UFRJColoquio Padicos
UFRJColoquio Padicos
UFRJColoquio Padicos
sobre eles
Enno Nagel
Conteúdo
1 Números p-ádicos 1
1.1 .. diretamente via a norma p-ádica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 .. explicitamente via a expansão p-ádica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 .. topologicamente via o limite inverso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Notas algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Cálculo 5
2.1 Funções diferenciáveis sobre os números reais . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Funções r-vezes diferençáveis sobre espaços p-ádicos vetoriais . . . . . . . . 6
3 A base de Mahler 8
1 Números p-ádicos
1.1 .. diretamente via a norma p-ádica
Uma norma sobre os números racionais Q é um mapa k·k : Q → R≥0 tal que
1. kxk = 0 ⇔ x = 0,
2. kxyk = kxkkyk, e
3. kx + yk ≤ kxk + kyk.
Teorema 1.1 (Ostrowsi). Toda norma sobre Q é equivalente à norma usual |·| ou a uma
norma p-ádica |·|p para um número primo p.
1
Denotamos daqui em diante por p um número primo. Os números p-ádicos foram
introduzidos há cerca 100 anos atrás por Kurt Hensel. A inventação relativamente recente -
em comparação a vida longa dos numeros reais pelo menos - pode ser devida à natureza
contra-intuitiva desta valorização: A valorização p-ádico |·|p sobre Z mede quantas vezes p
aparece na fatoração de um número inteiro. (Mas contra-intuitivamente diminui quando a
potencia de p cresce.)
Definição. Seja a ∈ Z. Pomos |a|p = 1/pe se a = a0 pe com p não dividindo a0 .
Nota. A contra-intuição da norma p-ádica manifesta-se na propriedade seguinte e mostra a
diferença principal da norma usual: A norma |·|p é não-arquimedana, isto é |1+· · ·+1| ≤ 1.
Esta norma estende-se multiplicativamente aos números racionais Q. Conforme a R,
consistindo de todos os limites em Q relativamente à valorização |·|, declaramos analoga-
mente:
Definição. Os números p-ádicos Qp são o completamento de Q relativamente à norma
|·|p .
ai pi = a−N p−N + · · · + a0 + a1 p1 + a2 p2 + · · ·
X
com ai ∈ {0, . . . , p − 1}.
i≥−N
Visto que as operações do corpo são continúas com respeito a topologia p-ádica, a
multiplicação e adição são efeituadas naturalmente: O produto das expansões truncadas
dos fatores converge ao produto das expansões inteiras.
Exemplo. 1. Temos −1 = 111111 . . . em Q2 . (Expansão binária.)
2. Temos 1/2 = 2−1 em Q2 e 1/2 = (pn + 1)/2 → (0 + 1)/2 = 1/2 em Qp para p > 2.
Nota. Notamos duas diferenças com a expansão decimal dos números reais.
1. Todo número real há um sinal ± único. Isto não vale sobre os números p-ádicos, veja
àcima. Concluı́mos que Qp não é ordenado.
2. Do outro lado, a expansão p-ádica é única. (Ao passo que 0, 9̄ = 1 em R.)
A seguna observação é uma consequência da inequalidade triangular forte que
enuncia |x + y| ≤ max{|x|, |y|}.
2
1.3 .. topologicamente via o limite inverso
ai p i e b = bj pj , então
P P
De fato, se expendermos a = i≥I j≥J
ai pi : ai ∈ {0, . . . , p − 1}}
X
Zp = B≤1 (0) = {x ∈ Qp : |x|p ≤ 1} = {
i≥0
em Qp é um anel.
Hasse popularizou esses números mostrando que algumas propriedades podem ser ve-
rificadas localmente, isto é se uma propriedade aritmética de um número x ∈ Q vale em
todos os Qp para p qualquer, então ela vale em Q também.
3
Agora resta a questão quando a solvabilidade local, isto é em todos os Qp para todos p
primos, é suficiente para solvabilidade global, isto é em Q. Isto é falso em geral, mas se vala
facilita a vida bastance. Temos por exemplo o seguinte.
4
2 Cálculo
Recordamos que por causa da inequalidade triangular forte Qp é topologicamente desconecto.
Estudamos este fenómeno mais geralmente: Seja daqui em diante K um tal corpo completo
non-Arquimediano.
Por causa da topologia totalmente desconecta, não haverá nenhum equivalente do Te-
orema do Valor Intermediário, e portanto do mesmo modo nem
f (x) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim
x→x0 x − x0
é completo.
5
Proposição 2.2. A função f ∈ C 1 (X, R) se e só se a função
f (x) − f (y)
f ]1[ (x, y) =
x−y
definida para todos x, y ∈ X desiguais estende-se a um função f [1] : X × X → R contı́nua.
Demonstração. A direção ⇐ é fácil. Na outra direção, se (x, y) → (a, a) ∈ X × X. Então
f ]1[ (x, y) = f 0 (ξ) → f 0 (a) = f [1] (a, a) com ξ ∈ [x, y]
onde a primeira identidade é verdadeira graças ao TVM e a segunda porque f é contı́nua.
Isto é suficiente visto para ver que f [1] for contı́nua em todos os lugares como f [1] (X × X) ⊆
f ]1[ ({(x, y) ∈ X × X diferentes}) pela construção.
Corolário. (Seja X compacto.) O espaço C 1 (X, R) é completo.
Demonstração. Como visto acima pelo TVM, a norma kf k = max{kf ksup , kf [1] ksup } é igual
a norma
kf kC 1 = max{kf ksup , kf 0 ksup }.
Quanto a primeira norma, esta proposição é clara.
6
Diferenciabilidade iterada
Isto não permite diretamente dar uma definição de diferenciabilidade general, mas motiva a
boa perspectiva para proceder em geral.
(x + h, x) 7→ A ∈ HomK (V, E)
com
Com esta definição concluı́da podemos estudar as propriedades destas funções. Visto
que a definição é complicada e até o momento não tı́nhamos muita teoria sobre a dife-
renciabilidade, mesmo as propriedades naturais exigem de bastante trabalho para verificá-las.
7
3 A base de Mahler
Seja E um corpo completo non-Arquimediano e oE o seu anel de inteiros (dado como bola
de unidade). Definimos
C 0 (Zp ) = { todas funções contı́nuas f : Zp → E},
e Z
D0 = { todas formas lineares contı́nuas : C 0 (Zp ) → E}.
Visto que Zp = lim Z/pn Z, segue de um fato geral que D(Zp ) = E ⊗oE lim oE [Z/pn Z]: De
←− ←−
fato, observamos que
E[Z/pn Z] = { as funções localmente constantes }
[
n∈N
são densos em C 0 (Zp ) e por conseguinte obtemos dualmente, uma forma linear sendo
continúa se e somente se ela é limitado, que
D0 (Zp ) = E ⊗oE lim oE [Z/pn Z] =: E ⊗oE oE [[Zp ]].
←−
Visto que Zp é topologicamente cı́clico, gerado pelo elemento 1 por exemplo, obtemos o
isomorfismo de Iwasawa
∼
oE [[Zp ]] → oE [[X]]
1 7→ X − 1.
Concluı́mos
∼
E ⊗ oE [[X]] → D(Zp ).
Pela dualidade de Schikhof, obtemos que
∼
c0 (N) → C 0 (Zp )
!
x
en 7→ .
n
Aqui c0 (N) significa as sequencias
que vão ao nulo, en a sequencia cujo única coordenada
x
não-nula é 1 na posição n e n = x(x − 1) · · · (x − n)/n!. Sob este isomorfismo canônico, a
imagem de C r (Zp ) ⊆ C 0 (Zp ) permite a descrição concisa seguinte.
Teorema 3.1. Temos o isomorfismo
∼
cr (N) = {(an ) : |an |nr → 0} → C r (Zp ).
x
Isto é, uma função f : Zp → E é r-vezes diferenciável se e somente se f (x) =
P
an n
com
|an |nr → 0.
Remarcamos que a noção de diferenciabilidade fracionária em [Nagel(2011)] foi introdu-
zida para obter esta descrição acima.
8
Referências
[Nagel(2011)] Nagel, E., 2011. Fractional non-archimedean differentiability. Münstersches
Informations- und Archivsystem für multimediale Inhalte (miami.uni-muenster.de),
1–187.