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Rajabo Samiha Arige

Rogério Fernando

Guido Teodosio

Sonância Ferreira Daniel

Cristina António Cassiano

Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas
de aprendizagem Jomtien, 1990

Curso de licenciatura em ensino Básico

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2023

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Rajabo Samihana Arige

Rogério Fernando

Guido Teodoro

Sonância Ferreira Daniel

Cristina António Cassiano

Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades


básicas de aprendizagem Jomtien, 1990

Curso de licenciatura em ensino Básico

Trabalho em Grupo de carácter avaliativo a


ser entregue ao docente da cadeira de Carta
Escolar e Micro planificação da Educação,
leccionado no curso de licenciatura em
Ensino Básico, 5oAno, 1o semestre sob
orientação do MA. Rita Benjamim Matere
Jafar

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2023

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Índice
1. Introdução..................................................................................................................3

1.1. Objectivos.......................................................................................................3

1.1.1. Objectivo Geral...........................................................................................3

1.1.2. Objectivos Específicos....................................................................................3

1.2. Metodologia........................................................................................................3

2.1. O direito à educação básica nas declarações sobre educação para todos de
jomtien, dakar e incheon....................................................................................................4

2.2. Educação como um direito humano.......................................................................4

2.3. Direito à educação nas Declarações Mundiais sobre Educação para Todos..........6

3. Conclusão.................................................................................................................14

Referências Bibliográficas...............................................................................................15

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1. Introdução
o presente trabalho cientifico tem como tema declaração Mundial sobre Educação para
Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem Jomtien, 1990. Portanto a
Conferência Mundial sobre Educação para Todos, foi realizada em Jomtien, Tailândia,
de 5 a 9 de Março de 1990. Conscientes de que a educação é um direito fundamental de
todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro, os participantes do
Congresso proclamam a seguinte Declaração Mundial sobre Educação para Todos:
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem.

1.1. Objectivos
Para Marconi & Lakatos (2002:24) “toda pesquisa deve ter um objetivo determinado
para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar.

1.1.1. Objectivo Geral


Para Andrade (2009) o objetivo geral está ligado ao tema de pesquisa.

 Analisar a declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das


necessidades básicas de aprendizagem Jomtien, 1990

1.1.2. Objectivos Específicos


De acordo com Marconi & Lakatos (2003:219) os objetivos específicos “apresentam
caráter mais concreto. [...], permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro,
aplicá-lo a situações particulares.

 Explicar declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das


necessidades básicas de aprendizagem Jomtien, 1990;
 Descrever declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das
necessidades básicas de aprendizagem Jomtien, 1990;
 Avaliar declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das
necessidades básicas de aprendizagem Jomtien, 1990;.

1.2. Metodologia
Gil (2008) diz que metodologia descreve os procedimentos a serem seguidos na
realização da pesquisa. Para se realizar a pesquisa vou recorrer numa leitura
interpretativa de obras diversas que abordam o assunto e usarei alguns artigos
disponibilizados na internet.

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2. Revisão Teórica

2.1. O direito à educação básica nas declarações sobre educação para


todos de jomtien, dakar e incheon
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, se constituiu enquanto um
marco dos direitos universais inerentes a condição humana, dentre eles, a educação, que
passou a ser reconhecida, no cenário internacional, como um direito de todas as pessoas,
independentemente de suas condições físicas, sociais, territoriais, económicas, culturais,
etárias, religiosas e de género.

Embora o referido documento tenha reconhecido a educação como um direito humano


universal, o debate sobre o direito educacional, no âmbito mundial, passou a ser pautado
com mais ênfase a partir da década de 1990, quando uma série de eventos e
recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) passa a compor uma agenda internacional de uma “Educação para
Todos”.

Nessa vertente, o presente texto tem o intuito de analisar as concepções do direito à


educação básica presentes nas Declarações Mundiais de Educação resultantes das
conferências globais organizadas pela UNESCO: Jomtien (1990), Dakar (2000) e
Incheon (2015). Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental com
enfoque qualitativo. A fonte documental foi constituída pelas respectivas Declarações

Akkari (2017) salientam que o debate internacional sobre o direito à educação


corresponde um movimento iniciado com o advento da globalização, em que as
políticas públicas não são mais de responsabilidade exclusiva dos Estados Nações. A
educação, nesse contexto, passa a ser cada vez mais objecto de crescentes influências
internacionais.

2.2. Educação como um direito humano


O reconhecimento da educação como um direito humano demonstra a sua importância
enquanto aspecto fundamental para a promoção da dignidade humana, em especial, pelo
seu carácter de imprescindibilidade para o exercício da cidadania. A dignidade da
pessoa humana constitui valor crucial para a natureza e progressividade dos direitos

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humanos. Desse modo, o seu reconhecimento deve ser garantido pelos direitos capazes
de promovê-los.

A definição da educação enquanto um direito humano compreende que sua protecção


tem uma dimensão que ultrapassa a consideração dos interesses meramente individuais.
O reconhecimento do direito à educação legitima a concepção de que o saber
sistemático é mais do que uma importante herança cultural. O acesso a esse bem
fomenta no indivíduo a capacidade de se apoderar de padrões cognitivos e formativos,
que serão decisivos para a ampliação das possibilidades de participar dos destinos de
sua sociedade e colaborar com a sua transformação (CURY, 2008).

O autor assevera que a educação básica é um direito insubstituível do homem, devendo


ser assegurado gratuitamente, como modo de possibilitar seu acesso a todos. Por essa
razão, o direito à educação escolar situa-se no âmbito de uma perspectiva mais ampla
dos direitos do homem.

Uma vez que a caracterização dos direitos humanos perpassa a universalidade,


indivisibilidade e interdependência, ao certificar o direito de todas as pessoas à
educação, está-se, também, garantindo a base para a implementação de todo o conjunto
de direitos humanos.

Para Bobbio (1992, p. 79-80), a existência de um direito implica sempre a existência de


um sistema normativo, “[...] onde por ‘existência’ deve entender-se tanto o mero factor
exterior de um direito histórico ou vigente quanto o reconhecimento de um conjunto de
normas como guia da própria acção. A figura do direito tem como correlato a figura da
obrigação”.

O direito à educação, juridicamente, é reconhecido no cenário internacional, tendo


como principal marco, no contexto contemporâneo, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que, em seus trinta artigos, regista os direitos considerados humanos, dentre
eles, o educacional. O documento proclama a educação como um instrumento promotor
de conquistas progressivas comuns para todos os povos e nações e, portanto, deve ser
protegido pelo ordenamento tanto de âmbito nacional, quanto de âmbito internacional.
O direito à educação, proclamado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi
reafirmado em 1959 na Declaração Universal dos Direitos das Crianças. Nesse
documento, foram estabelecidos dez princípios que visam o desenvolvimento da

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infância, dentre eles, o que certifica que a criança tem direito a receberem educação
escolar gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Os preceitos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos também foram reafirmados no Pacto
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e no Pacto Internacional de direitos
económicos, sociais e culturais; ambos de 1966 e, também, em 1989, pela Convenção
sobre os Direitos da Criança (SOUZA, 2017).

Diferentemente dos demais documentos, que possuíam carácter de recomendação, a


Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989 reafirma a tutela de direitos das
crianças e dispõe das garantias de um tratado internacional, por possuir o atributo de
prever condutas obrigatórias para os Estados signatários e a sua responsabilização com
os direitos pactuados.

Conforme Souza (2017), a Convenção de 1989 inova ao reconhecer à criança todos os


direitos e todas as liberdades inscritas na Declaração dos Direitos Humanos. Pela
primeira vez, outorgaram-se às crianças e adolescentes direitos de liberdade, até então
reservados aos adultos.

No entender de Bobbio (1992), esse processo representa uma nova linha de tendência do
direito, denominada especificação. Além dos processos de conversão em direito
positivo, generalização e internacionalização, a especificação consiste na passagem
gradual para uma ulterior determinação dos sujeitos titulares de direitos, que representa
a inclusão progressiva de grupos alijados historicamente.

O documento deixa claro que o direito à educação é sinónimo do direito das crianças às
aprendizagens indispensáveis, ou seja, do desenvolvimento das dimensões da
personalidade humana, mental, física, cultural, política e social. Logo, esse direito não
está vinculado apenas ao interesse individual, mas sim, aos da sociedade. A Convenção
dos Direitos da Criança, ao elencar e reafirmar a educação como um direito fundamental
da criança, endossa o rol de instrumentos jurídicos internacionais de protecção dos
direitos humanos.

2.3. Direito à educação nas Declarações Mundiais sobre Educação para


Todos
Os organismos multilaterais, agências internacionais e Estados membros da
Organização das Nações Unidas (ONU), a partir dos anos de 1990, passaram a envidar
6
esforços para inserir o direito à educação no centro de uma agenda global para os
direitos humanos.

Para tanto, têm sido desenvolvidas conferências para discussão da conjuntura


económica, social e política que perpassa os cenários educacionais. Os resultados destas
conferências têm sido expressados em directrizes divulgadas por meio de declarações.
Compreender essas directrizes permitirá identificar as linhas que influenciam a
definição das políticas educacionais que visam assegurar o direito à educação básica no
contexto dos países signatários. Neste processo, para Ferreira e Ferreira (2007, p. 43-44)

[...] cabe relembrar que as maneiras de pensar e fazer a educação e a


escola hoje contam com um determinante a ser destacado na análise
dessa política, que é o fato de a escola estar inserida num quadro em
que prevalece o modelo neoliberal de relação Estado-sociedade, no
qual se age para que a educação básica seja universalizada, não como
um direito e uma necessidade constitutiva do homem, mas para dar
sustentação ao modelo da livre-iniciativa e às relações de
competitividade. Universalização esta que é instituída como se de
natureza meramente contábil: mais alunos passando pelo sistema, por
mais algum tempo, chegando a níveis escolares mais avançados e ao
menor custo possível, independente da qualidade da formação.

Em outras palavras, na conjuntura neoliberal do mundo globalizado, ou seja, na


realização da fórmula de menos intervenção do Estado e mais influência do mercado, a
educação tem um papel fundamental para que os cidadãos dominem os códigos da
modernidade, que exigem cada vez mais uma postura empreendedora diante das
necessidades impostas pelos controladores dos meios de produção (SHIROMA;
MORAES; EVANGELISTA, 2011) e, desta forma, possam servir como soldados ao
aparelho estatal na batalha pela disputa de mercado na economia integrada
internacional.

Assim, uma das soluções normativas apresentadas pelas agências multilaterais para
superação da exclusão e da marginalidade de grande parte do contingente em situação
de vulnerabilidade social é o da “educação para todos”. Na sequência, serão
apresentadas e analisadas as Declarações de Jomtien (1990), Dakar (2000) e Incheon
(2015), publicadas pela UNESCO.

Inicialmente, destaca-se a Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação


das necessidades básicas de aprendizagem. Este é um documento oriundo das
discussões da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990, na
cidade de Jomtien, na Tailândia.

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No seu preâmbulo é apontado que, mesmo com a garantia do direito à educação estando
presente desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os esforços para
assegurá-lo ainda não contemplam todas as pessoas. Isso porque milhar de crianças e
adultos encontram-se na condição de analfabetismo, também na sua vertente funcional.
Já aqueles que conseguiram concluir o ensino primário, não prosseguem os estudos,
deixando de adquirir conhecimentos e habilidades essenciais, que possibilitem
melhorias na qualidade de vida e a respectiva inserção no mundo, apropriando-se de
forma limitada das mudanças sociais, tecnológicas e culturais (UNESCO, 1990).

Esse diagnóstico foi tomado como elemento para a produção do consenso pelos
participantes da Conferência e traduzido na formulação de estratégias presentes na
Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem, conhecida por Declaração de Jomtien. Ao assinarem o documento, os
países signatários responsabilizam-se em promover as oportunidades educativas para
todas as crianças, jovens e adultos, voltadas para satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem.

Nesse viés, Torres (2001) afirma que a Declaração de Jomtien reforça a centralidade da
Educação Básica como prioridade a ser alcançada universalmente, isso porque a
educação deve garantir um conjunto de conhecimentos, capacidades, valores e atitudes
indispensáveis ao desenvolvimento humano.

Nos artigos seguintes da Declaração de Jomtien, são apresentadas estratégias que visam
a garantia de uma educação para todos. Além de satisfazer as necessidades básicas de
aprendizagem para todos, são reconhecidas as necessidades de: expandir o enfoque de
recursos, das estruturas institucionais, dos currículos e dos sistemas convencionais de
ensino; universalizar o acesso à Educação Básica como base para a aprendizagem e
desenvolvimento humano permanentes; concentrar a atenção na aprendizagem
necessária à sobrevivência; ampliar os meios e o raio de acção da Educação Básica;
propiciar um ambiente adequado à aprendizagem; fortalecer alianças (autoridades
públicas, professores, órgãos educacionais e demais órgãos de governo, organizações
governamentais e não governamentais, sector privado, comunidades locais, grupos
religiosos, famílias); desenvolver uma política contextualizada de apoio (sectores social,
cultural e económico); mobilizar recursos financeiros e humanos, públicos, privados ou

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voluntários; e fortalecer, a partir da educação, a solidariedade internacional (UNESCO,
1990).

A educação é reconhecida no documento como um bem público, cujo financiamento


não advém estritamente de recursos estatais, mas requer o envolvimento e o provimento
de recursos económicos e humanos de outros sectores sociais. O seu papel é crucial para
a promoção dos valores fundamentais da dignidade humana, contribuindo para o
desenvolvimento dos indivíduos, bem como para o avanço social, cultural e económico
dos países (UNESCO, 1990).

O documento enfoca a necessidade do atendimento escolar, sem distinção, a todas as


pessoas, e define acções que propõem a universalização da Educação Básica, como uma
forma de promover o direito a educação e, com isso, avançar em prol da igualdade
social.

E como a todo conceito corresponde um termo, vê-se que,


etimologicamente, "base", donde procede a expressão "básica",
confirma esta acepção de conceito e etapas conjugadas sob um só
todo. "Base" provém do grego básicos e corresponde, ao mesmo
tempo, a um substantivo: pedestal, fundação, e a um verbo: andar, pôr
em marcha, avançar. Como conceito novo, ela traduz uma nova
realidade nascida de um possível histórico que se realizou e de uma
postura transgressora de situações preexistentes, carregadas de
carácter não democrático. Como direito, ela significa um recorte
universalista próprio de uma cidadania ampliada e ansiosa por
encontros e reencontros com uma democracia civil, social, política e
cultural (CURY, 2008, p. 294).

Segundo Gomide (2007), a Declaração Mundial de Educação para Todos representa não
apenas a compreensão da educação básica como o principal vector de garantia de
satisfação das necessidades elementares de aprendizagem para a população, mas,
também, um documento que regista uma concepção ampla de Educação Básica,
defendendo sua universalização a partir do acesso e promoção da equidade.

Na sequência dos movimentos de renovação dos compromissos de uma “educação para


todos”, destaca-se a Declaração de Dakar – Educação para todos, que foi resultante da
Cúpula Mundial de Educação realizada em Dakar, no Senegal, no ano 2000, que teve a
finalidade de reiterar os pressupostos da Declaração Mundial sobre Educação para
Todos de Jomtien.

A Declaração de Dakar reafirma a Declaração Mundial de Educação para Todos,


apoiada pela Declaração Universal de Direitos Humanos, que proclama o direito

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indiscriminatório de “toda criança, jovem ou adulto têm o direito de se beneficiar de
uma educação que satisfaça suas necessidades básicas de aprendizagem, no melhor e
mais pleno sentido do termo, e que inclua aprender a aprender, a fazer, a conviver e a
ser”. O documento considera que a educação, como um direito humano fundamental, é
um aspecto propulsor para o desenvolvimento sustentável, assim como para assegurar a
paz e a estabilidade entre os países. Portanto, trata-se de um meio indispensável para
alcançar a participação efectiva nas sociedades e economias do século XXI (UNESCO,
2000).

Bauer (2008, p. 580) aponta que o documento produzido em Dakar, permite inferir que
o direito à educação é o principal argumento de justificativa para as propostas e acordos
realizados. Assim, “sob a égide da protecção do direito de todos à educação, introduz-se
a questão da qualidade de ensino, ou seja, um novo factor na discussão do direito à
educação, que passa a coexistir com o discurso preponderante da universalização do
acesso à educação”.

Novos prazos e metas foram definidos e registados na Declaração de Dakar, no qual os


países signatários firmaram o compromisso de aprimorarem acções em prol da
qualidade da educação, de modo que todos possam alcançar resultados de aprendizagem
satisfatórios, reconhecidos e mensuráveis, tendo como nova data limite de realização o
ano 2015.

A redefinição do prazo das metas para 2015, estabelecidos na Declaração de Dakar,


aponta a limitação do alcance das metas estabelecidas em Jomtien. Além disso, o
documento de Dakar mantém como prioridade a Educação Básica como nível
fundamental. Denota-se a referência de uma “educação para todos”, que só terá seu viés
equitativo, ao priorizar categorias de pessoas que se encontram em situação de
vulnerabilidade. Além disso, observamos a preocupação com a qualidade da educação e
a necessidade de assegurar sua excelência a todos (UNESCO, 2000).

Fazendo um paralelo entre os dois documentos, Torres (2001) aponta que a Declaração
de Jomtien (1990) enfatizava o aproveitamento de oportunidades educacionais, propôs a
busca de equidade e qualidade, declarou compromisso com educação para todos, adotou
uma visão ampliada da Educação Básica, defendeu o atendimento a necessidades
básicas e recomendou melhorar condições de aprendizagem. A Declaração de Dakar,
por sua vez, deu centralidade à educação como direito, ratificou a busca de equidade e

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qualidade, recomendou focalização de esforços para promover a educação em grupos
vulneráveis, evidenciou a garantia da educação fundamental, reiterou a defesa de
atendimento a necessidades básicas e recomendou melhorar condições dos
estabelecimentos de ensino.

Em Maio de 2015, na Coreia do Sul ocorreu o Fórum Mundial de Educação 2015,


organizado pela UNESCO na cidade de Incheon. Neste evento, que contou com a
participação de mais de 100 Ministros da Educação e inúmeros representantes da
sociedade civil, foi realizado um balanço das metas de Educação para todos relativos ao
período 2000-2015, bem como o debate e a sistematização dos princípios e directrizes
que serão definidas para os próximos 15 anos, de 2016 a 2030.

No que tange aos princípios foram definidos que a educação é um direito humano
fundamental e deve ser oferecida de forma equitativo, inclusiva, de qualidade, gratuita e
obrigatória. A educação deve visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana e
promover a compreensão mútua, tolerância, amizade e paz. Trata-se de um bem público,
do qual o Estado é o provedor desse direito (UNESCO, 2015).

As metas estabelecidas são: garantir que todas as meninas e meninos complete, de


forma equitativa e de qualidade, o ensino primário e secundário com resultados de
aprendizagem relevantes e eficazes; garantir que todos os meninos e meninas tenham
acesso à qualidade educacional na primeira infância dentro do período pré-escolar;
garantir a igualdade de acesso de todas as mulheres e os homens a preços acessíveis e
qualidade no ensino técnico, profissional e ensino superior, incluindo o ensino
universitário; aumentar substancialmente o número de jovens e adultos na escola e que
o seu processo de aprendizagem inclua competências técnicas e profissionais, para o
emprego, trabalho decente e empreendedorismo; eliminar disparidades de género na
educação e assegurar a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação
profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, povos
indígenas e crianças em situações vulneráveis e; garantir que todos os alunos adquiram
conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável,
direitos humanos, igualdade de género, promoção de uma cultura de paz, cidadania
global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o
desenvolvimento sustentável (UNESCO, 2015). Observamos que a Declaração de
Inchoen apresenta enquanto objectivo global a garantia de uma educação de qualidade

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equitativa e inclusiva e a aprendizagem ao longo da vida para todos. Para tanto, pauta-
se, principalmente, pela defesa da educação que promova o desenvolvimento de forma
sustentável e representa o mais recente marco internacional para a garantia do direito à
educação. Outro marco expressado na Declaração consiste no entendimento de que o
direito à educação deve também ser garantido na primeira infância, pelo menos, um ano
da educação infantil deverá ser assegurado enquanto um direito (UNESCO, 2015).

A efectivação do conjunto de objectivos, metas e acções estabelecidas dependerá da


prioridade definida pelos governos dos países e a consequente implementação de
políticas educacionais, assim como, do acompanhando direito da sociedade civil. A
seguir, com o intuito de propiciar melhor visualização atinente às mudanças das metas
propostas na Declaração de Jomtien, Dakar e Incheon.

Resguardadas as especificidades restritas a cada uma das Declarações, é possível


identificar uma linha contínua que é evidenciada em todos os documentos, que objectiva
estabelecer um conjunto de políticas coordenadas entre os Estados signatários, com o
foco voltado para as seguintes ênfases: garantia do direito à educação para todos e a
melhora competitiva a partir da educação, concebendo o gasto educacional como
promotor de justiça social, como um investimento no factor produtivo, assim como, um
potencializador da integração entre os países.

Para Stoco (2013), as Declarações, uma vez estabelecidas no plano internacional,


advogam para um espírito valorativo do conceito da educação enquanto um direito
humano inalienável, indivisível, inter-relacionado e interdependente. As proposições
dos textos remetem-se a uma linha de princípios educacionais que são constitutivos de
uma visão social de educação que se pretende partilhada como ideal da condição
humana.

Por outro lado, segundo Akkari (2017), é relevante destacar que os compromissos
pactuados na Declaração de Incheon sinalizam um entendimento global da educação.
Embora as outras duas declarações, Jomtien e Dakar, se configurem em tratadas
proclamados por vários países, suas metas para a educação básica estavam voltadas,
principalmente, para as necessidades dos países do hemisfério sul. Por isso, a
Declaração de Incheon expressa uma agenda em comum para a educação mundial e um
movimento crescente da influência dos organismos internacionais nesse processo que
ultrapassa as fronteiras nacionais. É notório nas Declarações, sobretudo, se

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considerarmos o tempo de vigência, a redefinição de prazos e a repactuação das metas
firmadas nos acordos, o desafio posto para os países, em geral, na busca da implantação
de uma cultura de direitos educacionais. Trata-se, pois, da necessidade de estabelecer
instrumentos efectivos que permitam a sua plena realização, pressionando e
responsabilizando as políticas educacionais insuficientes e, ao mesmo tempo, chamar
estimular o envolvimento direito da sociedade, para assim, transformar demandas e
direitos educativos em compromissos (DI PIERRO; HADDAD, 2015).

Contudo, a normatização do direito internacional público, a partir da assinatura de


protocolos de intenções, declarações, pactos, acordos firmados no âmbito internacional
e criação de órgãos especializados concernentes ao acompanhamento da garantia
efectiva do direito à educação, regista um importante avanço na perspectiva de reforçar
o anúncio dos direitos da pessoa humana à educação.

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3. Conclusão
Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na
cidade de Jomtien, na Tailândia, em 1990, também conhecida como Conferência de
Jomtien. A Declaração fornece definições e novas abordagens sobre as necessidades
básicas de aprendizagem, tendo em vista estabelecer compromissos mundiais para
garantir a todas as pessoas os conhecimentos básicos necessários a uma vida digna,
visando uma sociedade mais humana e mais justa.

De acordo com a Declaração de Jomtien, também chamada Declaração Mundial de


Educação para Todos, seu objectivo é “satisfazer as necessidades básicas da
aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos… e o esforço de longo prazo para a
consecução deste objectivo pode ser sustentado de forma mais eficaz, uma vez
estabelecidos objectivos intermediários e medidos os progressos realizados.” Dessa
forma, os países participantes foram incentivados a elaborar Planos Decenais, em que as
directrizes e metas do Plano de Acção da Conferência fossem contempladas.

A Declaração de Jomtien é considerada um dos principais documentos mundiais sobre


educação, ao lado da Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração de
Salamanca de 1994. De acordo com a Declaração: “Cada pessoa criança, jovem ou
adulto deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para
satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Essas necessidades compreendem
tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a
expressão oral, o cálculo, a solução de problemas), quanto os conteúdos básicos da
aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes), necessários para
que os seres humanos possam sobreviver, desenvolver plenamente suas potencialidades,
viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a
qualidade de vida, tomar decisões fundamentadas e continuar aprendendo.

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Referências Bibliográficas
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