumida mundialmente, in-
se aprenda o valor e a função de cada animal e de cada cluindo a desviada dos rios e a bombeada do subsolo, são
planta para a vida das outras espécies e para a vida huma- utilizadas para irrigação. Aproximadamente 20% vão para
na, em como tratar e preservar o meio ambiente, e como a indústria e 10% para as residências.
valorizar a natureza e o planeta todo como um lar, é pos- A falta de água afetaria diretamente todo esse siste-
sível brecar o processo de extinção de várias espécies e o ma. A escassez dos recursos hídricos pode levar ao au-
desmatamento, e até mesmo fazê-los regredir, através do mento de fontes de contaminação devido à dificuldade
reflorestamento e do cultivo e cuidado da natureza. de acesso à água de qualidade (tratada e potável), o que
também acarretaria a contaminação de alimentos (ani-
Diminuição dos recursos hídricos mais e vegetais) e a escassez dos mesmos, numa reação
em cadeia que comprometeria saúde humana e saúde pú-
blica, com deterioração da qualidade de vida e do desen-
Uma das maiores preocupações atuais é o término
volvimento econômico e social.
das reservas de petróleo. Por ser um produto não-reno-
vável, muitas reservas já se esgotaram e outras estão es- Soluções
casseando, gerando crise econômica e até guerras – isso
porque grande parte da energia consumida no mundo Para se evitar que a crise da água se torne crítica, é
todo depende hoje deste combustível fóssil. Porém, uma preciso tomar uma série de ações. A primeira delas é pro-
outra crise – maior e mais assustadora – está ameaçando mover uma melhor administração dos recursos hídricos
o mundo todo: a falta de água. em nível de bacias hidrográficas, desenvolvendo tecnolo-
Cerca de 70% do planeta é coberto por água, porém gias avançadas de monitoramento e gestão, ampliando a
apenas 2% da água do planeta é doce – ou seja, própria participação da comunidade – usuários e público em ge-
para o consumo humano. Desta pequena parcela, 90% ral – nessa gestão e no compartilhamento dos processos
está no subsolo ou nos pólos, em forma de gelo. tecnológicos que irão melhorar a infraestrutura do banco
Ou seja: a água que pode ser usada para beber, tomar de dados e dar maior sustentabilidade às ações.
banho, preparar alimentos, etc, é muito pouca – e está di- Além disso, ações de educação e conscientização da
minuindo. Mais da metade dos rios do mundo diminuíram população, de empresas e mesmo de governos são indis-
seu fluxo ou estão contaminados, ameaçando a saúde das pensáveis para se evitar o desperdício e a poluição das
pessoas. águas. Fora isso, é possível também realizar a despolui-
A escassez de água se deve basicamente à má gestão ção de rios e mananciais, revitalizando esses importantes
dos recursos hídricos e ao aumento da demanda e não à recursos hídricos e tornando-os novamente saudáveis e
falta de chuvas. Uma das maiores agressões para a for- próprios para o uso.
mação de água doce é a ocupação e o uso desordenado
do solo. Consumo
Para agravar ainda mais a situação são previstas as
adições de mais de três bilhões de pessoas que nascerão Lojas de departamentos de vários andares, shopping
neste século, sendo a maioria em países que já tem escas- centers que oferecem todos os tipos de serviços, bouti-
sez de água, como Índia, China e Paquistão. ques finas que servem champanhe aos clientes, pequenas
lojas que vendem toda sorte de produtos por menos de
O Brasil possui a maior reserva de água doce do mun-
R$ 2,00.
do, cerca de 12% de toda a água doce do planeta. Só que
Há décadas consumir deixou de ser um simples ato
essa reserva também está ameaçada pelo mau planeja-
de subsistência para ser identificado com uma forma de
mento e uso, pela poluição e pelo desperdício. lazer, de libertação e até mesmo de cidadania. Homens e
50% da água tratada é desperdiçada no país. Entre os mulheres são levados a consumir, mesmo sem necessida-
maus hábitos estaria a lavagem de carro, calçadas, roupas, de, apenas pelo simples ato de comprar. Porém, o consu-
banhos demorados, louças na qual é desperdiçada mais mo desenfreado também é uma grande ameaça ao meio
água do que o necessário, além de vazamentos (uma gota ambiente.
de água caindo o dia inteiro corresponde a 46 litros). A finitude dos recursos naturais é evidente, e é agra-
vada pelo modo de produção regente, que destrói e po-
Consequências lui o meio ambiente. O primeiro e mais importante limite
dessa cultura do consumo, que estamos testemunhando
A água já é hoje em dia uma ameaça à paz mundial. hoje, são os próprios limites ambientais.
Muitos países da Ásia e do Oriente Médio já estão dispu- O planeta não suportaria se cada habitante tivesse
tando recursos hídricos. um automóvel, por exemplo. Nos níveis e padrões atuais,
Relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) o consumo precisa ser modificado em direção a formas
apontam que um bilhão de pessoas não tem acesso a mais sustentáveis, tanto do ponto de vista social quanto
água tratada e com isso quatro milhões de crianças mor- ambiental.
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GEOGRAFIA GERAL
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GEOGRAFIA GERAL
de diminuir a quantidade de lixo nas cidades, também frigeração, sprays e na produção de materiais como, por
tem vantagens sociais e econômicas, como geração de exemplo, o isopor. Ao chegar à atmosfera, o CFC entra em
emprego e criação de indústrias de reciclagem. contato com grande quantidade de raios ultravioleta, que
Embora muito esteja se fazendo nesta área em nível quebram as moléculas de CFC e liberam cloro. Este, por
mundial, ainda são poucos os materiais aproveitados no sua vez, rompe as moléculas de ozônio (O3), formando
Brasil onde é estimada uma perda de cerca de quatro bi- monóxido de cloro (ClO) e oxigênio (O2). Ocorre que esses
lhões de dólares por ano. Mas há indícios de melhora na dois gases não são eficientes para proteger a Terra dos
área no país onde se tem como melhor exemplo as latas raios ultravioleta.
de alumínio, cuja produção é 63% reciclada. Em 1985, vários países assinaram a Convenção de Vie-
Mas o lixo também pode ser reaproveitado para se
na - e, dois anos depois, o Protocolo de Montreal -, se
converter em energia. E a energia, hoje tão cara e sob a
comprometendo a diminuir a produção de CFC.
ameaça de escassear num futuro bem próximo, poderia
ter uma fonte de abastecimento inesgotável – e ecologi-
camente correta. Os efeitos de El Niño e La Niña
Nos países europeus, nos Estados Unidos e no Japão,
gerar energia a partir do lixo é uma realidade desde os São fenômenos que se manifestam nas águas oceâni-
anos 1980. Esses países processam 130 milhões de tone- cas do Pacífico ocasionando alterações no clima do pla-
ladas de lixo, gerando energia elétrica e térmica em 650 neta Terra e interferências nas variações de temperatura e
instalações. na regularidade das chuvas.
Somente a União Europeia extrai mais de 10 mil MW O El Niño acontece por meio do enfraquecimento dos
de cerca de 60 milhões de toneladas de lixo por ano em ventos alísios. Isso causa um aquecimento nas águas do
400 usinas, que são capazes de produzir eletricidade para Pacífico, perto da costa oeste da América do Sul, sendo
atender 27 milhões de pessoas (o equivalente a soma da que em condições normais, esse aquecimento teria que
população da Dinamarca, da Finlândia e da Holanda). acontecer perto na região da Indonésia.
Se o Brasil transformasse seu lixo em energia, con-
seguiria implantar cerca de 750 usinas, que forneceriam Em ano El Niño, ou de La Niña, o mundo tem seus
energia para aproximadamente 22,5 milhões de habitan- climas habituais mudados: aumento de chuvas em alguns
tes - cada 200 toneladas por dia do lixo doméstico orgâ- lugares, secas em outros e em algumas regiões os temidos
nico permitiriam a implantação de uma Usina Termelétrica furacões arrasam cidades inteiras, junto com enchentes e
com a potência de três Megawatts, capaz de atender uma
outras catástrofes. Importante frisar que, apesar desses
população de 30 mil habitantes. A energia via lixo pode
fenômeno contribuírem para o acontecimento dessas tra-
iluminar casas, ativar indústrias e mover carros.
Isso também se refletiria positivamente na economia, gédias, eles não são os responsáveis por elas. Há um “sen-
não apenas com o corte de gastos que esta fonte de ener- sacionalismo” geral por parte da imprensa mundial que
gia traria, mas com os recursos que captaria. atribui fatalidades ao El Niño. Esses fenômenos climáticos
O aproveitamento de resíduos é considerado uma al- acontecem independentemente da ação humana, mas
ternativa viável para substituir combustíveis fósseis (pe- suas consequências variam de acordo com as condições
tróleo, carvão e gás), sendo uma boa opção para a re- que cada região apresenta, em função da ação humana.
dução da emissão de gases poluentes que provocam o
efeito estufa. E a menos conhecida, mas nem por isso menos im-
Com a venda de créditos de carbono, o Brasil poderia portante, La Niña, que acontece, como já foi dito, em sen-
vir a arrecadar cerca de U$100 milhões por ano com essa tido contrário ao El Niño. Os ventos alísios ganham força
alternativa, de acordo com pesquisadores do Instituto Vir- e empurram a massa de ar mais aquecida para ainda mais
tual Internacional de Mudanças Climáticas (IVIG) perto da costa australiana. Assim como em outros anos, o
Buraco na camada de ozônio vapor da água quente sobe e forma uma camada vertical
de ar. Essa camada viaja pela troposfera e se descarrega
O gás ozônio envolve a Terra na forma de uma frágil na costa sul-americana. O ocorrido em anos de La Niña é
camada que protege a vida da ação dos raios ultravioleta semelhante com o que acontece em anos “comuns” (sem
(emitidos pelo Sol). Os raios ultravioleta causam muta-
El Nino), mas com uma intensidade bem maior.
ções nos seres vivos, modificando as moléculas de DNA.
Sustentabilidade, aquecimento global no Brasil e no
Em seres humanos, o excesso de ultravioleta pode causar
mundo, desmatamento... Todas essas palavras são mui-
câncer de pele e afetar o sistema imunológico.
Nos últimos anos, contudo, cientistas detectaram um to comuns nos nossos dias. A natureza nunca respondeu
“buraco” na camada de ozônio, exatamente sobre a An- com tanta força aos maus tratos dados pelo homem. Con-
tártida, o que deixa sem proteção uma área de cerca de forme os anos passam, são registradas mais inundações,
30 milhões de km2. furacões, terremotos e se as ações do homem não mudar,
Pesquisadores acreditam que o gás clorofluorcarbono a tendência é só piorar. Com isso, até mesmo fenômenos
(CFC) é o principal responsável pela destruição da cama- naturais, como El Niño e a La Niña, terão impactos maio-
da de ozônio. Esse gás é utilizado em aparelhos de re- res e mais prejudiciais ao homem.
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GEOGRAFIA GERAL
Degelo no Mundo
O constante processo de elevação da temperatura média global, desencadeado principalmente pela intensificação
do efeito estufa, está provocando uma série de fenômenos maléficos ao meio ambiente, como é o caso do degelo, uma
das consequências do aquecimento global.
As regiões polares são as mais atingidas pelo degelo, pois o derretimento dessas áreas está ocorrendo de forma mui-
to rápida. Conforme cientistas ambientais, o degelo agrava ainda mais o aquecimento da Terra, haja vista que durante
esse processo ocorre a liberação de gases prejudiciais ao meio ambiente.
Pesquisas realizadas confirmam que o Oceano Ártico teve sua área reduzida em 14%, além da camada de gelo ter se
tornado 40% mais fina. A Antártida, por sua vez, perdeu 3 mil quilômetros quadrados de extensão, em consequência de
uma elevação de 2,5 °C desde 1940. Com o derretimento das calotas do Ártico e da Antártica, uma grande camada de
água, proveniente do gelo, fluirá para os oceanos, podendo contribuir para a elevação do nível do mar. Tal ocorrência
ameaça milhões de pessoas em todo o mundo
Outra área bastante afetada pelo degelo é a Groelândia. Conforme pesquisa divulgada pela revista Science, o degelo
na Groelândia triplicou nos últimos anos. Atualmente, o gelo dessa região derrete a um ritmo muito acelerado, sendo
que esse processo tem se intensificado desde 2004.
Conforme dados da Worldwatch Institute, as principais cordilheiras do mundo estão sofrendo significativas reduções
em massa de gelo e neve. Monitoramentos revelam que as geleiras dos Alpes recuaram cerca de 35%. Um artigo da
revista britânica Science, de outubro de 2002, afirma que a capa de neve a qual cobre o monte Kilimanjaro, na Tanzânia,
pode desaparecer em 20 anos.
De acordo com cientistas da Universidade de Edimburgo e da Universidade de Londres, a quantidade de gelo der-
retido chega a 125 trilhões de toneladas por ano. Fato que proporciona um aumento no nível do mar, que, apesar de
ser de poucos centímetros em algumas regiões, já é o suficiente para promover um desequilíbrio ambiental. Em 2010,
o nível dos oceanos deverá estar aproximadamente um metro acima do que estava previsto pelo Painel do Clima das
Nações Unidas (IPCC).
A elevação da temperatura global está afetando o equilíbrio ambiental, atingindo todos os tipos de vida. Várias es-
pécies de animais marinhos e peixes estão ameaçadas pelo degelo. Um exemplo bastante representativo é a redução do
gelo na Antártica, a qual fez com que a população de pinguins diminuísse em 33%.
Calcula-se que aproximadamente 200 milhões de indivíduos serão afetados com o aumento do nível do mar, e que
60% da população residente em áreas costeiras terão que migrar para outras regiões. Texto adaptado de BUENO, C.
QUESTÕES
a) para sustentar o consumo da população mundial, a destruição do meio ambiente deveria ser contida nos países
pobres.
b) o atendimento às necessidades básicas das populações, no presente, não deve comprometer os padrões de vida
das gerações futuras.
c) o padrão básico de vida populacional tem esgotado os recursos naturais e a alternativa seria rever o modo de viver
nas grandes cidades.
d) o desenvolvimento industrial deve diminuir, adaptando um novo modo de vida às gerações atuais e otimizando
o uso de produtos artesanais.
e) a diminuição da retirada de recursos naturais renováveis e não renováveis buscam estabelecer novas formas de
convívio com o meio agropecuário.
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GEOGRAFIA GERAL
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 372; 411. [Adaptado]
A tira, sobretudo a fala de Mafalda, questiona o apelo ao consumo. Na perspectiva dos estudos geográficos, a ge-
neralização do consumo visa
a) à ampliação da cidadania, por garantir mais espaços públicos do que privados nas cidades.
b) à disseminação do sistema de crédito e da propaganda, por ampliar o acesso a bens e produtos.
c) à distribuição de renda, por promover a equidade social nos países subdesenvolvidos.
d) ao aumento da produção e dos níveis de consumo nos países desenvolvidos.
e) à redução das diferenças entre cidadãos e consumidores, por equiparar o acesso ao consumo aos valores demo-
cráticos.
4- As imagens abaixo mostram a localização de dois eventos mundiais ocorridos em 2009, simultaneamente.
5- Leia atentamente o fragmento de texto a seguir. Trata-se de uma entrevista com o sociólogo Zigmunt Bauman.
Poderia falar mais amplamente sobre os riscos da modernidade?
Uma das características do que chamo de “modernidade sólida” era que as maiores ameaças para a existência
humana eram muito mais óbvias. Os perigos eram reais, palpáveis, e não havia muito mistério sobre o que fazer para
neutralizá-los ou, ao menos, aliviá-los. Era óbvio, por exemplo, que alimento, e só alimento, era o remédio para a fome.
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GEOGRAFIA GERAL
Os riscos de hoje são de outra ordem, não se pode sentir ou tocar muitos deles, apesar de estarmos todos expostos,
em algum grau, a suas consequências. Não podemos, por exemplo, cheirar, ouvir, ver ou tocar as condições climáticas
que gradativamente, mas sem trégua, estão se deteriorando. O mesmo acontece com os níveis de radiação e de po-
luição, a diminuição das matérias-primas e das fontes de energia não renováveis, e os processos de globalização sem
controle político ou ético, que solapam as bases de nossa existência e sobrecarregam a vida dos indivíduos com um grau
de incerteza e ansiedade sem precedentes.
Diferentemente dos perigos antigos, os riscos que envolvem a condição humana no mundo das dependências glo-
bais podem não só deixar de ser notados, mas também deixar de ser minimizados mesmo quando notados. As ações
necessárias para exterminar ou limitar os riscos podem ser desviadas das verdadeiras fontes do perigo e canalizadas
para alvos errados. Quando a complexidade da situação é descartada, fica fácil apontar para aquilo que está mais à mão
como causa das incertezas e das ansiedades modernas. Veja, por exemplo, o caso das manifestações contra imigrantes
que ocorrem na Europa. Vistos como “o inimigo” próximo, eles são apontados como os culpados pelas frustrações da
sociedade, como aqueles que põem obstáculos aos projetos de vida dos demais cidadãos. A noção de “solicitante de
asilo” adquire, assim, uma conotação negativa, ao mesmo tempo em que as leis que regem a imigração e a naturalização
se tornam mais restritivas, e a promessa de construção de “centros de detenção” para estrangeiros confere vantagens
eleitorais a plataformas políticas.
Para confrontar sua condição existencial e enfrentar seus desafios, a humanidade precisa se colocar acima dos dados
da experiência a que tem acesso como indivíduo. Ou seja, a percepção individual, para ser ampliada, necessita da as-
sistência de intérpretes munidos com dados não amplamente disponíveis à experiência individual. E a Sociologia, como
parte integrante desse processo interpretativo — um processo que, cumpre lembrar, está em andamento e é permanen-
temente inconclusivo —, constitui um empenho constante para ampliar os horizontes cognitivos dos indivíduos e uma
voz potencialmente poderosa nesse diálogo sem fim com a condição humana. PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia.
Entrevista com Zigmunt Bauman. Tempo soc. 2004.
Sobre as questões ambientais na contemporaneidade, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Uma das consequências humanas da globalização pode ser associada ao agravamento da questão ambiental.
b) O desenvolvimento do capitalismo demonstra que os índices de industrialização são diretamente proporcionais
aos índices de poluição, em termos absolutos.
c) O estímulo ao consumo de produtos recicláveis pode ser considerado uma estratégia do capitalismo contempo-
râneo para manter os índices de consumo elevados.
d) Embora as questões climáticas tenham se agravado por conta da globalização e do desenvolvimento do capi-
talismo, elas não podem ser consideradas uma categoria relevante para a compreensão da sociedade contemporânea.
e) As questões ambientais e climáticas são uma espécie de “inimigo invisível” que caracteriza a modernidade con-
temporânea (“modernidade líquida”).
Eu etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu nome de batismo ou de cartório,
Um nome ..... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nesta vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei
Minhas meias falam de produto
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
(...) Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova de dente e pente (...)
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidência,
Costume, hábitos, premência,
Indispensabilidade, e fazem
de mim homem-anúncio itinerante (...).
Carlos Drummond de Andrade
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GEOGRAFIA GERAL
O processo de expansão do modo de produção capitalista trouxe repercussões decisivas no espaço mundial não só
no aumento de consumo, mas também uma crescente preocupação em alguns países com a qualidade ambiental, o que
tem levado à busca de várias alternativas entre elas o emprego de tecnologias avançadas e acordos diversos a fim de
reduzir o impacto e a degradação ambiental. Sobre o assunto, é verdadeiro afirmar que ocorre(m):
a) acordos político-econômicos e tecnológicos entre os Estados Unidos e a China, país de regime político capitalista,
objetivando o emprego de tecnologias que promovam uma melhoria ambiental e na qualidade de vida de suas popu-
lações.
b) um aceite da Colômbia em acatar ajuda tecnológica dos Estados Unidos para a efetivação de acordos com países
que outrora eram socialistas e hoje adotam o capitalismo como é o caso da Coréia do Sul, com vistas a uma exploração
menos poluente do petróleo que produz.
c) acordos tecnológicos entre a Índia e o Paquistão, onde este país se compromete a investir seus conhecimentos em
tecnologia informacional na preservação ambiental do Paquistão em troca das terras disputadas na região da Caxemira.
d) intensas modificações espaciais na Ásia, particularmente na China, fruto das campanhas de preservação ambiental
promovidas pelo governo que adota estratégias de desenvolvimento de cunho socialista e preservacionista.
e) barreiras impostas por nações desenvolvidas capitalistas que se recusam diminuir o seu crescimento econômico
e, assim, evitam assinar acordos de compromisso de redução dos impactos ambientais provocados pelo modelo ques-
tionável de desenvolvimento.
8- “A civilização industrial, como se encontra hoje organizada, está se chocando frontalmente com o sistema eco-
lógico do planeta” (Al Gore, no livro “A terra em balanço”). Essa frase de Al Gore nos faz pensar que o modelo atual de
desenvolvimento não é capaz de satisfazer as gerações atuais e compromete as gerações futuras. Sobre esse assunto, é
correto afirmar que:
1) o desenvolvimento sustentável responde às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gera-
ções futuras de responder às suas necessidades.
2) o cooperativismo poderá ser um importante instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável; é uma
forma de estruturação do capital social.
3) o cooperativismo, além de fortalecer a democracia, volta-se para o desenvolvimento sustentável local.
4) nenhum país desenvolvido da modernidade sacrificou o seu desenvolvimento econômico original em função da
consciência de que os recursos naturais são finitos.
5) existe uma necessidade imperiosa de os países industrializados reduzirem o seu consumo e seu impacto despro-
porcional na poluição da Biosfera.
Estão corretas:
a) 1 e 4 apenas
b) 1 e 5 apenas
c) 2 e 4 apenas
d) 1, 2 e 3 apenas
e) 1, 2, 3, 4 e 5.
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GEOGRAFIA GERAL
GABARITO:
ANOTAÇÕES
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___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
Ao questionar a racionalidade humana, a charge tem
por objetivo principal: ___________________________________________________
a) Relacionar o desmatamento à extinção das aves.
___________________________________________________
b) Mostrar que os interesses econômicos sobrepõem-
se à preservação ambiental. ___________________________________________________
c) Mostrar que o uso de veículos contribui para o au-
mento da poluição atmosférica. ___________________________________________________
d) Relacionar a expansão agrícola ao processo de de-
___________________________________________________
gradação ambiental.
___________________________________________________
10- Sobre a globalização dos problemas ambientais é
correto afirmar: ___________________________________________________
I - Após a Revolução Industrial, a Natureza passou a
___________________________________________________
ser vista como uma fonte de recursos econômicos a ser
explorada por meio de instrumentos cada vez mais so- ___________________________________________________
fisticados, criados pela ciência e pela tecnologia. Nesse
processo, o meio ambiente foi submetido a uma contínua ___________________________________________________
devastação, pondo em risco o equilíbrio do planeta e afe-
___________________________________________________
tando a vida de toda a humanidade.
II - Nas últimas décadas do século XX, com o agrava- ___________________________________________________
mento dos problemas ambientais, a sociedade se mobili-
zou para deter os efeitos nocivos das atividades econômi- ___________________________________________________
cas, predatórias e poluentes. ___________________________________________________
III - Os grupos ecológicos se multiplicaram e a pres-
são social resultou na aprovação pelos poderes públicos ___________________________________________________
de leis de proteção ao meio ambiente.
IV - No âmbito internacional, a preservação do meio ___________________________________________________
ambiente passou a constituir elemento importante de um ___________________________________________________
país para negociar a comercialização de seus produtos e
recebimento de empréstimos. ___________________________________________________
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GEOGRAFIA GERAL
ANOTAÇÕES
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GEOGRAFIA DO BRASIL
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GEOGRAFIA DO BRASIL
Essa nova classificação utilizou como critério a associação Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste - ocu-
de informações sobre o processo de erosão, sedimentação pam uma larga faixa de terras na porção oriental do país e,
dominante na atualidade, com a base geológica e estrutural em terrenos predominantemente cristalinos, onde observa-
do terreno e ainda com o nível altimétrico do lugar. Assim, de- mos a presença de superfícies bastante acidentadas, com
fine-se planalto como uma superfície irregular, com altitudes sucessivas escarpas de planalto; daí o fato de ser chamada a
superiores a 300 m, e que teve origem a partir da erosão sobre região de “domínio dos mares de morros”. Aí encontramos
rochas cristalinas ou sedimentares; depressão é uma superfí- também formações de elevadas altitudes, como as serras
cie mais plana, com altitudes entre 100 e 500 m, apresentando do Mar e da Mantiqueira, que caracterizam este planalto
inclinação suave, resultante de prolongado processo erosivo, como sendo a “região das terras altas”. Na porção mais inte-
também sobre rochas cristalinas ou sedimentares; e planície é rior dessas subunidade, em Minas Gerais, encontramos uma
uma superfície extremamente plana e formada pelo acúmulo importante área rica em minério, na serra do Espinhaço, na
recente de sedimentos fluviais, marinhos ou lacustres. região denominada Quadrilátero Ferrífero.
Vejamos uma síntese com as características mais impor-
tantes de cada uma das subunidades do relevo brasileiro: Planaltos Serras de Goiás-Minas - terrenos de for-
mação antiga, predominantemente cristalinos, que se es-
- Planaltos tendem do sul de Tocantins até Minas Gerais, caracterizan-
do-se por formas muito acidentadas que como a serra da
Planalto da Amazônia Oriental - constitui-se de terre- Canastra, onde estão as nascentes do rio São Francisco -
nos de uma bacia sedimentar e localiza-se na metade leste entremeadas de formas tabulares, como as chapadas nas
da região, numa estreita faixa que acompanha o rio Amazo- proximidades do Distrito Federal.
nas, do curso médio até a foz. Suas altitudes atingem cerca
de 400 m na porção norte e 300 m na porção sul. Serras e Residuais do Alto Paraguai - ocupam uma
área de rochas cristalinas e rochas sedimentares antigas,
Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba - cons- que se concentram ao norte e ao sul da grande planície do
tituem-se também de terrenos de uma bacia sedimentar, Pantanal, no oeste brasileiro. Aí, na porção meridional, des-
estendendo-se das áreas centrais do país (GO-TO), até as taca-se a serra da Bodoquena, onde as altitudes alcançam
proximidades do litoral, onde se alargam, na faixa entre Pará cerca de 800 m.
e Piauí, sendo cortados de norte a sul, pelas águas do rio
Parnaíba. Aí encontramos a predominância das formas ta- Planalto da Borborema - corresponde a uma área de
bulares, conhecidas como chapadas. terrenos formados de rochas pré cambrianos e sedimentares
antigas, aparecendo na porção oriental no nordeste brasileiro,
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná - caracterizam- a leste do estado de Pernambuco, como um grande núcleo
se pela presença de terrenos sedimentares e pelos depósitos cristalino e isolado, atingindo altitudes em torno de 1.000 m.
de rocha de origem vulcânica, da era mesozoica. Localizam-se
na porção meridional do país, acompanhando os cursos dos Planalto Sul-rio-grandense - superfície caracterizada
afluentes do rio Paraná, estendendo-se desde os estados de pela presença de rochas de diversas origens geológicas,
Mato Grosso e Goiás, até o Rio Grande do Sul, ocupando a faixa apresenta um certo predomínio de material pré cambriano.
ocidental dessa região, atingindo altitudes em torno de 1.000 m. Localiza-se na extremidade meridional do país, no sul do
Rio Grande do Sul, onde encontramos as famosas “coxilhas”,
Planalto e Chapada dos Parecis - estendendo-se por que são superfícies convexas, caracterizadas por colinas
uma larga faixa no sentido Leste-Oeste na porção centro-o- suavemente onduladas, com altitudes inferiores a 450 m.
cidental do país, indo do Mato Grosso até Rondônia. Domi-
nados pela presença de terrenos sedimentares, suas altitu- - Depressões
des atingem cerca de 800 m, exercendo a função de divisor
de águas das bacias dos rios Amazonas, Paraguai e Guaporé. Depressão da Amazônia Ocidental - corresponde a
uma enorme área de origem sedimentar no oeste da Ama-
Planaltos Residuais Norte-Amazônicos - ocupam zônia, com altitudes em torno de 200 m, apresentando uma
uma área onde se mesclam terrenos sedimentares e crista- superfície aplainada, atravessada ao centro pelas águas do
linos, na porção mais setentrional do país, do Amapá até o rio Amazonas.
Amazonas, caracterizando-se em alguns pontos pela defini-
ção das fronteiras brasileiras e em outros, pela presença das Depressão Marginal Norte Amazônia - localizada na
maiores altitudes do Brasil, como o Pico da Neblina (3014 porção norte da Amazônia, entre o planalto da Amazônia
m), na divisa do estado de Roraima com a Venezuela. oriental e os planaltos residuais norte amazônicos, com alti-
tudes que variam entre 200 e 300 m. Com rochas cristalinas
Planaltos Residuais Sul-Amazônicos - também ocu- e sedimentares antigas, e estende-se entre o litoral do Ama-
pam terrenos onde se mesclam o rochas sedimentares e pá e a fronteira do estado do Amazonas com a Colômbia.
cristalinas, estendendo se por uma larga faixa de terras ao
sul do Rio Amazonas, desde a porção meridional do Pará até Depressão Marginal Sul Amazônia - com terrenos predo-
Rondônia. O destaque dessa subunidade é a presença de al- minantemente sedimentares e altitudes variando entre 100 e 400
gumas formações em que são encontradas jazidas minerais m, está localizado na porção meridional da Amazônia, intercalan-
de grande porte (é o caso da serra dos Carajás, no Pará). do-se com as terras dos planaltos residuais sul amazônicos.
2
GEOGRAFIA DO BRASIL
Depressão do Araguaia - acompanha quase todo o Planície do Rio Araguaia - é uma planície estreita que
vale do rio Araguaia e apresenta terrenos sedimentares, se estende no sentido norte-sul, margeando o trecho mé-
com uma topografia muito plana e altitudes entre 200 e 350 dio do rio Araguaia, em terras dos estados de Goiás e To-
m. Em seu interior encontramos a planície do rio Araguaia. cantins. Em seu interior, o maior destaque fica com a ilha do
Bananal que, com uma área de cerca de 20.000 km2 , é a
Depressão Cuiabana - localizada no centro do país, en- maior ilha fluvial do planeta.
caixada entre os planaltos da bacia do Paraná, dos Parecis e
do alto Paraguai, caracteriza-se pelo predomínio dos terrenos Planície e Pantanal do Rio Guaporé - trata-se de uma faixa
sedimentares de baixa altitude, variando entre 150 e 400 m. bastante estreita de terras planas e muito baixas, que se alonga pe-
las fronteiras ocidentais do país, penetrando a noroeste, no territó-
Depressão do Alto Paraguai-Guaporé - superfície carac- rio boliviano, tendo seu eixo marcado pelas águas do rio Guaporé.
terizada pelo predomínio das rochas sedimentares, localiza-se
entre os rios Jauru e Guaporé, no estado de Mato Grosso. Planície e Pantanal Mato-grossense - corresponde a
uma grande área que ocupa porção mais ocidental do Brasil
Depressão do Miranda - atravessada pelo rio Miranda, Central. É de formação extremamente recente, datando do
localiza-se no MS, ao sul do Pantanal. É uma área em que período quaternário da era Cenozoica; por isso apresenta
predominam rochas cristalinas pré cambrianas, com altitu- altitudes muito modestas, em torno de 100 m acima do ní-
des extremamente baixas, entre 100 e 150 m. vel do mar. É considerada a mais típica planície brasileira,
pois está em constante processo de sedimentação. Todo
Depressão Sertaneja e do São Francisco - ocupam uma ano, durante o verão, as chuvas aumentam o nível de águas
extensa faixa de terras que se alonga desde as proximidades dos rios, que transbordam. Como o declive do relevo é mí-
do litoral do Ceará e Rio Grande do Norte, até o interior de nimo, o fluxo maior das águas que descem para o Pantanal
Minas Gerais, acompanhando quase todo o curso do rio São supera a capacidade de escoamento do rio Paraguai, eixo
Francisco. Apresentam variedade de formas e de estruturas fluvial que atravessa a planície de norte a sul, ocasionando,
geológicas, porém destaca-se a presença do relevo tabular, então, as grandes enchentes que transformam toda a planí-
cie numa enorme área alagada (vem daí o nome “pantanal”).
as chapadas, como as do Araripe (PE-CE) e do Apodi (RN).
Passado o verão, com a estiagem do inverno, o rio retorna ao
seu leito normal, e o Pantanal transforma-se então numa enorme
Depressão do Tocantins - acompanha todo o trajeto
área plana, coberta de campos, como uma planície comum.
do Rio Tocantins, quase sempre em terrenos de formação
cristalinas pré cambriana. Suas altitudes declinam de norte
Planície da Lagoa dos Patos e Mirim - ocupa quase a to-
para sul, variando entre 200 e 500 m. talidade do litoral gaúcho, expandindo-se na porção mais meri-
dional até o território do Uruguai. A originalidade dessa planície
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do está em sua formação dominantemente marinha e lacustres,
Paraná - caracterizada pelo predomínio dos terrenos sedi- com mínima participação da deposição de origem fluvial.
mentares das eras Paleozoica e Mesozoica, aparece como
uma larga faixa de terras, localizada entre as terras dos pla- Planícies e Tabuleiros Litorâneos - correspondem a inú-
naltos da bacia do Paraná e do Atlântico leste e sudeste. meras porções do litoral brasileiro e quase sempre ocupam
Suas altitudes oscilam entre 600 e 700 m. áreas muito pequenas. Geralmente localizam se na foz de rios
que deságuam no mar, especialmente daqueles de menor por-
Depressão Periféricas sul-rio-grandense - ocupam as te. Apresentam-se muito largas no litoral norte e quase desapa-
terras sedimentares drenadas pelas águas do rio Jacuí e do recem no litoral sudeste. E em trechos do litoral nordestino, es-
Rio Ibicuí, no Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por baixas sas pequenas planícies apresentam-se intercaladas com áreas
altitudes, que variam em torno dos 200 m. de maior elevação as barreiras-, também de origem sedimentar.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
Depressões: As depressões são um conjunto de relevos choeirados e com muitos desníveis entre a nascente e a foz,
planos ou ondulados que ficam abaixo do nível altimétrico os rios de planalto apresentam grandes quedas-d’água. As-
(de altitude) das regiões vizinhas. Exemplos de depressão no sim, em decorrência de seu perfil não regularizado, ficam pre-
Brasil podem ser encontrados na Região Amazônica, como judicados no que diz respeito à navegabilidade. Os rios São
as depressões do Acre e do Amapá. Encontram-se ainda na Francisco e Paraná são os principais rios de planalto.
Região Sudeste, onde sítios urbanos aproveitaram as carac- Em menor quantidade, temos no Brasil os rios que cor-
terísticas favoráveis do relevo para a construção de grandes rem nas planícies, sendo usados basicamente para a navega-
cidades, como São Paulo e Belo Horizonte. ção fluvial, por não apresentarem cachoeiras e saltos em seu
percurso. Como exemplo, podem ser citados alguns rios da
Serras: As serras constituem relevos acidentados, geral- bacia Amazônica (região Norte) e da bacia Paraguaia (região
mente em forma de cristas (partes altas, seguidas por saliên- Centro-Oeste, ocupando áreas do Pantanal Mato-Grossense).
cias) e topos aguçados ou em bordas elevadas de planaltos. A Entre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas e o Para-
Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira são bons exemplos. As guai são predominantemente de planície e largamente utili-
chapadas e os tabuleiros são relevos de topo plano formados zados para a navegação.
em rochas sedimentares, normalmente limitados por bordas Apesar da maioria dos rios brasileiros nunca secar, alguns
com inclinações variadas. apresentam características curiosas, como por exemplo, o
Jagauribe (Ceará), que desaparece nas secas, e o Paraguaçu
Chapadas: As chapadas estão situadas em altitudes me- (Bahia), que se torna subterrâneo e depois volta a ficar visível.
dianas a elevadas. São exemplos no Brasil a Chapada Diaman-
tina, as chapadas dos Guimarães e dos Parecis. Os tabuleiros Características gerais
são encontrados em altitudes relativamente baixas, podendo • Ocorrência de grande parte dos rios do tipo caudalo-
ocorrer nas faixas costeiras e interiores. No litoral, predomi- sos, isso significa cursos com elevado volume de água e que
nam na Região Nordeste e, no interior, na Região Amazônica. não secam (perene), característica derivada do clima úmido.
Somente no sertão nordestino ocorre, em determinadas loca-
Patamares: Por fim, os patamares são formas planas lidades, rios temporários.
ou onduladas que constituem superfícies intermediárias ou • Domínio principal de foz do tipo estuário e alguns rios
degraus entre áreas de relevo mais elevado e áreas mais com foz do tipo delta.
baixas. São encontrados na Região Nordeste entre as de- • Os regimes dos rios brasileiros são de predominância
pressões sertanejas e a Serra da Borborema e na bacia sedi- do tipo pluvial, isso quer dizer que os períodos de cheias e
mentar do Paraná, formando degraus entre níveis diferen- vazantes são determinados pela ocorrência de chuvas e secas,
ciados de planaltos. influência direta do clima na hidrografia.
• Modesta quantidade de lagos.
Hidrografia Brasileira • Superioridade de rios que desaguam no mar, nascem no
interior do país e percorrem em direção ao oceano, chamado
Definição de drenagem do tipo exorreica.
A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as • Grande parte dos rios corre sobre planaltos e depres-
águas do planeta, abrangendo, portanto rios, mares, oceanos, sões, esses são os tipos de relevo que mais se destacam no
lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera. A grande Brasil, favorecendo a instalação de usinas hidrelétricas.
parte da reserva hídrica mundial (mais de 97%) concentra- • Grande parte dos rios brasileiros apresenta regime Tro-
se em oceanos e mares, com um volume de 1.380.000.000 pical Austral, com cheias de verão e vazante no inverno.
km³. Já as águas continentais representam pouco mais de 2%
da água do planeta, ficando com um volume em torno de Deltas
38.000.000 km³. Os deltas correspondem à foz de um curso de água em
que os aluviões fluviais se acumulam em vez de serem redistri-
Hidrografia do Brasil buídos pelas vagas e correntes litorais. Deste modo, os deltas
O Brasil tem um dos maiores complexos hidrográficos do caracterizam-se por um avanço da terra em relação ao mar. É
mundo, apresentando rios com grandes extensões, larguras e justamente esse traço que identifica os deltas. Muitas vezes o
profundidades. A maioria dos rios brasileiros nasce em regiões rio divide-se em vários braços, mas essa não é uma condição
pouco elevadas, com exceção do rio Amazonas e de alguns absolutamente necessária. No fundo, um delta representa o
afluentes que nascem na cordilheira dos Andes. O Brasil possui oposto de um estuário, porque no caso do delta as ações flu-
8% de toda a água doce que está na superfície da Terra. Além viais, de origem continental, dominam sobre as ações marinhas.
disso, a maior bacia fluvial do mundo, a Amazônica, também Os deltas atuais são holocénicos, mas sobrepõem-se
fica no Brasil. Somente o rio Amazonas deságua no mar um muitas vezes a deltas mais antigos em locais subsidentes.
quinto de toda a água doce que é despejada nos oceanos. Ao longo do litoral brasileiro existem áreas de progradação
quaternária, a maioria das quais vinculadas a importantes
Rios de planalto e de planície desembocaduras fluviais, enquanto que outras não apresen-
Devido à natureza do relevo, no Brasil predominam os tam qualquer ligação com desembocaduras fluviais, atuais
rios de planalto, que apresentam rupturas de declive, vales ou pretéritas. Todos os casos até aqui estudados, podem ser
encaixados, entre outras características, que lhes conferem explicados pelo modelo de evolução paleogeografia conce-
um alto potencial para a geração de energia elétrica. Enca- bido pelos autores, válido para o trecho Macaé (RJ) a Maceió
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GEOGRAFIA DO BRASIL
(AL). Dois ou mais dos estádios do modelo completo podem Bacia do Rio Paraná
ser omitidos na explicação da história evolutiva de algumas É a região mais industrializada e urbanizada do país. Na
dessas planícies. As planícies costeiras dos rios Doce (ES) e bacia do Paraná reside quase um terço da população brasi-
Paraíba do Sul (RJ) caracterizam-se pela presença de expres- leira, sendo os principais aglomerados urbanos as regiões
sivos deltas intralagunares, que foram construídos no interior metropolitanas de São Paulo, Campinas e de Curitiba. O rio
de extensas paleolagunas. Paraná, com aproximadamente 4.100 km, tem suas nascentes
As planícies costeiras dos rios Jequitinhonha (BA) e São na região Sudeste, separando as terras do Paraná do Mato
Francisco (SE/AL), ambas de menor expressão do que as an- Grosso do Sul e do Paraguai. O rio Paraná é o principal curso
teriores, não apresentam deltas intralagunares porque nunca d’água da bacia, mas também são muito importantes os seus
chegaram a desenvolver lagunas de maior porte durante a sua afluentes e formadores, como os rios Grande, Paranaíba, Tietê,
evolução geológica. Por outro lado, a foz do Rio Parnaíba (PI/ Paranapanema, Iguaçu, dentre outros. Essa bacia hidrográfica
MA) pode ser considerada como de domínio essencialmente é a que tem a maior produção hidrelétrica do país, abrigando
eólico e a planície de Caravelas (BA) não possui qualquer rela- a maior usina hidrelétrica do mundo: a Usina de Itaipu, no
ção com desembocadura fluvial. Nessas planícies, que foram Estado do Paraná, projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.
frequentemente descritas como essencialmente holocênicas,
foram também encontrados sedimentos pleistocênicos ao Bacia do São Francisco
lado dos holocênicos. Nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, atravessan-
do os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O
As tradicionais bacias hidrográficas do Brasil Rio São Francisco é o principal curso d’água da bacia, com
Uma bacia hidrográfica é um conjunto de terras drenadas cerca de 2.700 km de extensão e 168 afluentes. De grande
por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. O IBGE importância política, econômica e social, principalmente para
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) classifica os rios a região nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km,
em nove bacias. São elas: desde Pirapora, em Minas Gerais, até a cachoeira de Paulo
Afonso. O principal aglomerado populacional da bacia do São
Bacia Amazônica Francisco corresponde à Região Metropolitana de Belo Hori-
zonte, na região do Alto São Francisco.
É a maior bacia hidrográfica do mundo, com 7.050.000
km², sendo mais da metade localizado em terras brasileiras.
Bacia do Sudeste-Sul
Abrange também terras da Bolívia, Peru, Colômbia, Venezue-
É composta por rios da importância do Jacuí, Itajaí e Ribei-
la, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Seu rio principal, o
ra do Iguape, entre outros. Os mesmos possuem importância
Amazonas, nasce no Peru com o nome de Vilcanota e recebe
regional, pela participação em atividades como transporte hi-
posteriormente os nomes de Ucaiali, Urubamba e Marañon. droviário, abastecimento d’água e geração de energia elétrica.
Quando entra no Brasil, passa a se chamar Solimões e, após o
encontro com o Rio Negro, perto de Manaus, recebe o nome Bacia do Uruguai
de Rio Amazonas. É formada pelo rio Uruguai e por seus afluentes, desa-
guando no estuário do rio da Prata, já fora do território bra-
Bacia do Nordeste sileiro. O rio Uruguai é formado pelos rios Canoas e Pelotas
Abrange diversos rios de grande porte e de significado e serve de divisa entre os Estados de Santa Catarina e Rio
regional, como: Acaraú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi, Capiba- Grande do Sul. Faz ainda a fronteira entre Brasil e Argentina
ribe, Una, Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Mearim e entre Argentina e Uruguai. Deságua no oceano após per-
e Parnaíba. O rio Parnaíba forma a fronteira dos estados do correr 1.400 km. A região hidrográfica do Uruguai apresenta
Piauí e Maranhão, desde suas nascentes na serra da Tabatinga um grande potencial hidrelétrico, possuindo uma das maiores
até o oceano Atlântico, além de representar uma importante relações energia/km² do mundo.·.
hidrovia para o transporte dos produtos agrícolas da região.
Bacia do Leste*
Bacia do Tocantins-Araguaia Assim como a bacia do nordeste, esta bacia possui diversos
Com uma área superior a 800.000 km2, a bacia do rio rios de grande porte e importância regional. Entre eles, temos os
Tocantins-Araguaia é a maior bacia hidrográfica inteiramente rios Pardo, Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru,
situada em território brasileiro. O rio Tocantins nasce na con- das Contas, Paraguaçu, entre outros. O rio Paraíba do Sul, por
fluência dos rios Maranhão e Paraná (GO), enquanto o Ara- exemplo, situa-se entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro
guaia nasce no Mato Grosso. Localiza-se nessa bacia a usina e Minas Gerais, apresentando ao longo do seu curso diversos
de Tucuruí (PA), que abastece projetos para a extração de ferro aproveitamentos hidrelétricos, cidades ribeirinhas de porte e in-
e alumínio. dústrias importantes, como a Companhia Siderúrgica Nacional.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
Águas subterrâneas
Para facilitar o estudo das águas subterrâneas o Brasil
foi dividido em regiões homogêneas, formando 10 provín-
cias hidrogeologias. Os limites dessas províncias não coin-
cidem necessariamente com os das bacias hidrográficas,
estas províncias são regiões onde os sistemas aquíferos
apresentam condições semelhantes de armazenamento,
circulação e qualidade de água.
Energia hidrelétrica
A grande extensão territorial do Brasil com predomínio
de planaltos ondulados, o clima tropical dominante a sua
vasta hidrografia, com predomínio de regime tropical plu-
vial, muito favorecem a instalação de usinas geradoras de
hidroeletricidade, mediante o aproveitamento do elevado
potencial hidráulico existente.
O potencial hidráulico de um rio é determinado pela
função de duas variáveis:
- Volume de água.
- A altura de queda d’água ou ângulo de declividade
do leito do rio. !
O potencial hidrelétrico é resultado do aproveitamen-
to parcial do potencial hidráulico, pois depende da altura Potencial Hidrelétrico-Bacias Hidrográficas
da barragem e do volume médio de descarga nesse ponto O valor do potencial hidrelétrico brasileiro é composto
durante o ano. pela soma da parcela estimada (remanescente + individuali-
zada) com a inventariada.O potencial estimado é resultante
A ANEEL da somatória dos estudos:
A ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica) foi cria- • De potencial remanescente - resultado de estimativa
da em 1996, e é o órgão responsável por regularizar e fis- realizada em escritório, a partir de dados existentes, sem
calizar os aspectos técnicos, econômicos e administrativos qualquer levantamento complementar, considerando-se um
das empresas do setor. Em 2001, houve crise de energética trecho do curso d’água, via de regra situado na cabeceira,
que gerou a necessidade de reduzir o consumo de energia sem determinar o local de implantação do aproveitamento; e,
elétrica por meio de racionamento de energético. • Individualizados - resultado de estimativa realizada
A crise ocorreu por uma soma de fatores: as poucas chu- em escritório para um determinado local, a partir de da-
vas, e a falta de planejamento e ausência de investimentos em dos existentes ou levantamentos expeditos, sem qualquer
geração e distribuição de energia. Com a escassez de chuva, levantamento detalhado.
o nível de água dos reservatórios das hidroelétricas baixou e
os brasileiros foram obrigados a racionar energia.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
A parcela inventariada inclui usinas em diferentes níveis Outro fator climático são os fatores dinâmicos: as mas-
de estudos - inventário, viabilidade e projeto básico - além de sas de ar, cinco grandes massas de ar agem frequentemente
aproveitamentos em construção e operação (ELETROBRÁS, sobre o Brasil. Seu deslocamento ocorre devido ás diferenças
2004). O potencial inventariado é resultante da somatória dos de pressão atmosférica entre dois pontos. Dentre elas temos:
aproveitamentos: - Mec (massa equatorial continental, é uma massa quente
• Apenas em inventário - resultado de estudo da bacia e instável originada na Amazônia Ocidental, que atua sobre
hidrográfica, realizado para a determinação do seu poten- todas as regiões do país. Apesar de continental é uma massa
cial hidrelétrico, mediante a escolha da melhor alternativa de úmida, em razão da presença de rios caudalosos e da intensa
divisão de queda, caracterizada pelo conjunto de aproveita- transpiração da massa vegetal da Amazônia, região em que
mentos compatíveis entre si e com projetos desenvolvidos, provoca chuvas abundantes e quase diárias, principalmente
de forma a se obter uma avaliação da energia disponível, dos no verão e no outono. No verão, avança para o interior do país
impactos ambientais e dos custos de implantação dos em- provocando as “chuvas de verão”.
preendimentos; - Mea (massa equatorial atlântica) é quente, úmida e ori-
• Com estudo de viabilidade - resultado da concepção ginária do Atlântico Norte (próximo à Ilha de Açores). Atua
global do aproveitamento, considerando sua otimização téc- nas regiões litorâneas do Norte do Nordeste, principalmente
nico-econômica que permita a elaboração dos documentos no verão e na primavera, sendo também formadoras dos ven-
para licitação. Esse estudo compreende o dimensionamento tos alísios de nordeste.
das estruturas principais e das obras de infraestrutura local e a - Mta (massa tropical atlântica) origina-se no Oceano
definição da respectiva área de influência, do uso múltiplo da Atlântico e atua na faixa litorânea do Nordeste ao Sul do país.
água e dos efeitos sobre o meio ambiente; Quente e úmida provoca as chuvas frontais de inverno na re-
• Com projeto básico - aproveitamento detalhado e em gião Nordeste a partir do seu encontro com a Massa Polar
profundidade, com orçamento definido, que permita a elabo- Atlântica e as chuvas de relevo nos litorais sul e sudeste, a
ração dos documentos de licitação das obras civis e do forne- partir do choque com a Serra do Mar. Também é formadora
cimento dos equipamentos eletromecânicos; dos ventos alísios de sudeste.
• Em construção - aproveitamento que teve suas obras - Mpa (massa polar atlântica) forma-se no Oceano Atlân-
tico sul (próximo à Patagônia), sendo fria e úmida e atuan-
iniciadas, sem nenhuma unidade geradora em operação; e.
do, sobretudo no inverno no litoral nordestino (causa chuvas
• Em operação - os empreendimentos em operação
frontais), nos estados sulinos (causa queda de temperatura e
constituem a capacidade instalada.
geadas) e na Amazônia Ocidental (causa fenômeno da fria-
Os aproveitamentos somente são considerados para fins
gem, queda brusca na temperatura).
estatísticos nos estágios “inventário”, “viabilidade” ou “proje-
- Mct. (massa tropical continental), originada na Depres-
to básico”, se os respectivos estudos tiverem sido aprovados são do Caco, é quente e seca e atua basicamente em sua área
pelo poder concedente. de origem, causando longos períodos quentes e secos no sul
O potencial hidrelétrico brasileiro consiste em cerca de da região Centro-oeste e no interior das regiões Sul e Sudeste.
260 GW. Contudo apenas 68% desse potencial foi inventaria-
do. Entre as bacias com maior potencial destacam-se as do
Rio Amazonas e do Rio Paraná.
Clima Brasileiro
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GEOGRAFIA DO BRASIL
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GEOGRAFIA DO BRASIL
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GEOGRAFIA DO BRASIL
A fauna possui várias espécies distintas, sendo várias delas os estados do Maranhão, Piauí e norte do Tocantins. N
as áreas
endêmicas, ou seja, são encontradas apenas na Mata Atlântica. mais úmidas do meio-norte, que se encontram no Maranhão,
Entre os animais desse bioma estão: tamanduá, tatu-canastra, norte do Tocantins e oeste do Piauí, ocorre o desenvolvimento
onça-pintada, lontra, mico-leão, macaco muriqui, anta, veado, de uma espécie de coqueiro ou palmeira chamada de babaçu.
quati, cutia, bicho-preguiça, gambá, monocarvoeiro, arapon- Essa planta possui uma altura que oscila entre 15 e 20 metros.
ga, jacutinga, jacu, macuco, entre tantos outros. O babaçu produz amêndoas que são retiradas de cachos de
Existe uma grande necessidade de políticas públicas para a coquilhos do qual é extraído um óleo com uso difundido na
preservação da Mata Atlântica, visto que da área original desse indústria de cosméticos e alimentos. N
as regiões mais secas do
bioma (1,3 milhão de km2) só restam 52.000 Km2. Outro fator meio-norte, que se estabelecem no leste do Piauí, e nas áreas
é a quantidade de espécies ameaçadas de extinção: das 200 litorâneas do Ceará desenvolve outra característica vegetal, a
espécies vegetais brasileiras ameaçadas, 117 são desse bioma. carnaúba. Carnaúba é uma árvore endêmica que pode alcançar
Conforme dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e aproximadamente 20 metros de altura, das folhagens se extrai a
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Mata Atlântica cera e a partir dessa matéria-prima são fabricados lubrificantes,
abriga 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil. a cera também é usada em perfumarias, na confecção de plás-
ticos e adesivos. A
mata dos cocais encontra-se em grande risco
Mata dos Pinhais ou Floresta de Araucária de extinção, pois tais regiões estão dando lugar a pastagens e
As Matas de Araucárias são encontradas na Região Sul do lavouras, especialmente no Maranhão e boreal de Tocantins.
Brasil e nos pontos de relevo mais elevado da Região Sudeste.
Existem pelo menos dezenove espécies desse tipo de vegeta- Matas-Galerias ou Matas Ciliares
ção, das quais treze são endêmicas (existe em um lugar espe- Mata Ciliar e Mata de Galeria são vegetações existentes
cífico). São encontradas na Ilha Norfolk, sudeste da Austrália, em terrenos drenados ou mal drenados, estão associadas a
Nova Guiné, Argentina, Chile e Brasil. Essa cobertura vegetal cursos d´agua. No Cerrado, a mata ciliar segue os rios de mé-
se desenvolve em regiões nas quais predomina o clima sub- dio e grande porte, sendo uma mata estreita. Geralmente, a
tropical, que apresenta invernos rigorosos e verões quentes, mata ciliar incide em terrenos acidentados. Ocorrem diferentes
com índices pluviométricos relativamente elevados e bem dis- graus de queda das folhas na estação seca. Na mata de galeria
tribuídos durante o ano. A araucária é um vegetal da família há maior resistência das folhas nas estações secas. A mata de
das coníferas que pode ser cultivado com fins ornamentais, galeria possui dois subtipos, a não-inundável e a inundável.
em miniaturas. O Pinheiro-do-Paraná ou Araucária (Arauca- No Cerrado, por exemplo, ainda há a mata seca que apresenta
ria angustifolia) era encontrado com abundância no passado, três subtipos: Sempre-verde, Semidecídua e Decídua. Na ve-
atualmente no Brasil restaram restritas áreas preservadas.
getação de galeria é comum a existência de espécies epífitas,
As árvores que compõem essa particular cobertura vege- que são plantas que utilizam uma árvore como suporte ao seu
tal possuem altitudes que podem variar entre 25 e 50 metros e crescimento, não fazendo da mesma fonte de sua nutrição,
troncos com 2 metros de espessura. As sementes dessas árvo- pois não são parasitas, por exemplo, as orquídeas.
res, conhecidas como pinhão, podem ser ingeridas, os galhos É comum que a vegetação da mata de galeria não seja
envolvem todo o tronco central. Os fatores determinantes para padronizada, há casos de vegetação não-inundável em área
o desenvolvimento dessa planta é o clima e o relevo, uma vez inundada.
que ocorre principalmente em áreas de relevo mais elevado.
Outra particularidade das araucárias é a restrita ocorrência Caatinga – (mata branca)
de flores, provenientes das baixas temperaturas; além de não A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que signifi-
desenvolver outros tipos de plantas nas proximidades dos pi- ca “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente
nheiros. Diante disso, a composição paisagística dessa vegeta- brasileiro. Possui extensão territorial de 734.478 de quilôme-
ção fica caracterizada principalmente pelo espaçamento entre tros quadrados, correspondendo a cerca de 10% do território
as árvores, pois não existem vegetais de pequeno porte que nacional, está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do
poderiam fazer surgir uma vegetação densa; essas são com- Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e
postas por florestas ralas.
norte de Minas Gerais. As temperaturas médias anuais são
Infelizmente, no Brasil, a proliferação das Araucárias está elevadas, oscilam entre 25° C e 29° C. O clima é semiárido; e o
bastante comprometida e corre sério risco de entrar em extin- solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferen-
ção, fato decorrente das atividades produtivas desenvolvidas há tes de rochas. A ação do homem já alterou 80% da cobertura
várias décadas na região, especialmente na extração de madei- original da caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua
ra e ocupação agropecuária, reduzindo a 3% a forma original. área protegida em 36 unidades de conservação, que não per-
mitem a exploração de recursos naturais. As secas são cíclicas
Mata dos Cocais e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma
Mata dos cocais é um tipo de vegetação brasileira que população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes.
ocorre entre a região norte e nordeste do Brasil, região denomi- As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recupe-
nada de meio-norte. Corresponde a uma área de transição en- ração do bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as
volvendo vários estados e vegetações distintas. Na região onde árvores ficam cobertas de folhas.
se encontra o meio-norte é possível identificar climas totalmen- Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja,
te diferentes, como equatorial superúmido e semiárido. A mata adaptadas ao clima seco e à pouca quantidade de água. Algu-
dos cocais é composta por babaçu, carnaúba, oiticica e buriti; se mas armazenam água, outras possuem raízes superficiais para
estabelece entre a Amazônia e a caatinga, essa região abrange captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com
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GEOGRAFIA DO BRASIL
recursos pra diminuir a transpiração, como espinhos e pou- Campos meridionais – Não há presença arbustiva, predomina
cas folhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbóreo, uma extensa área com gramíneas, propícia para o desenvol-
com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo, com vege- vimento da atividade agropecuária. Destaca-se a Campanha
tação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre Gaúcha, no Rio Grande do Sul e os Campos de Vacaria, no
as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e Mato Grosso do Sul. Os campos ocupam áreas descontínuas
o mandacaru. Algumas dessas plantas podem produzir cera, do Brasil, na Região Norte esse bioma está presente sob a
fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas. forma de savanas de gramíneas baixas, nas terras firmes do
Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta Amazonas, de Roraima e do Pará. Na Região Sul, surge como
por répteis (principalmente lagartos e cobras), roedores, inse- as pradarias mistas subtropicais.
tos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul, (ameaçada de Os campos do Sul são formados principalmente pelos
extinção), sapo-cururu, asa-branca, cutia, gambá, preá, veado pampas gaúchos, com clima subtropical, região plana de ve-
catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais. getação aberta e de pequeno porte que se estende do Rio
Grande do Sul à Argentina e ao Uruguai. A vegetação campes-
Cerrado (ou Savana do Brasil) tre forma um tapete herbáceo com menos de 1 metro, com
O Cerrado é um tipo de vegetação que compõe a fito- pouca variedade de espécies. Sete tipos de cacto e de bromé-
geografia brasileira, já ocupou 25% do território brasileiro, fato lia são endêmicos da região, além de uma espécie de peixe
que lhe dá a condição de segunda maior cobertura vegetal do - o cará, ou seja, são espécies encontradas apenas nesse local.
país, superada somente pela floresta Amazônica. No entanto, A terra possui condições adequadas para o desenvolvimento
com o passar dos anos o Cerrado diminuiu significantemen- da agricultura, além de comportar água em abundância. Os
te. A vegetação do Cerrado se encontra em uma região onde principais produtos agrícolas cultivados nessa região são arroz,
o clima que predomina é o tropical, apresenta duas estações milho, trigo e soja. No entanto, muitas áreas desse bioma já
bem definidas: uma chuvosa, entre outubro e abril; e outra foram degradadas em razão da atividade econômica desen-
seca, entre maio e setembro. O
Cerrado abrange os Estados da volvida com a utilização de máquinas, e a intensa ocupação
região Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul de rebanhos bovinos e plantações de trigo e, principalmente,
e Distrito Federal), além do sul do Pará e Maranhão, interior do de soja. A pecuária extensiva desgasta o solo, o plantio de soja
Tocantins, oeste da Bahia e Minas Gerais e norte de São Paulo.
e trigo diminuem a fertilidade do mesmo, além dos desmata-
A vegetação predominante é constituída por espécies mentos que causam erosão e desertificação.
do tipo tropófilas (vegetais que se adaptam às duas estações
distintas, como ocorre no Centro-Oeste), além disso, são ca- Pantanal
ducifólias (que caem as folhas no período de estiagem) com O Brasil apresenta ao longo de seu território diversas
raízes profundas. A vegetação é, em geral, de pequeno porte composições vegetais, dentre elas o Pantanal, que é co-
com galhos retorcidos e folhas grossas. Apesar dessa definição nhecido também por Complexo do Pantanal; sua forma-
generalizada, o cerrado é constituído por várias características ção vegetal recebe influência da floresta Amazônica, Mata
de vegetação, é classificado em subsistemas: de campo, de Atlântica, Chaco e do Cerrado. Ocupando uma área de 210
cerrado, de cerradão, de matas, de matas ciliares e de veredas mil km2, o Pantanal é considerado a maior planície alagá-
e ambientes alagadiços. O Cerrado já ocupou uma área de 2 vel do mundo, está situado sobre uma enorme depressão
milhões de km2, entretanto, hoje são aproximadamente 800 cuja altitude não ultrapassa os 100 metros em relação ao
mil km2. Essa expressiva diminuição se deve à intervenção hu- nível do mar. Esse domínio encontra-se ao sul do Estado de
mana no ecossistema.
Mato Grosso e noroeste do Mato Grosso do Sul, esse possui
Em geral, os solos são pobres e muito ácidos. Até a 1970 o um percentual maior de Pantanal, cerca de 65%, enquanto
cerrado era descartado quanto ao seu uso para a agricultura, que aquele detém 35%. O alagamento do Pantanal aconte-
mas com a modernização do campo surgiram novas técnicas ce no período chuvoso, nas épocas de estiagem formam-se
que viabilizaram a sua ocupação para essa finalidade. E
ntão pastagens naturais, situação que favorece a ocupação para
foi realizada a correção do solo e os problemas de nutriente criação de gado. A inundação do Pantanal acontece por
foram solucionados, atualmente essa região se destaca como causa das cheias do rio Paraguai e afluentes.
grande produtor de grãos, carne e leite. Embora esses sejam As superfícies pantaneiras mais elevadas abrangem a
os grandes “vilões” da devastação do Cerrado. vegetação do Cerrado e, em áreas mais úmidas, apresen-
tam florestas tropicais do tipo arbóreas. Essa parte da fi-
Campos (ou Estepes Brasileiros) togeografia brasileira foi reconhecida pela UNESCO como
Os campos são formados por herbáceas, gramíneas e pe- um Patrimônio Natural da Humanidade, isso pelo fato de
quenos arbustos esparsos com características diversas, confor- ser um dos ecossistemas mais bem preservados do mundo.
me a região. Esse bioma pode ser classificado da seguinte forma: Além disso, abriga uma imensa biodiversidade, são cerca de
- Campos limpos – Predomínio das gramíneas. - Campos sujos 670 espécies de aves, 242 de peixes, 110 de mamíferos, 50
– Há a presença de arbustos, além das gramíneas. Campos de de répteis. Incluindo ainda aproximadamente 1500 varieda-
altitude – Áreas com altitudes superiores a 1,4 mil metros, en- des de plantas. As atividades econômicas desenvolvidas no
contrados na serra da Mantiqueira e no Planalto das Guianas. Pantanal que mais se destacam são a pecuária e a pesca.
- Campos da hileia – É um tipo de formação rasteira encon-
trado na Amazônia, é caracterizado pelas áreas inundáveis
da Amazônia oriental, como a ilha de Marajó, por exemplo.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
A criação de gado é uma atividade que consegue aliar voada, com baixo índice de densidade demográfica. A densida-
preservação e renda. Porém, nas últimas décadas, gradati- de demográfica é o resultado da divisão da população de um
vamente tem sido inserido na região pantaneira o cultivo de determinado lugar por sua extensão territorial. São 194.227.984
culturas monocultoras comerciais (ex. soja), provocando im- pessoas em uma extensão territorial de 8.547.403,5 km², apre-
pactos negativos no ambiente pela aplicação de agrotóxicos, sentando aproximadamente 22,72 habitantes por Km2, bem
além da retirada da cobertura vegetal original que pode com- distante dos 881,3 habitantes por Km2 de Bangladesh.
prometer todo o ecossistema. Outro problema enfrentado No Brasil, o instrumento de coleta de dados demográficos é
está ligado à fauna, tendo em vista que ocorre uma intensa o recenseamento ou censo. O órgão responsável pela contagem
caça de jacarés e pesca indiscriminada. da população é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica), que realiza a pesquisa por meio de entrevistas domiciliares.
Mangue O conhecimento quantitativo da população é de fundamental
importância, pois esses dados possibilitarão a realização de es-
Os mangues correspondem a uma característica vegeta- timativas sobre mercado de consumo, disponibilidade de mão
tiva que se apresenta em áreas costeiras, compreende uma de obra, além de planejamentos para a elaboração de políticas
faixa de transição entre aspectos terrestres e marinhos, esse públicas destinadas à saúde, educação, infraestrutura, etc. O pri-
tipo de cobertura vegetal se estabelece em lugares no qual meiro censo demográfico realizado no Brasil foi em 1872, nessa
predominam o clima tropical e subtropical. Os mangues se ocasião a população totalizava 9.930,478 habitantes, em 1900
encontram em ambientes alagados com águas salobras, os era de 17.438.434, já em 1950 a população era de 51.944.397, no
vegetais do mangue são constituídos por raízes expostas fa- ano 2000 a quantidade de habitantes do Brasil registrada foi de
vorecendo uma maior retirada de oxigênio e também propor- 169.590.693. Conforme estimativas do IBGE, a população brasi-
cionando maior fixação. leira em 2050 será de aproximadamente 260 milhões de pessoas,
Essa composição vegetal é fundamental na produção de apresentando um aumento populacional de quase 67 milhões
alimentos para suprir as necessidades de diversos animais de habitantes em relação à população atual.
marinhos. O mangue é formado por plantas com aspecto ar- Em razão do constante aumento populacional ocorrido
bustivo e também arbóreo, no entanto, os manguezais não no Brasil, principalmente a partir da década de 1960, inten-
sificando-se nas últimas décadas, o país ocupa hoje a quinta
são homogêneos, uma vez que há diferenças entre eles, desse
posição dos países mais populosos do planeta, ficando atrás
modo são classificados ou divididos em: mangue vermelho,
apenas da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. De acor-
mangue branco e mangue-siriuba.
do com dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo
Apesar da importância dos manguezais na manutenção
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a popula-
da vida marinha, esse ambiente tem sofrido profundas alte-
ção brasileira atingiu a marca de 190.755.799 habitantes.
rações promovidas principalmente pela ocupação urbana e
No Brasil, o crescimento vegetativo é o principal respon-
especialmente para atender a especulação imobiliária. Dos sável pelo aumento populacional, já que os fluxos migratórios
172.000 quilômetros quadrados de manguezais existentes no ocorreram de forma mais intensa entre 1800 e 1950. Nesse
mundo, o Brasil responde por 15% do total, ou seja, 26.000 período, a população brasileira totalizava 51.944,397 habitan-
quilômetros quadrados distribuídos em todo litoral brasileiro, tes, bem longe dos atuais 190.755.799.
partindo do Amapá até Santa Catarina. A população relativa, ou densidade demográfica, corres-
ponde à relação entre o número de habitantes de uma determi-
nada área e sua extensão territorial. É obtida através da divisão
2 – A POPULAÇÃO: CRESCIMENTO, da população absoluta pela área territorial. Diz-se que uma área
DISTRIBUIÇÃO, ESTRUTURA E MOVIMENTOS. é povoada quando apresenta uma elevada densidade demo-
gráfica; quando sua densidade é muito baixa, diz-se que é um
vazio demográfico. A taxa de população relativa do Brasil colo-
ca-o entre os países menos povoados do planeta. É importante
População Brasileira ressaltar que a densidade demográfica é um dado que nos for-
O estudo da população de uma área qualquer deve se nece a distribuição teórica, e não real, da população pelo país.
iniciar pelas informações quantitativas básicas, ou seja, os va- Entretanto, quando a densidade demográfica é alta, como a de
lores de sua população relativa, esta também denominada de alguns países europeus ou de leste-sudeste asiático, pode-se
densidade demográfica. A população absoluta corresponde ao supor que ela se aproxime bastante da realidade. Isso porque
número total de habitantes de uma determinada área. Trata-se alguns desses países têm pequena extensão territorial e, con-
de uma informação importante, uma vez que através dela po- sequentemente, disponibilidade mínima de espaço, ocorrendo,
de-se ter uma ideia de um eventual mercado de consumo, ou assim, uma ocupação mais homogênea de todo o território.
da disponibilidade de mão-de-obra na região, ou ainda da ne- Se a densidade demográfica é baixa, como no caso do
cessidade e do porte dos investimentos governamentais para Brasil, Canadá e outros países, a situação efetiva da distribui-
o conjunto da população. Quando uma certa porção do espa- ção da população pode ou não coincidir com o índice de po-
ço apresenta uma elevada população absoluta, é considerada pulação relativa. A população relativa do Brasil é reflexo de
uma área populosa, o Brasil apresenta atualmente (2011) uma sua grande extensão territorial, e a baixa densidade demográ-
população de 194.227.984 habitantes. Essa quantia faz do país fica não retrata a realidade nacional. Isso porque a população
a quinta nação mais populosa do planeta, ficando atrás apenas está muito mal distribuída: cerca de 90% dela se concentram
da China e Índia, Estados Unidos e Indonésia, respectivamente. próximo ao Oceano Atlântico, numa faixa que raramente ul-
O Brasil é um país populoso, porém, é uma nação pouco po- trapassa 600km de largura.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
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GEOGRAFIA DO BRASIL
As Formas de Crescimento Populacional Taxa de mortalidade infantil: De 2000 para 2010, a taxa
Existem duas maneiras de a população de um país crescer de mortalidade infantil caiu de 29,7‰ para 15,6‰, o que re-
numericamente: o movimento vertical e o movimento horizon- presentou decréscimo de 47,6% na última década. Com queda
tal. O movimento vertical é fundamentado na diferença entre a de 58,6%, o Nordeste liderou o declínio das taxas de morta-
quantidade de crianças que nascem anualmente e a quantidade lidade infantil no país, passando de 44,7 para 18,5 óbitos de
de pessoas que morrem, nesse mesmo ano, indicada através de crianças menores de um ano por mil nascidas vivas, apesar de
valores porcentuais (%), ou em milhagem (‰). A diferença entre ainda ser a região com o maior indicador. O Sul manteve os
as duas taxas será, então, a taxa de crescimento da população. menores indicadores em 2000 (18,9‰) e 2010 (12,6‰).
A esse resultado denominamos crescimento natural ou cresci- Na última década, a diminuição das desigualdades sociais
mento vegetativo. Já o movimento horizontal corresponde às e regionais contribuiu para a formação do quadro atual de
migrações (deslocamento das pessoas de uma área para outra, baixa na mortalidade infantil e de maior convergência entre
onde fixam residência). Esse processo afeta diretamente o nú- as regiões. Todavia, ainda há um longo caminho a percorrer
mero de habitantes das duas áreas, a de origem e a de destino. para que o Brasil se aproxime dos níveis das regiões mais de-
senvolvidas do mundo, em torno de cinco óbitos de crianças
Taxa de fecundidade: O número médio de filhos tidos menores de um ano para cada mil nascidas vidas.
nascidos vivos por mulher ao final de seu período fértil, no
Brasil, foi de 1,86 filho em 2010, bem inferior ao do Censo Crescimento vegetativo: a população de uma localidade
2000, 2,38 filhos. Essa diminuição dos níveis de fecundidade qualquer aumenta em função das migrações e do crescimen-
ocorreu em todas as grandes regiões brasileiras. Os maiores to vegetativo. No caso brasileiro, é pequena a contribuição das
declínios foram observados nas regiões Nordeste e Norte, que migrações para o aumento populacional. Assim, como esse au-
possuíam os mais altos níveis de fecundidade em 2000. Entre mento é alto, conclui-se que o Brasil apresenta alto crescimento
as unidades da federação, a mais baixa taxa de fecundidade vegetativo, a despeito das altas taxas de mortalidade, sobretudo
pertence ao Rio de Janeiro (1,62 filho por mulher), seguido por infantil. A estimativa da Fundação IBGE para 2010 é de uma taxa
São Paulo (1,63) e Distrito Federal (1,69). A mais alta foi a do bruta de natalidade de 18,67‰ — ou seja, 18,67 nascidos para
cada grupo de mil pessoas ao ano, e uma taxa bruta de mortali-
Acre (2,77 filhos por mulher).
dade de 6,25‰ — ou seja 6,25 mortes por mil nascidos ao ano.
Esses revelam um crescimento vegetativo anual de 12,68.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
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!
Estrutura por Atividade
O estudo da distribuição da população por atividades econômicas e profissionais se realiza a partir da análise da chama-
da População Economicamente Ativa (PEA) e da População Não-Economicamente Ativa (PNEA), também conhecida como
População Economicamente Inativa (PEI). De forma geral, considera-se como População Economicamente Ativa, ou PEA, a
parcela da população absoluta que, tendo mais de 10 anos (no caso do Brasil, mais de 16 anos), está voltada pra o mercado
de trabalho, tanto a que está efetivamente empregada, quanto a que está procurando emprego. A População Economica-
mente Inativa, ou PEI, é portanto, a parcela da população que não está envolvida com o mercado de trabalho, ou seja, é a
que não está trabalhando, nem está à procura de emprego. Nesse caso, incluem-se as crianças com menos de 10 anos de
idade (menos de 16 no Brasil), os idosos e aposentados, os inválidos e as donas de casa, pois o trabalho doméstico, quando
não é realizado por empregados, não é considerado atividade econômica. A População Economicamente Ativa costuma ser
agrupada em três setores de atividades econômicas.
Setores Atividades
Relacionadas com o campo, com a agropecuária
Primário
e o extrativismo.
Relacionadas diretamente com a produção
Secundário
industrial, a construção civil e a mineração.
Relacionadas com a prestação de serviços
Terciário (educação, saúde, lazer, serviços bancários etc.) e o
comércio.
A distribuição da População Economicamente Ativa pelos setores de atividade apresenta grandes diferenças entre países
com distintos níveis de desenvolvimento. Países desenvolvidos, como a Alemanha, em geral têm sua População Economica-
mente Ativa concentrada no setor terciário, como produto de seu progresso econômico e social, e uma parcela muito peque-
na no setor primário, altamente, mecanizado. Já em países subdesenvolvidos, como a Indonésia, o setor primário emprega
a maioria dos trabalhadores, resultado do elevado grau de atraso econômico e tecnológico. Há ainda países em estágio
intermediário, como a Polônia, que embora apresente predomínio da População Economicamente Ativa no setor terciário,
ainda tem um setor primário significativo, pois não dispõe de alta mecanização agrícola.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
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Historicamente, o que se observou não foi a tendência à raram brancos – o que faz com que, apesar de continuar
integração, mas sim à extinção do índio pois, além das doen- sendo o grupo com maior número de pessoas em termos
ças trazidas pelo contato com os brancos (gripe, sarampo, absolutos, a população branca tenha percentual menor
malária etc.), contribuíram para a extinção de vários grupos do que a soma de pretos, pardos, amarelos e indígenas.
indígenas os conflitos pela posse de terra. Com a expansão A migração interna: A migração interna corresponde
das fronteiras agrícolas e a recente descoberta de minérios aos movimentos populacionais que ocorrem dentro do país
em áreas das regiões Norte e Centro-Oeste, tornou-se co- sem alterar sua população total, embora provoquem sig-
mum a invasão das reservas indígenas por grupos de possei- nificativas mudanças econômicas e sociais nas áreas onde
ros e garimpeiros, tornando os conflitos ainda mais frequen- acontecem.
tes e graves. Até mesmo o governo viola os limites dessas Migração inter-regional: Devido a alterações históri-
reservas ao construir rodovias e hidrelétricas em seus limi- cas na estrutura socioeconômica das várias regiões brasi-
tes. A fundação Nacional do Índio (FUNAI) tem como função leiras, verificamos que, em certos períodos, algumas áreas
aplicar a legislação contida no Estatuto do Índio, que fala atraem populações, enquanto outras as repelem. Podemos
em garantir seus costumes e propiciar-lhes uma educação identificas, assim, diversas movimentações inter-regionais
que vise a sua integração. Para muitos, entretanto, manuten- relacionadas a fatos históricos. Além dessas movimentações,
ção de costumes e integração são conceitos antagônicos, há inúmeras outras em toda a história do Brasil, surgindo
pois integrar significa destruir língua, hábitos e crenças. Veja sempre novos fenômenos desse tipo. É o caso, por exem-
como a Constituição de 1988 aborda a questão do índio: plo, das atuais frentes pioneiras que avançam em direção ao
Brasil Central e Amazônia. As migrações internas, além de
Capítulo VIII refletirem no seu deslocamento as mudanças econômicas
Dos índios que estão se realizando nas várias regiões, são de extrema
importância no processo de ocupação territorial do país.
Art. 231 – São reconhecidos aos índios sua organização
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos ori- Outros Fluxos Migratórios
ginários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, com- Dentro do país, há outros fluxos populacionais que não
petindo à União demarcá-las, proteger e respeitar todos os se caracterizam como migrações internas, pois não são du-
seus bens. radouros. Apresentando ritmo, dimensão e objetivos varia-
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, dos, são chamados migrações pendulares. Os principais são:
e por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas - deslocamento dos corumbás – é o fluxo de pessoas
para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à pre- que deixam o agreste ou o Sertão nordestino no período
servação dos recursos ambientais necessários ao seu bem-es- seco, após a colheita do algodão, para trabalhar na colheita
tar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo de cana-de-açúcar na Zona da Mata, regressando depois ao
seus usos, costumes e tradições. local de origem. Tais fluxos e refluxos de população são rit-
§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios mados pela alternância de períodos chuvosos e secos;
destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufru- - deslocamento de boias-frias – corresponde aos movi-
to exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas mentos de pessoas que, morando nas cidades, dirigem-se
existentes. diariamente às fazendas para trabalhos agrícolas, conforme
O Negro: Apesar de já ser predominante no Brasil, a as necessidades dos fazendeiros. Trata-se de um movimento
população negra ainda sofre com a desigualdade racial. urbano-rural.
Em comparação com o Censo realizado em 2000, o - deslocamento dos habitantes de cidades-dormitó-
percentual de pardos cresceu de 38,5% para 43,1% (82 rios – são movimentos pendulares, diários e constantes, que
milhões de pessoas) em 2010. A proporção de negros se realizam em massa, dos núcleos residências periféricos,
também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mes- como bairros e cidades satélites, em direção aos centros in-
mo período. Esse resultado também aponta que a po- dustriais. Verificam-se nas zonas metropolitanas de grande
pulação que se autodeclara branca caiu de 53,7% para densidade demográfica, como São Paulo, Rio de Janeiro,
47,7% (91 milhões de brasileiros). Belo Horizonte, etc.;
Essa mudança de cenário faz parte de uma mudan- - deslocamento de fins de semana e férias – realizam-se
ça cultural que vem sendo observada desde o Censo de com objetivos de lazer e descanso, sendo típicos de áreas de
1991. O Brasil ainda é racista e discriminatório. Não é economia industrial. Periódicos e sazonais, tais movimentos
que da noite para o dia o País tenha deixado de ser ra- estão ligados, em geral, à população que desfruta de um
cista, mas existem políticas. As demandas (da população padrão de vida mais elevado.
negra), a questão da exclusão, tudo isso tem feito parte
da agenda política. A População Brasileira é Eminentemente Urbana
O Branco: Pela primeira vez na História do Censo, a O Brasil chegou ao final do século XX como um país ur-
população do Brasil deixa de ser predominantemente bano. Este é o resultado de um processo iniciado na década
branca. Pelos dados de 2010, as pessoas que se decla- de 50 na região Sudeste. A partir de então, este contraste se
raram brancas são 47,73% da população, enquanto em acentuou e se generalizou pelas cinco grandes regiões do
2000 eram 53,74%. Nos outros Censos, até agora, os país. Segundo o último Censo realizado, a população é mais
brancos sempre tinham sido mais que 50%. Em 2010, urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros
do total de 190.749.191 brasileiros, 91.051.646 se decla- viviam em áreas urbanas, agora são 84%.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
Em 2010, apenas 15,65% da população (29.852.986 pessoas) viviam em situação rural, contra 84,35% em situação urbana
(160.879.708 pessoas). Em 2000, da população brasileira 81,25% (137.953.959 pessoas) viviam em situação urbana e 18,75%
(31.845.211 pessoas) em situação rural. Para se comparar, internacionalmente, o grau de urbanização no mundo há poucos
anos ultrapassou 50%. Na União Europeia, há desde países com 61%, como Portugal, até outros como a França, com 85% da
sua população morando em região urbana. No BRIC, o Brasil é o que possui maior grau de urbanização, pois a Rússia tem
73%, a China, 47% e a Índia, apenas 30%. Os EUA possui grau de urbanização pouco menor do que o do Brasil: 82%. Todos
esses são de acordo com o The World FactBook da CIA para o ano de 2010.
A região Sudeste segue sendo a região mais populosa do Brasil, com 80.353.724 pessoas. Entre 2000 e 2010, perderam
participação das regiões Sudeste (de 42,8% para 42,1%), Nordeste (de 28,2% para 27,8%) e Sul (de 14,8% para 14,4%). Por
outro lado, aumentaram seus percentuais de população brasileira as regiões Norte (de 7,6% para 8,3%) e Centro-Oeste (de
6,9% para 7,4%).
Entre as unidades da federação, São Paulo lidera com 41.252.160 pessoas. Por outro lado, Roraima é o estado menos
populoso, com 451.227 pessoas. Houve mudanças no ranking dos maiores municípios do país, com Brasília (de 6º para 4º) e
Manaus (de 9º para 7º) ganhando posições. Por outro lado, Belo Horizonte (de 4º para 6º), Curitiba (de 7º para 8º) e Recife
(8º para 9º) perderam posições.
Como a população brasileira é predominantemente urbana - 84,4% é esperado que a estrutura nacional por sexo e ida-
de nacional seja próxima da observada na área urbana. As diferenças entre as estruturas etárias das áreas urbana e rural se
devem principalmente aos fatores da dinâmica demográfica dessas duas populações. Desse modo, têm-se as áreas urbanas
com níveis de fecundidade e de mortalidade mais baixos do que os das áreas rurais e os movimentos migratórios que, na
grande maioria das vezes, caracterizam a área urbana como de forte atração populacional e a rural como expulsora. Segundo
os resultados do Censo Demográfico 2000, das 5 196 093 pessoas que efetuaram movimentos migratórios de “data fixa”,
75,1% eram de áreas urbanas com destino urbano, 12,4% eram de áreas rurais com destino urbano; 7,7% de áreas urbanas
com destino rural; e apenas 4,8% de áreas rurais com destino rural.
!
A base mais estreita da pirâmide etária da área urbana é fruto de uma menor fecundidade. A proporção de população
menor de 5 anos de idade, nesta área, foi de 7,0%, enquanto na área rural, de 8,4%. Segundo os resultados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2009, a taxa de fecundidade total para a área urbana foi de 1,8 filho contra 2,7
filhos na área rural. Valores bastante inferiores aos observados em 1960, 5,0 e 8,4 filhos para as áreas urbana e rural, respec-
tivamente. O maior estreitamento da base da pirâmide etária da área urbana pode ser constatado através da razão crianças
-mulheres: 27,5 crianças menores de 5 anos de idade para cada grupo de 100 mulheres de 15 a 44 anos de idade, enquanto
na área rural este valor foi de 38,9, o que representa um acréscimo de 41,4%.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
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GEOGRAFIA DO BRASIL
O gráfico abaixo mostra bem esse dado. As migrações internas, muito intensas no país, sofreram
mudanças nas ultimas décadas. Segundo o IBGE, há em São
Paulo as entradas de migrantes diminuíram em 12%, enquan-
to as saídas aumentaram em 36%, fazendo com que o saldo
migratório de 744.798 migrantes, registrado em 1991, decli-
nasse para 339,926, em 2000. Já os Estados de Minas Gerais
e Rio de Janeiro passaram de repulsores para receptores de
população, ou seja, ocorreu aumento das entradas e diminui-
ção das saídas.
Na década de 1990, com a reativação de alguns setores
da economia nordestina, como o crescimento do turismo e a
instalação de diversas empresas, estabeleceu-se um fluxo de
retorno de população para o Nordeste. Entre 1995 e 2000,
48,3% das saídas do Sudeste foram em direção ao Nordes-
te. Entretanto, os estados que contam com maior saldo mi-
gratório negativo (maior quantidade de emigrantes) ainda se
concentram no Nordeste: Paraíba, Ceará, Piauí, Pernambuco
! e Bahia.
A década de 1990 inaugurou outra etapa na historia das
Nas décadas de 1960 e 1970, como já foi citado anterior- migrações internas: elas se tornaram menos volumosas e mais
mente houve mudanças na direção dos fluxos migratórios para localizadas. Além disso, outros fluxos se estabeleceram em di-
as regiões Norte e Centro-Oeste, incentivados pela política ofi- reção ao Norte e ao Centro-Oeste.
cial de colonização. Para essas regiões, dirigiram-se não apenas O estado de Goiás destaca-se no Centro-Oeste por cons-
os nordestinos, mas também os sulistas (em decorrência da tituir o destino de um grande numero de imigrantes brasilei-
estrutura fundiária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina), ros, devido à atração exercidas por Brasília.
grandes contingentes populacionais sem acesso a terra. Regiões dinâmicas de alargamento da fronteira agro-
pecuária do Centro-Oeste, como o Mato Grosso e do Norte
como Rondônia e Pará, vêm atraindo migrantes do Nordeste.
A expansão da produção agrícola tem gerado o aumento de
emprego e da renda. A demanda por bens e serviços (escola,
comercio e lazer) multiplica as atividades urbanas e o cresci-
mento das cidades nessas regiões.
Entre as décadas de 60 e 2000, o Centro-Oeste e o Norte
tiveram as maiores taxas de crescimento populacional. A po-
pulação de Rondônia, por exemplo, apresentou um aumento
de 12 vezes: em 1960 tinha 69.792 habitantes, e em 1999 con-
tava com 836.023 habitantes.
Migrações inter-regionais.
Em 1999, segundo o IBGE, 15,5 milhões de pessoas resi-
diam fora de suas regiões de nascimento. Entre 1992 e 1999,
15,9% da população do Nordeste e 10% da do Centro-Oeste
migraram.
Com a participação de empresas transnacionais, incentivos No entanto, tendências mais recentes da mobilidade da
fiscais e investimentos do governo federal, nas décadas de 1970 população no Brasil apontam para o crescimento das migra-
e 1980, foram implantados no Norte do país grandes projetos ções intra regionais (de curta distância), Dos fluxos urbano
de mineração, que atraíram muitos garimpeiros para a região. -urbano e intra metropolitanos. Ou seja, muitas pessoas têm
Algumas das consequências desses projetos foram os migrado de uma cidade para a outra ou no interior das áreas
problemas socioambientais dessa ocupação. O desmatamen- metropolitanas ou ainda, de um município para outro, no
to, realizado na maior parte das vezes por madeireiros, de mesmo estado, em busca de trabalho. Cidades com 100mil
maneira ilegal, empobreceu os solos da região, tornando-os habitantes têm apresentado maior crescimento populacional
muitas vezes inadequados para a agricultura e impedindo a e tem sido procuradas pelos migrantes. A queda do nível de
população nativa de obter seu sustento com o extrativismo. vida das grandes cidades metropolitanas (violência, transito,
Grande parte das estradas acabou sendo “engolida” pela flo- poluição) a saturação do mercado de trabalho e o aumento
resta – como ocorreu com a Transamazônica, que é transitável do subemprego têm contribuído para esses resultado.
apenas em um pequeno trecho, na época de seca. Esses polos emergentes de desenvolvimento – por exem-
A violência na região também é um problema. Muitos mi- plo, os do interior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas
grantes instalaram-se como posseiros ou grileiros, causando di- – apresentaram um dinamismo regional e condições similares
versos conflitos com as populações nativas e indígenas e, ainda, às das metrópoles, contribuindo assim para uma nova redis-
com os defensores desses povos, como padres e missionários. tribuição da espacial da população.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
A retração do setor industrial no município de São Paulo, por exemplo, reflete uma tendência internacional de desconcentração
industrial, característica dessa época de globalização.
O gráfico abaixo mostra a evolução da vinda do números de imigrantes para o Brasil de 1850 até 1975.
3. AS ATIVIDADES ECONÔMICAS:
INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO,
FONTES DE ENERGIA E AGROPECUÁRIA.
A Indústria Brasileira
A industrialização no mundo
O processo de industrialização remonta ao século XVlll, quando emergem na Inglaterra (grande potência naquela época)
uma série de transformações de ordem econômica, política, social e técnica, que se convencionou chamar de Revolução Indus-
trial. Hoje esse processo é conhecido como 1ª Revolução Industrial, pois antecedeu novas transformações nos séculos XlX e no
XX, as chamadas 2ª e 3ª Revoluções Industriais.
As transformações de ordem espacial a partir da indústria foram enormes alteraram a sociedade como um todo. Podemos
citar como exemplo as mudanças ocorridas na própria Inglaterra do século XlX, onde a indústria associada à modernização do
campo gerou a expulsão de milhares de camponeses em direção às cidades, proporcionando o surgimento das cidades indus-
triais, popularmente conhecidas como cidades negras em decorrência da poluição atmosférica gerada pelas indústrias.
Ocorreram também grandes mudanças sociais, evidenciando e definindo claramente as classes sociais do capitalismo: de um
lado estavam os donos dos meios de produção (burguesia), que em prol de lucros cada vez maiores, exploravam a mão de obra
em troca de salários miseráveis e em condições de trabalho precárias; do outro lado encontrava-se o proletariado (classe que
vende sua força de trabalho em troca de um salário), que só foram conseguir melhores condições a partir do século XX através
de greves que forçaram os patrões e Estados a concederem benefícios a essa camada da sociedade.
O avanço da indústria, especialmente a partir do século XlX, deu-se em direção à outros países como a França, a Bélgica,
a Holanda, a Alemanha, a Itália, e de países fora da Europa, como os EUA na América e o Japão na Ásia. Alguns desses países
viriam a se tornar potências econômicas, industriais e militares séculos depois, dominando a economia como um todo, cujo peso
influencia diretamente os outros países.
Foi apenas a partir do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, que países do terceiro mundo também passaram
por processos de industrialização, como é o caso do Brasil. Nesses países foi muito marcante a presença do Estado nacional e
das empresas multinacionais no processo de industrialização, que impulsionaram esse processo e tornaram alguns países da
periferia do mundo atuais potências industriais. Porém, diferentemente do que ocorreu nos países do mundo desenvolvido, a
industrialização não resultou necessariamente na melhoria de vida das populações ou no desenvolvimento do país: o processo
de industrialização nos países subdesenvolvidos se deu de forma dependente de capitais internacionais, gerando aprofunda-
mento da dependência externa (mais precisamente dívidas externas), além do fato de que as indústrias que para cá vieram por
já serem relativamente modernas não geraram o número de empregos necessários para absorver a mão de obra cada vez mais
numerosa que vinha do campo para as cidades. O que mais tarde seria conhecido como o êxodo rural, criou um processo de
metropolização acelerado, que não foi acompanhado pela otimização e implantação de infraestrutura e da geração de empre-
gos, dando início ao inchaço das grandes cidades (com diversos problemas decorrentes do mesmo), problema comum em países
subdesenvolvidos.
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A indústria brasileira no século XXI Podemos chamar os fatores que influenciam a mudança
A indústria brasileira está estagnada, e foi responsável por de uma empresa de uma região à outra (ou a instalação de
apenas 14,6% do PIB nacional, o que é ínfimo se comparando uma empresa em determinada locação) de fatores locacionais,
com dados de outros países em 2010, como China (43,1%), sendo eles:
Coreia (30,4%) ou mesmo Alemanha (20,8%). Entre os fatores - Legislações fiscais, tributárias e ambientais amenas;
que explicam essa situação, podemos citar os altos custos dos - Vias de transporte e comunicações;
encargos da mão-de- obra (32,5% na folha); o alto custo do - Matéria prima abundante e barata;
capital (juros e “spreads” bancários); a apreciação do câmbio, - Mão de obra abundante e barata;
que aumentou a concorrência, em nosso mercado interno, - Energia abundante e barata;
com produtos importados; os custos elevados dos insumos; - Mercados consumidores;
a necessidade de investimentos na infraestrutura do país; a - Incentivos fiscais;
necessidade de uma política de inovação. - Infraestrutura;
Grandes potências como Estados Unidos e Japão conti-
nuam sofrendo os efeitos da recessão, fazendo com que o Classificação das Indústrias
Brasil, que tem uma economia dependente de capitais exter- Podemos classificar as indústrias com base em vários cri-
nos, apresente fortes reflexos dessa crise. Outro grande pro- térios, porém o mais utilizado é o que leva em consideração o
blema é o fato de que a balança comercial brasileira é susce- tipo e destino do bem produzido:
tível à preços internacionais mais baixos das matérias primas a) Indústrias de base: produzem bens que dão a base para
que o Brasil exporta, e aos preços mais altos de mercadorias o funcionamento de outras indústrias, ou seja, as chamadas
que o país importa, como o petróleo. matérias primas indústrias ou insumos industriais, como o aço;
A dependência da indústria brasileira não é só do capital, b) Indústrias de bens de capital ou intermediárias: produ-
mas também da tecnologia estrangeira, já que o país ocupa zem equipamentos necessários para o funcionamento de ou-
o 43° lugar no ranking mundial de tecnologia da ONU, o que tras indústrias, como as de máquinas;
atinge diretamente o desempenho industrial do país. c) Indústrias de bens de consumo: produzem bens para o
Se a economia já apresentava sinais de desaquecimento, consumidor final, e são subdividas em:
com esses problemas as perspectivas para a indústria brasilei- c1) Bens duráveis: são as que produzem bens para consu-
ra não são nada favoráveis para os próximos anos. mo em longo prazo, como automóveis.
Seguindo uma forte tendência mundial, o Brasil vem pas- c2) Bens não duráveis: produzem bens para consumo ge-
sando por um processo de descentralização industrial chama- ralmente imediato, como as de alimentos.
do por alguns autores de desindustrialização, ocorrendo intra Há outros critérios classificatórios, como:
regionalmente e também entre as regiões. Com acentuada
concentração em São Paulo, a distribuição espacial da indús- 1. Maneira de produzir:
tria brasileira foi determinada pelo processo histórico, pois no - Indústrias extrativas;
momento do início da industrialização, o estado tinha (devido - Indústrias de processamento ou beneficiamento;
à cafeicultura) os principais fatores para instalação das indús- - Indústrias de construção;
trias, a saber: capital, mercado consumidor, mão-de-obra e - Indústrias de transformação ou manufatureira;
transportes. Esta situação também se deve à atuação estatal,
através de diversos planos governamentais como o Plano de 2. Quantidade de matéria prima e energia utilizadas:
Metas, que acentuou esta concentração no Sudeste, desta- - Indústrias leves
cando novamente São Paulo. A partir desse processo indus- - Indústrias pesadas
trial e sua respectiva concentração, o Brasil passa a se integrar
(o país não possuía um espaço geográfico nacional integrado, 3. Tecnologia empregada:
constituindo uma estrutura de arquipélago econômico com - Indústrias tradicionais
várias áreas desarticuladas). Esta integração reflete nossa divi- - Indústrias dinâmicas.
são inter-regional do trabalho, sendo tipicamente centro-pe-
riferia, ou seja, com a região Sudeste polarizando as demais. Urbanização no Brasil
Há uma tendência de saída do ABC Paulista, buscando
menores custos de produção do interior paulista, no Vale do Urbanização
Paraíba ao longo da Rodovia Fernão Dias, que liga São Pau- O processo de urbanização no Brasil vincula-se a trans-
lo à Belo Horizonte. Estas áreas oferecem benefícios atrati- formações sociais que vêm mobilizando a população dos es-
vos como incentivos fiscais, menores custos de mão-de-obra, paços rurais e incorporando-a à economia urbana, bem como
transportes menos congestionados e, por tratarem-se de ci- aos padrões de sociabilidade e cultura da cidade. A inserção
dades-médias, melhor qualidade de vida, característica vital no mercado de trabalho capitalista e a busca por estratégias
quando se trata de tecnopólos. de sobrevivência e mobilidade social implicam na instalação
Essa desconcentração industrial entre as regiões vem em centros urbanos e em uma mobilidade espacial constante-
determinando o crescimento de cidades-médias dotadas de mente reiterada, que se desenrola no espaço da cidade ou tem
boa infraestrutura e com centros formadores de mão-de-obra nela sua base principal.
qualificada. Percebe-se também um movimento de indústrias A maioria dos brasileiros vivem em cidades. Isso significa
tradicionais (que fazem uso intensivo de mão-de-obra, como que pouco resta da sociedade rural que caracterizava o país
a de calçados e vestuários) para o Nordeste, em busca de nos anos 1940, quando cerca de 70% da população brasileira
mão-de-obra barata. morava no campo.
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Há três formas principais de contaminação de um cor- A melhor forma de amenizar o problema, na opinião de
po ou curso de água, a forma química, a física e a biológica: especialistas, é investir nos processos de reciclagem e tam-
- a forma química altera a composição da água e com esta bém no uso de materiais biodegradáveis ou não descartáveis.
reagem; - a forma física, ao contrário da química, não reage
com a água, porém afeta negativamente a vida daquele ecos- Poluição do ar
sistema; - a forma biológica, consiste na introdução de or- A poluição do ar é caracterizada pela presença de ga-
ganismos ou microrganismos estranhos àquele ecossistema, ses tóxicos e partículas líquidas ou sólidas no ar. Os escapa-
ou então no aumento danoso de determinado organismo ou mentos dos veículos, as chaminés das fábricas, as queimadas
microrganismo já existente. estão constantemente lançando no ar grandes quantidades
Além das formas, temos duas categorias de como pode de substâncias prejudiciais à saúde. Nos grandes centros ur-
se dar a poluição: banos e industriais tornam-se frequentes os dias em que a
a) poluição localizada, onde a fonte de poluição origina- poluição atinge níveis críticos. Os escapamentos dos veículos
se de um ponto específico, como por exemplo, uma vala ou automotores emitem gases como o monóxido (CO) e o dió-
um cano. Exemplos de tal forma são o despejo de impurezas, xido de carbono (CO2), o óxido de nitrogênio (NO), o dióxido
por parte de uma estação de tratamentos residuais, por parte de enxofre (SO2) e os hidrocarbonetos. As fábricas de papel e
de uma empresa ou então por meio de um bueiro. cimento, indústrias químicas, refinarias e as siderúrgicas emi-
b) poluição não localizada é uma forma de contaminação tem óxidos sulfúricos, óxidos de nitrogênio, enxofre, partículas
difusa que não possui origem numa única fonte. É geralmen- metálicas (chumbo, níquel e zinco) e substâncias usadas na
te o resultado de acumulação do agente poluidor em uma fabricação de inseticidas.
área ampla. A água da chuva recolhida de áreas industriais Todos esses poluentes são resultantes das atividades hu-
e urbanas, estradas bem como sua consequente utilização é manas e são lançados na atmosfera. A emissão excessiva de
geralmente categorizada como poluição não localizada. poluentes tem provocado sérios danos à saúde como proble-
Como principais contaminantes da água, pode-se citar: mas respiratórios (Bronquite crônica e asma), alergias, lesões
- elementos que contenham CO2 em excesso (como fu- degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais e até
maça industrial, por exemplo) câncer. Esses distúrbios agravam-se pela ausência de ventos e
- contaminação térmica no inverno com o fenômeno da inversão térmica (ocorre quan-
- substâncias tóxicas do uma camada de ar frio forma uma parede na atmosfera que
- agentes tensoativos impede a passagem do ar quente e a dispersão dos poluentes).
- compostos orgânicos biodegradáveis Os danos não se restringem à espécie humana. Toda a
- agentes patogênicos natureza é afetada. A toxidez do ar ocasiona a destruição de
- partículas sólidas florestas, fortes chuvas que provocam a erosão do solo e o
- nutrientes em excessos (eutrofização) entupimento dos rios.
- substâncias radioativas No Brasil, dois exemplos de cidades totalmente poluídas
são Cubatão e São Paulo. Os principais impactos ao meio am-
Como recurso hídrico indispensável, torna-se cada vez mais biente são a redução da camada de ozônio, o efeito estufa e a
importante a conscientização sobre a melhor forma de trata- precipitação de chuva ácida.
mento da água como sustentáculo da vida no planeta. Ainda
mais se pensarmos que a maioria das comunidades espalhadas Inversão térmica
pelo planeta possuem pouca consciência sobre a melhor forma
de tratamento de um de seus recursos mais importantes. A inversão térmica é um fenômeno atmosférico muito
comum nos grandes centros urbanos industrializados, sobre-
Poluição do solo tudo naqueles localizados em áreas cercadas por serras ou
A poluição do solo, ocorre devido os malefícios diretos e montanhas. Esse processo ocorre quando o ar frio (mais den-
indiretos causados pela desordenada exploração e ocupação so) é impedido de circular por uma camada de ar quente (me-
do meio ambiente, depositando no solo elementos químicos nos denso), provocando uma alteração na temperatura. Outro
estranhos, prejudiciais às formas de vida microbiológica e sua agravante da inversão térmica é que a camada de ar fria fica
colaboração em relação às interações ecológicas regulares. retida nas regiões próximas à superfície terrestre com uma
As principais causas da poluição do solo são: o acúmulo de grande concentração de poluentes. Sendo assim, a dispersão
lixo sólido, como embalagens de plástico, papel e metal, e de desses poluentes fica extremamente prejudicada, formando
produtos químicos, como fertilizantes, pesticidas e herbicidas. uma camada de cor cinza, oriunda dos gases emitidos pelas
O vidro, por exemplo, leva cerca de 5 mil anos para se indústrias, automóveis, etc.
decompor, enquanto certos tipos de plástico, impermeáveis Esse fenômeno se intensifica durante o inverno, pois nes-
ao processo de biodegradação promovido pelos micro-orga- sa época do ano, em virtude da perda de calor, o ar próximo à
nismos, levam milhões de anos para se desintegrarem. Assim, superfície fica mais frio que o da camada superior, influencian-
o material sólido do lixo demora muito tempo para desapa- do diretamente na sua movimentação. O índice pluviométrico
recer no ambiente. As soluções usadas para reduzir o acú- (chuvas) também é menor durante o inverno, fato que dificul-
mulo de lixo, como a incineração e a deposição em aterros, ta a dispersão dos gases poluentes. É importante ressaltar que
também têm efeito poluidor, pois emitem fumaça tóxica, no a inversão térmica é um fenômeno natural, sendo registrada
primeiro caso, ou produzem fluidos tóxicos que se infiltram em áreas rurais e com baixo grau de industrialização.
no solo e contaminam os lençóis de água.
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No entanto, sua intensificação e seus efeitos nocivos se Os recursos energéticos podem também ser classifica-
devem ao lançamento de poluentes na atmosfera, o que é dos em renováveis e não renováveis.
muito comum nas grandes cidades. Doenças respiratórias, ir- O sol, o vento, as ondas do mar, a água dos rios, as
ritação nos olhos e intoxicações são algumas das consequên- marés, a biomassa e o calor da Terra são fontes de energia
cias da concentração de poluentes na camada de ar próxima renováveis.
ao solo. Entre as possíveis medidas para minimizar os danos Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural)
gerados pela inversão térmica estão a utilização de biocom- e a energia nuclear (urânio) são recursos energéticos não
bustíveis, fiscalização de indústrias, redução das queimadas e renováveis, isto é, a sua velocidade de formação é inferior à
políticas ambientais mais eficazes. velocidade de consumo.
Se a utilização destes combustíveis continuar a ser feita como
Moradias até agora, alguns deles estarão esgotados dentro em breve.
As moradias precárias, como as favelas, são acompanha-
das pela ausência de infraestrutura. Para o crescimento de Recursos energéticos não renováveis
qualquer cidade se faz necessária a expansão de todo serviço Os recursos energético da Terra não são infinitos e, por
público, como distribuição de água, rede de esgoto, energia outro lado diz-se que não são renováveis: a sua formação,
elétrica, pavimentação, entre outros. As áreas urbanas onde no decorrer de uma história geológica, foi tão lenta que não
vivem as famílias pobres, geralmente, são desprovidas de es- tem comparação possível com o ritmo em que estão a ser ex-
colas, postos de saúde, policiamento e demais infraestrutu- plorados e consumidos. Cerca de 80% da energia consumida
ras. Em geral, favelas e demais bairros marginalizados surgem em 1985 foi obtida a partir do petróleo, carvão e gás natural.
de modo gradativo em áreas de terceiros, especialmente do O aumento da utilização dos recursos energéticos refle-
governo. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e te a evolução técnica (desde a máquina a vapor ao micro-
Estatística), os oito municípios detentores do maior número circuito), assim como o crescimento da população humana.
de favelas são: São Paulo, com 612; Rio de Janeiro, com 513; O rápido aumento do consumo do petróleo depois da
Fortaleza, 157; Guarulhos, 136; Curitiba, 122; Campinas, 117; Segunda Guerra Mundial, por exemplo, é indicativo do de-
Belo Horizonte, 101; e Osasco, 101. senvolvimento da indústria e dos transportes.
No início do século XX existiam no Rio de Janeiro e, pos- O máximo consumo relativo de carvão teve lugar por vol-
teriormente, em São Paulo os cortiços, habitações que abri- ta de 1920; o petróleo atingiu o seu consumo máximo relativo
gavam várias pessoas, os quais eram constituídos por muitos no princípio dos anos setenta, com pouco mais de 40%.
cômodos alugados. Os cortiços eram velhas mansões que se Espera-se que o gás natural, menos poluente, aumente
localizam próximas ao centro da cidade. Hoje, a alternativa de a sua contribuição para o consumo total de energia.
moradia para as pessoas carentes é a ocupação de terrenos Eis alguns recursos energéticos não renováveis e como
periféricos de grandes cidades, onde o valor é baixo. Isso é são utilizados:
provocado pelo fato dos moradores possuírem pequeno po- - O carvão foi a energia utilizada na primeira fase da
der aquisitivo, desse modo, não podem pagar um aluguel em Revolução Industrial, mas constitui, ainda hoje, um recurso
um bairro estruturado e muito menos adquirir uma casa ou energético muito importante, nomeadamente na produção
apartamento nele. Além disso, nas grandes cidades os imó- de energia eléctrica e aço.
veis têm alcançado valores extremamente elevados, distantes - O petróleo é um recurso não renovável resultante da
da realidade de grande parte da população. transformação da matéria orgânica, constituindo atualmen-
Naturalmente, a configuração das grandes cidades brasi- te a fonte de energia mais utilizada e a base da atual socie-
leiras é excludente, tendo em vista que marginaliza um grupo dade industrial. A sua utilização é fundamental na produ-
social desfavorecido, enquanto em algumas periferias for- ção de energia elétrica, combustíveis para os transportes e
mam-se bairros dotados de luxo, os condomínios fechados máquinas industriais, e ainda como matéria-prima para um
- que se constituem como verdadeiros guetos. Abaixo, resul- conjunto diversificado de produtos (plástico, por exemplo).
tado de uma nação capitalista. Esta fonte de energia substitui historicamente o carvão.
- O gás natural em conjunto com os dois recursos ener-
Recursos Energéticos géticos atrás referidos constituem, atualmente, as principais
fontes de energia doméstica e industrial.
Recursos energéticos - A energia nuclear apesar de ter sido recebida com
Até meados do século XIX, a sociedade humana utilizava muito intusiasmo, devido ao seu potencial energético e
ainda pequenas quantidades de energia nos seus gastos. A baixo custo, tem sido progressivamente abandonada em
força muscular dos animais e do próprio Homem, associada consequência impasses e problemas relacionados com os
ao uso da alavanca, da roda e da roldana, eram suficientes resíduos agravados após o acidente de Chernobyl.
para fazer face às necessidades de então. Posteriormente des-
cobriram-se os combustíveis fósseis. Primeiro o carvão, de- Petróleo
pois o petróleo e finalmente o gás natural. Estas fontes de O petróleo é um elemento indispensável à vida moder-
energia revolucionaram a sociedade. Foi possível ao Homem na. É a partir dele que se produzem os combustíveis que acio-
empregar e consumir grandes quantidades de energia, e esta nam os automóveis, caminhões, comboios, barcos e aviões
foi considerada sinônimo de progresso. Só mais tarde, em que existem na Terra. As centrais queimam combustíveis de-
1973, os países se aperceberam de que estava a basear o seu rivados do petróleo para produzir grande parte da eletrici-
desenvolvimento, essencialmente numa fonte de energia não dade de que o mundo precisa e muitas casas têm caldeiras
renovável – o petróleo. a petróleo para aquecimento interno. O petróleo é também
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Um dos grandes problemas ambientais ocasionados tivo natural. Das 120 000 pessoas que sofreram o maior im-
pelas usinas nucleares é o lixo atômico. Trata-se dos resí- pacto, 17 000 morreriam naturalmente de cancro, ao longo
duos que decorrem do funcionamento normal do reator: do seu tempo médio de vida (70 anos). Preve-se que haja
elemento radioativo que “sobram” e que não podem ser nessa população cerca de 400 cancros a mais em virtude do
reutilizados ou que ficaram radioativo devido ao fato de en- acidente (um aumento de pouco mais de 2%). Claro que,
trarem em contato, de alguma forma, com o reator nuclear. populações que vivem mais longe também foram atingidas,
Para ter uma idéia, uma usina nuclear produz por ano, em embora com doses de radiação bastante menores.
média, um volume de lixo atômico da ordem de 3m3. Um perigo particular das radiações ionizantes, para
Normalmente se coloca esse lixo atômico em grossas além dos malefícios imediatos no organismo, reside na
caixas de concretos e outros materiais para em seguida jogá eventual alteração dos próprios genes dos seres vivos, que
-los no mar ou enterrados em locais especiais. As condições contém a informação transmitida de pais para filhos, cau-
de armazenamento desse lixo são preocupantes, pois essas sando o nascimento de novas gerações com defeitos. Esse
caixas podem se desgastar com o tempo e abrir contami- perigo é bastante menor do que por vezes é referido. Com
nando assim o meio ambiente. base na análise das populações japonesas afetadas pela ra-
diação das duas bombas que terminaram a Segunda Guerra
O acidente nuclear de Chernobyl Mundial, sabe-se que os defeitos genéticos devidos à radia-
Apesar da probabilidade de um acidente grave numa ção são bastante raros. Os genes têm uma grande capaci-
central nuclear ser pequena, os efeitos de um acontecimen- dade de reparação e o próprio processo de reprodução do
to desse tipo pode ser desastroso. Se houver uma explo- ser humano só é bem sucedido se não houver problemas
são numa central, são lançadas para as ambientes grandes graves no embrião. Na população de Chernobyl referida es-
quantidades de isótopos radioativos. O efeito da radiação peram-se cerca de 60 casos de defeitos genéticos (menos
pode perdurar por muitos anos, enquanto decaem os isóto- de 1 % de aumento em relação aos defeitos genéticos que
pos radioativos de maior semi-vida. ocorrem naturalmente).
O maior acidente nuclear deu-se na central de Cher-
nobyl, na Ucrânia (antiga União Soviética), em 26 de Abril Recursos energéticos renováveis
de 1986. Nessa central, o material moderador da reação Os recursos energéticos renováveis são naturais como
era a grafite, tal como no primeiro reator nuclear de 1943. a energia radiante do sol, a energia cinética dos ventos, a
Esse tipo de tecnologia já estava desatualizado em 1986. energia da água, da biomassa, das ondas, do gradiente tér-
Por outro lado, a construção não obedecia às normas de mico dos oceanos e a energia das marés, que são natural-
seguranças necessárias. Numa série de testes de controlo mente reabastecidos.
da atividade do reactor, ocorreu um conjunto de erros hu- Mesmo o carvão vegetal, obtido pela pirólise ou carbo-
manos que conduziram a um aumento súbito da reacção e nização, é produto resultante da madeira, fonte energética
a uma explosão (muito menor, no entanto, do que a explo- natural. Em 2008, cerca de 20% do consumo mundial de
são de uma bomba nuclear, onde o urânio radioativo está energia final veio de fontes renováveis, com 13% provenien-
em maior percentagem). No acidente morreram 31 pessoas, tes da tradicional biomassa, que é usada principalmente
entre bombeiros e operários da central que combatiam o para aquecimento e 3,2% a partir da hidroeletricidade.
incêndio, em virtude das elevadas doses radioativas que re- Novas energias renováveis (PCHs, biomassa, eólica, so-
ceberam. lar, geotérmica e de biocombustíveis) representaram outros
Em consequência deste acidente, foram espalhados 2,7%. Esse percentual está crescendo muito rapidamente. A
pela zona e arrastados para mais longe isótopos radioativos porcentagem das energias renováveis na geração de eletri-
que aparecem no processo de cisão, como o iodo 131 e o cidade é de 18%, com 15% da eletricidade global vindo de
césio 137. Esse material espalhou-se, devido às condições hidroelétricas e 3% de novas energias renováveis. As fontes
meteorológicas, principalmente pelo Norte e Centro da Eu- renováveis suprirão 80% da energia mundial 45 Apoio em
ropa, provocando um aumento da radiação no ambiente. 2050. A biomassa, a energia eólica e a energia solar serão as
Numa zona com raio de 30 km a volta de Chernobyl que mais contribuirão para essa oferta de energia.
viviam cerca de 120 000 pessoas, que ficaram mais expostas O cenário futuro que emerge para o mundo já é anteci-
à radiação. Foram quase todas evacuadas nos dias seguin- pado, de certa forma, no Brasil: predominância de hidroelé-
tes ao acidente. Hoje, só vivem nessa zona cerca de 1000 tricas na matriz energética; crescente instalação de usinas
pessoas. Algumas delas trabalham em outros reatores da eólicas para produção de eletricidade; amplo uso do etanol
central que continuam a funcionar. O reator que sofreu o como combustível no setor de transportes e a infraestrutura
acidente foi coberto com uma espessa camada de betão, daí decorrente, como os carros flex e os postos de combus-
planeando-se o reforço dessa cobertura. tíveis adaptados para diferentes tipos de tanques de arma-
Quantas pessoas vão ainda morrer a médio ou longo zenamento.
prazo devido a este acidente? Não se sabe ao certo, mas A matriz energética mundial é fortemente dominada
podem fazer-se estimativas com base no que se conhece pelo uso de hidrocarbonetos, o que torna o mercado con-
sobre os efeitos da radiação, nomeadamente o aparecimen- sumidor extremamente vulnerável às variações de preço por
to de cancros. O cancro é uma doença infelizmente bastante qualquer motivo. Para a produção de eletricidade, o carvão
vulgar e não se pode saber se um dado cancro numa pessoa mineral é a principal fonte de transformação energética.
resultou do aumento artificial de radiação ou teve um mo-
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No Brasil, a matriz energética total ainda tem muito de Em Portugal, a energia hidráulica tem grande importân-
participação dos hidrocarbonetos. No entanto, nossa matriz cia na produção de eletricidade. Cerca de 6% da quantidade
elétrica conta com uma participação fundamental (80%) da total dos vários tipos de energia de que necessitamos, no
fonte hidrelétrica, considerada limpa e renovável. Dos 20% ano de 1982, foram obtidos a partir da energia hidráulica.
restantes, temos grande participação da biomassa no sistema Portugal, em 1982, consumiu energia equivalente à que
de cogeração para a produção de eletricidade, com destaque forneciam 10,4 milhões de toneladas de petróleo.
para o setor sucroalcooleiro. Se dividirmos esta quantidade pelo número de portu-
Diante das pressões de movimentos populares mundiais gueses, a que correspondem aproximadamente 1100 Kg de
e líderes de organizações internacionais, os países buscam al- petróleo.
ternativas às fontes energéticas finitas, quase todas responsá- Quando for usar energia, pensa se realmente é neces-
veis pela poluição do planeta e pelo aumento do efeito estufa. sário utilizar. Não desperdice ligando mais luzes do que o
Assim, entram em cena os recursos energéticos renová- necessário, acendendo os aquecedores indevidamente, etc.
veis e busca tecnológica do melhor aproveitamento energé- Imagina o que se podia fabricar com essa energia.
tico das fontes naturais fornecedoras. Temos então a instala- A eletricidade, um invento do homem, para se puder
ção de parques geradores à base de biomassa, energia solar, utilizar nas nossas casas ou nas fábricas.
energia geotérmica, energia eólica, energia das ondas e das
marés, gradientes térmicos, células combustíveis (fuel cells) e Energia geotérmica
a energia do hidrogênio. Sabemos que, à mediada que se penetra no interior da
A energia solar incidente sobre a superfície da terra é su- Terra, o calor aumenta em média 3º C por cada 100 metros
perior a cerca de 10.000 vezes a demanda bruta de energia de profundidade.
atual da humanidade. Entretanto, sua baixa densidade (ener- Regiões onde haja vulcanismo, gêiseres ou fontes de
gia/área) e sua variação geográfica e temporal representam água quente são provas bem evidentes da espetacular
grandes desafios técnicos para o seu aproveitamento direto energia contida na forma de energia de calor natural no in-
em larga escala. A conversão fotovoltaica é a conversão di- terior do nosso planeta. É esta energia, sob a forma de calor
reta de energia luminosa em eletricidade, por meio do efeito
natural, que constitui a energia geotérmica.
fotovoltaico, objeto principal do presente artigo. A conversão
A aplicação dos fluidos quentes tem utilização diferente
térmica é o aproveitamento direto da energia térmica do sol,
conforme a temperatura a que se encontram. Se a tempera-
seja para utilização imediata (aquecimento de água, proces-
tura é baixa, podem ser usados no aquecimento de edifícios
sos industriais, por exemplo), ou para a geração de eletricida-
e estufas. Se a temperatura é elevada, entre 150º e 300º C,
de por intermédio de um processo termodinâmico (geração
empregam-se na produção de eletricidade.
de vapor, por exemplo).
As primitivas termas romanas constituem, decerto, o
Novas fontes de energia primeiro testemunho da utilização da energia geotérmica
Face às perspectivas de esgotamento das fontes de ener- como fonte de aquecimento. No entanto, só no século XX é
gia que têm vindo a ser utilizadas, procura-se recorrer a so- que a energia geotérmica ganha posição de relevo no do-
luções alternativas baseadas no aproveitamento de recursos mínio dos recursos energéticos. Em 1977 funcionavam em
renováveis. São exemplos: todo o mundo 17 centrais elétrica geotérmicas.
- Energia hidroelétrica, obtida em centrais instaladas em O problema da energia geotérmica tem merecido, não
barragens. só no território continental, mas principalmente nos Açores,
- Energia solar, utilizada para produzir calor por meio de alguma atenção.
coletores. Os trabalhos e estudos que se vêm efetuado desde
- Energia geotérmica, obtida a partir do calor que pro- 1951 particularmente em S. Miguel têm em vista proporcio-
vém do interior da Terra. nar uma fonte econômica de energia.
- Energia maremotriz, que aproveita a força das ondas
e das marés. Energia Éolica
- Energia eólica, conseguida a partir da força do vento. A energia eólica é a energia obtida pelo movimento
- Bioenergia, resultante da fermentação ou da destilação do ar (vento) e não se tem registro de sua descoberta, mas
de resíduos orgânicos. estima-se que foi há milhares e milhares de anos. A energia
dos ventos é uma abundante fonte de energia renovável,
Energia hidroelétrica limpa e disponível em todos os lugares. A utilização desta
Desde tempos muito antigos que o homem aproveitava fonte energética para a geração de eletricidade, em escala
a energia da água para mover máquinas. Os moinhos de água comercial, teve início há pouco mais de 30 anos e através de
são o exemplo mais característico. conhecimentos da indústria aeronáutica os equipamentos
A energia da água também se utiliza para produzir eletri- para geração eólica evoluíram rapidamente em termos de
cidade. A eletricidade é produzida nas centrais elétricas, que ideias e conceitos preliminares para produtos de alta tec-
são instalações onde existem grandes geradores de energia nologia. No início da década de 70, com a crise mundial
produzida pelo movimento da água; nas segundas é utilizado do petróleo, houve um grande interesse de países euro-
o calor obtido pela queima de um combustível, pela desin- peus e dos Estados Unidos em desenvolver equipamentos
tegração de núcleos de materiais radioativos ou pelos raios para produção de eletricidade que ajudassem a diminuir a
solares. dependência do petróleo e carvão. Mais de 50.000 novos
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GEOGRAFIA DO BRASIL
empregos foram criados e uma sólida indústria de com- - o aquecimento solar de casas, edifícios;
ponentes e equipamentos foi desenvolvida. Atualmente, a - coletores solares de espelhos, que podem aquecer a
indústria de turbinas eólicas vem acumulando crescimentos água como nas caldeiras, para produzir energia elétrica, as cé-
anuais acima de 30% e movimentando cerca de 2 bilhões de lulas solares que permitem a conversão direta da energia solar
dólares em vendas por ano (1999). em energia elétrica, como já existem em postos telefônicos,
Existem, atualmente, mais de 30.000 turbinas eólicas em locais isolados, automóveis de teste, satélites artificiais etc...
de grande porte em operação no mundo, com capacidade Um típico veículo para circular pelos congestionamentos
instalada da ordem de 13.500 MW. No âmbito do Comitê das cidades grandes é o SCV-0, construído por uma empresa
Internacional de Mudanças Climáticas, está sendo projetada japonesa. É um carro elétrico movido a bateria, ela transforma
a instalação de 30.000 MW, por volta do ano 2030, poden- luz do sol em eletricidade, e podem recarregar as baterias do
do tal projeção ser estendida em função da perspectiva de carro enquanto ele anda. Em dia ensolarado sua autonomia
venda dos “Certificados de Carbono”. pode chegar a 160 km, sua velocidade máxima é de 65 km/h,
Na Dinamarca, a contribuição da energia eólica é de adequada para um pequeno carro de uso urbano, e tem lugar
12% da energia elétrica total produzida; no norte da Ale- para somente duas pessoas.
manha (região de Schleswig Holstein) a contribuição eólica
já passou de 16%; e a União Europeia tem como meta gerar Biomassa
10% de toda eletricidade a partir do vento até 2030. A utilização de biomassa para a produção de energia elé-
No Brasil, embora o aproveitamento dos recursos eó- trica tem vido a aumentar ao longo dos últimos dez anos. Na
licos tenha sido feito tradicionalmente com a utilização de Europa, cerca de 2% do consumo total de energia elétrica pro-
cataventos multipás para bombeamento d’água, algumas vém da biomassa. Até ao ano 2020, a produção de energia elé-
medidas precisas de vento, realizadas recentemente em di- trica através de biomassa assegurará 15% do total consumido.
versos pontos do território nacional, indicam a existência de Principalmente em áreas rurais a utilização da biomassa é, por
um imenso potencial eólico ainda não explorado. vezes, a forma mais barata de produzir eletricidade.
Grande atenção tem sido dirigida para o Estado do Atualmente, a maioria dos sistemas que estão sendo utili-
Ceará por este ter sido um dos primeiros locais a realizar um zados para a produção de energia elétrica a partir de biomas-
programa de levantamento do potencial eólico através de sa, tem baixa eficiência, como consequência das características
medidas de vento com modernos anemógrafos computa- do combustível bem como da pequena dimensão das centrais
dorizados. Entretanto, não foi apenas na costa do Nordeste de produção. No entanto, num futuro próximo, com as tecno-
que áreas de grande potencial eólico foram identificadas. logias que se vão descobrindo, prevê-se que a biomassa seja
Em Minas Gerais, por exemplo, uma central eólica está em mais e melhor aproveitada e em custos mais baixos. Os gasifi-
funcionamento, desde 1994, em um local (afastado mais de cadores de biomassa são alguns métodos para a obtenção de
1000 km da costa) com excelentes condições de vento. energia a partir da biomassa. Aquecem a biomassa num am-
A capacidade instalada no Brasil é de 20,3 MW, com biente com pouco oxigênio até que a biomassa se separe nos
turbinas eólicas de médios e grandes portes conectadas à seus componentes químicos. Para isto é preciso o fornecimen-
rede elétrica. Além disso, existem dezenas de turbinas eó- to de calor de forma a permitir que as moléculas se separem.
licas de pequeno porte funcionando em locais isolados da Dos vários sistemas que podem ser utilizados há três que são
rede convencional para aplicações diversas - bombeamen- considerados mais eficientes pela capacidade calorífica que
to, carregamento de baterias, telecomunicações e eletrifi- conseguem produzir quando utilizados com turbinas gerado-
cação rural. ras a gás. Estes gasificadores são utilizados tanto em queima
direta, em que o ar ou oxigênio são alimentados diretamente
Energia Solar ao gasificador, como em queima indireta em que é utilizado
Utilizadas a princípio nos satélites, as células de energia calor de uma fonte externa para gasificar a biomassa.
fotovoltaica desceram a terra e fazem a luz do dia virar ele- Os gasificadores de leito fixo e fluidizado parecem ser os
tricidade. A técnica de usar pequenas lâminas para captar indicados para sistemas de produção de energia a partir de
a luz do sol e gerar eletricidade foi lentamente saindo dos biomassa. O oxidante para o processo de gasificação pode ser
laboratórios até chegar à aplicação prática. Hoje a forma o ar atmosférico ou oxigênio puro. Os sistemas que utilizam
mais barata se encontra nos relógios e calculadoras sola- oxigênio puro permitem produzir um gás de maior capacida-
res. A energia fotovoltaica é bem diferente da energia solar de calorífica sendo também a sua produção mais rápida, no
termal, que já existe até em residências onde o calor do sol entanto, os custos de produção aumentam devido à necessi-
é usado para aquecer a água. A conversão da luz em eletri- dade de oxigênio puro. Atualmente o equipamento preferido
cidade é feita pelas células fotovoltaicas. A energia solar é é o gasificador alimentado com ar, que produz um gás diluído
ainda mais cara do que o petróleo. com azoto atmosférico. Quanto ao fornecimento de calor ao
Para terra, o sol é a fonte de energia mais abundante, gasificador existem duas opções. Num gasificador de aqueci-
podemos dizer que praticamente todas outras formas de mento direto o calor necessário à gasificação provém da com-
energia derivam da energia solar. Por isso a humanidade bustão no reator do próprio gasificador. Num gasificador de
esta fazendo grandes esforços para doma lá, através de vá- queima indireta, o calor é fornecido fazendo reciclar o material
rios processos como: inerte da combustão (aquecido) para dentro do gasificado.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
Neste tipo de queima existe mais uniformização den- vegetais tipicamente tropicais até aqueles próprios de áreas
tro do gasificador permitindo uma melhor transferência de temperadas, como é o caso do trigo, que é o mais cultiva-
massa e calor que, por sua vez, permitem uma maior unifor- do no Centro-Sul do País. Devido ao predomínio de climas
midade de temperaturas, uma melhor mistura do combustí- tropicais, é natural que nossa agricultura seja baseada no
vel e reações mais rápidas, logo maior produção de energia. cultivo de vegetais típicos desse clima, como é o caso do
café, da cana-de-açúcar, do cacau, do algodão e outros.
Agricultura Brasileira
Solo
As atividades econômicas agrárias, também denomi- A camada superficial da litosfera, formada por rocha
nadas primárias, são aquelas próprias do campo, do meio decomposta, e onde há vida microbiana, é o que definimos
rural: a agricultura, a pecuária e o extrativismo. Elas estão como solo. As transformações físico-químicas criam aí con-
voltadas para a produção de alimentos ou de matérias-pri- dições favoráveis a nutrição e desenvolvimento das plantas
mas a serem transformadas pela atividade secundária - a e espécies vegetais de modo geral. Seu processo de forma-
indústria. ção é denominado pedogênese, sendo lento e complexo,
dependendo da rocha matriz, do clima, das características
A importância da agricultura no Brasil do relevo e da matéria orgânica presente.
A agropecuária no Brasil emprega mais de 25% da mão A espessura do solo varia e ele tem ciclo evolutivo: há
de obra do país - ou seja, da PEA (população economica- solos jovens, maduros e senis. Uma vez degradados, é difí-
mente ativa). Porém, mesmo empregando cerca de 25% dos cil recuperá-los. Devido à diversidade de nossa geologia e
trabalhadores, a agropecuária é responsável por apenas 9% condições climáticas, o Brasil possui vários tipos de solos
do PIB (produto interno bruto) do país. agrícolas, considerados, de modo geral, muito ácidos e frá-
Por outro lado, a agricultura é responsável por cerca de geis, ao contrário do refrão comumente utilizado deque no
25% da renda das exportações nacionais. A importância da Brasil “se plantando tudo dá”. Sendo assim, para que sejam
agricultura brasileira é observada sob diferentes aspectos: utilizados de forma eficiente, os solos brasileiros têm que
- Abastecer uma população urbana que cresce em rit- ser corrigidos de maneira correta quanto à acidez ou com-
mo acelerado; posição química.
- Gerar excedentes para exportação.
Dos 8,5 milhões de km2 que o país possui apenas 44% - Massapê ou Massapé: solo escuro e resultante da
são explorados com atividades agropecuárias. composição do ganisse e do calcário. É um solo de elevada
As áreas com lavouras (temporárias e permanentes) fertilidade natural, encontrado na Zona da Mata Nordesti-
abrangem cerca de 475.000 km2, o que corresponde a na, onde, desde o período Colonial, é utilizado para o plan-
aproximadamente 5% da área total do país. tio da cana-de-açúcar.
O subaproveitamento do espaço agrícola no país é - Terra Roxa: solo castanho-avermelhado, resultante da
reflexo, entre outros fatores, da ausência histórica de uma decomposição do basalto. É também um solo de elevada
política agrícola adequada. No Brasil, as frágeis políticas fertilidade, de origem vulcânica, encontrado no Planalto
agrícolas adotadas nos últimos governos acabaram por Meridional e utilizado para diversos cultivos, com destaque
determinar que vastos espaços agricultáveis fossem trans- para o café.
formados em um instrumento especulativo financeiro: mais - Solo de Várzea: trata-se de um solo fertilizado pelo
valia deixar a terra valorizar do que explorá-la. acúmulo de matéria orgânica e húmus trazido pelo rio mar-
Ao mesmo tempo, em um país tão rico em terras culti- geado por ele. No entanto, devido às inundações constan-
váveis, uma porção considerável da população ainda passa tes, restringe seu uso a alguns produtos, tais como o arroz.
fome; o Brasil frequentemente importa alimentos. Impor- - Salmourão: solo argiloso, geralmente formado pela
tamos vários produtos, entre eles o de maior valor, o trigo. decomposição do granito em climas úmidos. Apresenta al-
Plantar custa caro e envolve riscos. Por décadas, os in- guma fertilidade e é encontrado no Planalto Atlântico e no
centivos à agricultura foram setoriais, privilegiando, sobre- Centro-Sul do País.
tudo, as produções voltadas para o mercado externo. Esses
sectores agrícolas se modernizaram. Problemas dos Solos
Infelizmente, no Brasil persiste ainda a baixa produtivi- Há diversos problemas que afetam os solos brasileiros,
dade, o subemprego e a pobreza no campo. mas os mais comuns são: erosão, esgotamento, laterização
e lixiviação. Esses provocam graves consequências que de-
Agricultura e os fatores naturais correm das características climáticas (quentes e úmidos) e
das técnicas agrícolas empregadas (rudimentares). Apesar
Clima de limitadas, as medidas atualmente adotadas para com-
Embora a agricultura não dependa unicamente das bater tais problemas são: terraceamentos, curvas de nível,
condições climáticas, a verdade é que elas assumem im- aplicação de adubos, irrigação e reflorestamento. Tais prá-
portância fundamental para a prática agrícola. A existência ticas são mais difundidas nas regiões Sudeste e Sul do País.
de variados tipos climáticos no País (equatorial, tropical, de
altitude, subtropical e semiárido) permite uma boa diversi-
ficação da produção agrícola, podendo-se cultivar desde os
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GEOGRAFIA DO BRASIL
- Erosão e esgotamento dos solos: são provocados, so- mentado, embora a maior parte do território (73%) encontre-
bretudo, pelas características climáticas predominantes no se ocupada por terras não-aproveitadas. Em relação à área
país, isto é, maior concentração das chuvas durante o verão, e total dos estabelecimentos agropecuários, verifica-se que as
também pelo predomínio de técnicas rudimentares de culti- lavouras, pastagens, matas e terras não-aproveitadas ocupam
vo: plantio em encostas de morros, inadequação dos vegetais cerca de 40% das terras brasileiras. Suas terras estão utilizadas
às condições naturais, etc. da seguinte maneira: áreas de lavouras, pastagens, matas e
- Laterização: processo característico das regiões inter- terras não-aproveitadas em relação à área total dos estabele-
tropicais de clima úmido e estações chuvosa e seca alterna- cimentos agropecuários.
das. Consiste na remoção da sílica e no enriquecimento dos
solos em óxidos de ferro e alumínio, originando a formação O Uso da Terra
de uma “crosta ferruginosa” capaz de impedir ou dificultar a Há uma correlação entre o tipo de utilização agrária e o
prática agrícola. Esta crosta é conhecida também como “can- tamanho da propriedade. Assim, as grandes propriedades
ga” e aparece em grandes extensões dos chapadões do Cen- dedicam-se, em geral, ao cultivo de produtos voltados para
tro-Oeste e na Amazônia. a exportação (café, cana-de-açúcar, cacau, soja, algodão),
- Lixiviação: é a “lavagem” que ocorre nos solos das re- à pecuária e ao extrativismo vegetal. Já as pequenas pro-
giões tropicais úmidas, quando as chuvas intensas atravessam priedades se caracterizam pelo desenvolvimento de cultivos
os solos de cima para baixo, carregando os elementos nutri- comerciais e de subsistência, como arroz, feijão, milho, man-
tivos superficiais. dioca e produtos hortifrutigranjeiros em geral.
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Milho
O milho é um produto que nasceu na América, e é muito conhecido no mundo todo. No Brasil, a sua cultura está pre-
sente em todos os Estados, sendo o Paraná o principal produtor de milho.
Mundialmente, os Estados Unidos é o maior produtor de milho, seguido da China e do Brasil.
Trigo
É o produto alimentício mais importado pelo Brasil. Em 1993 foram 5,0 milhões de toneladas de trigo importado para
o Brasil, pois o consumo interno foi de 7,2 milhões de toneladas e a produção interna foi de 2,3 milhões de toneladas. No
Brasil, o maior produtor de trigo é o Estado do Paraná, seguido do Rio Grande do Sul.
Arroz
No Brasil encontramos a cultura de arroz em todos os estados, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor brasileiro,
seguido de Minas Gerais e Goiás. O Brasil é considerado um dos maiores produtores mundiais de arroz.
Algodão
No Brasil, o algodão começou a ser cultivado no período colonial. O Brasil ocupa a 6ª colocação dos maiores produtores
mundiais de algodão, sendo superado pela China, Rússia, EUA, Índia e Paquistão.
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Pecuária Brasileira
A pecuária brasileira coloca-se entre as maiores do mundo, apesar do inúmeros problemas inseridos na criação do gado. Os
baixos níveis culturais, as práticas defeituosas, a inadequação da estrutura fundiária, as grandes distâncias, o baixo nível tecnoló-
gicos, o alto preço dos medicamentos são fatores que pesam no rendimento da pecuária.
Apesar disso, algumas áreas do sudestes e sul apresentam resultados mais positivos e rendimentos maiores. Atualmente,
cerca de 25% do território brasileiro é constituído por pastagens naturais e artificiais. A área ocupada pelas pastagens tem au-
mentado de forma modesta.
As atividades econômicas são desenvolvidas no campo e na cidade. As atividades rurais estão divididas em agricultura e
pecuária. No entanto, às vezes são estudadas de forma unificada: a agropecuária.
Basicamente, pecuária é a domesticação de animais realizada por meio da aplicação de técnicas e que tem como finalidade a
comercialização. Geralmente, a pecuária é vinculada somente à produção bovina, porém esta não é a única, ainda podemos citar
a suinocultura, equinocultura, avicultura, cunicultura, apicultura, piscicultura, ranicultura, entre outras.
As criações têm dois destinos: a subsistência e a comercialização. A pecuária é responsável pela produção de matérias-primas
para a indústria têxtil e de alimentos. Na produção têxtil, são fabricados couros, ossos, chifres, entre outros. Já na indústria de
alimentos, a atividade fornece carne, leite, ovos, etc.
Sem dúvida, a participação da pecuária que mais se destaca é a produção de carne e as criações fornecedoras são as de
suínos, bovinos, bufalinos, ovinos, caprinos e aves. A produção leiteira também é muito importante, o leite é extraído de bovinos,
bufalinos, ovinos e caprinos.
A pecuária pode ser desenvolvida de duas formas básicas: a pecuária intensiva e a pecuária extensiva, as quais se diferenciam
de acordo com o nível de tecnologia empregado na produção. Na pecuária intensiva, os animais recebem cuidados relacionados
à saúde, além de alimentação balanceada e demais cuidados, o que favorece um aumento significativo da produtividade. Já na
pecuária extensiva, os animais são criados soltos em grandes extensões de terra sem receber grandes cuidados, fatores que im-
plicam em uma baixa produtividade.
A palavra pecuária vem do latim pecus, que significa cabeça de gado. Ela é praticada desde o período Neolítico (Idade da
Pedra Polida), quando o homem teve a necessidade de domesticar o gado para a obtenção de carne e leite.
Pecuária é a arte ou o conjunto de processos técnicos usados na domesticação e produção de animais com objetivos eco-
nômicos, feita no campo. Assim, a pecuária é uma parte específica da agricultura.
Também conhecida como criação animal, a prática de produzir e reproduzir gado é uma habilidade vital para muitos agri-
cultores.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
Através da atividade pecuária, os seres humanos atendem -Zootécnicas: falta de aprimoramento racial; - Alimentos:
à maior parte de suas necessidades de proteínas animais (com deficiência das pastagens (a maior parte é natural) e de rações
uma pequena parte sendo satisfeita pela pesca e pela caça). complementares;
Carne (bovina, bubalina - carne de bufalo, de aves etc), -Sanitário: elevada incidência de doenças infecto-conta-
ovos, leite e mel são os principais produtos alimentares oriun- giosas e precária inspeção sanitária.
dos da atividade pecuária. Couro, lã e seda são exemplos de Principais áreas de Criação Região Sudeste. Possui o 2º
fibras usados na indústria de vestimentas e calçados. O couro maior rebanho bovino do país distribuídos em M.G., S.P., R.J. e E.S.
também é extensivamente usado na indústria de mobiliário e Nesta região predomina a raça zebu (Nelore, Gir, Guzerá),
de automóveis. Alguns povos usam a força animal de bovídeos aparecendo raças européias e mistas, destinadas tanto ao cor-
e eqüídeos para a realização de trabalho. Outros também usam te como a produção de leite.
o esterco seco (fezes secas) como combustível para o preparo EQUINOCULTURA é a parte da zootecnia especial que
de alimentos. A pecuária corresponde a qualquer atividade li- trata da criação de equinos. Normalmente não tem como fi-
gada a criação de gado. Portanto, fazem parte da pecuária a nalidade a produção de alimentos, embora esse também seja
criação de bois, porcos, aves, cavalos, ovelhas, coelhos, búfalos, um ramo explorável.
etc. A pecuária ocorre, geralmente, na zona rural e é destinada Atividade similar à equinocultura (eqüinocultura, no Bra-
a produção de alimentos, tais como, carne, leite, couro, lã, etc. sil) é a eqüideocultura que abrange a criação de asininos
(asnos, burros, jumentos) e de seus híbridos com o cavalo: o
Existem dois tipos de pecuária: bardoto (cavalo com jumenta) e a mula (jumento com égua).
- Pecuária de corte: destinada à criação de rebanhos com Os cavalos normalmente são criados para serem vendidos e/
objetivo de produção de carne para o consumo humano. Na ou ensinados e em raros casos são usados para a produção
intensiva, o gado é criado preso ou em pequenos espaços, de alimentos, já que a carne de cavalo é pouco consumida.
alimentado com ração específica. Neste tipo de criação, a car- CUNICULTURA é a parte da zootecnia especial que trata da
ne produzida é macia e de boa qualidade para o consumo. criação de coelhos. Como atividade pecuária é o conjunto de
Pode ser também pecuária extensiva (o gado é criado solto procedimentos técnicos e práticos necessários à produção de
e alimenta-se de capim ou grama). A carne produzida é dura, carne, pele e pelos de coelhos ou criação do animal em condi-
pois o gado desenvolve uma musculatura rígida. ções especiais para uso como cobaias de laboratório. Tendo de
- Pecuária leiteira: destinada à produção de leite e seus deri- gestação, uma coelha, 31 dias até o nascimento dos filhotes.
vados (queijos, iogurtes, manteigas, etc). O Brasil é, mundialmen- APICULTURA é a criação de abelhas para produção de
te, um dos países mais fortes na pecuária. Em termos de quanti- mel e cera e também é a parte da zootecnia especial dedi-
dade de cabeças de gado, nosso país encontra-se na liderança. cada ao estudo e à criação de abelhas para os seguintes fins:
Somos também um dos maiores exportadores de carne de boi e produção de mel, própolis, geléia real, pólen e veneno. Além
frango, sendo que os países asiáticos e europeus são os principais disso, as abelhas são ótimas polinizadoras.
importadores da carne brasileira. Com relação ao leite, os estados PISCICULTURA é uma atividade multidisciplinar que se
de Minas Gerais e São Paulo destacam-se na produção nacional. refere ao cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes,
Atualmente, técnicas de inseminação artificial e clonagem moluscos, crustáceos e plantas aquáticas.
tem sido aplicadas na pecuária, gerando excelentes resultados RANICULTURA refere-se a criação de rãs.
na qualidade e na produção de carne, leite e seus derivados. OVINOCULTURA E CAPRINOCULTURA é a parte da zoo-
tecnia que trata do estudo e da criação de ovelhas, de ovi-
Importância da Pecuária no Brasil nos. Atividade destinada à produção de alimento, na forma
No decorrer de sua expansão geográfica, a pecuária de- de carne e leite, e de outros produtos, tais como lã e pele. Da
sempenhou importante papel no processo de povoamento do ovelha pode ser chamado no masculino por carneiro e quan-
território brasileiro, sobre tudo nas regiões Nordeste (sertão) e do pequeno como cordeiro, anho ou borrego, é um mamífe-
Centro – Oeste, mas também no sul do país (Campanha Gaúcha). ro ruminante bovídeo da sub-família Caprinae, que também
O Rebanho Bovino representa a principal criação do país, inclui a cabra.
e apresenta como características: O Brasil destaca-se por ter uma das maiores pecuárias do
O rebanho brasileiro é na maior parte de baixa qualidade, mundo, embora este setor apresente alguns problemas rela-
e, portanto de baixo valor econômico; cionados à criação do gado.
A relação bovino/habitante no Brasil é muito baixa quan- Alguns fatores afetam o rendimento da pecuária brasi-
do comparado à países Argentina, Austrália e Uruguai. leira, tais como: baixos níveis culturais, práticas defeituosas,
A idade média do gado para abate no Brasil é de 4 anos, inadequação da estrutura fundiária, grandes distâncias, baixo
muito elevada em relação a países como Argentina, E.U. A e nível tecnológico, alto preço dos medicamentos.
Inglaterra (cerca de 2 a¬nos) Aproximadamente 25% do território brasileiro é forma-
-O peso médio também é muito baixo ainda, 230 a 240 qui- do por pastagens naturais e artificiais, tal área vem crescendo
los, contra mais de 600 quilos na Argentina, E.U. A e Inglaterra. moderadamente.
Como consequência dos fatores idade e peso, ocorre que O rebanho bovino brasileiro apresenta 161 milhões de
a taxa de desfrute (percentual do rebanho abatido anualmen- cabeças, sendo insuficiente os pastos para alimentá-los.
te) no Brasil é muito baixa, cerca de 15% a 20% contra 30% Mas este problema tem solução, pois as condições climá-
da média mundial e 40% dos E.U. A A pecuária brasileira é ticas brasileiras são favoráveis.
caracterizada pelo baixo valor econômico e pelo mau aprovei- O Brasil possui dois tipos de criação de gado, são elas:
tamento do potencial do rebanho, resultantes principalmente
de deficiências tecnológicas tais como:
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Gado Bovino
O rebanho bovino do Brasil apresenta 161 milhões de cabeças, um dos maiores do mundo, embora tenha um baixo rendi-
mento na produção.
Este tipo de gado, mesmo apresentando um baixo rendimento na produção de carne, é o que apresenta melhor resistência
às dificuldades físicas, e à falta de cuidados na criação extensiva.
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Principio Áreas de Criação
Região Sudeste
1995 – apresenta 37 milhões de cabeças, considerado o segundo maior rebanho de gado bovino brasileiro.
- Pecuária de Corte
Este tipo de pecuária concentra-se principalmente em Minas Gerais (23,6 milhões) e em São Paulo (15,4 milhões), sendo
estes os dois principais Estados criadores.
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- Pecuária Leiteira
As principais bacias leiteiras do Brasil estão nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Região Sudeste). O
principal objetivo desses produtores é abastecer os maiores centros consumidores do Brasil.
O rebanho leiteiro apresenta aproximadamente 8,2 milhões de cabeças, ou seja, de vacas ordenhadas no Sudeste.
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Região Centro-Oeste
É a maior região em criação de gado bovino, na qual é praticada no sistema extensivo. Apresenta cerca de 55 milhões de
cabeças, distribuídas entre os estados de Goiás, Mato Grosso de Sul e Mato Grosso.
A pecuária é totalmente destinada ao corte.
As áreas produtoras de destaque são: Zona do Pantanal, Sudeste de Goiás, Vale do Paranaíba, sul do Mato Grosso do Sul.
Região Sul
É a região que apresenta o 3º maior rebanho brasileiro, tendo 26,6 milhões de cabeças. O rebanho da região Sul destaca-
se pela sua qualidade, devido às condições físicas favoráveis da região.
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Região Nordeste
Nesta região, a pecuária é do tipo extensiva, e o rendimento da criação é baixo devido às condições físicas não favoráveis,
prejudicando a produção de carne.
Região Norte
A região Norte apresenta o menor rebanho brasileiro, contando com cerca de 19 milhões de cabeças de bovinos e 1 milhão
de bubalinos.
As principais áreas onde a pecuária é desenvolvida são: Ilha de Marajó, Alto Rio Branco e litoral do Amapá.
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Gado Ovino
No Brasil existem 18,3 milhões de cabeças de ovinos, sendo que a sua criação é destinada especialmente à produção de lã.
O maior rebanho ovino brasileiro está concentrado no Rio Grande do Sul, contando com mais da metade da totalidade do
país, seguido da Bahia que conta com mais de 2 milhões de cabeças, destinas à produção de carne.
Gado Suíno
O Brasil apresenta o 5º maior rebanho suíno mundial. Podemos encontrar criação de gado suíno por todo Brasil, concen-
trando-se principalmente nas regiões Sul, Nordeste e Sudeste.
Diferentemente do gado bovino, que é criado normalmente em grandes propriedades, o gado suíno é criado em pequenas
e médias propriedades.
Os principais estados produtores são: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Maranhão.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
que abranja as questões sociais, além das ambientais, e tenha agências. O governo brasileiro tem defendido uma ‘agência
sempre presente a questão da qualidade de vida dos cida- guarda-chuva’, que tenha sob ela várias agências internacio-
dãos, além da ecoeficiência.” Outra frente da sociedade civil nais do sistema ONU. As entidades, enxergam que existe uma
rumo à Rio+20 se dará no âmbito do Fórum Social Mundial necessidade tanto ética quanto política e econômica de tirar as
(FSM). A decisão foi tomada ao final da edição deste ano, pessoas da pobreza. Porém, isso não significa que deverão ter
em Dacar, no Senegal. Segundo o empresário e ativista da padrão de consumo insustentável, como o norte-americano e
área de responsabilidade social, Oded Grajew, que integra europeu. Não é objetivo estender a sociedade perdulária.
o Comitê Internacional do FSM – que ocorrerá entre 27 e As expectativas sobre os resultados da Rio+20 cami-
31 de janeiro de 2013 (data sujeita a alterações) –, a edição nham na direção de dois extremos. Será uma grande opor-
internacional descentralizada do evento terá como principal tunidade ou nulidade. A conferência pode fazer uma con-
pauta a temática ambiental, voltada à conferência. vergência, desatar nós ou, então, se não se dispuser, será
O FSM não representa as elites econômicas e exigirá um ponto de jogar conversa fora. Mas de qualquer forma, a
uma demanda de mobilização da sociedade sobre outro mobilização de propostas da sociedade civil será um avan-
modelo de desenvolvimento. Trataremos de propostas de ço. Ou os governos são capazes de mostrar relevância no
mudança da matriz energética para a renovável, da questão mundo contemporâneo ou são incapazes de acompanhar o
nuclear, das hidrelétricas em confronto com as populações ritmo que a sociedade avança, se tornando um empecilho.
indígenas, do modelo de consumo e resíduos orgânicos,
entre outros. Segundo ele, a meta é propor políticas públi- Irã
cas ao governo e informações sobre indicadores quanto à A participação do Irã na conferência Rio +20 gerou uma
grave situação do modelo atual de desenvolvimento, que enorme controvérsia. O país enviará uma delegação, que
leva ao esgotamento de recursos naturais e ao aumento das inclui o presidente Mahmoud Ahmadinejad, para participar
desigualdades. do evento em junho. Entretanto, o Irã possui sérias questões
Como 2012 será também um ano de eleições em al- das quais se recusa a abordar, como as persistentes viola-
guns países importantes como EUA, Alemanha e França, ções dos direitos humanos, as declarações belicistas e racis-
isso prejudica decisões. Talvez essas nações não queiram tas contra Israel e a negativa em cooperar com a AIEA sobre
assumir alguns compromissos, que podem comprometer os seu programa nuclear. Foi argumentado que Ahmadinejad
resultados nas urnas. É reforçado que, no contexto da Eco- planeja usar a cúpula no Rio de Janeiro como uma platafor-
nomia Verde, as discussões do FSM permanecerão voltadas ma para propaganda e projetar para o público interno uma
a questões sociais, ao combate às desigualdades. falsa imagem de líder respeitado internacionalmente.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
Em áreas isoladas: essas áreas são previamente esco- as gerações futuras; participação da população envolvida;
lhidas, em geral são aterros sanitários. preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; ela-
boração de um sistema social que garanta emprego, segu-
Classificação dos resíduos: rança social e respeito a outras culturas; programas de edu-
Resíduos tóxicos: são os mais perigosos e podem pro- cação. Esta teoria referia-se principalmente às regiões subde-
vocar a morte conforme a concentração, são rapidamente senvolvidas, envolvendo uma crítica à sociedade industrial.
identificados por provocar diversas reações maléficas no or- Foram os debates em torno do ecodesenvolvimento que
ganismo. Exemplos de geradores desses poluentes: indústrias abriram espaço ao conceito de desenvolvimento sustentável.
produtoras de resíduos de cianetos, cromo, chumbo e fenóis. Outra contribuição à discussão veio com a Declaração
de Cocoyok, das Nações Unidas. A declaração afirmava que
Resíduos minerais: são relativamente estáveis, corres- a causa da explosão demográfica era a pobreza, que tam-
pondem às substâncias químicas minerais, elas alteram as bém gerava a destruição desenfreada dos recursos naturais.
condições físico-químicas e biológicas do meio ambiente. Os países industrializados contribuíam para esse quadro
Exemplos de indústrias: mineradoras, metalúrgicas, refina- com altos índices de consumo. Para a ONU, não há apenas
rias de petróleo. um limite mínimo de recursos para proporcionar bem-estar
ao indivíduo; há também um máximo.
Resíduos orgânicos: as principais fontes desses po- A ONU voltou a participar na elaboração de outro re-
luentes são os esgotos domésticos, os frigoríficos, laticínios, latório, o Dag-Hammarskjöld, preparado pela fundação
etc. Esses resíduos correspondem à matéria orgânica poten- de mesmo nome, em 1975, com colaboração de políticos
cialmente ativa, que entra em decomposição ao ser lançada e pesquisadores de 48 países. O Relatório Dag-Hammar-
no meio ambiente. skjöld completa o de Cocoyok, afirmando que as potências
coloniais concentraram as melhores terras das colônias nas
Resíduos mistos: possuem características químicas as- mãos de uma minoria, forçando a população pobre a usar
sociadas às de natureza biológica. As indústrias têxteis, la- outros solos, promovendo a devastação ambiental. Os dois
vanderias, indústrias de papel e borracha, são responsáveis relatórios têm em comum a exigência de mudanças nas es-
por esse tipo de resíduo lançado na natureza. truturas de propriedade do campo e a rejeição pelos gover-
nos dos países industrializados.
Resíduos atômicos: esse tipo de poluente contém isó- No ano de 1987, a Comissão Mundial da ONU sobre o
topos radioativos, é um lixo atômico capaz de emitir radia- Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), presidida por
ções ionizantes e altamente nocivas à saúde humana. Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid, apresentou um
documento chamado Our Common Future, mais conhecido
Desenvolvimento Sustentável por relatório Brundtland. O relatório diz que “Desenvolvi-
Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação mento sustentável é desenvolvimento que satisfaz as neces-
Ambiental é parte vital e indispensável, pois é a maneira sidades do presente sem comprometer a capacidade de as
mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”.
suas metas: a participação da população. O relatório não apresenta as críticas à sociedade industrial
A preocupação da comunidade internacional com os que caracterizaram os documentos anteriores; demanda
limites do desenvolvimento do planeta data da década de crescimento tanto em países industrializados como em sub-
60, quando começaram as discussões sobre os riscos da de- desenvolvidos, inclusive ligando a superação da pobreza
gradação do meio ambiente. Tais discussões ganharam tan- nestes últimos ao crescimento contínuo dos primeiros. As-
ta intensidade que levaram a ONU a promover uma Confe- sim, foi bem aceito pela comunidade internacional.
rência sobre o Meio Ambiente em Estocolmo (1972). A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
No mesmo ano, Dennis Meadows e os pesquisadores do e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992,
“Clube de Roma” publicaram o estudo Limites do Crescimento. mostrou um crescimento do interesse mundial pelo futuro
O estudo concluía que, mantidos os níveis de industrialização, do planeta; muitos países deixaram de ignorar as relações
poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos entre desenvolvimento socioeconômico e modificações no
naturais, o limite de desenvolvimento do planeta seria atin- meio ambiente. Entretanto, as discussões foram ofuscadas
gido, no máximo, em 100 anos, provocando uma repentina pela delegação dos Estados Unidos, que forçou a retirada
diminuição da população mundial e da capacidade industrial. dos cronogramas para a eliminação da emissão de CO2
O estudo recorria ao neo-malthusianismo como solu- (que constavam do acordo sobre o clima) e não assinou a
ção para a iminente “catástrofe”. As reações vieram de inte- convenção sobre a biodiversidade.
lectuais do Primeiro Mundo (para quem a tese de Meadows O termo desenvolvimento sustentável define as práti-
representaria o fim do crescimento da sociedade industrial) cas de desenvolvimento que atendem às necessidades pre-
e dos países subdesenvolvidos (já que os países desenvol- sentes sem comprometer as condições de sustentabilidade
vidos queriam “fechar a porta” do desenvolvimento aos paí- das gerações futuras. Os princípios do desenvolvimento
ses pobres, com uma justificativa ecológica). sustentável são baseados nas necessidades, sobretudo as
Em 1973, o canadense Maurice Strong lançou o conceito necessidades essenciais e, prioritariamente, aquelas das po-
de ecodesenvolvimento, cujos princípios foram formulados pulações mais pobres; e limitações que a tecnologia e a or-
por Ignacy Sachs. Os caminhos do desenvolvimento seriam ganização social impõem ao meio ambiente, restringindo a
seis: satisfação das necessidades básicas; solidariedade com capacidade de atender às necessidades presentes e futuras.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
Em sentido amplo, a estratégia de desenvolvimento sus- Algumas outras medidas para a implantação de um
tentável visa a promover a harmonia entre os seres humanos e programa minimamente adequado de desenvolvimento
entre esses e a natureza. Para tanto, são necessários: sustentável são:
- Sistema político com efetiva participação dos cidadãos - Uso de novos materiais na construção;
no processo de decisão; - Reestruturação da distribuição de zonas residenciais
- Sistema econômico competente para gerar excedentes e e industriais;
conhecimentos técnicos em bases confiável e constante; - Aproveitamento e consumo de fontes alternativas de
- Sistema social capaz de resolver as diferenças causadas energia, como a solar, a eólica e a geotérmica;
por um desenvolvimento desigual; - Reciclagem de materiais reaproveitáveis;
- Sistema de produção que preserve a base ecológica do - Consumo racional de água e de alimentos;
desenvolvimento; - Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à
- Sistema tecnológico que busque novas soluções; saúde na produção de alimentos.
- Sistema internacional com padrões sustentáveis de co-
mércio e financiamento; O atual modelo de crescimento econômico gerou
- Sistema administrativo flexível e capaz de auto corrigir-se. enormes desequilíbrios; se, por um lado, nunca houve tan-
ta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria,
O desenvolvimento sustentável não trata somente da re- a degradação ambiental e a poluição aumentam dia a dia.
dução do impacto da atividade econômica no meio ambiente, Diante desta constatação, surge a ideia do Desenvolvimen-
mas principalmente das consequências dessa relação na qua- to Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento
lidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente econômico com a preservação ambiental e, ainda, ao fim da
quanto futura. pobreza no mundo.
Segundo o Relatório da Comissão Brundtland, elaborado As pessoas que trabalharam na Agenda 21 escreveram
em 1987, uma série de medidas devem ser tomadas pelos paí-
a seguinte frase: “A humanidade de hoje tem a habilidade
ses para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas:
de desenvolver-se de uma forma sustentável, entretanto é
- Limitação do crescimento populacional;
preciso garantir as necessidades do presente sem compro-
- Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia)
meter as habilidades das futuras gerações em encontrar
em longo prazo;
suas próprias necessidades”. Essa frase toda pode ser resu-
- Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
mida em poucas e simples palavras: desenvolver em harmo-
- Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento
nia com as limitações ecológicas do planeta, ou seja, sem
de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;
- Aumento da produção industrial nos países não industria- destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham a
lizados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas; chance de existir e viver bem, de acordo com as suas neces-
- Controle da urbanização desordenada e integração en- sidades (melhoria da qualidade de vida e das condições de
tre campo e cidades menores; sobrevivência). Será que é possível conciliar tanto progresso
- Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, e tecnologia com um ambiente saudável?
moradia). Acredita-se que isso tudo seja possível, e é exatamente
Em âmbito internacional, as metas propostas são: o que propõem os estudiosos em Desenvolvimento Sus-
- Adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável tentável (DS), que pode ser definido como: “equilíbrio en-
pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições tre tecnologia e ambiente, relevando-se os diversos grupos
internacionais de financiamento); sociais de uma nação e também dos diferentes países na
- Proteção dos ecossistemas supranacionais como a An- busca da equidade e justiça social”.
tártica, oceanos, etc, pela comunidade internacional; Para alcançarmos o DS, a proteção do ambiente tem
- Banimento das guerras; que ser entendida como parte integrante do processo de
- Implantação de um programa de desenvolvimento sus- desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamen-
tentável pela Organização das Nações Unidas (ONU). te; é aqui que entra uma questão sobre a qual talvez você
nunca tenha pensado: qual a diferença entre crescimento
O conceito de desenvolvimento sustentável deve ser as- e desenvolvimento? A diferença é que o crescimento não
similado pelas lideranças de uma empresa como uma nova conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais,
forma de produzir sem degradar o meio ambiente, estenden- pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da
do essa cultura a todos os níveis da organização, para que seja qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se
formalizado um processo de identificação do impacto da pro- faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O
dução da empresa no meio ambiente e resulte na execução de desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração
um projeto que alie produção e preservação ambiental, com de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, de me-
uso de tecnologia adaptada a esse preceito. Entre as empre- lhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em
sas que aplicaram um projeto de desenvolvimento sustentável consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta.
são citadas 3M, McDonalds, Dow, DuPont, Pepsi, Coca-Cola e
Anheuser-Busch.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser enten- e do Meio Ambiente na Amazônia (Imazon) fazem o moni-
didos como metas: toramento do desmatamento no Brasil. Segundo eles, são
desmatados cerca de 21 mil km² por ano no Brasil, o que re-
- A satisfação das necessidades básicas da população presenta um Estado de Sergipe de floresta no chão por ano.
(educação, alimentação, saúde, lazer, etc); A Mata Atlântica foi a principal vítima do desmatamento
- A solidariedade para com as gerações futuras (preser- florestal no País e hoje tem apenas cerca de 7% do que seria
var o ambiente de modo que elas tenham chance de viver); seu território original. Ela é reconhecida como o bioma brasi-
- A participação da população envolvida (todos devem leiro mais descaracterizado.
se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e Já o cerrado brasileiro perdeu 48,2% da vegetação origi-
fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); nal. Hoje são desmatados cerca de 20 mil km² por ano, prin-
- A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, cipalmente no oeste da Bahia – na divisa com Goiás e Tocan-
etc); tins – e no norte de Mato Grosso. As áreas coincidem com as
- A elaboração de um sistema social garantindo empre- regiões produtoras de grãos, de carvão e pecuária.
go, segurança social e respeito a outras culturas (erradica- A floresta amazônica brasileira permaneceu praticamente
ção da miséria, do preconceito e do massacre de populações intacta até os anos 1970, quando foi inaugurada a rodovia
oprimidas, como por exemplo os índios); Transamazônica. A partir daí, passou a ser desmatada para
- A efetivação dos programas educativos. criação de gado, plantação de soja e exploração da madei-
Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação ra. Em busca de madeiras de lei como o mogno, empresas
Ambiental é parte vital e indispensável, pois é a maneira mais madeireiras instalaram-se na região amazônica para fazer a
direta e funcional de se atingir pelo menos uma de suas me- exploração ilegal. Como a maior floresta tropical existente, ela
tas: a participação da população. é uma das grandes preocupações do mundo inteiro. O des-
matamento da Amazônia provoca impacto na biodiversidade
Ecossistema global, na redução do volume de chuvas e contribui para a
piora do aquecimento global.
- Desmatamento
- Poluição
O desmatamento é um processo de degradação da ve- Por poluição entende-se a introdução pelo homem, direta ou
getação nativa de uma região e pode provocar um processo indiretamente de substâncias ou energia no ambiente, provocan-
de desertificação. O mau uso dos recursos naturais, a polui- do um efeito negativo no seu equilíbrio, causando assim danos
ção e a expansão urbana são alguns fatores que devastam na saúde humana, nos seres vivos e no ecossistema ali presente.
ambientes naturais e reduzem o número de habitats para as Os agentes de poluição, normalmente designados por
espécies. Um dos principais agentes do desmatamento é o poluentes, podem ser de natureza química, genética, ou sob
homem. a forma de energia, como nos casos de luz, calor ou radiação.
Nos últimos anos, a atividade humana tem invadido o Mesmo produtos relativamente benignos da atividade humana
meio ambiente em diferentes escalas e velocidades, o que podem ser considerados poluentes, se eles precipitarem efeitos
resulta na degradação de biomas. Além de lançar na água, no negativos posteriormente. Os NOx (óxidos de azoto) produzi-
ar e no solo substâncias tóxicas e contaminadas, o homem dos pela indústria, por exemplo, são frequentemente citados
também agride o ambiente capturando e matando animais como poluidores, embora a própria substância libertada, por si
silvestres e aquáticos e destruindo matas. só não seja prejudicial. São classificados como poluentes pois
Muitas florestas naturais já foram derrubadas para dar com a acção dos raios solares e a humidade da atmosfera, esses
lugar a estradas, cidades, plantações, pastagens ou para for- compostos dão origem a poluentes como o HNO3 ou o smog.
necer madeira. No processo de desmatamento, primeiro são A Aviação civil é uma das maiores fontes de poluição so-
retiradas as madeiras de árvores nobres, depois as de menor nora nas grandes cidades.
porte e, em seguida, toda a vegetação rasteira é destruída.
As queimadas também são causas de destruição de matas. - Dioxinas - provenientes de resíduos , podem causar cân-
Elas acabam com o capim e a cobertura florestal que ainda cer, má-formação de fetos, doenças neurológicas, etc. Partícu-
sobrou da degradação. Dos 64 milhões de km² de florestas las de cansadez (materiais particulados) - emitidas por carros
existentes no planeta, restam menos de 15,5 milhões, ou cer- e indústrias. infectam os pulmões, causando asmas, bronqui-
ca de 24%. Isso quer dizer que 76% das florestas primárias te, alergias e até câncer.
já desapareceram. Com exceção de parte das Américas, to- - Chumbo - metal pesado proveniente de carros, pinturas,
dos os continentes desmataram muito, conforme um estudo água contaminada, indústrias. Afeta o cérebro, causando re-
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tardo mental e outros graves efeitos na coordenação motora
sobre a evolução das florestas mundiais. Dos 100% de suas e na capacidade de atenção.
florestas originais, a África mantém hoje 7,8%, a Ásia 5,6%, a - Mercúrio - tem origem em centrais elétricas e na inci-
América Central 9,7% e a Europa Ocidental – o pior caso do neração de resíduos. Assim como o chumbo, afeta o cérebro,
mundo – apenas 0,3%. causando efeitos igualmente graves.
O continente que mais mantém suas florestas originais - Pesticidas, Benzeno e isolantes (como o Ascarel) - po-
é a América do Sul, com 54,8%. O Instituto Nacional de Pes- dem causar distúrbios hormonais, deficiências imunológicas,
quisas Espaciais (INPE) e outras organizações independentes má-formação de órgãos genitais em fetos, infertilidade, cân-
como a organização não governamental Instituto do Homem cer de testículo e de ovário.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
- Aquecimento global O Brasil ocupa o 16º lugar entre os países que mais emi-
A Terra recebe uma quantidade de radiação solar que, em tem gás carbônico para gerar energia. Mas se forem consi-
sua maior parte (91%), é absorvida pela atmosfera terrestre, derados também os gases do efeito estufa liberados pelas
sendo o restante (9%) refletido para o espaço. A concentra- queimadas e pela agropecuária, o país é o quarto maior po-
ção de gás carbônico oriunda, principalmente, da queima de luidor (em % das emissões totais de gases do efeito estufa).
combustíveis fósseis, dificulta ou diminui o percentual de ra-
diação que a Terra reflete para o espaço. Desse modo, ao não A poluição e a diminuição da camada de ozônio
ser irradiado para o espaço, o calor provoca o aumento da
temperatura média da superfície terrestre. - Água poluída
Devido à poluição atmosférica e seus efeitos, muitos cien- A camada de ozônio é uma região existente na atmos-
tistas apontam que o aquecimento global do planeta a médio fera que filtra a radiação ultravioleta provinda do Sol. Devi-
e longo prazo pode ter caráter irreversível. Por isso, desde já, do processo de filtragem, os organismos da superfície ter-
devem ser adotadas medidas para diminuir as emissões dos
restre ficam protegidos das radiações. A ozonosfera é for-
gases que provocam o aquecimento. Outros cientistas, no
mada pelo gás ozônio, que é constituído de moléculas de
entanto, admitem o aumento do teor do gás carbônico na
oxigênio que sofrem um rearranjo a partir da radiação ul-
atmosfera, mas lembram de que grande parte desse gás tem
travioleta que penetra na atmosfera. A exposição à radiação
origem na concentração de vapor de água, o que independe
ultravioleta afeta o sistema imunológico, causa cataratas e
das atividades humanas. Essa controvérsia acaba adiando a
tomada de decisões acerca da adoção de uma política que di- aumenta a incidência de câncer de pele nos seres humanos,
minua os efeitos do aumento da temperatura média da Terra. além de atingir outras espécies. A diminuição da camada de
O carbono presente na atmosfera garante uma das condi- ozônio está ocorrendo devido ao aumento da concentração
ções básicas para a existência de vida no planeta: a temperatura. dos gases CFC (cloro-flúor-carbono) presentes no aerossol,
A Terra é aquecida pelas radiações infravermelhas emitidas pelo em fluidos de refrigeração que poluem as camadas superio-
Sol até uma temperatura de -27 °C. Essas radiações chegam à res da atmosfera atingindo a estratosfera. O cloro liberado
superfície e são refletidas para o espaço. O carbono forma uma pela radiação ultravioleta forma o cloro atômico, que reage
redoma protetora que aprisiona parte dessas radiações infra- ao entrar em contato com o ozônio, transformando-se em
vermelhas e as reflete novamente para a superfície. Isso pro- monóxido de cloro. A reação reduz o ozônio atmosférico
duz um aumento de 43 °C na temperatura média do planeta, aumentando a penetração das radiações ultravioleta.
mantendo-a em torno dos 16 °C. Sem o carbono na atmosfera
a superfície seria coberta de gelo. O excesso de carbono, no - Consequências econômicas
entanto, tende a aprisionar mais radiações infravermelhas, pro- As consequências econômicas e ecológicas da diminui-
duzindo o chamado efeito estufa: a elevação da temperatura ção da camada de ozônio, além de causar o aumento da
média a ponto de reduzir ou até acabar com as calotas de gelo incidência do cancro de pele, podem gerar o desapareci-
que cobrem os polos. Os cientistas ainda não estão de acordo mento de espécies animais e vegetais e causar mutações
se o efeito estufa já está ocorrendo, mas preocupam-se com genéticas. Mesmo havendo incertezas sobre a magnitude
o aumento do dióxido de carbono na atmosfera a um ritmo desse fenômeno, em 1984 foi assinado um acordo interna-
médio de 1% ao ano. A queima da cobertura vegetal nos paí- cional para diminuir as fontes geradoras do problema (Pro-
ses subdesenvolvidos é responsável por 25% desse aumento. tocolo de Montreal).
A maior fonte, no entanto, é a queima de combustíveis fósseis,
como o petróleo, principalmente nos países desenvolvidos. - Protocolo de Montreal
No Protocolo de Montreal, 27 países signatários se
- Elevação da temperatura comprometeram a reduzir ou eliminar o consumo de CFC
A elevação da temperatura terrestre entre 2 e 5 graus até ao ano 2000, o que, até hoje, ainda não aconteceu na
Celsius, presume-se, provocará mudanças nas condições proporção desejada, apesar de já haver tecnologia dispo-
climáticas. Em função disto, o efeito estufa poderá acarretar nível para substituir os gases presentes nos aerossóis, em
aumento do nível do mar, inundações das áreas litorâneas fluidos de refrigeração e nos solventes.
(diz-se litorâneas no Brasil, litorais em Portugal) e desertifi-
cação de algumas regiões, comprometendo as terras agri-
cultáveis e, consequentemente, a produção de alimentos.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
- A poluição e as chuvas ácidas que estão em desenvolvimento como, por exemplo, Brasil,
O Canal de Lachine em Montreal (Canadá), encontra-se Rússia, China, México e Índia. O setor industrial destes países
poluído. As chuvas ácidas são precipitações na forma de água tem crescido muito, porém de forma desregulada, agredindo
e neblina que contêm ácido nítrico e sulfúrico. Elas decorrem o meio ambiente. Nas décadas de 1970 e 1980, na cidade de
da queima de enormes quantidades de combustíveis fósseis, Cubatão, litoral de São Paulo, a chuva ácida provocou muitos
como petróleo e carvão, utilizados para a produção de energia danos ao meio ambiente e ao ser humano. Os ácidos poluen-
nas refinarias e usinas termoelétricas, e também pelos veículos. tes jogados no ar pelas indústrias, estavam gerando muitos
Durante o processo de queima, milhares de toneladas de problemas de saúde na população da cidade. Foram relatados
compostos de enxofre e óxido de nitrogênio são lançados na casos de crianças que nasciam sem cérebro ou com outros
atmosfera, onde sofrem reações químicas e se transformam defeitos físicos. E também provocou desmatamentos signifi-
em ácido nítrico e sulfúrico. O dióxido de carbono reage re- cativos na Mata Atlântica da Serra do Mar.
versivelmente com a água para formar um ácido fraco o ácido
carbônico. No equilíbrio, o pH desta solução é 5.6, pois a água - Chuva ácida
é naturalmente ácida pelo dióxido de carbono. Assim, qual- As consequências da chuva ácida para a população huma-
quer chuva com pH abaixo de 5.6 é considerada excessiva- na são econômicas, sociais ou ambientais. Tais consequências
mente ácida. Dióxido de nitrogênio NO2 e dióxido de enxofre são observáveis principalmente em grandes áreas urbanas,
SO2 podem reagir com substâncias da atmosfera produzindo onde ocorrem patologias que afetam o sistema respiratório
ácidos, esses gases podem se dissolver em gotas de chuva e e sistema cardiovascular, e ,além disso, causam destruição de
em partículas de aerossóis e em condições favoráveis preci- edificações e monumentos, através da corrosão pela reação
pitarem-se em chuva ou neve. Dióxido de nitrogênio pode se com ácidos. Porém, nada impede que as consequências de
transformar em ácido nítrico e em ácido nitroso e dióxido de tais chuvas cheguem a locais muito distantes do foco gerador,
enxofre pode se transformar em ácido sulfúrico e ácido sul- devido ao movimento das massas de ar, que são capazes de
furoso. Amostras de gelo da Groelândia mostram a presença levar os poluentes para muito longe. Estima-se que as chuvas
de sulfatos e nitratos, o que indica que já em 1900 tínhamos a ácidas contribuam para a devastação de florestas e lagos, so-
chuva ácida. Além disso, a chuva ácida pode se formar em lo- bretudo aqueles situados nas zonas temperadas ácidas.
cais distantes da produção de óxidos de enxofre e nitrogênio.
A chuva ácida é um grande problema da atualidade por- - A poluição e a perda de biodiversidade
que anualmente grandes quantidades de óxidos ácidos são Ao interferir nos habitats, a poluição pode levar a dese-
formados pela atividade humana e colocados na atmosfera. quilíbrios que provocam a diminuição ou extinção dos ele-
Quando uma precipitação (chuva) ácida cai em um local que mentos de uma espécie, causando uma perda da biodiver-
não pode tolerar a acidez anormal, sérios problemas ambien- sidade. As variações da temperatura da água do mar, levam
tais podem ocorrer. Em algumas áreas dos Estados Unidos a dificuldades da adaptação de certas espécies de peixes, é
(West Virginia), o pH da chuva chegou a 1.5, e como a chuva igualmente uma das causas da invasão de águas salinas em
e neve ácidas não conhecem fronteiras, a poluição de um país ambientes tradicionalmente de água doce, causando assim
pode causar chuva ácida em outro. Como no caso do Cana- uma pressão adicional nesses ecossistemas, e potenciando a
dá, que sofre com a poluição dos EUA. A extensão dos pro- diminuição ou extinção das espécies até então ai presentes.
blemas da chuva ácida pode ser vista nos lagos sem peixes,
árvores mortas, construções e obras de arte, feitas a partir de QUESTÕES
rochas, destruídas. A chuva ácida pode causar perturbações
nos estômatos das folhas das árvores causando um aumento 01. O relevo terrestre é resultante da atuação de dois
de transpiração e deixando a árvore deficiente de água, pode conjuntos de forças denominadas agentes do relevo, que
acidificar o solo, danificar raízes aéreas e, assim, diminuir a compreendem os agentes internos ou criadores do relevo e
quantidade de nutrientes transportada, além de carregar mi- os agentes externos ou modificadores do relevo. Podemos
nerais importantes do solo, fazendo com que o solo guarde considerar agentes internos e externos, respectivamente:
minerais de efeito tóxico, como íons de metais. Estes não cau- a) Tectonismo e intemperismo
savam problemas, pois são naturalmente insolúveis em água b) Águas correntes e seres vivos
da chuva com pH normal, e com o aumento do pH pode-se c) Vento e vulcanismo
aumentar a solubilidade de muitos minerais. d) Águas correntes e intemperismo
A chuva ácida é composta por diversos ácidos como, por e) Abalos sísmicos e vulcanismo
exemplo, o óxido de nitrogênio e os dióxidos de enxofre, que
são resultantes da queima de combustíveis fósseis (carvão, 02. O Rio Grande do Norte apresenta um elevado po-
óleo diesel, gasolina entre outros). Quando caem em forma tencial turístico, principalmente em decorrência das belezas
de chuva ou neve, estes ácidos provocam danos no solo, plan- de sua paisagem litorânea, destacando-se algumas formas
tas, construções históricas, animais marinhos e terrestres etc. do relevo cuja configuração está associada a processos ero-
Este tipo de chuva pode até mesmo provocar o descontrole sivos desencadeados pela ação de diferentes agentes.
de ecossistemas, ao exterminar determinados tipos de ani-
mais e vegetais. Poluindo rios e fontes de água, a chuva pode Observe a figura.
também prejudicar diretamente a saúde do ser humano, cau-
sando doenças pulmonares, por exemplo. Este problema tem
se acentuado nos países industrializados, principalmente nos
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GEOGRAFIA DO BRASIL
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GEOGRAFIA DO BRASIL
07. A bacia hidrográfica brasileira com maior possibilida- 12- As porções orientais do território brasileiro, em ter-
de de navegação é: mos de clima, sofrem maior intervenção da massa de ar:
a) Bacia do São Francisco; a) Equatorial Continental (Ec)
b) Bacia do Paraná; b) Equatorial Atlântica (Ea)
c) Bacia do Uruguai; c) Tropical Continental (Tc)
d) Bacia Amazônica; d) Tropical Atlântica (Ta)
e) Bacia do Paraíba do Sul. e) Polar Atlântica (Pa).
08 A expressão “Bacia Hidrográfica” pode ser entendida 13- As características descritas abaixo fazem referência
como: a um único tipo de clima brasileiro. Analise-as e responda a
a) o conjunto das terras drenadas ou percorridas por um qual tipo de clima elas estão se referindo.
rio principal e seus afluentes. - Temperaturas médias elevadas ao longo do ano.
b) a área ocupada pelas águas de um rio principal e seus - Baixa precipitação anual e chuvas mal distribuídas.
afluentes no período normal de chuvas. - Encontro de quatro massas de ar: Equatorial Continen-
c) o conjunto de lagoas isoladas que se formam no leito tal, Equatorial Atlântico, Tropical Atlântico e Polar Atlântica.
dos rios quando o nível de água da água baixa. - O fenômeno La Niña, em que há um resfriamento da
d) o aumento exagerado do volume de água de um rio temperatura média das águas do Oceano Pacífico Equatorial,
principal e seus afluentes quando chove acima do normal. pode acarretar um excesso de precipitação.
e) o lago formado pelo represamento das águas de um
rio principal e seus afluentes. a) Clima Tropical
b) Clima Semiárido
09. A rede hidrográfica brasileira apresenta, dentre ou- c) Clima Equatorial
tras, as seguintes características: d) Clima Subtropical
a) grande potencial hidráulico predomínio de rios pere- e) Clima Tropical Úmido
nes e predomínio de foz do tipo delta.
14- Leia com atenção os itens abaixo sobre massas de ar:
b) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e
I - A mEc atua o ano inteiro no Brasil provocando eleva-
predomínio de foz do tipo estuário.
dos índices de chuva.
c) predomínio de rios temporários, drenagem endorréi-
II - A mEc é a principal responsável pela escassez de chu-
ca e grande potencial hidráulico.
va no interior do Nordeste.
d) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hi-
III - A mTa exerce grande influência sobre a área litorânea
dráulico e predomínio de rios de planície.
do Brasil.
e) drenagem endorréica, predomínio de rios perenes e IV - A mEa atua principalmente no Sul do Brasil.
regime de alimentação pluvial. V - A mPa, fria e úmida, penetra no Brasil em forma de
frente, atingindo principalmente o interior do Nordeste.
10. Aponte a afirmativa incorreta:
a) O regime dos rios brasileiros depende das chuvas de De acordo com a leitura, identifique a resposta certa:
verão. A) I e II
b) Talvegue é a linha de maior profundidade do leito do B) II e IV
rio. C) I e III
c) Os rios brasileiros possuem um regime pluvial, exce- D) II e V
tuando-se o Amazonas que é complexo. E) IV e V
d) Todos os rios do Brasil podem ser caracterizados
como perenes. 15- Em relação aos tipos climáticos encontrados no Bra-
e) A foz de um rio pode ser de dois tipos: o estuário, livre sil, a afirmação errada é:
de obstáculos, e o delta, com ilhas de luvião separadas por A) O clima equatorial apresenta elevados índices pluvio-
uma rede de canais. métricos e temperaturas médias acima de 22 °C.
B) O clima da costa oriental do Nordeste apresenta chu-
11- Em relação aos tipos de clima no Brasil marque qual vas mais abundantes nos meses de inverno.
clima abrange uma porção maior do território e melhor ca- C) O clima tropical com chuvas de verão e invernos secos
racteriza o país: ocorre em grande parte do território brasileiro.
(A) – Clima Semiárido D) O clima subtropical apresenta pequenas amplitudes
(B) – Clima Equatorial térmicas e chuvas concentradas no verão.
(C) – Clima Subtropical E) O clima semiárido apresenta baixos índices pluviomé-
(D) – Clima Tropical - tricos e grande irregularidade na distribuição das chuvas.·.
(E) – Clima Desértico
16. Vegetação típica de regiões costeiras, sendo uma
área de encontro das águas do mar com as águas doces
dos rios. A principal espécie encontrada nesse bioma é o
caranguejo. Essas características são do:
55
GEOGRAFIA DO BRASIL
!
A partir desses gráficos, podemos concluir que a dife-
A partir dos índices apontados no gráfico e de conheci- rença verificada na expectativa de vida entre os gêneros, na
mentos sobre os países mais populosos do mundo, as letras segunda metade do século XX,
A, B, C, D e E correspondem, respectivamente, a : a) foi uma característica dos países mais industrializa-
a) Estados Unidos, China, Índia, Indonésia e Brasil. dos, como a França.
b) China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil. b) diminuiu quando os países se industrializaram, uma
c) Brasil, Índia, Estados Unidos, China e Indonésia. vez que as mulheres passaram a ter mais direitos e oportu-
d) China, Índia, Indonésia, Brasil e Estados Unidos. nidades.
e) Estados Unidos, Brasil, Índia, China e Indonésia. c) ocorreu apenas em países com altas taxas de crimi-
nalidade entre jovens adultos do sexo masculino, como o
20- Sobre a População Brasileira é correto afirmar. Brasil.
a) Apresenta alto grau de movimentação interna, sendo d) aumentou quando a expectativa de vida alcançou ní-
o Centro-Oeste a região de maior repulsão populacional. veis mais altos.
56
GEOGRAFIA DO BRASIL
57
GEOGRAFIA DO BRASIL
b) a análise das pirâmides etárias servem como subsídios para 26- Leia o fragmento de texto a seguir.
a elaboração de políticas previdenciárias e influencia diretamente Retrocedendo no tempo, verifica-se que para os homens,
em questões que dizem respeito à concessão de benefícios, na já em 1940, a média de idade no ato do casamento legal era
medida em que diminui o numero de pessoas aposentadas. de 27,1 anos, a qual se manteve quase inalterada até nos-
c) a análise das pirâmides etárias subsidia o Estado na elabo- sos dias [1998]. Com as mulheres não ocorreu o mesmo. Em
ração de políticas públicas nas áreas de educação, saúde, sanea- 1940, elas se casavam no civil mais cedo, em média aos 21,7
mento e cultura, de modo que possam ser elaboradas ações que anos, idade que veio crescendo sistematicamente e passou a
atendam às expectativas de uma população cada vez mais jovem. 23,3 anos em 1950, 23,8 em 1960 e 24 em 1970.
d) a análise das pirâmides etárias permite verificar a com- BERQUÓ, Elza. Arranjos familiares no Brasil: uma visão
posição da população feminina brasileira e serve como sub- demográfica. In: SCHWARCZ, Lilia M. História da vida privada
sídio para a elaboração de políticas públicas de gênero para no Brasil. Contrastes da intimidade contemporânea. São Pau-
uma população feminina cada vez mais jovem. lo: Companhia das Letras, 1998. v. 4. p. 416-417. [Adaptado]
e) a análise das pirâmides etárias auxilia o Estado na ela- O texto retrata diferenças na idade média das mulheres,
boração de programas sociais que objetivam a inclusão social em relação à dos homens, no que se refere ao casamento
e a distribuição de renda na intenção de corrigir as distorções civil. No Brasil, o aumento progressivo da idade de casamen-
do crescimento desigual entre a população brasileira. to das mulheres entre as décadas de 1940 e 1970 se deve,
sobretudo, à
25- Observe a) instituição do divórcio, que deu aos divorciados o di-
reito de contrair novo matrimônio.
b) aprovação do código eleitoral, que garantiu a partici-
pação política das mulheres.
c) elevação da escolaridade, que possibilitou maior inclu-
são das mulheres no mercado de trabalho.
d) ampliação da longevidade feminina, que influenciou
na nupcialidade e nas parturições.
e) implementação de políticas de saúde pública, que per-
mitiu o acesso à contracepção e à esterilização.
!
Fonte: Censo Demográfico 2000 e Contagem da Popu-
lação 2007
58
GEOGRAFIA DO BRASIL
28- Observe
!
A estrutura etária da população tem reflexos importantes na economia de um país. Logo, a tendência dos grupos etários
representados no gráfico nos leva à reflexão de que:
I – Em 1980, 38% da população tinham entre 0 a 14 anos de idade, em 2000 esse percentual cai para 29%, e, de acordo
com as projeções do IBGE, em 2020 as crianças e jovens menores de 14 anos serão apenas 23% da população do país.
II – A participação relativa de idosos na população total vem aumentando significativamente. Em 1980, as pessoas com
mais de 60 anos de idade representavam apenas 6%; em 2000 já perfaziam 7% e em 2020 totalizarão 13%.
III – As estatísticas oficiais afirmam que em 2006, 97% das população entre 7 a 14 anos frequentavam a escola. Como a
população, nessa faixa etária, tende a diminuir em termos relativos e a permanecer estável em termos absolutos, não será
necessário ampliar o número de vagas já existentes nas escolas fundamentais e sim melhorar a universalização do ensino
médio e a qualidade das escolas, em todos os níveis.
IV – A projeção nos mostra que nas próximas décadas haverá um acelerado crescimento da população de idosos, resul-
tante do aumento da expectativa de vida. Essas alterações no padrão demográfico brasileiro agravam a crise estrutural do
sistema de previdência social no Brasil, mas, por outro lado, aumentam de maneira significativa a importância dos idosos
no mercado de consumo (casas de repouso, atividades recreativas, educação continuada na área de informática, ensino de
línguas estrangeiras e uma boa pedida para a indústria do turismo.
Estão corretas:
a) Apenas as proposições II e III
b) Apenas as proposições I e II
c) Todas as proposições
d) Apenas as proposições II e IV
e) Apenas as proposições I e IV
29- O mapa da distribuição da população mundial mostra a irregularidade de ocupação humana pelo espaço, que de um
modo geral está associada a três fatores principais: físico ou natural, histórico e econômico. Identifique as áreas assinaladas
pelos numerais de 1 a 5 com os seus respectivos fatores favoráveis ou não à ocupação humana.
!
59
GEOGRAFIA DO BRASIL
( ) Norte do Canadá, que deve sua baixa densidade demográfica ao fator climático de influência polar.
( ) Nordeste dos Estados Unidos e Região dos Grandes Lagos, que devem sua intensa densidade demografia à presença
da maior concentração industrial norte-americana.
( ) Leste da China, tem na história muito antiga da sua ocupação um dos motivos para apresentar uma alta densidade
demográfica.
( ) Bangladesh, c u j a localização no delta dos rios Ganges, Brahmaputra e Meghna, deve a esses rios as terras de aluvião
muito férteis que atraíram uma das maiores concentrações populacionais do mundo.
( ) Planalto do Tibete na Ásia Central, cuja grande altitude e consequente associação de baixa temperatura e pressão
atmosférica dificultam a ocupação humana.
A sequência correta da numeração é:
a) 5 3 1 4 2
b) 4 3 2 4 5
c) 3 2 5 1 4
d) 3 4 1 5 2
e) 4 3 2 1 5
30- Observe e compare o mapa da questão anterior com o gráfico e o quadro, e, com base na observação destes, assi-
nale a leitura plausível a partir das referidas figuras e dados.
!
I – O século XX apresentou o mais rápido processo d e urbanização conhecido pela humanidade, fazendo com que ao
final deste período a população mundial já fosse majoritariamente urbana.
II – As megacidades com mais de dez milhões de habitantes se concentram majoritariamente nos países onde o processo
de industrialização clássica favoreceu a urbanização acelerada e uma rede urbana macrocefálica.
III – Os países subdesenvolvidos, em grande parte agrários, apresentam um crescimento mais acelerado das suas me-
trópoles que os países centrais mais urbanizados, motivo pelo qual o maior número de megacidades tende a se intensificar
nesse grupo de países.
IV – O crescimento explosivo das cidades no terceiro mundo transfere a pobreza presente no campo para suas metró-
poles, cujo crescimento é concomitante com a falta de infraestrutura, desemprego ou subemprego, aumento da violência,
surgimento de favelas e outros tantos problemas geralmente denominados de urbanos.
Estão corretas apenas as proposições:
a) I, III e IV
b) II, III e IV
c) I, II e IV
d) II e III
e) I e III
31- Em 01 de agosto de 2010, teve início o 12º Censo Demográfico brasileiro. O Censo 2010 envolve o trabalho direto
de aproximadamente 230 mil pessoas, e seus resultados vão subsidiar o planejamento de políticas públicas e privadas pelos
próximos dez anos. A alternativa que descreve uma mudança introduzida nesta edição do Censo é:
a) Investigação sobre arranjos familiares formados por cônjuges do mesmo sexo.
b) Investigação sobre os grupos étnicos e sua distribuição pelo território nacional.
c) Investigação sobre as comunidades religiosas e sua distribuição pelo território nacional.
d) Investigação sobre os padrões de mortalidade e fecundidade vigentes no país.
e) Investigação sobre os níveis de renda e de consumo das famílias brasileiras.
60
GEOGRAFIA DO BRASIL
32- Considerando que as pirâmides são gráficos que representam a estrutura de uma população distribuída por faixa
de idade e sexos, observe as pirâmides 1, 2 e 3 e assinale com V ou com F as proposições, conforme sejam respectivamente
Verdadeiras ou Falsas em relação à interpretação das mesmas.
!
( ) A base larga da pirâmide 1 indica uma alta expectativa de vida, que corresponde no geral aos países subdesenvolvidos,
era a pirâmide típica do Brasil até o censo de 1980.
( ) A pirâmide 2 indica que o país apresenta uma elevação da expectativa de vida e que a população passa por um pro-
cesso de envelhecimento. Assemelha-se à pirâmide que o Brasil começa a esboçar a partir dos anos 1990.
( ) A pirâmide 3 indica que o país apresenta uma baixa taxa de natalidade ao lado de uma baixa expectativa de vida, é a
pirâmide típica dos países de economia emergente, a exemplo do Brasil e da Índia.
( ) A pirâmide 1 indica que o país necessita fazer altos investimentos em educação e saúde para qualificar sua mão-
de-obra jovem enquanto que a pirâmide 3 indica que o país enfrenta altos gastos com aposentadorias, assistência social e
carência de mão-de-obra nativa.
A sequência correta das assertivas é
a) F V F V
b) V F V F
c) V V V V
d) F F F F
e) F F V V
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está realizando o Censo da população brasileira em 2010. Com
80% da população brasileira já recenseada, os dados preliminares do Censo 2010 indicam que a pirâmide etária brasileira se
alterou na última década. Em 2000, as crianças de até 4 anos de idade representavam 9,64% da população brasileira; hoje, são
7,17%. As de 5 a 9 eram 9,74%, percentual que caiu para 7,79%. A população com até 24 anos somava 49,68% dos brasileiros
há 10 anos; hoje, constituem 41,95%.
Sobre os dados do Censo 2010, é correto afirmar que
a) os resultados apontam para um aumento da base da pirâmide etária, uma vez que a população jovem diminuiu.
b) a queda da taxa de fecundidade aliada a uma maior expectativa de vida são fatores que podem explicar as mudanças
ocorridas na estrutura da população brasileira.
c) a diminuição da população jovem no Brasil é decorrente do aumento da taxa de mortalidade verificada no país em
função das diversas epidemias que ocorreram na década analisada, tais como a“gripe suína” ou H1N1.
d) o envelhecimento da população brasileira era totalmente inesperado neste Censo, haja vista os grandes investimentos
sociais que foram feitos para a melhoria de vida da população jovem.
e) a diminuição da base da pirâmide etária brasileira é ruim, pois evidencia que o número de mortos na juventude está
influenciando diretamente a estrutura da população.
61
GEOGRAFIA DO BRASIL
34- O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti- 36- Em 2010, o IBGE realiza o Censo Demográfico bra-
ca) divulgou em setembro de 2010 os resultados da PNAD sileiro, cuja aferição total só será concluída em 2012. Con-
(Pesquisa Nacional sobre Amostra Domiciliar) referente às tudo, a realização dos últimos PNADs permitem afirmar
taxas de fecundidade nos últimos dez anos no Brasil. Os da- sobre a população brasileira que nas últimas décadas:
dos sobre o número de filhos por mulher são os seguintes: a) as taxas de natalidade e mortalidade caíram e, con-
Com base nesses dados, assinale a alternativa CORRETA: sequentemente, a de crescimento vegetativo aumentou.
b) houve um aumento da taxa de mortalidade devido
ao envelhecimento precoce da população brasileira.
c) estão em curso os estreitamentos do meio e da base
da pirâmide etária e o alargamento do topo.
d) há uma encruzilhada demográfica motivada pela
significativa redução do ingresso ao mercado de trabalho
dos jovens entre as décadas de 2010 e 2030.
e) houve um efeito combinado da redução dos níveis
a) O aumento das taxas em 2009 evidencia que o Brasil é da fecundidade e da mortalidade e do aumento da expec-
um país que tem explosão demográfica. tativa de vida.
b) Os indicadores demonstram que as taxas de mortalida-
de são superiores às taxas de natalidade, evidenciando redu- 37- A diminuição do ritmo de crescimento da popula-
ção demográfica. ção brasileira, a partir dos anos de 1980, teve como causa
c) O índice de 2009 indica ligeiro aumento na taxa de fe- fundamental a:
cundidade não caracterizando crescimento demográfico ex- a) disseminação da prática do aborto, em conformida-
plosivo. de com a legislação vigente.
d) Esses números indicam que o Brasil é um país com ta- b) esterilização de grandes efetivos demográficos, a
xas negativas de crescimento demográfico, demonstrando a partir da laqueadura e da vasectomia.
política estatal de um filho único. c) redução das taxas de natalidade, associadas aos pro-
e) Caso essas taxas de fecundidade sejam mantidas, o Bra- cessos de urbanização.
sil, em uma década, ultrapassará o total da população da Índia. d) considerável emigração para os países localizados
na zona temperada do globo.
35- Os versos abaixo, do compositor Assis Valente, pro-
curam retratar o encontro de uma dona de casa com um re-
censeador do IBGE. Respostas
Recenseamento
Em 1940 01-A/ 02-C/ 03-A/ 04-E/ 05-E / 06- C/ 07- D/ 08-A/
Lá no morro começaram o recenseamento 09-B / 10-D / 11- D/ 12-D/ 13- B/ 14-C/ 15-D / 16-C/
E o agente recenseador esmiuçou a minha vida foi um 17-D/ 18-E/ 19-B / 20-D / 21-D / 22-D / 23-B / 24-A /
horror 25-E / 26-C / 27-A / 28-C / 29-D / 30-A / 31-A / 32-A /
E quando viu a minha mão sem aliança encarou a criança 33-B / 34-C / 35-E / 36-E / 37-C
Que no chão dormia
E perguntou se meu moreno era decente
E se era do batente ou era da folia
62
ATUALIDADES
Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do
1º de março de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional............................................................................................................ 01
ATUALIDADES
TENTATIVA DE OCULTAR DINHEIRO E 16 BARRAS DE Cresceu dentro do PSDB o movimento para forçar a
OURO LEVOU NUZMAN À PRISÃO, DIZ MPF. renúncia do senador Aécio Neves (MG) da presidência do
DE ACORDO COM INVESTIGAÇÃO, NOS ÚLTIMOS 10 partido. Ele está licenciado do cargo desde maio, quando
DOS 22 ANOS DE PRESIDÊNCIA DO COB, NUZMAN AM- entrou na mira da delação da JBS. Na ocasião, caciques tu-
PLIOU SEU PATRIMÔNIO EM 457%, NÃO HAVENDO INDI- canos esperavam a renúncia do político mineiro. Mas ele
CAÇÃO CLARA DE SEUS RENDIMENTOS. resistiu.
Agora, com o novo afastamento de Aécio do mandato
A prisão temporária cumprida nesta quinta-feira (5) con- de senador pelo Supremo Tribunal Federal, o partido vol-
tra Carlos Arthur Nuzman teve como um dos motivos a ten- tou a articular a saída definitiva dele do comando tucano. A
tativa de o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) percepção é que a permanência dele no cargo tem trazido
ocultar bens, segundo o Ministério Público Federal (MPF). En- grande desgaste à imagem da legenda. A pressão é para
tre eles, valores em espécie e 16 quilos de ouro que estariam que ele deixe a presidência do PSDB ainda em outubro.
em um cofre na Suíça. Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
De acordo com os investigadores da força-tarefa da Lava
Jato no Rio, as apreensões na primeira etapa da Operação DELATOR DIZ QUE CONHECEU SUPOSTO OPERA-
“Unfair Play”, em 5 de setembro, levaram Nuzman a fazer uma DOR DE PROPINA DE EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS.
retificação na declaração de imposto de renda. Segundo o CHEFE DO SETOR DE PROPINAS DA ODEBRECHT
MPF, foi uma tentativa de regularizar os bens não declarados. DISSE QUE SE ENCONTROU COM HOMEM QUE PEDIU
Um dos objetos apreendidos foi uma chave, que estava guar- DINHEIRO A ALDEMIR BENDINE.
dada junto a cartões de agentes de serviços de locação na
Suíça. Segundo o MPF, são indícios de que Nuzman guardou O ex-funcionário da Odebrecht, Fernando Migliaccio,
lá o ouro. afirmou ao juiz Sérgio Moro que se encontrou mais de uma
De acordo com o texto do documento de pedido de pri- vez com um suposto intermediário de propinas, que seriam
são, “ao fazer a retificação da declaração de imposto de renda
pagas ao ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine.
para incluir esses bens, em 20/09/2017, [Nuzman] claramente
Migliaccio atuava no Setor de Operações Estruturadas,
atuou para obstruir investigação da ocultação de patrimônio”
que era usado pela empreiteira para fazer pagamentos ilíci-
e “sequer apontou a origem desse patrimônio, o que indica
tos a funcionários públicos e agentes políticos. Ele prestou
a ilicitude de sua origem”. Com as inclusões destes bens, os
depoimento em um processo em que Bendine é acusado de
investigadores acreditam que os rendimentos declarados são
insuficientes para justificar a variação patrimonial em 2014. A receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, para ajudar
omissão, segundo o MPF, seria de no mínimo R$ 1,87 milhões. a empresa a fechar contratos com a Petrobras.
Ainda de acordo com o MPF, nos últimos 10 dos 22 anos Em depoimentos anteriores, ex-executivos da Ode-
de presidência do COB, Nuzman ampliou seu patrimônio em brecht confirmaram a história e apresentaram uma planilha
457%, não havendo indicação clara de seus rendimentos. Um com o suposto pagamento. No arquivo, consta que o di-
relatório incluído no pedido de prisão diz ainda que, em 2014, nheiro foi entregue a alguém com o codinome “Cobra”. Para
o patrimônio dobrou, com um acréscimo de R$ 4.276.057,33. o Ministério Público Federal (MPF), trata-se de Bendine.
“Chama a atenção o fato de que desse valor, R$ No depoimento desta quarta-feira, Moro perguntou a
3.851.490,00 são decorrentes de ações de companhia sediada Migliaccio se ele conhecia Bendine ou André Gustavo Vieira,
nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal”, diz o o homem que é apontado como o operador da suposta
texto. O advogado Nélio Machado, que representa Nuzman, propina.
questionou a prisão desta terça: “É uma medida dura e não é Moro: O senhor conhece o senhor Aldemir Bendine ou
usual dentro do devido processo legal”. o senhor André Gustavo Vieira?
Além de Nuzman, foi preso na operação “Unfair Play” seu Migliaccio: O senhor Aldemir Bendine eu não conheço
braço-direito Leonardo Gryner, diretor de marketing do COB e o senhor André, eu não sei se é esse o nome, mas eu ima-
e de comunicação e marketing do Comitê Rio-2016. Segundo gino que sim
o MPF, as prisões foram necessárias como “garantia de ordem Moro: O senhor pode esclarecer?
pública”, para permitir bloquear o patrimônio, além de “impe- Migliaccio: Ele foi à minha sala algumas vezes no escri-
dir que ambos continuem atuando, seja criminosamente, seja tório pra saber dos pagamentos
na interferência” das provas. Moro: Desses pagamentos?
1
ATUALIDADES
2
ATUALIDADES
A classe política tem pressa na aprovação de novas regras A flexibilização da cláusula de barreira foi necessá-
eleitorais. Isso porque, para valerem em 2018, as modificações ria para que a proposta pudesse ser aprovada na Câma-
precisam passar pelo Congresso até a próxima sexta-feira (6), ra. Diante do prazo exíguo, os senadores aceitaram o texto
um ano antes das próximas eleições. modificado pelos deputados para garantir que a cláusula
Com a promulgação, a cláusula de desempenho eleitoral valha em 2018.
para acesso de partidos a recursos do Fundo Partidário e ao Fim das coligações
tempo gratuito de rádio e TV valerá a partir das eleições de 2018. A emenda acaba com as coligações partidárias a partir
A emenda tem origem no Senado, onde foi aprovada em de 2020. Para 2018, continuam valendo as regras atuais, em
2016. No entanto, durante análise na Câmara, os deputados que os partidos podem se juntar em alianças para disputar
promoveram mudanças e flexibilizaram o texto, o que levou o a eleição e somar os tempos de rádio e televisão e podem
projeto para uma nova análise dos senadores. ser desfeitas passado o pleito.
Cláusula de desempenho As coligações também são levadas em conta na hora da
O texto estabelece a chamada cláusula de desempenho divisão das cadeiras. Hoje, deputados federais e estaduais
nas urnas para a legenda ter acesso ao Fundo Partidário e ao e vereadores são eleitos no modelo proporcional com lista
tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV. Como tran- aberta.
sição, até 2030, a cláusula de barreira crescerá gradualmente. É feito um cálculo para a distribuição das vagas com
Nas eleições posteriores a 2030, o desempenho mínimo exigi- base nos votos no candidato e no partido ou coligação. São
do seria o mesmo do pleito de 2030. Saiba abaixo os critérios: eleitos os mais votados nas legendas ou nas coligações.
Eleições de 2018 - Os partidos terão de obter, nas elei- Federações partidárias
ções para deputado federal, pelo menos 1,5% dos votos vá- Além de abrandar a cláusula de barreira, os deputados
lidos, distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da excluíram do projeto a possibilidade de partidos com afi-
federação, com ao menos 1% dos votos válidos em cada uma nidade ideológica se unirem em federações. A medida era
delas; ou ter eleito pelo menos 9 deputados, distribuídos em, uma saída para substituir, em parte, as coligações.
no mínimo, um terço das unidades da federação. Na prática, o fim das federações deverá prejudicar par-
Eleições de 2022 - Os partidos terão de obter, nas eleições tidos pequenos que contam com as alianças com outras le-
para a Câmara, pelo menos 2% dos votos válidos, distribuídos gendas para somar o tempo de rádio e TV e para garantir
em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com ao cadeiras na Câmara e nas Assembleias.
menos 1% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter eleito A proposta era que os partidos com programas afins
pelo menos 11 deputados, distribuídos em, no mínimo, um pudessem se juntar em federações. As legendas teriam de
terço das unidades da federação. atuar juntas não apenas durante as eleições, mas como um
Eleições de 2026 - Os partidos terão de obter, nas eleições bloco parlamentar durante toda a legislatura.
para a Câmara, pelo menos 2,5% dos votos válidos, distribuí- A ideia era garantir maior coesão entre os partidos, já
dos em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com que atualmente siglas com pouca afinidade formam coliga-
ao menos 1,5% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter ções e as desfazem após as eleições.
eleito pelo menos 13 deputados, distribuídos em, no mínimo, Desse modo, se juntos atingissem as exigências da
um terço das unidades da federação. cláusula de desempenho, não perderiam o acesso ao Fundo
Eleições de 2030 - Os partidos terão de obter, nas eleições Partidário e ao tempo de rádio e TV.
para a Câmara, pelo menos 3% dos votos válidos, distribuídos Janela partidária
em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com ao Durante análise na Câmara, os deputados também reti-
menos 2% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter eleito raram do texto um trecho que acabava com a janela parti-
pelo menos 15 deputados, distribuídos em pelo menos um dária seis meses antes da eleição.
terço das unidades da federação. Com isso, ficam mantidas as regras atuais em que os
Levantamento feito pelo G1 mostrou que, se as regras detentores de mandato eletivo podem mudar de partido
previstas para 2018 estivessem em vigor nas eleições de 2014, no mês de março do ano eleitoral sem serem punidos com
14 partidos que hoje possuem acesso ao Fundo Partidário e perda do mandato.
ao tempo gratuito de rádio e TV perderiam esses direitos. Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
Entre os partidos que teriam sido afetados caso a regra
estivesse valendo na eleição de 2014, seis têm atualmente re- GEDDEL, SAUD E FUNARO PROMOVEM BARRACO
presentantes na Câmara: PEN, PHS, PRP, PSL, PT do B e Pode- COM AMEAÇAS DE MORTE NA PAPUDA
mos (antigo PTN).
Outros oito, que não elegeram deputados em 2014, também A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, do opera-
seriam atingidos: PCB, PCO, PMN, PPL, PRTB, PSDC, PSTU e PTC. dor Lúcio Funaro e de Ricardo Saud, executivo da JBS, tem
O levantamento não levou em consideração as legendas provocado uma sessão de gritaria no presídio da Papuda,
criadas após 2014 e que têm bancadas na Câmara: Rede e PMB. em Brasília, onde estão recolhidos. Segundo relatos, Funaro
A proposta atual foi flexibilizada com relação à que foi aguarda o fim do banho de sol e antes de voltar para a cela
aprovada pelo Senado em 2016. Se prevalecesse a versão manda aos gritos recado para Saud, preso do outro lado:
original do texto, 19 partidos seriam barrados. Siglas tradi- “Saud, vou te matar”, aterroriza o delator que o entregou.
cionais, como o PPS e o PC do B, seriam afetadas. Outras, de Do seu lado “do muro”, Geddel faz coro: “Saud, também vou
criação mais recente, também seriam prejudicadas. É o caso te matar”. Saud devolve as provocações, mas só para Ged-
de PSOL, PROS e PV. del. “Cala boca, seu gordo!”
3
ATUALIDADES
No seu quadrado. Os três estão separados e não se en- O italiano não teria declarado o dinheiro. Os federais
contram no banho de sol, justamente para evitar que cum- querem saber o que o ativista pretendia fazer com a quantia
pram a promessa. Há, inclusive, revezamento entre os ad- no país vizinho.
vogados para que eles não se esbarrem nem no parlatório. Após ser detido, segundo a PF, ‘agentes da Delegacia
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 de Corumbá averiguaram a situação em que Battisti se en-
contrava na região de fronteira’.
CÂMARA GARANTE FUNDO BILIONÁRIO PARA Em 27 de setembro, os advogados de Battisti entraram
ABASTECER CAMPANHAS EM 2018 com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF)
Em uma sessão tumultuada, a Câmara aprovou na noite para barrar a possibilidade de extradição, deportação ou
desta quarta-feira, 4, o projeto que cria um fundo público expulsão pelo presidente da República. O relator é o minis-
bilionário para financiar as campanhas do ano que vem. As- tro Luiz Fux. Battisti teve sua extradição pedida pela Itália.
sim que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Em 2011, o Supremo arquivou uma Reclamação ajuiza-
proclamou o resultado, deputados protestaram contra a vo- da pelo governo da Itália contra o ato de Lula, e determinou
tação e quase partiram para a agressão física. a soltura do italiano.
O texto segue agora para a sanção presidencial. Para A defesa de Battisti sustenta que, desde então, têm ha-
que os partidos possam ter acesso ao dinheiro para realizar vido ‘várias tentativas ilegais’ de remetê-lo para o exterior
o processo eleitoral em 2018, as novas regras têm de ser por meio de outros mecanismos, como a expulsão e a de-
sancionadas pelo presidente Michel Temer até 7 de outubro. portação.
Apesar de os parlamentares afirmarem que o fundo será
de R$ 1,7 bilhão, o texto não estabelece um teto para o valor, Desde 2016, com as mudanças ocorridas no Poder
e sim um piso, ao dizer que o fundo será “ao menos equiva- Executivo, os advogados afirmam que há notícias de que o
lente” às duas fontes estabelecidas pelo projeto. governo italiano pretende intensificar as pressões sobre o
A proposta estabelece que pelo menos 30% do va- governo brasileiro para obter a extradição.
lor das emendas de bancadas sejam direcionadas para as O alegado risco levou à impetração do HC 136898, que
campanhas eleitorais. A segunda fonte de recursos virá da teve seguimento negado. Naquele habeas corpus, o minis-
transferência dos valores de compensação fiscal cedidos às tro Luiz Fux entendeu que não havia ato concreto de amea-
emissoras de rádio e televisão que transmitem propagandas ça ou restrição ilegal do direito de locomoção que justificas-
eleitorais, que serão extintas. O horário eleitoral durante o se a concessão da ordem.
período de campanha, no entanto, foi mantido. No novo HC, a defesa argumenta que, segundo notícias
O fundo público para abastecer as campanhas é uma veiculadas recentemente, há um procedimento sigiloso em
medida alternativa ao financiamento empresarial de campa- curso visando à revisão do ato presidencial que negou a
nha, proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015. extradição em 2010.
No começo da discussão, o Congresso chegou a cogitar Os advogados também informam que Battisti tem soli-
um fundo que chegaria a R$ 3,6 bilhões. A articulação foi citado certidões e informações ao Ministério Público Fede-
encabeçada pelo líder do governo no Senador, Romero Jucá ral, Ministério da Justiça, Ministério das Relações Exteriores
(PMDB-RR), com apoio de partidos da oposição, como o PT, e Casa Civil a fim de obter cópias de procedimentos sobre
PDT e PCdoB. ele, mas até o momento nenhuma informação foi prestada.
. A sessão que aprovou a proposta foi tumultuada. O Outro argumento é a existência de ação civil pública pela
principal protesto dos deputados foi pelo fato de a vota- qual o Ministério Público pretende a declaração da nulida-
ção do texto-base do projeto ter sido simbólica. Um dos que de do ato que concedeu visto de permanência a Battisti, e,
protagonizaram a confusão foi o deputado Júlio Delgado consequentemente, sua deportação.
(PSB-MG). Ele foi à tribuna e classificou como “vergonha” a O juízo da 20ª Vara Federal do Distrito Federal julgou
votação ter sido nominal. Para ele, os deputados que apoiam procedente a ação e determinou a imediata prisão adminis-
o fundo não quiseram deixar a “digital” na aprovação da me- trativa do italiano, mas a ordem foi suspensa liminarmente
dida. pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Final-
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 mente, alegam que Battisti casou-se com uma brasileira e
tem um filho que depende econômica e afetivamente dele,
PF AUTUA BATTISTI EM FLAGRANTE POR EVASÃO o que impede a sua expulsão.
DE DIVISAS E LAVAGEM DE DINHEIRO Apontando risco iminente e irreversível, a defesa pede
a concessão de liminar para obstar eventual extradição, de-
A Polícia Federal indiciou o ativista italiano Cesare Bat- portação ou expulsão a ser levada a efeito pelo presidente
tisti por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Battisti foi da República. No mérito, pede-se a confirmação da liminar
preso em flagrante nesta quarta-feira, 4, quando estava ten- ou a conversão do HC em reclamação a fim de preservar a
tando atravessar a fronteira para a Bolívia com US$ 6 mil – autoridade de decisão do STF que reconheceu que a nega-
quantia superior a R$ 10 mil em dinheiro. tiva de extradição é insindicável pelo Poder Judiciário (RCL
Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália sob 11423), determinando-se assim o trancamento da ação civil
acusação de quatro assassinatos. No último dia de seu se- pública.
gundo mandato, em 2012, o então presidente Lula assinou Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
decreto no qual negou ao governo italiano o pedido de ex-
tradição do ativista.
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ATUALIDADES
FICHA LIMPA ATINGE CONDENADOS ANTES DE A discussão girou em torno do caso do ex-vereador Diler-
2010, DECIDE STF mando Fereira Soares contra decisão do Tribunal Superior Elei-
POR 6 A 5, MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL FE- toral (TSE) que rejeitou o registro de sua candidatura à reeleição
DERAL NEGARAM RECURSO DO VEREADOR DE NOVA no município de Nova Soure, na Bahia, nas eleições de 2012.
SOURE, NA BAHIA, QUE FOI BARRADO DAS ELEIÇÕES Como o caso tem repercussão geral, a tese a ser firmada nesta
DE 2012 POR UMA CONDENAÇÃO EM 2004, ANTES DA quinta-feira valerá para diversas instâncias em todo o País.
APROVAÇÃO DA LEI Dilermando foi alvo de condenação judicial que transitou
em julgado em 2004. Depois de cumprir o prazo de três anos
Por 6 a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu de inelegibilidade baseado na legislação anterior, conseguiu se
nesta quarta-feira (4) que o prazo de oito anos de inelegi- eleger vereador em 2008. Em 2012, tentou a reeleição, mas teve
bilidade fixado pela Lei da Ficha Limpa pode ser aplicado o registro de candidatura impugnado com base no novo prazo
inclusive para candidatos que tenham sido condenados de oito anos de impedimento fixado pela Lei da Ficha Limpa,
antes da publicação da lei, em 2010. Com o plenário divi- que já estava em vigor.
dido, coube à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
desempatar o placar e definir o resultado.
Os ministros ainda definirão nesta quinta-feira (5) se FUX NEGA LIMINAR E MANTÉM PROCESSO CONTRA
vão modular a decisão da Corte, o que poderia limitar o SIMÃO JATENE POR CORRUPÇÃO
alcance do entendimento firmado no julgamento. O relator GOVERNADOR DO PARÁ, DENUNCIADO PELO MINIS-
do caso, ministro Ricardo Lewandowski, alertou ao final da TÉRIO PÚBLICO FEDERAL, TENTAVA POR MEIO DE HABEAS
sessão para o risco de prefeitos, vereadores e deputados CORPUS SUSPENDER AÇÃO EM QUE É ACUSADO DE RE-
atualmente no exercício do mandato serem cassados. CEBIMENTO DE ‘VANTAGENS INDEVIDAS’ DA CERVEJARIA
“Essa matéria foi exaustivamente analisada pelo Tribu- CERPA SOB ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO
nal Superior Eleitoral, prevalecendo esse entendimento (de
retroatividade) de maneira correta”, disse Cármen Lúcia. O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, negou
A Lei da Ficha Limpa prevê que são inelegíveis os can- liminar no Habeas Corpus (HC) 148138 por meio da qual a de-
didatos condenados por abuso de poder econômico ou fesa do governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), pedia para
político para a eleição na qual concorrem ou tenham sido suspender processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em
diplomados, bem como para as que se realizarem nos oito que foi denunciado pela suposta prática de corrupção passiva,
anos seguintes. A legislação anterior previa um prazo de pelo suposto recebimento de vantagens indevidas da cerveja-
apenas três anos. Em 2011, o STF decidiu que a Lei da Ficha ria Cerpa.
Limpa valeria apenas a partir das eleições de 2012. O relator não verificou um dos requisitos para a concessão
“Jamais vi uma situação idêntica em que se coloca em da medida cautelar – a plausibilidade jurídico do pedido (fumus
segundo plano, de forma clara, ostensiva, a segurança ju- boni iuris).
rídica. A sociedade não pode viver em sobressaltos, muito As informações foram divulgadas no site do Supremo.
menos sobressaltos provocados pelo Supremo. Retroação Para a defesa de Jatene, o suposto crime apontado pelo
da lei, pra mim, é o fim em termos de Estado Democrático Ministério Público Federal ocorreu em setembro de 2002, por-
de Direito”, disse o ministro Marco Aurélio Mello, que votou tanto, aplicando o prazo prescricional do artigo 109, inciso III,
nesta quarta-feira contra a retroatividade da lei. do Código Penal (CP), a extinção da punibilidade teria ocorrido
“A questão é muito séria, porque inaugura mediante em setembro de 2014.
a voz do Supremo o vale tudo, que não se coaduna com O relator do caso no STJ reconheceu monocraticamente a
o Estado Democrático de Direito”, concluiu Marco Aurélio. prescrição da pretensão punitiva.
A aplicação do prazo de oito anos de inelegibilida- Em exame de agravo regimental, no entanto, a Corte en-
de para políticos condenados antes da publicação da Lei tendeu que o suposto crime teve continuação em 2003, quan-
da Ficha Limpa também foi criticada pelo ministro Gilmar do Jatene, ao assumir o governo, teria repactuado a proposta
Mendes. original para que o pagamento das vantagens indevidas fosse
“Quando o legislador concebe mudanças – e são ne- feito em parcelas.
cessárias mudanças – é óbvio que faz pra frente. ‘Ah, mas Com isso, o STJ, levando em conta outros aspectos para
nós queremos atingir fatos passados’. Então rasgue a Cons- a definição da prescrição – como a incidência de causa de
tituição, porque isso não passa no teste inclusive do ato aumento da pena referente a ocupação de função pública -,
jurídico perfeito, da coisa julgada. ‘Ah, mas queremos apli- afastou a prescrição e manteve a tramitação do processo para
car o princípio da moralidade’. Isso é direito nazifascista, posterior análise do recebimento da denúncia.
não tem nada a ver conosco, com o nosso sistema”, disse O ministro Luiz Fux apontou que ‘a matéria de fundo do
Gilmar. habeas exige uma análise mais detida, pois a pretensão da de-
O plenário do STF se dividiu na questão. Além de Cár- fesa impõe a avaliação aprofundada entre os fatos citados na
men, votaram pela retroatividade do prazo de inelegibili- denúncia e o que foi decidido pelo STJ’.
dade os ministros Luiz Fux, Rosa Weber, Edson Fachin, Dias O ministro lembrou ainda que ‘a concessão de medida
Toffoli e Luís Roberto Barroso. Em sentido contrário se po- cautelar pressupõe o atendimento concomitante dos requisitos
sicionaram Gilmar, Marco Aurélio, Lewandowski, Alexandre do fumus boni iuris e do perigo da demora, não tendo sido de-
de Moraes e o decano da Corte, Celso de Mello. mostrado, de plano, o preenchimento do primeiro requisito’.
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
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ATUALIDADES
BNDES ESPERA DESEMBOLSOS DE R$ 110 BILHÕES FUNDO DE PENSÃO DA CAIXA DECIDE VENDER FATIA
A R$ 120 BILHÕES EM 2018 NA ELDORADO
VALOR REPRESENTA UM CRESCIMENTO DE ATÉ J&F FECHOU EM SETEMBRO ACORDO DE VENDA DO
50% EM RELAÇÃO AOS R$ 80 BILHÕES PREVISTOS CONTROLE DA ELDORADO PARA O GRUPO HOLANDÊS
PARA ESTE ANO. PAPER EXCELLENCE POR CERCA DE R$ 15 BILHÕES.
Os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimen- A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Eco-
to Econômico e Social (BNDES) devem oscilar entre R$ 110 nômica Federal, anunciou nesta quarta-feira (4) que decidiu
bilhões e R$ 120 bilhões em 2018, um crescimento de até exercer o direito de vender a participação de 8,53% na Eldo-
50% em relação aos R$ 80 bilhões previstos para este ano, rado Brasil Celulose. Segundo a agência Reuters, o valor da
disse nesta quarta-feira (4) o diretor da área financeira da operação é avaliado em cerca de R$ 650 milhões.
instituição, Carlos Thadeu de Freitas. O fundo de pensão innveste na Eldorado por meio de
“Hoje, o que puxa a economia ainda é o consumo, ape- cotas do fundo de investimento FIP Florestal.
sar de restrições, mas no ano que vem será o investimento “A Fundação agora iniciará as negociações do contrato
que está num patamar pífio”, disse Freitas em entrevista à de compra e venda de cotas com a Paper Excellence, empresa
Reuters. com sede na Holanda que fez uma oferta para adquirir a fa-
Neste ano até agosto, os desembolsos do BNDES so- bricante de celulose”, informou a Funcef.
mam cerca de R$ 45 bilhões, com isso, a expectativa do No dia 2 de setembro, o grupo J&F, holding que controla
banco é de uma aceleração nos últimos meses do ano. a JBS, anunciou que fechou acordo de venda do controle da
O superintendente da área financeira do BNDES, Selmo Eldorado para o grupo holandês Paper Excellence por cerca
Aronovich, afirmou que espera que no último trimestre de de R$ 15 bilhões.
2017 os desembolsos operem em no mínimo R$ 10 bilhões A Funcef, assim como a Petros, fundo de pensão dos em-
ao mês. “A média do último trimestre será de pelo menos pregados da Petrobras, tinham o direito de exercer sua opção
10 bilhões de reais...Concessões, retomada da economia e de venda na companhia em até 30 dias.
juros baixos justificam esse otimismo”, disse o superinten- Atualmente, a J&F detém 80,98% do capital da Eldorado.
dente à Reuters. A fatia restante pertence a Petros (8,53%), Funcef (8,53%) e FIP
Segundo Freitas, as consultas de interessados em em- Olimpia (1,96%).
préstimos do BNDES “estão melhorando razoavelmente Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
bem, por isso a expectativa de desembolso para o ano que
vem é de entre 110 bilhões e 120 bilhões de reais”, afirmou DÉFICIT ACUMULADO DE FUNDOS DE PREVIDÊNCIA
ele citando as Finame e para capital de giro. A expectativa é COMPLEMENTAR SOBE PARA R$ 77,6 BI, DIZ ABRAPP
baseada em um crescimento do PIB de 3% a 4% em 2018. PARA O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
O diretor da área financeira comentou que o banco DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLE-
deve captar entre 2 bilhões e 3 bilhões de dólares nos mer- MENTAR, SITUAÇÃO DO POSTALIS É EXCEÇÃO E SISTEMA
cados externos em 2018, como forma de fazer frente a obri- ESTÁ BEM CAPITALIZADO.
gações de desembolsos e atender em parte à chamada do
governo federal para devolver recursos ao Tesouro. O déficit acumulado dos fundos fechados de previdência
“Hoje é possível captar 2 bilhões a 3 bilhões (de dólares) complementar subiu para R$ 77,6 bilhões em junho, ante R$
no exterior...Obviamente, o banco vai se voltar a captações 71,7 bilhões no fim de 2016, informou nesta quarta-feira (4) a
externas, que é mais barato, porém não tão barato quando Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
o dinheiro que veio do Tesouro Nacional”, disse Freitas. Complementar (Abrapp).
Ele estimou que em nome da prudência bancária o O déficit é a diferença entre o patrimônio de um plano e
BNDES precisa ter em caixa, livre e disponível em 2018, 8 seus compromissos com pagamentos atuais e futuros. Segun-
por cento do total das operações ativas, o equivalente a um do o balanço da Abrapp, dos 681 fundos de pensão no país,
“caixa prudencial entre 60 e 70 bilhões” de reais. O banco 220 apresentam déficit, ao passo que 461 registram superávit.
tinha em caixa até final de agosto cerca de R$ 170 bilhões, O rombo cresce há 7 anos e atinge, sobretudo, fundos de
sendo que boa parte dos recursos já estava comprometida pensão de estatais. Do déficit total, 88% do valor está concen-
em financiamentos. trado em apenas 10 planos, segundo a associação.
Mais cedo, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de O total de participantes ativos nos fundos supera 2,5 mi-
Castro, afirmou durante evento em São Paulo que a devolu- lhões e os assistidos chegam a mais de 735 mil, segundo a
ção em 2018 de 130 bilhões de reais cobrada do banco pelo associação.
governo “é materialmente improvável”. A Abrapp informou também que os ativos totais do siste-
Questionado a respeito das demandas do governo, ma somavam R$ 808 bilhões em junho. A rentabilidade média
Freitas lembrou que como o Brasil mergulhou em crise em do setor no primeiro semestre foi de 4,24%, pouco abaixo da
2015 e 2016, a demanda por recursos do banco foi fraca e meta atuarial de 4,44%.
por isso os valores que o BNDES tem a receber nos próxi- A Superintendência Nacional de Previdência Comple-
mos meses também será fraca. “Vai haver uma defasagem mentar (Previc), vinculada ao Ministério da Fazenda, decretou
de uma volta fraca e demanda forte. Temos que atentar a nesta quarta-feira intervenção no fundo de pensão dos fun-
isso e o banco tem que ter caixa mínimo”, disse o diretor. cionários dos Correios, o Postalis, por um prazo de 180 dias.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
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ATUALIDADES
A Abrapp considera que a intervenção no Postalis é uma LUCRO DA MONSANTO CRESCE 70% NO ANO FIS-
exceção dentro do sistema. CAL DE 2017, PARA US$ 2,26 BILHÕES
“O sistema está conseguindo pagar seus benefícios nor- COMPANHIA ATRIBUIU MAIORES VENDAS A À
malmente”, disse o presidente da Abrapp, Luis Ricardo Mar- ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS PARA A SOJA NA
tins, a jornalistas na abertura do congresso anual da Abrapp. AMÉRICA E AOS PREÇOS GLOBAIS DO MILHO.
“Temos um sistema sólido, que paga sem atrasos os direitos
dos participantes”. A norte-americana Monsanto reportou lucro líquido de
Para o presidente da Abrapp, o mais importante nesse US$ 2,26 bilhões no ano fiscal de 2017, encerrado em 31 de
momento é garantir aos participantes do Postalis todos os be- agosto, resultado cerca de 70% maior em comparação com
nefícios a que eles têm direito. US$ 1,33 bilhão registrados em 2016.
Outro fundo de pensão com alto déficit é o dos funcio- No resultado trimestral, a companhia reverteu o prejuí-
nários da Petrobras, o Petros. Em setembro, foi anunciado que zo líquido de US$ 191 milhões do quarto trimestre fiscal do
os funcionários da Petrobras terão de pagar parcelas extras ano passado, em lucro de US$ 20 milhões no mesmo pe-
de R$ 236 a R$ 3,6 mil mensais como parte do plano para ríodo de 2017. Os dados foram divulgados na manhã desta
equacionar um rombo de mais de R$ 27 bilhões. quarta-feira (4) em balanço financeiro da empresa.
O acordo prevê que a Petrobras deverá gastar R$ 12,8 O lucro por ação ficou em US$ 5,09 no ano fiscal de
bilhões ao longo de 18 anos para equacionar o déficit do Pe- 2017, superior aos US$ 2,99 obtidos um ano antes.
tros. Apenas no primeiro ano, o desembolso previsto para a De acordo com a Monsanto, este desempenho “deverá
empresa será de R$ 1,4 bilhão. Já a BR Distribuidora entrará crescer no primeiro trimestre do ano fiscal de 2018”. Para o
com R$ 900 milhões. quarto trimestre, a empresa registrou lucro por ação de US$
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 0,05, em comparação com uma perda por ação de US$ 0,44
em 2016.
UBER LIMITA PODER DO EX-PRESIDENTE E ABRE ES- A receita do quarto trimestre subiu 4,8%, para US$ 2,69
PAÇO PARA INVESTIMENTO DE GRUPO JAPONÊS bilhões, ante US$ 2,56 bilhões em igual intervalo de um an-
AS ALTERAÇÕES NA POLÍTICA DE GESTÃO APROVADAS
tes, enquanto o consenso dos analistas consultados pela
PELA DIRETORIA, QUE DEPENDEM DO INVESTIMENTO DO
FactSet apontava para uma queda a US$ 2,50 bilhões.
SOFTBANK, INCLUEM A ELIMINAÇÃO DO ‘SUPER-VOTO’ DE
A companhia atribuiu os resultados de vendas à adoção
ALGUMAS AÇÕES, COMO AS CONTROLADAS POR KALANICK.
de novas tecnologias para a soja na América e os preços
globais do milho.
O conselho de administração do Uber aprovou em reu-
nião nesta terça-feira (3) um plano que reduz a influência do O Ebit (lucro antes de juros e impostos) ficou em US$
ex-presidente executivo da empresa Travis Kalanick e abre a 3,26 bilhões no acumulado de 2017, em comparação com
porta para um investimento colossal do grupo de telecomu- US$ 2,41 bilhões registrados no ano fiscal anterior. Na aná-
nicações japonês SoftBank. lise trimestral, houve retração de US$ 62 milhões, porém,
A proposta adotada pela diretoria do Uber também pro- inferior à redução de US$ 103 milhões do quarto trimestre
mete acabar com os confrontos entre partidários de Kalanick de 2016.
e investidores que suspeitam que o fundador da empresa Considerando a pendente fusão com a Bayer, que deve-
pretende voltar à direção. rá ser concluída apenas no início de 2018, a Monsanto dis-
“Hoje, após dar as boas-vindas aos novos diretores Ursu- se que não forneceria guidance para 2018. No entanto, um
la Burns e John Thain, a diretoria aprovou, por unanimidade, dos segmentos que continuará sendo chave é a tecnologia
avançar com o investimento do SoftBank e modificar a po- Intacta RR2 PROTM para a soja da América do Sul.
lítica de administração empresarial para fortalecer sua inde- O acordo com a Bayer envolve o volume financeiro de
pendência e garantir a igualdade entre todos os acionistas”, US$ 57 bilhões e deverá criar o maior fornecedor mundial
informou o Uber em e-mail. de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas.
“O interesse do SoftBank é um incrível voto de confiança Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
no negócio do Uber e em seu potencial a longo prazo, e es-
peramos concluir este investimento nas próximas semanas”. PREÇO DA CESTA BÁSICA DE MANAUS REDUZ
A previsão é de que o Softbank injete entre US$ 1 bilhão e US$ 0,70% E FICA EM R$ 355,47 EM SETEMBRO
1,25 bilhão na empresa com sede em San Francisco, cujo valor atual COM QUEDA DO VALOR DA CESTA, MANAUS PAS-
é de US$ 69 bilhões, segundo uma fonte ligada ao assunto. SOU A OCUPAR A 14° COLOCAÇÃO NO RANKING DAS
Como medida de investimento secundário, o grupo japo- CESTAS BÁSICAS MAIS CARAS DO PAÍS.
nês lançaria uma oferta pública para comprar entre 14% e 17%
das ações em circulação de grandes investidores, segundo a fonte. O custo da cesta básica de Manaus diminuiu em relação
As alterações na política de gestão aprovadas pela dire- ao mês anterior ficando em R$ 355,47, de acordo com pes-
toria, que dependem do investimento do SoftBank, incluem a quisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatís-
eliminação do “super-voto” de algumas ações, como as con- tica e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com a queda do
troladas por Kalanick, visando limitar a influência dos funda- valor da cesta, Manaus passou a ocupar a 14° colocação no
dores do Uber. ranking das cestas básicas, dentre as 21 capitais onde, atual-
Também há a exigência de mais de dois terços dos votos mente é realizada. Açúcar (-9,60%) foi o produto que apre-
da diretoria para a aprovação de um novo diretor-executivo. sentou maior queda no mês seguido da farinha (-6,74%).
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
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Será que isso pode mudar? Será que isso pode mudar?
Donald Trump tem defendido o fim dessa obstrução, que De acordo com uma pesquisa realizada durante a campa-
vê como obstáculo para a promulgação de sua agenda legis- nha presidencial de 2016, armas foram uma questão importan-
lativa. A maioria dos senadores está, no entanto, publicamente te tanto para democratas quanto para republicanos. Isso pode
contra a mudança das regras. ter sido um reflexo do tiroteio em massa recorde daquele ano
4. Os tribunais em uma discoteca de Orlando - mas também uma primeira
Com o Congresso mais interessado em reverter as regula- indicação de uma nova tendência.
mentações existentes sobre armas de fogo do que em implan- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
tar novas regras, os Estados com tendência mais à esquerda
nos Estados Unidos assumiram um papel maior na implemen- HOMEM QUE VENDEU ARMAS PARA ATIRADOR
tação de medidas de controle de armas. DOS EUA SOFRE AMEAÇAS E DIZ QUE NÃO QUERIA
Após o tiroteio na escola em Newtown, 21 Estados apro- ‘MACHUCAR NINGUÉM’
varam novas leis de armas, incluindo a imposição de proibições STEPHEN PADDOCK, AUTOR DO MAIOR MASSACRE
de armas de combate em Connecticut, Maryland e Nova York. DA HISTÓRIA AMERICANA, FEZ APENAS UMA VISITA
No entanto, algumas dessas leis enfrentaram outra barrei- À LOJA NO INÍCIO DO ANO E COMPROU ‘VÁRIAS AR-
ra - o sistema judicial dos EUA. Nos últimos anos, a Suprema MAS’; PROPRIETÁRIO REITERA QUE TODAS AS VENDAS
Corte do país decidiu duas vezes que o direito de possuir armas FORAM LEGAIS.
pessoais, como pistolas ou revólveres, está na Constituição.
A Segunda Emenda diz que “sendo necessária à segurança A loja de armas dirigida por David Famiglietti, que tem
de um estado livre a existência de uma milícia bem organizada, 30 e poucos anos e gosta de caçar animais de grande porte,
o direito das pessoas a manter e portar armas não deve ser fica em uma pequena ilha comercial entre as montanhas e a
violado”. areia cinzenta do deserto de Nevada, a meia hora de carro
Os ativistas por controle de armas argumentam que o do centro de Las Vegas.
enfoque da cláusula estaria no princípio de criar uma milícia Desde o último domingo, quando um de seus clientes
“bem regulamentada”. Em 2008, no entanto, a corte - altamen- abriu fogo contra uma multidão de 20 mil pessoas e deixou
te dividida - considerou que a Segunda Emenda estabelece um 59 mortos e mais de 500 feridos, o movimento da loja, até
amplo direito à titularidade de armas de fogo que proíbe exi- então formado por donos de pequenos sítios, militares da
gências rigorosas de registro de armas pessoais. reserva e famílias inteiras de entusiastas de armas pesadas,
Desde então, instâncias inferiores tem desafiado proibi- ganhou companhia indigesta: jornalistas, fotógrafos e cine-
ções de armas de combate impostas por Estados, requisitos de grafistas de todo o mundo em busca de informações.
registro e proibições de porte de arma em público. Até agora, Na última terça-feira, a BBC Brasil estava entre os novos
no entanto, a Suprema Corte declinou de ouvir novos casos
visitantes da New Frontier Armory.
ligados ao assunto.
Quando a reportagem se aproximou do balcão, um jo-
Será que isso pode mudar?
vem atendente de barba interrompeu uma explicação sobre
O juiz Neil Gorsuch, nomeado por Trump, deixou claro que
as pistolas da vitrine e se adiantou, apontando para uma
vê os direitos da Segunda Emenda de forma ampla. O presi-
equipe de chineses que carregavam câmaras com lentes
dente está preenchendo tribunais inferiores com juízes pró-di-
reitos a armas. Pelo menos nessa questão, o Judiciário parece enormes. “Você é um deles?”
estar se movendo para a direita. Antes da resposta, o homem estendeu um papel gas-
5. A diferença de entusiasmo to com o email de Famiglietti, também vice-presidente da
Talvez o segundo maior obstáculo para novas leis de con- Coalizão de Armas de Fogo de Nevada, ligada a Associação
trole de armas em âmbito nacional seja que os oponentes ten- Nacional do Rifle - principal grupo lobista pró-armamen-
dem a manter e defender fortemente suas crenças, enquanto to dos Estados Unidos e doador de US$ 30 milhões para a
o apoio à nova regulamentação tende a retroceder e fluir em campanha de Donald Trump à Presidência.
torno de cada novo caso de violência. Do lado de fora, um homem magro na casa dos 60
A estratégia da NRA e dos políticos pró-armas é aguardar anos, notando a frustração deste repórter, pede um isqueiro
a tempestade passar - e reter esforços legislativos até que a e diz que “o dono (da loja) está aí, sim, vem todos os dias.
atenção se mova para outra direção e protestos desapareçam. Mas não quer falar pessoalmente com jornalistas”.
Os políticos pró-armas oferecem seus pensamentos e ora- ‘Não era a intenção’
ções, observam momentos de silêncio e pedem que bandeiras Famiglietti proibiu pessoalmente todos os funcionários e
sejam hasteadas a meio mastro. Então, durante a calmaria, os funcionárias de responder a qualquer pergunta da imprensa.
esforços legislativos são protelados e, em última instância, reti- Deu ordem para que informassem a todos que apenas
rados do caminho. ele, o presidente da New Frontier Armory, seria a fonte para
Na segunda-feira, a secretária de imprensa da Casa Bran- perguntas sobre o ocorrido.
ca, Sarah Huckabee Sanders, disse a jornalistas que “há tempo A reportagem esperou duas horas até que um alerta
e lugar para um debate político, mas agora é hora de se unir no celular mostrasse uma resposta em formato de nota ofi-
como país”. cial, na qual Famiglietti confirmava que o atirador Stephen
Trump, em comentários ao sair da Casa Branca para via- Paddock, que se suicidou quando a polícia estava prestes
gem a Porto Rico, disse que “falaremos sobre leis de armas com a arrombar seu quarto, havia comprado “várias armas de
o passar do tempo”. fogo” ali no início do ano.
Ele fez apenas uma visita à New Frontier Armory.
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ATUALIDADES
O texto também ressaltava que todos os requisitos locais, As novas perguntas se referiam a um eventual “estigma”,
estaduais e federais haviam sido preenchidos pelo atirador, e destacado por veículos de imprensa americanos, que defen-
apontava que, desde o evento, a loja vinha colaborando “de sores do armamento estariam enfrentando após o maior as-
todas as maneiras possíveis” com as investigações do FBI. sassinato em massa da história do país. Após o episódio, polí-
As respostas técnicas satisfizeram boa parte da imprensa ticos do partido Democrata vêm pressionando o governo por
americana, que vem repetindo as aspas de Famiglietti à exaustão. leis federais mais exigentes no controle de vendas de armas e
Mas os jornais acabaram deixando de lado trechos mais acessórios - algo que o presidente Trump voltou a se recusar
pessoais do texto. a comentar em visita rápida a Las Vegas na terça-feira. A BBC
“Não vendemos estas armas com a intenção de que ele Brasil também perguntou qual era o perfil dos clientes da loja
pudesse machucar alguém de qualquer maneira, caso se pro- e se há planos de mudanças ou reforços nas verificações feitas
ve que ele usou essas armas específicas neste crime terrível”, sobre quem pretende comprar armamento.
diz o proprietário. As respostas, até a publicação desta reportagem, não ha-
Ele prossegue: “Seria como se culpassem o hotel Manda- viam chegado. Na única nota enviada, o dono da loja tam-
lay Bay por alugar um quarto (para ele), ou as autoridades por bém afirmou que as armas vendidas ao atirador “não saíram
nos darem permissão para fornecer a arma - isso obviamente do estabelecimento com a capacidade de fazer o que vimos e
não foi feito com intenções maldosas.” ouvimos, sem modificações”.
Famiglietti também diz, na nota enviada à reportagem, “Não eram armas completamente automáticas e não ha-
que ele e seus funcionários vêm sendo alvos de ameaças e viam (sido) modificadas de nenhuma forma (legal ou ilegal)
difamação desde o massacre. quando compradas de nós.”
“Desde que saiu a notícia de que nós somos uma das vá- Desde que o Congresso americano aprovou a Lei de Pro-
rias lojas onde Paddock comprou armas de fogo nesta área, eu teção dos Proprietários de Armas de Fogo, em 1986, o acesso
e meus empregados estamos recebendo mensagens de ódio de civis a armas novas e totalmente automáticas se tornou ex-
com ameaças, telefonemas e SMSs ameaçadores”, diz. tremamente restrito.
“Mesmo sabendo que isso não é o importante neste mo- Milhares de armas consideradas “de direito adquirido” -
mento, pedimos que as pessoas deixem sua raiva onde ela fabricadas e registradas antes de 1986 - ainda podem ser com-
está em vez de ameaçar e machucar outras pessoas.” pradas, mas por preços bastante altos e com necessidade de
A loja vem recebendo ataques em comentários e avalia- aprovação pelo Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e
ções no Google e em portais especializados. “Ótimo lugar para Explosivos do governo americano, em Washington.
se abastecer para um assassinato em massa”, diz um recente. A polícia americana diz que o atirador usou um acessório
Por dentro da loja legal em 12 de seus rifles semiautomáticos para que eles pu-
A tensão, entretanto, não parece ter abatido as vendas. dessem disparar centenas de rodadas por minuto.
Nas duas horas em que a reportagem esteve presente, duas Os dispositivos foram encontrados no quarto de Paddock
pistolas foram vendidas, além de vários acessórios e materiais no hotel Mandalay Bay - junto a um total de 23 armas de fogo.
de proteção. Atrás do balcão, pai e filho perguntavam sobre Os “bump-stocks”, ou adaptadores deslizantes de fogo”,
um fuzil belga, vendido por US$ 2.549 (R$ 7,9 mil). permitem que os rifles semiautomáticos disparem a uma ve-
“Que caro, pai!”, disse o menino. Ambos se interessaram locidade semelhante à de uma metralhadora - e podem ser
mais por uma Colt semiautomática (US$ 1059, equivalente a comprados sem as checagens exigidas para a compra de armas
R$ 3,3 mil). automáticas. De acordo com o site de vendas online da loja, o
Pelo menos 200 armas ficam em exposição no estabele- produto não é comercializado pela New Frontier Armory.
cimento, que abre de domingo a domingo. As prateleiras não Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
têm só armas, silenciadores e munição. Também são vendidas
camisetas como a que diz “Apocalipse Zumbi - ajudando os TRUMP VISITA SOBREVIVENTES DE MASSACRE DE
vivos a continuarem vivos e os mortos a continuarem mortos”. LAS VEGAS
Uma série de DVDs da marca “Táticas Vikings, feita de ATIRADOR MATOU 58 PESSOAS E DEIXOU MAIS DE
guerreiros para guerreiros” ocupa uma prateleira inteira e en- 500 FERIDAS DURANTE FESTIVAL DE MÚSICA COUNTRY
sina desde fundamentos básicos para tiros de carabina e rifle, NO DOMINGO (2).’EUA SÃO VERDADEIRAMENTE UM
até dicas para acompanhar animais de caça sem ser percebido. PAÍS EM LUTO’, DISSE PRESIDENTE, QUE ELOGIOU MÉDI-
No caixa, um recipiente plástico com uma espécie de crâ- COS E POLICIAIS E TEVE ENCONTRO PRIVADO DE 90 MI-
nio guardava chocolates. A reportagem quis provar um e não NUTOS COM VÍTIMAS.
conteve o susto ao tirar o bombom: “Bang! Você está morto”,
“disse” a caveira. Nas paredes, alvos de tiro em formato huma- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteve
no se enfileiram por 99 centavos de dólar. Um deles, chamado nesta quarta-feira (4) em Las Vegas para se encontrar com so-
“homem mau”, retrata um homem com cara de poucos ami- breviventes do maior ataque a tiros da história dos Estados
gos apontando uma pistola. Unidos. Um atirador matou 58 pessoas e deixou mais de 500
‘Armas alteradas’ feridas durante um festival de música country no domingo (2).
Após receber a nota oficial, a reportagem retornou o email Acompanhado da primeira-dama, Melania, o presidente
de Famiglietti de dentro da loja, perguntando se poderia tirar visitou um hospital para conversar com vítimas e médicos que
mais algumas dúvidas. trabalharam no atendimento às vítimas. O casal passou 90 mi-
“Responderei com prazer”, respondeu o proprietário em nutos em um encontro privado com as vítimas e suas famílias,
poucos minutos. sem cobertura da imprensa.
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ATUALIDADES
Ainda no hospital presidente cumprimentou médicos e res- Na abertura do julgamento, na segunda-feira, as duas se
ponsáveis pelo primeiro atendimento no dia do ataque e agra- declararam inocentes. Ao longo da investigação, elas nega-
deceu ao trabalho deles. Trump disse que conheceu “algumas ram que desejavam cometer um assassinato e afirmaram que
das pessoas mais incríveis” e convidou alguns dos profissionais foram enganadas, que acreditavam estar participando de um
a visitá-lo em Washington. “É de deixar qualquer um muito or- programa de televisão do tipo “pegadinha”.
gulhoso por ser americano quando vemos o trabalho que eles Os advogados de defesa afirmam que os culpados são
fizeram”, comentou. norte-coreanos que fugiram da Malásia.
Trump se reuniu ainda com policiais, membros de equipes A Coreia do Sul acusa o Norte de ter organizado o as-
de emergência e cidadãos civis que ajudaram a socorrer vítimas sassinato, o que Pyongyang nega. Kim Jong-Nam criticava o
no domingo, a quem também elogiou. “Vocês mostraram ao regime norte-coreano e vivia no exílio.
mundo e o mundo está assistindo, e vocês mostraram o que é Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
profissionalismo”. Na sede da Polícia Metropolitana de Las Vegas,
ele fez uma declaração à imprensa, na qual disse que “os EUA APÓS PRISÃO NO BRASIL, ITÁLIA NEGOCIA EXTRA-
são verdadeiramente um país em luto”. DIÇÃO DE BATTISTI
“Não podemos ser definidor pelo mal que nos ameaça ou CESARE BATTISTI FOI PRESO NESTA QUARTA EM CO-
pela violência que incita esse terror. Somos definidos por nosso RUMBÁ. ELE FOI CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA NA
amor, nosso cuidado e nossa coragem”, afirmou. ITÁLIA.
O chefe de Estado americano classificou o massacre como
“ato de pura maldade” no primeiro pronunciamento que fez O governo italiano confirmou, sua vontade de obter do
após um atirador atingir a multidão. Nesse primeiro discurso, Brasil a extradição do ex-militante de extrema-esquerda Ce-
Trump não fez nenhuma referência a um aumento no controle sare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália e detido
na venda de armas. Desde a campanha eleitoral de 2016, ele está ontem na fronteira brasileira com a Bolívia. Battisti foi preso
alinhado com a postura da Associação Nacional de Rifles (NRA). nesta quarta em Corumbá, cidade fronteiriça com a Bolívia,
Nesta quarta, questionado por jornalistas, Trump voltou a evitar levando mais de R$ 10 mil em dinheiro sem declarar à Polícia
a discussão sobre controle de armas e disse mais uma vez que Federal. É suspeito de cometer crime de evasão de divisas.
“Hoje trabalhamos com o embaixador (italiano no Brasil,
este não é o momento apropriado para discutir a questão.
Antonio) Bernardini para trazer Battisti para a Itália e entregá-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
-lo à Justiça. Continuamos trabalhando com as autoridades
brasileiras”, declarou o ministro italiano das Relações Exterio-
GÁS SARIN É ENCONTRADO NAS ROUPAS DAS ACU-
res, Angelino Alfano.
SADAS PELA MORTE DO IRMÃO DE KIM JONG-UN
Ex-integrante do grupo Proletários Armados pelo Comu-
KIM JONG-NAM MORREU 20 MINUTOS DEPOIS DE nismo, Battisti, hoje com 62 anos, foi condenado à prisão perpé-
SER ATINGIDO NO ROSTO PELO AGENTE NEUROTÓXICO tua na Itália por quatro homicídios ocorridos na década de 1970
VX, UM TIPO ALTAMENTE LETAL DO GÁS SARIN. e fugiu para o Brasil em 2004, onde viveu na clandestinidade.
Foi detido no Rio de Janeiro em 2007. Dois anos depois, a pedi-
Vestígios de um tipo altamente letal do gás sarin, o agen- do do país europeu, o Suprema Tribunal Federal autorizou sua
te neurotóxico VX, foram encontrados nas roupas das duas extradição, que foi negada em 2010 pelo então presidente Luiz
acusadas pelo assassinato na Malásia do meio-irmão do líder Inácio Lula da Silva. Desde 2007, Battisti ficou detido por quatro
norte-coreano, afirmou um químico durante o julgamento. anos antes de ser posto em liberdade em junho de 2011.
Esta é a 1ª prova que vincula diretamente as duas mulheres O último pedido de extradição por parte da Itália foi em
ao agente neurotóxico VX, considerado uma arma de destrui- 25 de setembro e, segundo a imprensa italiana, o presiden-
ção em massa. te Michel Temer teria-se mostrado favorável, o que pode ter
No dia 13 de fevereiro, Kim Jong-Nam, meio-irmão do motivado a “tentativa de fuga” de Battisti para a Bolívia.
líder norte-coreano Kim Jong-Un, morreu 20 minutos depois Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
de ser atingido no rosto por este produto quando estava no
aeroporto internacional de Kuala Lumpur. PRESIDENTE DA CATALUNHA PEDE MEDIAÇÃO PARA
A indonésia Siti Aisyah e a vietnamita Thi Huong, acusa- RESOLVER CRISE COM GOVERNO ESPANHOL
das pelo crime, estão sendo julgadas desde segunda-feira na CARLES PUIGDEMONT CONTINUA DEFENDENDO
Alta Corte de Shah Alam, subúrbio de Kuala Lumpur, onde fica APLICAÇÃO DE REFERENDO INDEPENDENTISTA. GO-
o aeroporto. VERNO CATALÃO DEVE DECLARAR INDEPENDÊNCIA NA
“Encontramos VX na camisa sem mangas de Siti Aisyah”, PRÓXIMA SEGUNDA, DIZ FONTE.
declarou o químico Raja Subramaniam durante seu depoi-
mento nesta quinta-feira como testemunha. O presidente do governo da Catalunha, Carles Puigde-
A camisa usada por Huong tinha VX em estado puro e mont, afirmou nesta quarta-feira (4) que a crise envolvendo
uma substância usada para fabricar veneno. Também havia esta região autônoma e o governo espanhol precisa de uma
vestígios de veneno em suas unhas, completou. As imagens mediação, sem voltar atrás na sua defesa pela aplicação do
das câmeras de segurança do aeroporto mostram o momen- resultado do referendo independentista do último domingo.
to em que as duas mulheres se aproximaram de Kim antes de “Este momento precisa de mediação. Recebemos inú-
jogar o líquido em seu rosto. As duas foram detidas pouco meras propostas nas últimas horas e vamos receber mais.
depois do assassinato e podem ser condenadas à pena de Todas elas sabem que estou pronto para iniciar um proces-
morte. so de mediação”, afirmou. “Vou repetir quantas vezes for
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ATUALIDADES
necessário: diálogo e acordo são parte da cultura política “Chegou o momento de dialogar, de encontrar uma saída
do nosso povo. No entanto, o Estado não deu nenhuma para o beco sem saída, de trabalhar dentro da ordem cons-
resposta positiva a essas ofertas”, acrescentou. titucional da Espanha”, declarou em nome da Comissão seu
Os dirigentes catalães garantem que venceram o referen- vice-presidente, Frans Timmermans, durante um debate con-
do com 90% dos votos – 2,02 milhões de apoios sobre um vocado pela Eurocâmara sobre a situação na Catalunha, após
censo de 5,3 milhões de eleitores – e agora querem declarar a a resposta policial de Madri para impedir a celebração do refe-
independência de maneira unilateral. O governo catalão lide- rendo do último domingo (1º).
rado por Carles Puigdemont parece disposto a declarar uni- As imagens da atuação policial no domingo na Catalunha,
lateralmente a independência, o que poderia acontecer já na com apreensão de urnas e agressões contra pessoas que dese-
próxima segunda-feira (9), durante uma sessão do Parlamento javam votar no referendo de independência considerado ilegal,
regional, de acordo com uma fonte do governo. obrigaram a UE a fazer um pronunciamento além de sua habitual
“No último domingo conseguimos fazer um referendo resposta de considerar a situação um “assunto interno” da Espanha.
diante de um oceano de dificuldades e de uma repressão sem Timmermans, autoridade europeia sobre o Estado de Di-
precedentes. Ontem demos um exemplo no respeito à greve- reito e a Carta de Direitos Fundamentais, afirmou que “a vio-
geral. E nos próximos dias voltaremos a mostrar a melhor cara lência não resolve nada na política”, mas destacou que “todos
do nosso país quando as instituições da Catalunha terão que os governos têm que respeitar a supremacia do Direito e isto
aplicar o resultado do referendo”, disse o presidente catalão. exige, às vezes, um uso proporcional da força”.
Centenas de policiais intervieram em centros de votação, ‘Consenso’
utilizando cassetetes para dispersar os militantes concentrados “Há um consenso geral de que o governo regional da Cata-
na frente desses espaços para protegê-los e conseguir realizar lunha optou por ignorar a lei ao organizar o referendo celebrado
a votação. Mais de 800 pessoas ficaram feridas. O governo es- no domingo passado”, o qual havia sido proibido pela Justiça es-
panhol considera o referendo ilegal, alegando que a Constitui- panhola, completou o vice-presidente da Comissão, para quem
ção declara que o país é indivisível. a União Europeia é uma “comunidade baseada no Direito”.
Durante seu pronunciamento, Puigdemont criticou o rei Timmermans evitou responder, durante o discurso, os pe-
Filipe VI, que em seu discuso “ignorou as pessoas que foram didos das autoridades catalãs por uma “mediação internacio-
vítimas de violência policial”. nal”, reiterando a demanda da UE “a todos os atores pertinen-
“O rei faz dele o discurso e as políticas do governo de Ma- tes a avançar para passar do confronto ao diálogo”.
riano Rajoy, que têm sido catastróficos em relação à Catalunha, “Isto é um assunto interno da Espanha, que deve ser re-
e ignora deliberadamente a milhões de catalães que não pen- solvido com base no âmbito constitucional espanhol”, reiterou
samos como eles”, afirmou o presidente catalão, dizendo que o vice-presidente da Comissão, que reproduz, assim, os prin-
“não podemos compartilhar nem aceitar” a mensagem do rei. cipais argumentos do governo espanhol do primeiro-ministro
Nesta terça, o rei criticou a conduta dos líderes catalães, conservador Mariano Rajoy.
dizendo que eles violaram as leis do Estado espanhol e de- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
monstraram uma “deslealdade inadmissível”. A Espanha vive
uma de suas piores crises políticas dos últimos 40 anos, desde VIOLÊNCIA
que o executivo separatista catalão decidiu organizar este refe-
rendo de autodeterminação apesar de sua proibição. JUSTIÇA NEGA LIBERDADE E MANTÉM PRISÃO DE
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 MOTORISTA QUE MATOU 3 NA MARGINAL TIETÊ
TJ NEGOU NESTA SEMANA HABEAS CORPUS FEITO
UNIÃO EUROPEIA PEDE DIÁLOGO NA CATALUNHA, PELA DEFESA DE TALITA TAMASHIRO, QUE EM 30 DE SE-
MAS DEFENDE MADRI TEMBRO ATROPELOU E MATOU VÍTIMAS QUANDO DIRI-
‘CHEGOU O MOMENTO DE ENCONTRAR UMA SAÍDA GIA EMBRIAGADA, AO CELULAR E COM CNH SUSPENSA.
PARA O BECO SEM SAÍDA’, DIZ AUTORIDADE EUROPEIA.
DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DA CATALUNHA PODE A Justiça de São Paulo negou nesta semana o pedido de
SER FEITA NA PRÓXIMA SEGUNDA, SEGUNDO FONTE. liberdade feito pela defesa da motorista que atropelou e ma-
tou três pessoas na Marginal Tietê. Talita Sayuri Tamashiro, de
A Eurocâmara pediu “diálogo”, nesta quarta-feira (4), dian- 28 anos, foi presa em flagrante no último dia 30 de setembro
te da crise aberta na Espanha com o referendo de indepen- por homicídio doloso - quando há intenção ou se assume o
dência na Catalunha, ao mesmo tempo em que a Comissão risco de matar - e embriaguez ao volante.
Europeia justificou o uso da força em alguns momentos para Na madrugada daquele sábado, Talita saiu embriagada da
garantir “a supremacia do Direito”. balada Villa Mix, na Vila Olímpia, Zona Sul da capital, pegou
Os eurodeputados dos principais grupos também pedi- seu Honda Fit verde, mesmo com a carteira de habilitação sus-
ram às autoridades da Catalunha que evitem uma declaração pensa, e dirigiu o veículo enquanto usava o celular.
unilateral de independência, cuja adoção, segundo o porta- Na sequência, ela bateu o veículo em uma BMW preta,
voz dos social-democratas Gianni Pittella “colocaria mais lenha estacionada no acostamento da via expressa, altura da Ponte
na fogueira”. No entanto, o governo catalão liderado por dos Remédios da marginal, sentido Rodovia Ayrton Senna. Na
Carles Puigdemont parece disposto a declarar unilateral- colisão, atropelou o fisioterapeuta Raul Fernando Nantes An-
mente a independência, o que poderia acontecer já na pró- tonio, de 48, a auxiliar administrativa Aline Jesus Souza, 28, e a
xima segunda-feira (9), durante uma sessão do Parlamento gerente de estacionamento Vanessa Lopes Relva, também de
regional, de acordo com uma fonte do governo. 28. O trio morreu no local.
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ATUALIDADES
O G1 não conseguiu localizar o advogado Eduardo Sia- Ainda segundo a polícia, o relato da criança foi passado
no, que defende Talita, para comentar a decisão liminar do para o Conselho Tutelar, que encaminhou a denúncia para a
desembargador Newton Neves, da 16ª Câmara de Direito Delegacia de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Idoso. No
Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, que na últi- Posto Médico Legal, o exame de corpo de delito confirmou
ma terça-feira (3) negou o habeas corpus em caráter liminar que a menina teve relações sexuais.
feito pela defesa da motorista. A delegada Daniela Diniz Medeiros, que está à frente do
Siano havia pedido para o TJ reverter a tipificação cri- caso, disse que testemunhas já começaram a ser ouvidas e as
minal de homicídio doloso para homicídio culposo, no qual investigações apontam que a criança era abusada pelo pa-
não há intenção de matar, e, desse modo, soltasse sua clien- drasto há cerca de cinco anos. Conforme relato da enteada, o
te para que ela respondesse ao processo em liberdade. homem aproveitava os momentos em que a mãe da criança
Assumiu risco saía para trabalhar para cometer o abuso.
O desembargador não atendeu à solicitação da defesa, O suspeito do crime foi encaminhado para o presídio.
lembrando que, segundo a polícia, Talita “após ter ingerido Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
bebida alcoólica e mesmo assim ter dirigido veículo automo-
tor por uma via tão perigosa, ter assumido o risco de causar JUSTIÇA DECRETA PRISÃO DE PROFESSOR SUSPEITO
um acidente com vítima fatal”. O mérito do pedido ainda será DE ABUSAR DE ALUNAS NO MARANHÃO
julgado futuramente por outros desembargadores do TJ. O PROFESSOR COSTUMAVA ACARICIAR AS ALUNAS,
Foi a terceira derrota da defesa de Talita na Justiça. A ALÉM DE PEDIR QUE ELAS LHE FIZESSEM MASSAGENS,
primeira havia sido na audiência de custódia do último do- SOB PENA DE SEREM SUSPENSAS DA SALA DE AULA
mingo (1º), quando a juíza Carolina Nabarro Munhoz Rossi, CASO RECUSASSEM.
do Fórum da Barra Funda, Zona Oeste, converteu a prisão
em flagrante da motorista em prisão preventiva para que Justiça decretou, na última segunda-feira (2), a prisão tem-
ela fique detida até seu eventual julgamento. porária de um professor de Bom Jardim (MA) após denúncias
Dias depois disso, o juiz Luis Gustavo Esteves Ferreira, de que ele estaria abusando sexualmente de alunas de uma
da 5ª Vara do Júri, também no Fórum da Barra Funda, ne- escola municipal.
gou o pedido do advogado de Talita para anular a prisão A Denúncia, assinada pelo promotor de justiça Fábio San-
preventiva determinada pela juíza da audiência de custódia. tos de Oliveira, enquadra as condutas praticadas por Jânio de
“Os delitos, em tese, imputados à indiciada, além de osten- Abreu como estupro de vulnerável, assédio sexual, ato obsce-
tarem gravidade acentuada, geram inequívoca intranquilidade no. Além disso, o professor transmitiu vídeos e fotos contendo
social, já que, a despeito das inúmeras campanhas públicas cenas de sexo com crianças e adolescentes, e armazenou em
educativas, infelizmente, tem-se tornado fato corriqueiro mor- seu celular pornografia envolvendo criança ou adolescente.
tes no trânsito por conta da nefasta combinação entre álcool, No pedido de prisão preventiva, o promotor afirma que
condução de veículo automotor, excesso de velocidade e im- o denunciado representa perigo para a sociedade, podendo
punidade, motivos que, por si sós, já reclamam diferenciado ri- continuar com as práticas. “Trata-se verdadeiramente de um
gor na imposição das medidas cautelares, de modo a assegurar pedófilo, que certamente continuará a estuprar, praticar ato li-
o primado da lei e a garantia da ordem pública”, havia escrito. bidinoso, assediar, constranger outras crianças e adolescentes,
O teste de bafômetro feito logo depois do acidente ainda que não sejam elas suas alunas em sala de aula”, ressalta.
apontou que a motorista tinha 0,48 miligrama de álcool por O professor costumava acariciar as alunas, além de pedir
litro de ar em seu organismo. Segundo o artigo 306 do Có- que elas lhe fizessem massagens, sob pena de serem suspen-
digo Brasileiro de Trânsito, dirigir sob influência de álcool sas da sala de aula caso recusassem. Além disso, ele fazia ges-
acima de 0,34 miligrama dá de seis meses a 3 anos de pri- tos obscenos e mostrava vídeos pornográficos aos alunos no
são, além da suspensão da habilitação. espaço de aprendizagem.
Talita já estava com a carteira suspensa desde junho Além da prisão preventiva, o juiz Raphael Leite Guedes
deste ano por ter atingido 36 pontos (o limite é 20). Ela está também atendeu ao pedido do Ministério Público para que
presa atualmente na Penitenciária Feminina de Tremembé, o telefone celular de Jânio Silva de Abreu seja periciado em
interior do estado. busca de fotografias, vídeos e conversas que comprovem os
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 crimes praticados pelo professor. O magistrado determinou
que o aparelho seja encaminhado à Polícia Civil, que deverá
SUSPEITO DE ABUSAR SEXUALMENTE DE ENTEADA apresentar um laudo pericial no prazo de 20 dias.
É PRESO EM ITUIUTABA Penas
SEGUNDO A POLÍCIA CIVIL, INVESTIGAÇÕES APU- O crime de estupro de vulnerável tem pena prevista de re-
RAM SE ATOS DE VIOLÊNCIA SERIAM COMETIDOS CON- clusão de oito a 15 anos. Para o assédio sexual, o Código Penal
TRA MENINA DESDE QUE ELA TINHA 6 ANOS DE IDADE. prevê pena de detenção de um a dois anos. Por ato obsceno,
o professor estaria sujeito a detenção de três meses a um ano
Um homem de 44 anos foi preso nesta quarta-feira (4) ou multa.
sob suspeita de abusar sexualmente da enteada de 11 anos O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu ar-
em Ituiutaba. De acordo com a Polícia Civil, um inquérito tigo 241-A, pena de reclusão pelo período de três a seis anos,
sobre o caso foi aberto no dia 29 de setembro, depois que a além de multa. Já no art. 241-B, a pena prevista é de reclusão
criança relatou para um funcionário da escola onde estuda de um a quatro anos, mais multa.
que sofria violência sexual desde os 6 anos de idade. Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
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ATUALIDADES
SEGURANÇA DE CRECHE EM JANAÚBA ATEIA FOGO “Com muita frequência os turistas desconhecem com-
EM CRIANÇAS DEIXANDO MORTOS E FERIDOS pletamente esta crueldade que torna os animais submissos e
ELE TAMBÉM ATEOU FOGO NELE disponíveis”, acrescenta.
Em Manaus, capital do estado do Amazonas, 94% dos 18
Pelo menos três crianças morreram queimadas em uma creche passeios turísticos visitados pela World Animal Protection ofe-
em Janaúba, no Norte de Minas, na manhã desta quinta-feira (5). reciam a oportunidade de “segurar e tocar animais selvagens”
Segundo as primeiras informações da Polícia Militar, o guarda da para tirar fotografias.
creche ateou fogo em algumas crianças e em seu próprio corpo. Em tais pacotes, o boto-cor-de-rosa era o animal mais ofe-
Ainda não há informações sobre o seu estado de saúde. O Samu foi recido pelos agentes para este tipo de contato, seguido da pre-
acionado e está no local. O número de feridos ainda não foi divul- guiça-de-três-dedos, crocodilos, anacondas verdes e macacos.
gado, mas segundo o Samu, várias crianças sofreram queimaduras. Roberto Cabral, coordenador das operações de fiscaliza-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 ção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), disse em
uma entrevista à AFP que manter animais em cativeiro para es-
MORADORES FIXAM PLACA EM RUA PARA AVISAR tes fins é ilegal no Brasil, mas que infelizmente isto “acontece”.
SOBRE ALTO ÍNDICE DE ASSALTOS EM CARUARU Porém, “no contexto geral de tráfico de animais e de caça
RUA ESTÁ LOCALIZADA NO BAIRRO PETRÓPOLIS, EM que existe no Brasil, embora (a exploração turística de animais)
CARUARU. PADRE JÁ FOI ASSALTADO NO LOCAL. seja impactante, é algo mínimo”, apontou.
“A ironia é que o turista que normalmente tira fotos com
Moradores da rua Visconde de Cairú fixaram placas para o animal é aquele turista que adora os animais e, na realida-
avisar sobre o alto índice de assaltos no local. A rua está locali- de, está contribuindo para o seu mal-estar, captura e matança”,
zada no Bairro Petrópolis, em Caruaru, Agreste de Pernambuco, acrescentou Cabral.
e fica próxima a uma faculdade, colégio particular, e uma escola Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
pública do município. Perto da rua ainda há um hotel e um pos-
to de combustíveis. A dona de casa Sônia Cavalcante foi uma COMO ANIMAIS DA COSTA DO JAPÃO FORAM PARAR
das moradoras que teve a iniciativa de colocar as placas no local.
NOS EUA - GRAÇAS A UM TSUNAMI
“A insegurança está grande. Teve um dia que perto das 12h
ONDAS GIGANTES ARRASTARAM CENTENAS DE OB-
levaram o carro de um vizinho. Eu já fui abordada por assaltan-
JETOS PARA O MAR -- DE PEQUENOS PEDAÇOS DE PLÁS-
tes na frente da minha casa. Eles estavam armados e eu saí cor-
TICO A BARCOS DE PESCA --, QUE SERVIRAM DE TRANS-
rendo. Na minha casa tem câmeras de segurança e eu sempre
PORTE PARA CENTENAS DE ESPÉCIES DE CRIATURAS MA-
denuncio esse tipo de crime”, detalhou.
Segundo Sônia, até o padre da paróquia do bairro foi vítima RINHAS.
de assalto. “Nós queremos alertar para essa falta de segurança.
Depois das denúncias, vejo que o carro da polícia tem passado Cientistas identificaram centenas de espécies marinhas ja-
mais vezes na rua”, contou a dona de casa. ponesas na costa dos Estados Unidos. Elas cruzaram o Oceano
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Pacífico após o tsunami causado pelo terremoto de 2011.
Mexilhões, estrelas do mar e centenas de outras famílias
MEIO AMBIENTE de criaturas marinhas foram transportadas pelas águas, muitas
vezes pegando carona em resíduos plásticos.
ONG DIZ QUE ANIMAIS DA AMAZÔNIA SOFREM COM Os pesquisadores ficaram surpresos com o fato de que
SELFIES DE TURISTAS muitos sobreviveram à longa jornada, com novas espécies de-
BOTO-COR-DE-ROSA É PRINCIPAL ANIMAL OFERECIDO sembocando nas praias ainda em 2017.
POR AGÊNCIAS PARA INTERAÇÃO COM OS VISITANTES. Em março de 2011, um forte terremoto abalou o nordes-
te do Japão, desencadeando um enorme tsunami que atingiu
Os animais da Amazônia sofrem com a atividade turística na re- quase 39 metros de altura, varrendo a costa do país. Mais de 15
gião, que em muitos casos submete espécies como o boto-cor-de-ro- mil pessoas morreram.
sa e o bicho-preguiça a longas sessões de fotos, alertam ativistas da As ondas gigantes arrastaram centenas de objetos para o
ONG World Animal Protection. A organização, com sede na Inglater- mar - de pequenos pedaços de plástico a barcos de pesca.
ra, publicou esta semana um relatório em que afirma que desde 2014 Um ano depois, os cientistas começaram a encontrar des-
as fotos de pessoas com animais no Instagram aumentaram 292% no troços do tsunami, com criaturas vivas agarradas a eles, de-
mundo todo. E em 40% delas, os humanos aparecem “abraçando ou sembocando no Havaí e na costa oeste dos EUA, do Alasca à
interagindo de forma inadequada com um animal selvagem”. Califórnia.
Com frequência, os animais são capturados e maltratados “Centenas de milhares de criaturas foram transportadas e
antes de serem exibidos aos turistas, aponta a World Animal chegaram à América do Norte e às ilhas do Havaí - a maioria
Protection, que se infiltrou em excursões na selva amazônica do dessas espécies nunca esteve no nosso radar como seres trans-
Brasil e do Peru para registrar estas interações. portados pelo oceano em detritos marinhos”, afirmou à BBC
“Atrás das câmeras, estes animais costumam ser espan- James Carlton, do Williams College e Mystic Seaport, principal
cados, separados de suas mães quando bebês e guardados autor do estudo.
secretamente em lugares sujos e apertados; ou são cevados “Muitos dos destroços ainda estão por aí e pode ser que
reiteradamente com alimentos que podem ter um impacto algumas dessas espécies japonesas ainda cheguem. Não ficaria
negativo a longo prazo em seu organismo e comportamen- surpreso se um pequeno barco de pesca japonês perdido em
to”, afirma o grupo. 2011 aparecesse 10 anos após o evento”.
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ATUALIDADES
A pesquisa, publicada na revista Science, descobriu 289 “Quando conheci o povo da ilha Vangunu, eles me conta-
espécies diferentes até o momento. Os mexilhões são os mais ram sobre uma ratazana nativa que eles chamavam de vika, que
comuns, mas há também caranguejos, mariscos, anêmonas e vivia nas árvores”, diz Tyrone Lavery, biólogo australiano que fez
estrelas do mar. Os cientistas ainda estavam identificando no- a descoberta.
vas espécies quando o estudo chegou ao fim, em 2017, seis Pesquisador do Field Museum, em Chicago, e pesquisador
anos após o tsunami. associado da Universidade de Queensland, na Austrália, ele pro-
De acordo com os pesquisadores, muitas outras espécies curava pelo bicho desde 2010. Mas nunca havia conseguido en-
provavelmente fizeram a jornada e até agora não foram desco- contrá-lo.
bertas. Atualmente, nenhuma colônia de invasores foi estabele- “Comecei a me questionar se era realmente uma espeécie
cida, mas a equipe acredita que isso pode acontecer. diferente, ou se as pessoas estavam apenas chamando os ratos
“Quando vimos espécies do Japão chegarem ao Oregon, normais de ‘vika’”, conta ele.
ficamos chocados. Nunca pensamos que pudessem viver tan- Em novembro de 2015, no entanto, um guarda ambiental
to tempo, em condições tão difíceis”, disse John Chapman, da viu um rato enorme rolando de uma árvore de 10 metros derru-
Universidade de Oregon, coautor do estudo. bada por lenhadores.
“Não me surpreenderia se houvesse espécies do Japão que A queda matou o animal, mas o guarda enviou o corpo para
estão por aí vivendo ao longo da costa do Oregon. Na verdade, o Museu de Queensland, na Australia, onde Lavery era um pes-
me surpreenderia se não houvesse”. quisador associado.
O elemento chave que tornou isso possível, de acordo com “Assim que examinei o espécime, sabia que havia algo de
os pesquisadores, é a presença na água de plástico, fibra de diferente”, diz ele.
vidro e outros produtos que não se decompõem. “Só existem oito espécies de ratos nativos das Ilhas Salomão,
“A madeira levada pelo tsunami durou pouco tempo em e olhando as características do crânio, consegui excluir boa parte
comparação com a natureza duradoura do plástico”, disse Carlton. das espécies imediatamente.”
“Por muito tempo, se uma planta ou um animal fosse Depois de um teste de DNA, Lavery confirmou que era uma
transportado por uma jangada pelos oceanos, seu barco lite- nova espécie, que ele nomeou de Uromys vika. O rato recém
ralmente se dissolveria por baixo deles. O que fizemos agora é descoberto tem um longo e escamoso rabo, que os pesquisa-
dores acreditam que o ajuda a se agarrar quando passa de uma
fornecer a essas espécies jangadas bastante duradouras, mu-
árvore para outra.
damos a natureza de seus barcos”.
Os ancestrais do bicho provavelmente viajaram até as ilhas
Movendo-se muito mais devagar do que as embarcações,
em pedaços de vegetação flutuante. Uma vez ali, eles evoluiram
as balsas de plástico ou de fibra de vidro deram tempo às espé-
para ter dentes grandes e afiados que usam, de acordo com a
cies para se adaptar gradualmente ao seu novo ambiente, tor-
população local, para mordiscar castanhas e cocoquinhos.
nando mais fácil a reprodução e para suas larvas se prenderem A espécie provavelmente será classificada de imediato como
aos detritos. Os pesquisadores estão preocupados com o fato em perigo crítico de extinção devido à ameaça que sofrem da in-
de que, com tanto plástico nos oceanos, e com a mudança cli- dústria madeireira. Cerca de 90% das árvores das ilhas já foram
mática tornando os ciclones e as tempestades mais intensas, a derrubadas.
ameaça de invasão de espécies marinhas nunca foi tão grande. “A região onde a espécie foi encontrada é um dos únicos
A pesquisa sobre o tsunami apenas mostra o impacto que esse lugares que ainda têm florestas”, diz Lavery.
transporte pode ter. “É necessário documentar essa ratazana urgentemente e
“Não há nada comparável em escala do que já vimos antes encontrar mais apoio para a área de conservação de Zaira, na
na história da ciência do mar”, afirmou Carlton. ilha de Vangunu, onde a espécie vive.”
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 O estudo sobre a nova espécie foi publicado na publicação
científica Journal of Mammalogy.
NOVA ESPÉCIE DE RATAZANA GIGANTE É DESCOBER- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
TA POR CIENTISTA AUSTRALIANO
QUATRO VEZES MAIOR QUE ROEDORES COMUNS, A NOVO ICEBERG SE DESPRENDE DE GELEIRA NA AN-
RATAZANA SOBE EM ÁRVORES E CHEGA A MEIO METRO TÁRTICA, DIZ NASA
DE COMPRIMENTO. PEDAÇO DE GELO ESTÁ LOCALIZADO EM REGIÃO DI-
FERENTE DE LARSEN C, ONDE ICEBERG GIGANTESCO SE
Uma nova espécie da roedor, quatro vezes maior que o SOLTOU COM ANÚNCIO EM JULHO DESTE ANO.
comum, foi descoberta nas Ilhas Salomão, no Oceano Pacífico.
O animal, que chega a atingir quase meio metro de com- Um novo iceberg se desprendeu da região da geleira de
primento, vive entre as árvores e se alimenta de castanhas que Pine Island, oeste da Antártica. A fotografia acima foi divulga-
abre com seus dentes. As Ilhas Salomão, a 1.800 km da Austrá- da pela agência espacial americana (Nasa) nesta quarta-feira
lia, já têm outras oito espécies de ratazanas, mas essa é a pri- (27). A imagem de cor original foi capturada no último dia
meira nova descoberta em 80 anos. Da mesma família de ratos e 21 de setembro pelo satélite Landsat 8 da Nasa. Ela mostra o
camundongos (Muridae), a nova espécie, chamada Uromys vika, início da fenda no centro da plataforma de gelo.
já fazia parte do folclore da ilha. De acordo com a agência, essa ruptura produziu o ice-
Escondidos nas árvores berg B-44, visível em outras imagens capturadas em 23 de
A cadeia de ilhas onde a nova espécie se encontra é biolo- setembro pelo satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Euro-
gicamente isolada. A maioria dos mamíferos que vivem lá não peia (ESA), com descoberta do analista Matthew Welshans,
é encontrada em nenhum outro lugar do planeta. do Centro Nacional do Gelo nos Estados Unidos (USNIC).
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ATUALIDADES
O novo pedaço de gelo flutua na baía de Pine Island, no causas subjacentes das mudanças climáticas, já sabemos que
mar de Amundsen, e tem 185 km² -- cerca de duas vezes a alguns lugares se tornarão inviáveis e outros desaparecerão
área da capital do Espírito Santo, Vitória. Ele é maior do que completamente. Na minha região, três de nossos vizinhos es-
o iceberg descoberto em janeiro deste ano na mesma região, tão em risco, e é por isso que Fiji ofereceu refúgio às pessoas
mas menor do que o descoberto em julho de 2015 (225 km²). de Kiribati e Tuvalu se suas casas vierem a se afundar por com-
Larsen C pleto”, disse ele.
Um iceberg de um trilhão de toneladas, um dos maiores Fiji já perdeu parte de sua terra agricultável por causa da
já registrados, se desprendeu em outra região da Antártica, a salinidade excessiva trazida pelo mar. Bainimarama disse que
Larsen C. O anúncio foi feito em julho deste ano por cientistas escolheu ser presidente da COP para poder levar adiante esse
da Universidade de Swansea, no Reino Unido. recado. Pelas regras das Conferências, já que ele é o presiden-
Os cientistas estudavam o bloco de gelo há muitos anos. te, a reunião deveria acontecer em Fiji, mas o país não tem
Os olhares voltaram à região após notar as rupturas da plata- condições para sediar um encontro tão grande, não ofereceria
forma de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002. Larsen segurança aos líderes. Foi feito, então, um acordo com a Ale-
C é a maior plataforma de gelo da Antártica e o pedaço que se manha, que aceitou receber os conferencistas em Bonn.
desprendeu tem 5.800 km². “Esse é um exemplo para o mundo de como países em
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 extremos opostos da Terra e de meios e tamanho muito dife-
rentes podem trabalhar efetivamente em direção a um objeti-
JOVENS PERCORREM CIDADES EM NAVIO PARA ALER- vo comum. Fiji está profundamente consciente de que os go-
TAR SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS vernos sozinhos não podem enfrentar esse desafio. É por isso
que estamos colocando essa ênfase na noção de uma Grande
Ashwa Faheem é uma repórter fotográfica de 26 anos que Coalizão de governos em todos os níveis, a sociedade civil, o
nasceu nas Ilhas Maldivas, uma das nações-ilha do Pacífico, lu- setor privado e os cidadãos comuns movendo esta agenda
gar paradisíaco, ideal para quem pensa numa viagem turística para a frente. Estou dialogando com governadores, prefeitos,
para descansar e observar a natureza. Para Ashwa, porém, este líderes de todos os tipos em nossas sociedades. Pessoas de
lado quase celestial de sua terra é apenas uma faceta, distante fé. Pessoas na linha de frente da luta climática. Mulheres. E os
de sua rotina. Ela já convive também, desde pequena, com ou- jovens, que representam o nosso futuro”, continuou o premiê.
tro lado menos divino, digamos assim, das ilhas em que nasceu Todo o discurso de Frank Bainimarama é um forte apelo
e que, de uns tempos para cá, vêm sofrendo com o aumento porque ele tem certeza de que é preciso aumentar a resiliên-
dos oceanos, fenômeno causado pelo aquecimento global: cia de seu país contra as tormentas que virão pela frente, cada
“Nem tudo nas Maldivas é bonito. Quando o nível das vez mais fortes. Para isso, quer juntar sociedade civil, empre-
águas sobe, perdemos muita terra. E quando a terra desapa- sários e governos. Para isso, conta também com a performan-
ce dos jovens que estão navegando no Peace Boat. De fato,
rece, perdemos recursos, a agricultura e a pesca. Muita gente
não há como ficar imune a depoimentos como o de Selina
usa a pesca e o turismo para sobreviver. Afeta tudo. É um efeito
Leem, que na COP-21, em Paris, foi a mais jovem delegada.
de dominó”.
No encerramento do encontro, ela emocionou a todos com
Para levar essa mensagem mundo afora, aproveitando o
suas palavras:
momento pré-Conferência do Clima (COP-23), que acontecerá
“Tenho 18 anos e desde que nasci fico muito nervosa
em novembro na cidade alemã de Bonn, Ashwa se juntou a quanto à minha casa. Hoje estou ainda mais. O meu país é
um grupo de seis jovens, todos residentes em Pequenos Esta- muito afetado pela subida do nível das águas. Quando a água
dos Insulares em Desenvolvimento, como Maldivas. Eles estão sobe, arrasta-se por todo o lado. Toda a ilha é inundada.”
a bordo de um navio da ONG internacional Peace Boat e estão Hoje com a equipe do Peace Boat, a jovem deu entrevista
sendo chamados de “Embaixadores” do clima e da paz. Vão à reportagem do jornal “O Público” e listou o que, para ela,
visitar sete capitais e acabaram de deixar Lisboa, de onde me pode ser feito para acabar com seu problema:
chegaram as notícias do grupo via jornal “O Público”. “Educar as pessoas. Falar com os líderes políticos. Tirar
Os jovens embaixadores visitarão Barcelona, Nova York, fotografias. Fazer discursos públicos. Há muitas pequenas coi-
Edimburgo, Londres, Bordeaux e outras capitais, mas não virão sas que todos podemos fazer”, disse ela.
ao Brasil. Em cada um desses locais vão contar sobre seus es- Selina vai precisar mesmo desse discurso quando o navio
forços para se manter num território que vai ser engolido pelo Peace Boat chegar a Nova York, o que está previsto para o
mar até o fim deste século. mês que vem. Lá ela vai se encontrar com representantes das
Nessa mesma linha de pensamento, o premiê de outra ilha Nações Unidas, e o pedido não é qualquer coisa: os países-i-
ameaçada, Fiji, Frank Bainimarama, que também é presidente lha querem uma mudança radical no consumo de combustí-
da COP, saudou os participantes da última Assembleia Geral da veis fósseis do mundo todo para que o aquecimento se man-
ONU. Para ele, não há como escapar do fato de que as mu- tenha a 1.5 grau acima do que era na Revolução Industrial. É
danças climáticas constituem uma ameaça tão grande para a este o único jeito, afirmam os cientistas, de os impactos não
segurança global como qualquer outra fonte de conflito que a aumentarem de intensidade.
humanidade vive hoje. E não há “escolha a ser feita entre pros- Além disso, querem também um financiamento. Vão pre-
peridade e um clima saudável. cisar de dinheiro para enfrentar os problemas causados por
“Milhões de pessoas já estão em movimento por causa da furacões, como o Irma, que recentemente atingiu parte da
seca e as mudanças na agricultura ameaçando sua segurança costa dos Estados Unidos, México e ilhas do Caribe. Não vai
alimentar. Ao longo da história, sabemos que os seres humanos ser fácil convencer.
irão lutar pelo acesso à água. E, a menos que abordemos as Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
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ATUALIDADES
JAPÃO MATA 177 BALEIAS NA COSTA DO PACÍFICO Por exemplo: você já se perguntou por que o ciclo de uso
PARA ‘FINS CIENTÍFICOS’ pílula envolve tomá-la por três semanas e interromper o uso
ORGANIZAÇÕES DE DEFESA DOS ANIMAIS DENUN- (ou adotar um placebo) na quarta semana? Alguns podem
CIAM A ALEGAÇÃO JAPONESA. imaginar que seus criadores, John Rock e Gregory Pincus, te-
nham feito isso por razões médicas, mas o motivo não foi cien-
Os japoneses mataram 177 baleias na costa nordeste do tífico, mas cultural. Rock era um católico devoto, e para ele era
arquipélago no Pacífico, em uma missão que teria “fins cien- importante obter a aprovação do Vaticano. Por isso, ele queria
tíficos”, segundo anunciou nesta terça-feira (26) a agência de que o sistema anticoncepcional fosse o mais parecido possível
pesca japonesa. Três navios especializados em caça às baleias com outro já aprovado pela Igreja Católica, o método rítmico,
iniciaram a missão em junho e capturaram 43 baleias Minke e conhecido popularmente como tabelinha, que consiste em não
143 baleias-sei, de acordo com a agência. Segundo os japone- fazer sexo no período de ovulação, quando a mulher está fértil.
ses, a caça às baleias seria “necessária” para calcular a quanti- Por isso, Rock pensou que, se a pílula emulasse o ciclo natural,
dade de potenciais capturas a longo prazo, justificou a agência, poderia ser vista com bons olhos pelo papa. Mas seu plano fracas-
que tem como objetivo “retomar algum dia a pesca comercial”, sou. A pílula foi aprovada em 1960 e tornou-se muito popular, mas
segundo explicou o funcionário da agência Kohei Ito. a Igreja levou quase uma década para se manifestar publicamente
O Japão é signatário da moratória da caça às baleias da e, quando o fez, condenou o método por considerá-lo “artificial”.
Comissão Baleeira Internacional (CBI), mas afirma que recor- Esquecimento
re à medida com fins de pesquisa, no Pacífico e na Antártica. A essa altura, a principal preocupação já não era a Igreja,
As organizações de defesa das baleias denunciam a alegação mas as mulheres. Como se tratava da reprodução (de evitá-la,
japonesa, assim como vários países, que consideram que Tó- para ser mais preciso), alguns homens se preocupavam em dei-
quio utiliza de maneira desonesta uma exceção da proibição xar essa responsabilidade na mão delas.
da caça aos cetáceos, de 1986. O sistema criado por Rock e Pincus exige que as mulheres
Em 2014, o Tribunal Internacional de Justiça exigiu de Tó- sigam com muita atenção seu ciclo de uso, tomando a pilula
quio o fim da caça às baleias no Atlântico, por considerar que por 21 dias e interrompendo por sete. Caso se esqueçam de
os japoneses não cumpriam os critérios científicos exigidos. alguma dose, perde-se o efeito anticoncepcional.
O Japão cancelou a temporada de caça de inverno de 2014- Preocupado com a possibilidade de sua mulher se esque-
2015, mas retomou a pesca no ano seguinte. cer da pílula diária, um homem chamado David Wagner, que
Confrontos entre baleeiros japoneses e defensores dos ani- era pai de quatro filhos, criou em 1961 uma embalagem redon-
mais. O Oceano Antártico já foi cenário de confrontos entre ba- da que permite ver se a mulher está tomando a pílula correta-
leeiros japoneses e defensores dos cetáceos. No mês passado, a mente. Várias empresas farmacêuticas copiaram o modelo, que
organização ecologista Sea Shepherd anunciou a desistência de segue popular ainda hoje em alguns países.
tentar impedir a ação dos baleeiros japoneses no Sul, reconhe- A forma de promover essa nova apresentação da pílula re-
cendo seus próprios limites ante a potência marítima nipônica. vela muito sobre aquela época, como ressaltou a jornalista Leila
A Noruega, que se opôs à moratória de 1986 e considera Ettachfini em um artigo no site Broadly. “Fácil para que você
que esta não a afeta, e a Islândia, são os únicos dois países no explique... e para que ela use”, dizia um anúncio de 1964 da
mundo que praticam abertamente a caça comercial. O Japão empresa Ortho-Novum. Outra publicidade, de 1969, da marca
tenta provar que a população de cetáceos é suficientemente Lyndiol dizia aos médicos para “proteger sua paciente do pró-
grande para suportar a retomada da caça comercial. prio esquecimento”.
O consumo da baleia tem uma longa tradição no Japão, ‘Nenhuma razão médica’
onde a caça é praticada há muitos séculos. A indústria baleeira Muitos especialistas acreditam que os inventores da pílula
teve seu auge depois da Segunda Guerra Mundial. Mas a de- podiam ter evitado tudo isso -- e não apenas porque a socie-
manda dos consumidores japoneses caiu consideravelmente dade finalmente aceitou, com o tempo, que as mulheres não
nos últimos anos, o que provoca muitos questionamentos so- precisavam de um homem para lhes explicar nada.
bre o sentido das missões científicas. O médico baiano Elsimar Coutinho, coautor do livro Menstrua-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 ção, a Sangria Inútil (Gente, 1996), argumenta que “a ovulação inces-
sante não cumpre nenhum propósito” e que as mulheres, se assim
CIÊNCIA E TECNOLOGIA quiserem, podem tomar a pílula por períodos mais longos para evitar
A SURPREENDENTE RAZÃO PELA QUAL OS INVENTO- não apenas a gravidez, mas a própria menstruação, que é muitas ve-
RES DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL DECIDIRAM QUE AS zes incômoda e dolorosa. O jornalista e sociólogo Malcom Gladwell
MULHERES DEVERIAM CONTINUAR MENSTRUANDO apoiou essa ideia em 2000 em um ensaio publicado na revista “The
VOCÊ JÁ SE PERGUNTOU POR QUE A PÍLULA DEVE SER New Yorker” sobre o ciclo de 28 dias idealizado por Rock e Pincus
TOMADA POR TRÊS SEMANAS E SEU USO, INTERROMPI- dizendo: “Não havia e não há nenhuma razão médica para isso”.
DO NA QUARTA? ALGUNS PODEM IMAGINAR QUE SEUS Coutinho, diz Gladwell, destaca que a menstruação gera uma
CRIADORES TENHAM FEITO ISSO POR RAZÕES MÉDICAS, série de problemas de saúde que poderiam ser evitados ao supri-
MAS O MOTIVO NÃO FOI CIENTÍFICO, MAS CULTURAL. mi-la: dores abdominais, alterações no estado de ânimo, enxa-
quecas, endometriose e anemia. Por sua vez, Ettachfini afirmou
A pílula anticoncepcional é considerada por muitos em seu artigo que na verdade existem dois anticoncepcionais
como um símbolo da emancipação feminina ao permitir a orais que podem ser tomados de forma contínua, sem sangra-
elas ter relações sexuais sem medo de engravidar. No en- mentos mensais. O Seasonale foi lançado em 2003 e propõe só
tanto, a história por trás do seu desenvolvimento não teve quatro menstruações por ano: uma a cada estação. E, em 2007,
muito a ver com essa ideia. foi aprovada a primeira pílula sem pausas para menstruar, a Lybrel.
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ATUALIDADES
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ATUALIDADES
Existe inclusive a chamada “cultura hacker”, uma ideolo- Um de seus sócios, Erico Perrella, implantou um chip
gia que prega amplo acesso à tecnologia, livre circulação de RFID na mão em 2014 - sua intenção era usar o mecanismo
informação, descentralização de conhecimento e inovação. para dar partida em sua kombi, mas o carro acabou vendi-
O hacking também não precisa estar restrito ao mundo do, e o chip, que ainda está em sua mão, hoje não tem mais
da informática: o biohacking une o universo da biologia com utilidade para ele.
a cultura hacker, formando a Biologia DIY, que quer dizer “do Já dentro do campo das experimentações, as possibi-
it yourself”, ou “faça você mesmo”. lidades trazidas pela Biologia DIY são inúmeras. A ideia de
“A ideia é democratizar a tecnologia, mostrar que a ciên- analisar a origem de alimentos, por exemplo, se baseia em
cia não precisa se restringir à área da universidade. É ampliar o uma técnica chamada DNA Barcoding (Codigo de Barras de
número de experiências possíveis com menos recursos”, diz o DNA, em tradução livre).
colombiano Andres Ochoa, consultor de tecnologia e criador Todo segundo sábado do mês o centro Genspace, em
da rede SynTechBio, que reúne biohackers da América Latina. Nova York, abre seu laboratório para que as pessoas levem
A rede tem como membros pelo menos 14 grupos espalha- suas próprias amostras de alimentos e façam testes do tipo.
dos pelo continente, três deles no Brasil. Há quem invista na divulgação científica e nas possibilida-
O biohacking é essencialmente interdisciplinar, ou seja, des educacionais da Biologia DIY.
atrai pessoas de áreas como Física, Design, Artes, Computa- É o caso do carioca Filipe Oliviera, um dos criadores
ção e Matemática. “Elas juntam seus conhecimentos à Biolo- do Conector Ciência, iniciativa que visa colocar em conta-
gia para desenvolver projetos”, diz Ochoa. to escolas com métodos de ensino de baixo custo e fazer
Claro que, assim como hackers de computadores, os in- os próprios alunos construírem os equipamentos. Dá para
teressados precisam ter um bom conhecimento no assunto descobrir a biodiversidade com um microscópio de papel,
para poder se aventurar em ações mais inovadoras. Mas isso fazer a automação de luzes com sensores de luminosidade,
não significa ter doutorado em Biotecnologia, diz a professora entre outros usos.
Liza Felicori, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Outro caminho comum é o desenvolvimento de novos
“A Biologia é bastante acessível, é possível fazer o conhe- materiais, como fez o estudante de Biotecnologia baiano
cimento se popularizar. Tanto que às vezes a gente faz ex-
Geisel Alves, que ajudou uma ONG a criar um mecanismo
perimentos com alunos de ensino médio e eles entendem,
que converte fibra do coco verde em papel reciclável usan-
fazem bem. Conseguem tranquilamente extrair o DNA de um
do métodos caseiros e materiais acessíveis.
morango, por exemplo”, afirma ela, que está montando um
“É um material fibroso genérico que você mistura com
laboratório aberto para pessoas de fora da universidade.
outros materiais para fazer várias coisas. Além do papel, dá
“Muitas vezes, a universidade fica fechada demais em si
mesma. Os jovens não têm os bloqueios de quem lida com pra fazer telha, piso, tijolo”, explica Alves. “Aqui, o alto con-
as dificuldades da ciência há anos e acabam trazendo novas sumo de coco é um problema grande, porque eles acabam
soluções.” empilhados nas praias. Atrai ratos, mosquito da dengue.”
Chips e DNA “Novos materiais são um nicho”, diz Andres Ochoa. “No
Há três principais subdivisões na Biologia DIY. Grupos fo- Brasil já se trabalha com produção de um tecido ecológico
cados em fazer experimentos para encontrar soluções; pes- que parece com couro a partir dos micro-oganismos que
soas interessadas em desenvolver e baratear equipamentos fazem kombucha (uma bebida fermentada).”
e em montar laboratórios coletivos que possibilitem esses Manipular micro-organismos também é muito útil para
experimentos; e uma terceira vertente, interessada em modi- tornar alguns tipos de fármacos mais acessíveis. Andrés
ficações corporais tecnológicas. Ochoa participou da fase inicial do projeto Open Insulin,
Nessa última área estão, por exemplo, pessoas que in- em que um grupo de 16 biohackers se uniu para criar um
jetam chips e ímãs sob a pele e fazem experimentações co- protocolo open source (aberto) de insulina - espécie de ins-
locando substâncias e até mesmo circuitos eletrônicos no trução que serve de base para a produção da substância,
próprio corpo. Essa é a vertente do biohacking que acaba usada no tratamento de diabetes, de maneira mais barata
chamando mais atenção, mas também atrai críticas dentro do e acessível. O projeto conseguiu arrecadar U$ 16 mil ( R$
movimento. 50 mil) no Experiment, uma plataforma de financiamento
“É um grupo muito pequeno que faz isso. Chamam aten- coletivo para pesquisas científicas.
ção, mas são minoria. Estamos falando de tecnologias que No Brasil, não há legislação específica para “laborató-
estão evoluindo cada vez mais rápido. Não faz sentido você rios de garagem”, no entanto, tudo o que é produzido fica
colocar em seu corpo um negócio que em pouco tempo vai sujeitos à legislação específica para aquele produto. Remé-
ficar obsoleto”, diz Andres Ochoa. dios, por exemplo, terão de passar por aprovação da Anvisa
Ele argumenta que a grande tendência são as tecnologias antes de serem distribuídos.
“usáveis”, como relógios inteligentes e circuitos que podem Por isso, os biohackers acabam criando empresas e
ser colados sobre a pele e removidos com facilidade. muitas vezes profissionalizando o que era um hobby. A en-
“Em geral, quem faz isso na verdade está fazendo uma genheira química Clarissa Lopes, o estudante de Engenha-
declaração, é mais um ato simbólico do que uma coisa que ria Aeroespacial Lucas Milagres e o estudante de Bioinfor-
tenha uma grande função prática”, diz o biohacker Otto He- mática Carlos Gonçalves criaram uma empresa para tocar
ringer, de São Paulo, que começou a fazer experimentos como seu projeto de usar bactérias na produção de calcitriol, um
distração e acabou criando uma pequena empresa para criar medicamento usado no tratamento de insuficiência crônica
um novo defensivo agrícola através do desligamento de um renal.
gene de pragas.
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ATUALIDADES
“A indústria farmacêutica usa hoje outro processo, de No Brasil, por conta dos preços e das dificuldades, a maio-
bem mais difícil acesso. Não há nenhum produtor local”, afir- ria dos laboratórios abertos na área de biologia ainda são, de
ma Gonçalves, que evita divulgar mais detalhes do projeto algum modo, ligados às universidades - ocupando espaços ou
por ainda não ter registrado uma patente. Sua expectativa reaproveitando equipamentos.
é chegar a um forma de produção mais barata do remédio. “Mesmo a ciência ‘oficial’ que fazemos muitas vezes é em
Laboratórios uma salinha minúscula, com material improvisado, com muita
O Brasil já tem diversos laboratórios “de garagem” aber- dificuldade. A gente está acostumado com a gambiarra. Sair dos
tos, com impressoras 3D e outros materiais para quem é muros da universidade ou dos laboratórios das grandes indús-
adepto do faça-você-mesmo — como o Olabi, no Rio de Ja- trias é quase uma questão de sobrevivência pra gente. O biohac-
neiro, e o Garoa Hackerspace e os FabLabs da Prefeitura de king faz muito mais sentido para nós do que para eles”, afirma.
São Paulo. Ele também aponta a diferença nos tipos de iniciativas: en-
Para trabalhar com “Biologia de Garagem”, no entanto, é quanto no Brasil os projetos tendem a ser voltados para resol-
preciso um pouco mais: áreas separadas, estéreis, com equi- ver problemas reais, nos Estados Unidos e na Europa, muitos
pamentos específicos e protocolos de biossegurança. São os deles são mais recreativos ou tem um quê de hobby excêntrico.
chamados wetlabs, laboratórios “molhados”, porque lidam Nos locais onde o movimento é mais desenvolvido, já co-
com componentes vivos. meçaram as surgir as preocupações com possíveis riscos – la-
O espaço aberto pela professora Liza Felicori, da Univer- boratórios amadores não poderiam criar organismos nocivos?
sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um deles. Ele já O FBI, a polícia federal americana, monitora o movimento, mas
recebeu os equipamentos e deve abrir até o fim do ano. Há não há regulamentação específica.
microscópios, estufa, pipetas, uma centrífuga (para separar Os entusiastas dizem que todos os locais seguem proto-
componentes de soluções), uma impressora 3D, uma máqui- colos de biossegurança e cartilhas de bom funcionamento. O
na de PCR (para reproduzir DNA em grandes quantidades) e cientista francês Thomas Landrain, que estuda o movimento,
um nanodrop (que mede a concentração de moléculas). diz em sua pesquisa que os espaços ainda não têm sofisticação
A estudante Carol Gonzaga também montou um desses suficiente para gerar problemas.
espaços, o Hub, com outros cinco biohackers no Rio de Janei-
Mas, apesar da relativa limitação técnica, os biohackers se-
ro. O laboratório fica atualmente em um local improvisado,
guem entusiasmados. “Tornar a ciência mais acessível tem um
mas será levado para um galpão de 320 m².
enorme potencial transformador”, diz André Maia Chagas, do
“Terá um espaço de fabricação digital, uma cozinha ex-
Prometheus Science.
perimental, laboratório de biohacking e um laboratório de
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
mídia para lidar com eletrônica e comunicação”, explica ela,
que conseguiu apoio do parque tecnológico da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). QUESTÃO
Interessado em baratear equipamentos para esses labo-
ratórios, o brasileiro André Maia Chagas desenvolveu pro- 01) “‘Monopólio’ brasileiro do nióbio gera cobiça mun-
jetos nesse sentido e acabou lançando a start-up [empresa dial, controvérsia e mitos. Com 98% das reservas, Brasil não
iniciante de tecnologia] Prometheus Science, na Alemanha. tem política específica para o mineral. Exportações cresce-
Sua empresa é parte da enorme comunidade criando ram 110% em 10 anos e somaram US$ 1,8 bi em 2012.”
equipamentos baratos e mais acessíveis. “Possibilitando que Em relação ao nióbio brasileiro, assinale a alternativa
um experimento que custa 100 euros possa ser feito por 3, correta.
você quebra um das principais barreiras da ciência, que é a A O depósito localizado no carbonatito do barreiro em
dificuldade de acesso por causa de dinheiro”, diz ele. Araxá (MG) é responsável pela maior produção brasileira. O
Nós e eles nióbio é considerado fundamental para a indústria de alta
Nos Estados Unidos e na Europa, o movimento Biolo- tecnologia, como os tomógrafos de ressonância magnética,
gia DIY foi surgindo conforme tecnologias biológicas, como para a indústria aeroespacial, entre outras.
sequenciamento de DNA, foram ficando mais acessíveis. Já B As maiores reservas de nióbio estão localizadas na
no Brasil e em países como Índia e África do Sul, contam os Amazônia (75%), onde a empresa Vale detém o monopólio
biohackers, o movimento surgiu da necessidade. de exploração e comercialização.
“Nos Estados Unidos, o acesso é tão fácil, tudo é tão ba- C O nióbio é um mineral nobre e raro encontrado em
rato que a galera consegue montar laboratórios na própria poucos países e seu preço está muito próximo do valor do
garagem. Aqui em São Paulo, não tem como fazer isso. Para ouro, o que levou Walter Moreira Salles, banqueiro brasilei-
começar, a gente nem tem garagem”, diz Otto Heringer, que ro, a investir na extração desse minério.
faz especialização na Universidade de São Paulo (USP). D O fato de o Brasil possuir cerca de 98% das reservas
Há mais de 80 espaços de Biologia DIY pelo mundo, de conhecidas garante ao país muitos anos de monopólio da
acordo com o site DIYBio. A maioria é em cidades do he- oferta. Devido ao crescimento da intensidade de uso e das
misfério norte como Amsterdã (Holanda), Berlim (Alemanha), inúmeras possibilidades de aplicações, a relevância e a valori-
Paris (França), Nova York e São Francisco (Estados Unidos). zação desse mineral são comparadas ao ouro e ao petróleo.
“Não posso reclamar da USP, mas muitas universidades E A oferta de nióbio está praticamente toda nas mãos
federais não têm os laboratórios que os caras na Europa têm das duas gigantes mineradoras que operam no país, a es-
em casa”, afirma o Heringer. Nos Estados Unidos, por exem- tatal Companhia Siderúrgica Nacional e a Anglo American.
plo, é possível comprar kits prontos de engenharia genética
pela internet. Resposta: A
22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2010. .............01
MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ..........................................................................................................................09
MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas
e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras
e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. .................................................................................34
MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e ro-
dapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. .............................................................................................................................................................................59
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. ....................................74
Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas...........................................................83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Grupo Doméstico
Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum
ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recur-
so de Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e
divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da
tela para obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a
comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a es-
querda e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e divi-
dindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você
as veja ao mesmo tempo.
Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es-
tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada
sensível ao toque. a busca enquanto você navega pelas pastas.
2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua bus- A busca não se limita a digitação de palavras. Você
ca pode ser dividido. pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas,
· Programas todas as canções do gênero Rock. Existem outros, como
· Painel de Controle data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você
· Documentos procura, podem existir outras classificações disponíveis.
· Música Imagine que todo arquivo de texto sem seu computa-
· Arquivos dor possui um autor. Se você está buscando por arquivos
de texto, pode ter a opção de filtrar por autores.
Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/
print/index.php?id=53&chapterid=56
Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de
segurança e manutenção do Windows. Elas são classifica-
das em vermelho (importante – deve ser resolvido rapida-
mente) e amarelas (tarefas recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estra-
nho no computador. Basta checar o painel e ver se o Win-
Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; dows detectou algo de errado.
Windows 7 Bible, pg 774).
3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aplicativos novos
Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
o que não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
vidades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
top e também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
equações matemáticas escritas na tela são convertidas em Calculadora: 2 novos modos.
texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows
7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu-
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.
Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
WordPad remodelado efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
Requisitos deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve das as informações no computador serão perdidas. Quan-
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de do iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado você havia instalado e com as configurações padrão.
sem problemas de desempenho.
Esta é a configuração mínima: Desempenho
· Processador de 1 GHz (32-bit)
De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
· Memória (RAM) de 1 GB
se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem
memória (sem Windows Aero)
ganhou alguns pontos na velocidade.
· Espaço requerido de 16GB
O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho:
· DVD-ROM
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
· Saída de Áudio
processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
Bible, pg 1041, tradução nossa).
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len-
tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco- Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
mendado é a seguinte configuração. não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
Configuração Recomendada: riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
· Memória (RAM) de 2 GB são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB visão” do usuário, dando a impressão que o computador
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di- não está lento.
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Essa característica permite que o usuário não sinta uma
Windows Aero) lentidão desnecessária no computador.
· Unidade de DVD-R/W Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
Atualizar de um SO antigo mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de
ponta e mantêm uma performance satisfatória.
O melhor cenário possível para a instalação do Win-
dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro- Monitor de desempenho
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma fer-
antigo, desde que atenda as especificações mínimas. ramenta poderosa para verificar como o sistema está se
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera- existe) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá
fazer a re-instalação do sistema operacional. Monitor de recursos
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova- Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra
velmente seu computador não atende aos requisitos míni- informações sobre o uso do processador, da memória, disco
mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re- e conexão à rede.
instalação.
6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o
Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a
Windows 7 Starter “se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui-
Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de to mais fácil o compartilhamento de impressoras.
Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su- Como empresas sempre estão procurando maneiras
porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
ao mesmo tempo. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
Esta versão será instalada em computadores novo ape- computadores novos.
nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e
Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits. Windows 7 Enterprise, apenas para vários
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Windows 7 Home Basic versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
Esta é uma versão intermediária entre as edições Star-
te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
ter e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá
sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
também a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais
edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
de três aplicativos ao mesmo tempo.
segurança.
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
novos poderão contar também com a instalação desta edi- execução de programas não-autorizados. Além disso, há
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui-
vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
Windows 7 Home Premium ajuda com a configuração de redes corporativas.
Edição que os usuários domésticos podem chamar de
“completa”, a Home Premium acumula todas as funciona- Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
lidades das edições citadas anteriormente e soma mais al- Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
gumas ao pacote. pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
Dentre as funções adicionadas, as principais são o su- tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita
porte à interface Aero Glass e também aos recursos Touch às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
Windows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que limitada desta versão do sistema.
troca seu papel de parede automaticamente no intervalo Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos
de tempo determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não
para auxiliar no gerenciamento de redes wireless, conheci- interessando muito aos usuários comuns.
do como Mobility Center.
Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e Usando a Ajuda e Suporte do Windows
também poderá ser encontrada em computadores novos. A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
Professional do Windows 7 possuirá diversos recursos que ajuda com relação a um programa que não faz parte do
visam facilitar a comunicação entre computadores e até Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
mesmo impressoras de uma rede corporativa. tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).
7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Aju-
da Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes.
Clique no botão Iniciar e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, clique em Opções e em Configurações.
Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de seleção Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda online
(recomendado) e clique em OK. Quando você estiver conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto inferior
direito da janela Ajuda e Suporte.
Pesquisar na Ajuda
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter in-
formações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais úteis
na parte superior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.
Pesquisar Ajuda
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item na
lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos. Clique em
um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro título para investigar mais a fundo a lista de assuntos.
8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
MS WORD
O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte
que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como Google Docs e
Open Office.
Interface
ABAS
Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos
os grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Inicio, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os
usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.
9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.
10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Visualização do Documento
11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus
documentos é em relação à configuração da página. A
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui um
Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos manual de regras para documentações, então é comum es-
em miniaturas no rodapé. cutar “o documento tem que estar dentro das normas”, não
• Layout de Impressão: Formato atual de seu docu- vou me atentar a nenhuma das normas especificas, porém
mento é o formato de como seu documento ficará na folha vou ensinar como e onde estão as opções de configuração
impressa. de um documento.
• Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de No Word 2010 a ABA que permite configurar sua pági-
seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que na é a ABA Layout da Página.
no rodapé do documento à direita, ele possui uma flecha
apontado para a próxima página. Para sair desse modo de
visualização, clique no botão fechar no topo à direita da
tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visua-
lização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuá-
rios postam textos produzidos no Word em sites e blogs
na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu docu-
mento em tópicos, o formato terá melhor compreensão
quando trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar di-
versos recursos de produção de texto, porém não visualiza
como impressão nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição per-
mite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão
Zoom o Word apresenta a seguinte janela:
12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Colunas
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Selecionando Textos
Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Inicio.
14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao • Usar caracteres curinga: Procura somente as pa-
copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao lavras que você especificou com o caractere coringa. Ex.
seu documento, não basta apenas clicar em colar, é ne- Se você digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras
cessário clicar na setinha apontando para baixo no botão terminadas em ão.
Colar, escolher Colar Especial. • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma
sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as for-
mas da palavra, não será permitida se as opções usar carac-
tere coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o es-
pecificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa lo-
calizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.
Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a
possibilidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA
responsável pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte,
Parágrafo e Estilo.
15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bordas no parágrafo.
Marcadores e Numeração
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-
tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos. poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar importar, poderá utilizar uma imagem externa.
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado. Bordas e Sombreamento
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos começar escolhendo uma definição de borda (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma
das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da borda. A Guia
Sombreamento permite atribuir um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você pode escolher uma cor base, e
depois aplicar uma textura junto dessa cor.
Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar
em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeça-
lho.
A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Data e Hora
O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.
Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque a
opção Atualizar automaticamente.
Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo
nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computador.
21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a imagem e
adicionar ou remover o contraste. Podemos recolorir a imagem.
Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e
remover uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma imagem com fundo transparente. A opção Compactar Ima-
gens permite deixar sua imagem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta opção o Word mostra a seguinte janela:
Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução
da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alterações feitas.
O próximo grupo chama-se Sombra, como o próprio nome diz, permite adicionar uma sombra a imagem que foi inserida.
22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteú-
do do texto
Clip Art
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
SmartArt
27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No grupo Layout podemos mudar a disposição de nos- Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite
so organograma. seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do Wor-
O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite dArt
mudar as cores e o estilo do organograma.
Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais im-
portantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas
de páginas interessantes e disponibilizar seus dados.
Para inserir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão
Tabela.
WordArt
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um
número variável de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.
Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo
Ferramentas de Tabela.
Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite
aplicar uma formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão
Desenhar Tabela transforma seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as
linhas da tabela.
Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA
ao final, chamada Layout, clique sobre essa ABA.
O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.
29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma jane- Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde
la com as propriedades da janela. é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O ter-
ceiro grupo é referente à divisão e mesclagem de células.
30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A opção classificar como o próprio nome diz permite classificar os dados de sua tabela.
Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas
como critérios de classificação.
O botão Converter em Texto permite transformar sua tabela em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálculos
na tabela.
ABA Revisão
A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.
O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu do- Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você
cumento em busca de erros. clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gra- se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
mática em verde. É importante lembrar que o fato dele somente ao que foi selecionado.
marcar com cores para verificação na impressão sairá com
as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada
pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa
parte do texto.
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela apare-
cer em qualquer parte do texto.
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-
dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
outro texto ela não será grafada como errada. Esta opção somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
ainda não façam parte do Word. estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.
se você a corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras
que estejam da mesma forma no texto.
Impressão
Estilos
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Índices
Sumário
33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
MS EXCEL
Interface
A interface do Excel segue o padrão dos aplicativos Of-
fice, com ABAS, Botão Office, controle de Zoom na direita.
Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro. O que muda são alguns grupos e botões exclusivos do Ex-
cel e as guias de planilha no rodapé à esquerda:
Guias de Planilha
34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de plani- Se precisar selecionar células alternadamente, clique
lha, estas guias permite que se possa em um único arqui- sobre a primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e
vo armazenar mais de uma planilha, inicialmente o Excel vá clicando nas que você quer selecionar.
possui três planilhas, e ao final da Plan3 temos o ícone de
inserir planilha que cria uma nova planilha. Você pode clicar
com o botão direito do mouse em uma planilha existente
para manipular as planilhas.
Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movi-
mentar o retângulo (cursor) de seleção para a posição desejada.
A movimentação poderá ser feita através do mouse ou teclado.
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um
clique em cima dela e observe que a célula na qual você
clicou é mostrada como referência na barra de fórmulas. Entrada de textos e números
Na área de trabalho do Excel podem ser digitados ca-
racteres, números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de
seus dados, você pode pressionar a tecla ENTER, ou com
as setas mudar de célula, esse recurso somente não será
válido quando estiver efetuando um cálculo. Caso preci-
se alterar o conteúdo de uma célula sem precisar redigitar
tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça sua
alteração e pressione ENTER em seu teclado.
35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele Vamos montar uma planilha simples.
deverá ser salvo e clique em Salvar, o formato padrão das
planilhas do Excel 2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls
para manter compatibilidade com as versões anteriores é
preciso em tipo definir como Pasta de Trabalho do Excel
97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office
e depois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre
ele e depois em abrir.
Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem
fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado-
res são:
36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte
traria o resultado, porém bastaria alterar o valor da quan- cálculo D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada
tidade ou o V. unitário que eu precisaria fazer novamente pratico em planilhas maiores. Quando tenho sequências
o cálculo. O correto é então é fazer =A4*C4 com isso eu de cálculos o Excel permite a utilização de funções.
multiplico referenciando as células, independente do con- No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a
teúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que ali se tenha sua estrutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se
um número. com o sinal de igual (=), escreve-se o nome da função,
abrem-se parênteses, clica-se na célula inicial da soma
e arrasta-se até a última célula a ser somada, este intervalo
é representado pelo sinal de dois pontos (:), e fecham-se
os parênteses.
37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula
onde será aplicada a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.
Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utilizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas
de grade, cor de preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.
A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da letra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que exis-
tem menos recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas células. Ele dividido em categorias e dentro de cada
categoria ele possui exemplos de utilização e algumas personalizações como, por exemplo, na categoria Moeda em que é
possível definir o símbolo a ser usado e o número de casas decimais.
38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Através da opção Formatar podemos também definir a largura das linhas e colunas.
Congelar Painéis
Algumas planilhas quando muito longas necessitam que sejam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-se
assim a digitação de valores em locais errados. Esse recurso chama-se congelar painéis e está disponível na ABA exibição.
No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na opção congelar primeira linha e mesmo que você role a
tela a primeira linha ficará estática.
41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua cé-
a célula E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à lula.
fórmula ficará =D5/D10, porém se observarmos o correto
seria ficar =D5/D9, pois a célula D9 é a célula com o valor
total, ou seja, esta é a célula comum a todos os cálculos a
serem feitos, com isso não posso copiar a fórmula, pelo
menos não como está.
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de
uma planilha é ganhar-se tempo.
A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é
também chamado de valor constante.
A solução é então travar a célula dentro da formula,
para isso usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fize-
mos o cálculo E4 de clique sobre ela, depois clique na barra
de fórmulas sobre a referência da célula D9.
Pressione em seu teclado a tecla F4. Será então adi- Vamos inicialmente montar a seguinte planilha
cionado o símbolo de cifrão antes da letra D e antes do
número 9. $D$9.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Máximo
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, va- Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha
mos criar uma tabela em separado com a seguinte defini-
ção. Até 18 anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será
considerado profissional e acima dos 30 anos será consi-
derado Master.
46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para exemplificar monte a seguinte planilha. Após isso coloque o valor em formato Moeda.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel Retorne a planilha resultado e coloque um valor qual-
na versão 5 do programa, ele é chamado dessa forma quer no campo onde será digitado valor.
pois permite que se façam referências de uma planilha
em outra.
Vamos a um exemplo
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário possa manipular seja a célula onde será digitado valor em
real para a conversão, então vamos bloquear a planilha deixando essa célula desprotegia.
Clique na célula onde será digitado o valor em real depois na ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que
se abre clique na guia Proteção.
Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois esta célula é a única que poderá receber dados.
Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no botão Proteger Planilha.
49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no botão Desproteger Planilha no grupo Alterações.
Inserção de Objetos
A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos
estão na ABA Inserir.
Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.
Como a maioria dos elementos já sabemos como implementar vamos focar em Gráficos.
Gráficos
A utilização de um gráfico em uma planilha além de deixá-la com uma aparência melhor também facilita na hora de
mostrar resultados. As opções de gráficos, esta no grupo Gráficos na ABA Inserir do Excel
50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas
para criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atletas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e selecione os valores do peso.
Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Gráficos você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível, no
exemplo cliquei no estilo de gráfico de colunas.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha basta clicar em uma área em branco de o gráfico manter o
mouse pressionado e arrastar para outra parte.
Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Acima dela Ferramentas de Gráfico).
Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode clicar no botão Alterar Tipo de Gráfico.
Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar no botão Alterar Linha/Coluna.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a dis- Podemos também deixar nosso gráfico isolado em
tribuição dos elementos do Gráfico. uma nova planilha, basta clicar no botão Mover Gráfico.
Classificação
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha
de títulos em nossa planilha e clique em OK.
Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.
Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com
seus dados selecionados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha
uma seta.
Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação
de atletas do sexo feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados
da planilha ficarão ocultos.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na cate-
goria Profissional, eu faço um novo filtro na coluna Categoria.
Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.
Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da
célula for um número).
56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Subtotais Impressão
Podemos agrupar nossos dados através de seus valo- O processo de impressão no Excel é muito parecido
res, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo com o que fizemos no Word.
dos atletas relacionado com a idade. Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha
Visualizar Impressão.
57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Marque a opção Paisagem e clique em OK. CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inse-
rir células, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés
de clicar com o mouse no número da linha ou na letra da
coluna, basta pressionar esse comando.
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a
combinação CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à es-
querda da tecla backspace, pois ela tem o mesmo efeito.
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, li-
nhas ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse co-
mando funciona tanto no teclado normal quanto no tecla-
do numérico.
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de
determinada coluna tenham o mesmo valor. Apertando
CTRL + D, você fará com que a célula ativa seja preenchi-
da com o mesmo valor da célula que está acima dela. Por
Teclas de atalho do Excel exemplo: você digitou o número 5432 na célula A1 e quer
que ele se repita até a linha 30. Selecione da célula A1 até
CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas a A30 e pressione o comando. Veja que todas as células
grandes, quando os dados precisam ser apresentados a um serão preenchidas com o valor 5432.
gerente, ou mesmo só para facilitar sua vida, a melhor ma- CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando
neira de destacar certas informações é formatar a célula, de acima, mas para preenchimento de colunas. Exemplo: sele-
modo que a fonte, a cor do texto, as bordas e várias outras cione da célula A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as
configurações de formatação. Mas ter que usar o mouse células selecionadas terão o mesmo valor da A1.
para encontrar as opções de formatação faz você perder CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de co-
muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará piar uma célula e colar em outro local, acabando com a for-
com que a janela de opções de formatação da célula seja matação que tinha definido anteriormente, pois as células
exibida. Lembre-se que você pode selecionar várias células de origem eram azuis e as de destino eram verdes. Ou seja,
para aplicar a formatação de uma só vez. você agora tem células azuis onde tudo deveria ser verde.
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados Para que isso não aconteça, você pode utilizar o comando
que não estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel “colar valores”, que fará com que somente os valores das
fornece a opção de ocultar células e colunas. Pressionan- células copiadas apareçam, sem qualquer formatação. Para
do CTRL + (, você fará com que as linhas correspondentes não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
à seleção sejam ocultadas. Se houver somente uma célula hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
ativa, só será ocultada a linha correspondente. Por exem- CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizan-
plo: se você selecionar células que estão nas linhas 1, 2, 3 do o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo
e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro linhas arquivo. Utilize esse comando para mudar para a próxima
serão ocultadas. planilha da sua pasta de trabalho.
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém,
célula da linha anterior e uma da próxima, depois utilize executando-o você muda para a planilha anterior.
as teclas CTRL + SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou
linha 14 e precisa reexibi-la, selecione uma célula da linha depois da atual, pressionando também o SHIFT nos dois
13, uma da linha 15 e pressione as teclas de atalho. comando acima.
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o
anterior, porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Teclas de função
Para reexibir as colunas que você ocultou, utilize as teclas Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas
CTRL + SHIFT + ). Por exemplo: você ocultou a coluna C e que ficam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL,
quer reexibi-la. Selecione uma célula da coluna B e uma da as teclas de função podem ser utilizadas em combinação
célula D, depois pressione as teclas mencionadas. com outras, para produzir comandos diferentes do padrão
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com va- atribuído a elas. Veja alguns deles abaixo.
lores monetários, você pode aplicar o formato de moeda F2: se você cometer algum erro enquanto está inse-
utilizando esse atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número rindo fórmulas em uma célula, pressione o F2 para poder
e duas casas decimais. Valores negativos são colocados en- mover o cursor do teclado dentro da célula, usando as se-
tre parênteses. tas para a direita e esquerda. Caso você pressione uma da
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extre- setas sem usar o F2, o cursor será movido para outra célula.
mamente útil quando você precisa selecionar os dados ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um
que estão envolta da célula atualmente ativa. Caso existam arquivo do Excel também exige vários cliques com o mou-
células vazias no meio dos dados, elas também serão se- se, mas você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para
lecionadas. Veja na imagem abaixo um exemplo. A célula ganhar algum tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o
selecionada era a D6. mesmo efeito.
58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de se- Etapa 1: Abrir o PowerPoint
leção estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que Quando você inicia o PowerPoint, ele é aberto no modo
o SHIFT. Porém, ele só será desativado quando for pres- de exibição chamado Normal, onde você cria e trabalha em
sionado novamente, diferente do SHIFT, que precisa ser slides.
mantido pressionado para que você possa selecionar várias
células da planilha.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Aponte para a borda superior do painel Anota- Principais recursos da Faixa de Opções
ções.
2. Quando o ponteiro se transformar em uma , ar-
raste a borda para cima a fim de criar mais espaço para as
anotações do apresentador, como mostrado na ilustração
a seguir.
60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A guia Arquivo
A guia Arquivo é o local onde é possível criar um novo arquivo, abrir ou salvar um existente e imprimir sua apresenta-
ção.
1 Salvar como
2 Abrir
3 Novo
4 Imprimir
A guia Página Inicial é o local onde é possível inserir novos slides, agrupar objetos e formatar texto no slide.
1 Se você clicar na seta ao lado de Novo Slide, poderá escolher entre vários layouts de slide.
2 O grupo Fonte inclui os botões Fonte, Negrito, Itálico e Tamanho da Fonte.
3 O grupo Parágrafo inclui Alinhar Texto à Direita, Alinhar Texto à Esquerda, Justificar e Centralizar.
4 Para localizar o comando Agrupar, clique em Organizar e, em Agrupar Objetos, selecione Agrupar.
Guia Inserir
A guia Inserir é o local onde é possível inserir tabelas, formas, gráficos, cabeçalhos ou rodapés em sua apresentação.
1 Tabela
2 Formas
3 Gráfico
4 Cabeçalho e Rodapé
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Guia Design
A guia Design é o local onde é possível personalizar o plano de fundo, o design e as cores do tema ou a configuração
de página na apresentação.
1 Clique em Configurar Página para iniciar a caixa de diálogo Configurar Página.
2 No grupo Temas, clique em um tema para aplicá-lo à sua apresentação.
3 Clique em Estilos de Plano de Fundo para selecionar uma cor e design de plano de fundo para sua apresentação.
Guia Transições
A guia Transições é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover transições no slide atual.
1 No grupo Transições para este Slide, clique em uma transição para aplicá-la ao slide atual.
2 Na lista Som, você pode selecionar entre vários sons que serão executados durante a transição.
3 Em Avançar Slide, você pode selecionar Ao Clicar com o Mouse para fazer com que a transição ocorra ao clicar.
Guia Animações
A guia Animações é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover animações em objetos do slide.
1 Clique em Adicionar Animação e selecione uma animação que será aplicada ao objeto selecionado.
2 Clique em Painel de Animação para iniciar o painel de tarefas Painel de Animação.
3 O grupo Intervalo inclui áreas para definir o Página Inicial e a Duração.
A guia Apresentação de Slides é o local onde é possível iniciar uma apresentação de slides, personalizar as configura-
ções da apresentação de slides e ocultar slides individuais.
1 O grupo Iniciar Apresentação de Slides, que inclui Do Começo e Do Slide Atual.
2 Clique em Configurar Apresentação de Slides para iniciar a caixa de diálogo Configurar Apresentação.
3 Ocultar Slide
Guia Revisão
62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A guia Revisão é o local onde é possível verificar a ortografia, alterar o idioma da apresentação ou comparar alterações
na apresentação atual com outra.
1 Ortografia, para iniciar o verificador ortográfico.
2 O grupo Idioma, que inclui Editando Idiomas, onde é possível selecionar o idioma.
3 Comparar, onde é possível comparar as alterações na apresentação atual com outra.
Guia Exibir
A guia Exibir é o local onde é possível exibir o slide mestre, as anotações mestras, a classificação de slides. Você também
pode ativar ou desativar a régua, as linhas de grade e as guias de desenho.
1 Classificação de Slides
2 Slide Mestre
3 O grupo Mostrar, que inclui Régua e Linhas de Grade.
Observação- Você também pode pesquisar modelos no Office.com de dentro do PowerPoint. Na caixa Pesquisar mo-
delos no Office.com, digite um ou mais termos de pesquisa e clique no botão de seta para pesquisar.
63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Criar uma apresentação • Para que uma apresentação só possa ser aberta
1. Clique na guia Arquivo e clique em Novo. no PowerPoint 2010 ou no PowerPoint 2007, na lista Salvar
2. Siga um destes procedimentos: como tipo, selecione Apresentação do PowerPoint (*.pptx).
• Clique em Apresentação em Branco e em Criar. • Para uma apresentação que possa ser aberta no
• Aplique um modelo ou tema, seja interno forneci- PowerPoint 2010 ou em versões anteriores do PowerPoint,
do com o PowerPoint 2010 ou baixado do Office.com. selecione Apresentação do PowerPoint 97-2003 (*.ppt).
3. No painel esquerdo da caixa de diálogo Salvar
Abrir uma apresentação como, clique na pasta ou em outro local onde você queira
1. Clique na guia Arquivo e em Abrir. salvar sua apresentação.
2. No painel esquerdo da caixa de diálogo Abrir, cli- 4. Na caixa Nome de arquivo, digite um nome para a
que na unidade ou pasta que contém a apresentação de- apresentação ou aceite o nome padrão e clique em Salvar.
sejada. De agora em diante, você pode pressionar CTRL+S ou
3. No painel direito da caixa de diálogo Abrir, abra a pode clicar em Salvar, próximo à parte superior da tela, para
pasta que contém a apresentação.
salvar rapidamente a apresentação, a qualquer momento.
4. Clique na apresentação e clique em Abrir.
Observação: Para salvar a apresentação em um forma-
Observação Por padrão, o PowerPoint 2010 mostra
to diferente de .pptx, clique na lista Salvar como tipo e se-
somente apresentações do PowerPoint na caixa de diálogo
lecione o formato de arquivo desejado.
Abrir. Para exibir outros tipos de arquivos, clique em Todas
as Apresentações do PowerPoint e selecione o tipo de ar- O Microsoft PowerPoint 2010 oferece uma série de ti-
quivo que deseja exibir. pos de arquivo que você pode usar para salvar; por exem-
plo, JPEGs (.jpg), arquivos Portable Document Format (.pdf),
páginas da Web (.html), Apresentação OpenDocument
(.odp), inclusive como vídeo ou filme etc.
Também é possível abrir vários formatos de arquivo
diferentes com o PowerPoint 2010, como Apresentações
OpenDocument, páginas da Web e outros tipos de arqui-
vos.
64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Excluir um slide
No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão
direito do mouse no slide que deseja excluir e clique em Excluir Slide.
2. Clique na forma desejada, clique em qualquer parte do slide e arraste para colocar a forma.
Para criar um quadrado ou círculo perfeito (ou restringir as dimensões de outras formas), pressione e mantenha a tecla
SHIFT pressionada ao arrastar.
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo (ou pressione F5).
Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do slide atual, siga este procedimen-
to(ou pressione Shift+F5):
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Slide Atual.
66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Observação Use vírgulas para separar os números, sem espaços. Por exemplo: 1,3,5-12.
3. Em Outras Configurações, clique na lista Cor e selecione a configuração desejada.
4. Ao concluir as seleções, clique em Imprimir.
O folheto com três slides por página possui espaços entre as linhas para anotações.
Você pode selecionar um layout para os folhetos em visualização de impressão (um modo de exibição de um documen-
to da maneira como ele aparecerá ao ser impresso).
Imprimir folhetos:
1. Abrir a apresentação em que deseja imprimir os folhetos.
2. Clicar na aba Arquivo, clicar na seleção de layout de slides para impressão na seção ‘Configurações’ e escolher o
modo de impressão(aqui também podemos selecionar os modos ‘Anotações’ e ‘Estrutura de tópicos’)
67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná
-lo. Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com
o boto esquerdo sobre o ponto em que se deseja iniciar
a seleção e manter o botão pressionado, arrastar o mouse
até o ponto desejado e soltar o botão esquerdo.
68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4 – Itálico
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+I.
5 – Sublinhado
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acio-
nado através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado
Desenha uma linha no meio do texto selecionado.
7 – Sombra de Texto
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para
destacá-lo no slide.
8 – Espaçamento entre Caracteres
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, 5. Clicar em Inserir e em seguida Fechar.
minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minús-
culas. Marcadores e numeração
10 – Cor da Fonte Com a guia Início acionada, clicar no botão , para
Altera a cor da fonte. criar parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de
11 – Alinhar Texto à Esquerda marcador clicar na seta.
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+G.
14 – Justificar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicio-
nando espaço extra entre as palavras conforme o neces-
sário, promovendo uma aparência organizada nas laterais
esquerda e direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.
Limpar formatação
Para limpar toda a formatação de um texto basta se-
lecioná-lo e clicar no botão , localizado na guia Início. Com a guia Início acionada, clicar no botão , para ini-
ciar uma lista numerada. Para escolher diferentes formatos
Inserir símbolos especiais de numeração clicar na seta.
Além dos caracteres que aparecem no teclado, é pos-
sível inserir no slide vários caracteres e símbolos especiais.
1. Posicionar o cursor no local que se deseja inserir o
símbolo.
2. Acionar a guia Inserir.
69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As configurações de Ação do objeto estarão disponí- 4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos,
veis somente se a sua apresentação contiver um objeto OLE em Slides na apresentação personalizada, clicar em um sli-
(uma tecnologia de integração de programa que pode ser de e, em seguida, clicar em uma das setas para mover o
usada para compartilhamento de informações entre pro- slide para cima ou para baixo na lista.
gramas. Todos os programas do Office oferecem suporte 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
para OLE; por isso, você pode compartilhar informações slides e clicar em OK. Para criar apresentações personaliza-
por meio de objetos vinculados e incorporados). das adicionais com quaisquer slides da sua apresentação,
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar repetir as etapas de 1 a 5.
som e selecionar o som desejado. Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar
no nome da apresentação na caixa de diálogo Apresenta-
Criar apresentação personalizada ções Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
Existem dois tipos de apresentações personalizadas: 2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink
básica e com hiperlinks. Utilizar uma apresentação personalizada com hiper-
Uma apresentação personalizada básica é uma apre- links para organizar o conteúdo de uma apresentação. Por
sentação separada ou uma apresentação que inclui alguns exemplo, se você cria uma apresentação personalizada
slides originais. principal sobre a nova organização geral da sua empresa,
Uma apresentação personalizada com hiperlinks é uma é possível criar uma apresentação personalizada para cada
forma rápida de navegar para uma ou mais apresentações departamento da sua organização e vinculá-los a essas exi-
separadas. bições da apresentação principal.
1 – Apresentação Personalizada Básica
Utilizar uma apresentação personalizada básica para
fornecer apresentações separadas para diferentes grupos
da sua organização. Por exemplo, se sua apresentação
contém um total de cinco slides, é possível criar uma apre-
sentação personalizada chamada “Site 1” que inclui apenas
os slides 1, 3 e 5. É possível criar uma segunda apresenta-
ção personalizada chamada “Site 2” que inclui os slides 1, 2,
4 e 5. Quando você criar uma apresentação personalizada
a partir de outra apresentação, é possível executá-la, na ín-
1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresen-
tegra, em sua sequência original.
tação de Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de
Slides Personalizada e, em seguida, clicar em Apresenta-
ções Personalizadas.
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas,
clicar em Novo.
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que
você deseja incluir na apresentação personalizada principal
e, em seguida, clicar em Adicionar.
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no
primeiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla
SHIFT enquanto clica no último slide que deseja selecio-
nar. Para selecionar diversos slides não sequenciais, manter
pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que
queira selecionar.
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos,
1. Na guia Apresentações de Slides, no grupo Iniciar em Slides na apresentação personalizada, clicar em um sli-
Apresentação de Slides, clicar na seta ao lado de Apre- de e, em seguida, clicar em uma das setas para mover o
sentação de Slides Personalizada e, em seguida, clicar em slide para cima ou para baixo na lista.
Apresentações Personalizadas. 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, slides e clicar em OK. Para criar apresentações personaliza-
clicar em Novo. das adicionais com quaisquer slides da sua apresentação,
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que repetir as etapas de 1 a 5.
você deseja incluir na apresentação personalizada e, em 6. Para criar um hiperlink da apresentação principal
seguida, clicar em Adicionar. para uma apresentação de suporte, selecionar o texto ou
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no objeto que você deseja para representar o hiperlink.
primeiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla 7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta
SHIFT enquanto clica no último slide que deseja selecio- abaixo de Hiperlink.
nar. Para selecionar diversos slides não sequenciais, manter 8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Docu-
pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que mento.
queira selecionar. 9. Seguir um destes procedimentos:
71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Para se vincular a uma apresentação personalizada, 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este
na lista Selecionar um local neste documento, selecionar a Slide, clicar no efeito de transição de slides que você deseja
apresentação personalizada para a qual deseja ir e marcar para esse slide.
a caixa de seleção Mostrar e retornar. 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Es-
• Para se vincular a um local na apresentação atual, na tilos Rápidos, clicar no botão Mais.
lista Selecione um local neste documento, selecionar o sli- 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no
de para o qual você deseja ir. grupo Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar Velocidade da Transição e, em seguida, selecionar a veloci-
no nome da apresentação na caixa de diálogo Apresenta- dade desejada.
ções Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. 6. Para adicionar uma transição de slides diferente a
outro slide em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4.
Transição de slides • Adicionar som a transições de slides
As transições de slide são os efeitos semelhantes à ani- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides,
mação que ocorrem no modo de exibição Apresentação clicar na guia Slides.
de Slides quando você move de um slide para o próximo. 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
É possível controlar a velocidade de cada efeito de 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este
transição de slides e também adicionar som. Slide, clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em se-
O Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos guida, seguir um destes procedimentos:
diferentes de transições de slides, incluindo (mas não se • Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o
limitando) as seguintes: som desejado.
• Para adicionar um som não encontrado na lista, se-
lecionar Outro Som, localizar o arquivo de som que você
deseja adicionar e, em seguida, clicar em OK.
4. Para adicionar som a uma transição de slides dife-
rente, repetir as etapas 2 e 3.
72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
É possível executar sua apresentação do Microsoft Of- 1. Miniaturas dos slides que você pode clicar para
fice PowerPoint 2010 de um monitor (por exemplo, em um pular um slide ou retornar para um slide já apresentado.
pódio) enquanto o público a vê em um segundo monitor. 2. O slide que você está exibindo no momento para
Usando dois monitores, é possível executar outros pro- o público.
gramas que não são vistos pelo público e acessar o modo
3. O botão Finalizar Apresentação, que você pode
de exibição Apresentador. Este modo de exibição oferece
clicar a qualquer momento para finalizar a sua apresenta-
as seguintes ferramentas para facilitar a apresentação de
ção.
informação:
o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides 4. O botão Escurecer, que você pode clicar para es-
de uma sequência e criar uma apresentação personalizada curecer a tela do público temporariamente e, em seguida,
para o seu público. clicar de novo para exibir o slide atual.
o A visualização de texto mostra aquilo que o seu pró- 5. Avançar para cima, que indica o slide que o seu
ximo clique adicionará à tela, como um slide novo ou o público verá em seguida.
próximo marcador de uma lista. 6. Botões que você pode selecionar para mover para
o As anotações do orador são mostradas em letras frente ou para trás na sua apresentação.
grandes e claras, para que você possa utilizá-las como um 7. O Número do slide (por exemplo, Slide 7 de 12)
script para a sua apresentação. 8. O tempo decorrido, em horas e minutos, desde o
o É possível escurecer a tela durante sua apresenta- início da sua apresentação.
ção e, depois, prosseguir do ponto em que você parou. 9. As anotações do orador, que você pode usar como
Por exemplo, talvez você não queira exibir o conteúdo do um script para a sua apresentação.
slide durante um intervalo ou uma seção de perguntas e Requisitos para o uso do modo de exibição Apresen-
respostas. tador:
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Confi- 3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis.
gurar servidor manualmente. 4. Clique em Adicionar.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você 5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome
poderá adicionar mais contas clicando em Adicionar outra para o perfil e, em seguida, clique em OK.
conta. Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso
configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado.
6. Clique em Contas de Email.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Observação: Você tem a opção de salvar sua senha A configuração manual de contas do Microsoft Exchan-
digitando-a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção ge não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em exe-
Lembrar senha. Se você escolheu essa opção, não precisará cução. Para adicionar uma conta do Microsoft Exchange,
digitar a senha sempre que acessar a conta. No entanto, siga as etapas de Adicionar a um perfil existente ou Adi-
isso também torna a conta vulnerável a qualquer pessoa cionar a um novo perfil e siga um destes procedimentos:
que tenha acesso ao seu computador. 1. Clique em Definir manualmente as configurações
Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
email como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você 2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, cli-
esteja usando mais de uma conta de email. Clique em Mais que em Avançar.
Configurações. Na guia Geral, em Conta de Email, digite 3. Digite o nome atribuído pelo administrador de
um nome que ajudará a identificar a conta, por exemplo, email para o servidor executando o Exchange.
Meu Email de Provedor de Serviços de Internet Residencial. 4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Ex-
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das con- change, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do
figurações adicionais a seguir. Entre em contato com o seu Exchange.
ISP se tiver dúvidas sobre quais configurações usar para 5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
sua conta de email. usuário atribuído ao administrador de email. Ele não costu-
• Autenticação de SMTP Clique em Mais Confi- ma ser seu nome completo.
gurações. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu 6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos:
servidor de saída de emails requer autenticação, caso isso • Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em
seja exigido pela conta. Conta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a
• Criptografia de POP3 Para contas POP3, clique conta, por exemplo, Meu Email de Trabalho.
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números • Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma
das portas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), das guias, configure as opções desejadas.
marque a caixa de seleção O servidor requer uma conexão • Clique em Verificar Nomes para confirmar se o
criptografada (SSL), caso o provedor de serviços de Inter- servidor reconhece o seu nome e se o computador está
net instrua você a usar essa configuração. conectado com a rede. Os nomes de conta e de servidor
• Criptografia de IMAP Para contas IMAP, clique especificados nas etapas 3 e 5 devem se tornar sublinha-
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números dos. Se isso não acontecer, entre em contato com o admi-
das portas do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), nistrador do Exchange.
7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a
para a opção Usar o seguinte tipo de conexão criptogra-
caixa de diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
fada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso o
8. Clique em Avançar.
provedor de serviços de Internet instrua você a usar uma
9. Clique em Concluir.
dessas configurações.
• Criptografia de SMTP Clique em Mais Configu-
Remover uma conta de email
rações. Na guia Avançada, em Números das portas do ser-
1. Clique na guia Arquivo.
vidor, em Servidor de saída (SMTP), para a opção Usar o
2. Em Informações da Conta, clique em Configura-
seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhu-
ções de Conta e depois em Configurações de Conta.
ma, SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de serviços
de internet instrua você a usar uma dessas configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da
Conta para verificar se a conta está funcionando. Se houver
informações ausentes ou incorretas, como a senha, será so-
licitado que sejam fornecidas ou corrigidas. Verifique se o
computador está conectado com a Internet.
Clique em Avançar.
Clique em Concluir.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Responder ou encaminhar uma mensagem de email Adicionar um anexo a uma mensagem de email
Quando você responde a uma mensagem de email, o Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de
remetente da mensagem original é automaticamente adi- email. Além disso, outros itens do Outlook, como men-
cionado à caixa Para. De modo semelhante, quando você sagens, contatos ou tarefas, podem ser incluídos com as
usa Responder a Todos, uma mensagem é criada e endere- mensagens enviadas.
çada ao remetente e a todos os destinatários adicionais da 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem
mensagem original. Seja qual for sua escolha, você poderá existente, clique em Responder, Responder a Todos ou En-
alterar os destinatários nas caixas Para, Cc e Cco. caminhar.
2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no
Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e grupo Incluir, clique em Anexar Arquivo.
Cco ficam vazias e é preciso fornecer pelo menos um des-
tinatário.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Salvar um anexo
Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá
-lo em uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de
um anexo, você poderá salvar os vários anexos como um
grupo ou um de cada vez.
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
Abrir e salvar anexos texto sem formatação Clique no anexo, no Painel de
Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos Leitura, ou abra a mensagem. Na guia Anexos, no grupo
em uma mensagem de email. As mensagens com anexos Ações, clique em Salvar como. É possível clicar com o botão
são identificadas por um ícone de clipe de papel na lis- direito do mouse no anexo e então clicar em Salvar como.
ta de mensagens. Dependendo do formato da mensagem • Se a mensagem estiver no formato RTF No Pai-
recebida, os anexos são exibidos em um de dois locais na nel de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão
mensagem. direito do mouse no anexo e clique em Salvar como.
• Se o formato da mensagem for HTML ou texto Escolha uma local de pasta e clique em Salvar.
sem formatação, os anexos serão exibidos na caixa de ane- Salvar vários anexos de uma mensagem
xo, sob a linha Assunto. 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, se-
• Se o formato da mensagem for o formato menos lecione os anexos a serem salvos. Para selecionar vários
comum RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos anexos, clique neles mantendo pressionada a tecla CTRL.
no corpo da mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no 2. Execute um dos seguintes procedimentos:
corpo da mensagem, ele continua sendo um anexo sepa- • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
rado. texto sem formatação Na guia Anexos, no grupo Ações,
Observação O formato utilizado na criação da men- clique em Salvar como.
sagem é indicado na barra de título, na parte superior da • Se a mensagem estiver no formato RTF Clique
mensagem. com o botão direito do mouse em uma das mensagens
selecionadas e depois clique em Salvar como.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Abrir um anexo Salvar todos os anexos de uma mensagem
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, cli-
uma mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique que em um anexo.
duas vezes no anexo para abri-lo. 2. Siga um destes procedimentos:
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
o botão direito do mouse na mensagem que contém o texto sem formatação Na guia Anexos, no grupo Ações,
anexo, clique em Exibir Anexos e clique no nome do anexo. clique em Salvar Todos os Anexos.
Observações • Se a mensagem estiver no formato RTF Clique
• Você pode visualizar anexos de mensagens HTML na guia Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage.
ou com texto sem formatação no Painel de Leitura e em Em seguida, clique em Salvar anexos e depois em OK.
mensagens abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele 3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
será exibido no corpo da mensagem. Para voltar à mensa-
gem, na guia Ferramentas de Anexo, no grupo Mensagem, Adicionar uma assinatura de email às mensagens
clique em Mostrar Mensagem. O recurso de visualização Você pode criar assinaturas personalizadas para suas
não está disponível para mensagens RTF. mensagens de email que incluem texto, imagens, seu Car-
• Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arqui- tão de Visita Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma
vos de anexo potencialmente perigosos (inclusive os ar- imagem da sua assinatura manuscrita.
quivos .bat, .exe, .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Criar uma assinatura
Se o Outlook bloquear algum arquivo de anexo em uma • Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem,
mensagem, uma lista dos tipos de arquivos bloqueados no grupo Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas.
será exibida na Barra de Informações, na parte superior da
mensagem.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Criar um contato
Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressio- Contatos podem ser tão simples quanto um nome e
ne CTRL+SHIFT+A. endereço de email ou incluir outras informações detalha-
Agendar uma reunião com outras pessoas das, como endereço físico, vários telefones, uma imagem,
Uma reunião é um compromisso que inclui outras pes- datas de aniversário e quaisquer outras informações que se
soas e pode incluir recursos como salas de conferência. As relacionem ao contato.
respostas às suas solicitações de reunião são exibidas na • Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo
Caixa de Entrada. Novo, clique em Novo Contato.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Novo, clique em Nova Reunião.
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Provedor
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Shareware: Programa demonstração que pode ser O WWW não dispunha de gráficos em seus primór-
utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns dios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto
limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra- WWW ganhou força extra com a inserção de um visualiza-
ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa dor (também conhecido como browser) de páginas capaz
mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas não apenas de formatar texto, mas também de exibir grá-
exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando ficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi
que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por
tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular.
teste, é necessário que seja feito a compra deste programa. Depois disto, várias outras companhias passaram a
produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao
Navegar nas páginas Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape
Consiste percorrer as páginas na internet a partir de Communications, criadora do browser Netscape.
um documento normal e de links das próprias páginas. Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic,
o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
Como salvar documentos, arquivos e sites outros browsers.
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na • menos são excluídas da pesquisa.
pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala- • Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um
vras com ou sem acento. cálculo em um site de pesquisa.
Irá retornar:
INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
Exemplo: comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações
da empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
dos por assunto em categorias. Exemplo: interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
Como escolher palavra-chave sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- nante explosão na informação disponível na Internet, que
cluam a palavra digitada. segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a que tem interessado um número cada vez maior de em-
sequência de termos que foram digitadas. presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
páginas que incluam todas advento e disseminação promete operar uma revolução
• as palavras aleatoriamente na página. tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- cimento das primeiras redes locais de computadores, no
cam antes do sinal de final da década de 80.
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A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, • Ausência de Replicação Embutida – As intranets não
por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir- apresentam nenhuma replicação embutida para usuários
relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen-
da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma volver aplicativos cliente/servidor.
medida da necessidade de uma abordagem organizada. Como a Intranet é ligada à Internet
Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
num ambiente controlado e seguro.
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- HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car- Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas
regamento de páginas de Hipertexto – HTML na internet visando o atendimento do nível de qualidade da
- IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma informação prestada à sociedade, pelo órgão.
máquina na rede O ambiente operacional de computação disponível para
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimen- realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do
to de emails direto no PC via gerenciador de emails MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa- eletrônico, em português e em suas versões padrões mais
drão de envio de emails utilizadas atualmente.
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhan- Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
te ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla-
a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa- da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
gens de email direto no servidor. lhantes.
- FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe-
rência de arquivos 12- As células que contêm cálculos feitos na planilha
Resposta: D eletrônica,
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão
resultados diferentes do original.
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor- (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
reta. (C) somente podem ser copiadas para o editor de tex-
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas- tos dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco co-
tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o lunas.
Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão (D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma
Iniciar do Windows. a uma.
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos sal- (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
vos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de “coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de
modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de tabela.
Modos de Exibição.
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
acesso direto a elas. como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e das e só os números são colados.
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com Resposta: E
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutu- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio
ra de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de bus- do correio eletrônico, deve considerar as operações de
ca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de (A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços
máquinas ligadas à Internet. eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- (C) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
ras e Detalhes. ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
Resposta: B (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
Atenção: Para responder às questões de números (E) de anexação de arquivos e de inserção dos endere-
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: ços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
de computadores. seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va- de a segurança solicitada no enunciado.
lores e totais. Resposta: A
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de-
vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às
informações guardadas.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Resposta: “C”
a) 3, 0 e 7.
Comentários: b) 5, 0 e 7.
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, c) 5, 1 e 2.
e. Entretanto, temos que observar que na questão os itens d) 7, 5 e 2.
d, e, além de receberem taxado, também ficaram em caixa e) 8, 3 e 4.
alta. O único que recebe apenas o taxada, sem alterar outras
formatações foi o item c. Resposta: “C”
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-
werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
Resposta: “D” ser feita na guia
a) Geral.
Comentário: b) Inserir.
Passo 1 c) Animações.
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 d) Apresentação de slides.
e) Revisão.
Resposta: “E”
Comentário:
Resposta: “C”
Comentários:
a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
Click na imagem para melhor visualizar e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Resposta: C
Comentário:
Resposta: E
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza-
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta);
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu oculta o painel PASTAS.
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................................................................................................................................................................. 01
1.1. Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; e
Capítulo II – Dos Direitos Sociais;................................................................................................................................................................. 01
1.2. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo VII – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais;
Seção II – Dos Servidores Públicos; e Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios..... 26
1.3. Título V – Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: Capítulo III – Da Segurança Pública.................132
2. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO........................................................................................................................................... 39
2.1. Título I – Dos Fundamentos do Estado.............................................................................................................................................. 39
2.2. Título II – Da Organização e dos Poderes: Capítulo I – Disposições Preliminares; e Capítulo III – Do Poder
Executivo................................................................................................................................................................................................................. 39
2.3. Título III – Da Organização do Estado: Capítulo I – Da Administração Pública: Seção I – Disposições Gerais: artigos
111 a 114, e 115 “caput” e incisos I a X, XVIII, XIX, XXIV, XXVI e XXVII; Capítulo II – Dos Servidores Públicos do Estado:
Seção I – Dos Servidores Públicos Civis: artigo 124 “caput”, e artigos 125 a 137; Seção II – Dos Servidores Públicos
Militares; Capítulo III – Da Segurança Pública: Seção I – Disposições Gerais; Seção III – Da Polícia Militar.................... 42
2.4. Título VII – Da Ordem Social: Capítulo III – Da Educação, da Cultura e dos Esportes e Lazer: Seção I – Da Educação:
artigos 237 a 249 e 251 a 258; Capítulo VII – Da Proteção Especial: Seção I – Da Família, da Criança, do Adolescente,
do Jovem, do Idoso e dos Portadores de Deficiência........................................................................................................................... 50
2.5. Título VIII – Disposições Constitucionais Gerais: artigos 284 a 291........................................................................................ 52
3. LEI Nº 10.261, de 28 de outubro de 1968 – Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado....................................... 53
4. LEI Nº 10.177, de 30 de dezembro de 1998 – Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Estadual........................................................................................................................................................................................................................ 82
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, de 09 de março de 2001 – Institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar –
RDPM............................................................................................................................................................................................................................. 92
6. LEI COMPLEMENTAR Nº 1.080, de 17 de dezembro de 2008 – Institui Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários
para os servidores das classes que especifica.............................................................................................................................................105
6.1. Capítulo I – Disposição Preliminar.....................................................................................................................................................105
6.2. Capítulo II – Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários: Seção I – Disposições Gerais; Seção II – Do
Ingresso; Seção III – Do Estágio Probatório; Seção IV – Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das Vantagens
Pecuniárias; Seção VII – Da Progressão; Seção VIII – Da Promoção; Seção IX – Da Substituição.....................................106
6.3. Capítulo IV – Disposições Finais: artigos 54 a 56.........................................................................................................................109
7. LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 – Lei de Acesso à Informação; e Decreto n° 58.052, de 16 de maio
de 2012.......................................................................................................................................................................................................................110
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PROF. MA. BRUNA PINOTTI GARCIA OLIVEIRA f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem
um único conjunto de direitos porque não podem ser anali-
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Esta- sados de maneira isolada, separada.
do e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. Mes- g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não
tre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitário se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
Eurípides de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. Professora sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
de curso preparatório para concursos e universitária da Uni- falta de uso (prescrição).
versidade Federal de Goiás – UFG. Autora de diversos traba- h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem
lhos científicos publicados em revistas qualificadas, anais de ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas ou como
eventos e livros, notadamente na área do direito eletrônico, argumento para afastamento ou diminuição da responsabi-
dos direitos humanos e do direito constitucional. lidade por atos ilícitos, assim estes direitos não são ilimita-
dos e encontram seus limites nos demais direitos igualmente
consagrados como humanos.
1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel seu e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
localizado no Brasil (ainda que não resida no país). reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro-
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as priedade, nos termos seguintes [...].
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exige
a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais titu- Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
lares de direitos políticos. inciso:
1.3) Relação direitos-deveres Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan- tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação di-
reitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamentais. Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa re- igualdade de gênero, afirmando que não deve haver nenhu-
conhecida nos direitos fundamentais de que não há direito ma distinção sexo feminino e o masculino, de modo que o
que seja absoluto, correspondendo-se para cada direito um homem e a mulher possuem os mesmos direitos e obriga-
dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é limitado ções.
pelo igual direito de mesmo exercício por parte de outrem, Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais
não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. do que a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a mais ampla.
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de
como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao ti- interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfo-
tular de um direito fundamental corresponde um dever por que que foi dado a este direito foi o de direito civil, enqua-
parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular drando-o na primeira dimensão, no sentido de que a todas
está vinculado aos direitos fundamentais como destinatário as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direitos e
de um dever fundamental. Neste sentido, um direito funda- deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igualdade en-
mental, enquanto protegido, pressuporia um dever corres- quanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos demais
pondente”. Com efeito, a um direito fundamental conferido por meio da equiparação. Basicamente, estaria se falando na
à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço de igualdade perante a lei.
direitos conferidos às outras pessoas. No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
1.4) Direitos e garantias em espécie para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não é
caput: suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas é
preciso buscar progressivamente a igualdade material. No
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem sentido de igualdade material que aparece o direito à igual-
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e dade num segundo momento, pretendendo-se do Estado,
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e exe-
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, cutar a lei, uma postura de promoção de políticas governa-
nos termos seguintes [...]. mentais voltadas a grupos vulneráveis.
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
principais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em sociedade;
consagra o princípio da igualdade e delimita as cinco esfe- e o de igualdade material, correspondendo à necessidade
ras de direitos individuais e coletivos que merecem proteção, de discriminações positivas com relação a grupos vulnerá-
isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. veis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
Os incisos deste artigos delimitam vários direitos e garantias
que se enquadram em alguma destas esferas de proteção, Ações afirmativas
podendo se falar em duas esferas específicas que ganham Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
também destaque no texto constitucional, quais sejam, direi- vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
tos de acesso à justiça e direitos constitucionais-penais. dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
- Direito à igualdade de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
Abrangência concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o tais condições.
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade: Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de um
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito cons- grupo específico não pode ser usada como critério de inclu-
titucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedi- são ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que elas
na, 1998, p. 479. desprivilegiam o critério republicano do mérito (segundo o
2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo público Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a de- a tratamento desumano ou degradante.
terminada categoria); fomentariam o racismo e o ódio; bem
como ferem o princípio da isonomia por causar uma discri- A tortura é um dos piores meios de tratamento desuma-
minação reversa. no, expressamente vedada em âmbito internacional, como
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina constitu-
defende que elas representam o ideal de justiça compen- cional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de
satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas tortura e dá outras providências, destacando-se o artigo 1º:
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los
feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça distri- Art. 1º Constitui crime de tortura:
butiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-se I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
uma concretização do princípio da igualdade material); bem ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
como promovem a diversidade. a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a ver- da vítima ou de terceira pessoa;
dadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
proteção especial ao trabalho da mulher e do menor, as ga- c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
rantias aos portadores de deficiência, entre outras medidas II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
que atribuam a pessoas com diferentes condições, iguais com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri-
possibilidades, protegendo e respeitando suas diferenças3. mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal
Tem predominado em doutrina e jurisprudência, inclusive ou medida de caráter preventivo.
no Supremo Tribunal Federal, que as ações afirmativas são Pena - reclusão, de dois a oito anos.
válidas. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou men-
- Direito à vida tal, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou
Abrangência não resultante de medida legal.
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quan-
ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio- do tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa detenção de um a quatro anos.
humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômicos, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gra-
morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em concei- víssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
tuar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. Sen- § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
do assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o I - se o crime é cometido por agente público;
primeiro valor moral inerente a todos os seres humanos4. II – se o crime é cometido contra criança, gestante, porta-
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de dor de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como III - se o crime é cometido mediante sequestro.
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, in- dobro do prazo da pena aplicada.
cluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como a ga- § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
rantia de recursos que permitam viver a vida com dignidade. graça ou anistia.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó-
incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais e socio-
lógicos. É no direito à vida que se encaixam polêmicas dis- - Direito à liberdade
cussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com células O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
tronco, pena de morte, eutanásia, etc. ção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que
o seguem.
Vedação à tortura
De forma expressa no texto constitucional destaca-se Liberdade e legalidade
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme Prevê o artigo 5º, II, CF:
previsão no inciso III do artigo 5º:
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar
artigos I e II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008, p. 08. O princípio da legalidade se encontra delimitado neste
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer
Zambitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wag- ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim
ner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di- determine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa
reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15. tem liberdade para agir como considerar conveniente.
3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indeni-
com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa zação (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para
é lícito. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer aquele que teve algum direito seu violado (notadamente ine-
como proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como rentes à privacidade ou à personalidade) em decorrência dos
regra, ou seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba. excessos no exercício da liberdade de expressão.
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e
sendo vedado o anonimato. de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos reli-
giosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de culto e a suas liturgias.
pensamento e da liberdade de expressão.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de re- bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou
flexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais religião que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta
do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucio- fé possa se realizar em locais próprios.
nal, ao consagrar a livre manifestação do pensamento, impri- Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos dis-
me a existência jurídica ao chamado direito de opinião”5. Em tintos, porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a
outras palavras, primeiro existe o direito de ter uma opinião, liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberdade de or-
depois o de expressá-la. ganização religiosa.
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra
pensamento e de expressão o direito à escusa por convicção na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a
filosófica ou política: liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou
o direito) de mudar de religião, além da liberdade de não ade-
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por rir a religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo, apenas
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação excluída a liberdade de embaraçar o livre exercício de qualquer
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- religião, de qualquer crença. A liberdade de culto consiste na
ternativa, fixada em lei. liberdade de orar e de praticar os atos próprios das manifesta-
ções exteriores em casa ou em público, bem como a de rece-
Trata-se de instrumento para a consecução do direito as- bimento de contribuições para tanto. Por fim, a liberdade de
segurado na Constituição Federal – não basta permitir que se organização religiosa refere-se à possibilidade de estabeleci-
pense diferente, é preciso respeitar tal posicionamento. mento e organização de igrejas e suas relações com o Estado.
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é li- Como decorrência do direito à liberdade religiosa, assegu-
mitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na rando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria certa
e determinada, permitindo eventuais responsabilizações por Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a presta-
manifestações que contrariem a lei. ção de assistência religiosa nas entidades civis e militares
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: de internação coletiva.
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte- O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos pri-
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- sionais civis e militares, mas também a hospitais.
dentemente de censura ou licença. Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religio-
sa o direito à escusa por convicção religiosa:
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais, Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por moti-
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com re- vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
lação a estas, a exigência de licença para a manifestação do se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
pensamento, bem como veda-se a censura prévia. recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a
divulgação e o acesso a informações como modo de controle Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exem-
do poder. A censura somente é cabível quando necessária plo, a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento mi-
ao interesse público numa ordem democrática, por exemplo, litar, não cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo
censurar a publicação de um conteúdo de exploração sexual em crença religiosa ou convicção filosófica/política, caso em
infanto-juvenil é adequado. que será obrigado a cumprir uma prestação alternativa, isto
5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vi- é, uma outra atividade que não contrarie tais preceitos.
dal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed. São 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
Paulo: Saraiva, 2006. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O livre exercício profissional é garantido, respeitados os Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compul-
limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
advogado aquele que não se formou em Direito e não foi decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil; não julgado.
pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade de me-
dicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no Conselho O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a
Regional de Medicina. associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é pre-
ciso o trânsito em julgado da decisão judicial que assim de-
Liberdade de reunião termine, pois antes disso sempre há possibilidade de reverter
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: a decisão e permitir que a associação continue em funciona-
mento. Contudo, a decisão judicial pode suspender atividades
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, até que o trânsito em julgado ocorra, ou seja, no curso de um
sem armas, em locais abertos ao público, independentemen- processo judicial.
te de autorização, desde que não frustrem outra reunião ante- Em destaque, a legitimidade representativa da associação
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
prévio aviso à autoridade competente.
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na
pressamente autorizadas, têm legitimidade para representar
defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal re-
seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
união. Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva. Ima-
gine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exemplo da
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordiná-
Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em algu-
ria, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de ou-
mas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio
aviso do poder público para que ele organize o policiamento e a tra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
assistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas que A liberdade de associação envolve não somente o direito
tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de armas, de criar associações e de fazer parte delas, mas também o de
totalmente vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: embora não associar-se e o de deixar a associação, conforme artigo
a Marcha da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo Tribu- 5º, XX, CF:
nal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita fosse utilizada).
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a asso-
Liberdade de associação ciar-se ou a permanecer associado.
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, CF:
- Direitos à privacidade e à personalidade
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Abrangência
Prevê o artigo 5º, X, CF:
A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua
perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exerci- Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida pri-
da de forma sazonal, eventual, a liberdade de associação im- vada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
plica na formação de um grupo organizado que se mantém a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
por um período de tempo considerável, dotado de estrutura e violação.
organização próprias.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associa- O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
ções ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade,
O texto constitucional se estende na regulamentação da ao abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é
liberdade de associação. a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo da vida
privada é condição de expansão da personalidade”, mas não
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma caracteriza os direitos de personalidade em si.
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo 7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
vedada a interferência estatal em seu funcionamento. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A união da intimidade e da vida privada forma a privaci- Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
dade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
É possível ilustrar a vida social como se fosse um grande cír- pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
culo no qual há um menor, o da vida privada, e dentro deste gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
um ainda mais restrito e impenetrável, o da intimidade. Com com ele arcar.
efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Con- Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
cêntricos”), importada do direito alemão, quanto mais próxi-
ma do indivíduo, maior a proteção a ser conferida à esfera (as Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecida-
esferas são representadas pela intimidade, pela vida privada, mente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nasci-
e pela publicidade). mento; b) a certidão de óbito.
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois ante-
riores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem O reconhecimento do marco inicial e do marco final da
de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os personalidade jurídica pelo registro é direito individual, não
outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no dependendo de condições financeiras. Evidente, seria ab-
meio social. O direito à imagem também possui duas conota- surdo cobrar de uma pessoa sem condições a elaboração
ções, podendo ser entendido em sentido objetivo, com rela- de documentos para que ela seja reconhecida como viva ou
ção à reprodução gráfica da pessoa, por meio de fotografias, morta, o que apenas incentivaria a indigência dos menos fa-
filmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo, significando o vorecidos.
conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa e reconheci-
das como suas pelo grupo social”8. Direito à indenização e direito de resposta
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviola- dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de res-
bilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e co- posta, conforme as necessidades do caso concreto.
municações. Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, pro-
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
porcional ao agravo, além da indenização por dano mate-
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rial, moral ou à imagem.
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida em
nível constitucional, não aludindo a censura prévia em diver-
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM sões e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorri-
QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador dos no exercício indevido da manifestação do pensamento
foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário
ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou para pres- com a consequente responsabilidade civil e penal de seus
tar socorro (morador teve ataque do coração, está sufocado, autores, decorrentes inclusive de publicações injuriosas na
desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por determina- imprensa, que deve exercer vigilância e controle da matéria
ção judicial. que divulga”9.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica- O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF: de se defender de críticas públicas no mesmo meio em
que foram publicadas garantida exatamente a mesma
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações resposta não é possível reverter plenamente os danos
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipó- causados pela manifestação ilícita de pensamento, razão
teses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
criminal ou instrução processual penal. A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau-
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que
O sigilo de correspondência e das comunicações está pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econômi-
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. co e não econômico.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (ma-
Personalidade jurídica e gratuidade de registro terial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado finan-
Quando se fala em reconhecimento como pessoa peran- ceiramente e indenizado.
te a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos direi- “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
tos de personalidade, consistente na personalidade jurídica. que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatri-
Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido como monial contido nos direitos da personalidade (como a vida,
pessoa perante a lei. a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a inti-
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di- 9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucio-
reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. nal. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
midade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos Função social da propriedade material
atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
de família)”10.
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có- Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade.
digo Civil:
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à principal fator limitador deste direito:
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública,
a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi- Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função
cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa social.
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. considerada como um direito individual nem como institui-
ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos
- Direito à segurança individuais, ela não mais poderá ser considerada puro direito
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- individual, relativizando-se seu conceito e significado, espe-
ção do direito à segurança. Na qualidade de direito indivi- cialmente porque os princípios da ordem econômica são
dual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, desde preordenados à vista da realização de seu fim: assegurar a
sua integridade física e mental, até a própria segurança ju- todos existência digna, conforme os ditames da justiça so-
rídica. cial. Se é assim, então a propriedade privada, que, ademais,
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal tem que atender a sua função social, fica vinculada à conse-
é o direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade cução daquele princípio”.
e liberto de agressões, logo, é uma maneira de garantir o Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
direito à vida. mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade da
direitos aparelha situações, proibições, limitações e proce- pessoa humana. A propriedade de bens e valores em geral é
dimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de
um direito assegurado na Constituição Federal e, como to-
algum direito individual fundamental (intimidade, liberdade
dos os outros, se encontra limitado pelos demais princípios
pessoal ou a incolumidade física ou moral)”.
conforme melhor se atenda à dignidade do ser humano.
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-
A Constituição Federal delimita o que se entende por
se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
função social:
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano,
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desen-
da lei. volvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-es-
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do tar de seus habitantes.
Direito Brasileiro:
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
a coisa julgada. volvimento e de expansão urbana.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado se-
gundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o função social quando atende às exigências fundamentais de
seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles ordenação da cidade expressas no plano diretor13.
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição
pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a pro-
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão priedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
judicial de que já não caiba recurso. graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
- Direito à propriedade II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- veis e preservação do meio ambiente;
ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec- 12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
tual, delimitada em alguns incisos que o seguem. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabili- 13 Instrumento básico de um processo de planejamen-
dad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982. to municipal para a implantação da política de desenvolvimen-
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- to urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados
cional positivo... Op. Cit., p. 437. (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).
8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - observância das disposições que regulam as relações Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietá- Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos
rios e dos trabalhadores. serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pú- e) Nenhum outro imóvel.
blica, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os se- f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a
guintes requisitos específicos: área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labo-
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da localiza- re”. Dependerá do caso concreto.
ção, área urbana é a que está dentro do perímetro urbano.
Pela teoria da destinação, mais importante que a localiza- Uso temporário
ção é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários e No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito
estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para de propriedade que não possui o caráter definitivo da desa-
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da propriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- autoridade competente poderá usar de propriedade particu-
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar lar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve ter dano.
250m², não a área construída (a área de um sobrado, por
exemplo, pode ser maior que a de um terreno). Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de base para capturar um fugitivo), pois o interesse da coletivi-
05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro dade é maior que o do indivíduo proprietário.
do limite da usucapião urbana? Predominou que só corria o
prazo a partir da criação do instituto, não só porque antes Direito sucessório
não existia e o prazo não podia correr, como também não se O direito sucessório aparece como uma faceta do direito
poderia prejudicar o proprietário. à propriedade, encontrando disciplina constitucional no arti-
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, go 5º, XXX e XXXI, CF:
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao
longo de todo o prazo (não só no início ou no final). Logo, Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
não cabe acessio temporis por cessão da posse.
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al- situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este requi- do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
sito é verificado no momento em que completa 5 anos. mais favorável a lei pessoal do de cujus.
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
O direito à herança envolve o direito de receber – seja
taca-se o artigo 191, CF:
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens de
uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa para ou-
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel
tra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou a lei de-
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterrup-
termine. A Constituição estabelece uma disciplina específica
tos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior
para bens de estrangeiros situados no Brasil, assegurando
a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho
que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos brasileiros nos
ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do país estrangeiro).
propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri- Direito do consumidor
dos por usucapião. Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pú- Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei,
blica, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os se- a defesa do consumidor.
guintes requisitos específicos:
a) Imóvel rural O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que a partir do momento em que garante à pessoa que irá adqui-
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da rir bens e serviços que estes sejam entregues e prestados da
Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru- forma adequada, impedindo que o fornecedor se enrique-
ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é ça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da posição
assunto muito controverso. menos favorável e de vulnerabilidade técnica do consumidor.
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo
outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área recente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamen-
é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes tou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de
da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não. 11 de setembro de 1990, conforme determinado pela Cons-
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar tituição Federal de 1988, que também estabeleceu no artigo
na área rural. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e diovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, ba-
vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código sicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edição,
de defesa do consumidor. adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de dados
ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo que estas
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi modalidades de utilização podem se dar a título oneroso ou
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações gratuito.
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de “Os direitos autorais, também conhecidos como co-
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou faz pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis, po-
uso de determinado serviço, enquanto consumidor. dendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se
que a permissão a terceiros de utilização de criações artísti-
Propriedade intelectual cas é direito do autor. [...] A proteção constitucional abrange
Além da propriedade material, o constituinte protege o plágio e a contrafação. Enquanto que o primeiro caracteri-
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo za-se pela difusão de obra criada ou produzida por terceiros,
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: como se fosse própria, a segunda configura a reprodução de
obra alheia sem a necessária permissão do autor”16.
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex-
clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas - Direitos de acesso à justiça
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; A formação de um conceito sistemático de acesso à jus-
tiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos básicos
a) a proteção às participações individuais em obras para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas foram per-
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in- cebidas paulatinamente com a evolução do Direito moderno
clusive nas atividades desportivas; conforme implementadas as bases da onda anterior, quer
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- dizer, ficou evidente aos autores a emergência de uma nova
mico das obras que criarem ou de que participarem aos cria- onda quando superada a afirmação das premissas da onda
dores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais anterior, restando parcialmente implementada (visto que até
e associativas; hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento em to-
das as ondas).
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in- Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu uma
ventos industriais privilégio temporário para sua utilização, onda de concessão de assistência judiciária aos pobres, par-
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das tindo-se da prestação sem interesse de remuneração por
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, parte dos advogados e, ao final, levando à criação de um
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnoló- aparato estrutural para a prestação da assistência pelo Es-
gico e econômico do País. tado.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth18,
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual veio a onda de superação do problema na representação dos
que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto interesses difusos, saindo da concepção tradicional de pro-
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, cesso como algo restrito a apenas duas partes individualiza-
a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os das e ocasionando o surgimento de novas instituições, como
direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes o Ministério Público.
são conexos”. Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira
O artigo 7° do referido diploma considera como obras onda consistente no surgimento de uma concepção mais
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor os ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
textos de obras de natureza literária, artística ou científica; tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras ci- “[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla varie-
nematográficas e televisivas; as composições musicais; foto- dade de reformas, incluindo alterações nas formas de proce-
grafias; ilustrações; programas de computador; coletâneas e dimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a criação de
enciclopédias; entre outras. novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou paraprofissionais,
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, ina- tanto como juízes quanto como defensores, modificações no
lienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito direito substantivo destinadas a evitar litígios ou facilitar sua
de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na 16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fun-
utilização desta, assegurar a integridade desta ou modifi- damentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da
cá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afrontar sua Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e ju-
honra ou imagem. risprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos ar- 17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à
tigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sér-
contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do fa- gio Antônio Fabris Editor, 1998, p. 31-32.
lecimento do último coautor, ou contados do primeiro ano 18 Ibid., p. 49-52
seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza au- 19 Ibid., p. 67-73
12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
solução e a utilização de mecanismos privados ou informais Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da
esfera de representação judicial”. Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos as- ceção.
pectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o
Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas as Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta garantir criado para uma situação pretérita, bem como não reconhe-
meios de acesso se estes forem insuficientes, já que para que cido como legítimo pela Constituição do país.
exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário que se apli-
que o direito material de maneira justa e célere. Tribunal do júri
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: artigo 5º, XXXVIII, CF:
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio b) o sigilo das votações;
de Direito Processual Público subjetivo, também cunhado c) a soberania dos veredictos;
como Princípio da Ação, em que a Constituição garante a d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida em contra a vida.
sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao Poder
Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibilidade, ela O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
será resolvida, independentemente de haver ou não previsão julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o
específica a respeito na legislação. de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e não
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no magistrados, no caso de determinados crimes que por sua
que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favo- natureza possuem fortes fatores de influência emocional.
recidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF: Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí- ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi-
dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência ciais e administrativos.
de recursos. Sigilo das votações envolve a realização de votações se-
cretas, preservando a liberdade de voto dos que compõem
O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso o conselho que irá julgar o ato praticado.
ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efetividade A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a
processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o soberania dos veredictos veda a alteração das decisões dos
inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição: jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal
do Júri para que seja procedido novo julgamento uma vez
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi- cassada a decisão recorrida, haja vista preservar o ordena-
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo mento jurídico pelo princípio do duplo grau de jurisdição.
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o risco
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o de produção do resultado) contra a vida, que são: homicí-
acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa dio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e
que se deve acelerar o processo em detrimento de direitos e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é mitigada,
garantias assegurados em lei, mas sim que é preciso propor- por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, X / 102, I, b)
cionar um trâmite que dure nem mais e nem menos que o ne- e c) / 105, I, a) / 108, I).
cessário para a efetiva realização da justiça no caso concreto.
Anterioridade e irretroatividade da lei
- Direitos constitucionais-penais O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sentencia- É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
do senão pela autoridade competente”, consolida o princípio sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio
do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há
previamente daquele que a julgará no processo em que seja crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação
parte, revestindo tal juízo em jurisdição competente para a ma- legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há crime
téria específica do caso antes mesmo do fato ocorrer. sem lei anterior que o defina.
13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- vel, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado da
se o artigo 5º, XL, CF: sentença condenatória; graça e o indulto apenas extinguem
a punibilidade, persistindo os efeitos do crime, apagados na
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para anistia; graça é em regra individual e solicitada, enquanto o
beneficiar o réu. indulto é coletivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da an- que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra cri-
terioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha mes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previs-
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe- tos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo crimes que não aceitam fiança.
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da irre- contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
troatividade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade
da lei penal mais benéfica. Personalidade da pena
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo
Menções específicas a crimes 5º, XLV, CF:
O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es-
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao do valor do patrimônio transferido.
princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No O princípio da personalidade encerra o comando de o
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
entanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamen-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
to específico a certas práticas criminosas.
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
nos termos da lei.
Individualização da pena
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes A individualização da pena tem por finalidade concre-
resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculiari-
provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda dades do agente.
de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de- A primeira menção à individualização da pena se encon-
curso do tempo). tra no artigo 5º, XLVI, CF:
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian- pena e adotará, entre outras, as seguintes:
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da a) privação ou restrição da liberdade;
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o b) perda de bens;
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles c) multa;
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo d) prestação social alternativa;
evitá-los, se omitirem. e) suspensão ou interdição de direitos.
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e execu-
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto tório, evitando-se a padronização a sanção penal. A indivi-
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a dualização da pena significa adaptar a pena ao condenado,
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o indulto, consideradas as características do agente e do delito.
crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo Poder Le- A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
gislativo, a graça e o indulto são de competência exclusiva com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
do Presidente da República; a anistia pode ser concedida do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
antes da sentença final ou depois da condenação irrecorrí- prisional, por um determinado tempo.
14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do digo Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), que prevê a
patrimônio do indivíduo delituoso. pena de morte a ser executada por fuzilamento nos casos
A prestação social alternativa corresponde às penas restri- tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes militares em
tivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas privati- tempo de guerra.
vas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal. Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer
Por seu turno, a individualização da pena deve também se circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos
fazer presente na fase de sua execução, conforme se depreen- forçados, de banimento e cruéis.
de do artigo 5º, XLVIII, CF: No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que
o trabalho obrigatório não é considerado um tratamento
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabele- contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho força-
cimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a do o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condições
idade e o sexo do apenado. do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar a ca-
pacidade física e intelectual do condenado; como o traba-
lho não existe independente da educação, cabe incentivar
A distinção do estabelecimento conforme a natureza do
o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o trabalho
delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do
deve se aproximar da realidade do mundo externo, será re-
crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato suficiente
munerado; além disso, condições de dignidade e segurança
para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo, o nível de do trabalhador, como descanso semanal e equipamentos de
segurança das prisões. Quanto à idade, destacam-se as Funda- proteção, deverão ser respeitados.
ções Casas, para cumprimento de medida por menores infra-
tores. Quanto ao sexo, prisões costumam ser exclusivamente Respeito à integridade do preso
para homens ou para mulheres. Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Também se denota o respeito à individualização da pena
nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF: Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condi-
ções para que possam permanecer com seus filhos durante o Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral
período de amamentação. do preso é uma violação do princípio da dignidade da pes-
soa humana.
Preserva-se a individualização da pena porque é tomada Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
a condição peculiar da presa que possui filho no período de estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Fe-
amamentação, mas também se preserva a dignidade da crian- deral. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de
ça, não a afastando do seio materno de maneira precária e tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o
impedindo a formação de vínculo pela amamentação. que vale na execução da pena.
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
Vedação de determinadas penas
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF: submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses pre-
vistas em lei.
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc.
do art. 84, XIX;
Pensa-se que seria uma situação constrangedora desneces-
b) de caráter perpétuo;
sária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade moral.
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento; Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
e) cruéis. Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade, Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções de seus bens sem o devido processo legal.
que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem
a constituição físico-psíquica dos condenados”20 . Pelo princípio do devido processo legal a legislação
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando- guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre de
-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se res- vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob pena de
peitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a legislação nulidade processual.
deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser praticado. Surgem como corolário do devido processo legal o con-
No ordenamento brasileiro, este papel é cumprido pelo Có- traditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo
penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. 5º, LV, CF:
15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
ela inerentes. grante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
O devido processo legal possui a faceta formal, pela transgressão militar ou crime propriamente militar, defi-
qual se deve seguir o adequado procedimento na aplicação nidos em lei.
da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a ampla
defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua fa- Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante
ceta material que consiste na tomada de decisões justas, delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da propor- em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas pri-
cionalidade. meiras independente do trânsito em julgado, preenchidos
requisitos legais e a última pela irreversibilidade da conde-
Vedação de provas ilícitas nação).
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao
juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
vas obtidas por meios ilícitos. Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo competente e à família do preso ou à pessoa por ele indi-
157 do CPP, são as obtidas em violação a normas constitu- cada.
cionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de
direito material, constitucional ou legal, no momento da sua Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar o des- os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo en-
cumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir: seria trar em contato com sua família e com um advogado, con-
paradoxal. forme artigo 5º, LXIII, CF:
Presunção de inocência Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direi-
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe asse-
gurada a assistência da família e de advogado.
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório po-
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e licial.
garantias constitucionais.
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata
Ação penal privada subsidiária da pública do depoimento do interrogatório são assinados pelas auto-
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: ridades envolvidas nas práticas destes atos procedimentais.
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri- que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento,
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
legal.
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
A chamada ação penal privada subsidiária da pública relaxada pela autoridade judiciária.
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
são do poder público na atividade de persecução criminal Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o são do artigo 5º, LXVI, CF:
interessado a proponha.
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela
Prisão e liberdade mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
O constituinte confere espaço bastante extenso no ar- ou sem fiança.
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. Ob- Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido
viamente, a prisão não é vedada em todos os casos, porque ao princípio da presunção de inocência, entende-se que ela
práticas atentatórias a direitos fundamentais implicam na não deve ser mantida presa quando não preencher os re-
tipificação penal, autorizando a restrição da liberdade da- quisitos legais para prisão preventiva ou temporária.
quele que assim agiu.
16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Indenização por erro judiciário Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico
encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF: brasileiro porque somente existe previsão constitucional
quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti-
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma-
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata-
fixado na sentença. dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
significa que tais direitos eram menos importantes devido
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
julgamento de um processo criminal, resultando em conde- implícitos.
nação de alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa além do nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
tempo que foi condenada a cumprir. tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
1.5) Direitos fundamentais implícitos
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação
em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti-
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos vos membros:
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte. Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções interna-
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas tes às emendas constitucionais.
exemplificativo, não taxativo.
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados
1.6) Tratados internacionais incorporados ao ordena- de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju-
mento interno rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma-
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante
podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados interna- ao da emenda constitucional.
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurí- possibilidade de considerar como hierarquicamente cons-
dico brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, titucional os tratados internacionais de direitos humanos
que exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bila- que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante-
teral ou multilateral, com posterior assinatura do Presidente da riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se
República), submissão do tratado assinado ao Congresso Na- deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
cional (que dará referendo por meio do decreto legislativo), rati- como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
ficação do tratado (confirmação da obrigação perante a comu- da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
nidade internacional) e a promulgação e publicação do tratado da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
pelo Poder Executivo21. Notadamente, quando o constituinte firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
menciona os tratados internacionais no §2º do artigo 5º refere-
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
se àqueles que tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
artigo 5º, ou seja, tratado internacional de direitos humanos.
revogaria a Constituição no ponto controverso).
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária
na Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos
direitos humanos, desde logo consagrando o princípio da pri- 1.7) Tribunal Penal Internacional
mazia dos direitos humanos, como reconhecido pela doutrina Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
e jurisprudência majoritários na época. “O princípio da prima-
zia dos direitos humanos nas relações internacionais implica Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
em que o Brasil deve incorporar os tratados quanto ao tema Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
ao ordenamento interno brasileiro e respeitá-los. Implica, tado adesão.
também em que as normas voltadas à proteção da dignidade
em caráter universal devem ser aplicadas no Brasil em caráter O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
prioritário em relação a outras normas”22. promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Funda- tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
mentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
Editor, 2008. e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito In- ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
ternacional Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. internacional (artigo 1º, ETPI).
17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju- d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con-
compete o processo e julgamento de violações contra indi- duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se mate-
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra rializado.
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está -lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério
restrita a uma situação específica”23. Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a
Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas so- ação e paciente é aquele que está sendo vítima da restrição
bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida à liberdade de locomoção. As duas figuras podem se con-
em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma- centrar numa mesma pessoa.
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter- f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público
nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra ou privado.
a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão. g) Competência: é determinada pela autoridade coa-
Para o crime de genocídio usa a definição da convenção de tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.:
1948. Como crimes contra a humanidade são citados: assas- Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara
sinato, escravidão, prisão violando as normas internacionais, Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a
violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prostituição autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça.
forçada, esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo
internacional, destruição de bens não justificada pela guerra, 648, CPP:
deportação, forçar um prisioneiro a servir nas forças inimi-
gas, etc.”. Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quan-
do não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso
1.8) Remédios constitucionais por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem
Remédios constitucionais são as espécies de ações ju- ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV -
diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re- quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V
conhecidos no texto constitucional quando a declaração e - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos
a garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifesta-
Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes mente nulo; VII - quando extinta a punibilidade.
direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para
uma forma de violação. i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667
do Código de Processo Penal.
- Habeas corpus.
- Mandado de segurança individual
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu-
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
abuso de poder. agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público.
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXX-
VII, CF. a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de decorrente da sistemática do habeas corpus e das liminares
1215, foi o primeiro documento a mencionar este remédio e possessórias.
o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou. b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com na-
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de tureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos
locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão admi-
remédios constitucionais de direitos que não este, o habeas- nistrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo, por
corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas serve à ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos todos os di-
lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. reitos líquidos e certos à exceção da proteção de direitos hu-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho pre- manos à liberdade de locomoção e ao acesso ou retificação
dominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
vai contra a restrição arbitrária da liberdade. de registros ou bancos de dados de entidades governamen-
23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional tais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos
Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: específicos.
Atlas, 2009. c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza
24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito civil, independente da natureza do ato impugnado (adminis-
Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. trativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança co-
de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando letivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos mem-
já consumado o abuso/ilegalidade. bros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de- § 1º O mandado de segurança coletivo não induz litis-
monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem pendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa
a necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se
célere e sumária do procedimento. não requerer a desistência de seu mandado de segurança no
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran- prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da
gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou impetração da segurança coletiva.
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for- poderá ser concedida após a audiência do representante
mais reconhecidas por lei. judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei - Mandado de injunção.
nº 12.016/09, preceitua que “considera-se autoridade coato-
ra aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
emane a ordem para a sua prática”.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção
coatora. sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prer-
agosto de 2009. rogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
- Mandado de segurança coletivo seja proposto o mandado de injunção são a existência de
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di-
reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à
com mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo
nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
5º, LXX:
norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos
direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo
curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não
pode ser impetrado por: a) partido político com representação
regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de
não sejam aplicáveis.
classe ou associação legalmente constituída e em funciona- b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a
mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
seus membros ou associados. c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou es-
trangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize
a) Origem: Constituição Federal de 1988. direito fundamental não materializável por omissão legis-
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido lativa do Poder público, bem como o Ministério Público na
e certo relacionado a interesses transindividuais (individuais defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a legi-
homogêneos ou coletivos), e devido à questão da legitimi- timidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.
dade ativa, pertencente a partidos políticos e determinadas d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
associações. elaboração de norma regulamentadora for atribuição do Pre-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza sidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um
são os direitos coletivos e os direitos individuais homogê- dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal
neos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos di- Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de Justiça,
fusos, conforme posicionamento amplamente majoritário, já quando a elaboração da norma regulamentadora for atribui-
que, dada sua difícil individualização, fica improvável a verifi- ção de órgão, entidade ou autoridade federal, da administra-
cação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal direito ção direta ou indireta, excetuados os casos da competência
(art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09). do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar,
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci- da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal
plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando as
de partido político com representação no Congresso Nacional, decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem ha-
bem como de organização sindical, entidade de classe ou as- beas corpus, mandado de segurança, habeas data ou manda-
sociação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo do de injunção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça
menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos que Estaduais, frente aos entes a ele vinculados.
atinjam diretamente seus interesses ou de seus membros. e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: 12.016/09, não havendo lei específica.
19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual- que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a
aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali- serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder Ju-
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus diciário em prol de sua efetivação.
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
mais plena possível. 2.3) Princípio da proibição do retrocesso
Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma
um papel direto na promoção dos direitos econômicos, so- conquista garantida na Constituição Federal sofra um retroces-
ciais e culturais, mas também um indireto, quando por meio so, de modo que um direito social garantido não pode deixar
de sua gestão permite que os indivíduos adquiram condi- de o ser.
ções para sustentarem suas necessidades pertencentes a Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve
esta categoria de direitos. ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo enten-
dimento predominante as normas do artigo 7º, CF não são
2.2) Reserva do possível e mínimo existencial cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for alte-
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, rada normativa sobre direito trabalhista assegurado no referido
notadamente porque estão previstos em normas programá- dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-se válida
ticas e porque a implementação deles gera um ônus para o (por exemplo, houve alteração do prazo prescricional diferen-
Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que depen- ciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em hipótese al-
dem de uma postura de abstenção estatal, os direitos sociais guma, pode ser aceito é um retrocesso evidente, seja excluindo
precisam que o Estado assuma um papel ativo em prol da uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saú-
efetivação destes. de), seja diminuindo sensivelmente a abrangência da proteção
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma (ex.: excluindo o ensino médio gratuito).
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne- uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito so-
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequência cial, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador alterar a
de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam com Constituição para retirar este avanço? Por um lado, a proibição
seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder Pú- do retrocesso merece ser tomada em conceito amplo, abran-
blico como determinador de que particulares respeitem os gendo inclusive decisões judiciais; por outro lado, a decisão
direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os admi- judicial não tem por fulcro alterar a norma, o que somente é
nistradores, conseguem cumprir o que consta de seu Esta- feito pelo legislador, e ele teria o direito de prever que aquela
tuto Máximo25. decisão judicial não está incorporada na proibição do retroces-
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a so. A questão é polêmica e não há entendimento dominante.
cláusula da reserva do possível como argumento para a não
implementação de determinado direito social – seja pela 2.4) Direito individual do trabalho
absoluta ausência de recursos (reserva do possível fática), O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
seja pela ausência de previsão orçamentária nos termos do dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais
artigo 167, CF (reserva do possível jurídica). tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais direi-
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que tos fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de traba-
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa lho, sob pena de se incidir em prática de assédio moral).
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi-
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei outros direitos.
Fundamental do Estado”26.
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do pos- Significa que a demissão, se não for motivada por justa cau-
sível, embora viável, não pode servir de muleta para que o sa, assegura ao trabalhador direitos como indenização compen-
Estado não arque com obrigações básicas. Neste viés, geral- satória, entre outros, a serem arcados pelo empregador.
mente, quando invocada a cláusula é afastada, entenden-
do o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se eximir de Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desem-
garantir direitos sociais com o simples argumento de que prego involuntário.
não há orçamento específico para isso – ele deveria ter re-
servado parcela suficiente de suas finanças para atender esta Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do
demanda. empregador, o trabalhador que fique involuntariamente de-
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possí- sempregado – entendendo-se por desemprego involuntá-
vel e mínimo existencial: a pretensão de eficácia da norma rio o que tenha origem num acordo de cessação do contrato
constitucional em face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, a ser arca-
56-57. do pela previdência social, que tem o caráter de assistência
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. financeira temporária.
21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço. Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger
o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído Também conhecido como gratificação natalina, foi insti-
de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, tuída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o traba-
quando o empregador efetua o primeiro depósito. O saldo lhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da
da conta vinculada é formado pelos depósitos mensais efetiva- remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no paga-
dos pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salário pago ao mento de um salário extra ao trabalhador e ao aposentado no
empregado, acrescido de atualização monetária e juros. Com final de cada ano.
o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de formar um patri-
mônio, que pode ser sacado em momentos especiais, como o Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno su-
da aquisição da casa própria ou da aposentadoria e em situa- perior à do diurno.
ções de dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem
justa causa ou em caso de algumas doenças graves. O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redu-
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacional- ção de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo
mente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se noturno,
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educa- nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre as 22:00
ção, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdên- horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas atividades
cia social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder rurais, é considerado noturno o trabalho executado na lavou-
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. ra entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte;
e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas do dia seguinte.
Trata-se de uma visível norma programática da Constitui-
ção que tem por pretensão um salário mínimo que atenda a Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
todas as necessidades básicas de uma pessoa e de sua família. constituindo crime sua retenção dolosa.
Em pesquisa que tomou por parâmetro o preceito constitu-
cional, detectou-se que “o salário mínimo do trabalhador bra- Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há
sileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 em abril para que ele su- no Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação
prisse suas necessidades básicas e da família, segundo estudo de retenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF
divulgado nesta terça-feira, 07, pelo Departamento Intersindi- dizer que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é
cal de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)”27. norma de eficácia limitada, pois depende de lei ordinária, ain-
da mais porque qualquer norma penal incriminadora é regida
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à pela legalidade estrita (artigo 5º, XXXIX, CF).
complexidade do trabalho.
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados,
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-
seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, cons- ção na gestão da empresa, conforme definido em lei.
trutor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chamado de
Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento dentro de A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conhecida
seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é estabelecido também por Programa de Participação nos Resultados (PPR), está
em conformidade com a data base da categoria, por isso ele é prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde a Lei nº
definido em conformidade com um acordo, ou ainda com um 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como um bônus,
entendimento entre patrão e trabalhador. que é ofertado pelo empregador e negociado com uma comissão
de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o empregador a
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o dis- fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
posto em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do de-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão re- pendente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
dução implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão
em massa durante uma crise, situações que devem ser nego- Salário-família é o benefício pago na proporção do respec-
ciadas em convenção ou acordo coletivo. tivo número de filhos ou equiparados de qualquer condição
até a idade de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, in-
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao dependente de carência e desde que o salário-de-contribuição
mínimo, para os que percebem remuneração variável. seja inferior ou igual ao limite máximo permitido. De acordo
com a Portaria Interministerial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014,
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, valor do salário-família será de R$ 35,00, por filho de até 14 anos
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: incompletos ou inválido, para quem ganhar até R$ 682,50. Já
baseada em comissões por venda e metas); para o trabalhador que receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81,
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario- o valor do salário-família por filho de até 14 anos de idade ou
-minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril inválido de qualquer idade será de R$ 24,66.
22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su- não tiver faltado injustificadamente mais de cinco vezes ao
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, serviço (caso isso ocorra, os dias das férias serão diminuídos
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, de acordo com o número de faltas).
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordiná- emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
rio superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.
O salário da trabalhadora em licença é chamado de sa-
A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- lário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele des-
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 contado dos recolhimentos habituais devidos à Previdência
(oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir do último
máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dos mês de gestação, sendo que o período de licença é de 120
empregados maiores ser acrescida de horas suplementares, dias. A Constituição também garante que, do momento em
em número não excedentes a duas, no máximo, para efeito que se confirma a gravidez até cinco meses após o parto, a
de serviço extraordinário, mediante acordo individual, acor- mulher não pode ser demitida.
do coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa. Ex-
cepcionalmente, ocorrendo necessidade imperiosa, poderá Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A re- xados em lei.
muneração do serviço extraordinário, desde a promulgação
da Constituição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
do acordo, convenção ou sentença normativa, e será, no mí- para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
nimo, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
negociação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de 10
anos ou mais de idade, elas são minoria na população ocu-
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
pada, mas estão em maioria entre os desocupados. Acres-
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expressa-
centa-se ainda, que elas são maioria também na população
mente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, obje-
não economicamente ativa. Além disso, ainda há relevante
tivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entretanto, a
diferença salarial entre homens e mulheres, sendo que os
jurisprudência evoluiu para uma interpretação restritiva de
homens recebem mais porque os empregadores entendem
seu teor, tendo como parâmetro o fato de que o trabalho que eles necessitam de um salário maior para manter a famí-
em turnos ininterruptos é por demais desgastante, penoso, lia. Tais disparidades colocam em evidência que o mercado
além de trazer malefícios de ordem fisiológica para o tra- de trabalho da mulher deve ser protegido de forma especial.
balhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que
dificulta o convívio em sociedade e com a própria família. Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo
de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, prefe-
rencialmente aos domingos. Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e qua- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
tro) horas consecutivas, devendo ser concedido preferen- outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem por
cialmente aos domingos, sendo garantido a todo trabalha- finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de traba-
dor urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade de lho, possibilitando ao empregador o preenchimento do car-
trabalho aos domingos, desde que previamente autorizados go vago e ao empregado uma nova colocação no mercado
pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é assegurado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser trabalhado
pelo menos um dia de repouso semanal remunerado coin- ou indenizado.
cidente com um domingo a cada período, dependendo da
atividade (artigo 67, CLT). Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao tra-
balho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambien-
te do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do
O salário das férias deve ser superior em pelo menos um meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubrida-
terço ao valor da remuneração normal, com todos os adicio- de e na ausência de agentes que possam comprometer a
nais e benefícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
doze meses de trabalho – denominado período aquisitivo – 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito
o empregado terá direito a trinta dias corridos de férias, se Ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.
23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ati- pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício
vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador
homem. A duração do auxílio-creche e o valor envolvido va-
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- riarão conforme negociação coletiva na empresa.
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação acordos coletivos de trabalho.
específica previsão sobre o adicional de penosidade.
São consideradas atividades ou operações insalubres as Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho,
que se desenvolvem excesso de limites de tolerância para: que encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º
ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposi- a 11 da Constituição. Pelas convenções e acordos coletivos,
ção ao calor e ao frio, radiações, certos agentes químicos e entidades representativas da categoria dos trabalhadores
biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de trabalho entram em negociação com as empresas na defesa dos inte-
em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a resses da classe, assegurando o respeito aos direitos sociais;
percepção de adicional, incidente sobre o salário base do
empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais benéfi- Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na
ca em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40% forma da lei.
(quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo. homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
O adicional de periculosidade é um valor devido ao em- profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
pregado exposto a atividades perigosas. São consideradas sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
atividades ou operações perigosas, aquelas que, por sua na- na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para
tureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado que possa operá-la).
em virtude de exposição permanente do trabalhador a infla-
máveis, explosivos ou energia elétrica; e a roubos ou outras Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de traba-
espécies de violência física nas atividades profissionais de lho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
segurança pessoal ou patrimonial. O valor do adicional de este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
periculosidade será o salário do empregado acrescido de
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prê-
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi-
mios ou participações nos lucros da empresa.
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendi-
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma
mento unânime sobre a possibilidade de cumulação destes
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ-
adicionais.
dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua que
acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do traba-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. lho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho, pro-
vocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
A aposentadoria é um benefício garantido a todo traba- a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,
lhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que te- da capacidade para o trabalho.
nha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribui-
(INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previdência ção com natureza de tributo que as empresas pagam para
Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. Aliás, o custear benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho
direito à previdência social é considerado um direito social ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria especial.
no próprio artigo 6º, CF. A alíquota normal é de um, dois ou três por cento sobre
a remuneração do empregado, mas as empresas que ex-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e de- põem os trabalhadores a agentes nocivos químicos, físicos
pendentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em e biológicos precisam pagar adicionais diferenciados. Assim,
creches e pré-escolas. quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atualmente o
Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se a
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com empresa investir na segurança do trabalho.
mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físi- Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
co para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquan- ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o
to elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos be- trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibilidade
bês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para de cumulação do benefício previdenciário, assim compreen-
que ela pague uma creche para o bebê de até 6 meses. O dido como prestação garantida pelo Estado ao trabalhador
valor desse auxílio será determinado conforme negociação acidentado (responsabilidade objetiva) com a indenização
coletiva na empresa (acordo da categoria ou convenção). A devida pelo empregador em caso de culpa (responsabilida-
empresa que tiver menos de 30 funcionárias registradas não de subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundida na
tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo (ela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan- A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de do artigo 7º:
dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à catego-
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela ju- ria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
risdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, há incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
um período de tempo que o empregado tem para requerer XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições esta-
seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição trabalhista é belecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento
sempre de 2 (dois) anos a partir do término do contrato de das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes
trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 (cinco) anos an- da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos
teriores, ou de 05 (cinco) anos durante a vigência do contrato incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração
de trabalho. à previdência social.
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de 2.5) Direito coletivo do trabalho
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
sexo, idade, cor ou estado civil. dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletividade,
Há uma tendência de se remunerar melhor homens bran- quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, subs-
cos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a tituição processual, participação e representação classista29.
diferença remuneratória para com pessoas de diferente etnia, A liberdade de associação profissional ou sindical tem
faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta contra o princípio escopo no artigo 8º, CF:
da igualdade e não é aceita pelo constituinte, sendo possível
inclusive invocar a equiparação salarial judicialmente. Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
cal, observado o seguinte:
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão com-
portador de deficiência.
petente, vedadas ao Poder Público a interferência e a inter-
venção na organização sindical;
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limita-
II - é vedada a criação de mais de uma organização
ções, possui condições de ingressar no mercado de trabalho
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
e não pode ser preterida meramente por conta de sua defi-
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
ciência.
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessa-
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho dos, não podendo ser inferior à área de um Município;
manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais res- III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
pectivos. coletivos ou individuais da categoria, inclusive em ques-
tões judiciais ou administrativas;
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, não se tratando de categoria profissional, será descontada em
cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por se en- folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
quadrar numa ou outra categoria. ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
prevista em lei;
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, pe- V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
rigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer filiado a sindicato;
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne-
aprendiz, a partir de quatorze anos. gociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vota-
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele- do nas organizações sindicais;
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicaliza-
trabalho em condições desfavoráveis. do a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalha- ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos
dor com vínculo empregatício permanente e o trabalhador termos da lei.
avulso. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescado-
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- res, atendidas as condições que a lei estabelecer.
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de
mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um traba- 29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
lhador com vínculo empregatício permanente. esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta
tigo 9º, CF: de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e so- também, ao seguinte: [...]
bre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais São princípios da administração pública, nesta ordem:
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da Legalidade
comunidade. Impessoalidade
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às Moralidade
penas da lei. Publicidade
Eficiência
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
o exercício do direito de greve, define as atividades essen- mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da
ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da Administração Pública. É de fundamental importância um
comunidade, e dá outras providências. Enquanto não for olhar atento ao significado de cada um destes princípios,
disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, esta posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas
é a legislação que se aplica, segundo o STF. no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa,
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho30 e
Spitzcovsky31:
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalha- a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe.
em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam Contudo, como a administração pública representa os inte-
objeto de discussão e deliberação. resses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subor-
dinação, pela qual só poderá fazer o que a lei expressamen-
Por fim, aborda-se o direito de representação classista
te determina (assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior
no artigo 11, CF:
editando a matéria para que seja preservado o princípio da
legalidade). A origem deste princípio está na criação do Es-
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empre-
tado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve
gados, é assegurada a eleição de um representante destes
respeitar as leis que dita.
com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
direto com os empregadores.
ses que representa, a administração pública está proibida de
promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar al-
1.2. TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO guém de forma diferente dos demais, privilegiando ou pre-
DO ESTADO: CAPÍTULO VII – DA judicando. Segundo este princípio, a administração pública
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: SEÇÃO I – deve tratar igualmente todos aqueles que se encontrem na
mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou igualda-
DISPOSIÇÕES GERAIS; SEÇÃO II – DOS
de). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no que
SERVIDORES PÚBLICOS; E SEÇÃO III – DOS tange à contratação de serviços. O princípio da impessoali-
MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO dade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo qual o
FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. alvo a ser alcançado pela administração pública é somente
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não
pode influenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se
1) Princípios da Administração Pública buscar somente a preservação do interesse coletivo.
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio
que ele consolide o bem comum e garanta a preservação no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma
dos interesses da coletividade, se encontram exteriorizados espécie de moralidade administrativa, intimamente relacio-
em princípios e regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos nada ao poder público. A administração pública não atua
na Constituição Federal e em legislações infraconstitucio- como um particular, de modo que enquanto o descumpri-
nais, a exemplo das que serão estudadas neste tópico, quais mento dos preceitos morais por parte deste particular não é
sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e Lei n° 8.429/92. punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurídico adota
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no se- tratamento rigoroso do comportamento imoral por parte
tor público partem da Constituição Federal, que estabelece dos representantes do Estado. O princípio da moralidade
alguns princípios fundamentais para a ética no setor público. deve se fazer presente não só para com os administrados,
Em outras palavras, é o texto constitucional do artigo 37, 30 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
especialmente o caput, que permite a compreensão de boa direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
parte do conteúdo das leis específicas, porque possui um 2010.
caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da 31 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
administração pública. Estabelece a Constituição Federal: ed. São Paulo: Método, 2011.
26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente li- Além destes cinco princípios administrativo-constitucio-
gado à noção de bom administrador, que não somente deve nais diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser
ser conhecedor da lei, mas também dos princípios éticos re- apontados como princípios de natureza ética relacionados à
gentes da função administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ função pública a probidade e a motivação:
DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a in- a) Princípio da probidade: um princípio constitucional
trínseca ligação com os dois princípios anteriores. incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o de-
d) Princípio da publicidade: A administração pública ver de todo o administrador público, o dever de honestidade
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus e fidelidade com o Estado, com a população, no desempe-
atos e a todas informações armazenadas nos seus bancos de nho de suas funções. Possui contornos mais definidos do que
dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e a afixação a moralidade. Diógenes Gasparini32 alerta que alguns autores
de portarias. Por exemplo, a própria expressão concurso pú- tratam veem como distintos os princípios da moralidade e
blico (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que todos devem da probidade administrativa, mas não há características que
tomar conhecimento do processo seletivo de servidores do permitam tratar os mesmos como procedimentos distintos,
Estado. Diante disso, como será visto, se negar indevida- sendo no máximo possível afirmar que a probidade adminis-
mente a fornecer informações ao administrado caracteriza trativa é um aspecto particular da moralidade administrativa.
ato de improbidade administrativa. b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o administrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de
princípio da publicidade seja deturpado em propaganda po- efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios,
lítico-eleitoral: um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não
há o devido processo legal, uma vez que a fundamentação
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, surge como meio interpretativo da decisão que levou à prática
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do
caráter educativo, informativo ou de orientação social, controle da legalidade dos atos da Administração.
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores ao caso concreto e relacionar os fatos que concretamente
públicos. levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos
administrativos devem ser motivados para que o Judiciário
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a possa controlar o mérito do ato administrativo quanto à sua
legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os instru- legalidade. Para efetuar esse controle, devem ser observados
mentos para proteção são o direito de petição e as certidões os motivos dos atos administrativos.
(art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - Em relação à necessidade de motivação dos atos admi-
do mandado de segurança. Neste viés, ainda, prevê o artigo nistrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único
37, CF em seu §3º: comportamento possível) e dos atos discricionários (aqueles
que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um ou
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- mais comportamentos possíveis, de acordo com um juízo de
ticipação do usuário na administração pública direta e conveniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na de-
indireta, regulando especialmente: terminação da obrigatoriedade de motivação com relação
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços pú- aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge quanto
blicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de à referida necessidade quanto aos atos discricionários.
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e Meirelles33 entende que o ato discricionário, editado sob
interna, da qualidade dos serviços; os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunida-
a informações sobre atos de governo, observado o disposto de, não sendo necessária a motivação. No entanto, se houver
no art. 5º, X e XXXIII; tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em
III - a disciplina da representação contra o exercício ne- razão da necessidade de observância da Teoria dos Motivos
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na adminis- Determinantes. O entendimento majoritário da doutrina, po-
tração pública. rém, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a
motivação para que se saiba qual o caminho adotado pelo
e) Princípio da eficiência: A administração pública deve administrador. Gasparini34, com respaldo no art. 50 da Lei
manter o ampliar a qualidade de seus serviços com contro- n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
le de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para
concurso público seleciona os mais qualificados ao exercí- todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes,
cio do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois tanto os atos discricionários quanto os vinculados.
é possível exonerar um servidor público por ineficiência) e 32 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
ao controlar gastos (limitando o teto de remuneração), por ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
exemplo. O núcleo deste princípio é a procura por produti- 33 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
vidade e economicidade. Alcança os serviços públicos e os brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
serviços administrativos internos, se referindo diretamente à 34 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
conduta dos agentes. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser- No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
vidores nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin- concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
cípios da administração pública estudados no tópico ante- atividade profissional também é considerado. Cargo em
rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso
Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus público, sendo exceção à regra geral.
incisos, regras mínimas sobre o serviço público:
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso públi-
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas co será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi- período.
tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei. Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
visto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº público de provas ou de provas e títulos será convocado com
8.112/1990, que prevê: prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
investidura em cargo público: Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos; Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do única vez, por igual período.
cargo; §1º O prazo de validade do concurso e as condições de
V - a idade mínima de dezoito anos; sua realização serão fixados em edital, que será publicado
VI - aptidão física e mental. no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande cir-
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên- culação.
cia de outros requisitos estabelecidos em lei. [...] § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver can-
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí- didato aprovado em concurso anterior com prazo de vali-
fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com dade não expirado.
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
com as normas e os procedimentos desta Lei. O edital delimita questões como valor da taxa de inscri-
ção, casos de isenção, número de vagas e prazo de valida-
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº de. Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo do
8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no arti- concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga
go 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros as- e não ser realizado novo concurso.
sumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia. Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú- Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos in-
blico depende de aprovação prévia em concurso público cisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a na- autoridade responsável, nos termos da lei.
tureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabiliza-
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. ção daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingres-
so no serviço público, que em regra se dá por concurso de
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: provas ou de provas e títulos.
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas ex-
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de clusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro- cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
vas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo carreira nos casos, condições e percentuais mínimos pre-
de sua validade. vistos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção,
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso chefia e assessoramento.
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus
regulamentos.
28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.
A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito indi-
vidual e de direito social.
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela pre-
servação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários públicos,
deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº
20).
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência
e definirá os critérios de sua admissão.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público.
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor
contratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o
Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de
Poder Público, ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconizado
pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado) quanto
administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não deixa, entretanto, de ser legíti-
ma. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se
em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às exigências do Estado moderno, que procura
alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos não-governamentais”36.
35 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
36 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcio-
nal interesse público. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso
em: 23 dez. 2014.
29
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públi- Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le-
cos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente gislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, ob- Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centé-
servada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revi- simos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Mi-
são geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de nistros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
índices. Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocu-
pantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. res aos pagos pelo Poder Executivo.
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou
dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, empre- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per-
go ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância su-
na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos perior à soma dos valores percebidos como remuneração, em
em comissão declarados em lei de livre nomeação e exone- espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes,
ração. pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacio-
nal e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único.
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar- Excluem-se do teto de remuneração as vantagens previstas
tigos 40 e 41: nos incisos II a VII do art. 61.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer- Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
cício de cargo público, com valor fixado em lei. fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele- dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
cidas em lei. deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou em lei.
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de ór- Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI
gão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remu- do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Dis-
neração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93. trito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às res-
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- pectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único,
tagens de caráter permanente, é irredutível. o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para car- Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte
gos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Minis-
ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vanta- tros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto
gens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Dis-
local de trabalho. tritais e dos Vereadores.
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
salário mínimo. Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi-
paração salarial:
Ainda, o artigo 37 da Constituição:
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipa-
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocu- ração de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
pantes de cargos, funções e empregos públicos da admi- remuneração de pessoal do serviço público.
nistração direta, autárquica e fundacional, dos membros
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo política de administração e remuneração de pessoal, inte-
e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou grado por servidores designados pelos respectivos Poderes
outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia constitucio-
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- nal de tratamento igualitário aos cargos que se mostrem
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em similares.
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, apli-
cando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefei- Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi-
to, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do dos por servidor público não serão computados nem acu-
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A preocupação do constituinte, ao implantar tal precei- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se apli-
to, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório dos ca à remuneração devida pela participação em conselhos de
servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem como administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma, qual- economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
quer gratificação que venha a ser concedida ao servidor só quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
pode ter como base de cálculo o próprio vencimento bási- indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
co. É inaceitável que se leve em consideração outra vanta- vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
gem até então percebida.
Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao re-
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada gime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos,
de cargos públicos, exceto, quando houver compatibili- quando investido em cargo de provimento em comissão, fica-
dade de horários, observado em qualquer caso o disposto rá afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em
no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um que houver compatibilidade de horário e local com o exercício
cargo de professor com outro, técnico ou científico; c) a de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos ór-
de dois cargos ou empregos privativos de profissionais gãos ou entidades envolvidos.
de saúde, com profissões regulamentadas.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta- República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
mente, pelo poder público. constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
servidores públicos, o que se constata observando o eleva-
Segundo Carvalho Filho37, “o fundamento da proibição do número de processos administrativos instaurados com
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
lei em comentário, um processo administrativo simplificado
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
(processo disciplinar de rito sumário) para a apuração dessa
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra consti-
infração – art. 133” 38.
tucional proibitiva”.
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão:
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos pre- servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera- e jurisdição, precedência sobre os demais setores adminis-
da de cargos públicos. trativos, na forma da lei.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos,
empregos e funções em autarquias, fundações públicas, Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
empresas públicas, sociedades de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
dos Municípios. por servidores de carreiras específicas, terão recursos priori-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica tários para a realização de suas atividades e atuarão de
condicionada à comprovação da compatibilidade de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de ca-
horários. dastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com “O Estado tem como finalidade essencial a garantia do
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públi-
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ativi- cos que disponibiliza, seja através de investimentos na área
dade. social (educação, saúde, segurança pública). Para atingir
esses objetivos primários, deve desenvolver uma atividade
Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá financeira, com o intuito de obter recursos indispensáveis às
exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso necessidades cuja satisfação se comprometeu quando esta-
previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado beleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] A importância
pela participação em órgão de deliberação coletiva. 38 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Ser-
37 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de vidores Públicos da União. Disponível em: <http://www.ca-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, naldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>.
2010. Acesso em: 11 ago. 2013.
31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati- A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de para licitações e contratos da Administração Pública e dá
qualquer delas em empresa privada. outras providências. Licitação nada mais é que o conjunto
de procedimentos administrativos (administrativos porque
Órgãos da administração indireta somente podem ser parte da administração pública) para as compras ou serviços
criados por lei específica e a criação de subsidiárias destes contratados pelos governos Federal, Estadual ou Municipal,
dependem de autorização legislativa (o Estado cria e contro- ou seja todos os entes federativos. De forma mais simples,
la diretamente determinada empresa pública ou sociedade podemos dizer que o governo deve comprar e contratar ser-
de economia mista, e estas, por sua vez, passam a gerir uma viços seguindo regras de lei, assim a licitação é um processo
nova empresa, denominada subsidiária. Ex.: Transpetro, sub- formal onde há a competição entre os interessados.
sidiária da Petrobrás). “Abrimos um parêntese para observar
que quase todos os autores que abordam o assunto afir- Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres-
mam categoricamente que, a despeito da referência no tex- crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
to constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respec-
no inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades
tivas ações de ressarcimento.
de economia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de
controle que existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsi-
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
diária seria própria de pessoas com estrutura empresarial, e
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
inadequada a autarquias e fundações públicas. OUSAMOS
DISCORDAR. Parece-nos que, se o legislador de um ente
Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar pres-
federado pretendesse, por exemplo, autorizar a criação de
uma subsidiária de uma fundação pública, NÃO haveria base creverá:
constitucional para considerar inválida sua autorização”40. I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis- demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto destituição de cargo em comissão;
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF: II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em
e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e que o fato se tornou conhecido.
indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser fir- § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli-
mado entre seus administradores e o poder público, que tenha cam-se às infrações disciplinares capituladas também como
por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou crime.
entidade, cabendo à lei dispor sobre: § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
I - o prazo de duração do contrato; cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, proferida por autoridade competente.
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
III - a remuneração do pessoal. meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
empresas públicas e às sociedades de economia mista e direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5
suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Es- anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade
tados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as menos
de despesas de pessoal ou de custeio em geral. graves (pena de advertência), contados da data em que o
39 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_ fato se tornou conhecido pela administração pública. Se a
tributaria_sao_paulo.htm infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescricio-
40 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo nais do direito penal, mais longos, logo, menos favoráveis
Descomplicado. São Paulo: GEN, 2014. ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a con-
32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da Destaca-se um conceito mais amplo de agente público pre-
abertura da sindicância ou processo administrativo discipli- visto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o
nar até a decisão final proferida por autoridade competente agente público pode ser ou não um servidor público. Ele poderá
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa estar vinculado a qualquer instituição ou órgão que desempenhe
a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor diretamente o interesse do Estado. Assim, estão incluídos todos os
ação disciplinar. integrantes da administração direta, indireta e fundacional, confor-
me o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as privada que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% do patri-
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- mônio ou receita anual. Caso a verba pública que tenha auxiliado
ções privilegiadas. uma entidade privada a qual o Estado não tenha concorrido para
criação ou custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei.
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre Em caso de custeio/criação pelo Estado que seja inferior a 50%
do patrimônio ou receita anual, a legislação ainda se aplica. Entre-
o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego
tanto, nestes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que
do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao
o ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Signi-
exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da Lei
fica que se o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição
nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provisórias
por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser buscado
nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, de 4 de por outra via que não a ação de improbidade administrativa.
setembro de 2001. A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de im-
Neste sentido, conforme seu artigo 1º: probidade administrativa em três categorias:
a) Ato de improbidade administrativa que importe en-
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu- riquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou O grupo mais grave de atos de improbidade administrati-
emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos va se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito +
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham resultante de uma vantagem patrimonial indevida + em ra-
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste- zão do exercício de cargo, mandato, emprego, função ou ou-
riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências tra atividade nas entidades do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte- O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não
resses regulam-se pelo disposto nesta Lei. se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos
ditames morais, notadamente no desempenho de função de
3) Atos de improbidade administrativa interesse estatal.
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa, Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilí-
que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de cita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido
desonestidade administrativa. A improbidade é uma lesão dano aos cofres públicos (por exemplo, quando um policial re-
ao princípio da moralidade, que deve ser respeitado estri- cebe propina pratica ato de improbidade administrativa, mas
tamente pelo servidor público. O agente ímprobo sempre não atinge diretamente os cofres públicos).
será um violador do princípio da moralidade, pelo qual “a Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer
Administração Pública deve agir com boa-fé, sinceridade, ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas
probidade, lhaneza, lealdade e ética”41. as condutas configuram atos dolosos (com intenção). Não
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada de- cabe prática por omissão.42
b) Ato de improbidade administrativa que importe le-
vido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes do
são ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
serviço público que se intensificavam com a ineficácia do
O grupo intermediário de atos de improbidade adminis-
diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu,
trativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário
assim, da necessidade de acabar com os atos atentatórios à
ou aos cofres públicos + gerando perda patrimonial ou dila-
moralidade administrativa e causadores de prejuízo ao erá- pidação do patrimônio público. Assim como o artigo anterior,
rio público ou ensejadores de enriquecimento ilícito, infeliz- o caput descreve a fórmula genérica e os incisos algumas ati-
mente tão comuns no Brasil. tudes específicas que exemplificam o seu conteúdo43.
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi- Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: des-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos vio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos 9º, transferência indevida para a própria propriedade; malbarata-
10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A existência de mento, que significa desperdício; e dilapidação, que se refere
esferas distintas de responsabilidade (civil, penal e adminis- a destruição44.
trativa) impede falar-se em bis in idem, já que, ontologica-
mente, não se trata de punições idênticas, embora baseadas 42 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
no mesmo fato, mas de responsabilização em esferas distin- ed. São Paulo: Método, 2011.
tas do Direito. 43 Ibid.
41 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional 44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú- Com efeito, os atos de improbidade administrativa não
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfe-
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. ra cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure simultanea-
Este artigo admite expressamente a variante culposa, o mente um ato de improbidade administrativa desta lei e um
que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp crime previsto na legislação penal, o que é comum no caso do
n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitu- artigo 9°, responderá o agente por ambos, nas duas esferas.
cionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte for-
consolidou a tese de que é indispensável a existência ma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passi-
de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao vo) e daqueles que podem praticar os atos de improbidade
menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação do
dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo com dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio público;
o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quan- após, traz a tipologia dos atos de improbidade administrati-
va, isto é, enumera condutas de tal natureza; seguindo-se à
do o agente não pretende atingir o resultado danoso, mas
definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, descreve os
atua com negligência, imprudência ou imperícia (REsp n°
procedimentos administrativo e judicial.
1.127.143)”45. Para Carvalho Filho46, não há inconstitucio-
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob-
nalidade na modalidade culposa, lembrando que é possível
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevi-
dosar a pena conforme o agente aja com dolo ou culpa. da) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá não
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi- só reparar eventual dano causado mas também colocar nos
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. Ou seja,
basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem indevi- poderá pagar somente o que enriqueceu indevidamente ou
da, incide no artigo anterior. Exceto pela não percepção da este valor acrescido do valor do prejuízo causado aos cofres
vantagem indevida, os tipos exemplificados se aproximam públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de ganhar). No
muito dos previstos nos incisos do art. 9°. caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, mas
c) Ato de improbidade administrativa que atente sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (even-
contra os princípios da administração pública (artigo 11, tualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o va-
Lei nº 8.429/1992) lor adquirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons- máximo que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido
titui ato de improbidade administrativa que atenta contra ressarcimento. Além disso, em todos os casos há perda da
os princípios da administração pública qualquer ação ou função pública. Nas três categorias, são estabelecidas san-
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialida- ções de suspensão dos direitos políticos, multa e vedação
de, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo mais de contratação ou percepção de vantagem, graduadas con-
ameno de atos de improbidade administrativa se caracteriza forme a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura
pela simples violação a princípios da administração pú- do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF,
blica, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do sujeito ati- que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im-
vo que viole os ditames éticos do serviço público. Isto é, o portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
legislador pretende a preservação dos princípios gerais da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
administração pública47. mento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Bas- prejuízo da ação penal cabível”.
ta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis o A única sanção que se encontra prevista na Lei nº
enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos- 8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de multa.
(art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade dis-
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
to, pois nada impediria que o legislador infraconstitucional
embora caiba a prática por ação ou omissão.
ampliasse a relação mínima de penalidades da Constituição,
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade
pois esta não limitou tal possibilidade e porque a lei é o ins-
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian- trumento adequado para tanto48.
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se Carvalho Filho49 tece considerações a respeito de algu-
de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato de mas das sanções:
improbidade administrativa não tiver gerado obtenção de - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
vantagem os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se
45 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem
administrativa: desonestidade na gestão dos recursos públi- escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve derivar
cos. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publica- de origem ilícita”.
cao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>. Acesso - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que
em: 26 mar. 2013. engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária
46 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de e juros de mora.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
2010. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
47 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. 2010.
ed. São Paulo: Método, 2011. 49 Ibid.
34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Perda de função pública: “se o agente é titular de Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão volun-
mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassação. tária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
público. Havendo contrato de trabalho (servidores trabalhistas
e temporários), a perda da função pública se consubstancia Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
pela rescisão do contrato com culpa do empregado. No caso civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
de exercer apenas uma função pública, fora de tais situações, a (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
perda se dará pela revogação da designação”. Lembra-se que culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
determinadas autoridades se sujeitam a procedimento espe- violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal
cial para perda da função pública, ponto em que não se aplica (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano
a Lei de Improbidade Administrativa. causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que
- Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econômi-
flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta co e não econômico).
margem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial
base de cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano
base será o valor do enriquecimento ou o valor do dano ou específico, individualizado, que atinge determinada ou deter-
o valor da remuneração do agente). A natureza da multa é de minadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os pro-
sanção civil, não possuindo caráter indenizatório, mas punitivo. blemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, infeliz-
- Proibição de receber benefícios: não se incluem as imu- mente os assaltos são comuns e o Estado não responde por
nidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio todo assalto que ocorra, a não ser que na circunstância es-
majoritário da instituição vitimada. pecífica possuía o dever de impedir o assalto, como no caso
- Proibição de contratar: o agente punido não pode parti- de uma viatura presente no local - muito embora o direito
cipar de processos licitatórios. à segurança pessoal seja um direito humano reconhecido).
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro
4) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores da administração pública, tenha ingressado ou não por con-
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do curso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os agentes
direito obrigacional, uma vez que a principal consequência da políticos, os servidores públicos em geral (funcionários, em-
prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu pregados ou temporários) e os particulares em colaboração
auto de reparar o dano, mediante o pagamento de indeniza- (por exemplo, jurado ou mesário).
ção que se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
ato ou incorre em omissão que gere dano deve suportar as qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão das
consequências jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilí- prerrogativas do cargo, não agindo como um particular.
brio social.50 Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Es-
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, poden- tado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais
do recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim,
da herança, embora existam reflexos na ação que apure a res- não é qualquer dano que permite a responsabilização civil do
ponsabilidade civil conforme o resultado na esfera penal (por Estado, mas somente aquele que é causado por um agente
exemplo, uma absolvição por negativa de autoria impede a público no exercício de suas funções e que exceda as expec-
condenação na esfera cível, ao passo que uma absolvição por tativas do lesado quanto à atuação do Estado.
falta de provas não o faz). É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola
A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocí- os direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
nio de que a principal consequência da prática de um ato ilícito por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta-
mediante o pagamento de indenização que se refere às per- do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que
das e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da res- o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
ponsabilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do pagando pela indenização (reparação dos danos materiais e
dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos que morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de
causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de indenizar os regresso se agiram com dolo ou culpa.
membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
durante a prestação do serviço, inclusive se tais danos carac-
terizarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos. Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não e as de direito privado prestadoras de serviços públicos res-
depende de ajuste prévio, basta a caracterização de elemen- ponderão pelos danos que seus agentes, nessa qualida-
tos genéricos pré-determinados, que perpassam pela leitura de, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Constituição Federal (artigo 37, §6°).
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídi-
se encontram no art. 186 do Código Civil: ca autônoma entre o Estado e o agente público que causou
50 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a
Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Es-
35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual do Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a plena
foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer em
é justamente o direito de acionar o causador direto do dano território nacional.
para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada Diante de tal premissa, entende-se que a responsabili-
a existência de uma relação obrigacional que se forma entre dade civil do Estado será objetiva apenas no caso de ações,
a vítima e a instituição que o agente compõe. mas subjetiva no caso de omissões. Em outras palavras,
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas condições de
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir quando tinha
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi plenas condições de fazê-lo, acarretando em prejuízo dentro
pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas de sua previsibilidade.
incompatíveis com o comportamento ético dele esperado.51 São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade
A responsabilidade civil do servidor exige prévio proces- omissiva do Estado: morte de filho menor em creche mu-
so administrativo disciplinar no qual seja assegurado contra- nicipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa de
ditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos
subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omissão com provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais
culpa do servidor que gere dano ao erário (Administração) quando o Estado sabia da problemática e não tomou provi-
ou a terceiro (administrado), o servidor terá o dever de in- dência para evitá-las, morte de detento em prisão, incêndio
denizar. em casa de shows fiscalizada com negligência, etc.
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos vio- Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado.
ladores de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade Há excludentes da responsabilidade estatal, notadamen-
penal e à responsabilidade administrativa, todas autôno- te: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da
mas uma com relação à outra e à já mencionada responsa- natureza) fora dos alcances da previsibilidade do dano; b)
bilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90: culpa exclusiva da vítima.
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais 5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú-
e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes blicos
entre si. A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor
público encontra previsão constitucional em seu artigo 38,
No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamen- que notadamente estabelece quais tipos de mandatos ge-
te acionado e responde pelos atos de seus servidores que ram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta a
violem direitos humanos, cabendo eventualmente ação de questão remuneratória:
regresso contra ele. Contudo, nos casos da responsabilida-
de penal e da responsabilidade administrativa aciona-se o Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração di-
agente público que praticou o ato. reta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
praticados pelo agente público no exercício de sua função I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
que violam direitos humanos. A título de exemplo, peculato, distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
consistente em apropriação ou desvio de dinheiro público II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
(art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse da cole- cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
tividade; concussão, que é a exigência de vantagem indevida sua remuneração;
(art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de constran- III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
gimento e medo que viola diretamente sua dignidade; tor- tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
tura, a mais cruel forma de tratamento humano, cuja pena é emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
agravada quando praticada por funcionário público (art. 1º, eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
§4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. norma do inciso anterior;
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
que violar a ética do serviço público, como advertência, sus- ção por merecimento;
pensão e demissão. V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- afastamento, os valores serão determinados como se no exer-
nal e administrativa no que tange à responsabilização do cício estivesse.
agente público que cometa ato ilícito.
Tomadas as exigências de características dos danos aci- 6) Regime de remuneração e previdência dos servi-
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- dores públicos
se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constitui-
51 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ção Federal:
ed. São Paulo: Método, 2011.
36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência
os Municípios instituirão conselho de política de adminis- de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus
tração e remuneração de pessoal, integrado por servidores proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente
pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui- grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
planos de carreira para os servidores da administração públi- tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou
ca direta, das autarquias e das fundações públicas”). aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais complementar;
componentes do sistema remuneratório observará: III - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi- mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e
dade dos cargos componentes de cada carreira; cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentado-
II - os requisitos para a investidura; ria, observadas as seguintes condições:
III - as peculiaridades dos cargos. a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento contribuição, se mulher;
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa- senta anos de idade, se mulher, com proventos proporcio-
cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos nais ao tempo de contribuição.
entre os entes federados. § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por oca-
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú- sião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do
blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposen-
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabele- tadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
cer requisitos diferenciados de admissão quando a natu- § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por
reza do cargo o exigir. ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunera-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti- ções utilizadas como base para as contribuições do servidor
vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Muni- aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art.
cipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixa- 201, na forma da lei.
do em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer grati- § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife-
ficação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou renciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos
outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos
o disposto no art. 37, X e XI. definidos em leis complementares, os casos de servidores:
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos I - portadores de deficiência;
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a II - que exerçam atividades de risco;
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em III - cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publi- § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui-
carão anualmente os valores do subsídio e da remuneração ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto
dos cargos e empregos públicos. no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen-
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentá- educação infantil e no ensino fundamental e médio.
rios provenientes da economia com despesas correntes em § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desen- gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a
volvimento de programas de qualidade e produtividade, percepção de mais de uma aposentadoria à conta do re-
treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelha- gime de previdência previsto neste artigo.
mento e racionalização do serviço público, inclusive sob a § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen-
forma de adicional ou prêmio de produtividade. são por morte, que será igual:
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efetivos acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, limite, caso aposentado à data do óbito; ou
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ati- máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
vos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto nes- por cento da parcela excedente a este limite, caso em ativida-
te artigo. de na data do óbito.
37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme próprio de previdência social para os servidores titulares
critérios estabelecidos em lei. de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou muni- respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto
cipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo no art. 142, § 3º, X.
de serviço correspondente para efeito de disponibilidade. § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e
contagem de tempo de contribuição fictício. de pensão que superem o dobro do limite máximo estabeleci-
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma do para os benefícios do regime geral de previdência social de
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de- que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário,
correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos, na forma da lei, for portador de doença incapacitante.
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
o regime geral de previdência social, e ao montante resul- 7) Estágio probatório e perda do cargo
tante da adição de proventos de inatividade com remune- Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser
ração de cargo acumulável na forma desta Constituição, lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo
exoneração, e de cargo eletivo.
exercício os servidores nomeados para cargo de provi-
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
mento efetivo em virtude de concurso público.
vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados I - em virtude de sentença judicial transitada em jul-
para o regime geral de previdência social. gado;
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em II - mediante processo administrativo em que lhe seja
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração assegurada ampla defesa;
bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, III - mediante procedimento de avaliação periódica de
aplica-se o regime geral de previdência social. desempenho, na forma de lei complementar, assegurada am-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- pla defesa.
cípios, desde que instituam regime de previdência comple- § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
mentar para os seus respectivos servidores titulares de cargo vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da
efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pen- vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito
sões a serem concedidas pelo regime de que trata este arti- a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em dispo-
go, o limite máximo estabelecido para os benefícios do nibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
regime geral de previdência social de que trata o art. 201. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
§ 15. O regime de previdência complementar de que tra- servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
ta o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus pa- mento em outro cargo.
rágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fecha- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
das de previdência complementar, de natureza pública, que obrigatória a avaliação especial de desempenho por comis-
oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios são instituída para essa finalidade.
somente na modalidade de contribuição definida.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servi-
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que dor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito
tiver ingressado no serviço público até a data da publicação a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses,
durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de ava-
do ato de instituição do correspondente regime de previdên-
liação para o desempenho do cargo, observados os seguinte
cia complementar.
fatores:
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados
I - assiduidade;
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- II - disciplina;
mente atualizados, na forma da lei. III - capacidade de iniciativa;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- IV - produtividade;
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata V - responsabilidade.
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
os benefícios do regime geral de previdência social de que trata gio probatório, será submetida à homologação da autoridade
o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servi- competente a avaliação do desempenho do servidor, realiza-
dores titulares de cargos efetivos. da por comissão constituída para essa finalidade, de acordo
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha com- com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva car-
pletado as exigências para aposentadoria voluntária esta- reira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos
belecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em ativida- fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
de fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será
da sua contribuição previdenciária até completar as exigên- exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente
cias para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
38
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
8) Dos militares
Prevê o artigo 42, CF: CAPÍTULO I
Disposições Preliminares
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hie- Artigo 5º - São Poderes do Estado, independentes e
rarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Ju-
Federal e dos Territórios. diciário.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Fe- § 1º - É vedado a qualquer dos Poderes delegar atri-
deral e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as buições.
disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º § 2º - O cidadão, investido na função de um dos Po-
e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as maté- deres, não poderá exercer a de outro, salvo as exceções
rias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais previstas nesta Constituição.
conferidas pelos respectivos governadores.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis- A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei tado Democrático de Direito, impedindo a monopoliza-
específica do respectivo ente estatal. ção do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão.
39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Resta garantida no artigo 2º da Constituição Federal com Ao modelo de repartição do exercício de poder por in-
o seguinte teor: “Art. 2º São Poderes da União, indepen- termédio de órgãos ou funções distintas e independentes
dentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e de forma que um desses não possa agir sozinho sem ser
o Judiciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo limitado pelos outros confere-se o nome de sistema de
por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é freios e contrapesos (no inglês, checks and balances).
necessária a divisão de funções das atividades estatais de
maneira equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes. Artigo 6º - O Município de São Paulo é a Capital do
O constituinte afirma que estes poderes são indepen- Estado.
dentes e harmônicos entre si. Independência significa que
cada qual possui poder para se autogerir, notadamente Artigo 7º - São símbolos do Estado a bandeira, o bra-
pela capacidade de organização estrutural (criação de car- são de armas e o hino.
gos e subdivisões) e orçamentária (divisão de seus recursos
conforme legislação por eles mesmos elaborada). Harmo- Artigo 8º - Além dos indicados no art. 26 da Constituição
nia significa que cada Poder deve respeitar os limites de Federal, incluem-se entre os bens do Estado os terrenos re-
competência do outro e não se imiscuir indevidamente em servados às margens dos rios e lagos do seu domínio.
suas atividades típicas.
CAPÍTULO III
A noção de separação de Poderes começou a tomar
Do Poder Executivo
forma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo
lançou base para os dois principais eventos que ocorre- SEÇÃO I
ram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as Do Governador e Vice-Governador do Estado
Revoluções Francesa e Industrial. Entre os pensadores que
lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no ideário Artigo 37 - O Poder Executivo é exercido pelo Gover-
das Revoluções Francesa e Americana se destacam Loc- nador do Estado, eleito para um mandato de quatro anos,
ke, Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi podendo ser reeleito para um único período subsequente,
o que mais trabalhou com a concepção de separação dos na forma estabelecida na Constituição Federal.
Poderes.
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Artigo 38 - Substituirá o Governador, no caso de impe-
Locke, que também entendia necessária a separação dos dimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Governador.
Poderes, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em de- Parágrafo único - O Vice-Governador, além de outras
finitivo a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar,
e Judiciário. O pensador viveu na França, numa época em auxiliará o Governador, sempre que por ele convocado
que o absolutismo estava cada vez mais forte. para missões especiais.
O objeto central da principal obra de Montesquieu52
não é a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis Artigo 39 - A eleição do Governador e do Vice-Gover-
e instituições criadas pelos homens para reger as relações nador realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em
entre os homens. Segundo Montesquieu53, as leis criam primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
costumes que regem o comportamento humano, sendo segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término
influenciadas por diversos fatores, não apenas pela razão. do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em pri-
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon- meiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao
tesquieu54, do modo como se dará o seu exercício, uma vez mais, o disposto no artigo 77 da Constituição Federal.
que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto
a governar, sendo necessário que seu interesse seja repre- Artigo 40 - Em caso de impedimento do Governador e
do Vice-Governador, ou vacância dos respectivos cargos, se-
sentado conforme sua vontade.
rão sucessivamente chamados ao exercício da Governança
Montesquieu55 estabeleceu como condição do Estado
o Presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente
de Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judi-
do Tribunal de Justiça.
ciário e Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o
primeiro para a elaboração, a correção e a ab-rogação de Artigo 41 - Vagando os cargos de Governador e Vice-
leis, o segundo para a promoção da paz e da guerra e a Governador, far-se-á eleição noventa dias depois de aber-
garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo os ta a última vaga.
próprios Poderes). § 1º - Ocorrendo a vacância no último ano do período
governamental, aplica-se o disposto no artigo anterior.
MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Es-
§ 2º - Em qualquer dos casos, os sucessores deverão
52
pírito das Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso completar o período de governo restante.
e Leôncio Martins Rodrigues. 2. ed. São Paulo: Abril Atenção à ordem de substituição do governador: 1)
Cultural, 1979, p. 25. Vice-Governador; 2) Presidente da Assembleia Legislativa;
53 Ibid., p. 26. e 3) Presidente do Tribunal de Justiça. Apenas o primeiro
54 Ibid., p. 32. substitui a título definitivo, salvo se a vacância se der no
55 Ibid., p. 148-149. último ano.
40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 42 - Perderá o mandato o Governador que assu- XI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
mir outro cargo ou função na administração pública direta previstos nesta Constituição;
ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso públi- XII - fixar ou alterar, por decreto, os quadros, vencimen-
co e observado o disposto no art. 38, I, IV e V, da Constituição tos e vantagens do pessoal das fundações instituídas ou man-
Federal. tidas pelo Estado, nos termos da lei;
XIII - indicar diretores de sociedade de economia mista e
Artigo 43 - O Governador e o Vice-Governador toma- empresas públicas;
rão posse perante a Assembleia Legislativa, prestando XIV - praticar os demais atos de administração, nos limi-
compromisso de cumprir e fazer cumprir a Constituição tes da competência do Executivo;
Federal e a do Estado e de observar as leis. XV - subscrever ou adquirir ações, realizar ou aumen-
Parágrafo único - Se, decorridos dez dias da data fixa- tar capital, desde que haja recursos hábeis, de sociedade de
da para a posse, o Governador ou o Vice-Governador, salvo economia mista ou de empresa pública, bem como dispor, a
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este qualquer título, no todo ou em parte, de ações ou capital que
será declarado vago. tenha subscrito, adquirido, realizado ou aumentado, median-
te autorização da Assembleia Legislativa;
Artigo 44 - o Governador e o Vice-Governador não po- XVI - delegar, por decreto, a autoridade do Executivo,
derão, sem licença da Assembleia Legislativa, ausentar-se funções administrativas que não sejam de sua exclusiva com-
do Estado, por período superior a quinze dias, sob pena petência;
de perda do cargo. XVII - enviar à Assembleia Legislativa projetos de lei rela-
Parágrafo único - O pedido de licença, amplamente mo- tivos ao plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
tivado, indicará, especialmente, as razões da viagem, o rotei- to anual, dívida pública e operações de crédito;
ro e a previsão de gastos. XVIII - enviar à Assembleia Legislativa projeto de lei so-
bre o regime de concessão ou permissão de serviços públicos.
Artigo 45 - o Governador deverá residir na Capital XIX - dispor, mediante decreto, sobre:
do Estado. a) organização e funcionamento da administração esta-
dual, quando não implicar aumento de despesa, nem criação
Artigo 46 - O Governador e o Vice-Governador deverão, ou extinção de órgãos públicos;
no ato da posse e no término do mandato, fazer declaração b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
pública de bens. Parágrafo único - A representação a que se refere o inciso
I poderá ser delegada por lei, de iniciativa do Governador, a
SEÇÃO II outra autoridade.
Das Atribuições do Governador
SEÇÃO III
Artigo 47 - Compete privativamente ao Governador, Da Responsabilidade do Governador
além de outras atribuições previstas nesta Constituição:
I - representar o Estado nas suas relações jurídicas, polí- Artigo 48 - São crimes de responsabilidade do Gover-
ticas e administrativas; nador ou dos seus Secretários, quando por eles pratica-
II - exercer, com o auxílio dos Secretários de Estado, a dos, os atos como tais definidos na lei federal especial, que
direção superior da administração estadual; atentem contra a Constituição Federal ou a do Estado,
III - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem especialmente contra:
como, no prazo nelas estabelecido, não inferior a trinta nem I - a existência da União;
superior a cento e oitenta dias, expedir decretos e regula- II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judi-
mentos para sua fiel execução, ressalvados os casos em que, ciário, do Ministério Público e dos poderes constitucionais das
nesse prazo, houver interposição de ação direta de inconsti- unidades da Federação;
tucionalidade contra a lei publicada; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; IV - a segurança interna do País;
V - prover os cargos públicos do Estado, com as restri- V - a probidade na administração;
ções da Constituição Federal e desta Constituição, na forma VI - a lei orçamentária;
pela qual a lei estabelecer; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
VI - nomear e exonerar livremente os Secretários de Es-
tado; Parágrafo único - A definição desses crimes, assim
VII - nomear e exonerar os dirigentes de autarquias, ob- como o seu processo e julgamento, será estabelecida em
servadas as condições estabelecidas nesta Constituição; lei especial.
VIII - decretar e fazer executar intervenção nos Municí- * ADIN 2220-2 – LIMINAR DEFERIDA
pios, na forma da Constituição Federal e desta Constituição;
IX - prestar contas da administração do Estado à Assem- Artigo 49 - Admitida a acusação contra o Governador,
bleia Legislativa na forma desta Constituição; por dois terços da Assembléia Legislativa, será ele submeti-
X - apresentar à Assembleia Legislativa, na sua sessão do a julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nas
inaugural, mensagem sobre a situação do Estado, solicitan- infrações penais comuns, (**) ou, nos crimes de responsabili-
do medidas de interesse do Governo; dade, perante Tribunal Especial.
41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º - O Tribunal Especial a que se refere este artigo § 2º - Aplicam-se aos procedimentos previstos neste
será constituído por sete Deputados e sete Desembarga- artigo, no que couber, aqueles já disciplinados em Regi-
dores, sorteados pelo Presidente do Tribunal de Justiça, mento Interno do Poder Legislativo.
que também o presidirá. § 3º - O comparecimento do Secretário de Estado, com
§ 2º - Compete, ainda privativamente, ao Tribunal Es- a finalidade de apresentar, quadrimestralmente, perante
pecial referido neste artigo processar e julgar o Vice-Go- Comissão Permanente do Poder Legislativo, a demonstra-
vernador nos crimes de responsabilidade, e os Secretários ção e a avaliação do cumprimento das metas fiscais por
de Estado, nos crimes da mesma natureza conexos com parte do Poder Executivo suprirá a obrigatoriedade cons-
aqueles, ou com os praticados pelo Governador, bem tante do ‘caput’ deste artigo.
como o Procurador-Geral de Justiça e o Procurador-Geral § 4º – No caso das Universidades Públicas Estaduais
do Estado. e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
* ADIN 2220-2 – LIMINAR DEFERIDA Paulo, incumbe, respectivamente, aos próprios Reitores e
ao Presidente, efetivar, anualmente e no que couber, o dis-
§ 3º - O Governador ficará suspenso de suas funções: posto no ‘caput’ deste artigo.
1 - nas infrações penais comuns, recebida a denúncia ou
queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça; Artigo 53 - Os Secretários farão declaração pública de
bens, no ato da posse e no término do exercício do cargo, e
2 - nos crimes de responsabilidade, após instauração do terão os mesmos impedimentos estabelecidos nesta Consti-
processo pela Assembléia Legislativa. tuição para os Deputados, enquanto permanecerem em suas
* ADIN 2220-2 – LIMINAR DEFERIDA funções.
42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
cionário público é uma questão ligada à ética no serviço blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
público, pois se os homens que compõem a estrutura do trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
Estado tomam uma atitude correta perante os ditames éti- igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
cos há uma ampliação e uma consolidação do valor ético de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
do Estado. impessoalidade está correlato ao princípio da finalidade,
Quando uma pessoa é nomeada como servidor públi- pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
co, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado repre- ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
senta na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
todos os consagrados preceitos éticos. Todos os funcioná- já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
rios públicos, tanto da administração direta quanto da ad- coletivo.
ministração indireta (autarquias, empresas públicas, funda- c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio
ções públicas, sociedades de economia mista) são obriga- no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma
dos a respeitar, no exercício de suas atividades, princípios espécie de moralidade administrativa, intimamente rela-
basilares dos quais decorrem inúmeras normas específicas. cionada ao poder público. A administração pública não
A exemplo, são os previstos no artigo 111 da Consti- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
tuição do Estado de São Paulo. Na verdade, o artigo repete cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
parcialmente o conteúdo do artigo 37, caput, da Constitui- cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
ção Federal. Vejamos: jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
Art. 37, CF. A administração pública direta e indireta de da moralidade deve se fazer presente não só para com os
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe- administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida- sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
também, ao seguinte: [...] princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
São princípios da administração pública, nesta ordem: ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
Legalidade IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
Impessoalidade anteriores.
Moralidade d) Princípio da publicidade: A administração públi-
Publicidade ca é obrigada a manter transparência em relação a todos
Eficiência seus atos e a todas informações armazenadas nos seus
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- bancos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da e a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Administração Pública. É de fundamental importância um concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, gar indevidamente a fornecer informações ao administra-
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho56 do caracteriza ato de improbidade administrativa. Somen-
e Spitzcovsky57: te pela publicidade os indivíduos controlarão a legalidade
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não para proteção são o direito de petição e as certidões (art.
proíbe. Contudo, como a administração pública representa 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação mandado de segurança.
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- e) Princípio da eficiência: A administração pública
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifica-
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio dos ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em
Estado deve respeitar as leis que dita. seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de
ses que representa, a administração pública está proibida remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar procura por produtividade e economicidade. Alcança os
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou serviços públicos e os serviços administrativos internos, se
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú- referindo diretamente à conduta dos agentes.
56 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Com efeito, os únicos princípios previstos na Consti-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- tuição do Estado de São Paulo, mas não na Federal, são:
ris, 2010. razoabilidade, finalidade, motivação, interesse público.
57 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. Não significa que estes não devam ser aplicados na esfera
13. ed. São Paulo: Método, 2011. federal, mas sim que no âmbito da Constituição Federal e
43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
das leis que dela decorrem tais princípios se encontram Art. 112. As leis e atos administrativos externos de-
subentendidos pela lógica do sistema ou espalhados em verão ser publicados no órgão oficial do Estado, para
outras normas, enquanto que o constituinte paulista op- que produzam os seus efeitos regulares. A publicação dos
tou por especificá-los enquanto princípios da Administra- atos não normativos poderá ser resumida.
ção Pública. O princípio da publicidade deve ser respeitado para
Vale a pena estudar o significado deles, consoante aos a regular produção de efeitos das leis e atos administrati-
ensinamentos de Carvalho Filho58: vos externos, ou seja, voltados ao respeito pela sociedade
a) Razoabilidade: é uma qualidade do que é razoável, como um todo, abstratamente.
ou seja, do que se encontra dentro de limites aceitáveis,
mesmo que os juízos de valor que provocaram a conduta Art. 113. A lei deverá fixar prazos para a prática dos
possam ser vistos de forma diversa. Quer dizer, o que é atos administrativos e estabelecer recursos adequados
razoável para alguns, pode não o ser para outros. Por isso, à sua revisão, indicando seus efeitos e forma de processa-
o que cabe é o exame da aceitabilidade da escolha do mento.
administrador. Esta é a razão pela qual o juiz não pode A prioridade, aqui, é a segurança jurídica, permitin-
alterar a decisão do administrador porque não entendeu do que o administrado saiba até quando a administração
razoável, pois estaria substituindo o papel dele de admi- pode tomar uma providência contra ele e aceitando que,
nistrar (isto não vale quando houver efetiva falta de con- caso a decisão do administrador tenha sido errada, ela
gruência lógica para a decisão tomada, ou seja, quando possa ser revista e, eventualmente, modificada, pelo órgão
fugir totalmente dos padrões de aceitabilidade). competente.
b) Finalidade: o ato administrativo deve estar dirigido
ao interesse público. O intuito da atividade do administra- Art. 114. A administração é obrigada a fornecer a qual-
dor deve ser o bem comum, o atendimento aos reclamos quer cidadão, para a defesa de seus direitos e esclareci-
da comunidade, pois esta é sua função. mentos de situações de seu interesse pessoal, no prazo
c) Motivação: trata-se da indicação formal das razões máximo de dez dias úteis, certidão de atos, contratos,
que levaram ao ato administrativo. O administrador, sem- decisões ou pareceres, sob pena de responsabilidade da
pre que possa, deve expressar as situações de fato que o autoridade ou servidor que negar ou retardar a sua
levaram a emitir a vontade, tornando o ato administrativo
expedição. No mesmo prazo deverá atender às requisições
o mais transparente possível.
judiciais, se outro não for fixado pela autoridade judiciária.
d) Interesse público: o princípio da supremacia do
Associa o princípio da publicidade ao que irá prever a
interesse público volta-se à necessidade de que as ati-
lei do acesso à informação, o que será estudado adiante.
vidades administrativas sejam desenvolvidas pelo Estado
em benefício da coletividade. Logo, olha-se primeiro para
Art. 115. Para a organização da administração pú-
o interesse do todo, do grupo social, e depois para o do
blica direta e indireta, inclusive as fundações instituídas
indivíduo, o que não significa que os direitos deste pos-
ou mantidas por qualquer dos Poderes do Estado, é obriga-
sam ser arbitrariamente violados.
tório o cumprimento das seguintes normas:
Art. 111-A. É vedada a nomeação de pessoas que se I - os cargos, empregos e funções públicas são acessí-
enquadram nas condições de inelegibilidade nos ter- veis aos brasileiros que preenchem os requisitos estabele-
mos da legislação federal para os cargos de Secretário cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
de Estado, Secretário-Adjunto, Produrador Geral de Jus- II - a investidura em cargo ou emprego público depen-
tiça, Procurador Geral do Estado, Defensor Público Geral, de de aprovação prévia, em concurso público de provas
Superintendentes e Diretores de órgãos da administração ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para
pública indireta, fundacional, de agências reguladoras e cargo em comissão, declarado em lei, de livre nomeação
autarquias, Delegado Geral de Polícia, Reitores das univer- e exoneração;
sidades públicas estaduais e ainda para todos os cargos de Cargo em comissão é o cargo em confiança, ou seja,
livre provimento dos poderes Executivo, Legislativo e Judi- aquele que, por guardar uma relação de necessária con-
ciário do Estado. fiança entre o nomeante e o nomeado permite que o pri-
A Lei Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010, meiro escolha o segundo, independentemente de aprova-
altera a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, ção em concurso público.
que estabelece, de acordo com o § 9º do art. 14 da Cons- III - o prazo de validade do concurso público será de
tituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de ces- até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
sação e determina outras providências, para incluir hipó- A nomeação do candidato aprovado obedecerá à ordem de
teses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade classificação;
administrativa e a moralidade no exercício do mandato. IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
de convocação, o aprovado em concurso público de pro-
58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de vas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
ris, 2010. na carreira;
44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente §3º A inobservância do disposto nos incisos II, III e IV
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em deste artigo implicará a nulidade do ato e a punição da
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira autoridade responsável, nos termos da lei.
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, §4º As pessoas jurídicas de direito público e as de
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e direito privado, prestadoras de serviços públicos, res-
assessoramento; ponderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
associação sindical, obedecido o disposto no artigo 8º da regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
Constituição Federal; culpa.
“A liberdade de associação para fins lícitos, vedada a
A palavra responsabilidade vem do latim re-spondere,
de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém poderá
que traz a ideia de segurança ou garantia de restituição
ser compelido a associar-se e, uma vez associado, será livre,
também, para decidir se permanece associado ou não”59. ou compensação de um bem sacrificado. Assim, remete
VII - o servidor e empregado público gozarão de es- ao significado de recomposição, restituição, ressarcimen-
tabilidade no cargo ou emprego desde o registro de sua to.
candidatura para o exercício de cargo de representação sin- O instituto da responsabilidade civil é parte inte-
dical ou no caso previsto no inciso XXIII deste artigo, até um grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
ano após o término do mandato, se eleito, salvo se co- consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
meter falta grave definida em lei; que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o
VIII - o direito de greve será exercido nos termos e nos pagamento de indenização que se refere às perdas e da-
limites definidos em lei específica; nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
IX - a lei reservará percentual dos cargos e empregos que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
públicos para os portadores de deficiências, garantindo decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.
as adaptações necessárias para a sua participação nos con- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
cursos públicos e definirá os critérios de sua admissão; podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
X - a lei estabelecerá os casos de contratação por tem- os limites da herança, embora existam reflexos na ação
po determinado, para atender a necessidade temporária de que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
excepcional interesse público; na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
[...]
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
XVIII - é vedada a acumulação remunerada de car-
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
gos públicos, exceto quando houver compatibilidade de
horários: Genericamente, os elementos da responsabilidade ci-
a) de dois cargos de professor; vil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que,
b) de um cargo de professor com outro técnico ou por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru-
científico; dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis- exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; Este é o artigo central do instituto da responsabili-
XIX - a proibição de acumular estende-se a empregos dade civil, que tem como elementos: ação ou omissão
e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públi- voluntária (agir como não se deve ou deixar de agir como
cas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e so- se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de
ciedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder cometer uma violação de direito e culpa é a falta de di-
Público; ligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a
[...] ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o pre-
XXIV - é obrigatória a declaração pública de bens, an- juízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou co-
tes da posse e depois do desligamento, de todo o dirigente de letivo, moral ou material, econômico e não econômico)60.
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia e Todos os cidadãos se sujeitam às regras da responsa-
fundação instituída ou mantida pelo Poder Público;
bilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do
[...]
dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos
XXVI - ao servidor público que tiver sua capacidade de
trabalho reduzida em decorrência de acidente de traba- que causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de in-
lho ou doença do trabalho será garantida a transferência denizar os membros da sociedade pelos danos que seus
para locais ou atividades compatíveis com sua situação; agente causem durante a prestação do serviço, questão
XXVII - é vedada a estipulação de limite de idade que é disciplinada de forma específica, fugindo um pou-
para ingresso por concurso público na administração dire- co dos elementos genéricos do Código Civil.
ta, empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia Assim, responsabilidade civil do Estado é a obrigação
e fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, res- atribuída ao poder público de indenizar os danos causa-
peitando-se apenas o limite constitucional para aposentado- dos a terceiros pelos seus agentes agindo nesta qualida-
ria compulsória; de, ou seja, quando estão desempenhando suas funções.
[...]
59 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional 60 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabili-
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. dade Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque Predomina que tratando-se de ato omissivo do poder
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de público, a responsabilidade civil por tal ato converte-se em
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 três vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência,
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°). Vale efe- não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado
tuar um estudo decomposto do conceito: que pode ser atribuída ao serviço público, de forma ge-
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial nérica, a falta do serviço. Esta é uma rara exceção à teoria
e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano da responsabilidade objetiva aplicada ao Estado no que
específico, individualizado, que atinge determinada ou de- tange ao dever de indenizar os danos causados por seus
terminadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os agentes.
problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, Mas afinal, como o Estado poderá se eximir do de-
infelizmente os assaltos são comuns e o Estado não res- ver de indenizar? Existem duas teorias que tratam desta
ponde por todo assalto que ocorra, a não ser que na cir- questão, a do risco integral, pela qual o Estado não poderá
cunstância específica possuía o dever de impedir o assalto, invocar em sua defesa excludentes ou atenuantes de res-
como no caso de uma viatura presente no local). ponsabilidade, e a teoria do risco administrativo, ora vi-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- gente no Brasil, pela qual o Estado somente responde por
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por danos efetivamente causados a terceiros, ou seja, poderá
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os invocar em sua defesa as excludentes ou atenuantes de
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- responsabilidade (caso fortuito - circunstância provoca-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em da por fatos humanos que interfere na conduta de outros
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). indivíduos, p. ex. uma greve; força maior - circunstância
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta provocada por fatos da natureza que interfere na condu-
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão ta de outros indivíduos, p. ex. inundação ou terremoto; e
das prerrogativas do cargo, não agindo como um parti-
culpa da vítima - exclusiva responsabilidade da vítima pelo
cular.
dano que sofreu, p. ex. uma pessoa que entra na contra-
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
mão e colide com veículo oficial sofrendo dano).
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano. Assim,
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As pes-
não é qualquer dano que permite a responsabilização ci-
soas jurídicas de direito público e as de direito privado
vil do Estado, mas somente aquele que é causado por um
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
agente público no exercício de suas funções e que exceda
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
as expectativas do lesado quanto à atuação do Estado.
assegurado o direito de regresso contra o responsável
Historicamente, no início se pregava uma irresponsabi-
nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa clara a for-
lidade do Estado, posição predominante no auge do abso-
lutismo europeu. Era a chamada teoria do The king can do mação de uma relação jurídica autônoma entre o Estado
no wrong (O rei não pode fazer nada errado). Se o Estado e o agente público que causou o dano no desempenho
nunca poderia errar, lógico que não seria responsabilizado de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade civil
por nenhum ato. será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa
Após, passou-se à teoria da responsabilidade subjetiva, do agente pelo dano causado, ao qual foi anteriormente
justamente aquela que vigora como regra entre os particu- condenado a reparar. Direito de regresso é justamente o
lares pela disciplina do Código Civil. Segundo ela, o Esta- direito de acionar o causador direto do dano para obter de
do poderia ser acionado, mas quem sofreu o dano deveria volta aquilo que pagou à vítima, considerada a existência
provar a culpa. Caberia contra o serviço estatal não pres- de uma relação obrigacional que se forma entre a vítima e
tado ou prestado de forma deficiente, causando o dano. a instituição que o agente compõe.
A frase que define a teoria é Faute du Service, expressão Vale destacar que a disciplina da responsabilidade civil
francesa que significa falta do serviço. Contudo, era muito do Estado se aplica não só às pessoas jurídicas de direito
difícil para o cidadão que sofreu o dano provar a culpa do público da administração direta, mas também a todas em-
agente público em detalhes, de forma que geralmente o presas privadas que prestem serviços públicos e a todas
dever de indenizar existia na teoria mas não na prática - o pessoas da administração indireta.
Estado era geralmente absolvido. Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
Então, chegou-se à moderna teoria da responsabilida- te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
de objetiva, adotada na atualidade, baseada fundamental- agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
mente no nexo causal e não na culpa. Nexo causal é a re- foi pago à vítima.
lação de causa e efeito entre o fato já ocorrido e as conse- §5º As entidades da administração direta e indire-
quências dele resultantes. Basicamente, inverte-se o ônus ta, inclusive fundações instituídas ou mantidas pelo Po-
da prova, não cabendo à vítima provar a culpa do Estado, der Público, o Ministério Público, bem como os Poderes
mas a ele se eximir desta culpa. A vítima somente prova Legislativo e Judiciário, publicarão, até o dia trinta de abril
os elementos do dano, da ação ou omissão por parte do de cada ano, seu quadro de cargos e funções, preenchi-
agente público e do nexo causal. dos e vagos, referentes ao exercício anterior.
46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§6º É vedada a percepção simultânea de proven- 3 - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
tos de aposentadoria decorrentes dos arts. 40, 42 e 142 nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e
da Constituição Federal e dos arts. 126 e 138 desta Cons- cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,
tituição com a remuneração de cargo, emprego ou função observadas as seguintes condições:
pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão de- ção, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de
clarados em lei de livre nomeação e exoneração. contribuição, se mulher;
§7º Não serão computadas, para efeito dos limites re- b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
muneratórios de que trata o inciso XII do caput deste arti- anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
go, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. tempo de contribuição.
§8º Para os fins do disposto no inciso XII deste artigo e § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal, poderá ser ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu-
fixado no âmbito do Estado, mediante emenda à presen- neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que
te Constituição, como limite único, o subsídio mensal dos se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noven- concessão da pensão.
ta inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio § 3º - Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re-
aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos De- munerações utilizadas como base para as contribuições
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este
putados Estaduais.
artigo e o art. 201 da Constituição Federal, na forma da lei.
§ 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
CAPÍTULO II
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
Dos Servidores Públicos do Estado
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
termos definidos em leis complementares, os casos de ser-
SEÇÃO I
vidores:
Dos Servidores Públicos Civis
1 - portadores de deficiência;
2 - que exerçam atividades de risco;
Artigo 124 - Os servidores da administração pública di- 3 - cujas atividades sejam exercidas sob condições espe-
reta, das autarquias e das fundações instituídas ou mantidas ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
pelo Poder Público terão regime jurídico único e planos § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
de carreira. serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no
[...] § 1º, 3, “a”, para o professor que comprove exclusivamente
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na edu-
Artigo 125 - O exercício do mandato eletivo por ser- cação infantil e no ensino fundamental e médio.
vidor público far-se-á com observância do art. 38 da Cons- § 6º - Declarado inconstitucional, em controle concen-
tituição Federal. trado, pelo Supremo Tribunal Federal;
§ 1º - Fica assegurado ao servidor público, eleito para § 6º A - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
ocupar cargo em sindicato de categoria, o direito de afastar- cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
-se de suas funções, durante o tempo em que durar o man- a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi-
dato, recebendo seus vencimentos e vantagens, nos termos me de previdência previsto neste artigo.
da lei. § 7º - Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen-
§ 2º - O tempo de mandato eletivo será computado para são por morte, que será igual:
fins de aposentadoria especial. 1 - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
Artigo 126 - Aos servidores titulares de cargos efetivos do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, é asse- da Constituição Federal, acrescido de setenta por cento da
gurado regime de previdência de caráter contributivo e parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do
solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, óbito; ou
dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observa- 2 - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
dos critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
e o disposto neste artigo. máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
§ 1º - Os servidores abrangidos pelo regime de previ- previdência social de que trata o art. 201 da Constituição
dência de que trata este artigo serão aposentados: Federal, acrescido de setenta por cento da parcela excedente
1 - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- a este limite, caso em atividade na data do óbito.
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de § 8º - Declarado inconstitucional, em controle concen-
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, trado, pelo Supremo Tribunal Federal;
contagiosa ou incurável, na forma da lei; § 8º A - É assegurado o reajustamento dos benefícios
2 - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
proventos proporcionais ao tempo de contribuição; conforme critérios estabelecidos em lei.
47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 133 - O servidor, com mais de cinco anos de efe- CAPÍTULO III
tivo exercício, que tenha exercido ou venha a exercer cargo Da Segurança Pública
ou função que lhe proporcione remuneração superior à do
cargo de que seja titular, ou função para a qual foi admiti- SEÇÃO I
do, incorporará um décimo dessa diferença, por ano, até Disposições Gerais
o limite de dez décimos.
- A expressão “a qualquer título”, que integrava o dis- Artigo 139 - A Segurança Pública, dever do Estado, di-
positivo, teve a sua execução suspensa pela Resolução nº reito e responsabilidade de todos, é exercida para a
51, de 13/07/2005, do Senado Federal. preservação da ordem pública e incolumidade das pes-
soas e do patrimônio.
Artigo 134 - O servidor, durante o exercício do mandato § 1º - O Estado manterá a Segurança Pública por
de vereador, será inamovível. meio de sua polícia, subordinada ao Governador do Es-
tado.
Artigo 135 - Ao servidor público titular de cargo efetivo § 2º - A polícia do Estado será integrada pela Polícia
do Estado será contado, como efetivo exercício, para efeito Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.
de aposentadoria e disponibilidade, o tempo de contribui- § 3º - A Polícia Militar, integrada pelo Corpo de
ção decorrente de serviço prestado em cartório não ofi- Bombeiros, é força auxiliar, reserva do Exército.
cializado, mediante certidão expedida pela Corregedoria-
Geral da Justiça. [...]
Artigo 136 - O servidor público civil demitido por ato SEÇÃO III
administrativo, se absolvido pela Justiça, na ação refe- Da Polícia Militar
rente ao ato que deu causa à demissão, será reintegrado ao
serviço público, com todos os direitos adquiridos. Artigo 141 - À Polícia Militar, órgão permanente, in-
cumbem, além das atribuições definidas em lei, a polícia
Artigo 137 - A lei assegurará à servidora gestante mu- ostensiva e a preservação da ordem pública.
dança de função, nos casos em que for recomendado, sem § 1º - O Comandante Geral da Polícia Militar será
prejuízo de seus vencimentos ou salários e demais vantagens nomeado pelo Governador do Estado dentre oficiais da
ativa, ocupantes do último posto do Quadro de Oficiais
do cargo ou função-atividade.
Policiais Militares, conforme dispuser a lei, devendo fazer
declaração pública de bens no ato da posse e de sua
SEÇÃO II
exoneração.
Dos Servidores Públicos Militares
§ 2º - Lei Orgânica e Estatuto disciplinarão a orga-
nização, o funcionamento, direitos, deveres, vantagens
Artigo 138 - São servidores públicos militares esta-
e regime de trabalho da Polícia Militar e de seus inte-
duais os integrantes da Polícia Militar do Estado.
grantes, servidores militares estaduais, respeitadas as leis
§ 1º - Aplica-se, no que couber, aos servidores a que se
federais concernentes.
refere este artigo, o disposto no art. 42 da Constituição § 3º - A criação e manutenção da Casa Militar e As-
Federal. sessorias Militares somente poderão ser efetivadas nos
§ 2º - Naquilo que não colidir com a legislação espe- termos em que a lei estabelecer.
cífica, aplica-se aos servidores mencionados neste artigo o § 4º - O Chefe da Casa Militar será escolhido pelo
disposto na seção anterior. Governador do Estado entre oficiais da ativa, ocupantes
§ 3º - O servidor público militar demitido por ato ad- do último posto do Quadro de Oficiais Policiais Militares.
ministrativo, se absolvido pela Justiça, na ação referen-
te ao ato que deu causa à demissão, será reintegrado à Artigo 142 - Ao Corpo de Bombeiros, além das atri-
Corporação com todos os direitos restabelecidos. buições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
§ 4º - O oficial da Polícia Militar só perderá o posto e a de defesa civil, tendo seu quadro próprio e funcionamento
patente se for julgado indigno do Oficialato ou com ele definidos na legislação prevista no § 2º do artigo anterior.
incompatível, por decisão do Tribunal de Justiça Militar
do Estado.
§ 5º - O oficial condenado na Justiça comum ou mi-
litar à pena privativa de liberdade superior a dois anos,
por sentença transitada em julgado, será submetido ao jul-
gamento previsto no parágrafo anterior.
§ 6º - O direito do servidor militar de ser transferido
para a reserva ou ser reformado será assegurado, ainda
que respondendo a inquérito ou processo em qualquer juris-
dição, nos casos previstos em lei específica.
49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 238 - A lei organizará o Sistema de Ensino do Artigo 246 - É vedada a cessão de uso de próprios
Estado de São Paulo, levando em conta o princípio da des- públicos estaduais, para o funcionamento de estabeleci-
centralização. mentos de ensino privado de qualquer natureza.
Artigo 239 - O Poder Público organizará o Sistema Artigo 247 - A educação da criança de zero a seis anos,
Estadual de Ensino, abrangendo todos os níveis e moda- integrada ao sistema de ensino, respeitará as característi-
lidades, incluindo a especial, estabelecendo normas gerais cas próprias dessa faixa etária.
de funcionamento para as escolas públicas estaduais e mu-
nicipais, bem como para as particulares. Artigo 248 - O órgão próprio de educação do Estado
§ 1º - Os Municípios organizarão, igualmente, seus sis- será responsável pela definição de normas, autorização
temas de ensino. de funcionamento, supervisão e fiscalização das creches
§ 2º - O Poder Público oferecerá atendimento especia- e pré-escolas públicas e privadas no Estado.
lizado aos portadores de deficiências, preferencialmente na Parágrafo único - Aos Municípios, cujos sistemas de
rede regular de ensino. ensino estejam organizados, será delegada competência
§ 3º - As escolas particulares estarão sujeitas à fiscaliza- para autorizar o funcionamento e supervisionar as institui-
ção, controle e avaliação, na forma da lei. ções de educação das crianças de zero a seis anos de idade.
50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 249 - O ensino fundamental, com oito anos de II - representação e participação de todos os segmentos
duração, é obrigatório para todas as crianças, a partir da comunidade interna nos órgãos decisórios e na escolha
dos sete anos de idade, visando a propiciar formação bási- de dirigentes, na forma de seus estatutos.
ca e comum indispensável a todos. § 1º - A lei criará formas de participação da sociedade,
§ 1º - É dever do Poder Público o provimento, em todo por meio de instâncias públicas externas à universidade, na
o território paulista, de vagas em número suficiente para avaliação do desempenho da gestão dos recursos.
atender à demanda do ensino fundamental obrigatório e § 2º - É facultado às universidades admitir professores,
gratuito. técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
§ 2º - A atuação da administração pública estadual no § 3º - O disposto neste artigo aplica-se às instituições
ensino público fundamental dar-se-á por meio de rede de pesquisa científica e tecnológica.
própria ou em cooperação técnica e financeira com os Mu-
nicípios, nos termos do artigo 30, VI, da Constituição Fede- Artigo 255 - O Estado aplicará, anualmente, na manu-
ral, assegurando a existência de escolas com corpo técnico tenção e no desenvolvimento do ensino público, no míni-
qualificado e elevado padrão de qualidade, devendo ser mo, trinta por cento da receita resultante de impostos, in-
definidas com os Municípios formas de colaboração, de cluindo recursos provenientes de transferências.
modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. Parágrafo único - A lei definirá as despesas que se ca-
§ 3º - O ensino fundamental público e gratuito será racterizem como manutenção e desenvolvimento do ensino.
também garantido aos jovens e adultos que, na idade pró-
pria, a ele não tiveram acesso, e terá organização adequada Artigo 256 - O Estado e os Municípios publicarão, até
às características dos alunos. trinta dias após o encerramento de cada trimestre, informa-
§ 4º - Caberá ao Poder Público prover o ensino funda- ções completas sobre receitas arrecadadas e transferências
mental diurno e noturno, regular e supletivo, adequado às de recursos destinados à educação nesse período e discrimi-
condições de vida do educando que já tenha ingressado no nadas por nível de ensino.
mercado de trabalho.
§ 5º - É permitida a matrícula no ensino fundamental, a
Artigo 257 - A distribuição dos recursos públicos asse-
partir dos seis anos de idade, desde que plenamente aten-
gurará prioridade ao atendimento das necessidades do
dida a demanda das crianças de sete anos de idade.
ensino fundamental.
Parágrafo único - Parcela dos recursos públicos destina-
[...]
dos à educação deverá ser utilizada em programas integra-
dos de aperfeiçoamento e atualização para os educadores
Artigo 251 - A lei assegurará a valorização dos profis-
em exercício no ensino público.
sionais de ensino, mediante a fixação de planos de carreira
para o Magistério Público, com piso salarial profissional, car-
ga horária compatível com o exercício das funções e ingresso Artigo 258 - O Poder Público poderá, mediante convê-
exclusivamente por concurso público de provas e títulos. nio, destinar parcela dos recursos de que trata o artigo 255
a instituições filantrópicas, definidas em lei, para a ma-
Artigo 252 - O Estado manterá seu próprio sistema de nutenção e o desenvolvimento de atendimento educacional,
ensino superior, articulado com os demais níveis. especializado e gratuito a educandos portadores de ne-
Parágrafo único - O sistema de ensino superior do Es- cessidades especiais.
tado de São Paulo incluirá universidades e outros estabele-
cimentos. [...]
51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único – A indenização referida no “caput” não Parágrafo único. As suas disposições, exceto no que
se aplica aos servidores públicos que, exonerados ou dis- colidirem com a legislação especial, aplicam-se aos fun-
pensados do cargo ou função de confiança ou de livre exo- cionários dos 3 Poderes do Estado e aos do Tribunal de
neração, retornem à sua função-atividade ou ao seu cargo Contas do Estado.
efetivo.
* ADIN 326-7 – DECLARADA A INCONSTITUCIONALI- Art. 2º As disposições desta lei não se aplicam aos em-
DADE DO ART. 287 E SEU PARÁGRAFO ÚNICO. pregados das autarquias, entidades paraestatais e servi-
ços públicos de natureza industrial, ressalvada a situação
Artigo 288 - É assegurada a participação dos servidores daqueles que, por lei anterior, já tenham a qualidade de fun-
públicos nos colegiados e diretorias dos órgãos públicos cionário público.
em que seus interesses profissionais, de assistência médica Parágrafo único. Os direitos, vantagens e regalias dos
e previdenciários sejam objeto de discussão e delibera- funcionários públicos só poderão ser estendidos aos empre-
ção, na forma da lei. gados das entidades a que se refere este Art. na forma e
condições que a lei estabelecer.
Artigo 289 - O Estado criará crédito educativo, por
meio de suas entidades financeiras, para favorecer os estu- Art. 3º Funcionário público, para os fins deste Estatuto,
dantes de baixa renda, na forma que dispuser a lei. é a pessoa legalmente investida em cargo público.
Artigo 290 - Toda e qualquer pensão paga pelo Estado, Art. 4º Cargo público é o conjunto de atribuições e
a qualquer título, não poderá ser de valor inferior ao do responsabilidades cometidas a um funcionário.
salário mínimo vigente no País.
Art. 5º Os cargos públicos são isolados ou de carreira.
Artigo 291 - Todos terão o direito de, em caso de con-
denação criminal, obter das repartições policiais e judiciais Art. 6º Aos cargos públicos serão atribuídos valores de-
competentes, após reabilitação, bem como no caso de in- terminados por referências numéricas, seguidas de letras
quéritos policiais arquivados, certidões e informações em ordem alfabética, indicadoras de graus.
de folha corrida, sem menção aos antecedentes, salvo Parágrafo único. O conjunto de referência e grau cons-
em caso de requisição judicial, do Ministério Público, ou para titui o padrão do cargo.
fins de concurso público.
Parágrafo único - Observar-se-á o disposto neste artigo Art. 7º Classe é o conjunto de cargos da mesma de-
quando o interesse for de terceiros. nominação.
53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 12. Não havendo candidato habilitado em con- Art. 19. As instruções especiais poderão determinar que
curso, os cargos vagos, isolados ou de carreira, só poderão a execução do concurso, bem como a classificação dos habi-
ser ocupados no regime da legislação trabalhista, até o litados, seja feita por regiões.
prazo máximo de 2 (dois) anos, considerando-se findo o
contrato após esse período, vedada a recondução. Art. 20. A nomeação obedecerá à ordem de classifica-
ção no concurso.
CAPÍTULO II
Das Nomeações SUBSEÇÃO II
Das Provas de Habilitação
SEÇÃO I
Das Formas de Nomeação Art. 21. As provas de habilitação serão realizadas pelo
órgão encarregado dos concursos, para fins de transferên-
Art. 13. As nomeações serão feitas: cia e de outras formas de provimento que não impliquem em
I - em caráter vitalício, nos casos expressamente pre- critério competitivo.
vistos na Constituição do Brasil; (Ministério Público e Ma-
gistratura) Art. 22. As normas gerais para realização das provas
II - em comissão, quando se tratar de cargo que em de habilitação serão estabelecidas em regulamento, obe-
virtude de lei assim deva ser provido; e decendo, no que couber, ao estabelecido para os concursos.
III - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de
provimento dessa natureza. CAPÍTULO III
Das Substituições
SEÇÃO II
Da Seleção de Pessoal Art. 23. Haverá substituição no impedimento legal e
temporário do ocupante de cargo de chefia ou de dire-
SUBSEÇÃO I ção.
Do Concurso Parágrafo único. Ocorrendo a vacância, o substituto
passará a responder pelo expediente da unidade ou órgão
Art. 14. A nomeação para cargo público de provimento correspondente até o provimento do cargo.
efetivo será precedida de concurso público de provas ou
de provas e títulos. Art. 24. A substituição, que recairá sempre em funcio-
Parágrafo único. As provas serão avaliadas na escala de nário público, quando não for automática, dependerá da
0 (zero) a 100 (cem) pontos e aos títulos serão atribuídos, expedição de ato de autoridade competente.
no máximo, 50 (cinquenta) pontos. § 1º O substituto exercerá o cargo enquanto durar o
impedimento do respectivo ocupante.
Art. 15. A realização dos concursos será centralizada § 2º O substituto, durante todo o tempo em que exer-
num só órgão. cer a substituição terá direito a perceber o valor do padrão
e as vantagens pecuniárias inerentes ao cargo do substi-
Art. 16. As normas gerais para a realização dos concur- tuído e mais as vantagens pessoais a que fizer jus.
sos e para a convocação e indicação dos candidatos para o § 3º O substituto perderá, durante o tempo da subs-
provimento dos cargos serão estabelecidas em regulamen- tituição, o vencimento ou a remuneração e demais vanta-
to. gens pecuniárias inerentes ao seu cargo, se pelo mesmo
não optar.
Art. 17. Os concursos serão regidos por instruções es-
peciais, expedidas pelo órgão competente. Art. 25. Exclusivamente para atender à necessidade de
serviço, os tesoureiros, caixas e outros funcionários que
Art. 18. As instruções especiais determinarão, em fun- tenham valores sob sua guarda, em caso de impedimento,
ção da natureza do cargo: serão substituídos por funcionários de sua confiança, que
I - se o concurso será: indicarem, respondendo a sua fiança pela gestão do substi-
1 - de provas ou de provas e títulos; e tuto.
2 - por especializações ou por modalidades profis- Parágrafo único. Feita a indicação, por escrito, ao chefe
sionais, quando couber; da repartição ou do serviço, este proporá a expedição do
II - as condições para provimento do cargo referentes a: ato de designação, aplicando-se ao substituto a partir da
1 - diplomas ou experiência de trabalho; data em que assumir as funções do cargo, o disposto nos
2 - capacidade física; e §§ 1º e 2º do art. 24.
3 - conduta;
III - o tipo e conteúdo das provas e as categorias de CAPÍTULO IV
títulos; Da Transferência
IV - a forma de julgamento das provas e dos títulos;
V - os critérios de habilitação e de classificação; e Art. 26. O funcionário poderá ser transferido de um
VI - o prazo de validade do concurso. para outro cargo de provimento efetivo.
54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 27. As transferências serão feitas a pedido do § 1º A reversão ex-officio será feita quando insubsis-
funcionário ou “ex-officio”, atendidos sempre a conve- tentes as razões que determinaram a aposentadoria por
niência do serviço e os requisitos necessários ao provi- invalidez.
mento do cargo. § 2º Não poderá reverter à atividade o aposentado que
contar mais de 58 (cinquenta e oito) anos de idade.
Art. 28. A transferência será feita para cargo do mesmo § 3º No caso de reversão ex-officio, será permitido o
padrão de vencimento ou de igual remuneração, ressal- reingresso além do limite previsto no parágrafo anterior.
vados os casos de transferência a pedido, em que o venci- § 4º A reversão só poderá efetivar-se quando, em inspe-
mento ou a remuneração poderá ser inferior. ção médica, ficar comprovada a capacidade para o exercí-
cio do cargo.
Art. 29. A transferência por permuta se processará a re- § 5º Se o laudo médico não for favorável, poderá ser
querimento de ambos os interessados e de acordo com o procedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, de-
prescrito neste capítulo. corridos pelo menos 90 (noventa) dias.
§ 6º Será tornada sem efeito a reversão ex-officio e
CAPÍTULO V cassada a aposentadoria do funcionário que reverter e não
Da Reintegração tomar posse ou não entrar em exercício dentro do prazo legal.
Art. 30. A reintegração é o reingresso no serviço público, Art. 36. A reversão far-se-á no mesmo cargo.
decorrente da decisão judicial passada em julgado, com § 1º Em casos especiais, a juízo do Governo, poderá o
ressarcimento de prejuízos resultantes do afastamento. aposentado reverter em outro cargo, de igual padrão de
vencimentos, respeitada a habilitação profissional.
Art. 31. A reintegração será feita no cargo anterior- § 2º A reversão a pedido, que será feita a critério da
mente ocupado e, se este houver sido transformado, no car- Administração, dependerá também da existência de cargo
go resultante. vago, que deva ser provido mediante promoção por mere-
§ 1º Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será cimento.
exonerado, ou, se ocupava outro cargo, a este será recondu-
zido, sem direito a indenização. CAPÍTULO VIII
§ 2º Se o cargo houver sido extinto, a reintegração se Do Aproveitamento
fará em cargo equivalente, respeitada a habilitação profis-
sional, ou, não sendo possível, ficará o reintegrado em dispo- Art. 37. Aproveitamento é o reingresso no serviço públi-
nibilidade no cargo que exercia. co do funcionário em disponibilidade.
Art. 32. Transitada em julgado a sentença, será expe- Art. 38. O obrigatório aproveitamento do funcionário
dido o decreto de reintegração no prazo máximo de 30 em disponibilidade ocorrerá em vagas existentes ou que se
(trinta) dias. verificarem nos quadros do funcionalismo.
§ 1º O aproveitamento dar-se-á, tanto quanto possível,
CAPÍTULO VI em cargo de natureza e padrão de vencimentos corres-
Do Acesso pondentes ao que ocupava, não podendo ser feito em cargo
de padrão superior.
Art. 33. Acesso é a elevação do funcionário, dentro do § 2º Se o aproveitamento se der em cargo de padrão
respectivo quadro a cargo da mesma natureza de traba- inferior ao provento da disponibilidade, terá o funcionário
lho, de maior grau de responsabilidade e maior comple- direito à diferença.
xidade de atribuições, obedecido o interstício na classe e as § 3º Em nenhum caso poderá efetuar-se o aproveitamen-
exigências a serem instituídas em regulamento. to sem que, mediante inspeção médica, fique provada a ca-
§ 1º Serão reservados para acesso os cargos cujas atribui- pacidade para o exercício do cargo.
ções exijam experiência prévia do exercício de outro cargo. § 4º Se o laudo médico não for favorável, poderá ser
§ 2º O acesso será feito mediante aferição do mérito procedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, de-
dentre titulares de cargos cujo exercício proporcione a expe- corridos no mínimo 90 (noventa) dias.
riência necessária ao desempenho das atribuições dos cargos § 5º Será tornado sem efeito o aproveitamento e cas-
referidos no parágrafo anterior. sada a disponibilidade do funcionário que, aproveitado, não
tomar posse e não entrar em exercício dentro do prazo
Art. 34. Será de 3 (três) anos de efetivo exercício o legal.
interstício para concorrer ao acesso. § 6º Será aposentado no cargo anteriormente ocupado,
o funcionário em disponibilidade que for julgado incapaz
CAPÍTULO VII para o serviço público, em inspeção médica.
Da Reversão § 7º Se o aproveitamento se der em cargo de provi-
mento em comissão, terá o aproveitado assegurado, no
Art. 35. Reversão é o ato pelo qual o aposentado rein- novo cargo, a condição de efetividade que tinha no cargo
gressa no serviço público a pedido ou ex-officio. anteriormente ocupado.
55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 39. Readmissão é o ato pelo qual o ex-funcioná- Art. 46. Posse é o ato que investe o cidadão em cargo
rio, demitido ou exonerado, reingressa no serviço públi- público.
co, sem direito a ressarcimento de prejuízos, assegurada,
apenas, a contagem de tempo de serviço em cargos anterio- Art. 47. São requisitos para a posse em cargo público:
res, para efeito de aposentadoria e disponibilidade. I - ser brasileiro;
§ 1º A readmissão do ex-funcionário demitido será II - ter completado 18 (dezoito) anos de idade;
obrigatoriamente precedida de reexame do respectivo III - estar em dia com as obrigações militares;
processo administrativo, em que fique demonstrado não IV - estar no gozo dos direitos políticos;
haver inconveniente, para o serviço público, na decretação V - ter boa conduta;
da medida. VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção rea-
lizada por órgão médico registrado no Conselho Regional
§ 2º Observado o disposto no parágrafo anterior, se a
correspondente, para provimento de cargo em comissão;
demissão tiver sido a bem do serviço público, a readmis-
VII - possuir aptidão para o exercício do cargo; e
são não poderá ser decretada antes de decorridos 5 (cinco)
VIII - ter atendido às condições especiais prescritas
anos do ato demissório.
para o cargo.
Parágrafo único. A deficiência da capacidade física,
Art. 40. A readmissão será feita no cargo anteriormen- comprovadamente estacionária, não será considerada im-
te exercido pelo ex-funcionário ou, se transformado, no car- pedimento para a caracterização da capacidade psíqui-
go resultante da transformação. ca e somática a que se refere o item VI deste artigo, desde
que tal deficiência não impeça o desempenho normal das
CAPÍTULO X funções inerentes ao cargo de cujo provimento se trata.
Da Readaptação
Art. 48. São competentes para dar posse:
Art. 41. Readaptação é a investidura em cargo mais I - Os Secretários de Estado, aos diretores gerais, aos
compatível com a capacidade do funcionário e depende- diretores ou chefes das repartições e aos funcionários que
rá sempre de inspeção médica. lhes são diretamente subordinados; e
II - Os diretores gerais e os diretores ou chefes de
Art. 42. A readaptação não acarretará diminuição, repartição ou serviço, nos demais casos, de acordo com o
nem aumento de vencimento ou remuneração e será fei- que dispuser o regulamento.
ta mediante transferência.
Art. 49. A posse verificar-se-á mediante a assinatura
CAPÍTULO XI de termo em que o funcionário prometa cumprir fielmen-
Da Remoção te os deveres do cargo.
Parágrafo único. O termo será lavrado em livro próprio
Art. 43. A remoção, que se processará a pedido do fun- e assinado pela autoridade que der posse.
cionário ou “ex-officio”, só poderá ser feita:
I - de uma para outra repartição, da mesma Secre- Art. 50. A posse poderá ser tomada por procuração
taria; e quando se tratar de funcionário ausente do Estado, em co-
II - de um para outro órgão da mesma repartição. missão do Governo ou, em casos especiais, a critério da
autoridade competente.
Parágrafo único. A remoção só poderá ser feita respei-
tada a lotação de cada repartição.
Art. 51. A autoridade que der posse deverá verificar, sob
pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as condi-
Art. 44. A remoção por permuta será processada a re-
ções estabelecidas, em lei ou regulamento, para a investi-
querimento de ambos os interessados, com anuência dos dura no cargo.
respectivos chefes e de acordo com o prescrito neste Capí-
tulo. Art. 52. A posse deverá verificar-se no prazo de 30
(trinta) dias, contados da data da publicação do ato de
Art. 45. O funcionário não poderá ser removido ou provimento do cargo, no órgão oficial.
transferido ex-officio para cargo que deva exercer fora da § 1º O prazo fixado neste artigo poderá ser prorrogado
localidade de sua residência, no período de 6 (seis) meses por mais 30 (trinta) dias, a requerimento do interessado.
antes e até 3 (três) meses após a data das eleições. § 2º O prazo inicial para a posse do funcionário em fé-
Parágrafo único. Essa proibição vigorará no caso de rias ou licença, será contado da data em que voltar ao
eleições federais, estaduais ou municipais, isolada ou si- serviço.
multaneamente realizadas. § 3º Se a posse não se der dentro do prazo, será tornado
sem efeito o ato de provimento.
56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 53. A contagem do prazo a que se refere o artigo § 1º Os prazos previstos neste artigo poderão ser pror-
anterior poderá ser suspensa nas seguintes hipóteses: rogados por 30 (trinta) dias, a requerimento do interessa-
I - por até 120 (cento e vinte) dias, a critério do órgão do e a juízo da autoridade competente.
médico oficial, a partir da data de apresentação do candi- § 2º No caso de remoção, o prazo para exercício de
dato junto ao referido órgão para perícia de sanidade e funcionário em férias ou em licença, será contado da data
capacidade física, para fins de ingresso, sempre que a ins- em que voltar ao serviço.
peção médica exigir essa providência; § 3º No interesse do serviço público, os prazos previs-
II - por 30 (trinta) dias, mediante a interposição de re- tos neste artigo poderão ser reduzidos para determinados
curso pelo candidato contra a decisão do órgão médico cargos.
oficial. § 4º O funcionário que não entrar em exercício dentro
§ 1º O prazo a que se refere o inciso I deste artigo do prazo será exonerado.
recomeçará a correr sempre que o candidato, sem motivo
justificado, deixe de submeter-se aos exames médicos jul- Art. 61. Em caso de mudança de sede, será concedido
gados necessários. um período de trânsito, até 8 (oito) dias, a contar do des-
§ 2º A interposição de recurso a que se refere o inciso II ligamento do funcionário.
deste artigo dar-se-á no prazo máximo de 5 (cinco) dias, a
contar da data de decisão do órgão médico oficial. Art. 62. O funcionário deverá apresentar ao órgão
competente, logo após ter tomado posse e assumido o exer-
Art. 54. O prazo a que se refere o artigo 52 para aquele cício, os elementos necessários à abertura do assenta-
que, antes de tomar posse, for incorporado às Forças Ar- mento individual.
madas, será contado a partir da data da desincorporação.
Art. 63. Salvo os casos previstos nesta lei, o funcionário
Art. 55. O funcionário efetivo, nomeado para cargo em que interromper o exercício por mais de 30 (trinta) dias
comissão, fica dispensado, no ato da posse, da apresenta- consecutivos, ficará sujeito à pena de demissão por aban-
ção do atestado de que trata o inciso VI do artigo 47 desta dono de cargo.
lei.
Art. 64. O funcionário deverá ter exercício na reparti-
CAPÍTULO XIII ção em cuja lotação houver claro.
Da Fiança
Art. 65. Nenhum funcionário poderá ter exercício em
Art. 56. (Revogado). serviço ou repartição diferente daquela em que estiver
lotado, salvo nos casos previstos nesta lei, ou mediante au-
CAPÍTULO XIV torização do Governador.
Do Exercício
Art. 66. Na hipótese de autorização do Governador, o
Art. 57. O exercício é o ato pelo qual o funcionário as- afastamento só será permitido, com ou sem prejuízo de
sume as atribuições e responsabilidades do cargo. vencimentos, para fim determinado e prazo certo.
§ 1º O início, a interrupção e o reinicio do exercício Parágrafo único. O afastamento sem prejuízo de venci-
serão registrados no assentamento individual do funcio- mentos poderá ser condicionado ao reembolso das des-
nário. pesas efetuadas pelo órgão de origem, na forma a ser esta-
§ 2º O início do exercício e as alterações que ocorre- belecida em regulamento.
rem serão comunicados ao órgão competente, pelo chefe
da repartição ou serviço em que estiver lotado o funcionário. Art. 67. O afastamento do funcionário para ter exercí-
cio em entidades com as quais o Estado mantenha con-
Art. 58. Entende-se por lotação, o número de funcio- vênios, reger-se-á pelas normas nestes estabelecidas.
nários de carreira e de cargos isolados que devam ter exer-
cício em cada repartição ou serviço. Art. 68. O funcionário poderá ausentar-se do Esta-
do ou deslocar-se da respectiva sede de exercício, para
Art. 59. O chefe da repartição ou de serviço em que missão ou estudo de interesse do serviço público, mediante
for lotado o funcionário é a autoridade competente para autorização expressa do Governador.
dar-lhe exercício.
Parágrafo único. É competente para dar exercício ao Artigo 68-A - O funcionário poderá afastar-se do Estado
funcionário, com sede no Interior do Estado, a autoridade a para atuar em organismo internacional de que o Brasil par-
que o mesmo estiver diretamente subordinado. ticipe ou com o qual coopere, mediante autorização expressa
do Governador, com prejuízo dos vencimentos e demais van-
Art. 60. O exercício do cargo terá início dentro do prazo tagens do cargo. (NR)
de 30 (trinta) dias, contados:
I - da data da posse; e - Artigo 68-A acrescentado pela Lei Complementar nº
II - da data da publicação oficial do ato, no caso de 1.310, de 04/10/2017.
remoção.
57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 72. O funcionário, quando no desempenho do man- Art. 78. Serão considerados de efetivo exercício, para to-
dato eletivo federal ou estadual, ficará afastado de seu dos os efeitos legais, os dias em que o funcionário estiver afas-
cargo, com prejuízo do vencimento ou remuneração. tado do serviço em virtude de:
I - férias;
Art. 73. O exercício do mandato de Prefeito, ou de Ve- II - casamento, até 8 (oito) dias;
reador, quando remunerado, determinará o afastamento III - falecimento do cônjuge, filhos, pais e irmãos, até
do funcionário, com a faculdade de opção entre os subsídios 8 (oito) dias;
do mandato e os vencimentos ou a remuneração do cargo, IV - falecimento dos avós, netos, sogros, do padrasto
inclusive vantagens pecuniárias, ainda que não incorporadas. ou madrasta, até 2 (dois) dias;
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se igual- V - serviços obrigatórios por lei;
mente à hipótese de nomeação de Prefeito. VI - licença quando acidentado no exercício de suas atri-
buições ou atacado de doença profissional;
Art. 74. Quando não remunerada a vereança, o afasta- VII - licença à funcionária gestante;
mento somente ocorrerá nos dias de sessão e desde que o VIII - licenciamento compulsório, nos termos do art. 206;
horário das sessões da Câmara coincida com o horário nor- IX - licença-prêmio;
mal de trabalho a que estiver sujeito o funcionário. X - faltas abonadas nos termos do parágrafo 1º do art.
§ 1º Na hipótese prevista neste artigo, o afastamento se 110, observados os limites ali fixados;
dará sem prejuízo de vencimentos e vantagens, ainda que XI - missão ou estudo dentro do Estado, em outros pontos
não incorporadas, do respectivo cargo. do território nacional ou no estrangeiro, nos termos do art. 68;
§ 2º É vedada a remoção ou transferência do funcioná- XII - nos casos previstos no art. 122;
rio durante o exercício do mandato. XIII - afastamento por processo administrativo, se o
funcionário for declarado inocente ou se a pena imposta for
Art. 75. O funcionário, devidamente autorizado pelo Go- de repreensão ou multa; e, ainda, os dias que excederem o
vernador, poderá afastar-se do cargo para participar de pro- total da pena de suspensão efetivamente aplicada;
vas de competições desportivas, dentro ou fora do Estado. XIV - trânsito, em decorrência de mudança de sede de
§ 1º O afastamento de que trata este artigo, será precedi- exercício, desde que não exceda o prazo de 8 (oito) dias; e
do de requisição justificada do órgão competente. XV - provas de competições desportivas, nos termos do
§ 2º O funcionário será afastado por prazo certo, nas se- item I, do § 2º, do art. 75.
guintes condições: XVI - licença-paternidade, por 5 (cinco) dias.
I - sem prejuízo do vencimento ou remuneração, quando
representar o Brasil, ou o Estado, em competições desporti- Art. 79. Os dias em que o funcionário deixar de compa-
vas oficiais; e recer ao serviço em virtude de mandato legislativo muni-
II - com prejuízo do vencimento ou remuneração, em cipal serão considerados de efetivo exercício para todos os
quaisquer outros casos. efeitos legais.
58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
c) a antiguidade no cargo; Art. 105. Haverá em cada Secretaria de Estado uma Co-
d) os encargos de família; e missão de Promoção que terá as seguintes atribuições:
e) a idade; I - eleger o respectivo presidente;
2 - na classificação por antiguidade: II - decidir as reclamações contra a avaliação do mé-
a) o tempo no cargo; rito, podendo alterar, fundamentalmente, os pontos atribuí-
b) o tempo de serviço prestado ao Estado; dos ao reclamante ou a outros funcionários;
c) o tempo de serviço público; III - avaliar o mérito do funcionário quando houver di-
d) os encargos de família; e vergência igual ou superior a 20 (vinte) pontos entre os
e) a idade. totais atribuídos pelas autoridades avaliadoras;
IV - propor à autoridade competente a penalidade
Art. 96. O funcionário em exercício de mandato eleti- que couber ao responsável pelo atraso na expedição e re-
vo federal ou estadual ou de mandato de prefeito, somente messa do Boletim de Promoção, pela falta de qualquer in-
poderá ser promovido por antiguidade. formação ou de elementos solicitados, pelos fatos de que
decorram irregularidade ou parcialidade no processamento
Art. 97. Não serão promovidos por merecimento, ain- das promoções;
da que classificados dentro dos limites estabelecidos no re- V - avaliar os títulos e os certificados de cursos apre-
gulamento, os funcionários que tiverem sofrido qualquer sentados pelos funcionários; e
penalidade nos dois anos anteriores à data de vigência VI - dar conhecimento aos interessados mediante afi-
da promoção. xação na repartição:
1 - das alterações de pontos feitos nos Boletins de Pro-
Art. 98. O funcionário submetido a processo adminis- moção; e
trativo poderá ser promovido, ficando, porém, sem efeito a 2 - dos pontos atribuídos pelos títulos e certificados
promoção por merecimento no caso de o processo resultar de cursos.
em penalidade.
Art. 106. No processamento das promoções cabem as
Art. 99. Para promoção por merecimento é indispen- seguintes reclamações:
sável que o funcionário obtenha número de pontos não I - da avaliação do mérito; e
inferior à metade do máximo atribuível. II - da classificação final.
§ 1º Da avaliação do mérito podem ser interpostos pe-
Art. 100. O merecimento do funcionário é adquirido na didos de reconsideração e recurso, e, da classificação final,
apenas recurso.
classe.
§ 2º Terão efeito suspensivo as reclamações relativas à
avaliação do mérito.
Art. 101. (Revogado)
§ 3º Serão estabelecidos em regulamento as normas e
os prazos para o processamento das reclamações de que tra-
Art. 102. O tempo no cargo será o efetivo exercício,
ta este artigo.
contado na seguinte conformidade:
I - a partir da data em que o funcionário assumir o
Art. 107. A orientação das promoções do funcionalis-
exercício do cargo, nos casos de nomeação, transferência
mo público civil será centralizada, cabendo ao órgão a que
a pedido, reversão e aproveitamento; for deferida tal competência:
II - como se o funcionário estivesse em exercício, no I - expedir normas relativas ao processamento das pro-
caso de reintegração; moções e elaborar as respectivas escalas de avaliação, com
III - a partir da data em que o funcionário assumir a aprovação do Governador;
o exercício do cargo do qual foi transferido, no caso de II - orientar as autoridades competentes quanto à ava-
transferência ex-officio; e liação das condições de promoção;
IV - a partir da data em que o funcionário assumir o III - realizar estudos e pesquisas no sentido de averi-
exercício do cargo reclassificado ou transformado. guar a eficiência do sistema em vigor, propondo medidas
tendentes ao seu aperfeiçoamento; e
Art. 103. Será contado como tempo no cargo o efeti- IV - opinar em processos sobre assuntos de promoção,
vo exercício que o funcionário houver prestado no mesmo sempre que solicitado.
cargo, sem solução de continuidade, desde que por prazo
superior a 6 (seis) meses:
I - como substituto; e
II - no desempenho de função gratificada, em perío-
do anterior à criação do respectivo cargo.
60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 112. Só será admitida procuração para efeito de re- Art. 122. O funcionário que comprovar sua contribui-
cebimento de quaisquer importâncias dos cofres estaduais, ção para banco de sangue mantido por órgão estatal ou
decorrentes do exercício do cargo, quando o funcionário paraestatal, ou entidade com a qual o Estado mantenha
se encontrar fora da sede ou comprovadamente impos- convênio, fica dispensado de comparecer ao serviço no dia
sibilitado de locomover-se. da doação.
Art. 113. O vencimento, remuneração ou qualquer van- Art. 123. Apurar-se-á a frequência do seguinte modo:
tagem pecuniária atribuídos ao funcionário, não poderão I - pelo ponto; e
ser objeto de arresto, sequestro ou penhora, salvo: II - pela forma determinada, quanto aos funcionários
I - quando se tratar de prestação de alimentos, na for- não sujeitos a ponto.
ma da lei civil; e
II - nos casos previstos no Capítulo II do Título VI des-
te Estatuto.
61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO II SEÇÃO Il
Das Vantagens de Ordem Pecuniária Dos Adicionais por Tempo de Serviço
62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 137. É vedado conceder gratificação por serviço § 1º Não será concedida diária ao funcionário removi-
extraordinário, com o objetivo de remunerar outros servi- do ou transferido, durante o período de trânsito.
ços ou encargos. § 2º Não caberá a concessão de diária quando o deslo-
§ 1º O funcionário que receber importância relativa a camento de funcionário constituir exigência permanen-
serviço extraordinário que não prestou, será obrigado a te do cargo ou função.
restituí-la de uma só vez, ficando ainda sujeito à punição § 3º Entende-se por sede o município onde o funcio-
disciplinar. nário tem exercício.
§ 2º Será responsabilizada a autoridade que infrin- § 4º O disposto no “caput” deste artigo não se aplica
gir o disposto no caput deste artigo. aos casos de missão ou estudo fora do País.
§ 5º As diárias relativas aos deslocamentos de funcio-
Art. 138. Será punido com pena de suspensão e, na nários para outros Estados e Distrito Federal, serão fixadas
reincidência, com a de demissão, a bem do serviço público, por decreto.
o funcionário:
I - que atestar falsamente a prestação de serviço ex- Art. 145. O valor das diárias será fixado em decreto.
traordinário; e
II - que se recusar, sem justo motivo, à prestação de Art. 146. A tabela de diárias, bem como as autoridades
serviço extraordinário. que as concederem, deverão constar de decreto.
Art. 139. O funcionário que exercer cargo de direção Art. 147. O funcionário que indevidamente receber
não poderá perceber gratificação por serviço extraordiná- diária, será obrigado a restituí-la de uma só vez, ficando
rio. ainda sujeito à punição disciplinar.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica durante o
período em que subordinado de titular de cargo nele men- Art. 148. É vedado conceder diárias com o objetivo de
cionado venha a perceber, em consequência do acrésci- remunerar outros encargos ou serviços.
mo da gratificação por serviço extraordinário, quantia que Parágrafo único. Será responsabilizada a autoridade
iguale ou ultrapasse o valor do padrão do cargo de direção. que infringir o disposto neste artigo.
§ 2º Aos titulares de cargos de direção, para efeito do
parágrafo anterior, apenas será paga gratificação por ser- SEÇÃO V
viço extraordinário correspondente à quantia a esse título Das Ajudas de Custo
percebida pelo subordinado de padrão mais elevado.
Art. 149. A juízo da Administração, poderá ser conce-
Art. 140. A gratificação pela elaboração ou execução dida ajuda de custo ao funcionário que no interesse do
de trabalho técnico ou científico, ou de utilidade para o serviço passar a ter exercício em nova sede.
serviço, será arbitrada pelo Governador, após sua con- § 1º A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcio-
clusão. nário das despesas de viagem e de nova instalação.
§ 2º O transporte do funcionário e de sua família com-
Art. 141. A gratificação a título de representação, preende passagem e bagagem e correrá por conta do Go-
quando o funcionário for designado para serviço ou estudo verno.
fora do Estado, será arbitrada pelo Governador, ou por
autoridade que a lei determinar, podendo ser percebida Art. 150. A ajuda de custo, desde que em território do
cumulativamente com a diária. País, será arbitrada pelos Secretários de Estado, não po-
dendo exceder importância correspondente a 3 (três) vezes o
Art. 142. A gratificação relativa ao exercício em órgão valor do padrão do cargo.
legal de deliberação coletiva, será fixada pelo Gover- Parágrafo único. O regulamento fixará o critério para
nador. o arbitramento, tendo em vista o número de pessoas que
acompanham o funcionário, as condições de vida na nova
Art. 143. A gratificação de representação de gabine- sede, a distância a ser percorrida, o tempo de viagem e os
te, fixada em regulamento, não poderá ser percebida cumu- recursos orçamentários disponíveis.
lativamente com a referida no inciso I do art. 135.
Art. 151. Não será concedida ajuda de custo:
SEÇÃO IV I - ao funcionário que se afastar da sede ou a ela voltar,
Das Diárias em virtude de mandato eletivo; e
II - ao que for afastado junto a outras Administra-
Art. 144. Ao funcionário que se deslocar temporaria- ções.
mente da respectiva sede, no desempenho de suas atribui- Parágrafo único. O funcionário que recebeu ajuda de
ções, ou em missão ou estudo, desde que relacionados custo, se for obrigado a mudar de sede dentro do período de
com o cargo que exerce, poderá ser concedida, além do 2 (dois) anos poderá receber, apenas, 2/3 (dois terços) do
transporte, uma diária a título de indenização das des- benefício que lhe caberia.
pesas de alimentação e pousada.
63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 152. Quando o funcionário for incumbido de ser- Art. 158-A. Fica assegurada nas mesmas bases e condi-
viço que o obrigue a permanecer fora da sede por mais ções, ao cônjuge supérstite ou ao responsável legal pelos
de 30 (trinta) dias, poderá receber ajuda de custo sem filhos do casal, a percepção do salário-família a que tinha
prejuízos das diárias que lhe couberem. direito o funcionário ou inativo falecido.
Parágrafo único. A importância dessa ajuda de custo será
fixada na forma do art. 150, não podendo exceder a quantia Art. 159. A concessão e a supressão do salário-família
relativa a 1 (uma) vez o valor do padrão do cargo. serão processadas na forma estabelecida em lei.
Art. 153. Restituirá a ajuda de custo que tiver recebido: Art. 160. Não será pago o salário-família nos casos em
I - o funcionário que não seguir para a nova sede den- que o funcionário deixar de perceber o respectivo venci-
tro dos prazos fixados, salvo motivo independente de sua mento ou remuneração.
vontade, devidamente comprovado sem prejuízo da pena Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
disciplinar cabível; aos casos disciplinares e penais, nem aos de licença por mo-
II - o funcionário que, antes de concluir o serviço que lhe tivo de doença em pessoa da família.
foi cometido, regressar da nova sede, pedir exoneração
ou abandonar o cargo.
Art. 161. É vedada a percepção de salário-família por
§ 1º A restituição poderá ser feita parceladamente, a
dependente em relação ao qual já esteja sendo pago este
juízo da autoridade que houver concedido a ajuda de custo,
benefício por outra entidade pública federal, estadual ou
salvo no caso de recebimento indevido, em que a impor-
municipal, ficando o infrator sujeito às penalidades da
tância por devolver será descontada integralmente do ven-
cimento ou remuneração, sem prejuízo da pena disciplinar lei.
cabível.
§ 2º A responsabilidade pela restituição de que trata este Art. 162. O salário-esposa será concedido ao funcioná-
artigo, atinge exclusivamente a pessoa do funcionário. rio que não perceba vencimento ou remuneração de impor-
§ 3º Se o regresso do funcionário for determinado pela tância superior a 2 (duas) vezes o valor do menor venci-
autoridade competente ou por motivo de força maior devi- mento pago pelo Estado, desde que a mulher não exerça
damente comprovado, não ficará ele obrigado a restituir a atividade remunerada.
ajuda de custo. Parágrafo único. A concessão do benefício a que se refe-
re este artigo será objeto de regulamento.
Art. 154. Caberá também ajuda de custo ao funcionário
designado para serviço ou estudo no estrangeiro. SEÇÃO VII
Parágrafo único. A ajuda de custo de que trata este arti- Outras Concessões Pecuniárias
go será arbitrada pelo Governador.
Art. 163. O Estado assegurará ao funcionário o direito
SEÇÃO VI de pleno ressarcimento de danos ou prejuízos, decorren-
Do Salário-Família e do Salário-Esposa tes de acidentes no trabalho, do exercício em determina-
das zonas ou locais e da execução de trabalho especial, com
Art. 155. O salário-família será concedido ao funcio- risco de vida ou saúde.
nário ou ao inativo por:
I - filho menor de 18 (dezoito) anos; e Art. 164. Ao funcionário licenciado, para tratamento de
II - filho inválido de qualquer idade. saúde poderá ser concedido transporte, se decorrente do
Parágrafo único. Consideram-se dependentes, desde tratamento, inclusive para pessoa de sua família.
que vivam total ou parcialmente às expensas do funcionário,
os filhos de qualquer condição, os enteados e os adoti-
Art. 165. Poderá ser concedido transporte à família do
vos, equiparando-se a estes os tutelados sem meios pró-
funcionário, quando este falecer fora da sede de exercício,
prios de subsistência.
no desempenho de serviço.
§ 1º A mesma concessão poderá ser feita à família do
Art. 156. A invalidez que caracteriza a dependência é a
incapacidade total e permanente para o trabalho. funcionário falecido fora do Estado.
§ 2º Só serão atendidos os pedidos de transporte formu-
Art. 157. Quando o pai e a mãe tiverem ambos a con- lados dentro do prazo de 1 (um) ano, a partir da data em
dição de funcionário público ou de inativo e viverem em que houver falecido o funcionário.
comum, o salário-família será concedido a um deles.
Parágrafo único. Se não viverem em comum, será con- Art. 166. (Revogado).
cedido ao que tiver os dependentes sob sua guarda, ou a
ambos, de acordo com a distribuição de dependentes. Art. 167. A concessão de que trata o artigo anterior
só poderá ser deferida ao funcionário que se encontre no
Art. 158. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e exercício do cargo e mantenha contato com o público,
a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos pagando ou recebendo em moeda corrente.
incapazes.
64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 168. Ao cônjuge, ao companheiro ou companheira Art. 174. Verificado, mediante processo administrativo,
ou, na falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas em que o funcionário está acumulando, fora das condições
virtude do falecimento de funcionário ativo ou inativo será previstas neste Capítulo, será ele demitido de todos os car-
concedido auxílio-funeral, a título de benefício assisten- gos e funções e obrigado a restituir o que indevidamen-
cial, de valor correspondente a 1 (um) mês da respectiva te houver recebido.
remuneração. § 1º Provada a boa-fé, o funcionário será mantido no
§ 1º O pagamento será efetuado pelo órgão competente, cargo ou função que exercer há mais tempo.
mediante apresentação de atestado de óbito pelas pessoas § 2º Em caso contrário, o funcionário demitido ficará
indicadas no caput deste artigo, ou procurador legalmente ainda inabilitado pelo prazo de 5 (cinco) anos, para o
habilitado, feita a prova de identidade. exercício de função ou cargo público, inclusive em entidades
§ 2º No caso de integrante da carreira de Agente de Se- que exerçam função delegada do poder público ou são por
gurança Penitenciária ou da classe de Agente de Escolta e este mantidas ou administradas.
Vigilância Penitenciária, se ficar comprovado, por meio de
competente apuração, que o óbito decorreu de lesões recebi- Art. 175. As autoridades civis e os chefes de serviço, bem
das no exercício de suas funções, o benefício será acrescido
como os diretores ou responsáveis pelas entidades referidas
do valor correspondente a mais 1 (um) mês da respecti-
no parágrafo 2º do artigo anterior e os fiscais ou represen-
va remuneração, cujo pagamento será efetivado mediante
tantes dos poderes públicos junto às mesmas, que tiverem
apresentação de alvará judicial.
conhecimento de que qualquer dos seus subordinados ou
§ 3º O pagamento do benefício previsto neste artigo,
caso as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em qualquer empregado da empresa sujeita à fiscalização está
virtude da contratação de planos funerários, somente será no exercício de acumulação proibida, farão a devida comu-
efetivado mediante apresentação de alvará judicial. nicação ao órgão competente, para os fins indicados no
artigo anterior.
Art. 169. O Governo do Estado poderá conceder prêmios Parágrafo único. Qualquer cidadão poderá denunciar a
em dinheiro, dentro das dotações orçamentárias próprias, existência de acumulação ilegal.
aos funcionários autores dos melhores trabalhos, classifica-
dos em concursos de monografias de interesse para o TÍTULO V
serviço público. DOS DIREITOS E VANTAGENS EM GERAL
65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 179. Caberá ao chefe da repartição ou do serviço, Art. 185. As licenças previstas nos incisos I, II e IV do
organizar, no mês de dezembro, a escala de férias para o artigo 181 não serão concedidas em prorrogação, ca-
ano seguinte, que poderá alterar de acordo com a conve- bendo ao funcionário ou à autoridade competente ingressar,
niência do serviço. quando for o caso, com um novo pedido.
66
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 194. O funcionário acidentado no exercício de suas Art. 199. O funcionário poderá obter licença, por motivo
atribuições ou que tenha adquirido doença profissional de doença do cônjuge e de parentes até segundo grau.
terá direito à licença com vencimento ou remuneração. § 1º Provar-se-á a doença em inspeção médica na for-
Parágrafo único. Considera-se também acidente: ma prevista no artigo 193.
1 - a agressão sofrida e não provocada pelo funcio- § 2º A licença de que trata este artigo será concedida
nário, no exercício de suas funções; com vencimentos ou remuneração até 1 (um) mês e com
2 - a lesão sofrida pelo funcionário, quando em os seguintes descontos:
trânsito, no percurso usual para o trabalho. 1 - de 1/3 (um terço), quando exceder a 1 (um) mês até
3 (três);
Art. 195. A licença prevista no artigo anterior não pode- 2 - 2/3 (dois terços), quando exceder a 3 (três) até 6 (seis);
rá exceder de 4 (quatro) anos. 3 - sem vencimento ou remuneração do sétimo ao vi-
Parágrafo único. No caso de acidente, verificada a in- gésimo mês.
capacidade total para qualquer função pública, será desde § 3º Para os efeitos do § 2º deste artigo, serão somadas
logo concedida aposentadoria ao funcionário. as licenças concedidas durante o período de 20 (vinte) meses,
contado da primeira concessão.
Art. 196. A comprovação do acidente, indispensável
para a concessão da licença, será feita em procedimento SEÇÃO VI
próprio, que deverá iniciar-se no prazo de 10 (dez) dias, Da Licença para Atender a Obrigações Concernen-
contados da data do acidente. tes ao Serviço Militar
§ 1º O funcionário deverá requerer a concessão da li-
cença de que trata o caput deste artigo junto ao órgão de Art. 200. Ao funcionário que for convocado para o ser-
origem. viço militar e outros encargos da segurança nacional,
§ 2º Concluído o procedimento de que trata o caput des- será concedida licença sem vencimento ou remuneração.
te artigo caberá ao órgão médico oficial a decisão. § 1º A licença será concedida mediante comunicação
§ 3º O procedimento para a comprovação do acidente do funcionário ao chefe da repartição ou do serviço, acom-
de que trata este artigo deverá ser cumprido pelo órgão de panhada de documentação oficial que prove a incorporação.
origem do funcionário, ainda que não venha a ser objeto § 2º O funcionário desincorporado reassumirá ime-
de licença. diatamente o exercício, sob pena de demissão por abandono
do cargo, se a ausência exceder a 30 (trinta) dias.
Art. 197. Para a conceituação do acidente da doença § 3º Quando a desincorporação se verificar em lugar
profissional, serão adotados os critérios da legislação fe- diverso do da sede, os prazos para apresentação serão os
deral de acidentes do trabalho. previstos no art. 60.
SEÇÃO IV Art. 201. Ao funcionário que houver feito curso para ser
Da Licença à Funcionária Gestante admitido como oficial da reserva das Forças Armadas,
será também concedida licença sem vencimento ou remune-
Art. 198. À funcionária gestante será concedida licen- ração, durante os estágios prescritos pelos regulamentos
ça de 180 (cento e oitenta) dias com vencimento ou remu- militares.
neração, observado o seguinte:
I - a licença poderá ser concedida a partir da 32ª (trigé- SEÇÃO VII
sima segunda) semana de gestação, mediante documenta- Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
ção médica que comprove a gravidez e a respectiva ida-
de gestacional; (Redação dada pela Lei complementar nº Art. 202. Depois de 5 (cinco) anos de exercício, o fun-
1.196, de 27 de fevereiro de 2013). cionário poderá obter licença, sem vencimento ou remu-
II - ocorrido o parto, sem que tenha sido requerida a neração, para tratar de interesses particulares, pelo prazo
licença, será esta concedida mediante a apresentação da máximo de 2 (dois) anos.
certidão de nascimento e vigorará a partir da data do § 1º Poderá ser negada a licença quando o afastamento
evento, podendo retroagir até 15 (quinze) dias; do funcionário for inconveniente ao interesse do serviço.
III - durante a licença, cometerá falta grave a servidora § 2º O funcionário deverá aguardar em exercício a
que exercer qualquer atividade remunerada ou manti- concessão da licença.
ver a criança em creche ou organização similar. § 3º A licença poderá ser gozada parceladamente a
Parágrafo único. No caso de natimorto, será concedida juízo da Administração, desde que dentro do período de 3
a licença para tratamento de saúde, a critério médico, na (três) anos.
forma prevista no artigo 193. § 4º O funcionário poderá desistir da licença, a qual-
quer tempo, reassumindo o exercício em seguida.
67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 203. Não será concedida licença para tratar de inte- Art. 211. (Revogado).
resses particulares ao funcionário nomeado, removido ou
transferido, antes de assumir o exercício do cargo. Art. 212. A licença-prêmio será concedida mediante cer-
tidão de tempo de serviço, independente de requerimento
Art. 204. Só poderá ser concedida nova licença depois de do funcionário, e será publicada no Diário Oficial do Estado,
decorridos 5 (cinco) anos do término da anterior. nos termos da legislação em vigor.
68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único. O funcionário ficará em disponibi- Art. 228. A aposentadoria prevista no item III do art.
lidade até o seu obrigatório aproveitamento em cargo 222 produzirá efeito a partir da publicação do ato no “Diá-
equivalente. rio Oficial”.
Art. 220. O provento da disponibilidade não poderá ser Art. 229. O pagamento dos proventos a que tiver direito
superior ao vencimento ou remuneração e vantagens per- o aposentado deverá iniciar-se no mês seguinte ao em que
cebidos pelo funcionário. cessar a percepção do vencimento ou remuneração.
Art. 221. Qualquer alteração do vencimento ou re- Art. 230. O provento do aposentado só poderá sofrer
muneração e vantagens percebidas pelo funcionário em descontos autorizados em lei.
virtude de medida geral, será extensiva ao provento do
disponível, na mesma proporção. Art. 231. O provento da aposentadoria não poderá ser
superior ao vencimento ou remuneração e demais vanta-
CAPÍTULO V gens percebidas pelo funcionário.
Da Aposentadoria
Art. 232. Qualquer alteração do vencimento ou remune-
Art. 222. O funcionário será aposentado: ração e vantagens percebidas pelo funcionário em virtude de
I - por invalidez; medida geral, será extensiva ao provento do aposentado,
II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos; e na mesma proporção.
III - voluntariamente, após 35 (trinta e cinco) anos
de serviço. CAPÍTULO VI
§ 1º No caso do item III, o prazo é reduzido a 30 (trin- Da Assistência ao Funcionário
ta) anos para as mulheres.
§ 2º Os limites de idade e de tempo de serviço para Art. 233. Nos trabalhos insalubres executados pelos
a aposentadoria poderão ser reduzidos, nos termos do funcionários, o Estado é obrigado a fornecer-lhes gratuita-
mente equipamentos de proteção à saúde.
parágrafo único do art. 94 da Constituição do Estado de
Parágrafo único. Os equipamentos aprovados por órgão
São Paulo.
competente, serão de uso obrigatório dos funcionários,
sob pena de suspensão.
Art. 223. A aposentadoria prevista no item I do artigo
anterior, só será concedida, após a comprovação da inva-
Art. 234. Ao funcionário é assegurado o direito de re-
lidez do funcionário, mediante inspeção de saúde realiza-
moção para igual cargo no local de residência do cônjuge,
da em órgão médico oficial.
se este também for funcionário e houver vaga.
Art. 224. A aposentadoria compulsória prevista no Art. 235. Havendo vaga na sede do exercício de am-
item II do art. 222 é automática. bos os cônjuges, a remoção poderá ser feita para o local
Parágrafo único. O funcionário se afastará no dia ime- indicado por qualquer deles, desde que não prejudique o
diato àquele em que atingir a idade limite, independente- serviço.
mente da publicação do ato declaratório da aposentadoria.
Art. 236. Somente será concedida nova remoção por
Art. 225. O funcionário em disponibilidade poderá ser união de cônjuges ao funcionário que for removido a pedi-
aposentado nos termos do art. 222. do para outro local, após transcorridos 5 (cinco) anos.
Art. 226. O provento da aposentadoria será: Art. 237. Considera-se local, para os fins dos arts. 234 a
I - igual ao vencimento ou remuneração e demais van- 236, o município onde o cônjuge tem sua residência.
tagens pecuniárias incorporadas para esse efeito:
1 - quando o funcionário, do sexo masculino, contar Art. 238. O ato que remover ou transferir o funcionário
35 (trinta e cinco) anos de serviço e do sexo feminino, 30 estudante de uma para outra cidade ficará suspenso se, na
(trinta) anos; e nova sede, não existir estabelecimento congênere, oficial,
2 - quando ocorrer a invalidez. reconhecido ou equiparado àquele em que o interessado es-
II - proporcional ao tempo de serviço, nos demais teja matriculado.
casos. § 1º Efetivar-se-á a transferência, se o funcionário con-
cluir o curso, deixar de cursá-lo ou for reprovado durante
Art. 227. As disposições dos itens I e II do art. 222 apli- 2 (dois) anos.
cam-se ao funcionário ocupante de cargo em comissão, § 2º Anualmente, o interessado deverá fazer prova,
que contar mais de 15 (quinze) anos de exercício inin- perante a repartição a que esteja subordinado, de que está
terrupto nesse cargo, seja ou não ocupante de cargo de frequentando regularmente o curso em que estiver matri-
provimento efetivo. culado.
69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
70
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o que IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição
comparece no horário para as reuniões de trabalho e de- e, especialmente, sobre despachos, decisões ou providên-
mais atividades relacionadas com o exercício do cargo cias;
que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o “O agente público deve guardar sigilo sobre o que
dever violado, seja por impontualidade, seja por inassi- se passa na repartição, principalmente quanto aos as-
duidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de suntos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
60 dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de 2011, hoje está regulamentado o acesso às informações.
advertência, com fins educativos e de correção do servi- Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o
dor”. fornecimento ou divulgação das informações exigem um
procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a in-
II - cumprir as ordens superiores, representando quan- formação possa expor a intimidade da pessoa humana. As
do forem manifestamente ilegais; informações pessoais dos administrados em geral devem
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór- ser tratadas forma transparente e com respeito à intimi-
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado dade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas,
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro bem como às liberdades e garantias individuais, segundo
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para o sigilo
funções que servem ao cumprimento da vontade do ente existe, pois, não devemos tratar a questão em termos de
estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o cláusula jurídica de caráter absoluto, podendo ter autori-
que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierar- zada a divulgação ou o acesso por terceiros quando haja
quia existe para que do alto escalão até a prática dos previsão legal. Outra exceção é quando há o consenti-
administrados as coisas funcionem. Disso decorre que mento expresso da pessoa a que elas se referirem. No
quando é emitida uma ordem para o servidor subordi- caso de cumprimento de ordem judicial, para a defesa de
nado, este deve dar cumprimento ao comando. Porém direitos humanos, e quando a proteção do interesse pú-
quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, incons- blico e geral preponderante o exigir, também devem ser
titucional ou absurda, o servidor não é obrigado a dar fornecidas as informações. Portanto, o servidor há que ter
seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é reserva no seu comportamento e fala, esquivando-se de
manifestamente ilegal? Há uma margem de interpreta- revelar o conteúdo do que se passa no seu trabalho. Se
ção, principalmente se o servidor subordinado não tiver o assunto pululante é uma irregularidade absurda, deve
nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom então reduzir a escrito e representar para que se apure
senso que irá margear o que é flagrantemente incons- o caso. Deveriam diminuir as conversas de corredor e se
titucional”. efetivar a apuração dos fatos através do processo admi-
nistrativo disciplinar. Os assuntos objeto do serviço mere-
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de cem reserva. Devem ficar circunscritos aos servidores de-
que for incumbido; signados para o respectivo trabalho interno, não devendo
“O zelo diz respeito às atribuições funcionais e tam- sair da seção ou setor de trabalho, sem o trâmite hierár-
bém ao cuidado com a economia do material, os bens quico do chefe imediato. Se o assunto ou o trabalho, en-
da repartição e o patrimônio público. Sob o prisma da fim, merecer divulgação mais ampla, deve ser contatado
disciplina e da conservação dos bens e materiais da re- o órgão de assessoria de comunicação social, que saberá
partição, o servidor deve sempre agir com dedicação no proceder de forma oficial, obedecendo ao bom senso e às
desempenho das funções do cargo que ocupa, e que lhe leis vigentes”.
foram atribuídas desde o termo de posse. O servidor não
é o dono do cargo. Dono do cargo é o Estado que o re- V - representar aos superiores sobre todas as irregu-
munera. Se o referido cargo não lhe pertence, o servidor laridades de que tiver conhecimento no exercício de suas
deve exercer suas funções com o máximo de zelo que funções;
estiver ao seu alcance. Sua eventual menor capacidade “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen-
de desempenho, para não configurar desídia ou insufi- to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de
ciência de desempenho, deverá ser compensada com um que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
maior esforço e dedicação de sua parte. Se um servidor Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis-
altamente preparado e capaz, vem a praticar atos que tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ou
configurem desídia ou mesmo falta mais grave, poderá divisões detêm um conhecimento maior de como corrigir
vir a ser punido. Porque o que se julgará não é a pessoa o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a devida
do servidor, mas a conduta a ele imputável. O zelo não apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de um ato
deve se limitar apenas às atribuições específicas de sua irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros. Além do
atividade. O servidor deve ter zelo não somente com os dever de sigilo, há assuntos que exigem certas reservas,
bens e interesses imateriais (a imagem, os símbolos, a visando ao bem do serviço público, da segurança nacional
moralidade, a pontualidade, o sigilo, a hierarquia) como e mesmo da sociedade”.
também para com os bens e interesses patrimoniais do
Estado”.
71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VI - tratar com urbanidade as pessoas; XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimen-
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização tos, instruções e ordens de serviço que digam respeito às
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- suas funções; e
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo “A função desta norma é de não deixar sem resposta
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces-
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços sária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
públicos”. 116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde au-
torizado; XIV - proceder na vida pública e privada na forma que
O objetivo da disciplina é impor que o servidor sempre dignifique a função pública.
seja acessível, não precise se locomover grandes distâncias O bom comportamento não deve se fazer presente
quando solicitado, o que permite ainda que conheça a rea- somente no exercício das funções. Cabe ao funcionário se
lidade local. portar bem quando estiver em sua vida privada, na convi-
vência com seus amigos e familiares, bem como nos mo-
VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, mentos de lazer. Por melhor que seja como funcionário,
no assentamento individual, a sua declaração de família; não será aceito aquele que, por exemplo, for visto frequen-
Trata-se do dever de manter seus registros atualizados, temente embriagado ou for sempre denunciado por vio-
inclusive no que se refere aos membros de sua família. lência doméstica.
XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com 64 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos
os companheiros de trabalho, Servidores Públicos da União. Disponível em: <http://
O ambiente de trabalho não deve ser um ambiente de www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_ar-
litígio, mas sim de cooperação. tigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
72
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 243. É proibido ainda, ao funcionário: Art. 244. É vedado ao funcionário trabalhar sob as or-
I - fazer contratos de natureza comercial e industrial dens imediatas de parentes, até segundo grau, salvo
com o Governo, por si, ou como representante de outrem; quando se tratar de função de confiança e livre escolha,
II - participar da gerência ou administração de em- não podendo exceder a 2 (dois) o número de auxiliares nes-
presas bancárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, sas condições.
que mantenham relações comerciais ou administrativas com É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
o Governo do Estado, sejam por este subvencionadas ou es- neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o
tejam diretamente relacionadas com a finalidade da reparti- favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri-
ção ou serviço em que esteja lotado; mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que
III - requerer ou promover a concessão de privilégios, diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. Destaca-se
garantias de juros ou outros favores semelhantes, fede- o teor da súmula vinculante nº 13 do STF:
rais, estaduais ou municipais, exceto privilégio de invenção Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge,
própria; companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, empre- afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade no-
go ou função em empresas, estabelecimentos ou insti- meante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investi-
tuições que tenham relações com o Governo, em matéria do em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
que se relacione com a finalidade da repartição ou serviço exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda,
em que esteja lotado; de função gratificada na Administração Pública direta e in-
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem direta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
autorização do Presidente da República; Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas mediante designações recíprocas, viola a Constituição Fe-
condições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em deral.” Obs.: se o concurso pedir pelo entendimento juris-
qualquer caso, ser acionista, quotista ou comanditário; prudencial, vá pela súmula, mas se não mencionar nada
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos se atenha ao texto da lei, visto que há pequenas variações
entre o texto da súmula e o da lei.
de sabotagem contra o serviço público; (INCONSTITUCIO-
NAL)
CAPÍTULO II
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
Das Responsabilidades
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan-
Art. 245. O funcionário é responsável por todos os
to não for elaborada uma legislação específica para os fun-
prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual,
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre-
por dolo ou culpa, devidamente apurados.
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
Parágrafo único. Caracteriza-se especialmente a res-
(Mandado de Injunção nº 20). ponsabilidade:
I - pela sonegação de valores e objetos confiados à
VIII - praticar a usura; sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar contas,
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de ou por não as tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas
intermediário perante qualquer repartição pública, exceto leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de ser-
quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até se- viço;
gundo grau; II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob sua guar-
entidades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo da, ou sujeitos a seu exame ou fiscalização;
quando estiver em missão referente à compra de material III - pela falta ou inexatidão das necessárias averba-
ou fiscalização de qualquer natureza; ções nas notas de despacho, guias e outros documentos
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para de- da receita, ou que tenham com eles relação; e
sempenhar atividade estranha às funções ou para lo- IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a
grar, direta ou indiretamente, qualquer proveito; e Fazenda Estadual.
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer
parte. (INCONSTITUCIONAL) Art. 246. O funcionário que adquirir materiais em de-
Os servidores públicos têm direito de fundar sindica- sacordo com disposições legais e regulamentares, será
tos, o que é inerente ao direito fundamental à liberdade de responsabilizado pelo respectivo custo, sem prejuízo das
associação. penalidades disciplinares cabíveis, podendo-se proceder ao
desconto no seu vencimento ou remuneração.
Parágrafo único. Não está compreendida na proibição
dos itens II e VI deste artigo, a participação do funcioná- Art. 247. Nos casos de indenização à Fazenda Esta-
rio em sociedades em que o Estado seja acionista, bem dual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez,
assim na direção ou gerência de cooperativas e associa- a importância do prejuízo causado em virtude de alcance,
ções de classe, ou como seu sócio. desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento ou
entrada nos prazos legais.
73
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 248. Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
importância da indenização poderá ser descontada do dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
vencimento ou remuneração não excedendo o desconto à limites da herança, embora existam reflexos na ação que
10ª (décima) parte do valor destes. apure a responsabilidade civil conforme o resultado na
Parágrafo único. No caso do item IV do parágrafo úni- esfera penal (por exemplo, uma absolvição por negati-
co do art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a va de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
pena de repreensão e, na reincidência, a de suspensão. passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
Genericamente, os elementos da responsabilidade
Art. 249. Será igualmente responsabilizado o funcio- civil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele
nário que, fora dos casos expressamente previstos nas leis, que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou im-
regulamentos ou regimentos, cometer a pessoas estra- prudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
nhas às repartições, o desempenho de encargos que lhe que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o
competirem ou aos seus subordinados. artigo central do instituto da responsabilidade civil, que
tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir
Art. 250. A responsabilidade administrativa não como não se deve ou deixar de agir como se deve), cul-
exime o funcionário da responsabilidade civil ou cri- pa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
minal que no caso couber, nem o pagamento da indeniza- violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
ção a que ficar obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão
exame da pena disciplinar em que incorrer. e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido
§ 1º A responsabilidade administrativa é independen- pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral
te da civil e da criminal. ou material, econômico e não econômico).
§ 2º Será reintegrado ao serviço público, no cargo que Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o
servidor absolvido pela Justiça, mediante simples com- As pessoas jurídicas de direito público e as de direi-
provação do trânsito em julgado de decisão que negue a to privado prestadoras de serviços públicos responderão
existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causa-
demissão. rem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
§ 3º O processo administrativo só poderá ser sobresta- o responsável nos casos de dolo ou culpa.
do para aguardar decisão judicial por despacho motiva-
do da autoridade competente para aplicar a pena. Este artigo deixa clara a formação de uma relação
Segundo Carvalho Filho65, “a responsabilidade se ori- jurídica autônoma entre o Estado e o agente público
gina de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determi- que causou o dano no desempenho de suas funções.
nada situação fática prevista em lei e se caracteriza pela Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva,
natureza do campo jurídico em que se consuma. Desse ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente
modo, a responsabilidade pode ser civil, penal e adminis- pelo dano causado, ao qual foi anteriormente conde-
trativa. Cada responsabilidade é, em princípio, indepen- nado a reparar. Direito de regresso é justamente o di-
dente da outra”.
reito de acionar o causador direto do dano para obter
É possível que o mesmo fato gere responsabilidade
de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a exis-
civil, penal e administrativa, mas também é possível que
tência de uma relação obrigacional que se forma entre
este gere apenas uma ou outra espécie de responsabili-
a vítima e a instituição que o agente compõe.
dade. Daí o fato das responsabilidades serem indepen-
Assim, o Estado responde pelos danos que seu
dentes: o mesmo fato pode gerar a aplicação de qualquer
agente causar aos membros da sociedade, mas se este
uma delas, cumulada ou isoladamente.
agente agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Es-
O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
tado do que foi pago à vítima. O agente causará danos
te do direito obrigacional, uma vez que a principal con-
ao praticar condutas incompatíveis com o comporta-
sequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que
mento ético dele esperado. 67
gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o pa-
gamento de indenização que se refere às perdas e danos. A responsabilidade civil do servidor exige prévio
Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão que processo administrativo disciplinar no qual seja asse-
gere dano deve suportar as consequências jurídicas de- gurado contraditório e ampla defesa.
correntes, restaurando-se o equilíbrio social.66 Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou
com culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do ser-
65 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de vidor que gere dano ao erário (Administração) ou a ter-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- ceiro (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
ris, 2010.
66 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabili- 67 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo.
dade Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.
74
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
75
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º Considerar-se-á abandono de cargo, o não compa- III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;
recimento do funcionário por mais de (30) dias consecuti- IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a
vos ex-vi do art. 63. 60 (sessenta) dias; e
§ 2º A pena de demissão por ineficiência no serviço, V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a
só será aplicada quando verificada a impossibilidade de de suspensão limitada a 30 (trinta) dias.
readaptação. Parágrafo único. Havendo mais de um infrator e di-
versidade de sanções, a competência será da autoridade
Art. 257. Será aplicada a pena de demissão a bem do responsável pela imposição da penalidade mais grave.
serviço público ao funcionário que:
I - for convencido de incontinência pública e escan- Art. 261. Extingue-se a punibilidade pela prescri-
dalosa e de vício de jogos proibidos; ção:
II - praticar ato definido como crime contra a admi- I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou
nistração pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou multa, em 2 (dois) anos;
previsto nas leis relativas à segurança e à defesa na- II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a
cional;
bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou
III - revelar segredos de que tenha conhecimento em
disponibilidade, em 5 (cinco) anos;
razão do cargo, desde que o faça dolosamente e com pre-
II - da falta prevista em lei como infração penal, no
juízo para o Estado ou particulares;
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for
IV - praticar insubordinação grave;
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcio- superior a 5 (cinco) anos.
nários ou particulares, salvo se em legítima defesa; § 1º A prescrição começa a correr:
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos; 1 - do dia em que a falta for cometida;
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre- 2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou
sentes ou vantagens de qualquer espécie, diretamente ou a permanência, nas faltas continuadas ou permanentes.
por intermédio de outrem, ainda que fora de suas funções § 2º Interrompem a prescrição a portaria que instau-
mas em razão delas; ra sindicância e a que instaura processo administra-
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer va- tivo.
lores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na § 3º O lapso prescricional corresponde:
repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização; 1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da
IX - exercer advocacia administrativa; pena efetivamente aplicada;
X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria 2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da
de salário-família, sem prejuízo da responsabilidade civil e pena em tese cabível.
de procedimento criminal, que no caso couber; § 4º A prescrição não corre:
XI - praticar ato definido como crime hediondo, tortu- 1 - enquanto sobrestado o processo administrativo
ra, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e ter- para aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo
rorismo; 250;
XII - praticar ato definido como crime contra o Sistema 2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que
Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direi- venha a ser restabelecido.
tos ou valores; e § 5º Extinta a punibilidade pela prescrição, a autorida-
XIII - praticar ato definido em lei como de improbida- de julgadora determinará o registro do fato nos assenta-
de. mentos individuais do servidor.
§ 6º A decisão que reconhecer a existência de prescri-
Art. 258. O ato que demitir o funcionário mencionará
ção deverá desde logo determinar, quando for o caso, as
sempre a disposição legal em que se fundamenta.
providências necessárias à apuração da responsabilidade
pela sua ocorrência.
Art. 259. Será aplicada a pena de cassação de aposen-
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
tadoria ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo:
I - praticou, quando em atividade, falta grave para a direito de acionar judicialmente.
qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou de demis- No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais
são a bem do serviço público; graves, 2 para as de gravidade intermediária e leve (pena
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; de suspensão e pena de advertência) - Contados da data
III - aceitou representação de Estado estrangeiro em que o fato se tornou conhecido pela administração
sem prévia autorização do Presidente da República; e pública.
IV - praticou a usura em qualquer de suas formas. Interrupção da prescrição significa parar a contagem
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber-
Art. 260. Para aplicação das penalidades previstas no tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar
art. 251, são competentes: até a decisão final proferida por autoridade competente
I - o Governador; não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co-
II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
Estado e os Superintendentes de Autarquia; propor ação disciplinar.
76
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 262. O funcionário que, sem justa causa, deixar de Art. 267. O período de afastamento preventivo compu-
atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja ta-se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
marcado prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu pena de suspensão eventualmente aplicada.
vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exi- A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
gência. ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
Parágrafo único. Aplica-se aos aposentados ou em dis- cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
ponibilidade o disposto neste artigo. o processo administrativo disciplinar que aplique a sanção
mais grave.
Art. 263. Deverão constar do assentamento individual
do funcionário todas as penas que lhe forem impostas. TÍTULO VIII
DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
CAPÍTULO II
Das Providências Preliminares CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
Art. 264. A autoridade que, por qualquer meio, tiver
conhecimento de irregularidade praticada por servidor é Art. 268. A apuração das infrações será feita mediante
obrigada a adotar providências visando à sua imediata sindicância ou processo administrativo, assegurados o
apuração, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso contraditório e a ampla defesa.
exigir.
Art. 269. Será instaurada sindicância quando a falta
Art. 265. A autoridade realizará apuração prelimi- disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
nar, de natureza simplesmente investigativa, quando a repreensão, suspensão ou multa.
infração não estiver suficientemente caracterizada ou de-
finida autoria. Art. 270. Será obrigatório o processo administrati-
§ 1º A apuração preliminar deverá ser concluída no pra- vo quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa
zo de 30 (trinta) dias. determinar as penas de demissão, de demissão a bem
§ 2º Não concluída no prazo a apuração, a autoridade do serviço público e de cassação de aposentadoria ou
deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete disponibilidade.
relatório das diligências realizadas e definir o tempo neces-
sário para o término dos trabalhos. Art. 271. Os procedimentos disciplinares punitivos serão
§ 3º Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de- realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presididos
verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela por Procurador do Estado confirmado na carreira.
instauração de sindicância ou de processo administrativo.
CAPÍTULO II
Art. 266. Determinada a instauração de sindicância Da Sindicância
ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo
conveniência para a instrução ou para o serviço, poderá o Art. 272. São competentes para determinar a instau-
Chefe de Gabinete, por despacho fundamentado, ordenar as ração de sindicância as autoridades enumeradas no artigo
seguintes providências: 260.
I - afastamento preventivo do servidor, quando o reco- Parágrafo único. Instaurada a sindicância, o Procurador
mendar a moralidade administrativa ou a apuração do fato, do Estado que a presidir comunicará o fato ao órgão seto-
sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e rial de pessoal.
oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período;
II - designação do servidor acusado para o exercício de Art. 273. Aplicam-se à sindicância as regras previstas
atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do nesta lei complementar para o processo administrativo,
procedimento; com as seguintes modificações:
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão ar-
e algemas; rolar até 3 (três) testemunhas;
IV - proibição do porte de armas; II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser (sessenta) dias;
estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. III - com o relatório, a sindicância será enviada à auto-
§ 1º A autoridade que determinar a instauração ou pre- ridade competente para a decisão.
sidir sindicância ou processo administrativo poderá repre-
sentar ao Chefe de Gabinete para propor a aplicação das CAPÍTULO III
medidas previstas neste artigo, bem como sua cessação ou Do Processo Administrativo
alteração.
§ 2º O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento, Art. 274. São competentes para determinar a instau-
por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as me- ração de processo administrativo as autoridades enume-
didas previstas neste artigo. radas no Art. 260, até o inciso IV, inclusive.
77
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 275. Não poderá ser encarregado da apuração, nem Art. 279. Havendo denunciante, este deverá prestar
atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente declarações, no interregno entre a data da citação e a
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o fixada para o interrogatório do acusado, sendo notificado
terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qual- para tal fim.
quer integrante do núcleo familiar do denunciante ou § 1º A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
do acusado, bem assim o subordinado deste. pelo advogado do acusado, próprio ou dativo.
§ 2º O acusado não assistirá à inquirição do denun-
Art. 276. A autoridade ou o funcionário designado de- ciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência
verão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o das declarações que aquele houver prestado.
impedimento que houver.
Art. 280. Não comparecendo o acusado, será, por des-
Art. 277. O processo administrativo deverá ser instaura- pacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais
do por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do atos e termos do processo.
recebimento da determinação, e concluído no de 90 (noven-
ta) dias da citação do acusado. Art. 281. Ao acusado revel será nomeado advogado
§ 1º Da portaria deverão constar o nome e a identifi- dativo.
cação do acusado, a infração que lhe é atribuída, com des-
crição sucinta dos fatos, a indicação das normas infringidas Art. 282. O acusado poderá constituir advogado que o
e a penalidade mais elevada em tese cabível. representará em todos os atos e termos do processo.
§ 2º Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o § 1º É faculdade do acusado tomar ciência ou assis-
Procurador do Estado que o presidir deverá imediatamente tir aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória
encaminhar ao seu superior hierárquico relatório indicando qualquer notificação.
as providências faltantes e o tempo necessário para término § 2º O advogado será intimado por publicação no Diá-
dos trabalhos. rio Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de
§ 3º O superior hierárquico dará ciência dos fatos a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os
que se refere o parágrafo anterior e das providências que
dados necessários à identificação do procedimento.
houver adotado à autoridade que determinou a instauração
§ 3º Não tendo o acusado recursos financeiros ou ne-
do processo.
gando-se a constituir advogado, o presidente nomeará ad-
vogado dativo.
Art. 278. Autuada a portaria e demais peças preexisten-
§ 4º O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir
tes, designará o presidente dia e hora para audiência de
advogado para prosseguir na sua defesa.
interrogatório, determinando a citação do acusado e a
notificação do denunciante, se houver.
Art. 283. Comparecendo ou não o acusado ao interro-
§ 1º O mandado de citação deverá conter:
1 - cópia da portaria; gatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser produção de provas, ou apresentá-las.
acompanhado pelo advogado do acusado; § 1º O presidente e cada acusado poderão arrolar até 5
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, (cinco) testemunhas.
que deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; § 2º A prova de antecedentes do acusado será feita ex-
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por clusivamente por documentos, até as alegações finais.
advogado dativo, caso não constitua advogado próprio; § 3º Até a data do interrogatório, será designada a au-
5 - informação de que o acusado poderá arrolar teste- diência de instrução.
munhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a
data designada para seu interrogatório; Art. 284. Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela
6 - advertência de que o processo será extinto se o acu- ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente e pelo
sado pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar acusado.
exclusivamente de abandono de cargo ou função, bem como Parágrafo único. Tratando-se de servidor público, seu
inassiduidade. comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo superior
§ 2º A citação do acusado será feita pessoalmente, no imediato com as indicações necessárias.
mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por inter-
médio do respectivo superior hierárquico, ou diretamente, Art. 285. A testemunha não poderá eximir-se de
onde possa ser encontrado. depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain-
§ 3º Não sendo encontrado em seu local de trabalho da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro e
ou no endereço constante de seu assentamento individual, cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto quan-
furtando-se o acusado à citação ou ignorando-se seu para- do não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se
deiro, a citação far-se-á por edital, publicado uma vez no a prova do fato e de suas circunstâncias.
Diário Oficial do Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do § 1º Se o parentesco das pessoas referidas for com o
interrogatório. denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a
exceção deste artigo.
78
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2º Ao servidor que se recusar a depor, sem justa causa, § 4º Ao advogado é assegurado o direito de retirar os
será pela autoridade competente adotada a providência a autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para
que se refere o artigo 262, mediante comunicação do presi- manifestação de seu representado, salvo na hipótese de pra-
dente. zo comum, de processo sob regime de segredo de justiça ou
§ 3º O servidor que tiver de depor como testemunha quando existirem nos autos documentos originais de difícil
fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte e restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique
diárias na forma da legislação em vigor, podendo ainda ex- a permanência dos autos na repartição, reconhecida pela
pedir-se precatória para esse efeito à autoridade do domicí- autoridade em despacho motivado.
lio do depoente.
§ 4º São proibidas de depor as pessoas que, em razão Art. 290. Somente poderão ser indeferidos pelo presi-
de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar dente, mediante decisão fundamentada, os requerimentos
segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, de nenhum interesse para o esclarecimento do fato, bem
quiserem dar o seu testemunho. como as provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias
ou protelatórias.
Art. 286. A testemunha que morar em comarca diversa
poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua resi- Art. 291. Quando, no curso do procedimento, surgirem
dência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovi-
prazo razoável, intimada a defesa. da a instauração de novo procedimento para sua apura-
§ 1º Deverá constar da precatória a síntese da imputa- ção, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se
ção e os esclarecimentos pretendidos, bem como a adver- oportunidade de defesa.
tência sobre a necessidade da presença de advogado.
§ 2º A expedição da precatória não suspenderá a ins- Art. 292. Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
trução do procedimento. autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no
§ 3º Findo o prazo marcado, o procedimento poderá prazo de 7 (sete) dias.
prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma Parágrafo único. Não apresentadas no prazo as alega-
vez devolvida, será juntada aos autos. ções finais, o presidente designará advogado dativo, assi-
nando-lhe novo prazo.
Art. 287. As testemunhas arroladas pelo acusado
comparecerão à audiência designada independente de no-
Art. 293. O relatório deverá ser apresentado no prazo
tificação.
de 10 (dez) dias, contados da apresentação das alega-
§ 1º Deverá ser notificada a testemunha cujo depoi-
ções finais.
mento for relevante e que não comparecer espontanea-
§ 1º O relatório deverá descrever, em relação a cada
mente.
acusado, separadamente, as irregularidades imputadas, as
§ 2º Se a testemunha não for localizada, a defesa po-
derá substituí-la, se quiser, levando na mesma data desig- provas colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição
nada para a audiência outra testemunha, independente de ou punição e indicando, nesse caso, a pena que entender
notificação. cabível.
§ 2º O relatório deverá conter, também, a sugestão
Art. 288. Em qualquer fase do processo, poderá o presi- de quaisquer outras providências de interesse do serviço
dente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar dili- público.
gências que entenda convenientes.
§ 1º As informações necessárias à instrução do processo Art. 294. Relatado, o processo será encaminhado à au-
serão solicitadas diretamente, sem observância de vincula- toridade que determinou sua instauração.
ção hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada
aos autos. Art. 295. Recebendo o processo relatado, a autoridade
§ 2º Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos que houver determinado sua instauração deverá, no prazo
oficiais, o presidente os requisitará, observados os impedi- de 20 (vinte) dias, proferir o julgamento ou determinar
mentos do artigo 275. a realização de diligência, sempre que necessária ao es-
clarecimento de fatos.
Art. 289. Durante a instrução, os autos do procedimento
administrativo permanecerão na repartição competente. Art. 296. Determinada a diligência, a autoridade encar-
§ 1º Será concedida vista dos autos ao acusado, median- regada do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze)
te simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa para ma-
procedimento. nifestar-se em 5 (cinco) dias.
§ 2º A concessão de vista será obrigatória, no prazo para
manifestação do acusado ou para apresentação de recursos, Art. 297. Quando escaparem à sua alçada as penalida-
mediante publicação no Diário Oficial do Estado. des e providências que lhe parecerem cabíveis, a autorida-
§ 3º Não corre o prazo senão depois da publicação a que de que determinou a instauração do processo administrativo
se refere o parágrafo anterior e desde que os autos estejam deverá propô-las, justificadamente, dentro do prazo para
efetivamente disponíveis para vista. julgamento, à autoridade competente.
79
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 299. As decisões serão sempre publicadas no Diá- Art. 308. Verificada a ocorrência de faltas ao serviço
rio Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, que caracterizem abandono de cargo ou função, bem
bem como averbadas no registro funcional do servidor. como inassiduidade, o superior imediato comunicará o
fato à autoridade competente para determinar a instau-
Art. 300. Terão forma processual resumida, quando ração de processo disciplinar, instruindo a representação
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais com cópia da ficha funcional do servidor e atestados de
sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de re- frequência.
cebimento, bem como certidões e compromissos.
§ 1º Toda e qualquer juntada aos autos se fará na or- Art. 309. Não será instaurado processo para apurar
dem cronológica da apresentação, rubricando o presidente abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade, se
as folhas acrescidas. o servidor tiver pedido exoneração.
§ 2º Todos os atos ou decisões, cujo original não conste
do processo, nele deverão figurar por cópia. Art. 310. Extingue-se o processo instaurado exclusi-
vamente para apurar abandono de cargo ou função, bem
Art. 301. Constará sempre dos autos da sindicância ou como inassiduidade, se o indiciado pedir exoneração até a
do processo a folha de serviço do indiciado. data designada para o interrogatório, ou por ocasião
deste.
Art. 302. Quando ao funcionário se imputar crime, pra-
ticado na esfera administrativa, a autoridade que determi- Art. 311. A defesa só poderá versar sobre força
nou a instauração do processo administrativo providenciará maior, coação ilegal ou motivo legalmente justificável.
para que se instaure, simultaneamente, o inquérito policial.
Parágrafo único. Quando se tratar de crime praticado CAPÍTULO V
fora da esfera administrativa, a autoridade policial dará Dos Recursos
ciência dele à autoridade administrativa.
Art. 312. Caberá recurso, por uma única vez, da de-
Art. 303. As autoridades responsáveis pela condução do cisão que aplicar penalidade.
processo administrativo e do inquérito policial se auxilia- § 1º O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta-
rão para que os mesmos se concluam dentro dos prazos dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial
respectivos. do Estado ou da intimação pessoal do servidor, quando for
o caso.
Art. 304. Quando o ato atribuído ao funcionário for con- § 2º Do recurso deverá constar, além do nome e qua-
siderado criminoso, serão remetidas à autoridade compe- lificação do recorrente, a exposição das razões de in-
tente cópias autenticadas das peças essenciais do processo. conformismo.
§ 3º O recurso será apresentado à autoridade que apli-
Art. 305. Não será declarada a nulidade de nenhum cou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, moti-
ato processual que não houver influído na apuração da ver- vadamente, manter sua decisão ou reformá-la.
dade substancial ou diretamente na decisão do processo ou § 4º Mantida a decisão, ou reformada parcialmente,
sindicância. será imediatamente encaminhada a reexame pelo su-
perior hierárquico.
Art. 306. É defeso fornecer à imprensa ou a outros § 5º O recurso será apreciado pela autoridade com-
meios de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo petente ainda que incorretamente denominado ou ende-
no interesse da Administração, a juízo do Secretário de Es- reçado.
tado ou do Procurador Geral do Estado.
Art. 313. Caberá pedido de reconsideração, que não
Art. 307. Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercí- poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador
cio, contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem do Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias.
cometimento de nova infração, não mais poderá aquela
ser considerada em prejuízo do infrator, inclusive para Art. 314. Os recursos de que trata esta lei complemen-
efeito de reincidência. tar não têm efeito suspensivo; os que forem providos da-
Parágrafo único. A demissão e a demissão a bem do rão lugar às retificações necessárias, retroagindo seus efei-
serviço público acarretam a incompatibilidade para nova tos à data do ato punitivo.
investidura em cargo, função ou emprego público, pelo pra-
zo de 5 (cinco) e 10 (dez) anos, respectivamente.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 317. A instauração de processo revisional poderá Art. 325. Aplicam-se aos atuais funcionários interinos
ser requerida fundamentadamente pelo interessado ou, as disposições deste Estatuto, salvo as que colidirem com
se falecido ou incapaz, por seu curador, cônjuge, com- a natureza precária de sua investidura e, em especial, as
panheiro, ascendente, descendente ou irmão, sempre por relativas a acesso, promoção, afastamentos, aposentadoria
intermédio de advogado. voluntária e às licenças previstas nos itens VI, VII e IX do
Parágrafo único. O pedido será instruído com as provas Art. 181.
que o requerente possuir ou com indicação daquelas que pre-
tenda produzir. Art. 326. Serão obrigatoriamente exonerados os ocu-
pantes interinos de cargos para cujo provimento for reali-
Art. 318. A autoridade que aplicou a penalidade, ou que zado concurso.
a tiver confirmado em grau de recurso, será competente Parágrafo único. As exonerações serão efetivadas den-
para o exame da admissibilidade do pedido de revisão, tro de 30 (trinta) dias, após a homologação do concurso.
bem como, caso deferido o processamento, para a sua de-
cisão final. Art. 327. (Revogado).
Art. 319. Deferido o processamento da revisão, será Art. 328. Dentro de 120 (cento e vinte) dias proceder-
este realizado por Procurador de Estado que não tenha se-á ao levantamento geral das atuais funções gratifi-
funcionado no procedimento disciplinar de que resultou a pu- cadas, para efeito de implantação de novo sistema retribui-
nição do requerente. tório dos encargos por elas atendidos.
Parágrafo único. Até a implantação do sistema de que
Art. 320. Recebido o pedido, o presidente providenciará trata este artigo, continuarão em vigor as disposições legais
o apensamento dos autos originais e notificará o requerente referentes à função gratificada.
para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas,
ou requerer outras provas que pretenda produzir.
Art. 329. Ficam expressamente revogadas:
Parágrafo único. No processamento da revisão serão ob-
I - as disposições de leis gerais ou especiais que estabe-
servadas as normas previstas nesta lei complementar para o
leçam contagem de tempo em divergência com o disposto
processo administrativo.
no Capítulo XV do Título II, ressalvada, todavia, a contagem,
Art. 321. A decisão que julgar procedente a revisão pode- nos termos da legislação ora revogada, do tempo de serviço
rá alterar a classificação da infração, absolver o punido, modi- prestado anteriormente ao presente Estatuto;
ficar a pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos II - a Lei nº 1.309, de 29 de novembro de 1951 e as de-
atingidos pela decisão reformada. mais disposições atinentes aos extranumerários; e
A revisão do processo consiste na possibilidade do ser- III - a Lei nº 2.576, de 14 de janeiro de 1954.
vidor condenado requerer que sua condenação seja revista
se surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem Art. 330. (Vetado).
sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Po-
derá ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de Art. 331. Revogam-se as disposições em contrário.
mesma hierarquia e será apensada ao processo administra-
tivo originário. O julgamento será feito pela mesma autori- Palácio dos Bandeirantes, aos 28 de outubro de 1968.
dade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena
deveria ser maior, não cabe agravar a situação do servidor.
81
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
82
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento motivação não há o devido processo legal, uma vez que a
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento fundamentação surge como meio interpretativo da deci-
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio são que levou à prática do ato impugnado, sendo verda-
da moralidade deve se fazer presente não só para com os deiro meio de viabilização do controle da legalidade dos
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis- atos da Administração.
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá-
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta-
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. To-
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS dos os atos administrativos devem ser motivados para que
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios o Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo
anteriores. quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem
d) Princípio da publicidade: A administração pública ser observados os motivos dos atos administrativos.
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
atos e a todas informações armazenadas nos seus ban- ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e único comportamento possível) e dos atos discricionários
a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, apon-
concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que ta um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de um juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é
servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne- uníssona na determinação da obrigatoriedade de moti-
gar indevidamente a fornecer informações ao administra- vação com relação aos atos administrativos vinculados;
do caracteriza ato de improbidade administrativa. Somente todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos
pela publicidade os indivíduos controlarão a legalidade e a atos discricionários.
eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para Meirelles73 entende que o ato discricionário, editado
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do
gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
mandado de segurança.
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
e) Princípio da eficiência: A administração pública
tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar
da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi-
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em
discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público
qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini74,
por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusi-
procura por produtividade e economicidade. Alcança os ve a superação de tais discussões doutrinárias, pois o re-
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se ferido artigo exige a motivação para todos os atos nele
referindo diretamente à conduta dos agentes. elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos dis-
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- cricionários quanto os vinculados.
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- Artigo 5º A norma administrativa deve ser interpretada
dos à função pública a probidade e a motivação: e aplicada da forma que melhor garanta a realização do
a) Princípio da probidade: um princípio constitucio- fim público a que se dirige.
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação,
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- Artigo 6º Somente a lei poderá:
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no I - criar condicionamentos aos direitos dos particula-
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- res ou impor-lhes deveres de qualquer espécie; e
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini72 alerta que II - prever infrações ou prescrever sanções.
alguns autores tratam vêem como distintos os princípios
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há
características que permitam tratar os mesmos como pro-
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar
que a probidade administrativa é um aspecto particular da
moralidade administrativa.
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais 73 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
72 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 74 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo.
9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
83
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 7º A Administração não iniciará qualquer atua- “Os atos administrativos são presumidos verdadeiros e
ção material relacionada com a esfera jurídica dos particu- legais até que se prove o contrário. Assim, a Administração
lares sem a prévia expedição do ato administrativo que não tem o ônus de provar que seus atos são legais e a si-
lhe sirva de fundamento, salvo na hipótese de expressa tuação que gerou a necessidade de sua prática realmente
previsão legal. existiu, cabendo ao destinatário do ato o encargo de pro-
Ato administrativo é a declaração do Estado ou de var que o agente administrativo agiu de forma ilegítima.
quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, Este atributo está presente em todos os atos administrati-
com observância da lei, sob o regime jurídico de direito pú- vos”75. Com efeito, é possível invalidar um ato administra-
blico e sujeita ao controle pelo Poder Público. tivo, que deve sempre preencher determinados requisitos:
sujeito competente ou competência; forma; finalidade; mo-
CAPÍTULO II tivo; objeto ou conteúdo. Neste sentido, quando o próximo
Da Invalidade dos Atos capítulo trabalha com a formalização dos atos abrange re-
quisitos inerentes a eles.
Artigo 8º São inválidos os atos administrativos que
desatendam os pressupostos legais e regulamentares CAPÍTULO III
de sua edição, ou os princípios da Administração, especial- Da Formalização dos Atos
mente nos casos de:
I - incompetência da pessoa jurídica, órgão ou agente de Artigo 12. São atos administrativos:
que emane; I - de competência privativa:
II - omissão de formalidades ou procedimentos essen- a) do Governador do Estado, o Decreto;
ciais; b) dos Secretários de Estado, do Procurador Geral do
III - impropriedade do objeto; Estado e dos Reitores das Universidades, a Resolução;
IV - inexistência ou impropriedade do motivo de fato ou c) dos órgãos colegiados, a Deliberação;
de direito; II - de competência comum:
V - desvio de poder; a) à todas as autoridades, até o nível de Diretor de Ser-
VI - falta ou insuficiência de motivação. viço; as autoridades policiais; aos dirigentes das entidades
Parágrafo único. Nos atos discricionários, será razão descentralizadas, bem como, quando estabelecido em nor-
de invalidade a falta de correlação lógica entre o motivo e o ma legal específica, a outras autoridades administrativas, a
conteúdo do ato, tendo em vista sua finalidade. Portaria;
b) à todas as autoridades ou agentes da Administração,
Artigo 9º A motivação indicará as razões que justifi- os demais atos administrativos, tais como Ofícios, Ordens de
quem a edição do ato, especialmente a regra de competência, Serviço, Instruções e outros.
os fundamentos de fato e de direito e a finalidade objetivada. § 1º Os atos administrativos, excetuados os decretos,
Parágrafo único. A motivação do ato no procedimento aos quais se refere a Lei Complementar nº 60, de 10 de julho
administrativo poderá consistir na remissão a pareceres ou de 1972, e os referidos no Artigo 14 desta lei, serão nume-
manifestações nele proferidos. rados em séries próprias, com renovação anual, identifican-
do-se pela sua denominação, seguida da sigla do órgão ou
Artigo 10. A Administração anulará seus atos inváli- entidade que os tenha expedido.
dos, de ofício ou por provocação de pessoa interessada, salvo § 2º Aplica-se na elaboração dos atos administrativos,
quando: no que couber, o disposto na Lei Complementar nº 60, de
I - ultrapassado o prazo de 10 (dez) anos contado de 10 de julho de 1972.
sua produção;
II - da irregularidade não resultar qualquer prejuízo; Artigo 13. Os atos administrativos produzidos por es-
III - forem passíveis de convalidação. crito indicarão a data e o local de sua edição, e conterão a
identificação nominal, funcional e a assinatura da autori-
Artigo 11. A Administração poderá convalidar seus atos dade responsável.
inválidos, quando a invalidade decorrer de vício de compe-
tência ou de ordem formal, desde que:
I - na hipótese de vício de competência, a convalidação 75 BARBOSA, Carlos. Atos administrativos. Dis-
seja feita pela autoridade titulada para a prática do ato, e ponível em: <http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portal-
não se trate de competência indelegável; TvJustica/portalTvJusticaNoticia/anexo/Carlos_Barbosa_
II - na hipótese de vício formal, este possa ser suprido de Atos_administrativos_Parte_1.pdf>. Acesso em: 07 out.
modo eficaz. 2014.
84
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 14. Os atos de conteúdo normativo e os de cará- III - as atribuições recebidas por delegação, salvo au-
ter geral serão numerados em séries específicas, seguida- torização expressa e na forma por ela determinada;
mente, sem renovação anual. IV - a totalidade da competência do órgão;
V - as competências essenciais do órgão, que justifi-
Artigo 15. Os regulamentos serão editados por decre- quem sua existência.
to, observadas as seguintes regras: Parágrafo único. O órgão colegiado não pode delegar
I - nenhum regulamento poderá ser editado sem base suas funções, mas apenas a execução material de suas de-
em lei, nem prever infrações, sanções, deveres ou condiciona- liberações.
mentos de direitos nela não estabelecidos;
II - os decretos serão referendados pelos Secretários de TITULO IV
Estado em cuja área de atuação devam incidir, ou pelo Pro- Dos Procedimentos Administrativos
curador Geral do Estado, quando for o caso;
III - nenhum decreto regulamentar será editado sem exposi- CAPÍTULO I
ção de motivos que demonstre o fundamento legal de sua edição,
Normas Gerais
a finalidade das medidas adotadas e a extensão de seus efeitos;
IV - as minutas de regulamento serão obrigatoriamente
Seção I
submetidas ao órgão jurídico competente, antes de sua apre-
ciação pelo Governador do Estado. Dos Princípios
85
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tição é o direito de postular ao Poder Público o respeito I - para autuação, juntada aos autos de quaisquer ele-
aos seus direitos, notadamente caso a pessoa seja vítima mentos, publicação e outras providências de mero expe-
de um ato de ilegalidade ou abuso de poder. Os artigos diente: 2 (dois) dias;
acima descrevem o direito de petição específico dos ser- II - para expedição de notificação ou intimação pes-
vidores públicos paulistas. soal: 6 (seis) dias;
III - para elaboração e apresentação de informes sem
Seção III caráter técnico ou jurídico: 7 (sete) dias;
Da Instrução IV - para elaboração e apresentação de pareceres ou
informes de caráter técnico ou jurídico: 20 (vinte) dias,
Artigo 25. Os procedimentos serão impulsionados e prorrogáveis por 10 (dez) dias quando a diligência requerer
instruídos de ofício, atendendo-se à celeridade, econo- o deslocamento do agente para localidade diversa daquela
mia, simplicidade e utilidade dos trâmites. onde tem sua sede de exercício;
V - para decisões no curso do procedimento: 7 (sete)
Artigo 26. O órgão ou entidade da Administração es- dias;
tadual que necessitar de informações de outro, para instru- VI - para manifestações do particular ou providências a
ção de procedimento administrativo, poderá requisitá-las seu cargo: 7 (sete) dias;
diretamente, sem observância da vinculação hierárquica, VII - para decisão final: 20 (vinte) dias;
mediante ofício, do qual uma cópia será juntada aos autos. VIII - para outras providências da Administração: 5
(cinco) dias.
Artigo 27. Durante a instrução, os autos do procedimen- § 1º O prazo fluirá a partir do momento em que, à vista
to administrativo permanecerão na repartição competen- das circunstâncias, tornar-se logicamente possível a produ-
te. ção do ato ou a adoção da providência.
§ 2º Os prazos previstos neste artigo poderão ser, caso
Artigo 28. Quando a matéria do processo envolver as- a caso, prorrogados uma vez, por igual período, pela auto-
sunto de interesse geral, o órgão competente poderá, me- ridade superior, à vista de representação fundamentada do
diante despacho motivado, autorizar consulta pública agente responsável por seu cumprimento.
para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedi-
do, se não houver prejuízo para a parte interessada. Artigo 33. O prazo máximo para decisão de requeri-
§ 1º A abertura da consulta pública será objeto de di- mentos de qualquer espécie apresentados à Administração
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que os autos pos- será de 120 (cento e vinte) dias, se outro não for legalmen-
sam ser examinados pelos interessados, fixando-se prazo te estabelecido.
para oferecimento de alegações escritas. § 1º Ultrapassado o prazo sem decisão, o interessado
§ 2º O comparecimento à consulta pública não con- poderá considerar rejeitado o requerimento na esfera ad-
fere, por si, a condição de interessado no processo, mas ministrativa, salvo previsão legal ou regulamentar em con-
constitui o direito de obter da Administração resposta fun- trário.
damentada. § 2º Quando a complexidade da questão envolvida não
permitir o atendimento do prazo previsto neste artigo, a
Artigo 29. Antes da tomada de decisão, a juízo da au- autoridade cientificará o interessado das providências até
toridade, diante da relevância da questão, poderá ser reali- então tomadas, sem prejuízo do disposto no parágrafo an-
zada audiência pública para debates sobre a matéria do terior.
processo. § 3º O disposto no § 1° deste artigo não desonera a
autoridade do dever de apreciar o requerimento.
Artigo 30. Os órgãos e entidades administrativas, em
matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de Seção V
participação dos administrados, diretamente ou por meio Da Publicidade
de organizações e associações legalmente reconhecidas.
Artigo 34. No curso de qualquer procedimento admi-
Artigo 31. Os resultados da consulta e audiência públi- nistrativo, as citações, intimações e notificações, quando
ca e de outros meios de participação dos administrados de- feitas pessoalmente ou por carta com aviso de recebimento,
verão ser acompanhados da indicação do procedimento observarão as seguintes regras:
adotado. I - constitui ônus do requerente informar seu endereço
para correspondência, bem como alterações posteriores;
Seção IV II - considera-se efetivada a intimação ou notificação
Dos Prazos por carta com sua entrega no endereço fornecido pelo in-
teressado;
Artigo 32. Quando outros não estiverem previstos nesta III - será obrigatoriamente pessoal a citação do acusado,
lei ou em disposições especiais, serão obedecidos os seguin- em procedimento sancionatório, e a intimação do terceiro
tes prazos máximos nos procedimentos administrativos: interessado, em procedimento de invalidação;
86
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 36. Ao advogado e assegurado o direito de reti- Artigo 43. A petição de recurso observará os seguintes
rar os autos da repartição, mediante recibo, durante o pra- requisitos:
zo para manifestação de seu constituinte, salvo na hipótese I - será dirigida à autoridade recorrida e protocolada no
de prazo comum. órgão a que esta pertencer;
II - trará a indicação do nome, qualificação e endereço
CAPÍTULO II do recorrente;
Dos Recursos
III - conterá exposição, clara e completa, das razões da
inconformidade.
Seção I
Da Legitimidade para Recorrer
Artigo 44. Salvo disposição legal em contrário, o prazo
para apresentação de recurso ou pedido de reconsidera-
Artigo 37. Todo aquele que for afetado por decisão ad-
ção será de 15 (quinze) dias contados da publicação ou
ministrativa poderá dela recorrer, em defesa de interesse
notificação do ato.
ou direito.
Artigo 45. Conhecer-se-á do recurso erroneamente de-
Artigo 38. À Procuradoria Geral do Estado compete
recorrer, de ofício, de decisões que contrariarem Súmula signado, quando de seu conteúdo resultar induvidosa a im-
Administrativa ou Despacho Normativo do Governador do pugnação do ato.
Estado, sem prejuízo da possibilidade de deflagrar, de ofício,
o procedimento invalidatório pertinente, nas hipóteses em Seção V
que já tenha decorrido o prazo recursal. Dos Efeitos dos Recursos
87
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 48. Os recursos dirigidos ao Governador do Es- Artigo 55 - A tramitação dos requerimentos de que tra-
tado serão, previamente, submetidos à Procuradoria Geral ta esta Seção observará as seguintes regras:
do Estado ou ao órgão de consultoria jurídica da entidade I - protocolado o expediente, o órgão que o receber pro-
descentralizada, para parecer, a ser apresentado no prazo videnciará a autuação e seu encaminhamento à repartição
máximo de 20 (vinte) dias. competente, no prazo de 2 (dois) dias;
II - o requerimento será desde logo indeferido, se não
Seção VII atender aos requisitos dos incisos I a IV do artigo anterior,
Da Decisão e seus Efeitos notificando-se o requerente;
III - se o requerimento houver sido dirigido a órgão in-
Artigo 49. A decisão de recurso não poderá, no mesmo competente, este providenciará seu encaminhamento à uni-
procedimento, agravar a restrição produzida pelo ato ao dade adequada, notificando-se o requerente;
interesse do recorrente, salvo em casos de invalidação. IV - a autoridade determinará as providências adequa-
das à instrução dos autos, ouvindo, em caso de dúvida quan-
Artigo 50. Ultrapassado, sem decisão, o prazo de to à matéria jurídica, o órgão de consultoria jurídica;
120 (cento e vinte) dias contado do protocolo do recurso V - quando os elementos colhidos puderem conduzir ao
que tramite sem efeito suspensivo, o recorrente poderá indeferimento, o requerente será intimado, com prazo de 7
considerá-lo rejeitado na esfera administrativa. (sete) dias, para manifestação final;
VI - terminada a instrução, a autoridade decidirá, em
§ 1º No caso do pedido de reconsideração previsto
despacho motivado, nos 20 (vinte) dias subsequentes;
no Artigo 42, o prazo para a decisão será de 90 (noventa)
VII - da decisão caberá recurso hierárquico.
dias.
§ 2º O disposto neste artigo não desonera a autorida-
Artigo 56. Quando duas ou mais pessoas pretenderem
de do dever de apreciar o recurso. da Administração o reconhecimento ou atribuição de direi-
tos que se excluam mutuamente, será instaurado procedi-
Artigo 51. Esgotados os recursos, a decisão final to- mento administrativo para a decisão, com observância das
mada em procedimento administrativo formalmente re- normas do artigo anterior, e das ditadas pelos princípios da
gular não poderá ser modificada pela Administração, igualdade e do contraditório.
salvo por anulação ou revisão, ou quando o ato, por sua
natureza, for revogável. Seção II
Do Procedimento de Invalidação
88
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 58. O procedimento para invalidação provoca- III - o acusado será citado ou intimado, com cópia do
da observará as seguintes regras: ato de instauração, para, em 15 (quinze) dias, oferecer sua
I - o requerimento será dirigido à autoridade que praticou defesa e indicar as provas que pretende produzir;
o ato ou firmou o contrato, atendidos os requisitos do Artigo 54; IV - caso haja requerimento para produção de provas, a
II - recebido o requerimento, será ele submetido ao órgão de autoridade apreciará sua pertinência, em despacho motiva-
consultoria jurídica para emissão de parecer, em 20 (vinte) dias; do;
III - o órgão jurídico opinará sobre a procedência ou não V - o acusado será intimado para:
do pedido, sugerindo, quando for o caso, providências para a a) manifestar-se, em 7 (sete) dias, sobre os documentos
instrução dos autos e esclarecendo se a eventual invalidação juntados aos autos pela autoridade, se maior prazo não lhe
atingirá terceiros; for assinado em face da complexidade da prova;
IV - quando o parecer apontar a existência de terceiros b) acompanhar a produção das provas orais, com ante-
interessados, a autoridade determinará sua intimação, para, cedência mínima de 2 (dois) dias;
em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito; c) formular quesitos e indicar assistente técnico, quando
V - concluída a instrução, serão intimadas as partes para, necessária prova pericial, em 7 (sete) dias;
em 7 (sete) dias, apresentarem suas razões finais; d) concluída a instrução, apresentar, em 7 (sete) dias,
VI - a autoridade, ouvindo o órgão jurídico, decidirá em suas alegações finais;
20 (vinte) dias, por despacho motivado, do qual serão intima- VI - antes da decisão, será ouvido o órgão de consultoria
das as partes; jurídica;
VII - da decisão, caberá recurso hierárquico. VII - a decisão, devidamente motivada, será proferida no
prazo máximo de 20 (vinte) dias, notificando-se o interessado
Artigo 59. O procedimento para invalidação ofício ob- por publicação no Diário Oficial do Estado;
servará as seguintes regras: VIII - da decisão caberá recurso.
I - quando se tratar da invalidade de ato ou contrato, a
autoridade que o praticou, ou seu superior hierárquico, sub- Artigo 64. O procedimento sancionatório será sigiloso
meterá o assunto ao órgão de consultoria jurídica; até decisão final, salvo em relação ao acusado, seu procu-
II - o órgão jurídico opinará sobre a validade do ato ou rador ou terceiro que demonstre legítimo interesse.
contrato, sugerindo, quando for o caso, providências para ins- Parágrafo único. Incidirá em infração disciplinar grave
trução dos autos, e indicará a necessidade ou não da instau- o servidor que, por qualquer forma, divulgar irregularmente
ração de contraditório, hipótese em que serão aplicadas as
informações relativas à acusação, ao acusado ou ao proce-
disposições dos incisos IV a VII do artigo anterior.
dimento.
Artigo 60. No curso de procedimento de invalidação, a
Seção IV
autoridade poderá, de ofício ou em face de requerimento,
Do Procedimento de Reparação de Danos
suspender a execução do ato ou contrato, para evitar pre-
juízos de reparação onerosa ou impossível.
Artigo 65. Aquele que pretender, da Fazenda Pública,
Artigo 61. Invalidado o ato ou contrato, a administração ressarcimento por danos causados por agente público,
tomará as providências necessárias para desfazer os efeitos agindo nessa qualidade, poderá requerê-lo administrativa-
produzidos, salvo quanto a terceiros de boa fé, determinan- mente, observadas as seguintes regras:
do a apuração de eventuais responsabilidades. I - o requerimento será protocolado na Procuradoria Ge-
ral do Estado, até 5 (cinco) anos contados do ato ou fato que
Seção III houver dado causa ao dano;
Do Procedimento Sancionatório II - o protocolo do requerimento suspende, nos termos da
legislação pertinente, a prescrição da ação de responsabili-
Artigo 62. Nenhuma sanção administrativa será aplicada dade contra o Estado, pelo período que durar sua tramitação;
à pessoa física ou jurídica pela administração Pública, sem III - o requerimento conterá os requisitos do Artigo 54,
que lhe seja assegurada ampla defesa, em procedimento devendo trazer indicação precisa do montante atualizado da
sancionatório. indenização pretendida, e declaração de que o interessado
Parágrafo único. No curso do procedimento ou, em caso concorda com as condição contidas neste artigo e no subse-
de extrema urgência, antes dele, a Administração poderá quente;
adotar as medidas cautelares estritamente indispensáveis à IV - o procedimento, dirigido por Procurador do Estado,
eficácia do ato final. observará as regras do Artigo 55;
V - a decisão do requerimento caberá ao Procurador Ge-
Artigo 63. O procedimento sancionatório observará, sal- ral do Estado ou ao dirigente da entidade descentralizada,
vo legislação específica, as seguintes regras: que recorrerão de ofício ao Governador, nas hipóteses previs-
I - verificada a ocorrência de infração administrativa, será tas em regulamento;
instaurado o respectivo procedimento para sua apuração; VI - acolhido em definitivo o pedido, total ou parcial-
II - o ato de instauração, expedido pela autoridade com- mente, será feita, em 15 (quinze) dias, a inscrição, em registro
petente, indicará os fatos em que se baseia e as normas per- cronológico, do valor atualizado do débito, intimando-se o
tinentes à infração e à sanção aplicável; interessado;
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
90
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - as informações serão transmitidas em linguagem Artigo 85. No caso de informação já fornecida a tercei-
clara e indicarão, conforme for requerido pelo interessado: ros, sua alteração será comunicada a estes, desde que re-
a) o conteúdo integral do que existir registrado; querida pelo interessado, a quem dará cópia da retificação.
b) a fonte das informações e dos registros;
c) o prazo até o qual os registros serão mantidos; Seção VIII
d) as categorias de pessoas que, por suas funções ou por Do Procedimento de Denúncia
necessidade do serviço, tem, diretamente, acesso aos regis-
tros; Artigo 86. Qualquer pessoa que tiver conhecimento de
e) as categorias de destinatários habilitados a receber violação da ordem jurídica, praticada por agentes adminis-
comunicação desses registros; e trativos, poderá denunciá-la à Administração.
f) se tais registros são transmitidos a outros órgãos esta-
duais, e quais são esses órgãos. Artigo 87. A denúncia conterá a identificação do seu au-
tor, devendo indicar o fato e suas circunstâncias, e, se possí-
Artigo 79. Os dados existentes, cujo conhecimento hou- vel, seus responsáveis ou beneficiários.
ver sido ocultado ao interessado, quando de sua solicitação Parágrafo único. Quando a denúncia for apresentada
de informações, não poderão, em hipótese alguma, ser utili- verbalmente, a autoridade lavrará termo, assinado pelo de-
zados em quaisquer procedimentos que vierem a ser contra
nunciante.
o mesmo instaurados.
Artigo 88. Instaurado o procedimento administrativo, a
Artigo 80. Os órgãos ou entidades da Administração, ao
coletar informações, devem esclarecer aos interessados: autoridade responsável determinará as providências ne-
I - o caráter obrigatório ou facultativo das respostas; cessárias à sua instrução, observando-se os prazos legais
II - as consequências de qualquer incorreção nas res- e as seguintes regras:
postas; I - é obrigatória a manifestação do órgão de consultoria
III - os órgãos aos quais se destinam as informações; e jurídica;
IV - a existência do direito de acesso e de retificação das II - o denunciante não é parte no procedimento, poden-
informações. do, entretanto, ser convocado para depor;
Parágrafo único. Quando as informações forem colhidas III - o resultado da denúncia será comunicado ao autor,
mediante questionários impressos, devem eles conter os es- se este assim o solicitar.
clarecimentos de que trata este artigo.
Artigo 89. Incidirá em infração disciplinar grave a auto-
Artigo 81. É proibida a inserção ou conservação em fi- ridade que não der andamento imediato, rápido e eficiente
chário ou registro de dados nominais relativos a opiniões ao procedimento regulado nesta Seção.
políticas, filosóficas ou religiosas, origem racial, orientação
sexual e filiação sindical ou partidária. TÍTULO V
Disposições Finais
Artigo 82. É vedada a utilização, sem autorização prévia
do interessado, de dados pessoais para outros fins que não Artigo 90. O descumprimento injustificado, pela Admi-
aqueles para os quais foram prestados. nistração, dos prazos previstos nesta lei gera responsabilida-
de disciplinar, imputável aos agentes públicos encarregados
Seção VII do assunto, não implicando, necessariamente, em nulidade
Do Procedimento para Retificação de Informações do procedimento.
Pessoais § 1º Respondem também os superiores hierárquicos
que se omitirem na fiscalização dos serviços de seus su-
Artigo 83. Qualquer pessoa tem o direito de exigir, da
bordinados, ou que de algum modo concorram para a in-
Administração:
fração.
I - a eliminação completa de registros de dados fal-
§ 2º Os prazos concedidos aos particulares poderão ser
sos a seu respeito, os quais tenham sido obtidos por meios
ilícitos, ou se refiram às hipóteses vedadas pelo Artigo 81; devolvidos, mediante requerimento do interessado, quan-
II - a retificação, complementação, esclarecimento do óbices injustificados, causados pela Administração, re-
ou atualização de dados incorretos, incompletos, dúbios sultarem na impossibilidade de atendimento do prazo fi-
ou desatualizados. xado.
Parágrafo único. Aplicam-se ao procedimento de retifi-
cação as regras contidas nos Artigos 54 e 55. Artigo 91. Os prazos previstos nesta lei são contínuos,
salvo disposição expressa em contrário, não se interrompen-
Artigo 84. O fichário ou o registro nominal devem ser do aos domingos ou feriados.
completados ou corrigidos, de ofício, assim que a entidade
ou órgão por eles responsável tome conhecimento da incor- Artigo 92. Quando norma não dispuser de forma diver-
reção, desatualização ou caráter incompleto de informações sa, os prazos serão computados excluindo-se o dia do come-
neles contidas. ço e incluindo-se o do vencimento.
91
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º Só se iniciam e vencem os prazos em dia de expe- III - classificação no curso de formação ou habilitação;
diente no órgão ou entidade. IV - data de nomeação ou admissão;
§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro V - maior idade.
dia útil subseqüente se, no dia do vencimento, o expediente Parágrafo único - Nos casos de promoção a aspirante-a-
for encerrado antes do horário normal. -oficial, a aluno-oficial, a 3º sargento, a cabo ou nos casos
de nomeação de oficiais, alunos-oficiais ou admissão de sol-
Artigo 93. Esta lei entrará em vigor em 120 (cento e vin- dados prevalecerá, para efeito de antiguidade, a ordem de
te) dias contados da data de sua publicação. classificação obtida nos respectivos cursos ou concursos.
Artigo 5º - A precedência funcional ocorrerá quando,
Artigo 94. Revogam-se as disposições em contrário, es- em igualdade de posto ou graduação, o oficial ou a praça:
pecialmente o Decreto-lei n. 104, de 20 de junho de 1969 e I - ocupar cargo ou função que lhe atribua superio-
a Lei n. 5.702, de 5 de junho de 1987. ridade funcional sobre os integrantes do órgão ou serviço
que dirige, comanda ou chefia;
Palácio dos Bandeirantes, 30 de dezembro de 1998. II - estiver no serviço ativo, em relação aos inativos.
CAPÍTULO II
Da Deontologia Policial-Militar
5. LEI COMPLEMENTAR Nº 893, DE
09 DE MARÇO DE 2001 – INSTITUI O SEÇÃO I
REGULAMENTO DISCIPLINAR DA POLÍCIA Disposições Preliminares
MILITAR – RDPM.
Artigo 6º - A deontologia policial-militar é constituída
pelos valores e deveres éticos, traduzidos em normas de
conduta, que se impõem para que o exercício da profissão
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: policial-militar atinja plenamente os ideais de realização do
bem comum, mediante a preservação da ordem pública.
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu § 1º - Aplicada aos componentes da Polícia Militar, in-
promulgo a seguinte lei complementar: dependentemente de posto ou graduação, a deontologia
policial-militar reúne valores úteis e lógicos a valores es-
CAPÍTULO I pirituais superiores, destinados a elevar a profissão poli-
Das Disposições Gerais cial-militar à condição de missão.
§ 2º - O militar do Estado prestará compromisso de
Artigo 1º - A hierarquia e a disciplina são as bases da honra, em caráter solene, afirmando a consciente aceita-
organização da Polícia Militar. ção dos valores e deveres policiais-militares e a firme
Artigo 2º - Estão sujeitos ao Regulamento Disciplinar da disposição de bem cumpri-los.
Polícia Militar os militares do Estado do serviço ativo, da
reserva remunerada, os reformados e os agregados, nos SEÇÃO II
termos da legislação vigente. Dos Valores Policiais-Militares
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica:
1 - aos militares do Estado, ocupantes de cargos públi- Artigo 7º - Os valores fundamentais, determinantes
cos ou eletivos; da moral policial-militar, são os seguintes:
2 - aos Magistrados da Justiça Militar. I - o patriotismo;
Artigo 3º - Hierarquia policial-militar é a ordena- II - o civismo;
ção progressiva da autoridade, em graus diferentes, da III - a hierarquia;
qual decorre a obediência, dentro da estrutura da Polí- IV - a disciplina;
cia Militar, culminando no Governador do Estado, Chefe V - o profissionalismo;
Supremo da Polícia Militar. VI - a lealdade;
§ 1º - A ordenação da autoridade se faz por postos e VII - a constância;
graduações, de acordo com o escalonamento hierárquico, a VIII - a verdade real;
antiguidade e a precedência funcional. IX - a honra;
§ 2º - Posto é o grau hierárquico dos oficiais, conferi- X - a dignidade humana;
do por ato do Governador do Estado e confirmado em Carta XI - a honestidade;
Patente ou Folha de Apostila. XII - a coragem.
§ 3º - Graduação é o grau hierárquico das praças,
conferida pelo Comandante Geral da Polícia Militar. SEÇÃO III
Artigo 4º - A antiguidade entre os militares do Estado, Dos Deveres Policiais-Militares
em igualdade de posto ou graduação, será definida pela:
I - data da última promoção; Artigo 8º - Os deveres éticos, emanados dos valores
II - prevalência sucessiva dos graus hierárquicos an- policiais-militares e que conduzem a atividade profissional
teriores; sob o signo da retidão moral, são os seguintes:
92
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - cultuar os símbolos e as tradições da Pátria, do XIX - conduzir-se de modo não subserviente sem ferir
Estado de São Paulo e da Polícia Militar e zelar por sua os princípios de respeito e decoro;
inviolabilidade; XX - abster-se do uso do posto, graduação ou car-
II - cumprir os deveres de cidadão; go para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou
III - preservar a natureza e o meio ambiente; para encaminhar negócios particulares ou de terceiros;
IV - servir à comunidade, procurando, no exercício da XXI - abster-se, ainda que na inatividade, do uso das
suprema missão de preservar a ordem pública, promover, designações hierárquicas em:
sempre, o bem estar comum, dentro da estrita observân- a) atividade político-partidária, salvo quando candi-
cia das normas jurídicas e das disposições deste Regula- dato a cargo eletivo;
mento; b) atividade comercial ou industrial;
V - atuar com devotamento ao interesse público, co- c) pronunciamento público a respeito de assunto poli-
locando-o acima dos anseios particulares; cial, salvo os de natureza técnica;
VI - atuar de forma disciplinada e disciplinadora, d) exercício de cargo ou função de natureza civil;
com respeito mútuo de superiores e subordinados, e preo- XXII - prestar assistência moral e material ao lar,
cupação com a integridade física, moral e psíquica de conduzindo-o como bom chefe de família;
todos os militares do Estado, inclusive dos agregados, XXIII - considerar a verdade, a legalidade e a respon-
envidando esforços para bem encaminhar a solução dos sabilidade como fundamentos de dignidade pessoal;
problemas apresentados; XXIV - exercer a profissão sem discriminações ou res-
VII - ser justo na apreciação de atos e méritos dos trições de ordem religiosa, política, racial ou de condição
subordinados; social;
VIII - cumprir e fazer cumprir, dentro de suas atri- XXV - atuar com prudência nas ocorrências policiais,
buições legalmente definidas, a Constituição, as leis e evitando exacerbá-las;
as ordens legais das autoridades competentes, exercendo XXVI - respeitar a integridade física, moral e psíqui-
suas atividades com responsabilidade, incutindo-a em seus ca da pessoa do preso ou de quem seja objeto de incrimi-
subordinados; nação;
IX - dedicar-se integralmente ao serviço policial- XXVII - observar as normas de boa educação e ser dis-
militar, buscando, com todas as energias, o êxito e o apri- creto nas atitudes, maneiras e na linguagem escrita ou fa-
moramento técnico-profissional e moral; lada;
X - estar sempre preparado para as missões que de- XXVIII - não solicitar ou provocar publicidade visan-
sempenhe; do a própria promoção pessoal;
XI - exercer as funções com integridade e equilíbrio, XXIX - observar os direitos e garantias fundamen-
segundo os princípios que regem a administração pública, tais, agindo com isenção, equidade e absoluto respeito pelo
não sujeitando o cumprimento do dever a influências in- ser humano, não usando sua condição de autoridade pública
devidas; para a prática de arbitrariedade;
XII - procurar manter boas relações com outras catego- XXX - exercer a função pública com honestidade, não
rias profissionais, conhecendo e respeitando-lhes os limites aceitando vantagem indevida, de qualquer espécie;
de competência, mas elevando o conceito e os padrões da XXXI - não usar meio ilícito na produção de traba-
própria profissão, zelando por sua competência e autori- lho intelectual ou em avaliação profissional, inclusive no
dade; âmbito do ensino;
XIII - ser fiel na vida policial-militar, cumprindo os XXXII - não abusar dos meios do Estado postos à sua
compromissos relacionados às suas atribuições de agente disposição, nem distribuí-los a quem quer que seja, em de-
público; trimento dos fins da administração pública, coibindo ainda
XIV - manter ânimo forte e fé na missão policial-mili- a transferência, para fins particulares, de tecnologia própria
tar, mesmo diante das dificuldades, demonstrando persis- das funções policiais;
tência no trabalho para solucioná-las; XXXIII - atuar com eficiência e probidade, zelando
XV - zelar pelo bom nome da Instituição Policial-Mi- pela economia e conservação dos bens públicos, cuja utili-
litar e de seus componentes, aceitando seus valores e cum- zação lhe for confiada;
prindo seus deveres éticos e legais; XXXIV - proteger as pessoas, o patrimônio e o meio
XVI - manter ambiente de harmonia e camarada- ambiente com abnegação e desprendimento pessoal;
gem na vida profissional, solidarizando-se nas dificuldades XXXV - atuar onde estiver, mesmo não estando em ser-
que esteja ao seu alcance minimizar e evitando comentá- viço, para preservar a ordem pública ou prestar socorro,
rios desairosos sobre os componentes das Instituições Po- desde que não exista, naquele momento, força de serviço
liciais; suficiente.
XVII - não pleitear para si, por meio de terceiros, car- § 1º - Ao militar do Estado em serviço ativo é vedado
go ou função que esteja sendo exercido por outro mi- exercer atividade de segurança particular, comércio ou to-
litar do Estado; mar parte da administração ou gerência de sociedade co-
XVIII - proceder de maneira ilibada na vida pública mercial ou dela ser sócio ou participar, exceto como acio-
e particular; nista, cotista ou comanditário.
93
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
94
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 13 - As transgressões disciplinares são classifica- 21 - provocar desfalques ou deixar de adotar providên-
das de acordo com sua gravidade em graves (G), médias cias, na esfera de suas atribuições, para evitá-los (G);
(M) e leves (L). 22 - utilizar-se da condição de militar do Estado para
Parágrafo único - As transgressões disciplinares são: obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para en-
1 - desconsiderar os direitos constitucionais da pessoa caminhar negócios particulares ou de terceiros (G);
no ato da prisão (G); 23 - dar, receber ou pedir gratificação ou presente com
2 - usar de força desnecessária no atendimento de ocor- finalidade de retardar, apressar ou obter solução favorável
rência ou no ato de efetuar prisão (G); em qualquer ato de serviço (G);
3 - deixar de providenciar para que seja garantida a in- 24 - contrair dívida ou assumir compromisso superior
tegridade física das pessoas que prender ou detiver (G); às suas possibilidades, desde que venha a expor o nome da
4 - agredir física, moral ou psicologicamente preso sob Polícia Militar (M);
sua guarda ou permitir que outros o façam (G); 25 - fazer, diretamente ou por intermédio de outrem,
5 - permitir que o preso, sob sua guarda, conserve em agiotagem ou transação pecuniária envolvendo assunto de
seu poder instrumentos ou outros objetos proibidos, com que serviço, bens da administração pública ou material cuja co-
possa ferir a si próprio ou a outrem (G); mercialização seja proibida (G);
6 - reter o preso, a vítima, as testemunhas ou partes não 26 - exercer ou administrar, o militar do Estado em ser-
definidas por mais tempo que o necessário para a solução do viço ativo, a função de segurança particular ou qualquer ati-
procedimento policial, administrativo ou penal (M); vidade estranha à Instituição Policial-Militar com prejuízo do
7 - faltar com a verdade (G); serviço ou com emprego de meios do Estado (G);
8 - ameaçar, induzir ou instigar alguém para que não 27 - exercer, o militar do Estado em serviço ativo, o co-
declare a verdade em procedimento administrativo, civil ou mércio ou tomar parte na administração ou gerência de
penal (G); sociedade comercial com fins lucrativos ou dela ser sócio,
9 - utilizar-se do anonimato para fins ilícitos (G); exceto como acionista, cotista ou comanditário (G);
10 - envolver, indevidamente, o nome de outrem para 28 - deixar de fiscalizar o subordinado que apresentar
esquivar-se de responsabilidade (G); sinais exteriores de riqueza incompatíveis com a remunera-
11 - publicar, divulgar ou contribuir para a divulgação ção do cargo (G);
irrestrita de fatos, documentos ou assuntos administrativos 29 - não cumprir, sem justo motivo, a execução de qual-
ou técnicos de natureza policial, militar ou judiciária, que quer ordem legal recebida (G);
possam concorrer para o desprestígio da Polícia Militar, fe- 30 - retardar, sem justo motivo, a execução de qualquer
rir a hierarquia ou a disciplina, comprometer a segurança ordem legal recebida (M);
da sociedade e do Estado ou violar a honra e a imagem de 31 - dar, por escrito ou verbalmente, ordem manifesta-
pessoa (G); mente ilegal que possa acarretar responsabilidade ao subor-
12 - espalhar boatos ou notícias tendenciosas em prejuí- dinado, ainda que não chegue a ser cumprida (G);
zo da boa ordem civil ou policial-militar ou do bom nome da 32 - deixar de assumir a responsabilidade de seus atos
Polícia Militar (M); ou pelos praticados por subordinados que agirem em cum-
13 - provocar ou fazer-se, voluntariamente, causa ou primento de sua ordem (G);
origem de alarmes injustificados (M); 33 - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida
14 - concorrer para a discórdia, desarmonia ou cultivar qualquer ordem legal de autoridade competente, ou serviço,
inimizade entre companheiros (M); ou para que seja retardada, prejudicada ou embaraçada a
15 - liberar preso ou detido ou dispensar parte de ocor- sua execução (G);
rência sem competência legal para tanto (G); 34 - interferir na administração de serviço ou na execu-
16 - entender-se com o preso, de forma velada, ou deixar ção de ordem ou missão sem ter a devida competência para
que alguém o faça, sem autorização de autoridade compe- tal (M);
tente (M); 35 - deixar de comunicar ao superior a execução de or-
17 - receber vantagem de pessoa interessada no caso de dem dele recebida, no mais curto prazo possível (L);
furto, roubo, objeto achado ou qualquer outro tipo de ocor- 36 - dirigir-se, referir-se ou responder a superior de
rência ou procurá-la para solicitar vantagem (G); modo desrespeitoso (G);
18 - receber ou permitir que seu subordinado receba, em 37 - recriminar ato legal de superior ou procurar des-
razão da função pública, qualquer objeto ou valor, mesmo considerá-lo (G);
quando oferecido pelo proprietário ou responsável (G); 38 - ofender, provocar ou desafiar superior ou subordi-
19 - apropriar-se de bens pertencentes ao patrimônio nado hierárquico (G);
público ou particular (G); 39 - promover ou participar de luta corporal com supe-
20 - empregar subordinado ou servidor civil, ou desviar rior, igual, ou subordinado hierárquico (G);
qualquer meio material ou financeiro sob sua responsabili- 40 - procurar desacreditar seu superior ou subordinado
dade ou não, para a execução de atividades diversas daque- hierárquico (M);
las para as quais foram destinadas, em proveito próprio ou 41 - ofender a moral e os bons costumes por atos, pala-
de outrem (G); vras ou gestos (G);
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
85 - dormir em serviço de policiamento, vigilância ou 108 - entrar, sair ou tentar fazê-lo, de OPM, com tropa,
segurança de pessoas ou instalações (G); sem prévio conhecimento da autoridade competente, salvo
86 - dormir em serviço, salvo quando autorizado (M); para fins de instrução autorizada pelo comando (G);
87 - permanecer, alojado ou não, deitado em horário de 109 - deixar o responsável pela segurança da OPM de
expediente no interior da OPM, sem autorização de quem de cumprir as prescrições regulamentares com respeito a entra-
direito (L); da, saída e permanência de pessoa estranha (M);
88 - fazer uso, estar sob ação ou induzir outrem ao uso 110 - permitir que pessoa não autorizada adentre prédio
de substância proibida, entorpecente ou que determine de- ou local interditado (M);
pendência física ou psíquica, ou introduzi-las em local sob 111 - deixar, ao entrar ou sair de OPM onde não sirva, de
administração policial-militar (G); dar ciência da sua presença ao Oficial-de-Dia ou de serviço
89 - embriagar-se quando em serviço ou apresentar-se e, em seguida, se oficial, de procurar o comandante ou o ofi-
embriagado para prestá-lo (G); cial de posto mais elevado ou seu substituto legal para expor
90 - ingerir bebida alcoólica quando em serviço ou apre- a razão de sua presença, salvo as exceções regulamentares
sentar-se alcoolizado para prestá-lo (M); previstas (M);
91 - introduzir bebidas alcoólicas em local sob adminis- 112 - adentrar, sem permissão ou ordem, aposentos des-
tração policial-militar, salvo se devidamente autorizado (M); tinados a superior ou onde este se encontre, bem como qual-
92 - fumar em local não permitido (L); quer outro lugar cuja entrada lhe seja vedada (M);
93 - tomar parte em jogos proibidos ou jogar a dinheiro 113 - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da
os permitidos, em local sob administração policial-militar, ou OPM, desde que não seja a autoridade competente ou sem
em qualquer outro, quando uniformizado (L); sua ordem, salvo em situações de emergência (M);
94 - portar ou possuir arma em desacordo com as nor- 114 - permanecer em dependência de outra OPM ou lo-
mas vigentes (G); cal de serviço sem consentimento ou ordem da autoridade
95 - andar ostensivamente armado, em trajes civis, não competente (M);
se achando de serviço (G); 115 - permanecer em dependência da própria OPM ou
96 - disparar arma por imprudência, negligência, imperí- local de serviço, desde que a ele estranho, sem consentimento
cia, ou desnecessariamente (G); ou ordem da autoridade competente (L);
97 - não obedecer às regras básicas de segurança ou não 116 - entrar ou sair, de qualquer OPM, por lugares que
ter cautela na guarda de arma própria ou sob sua responsa- não sejam para isso designados (L);
bilidade (G); 117 - deixar de exibir a superior hierárquico, quando por
98 - ter em seu poder, introduzir, ou distribuir em local ele solicitado, objeto ou volume, ao entrar ou sair de qualquer
sob administração policial-militar, substância ou material in- OPM (M);
flamável ou explosivo sem permissão da autoridade compe- 118 - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em local
tente (M); sob administração policial-militar, publicações, estampas ou
99 - dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, jornais que atentem contra a disciplina, a moral ou as insti-
negligência, ou sem habilitação legal (G); tuições (L);
100 - desrespeitar regras de trânsito, de tráfego aéreo ou 119 - apresentar-se, em qualquer situação, mal unifor-
de navegação marítima, lacustre ou fluvial (M); mizado, com o uniforme alterado ou diferente do previsto,
101 - autorizar, promover ou executar manobras perigo- contrariando o Regulamento de Uniformes da Polícia Militar
sas com viaturas, aeronaves, embarcações ou animais (M); ou norma a respeito (M);
102 - conduzir veículo, pilotar aeronave ou embarcação 120 - usar no uniforme, insígnia, medalha, condecoração
oficial, sem autorização do órgão competente da Polícia Mili- ou distintivo, não regulamentares ou de forma indevida (M);
tar, mesmo estando habilitado (L); 121 - usar vestuário incompatível com a função ou des-
103 - transportar na viatura, aeronave ou embarcação curar do asseio próprio ou prejudicar o de outrem (L);
que esteja sob seu comando ou responsabilidade, pessoal ou 122 - estar em desacordo com as normas regulamenta-
material, sem autorização da autoridade competente (L); res de apresentação pessoal (L);
104 - andar a cavalo, a trote ou galope, sem necessidade, 123 - recusar ou devolver insígnia, salvo quando a regu-
pelas ruas da cidade ou castigar inutilmente a montada (L); lamentação o permitir (L);
105 - não ter o devido zelo, danificar, extraviar ou inuti- 124 - comparecer, uniformizado, a manifestações ou
lizar, por ação ou omissão, bens ou animais pertencentes ao reuniões de caráter político-partidário, salvo por motivo de
patrimônio público ou particular, que estejam ou não sob sua serviço (M);
responsabilidade (M); 125 - frequentar ou fazer parte de sindicatos, associa-
106 - negar-se a utilizar ou a receber do Estado farda- ções profissionais com caráter de sindicato, ou de associações
mento, armamento, equipamento ou bens que lhe sejam cujos estatutos não estejam de conformidade com a lei (G);
destinados ou devam ficar em seu poder ou sob sua respon- 126 - autorizar, promover ou participar de petições ou
sabilidade (M); manifestações de caráter reivindicatório, de cunho político-
107 - retirar ou tentar retirar de local sob administração -partidário, religioso, de crítica ou de apoio a ato de superior,
policial-militar material, viatura, aeronave, embarcação ou para tratar de assuntos de natureza policial-militar, ressalva-
animal, ou mesmo deles servir-se, sem ordem do responsável dos os de natureza técnica ou científica havidos em razão do
ou proprietário (G); exercício da função policial (M);
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º - A comunicação disciplinar deverá ser apresen- § 3º - A representação nos termos do parágrafo anterior
tada no prazo de 5 (cinco) dias, contados da constatação será exercida no prazo estabelecido no § 1º, do artigo 62.
ou conhecimento do fato, ressalvadas as disposições re- § 4º - O prazo para o encaminhamento de represen-
lativas ao recolhimento disciplinar, que deverá ser feita tação será de 5 (cinco) dias contados da data do conheci-
imediatamente. mento do ato ou fato que a motivar.
§ 2º - A comunicação disciplinar deve ser a expres-
são da verdade, cabendo à autoridade competente enca- CAPÍTULO VIII
minhá-la ao acusado para que, por escrito, manifeste-se Da Competência, do Julgamento, da Aplicação e
preliminarmente sobre os fatos, no prazo de 3 (três) dias. do Cumprimento das Sanções Disciplinares
§ 3º - Conhecendo a manifestação preliminar e con-
siderando praticada a transgressão, a autoridade compe- SEÇÃO I
tente elaborará termo acusatório motivado, com as ra- Da Competência
zões de fato e de direito, para que o militar do Estado
possa exercitar, por escrito, o seu direito a ampla defesa e Artigo 31 - A competência disciplinar é inerente ao car-
ao contraditório, no prazo de 5 (cinco) dias. go, função ou posto, sendo autoridades competentes para
§ 4º - Estando a autoridade convencida do cometi- aplicar sanção disciplinar:
mento da transgressão, providenciará o enquadramen- I - o Governador do Estado: a todos os militares do Esta-
to disciplinar, mediante nota de culpa ou, se determinar do sujeitos a este Regulamento;
outra solução, deverá fundamentá-la por despacho nos II - o Secretário da Segurança Pública e o Comandante
autos. Geral: a todos os militares do Estado sujeitos a este Regula-
§ 5º - Poderá ser dispensada a manifestação prelimi- mento, exceto ao Chefe da Casa Militar;
nar quando a autoridade competente tiver elementos de III - o Subcomandante da Polícia Militar: a todos os in-
convicção suficientes para a elaboração do termo acusa- tegrantes de seu comando e das unidades subordinadas e às
tório, devendo esta circunstância constar do respectivo praças inativas;
termo. IV - os oficiais da ativa da Polícia Militar do posto de
Artigo 29 - A solução do procedimento disciplinar é coronel a capitão: aos militares do Estado que estiverem sob
da inteira responsabilidade da autoridade competente, seu comando ou integrantes das OPM subordinadas.
que deverá aplicar sanção ou justificar o fato, de acordo § 1º - Ao Secretário da Segurança Pública e ao Coman-
com este Regulamento. dante Geral da Polícia Militar compete conhecer das san-
ções disciplinares aplicadas aos inativos, em grau de recur-
§ 1º - A solução será dada no prazo de 30 (trinta) dias,
so, respectivamente, se oficial ou praça.
contados a partir do recebimento da defesa do acusado,
§ 2º - Aos oficiais, quando no exercício interino das
prorrogável no máximo por mais 15 (quinze) dias, me-
funções de posto igual ou superior ao de capitão, ficará
diante declaração de motivos no próprio enquadramento.
atribuída a competência prevista no inciso IV deste artigo.
§ 2º - No caso de afastamento regulamentar do trans-
gressor, os prazos supracitados serão interrompidos, rei-
SEÇÃO II
niciada a contagem a partir da sua reapresentação. Dos Limites de Competência das Autoridades
§ 3º - Em qualquer circunstância, o signatário da
comunicação deverá ser notificado da respectiva solu- Artigo 32 - O Governador do Estado é competente para apli-
ção, no prazo máximo de 90 (noventa) dias da data da car todas as sanções disciplinares previstas neste Regulamento,
comunicação. cabendo às demais autoridades as seguintes competências:
§ 4º - No caso de não cumprimento do prazo do pará- I - ao Secretário da Segurança Pública e ao Comandante
grafo anterior, poderá o signatário da comunicação soli- Geral: todas as sanções disciplinares exceto a demissão de
citar, obedecida a via hierárquica, providências a respeito oficiais;
da solução. II - ao Subcomandante da Polícia Militar: as sanções
disciplinares de advertência, repreensão, permanência dis-
SEÇÃO II ciplinar, detenção e proibição do uso de uniformes de até os
Da Representação limites máximos previstos;
III - aos oficiais do posto de coronel: as sanções disci-
Artigo 30 - Representação é toda comunicação que se plinares de advertência, repreensão, permanência disciplinar
referir a ato praticado ou aprovado por superior hie- de até 20 (vinte) dias e detenção de até 15 (quinze) dias;
rárquico ou funcional, que se repute irregular, ofensivo, IV - aos oficiais do posto de tenente-coronel: as sanções
injusto ou ilegal. disciplinares de advertência, repreensão e permanência dis-
§ 1º - A representação será dirigida à autoridade fun- ciplinar de até 20 (vinte) dias;
cional imediatamente superior àquela contra a qual é atri- V - aos oficiais do posto de major: as sanções disciplina-
buída a prática do ato irregular, ofensivo, injusto ou ilegal. res de advertência, repreensão e permanência disciplinar de
§ 2º - A representação contra ato disciplinar será feita até 15 (quinze) dias;
somente após solucionados os recursos disciplinares pre- VI - aos oficiais do posto de capitão: as sanções discipli-
vistos neste Regulamento e desde que a matéria recorrida nares de advertência, repreensão e permanência disciplinar
verse sobre a legalidade do ato praticado. de até 10 (dez) dias.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 43 - O início do cumprimento da sanção disci- Parágrafo único - A interrupção de afastamento regula-
plinar dependerá de aprovação do ato pelo Comandante mentar, para cumprimento de sanção disciplinar, somente
da Unidade ou pela autoridade funcional imediatamen- ocorrerá quando determinada pelo Governador do Estado,
te superior, quando a sanção for por ele aplicada, e prévia Secretário da Segurança Pública ou pelo Comandante Ge-
publicação em boletim, salvo a necessidade de recolhimento ral.
disciplinar previsto neste Regulamento. Artigo 52 - O início do cumprimento da sanção disci-
Artigo 44 - A sanção disciplinar não exime o punido da plinar deverá ocorrer no prazo máximo de 5 (cinco) dias
responsabilidade civil e criminal emanadas do mesmo após a ciência, pelo punido, da sua publicação.
fato. § 1º - A contagem do tempo de cumprimento da
Parágrafo único - A instauração de inquérito ou ação cri- sanção começa no momento em que o militar do Estado
minal não impede a imposição, na esfera administrativa, de iniciá-lo, computando-se cada dia como período de 24
sanção pela prática de transgressão disciplinar sobre o mesmo (vinte e quatro) horas.
fato. § 2º - Não será computado, como cumprimento de
Artigo 45 - Na ocorrência de mais de uma transgressão, sanção disciplinar, o tempo em que o militar do Estado
sem conexão entre elas, serão impostas as sanções corres-
passar em gozo de afastamentos regulamentares, inter-
pondentes isoladamente; em caso contrário, quando forem
rompendo-se a contagem a partir do momento de seu
praticadas de forma conexa, as de menor gravidade serão
afastamento até o seu retorno.
consideradas como circunstâncias agravantes da trans-
gressão principal. § 3º - O afastamento do militar do Estado do local de
Artigo 46 - Na ocorrência de transgressão disciplinar en- cumprimento da sanção e o seu retorno a esse local, após
volvendo militares do Estado de mais de uma Unidade, caberá o afastamento regularmente previsto no § 2º, deverão ser
ao comandante do policiamento da área territorial onde objeto de publicação.
ocorreu o fato apurar ou determinar a apuração e, ao fi-
nal, se necessário, remeter os autos à autoridade funcional CAPÍTULO IX
superior comum aos envolvidos. Do Comportamento
Artigo 47 - Quando duas autoridades de níveis hie-
rárquicos diferentes, ambas com ação disciplinar sobre o Artigo 53 - O comportamento da praça policial-militar
transgressor, conhecerem da transgressão disciplinar, compe- demonstra o seu procedimento na vida profissional e parti-
tirá à de maior hierarquia apurá-la ou determinar que a cular, sob o ponto de vista disciplinar.
menos graduada o faça. Artigo 54 - Para fins disciplinares e para outros efeitos,
Parágrafo único - Quando a apuração ficar sob a incum- o comportamento policial-militar classifica-se em:
bência da autoridade menos graduada, a punição resultante I - excelente - quando, no período de 10 (dez) anos,
será aplicada após a aprovação da autoridade superior, se não lhe tenha sido aplicada qualquer sanção disciplinar;
esta assim determinar. II - ótimo - quando, no período de 5 (cinco) anos, lhe
Artigo 48 - A expulsão será aplicada, em regra, quando tenham sido aplicadas até 2 repreensões;
a praça policial-militar, independentemente da graduação ou III - bom - quando, no período de 2 (dois) anos, lhe
função que ocupe, for condenado judicialmente por crime tenham sido aplicadas até 2 (duas) permanências discipli-
que também constitua infração disciplinar grave e que nares;
denote incapacidade moral para a continuidade do exercí- IV - regular - quando, no período de 1 (um) ano, lhe
cio de suas funções. tenham sido aplicadas até 2 (duas) permanências discipli-
nares ou 1 (uma) detenção;
SEÇÃO V V - mau - quando, no período de 1 (um) ano, lhe te-
Do Cumprimento e da Contagem de Tempo
nham sido aplicadas mais de 2 (duas) permanências disci-
plinares ou mais de 1 (uma) detenção.
Artigo 49 - A autoridade que tiver de aplicar sanção a
§ 1º - A contagem de tempo para melhora do com-
subordinado que esteja a serviço ou à disposição de outra au-
toridade requisitará a apresentação do transgressor. portamento se fará automaticamente, de acordo com os
Parágrafo único - Quando o local determinado para o prazos estabelecidos neste artigo.
cumprimento da sanção não for a respectiva OPM, a autorida- § 2º - Bastará uma única sanção disciplinar acima dos
de indicará o local designado para a apresentação do punido. limites estabelecidos neste artigo para alterar a categoria
Artigo 50 - Nenhum militar do Estado será interrogado do comportamento.
ou ser-lhe-á aplicada sanção se estiver em estado de embria- § 3º - Para a classificação do comportamento fica es-
guez, ou sob a ação de substância entorpecente ou que deter- tabelecido que duas repreensões equivalerão a uma per-
mine dependência física ou psíquica, devendo, se necessá- manência disciplinar.
rio, ser, desde logo, recolhido disciplinarmente. § 4º - Para efeito de classificação, reclassificação ou
Artigo 51 - O cumprimento da sanção disciplinar, por mi- melhoria do comportamento, ter-se-ão como base as da-
litar do Estado afastado do serviço, deverá ocorrer após a sua tas em que as sanções foram publicadas.
apresentação na OPM, pronto para o serviço policial-militar, Artigo 55 - Ao ser admitida na Polícia Militar, a praça
salvo nos casos de interesse da preservação da ordem e da policial-militar será classificada no comportamento “bom”.
disciplina.
102
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
103
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Artigo 65 - Agravação é a ampliação do número dos Artigo 72 - O militar do Estado submetido a processo
dias propostos para uma sanção disciplinar ou a aplicação regular deverá, quando houver possibilidade de prejuízo
de sanção mais rigorosa, nos limites do artigo 42, se assim para a hierarquia, disciplina ou para a apuração do fato,
o exigir o interesse da disciplina e a ação educativa sobre o ser designado para o exercício de outras funções, enquanto
militar do Estado. perdurar o processo, podendo ainda a autoridade instaura-
Parágrafo único - Não caberá agravamento da sanção dora proibir-lhe o uso do uniforme, como medida cautelar.
em razão da interposição de recurso disciplinar.
Artigo 66 - Anulação é a declaração de invalidade da san- SEÇÃO II
ção disciplinar aplicada pela própria autoridade ou por autori- Do Conselho de Justificação
dade subordinada, quando, na apreciação do recurso, verificar
a ocorrência de ilegalidade, devendo retroagir à data do ato.
Artigo 73 - O Conselho de Justificação destina-se a apu-
rar, na forma da legislação específica, a incapacidade do
CAPÍTULO XII
Das Recompensas Policiais-Militares oficial para permanecer no serviço ativo da Polícia Militar.
Parágrafo único - O Conselho de Justificação aplica-se
Artigo 67 - As recompensas policiais-militares consti- também ao oficial inativo presumivelmente incapaz de per-
tuem reconhecimento dos bons serviços prestados pelo manecer na situação de inatividade.
militar do Estado e consubstanciam-se em prêmios concedi- Artigo 74 - O oficial submetido a Conselho de Justifi-
dos por atos meritórios e serviços relevantes. cação e considerado culpado, por decisão unânime, poderá
Artigo 68 - São recompensas policiais-militares: ser agregado disciplinarmente mediante ato do Comandan-
I - elogio; te Geral, até decisão final do tribunal competente, ficando:
II - cancelamento de sanções. I - afastado das suas funções e adido à Unidade que lhe
Parágrafo único - O elogio individual, ato administrativo for designada;
que coloca em relevo as qualidades morais e profissionais do II - proibido de usar uniforme;
militar, poderá ser formulado independentemente da classi- III - percebendo 1/3 (um terço) da remuneração;
ficação de seu comportamento e será registrado nos assen- IV - mantido no respectivo Quadro, sem número, não
tamentos. concorrendo à promoção.
Artigo 69 - A dispensa do serviço não é uma recompensa Artigo 75 - Ao Conselho de Justificação aplica-se o pre-
policial-militar e somente poderá ser concedida quando houver, visto na legislação específica, complementarmente ao dis-
a juízo do Comandante da Unidade, motivo de força maior.
posto neste Regulamento.
Parágrafo único - A concessão de dispensas do serviço,
observado o disposto neste artigo, fica limitada ao máximo
SEÇÃO III
de 6 (seis) dias por ano, sendo sempre publicada em boletim.
Artigo 70 - O cancelamento de sanções disciplinares Do Conselho de Disciplina
consiste na retirada dos registros realizados nos assenta-
mentos individuais do militar do Estado, relativos às penas Artigo 76 - O Conselho de Disciplina destina-se a de-
disciplinares que lhe foram aplicadas. clarar a incapacidade moral da praça para permanecer no
§ 1º - O cancelamento de sanções é ato do Comandan- serviço ativo da Polícia Militar e será instaurado:
te Geral, praticado a pedido do interessado, e o seu deferi- I - por portaria do Comandante da Unidade a que per-
mento deverá atender aos bons serviços por ele prestados, tencer o acusado;
comprovados em seus assentamentos, e depois de decor- II - por ato de autoridade superior à mencionada no
ridos 10 (dez) anos de efetivo serviço, sem qualquer outra inciso anterior.
sanção, a contar da data da última pena imposta. Parágrafo único - A instauração do Conselho de Dis-
§ 2º - O cancelamento de sanções não terá efeito re- ciplina poderá ser feita durante o cumprimento de sanção
troativo e não motivará o direito de revisão de outros atos disciplinar.
administrativos decorrentes das sanções canceladas. Artigo 77 - As autoridades referidas no artigo anterior
podem, com base na natureza da falta ou na inconsistência
CAPÍTULO XIII dos fatos apontados, considerar, desde logo, insuficiente a
Do Processo Regular acusação e, em consequência, deixar de instaurar o Conse-
lho de Disciplina, sem prejuízo de novas diligências.
SEÇÃO I
Artigo 78 - O Conselho será composto por 3 (três) ofi-
Disposições Gerais
ciais da ativa.
Artigo 71 - O processo regular a que se refere este Regu- § 1º - O mais antigo do Conselho, no mínimo um ca-
lamento, para os militares do Estado, será: pitão, é o presidente, e o que lhe seguir em antiguidade
I - para oficiais: o Conselho de Justificação; ou precedência funcional é o interrogante, sendo o relator e
II - para praças com 10 (dez) ou mais anos de serviço escrivão o mais moderno.
policial-militar: o Conselho de Disciplina; § 2º - Entendendo necessário, o presidente poderá
III - para praças com menos de 10 (dez) anos de serviço nomear um subtenente ou sargento para funcionar como
policial-militar: o Processo Administrativo Disciplinar. escrivão no processo, o qual não integrará o Conselho.
104
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
105
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SEÇÃO II
Do Ingresso
6.2. CAPÍTULO II – DO PLANO GERAL DE
CARGOS, VENCIMENTOS E SALÁRIOS: Artigo 4º O ingresso nos cargos e funções-atividades
SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS; SEÇÃO constantes dos Subanexos 2 e 3 dos Anexos I e II desta lei
II – DO INGRESSO; SEÇÃO III – DO ESTÁGIO complementar far-se-á no padrão inicial da respectiva
PROBATÓRIO; SEÇÃO IV – DA JORNADA classe, mediante concurso público de provas ou de pro-
DE TRABALHO, DOS VENCIMENTOS E DAS vas e títulos, obedecidos os seguintes requisitos mínimos:
VANTAGENS PECUNIÁRIAS; SEÇÃO VII – DA I - para as classes de nível intermediário: certificado de
PROGRESSÃO; SEÇÃO VIII – DA PROMOÇÃO; conclusão do ensino médio ou equivalente;
SEÇÃO IX – DA SUBSTITUIÇÃO. II - para as classes de nível universitário: diploma de
graduação em curso de nível superior.
§ 1º Os editais fixarão os requisitos específicos, de
acordo com a área de atuação, para cada concurso público.
CAPÍTULO II § 2º As atribuições básicas das classes de que trata este
Do Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários artigo são as fixadas no Anexo III desta lei complementar.
106
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
3 - verificar o grau de adaptação ao cargo e a necessi- Artigo 10. O servidor confirmado no cargo de provi-
dade de submeter o servidor a programa de treinamento. mento efetivo fará jus à progressão automática do grau “A”
§ 2º - A avaliação será promovida semestralmente pelo para o grau “B” da respectiva referência da classe a que
órgão setorial de recursos humanos, com base em critérios pertença, independentemente do limite estabelecido no ar-
estabelecidos em decreto. tigo 23 desta lei complementar.
Artigo 8º Decorridos 30 (trinta) meses do período de es- Destaca-se o disposto no artigo 41 da Constituição
tágio probatório, o responsável pelo órgão setorial de recur- Federal:
sos humanos encaminhará à Comissão Especial de Avalia-
ção de Desempenho, no prazo de 30 (trinta) dias, relatório Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo
circunstanciado sobre a conduta e o desempenho profissio- exercício os servidores nomeados para cargo de provi-
nal do servidor, com proposta fundamentada de confirma- mento efetivo em virtude de concurso público.
ção no cargo ou exoneração. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 1º A Comissão Especial de Avaliação de Desempe- I - em virtude de sentença judicial transitada em jul-
nho poderá solicitar informações complementares para gado;
referendar a proposta de que trata o “caput” deste artigo. II - mediante processo administrativo em que lhe seja
§ 2º No caso de ter sido proposta a exoneração, a Co- assegurada ampla defesa;
missão Especial de Avaliação de Desempenho abrirá prazo III - mediante procedimento de avaliação periódica de
de 10 (dez) dias para o exercício do direito de defesa do desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
interessado, e decidirá pelo voto da maioria absoluta de ampla defesa.
seus membros. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
§ 3º A Comissão Especial de Avaliação de Desempe- servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocu-
nho encaminhará ao Titular do órgão ou entidade, para pante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de ori-
decisão final, proposta de confirmação no cargo ou de gem, sem direito a indenização, aproveitado em outro
exoneração do servidor. cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
§ 4º - Os atos decorrentes do cumprimento do pe- proporcional ao tempo de serviço.
ríodo de estágio probatório deverão ser publicados pela § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi-
autoridade competente, na seguinte conformidade: dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
1 - os de exoneração do cargo, até o primeiro dia útil remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
subsequente ao encerramento do estágio probatório; adequado aproveitamento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
2 - os de confirmação no cargo, até 45 (quarenta e cin-
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
co) dias úteis após o término do estágio.
missão instituída para essa finalidade.
Artigo 9º - Durante o período de estágio probatório, o
SEÇÃO IV
servidor não poderá ser afastado ou licenciado do seu cargo,
Da Jornada de Trabalho, dos Vencimentos e das
exceto:
Vantagens Pecuniárias
I - nas hipóteses previstas nos artigos 69, 72, 75 e 181,
incisos I a V, VII e VIII, da Lei nº 10.261, de 28 de outubro
Artigo 11. Os cargos e as funções-atividades abrangi-
de 1968;
dos por esta lei complementar serão exercidos em Jornada
II - para participação em curso específico de formação Completa de Trabalho, caracterizada pela exigência
decorrente de aprovação em concurso público para outro da prestação de 40 (quarenta) horas semanais de tra-
cargo na Administração Pública Estadual; balho.
III - quando nomeado ou designado para o exercício de Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no “caput”
cargo em comissão ou função em confiança no âmbito do deste artigo, os cargos e as funções-atividades cujos ocu-
órgão ou entidade em que estiver lotado; pantes estejam sujeitos a Jornada Comum de Trabalho, ca-
IV - quando nomeado para o exercício de cargo em co- racterizada pela exigência da prestação de 30 (trinta) horas
missão em órgão diverso da sua lotação de origem; semanais de trabalho.
V - nas hipóteses previstas nos artigos 65 e 66 da Lei nº
10.261, de 28 de outubro de 1968, somente quando nomea- Artigo 12. Os vencimentos ou salários dos servidores
do ou designado para o exercício de cargo em comissão ou abrangidos pelo Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Sa-
função em confiança. lários, de que trata esta lei complementar, ficam fixados de
Parágrafo único - Fica suspensa, para efeito de estágio acordo com as Escalas de Vencimentos a seguir mencio-
probatório, a contagem de tempo dos períodos de afasta- nadas:
mentos referidos neste artigo, excetuadas as hipóteses pre- I - Escala de Vencimentos - Nível Elementar, constituída
vistas em seu inciso III, bem como nos artigos 69 e 75 da Lei de 1 (uma) referência e 10 (dez) graus;
nº 10.261, de 28 de outubro de 1968. II - Escala de Vencimentos - Nível Intermediário, cons-
tituída de 2 (duas) referências e 10 (dez) graus;
107
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - Escala de Vencimentos - Nível Universitário, com- Artigo 18. O exercício da função de Corregedor, da Cor-
posta de 2 (duas) Estruturas de Vencimentos, sendo a Estru- regedoria Geral da Administração, será retribuído com gra-
tura I constituída de 3 (três) referências e 10 (dez) graus, e a tificação “pro labore”, calculada mediante a aplicação do
Estrutura II constituída de 3 (três) referências e 10 (dez) graus; coeficiente 30 (trinta inteiros) sobre o valor da Unidade
IV - Escala de Vencimentos - Comissão, constituída de Básica de Valor - UBV, de que trata o artigo 33 desta lei
18 (dezoito) referências. complementar.
Parágrafo único. (Revogado).
Artigo 13. As Escalas de Vencimentos a que se refere o
artigo 12 desta lei complementar são constituídas de tabe- Artigo 19 - O servidor que fizer uso da opção prevista
las, aplicáveis aos cargos e funções-atividades, de acordo no artigo 15, quando nomeado para cargo em comissão ou
com a jornada de trabalho a que estejam sujeitos os seus designado para o exercício de função-atividade em confian-
ocupantes, na seguinte conformidade: ça abrangido por esta lei complementar, fará jus à percep-
I - Tabela I, para os sujeitos à Jornada Completa de Tra- ção de gratificação “pro labore”, calculada mediante a apli-
balho; cação do percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor
II - Tabela II, para os sujeitos à Jornada Comum de Tra- da referência desse cargo ou função-atividade, acrescido do
balho. valor da Gratificação Executiva correspondente, observados,
cumulativamente, os seguintes requisitos:
Artigo 14. A remuneração dos servidores abrangidos I - os vencimentos ou salários do cargo de que é titu-
pelo Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários, de que lar ou da função-atividade de que é ocupante devem ser
trata esta lei complementar, compreende, além dos venci- inferiores aos vencimentos ou salários fixados para o car-
mentos e salários de que trata o artigo 12, as seguintes go de provimento em comissão ou a função-atividade em
vantagens pecuniárias: confiança para o qual foi nomeado, admitido ou designado;
I - adicional por tempo de serviço de que trata o ar- II - contar com o limite de 10/10 (dez décimos) incorpo-
tigo 129 da Constituição do Estado, que será calculado na rados nos termos do artigo 133 da Constituição do Estado.
base de 5% (cinco por cento) sobre o valor do vencimento ou Parágrafo único - A gratificação a que se refere este
salário, por quinquênio de prestação de serviço, observado artigo não se incorpora aos vencimentos ou salários nos
o disposto no inciso XVI do artigo 115 da mesma Consti-
termos do artigo 133 da Constituição do Estado e sobre ela
tuição;
não incidirão os descontos previdenciário e de assistência
II - sexta-parte;
médica.
III - gratificação “pro labore” a que se referem os arti-
gos 16 a 19 desta lei complementar;
Artigo 20. Os servidores designados para o exercício das
IV - décimo-terceiro salário;
funções a que aludem os artigos 16 a 19 desta lei com-
V - acréscimo de 1/3 (um terço) das férias;
plementar não perderão o direito à gratificação “pro labore”
VI - ajuda de custo;
quando se afastarem em virtude de férias, licença-prê-
VII - diárias;
VIII - gratificações e outras vantagens pecuniárias mio, gala, nojo, júri, licença para tratamento de saúde,
previstas em lei. faltas abonadas, serviços obrigatórios por lei e outros
afastamentos que a legislação considere como de efetivo
[...] exercício para todos os efeitos.
108
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único. Quando o valor do vencimento ou sa- § 2º O disposto neste artigo aplica-se, também, às
lário do grau “A” da referência final for inferior àquele an- hipóteses de designação para funções de serviço público
teriormente percebido, o enquadramento far-se-á no grau retribuídas mediante “pro labore” de que trata o artigo
com valor imediatamente superior. 28 da Lei nº 10.168, de 10 de julho de 1968, e para as fun-
ções previstas nos artigos 16 e 17 desta lei complementar.
Artigo 29. A promoção permitirá a passagem da refe- § 3º Na hipótese de substituição em funções-ativida-
rência 1 para a referência 2 dos servidores integrantes das des em confiança, no âmbito das Autarquias, aplica-se, no
seguintes classes: que couber, o disposto neste artigo.
I - de nível intermediário: § 4º Os servidores integrantes de classes pertencen-
a) Oficial Administrativo; tes a outros sistemas retribuitórios que venham a exercer a
b) Oficial Operacional; substituição em cargos abrangidos por este Plano, receberão
c) Oficial Sociocultural; o pagamento dessa substituição de acordo com critérios de
II - de nível universitário: cálculo a serem estabelecidos em decreto.
a) Analista Administrativo;
b) Analista de Tecnologia; [...]
c) Analista Sociocultural;
d) Executivo Público.
Artigo 30. São requisitos para fins de promoção: 6.3. CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES FINAIS:
I - contar, no mínimo, 5 (cinco) anos de efetivo exercí- ARTIGOS 54 A 56.
cio em um mesmo cargo ou função-atividade pertencente
às classes identificadas no artigo 29 desta lei complemen-
tar;
II - ser aprovado em avaliação teórica ou prática para CAPÍTULO IV
aferir a aquisição de competências necessárias ao exercício Disposições Finais
de suas funções na referência superior;
III - possuir diploma de: [...]
a) graduação em curso de nível superior, para os inte-
grantes das classes referidas no inciso I do artigo 29 desta Artigo 54. Poderá ser convertida em pecúnia, median-
lei complementar; te requerimento, uma parcela de 30 (trinta) dias de licen-
b) pós-graduação “stricto” ou “lato sensu”, para os in- ça-prêmio aos integrantes dos Quadros das Secretarias de
Estado, da Procuradoria Geral do Estado e das Autarquias,
tegrantes das classes referidas no inciso II do artigo 29 des-
regidos por esta lei complementar, que se encontrem em efe-
ta lei complementar.
tivo exercício nas unidades desses órgãos e entidades.
§ 1º Os 60 (sessenta) dias de licença-prêmio restantes,
Artigo 31. Os cursos a que se referem as alíneas “a” e
do período aquisitivo considerado, somente poderão ser
“b” do inciso III do artigo 30 desta lei complementar e os
usufruídos em ano diverso daquele em que o beneficiário
demais critérios relativos ao processo de promoção serão
recebeu a indenização, observado o disposto no artigo 213
estabelecidos em decreto.
da Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1968, com a redação
dada pela Lei Complementar nº 1048, de 10 de junho de
SEÇÃO IX 2008.
Da Substituição § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
dores dos Quadros das Secretarias de Economia e Plane-
Artigo 32. Para os servidores abrangidos por esta lei jamento e da Fazenda regidos por esta lei complementar.
complementar poderá haver a substituição de que tratam
os artigos 80 a 83 da Lei Complementar nº 180, de 12 Artigo 55. O pagamento da indenização de que trata o
de maio de 1978, para os cargos de coordenação, direção, artigo 54 restringir-se-á às licenças-prêmio cujos períodos
chefia, supervisão e encarregatura, constantes da Escala aquisitivos se completem a partir da data da vigência desta
de Vencimentos - Comissão. lei complementar e observará o seguinte:
§ 1º Se o período de substituição for igual ou superior I - será efetivado no 5º dia útil do mês de aniversário do
a 15 (quinze) dias, o servidor fará jus à diferença entre o requerente;
valor do padrão ou da referência em que estiver enqua- II - corresponderá ao valor da remuneração do servidor
drado o cargo de que é titular ou a função-atividade de no mês-referência de que trata o inciso anterior.
que é ocupante, acrescido da Gratificação Executiva, de
que trata o inciso I do artigo 38 desta lei complementar, Artigo 56. O servidor de que trata o artigo 54 desta lei
dos adicionais por tempo de serviço e da sexta-parte, se complementar que optar pela conversão em pecúnia, de 30
for o caso, e do valor da referência do cargo em comissão (trinta) dias de licença-prêmio, deverá apresentar requeri-
acrescido das mesmas vantagens, proporcional aos dias mento no prazo de 3 (três) meses antes do mês do seu ani-
substituídos. versário.
109
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º O órgão setorial ou subsetorial de recursos humanos competente deverá instruir o requerimento com:
1 - informações relativas à publicação do ato de concessão da licença-prêmio e ao período aquisitivo;
2 - declaração de não-fruição de parcela de licença-prêmio no ano considerado, relativa ao mesmo período aquisitivo.
§ 2º Caberá à autoridade competente decidir sobre o deferimento do pedido, com observância:
1 - da necessidade do serviço;
2 - da assiduidade e da ausência de penas disciplinares, no período de 1 (um) ano imediatamente anterior à data do re-
querimento do servidor.
[...]
A Lei nº 12.527, sancionada em 18 de novembro de 2011, tem o propósito de regulamentar o direito constitucional de
acesso dos cidadãos às informações públicas e seus dispositivos são aplicáveis aos três Poderes da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.
A publicação da Lei de Acesso a Informações significa um importante passo para a consolidação democrática do Brasil
e também para o sucesso das ações de prevenção da corrupção no país. Por tornar possível uma maior participação popu-
lar e o controle social das ações governamentais, o acesso da sociedade às informações públicas permite que ocorra uma
melhoria na gestão pública.
No Brasil, o direito de acesso à informação pública foi previsto na Constituição Federal, no artigo 5º, inciso XXXIII, do
Capítulo I - dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - que dispõe que: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
A Constituição também tratou do acesso à informação pública no art. 5º, inciso XIV; art. 37, § 3º, inciso II e no art. 216,
§ 2º. São estes os dispositivos que a Lei de Acesso a Informações regulamenta, estabelecendo requisitos mínimos para a
divulgação de informações públicas e procedimentos para facilitar e agilizar o seu acesso por qualquer pessoa.
Mapa da lei:
110
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Acesso: Quais as exceções? Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
A informação sob a guarda do Estado é sempre públi- couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que
ca, devendo o acesso a ela ser restringido apenas em casos recebam, para realização de ações de interesse públi-
específicos e por período de tempo determinado. co, recursos públicos diretamente do orçamento ou me-
A Lei de Acesso a Informações no Brasil prevê como diante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de
exceções à regra de acesso os dados pessoais e as informa- parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen-
ções classificadas por autoridades como sigilosas. tos congêneres.
Dados Pessoais são aquelas informações relacionadas Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas
à pessoa natural identificada ou identificável. Seu trata- as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos re-
mento deve ser feito de forma transparente e com respeito cursos públicos recebidos e à sua destinação, sem pre-
à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, juízo das prestações de contas a que estejam legalmente
bem como às liberdades e garantias individuais. obrigadas.
As informações pessoais não são públicas e terão seu
acesso restrito, independentemente de classificação de si- Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei desti-
gilo, pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso
sua data de produção. Elas sempre podem ser acessadas à informação e devem ser executados em conformidade
pelos próprios indivíduos e, por terceiros, apenas em casos com os princípios básicos da administração pública e com
excepcionais previstos na Lei. as seguintes diretrizes:
Informações classificadas como sigilosas são aquelas I - observância da publicidade como preceito geral
cuja Lei de Acesso a Informações prevê alguma restrição de e do sigilo como exceção;
acesso, mediante classificação por autoridade competente, II - divulgação de informações de interesse público,
visto que são consideradas imprescindíveis à segurança da independentemente de solicitações;
sociedade (à vida, segurança ou saúde da população) ou III - utilização de meios de comunicação viabiliza-
do Estado (soberania nacional, relações internacionais, ati- dos pela tecnologia da informação;
vidades de inteligência). IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
Conforme a Lei de Acesso a Informações, a informação transparência na administração pública;
pública pode ser classificada como: V - desenvolvimento do controle social da adminis-
- Ultrassecreta - prazo de segredo: 25 anos (renovável tração pública.
uma única vez)
- Secreta - prazo de segredo: 15 anos Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
- Reservada - prazo de segredo: 5 anos76 I - informação: dados, processados ou não, que podem
ser utilizados para produção e transmissão de conhecimen-
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII
to, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216
II - documento: unidade de registro de informações,
da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de de-
qualquer que seja o suporte ou formato;
zembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de
III - informação sigilosa: aquela submetida tempo-
2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991;
rariamente à restrição de acesso público em razão de sua
e dá outras providências.
imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Estado;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa
CAPÍTULO I natural identificada ou identificável;
DISPOSIÇÕES GERAIS V - tratamento da informação: conjunto de ações
referentes à produção, recepção, classificação, utilização,
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a se- acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
rem observados pela União, Estados, Distrito Federal e arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação,
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informa- destinação ou controle da informação;
ções previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do VI - disponibilidade: qualidade da informação que
art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamen-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: tos ou sistemas autorizados;
I - os órgãos públicos integrantes da administração di- VII - autenticidade: qualidade da informação que te-
reta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes nha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por
de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; determinado indivíduo, equipamento ou sistema;
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas VIII - integridade: qualidade da informação não modi-
públicas, as sociedades de economia mista e demais enti- ficada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
dades controladas direta ou indiretamente pela União, IX - primariedade: qualidade da informação coleta-
Estados, Distrito Federal e Municípios. da na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem
modificações.
76 http://www.acessoainformacao.gov.br/
111
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso § 4o A negativa de acesso às informações objeto de pe-
à informação, que será franqueada, mediante procedi- dido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o,
mentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medi-
e em linguagem de fácil compreensão. das disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.
§ 5o Informado do extravio da informação solicitada,
CAPÍTULO II poderá o interessado requerer à autoridade competente a
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGA- imediata abertura de sindicância para apurar o desapareci-
ÇÃO mento da respectiva documentação.
§ 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste arti-
Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, go, o responsável pela guarda da informação extraviada
observadas as normas e procedimentos específicos aplicá- deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar
veis, assegurar a: testemunhas que comprovem sua alegação.
I - gestão transparente da informação, propiciando
amplo acesso a ela e sua divulgação;
Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promo-
II - proteção da informação, garantindo-se sua dispo-
ver, independentemente de requerimentos, a divulgação
nibilidade, autenticidade e integridade; e
em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências,
III - proteção da informação sigilosa e da informa-
ção pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticida- de informações de interesse coletivo ou geral por eles
de, integridade e eventual restrição de acesso. produzidas ou custodiadas.
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere
Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei o caput, deverão constar, no mínimo:
compreende, entre outros, os direitos de obter: I - registro das competências e estrutura organizacional,
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encon- atendimento ao público;
trada ou obtida a informação almejada; II - registros de quaisquer repasses ou transferências de
II - informação contida em registros ou documentos, recursos financeiros;
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, III - registros das despesas;
recolhidos ou não a arquivos públicos; IV - informações concernentes a procedimentos licitató-
III - informação produzida ou custodiada por pessoa físi- rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como
ca ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com a todos os contratos celebrados;
seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha V - dados gerais para o acompanhamento de progra-
cessado; mas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atua- VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
lizada; § 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e ins-
e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização trumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a
e serviços; divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computa-
VI - informação pertinente à administração do patrimô- dores (internet).
nio público, utilização de recursos públicos, licitação, contra- § 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de
tos administrativos; e regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
VII - informação relativa: I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per-
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente,
programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
clara e em linguagem de fácil compreensão;
bem como metas e indicadores propostos;
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos for-
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais
e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí- como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das
cios anteriores. informações;
§ 1o O acesso à informação previsto no caput não com- III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex-
preende as informações referentes a projetos de pesquisa e ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má-
desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja quina;
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para
§ 2o Quando não for autorizado acesso integral à in- estruturação da informação;
formação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o V - garantir a autenticidade e a integridade das infor-
acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou mações disponíveis para acesso;
cópia com ocultação da parte sob sigilo. VI - manter atualizadas as informações disponíveis para
§ 3o O direito de acesso aos documentos ou às infor- acesso;
mações neles contidas utilizados como fundamento da to- VII - indicar local e instruções que permitam ao interes-
mada de decisão e do ato administrativo será assegurado sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
com a edição do ato decisório respectivo. órgão ou entidade detentora do sítio; e
112
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a III - comunicar que não possui a informação, indicar, se
acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a de-
nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro tém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou en-
de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das tidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido
Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislati- de informação.
vo no 186, de 9 de julho de 2008. § 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por
§ 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual
mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigató- será cientificado o requerente.
ria na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatorie- § 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das infor-
dade de divulgação, em tempo real, de informações relativas mações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou
à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos entidade poderá oferecer meios para que o próprio requerente
previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de possa pesquisar a informação de que necessitar.
maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). § 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente de-
Art. 9o O acesso a informações públicas será assegu- verá ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e
rado mediante: condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indi-
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos cada a autoridade competente para sua apreciação.
órgãos e entidades do poder público, em local com condições § 5o A informação armazenada em formato digital será
apropriadas para: fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente.
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a § 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao pú-
informações; blico em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro
b) informar sobre a tramitação de documentos nas meio de acesso universal, serão informados ao requerente, por
suas respectivas unidades; escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que
a informações; e desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu
II - realização de audiências ou consultas públicas, fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor
de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos.
incentivo à participação popular ou a outras formas de
divulgação.
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação
é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos
CAPÍTULO III
pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em que
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao
ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais uti-
Seção I
lizados.
Do Pedido de Acesso Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre-
vistos no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da fa-
pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades mília, declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto
referidos no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, de 1983.
devendo o pedido conter a identificação do requerente e a
especificação da informação requerida. Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação con-
§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, tida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua
a identificação do requerente não pode conter exigências integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com
que inviabilizem a solicitação. certificação de que esta confere com o original.
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de có-
viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob
acesso por meio de seus sítios oficiais na internet. supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos outro meio que não ponha em risco a conservação do docu-
motivos determinantes da solicitação de informações de mento original.
interesse público.
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
conceder o acesso imediato à informação disponível.
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na Seção II
forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o Dos Recursos
pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informa-
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão; ções ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez)
ou parcial, do acesso pretendido; ou dias a contar da sua ciência.
113
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
114
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e § 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e me-
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como didas a serem adotados para o tratamento de informação
a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estra- sigilosa, de modo a protegê-la contra perda, alteração inde-
tégico nacional; vida, acesso, transmissão e divulgação não autorizados.
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus fa- Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providên-
miliares; ou cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie-
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e
como de investigação ou fiscalização em andamento, rela- procedimentos de segurança para tratamento de infor-
cionadas com a prevenção ou repressão de infrações. mações sigilosas.
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades que, em razão de qualquer vínculo com o poder público,
públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescin- executar atividades de tratamento de informações sigilosas
dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá adotará as providências necessárias para que seus empre-
ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reserva- gados, prepostos ou representantes observem as medidas
da. e procedimentos de segurança das informações resultantes
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à infor- da aplicação desta Lei.
mação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram
a partir da data de sua produção e são os seguintes: Seção IV
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; Dos Procedimentos de Classificação, Reclassifica-
II - secreta: 15 (quinze) anos; e ção e Desclassificação
III - reservada: 5 (cinco) anos.
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âm-
segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e bito da administração pública federal é de competência:
respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato a) Presidente da República;
em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição. b) Vice-Presidente da República;
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, po- c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
derá ser estabelecida como termo final de restrição de aces- mas prerrogativas;
so a ocorrência de determinado evento, desde que este ocor- d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-
ra antes do transcurso do prazo máximo de classificação.
ronáutica; e
§ 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
o evento que defina o seu termo final, a informação tornar-
permanentes no exterior;
se-á, automaticamente, de acesso público.
II - no grau de secreto, das autoridades referidas
§ 5o Para a classificação da informação em determinado
no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou
grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da
empresas públicas e sociedades de economia mista; e
informação e utilizado o critério menos restritivo possível,
III - no grau de reservado, das autoridades referidas
considerados:
nos incisos I e II e das que exerçam funções de dire-
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da socie-
ção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior,
dade e do Estado; e
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
que defina seu termo final. hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação
específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto
Seção III nesta Lei.
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilo- § 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se
sas refere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá
ser delegada pela autoridade responsável a agente público,
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a di- inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação.
vulgação de informações sigilosas produzidas por seus ór- § 2o A classificação de informação no grau de sigilo ul-
gãos e entidades, assegurando a sua proteção. trassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e”
§ 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informa- do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros
ção classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que de Estado, no prazo previsto em regulamento.
tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamen- § 3o A autoridade ou outro agente público que classi-
te credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das ficar informação como ultrassecreta deverá encaminhar a
atribuições dos agentes públicos autorizados por lei. decisão de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reava-
§ 2o O acesso à informação classificada como sigilosa liação de Informações, a que se refere o art. 35, no prazo
cria a obrigação para aquele que a obteve de resguardar previsto em regulamento.
o sigilo.
115
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 28. A classificação de informação em qualquer I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão que sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos
conterá, no mínimo, os seguintes elementos: a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal-
I - assunto sobre o qual versa a informação; mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e
II - fundamento da classificação, observados os critérios II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
estabelecidos no art. 24; terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, me- da pessoa a que elas se referirem.
ses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, con- § 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que
forme limites previstos no art. 24; e trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.
IV - identificação da autoridade que a classificou. § 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não
Parágrafo único. A decisão referida no caput será man- será exigido quando as informações forem necessárias:
tida no mesmo grau de sigilo da informação classificada. I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
Art. 29. A classificação das informações será reava- e exclusivamente para o tratamento médico;
liada pela autoridade classificadora ou por autoridade II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
hierarquicamente superior, mediante provocação ou de
vedada a identificação da pessoa a que as informações se
ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, com
referirem;
vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo,
III - ao cumprimento de ordem judicial;
observado o disposto no art. 24.
IV - à defesa de direitos humanos; ou
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá con- V - à proteção do interesse público e geral preponde-
siderar as peculiaridades das informações produzidas no rante.
exterior por autoridades ou agentes públicos. § 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a pos- com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregu-
sibilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação laridades em que o titular das informações estiver envolvido,
da informação. bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos
§ 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in- históricos de maior relevância.
formação, o novo prazo de restrição manterá como termo § 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para
inicial a data da sua produção. tratamento de informação pessoal.
116
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
pública por prazo não superior a 2 (dois) anos; e a reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de docu-
V - declaração de inidoneidade para licitar ou con- mentos ultrassecretos ou secretos.
tratar com a administração pública, até que seja pro- § 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comissão
movida a reabilitação perante a própria autoridade Mista de Reavaliação de Informações nos prazos previstos
que aplicou a penalidade. no § 3o implicará a desclassificação automática das infor-
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão mações.
ser aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o § 5o Regulamento disporá sobre a composição, orga-
direito de defesa do interessado, no respectivo processo, no nização e funcionamento da Comissão Mista de Reavalia-
prazo de 10 (dez) dias. ção de Informações, observado o mandato de 2 (dois) anos
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada para seus integrantes e demais disposições desta Lei.
somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorri- Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante
do o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV. de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de normas e recomendações constantes desses instrumen-
competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou tos.
entidade pública, facultada a defesa do interessado, no res-
pectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segu-
vista. rança Institucional da Presidência da República, o Nú-
cleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem objetivos:
diretamente pelos danos causados em decorrência da I - promover e propor a regulamentação do credencia-
divulgação não autorizada ou utilização indevida de mento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e
informações sigilosas ou informações pessoais, caben- entidades para tratamento de informações sigilosas; e
do a apuração de responsabilidade funcional nos casos de II - garantir a segurança de informações sigilosas, in-
dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. clusive aquelas provenientes de países ou organizações in-
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à ternacionais com os quais a República Federativa do Brasil
pessoa física ou entidade privada que, em virtude de vín- tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qualquer outro
culo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministério
acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tra- das Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes.
tamento indevido. Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a compo-
sição, organização e funcionamento do NSC.
117
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11
de novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte
física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de redação:
entidades governamentais ou de caráter público. “Art. 116. [...]
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proce- razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior
der à reavaliação das informações classificadas como ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao co-
ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 (dois) nhecimento de outra autoridade competente para apura-
anos, contado do termo inicial de vigência desta Lei. ção; [...]”
§ 1o A restrição de acesso a informações, em razão da
reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de
condições previstos nesta Lei.
1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
§ 2o No âmbito da administração pública federal, a rea-
valiação prevista no caput poderá ser revista, a qualquer “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabi-
tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de Informa- lizado civil, penal ou administrativamente por dar ciên-
ções, observados os termos desta Lei. cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita de
§ 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação envolvimento desta, a outra autoridade competente para
previsto no caput, será mantida a classificação da informa- apuração de informação concernente à prática de crimes
ção nos termos da legislação precedente. ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que
§ 4o As informações classificadas como secretas e ultras- em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função
secretas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão pública.”
consideradas, automaticamente, de acesso público.
Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vi- aos Municípios, em legislação própria, obedecidas as
gência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou normas gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras
entidade da administração pública federal direta e in- específicas, especialmente quanto ao disposto no art.
direta designará autoridade que lhe seja diretamente su- 9o e na Seção II do Capítulo III.
bordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, Neste sentido, a legislação compilada no próximo tó-
exercer as seguintes atribuições:
pico.
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos ob-
Art. 46. Revogam-se:
jetivos desta Lei;
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e
apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento; II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de
III - recomendar as medidas indispensáveis à implemen- 1991.
tação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos
necessários ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta)
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere dias após a data de sua publicação.
ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Indepen-
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão dência e 123o da República.
da administração pública federal responsável:
I - pela promoção de campanha de abrangência nacio- Decreto n° 58.052, de 16 de maio de 2012
nal de fomento à cultura da transparência na administração
pública e conscientização do direito fundamental de acesso Regulamenta a Lei Federal n° 12.527, de 18 de no-
à informação; vembro de 2011, que regula o acesso a informações, e dá
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se re- providências correlatas
fere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transpa-
rência na administração pública;
GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de São
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito
Paulo, no uso de suas atribuições legais,
da administração pública federal, concentrando e consoli-
dando a publicação de informações estatísticas relacionadas Considerando que é dever do Poder Público promover
no art. 30; a gestão dos documentos públicos para assegurar o acesso
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de às informações neles contidas, de acordo com o § 2º do
relatório anual com informações atinentes à implementação artigo 216 da Constituição Federal e com o artigo 1º da Lei
desta Lei. Federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991;
Considerando que cabe ao Estado definir, em legisla-
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto ção própria, regras específicas para o cumprimento das
nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar determinações previstas na Lei Federal nº 12.527, de 18
da data de sua publicação. de novembro de 2011, que regula o acesso a informações;
118
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Considerando as disposições das Leis estaduais nº II - autenticidade: qualidade da informação que tenha
10.177, de 30 de dezembro de 1998, que regula o processo sido produzida, expedida, recebida ou modificada por deter-
administrativo e nº 10.294, de 20 de abril de 1999, que minado indivíduo, equipamento ou sistema;
dispõe sobre proteção e defesa do usuário de serviços pú- III - classificação de sigilo: atribuição, pela autoridade
blicos, e dos Decretos estaduais nº 22.789, de 19 de outubro competente, de grau de sigilo a documentos, dados e infor-
de 1984, que institui o Sistema de Arquivos do Estado de mações;
São Paulo - SAESP, nº 44.074, de 1º de julho de 1999, que IV - credencial de segurança: autorização por escrito
regulamenta a composição e estabelece a competência das concedida por autoridade competente, que habilita o agente
Ouvidorias, nº 54.276, de 27 de abril de 2009, que reorga- público estadual no efetivo exercício de cargo, função, em-
niza a Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa Civil, prego ou atividade pública a ter acesso a documentos, dados
nº 55.479, de 25 de fevereiro de 2010, que institui na Casa e informações sigilosas;
Civil o Comitê Gestor do Sistema Informatizado Unificado de V - criptografia: processo de escrita à base de métodos
Gestão Arquivística de Documentos e Informações - SPdoc, lógicos e controlados por chaves, cifras ou códigos, de forma
alterado pelo de nº 56.260, de 6 de outubro de 2010, nº que somente os usuários autorizados possam reestabelecer
55.559, de 12 de março de 2010, que institui o Portal do Go- sua forma original;
verno Aberto SP e nº 57.500, de 8 de novembro de 2011, que VI - custódia: responsabilidade pela guarda de docu-
reorganiza a Corregedoria Geral da Administração e institui mentos, dados e informações;
o Sistema Estadual de Controladoria; e VII - dado público: sequência de símbolos ou valores,
Considerando, finalmente, a proposta apresentada pelo representado em algum meio, produzido ou sob a guarda
Grupo Técnico instituído pela Resolução CC-3, de 9 de janei- governamental, em decorrência de um processo natural ou
ro de 2012, junto ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública, artificial, que não tenha seu acesso restrito por legislação
Decreta: específica;
VIII - desclassificação: supressão da classificação de si-
CAPÍTULO I gilo por ato da autoridade competente ou decurso de prazo,
Disposições Gerais tornando irrestrito o acesso a documentos, dados e informa-
ções sigilosas;
Art. 1º Este decreto define procedimentos a serem ob- IX - documentos de arquivo: todos os registros de in-
servados pelos órgãos e entidades da Administração Pública formação, em qualquer suporte, inclusive o magnético ou
Estadual, e pelas entidades privadas sem fins lucrativos que óptico, produzidos, recebidos ou acumulados por órgãos e
recebam recursos públicos estaduais para a realização de entidades da Administração Pública Estadual, no exercício
atividades de interesse público, à vista das normas gerais de suas funções e atividades;
estabelecidas na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro X - disponibilidade: qualidade da informação que pode
de 2011.
ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou
sistemas autorizados;
Art. 2º O direito fundamental de acesso a documentos,
XI - documento: unidade de registro de informações,
dados e informações será assegurado mediante:
qualquer que seja o suporte ou formato;
I - observância da publicidade como preceito geral e do
XII - gestão de documentos: conjunto de procedimentos
sigilo como exceção;
operações técnicas referentes à sua produção, classificação,
II - implementação da política estadual de arquivos e
avaliação, tramitação, uso, arquivamento e reprodução, que
gestão de documentos;
assegura a racionalização e a eficiência dos arquivos;
III - divulgação de informações de interesse público, in-
XIII - informação: dados, processados ou não, que po-
dependentemente de solicitações;
IV - utilização de meios de comunicação viabilizados dem ser utilizados para produção e transmissão de conhe-
pela tecnologia da informação; cimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
V - fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa- XIV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa
rência na administração pública; natural identificada ou identificável;
VI - desenvolvimento do controle social da administra- XV - informação sigilosa: aquela submetida temporaria-
ção pública. mente à restrição de acesso público em razão de sua impres-
cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
Art. 3º Para os efeitos deste decreto, consideram-se as XVI - integridade: qualidade da informação não modifi-
seguintes definições: cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
I - arquivos públicos: conjuntos de documentos produ- XVII - marcação: aposição de marca assinalando o grau
zidos, recebidos e acumulados por órgãos públicos, autar- de sigilo de documentos, dados ou informações, ou sua con-
quias, fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, dição de acesso irrestrito, após sua desclassificação;
empresas públicas, sociedades de economia mista, entidades XVIII - metadados: são informações estruturadas e codi-
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos e or- ficadas que descrevem e permitem gerenciar, compreender,
ganizações sociais, no exercício de suas funções e atividades; preservar e acessar os documentos digitais ao longo do tem-
po e referem-se a:
119
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
120
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º As autoridades máximas dos órgãos e entidades VI - documento, dado ou informação pertinente à admi-
da Administração Pública Estadual deverão designar, no nistração o patrimônio público, utilização de recursos públi-
prazo de 30 (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de cos, licitação, contratos administrativos;
Informações ao Cidadão - SIC. VII - documento, dado ou informação relativa:
§ 2º Para o pleno desempenho de suas atribuições, os a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
Serviços de Informações ao Cidadão - SIC deverão: programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
1. manter intercâmbio permanente com os serviços de bem como metas e indicadores propostos;
protocolo e arquivo; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
2. buscar informações junto aos gestores de sistemas in- madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
formatizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí-
institucionais; cios anteriores.
3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, insti- § 1º O acesso aos documentos, dados e informações
tuídas pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e previsto no caput deste artigo não compreende as informa-
organizadas pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999. ções referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento
§ 3º Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, in- científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à
dependentemente do meio utilizado, deverão ser identifi- segurança da sociedade e do Estado.
cados com ampla visibilidade. § 2º Quando não for autorizado acesso integral ao do-
cumento, dado ou informação por ser ela parcialmente si-
Art. 8º A Casa Civil deverá providenciar a contratação gilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio
de serviços para o desenvolvimento de “Sistema Integrado de de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob
Informações ao Cidadão”, capaz de interoperar com o SPdoc, sigilo.
a ser utilizado por todos os órgãos e entidades nos seus res- § 3º O direito de acesso aos documentos, aos dados ou
pectivos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. às informações neles contidas utilizados como fundamento
da tomada de decisão e do ato administrativo será assegu-
Art. 9º A Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa rado com a edição do ato decisório respectivo.
Civil, deverá adotar as providências necessárias para a orga- § 4º A negativa de acesso aos documentos, dados e
nização dos serviços da Central de Atendimento ao Cidadão informações objeto de pedido formulado aos órgãos e en-
- CAC, instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de tidades referidas no artigo 1º deste decreto, quando não
2009, com a finalidade de: fundamentada, sujeitará o responsável a medidas discipli-
I - coordenar a integração sistêmica dos Serviços de In- nares, nos termos do artigo 32 da Lei Federal nº 12.527, de
18 de novembro de 2011.
formações ao Cidadão - SIC, instituídos nos órgãos e enti-
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada,
dades;
poderá o interessado requerer à autoridade competente a
II - realizar a consolidação e sistematização de dados a
imediata instauração de apuração preliminar para investi-
que se refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elabora-
gar o desaparecimento da respectiva documentação.
ção de estatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste arti-
de usuários, visando o aprimoramento dos serviços.
go, o responsável pela guarda da informação extraviada
Parágrafo único - Os Serviços de Informações ao Ci-
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar
dadão - SIC deverão fornecer, periodicamente, à Central
testemunhas que comprovem sua alegação.
de Atendimento ao Cidadão - CAC, dados atualizados dos
atendimentos prestados. SEÇÃO III
Das Comissões de Avaliação de Documentos e
Art. 10. O acesso aos documentos, dados e informações Acesso
compreende, entre outros, os direitos de obter:
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução Art. 11. As Comissões de Avaliação de Documentos de
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontra- Arquivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18 de
do ou obtido o documento, dado ou informação almejada; abril de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004, instituí-
II - dado ou informação contida em registros ou docu- das nos órgãos e entidades da Administração Pública Esta-
mentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti- dual, passarão a ser denominadas Comissões de Avaliação
dades, recolhidos ou não a arquivos públicos; de Documentos e Acesso - CADA.
III - documento, dado ou informação produzida ou cus- § 1º As Comissões de Avaliação de Documentos e
todiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de Acesso - CADA deverão ser vinculadas ao Gabinete da au-
qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que toridade máxima do órgão ou entidade.
esse vínculo já tenha cessado; § 2º As Comissões de Avaliação de Documentos e
IV - dado ou informação primária, íntegra, autêntica e Acesso - CADA serão integradas por servidores de nível su-
atualizada; perior das áreas jurídica, de administração geral, de admi-
V - documento, dado ou informação sobre atividades nistração financeira, de arquivo e protocolo, de tecnologia
exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à da informação e por representantes das áreas específicas
sua política, organização e serviços; da documentação a ser analisada.
121
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
122
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre- § 2º Verificada a procedência das razões do recurso,
vistos no caput deste artigo todo aquele cuja situação eco- a Corregedoria Geral da Administração determinará ao
nômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento órgão ou entidade que adote as providências necessárias
próprio ou da família, declarada nos termos da Lei Federal para dar cumprimento ao disposto na Lei Federal nº 12.527,
nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. de 18 de novembro de 2011, e neste decreto.
Art. 17. Quando se tratar de acesso à informação con- Art. 21. Negado o acesso ao documento, dado ou in-
tida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua formação pela Corregedoria Geral da Administração, o re-
integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com querente poderá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
certificação de que esta confere com o original. ciência, interpor recurso à Comissão Estadual de Acesso à
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de có- Informação, de que trata o artigo 76 deste decreto.
pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e
sob Grupo Técnico supervisão de servidor público, a repro- Art. 22. Aplica-se, no que couber, a Lei estadual nº
dução seja feita por outro meio que não ponha em risco a 10.177, de 30 de dezembro de 1998, ao procedimento de
conservação do documento original. que trata este Capítulo.
123
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
124
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
125
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - no grau de reservado, das autoridades referidas § 3º O consentimento referido no item 2 do § 1º deste
nos incisos I e II deste artigo e das que exerçam funções de artigo não será exigido quando as informações forem ne-
direção, comando ou chefia, ou de hierarquia equivalente, cessárias:
de acordo com regulamentação específica de cada órgão ou 1. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
entidade, observado o disposto neste decreto. estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
§ 1º A competência prevista nos incisos I e II deste ar- e exclusivamente para o tratamento médico;
tigo, no que se refere à classificação como ultrassecreta e 2. à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
secreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
a agente público, vedada a subdelegação. vedada a identificação da pessoa a que as informações se
§ 2º A classificação de documentos, dados e infor- referirem;
mações no grau de sigilo ultrassecreto pelas autoridades 3. ao cumprimento de ordem judicial;
previstas na alínea «d» do inciso I deste artigo deverá ser 4. à defesa de direitos humanos;
ratificada pelo Secretário da Segurança Pública, no prazo 5. à proteção do interesse público e geral preponderan-
de 10 (dez) dias. te.
§ 3º A autoridade ou outro agente público que clas- § 4º A restrição de acesso aos documentos, dados e
sificar documento, dado e informação como ultrassecreto informações relativos à vida privada, honra e imagem de
deverá encaminhar a decisão de que trata o inciso II do pessoa não poderá ser invocada com o intuito de preju-
artigo 32 deste decreto, à Comissão Estadual de Acesso à dicar processo de apuração de irregularidades em que o
Informação, a que se refere o artigo 76 deste diploma legal, titular das informações estiver envolvido, bem como em
no prazo previsto em regulamento. ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de
maior relevância.
Art. 34. A classificação de documentos, dados e informa- § 5º Os documentos, dados e informações identifica-
ções será reavaliada pela autoridade classificadora ou por dos como pessoais somente poderão ser fornecidos pes-
autoridade hierarquicamente superior, mediante provocação soalmente, com a identificação do interessado.
ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento,
com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de
SEÇÃO IV
sigilo, observado o disposto no artigo 31 deste decreto.
Da Proteção e do Controle de Documentos, Dados
§ 1º O regulamento a que se refere o caput deste artigo
e Informações Sigilosos
deverá considerar as peculiaridades das informações pro-
duzidas no exterior por autoridades ou agentes públicos.
Art. 36. É dever da Administração Pública Estadual
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput deste arti-
controlar o acesso e a divulgação de documentos, dados e
go deverão ser examinadas a permanência dos motivos do
informações sigilosos sob a custódia de seus órgãos e enti-
sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou
dades, assegurando a sua proteção contra perda, alteração
da divulgação da informação.
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in- indevida, acesso, transmissão e divulgação não autorizados.
formação, o novo prazo de restrição manterá como termo § 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de docu-
inicial a data da sua produção. mentos, dados e informações classificados como sigilosos
ficarão restritos a pessoas que tenham necessidade de co-
SEÇÃO III nhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na forma
Da Proteção de Documentos, Dados e Informações dos artigos 62 a 65 deste decreto, sem prejuízo das atri-
Pessoais buições dos agentes públicos autorizados por lei.
§ 2º O acesso aos documentos, dados e informações
Art. 35. O tratamento de documentos, dados e informa- classificados como sigilosos ou identificados como pes-
ções pessoais deve ser feito de forma transparente e com soais, cria a obrigação para aquele que as obteve de res-
respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das guardar restrição de acesso.
pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
§ 1º Os documentos, dados e informações pessoais, a Art. 37. As autoridades públicas adotarão as providên-
que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida priva- cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie-
da, honra e imagem: rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e
1. terão seu acesso restrito, independentemente de clas- procedimentos de segurança para tratamento de documen-
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos tos, dados e informações sigilosos e pessoais.
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal- Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; que, em razão de qualquer vínculo com o poder público
2. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por executar atividades de tratamento de documentos, dados e
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso informações sigilosos e pessoais adotará as providências ne-
da pessoa a que elas se referirem. cessárias para que seus empregados, prepostos ou represen-
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que tantes observem as medidas e procedimentos de segurança
trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevi- das informações resultantes da aplicação deste decreto.
do.
126
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 38. O acesso a documentos, dados e informações si- Art. 44. O envelope interno só será aberto pelo destina-
gilosos, originários de outros órgãos ou instituições privadas, tário, seu representante autorizado ou autoridade compe-
custodiados para fins de instrução de procedimento, processo tente hierarquicamente superior, observados os requisitos do
administrativo ou judicial, somente poderá ser realizado para artigo 62 deste decreto.
outra finalidade se autorizado pelo agente credenciado do
respectivo órgão, entidade ou instituição de origem. Art. 45. O destinatário de documento sigiloso comunica-
rá imediatamente ao remetente qualquer indício de violação
SUBSEÇÃO I ou adulteração do documento.
Da Produção, do Registro, Expedição, Tramitação e
Guarda Art. 46. Os documentos, dados e informações sigilosos
serão mantidos em condições especiais de segurança, na for-
Art. 39. A produção, manuseio, consulta, transmissão, ma do regulamento interno de cada órgão ou entidade.
manutenção e guarda de documentos, dados e informações Parágrafo único. Para a guarda de documentos secretos
sigilosos observarão medidas especiais de segurança. e ultrassecretos deverá ser utilizado cofre forte ou estrutura
que ofereça segurança equivalente ou superior.
Art. 40. Os documentos sigilosos em sua expedição e tra-
mitação obedecerão às seguintes prescrições: Art. 47 Os agentes públicos responsáveis pela guarda
I - deverão ser registrados no momento de sua produção, ou custódia de documentos sigilosos os transmitirão a seus
prioritariamente em sistema informatizado de gestão arqui- substitutos, devidamente conferidos, quando da passagem
vística de documentos; ou transferência de responsabilidade.
II - serão acondicionados em envelopes duplos;
III - no envelope externo não constará qualquer indica- SUBSEÇÃO II
ção do grau de sigilo ou do teor do documento; Da Marcação
IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expedido
mediante relação de remessa, que indicará, necessariamente, Art. 48. O grau de sigilo será indicado em todas as pá-
remetente, destinatário, número de registro e o grau de sigilo ginas do documento, nas capas e nas cópias, se houver, pelo
do documento; produtor do documento, dado ou informação, após classi-
V - para os documentos sigilosos digitais deverão ser ob- ficação, ou pelo agente classificador que juntar a ele docu-
servadas as prescrições referentes à criptografia. mento ou informação com alguma restrição de acesso.
§ 1º Os documentos, dados ou informações cujas par-
Art. 41. A expedição, tramitação e entrega de documento tes contenham diferentes níveis de restrição de acesso de-
ultrassecreto e secreto, deverá ser efetuadas pessoalmente, vem receber diferentes marcações, mas no seu todo, será
por agente público credenciado, sendo vedada a sua posta- tratado nos termos de seu grau de sigilo mais elevado.
gem. § 2º A marcação será feita em local que não compro-
Parágrafo único. A comunicação de informação de natu- meta a leitura e compreensão do conteúdo do documen-
reza ultrassecreta e secreta, de outra forma que não a prescri- to e em local que possibilite sua reprodução em eventuais
ta no caput deste artigo, só será permitida excepcionalmente cópias.
e em casos extremos, que requeiram tramitação e solução § 3º As páginas serão numeradas seguidamente, de-
imediatas, em atendimento ao princípio da oportunidade e vendo a juntada ser precedida de termo próprio consig-
considerados os interesses da segurança da sociedade e do nando o número total de folhas acrescidas ao documento.
Estado, utilizando-se o adequado meio de criptografia. § 4º A marcação deverá ser necessariamente datada.
Art. 42. A expedição de documento reservado poderá ser Art. 49. A marcação em extratos de documentos, esbo-
feita mediante serviço postal, com opção de registro, men- ços, desenhos, fotografias, imagens digitais, multimídia, ne-
sageiro oficialmente designado, sistema de encomendas ou, gativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas obedecerá
quando for o caso, mala diplomática. ao prescrito no artigo 48 deste decreto.
Parágrafo único. A comunicação dos documentos de que § 1º Em fotografias e reproduções de negativos sem
trata este artigo poderá ser feita por outros meios, desde que legenda, a indicação do grau de sigilo será no verso e nas
sejam usados recursos de criptografia compatíveis com o respectivas embalagens.
grau de sigilo do documento, conforme previsto nos artigos § 2º Em filmes cinematográficos, negativos em rolos
51 a 56 deste decreto. contínuos e microfilmes, a categoria e o grau de sigilo se-
rão indicados nas imagens de abertura e de encerramento
Art. 43. Cabe aos agentes públicos credenciados respon- de cada rolo, cuja embalagem será tecnicamente segura e
sáveis pelo recebimento de documentos sigilosos: exibirá a classificação do conteúdo.
I - verificar a integridade na correspondência recebida e § 3º Os esboços, desenhos, fotografias, imagens digi-
registrar indícios de violação ou de qualquer irregularidade, tais, multimídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas e fo-
dando ciência do fato ao seu superior hierárquico e ao desti- tocartas de que trata esta seção, que não apresentem con-
natário, o qual informará imediatamente ao remetente; dições para a indicação do grau de sigilo, serão guardados
II - proceder ao registro do documento e ao controle de em embalagens que exibam a classificação correspondente
sua tramitação. à classificação do conteúdo.
127
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 53. A aquisição e uso de aplicativos de criptografia Art. 57. Aplicam-se aos documentos, dados e informa-
no âmbito da Administração Pública Estadual sujeitar-se-ão ções sigilosos os prazos de guarda estabelecidos na Tabe-
às normas gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade da Ges- la de Temporalidade de Documentos das Atividades-Meio,
tão Pública - CQGP. oficializada pelo Decreto nº 48.898, de 27 de agosto de
Parágrafo único. Os programas, aplicativos, sistemas e 2004, e nas Tabelas de Temporalidade de Documentos das
equipamentos de criptografia são considerados sigilosos e Atividades-Fim, oficializadas pelos órgãos e entidades da
deverão, antecipadamente, ser submetidos à certificação de Administração Pública Estadual, ressalvado o disposto no
conformidade. artigo 59 deste decreto.
Art. 54. Aplicam-se aos programas, aplicativos, sistemas Art. 58. Os documentos, dados e informações sigilo-
e equipamentos de criptografia todas as medidas de segu- sos considerados de guarda permanente, nos termos dos
rança previstas neste decreto para os documentos, dados e
Decretos nº 48.897 e nº 48.898, ambos de 27 de agosto
informações sigilosos e também os seguintes procedimentos:
de 2004, somente poderão ser recolhidos à Unidade do
I - realização de vistorias periódicas, com a finalidade de
assegurar uma perfeita execução das operações criptográficas; Arquivo Público do Estado após a sua desclassificação.
II - elaboração de inventários completos e atualizados do Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput
material de criptografia existente; deste artigo, os documentos de guarda permanente de ór-
III - escolha de sistemas criptográficos adequados a cada gãos ou entidades extintos ou que cessaram suas ativida-
destinatário, quando necessário; des, em conformidade com o artigo 7, § 2º, da Lei Federal
IV - comunicação, ao superior hierárquico ou à autorida- nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, e com o artigo 1º, § 2º,
de competente, de qualquer anormalidade relativa ao sigilo, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004.
à inviolabilidade, à integridade, à autenticidade, à legitimi-
dade e à disponibilidade de documentos, dados e informa- Art. 59. Decorridos os prazos previstos nas tabelas de
ções sigilosos criptografados; temporalidade de documentos, os documentos, dados e
V - identificação e registro de indícios de violação ou in- informações sigilosos de guarda temporária somente po-
terceptação ou de irregularidades na transmissão ou recebi- derão ser eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de
mento sua desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às
de documentos, dados e informações criptografados. informações neles contidas.
§ 1º A autoridade máxima do órgão ou entidade da Ad-
ministração Pública Estadual responsável pela custódia de Art. 60. A eliminação de documentos dados ou infor-
documentos, dados e informações sigilosos e detentor de
mações sigilosos em suporte magnético ou ótico que não
material criptográfico designará um agente público respon-
possuam valor permanente deve ser feita, por método que
sável pela segurança criptográfica, devidamente creden-
ciado, que deverá observar os procedimentos previstos no sobrescreva as informações armazenadas, após sua des-
caput deste artigo. classificação.
§ 2º O agente público referido no § 1º deste artigo de- Parágrafo único. Se não estiver ao alcance do órgão
verá providenciar as condições de segurança necessárias ao a eliminação que se refere o caput deste artigo, deverá
resguardo do sigilo de documentos, dados e informações ser providenciada a destruição física dos dispositivos de
durante sua produção, tramitação e guarda, em suporte armazenamento.
magnético ou óptico, bem como a segurança dos equipa-
mentos e sistemas utilizados.
128
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 62. O credenciamento e a necessidade de conhe- Art. 67. O responsável pela preparação ou reprodução
cer são condições indispensáveis para que o agente público de documentos sigilosos deverá providenciar a eliminação
estadual no efetivo exercício de cargo, função, emprego ou de provas ou qualquer outro recurso, que possam dar ori-
atividade tenha acesso a documentos, dados e informações gem à cópia não autorizada do todo ou parte.
sigilosos equivalentes ou inferiores ao de sua credencial de
segurança. Art. 68. Sempre que a preparação, impressão ou, se
for o caso, reprodução de documentos, dados e informa-
Art. 63. As credenciais de segurança referentes aos graus ções sigilosos forem efetuadas em tipografias, impressoras,
de sigilo previstos no artigo 31 deste decreto, serão classifi- oficinas gráficas, ou similares, essa operação deverá ser
cadas nos graus de sigilo ultrassecreta, secreta ou reservada. acompanhada por agente público credenciado, que será
responsável pela garantia do sigilo durante a confecção do
Art. 64. A credencial de segurança referente à informa- documento.
ção pessoal, prevista no artigo 35 deste decreto, será identi-
ficada como personalíssima. SUBSEÇÃO VIII
Da Gestão de Contratos
Art. 65. A emissão da credencial de segurança compete
às autoridades máximas de órgãos e entidades da Adminis- Art. 69. O contrato cuja execução implique o acesso por
tração Pública Estadual, podendo ser objeto de delegação. parte da contratada a documentos, dados ou informações
§ 1º A credencial de segurança será concedida me- sigilosos, obedecerá aos seguintes requisitos:
diante termo de compromisso de preservação de sigilo, I - assinatura de termo de compromisso de manutenção
pelo qual os agentes públicos responsabilizam-se por não de sigilo;
revelarem ou divulgarem documentos, dados ou informa- II - o contrato conterá cláusulas prevendo:
ções sigilosos dos quais tiverem conhecimento direta ou a) obrigação de o contratado manter o sigilo relativo ao
indiretamente no exercício de cargo, função ou emprego
objeto contratado, bem como à sua execução;
público.
b) obrigação de o contratado adotar as medidas de se-
§ 2º Para a concessão de credencial de segurança serão
gurança adequadas, no âmbito de suas atividades, para a
avaliados, por meio de investigação, os requisitos profis-
manutenção do sigilo de documentos, dados e informações
sionais, funcionais e pessoais dos propostos.
§ 3º A validade da credencial de segurança poderá ser aos quais teve acesso;
limitada no tempo e no espaço. c) identificação, para fins de concessão de credencial de
§ 4º O compromisso referido no caput deste artigo segurança, das pessoas que, em nome da contratada, terão
persistirá enquanto durar o sigilo dos documentos a que acesso a documentos, dados e informações sigilosos.
tiveram acesso.
Art. 70. Os órgãos contratantes da Administração Públi-
SUBSEÇÃO VII ca Estadual fiscalizarão o cumprimento das medidas neces-
Da Reprodução e Autenticação sárias à proteção dos documentos, dados e informações de
natureza sigilosa transferidos aos contratados ou decorren-
Art. 66. Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC tes da execução do contrato.
dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual
fornecerão, desde que haja autorização expressa das auto-
129
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
130
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 79. A Corregedoria Geral da Administração será III - orientar e monitorar a implementação do dispos-
responsável pela fiscalização da aplicação da Lei Federal to na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e
nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto no neste decreto, e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
âmbito da Administração Pública Estadual, sem prejuízo da cumprimento;
atuação dos órgãos de controle interno. IV - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
mentação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimen-
Art. 80. Este decreto e suas disposições transitórias en- tos necessários ao correto cumprimento do disposto neste
tram em vigor na data de sua publicação. decreto;
V - promover a capacitação, o aperfeiçoamento e a
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS atualização de pessoal que desempenhe atividades inerentes
à salvaguarda de documentos, dados e informações sigilosos
Art. 1º Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê de e pessoais.
Qualidade da Gestão Pública - CQGP, visando a promover
os estudos necessários à criação, composição, organização Art. 4º As Comissões de Avaliação de Documentos e
e funcionamento da Comissão Estadual de Acesso à Infor- Acesso - CADA deverão apresentar à autoridade máxima do
mação. órgão ou entidade, plano e cronograma de trabalho, no pra-
Parágrafo único. O Presidente do Comitê de Qualidade zo de 30 (trinta) dias, para o cumprimento das atribuições
da Gestão Pública designará, no prazo de 30 (trinta) dias, os previstas no artigo 6º, incisos I e II, e artigo 32, inciso I, deste
membros integrantes do Grupo Técnico. decreto.
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Palácio dos Bandeirantes, 16 de maio de 2012
Estadual deverão proceder à reavaliação dos documentos,
dados e informações classificados como ultrassecretos e se-
cretos no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo
inicial de vigência da Lei Federal nº 12.527, de 18 de novem-
bro de 2011.
§ 1º A restrição de acesso a documentos, dados e infor-
mações, em razão da reavaliação prevista no caput deste
artigo, deverá observar os prazos e condições previstos na
Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
§ 2º No âmbito da administração pública estadual, a
reavaliação prevista no caput deste artigo poderá ser revis-
ta, a qualquer tempo, pela Comissão Estadual de Acesso à
Informação, observados os termos da Lei Federal nº 12.527,
de 18 de novembro de 2011, e deste decreto.
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação
previsto no caput deste artigo, será mantida a classificação
dos documentos, dados e informações nos termos da le-
gislação precedente.
§ 4º Os documentos, dados e informações classificados
como secretos e ultrassecretos não reavaliados no prazo
previsto no caput deste artigo serão considerados, auto-
maticamente, de acesso público.
131
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
132
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
133
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar que ficará como reservista. A mulher não precisa prestar o
posse em cargo, emprego ou função pública civil temporá- serviço militar obrigatório, mas pode ser convocada para
ria, não eletiva, ainda que da administração indireta, res- a prestação de outros serviços para o Estado, assim como
salvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, os eclesiásticos.
ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá,
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por Intervenção nos Estados e Municípios.
antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas A intervenção consiste no afastamento temporário das
para aquela promoção e transferência para a reserva, sen- prerrogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos
do depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, entes federados, por outro ente federado, prevalecendo a
transferido para a reserva, nos termos da lei; vontade do ente interventor. Neste sentido, necessária a
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a gre- verificação de:
ve; a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verifica-
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar dos quanto ao atendimento de uma das justificativas para
filiado a partidos políticos; a intervenção.
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for jul- b) Pressupostos processuais – requisitos para que o
gado indigno do oficialato ou com ele incompatível, ato da intervenção seja válido, como prazo, abrangência,
por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em condições, além da autorização do Poder Legislativo (arti-
tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; go 36, CF).
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a A intervenção pode ser federal, quando a União inter-
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sen- fere nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou
tença transitada em julgado, será submetido ao julgamen- estadual, quando os Estados-membros interferem em seus
to previsto no inciso anterior; Municípios (artigo 35, CF).
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, in-
Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem
cisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI,
no Distrito Federal, exceto para:
XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência
I - manter a integridade nacional;
da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade
IX - (Revogado)
da Federação em outra;
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Arma-
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
das, os limites de idade, a estabilidade e outras condições
pública;
de transferência do militar para a inatividade, os direitos,
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Pode-
os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situa-
res nas unidades da Federação;
ções especiais dos militares, consideradas as peculiaridades
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força
de compromissos internacionais e de guerra. que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos ter- de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
mos da lei. b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atri- fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos
buir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após em lei;
alistados, alegarem imperativo de consciência, entenden- VI - prover a execução de lei federal, ordem ou de-
do-se como tal o decorrente de crença religiosa e de con- cisão judicial;
vicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
de caráter essencialmente militar. constitucionais:
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do a) forma republicana, sistema representativo e re-
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, po- gime democrático;
rém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exér- d) prestação de contas da administração pública, di-
cito e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da Repú- reta e indireta.
blica. Por terem a finalidade de defender a pátria, a Cons- e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
tituição, a lei e a ordem, são permanentes, regulares e hie- impostos estaduais, compreendida a proveniente de transfe-
rarquizadas, além de terem vedações como o direito de rências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
greve e o direito de sindicalização, bem como de filiação ações e serviços públicos de saúde”.
a partidos políticos. Pela natureza diversa dos crimes pra-
ticados por estes militares, serão julgados por órgão pró- Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municí-
prio e perdem a garantia do habeas corpus. O alistamento pios, nem a União nos Municípios localizados em Territó-
militar é obrigatório, ainda que seja dispensado, caso em rio Federal, exceto quando:
134
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização
dois anos consecutivos, a dívida fundada; e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da pública, de maneira a garantir a eficiência de suas ativida-
lei; des.
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir
nas ações e serviços públicos de saúde; guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa- serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
ção para assegurar a observância de princípios indicados
na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po-
de ordem ou de decisão judicial”. liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será
fixada na forma do § 4º do art. 39.
Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá:
I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes), Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para
de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Execu- a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
tivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo soas e do seu patrimônio nas vias públicas:
Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
Judiciário; de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão ju- assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana efi-
diciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do ciente; e
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
Eleitoral; e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades exe-
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de cutivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira,
representação do Procurador-Geral da República, na hipó- na forma da lei.
tese do art. 34, VII (observância de princípios constitucio-
nais), e no caso de recusa à execução de lei federal.
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a am-
plitude, o prazo e as condições de execução e que, se
couber, nomeará o interventor, será submetido à aprecia-
ção do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislati-
va do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional
ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraor-
dinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de deci-
são/lei federal e violação de certos princípios constitucio-
nais), ou do art. 35, IV (idem com relação à intervenção
em municípios), dispensada a apreciação pelo Congresso
Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-
-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autori-
dades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
impedimento legal.
artigo 42, CF, “os membros das Polícias Militares e Cor-
pos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios. § 1º Aplicam-se aos
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art.
14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, caben-
do a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art.
142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas
pelos respectivos governadores. § 2º Aos pensionistas dos
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo
ente estatal.
135
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
136
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
6. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitucio-
Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Constitui- nal, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, se
ção Federal, é CORRETO afirmar que dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de três
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa. quintos dos respectivos membros;
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e (D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar,
imprescritível. desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los com ob-
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns- servância do processo legislativo ordinário;
tância. (E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito in-
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de ternacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à ordem
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar. jurídica interna.
7. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) 11. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) Pe-
NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da dro promoveu ação em face da União Federal e seu pedido foi
Constituição Federal: julgado procedente, com efeitos patrimoniais vencidos e vincen-
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. dos, não havendo mais recurso a ser interposto. Posteriormente,
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- o Congresso Nacional aprovou lei, que foi sancionada, extinguin-
prio. do o direito reconhecido a Pedro. Após a publicação da referida
(C) o respeito à integridade física dos presos, garantido lei, a Administração Pública federal notificou Pedro para devolver
pela lei de execução penal. os valores recebidos, comunicando que não mais ocorreriam os
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao pagamentos futuros, em decorrência da norma em foco.
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhista. Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção cor-
reta
8. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa so-
A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela en- bre direitos indisponíveis de Pedro
trar, sem permissão do morador, EXCETO (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julga-
(A) em caso de desastre. da formada em favor de Pedro.
(B) em caso de flagrante delito. (C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de
(C) para prestar socorro. Pedro diante de nova legislação.
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico perfei-
to em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes.
9. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador -
FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais, 12. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Jurí-
o artigo 5º da Constituição da República estabelece que é: dico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento junto à
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomen- Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que lhe seja
tado o anonimato; informado o número de licitações, na modalidade pregão, rea-
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao lizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. O pleito de João
agravo, que substitui o direito à indenização por dano mate- (A) não encontra previsão expressa como direito funda-
rial, moral ou à imagem; mental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser aco-
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- lhido em virtude do texto constitucional prever que a lei não
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
profissional; direito
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos asse-
científica e de comunicação, ressalvados os casos de censura gurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição
ou licença; aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalida-
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos infor- de ou abuso de poder
mações de seu interesse particular, sendo vedada a alegação (C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a
de sigilo por imprescindibilidade à segurança da sociedade obtenção de certidões em repartições públicas será atendida
e do Estado. apenas se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou
para esclarecimento de situações de interesse pessoal.
10. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm direi-
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, to a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
manos: das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socieda-
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, de e do Estado.
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser respon-
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- dido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no âmbito
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Con- judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
gresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com o do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tra-
voto favorável de dois terços dos respectivos membros; mitação.
137
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
13. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria 16. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
da reserva do possível alternativa correta.
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à efe- (A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e se-
tivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. guintes é exaustivo.
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do (B) É vedada a redução proporcional do salário do tra-
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de balhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
hipótese de omissão governamental. anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
(C) considera que as políticas públicas são reservadas que o salário normal.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é de-
concreto. terminada pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direitos emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o direi- to, mas é determinado pela CLT.
to à saúde e à educação básica.
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- 17. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- 23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alter-
des financeiras e orçamentárias do estado. nativa INCORRETA:
(A) A administração pública direta e indireta de qual-
14. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - FCC/2014) quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
A Emenda Constitucional nº 72, promulgada em 2 de abril e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
de 2013, tem por finalidade estabelecer a igualdade de di- moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade.
reitos entre os trabalhadores domésticos e os demais traba- (B) É garantido ao servidor público civil o direito à livre
lhadores urbanos e rurais. Nos termos de suas disposições, associação sindical.
a Emenda
(C) A administração fazendária e seus servidores fis-
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi-
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
ção, precedência sobre os demais setores administrativos,
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a
na forma da lei.
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher,
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
mediante incentivos específicos.
públicos se estende a emprego e funções, não abrangendo,
(A) instituiu vedação ao legislador para conferir trata-
pois, sociedades de economia mista.
mento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em rela-
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente
ção aos trabalhadores urbanos e rurais.
(B) não determinou a extensão ao trabalhador domés- por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
tico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da au- comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
tomação e à proteção do mercado de trabalho da mulher, nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
mediante incentivos específicos. lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
(C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, assessoramento.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à complexi- 18. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
dade do trabalho. ministração pública pode ser definida objetivamente como
(D) não determinou a extensão ao trabalhador domés- a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
tico, dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
a do normal e ao piso salarial proporcional à extensão e à quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Es-
complexidade do trabalho. tado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional. São
Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
15. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com base no que determina a Constituição Federal a
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, respeito da administração pública é correto afirmar, exceto:
à organização político-administrativa, à administração pú- (A) A investidura em cargo ou emprego público de-
blica e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. pende de aprovação prévia em concurso público de pro-
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades (B) A Administração pública direta e indireta obedece-
inadiáveis da comunidade. rá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
Certo ( ) de, publicidade e eficiência.
Errado ( ) (C) O prazo de validade do concurso público será de
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
138
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação re- 21. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
munerada de cargos públicos. Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí- termos da Constituição Federal, dentre outros,
citos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações (B) a indisponibilidade dos bens.
de ressarcimento. (C) a impossibilidade de deixar o país.
(D) a suspensão dos direitos civis.
19. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- (E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so-
rando as regras constitucionais sobre a administração pú- cial.
blica, analise as afirmativas.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Legislação estadual e específica
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
Poder Executivo. 1. (VUNESP - 2014 - Polícia Civil/SP - Delegado de Po-
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- lícia) De acordo com a Lei Estadual do Processo Adminis-
gos, funções e empregos públicos da administração direta, trativo (Lei nº 10.177/1998), uma vez requerida a expedi-
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos ção de certidão de autos de procedimento em poder da
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Administração, a autoridade competente deverá apreciar
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de- o requerimento em 05 dias
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra es- a) corridos e determinará a expedição em prazo não
pécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, inferior a 05 dias úteis.
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natu- b) corridos e determinará a expedição em prazo não
reza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, superior a 05 dias corridos.
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. c) úteis e determinará a expedição em prazo não infe-
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer rior a 05 dias úteis.
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de d) corridos e determinará a expedição em prazo não
pessoal do serviço público. inferior a 05 dias corridos.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): e) úteis e determinará a expedição em prazo não su-
(A) I, II e III. perior a 05 dias úteis.
(B) I, apenas.
(C) I e II, apenas.
2. (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) De
(D) I e III, apenas.
acordo com a Lei 10.177/98, que regula os atos e proce-
(E) II e III, apenas.
dimentos administrativos no âmbito da Administração Pú-
blica do Estado de São Paulo, o Delegado de Polícia pode
20. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
baixar
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
a) Resolução Substitutiva.
públicos civis da Administração direta
b) Resolução
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que seja
c) Deliberação
editada a lei definidora dos termos e limites em que possa
ser exercido, a fim de preservar a continuidade da prestação d) Decreto Interno
dos serviços públicos. e) Portaria.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
vidores públicos em estágio probatório. 3. (ESAF - 2009 - SEFAZ-SP - Analista de Finanças e
(C) é constitucional, visto que previsto em norma da Controle - Prova 1) Em relação ao procedimento adminis-
constituição federal com aplicabilidade imediata, não ne- trativo, no âmbito da Administração Pública Estadual de
cessitando de regulamentação, nem de integração normati- São Paulo, regulado pela Lei nº 10.177/98, assinale o item
va, para que o direito nela previsto possa ser exercido. correto.
(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a a) Nos procedimentos administrativos observar-se-ão,
regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em entre outros requisitos de validade, a igualdade entre os
geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú- administrados e o devido processo legal, sendo prescindí-
blicos enquanto não for promulgada lei específica para o vel a ouvida do administrado (interessado).
exercício desse direito. b) Todos os sujeitos que forem afetados por decisão
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole- administrativa podem recorrer em defesa de interesse ou
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos direito, independentemente de terem participado do pro-
servidores públicos. cedimento administrativo.
c) O órgão ou entidade da Administração estadual
que necessitar de informações de outro para instrução de
procedimento administrativo, deve requisitá-las mediante
ofício, com observância da vinculação hierárquica.
139
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
d) Os procedimentos serão impulsionados e instruídos 7. (ESAF - 2005 - SET-RN - Auditor Fiscal do Tesouro
de ofício, ou seja, necessitam de manifestação do interes- Estadual - Prova 2) Sobre os princípios constitucionais da
sado para sua tramitação, sendo primado pelo formalismo administração pública, pode-se afirmar que
em seu curso. I. o princípio da legalidade pode ser visto como in-
e) O Estado de São Paulo pode se recusar à expedição centivador do ócio, haja vista que, segundo esse princípio,
de certidão, em despacho imotivado, sobre atos, contratos, a prática de um ato concreto exige norma expressa que o
decisões ou pareceres constantes de registros ou autos de autorize, mesmo que seja inerente às funções do agente
procedimentos, quando a informação solicitada colocar público;
em comprovado risco a segurança da sociedade ou do II. o princípio da publicidade visa a dar transparência
Estado. aos atos da administração pública e contribuir para a con-
cretização do princípio da moralidade administrativa;
4. (FEPESE - 2014 - MPE-SC - Procurador) Assinale a III. a exigência de concurso público para ingresso nos
alternativa que contém quatro atributos do ato adminis- cargos públicos reflete uma aplicação constitucional do
trativo. princípio da impessoalidade;
a) coercibilidade, legalidade, tipicidade e conveniên- IV. o princípio da impessoalidade é violado quando se
cia. utiliza na publicidade oficial de obras e de serviços públicos
b) presunção de legitimidade, autoexecutoriedade, o nome ou a imagem do governante, de modo a caracteri-
imperatividade e exigibilidade. zar promoção pessoal do mesmo;
c) legalidade, conveniência, oportunidade e presunção V. a aplicação do princípio da moralidade administrativa
de veracidade. demanda a compreensão do conceito de “moral administra-
d) sujeito competente, legalidade, forma e autoexecu- tiva”, o qual comporta juízos de valor bastante elásticos;
toriedade. VI. o princípio da eficiência não pode ser exigido en-
e) imperatividade, finalidade, forma e presunção de quanto não for editada a lei federal que deve defini-lo e
legitimidade. estabelecer os seus contornos.
Estão corretas as afirmativas
5. (FCC - 2010 - TRT 22ª Região) Parte superior do for- a) I, II, III e IV.
mulário b) II, III, IV e V.
O princípio da administração pública que tem por fun- c) I, II, IV e VI.
damento que qualquer atividade de gestão pública deve d) II, III, IV e VI.
ser dirigida a todos os cidadãos, sem a determinação de e) III, IV, V e VI.
pessoa ou discriminação de qualquer natureza, denomi-
na-se 8. (UFG - 2014 - IF-GO - Auxiliar de Biblioteca - Adap-
a) Eficiência. tada) De acordo com a Lei Complementar n. 1.080/2008,
b) Moralidade. a estabilidade será adquirida após o efetivo exercício no
c) Legalidade. cargo por
d) Finalidade. a) 3 anos.
e) Impessoalidade. b) 5 anos.
c) 1 ano.
6. (FCC - 2012 - DPE-PR) Sobre os princípios orienta- d) 2 anos.
dores da administração pública é INCORRETO afirmar:
a) A administração pública não pode criar obrigações 9. A espécie de provimento de cargo público a qual se
ou reconhecer direitos que não estejam determinados ou dá devido à aquisição de competências adicionais às exigi-
autorizados em lei. das para entrada no cargo de que é titular ou função-ativi-
b) A conduta administrativa com motivação estranha dade de que é ocupante é denominada:
ao interesse público caracteriza desvio de finalidade ou a) Promoção.
desvio de poder. b) Remoção.
c) A oportunidade e a conveniência são delimitadas c) Posse.
por razoabilidade e proporcionalidade tanto na discricio- d) Ingresso.
nariedade quanto na atividade vinculada da administração
pública. 10. (FCC - 2012 - TRT - 6ª Região (PE) - Analista Judi-
d) Além de requisito de eficácia dos atos administra- ciário - Arquivologia) De acordo com a Lei nº 12.527, de 18
tivos, a publicidade propicia o controle da administração de novembro de 2011, a qualidade da informação coletada
pública pelos administrados. na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem
e) O princípio da eficiência tem sede constitucional e modificações, é identificada como
se reporta ao desempenho da administração pública. a) objetividade.
b) autenticidade.
c) integridade.
d) primariedade.
e) disponibilidade.
140
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
11. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Arqui- No que se refere a essa lei, considere as afirmações
vologia) Assinale a opção em que são apresentadas infor- abaixo.
mações que não se submetem à Lei de Acesso à Informa- I - Sua regulamentação torna essencial o princípio de
ção brasileira. que o acesso é a regra, e o sigilo é a exceção.
a) Informação sobre projetos de pesquisa relacionados II - Sua regulamentação consolida e define o marco re-
ao desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como gulatório em relação ao acesso à informação pública sob
a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estraté- a guarda do Estado e à informação privada em arquivos
gico nacional. pessoais.
b) Informação resultante de inspeções, auditorias, III - Sua regulamentação estabelece os procedimentos
prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de para que a Administração responda a pedidos de informa-
controle interno e externo, incluindo prestações de contas ção do cidadão.
relativas a exercícios anteriores. Quais estão corretas?
c) Informação contida em registros ou documentos, a) Apenas I.
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, b) Apenas II.
recolhidos ou não a arquivos públicos. c) Apenas III.
d) Informação sobre atividades exercidas pelos órgãos d) Apenas I e III.
e entidades, inclusive as relativas a sua política, organiza- e) I, II e III.
ção e serviços.
e) Informação referente à implementação, ao acom- 15. (CESPE - 2013 - ANP - Analista Administrativo -
panhamento e aos resultados dos programas, projetos e Área 1 / CESPE - 2013 - INPI - Analista de Planejamento
ações dos órgãos e entidades públicas, bem como às me- - Arquivologia - ADAPTAÇÃO - originalmente questões de
tas e aos indicadores propostos. verdadeiro ou falso) Analise as afirmativas sobre a Lei nº
12.527 (lei de acesso à informação):
12. (CONSULPLAN - 2012 - TSE - Analista Judiciário - I - Cabe à comissão mista de reavaliação de informa-
Arquivologia) Considerando a autonomia entre os Poderes ções rever, de ofício ou mediante provocação de pessoa
da República em seus diferentes níveis de atuação, pode-se interessada, a classificação de informações ultrassecretas
afirmar sobre a Lei nº 12.527 promulgada pela Presidente ou secretas.
Dilma Russeff, em 18 de novembro de 2011, que regula o II - Na divulgação de informações de interesse coletivo
acesso aos documentos de arquivo e revoga, não apenas a ou geral, produzidas ou custodiadas por órgãos e por en-
Lei nº 11.111/2005, mas também alguns dispositivos da Lei tidades públicas, deve constar, no mínimo, o registro das
nº 8.159/1991, que receitas dessas instituições.
a) não se aplica ao Tribunal Superior Eleitoral. III - O núcleo de segurança e credenciamento deverá
b) não se aplica ao Poder Judiciário. requisitar da autoridade que classificar a informação como
c) é exclusiva ao Poder Executivo Federal. ultrassecreta ou secreta esclarecimento ou conteúdo par-
d) se aplica aos três poderes da República. cial ou integral da informação.
IV - Segundo a lei de acesso à informação, a autentici-
13. (FAURGS - 2012 - TJ-RS - Analista Judiciário) Para dade é a qualidade da informação coletada na fonte, com o
os efeitos da Lei n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso às Infor- máximo de detalhamento possível, sem modificações.
mações Públicas), V - No âmbito da administração pública federal, a rea-
a) não há tratamento específico para as informações valiação das informações classificadas como ultrassecretas
sigilosas e para as informações pessoais. e secretas poderá ser revista a qualquer tempo.
b) há identidade de tratamento quanto às informações Estão corretas:
pessoais e sigilosas. a) I e II;
c) as informações sigilosas são aquelas submetidas b) I, II e III;
temporariamente à restrição de acesso público. c) I e V;
d) as informações pessoais são, necessariamente, sigi- d) II, III e V;
losas, muito embora as informações sigilosas não necessa- e) IV e V.
riamente sejam pessoais.
e) as informações pessoais são assim definidas por
cada servidor público, a partir da análise de sua situação
particular de proteção da privacidade.
141
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
142
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
10. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: 16. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos direitos humanos internacionais e das convenções
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas e acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de proporcional pode ser aceita se intermediada por nego-
determinados requisitos para a incorporação. ciação coletiva, evitando cenário de demissão em massa;
“D” está incorreta porque a licença-gestante encontra ar-
11. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, cabouço constitucional, tal como a licença-paternidade,
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei restando “E” também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF.
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito Sendo assim, “C” está correta, conforme disposto no ar-
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de tigo 7º: “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere menos, um terço a mais do que o salário normal” (artigo
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a 7º, XVII, CF).
segurança jurídica.
17. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
12. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio- Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a tiva “A” como de necessária observância na Administração
receber dos órgãos públicos informações de seu interes- Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
se particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segu- tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
rança da sociedade e do Estado”. artigo 37, V, CF.
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor
13. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus- do artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se
a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu-
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para
tamente, pelo poder público”. Com efeito, as sociedades
impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo-
de economia mista não estão excluídas da proibição de
cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente
acumulação remunerada de cargos, razão pela qual a al-
que o Estado não tem condições de arcar com as despesas,
ternativa é incorreta.
o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
18. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
14. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo de princípios da Administração Pública previstos no caput do
votação como PEC das domésticas, deu redação ao pará- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
grafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos direi- concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
tos enumerados nos incisos do caput para a categoria dos moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
observada a simplificação do cumprimento das obrigações ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C” gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Cons- regulamentadas”.
tituição, não estendidos aos empregados domésticos pela
emenda. 19. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,
XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
15. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di- do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe- pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,
tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele cargos, funções e empregos públicos da administração di-
defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessida- dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
des inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
sujeitam os responsáveis às penas da lei”. demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
143
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou 4. Resposta: B. Todo ato administrativo goza de pre-
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra sunção de legitimidade (é preciso provar que foi ilegítimo),
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- autoexecutoriedade (cumpre-se automaticamente), impe-
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplican- ratividade (é obrigatório) e exigibilidade (seu cumprimento
do-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, pode ser imposto, cobrado). Nem todo ato administrativo
e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do é revestido do atributo da conveniência, porque existem
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos atos administrativos vinculados. Forma, por sua vez, não
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legis- é atributo (qualidade, característica) do ato administrativo,
lativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Jus- mas requisito para sua formação, assim como sujeito com-
tiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos petente e finalidade.
por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, 5. Resposta: E. Todos os princípios da administração
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos pública se ligam, por isso, ao menos indiretamente todos
Procuradores e aos Defensores Públicos”. O item III refere-
acabam se fazendo presentes. Contudo, é preciso se aten-
-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é vedada a vinculação
tar ao mais específico: o preâmbulo da questão descreve
ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o
exatamente o conceito do princípio da impessoalidade,
efeito de remuneração de pessoal do serviço público”. Logo,
as três afirmativas estão corretas. que veda distinções indevidas entre os administrados.
20. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor 6. Resposta: C. A alternativa a) define o princípio da
público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição legalidade para a administração pública, pelo qual ela so-
Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito constitu- mente pode fazer o que a lei permite; a b) traz o princí-
cional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça pio da motivação, pelo qual todos atos da administração
ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº 2.677, que, devem ser justificados pelo interesse público, sob pena
em suas razões, aduziu que “o servidor público, indepen- de desvio de finalidade ou desvio de poder; a d) relem-
dente da lei complementar, tem o direito público, subjetivo, bra que a publicidade dos atos da administração facilita o
constitucionalizado de declarar greve”. Esse direito abrange controle destes pelo povo; a e) se refere ao art. 37 da CF e
o servidor público em estágio probatório, não podendo ser traz a principal finalidade do princípio da eficiência, que é
penalizado pelo exercício de um direito constitucionalmente a otimização do desempenho da administração pública. A
garantido. alternativa c) está incorreta porque oportunidade e conve-
niência somente são delimitadas pela razoabilidade e pela
21. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF, “os proporcionalidade nos atos discricionários, nos quais a ad-
atos de improbidade administrativa importarão a suspensão ministração possui alguma liberdade de escolha.
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo-
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e 7. Resposta: B. O princípio da legalidade é reforço da
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabí- moralidade, não incentivador do ócio e da preguiça, até
vel”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve previsão do mesmo porque a exigência de lei expressa não exclui o
dispositivo retro. desempenho de funções inerentes ao cargo pelo servidor.
O princípio da eficiência, por sua vez, consubstancia-se no
Legislação estadual e específica binômio produtividade-economicidade e pode ser exigido
desde sua previsão no texto constitucional. Logo, I e VI es-
1. Resposta: E. Dispõe o artigo 74 da Lei nº 10.177/1998: tão incorretas.
“O requerimento será apreciado, em 5 (cinco) dias úteis, pela
autoridade competente, que determinará a expedição da cer- 8. Resposta: A. É o que prevê o artigo 7º da Lei nº
tidão requerida em prazo não superior a 5 (cinco) dias úteis”.
1.080/2008, em consonância com o artigo 41 da Constitui-
ção Federal.
2. Resposta: E. Estabelece a Lei nº 10.177/1998: “Artigo
12. São atos administrativos: [...] II - de competência comum:
a) à todas as autoridades, até o nível de Diretor de Serviço; as 9. Resposta: A. Neste sentido, é o artigo 4º da Lei nº
autoridades policiais; aos dirigentes das entidades descentra- 1.080/2008.
lizadas, bem como, quando estabelecido em norma legal es-
pecífica, a outras autoridades administrativas, a Portaria [...]”. 10. Resposta: D. Conceitua o inciso IX do artigo 4º da
Lei Federal de Acesso à Informação: “primariedade: quali-
3. Resposta: B. Prevê o artigo 37 da Lei nº 10.177/1998: dade da informação coletada na fonte, com o máximo de
“Todo aquele que for afetado por decisão administrativa detalhamento possível, sem modificações”.
poderá dela recorrer, em defesa de interesse ou direito”.
Logo, o dispositivo não estabelece exceções, o único requi- 11. Resposta: A. O critério utilizado para possibilitar a
sito para recorrer é ser afetado pela decisão administrativa, restrição do acesso, no caso, é a segurança nacional: “Art.
não sendo imprescindível já estar participando do procedi- 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie-
mento administrativo. dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as
144
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
145
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex- (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito
ceto: de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de
(A) são objetivos fundamentais da república federati- discriminação, é um de seus objetivos.
va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu- (E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen-
zir as desigualdades sociais e regionais. tes e harmônicos entre si, são poderes da união.
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político
não são fundamentos da república federativa do brasil. 8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
(C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República
alguma coisa senão em virtude de lei. Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988,
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo ve- é INCORRETO afirmar que:
dado o anonimato. (A) a República Federativa do Brasil tem como funda-
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa
um dos objetivos fundamentais da república federativa do humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
Brasil. e o pluralismo político.
(B) a República Federativa do Brasil tem como obje-
6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons- tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin- solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar
cípios fundamentais”, que são as regras informadoras de a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do orde- sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon-
namento constitucional brasileiro. São regras que contêm ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
os mais importantes valores que informam a elaboração da formas de discriminação.
Constituição da República Federativa do Brasil. (C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica-
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e mente por meio de representantes eleitos.
assinale a alternativa correta. (D) entre outros, são princípios adotados pela Repú-
I - Nas relações internacionais, a República brasileira blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais,
rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autode- os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos
terminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
Estados, concessão de asilo político. (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção
II - Os princípios não são dotados de normatividade, e a defesa da paz são princípios regedores das relações
internacionais da República Federativa do Brasil.
ou seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras
jurídicas efetivas.
9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans-
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan-
sistema de comandos.
tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se,
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica
de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprie-
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di-
dade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a pro-
reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva,
priedade privada. 2009,13ª. ed., p. 671).
V - A diferença de salários, de critério de admissão por Com base na afirmação acima, analise as questões a
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos seguir e assinale a alternativa correta.
trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualda- I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na nor-
de do caput do art. 5º da Constituição Federal. ma constitucional, enquanto as garantias são os instrumen-
(A) Apenas I, II, III estão corretas. tos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos
(B) Apenas II e IV estão corretas. direitos.
(C) Apenas III e V estão corretas. II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa-
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas. rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente
(E) Todas as afirmações estão corretas. exemplificativo.
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição
7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A pro- Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos
pósito dos princípios fundamentais da República Federati- princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
va do Brasil, reconhece-se que: em que o Brasil seja parte.
(A) o pluralismo político está inserido entre seus ob- IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
jetivos. e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
contrapõe ao valor social do trabalho. V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
(C) a dignidade é também do nascituro, o que desau- sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan- garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
do decorrente de estupro. suas liturgias.
146
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(A) Apenas I, II e III estão corretas. 12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de-
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. vido processo legal estabelecido como direito do cidadão
(C) Apenas III e V estão corretas. na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi-
(D) Apenas IV e V estão corretas. víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito
(E) Todas as questões estão corretas. de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe pari-
dade de condições com o Estado para defender-se.
10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os Com base na afirmação acima, analise as questões a
remédios constitucionais são as formas estabelecidas pela seguir e assinale a alternativa correta.
Constituição Federal para concretizar e proteger os direi- I - Ninguém será processado nem sentenciado se-
tos fundamentais a fim de que sejam assegurados os valo- não pela autoridade competente.
res essenciais e indisponíveis do ser humano. II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos
Assim, é correto afirmar, exceto: processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo- resse social o exigirem.
gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro- III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas
cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor. por meios ilícitos.
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso fiança.
de poder. V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus do depositário infiel.
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
qual se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impe- (B) Apenas I, III e V estão corretas.
trante, e a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade (C) Apenas III e IV estão corretas.
coatora. (D) Apenas IV e V estão corretas.
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis- (E) Todas as questões estão corretas.
ciplinares militares.
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém 13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, MARC/2014) Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
quando for concreta a lesão. (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
(B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda
não for conhecido.
11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
(C) retroage, salvo disposição expressa em con-
em relação aos outros remédios constitucionais analise as
trário.
questões a seguir e assinale a alternativa correta.
(D) retroage, se ainda não houver processo penal
I - O habeas data assegura o conhecimento de infor-
instaurado.
mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou banco de dados de entidades governamentais
14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
ou de caráter público.
MARC/2014) Sobre as garantias fundamentais estabe-
II - Será concedido habeas data para a retificação de
lecidas na Constituição Federal, é CORRETO afirmar que
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigilo- (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
so, judicial ou administrativo. (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável
III - Em se tratando de registro ou banco de dados e imprescritível.
de entidade governamental, o sujeito passivo na ação de (C) não haverá pena de morte em nenhuma cir-
habeas data será a pessoa jurídica componente da admi- cunstância.
nistração direta e indireta do Estado. (D) os templos religiosos, entendidos como casas
IV - O mandado de injunção serve para requerer à au- de Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais. 15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a MARC/2014) NÃO figura entre as garantias expressas
demora legislativa que impede um direito de ser efetivado no artigo 5º da Constituição Federal:
pela falta de complementação de uma lei. (A) a obtenção de certidões em repartições pú-
(A) Todas as afirmações estão corretas. blicas.
(B) Apenas I, II e III estão corretas. (B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto
(C) Apenas II, III e IV estão corretas. próprio.
(D) Apenas II, III e V estão corretas. (C) o respeito à integridade física dos presos, ga-
(E) Apenas IV e V estão corretas. rantido pela lei de execução penal.
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao
diurno, posto que contido na legislação ordinária traba-
lhista.
147
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção correta
MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po- (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa so-
dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO bre direitos indisponíveis de Pedro
(A) em caso de desastre. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul-
(B) em caso de flagrante delito. gada formada em favor de Pedro.
(C) para prestar socorro. (C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. Pedro diante de nova legislação.
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico per-
17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador feito em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes.
- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen-
tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece 20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju-
que é: rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun-
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo- to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que
mentado o anonimato; lhe seja informado o número de licitações, na modalidade
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. O
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma- pleito de João
terial, moral ou à imagem; (A) não encontra previsão expressa como direito funda-
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- mental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser aco-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício lhido em virtude do texto constitucional prever que a lei não
profissional; excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, a direito
científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen- (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos asse-
sura ou licença; gurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos in- aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegali-
formações de seu interesse particular, sendo vedada a dade ou abuso de poder
alegação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da (C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a
sociedade e do Estado. obtenção de certidões em repartições públicas será atendida
apenas se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou
18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - para esclarecimento de situações de interesse pessoal.
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm di-
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- reito a receber dos órgãos públicos informações de seu inte-
manos: resse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res-
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; da sociedade e do Estado.
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res-
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no
Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
o voto favorável de dois terços dos respectivos membros; duração do processo e os meios que garantam a celeridade
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- de sua tramitação.
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável 21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria da
de três quintos dos respectivos membros; reserva do possível
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen- (A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à efeti-
tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los vação dos direitos sociais, econômicos e culturais.
com observância do processo legislativo ordinário; (B) gira em torno da legitimidade constitucional do
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito controle e da intervenção do poder judiciário em tema de
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à implementação de políticas públicas, quando caracterizada
ordem jurídica interna. hipótese de omissão governamental.
(C) considera que as políticas públicas são reservadas
19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) discricionariamente à análise e intervenção do poder judiciá-
Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu rio, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso con-
pedido foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais creto.
vencidos e vincendos, não havendo mais recurso a ser in- (D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do
terposto. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direitos
lei, que foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o direito
a Pedro. Após a publicação da referida lei, a Administração à saúde e à educação básica.
Pública federal notificou Pedro para devolver os valores re- (E) defende a integridade e a intangibilidade dos di-
cebidos, comunicando que não mais ocorreriam os paga- reitos fundamentais, independentemente das possibilidades
mentos futuros, em decorrência da norma em foco. financeiras e orçamentárias do estado.
148
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de pela Constituição federal, Pietro
suas disposições, a Emenda (A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan-
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex- (B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come-
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a tido antes da sua naturalização.
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, (C) poderá ser extraditado.
mediante incentivos específicos. (D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu crime
(B) instituiu vedação ao legislador para conferir tra- hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afim.
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em (E) não poderá ser extraditado, pois a sentença condena-
relação aos trabalhadores urbanos e rurais. tória transitou em julgado após a naturalização.
(C) não determinou a extensão ao trabalhador do-
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da 26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É pri-
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu- vativo de brasileiro nato o cargo de
lher, mediante incentivos específicos. (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
(D) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (B) Senador.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa- (C) Juiz de Direito.
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple- (D) Delegado de Polícia.
xidade do trabalho. (E) Deputado Federal.
(E) não determinou a extensão ao trabalhador do-
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser- 27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) No
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
caso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten-
durarem seus efeitos, o condenado terá seus direitos políticos:
são e à complexidade do trabalho.
(A) mantidos.
(B) cassados.
23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
(C) perdidos.
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen-
(D) suspensos.
tais, à organização político-administrativa, à administração
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e 28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que con-
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades cerne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.
inadiáveis da comunidade. (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias
Certo ( ) antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de
Errado ( ) prefeito.
(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-
24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a -se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
alternativa correta. (C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá can-
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e didatar-se ao cargo de prefeito.
seguintes é exaustivo. (D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas
(B) É vedada a redução proporcional do salário do tra- que não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares,
balhador sob qualquer hipótese. poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do 29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternativa
que o salário normal. correta a respeito dos partidos políticos.
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e (A) É vedado a eles o recebimento de recursos financeiros
do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é por parte de empresas transnacionais.
determinada pela CLT. (B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam re-
emprego e do salário, não está constitucionalmente previs- presentação no Congresso Nacional.
to, mas é determinado pela CLT. (C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter na-
cional.
25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - (D) Os partidos devem, após cada campanha, apresentar ao
FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei- Congresso Nacional a sua prestação de contas para aprovação.
ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come- (E) Em razão de sua importante função institucional,
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito
no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe- público.
149
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - (C) O prazo de validade do concurso público será de
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or- até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
ganização político-administrativa da República Federativa (D) A Constituição Federal não veda a acumulação re-
do Brasil. munerada de cargos públicos.
O poder constituinte dos estados, dada a sua condição (E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí-
de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado. citos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
Certo ( ) causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações
Errado ( ) de ressarcimento.
31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - 34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com relação
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or- à competência privativa da União para legislar, é INCORRETO
ganização político-administrativa da República Federativa afirmar que compete privativamente à União legislar sobre
do Brasil. (A) registros públicos.
A despeito de serem entes federativos, os territórios (B) comércio exterior e interestadual.
federais carecem de autonomia. (C) organização do sistema nacional de emprego e
condições para o exercício de profissões.
Certo ( )
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
Errado ( )
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al- meio ambiente e controle da poluição.
ternativa INCORRETA:
(A) A administração pública direta e indireta de qual- 35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal rando as regras constitucionais sobre a administração pú-
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, blica, analise as afirmativas.
moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade. I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à li- Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
vre associação sindical. Poder Executivo.
(C) A administração fazendária e seus servidores fis- II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi- gos, funções e empregos públicos da administração direta,
ção, precedência sobre os demais setores administrativos, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
na forma da lei. Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de-
públicos se estende a emprego e funções, não abrangen- mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra es-
do, pois, sociedades de economia mista. pécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natu-
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em reza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie,
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
assessoramento. pessoal do serviço público.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad- (A) I, II e III.
(B) I, apenas.
ministração pública pode ser definida objetivamente como
(C) I e II, apenas.
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
(D) I e III, apenas.
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
(E) II e III, apenas.
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
quais a lei atribui o exercício da função administrativa do 36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale
Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional. a alternativa que está de acordo com o disposto na Consti-
São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) tuição Federal.
Com base no que determina a Constituição Federal a (A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto: fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e
(A) A investidura em cargo ou emprego público de- o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun-
pende de aprovação prévia em concurso público de pro- damental e médio.
vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do (B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati-
cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão. vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su-
(B) A Administração pública direta e indireta obede- jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali- pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a repa-
dade, publicidade e eficiência. rar os danos causados ao meio ambiente.
150
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (A) não encontra fundamento constitucional, uma vez
destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu- que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen-
fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua
nelas existentes. competência para legislar sobre assuntos de interesse local.
(D) É vedado às universidades e às instituições de pes- (B) não encontra fundamento constitucional, uma vez
quisa científica e tecnológica admitir professores, técnicos que, apesar da matéria se inserir na competência residual
e cientistas estrangeiros. dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei
estadual para atender as suas peculiaridades locais.
37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer- (C) encontra fundamento constitucional, uma vez que
ca da organização do Estado, em consonância com a Cons- a ausência de norma federal disciplinando a matéria não
tituição Federal, assinale a alternativa correta. poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal.
(A) É competência comum da União, dos estados, do (D) encontra fundamento constitucional, uma vez
Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados
acesso à cultura, à educação e à ciência. poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe-
(B) É competência exclusiva da União proteger os do- culiaridades.
cumentos, as obras e outros bens de valor histórico, artísti- (E) encontra fundamento constitucional, uma vez que
co e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notá- a matéria insere-se na competência residual dos Estados
veis e os sítios arqueológicos. para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve-
(C) É competência exclusiva dos estados impedir a dadas pela Constituição.
evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural. 40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
(D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a Compete privativamente à União legislar sobre
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti- (A) produção e consumo.
co e paisagístico. (B) assistência jurídica e defensoria pública.
(E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so- (C) trânsito e transporte.
bre educação, cultura, ensino e desporto. (D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
mico e urbanístico.
38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (E) educação, cultura, ensino e desporto.
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
públicos civis da Administração direta 41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
seja editada a lei definidora dos termos e limites em que termos da Constituição Federal, dentre outros,
possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
prestação dos serviços públicos. (B) a indisponibilidade dos bens.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
(C) a impossibilidade de deixar o país.
vidores públicos em estágio probatório.
(D) a suspensão dos direitos civis.
(C) é constitucional, visto que previsto em norma da
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so-
constituição federal com aplicabilidade imediata, não ne-
cial.
cessitando de regulamentação, nem de integração norma-
tiva, para que o direito nela previsto possa ser exercido.
42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci-
(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a
dadão do município W, onde está localizado o distrito de B.
regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em
geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú- Após consultas informais, José verifica o desejo da popula-
blicos enquanto não for promulgada lei específica para o ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação
exercício desse direito. ao município de origem.
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole- De acordo com as normas constitucionais federais,
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos dentre outros requisitos para legitimar a criação de um
servidores públicos. novo Município, são indispensáveis:
(A) lei estadual e referendo.
39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (B) lei municipal e plebiscito.
FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis- (C) lei municipal e referendo.
ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro- (D) lei estadual e plebiscito.
garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o 43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014)
argumento de que o Município não teria competência para Assinale a afirmativa INCORRETA:
legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede- (A) O federalismo por agregação surge quando Esta-
ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para
Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a formar um ente único.
pretensão do sindicato (B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição
dos Estados federados à União.
151
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta- 46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
lecimento do poder central decorrente da predominância 23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR-
de atribuições conferidas à União. RETO afirmar:
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência (A) A aferição do merecimento, para fins de promo-
de três esferas de competências: União, Estados e Muni- ção, ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios
cípios. objetivos de produtividade e presteza no exercício da juris-
dição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais
44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Con- ou reconhecidos de aperfeiçoamento.
siderando o disposto na Constituição Federal sobre o Po- (B) Não será promovido o juiz que, injustificadamente,
der Judiciário, assinale a alternativa correta. retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não po-
(A) As decisões administrativas dos tribunais serão dendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou
decisão.
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares to-
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente
madas pelo voto da maioria absoluta de seus membros,
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado
em sessão secreta. de dois terços dos membros presentes à sessão, conforme
(B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetin-
delegação para a prática de atos de administração e atos do-se a votação até fixar-se a indicação.
de mero expediente, limitados às decisões de caráter in- (D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
terlocutório. autorização do Tribunal.
(C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados (E) A distribuição de processos será imediata em todos
será composto de advogados de notório saber jurídico os graus de jurisdição.
e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional, indicados em lista tríplice pelos ór- 47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
gãos de representação das respectivas classes. 23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale a
(D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo alternativa INCORRETA:
ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cin- (A) é vedada a edição de medida provisória sobre ma-
co anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou téria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo con-
exoneração. gresso nacional e pendente de sanção ou veto presidencial.
(E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas, (B) as decisões administrativas dos tribunais serão mo-
havendo interesse público, poderá ser removido, por de- tivadas e em sessão pública.
(C) as decisões administrativas de natureza disciplinar
cisão da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do
serão tomadas pelo voto de dois terços dos membros do
Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
tribunal.
(D) o número de juízes na unidade jurisdicional será
45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT proporcional à efetiva demanda judicial com à Respectiva
23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA: população.
(A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar (E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são
e julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangei- garantias da magistratura, mas não são absolutas, posto que
ro ou organismo internacional e a União, Estados, Distrito comportem exceções, ditadas em lei.
Federal ou Município.
(B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, 48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
em recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais
mandado de segurança e mandado de injunção decidi- da justiça, analise.
dos, em instância única, pelos Tribunais Superiores, se de- I. Constituem garantias do Ministério Público: vitalicieda-
negatória a decisão. de, após 2 anos de exercício, não podendo perder o cargo se-
(C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, não por sentença judicial transitada em julgado, e inamovibili-
em grau de recurso especial, os conflitos de competência dade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão
entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo
102, I, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vin- voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla
culados, e entre juízes vinculados a tribunais diversos. defesa. Constituem vedações do Ministério Público: participar
(D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar de sociedade comercial, na forma da lei, exercer atividade po-
e julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre lítico-partidária e exercer, ainda que em disponibilidade, qual-
autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre quer outra função pública, sem exceções.
autoridades Judiciárias de um Estado e administrativas de II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, direta-
mente ou por meio de órgão vinculado, representa a União,
outro ou do Distrito Federal, ou entre as destes e da União.
judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
(E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
complementar que dispuser sobre sua organização e fun-
recurso ordinário, os conflitos de competência entre o Su-
cionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
perior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais.
jurídico do Poder Executivo e a representação da União na
execução da dívida ativa de natureza tributária.
152
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
153
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo, situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
apenas o item “II” está incorreto. denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
fundamentais (fundamentos) da República Federativa do coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A” relação a punições disciplinares militares”.
se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no
inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a 11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - con-
dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que ceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII
da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhe-
IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim cimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
com os objetivos. constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; b) para a retifica-
8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- ção de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- sigiloso, judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” re-
pular direta no poder por intermédio de processos como petem o teor do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são logicamente da previsão dos direitos fundamentais como
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi- limitadores da atuação do Estado, logo, as informações
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do requeridas serão contra uma entidade governamental da
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va- administração direta ou indireta. Por sua vez, o item “IV”
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer- reflete o artigo 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF). o item “V”, posto que a demora do legislador em regula-
mentar uma norma constitucional de aplicabilidade me-
9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal diata, que necessita do preenchimento de seu conteúdo,
diferença entre direitos e garantias é que os primeiros evidencia-se em risco aos direitos fundamentais garanti-
servem para determinar os bens jurídicos tutelados e as dos pela Constituição Federal.
segundas são os instrumentos para assegurar estes (ex:
direito de liberdade de locomoção – garantia do habeas 12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF,
corpus). “II” está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
em seu §2º que “os direitos e garantias expressos nesta autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados interna- dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”, interesse social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II”
fundamento que também demonstra que o item “III” está está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém
correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização o item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”; “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
o que faz também o item V com relação ao artigo 5º, VI, meios ilícitos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorre-
CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e to porque a jurisprudência atual ainda aceita a prisão civil
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos do devedor de alimentos, sendo que o texto constitucional
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais autoriza tanto esta quanto a do depositário infiel (artigo
de culto e a suas liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas 5º, LXVII, CF).
estão corretas.
13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL
10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre- - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di-
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento,
ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus- notadamente), ela será aplicada.
ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, 22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº
XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafian- 72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo de
çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter- votação como PEC das domésticas, deu redação ao pará-
mos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque grafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos direi-
a lei penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta tos enumerados nos incisos do caput para a categoria dos
porque é aceita a pena de morte para os crimes milita- trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X,
res praticados em tempo de guerra; “D” é incorreta porque XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI
igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das obrigações
15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter- tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação
nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C”
noturno superior à do diurno”). estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Cons-
tituição, não estendidos aos empregados domésticos pela
16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis- emenda.
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di-
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so- reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe-
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen- tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
qualquer hora, mas somente durante o dia. defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso des inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- sujeitam os responsáveis às penas da lei”.
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional”. 24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
dos direitos humanos internacionais e das convenções e
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con-
acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de
determinados requisitos para a incorporação. incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço
constitucional, tal como a licença-paternidade, restando
19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, “E” também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo as-
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei sim, “C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de a mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a 25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
segurança jurídica. nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou
20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio- de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor-
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a pecentes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a conde-
receber dos órgãos públicos informações de seu interes- nação tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum
se particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segu- 26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, §
rança da sociedade e do Estado”. 3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden-
21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus- te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado
ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V
do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu- - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas;
rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda-
impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo- ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do
cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente
que o Estado não tem condições de arcar com as despesas, a Presidência da República.
o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
155
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem 32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
condenação criminal transitada em julgado justifica a sus- tiva “A” como de necessária observância na Administração
pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - conde- VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
nação criminal transitada em julgado, enquanto durarem tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
seus efeitos”. artigo 37, V, CF.
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade mí- empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
nima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Depu- presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
tado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
paz”, de modo que João preenche o requisito etário para pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de econo-
a candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida mia mista não estão excluídas da proibição de acumulação
para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por- remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa é in-
que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); correta.
“D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido
(artigo 14, §8º, I, CF). 33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal princípios da Administração Pública previstos no caput do
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacional artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
como preceito que deva necessariamente se observado: “É concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos po- moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
líticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrá- artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
tico, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter na- vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
cional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcio- cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
namento parlamentar de acordo com a lei. § 1º É assegurada outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
interna, organização e funcionamento e para adotar os crité- regulamentadas”.
rios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âm- 34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é
bito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24.
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade par- Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
tidária. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personali- concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, fau-
dade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos na, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm naturais, proteção do meio ambiente e controle da polui-
direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao ção”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI
rádio e à televisão, na forma da lei. § 4º É vedada a utilização e I competências privativas da União que constam, nesta
pelos partidos políticos de organização paramilitar”. ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”.
30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín- 35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,
seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan- XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas, do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,
que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen- XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra cargos, funções e empregos públicos da administração di-
o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição, dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
e não possuem soberania. dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
com a União e não a autonomia enquanto entes federati- outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
distrito Federal e os Municípios. aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
156
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio definindo o que seria de interesse do Município, mas em
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito mia para decidir o que seria de seu interesse.
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e 40. Resposta: “C”. A competência privativa legislati-
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé- va da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito previsão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre pro-
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do dução e consumo, a competência é legislativa concorrente
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- entre União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF),
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é assim como a de legislar sobre assistência jurídica e Defen-
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies soria Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanísti-
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas. co (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos 41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la- pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por- indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque previsão do dispositivo retro.
pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e
administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por- 42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º
que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
207, §1º, CF). de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío-
do determinado por Lei Complementar Federal, e depen-
37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à na forma da lei”.
educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B”
competência concorrente entre todos os entes federados 43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte-
(artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre to- rizado por uma rígida separação de competências entre o
dos os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência ente central (união) e os entes regionais (estados-mem-
concorrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de
“E” competência concorrente entre União, estados e DF (ar- submissão e sim de autonomia.
tigo 24, IX, CF).
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão,
38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão
público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para
Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti- decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delega-
tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de ção; “C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está
Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº incorreta porque o prazo em que se proíbe o exercício é de
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público, três anos. Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o
independente da lei complementar, tem o direito público, artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]
subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di- II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
reito abrange o servidor público em estágio probatório, na forma do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse pú-
não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito blico pode gerar a quebra da garantia da inamovibilidade.
constitucionalmente garantido.
45. Resposta: “D”. As competências de processamen-
39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF, to e julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em
“Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in- relação ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto
teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia ao Superior Tribunal de Justiça. As regras de competências
para legislar sobre temas de seu particularizado interesse previstas nas alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas,
e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz pelos seguintes motivos:
necessária a existência de lei delimitando o interesse local Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê
do Município apresenta-se apenas como outra possibili- que o Supremo Tribunal Federal processa e julga origina-
dade de atuação. Nada impede a elaboração de legislação riamente “o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o presenta o Executivo federal na execução de dívida ativa de
Território”, excluindo os Municípios. natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execução da dí-
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, vida ativa de natureza tributária, a representação da União
prevê que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar, cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado
em recurso ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de o disposto em lei”. III está incorreta porque a participação
segurança, o ‘habeas data’ e o mandado de injunção de- da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso de provas
cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se e títulos é obrigatória em todas as fases (artigo 132, CF).
denegatória a decisão”, logo, o recurso é ordinário, não Neste sentido, as três afirmativas estão incorretas.
extraordinário.
No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF 49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105,
prevê que o Superior Tribunal de Justiça processará e jul- I, “b”, CF: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II
gará originariamente “os conflitos de competência entre - julgar, em recurso ordinário: [...] b) os mandados de se-
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, gurança decididos em única instância pelos Tribunais Re-
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e gionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
entre juízes vinculados a tribunais diversos”, de modo que Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.
o julgamento é originário, não em sede de recurso especial.
Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência
entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,
entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro
tribunal” são julgados pelo Supremo Tribunal Federal, con-
forme artigo 102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso
ordinário, e sim originariamente.
Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o ar-
tigo 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Supe-
rior Tribunal de Justiça processar e julgar “os conflitos de
atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as
deste e da União”.
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