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Língua Umbundo - Wikipédia, A Enciclopédia Livre

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Língua umbundo

provérbios do povo humbudo


Umbundu
Falado(a) em:  Angola
Região: Benguela, Huambo e Bié
Total
6980000 (2018)
de falantes:
Família: Nigero-congolesa

 Atlântico-Congo

  Volta-Congo

   Benue-Congo

    Bantóide

     Meridional

      Banto-estreito

       Central

        Njila

         Njila do Sul

          Cunene

           Umbundu
Escrita: Alfabeto Latino
Códigos de língua
ISO 639-1: --

ISO 639-2: umb

ISO 639-3: umb (http://www-01.sil.org/iso639-3/documentation.asp?id=um


b)

Umbundu[1][2][3][4] (umbundu; m'bundo, mbundu do sul, nano, mbali, mbari ou mbundu de Benguela)
é uma língua banta falada pelos ovimbundos povo originário das montanhas centrais de
Angola.[5] É a língua banta mais falada em Angola.[6][7]

O principal grupo étnico que a utiliza é o dos ovimbundos, que se concentra no centro-sul do
país. Um terço da população angolana pertence a este grupo étnico. Esta língua é usada por
cerca de 7 milhões[8] de pessoas como primeira ou segunda língua em Angola e é também
falada na Namíbia.

A grafia do nome da língua, sendo redigido umbundu no português angolano que este artigo
prioriza e umbundo em demais variações, como a portuguesa.
Difusão

O umbundu é falado principalmente nas províncias centrais de Angola (Bié, Huambo e


Benguela), mas também em outras regiões do país, como Huila, Cuando-Cubango, Moxico,
Namibe, Cuanza Sul, Malanje, Lunda Norte, Lunda Sul e Luanda.[9] Isso se deve ao êxodo rural de
falantes da língua causado pela Guerra Civil Angolana, espalhando seu uso. Muitas palavras do
umbundu passaram para a língua portuguesa fora de Angola, como em Portugal, mas
especialmente no Brasil.

Utilização

Umbundu, apesar de não ser reconhecido como uma das línguas nacionais de Angola, tem sido
usado extensivamente em projetos de alfabetização, incluindo um notavelmente conduzido pela
UNESCO em 1981-1982, que padronizou sua ortografia. Também é utilizado na Rádio Nacional
de Angola. É uma língua de comércio no país e se encontra em situação ativa,[8] classificada
como nível 3 na Escala de Interrupção Intergeracional Graduada Expandida (EGIDS).[10]

Enquanto 71,1% da população do país fala português, 23% fala umbundu, sendo as próximas
línguas mais faladas congo e quimbundo, com 8,2% e 7,8% de falantes respectivamente.[9]

Inventário Fonético

Consoantes

Consoantes do umbundu
Labial Alveolar Palatal Velar Glotal

simples p t t͡ʃ k
Plosiva
pré-nasal ᵐb ⁿd d͡ʒ ⁿg

Fricativa fv s h

Nasal m n ɲ ŋ

Aproximante w l j

Vogais
Vogais do umbundu
Anterior Central Posterior

Fechada iĩ uũ

Semifechada eẽ oõ

Aberta aã

Tons

Um tom alto é marcado pelo primeiro acento agudo (´) de uma palavra, enquanto um tom baixo
é marcado por acento grave (`). Todas as sílabas sem acento têm o mesmo tom da sílaba
anterior e, desde o começo de uma palavra até a ocorrência de um acento agudo, todas as
sílabas têm tom baixo.

Consoantes

Ocorrem algumas consoantes compostas no umbundu, que não contam como sendo duas
consoantes seguidas. Essas consoantes compostas são: ch, cuja pronúncia é [t͡ʃ], e nj, com
pronúncia [ⁿd͡ʑ].

Vogais

O encontro de dois sons vocálicos de duas palavras seguidas (no final de uma e no começo de
outra) causa modificações como mostradas a seguir:

Vogal final Vogal inicial Pronúncia

a a a

a e e ou ae

a i e ou ai

a o a ou, raramente, u

a u o ou au

o qualquer vogal u

As combinações de vogal (como au, ai, eu, oi) apresentam acento tônico na penúltima vogal se
são finais na palavra. Se forem seguidas de consoante, o acento tônico está na ultima vogal.
Tanto i quanto u são semivogais quando seguidos de qualquer outra vogal.
Escrita

Alfabeto

O umbundu possui um alfabeto que foi padronizado por um projeto de alfabetização da


UNESCO entre 1981 e 1982. Esse alfabeto é constituído por cinco vogais, como no português a,
e, i, o e u, e por dezoito consoantes mais duas consoantes compostas.[11]

Vogais

a e i o u

[a] [e] [i] [o] [u]

Consoantes Compostas

b c d f g j k l m ch

[ᵐb] [ʃ] [ⁿd] [f] [ⁿg] [d͡ʒ] [k] [l] [m] [t͡ʃ]

ny n p r s t v w y nj

[ɳ] [n] [p] [r] [s] [t] [v] [w] [j] [ⁿd͡ʒ]

Regras de escrita

No umbundu, palavras podem começar com vogais ou consoantes, mas terminam sempre em
vogais. Não ocorrem consoantes dobradas nem duas consoantes quaisquer seguidas
(consoantes compostas não são consideradas como duas consoantes seguidas), com exceção
de m antes de p e b ou n antes de g, j e d. Neste caso, m e n representam somente a nasalização
da consoante que o segue.[12]

Morfologia

Nomes

Gênero e classes

Gênero

No geral, não há indicação de feminino e masculino no umbundu, e as palavras indicam toda a


classe de seres a que condizem, sem especificação de gênero. Existem poucas exceções, como
homem (u-lume) e mulher (u-kai), boi (o-ngombe) e vaca (o-njindi), rapaz (oku-enjo) e rapariga (u-
feko), irmão (e-kota) e irmã (omu-kai). Se for necessária a indicação de gênero, se inclui, após a
palavra à qual se quer atribuir um gênero, seu prefixo nominal correspondente seguido de -lume
para o masculino e -kai para o feminino como em ochi-kenge ochi-kai (periquito fêmea) e ochi-
kenge ochi-lume (periquito macho).

Classes

Todos os nomes no umbundu são classificados por meio da atribuição de prefixos. São
chamados de prefixos nominais os que compõem o nome a que se referem e indicam classe e
número, variando com singular e plural. Já os prefixos chamados de pronominais se antepõem
a outros termos (como verbos, advérbios, adjetivos) que se referem a um nome para indicar
concordância entre o nome e o termo.

O umbundu tem nove classes, cada uma com um prefixo para o singular e um para o plural, com
três classes tendo duas versões (ver classes completas e reduzidas na seção de artigos). Essas
classes abrangem diferentes tipos de substantivos, como seres animados, partes do corpo
humano, utensílios, termos abstratos e diminutivos.
Classe
Prefixos
Prefixos nominais
(numeração pronominais
varia de Abrange
acordo com Muito ou
Singular Plural Singular Plural
autores) pouco usada

1a omu- oma- pouco


u- a-/va- seres animados
1b u- a- muito

2a omu- omi- pouco


u- vi- seres inanimados
2b u- ovi- muito

partes do corpo
humano e termos
3a i- ova- pouco abstratos que vêm em
números grandes ou em
li- a-/va-
pares

grandezas, partes do
3b e- a- muito corpo humano e termos
abstratos

ochi- chi- predominam utensílios


muito
e instrumentos, inclui
otxi- em txi- em
4 ovi- (classe mais vi- animais, causa, função,
algumas algumas
numerosa) aumentativos e alguns
grafias grafias
nomes estrangeiros

sem prefixo, predominam nomes de


5 somente artigo olo- muio i- vi- animais, derivados de
definido o- verbos e estrangeiros

6 olu- olo- pouco lu- vi- extensão

muito usada,
mas com
diminutivo e coisas
7 oka- otu- poucos ka- tu-
pequenas
termos
originais

8 ou- au- pouco u- a-/va- abstratos,


*em especialmente vindos
geral de nomes concretos
não
admitido

oku-

(prefixo mais
partes do corpo
usado para
9 ova- pouco ku- a-/va- humano e expressões
indicar
verbais
infinitivo em
verbos)

Artigos

O o- que precede muitos dos prefixos é o único artigo presente na língua. Ele é um artigo
definido e não sofre flexão de gênero nem de número. As classes em que ambos os prefixos
nominais (singular e plural) contêm esse artigo são consideradas em forma completa, enquanto
as que não os têm são chamadas de forma reduzida. Classes com um prefixo contendo o artigo
e outro não são chamadas de semirreduzidas. Para as classes que têm formas completas e
formas reduzidas ou semirreduzidas, a forma semirreduzida ou reduzida é mais usada.

Derivação nominal

Por via de regra, substantivos derivam de verbos (e nunca o contrário) e, muito raramente, de
outros substantivos.

Genericamente, a derivação de substantivos simples a partir de verbos ocorre por meio da


substituição de um prefixo verbal por um prefixo nominal, cuja classe varia dependendo da
relação entre o substantivo formado e o verbo inicial, e da mudança da vogal final do radical.

A derivação a partir de outros substantivos acontece pela troca de um prefixo nominal por outro
e, também, pela modificação da última vogal do radical.

Já a derivação de substantivos compostos ocorre principalmente de duas maneiras. A primeira


é a junção de dois termos que se complementam para a formação de um termo mais
específico, como o-njo i-a o-hama (casa de cama) se torna o-njohama (quarto de dormir). Já a
segunda maneira gera termos que indicam posse de uma característica, como gentílicos e
profissões. Um exemplo de gentílico é u-nkumbi (natural do Humbe), e um exemplo de posse de
uma característica é a derivação de u-longo (conversa) para uku'-ulongo (conversador).

Substantivos simples

Caso Modificação Exemplo

oku-kava
Troca do prefixo indicador do infinitivo do verbo (oku-) para o
(estar
prefixo da classe 1b (u-, a-) correspondente e modificação da
Agentes de verbo cansado)
última vogal do radical para o correspondente da classe 3b (e-,
para e-kavo
a-) e modificação da última vogal do radical para o.
(cansaço)

oku-tunga
Objeto de uma Troca do prefixo para o correspondente da classe 4 (edificar)
ação expressa (otchi-/otxi-, ovi-) e modificação da última vogal do radical para para ochi-
pelo verbo u ou i . tungu
(edifício)

oku-landa
Para a (comprar)
Troca do prefixo para o correspondente da classe 5 (o-, olo-) e
ação para o-
modificação da última vogal do radical para a.
Nome em si ndanda
descritivo (compra)
de uma oku-imba
ideia Para o (cantar)
verbal agente Troca do prefixo para o correspondente da classe 5 (o-, olo-) e para
da modificação da última vogal do radical para i.
o-muimbi
ação
(cantor)

o-ngombe
Derivação (boi) para
Troca do prefixo para o correspondente da classe 1b (u-, a-) e
substantivo-
modificação da última vogal para i, o ou a. u-ngombo
substantivo
(pastor)
Substantivos compostos

Caso Modificação Exemplo

Situação inicial:

o-njo        i-a        o-
hango*

a casa     ela de  
conversação

(casa de conversação)
União do
Ocorre por meio da supressão do conector resultando em
substantivo
alteração das vogais finais da 1ª palavra e/ou iniciais da Situação final:
e seu
2ª. o-njohango*
descritor

sala

(ocorrência de
supressão do final

de njo, e do ligante, i-
a)

oku-linga u-pange
Junção de
Troca do prefixo para o correspondente da classe 5 (o-, (fazer trabalho) para o-
um verbo e
olo-). ndingupange
seu objeto
(trabalhador)

União dos prefixos pessoais u- ou va- a nomes de terras


u - ngangela (natural
Gentílico (quando usado pejorativamente, carrega outros prefixos
da Ganguela)
como otxi- ou, para designar algo mais negativo, okatxi-).

Dote,
och-sok (auxílio) para
profissão Adição da palavra “possuidor” (ukua) a substantivos que
uku’-ochisoko
ou representam qualidades ou vocações.
(ajudante)
propriedade

Indicação Ligação de prefixos pessoais e pronomes pessoais do u-ku-etu,


de plural pela preposição ku- (cujo significado é "de").
lit: ele de nós
companhia
(o nosso
companheiro)

*uma palavra cuja grafia termina por ter nk acaba sendo, em realidade, pronunciada como [h].
Por esse motivo, apesar de esta letra (h) não figurar no alfabeto apontado, alguns autores
escolhem grafar a pronúncia diferenciada desta maneira.

Adjetivos qualificativos

Como na maioria das línguas bantu, a quantidade de adjetivos é pequena e eles, no geral,
indicam características como natureza, dimensão e idade. Os adjetivos aparecem pospostos ao
termo que descrevem, concordando com eles somente por meio dos prefixos pronominais.

-ua bom, bonito

-vi mau, feio

-nene grande, alto

-titu pequeno, baixo

-sovi longo, comprido

-mbumbulu curto

-pia novo, jovem

-ale/-ali/-ari velho, antigo

Pronomes pessoais

Os pronomes pessoais em umbundu se dividem em três classes, dependendo de suas posições


na frase e da função que desempenham.

A primeira classe de pronomes é constituída de pronomes que podem ser usados


independentemente, sendo equivalentes aos pronomes pessoais do português, sem serem
afixos de outros termos, e não se subordinam gramaticalmente a nenhum outro nome, sendo
usados com sentido absoluto. Essa classe também abrange os pronomes circunstanciais
(comigo, convosco) por meio da adição de uma preposição.

A segunda classe é constituída de sufixos que se antepõe a verbos para indicar o sujeito de
uma ação, não podendo ser usados independentemente.
Já a terceira classe é composta por infixos que se incluem também em verbos, mas entre os
pronomes da classe 2 e os radicais verbais, a fim de indicar o objeto de um verbo.

Tanto na segunda quanto na terceira classe, os pronomes da 3ª pessoa (singular e plural)


indicados na tabela só são usados para designar seres da 1ª classe gramatical (seres
animados). Para termos de qualquer outra classe gramatical, esses pronomes são substituídos
pelos prefixos pronominais da classe.

Um exemplo de uso de pronomes da primeira classe é ame António (eu sou António), já que
esse pronome pode ser usado com ou sem presença de um verbo. Com presença verbal, dois
exemplos são ame ndi-tanga (eu estudo) e ame ndi-lila (eu choro).

Dois exemplos de pronomes da segunda classe são: tu-feta (nós pagamos) e o-mona (ele vê).

Um exemplo de pronome da terceira classe é: ndi-u-ipa (eu o mato), pertencendo o sufixo ndi à
segunda classe e sendo equivalente ao "eu", enquanto o infixoo -u- é da terceira classe e
equivale ao "o", indicando o objeto de "mato".[13]

Classe 1: Sentido absoluto, sem nenhuma subordinação gramatical

Pessoa Número Pronomes

eu ame
Singular
comigo l'ame

nós etu
Plural
conosco l'etu

tu ove
Singular
contigo k'ove

vós ene
Plural
convosco k'ene

ele/ela eie
Singular
com ele/com ela v'eie

eles/elas ovo
Plural
com eles/com elas v'ovo
Classe 2: Se antepõem a verbos para indicar concordância em relação ao sujeito, não são
usados independentemente

Pessoa Número Pronomes

ndi-
singular
1ª ngi- ou ngu- são usados raramente

plural tu-

u- antes de vogal
singular
2ª o- antes de consoante

plural u- ou, raramente, vu-


u- antes de vogal
(só se aplicam a seres da 1ª classe,
singular o- antes de consoante
para as demais se usam seus prefixos

pronominais correspondentes)
plural va-
Classe 3: Infixos postos entre prefixo pronominal do sujeito e radical verbal para indicar o
objeto do verbo

Pessoa Número Pronomes

-ngu-
singular
1ª -ndi- é menos usado

plural -tu-

singular -ku-

plural -u- ou, raramente, -vu-


-u- antes de vogal
(só se aplicam a seres da 1ª classe,
singular -o- antes de consoante
para as demais se usa seus prefixos

pronominais correspondentes)
plural -va-

Pronomes possessivos

No umbundu, os pronomes possessivos são feitos se unindo o radical ao prefixo pronominal


correspondente dos substantivos modificados pelo pronome. Os radicais variam de acordo com
a pessoa e o número, como indicado abaixo:

1. meu: ange

2. teu: ove

3. seu (dele/dela): aie

4. nosso: etu

5. vosso: ene

6. seu (deles/delas):  avo

Verbo

Conjugação por pessoa e número

Em umbundu, as concordâncias do verbo com pessoa e número são indicadas pelos pronomes
pessoais da segunda classe. Esses precedem um radical verbal e carregam em si a informação
do número e pessoa do sujeito do verbo.

Tempo e modo

O umbundu possui cinco tempos verbais, passado remoto, passado próximo, presente, futuro
simples e futuro composto, representados, em geral, pela adição de partículas além dos
prefixos pronominais e do radical verbal. Em relação a modos verbais, a língua tem quatro, o
indicativo, o imperativo, o subjuntivo e o infinitivo.

Tempo verbal

Tempo Modificação Exemplo

-ele ou -ene se o verbo


-tala (olhar) para -
tiver a penúltima sílaba
Adição da partícula a entre o pronome a-talele
Passado terminada em a, e ou o
pessoal e o radical verbal e substituição
remoto* -ile ou -ine se o verbo -tamina
da vogal final por um desses sufixos:
tiver a penúltima sílaba (lamentar) para -
terminada em i ou u a-taminine

ndi-feta (eu pago)


Passado Adição da partícula a entre o pronome pessoal e o radical do
para nd'-a-feta (eu
próximo verbo.
paguei)

para o indicativo,
Nada é adicionado, nem removido da forma verbal que se forma por exemplo: tu-
Presente
na indicação do modo. feta (nós
pagamos)

Futuro Adição da partícula ka entre o pronome pessoal e o radical do o-ka-mona (tu


simples verbo. verás)

Futuro Adição da partícula a entre a partícula ka (que é adicionada no u-a-ka-mona (tu


composto futuro simples) e o prefixo. terás visto)

*Obs: o passado remoto é mais usado em conversas informais, muitas vezes assumindo a
posição do passado próximo.
Modo verbal

Modo Modificação Exemplo

o-feta (tu pagas)


Adição do pronome pessoal correspondente à pessoa com a
Indicativo e va-feta (eles
qual o verbo concorda.
pagam)

Na 2ª pessoa do singular, é somente o radical verbal, sem


mona (vê tu) e
Imperativo pronome pessoal. Na 2ª pessoa  do plural, o radical tem sua
moni (vêde vós)
última vogal mudada para i, ainda sem pronome pessoal.

ndi-feta (eu
pago) para ndi-
Subjuntivo O radical tem sua última vogal mudada para e.
fete (que eu
pague)

oku-mona (ver) e
Infinitivo O radical é precedido do prefixo oku-.
oku-feta (pagar)

Outras estruturas verbais

Além de conjugações de tempo e modo, o umbundu apresenta outras formais verbais para
indicar diferentes fenômenos. São elas: a forma causativa, a forma passiva, a forma relativa, a
forma reflexa e a forma duplicada.

Forma causativa

A forma causativa é usada para indicar uma situação em que o sujeito não é necessariamente o
agente de uma ação, mas sim o causador de uma ação, como, por exemplo, quando o sujeito é
o mandante de uma ação efetuada por outras pessoas. Essa forma é indicada por meio da
substituição da vogal final por -isa, como no exemplo a seguir: -mona (ver) para -monisa
(mandar ver).

Forma passiva

A forma passiva é, como no português, usada para indicar que o sujeito é quem sofre a ação.
No umbundu, a passividade é mostrada por meio da substituição da vogal final por -iua. Um
exemplo dessa construção é -kuata (agarrar) que se torna -kuatiua (ser agarrado).

Forma relativa
A forma relativa é usada para indicar que dois verbos com significados diferentes são
relacionados. Essa forma é indiciada por meio da substituição da vogal final por -ela, -ila, -ola, -
oka, -ula ou -uka. Um exemplo da forma relativa são os verbos -lava (guardar), -lavela (velar) e -
lavoka (esperar).

Forma reflexa

A forma reflexa é usada para expressar uma ação que tem como agente e alvo a mesma
pessoa, em que alguém faz algo a si mesmo. Essa forma é indicada por meio do pronome
reflexivo -li- entre o pronome pessoal e o radical verbal, como em -teta (cortar) que passa a ser -
li-teta (cortar-se).

Forma duplicada

A forma duplicada indica que uma ação é habitual ou acontece frequentemente. Ela é indicada
por meio da duplicação do radical do verbo, como exemplificado na transformação de -popia
(falar) para -popia-popia (falar habitualmente).[12][14]

Sintaxe

Em sua grande maioria, as frases seguem a seguinte ordem: em primeira posição, vem a palavra
dominante ou mais importante, que é sempre o termo ao qual todos os outros se subordinam e,
geralmente, é o sujeito da frase, sendo seguida de seus modificadores. No caso do termo
dominante não ser o sujeito, este aparece na segunda posição, também junto de seus
modificadores. Na última posição é posto o predicado junto de seus atributos. Quanto ao sujeito
da frase, todos os termos da oração devem concordar com este em número e classe, mesmo
quando o termo é omitido. Pronomes pessoais não constituem o sujeito de uma frase, exceto
quando se quer enfatizar quem é o agente de uma ação.

Um exemplo de frase em que a palavra dominante é o sujeito:

ulume          u        o-sola           oku-tunga

o homem   este   ele gosta de   trabalhar

este homem gosta de trabalhar


Um exemplo de frase em que a palavra dominante não é o sujeito:

ombua,   u-a-i-teta           enguni

o cão,     ele lhe cortou   a garganta

ele cortou a garganta do cão

Às vezes, por ênfase, o sujeito aparece depois do verbo, como em:

hena ha-sapula    chi u-a-ndi-sapuile     osoma

amanhã eu direi    o que ele me disse     o rei

amanhã eu contarei o que o rei me disse

Frases comparativas

No umbundu, existem estruturas específicas para estabelecer comparações entre dois termos.
Essas formas podem expressar igualdade entre os termos, a superioridade de um dos termos
ou a inferioridade de um dos termos. Dentre essas três relações estabelecidas, existem muitas
estruturas possíveis, incluindo o uso de verbos, advérbios, adjetivos, locuções e da duplicação
de termos.
Relação
Estrutura
estabelecida

Por meio do verbo kurisoka (ser igual) no pretérito (viarisoka) posposto aos
termos que se quer comparar.
Igualdade
Por meio da conjunção nda (como), que aparece depois de um termo e de uma
característica e é seguido por um outro termo.

Por meio de um verbo ou nome que indique superioridade como kupitapo


(exceder) vindo depois dos termos que se quer comparar, cada um sendo
precedido pela conjunção la. O termo superior é repetido depois de kupitapo.

Por meio do advérbio vari (mais), vindo depois da listagem dos termos, todos
precedidos pela conjunção la, sendo seguido pelo adjetivo que explica no que
um termo é superior e da repetição do termo superior.

Por meio do advérbio alua (muito), formando superlativo. O advérbio concorda


com o termo que descreve.

Por meio da adição do termo enene (que demonstra grandeza) após a


Superioridade
característica em que um termo é superior, formando superlativo.

Por meio da duplicação do adjetivo usado para indicar a característica em que


um dos termos é superior. Nesse caso, somente a primeira ocorrência do termo
carrega prefixo.

Por meio da afirmação de uma característica sobre somente um dos termos.


Sendo dois termos, o que tem descrição é superior ao outro. Sendo muitos
termos, o que tem descrição é superior a todos os outros.

Ao seguir o termo superior de algo que indique superioridade e o termo inferior


de algo que indique sua inferioridade.

Por meio da locução kusala nyima (ficar atrás). O primeiro termo é seguido da
característica na qual é superior e, em seguida, vem o termo inferior, seguido da
Inferioridade locução.

Por meio da atribuição de um comparativo de superioridade somente ao


primeiro termo, implicando inferioridade do segundo.

Amostra de texto
Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

“Omanu vosi vacitiwa valipwa kwenda valisoka kovina vyosikwenda komoko. Ovo vakwete
esunga kwenda, kwenda olondunge kwenje ovo vatêla okuliteywila kuvamwe kwenda vakwavo
vesokolwilo lyocisola.”

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão
e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”

Ver também

Línguas de Angola

Kimbundu

Línguas africanas

Linguística

Referências

1. «Umbundo» (https://www.aulete.com.br/Umbundo) . Aulete

2. «Umbundo» (https://michaelis.uol.com.br/busca?id=dNbRV) . Michaelis

3. VOLP, entrada umbundo

4. «Umbundo» (https://dicionario.priberam.org/umbundo) . Priberam

5. umbundo in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-
2019. [consult. 2019-07-21 03:42:16]. Disponível na Internet:
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/umbundo

6. «Definição de 'umbundo' no Dicionário Eletrónico Estraviz» (http://www.estraviz.org/umbund


o) . www.estraviz.org. Consultado em 3 de novembro de 2016

7. «Definição de 'bantu' no Dicionário Eletrónico Estraviz» (http://www.estraviz.org/bantu) .


www.estraviz.org. Consultado em 3 de novembro de 2016

8. «Umbundu» (https://www.ethnologue.com/language/umb) . Ethnologue (em inglês).


Consultado em 19 de abril de 2021
9. Afonso, Mário Vicomo (10 de dezembro de 2020). «Antroponímia em Língua Umbundu no
Bié : Nomes portugueses e umbundu» (https://repositorio.ul.pt/handle/10451/45950) .
Consultado em 19 de abril de 2021

10. «Umbundu in the Language Cloud» (https://www.ethnologue.com/cloud/umb) . Ethnologue


(em inglês). Consultado em 19 de abril de 2021

11. «Umbundu language, alphabet and pronunciation» (https://omniglot.com/writing/umbundu.


htm) . omniglot.com. Consultado em 19 de abril de 2021

12. Nascimento, José Pereira do (1894). Grammatica do Umbundu, ou lingua de Benguella (http
s://play.google.com/books/reader?id=CLkxAQAAMAAJ&hl=en_GB&pg=GBS.RA1-PP1) . [S.l.]:
Impr. Nacional

13. «Ocipama Cepandu (Lição nº6) | Nação Ovimbundu» (https://www.ovimbundu.org/categoria/r


udimentos-de-gramatica-da-lingua-umbundu/ocipama-cepandu-licao-no6) .
www.ovimbundu.org. Consultado em 22 de abril de 2021

14. Magalhaes, Antonio Miranda (1922). Manual de Lenguas Indigenas de Angola (http://archive.
org/details/rosettaproject_umb_morsyn-3) . The Long Now Foundation. [S.l.: s.n.]

Ligações externas

Dicionários
Nascimento, José Pereira do (1894). Grammatica do Umbundu, ou lingua de Benguella (https://
play.google.com/books/reader?id=CLkxAQAAMAAJ&hl=en_GB&pg=GBS.RA1-PA1) . [S.l.]:
Impr. Nacional (páginas 113-165)

https://glosbe.com/umb/pt

Outros
https://glottolog.org/resource/languoid/id/umbu1257

http://www.multitree.org/codes/umb.html

https://www.ethnologue.com/language/umb

https://archive.org/details/ERIC_ED256170/page/n137/mode/2up

https://www.ovimbundu.org/categoria/educacao
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title=Língua_umbundo&oldid=64263656"


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