Além Do Holocausto, o Livre-Arbítrio Da Representação Ficcional em Diferentes Mídias
Além Do Holocausto, o Livre-Arbítrio Da Representação Ficcional em Diferentes Mídias
Além Do Holocausto, o Livre-Arbítrio Da Representação Ficcional em Diferentes Mídias
diferentes mídias.
Thamilis Tatylla G Avelino* (IC), Émile Cardoso Andrade (PQ)
E-mail: thamilistatylla@gmail.com
Resumo: A ficção dispõe de certa forma uma liberdade representacional em diferentes meios
artísticos, usando frequentemente como base um contexto histórico. Essa pesquisa parte de uma
análise centrada nessa liberdade, utilizando como ponto de partida o Holocausto, que tem se tornado
progressivamente um dos assuntos mais citados na contemporaneidade, tanto nas artes como em
diferentes mídias. Com isso, fotografias, obras cinematográficas, romances, quadrinhos e outros, se
tornaram as maneiras mais utilizadas para retratar tal contexto. Diante deste fato, a proposta é fazer
uma análise teórica e intermediática sobre a ficção, refletindo sua forma particular de criar e
representar, passeando pelos “bosques da ficção”, usando como objetos de estudo o romance gráfico
Maus (2005), do sueco Art Spiegelman, O menino de pijama listrado (2008), do diretor e roteirista
britânico Mark Herman. Com base nos conceitos Aristotélicos sobre mímeses e verossimilhança,
abordando o que Roland Barthes chama de “efeito de real”, surgem diferentes olhares sobre a
narrativa.
Introdução
Poder. Segregação. Exclusão. Homicídios. Palavras que fizeram parte do
Holocausto, mas que também podem servir à ficção; como base para o enredo de
um romance; uma trama trágica do cinema; ou uma história em quadrinhos
representada através de personagens metafóricos. Diante deste fato, temos como
proposta apresentar uma análise teórica e intermediática sobre a ficção, refletindo
sua forma particular de criar e representar, passeando pelos “bosques da ficção”
(ECO, 1994). Embora o Holocausto seja um fato do século XX, as teorias que foram
utilizadas e as discussões são atuais, traçando paralelos com discussões
contemporâneas dos estudos literários de representação e intermídias.
Indubitavelmente, a pesquisa é pertinente, a partir do ponto em que a
literatura é um vasto campo de estudo, com diferentes objetos. Utilizam-se como
base os conceitos Aristotélicos sobre mímesis – representação, imitação, e
verossimilhança, e abordando o que Roland Barthes chama de “efeito de real”
(BARTHES, 2004). Com essa afirmação, faz-se necessário ao analisar uma obra
literária, compreendê-la dentro do contexto em que foi escrita e quais detalhes são
importantes para a compreensão da mesma.
Material e Métodos
Partimos de uma leitura e compreensão da ampla biografia sobre o
Holocausto. Com isso, foi possível ter uma base de suma importância para as outras
etapas da pesquisa. Obras lidas como Minha luta, escrita pelo líder do partido
Nazista Adolf Hiiter e A indústria do Holocausto (FINKELSTEN, 2001);
Documentários como: Noite e Neblina (1955), dirigido pelo francês Alain Resnais e
Arquitetura da destruição (1989), dirigido pelo sueco Peter Cohen; Filmes como: A
Lista de Schindler (1993), do americano Steven Spielberg e o Diário de Anne Frank
(1959) do americano George Stevens, entre outras obras, proporcionaram o
entendimento mais detalhado do contexto exposto.
Também foram levantadas leituras sobre a narrativa literária tais como
(SANTOS, 2001; BARTHES 2004; ISER,1996;), leituras também sobre a teoria de
comunicação e intermídias (BULHÕES, 2009; MÜLLER, 2007; MACHADO, 2010),
além de teoria sobre a estética dos quadrinhos (EISNER,1999).
Esses estudos proporcionaram uma articulação entre as leituras dos
romances com as teorias e bibliografias, envolvendo também a articulação com
obras cinematográficas e quadrinhos, com suas respectivas teorias.
Resultados e Discussão
O Holocausto tem se tornado cada vez mais um dos assuntos citados na
contemporaneidade, tanto nas artes como nas formas midiáticas. Com isso, as
fotografias, obras cinematográficas, romances, quadrinhos, entre outros, se
tornaram as formas mais utilizadas para representar o contexto histórico citado.
Segundo Sontag (2003), a imagem, em especial a fotografia, atraiu um imediatismo
e uma autoridade maior que o relato verbal para propagar os horrores da produção
de morte em massa. Diante desse obstáculo da palavra, a proposta da imagem é
agir mutualmente com o texto como forma de expandir as fronteiras do
representável. Diante desse fato, a imagem exerce um papel fundamental no texto,
sendo possível destacar algumas informações em destaque. Uma reprodução
imagética traz uma síntese de traços, cores, entre outros elementos visuais em
simultaneidade.
Uma forma pluridisciplinar, fazendo essa interação de texto-imagem para
representar o Holocausto é possível ser encontrada no quadrinho ganhador do
prêmio Pulitzer Maus (1986-1991) – “rato” em alemão – produzido pelo ilustrador e
cartunista Art Spielgelman, um judeu sueco, filho de Vladek e Anja Spiegelman. A
obra em geral narra a luta pela sobrevivência de seu pai – um judeu polonês –
durante o Holocausto, tendo como embasamento o testemunho do mesmo. Segundo
Eisner (1999), a obra é considerada um graphic novel, ou um romance gráfico, forma
de classificar um tipo particular de quadrinhos que transforma a literatura e história
em quadrinhos comics. Essa classificação tem um caráter biográfico e romanesco.
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