Contrato Trabalho Domestico
Contrato Trabalho Domestico
Contrato Trabalho Domestico
Sumário da Sessão:
2.2. Despedimento por facto imputável ao trabalhador (Rescisão com justa causa)
I. RESENHA JURISPRUDENCIAL:
– Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra, de 18 de janeiro de 2005 (RUI BARREIROS, Proc. n.º 2387/04, disponível
in www.dgsi.pt) – A autora passou a vir todos os dias para a casa da Ré a fim de lhe fazer todos os serviços domésticos,
dizendo a ré à autora que se tratasse dela, no que fosse necessário, lhe dava todos os seus bens, para o que faria o respectivo
documento. Ora, o TRC entendeu que “esta forma de remuneração não pode qualificar-se de retribuição laboral. E,
podendo haver um contrato de prestação de serviços, não há relação de trabalho, incluindo o trabalho doméstico, sem
retribuição monetária certa e regular. Retribuição que tem a função, para o trabalhador, de satisfação das suas necessidades
pessoais e familiares, o que não se verifica neste caso, pois a recorrida receberia algo não determinado depois da morte da
recorrente; assim, para além da sua sobrevivência durante a vida da recorrente, poder-se-ia mesmo colocar a questão da
recorrida falecer antes daquela! Por outro lado, qualquer remuneração tem de ter uma delimitação qualitativa e outra
quantitativa”.
– Ac. do STJ, de 17 de outubro de 2007 (BRAVO SERRA, Proc. n.º 07S2881, disponível in www.dgsi.pt) – “III. Deve
ser qualificado como de serviço doméstico o trabalho realizado pela autora em duas residências para estudantes do referido
Instituto, cujo núcleo essencial das funções consistia em proceder à orientação geral no que respeita a limpeza, higiene,
alimentação (confecção e serviço), organização e vigilância das sessões de estudo e de toda a actividade dos alunos que
ocorria dentro da residência”.
– Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra, de 20 de julho de 2006 (ANTÓNIO F. MARTINS, Proc. n.º 262/06,
disponível in www.dgsi.pt) – “I. Nos termos do art. 13.º, n.os 1 e 2, do DL 508/80, de 21/10, diploma que definiu o contrato
de serviço doméstico e estabeleceu as regras aplicáveis ao mesmo, a retribuição podia ser paga parte em dinheiro e parte
em espécie, designadamente por alojamento condigno e por alimentação adequada. II. Do diploma que hoje regula o
contrato de serviço doméstico, o DL n.º 235/92, de 24/10, consta normativo idêntico, já que no seu art. 9.º, n.º 2, se
estabelece igual princípio. III. Estando provado que uma trabalhadora doméstica tomava as suas refeições e dormia em
casa da entidade patronal todos os dias da semana, mesmo quando esta estava ausente para férias, devem qualificar-se esse
alojamento e alimentação da trabalhadora como uma prestação regular e periódica, presumindo-se constituir retribuição,
nos termos dos arts 81.º, n.º 2, e 82.º, n.º 3, da LCT.
– Ac. do Tribunal da Relação do Porto, de 9 de dezembro de 2013 (EDUARDO PETERSEN SILVA, Proc. n.º
170/12.5TTVNF.P1, disponível in www.dgsi.pt) – “I. No apuramento da retribuição em espécie de uma trabalhadora de
serviço doméstico, provando-se apenas que recebia alojamento e alimentação, compete ao julgador determinar o valor
dessa retribuição, segundo os valores correntes na região”.
-1-
– Ac. do Tribunal da Relação do Porto, de 18 de dezembro de 2013 (PAULA MARIA ROBERTO, Proc. n.º
282/12.5TTPRT.P1, disponível in www.dgsi.pt) – “I. O Dec.-Lei n.º 88/96, de 03/07, veio consagrar o direito ao subsídio
de Natal para a generalidade dos trabalhadores prevendo a sua aplicação aos trabalhadores vinculados por contrato de
trabalho a quaisquer entidades empregadoras, incluindo, expressamente, os trabalhadores de serviço doméstico. II. Assim,
o artigo 12.º do Dec.-Lei n.º 235/92, de 24/10, encontra-se tacitamente revogado”.
– Ac. do Tribunal da Relação de Guimarães, de 20 de setembro de 2018 (EDUARDO AZEVEDO, Proc. n.º
4677/16.7T8BRG.G1, disponível in www.dgsi.pt) – “III. O art. 12.º do DL 235/92, de 24/10 encontra-se tacitamente
revogado pelo DL n.º 88/96, de 03/07 que consagrou o direito ao subsídio de Natal para a generalidade dos trabalhadores
prevendo a sua aplicação aos trabalhadores vinculados por contrato de trabalho a quaisquer entidades empregadoras,
incluindo, expressamente, os trabalhadores de serviço doméstico”.
– Ac. do Tribunal da Relação de Évora, de 30 de maio de 2005 (CHAMBEL MOURISCO, Proc. n.º 342/05-3,
disponível in www.dgsi.pt) – “I. O art. 28.º do DL n.º 235/92, de 29/10, não prevê a atribuição de compensação ao
trabalhador do serviço doméstico quando o contrato caduque por morte do empregador. 2. Este regime mais restritivo na
atribuição do direito à compensação encontra a sua justificação na natureza especial do serviço doméstico não se
vislumbrando qualquer violação do direito aos princípios da segurança no emprego e da proporcionalidade consagrados
na Constituição da República Portuguesa”.
– Ac. do Tribunal da Relação de Lisboa, de 8 de fevereiro de 2006 (PAULA SÁ FERNANDES, Proc. n.º 6085/2005-
4, disponível in www.dgsi.pt) – “I. O contrato de serviço doméstico configura-se como um contrato de trabalho com regime
especial pelo que as regras gerais do Código do Trabalho (CT) apenas lhe são aplicáveis quando não sejam incompatíveis
com a especificidade deste contrato. II. A norma do n.º 5 do art. 390.º do CT que prevê a existência de compensação legal
nos casos de cessação do contrato por caducidade, em consequência da morte do empregador é de todo incompatível com
a natureza das relações do serviço doméstico, não lhe sendo, por isso, aplicável”.
– Ac. do Tribunal da Relação de Lisboa, de 25 de setembro de 2013 (LEOPOLDO SOARES, Proc. n.º
3013/06.5TTLSB.L1-4, disponível in www.dgsi.pt) – “O internamento de idosa, que padece de demência senil, em
instituição para a terceira idade é susceptível de implicar a caducidade de um contrato de trabalho de serviço doméstico
que a mesmo mantinha com empregada doméstica, não configurando, pois, cessação ilícita do contrato em causa”.
– Ac. do Tribunal da Relação do Porto, de 7 de setembro de 2015 (ANTÓNIO JOSÉ RAMOS, Proc. n.º
628/14.1TTPRT.P1, disponível in www.dgsi.pt) – “III. Tendo o contrato de serviço doméstico cessado por caducidade
com fundamento em impossibilidade superveniente, absoluta e definitiva de a trabalhadora, aqui recorrente, prestar o seu
-2-
trabalho – alínea b) do n.º 1 do artigo 28.º do DL n.º 235/92, de 24 de Outubro – inexiste, por parte da trabalhadora, nesta
situação, qualquer direito a compensação. Pois, a compensação só existe para as situações de caducidade do contrato com
fundamento na d) n.º 1 do art.º 28, do DL n.º 232/92 – ocorrendo alteração substancial das circunstâncias da vida familiar
do empregador que torne praticamente impossível a subsistência da relação laboral (artigo 28.º, n.º 3) – o que
manifestamente não é o caso. IV. Se assim é, não tendo o legislador previsto qualquer direito a compensação pela
caducidade do contrato na situação em apreço, e, sendo essa não previsão intencional, não há que lançar mão da analogia
(cf. artigo 10.º, n.º 2 do Código Civil). O direito a compensação com fundamento na d) n.º 1 do art.º 28, do DL n.º 232/92,
é uma norma excecional e, como tal, insuscetível de aplicação analógica (cf. artigo 11.º do Código Civil). V. Mesmo que
se defendesse que nestas situações se poderia lançar mão do regime geral, a solução não seria diversa. E não o seria,
porque, no âmbito do Código do Trabalho, apenas a caducidade do contrato de trabalho resultante da morte do empregador,
da extinção da pessoa coletiva empregadora e do encerramento total e definitivo da empresa, dá lugar a que o trabalhador
tenha direito a uma compensação calculada nos termos do artigo 366.º do Código do Trabalho – cfr. artigo 346.º n.º 5 do
CT. O Código do Trabalho apesar de prever que o contrato possa cessar por caducidade em virtude de impossibilidade
superveniente, absoluta e definitiva, de o trabalhador prestar o seu trabalho – artigo 343.º, alínea b) – exclui de forma
intencional qualquer direito a compensação por essa cessação”.
– Ac. do Tribunal da Relação de Lisboa, de 26 de junho de 2002 (FERREIRA MARQUES, Proc. n.º 0012864,
disponível in www.dgsi.pt) – “1. A circunstância de o trabalho doméstico ser prestado a agregados familiares e gerar
relações profissionais muito estreitas que postulam um permanente clima de confiança, levou o legislador a instituir para
este tipo de trabalho subordinado um regime especial regulador das relações dele emergentes, primeiro através do
DL508/80, de 21/10, e mais tarde, através do DL235/92, de 24/10. 2. Esse regime especial revela-se, entre outras matérias,
na parte relativa ao despedimento. Enquanto, no regime geral, um trabalhador ilicitamente despedido é, por regra,
reintegrado no seu posto de trabalho salvo se em substituição da reintegração, optar pela indemnização de antiguidade; no
regime especial de serviço doméstico, o trabalhador ilicitamente despedido tem apenas direito à indemnização de
antiguidade, salvo se houver acordo quanto à sua reintegração. 3. O procedimento cautelar de suspensão de despedimento
exige, como suporte, um nexo com a acção de impugnação de despedimento, já instaurada ou a instaurar, na qual seja
viável a imposição da reintegração do trabalhador. E só se for viável e legalmente possível impor essa reintegração na
acção é que se pode requerer a suspensão do despedimento. 4. Na acção de impugnação de despedimento de um trabalhador
de serviço doméstico não é possível condenar os réus a reintegrá-lo. 5. Ora, não podendo obter-se através da providência
cautelar mais do que aquilo que se pode vir a obter com acção de que depende, tem obviamente de concluir-se que não
pode decretar-se a suspensão de um despedimento no âmbito de um contrato de serviço doméstico, por quanto sendo
inviável a reintegração do trabalhador, não pode aplicar-se, em sede de procedimento cautelar, uma medida que depois
não poderia vir a ser aplicada na decisão final da acção principal”.
– Ac. do STJ, de 9 de março de 2004 (FERNANDES CADILHA, Proc. n.º 03S3781, disponível in www.dgsi.pt) – “I.
No contrato de serviço doméstico a justa causa de despedimento deverá ser analisada num contexto específico, em que
sobreleva a particular relação de confiança e convivência que deverá existir entre as partes; II. Estando em causa factos
-3-
relativos à lesão de interesses patrimoniais do empregador e do seu agregado familiar, a sua avaliação, para efeito de
constituir justa causa de rescisão, terá de ser efectuada, não no estrito plano da sua relevância jurídico-penal, mas no
contexto específico da relação laboral e em consideração da sua adequabilidade como motivo de despedimento. III. O
sentimento de desconfiança e o ambiente de mal estar e insegurança gerados pela suspeição relativamente à honorabilidade
de uma trabalhadora, expressamente mencionados na nota de culpa e comprovados judicialmente, são suficientes para
justificar o despedimento, ainda que se não tenha feito a prova de que os factos imputados assumiam dignidade penal”.
– Ac. do STJ, de 9 de setembro de 2009 (SOUSA GRANDÃO, Proc. n.º 09S0155, disponível in www.dgsi.pt) – “I. No
âmbito de uma acção de impugnação de despedimento, os vícios procedimentais relevantes são apenas aqueles pelos quais
deva ser responsabilizado o empregador. II. Tendo a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE)
deliberado não emitir parecer prévio relativo ao despedimento de trabalhadoras titulares de contrato de trabalho de serviço
doméstico, que se encontrem grávidas, puérperas ou sejam lactantes, por entender que, no caso específico do trabalho
doméstico, não há lugar à emissão do parecer a que alude o art. 51.º do CT, tal deliberação corresponde à enunciação de
um princípio geral extensível a todos os casos atinentes ao contrato de trabalho doméstico. III. Assim, tendo, a propósito
de outra infracção praticada pela trabalhadora em data anterior, a entidade empregadora obtido essa deliberação da CITE,
não lhe é exigível que solicite novo parecer à CITE quando, mais tarde, está perante outra infracção disciplinar da
trabalhadora, na qual fundamenta a justa causa para o seu despedimento. IV. A não existência desse parecer, nestes casos,
não determina a invalidade do procedimento disciplinar por corresponder a comportamento omissivo de terceiro, não
imputável à entidade empregadora. V. No contrato de serviço doméstico, o conceito de justa causa de despedimento é
adaptado à natureza especial da relação em causa e a apreciação, em concreto, da justa causa deverá ser efectuada tendo
em atenção o carácter das relações entre as partes, nomeadamente a natureza dos laços de relacionamento entre o
trabalhador e o agregado familiar a que presta serviço. VI. Constitui justa causa de despedimento o comportamento da
trabalhadora de serviço doméstico, pese embora não particularmente detalhado, mas que determinou que o menor de 6
anos, filho do casal para quem aquela prestava o seu serviço e que por ela era acompanhado e cuidado desde os dois meses
de idade, sem nunca anteriormente ter expressado qualquer medo de com ela conviver, passasse a reflectir uma atitude de
ostensiva rejeição à presença e ao convívio com a Autora, consubstanciada num choro repetido e em dificuldades em
conciliar o sono. VII. Estando provado que essas reacções do menor decorreram do comportamento assumido pela
trabalhadora, não pode deixar de se pressupor que a mesma assumiu para com o menor um comportamento diferente do
habitual e suficientemente repercutível na alteração da sua estabilidade emocional, o que abala, em definitivo, a relação
laboral pela perda de confiança na trabalhadora, no tocante à sua capacidade para continuar a cuidar do menor”.
– Ac. do Tribunal da Relação do Porto, de 26 de abril de 2010 (ALBERTINA PEREIRA, Proc. n.º
112/07.0TTLMG.P1, disponível in www.dgsi.pt) – “I. O contrato de serviço doméstico é um contrato de trabalho com
regime especial, cuja especificidade reside na forma particular como a actividade é prestada, que assenta numa relação de
proximidade e de confiança de tipo quase familiar. II. Neste contrato, em caso de despedimento ilícito, o trabalhador tem
apenas direito à indemnização por antiguidade, salvo se houver acordo quanto à sua reintegração, não sendo devidos os
salários intercalares”.
-4-
– Ac. do Tribunal da Relação do Porto, de 29 de fevereiro de 2016 (DOMINGOS MORAIS, Proc. n.º
1206/14.0T8MTS-A.P1, disponível in www.dgsi.pt) – “I. A acção de impugnação judicial da regularidade e licitude do
despedimento é aplicável à impugnação de despedimento, comunicado por escrito, no âmbito de contrato de trabalho
doméstico. II. Em tal acção apenas devem ser apreciados os factos integradores da justa causa do despedimento, descritos
na comunicação escrita, devidamente concretizados no modo, tempo e lugar. III. Em caso de ilicitude do despedimento, a
indemnização deve corresponder a um mês de indemnização por cada ano ou fracção, fracção que corresponde a um mês
de retribuição (e não ao valor apurado do seu cálculo proporcional).
– Ac. do STJ, de 11 de abril de 2018 (FERREIRA PINTO, Proc. n.º 19318/16.4T8PRT.P1.S1, disponível in www.dgsi.pt)
– “I. O contrato de serviço doméstico está sujeito a um regime especial [é regulado pelo Decreto-Lei n.º 235/92, de 24 de
outubro, e pelas normas gerais do Código de Trabalho que não sejam incompatíveis com a sua especificidade (artigo 9.º,
do CT)], pois a circunstância de ser prestado a agregados familiares, e, por isso, gerar relações profissionais com acentuado
carácter pessoal, exige que o seu regime se configure como especial, dado o permanente estado de confiança que deve
existir entre empregador e trabalhador. II. Constituindo o despedimento estruturalmente um negócio jurídico unilateral
recetício, a vontade do empregador, de fazer cessar o contrato de trabalho, tem que ser “inequívoca” e “concludente”, pelo
que somente são admitidos os “despedimentos tácitos”, também chamados “de facto”, que estejam corporizados num seu
comportamento evidente e claro, do qual decorra, necessariamente, a manifestação da sua vontade de romper a relação
laboral. III. Na ação de impugnação de despedimento, compete ao trabalhador, nos termos do artigo 342.º, n.º 1, do CC,
alegar e provar a existência de um contrato de trabalho e a sua cessação, através de despedimento promovido pelo seu
empregador, por serem factos constitutivos do direito invocado. IV. O facto de, durante uma troca de palavras entre
empregador e trabalhador, por causa do desaparecimento duns “socos”, aquele tirar-lhe as chaves da sua casa, que ele
detinha para abrir a porta quando fosse trabalhar, não é, por si só e sem mais, revelador e indicador de que o estava a
despedir”.
– Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra, de 26 de outubro de 2018 (FELIZARDO PAIVA, Proc. n.º
121/07.0T8FIG.C1, disponível in www.dgsi.pt) – “[…] X. Conforme resulta deste regime das relações de trabalho
emergentes do contrato de serviço doméstico, no caso de despedimento com alegação insubsistente de justa causa e que
venha a ser judicialmente declarado como tal, o mesmo confere ao trabalhador o direito a uma indemnização
correspondente à retribuição de um mês por cada ano completo de serviço ou fracção, nos casos de contrato sem termo e
às retribuições vincendas, nos casos de contrato com termo certo – artigo 31.º do citado DL n.º 235/92, de 24/10. XI.
Significa isto que os trabalhadores do serviço doméstico com contrato sem termo, no caso de despedimento ilícito, têm
direito a receber uma indemnização mas já não as retribuições que deixaram de auferir desde o despedimento até ao trânsito
em julgado da decisão do tribunal que declare a sua ilicitude, ou seja, a compensação a que alude o artigo 390.º do CT.,
sendo que, “ao contrato de trabalho com regime especial aplicam-se as regras gerais deste Código que sejam compatíveis
com a sua especificidade” - artigo 9.º do CT. XII. O contrato de serviço doméstico rege-se por uma legislação especial
que, no respeitante aos efeitos do despedimento ilícito, apenas prevê uma indemnização por antiguidade mas já não a
reintegração, sendo que, a “declaração de ilicitude do despedimento não produz efeitos retroactivos, não repõe em vigor
o contrato de trabalho a que o empregador, malogradamente, havia tentado por cobro, pelo que não se operando a
restauração natural, não existe direito à reintegração do trabalhador, nem tão pouco ao recebimento dos salários de
tramitação”.
-5-
3.3. Quanto ao abandono do trabalho:
– Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra, de 14 de setembro de 2018 (JORGE MANUEL LOUREIRO, Proc. n.º
3014/17.8T8VIS.C1, disponível in www.dgsi.pt) – “No contrato de trabalho de serviço doméstico, a cessação do contrato
de trabalho pelo abandono do trabalho previsto no art. 25.º/3 do DL 235/92, de 24/10, não depende de qualquer tipo de
comunicação do empregador ao trabalhador, designadamente da que se encontra exigida no art. 34.º/5 do mesmo diploma
legal”.
-6-
II. INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS (nacionais):
AGRIA, Fernanda – “Serviço Doméstico – Problemas e Soluções”, Estudos Sociais e Corporativos, Ano VII (Junho 1968), n.º 26,
pp. 52-101.
ALEGRE, Carlos – Contrato de Serviço Doméstico Anotado. Decreto-Lei n.º 508/80, de 21 de Outubro, Coimbra, Almedina, 1981.
– Contrato de Serviço Doméstico Anotado. Decreto-Lei n.º 235/92, de 24 de Outubro, Lisboa, Vega, 1994.
CARVALHO, Catarina de Oliveira – “Trabalho no domicílio, trabalho doméstico e trabalhos de cuidado no ordenamento jurídico
português: primeira leitura à luz das Convenções da OIT”, in Documentación Laboral, 2019, n.º 116, vol. I, pp. 41-56.
CLAÚDIA, Campos – O Contrato de Serviço Doméstico Anotado. Do período experimental ao tempo de trabalho, Nova Causa
Edições Jurídicas, 2020.
FREIRE, Manuel Leal – Os contratos de serviço doméstico e trabalho rural, Porto, Elcla Editora, 1996.
HENRIQUES, Cláudia Rosa – “Contrato de Serviço Doméstico – âmbito de aplicação e formas de cessação”, Questões Laborais
(2017), Ano XXIV, n.º 50, pp. 83-120.
GOMES, Maria Irene – “Cessação do contrato de trabalho doméstico – Ac. do TRP de 6.11.2017, Proc. 22377/16.6T8PRT.P1”,
Cadernos de Direito Privado (2021), n.º 73, pp. 13-34.
JÚLIO, Alda Maria Ferreira – “Comentário ao Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 17 de Novembro de 1999 – Contrato
de Trabalho de Serviço Doméstico; inexistência de subordinação jurídica”, Direito e Justiça, vol. 18, I, 2004, pp. 209-
230.
LOUREIRO, José Carlos – “Servindo vário(s) senhor(as): Domus, Exclusão e Discriminação – Nótula sobre a segurança social dos
trabalhadores do serviço doméstico”, in Estudos em Homenagem ao Prof. Doutor Sérvulo Correia, vol. IV, Coimbra,
Coimbra Editora, 2010, pp. 232.
LOURENÇO, José Acácio – “Algumas considerações sobre o regime jurídico do trabalho rural e do serviço doméstico”, Estudos
sobre Temas de Direito do Trabalho, Lisboa, 1979, pp. 49-58.
RAMALHO, Maria do Rosário Palma – “Contrato de serviço doméstico”, in Tratado de Direito do Trabalho – Parte IV – Contratos
e Regimes Especiais, Coimbra, Almedina, 2019, pp. 265-307.
SILVA, Filipe Fraústo da – “Sobre a exigência legal de forma escrita para o despedimento no contrato de serviço doméstico”,
Questões Laborais (2000), Ano VII, n.º 16, pp. 232-237.
– “Serviço doméstico, intimidade e despedimento”, Revista de Direito e de Estudos Sociais (2001), Ano XLII (XV da 2.ª
Série), n.os 3-4, pp. 227-309.
– “Em torno do contrato de trabalho doméstico”, Prontuário de Direito do Trabalho (2001), n.º 60, CEJ, pp. 86-100.
VENTURA, Victor Hugo – O Regime do Contrato de Serviço Doméstico, Lisboa, AAFDL, 2021.
-7-