Economia Do Trabalho P/ AFT Teoria e Exercícios Comentados Prof. Jeronymo Marcondes - Aula 06
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Economia Do Trabalho P/ AFT Teoria e Exercícios Comentados Prof. Jeronymo Marcondes - Aula 06
SUMÁRIO PÁGINA
1. Discriminação e Segmentação no mercado de trabalho 2
2. Desemprego 12
3. Salário-Eficiência, modelo “incluído-excluído” e histerese. 18
Questões Propostas 33
Gabarito 38
Bem vindos de volta! Força, essa é a penúltima aula, estamos quase acabando. A
CESPE é uma banca que pega pesado e adora conceitos bem teóricos, então,
vamos nos atentar a cada detalhe.
DICA DE UM CONCURSEIRO
Assim:
( ) ( )
a) Discriminação do Empregador
Ou seja:
( )
( ) ( )
Assim, haverá um aumento na demanda por homens (de D para D’), o que fará com
que seja relativamente mais caro contratá-los. Então, a empresa preconceituosa irá
contratar homens até o ponto em que:
( )
Se:
( )
A empresa preconceituosa só irá empregar homens, mesmo tendo que pagar acima
do salário de mercado, , o que fará com que haja uma subcontratação de
homens. Assim, o número de pessoas a serem empregadas na empresa
preconceituosa, ( ), será menor do que o da empresa competitiva ( ), de forma
que, em termos de produção:
Só para destacar, nossos resultados podem ser estendidos para o caso de uma
empresa que prefira contratar mulheres. Neste caso, existiria um coeficiente de
nepotismo associado ao salário da mulheres, de forma que o salário das mulheres
seria:
( ),
sendo o valor do coeficiente. Isso é, seria “mais barato” empregar uma mulher.
Neste caso também haveria uma distorção que prejudicaria as empresas que
assumem tal prática.
b) Discriminação do Empregado
Neste caso, os colegas de trabalho são as pessoas que têm o preconceito, ou seja,
alguns trabalhadores achariam “pior” trabalhar com pessoas de diferentes sexos,
etnias, etc. Vamos continuar no nosso exemplo de discriminação contra mulheres e
supor que há infinitas empresas de dois tipos: com empregados pré-existentes
preconceituosos e não preconceituosos.
Viram o que ocorre? Devido à redução no salário das mulheres, outras empresas,
não compostas de empregados preconceituosos, pensarão ser ótimo começar a
contratar somente mulheres para seus postos, o que fará com que o salário das
mulheres suba novamente até o nível de salário de mercado.
Vocês perceberam que o que nós falamos até agora é de como a discriminação faz
com que pessoas com habilidades semelhantes sejam tratadas diferentemente em
termos salariais.
Mas, essa não é toda estória, existe o caso da segregação, ou, como também é
chamado, agrupamento ocupacional. Este fenômeno consiste no seguinte: a
classe discriminada é intencionalmente “empurrada” para ocupações de
remuneração mais baixa.
Por outro lado, se você perguntar à maioria das pessoas, elas te dirão que ser
recepcionista é um serviço predominantemente “de mulher”. Assim, a sociedade
como um todo acaba por levar às mulheres para este tipo de ocupação.
c) Discriminação do cliente
Veja o caso de clientes que possuem preconceito contra pessoas negras. Neste
caso, o consumidor consideraria mais “caro” comprar uma mercadoria ou ser
atendido por um funcionário negro.
Mas, nem sempre é fácil “esconder” tais funcionários! Assim, isso explicaria porque
há bairros e regiões nas quais os funcionários são compostos por pessoas com uma
determinada característica “discriminável”. Veja o caso do Brooklin em Nova York, o
mesmo é composto quase em sua totalidade por pessoas negras, o que pode ser
decorrência da própria discriminação do cliente nos bairros “brancos” (que não
querem negros) e nos bairros “negros” (que não querem brancos).
d) Discriminação Estatística
Esta discriminação é um pouco diferente das outras! Ela não é fruto de preconceito,
mas do comportamento estatístico advindo da avaliação do comportamento de
alguns grupos.
Por exemplo, no Brasil há uma ilusão que afirma que os estudantes advindos de
universidades públicas são melhores e mais produtivos dos que advém de
universidades privadas. Isso decorre do processo seletivo muito exigente das
universidades públicas, que selecionaria “melhores candidatos”.
Você não tem como saber mais do jovem do que você captou na entrevista e do que
está escrito no currículo, configurando um caso de informação assimétrica, isso é
quando uma das partes em uma transação sabe mais do que a outra.
Assim, para tomar sua decisão, você resolve fazer um estudo estatístico da
produtividade de alunos de universidades públicas contra os da universidade
privada. Por alguma razão, você chega à conclusão de que os alunos de
universidade pública são, na média, mais produtivos!
Como os dois candidatos são igualmente bons, você decide contratar o aluno de
universidade pública com base no seu estudo! Isso é discriminação estatística!
Você não tem nenhum preconceito e não tem porque achar que os alunos de
universidades públicas são melhores, mas o que você sabe é que, na média, estes
tendem a ser mais produtivos.
Porque você não sabe nada do candidato na sua frente! O que você conhece é
como, na média, se comporta o grupo do qual ele faz parte!
Beleza pessoal? Isso é tudo que temos para falar de discriminação! Vamos ao
próximo tópico do edital: desemprego.
2. Desemprego
Bom pessoal, agora vamos falar do desemprego. Este é um mal que acomete a
todas as economias de mercado do mundo. Entretanto, apesar de anos estudando o
fenômeno, os economistas nunca chegaram a uma conclusão definitiva do que gera
este problema econômico.
O desemprego friccional é o único dos que iremos estudar que é compatível com o
pleno emprego, pois o pleno emprego será atingido, só temos de “esperar o ajuste”.
Mas, você concorda que, ainda assim, há desemprego? Há um desemprego
baseado em fatores friccionais e no fato de que muitas pessoas não querem
trabalhar ao salário de mercado! Essa é a taxa natural de desemprego.
Estes dois tipos de desemprego têm uma característica comum: não costumam
preocupar tanto os economistas.
Agora isso não vale para o desemprego estrutural, este reflete problemas
estruturais da economia. O desemprego estrutural se refere ao desemprego
derivado de um descompasso entre as qualificações exigidas pelos empregadores e
as efetivamente disponíveis para contratação. Em termos simples, o desemprego
estrutural resulta do fato de que os trabalhadores que estão procurando emprego
não se “encaixarem” nas vagas disponíveis.
Por exemplo, suponha que no ano de 2000 a maior parte dos estudantes se formou
em Economia, o que não serve de muita coisa! Mas, devido ao avanço da
tecnologia da informação, a maior parte das empresas quer empregados com
formação em áreas ligadas à computação.
Você percebe o que está acontecendo? Há uma excessiva demanda por pessoas
das áreas de informática, mas uma oferta muito pequena, enquanto que há uma
oferta muito grande de economistas, sem respectiva demanda.
Este é um caso de desemprego estrutural. Perceba que o mesmo não tem como
ser facilmente solucionado no curto prazo. O problema é a qualificação dos
indivíduos, que estão em total descompasso com o que é desejado na economia.
Essa excessiva demanda pelos profissionais de informática fará com que seu
salário de mercado suba, o que vai atrair muitos candidatos espertos que não irão
querer fazer Economia, resolvendo o problema do desemprego. Mas, além do fato
de esse ajustamento demorar, ou mesmo nunca ocorrer, a economia está em
constante mudança, o que pode alterar novamente as preferências dos empresários
pelos formados em informática – eles podem começar a achar que economistas são
mais úteis. Viram como é difícil para o governo resolver isso?
Este é o caso de desemprego mais famoso de todos, pois seu termo foi cunhado
pelo economista J. M. Keynes (até por isso, esse desemprego às vezes é chamado
de keynesiano). A ideia de Keynes é a seguinte: sabem aquele mecanismo de
ajuste de demanda e oferta de trabalho até o equilíbrio de mercado? Então, ele
disse, esqueçam!
Pelo seguinte, a nossa teoria tradicional prega que os salários se reduziriam até o
ponto em que a oferta igualasse a nova demanda, certo? Keynes afirma que isso
não irá ocorrer. Segundo o autor, os salários dos trabalhadores são rígidos por
diversos motivos, como contratos de trabalho, por exemplo.
Veja no caso do Brasil! Você que vai ser AFT tem de saber que é proibido para
qualquer empregador reduzir o salário de um empregado. Isso é fruto de várias
coisas, como a legislação trabalhista, a participação de sindicatos, contratos de
trabalho, etc.
1) Salário-Eficiência
Em termo simples, sabe aquele colega de trabalho folgado, que só fica na internet e
atrapalhando os outros? Então, como diferenciá-lo de você, um futuro AFT que quer
trabalhar bastante?
A teoria afirma que uma alternativa seria pagar salários acima do equilíbrio de
mercado.
-“Por que”?
Porque, quanto maior o salário, maior será a perda do trabalhador se ele for
apanhado “trapaceando”, ou seja, não trabalhando. Se o seu colega ganhar R$
800,00, a perda decorrente de ser apanhado não é grande, pois há vários trabalhos
que pagam este valor. Entretanto, se ele ganhar R$ 10.000, a perda do emprego
será uma desgraça, pois para alguém como ele conseguir outro trabalho desse será
muito difícil.
Então, valeria a pena para a empresa pagar acima do salário de equilíbrio a fim de
desencorajar a vagabundagem. E por que isso ocorre? Porque os custos de
monitorar todos os trabalhadores, o tempo todo, seria excessivamente alto.
Este salário acima do nível de mercado gera aquele tipo de desemprego involuntário
a là Keynes, tal como vimos acima.
Modelo Incluído-excluído
De acordo com este modelo, os atuais empregados de uma empresa teriam maior
poder de influência nas decisões dos empresários dos que não trabalham na
mesma, ou seja, dos que estão procurando emprego.
Esse poder de influência evitaria a queda salarial durante a recessão, o que geraria
o mesmo tipo de desemprego involuntário que já estudamos.
Histerese
Só guarde isso: histerese não é uma explicação econômica, mas estatística - seus
motivos vão além do escopo deste curso. Até por ser uma explicação estatística,
isso não ocorre sempre, mas há uma probabilidade de que possa ocorrer.
É isso aí! Dê uma voltinha e respire um pouco! Mas, volte logo para os
exercícios!
Exercício 1
Resolução
Falso. Como nós vimos em aulas anteriores, a lei dos rendimentos marginais
decrescentes só implica que, a partir de determinado ponto, trabalhadores
acrescidos ao processo produtivo terão um retorno em termos de produto
decrescente. Mas, em um primeiro momento, quando há muito poucos
trabalhadores na empresa, seu retorno, ainda assim, pode ser crescente durante um
determinado intervalo.
Exercício 2
Resolução
Por exemplo, um(a) aumento (redução) salarial reduz (aumenta) a demanda por
trabalho via efeito escala (pois todos os custos serão maiores) e via efeito
substituição (pois o trabalho será relativamente mais caro que o capital).
Exercício 3
Resolução
Exercício 4
A alta recente das taxas médias de juros e a redução dos prazos para
financiamentos de carros novos deslocam a curva de demanda por trabalho
desse setor para baixo e para a esquerda.
Resolução
Correta.
Olha pessoal, o que você acha que ocorre com o setor de veículos quando estes
fenômenos ocorrem? Isso! Sua demanda por carros vai reduzir (indo de D para D’),
assim:
Exercício 5
Resolução.
Exercício 6
Resolução
De jeito nenhum pessoal. O efeito substituição tem papel significativo quando dois
insumos são substitutos, o que pode gerar, inclusive, um aumento na demanda por
bens de capital se o efeito substituição for superior ao efeito escala.
Exercício 7
Resolução
Errado! Isso pode, inclusive, estar reforçando a lei dos rendimentos marginais
decrescentes, pois esta afirma que a produtividade marginal dos fatores de
produção apresentarão retornos decrescentes quanto mais insumos forem
acrescidos ao processo produtivos, mantendo todos os outros constantes.
Exercício 8
Resolução
Errado! Atenção, a CESPE gosta disso! Produtividade marginal não tem relação
com retornos de escala! Por que? Porque a produtividade marginal se baseia em
alterar a quantidade de um fator e manter todos os outros constantes, enquanto que
os rendimentos de escala tratam do caso em que todos os fatores são alterados
ao mesmo tempo. Rendimentos decrescentes, crescentes ou constantes não
inviabilizam a lei dos rendimentos marginais decrescentes, ok?
Exercício 9
Resolução
Pense um pouquinho pessoal! O que você acha que uma campanha publicitária
faz? Ela diferencia um produto de outro! Ou seja, no caso em questão, ela quer
mostrar que a sandália havaiana não é igual às outras! Se ela é bem sucedida,
os consumidores vão achar:
Isso torna a demanda pela sandália mais inelástica! Lembrem-se das regras da
demanda derivada de Marshall (aula 02)! Como não há substitutos próximos,
uma alteração no preço não irá afetar tanto a demanda, pois “trocar havaiana
por outra sandália não seria a mesma coisa”!
Exercício 10
Resolução
Certo.
Exercício 11
Resolução
𝑹𝑴𝒈 𝑪𝑴𝒈
Qual o único ponto em que não dá para melhorar de situação? É isso aí, quando a
receita marginal for igual ao custo marginal. Neste ponto, não haverá como gerar
mais ganhos para a empresa, pois ela estará obtendo o maior lucro possível.
Exercício 12
Resolução
Não! Ele pode ser uma causa, mas sua existência não implica em desemprego
involuntário, como a alternativa (e) quer te pegar.
Alternativa (b).
Exercício 13
Resolução
Vamos avaliar:
I) Exatamente. Devido ao problema do risco moral, as empresas acharão
que pagar salários acima do nível de equilíbrio é uma estratégia ótima
para evitar a “vagabundagem”.
II) Perfeito, pois quanto maior o salário, mais arriscado para o trabalhador
será “não trabalhar”.
III) Certo. Nós vimos que essa prática gera rigidez salarial e, portanto,
dificulta o ajuste da economia em uma recessão, gerando desemprego
involuntário.
Alternativa (c).
Exercício 14
Resolução
Vamos lá:
a) Perfeito, no pleno emprego o único dos tipos de desemprego que estudamos
que permanece é o friccional.
b) Não! A taxa natural não reflete o desemprego cíclico, somente o friccional e o
voluntário.
c) Errado. Leia alternativa acima.
d) Errado, se não estivermos no pleno emprego haverá desemprego
involuntário.
e) Errado, o desemprego friccional decorre do lapso temporal de busca por
empregos.
Questões Propostas
Exercício 1
Exercício 2
Exercício 3
Exercício 4
A alta recente das taxas médias de juros e a redução dos prazos para
financiamentos de carros novos deslocam a curva de demanda por trabalho
desse setor para baixo e para a esquerda.
Exercício 5
Exercício 6
Exercício 7
Exercício 8
Exercício 9
Exercício 10
Exercício 11
Exercício 12
Exercício 13
Exercício 14
1-F
2-V
3-F
4-V
5-F
6-F
7-F
8-F
9-F
10-V
11-V
12-B
13-C
14-A
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