Asafe Davi Cortina Silva: Porto Alegre 2018
Asafe Davi Cortina Silva: Porto Alegre 2018
Asafe Davi Cortina Silva: Porto Alegre 2018
PORTO ALEGRE
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
ESTUDOS DA LINGUAGEM
LEXICOGRAFIA, TERMINOLOGIA E TRADUÇÃO: RELAÇÕES
TEXTUAIS
PORTO ALEGRE
2018
ASAFE DAVI CORTINA SILVA
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre pelo
Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Área:
Estudos de Linguagem. Linha de pesquisa – Lexicografia, Terminologia e Tradução:
Relações Textuais.
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Profª. Drª. Maria José Bocorny Finatto (Orientadora)
___________________________________________________________________
Profª. Drª. Aline Fay de Azevedo
___________________________________________________________________
Profª. Drª. Andrea Jessica Borges Monzón
___________________________________________________________________
Profª. Drª. Heloísa Orsi Koch Delgado
AGRADECIMENTOS
Even though the studies and researches on textual complexity and accessibility are extremely
important, there are not enough references for Brazilian Portuguese. Therefore, this master's
research adds to the efforts of the research project named “Fundamentos linguísticos para a
acessibilidade da informação científica para leitores adultos de escolaridade limitada:
simplificação textual, gramatical, lexical e terminológica em Ciências da Saúde” (Linguistic
foundations for the accessibility of scientific information for adult readers of limited
schooling: textual, grammatical, lexical, and terminological simplification in Health
Sciences). The main goal of this research is to analyze the language used in texts of scientific
dissemination for laypeople about the Post Traumatic Stress Disorder (PTSD) written in
Brazilian Portuguese. For this purpose, we studied ten texts about this topic through a
semiautomatic analysis, incorporating concepts of Terminology, Textual Linguistics, Corpus
Linguistics, Natural Language Processing (NLP), and Systemic-Functional Linguistics. We
collected the ten most relevant texts, that are available for free, from a Google search
(according to the search algorithm parameters in force in 2017 and 2018), whose objectives
were to inform a lay public about PTSD. We submitted these texts to the NLP tool called
Coh-Metrix Dementia in order to verify measures of textual complexity. These measures are:
Flesch index, latent semantic analysis, type-token ration, and semantic density. Moreover, we
considered five indexes of incidence of words: nouns, verbs, adjectives, adverbs, and
pronouns. Based on the evidences shown by the tool that indicated a probable complexity for
a lay public of limited schooling, we applied eight different rewriting strategies in each of the
ten texts. The rewriting strategies that we applied were chosen based on the international
biography translated by us into Portuguese. After each rewriting (which were intended to
simplify the texts), the edited texts were submitted to Coh-Metrix Dementia in order to
compare their measures to the original ones, so we could verify the possible efficiency of
each of the accessibility strategies adopted. After comparing the measures, we observed the
validity of the rewriting strategies that were adopted, and we concluded that the three most
efficient ones and with the best results are (in order): lexical simplification, reduction of
adjectives, and reduction of information. The gathered information allowed us to conclude
that the collected texts on PTSD are potentially complex for a lay public of limited schooling.
Moreover, we were able to come to the conclusion that there are some rewriting strategies
that, apparently, as validated by Coh-Metrix Dementia, could simplify these texts. Based on
the facts we found, we proposed instructions for the development of a manual of
simplification of texts of this type for Brazilian Portuguese that is going to be designed in the
future. Finally, as an appendix of this thesis, we performed a brief essay of complexity
analysis with some texts of similar profile and about the same topic, but in English. This
essay may serve as the basis for an extension of this research.
Figura 1: Exemplo da página on-line de onde o Texto 9 em língua portuguesa foi coletado.
(Fonte: www.abc.med.br) ........................................................................................................ 18
Figura 2: Tela inicial do PorSimples (Fonte: www.nilc.icmc.usp.br/simplifica) .................... 27
Figura 3: Modelo de processos cognitivos. (Fonte: Rodrigues, 2012, p.19) ........................... 99
Figura 4: Modelo da Memória de Trabalho. (Fonte: Baddley, 2000). ................................... 103
Figura 5: Coh-Metrix para a língua inglesa. (Fonte: http://tool.cohmetrix.com/) ................. 111
Figura 6: Coh-Metrix Dementia, para a língua portuguesa. (Fonte: link variável) ............... 112
LISTA DE QUADROS
PARTE 1 .................................................................................................................................. 18
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 18
1.1 ORIGEM DESTE TRABALHO................................................................................ 21
1.2 QUESTÕES NORTEADORAS ................................................................................ 32
1.3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 32
1.4 QUESTÕES ESPECÍFICAS DE PESQUISA E HIPÓTESES ................................. 32
1.5 TRABALHOS RELACIONADOS ........................................................................... 33
1.5.1 Zethsen (2005 ) ................................................................................................... 34
1.5.2 Pasqualini (2012) ................................................................................................ 35
1.5.3 Lima (2013) ........................................................................................................ 36
1.5.4 Finatto, Evers e Stefani (2016) ........................................................................... 37
1.5.5 Fetter (2017)........................................................................................................ 37
1.5.6 Carpio (2017) ...................................................................................................... 38
1.5.7 Pasqualini (2018) ................................................................................................ 39
1.6 POSICIONAMENTO DO TRABALHO .................................................................. 39
1.7 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................................... 49
PARTE 2 .................................................................................................................................. 53
2 O TRANSTORNO DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO ............................................ 53
3 COMPLEXIDADE, SIMPLIFICAÇÃO E ACESSIBILIDADE TEXTUAL .................. 58
3.1 ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL EM COMPLEXIDADE TEXTUAL .............. 60
4 A TERMINOLOGIA ........................................................................................................ 62
4.1 A TERMINOLOGIA E O ESTUDO DO LÉXICO ESPECIALIZADO .................. 64
4.2 A TERMINOLOGIA E A ANÁLISE TEXTUAL .................................................... 65
4.3 A TEORIA COMUNICATIVA DA TERMINOLOGIA .......................................... 67
5 LINGUÍSTICA TEXTUAL .............................................................................................. 70
6 PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM NATURAL E LINGUÍSTICA DE
CORPUS: UM DIÁLOGO .................................................................................................. 78
6.1 PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM NATURAL ............................................. 78
6.2 LINGUÍSTICA DE CORPUS.................................................................................... 80
6.3 UTILIZAÇÃO NA PESQUISA ................................................................................ 82
7 LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL................................................................... 84
7.1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL .... 84
7.2 CONTEXTO E CULTURA....................................................................................... 86
7.3 LSF: FUNÇÕES ........................................................................................................ 88
7.4 REGISTRO ................................................................................................................ 89
7.5 DIÁLOGOS ENTRE A LSF E A COMPLEXIDADE/ACESSIBILIDADE
TEXTUAL ....................................................................................................................... 91
8 PROCESSAMENTO COGNITIVO DE LEITURA ........................................................ 98
8.1 PROCESSOS DO NÍVEL INFERIOR ...................................................................... 99
8.2 PROCESSOS DO NÍVEL SUPERIOR ................................................................... 100
8.3 RELAÇÃO ENTRE LEITURA E MEMÓRIA DE TRABALHO .......................... 102
PARTE 3 ................................................................................................................................ 106
9 MATERIAIS, MEDIDAS, CONTAGENS E MÉTRICAS............................................ 106
9.1 TEXTOS SELECIONADOS ................................................................................... 106
9.2 COH-METRIX E COH-METRIX DEMENTIA ..................................................... 108
9.3 MÉTRICAS ESCOLHIDAS PARA A DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA
POTENCIAL COMPLEXIDADE TEXTUAL DE TEXTOS SOBRE TEPT .............. 112
9.3.1 Índice Flesch ..................................................................................................... 113
9.3.2 Análise Semântica Latente ................................................................................ 115
9.3.3 Relação Type-Token .......................................................................................... 118
9.3.4 Densidade Semântica ........................................................................................ 120
9.3.5 Incidência de palavras (substantivos, verbos, adjetivos, advérbios e
pronomes) .................................................................................................................. 121
PARTE 4 ................................................................................................................................ 123
10 METODOLOGIA ......................................................................................................... 123
10.1 COLETA E PREPARAÇÃO DO CORPUS .......................................................... 124
10.2 VERIFICAÇÃO SEMIAUTOMÁTICA DA POTENCIAL
COMPLEXIDADE TEXTUAL..................................................................................... 124
10.3 ESTRATÉGIAS DE SIMPLIFICAÇÃO MANUAL CATEGORIZADAS ......... 124
10.3.1 Simplificação por edição de pronomes ........................................................... 125
10.3.2 Simplificação por quebra de sentenças/parágrafos em estruturas menores .... 126
10.3.3 Simplificação por redução de informação ...................................................... 126
10.3.4 Simplificação por ampliação de informação................................................... 127
10.3.5 Simplificação lexical ....................................................................................... 128
10.3.6 Simplificação por eliminação da voz passiva ................................................. 129
10.3.7 Simplificação por redução de adjetivos .......................................................... 130
10.3.8 Simplificação por redução de advérbios ......................................................... 130
11 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................... 131
11.1 COLETA DE DADOS DE TEXTOS COMPARATIVOS ................................... 131
11.2 DADOS COLETADOS PELO COH-METRIX DEMENTIA .............................. 132
11.2.1 Comentários sobre os resultados de Índice Flesch ......................................... 134
11.2.2 Comentários sobre os resultados de análise semântica latente ....................... 138
11.2.3 Comentários sobre os resultados de relação Type-token ................................ 142
11.2.4 Comentários sobre os resultados de densidade semântica .............................. 147
11.2.5 Comentários sobre os resultados de incidência de palavras de diferentes
classes gramaticais (substantivos, verbos, adjetivos, advérbios e pronomes) ........... 151
11.2.5.1. Incidência de substantivos ...................................................................... 153
11.2.5.2. Incidência de verbos ............................................................................... 154
11.2.5.3. Incidência de adjetivos ............................................................................ 155
11.2.5.4. Incidência de advérbios........................................................................... 161
11.2.5.5. Incidência de pronomes .......................................................................... 166
11.2.6 Indicativos sobre a complexidade dos textos-TEPT ....................................... 167
11.2.7 Análise holística .............................................................................................. 170
PARTE 5 ................................................................................................................................ 178
12 RESULTADOS DOS TESTES DE REESCRITA COM VISTAS À
SIMPLIFICAÇÃO ............................................................................................................. 178
12.1 RESULTADOS DA SIMPLIFICAÇÃO POR EDIÇÃO DE PRONOMES ......... 179
12.2 RESULTADOS DA SIMPLIFICAÇÃO POR QUEBRA DE
SENTENÇAS/PARÁGRAFOS EM ESTRUTURAS MENORES ............................... 181
12.3 RESULTADOS DA SIMPLIFICAÇÃO POR REDUÇÃO DE
INFORMAÇÃO ................................................................................................................. 183
12.4 RESULTADOS DA SIMPLIFICAÇÃO POR AMPLIAÇÃO DE
INFORMAÇÃO............................................................................................................. 185
12.5 RESULTADOS DA SIMPLIFICAÇÃO LEXICAL ............................................. 187
12.6 RESULTADOS DA SIMPLIFICAÇÃO POR ELIMINAÇÃO DA VOZ
PASSIVA ....................................................................................................................... 189
12.7 RESULTADOS DA SIMPLIFICAÇÃO POR REDUÇÃO DE ADJETIVOS ..... 191
12.8 RESULTADOS DA SIMPLIFICAÇÃO POR REDUÇÃO DE ADVÉRBIOS .... 192
12.9 CRUZAMENTO DOS RESULTADOS – COMENTÁRIOS GERAIS ............... 194
12.9.1 Resultados cruzados de IF .............................................................................. 194
12.9.2 Resultados cruzados de ASL .......................................................................... 196
12.9.3 Resultados cruzados de TT ............................................................................. 197
12.9.4 Resultados cruzados de DS ............................................................................. 198
12.9.5 Sistema classificatório para interpretação das estratégias com melhores
resultados de simplificação. ....................................................................................... 199
PARTE 6 ................................................................................................................................ 202
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RETOMADA DAS QUESTÕES E HIPÓTESES
DE PESQUISA .................................................................................................................. 202
14.1 ORIENTAÇÕES PARA FUTURA PRODUÇÃO DE UM GUIA DE
SIMPLIFICAÇÃO PARA TEXTOS EM PORTUGUÊS ............................................. 210
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 214
APÊNDICE A – Ensaio de avaliação de potencial acessibilidade com os textos em
inglês .................................................................................................................................. 220
A.1 DADOS COLETADOS PELO COH-METRIX PARA OS TEXTOS EM
INGLÊS ......................................................................................................................... 221
A.1.1 Comentários sobre os resultados de Índice Flesch........................................... 222
A.1.2 Comentários sobre os resultados de análise semântica latente ........................ 223
A.1.3 Comentários sobre os resultados de relação Type-token ................................. 224
A.1.4 Comentários sobre os resultados de narratividade ........................................... 225
A.2 DADOS COLETADOS PELO COH-METRIX PARA OS TEXTOS EM
INGLÊS PÓS APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE REESCRITA PARA
SIMPLIFICAÇÃO ......................................................................................................... 227
A.2.1 Dados e comentários pós simplificação lexical ............................................... 227
A.2.2 Dados e comentários pós redução de adjetivos ................................................ 228
A.2.3 Dados e comentários pós redução de informações .......................................... 229
A.3 OBSERVAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 229
A.4 TEXTOS EM INGLÊS SIMPLIFICADOS ............................................................ 230
A.4.1 Textos em inglês simplificados por simplificação lexical ............................... 230
A.4.2 Textos em inglês simplificados por redução de adjetivos................................ 238
A.4.3 Textos em inglês simplificados por redução de informações .......................... 245
APÊNDICE B – Textos de divulgação científica originais em português ........................ 252
APÊNDICE C – Textos de divulgação científica originais em inglês............................... 270
APÊNDICE D – Textos simplificados em português por substituição de pronomes ........ 291
APÊNDICE E – Textos simplificados em português por quebra de sentenças/
parágrafos em estruturas menores ...................................................................................... 309
APÊNDICE F – Textos simplificados em português por redução de informação ............ 327
APÊNDICE G – Textos simplificados em português por ampliação de informação ........ 340
APÊNDICE H – Textos simplificados em português por simplificação lexical ............... 353
APÊNDICE I – Textos simplificados em português por eliminação da voz passiva ........ 370
APÊNDICE J – Textos simplificados em português por redução de adjetivos ................. 383
APÊNDICE K – Textos simplificados em português por redução de advérbios .............. 399
APÊNDICE L – Textos comparativos em português ........................................................ 416
APÊNDICE M – Sistema de Pontuações para Classificação das Estratégias ................... 425
18
PARTE 1
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa de mestrado visa, pela via dos estudos do Léxico e de Terminologia1, a
descrever e a analisar a linguagem especializada associada ao tema do Transtorno do Estresse
Pós-Traumático (TEPT) em Medicina. Essa linguagem será estudada conforme realizada em
artigos escritos de divulgação científica para público leigo brasileiro. A descrição obtida a
partir de um corpus-amostra pretende subsidiar uma crescente demanda por compreensão
sobre os falares da ciência e das tecnologias, especialmente no que se refere aos processos de
tradução inter e intralinguística (ZETHSEN, 2009; JAKOBSON, 1959), com destaque para a
promoção da acessibilidade textual e terminológica para leitores de escolaridade limitada e
com pouca experiência de leitura.
A linguagem médica será detalhadamente examinada conforme realizada em textos de
divulgação científica dirigidos para leigos, sendo estudados 10 textos escritos em português.
Além disso, como um ensaio para um possível trabalho futuro, uma análise semelhante,
embora menos detalhada, será conduzida com 10 textos em inglês sobre o mesmo tema e
apresentada nos anexos deste trabalho. Os textos foram selecionados de sites gratuitos que
tenham como objetivo instruir leitores leigos a respeito do TEPT, conforme os exemplos da
Figura 1:
Figura 1: Exemplo da página on-line de onde o Texto 9 em língua portuguesa foi coletado. (Fonte:
www.abc.med.br)
1
"Terminolgia", grafada com o T inicial em maiúsculo, refere-se à disciplina, enquanto "terminologia(s)", com t
minúsculo, ao grupo de termos presentes em um texto.
19
2
O Google baseia sua classificação de pesquisa por meio de um sistema denominado PageRank, que organiza a
disposição de informações e a ordem das páginas que serão exibidas por meio de uma série de parâmetros.
Embora esses parâmetros não sejam oficialmente divulgados pelo Google, especialistas da Computação
investigaram o "comportamento" da ferramenta de pesquisa e observaram que a ordem de exibição dos
resultados é baseada em alguns elementos: ordem de relevância (o algoritmo calcula as páginas mais relevantes
para exibir como primeiros resultados com base em um número de fatores, tais como “confiabilidade” da
página, links relacionados a ela, referências nela contidas, etc.), padrões de acessibilidade, verificação de
"autoridade no assunto" (quando a página está relacionada a alguma entidade que seja referência para um
determinado tópico), relações de links e presença de palavras-chaves. Para entender um pouco melhor o
funcionamento e a disposição de resultados do Google, consulte: www.conversion.com.br/blog/por-que-um-
site-fica-em-primeiro-lugar-no-google/
20
pesquisa junto à SEAD-UFRGS3, entre os anos 2016 e 2017. Nessa pesquisa, realizamos
estudos sobre a bibliografia nacional e internacional disponível sobre o tema e conduzimos
testagens de medidas, geradas por ferramentas computacionais, sobre elementos de
acessibilidade textual e terminológica em textos sobre a Doença de Parkinson. Nessa
oportunidade, aproveitamos as orientações sobre simplificação textual fornecidas pelas
guidelines4 do governo norte-americano, na iniciativa Plain Language. As quais foram
traduzidas e adaptadas para a língua portuguesa pelo autor desta dissertação para o trabalho
na pesquisa SEAD-UFRGS antes citada.
Os nossos processos de simplificação desses 10 textos sob exame, assim, geraram um
universo de aproximadamente5 80 textos novos, em tese simplificados, reescritos de
diferentes modos a partir dos originais coletados. A partir dos textos reescritos, propomo-nos
a avaliar a maior ou a menor repercussão dos procedimentos adotados frente aos escores de
provável complexidade gerados pela ferramenta Coh-Metrix Dementia. Isso não significa que
estamos, a piori, endossando ou assujeitando-nos ao desempenho dessa ferramenta, que
funciona automaticamente e tem suas margens de erro. Estamos, na verdade, testando e
ponderando o que nos oferece esse recurso, visto que é um sistema importante para o
processamento do português do Brasil, sendo nacional e internacionalmente reconhecido para
diferentes tipos de tratamentos automáticos de textos.
Os resultados deste trabalho de mestrado, assim, somam-se aos esforços do projeto de
pesquisa6 intitulado “Fundamentos linguísticos para a acessibilidade da informação científica
para leitores adultos de escolaridade limitada: simplificação textual, gramatical, lexical e
terminológica em Ciências da Saúde” (CNPq/PQ - 305625/2016-0), iniciado em 2016 junto
ao PPG-LETRAS-UFRGS no âmbito dos grupos de pesquisa GELCORP-SUL e
TERMISUL.
3
Edital SEAD número 23. Disponível em : http://www.ufrgs.br/sead/servicos-ead/editais-
1/documentos/projetos-contemplados-edital-23. Pesquisa realizada com a nossa participação em 2016 e 2017.
4
As guidelines de simplificação são apresentadas em um documento disponibilizado pelo governo dos Estados
Unidos no projeto Plain Language. Esse manual apresenta, com detalhes, dicas de como redigir um texto de
forma simplificada e está disponível para acesso em https://www.plainlanguage.gov/guidelines/
5
Aproximadamente porque, em alguns textos, não foi possível aplicar alguma estratégia de simplificação
específica. Na estratégia de eliminação da voz passiva, por exemplo, três textos originais não apresentavam
nenhuma estrutura na voz passiva e, portanto, nenhuma modificação foi aplicada.
6
Mais detalhes em http://www.ufrgs.br/textecc/acessibilidade/
21
enquanto outras se referem ao que os tradutores podem produzir em uma língua de destino.”.
Portanto, por meio de diversas estratégias - tais como aquelas há muito explicadas e
detalhadas por Vinay e Darbelnet (1995) - o tradutor tem a possibilidade de colaborar para a
troca linguística e “adicionar” termos novos em línguas-destino cujas traduções colaboram
para troca de conhecimentos específicos. Isso se dá principalmente quando ocorre uma
equivalência formal e uma língua “adota” um termo “estrangeiro” em seu léxico.
Ao tomarmos os textos especializados - aqui representados pelos textos de divulgação
científica escritos em português para leigos7 - podemos compreendê-los como uma das
maiores fontes produtoras de terminologias dentro de uma língua; uma vez que grande parte
da produção acadêmica é realizada e documentada de forma escrita. No caso dos textos
selecionados para esta pesquisa, ocorre um processo em que o especialista tenta apresentar
conhecimentos e terminologias para um leitor não-especialista (mas interessado em um dado
tópico), o que difere do artigo científico divulgado em revistas científicas, cujo objetivo é a
comunicação entre pares. Assim, já podemos pensar que o autor de um texto destinado a um
público leigo “traduz” o seu texto para esse público, mesmo que o texto original esteja na
mesma língua do texto de chegada.
Ainda assim, embora a troca cultural seja recorrente e o empréstimo de termos seja
rico no trânsito lexical, a dificuldade de compreensão de artigos científicos conforme
publicados em revistas especializadas por parte de leigos tende a ser algo usual. Nesse
contexto, algumas estruturas textuais complexas e convenções de escrita, além das
terminologias propriamente ditas, podem dificultar a compreensão total de informações, não
sendo uma leitura trivial nem mesmo para especialistas iniciantes em um determinado
assunto.
Assim, considerando que, cada vez mais, a população em geral, sem formação
científica, busca informações sobre temas de Saúde, esses artigos científicos “originais”, se
forem meramente transpostos, sem maiores investimentos de (re)escrita, podem tornar-se
impeditivo o acesso de públicos com baixo grau de letramento geral ou, mesmo, de
letramento sobre temas de natureza científica. Diante disso, observa-se a necessidade da
nossa reflexão sobre a conformação linguística de textos de divulgação científica para
público leigo, os quais, muitas vezes, buscam um artigo científico como fonte, sem contar o
caso de a fonte original estar em uma outra língua, especialmente o inglês.
7
Consideraremos como “texto de divulgação científica” qualquer tipo de produção escrita cujo objetivo seja a
comunicação ou a instrução a respeito de um determinado assunto especializado para públicos não-
especializados.
23
especialistas de distintas áreas (e não apenas por redatores profissionais do texto) pode haver
a necessidade da colaboração de um linguista ou terminológo (como tradutor, redator técnico,
etc.) na indicação ou edição dos textos para que eles possam se tornar potencialmente mais
claros para os seus leitores-receptores15. De acordo com Krieger & Finatto (2004, p.191):
Diante da alta complexidade de um texto, quando se tem por objetivo comunicar uma
determinada mensagem para um público específico, é possível que um tradutor16 ou redator
técnico17 busque alternativas e estratégias de simplificação. O oferecimento de subsídios para
esse redator é o que objetiva, por exemplo, a campanha britânica denominada “Plain
English” (Inglês Simples). Essa campanha é uma iniciativa social, um movimento civil
fundado em 1979, que busca uma comunicação “crystal-clear” (clara18) e de fácil acesso a
diferentes tipos de público. De acordo com a descrição em sua página da internet19 :
15
Embora textos sobre leitura e sobre fatores textuais costumem utilizar o termo “leitor-alvo” para se referir ao
leitor (ou ao grupo de leitores) para o qual um texto é destinado, decidimos substituir o termo por "leitor-
receptor" tomando por base a indicação da Linguística da Paz que classifica a palavra "alvo” como termo bélico.
Para conhecer essa Linguística, ver o trabalhos de Matos (2014).
16
Utilizaremos o termo “tradutor” para nos referirmos não só à função canônica da tradução interlinguística,
mas também ao profissional que realiza edições textuais com o objetivo de simplificar um texto e buscar
acessibilidade, que é um processo de tradução intralinguística.
17
Utilizaremos o termo “redator técnico" como referência ao profissional que edita textos com o objetivo de
simplificá-los, não estritamente para nos referirmos aos escritores de manuais e textos técnicos.
18
Tradução nossa.
19
www.plainenglish.co.uk/about-us
20
Termo usado para se referir ao tipo de linguagem sem significado ou ininteligível pelo uso excessivo de
termos técnicos abstrusos.
21
Tradução nossa.
25
22
Ação para Simplificação da Língua e Rede de Informações. (Tradução nossa)
23
http://www.plainlanguage.gov
26
24
Os Princípios de Leiturabilidade (Tradução nossa)
25
O termo "readability” pode ser traduzido para "leiturabilidade" ou para "literacia". A forma “literacia” tem sido
usada em Portugal, também no âmbito da Saúde, um exemplo da recorrência dess termo vemos no site:
www2.insa.pt/sites/INSA/Portugues/AreasCientificas/PSDC/AreasTrabalho/LiteraciaSaude Neste trabalho,
optamos pela primeira forma, porque, ao nosso ver, "literacia” diz respeito à capacidade de ler e de interpretar
textos, enquanto “leiturabilidade” diz respeito não só a essa capacidade, mas também aos atributos textuais e do
leitor que estejam relacionados à facilidade ou à dificuldade de compreensão de um texto.
26
http://research.microsoft.com/en-us/UM/redmond/events/ERSymposium2010/slides/Aluisio.pdf
27
Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo
28
Infelizmente, conforme consulta em Outubro de 2018, o sistema Simplifica não está operacional, devendo uma
nova versão ser produzida a partir de 2019.
27
29
www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/porpopular/objetivos.php
30
Para mais detalhes, consultar: www.ufrgs.br/textecc/acessibilidade/.
28
Tendo isso em mente, nosso objetivo coletivo, como grupo de pesquisa, é criar uma
boa base de investigação acadêmica, de base linguística – o que inclui o estudo das
terminologias e convencionalidades das linguagens especializadas - que possa impulsionar
novos produtos concretos, tais como o Simplifica e o CorPop. No nosso caso, queremos, via
descrição de um corpus-amostra e da testagem de diversos procedimentos de reescrita, poder
embasar um futuro “Guia de Redação Acessível”. Esse corpo de conhecimentos linguístico-
textuais poderá subsidiar ações práticas e objetivas de, quiçá, futuros movimentos civis e de
instituições do nosso país que se interessem pelo assunto.
29
No conjunto das iniciativas antes citadas, fica evidente que existe uma preocupação
relativa à simplificação/acessibilidade da linguagem, especialmente da linguagem médica,
para públicos menos privilegiados em países de língua inglesa e provavelmente, em outros
países, que devem buscar projetos semelhantes. No Brasil, essa preocupação parece menos
explícita, principalmente em termos de divulgação para a sociedade em geral. Ainda assim,
vemos um exemplo desse interesse no âmbito brasileiro confirmado nas publicações e ações
de formação e pesquisa da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Entre suas iniciativas, vale
citar a “Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, Reciis31,
publicada desde 2007. Um dos seus pontos fortes é análise de materiais educativos,
campanhas e estratégias de comunicação e saúde, o que tem incluído a sistematização de usos
terminológicos e a recuperação e representação automáticas de informações em Saúde
conforme vemos, por exemplo, no artigo de Lopes (2008) sobre identificação e
hierarquização, por ferramentas computacionais, de terminologias em bases textuais
brasileiras sobre Saúde.
Por meio do constante avanço tecnológico nas áreas da Ciência da Computação,
ferramentas computacionais vêm sendo desenvolvidas, sobretudo para a língua inglesa, com
o objetivo de analisar e apontar prováveis graus de complexidade textuais e de dispor essas
informações para que especialistas da linguagem e os especialistas dos domínios em foco
possam discutir e buscar alternativas para uma simplificação textual que seja capaz de prover
acessibilidade da informação científica para leigos.
Um exemplo de ferramenta – construída para lidar com textos em inglês - é o programa
Coh-Metrix32, o qual pode auxiliar a subsidiar a análise da complexidade textual de textos
submetidos a ela. Esse sistema, oferecido gratuitamente na internet, gera um relatório detalhado
sobre a estrutura e sobre o vocabulário de um dado texto, apontando contagens e medidas que
podem ser úteis para se estimar o grau de complexidade de um texto para diferentes tipos de
leitores.
De acordo com a descrição desse software: o “Coh-Metrix permite que leitores,
escritores, educadores e pesquisadores calculem, instantaneamente, a dificuldade de textos
escritos para a audiência de destino33.”. Portanto, por meio dessas ferramentas, profissionais que
trabalham com a análise de textos especializados podem ter acesso a um nível estimado de
31
www.reciis.icict.fiocruz.br
32
http://cohmetrix.com/
33
Tradução nossa
30
34
Os parágrafos seguintes têm por finalidade "desenhar” um panorama geral sobre as expectativas desta
pesquisa. Os objetivos gerais e específicos deste trabalho serão organizados na seção posterior.
31
35
Embora tenhamos por objetivo a apresentação de um protótipo de um futuro guia que descreva orientações
para a composição de textos simplificados em língua portuguesa, é possível que algumas instruções
apresentadas sejam utilizadas também em língua inglesa se percerbermos – por meio dos resultados encontrados
por nós - que determinadas estratégias possam ter efeitos positivos na simplificação de ambas as línguas.
32
1.3 OBJETIVOS
Com base nos objetivos desta pesquisa e nos resultados já atingidos por outros
estudos sobre a CT e aspectos afins, as questões mais específicas que movem esta
investigação são as seguintes:
a) Os textos sobre TEPT da nossa amostra, conforme se apresentam originalmente,
tendem a favorecer a acessibilidade textual e terminológica ou contribuem para
uma potencial CT?
b) Que características podem contribuir para uma possível CT nesses textos?
33
Zethsen (2005), que por muitos anos conduziu pesquisas a respeito da comunicação
entre especialistas e leigos na área da Saúde, lida diretamente com a tradução intralinguística
e sua importância para a Tradução. Essa autora salienta que a maior parte das pesquisas nos
Estudos de Tradução são voltadas para traduções interlinguística e pouco é desenvolvido
sobre a tradução intralinguística (que, de acordo com Jakobson (1959), faz parte dos Estudos
da Tradução).
Em seu artigo de 2005, chamado "Intralingual Translation: an Attempt at
Description36", Zethsen discute a importância de uma inclusão desse tópico nos Estudos da
Tradução. Para tanto e com o objetivo de comparação, apresenta uma descrição geral sobre a
tradução intralinguística e de suas características com base na observação de cinco versões
diferentes em dinamarquês de um segmento da Bíblia.
Nesse estudo, Zethsen (2005), por vezes, levanta comparações entre a tradução inter e
intralinguísticas e afirma que os dois tipos de tradução lidam com problemas de mesma
ordem e são, muitas vezes, similares. Por esse motivo, enfatiza a importância de estudos que
lidem com a tradução intralinguística e destaca que embora existam semelhanças, é preciso –
também – voltar a atenção para as diferenças entre os dois tipos de tradução.
Na sua tentativa de descrever a tradução intralinguística e apontar microestratégias
desse tipo de tradução, Zethesen (2005, p.16) explica que a tradução intralinguística é
geralmente motivada por alguma das seguintes razões: conhecimento (do leitor para o qual o
texto traduzido será dirigido), tempo, cultura e espaço.
Em suas observações de comparação das versões intralinguisticamente traduzidas dos
versículos bíblicos em dinamarquês, Zethesen (2005, p.16) destaca que, entre os achados
mais importantes, há, primeiramente, uma forte tendência da tradução intralinguística a
envolver alguma forma de simplificação37.
Ao final do artigo, Zethesen (2005) relata que, na Dinamarca, existe uma demanda
muito grande para que o conhecimento especializado seja acessível para públicos leigos e que
a população em geral já se tornou intolerante com linguagens especializadas rebuscadas.
Diante disso, a procura por "profissionais simplificadores" está cada vez maior,
principalmente porque os profissionais especializados consideram difícil escrever em
36
Tradução Intralinguística: uma tentativa de descrição. (Tradução nossa)
37
Original: The most interesting findings of the analyses and of the comparison with interlingual translation is
firstly the strong tendency of intralingual translation to involve a form of simplification
35
linguagens mais simplificadas. Para a autora, os tradutores são os profissionais ideais para
esse tipo de “tradução”, uma vez que a simplificação pode ser entendida como um tipo de
tradução intralinguística. Perante a grande semelhança entre a tradução interlinguística e a
intralinguística, os tradutores têm, em tese, um preparo especial para aplicar estratégias
semelhantes na edição de textos com o objetivo de simplificação.
Por fim, Zethesen (2005) encoraja teóricos e práticos da Tradução a estudar a forma
intralinguística e a conduzir pesquisas sobre esse assunto. Afinal, embora sua pesquisa com
os textos bíblicos em dinamarquês seja uma forma útil de destacar a importância desses
estudos, ainda é preciso haver mais pesquisas empíricas para que as técnicas e estratégias de
tradução intralinguística possam ser melhor compreendidas e conduzidas. Esse tema está
sendo tratado por nossa colega de grupo de pesquisa, Liana Braga Paraguassu, no seu
trabalho de mestrado, em fase de finalização. Nesse trabalho, ela defende a inclusão do tema
da tradução intralinguística em meio à formação universitária de tradutores no Brasil38.
A pesquisa realizada por Carpio (2017), como seu trabalho de conclusão de curso de
graduação, teve como finalidade analisar textos do Ministério da Saúde, especialmente
produzidos para leigos, a respeito das doenças provocadas pela inalação de amianto em meio
a atividades profissionais. O trabalho explorou textos que tratavam do tema das
Pneumopatias Ocupacionais.
A partir da observação da alta complexidade dos textos e da inadequação deles para o
público determinado, a autora observou os traços textuais que aumentaram a complexidade
desses textos e, posteriormente, propôs modificações que pudessem adequar os textos para os
leitores determinados: trabalhadores industriais e da Construção Civil do Brasil. Dentre os
traços que sugerem complexidade textual nos textos estudados, Carpio destacou o uso
desnecessário de léxico especializado.
Ao final da pesquisa, a autora propôs um protótipo de folheto a respeito do assunto
que poderia, conforme sua concepção e balizada pela atuação de um consultor médico
Pneumologista, ser considerado como mais adequado para o público-receptor.
As três sugestões de estratégias de simplificação apresentadas pela autora são: utilizar
frases em ordem direta, preferir períodos simples e evitar frases de duas ou mais orações,
39
optando por períodos compostos por coordenação (quando for necessário utilizar períodos
compostos).
40
Disponível em www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/corpop/
40
Terminologia, como a Teoria Geral da Terminologia (TGT), vigente até os anos 90, que
privilegiava a padronização de terminologias e de conceitos. A uniformização de
terminologias, em um enfoque normativo, era o foco principal na TGT. Entretanto, em um
percurso evolutivo natural, a perspectiva do texto e o enfoque descritivo trouxeram para os
estudos de Terminologia novas possibilidades de exploração e a ultrapassagem do nível do
léxico. Krieger e Finatto (2004, p.106), a esse respeito, também já afirmaram que:
Assim, será importante considerar fatores como escolaridade, entorno cultural, forma de
acesso às informações, etc.
Portanto, especificamente pelo tratamento dado à linguagem especializada e por
considerá-lo como uma linguagem natural que se compõe de formas peculiares ao ser
utilizada em um contexto específico, abre-se uma oportunidade de explorar as nuances de um
texto escrito por profissionais especializados. Passa-se a observar a forma como a linguagem
é composta nos textos científicos para que, quando esses são destinados aos públicos leigos,
possam cumprir seus propósitos comunicativos e divulgar a ciência de forma clara e
eficiente. Por esse motivo, os temas da complexidade textual e os estudos a respeito de
acessibilidade e simplificação são hoje tópicos fundamentais das pesquisas em Terminologia.
Embora pudéssemos levar em consideração, também, os pressupostos apontados pela
Teoria Sociocognitiva da Terminologia (TST) que, a respeito do termo, acredita que “forma e
conteúdo variam dependendo do tipo de categoria e do nível de especialização do emissor e
do receptor na transmissão de uma mensagem” (SILVA, 2017, p.74), optamos por não
basearmos nossa pesquisa nessa Teoria. Embora seus apontamos sejam importantes e
pudéssemos traçar uma relação com a pesquisa, as limitações dos nossos estudos não nos
permitem, ainda, observar a aceitação/assimilação dos termos e dos textos para o receptor.
Pesquisas futuras, que possam verificar com leitores reais a complexidade e a possível
eficiência de testes de simplificação podem (e devem) levar em consideração os preceitos da
TST, principalmente no que diz respeito aos frames e aos modelos cognitivos para
compreensão dos termos e o quanto isso pode influenciar na intepretação de textos
especializados. Outro enfoque bastante promissor pode ser aquele identificado como as
“perspectivas textuais” da Terminologia, conforme aponta Finatto (2004).
Portanto, embora reconheçamos a importância da TST e de outras vertentes atuais da
Terminologia e sua possível colaboração para pesquisas sobre a CT (complexidade textual),
optaremos por entender os textos e os termos por meio da perspectiva da TCT para a presente
pesquisa. Em suma, no que diz respeito à visão de Terminologia para este trabalho,
consideramos importantes dois aspectos: o tratamento das terminologias e o estudo dos textos
especializados.
Sobre o tratamento das terminologias - que nos será importante na seleção dessas
unidades na aplicação de algumas estratégias de reescrita - basearemo-nos na ideia da TCT
sobre o que constitui um termo. Portanto, ao selecionarmos os termos para aplicarmos a
substituição lexical ou para a estratégia de ampliação de informação, por exemplo,
44
consideraremos como termo as unidades lexicais que adquirem uma significação especial
para a área da Psicologia/Psiquiatria e cuja ativação desse significado se dê pelo contexto.
Achamos importante salientar, também, que este trabalho se posiciona como
pertencente à Terminologia, não só pela sua perspectiva de tratamento dos termos, mas
também porque acreditamos que a Terminologia (diferente de como era pensado
anteriormente) é a disciplina que se encarrega não só de termos, mas também de textos
especializados.
Finatto (2018, no prelo) aponta que existe um novo tipo de "tendência" nos estudos da
Terminologia e que sobrepassa o tratamento dos termos como fontes de estudo para área.
Atualmente, conforme destacado pela autora, o estudo da acessibilidade textual se incorporou
aos “objetos de interesse” da Terminologia com o objetivo de desenvolver orientações
linguísticas e também terminológicas para redação de textos simplificados.
Portanto, salientamos que, para nós, este trabalho se enquadra como um trabalho de
Terminologia não apenas porque irá lidar (em algumas partes) com termos, mas porque
tratará diretamente da linguagem especializada conforme concretizada em textos científicos -
nos quais, obviamente, as terminologias estarão presentes.
Além da teorização da Terminologia, também consideramos fundamentais para esta
pesquisa, as perspectivas semânticas adotadas pela Linguística Sistêmico Funcional (LSF),
principalmente no que diz respeito ao entendimento da linguagem como um processo social
que se manifesta por meio de dois importantes fatores: o produtor e o receptor.
Segundo Halliday e Hasan (1989) os contextos sociais são fundamentais para a
configuração do conhecimento e são eles que embasam a significação e o entendimento de
produções linguísticas. Esse contexto diz respeito não só à inserção de uma produção textual
em um determinado recorte, mas também aos contextos e conhecimentos que sustentam a
compreensão de um receptor.
Na produção linguística, Halliday e Matthiessen (2004) apontam a ideia de que existe
uma rede de opções disponíveis para um emissor para que ele configure a sua mensagem de
forma que suas escolhas apropriem seu texto de acordo com seus objetivos comunicativos.
Essas escolhas, que possibilitam diferentes variações para a exposição da mesma ideia, são
consideradas pela LSF como registros, que definem padrões por meio dos quais um texto é
formado de acordo com cada contexto comunicacional.
Uma vez que “utilizamos a linguagem para dar sentido às nossas experiências e para
interagir com as outras pessoas” (HALLIDAY E MATTHIESSEN, 2004, p.24, tradução
45
nossa), um emissor se apropria das escolhas que lhes pareça cumprir seus propósitos para
manifestar suas experiências e construir um significado. Esse significado não deve ser
baseado apenas em construções gramaticais e escolhas lexicais, mas que deve levar em
consideração, também, o receptor, uma vez que um texto alcançará seu objetivo
comunicativo quando respeitar os contextos nos quais o receptor estiver inserido e for apto a
apresentar corretamente as opções de interpretação pretendidas pelo emissor.
Dessa forma, acreditamos que a veiculação de uma mensagem – e em consequência
seu êxito ou falha em transmitir uma informação – está altamente relacionada às escolhas de
um emissor. Ademais, cremos que a falha ou a complexidade na compreensão de um texto
não é apenas uma consequência da limitação linguística de um receptor, mas que também
pode ser decorrente das escolhas feitas pelo emissor na formação da sua mensagem; de forma
que a opacidade na transmissão de informações possa ocorrer pela inapropriação de registro.
Sustentando a ideia de registro, acreditamos que textos de divulgação científica com o
objetivo de comunicar uma mensagem entre especialistas e leigos se enquadra em um registro
diferente dos textos cujo objetivo seja uma comunicação entre pares. Por consequência,
existirão pelo menos duas variantes para um texto: a que se aproprie no registro especializado
e a que seja adequada ao registro leigo.
Trazemos ao trabalho, ainda, alguns conceitos fundamentais já apresentados pela
Linguística Textual desde os anos 1970. Destacaremos apenas alguns pontos principais,
conforme trabalhados no Brasil por Koch (2015), eminente linguista brasileira, recém-
falecida. Esses conceitos dizem respeito à coerência e coesão textuais – fatores primordiais
para que um texto cumpra seus propósitos eficientemente. Em meio a esses conceitos,
situam-se os conhecidos “fatores de textualidade”, responsáveis por tornar um texto possível.
Esses fatores são: informatividade, intencionalidade, aceitabilidade e situacionalidade –
sobre os quais abordaremos nos pressupostos teóricos desse trabalho.
Entre os diferentes fatores de textualidade antes citados, acreditamos que o grau de
informatividade de um texto possa ser um dos principais responsáveis pela sua possível
complexidade para um dado leitor. A informatividade diz respeito à quantidade de
informações “novas” que são apresentadas em um texto e à quantidade de informações que
um leitor precisa ter para que possa compreendê-las, sendo que um texto com alto grau de
informatividade é aquele que apresente muitas informações novas e exija um maior esforço
do leitor diante do texto. Cremos, entretanto, que na relação entre informatividade e
complexidade textual, o grau de informatividade seja consequência das escolhas feitas pelo
46
emissor (relação com a LSF) não só a respeito dos conteúdos apresentados em um texto, mas
também sobre a forma como eles são expostos. Sabemos que a informatividade também tem
relação com o receptor (uma vez que se associa aos conhecimentos prévios que esse tem para
a compreensão de um texto), mas acreditamos que para a acessibilidade textual e
terminológica o papel do emissor e de suas escolhas seja o maior responsável pelas
estratégias adotadas para que um texto comunique uma mensagem de forma clara e completa.
Em complemento à informatividade, também acreditamos no papel da
intencionalidade – que são os propósitos do emissor e a forma que ele apropria os recursos
em um texto para que ele atinja seus objetivos – e da situacionalidade, que são os elementos
de um texto que os apropriem para um determinado contexto. Acreditamos que, com base na
importância do reconhecimento do contexto do receptor apontados pela LSF, um emissor
deve atentar para a intencionalidade e adequar seus recursos para que o texto seja acessível
para o público destinado.
Embora utilizemos a informatividade, intencionalidade e situacionalidade apontadas
pela Linguística Textual, não iremos explorar diretamente, para os fins deste trabalho, o
elemento aceitabilidade (que pode ser entendido como a postura do leitor diante do texto e
seu esforço para entendê-lo). Entendemos que, ao buscar um texto informativo sobre alguma
área especializada (principalmente da Medicina), a aceitabilidade do leitor já poderia ser um
a priori, apoiado em uma postura de receptividade positiva, uma vez que a intenção do leitor
é, em tese, entender o texto para sanar suas dúvidas. Entretanto, utilizaremos a aceitabilidade
na análise holística dos textos para expor nossa opinião sobre a possibilidade de aceitação de
um texto para o público-leitor desta pesquisa. Portanto, ao mencionarmos que a
aceitabilidade é baixa, temos como objetivo afirmar que o texto é complexo e que a
probabilidade de eficiência comunicativa do texto é baixa.
Em adição aos fatores de textualidade, ainda apontaremos, brevemente, o conceito de
intertextualidade que, em relação à complexidade textual, pode ser observada como a
quantidade de textos que é preciso que um leitor tenha lido previamente para que possa
compreender um novo texto. Ou seja, analisaremos se os textos apresentam muitos
intertextos e partiremos do princípio de que um texto que apresente menos intertextos será
considerado como mais simples para um leitor, porque não exigirá que ele já tenha realizado,
previamente, leituras a respeito do tópico.
Uma vez que trabalhamos com uma análise extensiva, que se apoia nas várias
reescritas de um conjunto de textos-fonte, tomados como corpus, validamos também os
47
Ainda que limitada a 10 textos, esta pesquisa tratará de um corpus que se multiplica
ao total de aproximadamente 80 textos. Isso ocorre porque cada um dos 10 textos-fonte será
submetido a 8 diferentes edições em busca de verificação de sua potencial acessibilidade.
Na perspectiva de análise individual dos textos, utilizaremos alguns conceitos do
Processamento da Linguagem Natural (PLN). Ao submetermos cada um dos textos ao Coh-
Metrix Dementia, estamos conduzindo um tratamento individual para a análise da CT. Sendo
assim, o Coh-Metrix Dementia (que pode ser considerado como uma ferramenta de PNL) nos
permitirá averiguar cada um dos textos e levantar conclusões a respeito de suas
complexidades para, posteriormente, realizarmos uma comparação com os demais.
Sendo assim, diante da necessidade e da observação de eficiência, adotaremos alguns
princípios da LC e da PNL para os fins desta pesquisa. Ainda que pareça contraditório,
percebemos – conforme já apontado por Finatto (2011) que o diálogo entre as duas áreas é
produtivo e necessário.
No que diz respeito à tipologia textual selecionada para estudo, conforme já citado,
deteremo-nos em materiais escritos por especialistas de diferentes áreas da Medicina e da
Psicologia para públicos leigos sobre o Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT).
Justificamos a escolha do tema, primeiramente devido ao aumento da incidência desse
transtorno nos últimos anos e, em consequência, a procura por materiais informativos a
respeito dele. Além disso, a escolha pelo TEPT se deu por ele ser um tópico da
Psicologia/Psiquiatria que é menos presente em pesquisas e com menor quantidade de
materiais disponíveis gratuitamente para leitores leigos, conforme verificamos em um
contraste de buscas na internet por termos relacionados aos diversos tipos de transtornos
psicológicos. Como exemplo, podemos mencionar que o Google, para a língua portuguesa,
apresenta aproximadamente 37 milhões de textos sobre “depressão”, 1 milhão e 300 mil
textos sobre “síndrome do pânico”, 663 mil sobre “transtorno obsessivo compulsivo” e
apenas 370 mil a respeito do TEPT.
Em resumo, o presente trabalho se caracteriza como uma pesquisa de Terminologia,
por estudar o texto especializado e a linguagem utilizada nele; se sustenta nos princípios
semânticos da Linguística Sistêmico-Funcional, para o entendimento de “significação" da
leitura dos textos, e se desenvolve com o apoio de conceitos da Linguística Textual, de
técnicas da Linguística de Corpus e do Processamento Natural da Linguagem.
49
Esta dissertação está organizada em seis partes, conforme explicado nesta seção.
A primeira parte apresentou elementos que situam a dissertação no contexto de
pesquisa e que justifica a relevância dela para a academia. Apresentamos os contextos
situacionais que originaram a pesquisa e a forma como ela se insere nos esforços dos estudos
sobre o tema da complexidade (CT), acessibilidade e simplificação textual. Trouxemos as
perguntas que nortearão as metodologias de pesquisa, seguidas pelos objetivos que temos ao
conduzir os experimentos com análise de CT e estratégias de simplificação.
Uma vez que os estudos sobre o tema de CT ainda são escassos no Brasil, já
apresentamos, na primeira parte, seis trabalhos que se relacionam com a nossa pesquisa e que
se apoiam em conceitos e preceitos similares aos nossos. Algumas dessas pesquisas, como a
de Pasqualini (2018) ainda nos permitem utilizar seus resultados como suporte para as ideias
e informações apresentadas neste texto.
Em seguida, ainda na parte 1 desta dissertação, situamos o nosso leitor a respeito do
posicionamento deste trabalho no que diz respeito às teorias nas quais nos sustentaremos.
Uma vez que acreditamos que uma teoria não necessariamente elimina ou invalida outras,
demonstramos nossas crenças e o posicionamento desta pesquisa em conceitos fundamentais
das áreas da Terminologia, da Linguística Textual, da Linguística Sistêmico-Funcional, da
Linguística de Corpus e do Processamento Natural da Linguagem.
A parte 2, que vem no capítulo a seguir, apresenta os conceitos utilizados pelas teorias e
áreas mencionadas acima que são fundamentais para a interpretação da complexidade textual e
para a análise dos possíveis impactos das estratégias de simplificação que foram adotadas.
Primeiramente, apresentamos o tema dos textos analisados (Transtorno do Estresse
Pós-Traumático) e justificativas a respeito da escolha do tema para, então, abordamos
conceitos e ferramentas a respeito da complexidade textual e da importância dos estudos
sobre a CT, acessibilidade e simplificação para a língua portuguesa.
Em seguida, trazemos alguns conceitos da Terminologia que é, de fato, a principal
área na qual os estudos de CT estão inseridos. Abordaremos a relação entre a Terminologia e
o estudo do léxico especializado, entre a Terminologia e a análise textual e a respeito da
Teoria Comunicativa da Terminologia (escola cujos pensamentos se aliam aos nossos para o
desenvolvimento desta dissertação).
Posteriormente, apresentamos os conceitos da Linguística Textual (LT) que nos
apoiarão na interpretação da complexidade e dos resultados de simplificação pós-estratégias.
50
Seguindo os conceitos apresentados sobre a LT, trazemos conceitos de duas áreas que
embora opostas, podem (e devem) se comunicar para a análise da complexidade dos textos
selecionados: a Linguística de Corpus e o Processamento Natural da Linguagem.
Em seguida, apresentamos uma teoria semântica cuja perspectiva a respeito do texto
sustenta nossa ideia de simplificação relacionada ao leitor, a Linguística Sistêmico-
Funcional.
Por fim, uma vez que lidamos com Texto e Leitura, trazemos alguns conceitos sobre o
processamento cognitivo de leitura e apontamos quais as possíveis relações com o tema de
complexidade e acessibilidade.
A parte 3 é destinada à apresentação dos componentes que fazem parte da pesquisa.
Na seção materiais e medidas/métricas, apresentamos, primeiramente, informações a
respeito dos dez textos selecionados para análise; seguidos pela apresentação da ferramenta
que é utilizada para o levantamento das informações textuais (Coh-Metrix Dementia) e, por
fim, de uma descrição das métricas presentes na ferramenta que foram selecionadas para as
análises das possíveis complexidades e dos impactos das estratégias de simplificação.
A parte 4 é reservada para apresentação e aplicação da metodologia.
Primeiramente, comentamos sobre a coleta e o preparo do corpus a ser estudado.
Logo após, abordamos as etapas de verificação de potencial de complexidade e as descrições
sobre as oito estratégias de simplificação que adotamos para os testes de acessibilidade com
os textos do corpus: edição de pronomes, quebra de sentenças/parágrafos em estruturas
menores, redução de informação, ampliação de informação, simplificação lexical, eliminação
da voz passiva, redução de adjetivos e redução de advérbios.
Logo após, apresentaremos os dados coletados de cada um dos textos em quadros: em
um quadro, apresentaremos as quatro métricas de complexidade de cada um dos textos
(índice Flesch, análise semântica latente, relação type-token e densidade semântica) e a
incidência de substantivos, verbos, adjetivos, advérbios e pronomes.
Em outro quadro, exibiremos dados relacionados às dimensões do texto: número de
parágrafos, quantidade de parágrafos, quantidade de frases, tamanho médio das frases e
média de frases por parágrafos.
Ainda nessa seção, interpretamos as métricas obtidas relacionando cada uma delas
com os indicativos de complexidade. Para isso, comentaremos sobre os valores de índice
Flesch, de análise semântica latente, de relação type-token e de densidade semântica
apontando quais métricas indicam que um texto é mais/menos complexo. Com o objetivo de
51
tornar a interpretação mais didática, após a disposição e comentários dos dados, também
desenvolvemos legendas que nos ajudam a categorizar o nível de complexidade de cada um
dos textos para cada uma das métricas.
Além disso, apresentamos uma comparação das métricas dos textos-TEPT com as
métricas de seis textos de controle (textos considerados simplificados) e verificamos a
classificação dos índices dos dois grupos juntos para analisarmos se os resultados dos textos-
TEPT são, de fato, indicativos de maior complexidade do que os textos considerados
simplificados.
Como uma pesquisa “colateral”, apresentamos, nessa mesma seção, uma verificação
da relação entre a presença de adjetivos e de advérbios e a complexidade para corroborar ou
refutar o posicionamento de Finatto (2005) que afirma que essas duas classes de palavras
poderiam contribuir para tornar um texto mais complexo.
A parte 5 está organizada para relatar os resultados das estratégias de simplificação e
seus potenciais de acessibilidade. Nessa seção, apresentaremos as métricas provenientes do
levantamento de dados do Coh-Metrix Dementia de cada um dos textos simplificados.
Uma vez que nossa pesquisa envolve a análise da complexidade de 10 textos e da
aplicação de 8 estratégias de simplificação aplicadas a cada um desses textos, a seção
"Resultados dos Testes de Simplificação" apresenta as métricas e índices de,
aproximadamente, 80 textos.
Com a finalidade de tornar a leitura e interpretação da [in]eficiência de cada uma das
estratégias, essa seção está organizada por títulos que apresentarão as métricas dos textos
após a aplicação de cada uma das estratégias. Ou seja, primeiramente apresentaremos as
quatro métricas de complexidade e as cinco de incidências dos textos simplificados por
edição de pronomes, depois as métricas pós-edição por quebra de sentenças/parágrafos em
estruturas menores e assim por diante.
Tendo em mente a facilitação da interpretação das possíveis simplificações,
destacamos nos quadros das métricas pós-estratégias os resultados em diferentes cores,
conforme explicado abaixo:
I. Para as métricas de complexidade, destacaremos em verde os resultados que
indicam simplificação, em vermelho as métricas que indicam maior
complexidade após a aplicação da estratégia e em amarelo as que se
mantiveram inalteradas.
52
PARTE 2
42
As informações contidas especificamente nesse parágrafo (adaptadas), fazem parte de um projeto de pesquisa
aprovado pelo Comitê de Ética da PUCRS e foram gentilmente cedidas e revisadas pela Dra. Gilda Pulcherio,
pela Dra. Marlene N. Strey e pelo Dr. Carlos Pinent. Esse projeto tem como objetivo principal investigar os
principais eventos traumáticos e fatores psicossociais a que estão expostos os dependentes químicos.
43
Utilizaremos o termo “portador” para nos referirmos aos pacientes que são diagnosticados com TEPT, embora
não acreditemos que uma pessoa “porte” uma doença.
55
Alguns anos depois, David aposentou-se como soldado e retomou sua vida corriqueira
na sua cidade dos Estados Unidos.
Em um determinado dia, David estava caminhando por uma rua e um carro passou por
ele. Logo ao passar por David, o carburador do carro fez um barulho alto e estridente. Esse
barulho acionou no cérebro de David uma lembrança da guerra, porque foi similar ao som
emitido por uma arma sendo disparada.
Logo após essa cena, David começou a experenciar um ataque de pânico: sentiu um
aperto no peito, suor nas mãos, uma forte tontura e um medo crescente.
David é portador de TEPT, diagnosticado pós-guerra (evento traumático que
desencadeou o transtorno na vida de David)."
A partir dessa história simples, queremos deixar claro que o TEPT é um transtorno
psicológico relacionado à ativação de memórias de eventos traumáticos. Essas, ao serem
trazidas de volta à mente do portador, desencadeiam outras reações, como ataques de pânico,
estresse, hiperventilação, etc.
Os gatilhos que desencadeiam as consequências de TEPT podem ser altamente
relacionados ao evento traumático de um paciente (como uma notícia que uma nova guerra
começou, como seria o caso de David), ou qualquer outro elemento que pode ser considerado
como banal para as demais pessoas, como um determinado tipo de local, um cheiro, um
evento, uma música, uma pessoa, etc.
Além do mais, o TEPT não se caracteriza apenas por eventos esporádicos. Alguns
níveis de TEPT impedem que os portadores saiam de casa (desenvolvendo agarofobia), não
permitem que os pacientes se sujeitem a algum determinado tipo de situação, etc. Existem
diversas consequências e distintas manifestações para um portador de TEPT.
Atualmente, considera-se como portadores de TEPT não só as pessoas que sofreram
eventos traumáticos maiores, mas qualquer paciente que possa ter sofrido qualquer tipo de
evento traumático e que, a partir de então, exibe sintomas.
De acordo com Figueira & Mendlowicz (2003, p.1) no artigo “Diagnosis of the
posttraumatic stress disorder.44”, para que uma pessoa seja diagnosticada com TEPT, é
preciso que ela tenha sido exposta a um evento traumático satisfazendo dois critérios:
44
Diagnóstico do Transtorno do Estresse Pós-traumático. (Tradução Nossa)
56
45
Disponível em: http://drauziovarella.com.br/letras/e/transtorno-do-estresse-pos-traumatico/
46
Fatores que podem desencadear o TEPT.
47
Disponível em: www.socialprogressimperative.org/data
57
TEPT. Isso também poderá facilitar a comunicação entre portadores de TEPT e profissionais,
que geralmente costumam buscar informações em mídias distintas para sanar suas dúvidas a
respeito de causas, consequências, tratamentos, etc.
Com o advento da internet, o acesso à informação tornou-se mais fácil e rápido.
Ressaltando-se, então, a importância de uma pesquisa linguística que possa ajudar a tornar
clara a linguagem médica e científica relacionada ao TEPT. Assim, com um melhor
relacionamento com textos informativos, pacientes e seus familiares/cuidadores poderão
possam participar mais ativamente nas decisões relacionadas aos seus tratamentos. Além
disso, potencializa-se um maior discernimento a respeito dos riscos e dos tratamentos aos
quais são submetidos.
58
Essa autora avaliou o grau de abstração conceitual em diferentes tipos de textos que
tratavam de uma mesma temática, mas que eram dirigidos a diferentes perfis de
leitores (cientistas, público semi-leigo e leigo). Considerou como fatores distintivos
dos graus de especialização desses textos, produzidos por cientistas e por jornalistas
que cobrem temas científicos coincidentes, o uso de terminologia específica e a
presença de variação terminológica, realizada na forma de sinônimos, paráfrases e
explanações.
59
Logo, observa-se e reitera-se a ideia proposta por Leffa (1996) ao considerar o leitor e
suas condições como fatores importantes para entendermos e estudarmos a complexidade
textual Ciapuscio (2003).
Os autores supracitados ainda afirmam que redatores (ou editores) de textos
simplificados não têm muitos recursos que possam colaborar para a compreensão linguística
dos perfis dos leitores ao qual os textos serão direcionados, de forma a poder identificar quais
elementos textuais tornam a leitura e a compreensão mais complexa. Por essa razão, o
desenvolver dos estudos a respeito de complexidade textual (e, por conseguinte, ferramentas
que possam trabalhar com a área) parece ser importante para o entendimento a respeito dos
graus de legibilidade e para colaborar para que esses profissionais possam entender formas de
trabalhar com textos para que possam cumprir suas finalidades comunicativas e se ajustarem
ao perfil dos leitores para quem serão destinados.
Claramente, com os diversos recursos computacionais presentes para inúmeras
finalidades no nosso dia-a-dia, não é de se surpreender que existam ferramentas que
colaboram para a identificação de atributos textuais que possam torná-lo potencialmente
complexo. Para essa finalidade, conforme já referimos no capítulo 1, existem programas de
computador que coletam e analisam dados48 e que relatam índices e métricas que podem ser
usadas para converter esses dados em informações relevantes para estudos de acessibilidade
textual. Com a ajuda da tecnologia, é possível conduzir estudos da complexidade textual de
corpora maiores que, nos tempos passados, não eram comumente conduzidos (Finatto, 2011).
Ainda a respeito da interface entre Linguística e Tecnologia da Informação,
Pasqualini, Scarton & Finatto (2010, p.31) mencionam: “passa-se a reconhecer o quanto
instrumentos estatísticos e computacionais podem contribuir para a descrição da linguagem.”.
Por meio de diferentes software de análise textual, podemos realizar análises de
provável complexidade e fornecer dados a respeito dos textos estudados. Esses dados, quando
estudados, podem contribuir para que profissionais de diferentes categorias (como redatores,
simplificadores, editores, etc.) entendam quais aspectos tornam um texto complexo e, a partir
de então, refletir em soluções para uma simplificação textual que adequem os textos aos tipos
de leitor que são destinados. Como exemplo desses recursos, podemos destacar os já citados
48
Consideraremos como “dado” tudo aquilo que for coletado antes de ser transformado em informação. Como
“informação”, trataremos como tudo aquilo que, proveniente dos dados “brutos” se tornaram “filtradas” para
determinados propósitos.
60
A análise Multidimensional foi criada com o objetivo de permitir uma descrição rica e
complexa de corpora inteiros de textos por meio estatísticos bem como a extração
precisa de características textuais em comum entre corpora. Anteriormente à Análise
Multidimensional, a tendência era de que se estudasse a co-ocorrência de poucos traços
e que se fizesse a interpretação de modo intuitivo. A variação entre registros era
investigada comumente por meio de poucos parâmetros, por exemplo, ‘formalidade’ ou
‘planejamento’ e por conseguinte a distinção que se fazia entre textos era incompleta
pois privilegiava apenas uma das muitas diferenças que podem existir entre os textos.
49
Ainda que possa parecer estranho para o leitor de língua portuguesa, respeitamos as regras de formação de
plural dessa palavra inglesa, que determina que o plural de “software” é “software”.
50
Embora exista uma outra versão para a língua portuguesa (Coh-Metrix Port), utilizaremos o Coh-Metrix
Dementia para os fins dessa pesquisa por ser uma ferramenta que disponibiliza uma variedade maior de
métricas.
51
http://research.microsoft.com/en-us/UM/redmond/events/ERSymposium2010/slides/Aluisio.pdf
52
http://www.plainlanguage.gov/
61
Feita essa breve caracterização da AMD, vale salientar que, ao trabalharmos com a
análise da complexidade textual, abordamos, do nosso próprio jeito, distintas dimensões de
um texto. Tratamos não apenas do léxico, mas também da sintaxe, da terminologia, do léxico,
etc. As metodologias “clássicas” da AMD e da LC, entretanto, são operacionalmente
complexas e envolvem análise matemática multifatorial, as quais podem ser verificadas em
trabalhos como os de Shergue (2003).
Essas multidimensões são utilizadas não apenas para a análise das métricas que
sugerem a complexidade, mas também são necessárias para o entendimento sobre aplicações
de distintas estratégias de simplificação, que também devem levar em consideração várias
dimensões de um texto.
Uma vez que a presente pesquisa levará em conta diferentes dimensões textuais para a
análise da CT e das estratégias de acessibilidade, preceitos da AMD servirão como inspiração
para o desenvolvimento deste trabalho, ainda que esta não seja, frisamos, uma pesquisa de
LC. As dimensões de texto que serão por nós analisadas são, primeiramente, as identificadas
e coletadas por meio de uma única ferramenta de análise textual: Coh-Metrix Dementia, que
será apresentada na próxima seção. Essa ferramenta foi desenvolvida no cenário de estudos
de Psicologia de Leitura e de PLN e não, propriamente, associada a pesquisas de LC.
62
4 A TERMINOLOGIA
53
Diferenciaremos, no percurso do presente texto, Terminologia (grafada com a primeira letra maiúscula) como
a área de estudo e terminologia (com a primeira letra minúscula) como o conjunto de termos de uma área
específica.
63
Dentro dos focos da Terminologia, também é de grande valor observar que ela é
responsável por cunhar propostas adequadas para descrever termos, levando em consideração
seus aspectos semânticos e pragmáticos. Por meio da Terminologia e da análise textual,
podemos analisar tanto as semelhanças quanto as diferenças entre textos de mesma
especialidade e, inclusive, comparar os termos encontrados em linguagens especialistas com
termos cujo significante sejam os mesmos, porém, que apresentem significados diferenciados
dentro de determinados contextos linguísticos (CABRÉ, 1993, p.5).
54
Observação nossa.
55
Tradução nossa.
64
Grande parte das áreas técnicas e/ou científicas produzem uma vasta gama de
materiais e pesquisas que buscam esclarecer novos achados, definir ou contrastar
pressupostos estudados, registrar resultados, constatar reflexos de experimentos, etc. É por
meio desse material (seja por meio de produções escritas ou orais) que a expressão lexical
dos conhecimentos científicos e tecnológicos é construída.
Por meio dessas constantes produções bibliográficas, vê-se, com frequência, o
surgimento de termos novos e definições que se aplicam especificamente para uma área de
estudo. Esses termos, em comparação com outras áreas, podem ter significados diferentes e
aplicações diferentes, dependendo da área de pesquisa. Torna-se necessário, portanto, um
cuidado especial e uma caracterização da definição desses termos e conceitos e da sua
exclusividade entre usos e áreas.
Essa comunicação “especialista” – entre experts de uma dada área ou de diferentes
áreas - apresenta aspectos peculiares a respeito de precisão, de seus objetivos e de seus usos.
Logo, os termos utilizados e frequentes apresentam uma dimensão cognitiva (ao
desencadearem significados especializados e específicos dentro de determinados contextos) e
uma dimensão linguística (por se tratarem de um componente lexical especializado)
(KRIEGER & FINATTO, 2004).
Ao se referir à relação entre ciência e linguagem, evidenciada nesse nosso cenário
comunicativo de tipo “especialista”, Benveniste (1989, p.252) menciona:
Por meio dessa definição (já apresentada no início deste trabalho), podemos entender
que o componente lexical especializado é o que possibilita às ciências definir processos,
resultados e experiências das mais variadas áreas de estudo. Cabré (1993, p.37) defende que
“Para os especialistas, a terminologia é o reflexo formal da organização conceitual de uma
especialidade.”.
Complementando o pensamento de Benveniste, Barros (2006, p.22) defende que:
semântico e, sobretudo, lexical, uma vez que é principalmente por meio de uma
terminologia própria que esse tipo de texto veicula os conhecimentos
especializados.
A Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT) critica a teoria (TGT) que afirma que
os termos não estão inseridos na língua natural. Para a TCT, o poder terminológico de um
item lexical não ocorre sem que antes o seu valor seja analisado e estudado em um contexto
comunicativo especializado, afirmando que, dessa forma, o conteúdo de um termo não é
sempre único e fixo, mas se modifica de acordo com o cenário comunicativo em que esteja
inserido (KRIEGER & FINATTO, 2004).
Teixeira (2008) ainda aponta que a TCT obtém de corpora especializadas a fonte de
reconhecimento e identificação da significação dos termos de conhecimento especializados.
Em adição, ele aponta que pelo fato dos termos serem usados numa área específica, indica
que os seus significados passam a ser determinados pelo texto (contexto) e não de forma
isolada; corroborando, dessa maneira, a importância da análise textual para os estudos de
Terminologia.
Dessa maneira, podemos entender que os conceitos associados aos termos são
condicionados por fatores extratextuais, advindos de um quadro de conhecimentos, enquanto
a terminologia do texto pode nos auxiliar a determinar um grau de especialidade do texto. Ao
refletirmos sobre essa dicotomia, podemos chegar à conclusão que a terminologia, por seu
67
Nesta pesquisa, apoiamo-nos nos pilares da Terminologia para um estudo não apenas
dos termos, mas também do todo dos textos sobre o TEPT como produtos comunicativos não
só entre especialistas, mas também entre especialistas e leigos.
A TCT, por outro lado, observou que os termos – na verdade – são unidades lexicais
comuns de uma língua, mas que assumem um determinado valor “diferenciado" dentro de um
contexto comunicativo especializado. Além disso, questionou a monorreferencialidade e a
universalidade propostas pela TGT. Dessa forma, a TCT coloca em cheque o reducionismo, o
estatismo, o universalismo e a artificialidade apresentada pela TGT a respeito do termo
(SILVA et. al., 2017, p.83).
Por meio dessa perspectiva, portanto, a palavra “planta” (anteriormente utilizada
como exemplo) pode ser vista como parte do léxico natural da língua portuguesa, mas assume
um papel de termo quando inserida em contextos especializados específicos. Assim, "planta”
pode se referir às diferentes espécies de um jardim (para o léxico natural da língua
portuguesa), ao projeto de elaboração de uma construção (para a Arquitetura), aos vegetais
que não produzem madeira (para a Botânica), ao tecido que possui vasos (para a
Dermatologia) e a tantas outras definições que podem surgir em linguagens especializadas.
Krieger & Finatto (2004, p.35) afirmam que:
além do termo, considera como objetos de estudos para a Terminologia dois outros
elementos: o texto especializado e o conhecimento científico.
A face social apontada pela TCT é aquela que lida com os objetivos comunicativos de
trabalhos terminológicos. Tendo em vista que comunicação é um processo social, a TCT
afirma que o texto é uma fonte de comunicação profissional e, dessa forma, considera-o
fundamental para seus estudos. Uma vez que o texto tem um papel tão importante, diversas
áreas da Terminologia se preocupam com que ele seja eficiente e que atenda os propósitos
estabelecidos (SILVA et. al., 2017, p.83), já que em textos especializados, podemos observar
um dinamismo e uma complexidade do comportamento dos termos, o que pode gerar
polissemia na comunicação científica.
Por conseguinte, ao lidarmos com complexidade, acessibilidade e simplificação
textual, trabalhamos com um objeto de estudos que é, antes de mais nada, pertencente à
Terminologia; principalmente quando a análise da complexidade diz respeito a textos
especializados.
A TCT colabora, então, para estudos de complexidade textual e de estratégias de
simplificação que analisem terminologias.
Para os fins desse trabalho, adotamos a ideia da TCT de que uma unidade lexical
assume o valor de termo dentro de um texto especializado e também consideramos o texto
como fonte de comunicação profissional e, em consequência, buscamos alternativas para que
essa comunicação seja eficiente. Logo, temos como objeto de análise não somente os termos
encontrados em um texto, mas o texto como um todo, levando em consideração aspectos
semânticos, sintáticos, terminológicos, etc.
70
5 LINGUÍSTICA TEXTUAL
A Linguística Textual (LT) é o campo da Linguística que, de acordo com Mussalim &
Bentes (2012, p.261), "procura ir além dos limites da frase, que procura reintroduzir, em seu
escopo teórico, o sujeito e a situação de comunicação". Dessa forma, o texto passou a ser
analisado como componente de uma interação social e dentro de um determinado contexto.
A respeito da LT, Fávero & Koch (2000, p.11) afirmam que "sua hipótese de trabalho
consiste em tomar como unidade básica, ou seja, como objeto particular de investigação, não
mais a palavra ou a frase, mas sim o texto, por serem os textos a forma de manifestação de
linguagem56.".
Ao considerar o texto, então, como uma forma de manifestação da linguagem, a LT
considera que ele não é formado apenas por uma ordem quantitativa de frases; mas por estar
inserido em um contexto, ele passa a ser, também, qualitativo. A respeito disso, Koch (2004,
p.11) destaca:
A Linguística Textual toma, pois como objeto particular de investigação não mais a
palavra ou a frase isolada, mas o texto, considerado a unidade básica de
manifestação da linguagem, visto que o homem se comunica por meio de textos e
que existem diversos fenômenos linguísticos que só podem ser explicados no
interior do texto. O texto é muito mais que a simples soma das frases (e palavras)
que o compõem: a diferença entre frase e texto não é meramente de ordem
quantitativa; é sim, de ordem qualitativa.
Uma vez que um texto pode ser entendido como uma estrutura dotada de sentido e
que tem um determinado objetivo comunicativo, a LT se preocupa em analisar fatores e
critérios da textualidade que vão além de uma análise puramente estrutural.
Florêncio et al. (2009, p.25-26) destaca que um texto é uma forma de manifestação de
discurso e, por ser uma manifestação de discurso, ele nunca é neutro e é formado a partir de
uma posição social e de uma perspectiva ideológica que está relacionada a crenças, a visões
de mundo, a lugares sociais, etc. A partir de então, a LT passa a incorporar aos estudos
linguísticos conceitos como coesão, coerência, intertextualidade, intencionalidade,
situacionalidade, informatividade, etc., sobre os quais falaremos mais adiante.
Koch (2014) afirma que o texto é a manifestação máxima da língua e que ele é um ato
comunicativo que unifica uma complexidade de fatores. Sendo assim, analisar um texto é,
sobretudo, trabalhar com interdisciplinaridade, uma vez que ele “carrega” uma gama de
56
Grifo nosso
71
FATORES DE TEXTUALIZAÇÃO
1. Intencionalidade: A intencionalidade é um elemento textual ligado ao emissor.
Ao nos referirmos à produção textual escrita, a
intencionalidade depende do autor/compositor e da forma como o
redator compõe um texto para que ele possa cumprir seu propósito
comunicativo.
Silva et al. (2018) afirma que a intencionalidade direciona a
forma como um autor compõe um texto tendo em mente não
somente seus objetivos comunicativos, mas também – e
principalmente – o público leitor.
Ao relacionarmos a intencionalidade com a análise da
complexidade textual, podemos entender que ela é o conjunto de
práticas adotadas na composição do texto que orientem o autor a
72
leitor.
É um erro, portanto, achar que podemos julgar o grau de
informatividade de um determinado texto sem conhecer o público
leitor.
Além disso, o grau de informatividade não tem,
necessariamente, relação com o grau de instrução do leitor. Um texto
pode ser considerado como alto em informatividade para um leitor
com pós-graduação e baixo grau de informatividade para um leitor
com educação formal limitada.
O grau de instrução formal e educacional é um dos muitos
fatores que devem ser levados em consideração para que possamos
analisar a informatividade de um texto. Esses fatores já foram
brevemente discutidos na seção "Diálogos entre a LSF e a
complexidade/acessibilidade textual".
Como exemplo, vamos pensar em um texto sobre técnicas de
construção. Para um dermatologista (uma pessoa com pós-
graduação), esse texto possivelmente será considerado como alto em
informatividade. Já para um pedreiro (cujo grau de instrução formal
é, geralmente, mais limitado do que de um dermatologista), o texto
pode ser considerado como baixo em informatividade.
Já um texto sobre Linfologia, por exemplo, pode ser
entendido como baixo em informatividade para um dermatologista e
alto em informatividade para um pedreiro.
Contudo, suponhamos que o pedreiro lide com problemas de
saúde relacionados ao sistema linfático há anos e que costume ler
textos sobre Linfologia. Dependendo do seu nível de conhecimento
sobre o assunto, o texto poderá ser considerado como baixo ou
médio em informatividade.
Dessa forma, podemos entender que o grau de
informatividade varia de acordo com o perfil de leitor.
Para a CT e acessibilidade textual, quando se tem em mente
editar ou escrever um texto simplificado, é preciso ter determinado
um protótipo de perfil de leitor.
Geralmente, esse protótipo é traçado para um tipo de leitor
que tenha maiores limitações de conhecimento.
Embora em um determinado grupo para o qual o texto possa
75
57
www.sas.com/pt_br/insights/analytics/processamento-linguagem-natural.html
80
(...) área da Linguística utilizada para coleta e análise de bases com dados textuais
produzidos por falantes reais, a exemplo de discursos, debates em mídias digitais,
textos históricos, e outras formas de produção, como as transcrições de entrevistas
para análises posteriores.
Em Linguística de Corpus, estas bases de dados textuais são objetos de pesquisa
chamadas de Corpus. Corpora é o plural de corpus – conjunto de dados linguísticos
pertencentes ao uso oral ou escrito da língua e que podem ser processados por
computador. Contamos com suporte da tecnologia na Linguística de Corpus para
potencializar as análises, usando ferramentas como concordanciadores, corpora on-
line, programas de análise e comparação, dentre outros.
levantamentos de dados por meio de um grande número de textos que possam representar,
pelo menos, um determinado recorte da língua. Esse conjunto de textos (corpus) permite que
os linguistas observem manifestações que são comuns em uma determinada língua, uma vez
que ao analisarmos um grupo considerável de textos, podemos trabalhar com uma amostra o
mais verossímil possível de uma língua (ou de parte dela, uma vez que a LC nos permite
observar, extensivamente, características da linguagem médica, por exemplo, ao trabalharmos
com um corpus específico da Medicina).
É preciso entender, antes de mais nada, que a LC pode ser considerada como uma
abordagem empírica da linguagem, uma vez que a linguagem é vista, nela, como um sistema
probabilístico. Assim, a teorização a partir da observação de corpus é feita a posteriori.
Para os apoiadores da LC, a linguagem pode ser vista como padronizada, que é
demonstrada pela repetição, frequência e recorrência das manifestações linguísticas. Essa
padronização pode ser observada ao termos à nossa disposição um conjunto considerável de
textos que possam servir como "amostra real" de uma língua.
Essa amostra (o corpus), contudo, deve respeitar alguns critérios, conforme apontado
por Berber Sardinha (2004):
• Origem: os textos devem ser autênticos e escritos por falantes nativos.
• Propósito: os dados coletados pelas ferramentas de LC devem ser objetos de
estudo linguístico.
• Composição: deve haver critérios estipulados para a correta coleta dos textos e
dos dados.
• Formatação: os dados devem ser passíveis de uma leitura computadorizada.
• Extensão: a quantidade de materiais deve ser o suficiente para que a
representação seja verossímil.
7 LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL
Portanto, a LSF procura analisar como a linguagem é usada, uma vez que todo texto está
inserido em um contexto de uso e que a evolução e uso da língua não são arbitrários e existem para
atender as demandas e necessidades dos usuários, refletindo, assim, um sistema natural onde tudo
se adequa à realidade e necessidade dos falantes. Quanto a isso, Neves (1997, p.2) afirma:
[...] qualquer abordagem funcionalista de uma língua natural, na verdade, tem como
questão básica de interesse a verificação de como se obtém a comunicação com essa
língua, isto é, a verificação do modo como os usuários da língua se comunicam
eficientemente.
58
Para os fins deste trabalho, não entraremos na discussão proposta por Saussure da diferença entre língua e
linguagem.
85
Para a LSF, a língua varia de acordo com as situações diversas de vida, de interação e
de meio social no qual os falantes estão inseridos e, por conseguinte, o contexto influencia
nas escolhas, tornando a linguagem funcional. Uma vez que, para Halliday, a
língua/linguagem é um potencial de significados, cada escolha linguística para a
comunicação gera uma rede de opções na qual a língua pode exprimir significado. A LSF,
portanto, contribui para o entendimento e análise da eficiência que um texto (que para a LSF
é considerado como qualquer tipo de manifestação linguística) pode ter para expressar ou
deixar de expressar os seus significados utilizando as potencialidades do sistema linguístico.
Ainda sustentando a importância do contexto na interpretação de significados, Butt et
al (1998, p.11) afirma que “a gramática funcional não é uma série de regras, mas uma série
de recursos para descrever, interpretar e fazer significar cultura.”. Por conseguinte, a LSF não
considera a língua desconectada da cultura; para ela, a linguagem é social e, portanto, só
existe quando inserida na sociedade. Logo, a abordagem tende a ser real e funcional, não com
o foco em uma significação desprovida de uso e isolada de contexto.
Em síntese, alguns aspectos fundamentais da LSF estão claramente descritos por
Bernhard e Tomazzi (2016, p.17):
Para os autores citados acima, a linguagem é uma manifestação social por ser
diretamente ligada a ideia de ser um potencial de significados, por estar relacionada às
situações de interação e pelos contextos e situações nas quais os falantes estão inseridos.
Bernhard e Tomazzi (2016, p.18) ainda afirmam que “o indivíduo produz sentido sempre
“diante de” ou “em relação” a um interlocutor, um ambiente, uma cena interacional, como
um universo potencial.”. Com o objetivo de corroborar tal ideia, os autores citam Halliday
(2001, p.41) que afirma: “a linguagem é um potencial, é o que o falante pode fazer, o que
uma pessoa pode fazer em um sentido linguístico, por se dizer, o que pode ser feito como
falante/ouvinte equivale ao que “pode significar59”.
No sentido de textos, Halliday explica que eles são unidades semânticas feitas por
meio de fraseados60 e suas orientações são funcionais e semânticas, ou seja, totalmente
vinculadas ao uso. Logo, o texto é visto como unidade semântica que transmite significados a
59
Tradução nossa
60
Termo original usado por Halliday: wording – o meio pelo qual os significados são construídos em uma frase.
86
momento (ou como o nome já diz, situação) em que a interação linguística ocorre. Ela trata
de atributos que são extralinguísticos e que ocorrem por meio de padrões utilizados pelos
falantes (de forma consciente ou não) para que eles possam construir textos em diferentes
variedades, conforme afirmado por Butt et al (1998).
O desenvolvimento textual é formado por três elementos que guiam as escolhas
linguísticas e atribuem significados distintos, que são: campo (que corresponde ao assunto) e
está ligado à função ideacional ou experimental da língua, teor (pertinente à relação dos
participantes da troca linguística) e que está ligado à função interpessoal; e o modo (que se
refere ao papel da organização da linguagem e transmissão da informação) e que se relaciona
à função textual.
Com base nesses fundamentos, Halliday (1994) afirma que o texto depende do
sistema social para que possa ser compreendido e que o contexto representa e delimita as
possibilidades e reservas na construção de sentido, uma vez que ele se refere às ideias de
situações e limitações desenvolvidas por cada cultura de forma específica e particular. Logo,
conclui-se que a linguagem, por ser uma rede de possibilidades, permite que usuários
produzam tantos significados quantas possibilidades existirem dentro de um contexto ou
guiados por uma situação. Para Halliday (2001, p.42):
Vale observar que para Halliday, contexto de situação não é somente o entorno físico
e material, mas tudo o que é pertinente e relevante para o texto/interação comunicativa que
está sendo produzida.
Já o contexto de cultura, para Halliday, é um sistema tomado como tudo que abrange
o contexto de situação. A cultura é algo complexo e mais abstrato e uma “pluralidade de
contextos” (Bernhard e Tomazzi, 2016, p.19). O contexto de cultura se insere na teoria
enunciativa de Benveniste (2005), que afirma que o homem existe na língua e é por meio da
linguagem que o homem se constitui como sujeito. Para ele, existe uma tríade que está
intrinsicamente relacionada: “o homem, a linguagem e a cultura” e é por meio dessa tríade
que se pode fazer qualquer análise linguística. Para o autor, a cultura está fortemente
relacionada ao indivíduo desde o nascimento, analogicamente como se o indivíduo estivesse
88
7.4 REGISTRO
Um dos conceitos mais importantes da LSF que devemos levar em consideração para
esta pesquisa é o registro61 linguístico. De acordo com Eggins e Martin (1997, p.234), o
registro é a relação entre um significado linguístico e o contexto direto. Para os autores,
“teorizar a relação entre linguagem e contexto, e como ele entra no texto é a preocupação
central dos teóricos de registro”.
Ou seja, o registro linguístico é a conexão entre os elementos léxico-gramaticais e o
contexto no qual serão produzidos, de forma que o contexto e a situação “moldem” não
apenas o que é dito, mas a forma como é dito.
61
Não temos por objetivo entrar nos méritos das diferenças conceituais entre registro e gênero textual discutidos
por diferentes autores da LSF.
90
Nós podemos definir texto, talvez da forma mais simples, dizendo que ele é a língua
que é funcional. Por funcional, queremos dizer simplesmente que a língua está
sendo usada em algum contexto, em oposição a palavras ou sentenças isoladas que
poderiam ser colocadas em um quadro (...). Assim, qualquer instância de língua
viva inserida em um contexto de situação, podemos denominar texto. Ele pode ser
escrito ou falado, ou de fato em qualquer outro meio de expressão que nos leva a
refletir.
Com base no que foi mencionado pelo autor, podemos nos lembrar que um texto é um
instrumento funcional; ou seja, que tem e deve cumprir um determinado objetivo. Para que a
finalidade seja corretamente alcançada, a língua deve ser usada de acordo com o contexto de
sua aplicabilidade.
Halliday & Hasan (1989) afirmam que o contexto e que a situação influenciam na
relação entre um texto e suas condições de produção, de maneira que existe uma dialética
entre texto e contexo. Sendo assim, as escolhas linguísticas desenvolvem o contexto no qual
o texto é aplicado e, ao mesmo tempo, são motivadas por ele.
A LSF considera que existe uma estratificação no contexto social que se divide em
contexto de registro (também chamado de contexto de situação) ou contexto de cultura (que se
posiciona em um maior nível de abstração) (MARTIN, 2003). Isso implica que além da situação
na qual um texto está inserido, ele também se insere nas “histórias culturais" dos participantes
envolvidos e que elas podem influenciar na "obtenção" de significação de um texto.
Uma vez que lidamos com contexto e com situação e que registro diz respeito às
escolhas linguísticas para a composição de um texto em função da situação, podemos afirmar
que ao levarmos em consideração essa ideia, o texto como mensagem não carrega em si só o
significado, mas que esse deve ser construído e só pode ser alcançado quando o contexto é
levado em consideração. Dizer isso é, portanto, afirmar que uma produção textual deve levar
em conta "para quem” o texto é produzido, "onde” o texto será aplicado e todos os demais
elementos contextuais que envolvem tanto a produção quanto o “consumo” do texto.
Para a LSF, o contexto de registro é determinado por três parâmetros:
I. O campo: que se associa à finalidade comunicativa do mundo e sua relação
com a representação de mundo;
II. A relação: que leva em consideração a relação entre os participantes do
discurso e que atenta para aspectos como grau de formalidade, aproximação
entre os participantes, relação de poder, etc. e;
III. Modo: que representa a forma como um texto é desenvolvido.
91
Lemke (1995) afirma que o significado de um texto está relacionado não somente com
as escolhas lexicais ou gramaticais, mas também ao contexto de situação e à
intertextualidade.
Dessa maneira, além de levar em conta a situação e o contexto no qual um texto será
inserido, Lemke (1995) acredita que a compreensão de um texto também está relacionado
com os demais textos já conhecidos dentro de uma cultura.
Portanto, a LSF apresenta três aspectos fundamentais no tratamento textual: a
representação da realidade (ou do mundo), a interação social e a organização da mensagem.
Ou seja, a linguagem é utilizada para falar sobre o mundo, é um processo social e deve ser
organizada levando em consideração o meio social na qual é produzida de forma que seja
organizada para que possa alcançar seu propósito comunicativo.
Podemos observar que os conceitos da LSF podem ser fundamentais para tarefas de
simplificação textual, uma vez que nos ajudam a organizar não apenas o texto, mas também
os conceitos do redator técnico (ou o simplificador textual) para que ele possa levar em
consideração distintos aspectos (e não meramente os textuais) que podem contribuir para a
compreensão do leitor.
falantes com um objetivo determinado. Por conseguinte, suas escolhas para a escrita ou
reescrita devem levar em conta os indivíduos envolvidos e a finalidade do texto (que, caso
não seja alcançada, inutiliza o texto.).
Outro ponto fundamental e necessário que colaboraria abundantemente com práticas
de acessibilidade textual é o conceito de Halliday (2001) segundo o qual a língua é um
potencial de significados. É importante que o redator (ou simplificador) tenha em mente que
a língua pode atingir objetivos diferentes e estender significados diferenciados e de formas
diferenciadas. Na maior parte das vezes, a mesma informação pode ser convergida de formas
distintas e as escolhas linguísticas (seja no nível lexical, estrutural ou semântico) podem ser
baseadas nesse conceito. Uma mesma palavra ou sintagma pode ter significados diferentes
dentro de situações e contextos diferentes, mas o mesmo significado pode ser alcançado por
palavras/sintagmas diferentes. Um exemplo claro desse fato é a palavra “comorbidade” que
tem uma frequência muito mais baixa em corpus representativo da língua portuguesa do que
qualquer palavra da sentença: “duas ou mais doenças que ocorrem ao mesmo tempo”. Essa
frase explanatória representa uma técnica extensional de reescrita e tradução muito válida
(que exploraremos mais adiante) e assemelha-se às experiências desenvolvidas por
Malinowski com a tribo do Sul do Pacífico conforme já citado neste trabalho.
Ao lidar com cultura, contexto e situação e ao incorporar esses entendimentos às suas
rotinas de processos de acessibilidade, o redator passa a compreender que, de acordo com
Halliday (1994) a significação não é uma questão apenas intralinguística, mas que o homem,
por estar inserido em um meio e em uma cultura, está em contato com uma ferramenta que
pode exprimir um grande potencial de significados com base nas situações e necessidades
levantadas pela troca linguística.
Considerando o homem e todo o seu entorno (mais uma vez lembrando que o entorno
não é somente material) como parte fundamental e necessária da interação linguística - onde
o código por si só não é suficiente para carregar significado se estiver isolado de contexto -
escritores, autores e estudiosos da área de acessibilidade textual devem levar em consideração
esse entorno e a cultura na qual o leitor está inserido para que possam definir e traçar um
perfil mais elaborado que sirva como um guia de orientação para as escolhas linguísticas ao
escrever ou simplificar um texto.
Embora o planejamento de perfil de leitor seja algo fundamental para atividades e
processos de simplificação e acessibilidade, parece haver uma falta de investigações que
questionem o quanto os elementos apontados pela LSF impactam na possibilidade de
94
compreensão (ou falta de compreensão) de textos. Uma vez que o contexto influencia nas
escolhas para a interação, o redator de um texto simplificado deve levar em consideração esse
aspecto para que ele, junto com o perfil de usuário, possa influenciar nas suas tomadas de
decisão.
Silva (2014, p.3) defende que as práticas e interações sociais “motivam as escolhas
linguísticas realizadas pelos usuários a partir de sistemas semióticos de referência
característicos dos contextos.”. Embora se delimite em perfis fatores como “o leitor assiste
novela e lê o Diário Gaúcho”, de que forma essas informações permitem que o redator filtre
seu conteúdo e tome decisões que sejam coerentes com a realidade do leitor? Seria possível
fazer uma análise em corpora da linguagem com a qual o leitor está acostumado para
observar que expressões, componentes lexicais e estruturas refletem a cultura e o entorno
desse leitor? Sendo essas respostas positivas, o redator (sendo visto como um participante de
um processo de comunicação) deveria entender a realidade do leitor e então, ao escrever ou
simplificar seu texto e, a partir desses entendimentos, usar os “óculos” que o leitor usará ao
ler o texto e, dessa forma, alcançar os objetivos do texto.
Em termos de funções, embora seja um tanto quanto óbvio que um texto tenha um
certo objetivo e pretenda alcançar um determinado objetivo, alguns redatores parecem se
esquecer desse importante conceito da LSF. Quando um texto é produzido, ele tem por
objetivo atingir uma função comunicativa das mais diversas possibilidades; e são esses fins
que determinam o tipo de linguagem, a forma e estrutura, o meio de veiculação e todo e
qualquer outro aspecto que farão parte da constituição do texto. Portanto, a função de um
texto guia não somente a forma de redação e produção dele, mas também a visão geral do
resultado final para que possa cumprir e atender uma demanda.
Uma das maiores falhas em comunicação ocorre quando um determinado texto tem
por objetivo cumprir um certo objetivo e é desenvolvido de forma que não atenda os
requisitos necessários para isso. Um grande exemplo é a grande quantidade de materiais
desenvolvidos para um público em geral por médicos que tenham como objetivo transmitir
informações sobre doenças de determinados tipos. Observa-se, por meio de densas
linguagens terminológica e das escolhas linguísticas, que profissionais de áreas específicas
redigem textos de um determinado padrão e tendem a criá-los tendo em mente seus pares.
Assim, parecem esquecer ou ignorar o fato de que uma informação, quando for transmitida
para um público geral e leigo, deve ser transmitida de forma clara, evitando jargões e termos
técnicos e estruturas que sejam específicas dentro de uma certa área de conhecimento.
95
Embora muitas vezes os textos cumpram a mesma função (informativa ou poética, por
exemplo), a desconsideração pelo contexto e cultura e a falha em considerar a linguagem
como produto de uma interação social onde existe uma disparidade de conhecimentos limita a
informação e reduz, consideravelmente, a possibilidade de compreensão por leitores de níveis
de educação formal mais baixos.
Assim, outro aspecto importante a ser considerado ao redigir um texto para um
determinado público ou ao simplificar um texto já existente diz respeito à função e objetivo
que ele pretenda alcançar. Um conhecimento a respeito de funções e suas limitações e
características colaborariam para que o redator pudesse tomar decisões tendo em mente “qual
a função e objetivo que esse texto pretende alcançar?”.
Em suma, embora a área de acessibilidade textual pareça estar em um
desenvolvimento avançado em quesitos linguísticos, apoiados pela Ciência da Computação,
pela Estatística, pela Linguística de Corpus e por tantas outras áreas, parece haver uma
necessidade de incorporar o fator humano na equação da simplificação, uma vez que a
resposta para verificar se um texto é ou não acessível não está puramente no código, mas
(ousamos dizer) está em sua maior parte no leitor e no contexto.
A preocupação pela acessibilidade textual é um assunto que, embora seja
relativamente novo no Brasil, tem sido amplamente desenvolvido no cenário atual de
diferentes frentes da Linguística Aplicada. Além disso, diversas organizações têm se
preocupado em desenvolver ou transformar textos que possam veicular informações de forma
eficiente e apropriada para leitores de diferentes níveis e contextos, principalmente no que
tange à Medicina e à conscientização a respeito da Saúde Pública. Pelo fato de a internet
possibilitar um fácil acesso à informação, ela pode circular livremente e ser acessada por
qualquer usuário que tenha um computador ou smartphone. Contudo, embora facilmente
acessível, ela nem sempre é naturalmente compreendida, uma vez que diversos fatores podem
tornar um texto disponível on-line mais rebuscado e reduzir a compreensão das suas
informações.
Muitos dos fatores que tornam um texto mais complexo para compreensão de leitura
são limitadamente linguísticos. Existem características e atributos linguísticos que são
intrínsecos ao código, que podem aumentar ou reduzir o grau de complexidade ou de fluidez
de um texto, conforme já mencionado no capítulo sobre a simplificação textual; entre eles: a
densidade terminológica, o tipo de estrutura gramatical selecionado, o uso de voz passiva ou
96
competente, é preciso que os dois níveis (inferior e superior) sejam ativados ao mesmo
tempo. Cruz (2007) ainda aponta que uma das maiores falhas na leitura é a preocupação do
leitor na decodificação das palavras de forma isolada e que essa preocupação direciona os
esforços cognitivos em grande maioria para o nível de decodificação e, em consequência, os
processos de interpretação se tornam menos proveitosos.
Além dos dois níveis de processamento cognitivo, alguns estudos dividem cada um
desses níveis em distintos módulos que são responsáveis por processos específicos na
atividade leitora (García, 1995; Vega, 2006). Esses módulos são: perceptivo, léxico, sintático
e semântico. Rodrigues (2012, p.19) apresenta um quadro que esclarece os dois níveis dos
processos cognitivos, os módulos relacionados a eles e as funções de cada um dos módulos,
conforme abaixo (Figura 3):
Ainda que cada um dos módulos tenha funções específicas, estudos a respeito da
cognição e leitura têm apontado que eles trabalham em paralelo durante uma atividade leitora
(RODRIGUES, 2012).
(…) a leitura tem início na análise visual dos estímulos. No entanto, o simples
reconhecimento das palavras não é suficiente para a compreensão do texto. Para que
a mesma ocorra é necessário que o leitor tenha conhecimentos prévios sobre o
texto, que seja capaz de extrair a informação essencial e que consiga fazer a ligação
101
Portanto, para que uma leitura seja considerada como competente, é preciso não
apenas a decodificação, mas também a compreensão – que é de responsabilidade do nível
superior.
Contudo, a transformação da decodificação em significação é um processo que não
envolve apenas um nível linguístico ou cognitivo. Para que um código decodificado se
transforme em informação significativa são necessários uma série de fatores que incluem:
conhecimento de mundo, conhecimento lexical, acesso à memória, etc. Portanto, existem
diversos fatores que contribuem para uma má qualidade de leitura e, consequentemente, falha
na interpretação. Dentre esses fatores, Cruz (2004) aponta:
• Problemas na decodificação;
• Limitação de vocabulário;
• Falhas nas memórias (ou na comunicação entre as memórias);
• Pouco interesse pela leitura;
• Escassez de conhecimentos prévios;
• Dificuldade de compreensão das estruturas sintáticas ou semânticas;
• Incapacidade de entender as diferentes tipologias textuais e/ou facetas de um
texto;
• Baixo raciocínio verbal.
Linuesa & Gutiérrez (1999, apud Cruz, 2004) salientam que existe uma outra
dimensão muito importante para a compreensão leitora: a relação das experiências do leitor
com as informações apresentadas no texto. Ou seja, para as autoras, além de todos os
processos cognitivos já mencionados, ainda é preciso uma ativação da memória de longo
prazo durante a leitura para que as informações fornecidas pelo texto possam encontrar uma
relação com as informações da memória e serem acomodadas e compreendidas corretamente.
Em suma, a leitura pode ser entendida como um conjunto de processos que se
categorizam em dois níveis: no nível inferior, estão todos os processos necessários para a
decodificação do sistema verbal; e, no nível superior, os processos que transformam a
decodificação em compreensão.
Para que esses processos ocorram, uma ativação de diversas áreas do cérebro
acontecem simultaneamente. Com os avanços dos estudos da neuroimagem, foi possível que
102
A memória de trabalho (MT) tem uma forte relação com a compreensão leitora e,
consequentemente, com a falha na compreensão. Dentre as suas funções, está a comunicação
entre os estímulos visuais recebidos pelo texto com as informações já existentes na memória
de longo prazo (MLP) do leitor. Zanella & Valentini (2016, p.161) afirmam que "a memória
de trabalho é um sistema de capacidade limitada que permite o armazenamento e a
manipulação temporária de informações verbais ou visuais necessárias para tarefas
complexas, como a compreensão, aprendizado, raciocínio e planejamento."
Uma vez que a MT é a responsável pela manutenção e transmissão da informação
para a memória de longo prazo, ela pode ser entendida como essencial para a expansão do
conhecimento e pelo acesso de informações já armazenadas, sendo vista como uma das
maiores responsáveis pelo desenvolvimento de habilidades cognitivas que incluem, entre
outras, a leitura e a compreensão.
Zanella & Valentini (2016, p.161) apontam que a variação da capacidade da MT
entre cada pessoa tem consequências em diferentes competências e que o funcionamento
inadequado de uma ou mais partes da MT está relacionado ao baixo rendimento de distintas
atividades, incluindo a leitura. Isso ocorre principalmente por causa de "limitações na
103
Com base nos estudos analisados por Zanella & Valentini (2016) e na relação deles
com fatores linguísticos, algumas conclusões podem ser levantadas que podem relacionar a
MT com a dificuldade de compreensão textual62, tais como:
62
É importante distinguir "dificuldades de leitura" e “transtornos de leitura”. “Dificuldades de leitura” são
fatores de compreensão ou codificação textual que, quando devidamente acompanhados (como por
fonoaudiólogos ou psicólogos, por exemplo), conseguem ser corrigidos. "Transtornos de leitura”, por sua vez,
são fatores cognitivos relacionados à dificuldade de leitura e que não permitem que o leitor se torne típico, como
a dislexia, por exemplo.
105
PARTE 3
63
https://support.google.com/webmasters/answer/70897?hl=pt-BR
64
As fontes de cada um dos textos encontram-se discriminadas junto ao texto nos apêndice A.
107
Uma vez que esta pesquisa também apresentará um ensaio para um futuro trabalho
comparativo de análise de CT entre o português e o inglês, os textos em língua inglesa serão
apresentados no Apêndice A desta dissertação, onde abordaremos um ensaio de análise de
possível complexidade, utilizando algumas métricas em comum disponibilizadas pelas
ferramentas para as duas línguas.
Além dos textos a serem analisados sobre o TEPT (doravante textos-TEPT), com o
objetivo de termos uma régua comparativa, também coletamos (com o Coh-Metrix Dementia) as
mesmas métricas que iremos apresentar sobre os textos-TEPT de seis textos considerados
fáceis/simplificados (doravante textos de controle ou textos comparativos) em língua portuguesa.
Dessa forma, podemos utilizar – ocasionalmente – os dados desses textos em comparação
com as métricas do nosso corpus e verificar quais são as similaridades e quais são as diferenças.
Considerando o português do Brasil, coletamos, para um contraponto com os textos
sobre o TEPT, cinco textos para crianças (cuja redação foi pensada de forma a ser fácil) e um
texto de divulgação científica simplificado, sobre o qual já comentamos. O objetivo de
coletar medições sobre esses textos é observar como se comportam cada uma das métricas da
ferramenta Coh-Metrix Dementia e quais são os valores aproximados de textos, em tese,
relativamente fáceis. Os textos coletados foram:
Cinderela: a gata borralheira (COMP 1)
O patinho feio (COMP 2)
A vida de Maria (COMP 3)
Uma noz na cabeça? (COMP 4)
Brincadeiras (COMP 5)
Como saber se a pessoa tem Parkinson e o que fazer para ajudar (COMP 6)
108
Esses valores podem ser usados em muitas diferentes maneiras para investigar a
coesão do texto explícito e a coerência da representação mental do texto.
Nossa definição de coesão consiste nas características do texto explícito que
cumprem um certo papel em ajudar o leitor a conectar, mentalmente, algumas ideias
no texto (GRAESSER, MCNAMARA, & LOUWERSE, 2003).
A definição de coerência é tópico de muito debate. Em teoria, a coerência de um
texto é definida pelo número de interações entre representações linguísticas e
representações de conhecimentos.
Quando colocamos o foco no texto, contudo, coerência pode ser definida como
características do texto (por exemplo, aspectos de coesão) que são prováveis de
contribuir para a coerência de representações mentais. O Coh-Metrix fornece
indícios de tais características de coesão.68
65
http://cohmetrix.com/
66
Endereço variável
67
Número de métricas disponíveis na versão 3.0 (2018)
68
Tradução nossa
109
numéricas de aspectos textuais, mas que precisam ser utilizadas e traduzidas por profissionais
que trabalham com o texto para que possam ser lidas como informações que representem o
grau de complexidade de um determinado material.
As métricas disponíveis pelo Coh-Metrix se dividem em onze principais categorias.
Todas essas métricas são detalhadamente explicadas no manual disponível no site. As
categorias são:
Ambas ferramentas, portanto, coletam diferentes dados sobre os textos inseridos nelas
e, em consequência, dão suporte para uma análise multidimensional sobre complexidade
textual.
As figuras abaixo ilustram ambos sistemas: Coh-Metrix (Figura 5) e Coh-Metrix
Dementia (Figura 6):
Uma vez que diferentes estudos a respeito de complexidade textual são sempre
multidimensionais ou multifatoriais, as métricas selecionadas para este trabalho são as que
mais condizem com os fins propostos, mas sua escolha não anula nem diminui o valor de
pesquisas que se apoiem em diferentes índices.
Contudo, é válido lembrar que outras métricas disponíveis pelas ferramentas
utilizadas para a análise dos textos podem ser utilizadas em pesquisas futuras para um
levantamento de dados mais extenso.
As métricas escolhidas para subsidiar o estudo desta pesquisa foram:
MÉTRICA SIGLA
Índice Flesch IF
Análise Semântica Latente ASL
Relação type-token TT
Densidade Semântica DS
Incidência de Substantivos S
Incidência de Verbos V
113
Fonte: http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/download/Reltec28.pdf
É válido observar que o quadro acima é uma adaptação para o sistema educacional
brasileiro. O IF e suas classificações diferem para o americano, uma vez que os dois sistemas
(brasileiro e americano) se diferenciam em números de anos formais na escola.
A fórmulas utilizadas pelo IF são as seguintes (GOLDIM, 2003):
Para o ILKF: [(0,39 x média de palavras por frase) + (11,8 x média de sílabas por
palavra)] - 15,59.
Para o IFLF: 206,835 – [(1,015 x comprimento médio da frase) + 0,846 x (número de
sílabas por 100 palavras)]
Por isso, ao observarmos as fórmulas, podemos perceber que o IF se baseia nos
aspectos textuais que levam em consideração o tamanho dos textos.
Com base nisso, podemos justificar que embora o IF seja uma ferramenta útil e que
nos permita levantar informações importantes sobre a complexidade textual, ela se limita a
uma análise puramente numérica.
Como sabemos, a análise da complexidade textual é multidimensional e, portanto,
mais acurada quando mais de um nível do texto é levado em consideração.
Utilizaremos o IF70 como uma métrica de comparação e observaremos quais
estratégias alteram esse índice e, possivelmente, a classificação dos textos a respeito dos anos
de educação formal definidos por ele.
69
A adaptação de referência ao sistema educacional brasileiro foi feita por pesquisadores do Instituto de
Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, grupo NILC. Para maiores informações sobre o grupo,
acesse http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/index.php
115
O índice de análise semântica latente (ASL) é uma métrica que mede a similaridade
semântica entre as sentenças de um texto e resulta em um dado numérico que quanto mais
alto, mais similaridade existe entre as frases. Essa é uma medida usada há certo tempo para a
indexação automática de textos, mineração de dados e recuperação de informação em PLN.
Esse cálculo pode ser feito para frases adjacentes ou por uma média de similaridade
de todas as frases de um texto – que é a métrica escolhida para esta pesquisa.
Observe o exemplo trazido pelo manual do Coh-Metrix Dementia:
"Foi o senador Flávio Arns (PT-PR) quem sugeriu a inclusão da peça entre os itens
do uniforme de alunos dos ensinos Fundamental e Médio nas escolas municipais,
estaduais e federais. Ele defende a medida como forma de proteger crianças e
adolescentes dos males provocados pelo excesso de exposição aos raios solares. Se
a ideia for aprovada, os estudantes receberão dois conjuntos anuais, completados
por calçado, meias, calça e camiseta."
O exemplo possui 3 sentenças, e, portanto, 3 pares de sentenças. A similaridade
LSA entre a primeira e a segunda sentenças é 0,084, a similaridade entre a segunda
e a terceira sentenças é 0,063, e a similaridade entre a primeira e a terceira é 0,362.
A média entre esses valores é 0,17.
As medidas produzidas por pesquisas de ASL podem ser altamente relacionadas com
vários fenômenos cognitivos humanos, que envolvem a capacidade de associar
semanticamente as palavras ou de reconhecer a relação de similaridade semântica entre elas.
Essa correlação pode ser usada para demonstrar uma representação da extração de significado
do que as pessoas leem ou escutam, bem como refletir na motivação da escolha de palavras
do escritor de um texto. Como uma aplicação prática, as métricas de ASL permitem analisar
o julgamento de similaridade entre unidades lexicais e encontrar padrões de formação que
podem acarretar em diversas consequências, como a respeito da qualidade ou complexidade
de um texto, por exemplo (LAUDAUER et al., 1998).
Landauer et al. (1998, p.7) afirmam que:
70
O IF utilizando pelo Coh-Metrix Port e pelo Coh-Metrix Dementia é uma métrica adapatada para o português
do Brasil por Martins et al., 1996.
71
Tradução nossa
116
Portanto, embora não tenhamos como objetivo conduzir uma pesquisa extensiva sobre
todas as métricas de ASL disponíveis nas ferramentas de análise de texto, utilizaremos a
métrica que analisa a similaridade semântica entre todas as sentenças dos textos estudados.
Dessa forma, podemos levantar conclusões de que quanto mais baixos os índices de ASL,
menor similaridade semântica existe entre as sentenças e, consequentemente, mais complexo
o texto pode ser considerado. Podemos entender que quando existe uma diferença muito
grande entre as frases de um texto, supõe-se que diferentes tópicos e assuntos sejam
72
Tradução nossa
73
Tradução nossa
117
abordados, motivo que pode tornar um texto mais complexo porque exige do leitor não
apenas um vocabulário mais amplo, mas também a capacidade cognitiva de transitar entre
diferentes significações que somadas compõe a mensagem do texto.
Vamos observar como a métrica de ASL oferecida pelo Coh-Metrix Dementia se
comporta por meio de três pequenos testes. Para isso, iremos submeter os parágrafos abaixo
ao programa e coletar o valor de ASL que usaremos para os testes dessa pesquisa:
Parágrafo 1:
A antropologia estuda os seres humanos.
A evolução do homem parece apresentar um ritmo lento. Foi no último século que o
desenvolvimento se desencadeou de forma mais rápida.
A ciência e a tecnologia evoluíram muito.
A medicina cresceu exponencialmente.
Parágrafo 2:
Estudar matemática é importante para a lógica.
O inglês contribui para a comunicação.
Já a filosofia é fundamental para o desenvolvimento crítico.
A biologia, por sua vez, é necessária para o conhecimento próprio e sobre a natureza.
Parágrafo 3:
Ela tinha dois irmãos.
O irmão mais velho trabalhava. Já o irmão mais novo estudava.
Os pais eram aposentados. A mãe fazia doces deliciosos. O pai fazia salgados
saborosos.
Ela era feliz. A mãe era alegre. O pai era contente. Os irmãos eram felizes.
Parágrafo 4:
João é feliz.
João é feliz.
João é feliz.
João é feliz.
João é feliz.
118
Parágrafo 1: 0.086
Parágrafo 2: 0.212
Parágrafo 3: 0.547
Parágrafo 4: 1.000
Por meio dos índices de ASL, podemos corroborar nossa ideia a respeito da
similaridade semântica dos parágrafos.
Obviamente, os exemplos utilizados são textos curtos e sobre os quais é possível
levantar conclusões a respeito da similaridade semântica das frases contidas neles sem o
auxílio de um software. Entretanto, embora seja possível fazer o mesmo com textos mais
longos, o apoio dos programas de análise textual nos permitem obter resultados mais
verossímeis e corretos.
Em suma, textos com índices de ASL mais altos demonstram maiores similaridades
semânticas entre as frases do texto e, consequentemente, essas métricas sugerem menor
complexidade. Já textos com valores mais baixos de ASL indicam menores similaridades
semânticas e, por consequência, maior probabilidade de o texto ser complexo.
A primeira frase não possui nenhuma palavra funcional, apenas palavras de conteúdo,
por isso, sua DS é 0. Já a segunda frase apresenta oito palavras de conteúdo e quatro palavras
funcionais; logo, sua DS é dois.
O índice de densidade semântica indica o quão complexo um texto é em termos de
conteúdo e, a partir desse número, o quanto de vocabulário é necessário para a interpretação
dos componentes do texto. Ou seja, textos que tenham índices altos de densidade semântica
são aqueles que exigem maior conhecimento previamente adquirido dos leitores e que exijam
maior esforço cognitivo para interpretar a significação não só das palavras, mas também da
relação entre as palavras.
No que diz respeito aos advérbios e adjetivos, conforme já citado na seção 1.8, temos
por objetivo corroborar ou refutar a afirmação de Finatto (2001) que indica que essas
palavras poderiam interferir na potencial complexidade de um texto.
Para a incidência de verbos, temos como finalidade analisar se uma maior quantidade
de verbos pode reduzir a provável complexidade de um texto em termos de sua medidas. Para
isso, iremos nos basear, principalmente, nos testes de simplificação que “quebrem” sentenças
longas em sentenças menores (e, consequentemente, aumentando o número de verbos) e nos
testes a respeito da redução da voz passiva.
O primeiro tipo de teste ou de estratégia de reescrita (quebra de sentenças) aumentará
a quantidade de verbos uma vez que frases muito longas serão divididas em orações menores
e, por conseguinte, mais verbos deverão ser adicionados para que a coerência e coesão textual
sejam mantidas.
O segundo teste (redução da voz passiva), reduzirá a quantidade de verbos, uma vez
que a voz passiva geralmente apresenta uma quantidade maior de verbos que seu referencial
na voz ativa.
Portanto, teremos a possibilidade de observar o impacto do aumento e da redução de
verbos nas demais métricas indicadas pela ferramenta Coh-Metrix Dementia e levantar
conjecturas a respeito do papel do uso dessa classe de palavras e sua relação com a
complexidade textual.
Da mesma forma com os pronomes, nosso objetivo é observar se a quantidade dessa
classe de palavra funcional poderia impactar nas demais métricas. Para isso, em um dos testes
de simplificação textual, reduziremos a quantidade de pronomes e os substituiremos por seu
referencial nominal.
Tendo conhecimento sobre os materiais estudados, medidas, contagens e métricas
utilizadas neste trabalho, abordaremos, na próxima seção, a metodologia que sustentou esta
pesquisa.
123
PARTE 4
10 METODOLOGIA
Esta seção visa sintetizar os passos percorridos para a realização desta pesquisa. Os
procedimentos foram (em ordem):
Bloco A:
I. Coleta de textos sobre o TEPT (em português) escritos por profissionais da
Medicina e destinados para públicos leigos;
II. Preparação do corpus (formatação e eliminação de componentes não-textuais);
III. Análise dos textos originais por meio do Coh-Metrix Dementia;
IV. Coleta dos índices selecionados apresentados pelos software;
V. Comentário das possíveis implicações provenientes dos índices dos textos
originais;
Bloco B:
VI. Aplicação de diferentes estratégias isoladas de reescrita que visam à simplificação
textual e geração de diferentes versões simplificadas de cada texto;
VII. Submissão dos textos reescritos ao Coh-Metrix Dementia;
VIII. Comentário sobre as possíveis implicações provenientes dos índices exibidos no
sistema pelos textos editados;
Bloco C:
IX. Conclusões sobre elementos que podem contribuir para a complexidade textual e
sobre a repercussão das diferentes estratégias/procedimentos de simplificação para a língua
portuguesa;
X. Levantamento de informações relevantes para a instrução de criação de um guia de
simplificação para a língua portuguesa.
124
Para essa edição, substituímos nos textos – sempre que possível – os pronomes por
seus referenciais ou por sinônimos dos referenciais; mesmo que isso implicasse na repetição
de palavras. Além disso, preenchemos elipses e tentamos evitar qualquer tipo de emissão.
Outro detalhe observado durante essa estratégia foi a eliminação do uso de mesóclises
(quando existentes) e a redução do uso de próclise, mesmo que as alterações implicassem na
quebra de regras de colocação pronominal.
A adoção dessa estratégia se deu, primeiramente, por inspiração nas orientações
presentes nas guidelines de simplificação do Plain Language, as quais orientam para a
126
Exemplo:
Frase original: Maria foi ao mercado, ela comprou frutas.
Frase editada. Maria foi ao mercado, Maria comprou frutas.
Exemplo:
Parágrafo original: O ensino 3.0 é uma reunião de processos metodológicos que, além
de considerar a interdisciplinaridade como um fator fundamental na educação, também se
preocupa com o desenvolvimento de habilidades distintas para os seus alunos, como
conhecimentos políticos, aptidões empreendedoras, consciência ecológica, etc.
Parágrafo editado: O ensino 3.0 é uma reunião de processos metodológicos. Ele
considera a interdisciplinaridade como um fator fundamental na educação. Esse ensino
também se preocupa com o desenvolvimento de habilidades distintas para os seus alunos,
como conhecimentos políticos, aptidões empreendedoras, consciência ecológica, etc.
74
Obviamente, as informações eliminadas foram as consideradas menos relevantes por nós para a observação
da possível eficiência da estratégia. Se os textos editados fossem ser utilizados e divulgados para públicos reais,
127
Exemplo:
Frase original: O Benzetancil, composto por Benzilpenicilina Benzatina, citrato de
sódio, povidona, edetato dissódico, propilparabeno, metilparabeno, metabissulfito de sódio,
lecitina de soja e polissorbato, é um remédio indicado para tratar infecções respiratórias e da
pele e para a prevenção da febre reumática.
Frase editada: O Benzetancil é um remédio indicado para tratar infecções respiratórias
e da pele e para a prevenção da febre reumática.
Com base nas orientações dadas pelas Guidelines do Governo Americano, devemos
evitar que o leitor "saia" do texto para buscar informações que deveriam estar presentes
“dentro” dele. Dessa forma, ao se posicionar no lugar do leitor, é preciso pensar sobre o que é
necessário explicar no decorrer do texto para que o leitor possa compreender a informação
sem precisar buscar outras referências. Sendo assim, “ampliar informações" significa
adicionar ao texto “explicações" que sejam necessárias para que o leitor compreenda alguma
palavra ou termo.
seria necessário consultar um profissional da Psicologia ou Psiquiatria antes da escolha das informações que
seriam retiradas.
128
Exemplo:
Frase original: Uma das áreas de maior interesse na Dermatologia é a Flebologia.
Frase editada: Uma das áreas de maior interesse na Dermatologia (área da Medicina
que estuda a pele) é a Flebologia, que estuda as doenças relacionadas aos vasos sanguíneos e
veias.
Exemplo:
Frase original: Antônio é bastante eloquente e persuasivo.
Frase editada: Antônio é bastante expressivo e convincente.
Para essa estratégia, todas as instâncias de voz passiva analítica encontradas nos
textos foram alteradas para a voz ativa.
Essa estratégia também é uma indicação das Guidelines norte-americanas,
mencionadas previamente.
Exemplos:
Frase original: O museu irá ser reformado por um grupo de arquitetos.
Frase editada: Um grupo de arquitetos reformará o museu.
130
Nessa estratégia, foram removidos adjetivos (ou locuções adjetivas) que não
interferiam diretamente na construção de significado de frases e/ou que não acrescentassem
informações que fossem relevantes para a informação pretendida.
A escolha pela adoção dessa estratégia partiu da observação levantada por Finatto em seu
artigo de 2011 a respeito da relação entre adjetivos e advérbios e a possível complexidade em textos
jornalísticos. Diante disso, tivemos por objetivo observar se a presença dessas classes gramaticais
poderia impactar na possível complexidade de textos de uma tipologia textual diferente.
A presença de adjetivos em um texto pode tornar a leitura complexa pela possível
ambiguidade entre a relação adjetivo-substantivo e/ou, também, pela densidade dessa classe
gramatical quando essas palavras estão agrupadas em clusters. Além disso, os adjetivos se
apresentam como “mais um elemento” na frase que precisará ser processado pelo leitor.
Sendo assim, além da necessidade de estabelecer a relação entre o adjetivo e a palavra a qual
ele se refere, ainda é preciso que o leitor saiba o significado desse adjetivo.
Exemplo:
Frase original: O comprimido, longo e espesso, é utilizado para o tratamento da tosse.
Frase editada: O comprimido é utilizado para o tratamento da tosse.
Da mesma maneira que a estratégia anterior, foram eliminados dos textos – nesse
procedimento – qualquer advérbio ou locução adverbial que não foram considerados
essenciais para a função comunicativa.
Quando os advérbios foram considerados essenciais, buscou-se substituir aqueles
considerados holisticamente complexos por um equivalente potencialmente mais simples,
como “indubitavelmente” por “sem dúvida”, etc.
Da mesma forma que a estratégia anterior, a adoção da simplificação por redução de
advérbios também se baseou em indícios do trabalho de Finatto (2011).
Exemplo:
Frase original: Creio, pessoalmente, que a adoção de metodologias ativas contribui
para o melhor desenvolvimento cognitivo dos alunos.
Frase editada: Creio que a adoção de metodologias ativas contribui para o melhor
desenvolvimento cognitivo dos alunos.
131
Após a seleção dos seis textos comparativos de controle, em tese simples, antes
citados, submetemos cada um deles ao Coh-Metrix Dementia e coletamos as métricas que
utilizaremos para os fins deste trabalho. Os índices estão organizados de acordo com a
seguinte legenda:
COMP 3 76.696 0.245 0.506 1.467 301.887 211.321 33.962 37.736 83.019
COMP 4 60.488 0.144 0.523 1.098 246.201 179.331 57.751 27.356 142.857
COMP 5 54.101 0.104 0.493 1.315 280.528 186.469 51.155 46.205 100.660
COMP 6 65.186 0.222 0.461 1.249 274.809 188.295 45.802 40.712 76.336
Após a coleta dos dados dos textos comparativos, passamos para a coleta e
interpretação das informações sobre os textos-TEPT.
Aqui, vale lembrar que todos os textos coletados foram inseridos no Coh-Metrix
Dementia sem nenhum tipo de alteração textual.
Os dados dos textos-TEPT estão apresentados no quadro a seguir:
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 4 8.733 0.194 0.538 1.463 333.413 115.385 97.902 40.210 64.685
PORT 5 44.000 0.240 0.521 1.540 279.805 117.616 92.457 53.528 85.158
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
133
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
PORT 9 20.455 0.312 0.468 1.586 310.791 153.957 105.036 41.727 67.626
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
Com base nesse quadro, repetimos os resultados obtidos da análise dos textos e
apresentamos a classificação de cada um deles de acordo com sua categoria do IF, de forma
que textos classificados com o escore 0 são considerados muito difíceis e que exigem grau de
formação de ensino superior para o entendimento, com escore 1, textos difíceis, cujo grau de
instrução formal seja o ensino médio ou o superior; com escore 2, textos fáceis, para os quais
o Ensino Fundamental seja suficiente e, por fim, com o escore 3, textos muito fáceis, cuja
educação formal até o quarto ano do Ensino Fundamental seja satisfatória para a
compreensão.
Portanto, para o público-receptor desta pesquisa, um leitor adulto com apenas o Ensino
Fundamental completo, espera-se que os textos tenham escores entre 3 e 4 para que, dessa forma,
cumpram seus objetivos de informar a respeito do TEPT de forma mais satisfatória.
Além disso, vamos inserir uma legenda de classificação de complexidade conforme o
quadro abaixo, que nos será útil para uma análise posterior ao final desse capítulo:
IF Classificação de complexidade
0 – 25 Muito alta
25-50 Alta
50 – 75 Baixa
75 – 100 Muito baixa
Quadro 10: Classificação dos textos originais em língua portuguesa pelo escore de IF
IF Escore de IF Classificação de
complexidade (IF)
PORT 1 42.160 1 Alta
PORT 2 20.107 0 Muito alta
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 11: Classificação dos textos comparativos em língua portuguesa pelo escore de IF
IF Escore de IF Classificação de
complexidade (IF)
COMP 1 60.993 2 Baixa
COMP 2 71.943 2 Baixa
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
136
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Podemos perceber que os dois textos, embora tenham uma determinada diferença
entre todos os índices, não se distanciam de maneira tão grande em extensão e, ainda assim,
seus resultados de IF tenham apresentado uma distinção alta.
137
Como exemplo, vamos observar um segmento de cada um desses textos para que
possamos “sentir” a diferença entre eles:
Como podemos observar pelos exemplos, o texto PORT 5 apresenta sentenças mais curtas,
enquanto o PORT 4 apresenta um grande bloco de informações de forma consideravelmente densa.
Esses exemplos (cuja estruturação textual se repete durante os dois textos, como é
possível ver na íntegra nos textos no apêndice B deste trabalho), servem como ilustrações do
quanto a extensão das frases colabora com um maior ou menor IF.
Ainda sobre extensão dos textos, podemos notar a semelhança entre os textos PORT 5
(com melhor IF) e PORT 2 (cujo IF foi um dos mais baixos) e observar que embora todas as
métricas de extensão sejam semelhantes, a diferença entre o IF do primeiro e o IF do segundo
é de aproximadamente 24, fato que categorizou o PORT 5 em uma classificação de leitura
mais fácil do que o PORT 2.
138
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Certamente, apenas os dados levantados pelo IF não são suficientes para que
possamos afirmar que os materiais analisados são, de fato, muito complexos para esse tipo de
leitor; mas podemos utilizar essa métrica como um indicativo de que esses materiais são,
portanto, de alta complexidade.
Com base nesse primeiro indício, podemos partir do princípio de que uma das
métricas já classificaria os textos como potencialmente complexos e, a partir de então,
analisar os demais índices para refutar ou corroborar esse achado.
ASL
COMP 5 0.104
COMP 1 0.133
COMP 4 0.144
PORT 7 0.168
COMP 2 0.182
PORT 8 0.185
139
PORT 4 0.194
PORT 6 0.203
PORT 2 0.216
COMP 6 0.222
PORT 5 0.240
COMP 3 0.245
PORT 10 0.256
PORT 3 0.265
PORT 9 0.312
PORT 1 0.367
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
A brincadeira de gude mais popular, no entanto, é o jogo das bolinhas praticado nas
histórias da Turma da Mônica. Consiste em um círculo desenhado no chão, onde os
jogadores devem, com um impulso do polegar, jogar a bolinha. Os jogadores seguintes
devem acertar a bolinha, e se conseguirem retirá-la do círculo, elas se tornam suas. Vence
aquele que ficar com as bolinhas de seus companheiros."
Embora a similaridade semântica entre as frases de cada um dos textos não seja
realmente alta em nenhum deles, ainda assim é possível perceber, ainda que minimamente,
uma maior aproximação semântica entre as palavras do texto PORT 1 (como nas sequências:
pessoa, pessoa, vítima; reage, é, pense, vem, pode).
Uma das justificativas encontradas para que os textos de controle apresentem menores
similaridades semânticas é que a maioria deles são narrativas e, por seguirem essa tipologia
textual, o desenvolvimento de assuntos é constantemente alterado e o vocabulário escolhido
para a composição desses assuntos, logicamente, é frequentemente modificado. Já os textos-
TEPT, embora sejam mais densos em termos de conteúdo (comparados às narrativas
infantis), apresentam parágrafos e frases que tratem do mesmo assunto e que constantemente
utilizam sinônimos para criar referências no texto.
Um detalhe importante de observar é a forma de composição desses textos no que diz
respeito ao tema-rema e que pode justificar os maiores resultados de ASL para os textos de
controle.
A manutenção tema-rema dos textos narrativos tende a ser de progressão tema-hiper-
rema, que ocorre quando um rema (ou parte dele) se converte em um hiper-rema e
desenvolve mais orações, cada um com temas e remas diferentes. Além dessa forma, a
manutenção também se dá por meio de uma progressão de tema derivado, que ocorre quando
os temas de uma oração se desprendem das anteriores. Essas diferentes manutenções tema-
rema podem implicar no uso de diferentes unidades lexicais para decorrer sobre temas e
remas distintos (SUAREZ & OROZCO, 2012).
Já a manutenção tema-rema nos textos-TEPT parecem seguir um padrão de
progressão de tema linear ou único – o que assegura uma maior repetição de vocabulário ou o
uso de sinônimos para a retomada e a constância de tema.
Com o objetivo de analisar os índices de ASL de cada um dos textos, criamos um
quadro simples, classificando os intervalos de cada possibilidade de resultado dessa métrica.
Para isso, categorizamos as possibilidades numéricas da ASL por meio da seguinte legenda:
141
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 16: Classificação dos textos comparativos em língua portuguesa pela ASL
ASL Classificação de
complexidade
(ASL)
COMP 1 0.133 Alta
COMP 2 0.182 Alta
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 17: Classificação dos textos originais em língua portuguesa pela ASL
ASL Classificação de
complexidade
PORT 1 0.367 Média
PORT 2 0.216 Alta
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 18: Pontuações do índice Type-Token para os textos originais em língua portuguesa
TT
PORT 1 0.414
PORT 2 0.602
PORT 3 0.535
PORT 4 0.538
PORT 5 0.521
PORT 6 0.458
PORT 7 0.527
PORT 8 0.535
PORT 9 0.468
PORT 10 0.480
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 19: Pontuações do índice Type-Token para os textos comparativos em língua portuguesa
TT
COMP 1 0.430
COMP 2 0.499
COMP 3 0.506
COMP 4 0.523
COMP 5 0.493
COMP 6 0.461
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
TT Classificação de complexidade
0.0 – 0.1 Muito baixa
0.1 – 0.3 Baixa
0.3 – 0.5 Média
0.5 – 0.7 Alta
0.7 – 1.0 Muito alta
Quadro 21: Classificação de complexidade dos textos comparativos em língua portuguesa por TT
TT Classificação de
complexidade
COMP 1 0.430 Média
COMP 2 0.499 Média
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 22: Classificação de complexidade dos textos originais em língua portuguesa por TT
TT Classificação de
complexidade
PORT 1 0.414 Média
PORT 2 0.602 Alta
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
145
Quadro 23: Classificação comparativa de TT entre os textos originais e os textos comparativos em língua
portuguesa
TT
PORT 2 0.602
PORT 4 0.538
PORT 3 0.535
PORT 8 0.535
PORT 7 0.527
COMP 4 0.523
PORT 5 0.521
COMP 3 0.506
COMP 2 0.499
COMP 5 0.493
PORT 10 0.480
PORT 9 0.468
COMP 6 0.461
PORT 6 0.458
COMP 1 0.430
PORT 1 0.414
PORT 2 0.602
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Embora tenhamos obtido resultados não muito distantes de TT entre os dois grupos,
ao dispormos os índices dos dois grupos de textos de forma decrescente (do texto com maior
TT para o texto com o menor), podemos observar as cinco posições de maior variedade
lexical são ocupadas por textos-TEPT. Isso indica que apesar da variação vocabular ser
semelhante, ainda assim os textos de TEPT são considerados mais complexos do que os
textos de controle se partirmos do princípio que relaciona variação lexical e complexidade.
Ainda que a variação lexical dos dois grupos possa ser parecida de acordo com os
indicativos do TT, não podemos esquecer que esse índice analisa a quantidade de palavras
146
diferentes que existem em um texto, mas não observa a densidade semântica de cada uma
delas. Portanto, embora a variação lexical seja um tanto quanto similar entre os dois grupos,
os textos de controle podem – possivelmente – apresentar palavras mais corriqueiras e
comuns, enquanto os textos-TEPT, mais complexas. Ou seja, os textos de controle
apresentam um vocabulário mais básico do que os textos do corpus de pesquisa, mas o
controle vocabular é semelhante.
Vamos observar um exemplo entre o texto de maior TT (PORT 2) e o texto de menor
TT (PORT 1). Nos segmentos abaixo, observe a forma como o texto referencia a vítima de
TEPT. No segmento do texto PORT 2, são apresentadas 7 palavras que se referem à vítima
de TEPT. Já no texto PORT 1, parece haver um controle maior do vocabulário utilizado para
se referir à vítima.
O exemplo acima nos demonstra algo que podemos verificar ao lermos os dois textos
na íntegra: o texto PORT 1 parece apresentar um vocabulário mais controlado e repetitivo,
147
enquanto o texto PORT 2 foi redigido com um número maior de sinônimos e de referenciais,
de forma que seu vocabulário é mais expandido.
Portanto, uma vez que os textos-TEPT apresentam resultados médios e altos de TT,
podemos concluir que a probabilidade de problemas de coesão também é média ou alta e que,
consequentemente, os esforços cognitivos para realizar as referências e ativar vocabulário
também são médios ou altos, o que resulta em textos cuja complexidade possa ser
interpretada como média ou alta.
Portanto, além da alta complexidade já observada pelo IF e pela ASL, também
podemos concluir que o TT classifica os textos-TEPT como potencialmente complexos para
o público destinado.
A densidade semântica é um índice que nos mostra a média da densidade das palavras
de um texto. Para isso, conforme já explicado, essa métrica leva em consideração o número
das palavras de conteúdo dividido pelo número de palavras funcionais. Quanto mais alto for o
índice, mais semanticamente denso ele é considerado.
Iniciaremos a análise comparando a DS dos textos sobre o TEPT com os textos de
controle. Para isso, organizamos os índices coletados dos dois grupos de texto e dispomos
esses índices em um quadro único, exibindo os resultados a partir do texto de maior DS (mais
complexo) para o texto de menor DS:
Quadro 24: Classificação comparativa de DS entre os textos originais e os textos comparativos em língua
portuguesa
DS
PORT 2 1.713
PORT 10 1.625
PORT 9 1.586
PORT 6 1.582
COMP 1 1.555
PORT 5 1.540
PORT 8 1.534
COMP 3 1.467
PORT 4 1.463
PORT 7 1.424
PORT 3 1.395
PORT 1 1.324
148
COMP 5 1.315
COMP 2 1.303
COMP 6 1.249
COMP 4 1.098
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Se realizarmos apenas uma análise superficial, holística e não numérica dos dois
segmentos exemplificados acima, já podemos perceber o quão semanticamente denso o
primeiro é, enquanto o segundo parece mais “leve”.
No segmento do texto PORT 2, podemos contar 22 palavras de conteúdo para 14
palavras funcionais.
Já no texto COMP 4 (numericamente indicado como menos denso semanticamente),
contamos 17 palavras de conteúdo e 19 palavras funcionais.
Para que possamos ter uma ideia mais ampla sobre a densidade semântica de cada um
dos textos e da forma como ela se relaciona com a complexidade textual, vamos interpretar
os dados do quadro de DS dos textos-TEPT por meio da seguinte legenda:
149
DS Classificação de complexidade
Com base no quadro acima, vamos observar como os textos de controle se classificam
em complexidade para a métrica de DS:
Quadro 26: Classificação de complexidade dos textos comparativos em língua portuguesa por DS
DS Classificação de complexidade
COMP 1 1.555 Alta
COMP 2 1.303 Média
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 27: Classificação de complexidade dos textos originais em língua portuguesa por DS
DS Classificação de complexidade
PORT 1 1.324 Média
PORT 2 1.713 Muito alta
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 28: Incidência de palavras de conteúdo e de palavras funcionais dos textos comparativos em
língua portuguesa
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 29: Incidência de palavras de conteúdo e de palavras funcionais dos textos originais em língua
portuguesa
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
com cada uma das métricas de complexidade para tentar compreender se a maior incidência
desses dois tipos de palavra aumenta, de fato, a complexidade de um texto.
Para facilitar a leitura dos dados, convertemos as incidências em percentuais.
Contudo, uma vez que as ferramentas de análise textual não dispõem a incidência de palavras
de outras classes gramaticais (artigos, conjunções, preposições e interjeições) apresentaremos
no quadro abaixo uma coluna denominada “outros” na qual constarão os percentuais de
outras classes gramaticais.
Quadro 30: Incidência de classes de palavras dos textos comparativos em língua portuguesa
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 31: Incidência de classes de palavras dos textos originais em língua portuguesa
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Com base nesses quadros, vamos observar a incidência de cada classe gramatical nos
dois grupos de texto e analisar quais textos apresentam maiores ou menores percentuais de
cada uma delas. Para isso, todos os dados foram dispostos em um único quadro e os
resultados foram organizados de forma decrescente; ou seja, dos textos com maiores
incidências para os textos com menores incidências.
153
Quadro 32: Classificação de incidência de substantivos dos textos originais em língua portuguesa
S
PORT 2 38.27%
PORT 8 35.54%
PORT 10 35.38%
PORT 4 33.34%
PORT 6 32.07%
PORT 9 31.08%
PORT 7 30.85%
COMP 3 30.19%
COMP 1 29.64%
COMP 5 28.05%
PORT 5 27.98%
COMP 6 27.48%
PORT 3 26.43%
COMP 4 24.62%
PORT 1 22.81%
COMP 2 22.62%
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Além dos substantivos, vamos observar a incidência de verbos. Essas informações são
importantes porque têm uma forte relação com o IF (uma vez que esse índice leva em
consideração o tamanho das frases).
Sentenças mais longas tendem a ser mais complexa. Portanto, um aumento de
incidência de verbos pode indicar mais orações, porém mais curtas – uma vez que para cada
oração é necessário um verbo – e, consequentemente, resultados de IF menores.
Dividir sentenças longas em mais curtas pode colaborar para que o processamento das
frases seja mais direto e para que a distância entre o sujeito e o verbo esteja reduzida e,
consequentemente, exigir menores esforços cognitivos para observar as relações entre os
componentes das frases.
Portanto, é válido observarmos quais são os textos que têm maior incidência verbal,
como veremos abaixo:
Quadro 33: Classificação de incidência de verbos dos textos originais em língua portuguesa
V
PORT 1 21.85%
COMP 3 21.13%
COMP 1 18.94%
COMP 6 18.83%
COMP 5 18.65%
COMP 2 17.96%
COMP 4 17.93%
PORT 3 16.90%
PORT 9 15.40%
PORT 7 15.17%
PORT 10 14.10%
PORT 6 13.47%
PORT 8 13.36%
PORT 2 13.27%
PORT 5 11.76%
PORT 4 11.54%
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
apresentam frases mais curtas e uma certa repetição de verbos (por repetição direta ou por
sinonímia), fato que, em tese, reduz a extensão das frases e permite que o leitor interprete
sentenças menores com menor esforço cognitivo.
Dessa forma, podemos interpretar que uma quebra de frases e de parágrafos em duas ou
mais orações pode aumentar a incidência verbal (uma vez que o mesmo verbo ou um similar
precisará ser utilizado para formar orações), o que diminui a extensão das frases e,
consequentemente, reduziria a complexidade de um texto (pelo menos no que diz respeito ao IF).
De outro lado, importa mencionar aqui também que há padrões de texto associados
– e cultivados - no jornalismo, independentemente do caráter popular. A escrita de
jornal se pretende objetiva e sem repetições. A propósito, vale mencionar que um
famoso jornalista já disse que se a língua fosse mais rica em substantivos e verbos,
não precisaríamos usar tantos adjetivos e advérbios em um bom texto de jornal.
Segundo entende, essas palavras embaçam a exatidão e fazem o texto parecer
chumbo em lugar de cristal. Essa seria uma indicação sobre o papel de adjetivos e
de advérbios na CT do jornal?
Finatto & Huang (2005) destacam que podem existir ocorrências de ambiguidades na
interpretação qualificativa e na interpretação relacional de um adjetivo.
Ao levarmos em consideração a incidência de adjetivos nos textos-TEPT comparados
com os textos de controle, podemos observar que, de fato, os primeiros apresentam uma
incidência muito maior dessa classe gramatical, conforme o quadro abaixo. Sete dos dez
textos-TEPT ocupam as posições mais altas de incidência de adjetivos:
Quadro 34: Classificação de incidência de adjetivos dos textos originais em língua portuguesa
ADJ
PORT 6 11.24%
PORT 9 10.50%
PORT 4 9.79%
PORT 7 9.77%
PORT 3 9.52%
PORT 5 9.25%
75
Fonte: Otavio Frias Filho, no Antimanual de jornalismo. Folha de S.Paulo, 18.nov.1984. Caderno Folhetim,
p.7. Citado por Carlos Kaufmann (KAUFMANN, 2005)
156
PORT 2 9.07%
PORT 10 8.09%
COMP 2 7.76%
PORT 8 7.49%
COMP 4 5.78%
COMP 1 5.17%
COMP 5 5.12%
COMP 6 4.58%
PORT 1 4.37%
COMP 3 3.40%
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 35: Classificação de incidência de adjetivos dos textos originais em língua portuguesa por
ordenação numérica
ADJ Classificação de
incidência
PORT 6 11.24% 1
PORT 9 10.50% 2
PORT 4 9.79% 3
PORT 7 9.77% 4
PORT 3 9.52% 5
PORT 5 9.25% 6
PORT 2 9.07% 7
PORT 10 8.09% 8
PORT 8 7.49% 9
PORT 1 4.37% 10
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 36: Cruzamento entre incidência de adjetivos e IF dos textos originais em língua portuguesa
Classificação de Classificação de
incidência de adjetivos complexidade (IF)
PORT 1 10 9 PORT 1
PORT 2 7 4 PORT 2
PORT 3 5 3 PORT 3
PORT 4 3 1 PORT 4
PORT 5 6 10 PORT 5
PORT 6 1 6 PORT 6
PORT 7 4 8 PORT 7
PORT 8 9 2 PORT 8
PORT 9 2 5 PORT 9
PORT 10 8 7 PORT 10
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Como podemos observar pelo quadro, parece existir uma relação entre incidência de
adjetivos e o IF. Isso pode ocorrer, obviamente, porque a presença de adjetivos aumenta a
extensão das frases, que é um índice utilizado para o cálculo de IF.
Podemos perceber que os textos PORT 1, PORT 5 e PORT 10 se classificam por
complexidades menores de IF e também por menores incidências de adjetivos.
Já o texto PORT 8, apresentou uma das maiores complexidades indicadas pelo IF e a
nona posição na incidência de adjetivos.
O texto PORT 4, por sua vez, apresenta a menor classificação de IF e também é o
terceiro texto com maior incidência de adjetivos.
O texto PORT 2, embora tenha se posicionado como o quarto mais complexo pelo IF,
apresentou a sétima maior incidência de adjetivos.
158
Quadro 37: Cruzamento entre incidência de adjetivos e ASL dos textos originais em língua portuguesa
Classificação de Classificação de
incidência de adjetivos complexidade (ASL)
PORT 1 10 1 PORT 1
PORT 2 7 6 PORT 2
PORT 3 5 3 PORT 3
PORT 4 3 8 PORT 4
PORT 5 6 5 PORT 5
PORT 6 1 7 PORT 6
PORT 7 4 10 PORT 7
PORT 8 9 9 PORT 8
PORT 9 2 2 PORT 9
PORT 10 8 4 PORT 10
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Como podemos observar, não parece haver relação entre incidência de adjetivos e a
complexidade indicada pela ASL.
Percebemos que o texto com menor incidência de adjetivos (PORT 1) é o que se
classifica como mais complexo pela ASL, enquanto o texto com maior incidência de
adjetivos (PORT 6) ocupa a sétima posição na classificação dessa métrica.
Ao compararmos os dois quadros, podemos concluir que a incidência de adjetivos não
influencia a complexidade observada por meio da análise semântica latente.
Sendo assim, partimos para a observação do cruzamento de informações referentes à
incidência de adjetivos com os índices de TT. Vamos observar o cruzamento de informações
por meio do quadro a seguir:
159
Quadro 38: Cruzamento entre incidência de adjetivos e TT dos textos originais em língua portuguesa
PORT 3 5 3 PORT 3
PORT 4 3 2 PORT 4
PORT 5 6 6 PORT 5
PORT 6 1 9 PORT 6
PORT 7 4 5 PORT 7
PORT 8 9 4 PORT 8
PORT 9 2 8 PORT 9
PORT 10 8 7 PORT 10
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 39: Cruzamento entre incidência de adjetivos e DS dos textos originais em língua portuguesa
PORT 3 5 9 PORT 3
PORT 4 3 7 PORT 4
PORT 5 6 5 PORT 5
160
PORT 6 1 4 PORT 6
PORT 7 4 8 PORT 7
PORT 8 9 6 PORT 8
PORT 9 2 3 PORT 9
PORT 10 8 2 PORT 10
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Podemos perceber que embora o texto PORT 1 tenha ocupado a décima posição nas
duas categorias, os demais textos não parecem seguir um determinado padrão que pareie as
duas métricas, servindo como um indicativo de que a incidência de adjetivos não impacta,
diretamente, na complexidade apontada pela DS.
O texto com maior incidência de adjetivos (PORT 6) ocupa o quarto lugar na DS, o
segundo (PORT 9) ocupa o terceiro lugar. Somente por esses indicativos, poderíamos
concluir que pudesse existir uma relação entre incidência de adjetivos e a DS; entretanto,
podemos ver que o terceiro texto com maior incidência (PORT 3) se classifica na sétima
posição de DS e o quarto texto com maior presença de adjetivos (PORT 7) ocupa a oitava.
Da mesma forma, o texto mais complexo pela métrica de DS (PORT 2) é o sétimo
texto com maior incidência de adjetivos e o segundo mais complexo (PORT 10) é o oitavo.
Logo, podemos concluir que também não parece existir correlação entre incidência de
adjetivos e densidade semântica.
Em suma, a análise demonstrou que a única relação de complexidade com incidência
de adjetivos é relacionada ao IF que, conforme já explicado, é algo compreensível, porque a
presença de adjetivos aumenta e extensão do texto. Contudo, não foi possível comprovar a
influência de uma maior incidência de adjetivos com as demais métricas (TT, ASL e DS).
Entretanto, é válido lembrar que essa é apenas uma observação realizada pelo
cruzamento das métricas. Poderemos corroborar uma possível relação entre essa classe
gramatical e a complexidade textual ao estudarmos os índices provenientes dos testes de
simplificação e observarmos a sua incidência em textos que sejam considerados mais
acessíveis após a aplicação das estratégias de reescrita.
Passamos agora a observar, da mesma maneira que realizamos com os adjetivos, a
possível influência da incidência de advérbios nas demais métricas.
161
Quadro 40: Classificação de incidência de advérbios dos textos originais em língua portuguesa
ADV
COMP 2 7.98%
PORT 1 7.92%
COMP 1 6.26%
PORT 5 5.35%
PORT 3 5.12%
COMP 5 4.62%
PORT 9 4.17%
COMP 6 4.07%
PORT 10 4.05%
PORT 4 4.02%
PORT 6 3.78%
COMP 3 3.77%
PORT 8 3.52%
COMP 4 2.74%
PORT 7 2.06%
PORT 2 1.45%
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Podemos perceber que não parece existir uma exclusividade de maior incidência de
advérbios em apenas um dos grupos. Tanto os textos-TEPT quanto os textos de controle (que
são os mais simples) alternam suas posições a respeito dessa métrica.
A partir disso, vamos observar se uma maior incidência de advérbios apresentaria
alguma relação com as métricas de complexidade.
162
Quadro 41: Classificação de incidência de advérbios dos textos originais em língua portuguesa por
ordenação numérica
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Com base nos dados do quadro acima, similarmente ao que fizemos com os adjetivos,
vamos cruzar as informações das incidências de advérbios com as métricas de complexidade
e observar a possível relação entre elas.
Para isso, organizamos os quadros de forma que os textos fossem ordenados
numericamente (do texto 1 ao texto 10) e as classificações de incidência ficassem
posicionadas ao lado das classificações de complexidade de cada uma das métricas (sendo 1
o texto mais complexo e 10 o texto menos complexo).
Iniciaremos observando se existe uma relação entre a incidência de advérbios a o IF:
Quadro 42: Cruzamento entre incidência de advérbios e IF dos textos originais em língua portuguesa
PORT 3 3 3 PORT 3
PORT 4 6 1 PORT 4
PORT 5 2 10 PORT 5
PORT 6 7 6 PORT 6
PORT 7 9 8 PORT 7
PORT 8 8 2 PORT 8
163
PORT 9 4 5 PORT 9
PORT 10 5 7 PORT 10
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 43: Cruzamento entre incidência de advérbios e ASL dos textos originais em língua portuguesa
Classificação de Classificação de
incidência de advérbios complexidade (ASL)
PORT 1 1 1 PORT 1
PORT 2 10 6 PORT 2
PORT 3 3 3 PORT 3
PORT 4 6 8 PORT 4
PORT 5 2 5 PORT 5
PORT 6 7 7 PORT 6
PORT 7 9 10 PORT 7
PORT 8 8 9 PORT 8
PORT 9 4 2 PORT 9
PORT 10 5 4 PORT 10
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Podemos observar que a classificação das duas métricas não se distancia muito.
O texto PORT 1, por exemplo, é o que ocupa a posição de maior incidência de
advérbios e também a maior complexidade percebida por meio da ASL. Essa relação direta
(ocupando a mesma posição nas duas classificações) também ocorre com os textos PORT 3 e
PORT 6.
Os demais textos, embora não apresentem exatamente a mesma classificação, não se
distanciam nos posicionamentos das duas métricas. Os textos PORT 7, PORT 8 e PORT 10
demonstram uma diferença de apenas uma posição entre a incidência de advérbios e a ASL.
Os textos PORT 4 e PORT 9, uma distância de duas posições e os demais textos, embora se
distanciem um pouco mais, ainda demonstram uma forte relação entre as duas métricas.
Concluímos, então, que parece existir, sim, uma relação entre incidência de advérbios e
ASL, de forma que a maior incidência de advérbios implique em provável maior complexidade
de acordo com a ASL conforme verificada pela ferramenta Coh-Metrix Dementia.
Vamos observar se o mesmo se aplica entre a presença de advérbios e o TT:
Quadro 44: Cruzamento entre incidência de advérbios e TT dos textos originais em língua portuguesa
PORT 3 3 3 PORT 3
PORT 4 6 2 PORT 4
PORT 5 2 6 PORT 5
PORT 6 7 9 PORT 6
PORT 7 9 5 PORT 7
PORT 8 8 4 PORT 8
PORT 9 4 8 PORT 9
PORT 10 5 7 PORT 10
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
incidência de advérbios, menor a complexidade relacionada por TT, como é observado por
meio dos textos PORT 4, PORT 5, PORT 7, PORT 8, PORT 9 e PORT 10.
Já os outros textos não apresentam uma distância muito grande entre a incidência de
advérbios e o TT.
Embora não possamos concluir com tanta assertividade que a incidência de advérbios
influencia para mais ou para menos a complexidade de um texto (como foi possível com a
ASL), podemos perceber alguns indícios de que uma maior presença de advérbios reduziu a
complexidade apontada pela TT.
Passamos, por fim, a observar a possível relação entre a incidência de adjetivos e a DS:
Quadro 45: Cruzamento entre incidência de advérbios e DS dos textos originais em língua portuguesa
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Por meio do cruzamento de informações, podemos notar que parece haver uma
relação inversa entre presença de advérbios e complexidade apontada pela DS.
Os textos PORT 1 e PORT 2, por exemplo, nos demonstram que uma maior presença
de advérbios indica uma menor complexidade apontada pela DS.
Da mesma forma, o distanciamento inversamente proporcional dos demais textos nos
permite concluir que a maior presença de advérbios torna os textos menos complexos em
termos de densidade semântica.
Em suma, ao analisarmos todas as relações de incidências de advérbios com as
métricas de complexidade, podemos concluir que:
a. Maior incidência de advérbios não parece implicar diretamente na complexidade
indicada pelo IF.
166
Quadro 46: Classificação de incidência de pronomes dos textos originais em língua portuguesa
P
COMP 4 14.29%
COMP 2 11.31%
PORT 1 10.52%
COMP 5 10.07%
PORT 3 8.93%
PORT 5 8.52%
COMP 3 8.30%
COMP 1 8.16%
PORT 10 7.75%
COMP 6 7.63%
PORT 7 7.46%
PORT 6 6.98%
PORT 9 6.76%
PORT 4 6.47%
PORT 8 6.17%
PORT 2 5.31%
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Podemos observar que existe uma “mistura” entre os textos de controle e os textos-
TEPT no que diz respeito à incidência de pronomes, embora seis textos-TEPT se classificam
com uma menor presença dessa classe de palavras.
É importante observar, contudo, que a distância entre o texto com maior incidência de
pronomes do grupo dos textos de controle apresenta uma diferença de quase 4% em
167
Quadro 47: Indicativos de provável complexidade dos textos comparativos em língua portuguesa por
meio das métricas
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
168
O quadro acima nos demonstra que 37,5% das métricas são consideradas de alta
complexidade, 29,1% são clasificadas como médias, 29,1%, como baixas e 4,1% como muito
baixas.
A maior parte da classificação como complexidade alta é apontada pela ASL, índice
com menor propensão de apresentar resultados considerados como de baixas complexidades.
Passamos, em sequência, para a observação de complexidade dos textos-TEPT:
Quadro 48: Indicativos de provável complexidade dos textos originais em língua portuguesa por meio das
métricas
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
comparar, por meio de uma leitura subjetiva, o primeiro parágrafo do texto PORT 1 (cujas
métricas de complexidade se classificaram como menos complexas) com o primeiro
parágrafo do PORT 2 (cujos índices de complexidade foram mais altos):
Primeiro parágrafo do texto com métricas de complexidades mais baixas (PORT 1):
"Atualmente o número de pessoas que vem sofrendo sequestros relâmpagos no nosso
país está cada vez maior, podendo gerar nas vítimas um transtorno de estresse pós-
traumático. Cada pessoa reage de uma forma no sequestro-relâmpago e após ele também. A
reação no momento do acontecimento normalmente é compulsiva, por mais que a pessoa
pense que vai agir de certa maneira caso aconteça algo como isso na vida, só na hora é que
vem a real reação. A vítima pode estar sozinha ou acompanhada de filhos, dos pais,
companheiro e cada reação, dependendo da situação, será de um jeito."
Primeiro parágrafo do texto com métricas de complexidades mais altas (PORT 2):
"O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) é um distúrbio da ansiedade
caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais em
decorrência de o portador ter sido vítima ou testemunha de atos violentos ou de situações
traumáticas que, em geral, representaram ameaça à sua vida ou à vida de terceiros. Quando
se recorda do fato, ele revive o episódio, como se estivesse ocorrendo naquele momento e
com a mesma sensação de dor e sofrimento que o agente estressor provocou. Essa
recordação, conhecida como revivescência, desencadeia alterações neurofisiológicas e
mentais."
Se lermos os dois parágrafos e fizermos uma análise "superficial”, podemos ver – com
facilidade – o quanto o segundo é mais complexo que o primeiro.
Além de apresentar frases mais curtas, as palavras do primeiro parágrafo parecem
mais simples em comparação às palavras do segundo (que apresenta palavras como
“psíquicos", “revivescência", " neurofisiológicas”, etc.).
Portanto, além das métricas indicarem que os textos-TEPT são, em grande maioria,
complexos para leitores leigos com escolaridade limitada, também podemos observar – por
meio de uma leitura subjetiva – que esses materiais apresentam componentes que podem ser
considerados como complexos para o perfil de leitor.
170
- Contém diversos erros de português e foi escrito de forma que pareça uma
transcrição de uma fala oral.
- Tem pouco papel no cumprimento de sua função: apenas apresenta, de forma um
pouco rasa, o que é o TEPT e aborda, de forma similarmente rasa, as possibilidades
de tratamento.
PORT 2 Apropriação gramatical: pouquíssimas inapropriações gramaticais.
Estruturação: organizado em tópicos e sua estrutura é bem formada.
Linguagem e presença de terminologias: linguagem tanto quanto rebuscada, e a
densidade terminológica é alta. Há presença de palavras e termos que julgamos ser
complexas para o perfil de leitor da pesquisa, como: revivescência, neurofisiológicas,
córtex pré-frontal, hipocampo, etc.
Intencionalidade: apresenta recursos para que a intencionalidade do autor seja
alcançada, mas de forma complexa.
Situacionalidade: poucos elementos que relacionem o texto ao contexto do leitor.
Informatividade: grau entre médio e alto. Ainda que o autor apresente informações
de senso comum para relacionar às novas, as informações novas são complexas para
o perfil de leitor.
Aceitabilidade: Cremos que a aceitabilidade do texto deve variar entre baixa e
média, uma vez que diante dos termos mais complexos, o esforço cognitivo do leitor
seja mais exigido.
Intertextualidade: não exige conexões intertextuais.
Complexidade: alta
Outros comentários: texto técnico e com informações que são, em tese,
desnecessárias para o objetivo.
PORT 3 Apropriação gramatical: poucas inapropriações gramaticais.
Estruturação: longo, com frases e parágrafos extensos. Dividido em tópicos.
Linguagem e presença de terminologias: baixa presença terminológica, embora
apresente palavras que possam ser consideradas como mais complexas para um
público leigo, tais como: vulnerabilidade, explicitam, dissipando, hipervigilância.
Intencionalidade: o autor utilizou diversos recursos para que sua intencionalidade
fosse alcançada, trazendo exemplos e dados estatísticos.
Situacionalidade: apresenta elementos que conectam o leitor ao texto, embora
utilizando uma linguagem complexa.
Informatividade: grau de informatividade médio-alto.
Aceitabilidade: cremos que a aceitabilidade não será baixa, porque apresenta
diversos elementos que respondem as dúvidas do leitor, ainda que ele precise de
172
compreendido.
Complexidade: média-alta.
Outros comentários: embora o texto apresente uma estrutura organizada, a
linguagem pode tornar a leitura mais complexa.
PORT 10 Apropriação gramatical: apresenta poucas inapropriações gramaticais.
Estruturação: divide o texto em tópicos, embora apresente algumas repetições de
informação que se encaixariam em outros tópicos apresentados no texto.
Linguagem e presença de terminologias: presença de termos entre média e alta,
embora apresente linguagem rebuscada.
Intencionalidade: a organização por tópicos é um elemento que delimita a
intencionalidade do autor, embora a presença de algumas informações e ausência de
outras prejudique a intencionalidade de ser completamente alcançada.
Situacionalidade: busca apresentar elementos para que a realidade do leitor seja
contextualizada no decorrer do texto.
Informatividade: grau de informatividade entre médio-alto. Por vezes apresenta
informações de senso comum para sustentar as novas informações, mas outras vezes,
falha nesse sentido.
Aceitabilidade: cremos que embora o texto pareça apresentar uma organização que
ajude a fluidez da leitura, a forma como as informações foram apresentadas
(inclusive pela linguagem) pode tornar prejudicar a aceitabilidade.
Intertextualidade: não exige conexões intertextuais.
Complexidade: alta.
Outros comentários: a presença de muitas vírgulas, parênteses e bullets tornam a
leitura um pouco cansativa.
Em geral, após uma análise holística, podemos observar que os textos não são, de
fato, apropriados para um leitor leigo com escolaridade limitada.
Os textos “pecam” não só em linguagem, mas também em estruturação/organização e
clareza.
Alguns textos apresentam elementos que não são apropriados para a tipologia textual
e que não se adequam à realidade do leitor.
Em alguns textos, podemos perceber um movimento remissivo, no qual o leitor
precisa ir e voltar em partes do texto.
177
Ademais, uma vez que os textos sejam destinados a um leitor cujo objetivo seja
compreender o TEPT (ocorrências, sintomas, tratamentos), diversas informações
apresentadas pelos textos são desnecessárias, tornando a leitura mais complexa (fator que
também foi destacado por Carpio (2017) em sua pesquisa a respeito da linguagem em
folhetos sobre Pneumopatias Ocupacionais).
No que diz respeito à extensão, muitos textos apresentam frases e parágrafos
demasiadamente longos e que podem resultar na interrupção da linha de pensamento do leitor
ou na incapacidade de construir uma linha de pensamento para seguir o texto, conforme
apontado por Zanella & Valentini (2016) nos estudos a respeito da relação entre memória de
trabalho e compreensão de leitura.
Em suma, podemos concluir que a maioria dos textos que coletamos sobre o TEPT
em língua portuguesa podem ser considerados como potencialmente complexos para um
leitor leigo com nível formal de educação limitado.
Sendo assim, partiremos, agora, para uma análise comentada sobre os resultados dos
testes de reescrita que tiveram por objetivo a simplificação textual.
178
PARTE 5
Com o objetivo de verificar a eficiência (ou ineficiência) de cada uma das estratégias
de reescrita para simplificação, apresentaremos os dados das métricas de forma comparativa e
faremos um breve comentário sobre cada uma delas. Portanto, verificaremos como cada uma
das estratégias de acessibilidade aumentaram ou reduziram a possível complexidade dos
textos de acordo com cada um dos índices escolhidos gerados pelo sistema Coh-Metrix
Dementia.
Com a finalidade de facilitar a comparação entre os dados, os quadros abaixo serão
divididas de acordo com cada uma das estratégias de reescrita em teste. Além disso, os
quadros apresentarão os dois resultados: demarcados em linhas cinzas, os resultados originais
e em linhas coloridas (ou em branco), os resultados provenientes das estratégias de
simplificação. Dessa forma, em cada quadro, mostraremos (novamente) os resultados
originais logo acima dos resultados dos testes de avaliação de cada reescrita.
Para que a leitura dos dados possa se tornar mais facilitada, destacaremos em verde as
métricas de complexidade cujos resultados de complexidade apresentaram redução, em
vermelho os índices que apresentaram uma complexidade maior e em amarelo aqueles que
não tiveram qualquer alteração.
Já nas métricas de incidência, destacaremos em azul os resultados cuja incidência
tenha se tornado maior que os textos originais e em laranja aqueles que apresentaram redução
de incidência.
Temos, obviamente, a consciência de que os testes isolados não apresentarão
resultados significativos e com um aumento de simplificação altíssimo para todos os textos
para que eles possam ser considerados como simplificados e acessíveis pelo público a que se
destinam. É válido lembrar que isolar cada uma das estratégias (em vez de aplicar todas de
uma vez) teve por finalidade observar se cada uma delas tem o “poder” de influenciar nas
métricas de complexidade e analisar a validade de aplicá-las com as demais métricas em
simplificações completas de textos.
179
Portanto, vamos observar cada uma das estratégias e os possíveis impactos delas nos
índices de complexidade (índice Flesch, análise semântica latente, relação type-token e
densidade semântica).
Quadro 50: Comparativos das métricas originais e das métricas posteriores à aplicação da estratégia de
edição de pronomes dos textos originais em língua portuguesa
PORT 2 20.595 0.242 0.582 1.749 394.850 126.069 90.129 15.021 47.210
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 3 17.649 0.282 0.513 1.431 274.510 167.243 94.579 49.596 77.278
PORT 4 8.733 0.194 0.538 1.463 333.413 115.385 97.902 40.210 64.685
PORT 4 9.260 0.186 0.529 1.496 345.361 115.120 96.220 39.519 65.292
PORT 5 44.000 0.240 0.521 1.540 279.805 117.616 92.457 53.528 85.158
PORT 5 53.025 0.151 0.494 1.552 288.416 177.305 87.410 52.009 75.650
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
PORT 6 23.599 0.208 0.449 1.610 328.244 133.588 110.687 37.214 61.069
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
PORT 8 17.847 0.200 0.523 1.528 353.712 135.371 74.236 34.934 61.135
PORT 9 20.455 0.312 0.468 1.586 310.791 153.957 105.036 41.727 67.626
PORT 9 20.439 0.318 0.548 1.601 316.011 153.090 103.933 40.730 67.416
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
PORT 10 29.470 0.256 0.468 1.646 355.932 144.663 79.906 39.548 73.446
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
76
Os textos reescritos por edição de pronomes se encontram no Apêndice D desta dissertação.
180
Primeiramente, é preciso mencionar que não foi possível aplicar a estratégia de edição
de pronomes no texto PORT 7. Portanto, as métricas permanecem idênticas porque não
houve qualquer alteração.
Como podemos perceber pelos dados do quadro, a estratégia de simplificação por
edição de pronomes teve um impacto – ainda que não muito significativo – no IF.
Sete dos nove textos apresentaram um IF maior do que os originais após a
simplificação; embora esse resultado não permita que os textos mudem de categoria de
acordo com os indicativos desse índice.
Portanto, a respeito do IF, podemos concluir que a edição de pronomes contribui para
um aumento do índice, mas que sozinho não é o suficiente para que esse número seja
significativamente alterado.
Analisando os índices de ASL, observamos que seis dos nove textos apresentaram
valores mais altos pós-simplificação e os outros dois, índices menores.
Uma vez que a ASL é um índice que quanto mais alto o valor, maior a simplificade,
podemos concluir que a edição de pronomes contribui para aproximadamente 77% dos casos.
Ao observarmos o TT, podemos notar que sete dos nove textos mostram uma redução
no índice (fator que indica menor complexidade) e um texto um aumento. Portanto,
acreditamos que a edição de pronomes contribui, também, para uma redução da
complexidade medida pelo TT.
No que diz respeito à DS, podemos observar que o efeito foi o contrário: oito entre os
nove textos apresentaram um índice de DS mais elevado (o que indica maior complexidade).
Contudo, esse resultado já era esperado, uma vez que a grande maioria dos pronomes
em cada um dos textos foi substituído por seu referencial nominal e, em consequência, a
quantidade de palavras de conteúdo foi aumentada (o que impacta, altamente, na DS).
Resumidamente a respeito da estratégia de simplificação por edição de pronomes,
podemos concluir que:
I. Aumenta o IF, reduzindo a complexidade.
II. Aumenta a ASL, reduzindo a complexidade.
III. Diminui o TT, reduzindo a complexidade.
IV. Aumenta a DS, aumentando a complexidade.
181
O seguinte quadro nos mostra os índices dos textos originais e dos textos após a
aplicação da estratégia de quebra de sentenças/frases em estruturas menores77:
Quadro 51: Comparativos das métricas originais e das métricas posteriores à aplicação da estratégia de
quebra de sentenças/parágrafos em estruturas menores dos textos originais em língua portuguesa
PORT 2 20.618 0.223 0.600 1.744 389.497 131.291 89.716 15.317 52.516
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 3 23.063 0.236 0.522 1.427 266.896 171.821 92.784 50.401 90.493
PORT 4 8.733 0.194 0.538 1.463 333.413 115.385 97.902 40.210 64.685
PORT 4 13.134 0.185 0.523 1.467 337.815 121.008 94.118 38.655 73.950
PORT 5 44.000 0.240 0.521 1.540 279.805 117.616 92.457 53.528 85.158
PORT 5 44.751 0.239 0.517 1.558 285.714 176.190 90.476 52.381 85.714
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
PORT 6 24.913 0.202 0.458 1.631 327.603 135.626 111.748 37.249 69.723
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 7 38.284 0.181 0.520 1.459 314.070 153.266 95.477 20.101 72.864
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
PORT 8 21.510 0.171 0.518 1.560 353.957 135.252 76.259 35.971 61.871
PORT 9 20.455 0.312 0.468 1.586 310.791 153.957 105.036 41.727 67.626
PORT 9 21.139 0.314 0.466 1.607 316.011 153.090 103.933 40.730 66.011
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
PORT 10 32.730 0.249 0.472 1.675 359.060 143.177 79.418 40.268 81.655
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Uma vez que essa estratégia envolve a redução do tamanho de frases e de parágrafos,
consideramos necessário apresentar, também, um quadro comparativo entre a quantidade de
cada um desses componentes para que se possa observar quais textos sofreram mais
77
Os textos reescritos por quebra de sentenças/frases em estruturas menores se encontram no Apêndice E desta
dissertação.
182
alterações e, dessa forma, poder levantar conclusões mais pontuais sobre os impactos dessa
estratégia nas demais métricas:
Quadro 52: Comparativos dos números de parágrafos e de frases dos textos originais em língua
portuguesa e dos textos posteriores à aplicação da estratégia de quebra de sentenças/parágrafos em
estruturas menores
PORT 2 20 27
PORT 3 11 32
PORT 3 17 46
PORT 4 20 27
PORT 4 21 33
PORT 5 13 22
PORT 5 14 24
PORT 6 46 62
PORT 6 48 71
PORT 7 14 27
PORT 7 17 29
PORT 8 8 29
PORT 8 14 38
PORT 9 20 30
PORT 9 24 33
PORT 10 40 48
PORT 10 42 62
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
em menores exigiu, muitas vezes, a repetição de sujeitos e de verbos para que as frases
pudessem fazer sentido.
No que diz respeito ao IF, podemos perceber que a estratégia foi válida para todos os
textos. Embora a alteração numérica não tenha sido altamente impactante, é válido observar
que as distinções de valores de Flesch entre os textos alterados e os normais são maiores do
que os resultados observados no teste anterior. Uma vez que o IF lida diretamente com o
tamanho de frases, era esperado que a simplificação fosse positiva para essa métrica nessa
estratégia.
Já a respeito da ASL, podemos observar que essa técnica de acessibilidade foi válida
apenas para 40% dos textos, enquanto os demais 60% apresentaram uma elevação na
complexidade. Sendo assim, podemos concluir que a simplificação aplicada não apresenta
uma constância de resultados e, por consequência, não podemos concluir que ela seja positiva
ou negativa para a redução da complexidade indicada pela ASL.
No que diz respeito ao TT, podemos observar que 90% dos textos alterados
apresentaram valores que indicam maior simplificação. Isso se justifica devido à repetição de
palavras que foi necessária para que as frases e os parágrafos fossem divididos e para que
pudessem fazer sentido.
A DS, por sua vez, não apresentou nenhum resultado positivo. Pelo contrário, a
estratégia aumento a densidade semântica dos textos.
Em conclusão a respeito da estratégia de simplificação realizada pela quebra de
sentenças/parágrafos em estruturas menores podemos dizer que ela:
I. Aumenta o IF, reduzindo a complexidade.
II. Não apresenta resultados conclusivos a respeito da ASL, embora pareça não ser útil
para a redução da complexidade dessa métrica.
III. Diminui o TT, reduzindo a complexidade.
IV. Aumenta a DS, aumentando a complexidade.
A seguir, o quadro que nos apresenta as métricas coletadas pelo Coh-Metrix Dementia
dos textos originais e dos textos editados por redução de informação78:
78
Os textos reescritos por redução de informação se encontram no Apêndice F desta dissertação.
184
Quadro 53: Comparativos das métricas originais e das métricas posteriores à aplicação da estratégia de
redução de informação dos textos originais em língua portuguesa
PORT 2 23.774 0.266 0.584 1.657 366.848 138.587 92.391 19.022 62.500
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 3 21.069 0.268 0.554 1.470 281.099 169.628 87.237 53.312 88.853
PORT 4 8.733 0.194 0.538 1.463 333.413 115.385 97.902 40.210 64.685
PORT 4 6.418 0.164 0.561 1.533 345.070 117.371 100.939 37.559 68.075
PORT 5 44.000 0.240 0.521 1.540 279.805 117.616 92.457 53.528 85.158
PORT 5 41.252 0.258 0.553 1.564 286.550 181.287 93.567 46.784 90.643
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
PORT 6 27.115 0.215 0.464 1.595 320.592 147.965 106.042 33.292 73.983
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 7 36.542 0.171 0.529 1.475 317.919 161.850 95.376 17.341 80.925
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
PORT 8 15.582 0.211 0.552 1.567 351.293 150.862 66.810 38.793 68.966
PORT 9 20.455 0.312 0.468 1.586 310.791 153.957 105.036 41.727 67.626
PORT 9 23.943 0.325 0.454 1.522 300.000 161.905 103.175 36.508 71.429
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
PORT 10 31.983 0.249 0.513 1.671 355.960 144.040 82.781 39.735 86.093
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quando se trata de simplificação textual, existem duas estratégias que são comumente
consideradas como "naturais” para que um texto seja simplificado: a redução de informações
(eliminando o que não é relevante para o perfil de leitor estipulado) e a ampliação de
informações (explicando os termos que podem ser considerados como muito complexos para
o leitor entender). Entretanto, estudos realizados no contexto do edital-SEAD 23
(previamente mencionado) demonstraram que a estratégia não é eficaz em todos os processos
de acessibilidade.
Portanto, poderemos observar a validade dessas estratégias por meio de testes que
apliquem somente elas, sem qualquer outro procedimento de simplificação.
De forma geral, podemos constatar que apenas 45% das métricas demonstraram
potencial simplificação, enquanto 55% apontam que os textos se tornaram mais complexos
185
após a aplicação da estratégia. Dessa forma e por meio desses resultados, podemos concluir
que a redução de informações pode não ser uma aplicação válida quando se busca
acessibilidade textual.
No que diz respeito ao IF, 70% dos textos apresentaram melhores resultados pós-
simplificação e 30% tornaram esse índice mais complexo.
Já sobre a ASL, 80% dos textos trouxeram resultados positivos para a redução da
complexidade.
A técnica de redução, por outro lado, evidenciou resultados negativos tanto no TT
quanto na DS. Nas duas métricas, apenas 20% dos textos demonstraram resultados de maior
simplificação. Coincidentemente, os textos que apresentaram melhores índices de TT
também apresentaram melhores DSs (PORT 2 e PORT 9).
Logo, a respeito da simplificação por redução de informações, podemos concluir que
ela:
I. Aumenta o IF, reduzindo a complexidade.
II. Aumenta a ASL, reduzindo a complexidade.
III. Aumenta o TT, aumentando a complexidade.
IV. Aumenta a DS, aumentando a complexidade.
Entretanto, embora os dados numéricos nos apontem que a redução de informação per
se não seja totalmente eficiente na redução das métricas de complexidade, cremos que ela
seja válida quando alinhada com outras estratégias de simplificação. Para essa afirmação, não
nos baseamos puramente nos dados numéricos, porém no princípio do esforço cognitivo da
memória de trabalho no processamento de leitura. Conforme já citado em seções anteriores
desta dissertação, um número elevado de informações exige maior esforço cognitivo e uma
ativação maior da MT para o processamento de um texto e – em consequência – a leitura se
torna mais complexa e o entendimento, mais difícil de ser alcançado.
Portanto, embora os números encontrados não sejam completamente favoráveis para
comprovar a simplificação dos textos pela redução de informações, temos a crença de que
essa estratégia é apropriada quando utilizada em conjunto com outras apropriações textuais
que visem a simplificação.
Quadro 54: Comparativos das métricas originais e das métricas posteriores à aplicação da estratégia de
ampliação de informação dos textos originais em língua portuguesa
PORT 2 15.411 0.229 0.578 1.743 393.597 124.294 96.045 13.183 48.964
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 3 15.890 0.270 0.526 1.403 268.879 169.336 93.822 49.199 90.389
PORT 4 8.733 0.194 0.538 1.463 333.413 115.385 97.902 40.210 64.685
PORT 4 7.443 0.196 0.527 1.486 344.051 120.579 93.248 36.977 67.524
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
PORT 6 22.805 0.211 0.450 1.589 327.731 133.520 109.244 36.415 70.028
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
PORT 8 16.106 0.189 0.522 1.530 357.939 132.312 75.209 33.426 62.674
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
PORT 10 28.874 0.257 0.469 1.641 362.528 137.472 79.823 38.803 75.388
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
79
Os textos reescritos por ampliação de informação se encontram no Apêndice G desta dissertação.
187
considerada fielmente acurada, porque à medida que a extensão dos textos aumente, o IF
tende a reduzir.
Os dados nos mostram, também, que a ampliação de informações impactou
positivamente em 100% dos textos nas métricas de ASL e de TT.
A DS, por sua vez, foi a métrica que menos demonstrou melhora, uma vez que apenas
um texto obteve um resultado minimamente mais positivo do que o original.
Pela leitura dos resultados, podemos concluir a respeito da ampliação de informações
que:
I. Não demonstra resultados conclusivos a respeito do IF.
II. Aumenta a ASL, reduzindo a complexidade.
III. Diminui o TT, reduzindo a complexidade.
IV. Aumenta a DS, aumentando a complexidade.
Porém, ainda que os dados nos demonstrem um certo benefício dessa estratégia, é
válido lembrar dos princípios de esforços cognitivos apontados pelo processamento de leitura
mencionados nesta dissertação: quanto maior o número de informações presentes em um
texto, maior o tempo gasto para o processamento da leitura, maiores são os esforços feitos
pela MT, maior é o tempo do leitor diante do texto e maiores são as chances do leitor se
confundir para formar relações entre as partes do texto e, consequentemente, não conseguir
compreender o texto como um todo.
Portanto, embora a pesquisa aponte que a estratégia de ampliação de informações seja
mais válida que a de redução, devemos levar em consideração os fatores extratextuais – como
os cognitivos – ao optarmos por qual das estratégias é mais válida para o objetivo de
simplificar um texto para determinados públicos.
Quanto às terminologias, vale reiterar que, ao que parece, foram deliberadamente
evitadas nos textos sob exame, de modo que a nossa estratégia foi pouco aplicada.
80
Os textos reescritos por simplificação lexical se encontram no Apêndice H desta dissertação.
188
Quadro 55: Comparativos das métricas originais e das métricas posteriores à aplicação da estratégia de
simplificação lexical dos textos originais em língua portuguesa
PORT 2 24.708 0.236 0.588 1.712 379.531 132.196 91.684 17.058 57.569
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 3 28.667 0.258 0.505 1.314 259.725 175.057 82.380 48.055 98.398
PORT 4 8.733 0.194 0.538 1.463 333.413 115.385 97.902 40.210 64.685
PORT 4 25.436 0.185 0.502 1.377 339.041 128.425 71.918 35.959 75.342
PORT 5 44.000 0.240 0.521 1.540 279.805 117.616 92.457 53.528 85.158
PORT 5 45.205 0.246 0.516 1.530 287.770 172.662 91.127 50.360 86.331
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
PORT 6 28.764 0.209 0.449 1.539 326.435 138.288 100.659 33.866 76.199
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 7 40.812 0.194 0.515 1.462 317.500 160.000 90.000 17.500 77.500
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
PORT 8 24.551 0.204 0.519 1.477 350.427 138.177 66.952 35.613 68.376
PORT 9 20.455 0.312 0.468 1.586 310.791 153.957 105.036 41.727 67.626
PORT 9 22.962 0.317 0.451 1.580 317.927 151.261 99.440 42.017 68.627
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
PORT 10 32.034 0.256 0.466 1.611 357.306 141.553 74.201 41.096 77.626
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Com base nos dados indicados pelo quadro, podemos observar que dentre as
estratégias realizadas nessa pesquisa, a simplificação do léxico é uma das que pode ser
considerada como mais eficientes para a redução da complexidade dos textos em língua
portuguesa.
Como podemos observar, 33 dentre as 40 métricas apresentam resultados positivos
(aumento de simplicidade), apenas 6 aumentaram a complexidade e 1 permaneceu inalterado.
Dessa forma, em 82% dos índices a estratégia aplicada foi eficiente, enquanto se mostrou
ineficiente em 15% dos casos.
No que diz respeito ao IF e ao TT, todos os textos apresentaram índices que indicam
maior simplificação.
Os resultados de ASL, por sua vez, não foram tão positivos. 4 dos 10 textos
apresentaram um aumento de complexidade, 1 permaneceu inalterado e 5 demonstraram
189
redução. Por conseguinte, não podemos afirmar que a redução lexical contribua para a
redução da complexidade indicada pela análise semântica latente, embora também não
possamos afirmar que ela seja prejudicial para os textos.
A DS, por outro lado, embora não tenha apresentado melhora em todos os resultados,
demonstrou que é reduzida em 80% dos textos quando a estratégia de simplificação lexical é
aplicada.
Dessa forma, concluímos que a estratégia de simplificação lexical:
I. Aumenta o IF, reduzindo a complexidade.
II. Não apresenta resultados conclusivos a respeito da ASL, embora pareça não ser útil
para a redução da complexidade dessa métrica.
III. Diminui o TT, reduzindo a complexidade.
IV. Diminui a DS, reduzindo a complexidade.
Diante desses resultados, entre as estratégias analisadas até então, a simplificação
lexical é a que, aparentemente, apresentou resultados mais eficientes – fato que será
verificado posteriormente pelo sistema classificatório das estratégias.
Uma vez que não foram encontradas instâncias de voz passiva em todos os textos, o
quadro abaixo apresenta os dados apenas dos textos nos quais foi possível aplicar a estratégia
de eliminação da voz passiva81:
Quadro 56: Comparativos das métricas originais e das métricas posteriores à aplicação da estratégia de
eliminação da voz passiva dos textos originais em língua portuguesa
PORT 2 19.037 0.229 0.596 1.736 390.728 128.035 90.508 15.453 52.980
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 3 15.995 0.273 0.527 1.382 267.606 165.493 93.897 50.469 88.028
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
PORT 6 23.279 0.205 0.458 1.582 325.940 131.148 111.861 36.644 70.395
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 7 38.083 0.174 0.520 1.425 317.259 144.670 96.447 20.305 73.604
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
81
Os textos reescritos por eliminação da voz passiva se encontram no Apêndice I desta dissertação.
190
PORT 8 16.394 0.192 0.525 1.522 359.012 129.360 74.128 34.884 65.407
PORT 9 20.455 0.312 0.468 1.586 310.791 153.957 105.036 41.727 67.626
PORT 9 20.053 0.318 0.460 1.600 319.602 147.727 105.114 41.193 68.182
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
PORT 10 28.797 0.253 0.477 1.641 358.534 138.603 81.329 40.092 77.892
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Como é possível observar, a eliminação da voz passiva não parece apresentar dados
que possam ser tão conclusivos quanto as demais estratégias, embora os resultados tenham
demonstrado que a maior parte das métricas foram simplificadas.
Dentre as métricas, aproximadamente 64% apresentaram resultados simplificados,
28% resultaram em um aumento de complexidade e 8% permaneceram inalteradas.
Sobre o IF, aproximadamente 57% dos textos demonstrou um aumento desse índice
nos textos simplificados, dado que não é o suficiente, por si só, para que possamos afirmar
que essa estratégia de simplificação colabora para a simplificação textual de acordo com o IF,
da mesma forma que não é suficiente para afirmar o oposto.
85% dos textos apresentaram resultados melhores de ASL e de TT, de forma que
podemos concluir que a eliminação da voz passiva implica em efeitos eficientes de
simplificação para essas duas métricas.
Já a respeito da DS, apenas 28,5% dos textos simplificados demonstraram
simplificação, 57% resultaram em métricas mais complexas e 14,5% permaneceram
inalterados. Dessa forma, podemos concluir que a eliminação da voz passiva não melhora a
complexidade indicada pela DS.
Com base nesses resultados, podemos concluir a respeito da eliminação da voz
passiva que:
I. Não apresenta resultados conclusivos a respeito do IF, embora pareça não ser útil
para a redução da complexidade dessa métrica.
II. Aumenta a ASL, reduzindo a complexidade.
III. Diminui o TT, reduzindo a complexidade.
IV. Aumenta a DS, aumentando a complexidade.
Diante desses resultados, embora as Guidelines de simplificação do governo norte-
americano destaquem a importância de evitar a voz passiva, nossas pesquisas não permitiram
concluir que a adoção dessa estratégia seja extremamente eficiente para a redução da possível
complexidade. Cremos que a eliminação da voz passiva talvez possa ser mais eficiente em
191
textos utilizando a língua inglesa – fato que poderemos verificar em pesquisas comparativas
futuras provenientes do ensaio apresentado no Apêndice A desta dissertação.
O quadro abaixo traz os dados a respeito dos textos originais e dos textos
simplificados por redução de adjetivos82:
Quadro 57: Comparativos das métricas originais e das métricas posteriores à aplicação da estratégia de
redução de adjetivos dos textos originais em língua portuguesa
PORT 2 22.731 0.247 0.601 1.620 366.359 138.249 85.253 18.433 55.300
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 3 20.025 0.257 0.529 1.347 273.284 169.118 77.206 51.471 91.912
PORT 4 8.733 0.194 0.538 1.463 333.413 115.385 97.902 40.210 64.685
PORT 4 12.710 0.188 0.524 1.427 292.383 179.361 78.624 54.054 85.995
PORT 5 44.000 0.240 0.521 1.540 279.805 117.616 92.457 53.528 85.158
PORT 5 44.629 0.248 0.514 1.547 292.383 179.361 78.624 54.054 85.995
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
PORT 6 26.215 0.206 0.453 1.544 335.657 134.462 90.637 38.845 71.713
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 7 42.526 0.204 0.509 1.353 329.759 158.177 56.300 21.448 77.748
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
PORT 8 18.810 0.190 0.525 1.498 363.229 133.034 61.286 35.874 62.780
PORT 9 20.455 0.312 0.468 1.586 310.791 153.957 105.036 41.727 67.626
PORT 9 21.959 0.320 0.459 1.573 312.390 152.395 94.340 42.090 68.215
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
PORT 10 29.719 0.254 0.473 1.614 361.111 142.361 70.602 40.509 77.546
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
82
Os textos reescritos por redução de adjetivos se encontram no Apêndice J desta dissertação.
192
83
Os textos reescritos por redução de advérbios se encontram no Apêndice K desta dissertação.
193
Quadro 58: Comparativos das métricas originais e das métricas posteriores à aplicação da estratégia de
redução de advérbios dos textos originais em língua portuguesa
PORT 2 20.625 0.227 0.595 1.747 389.381 132.743 88.496 13.487 50.885
PORT 3 15.828 0.265 0.535 1.395 264.286 169.048 95.238 51.190 89.286
PORT 3 20.855 0.263 0.525 1.355 268.150 168.618 92.506 43.326 91.335
PORT 4 8.733 0.194 0.538 1.463 333.413 115.385 97.902 40.210 64.685
PORT 4 12.387 0.183 0.529 1.443 343.154 117.851 98.787 27.730 71.057
PORT 5 44.000 0.240 0.521 1.540 279.805 117.616 92.457 53.528 85.158
PORT 5 44.817 0.243 0.513 1.553 288.136 176.755 92.010 48.426 84.746
PORT 6 23.719 0.203 0.458 1.582 320.736 134.690 112.403 37.791 69.767
PORT 6 25.032 0.206 0.454 1.580 328.807 134.821 111.542 30.068 69.835
PORT 7 37.826 0.168 0.527 1.424 308.483 151.671 97.686 20.566 74.550
PORT 7 39.095 0.167 0.520 1.443 316.327 150.510 96.939 17.857 73.980
PORT 8 15.301 0.185 0.535 1.534 355.360 133.627 74.890 35.242 61.674
PORT 8 17.338 0.188 0.529 1.534 356.828 135.095 74.890 32.305 61.674
PORT 9 20.455 0.312 0.468 1.586 310.791 153.957 105.036 41.727 67.626
PORT 9 20.930 0.316 0.460 1.588 320.113 151.558 104.816 35.411 66.572
PORT 10 28.286 0.256 0.480 1.625 353.757 141.040 80.925 40.462 77.457
PORT 10 30.271 0.253 0.474 1.634 360.599 141.705 81.797 33.410 77.189
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
A ASL apresentou resultados melhores em apenas metade dos textos, não permitindo
que possamos levantar conclusões finais a respeito da relação entre a presença de advérbios e
essa métrica.
Já a DS só demonstrou resultados de simplificação em 40% dos textos, o que não é o
suficiente para nos permitir concluir que reduzir advérbios afete, eficientemente, na
simplificação textual.
Dessa forma, podemos concluir a respeito da redução de advérbios que ela:
I. Aumenta o IF, reduzindo a complexidade.
II. Não apresenta resultados conclusivos a respeito da ASL.
III. Diminui o TT, reduzindo a complexidade.
IV. Não apresenta resultados conclusivos a respeito da DS.
Com a finalidade de termos uma leitura mais detalhada sobre a eficiência das nossas
diferentes estratégias de reescrita em testes de potencial simplificação e para observar quais
obtiveram melhores resultados, em termos de medidas, apresentaremos, abaixo, quatro quadros.
No primeiro quadro, observaremos os resultados de IF dos textos originais ao lado dos
resultados de IF de cada um dos testes de simplificação para cada um dos textos. No segundo
quadro, o mesmo procedimento será adotado, mas a respeito da ASL. Na terceira, TT e na
quarta, DS.
O principal objetivo dessa seção é analisar cada uma das métricas de complexidade,
lado a lado, e destacar qual/quais estratégias apresentaram as melhores modificações dos
índices (indicando, assim, melhores simplificações).
Ao final dessa seção, apresentaremos um sistema de classificações que nos permitiu
organizar as estratégias adotadas de acordo com suas eficiências.
Para que a leitura do quadro possa ser facilitada, seguiremos a legenda sobre as
métricas abaixo e também destacaremos em verde a estratégia que apresentou melhor IF, em
amarelo o segundo melhor resultado, e em azul, o terceiro.
Vale lembrar que quanto maior o índice de IF, maior indicativo de simplificação.
1. IF original
2. IF pós edição de pronomes
195
Quadro 59: Cruzamento dos IFs dos textos originais em língua portuguesa e dos textos editados
1 2 3 4 5 6 7 8 9
PORT 1 42.160 42.796 51.562 46.911 - 43.282 - 43.308 43.771
PORT 2 20.107 20.595 20.618 23.774 15.411 24.708 19.037 22.731 20.625
PORT 3 15.828 17.649 23.063 21.069 15.890 28.667 15.995 20.025 20.855
PORT 4 8.733 9.260 13.134 6.418 7.443 25.436 - 12.710 12.387
PORT 5 44.000 53.025 44.751 41.252 - 45.205 - 44.629 44.817
PORT 6 23.719 23.599 24.913 27.115 22.805 28.764 23.279 26.215 25.032
PORT 7 37.826 37.826 38.284 36.542 - 40.812 38.083 42.526 39.095
PORT 8 15.301 17.847 21.510 15.582 16.106 24.551 16.394 18.810 17.338
PORT 9 20.455 20.439 21.139 23.943 - 22.962 20.053 21.959 20.930
PORT 10 28.286 29.470 32.730 31.983 - 32.034 28.797 29.719 30.271
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Como podemos observar pelo quadro acima, a estratégia que apresentou melhores
resultados de simplificação para o IF foi a simplificação lexical: dos dez textos originais, essa
estratégia demonstrou melhoras no IF em cinco textos.
Além disso, como podemos observar, a estratégia de simplificação lexical apresentou
melhoras no IF em 9 dos 10 textos (5 melhores resultados de IF entre todas as estratégias, 3
resultados que se posicionam como segundos melhores e 1 que se classifica como terceiro melhor).
Outras estratégias que merecem destaque por colaborarem com o aumento do IF são a
quebra de frases e parágrafos, a redução de informações e a redução de adjetivos. Entretanto,
uma vez que o IF lida diretamente com extensão de palavras, era esperado que a quebra de
frases e parágrafos e a redução de informações colaborassem para que o índice aumentasse
(e, consequentemente, o indicativo de simplificação também).
196
Uma estratégia que apresentou alguns resultados positivos foi a redução de advérbios,
embora não tenha demonstrado nenhum IF que pudesse ser classificado como o melhor ou o
segundo melhor pós-simplificações.
As estratégias de ampliação de informação e de eliminação da voz passiva não
contribuíram para o aumento do IF; pelo contrário, reduziram o Índice.
Quadro 60: Cruzamento dos índices de ASL dos textos originais em língua portuguesa e dos textos
editados
1 2 3 4 5 6 7 8 9
PORT 1 0.367 0.371 0.552 0.388 - 0.363 - 0.363 0.353
PORT 2 0.216 0.242 0.223 0.266 0.229 0.236 0.229 0.247 0.227
PORT 3 0.265 0.282 0.236 0.268 0.270 0.258 0.273 0.257 0.263
PORT 4 0.194 0.186 0.185 0.164 0.196 0.185 - 0.188 0.183
PORT 5 0.240 0.151 0.239 0.258 - 0.246 - 0.248 0.243
PORT 6 0.203 0.208 0.202 0.215 0.211 0.209 0.205 0.206 0.206
PORT 7 0.168 0.168 0.181 0.171 - 0.194 0.174 0.204 0.167
PORT 8 0.185 0.200 0.171 0.211 0.189 0.204 0.192 0.190 0.188
PORT 9 0.312 0.318 0.314 0.325 - 0.317 0.318 0.320 0.316
PORT 10 0.256 0.256 0.249 0.249 0.257 0.256 0.253 0.254 0.253
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
197
Quadro 61: Cruzamento dos índices de TT dos textos originais em língua portuguesa e dos textos editados
1 2 3 4 5 6 7 8 9
PORT 1 0.414 0.398 0.404 0.451 - 0.410 - 0.411 0.413
PORT 2 0.602 0.582 0.600 0.584 0.578 0.588 0.596 0.601 0.595
PORT 3 0.535 0.513 0.522 0.554 0.526 0.505 0.527 0.529 0.525
PORT 4 0.538 0.529 0.523 0.561 0.527 0.502 - 0.524 0.529
PORT 5 0.521 0.494 0.517 0.553 - 0.516 - 0.514 0.513
PORT 6 0.458 0.449 0.458 0.464 0.450 0.449 0.458 0.453 0.454
PORT 7 0.527 0.527 0.520 0.529 - 0.515 0.520 0.509 0.520
PORT 8 0.535 0.523 0.518 0.552 0.522 0.519 0.525 0.525 0.529
198
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Quadro 62: Cruzamento dos índices de DS dos textos originais em língua portuguesa e dos textos editados
1 2 3 4 5 6 7 8 9
PORT 1 1.324 1.381 1.350 1.427 - 1.334 - 1.327 1.321
PORT 2 1.713 1.749 1.744 1.657 1.743 1.712 1.736 1.620 1.747
PORT 3 1.395 1.431 1.427 1.470 1.403 1.314 1.382 1.347 1.355
PORT 4 1.463 1.496 1.467 1.533 1.486 1.377 1.427 1.443
199
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
Depois da organização e da leitura de cada uma das métricas lado a lado de cada uma
das estratégias de simplificação, desenvolvemos um sistema de pontuação classificatório que
nos permitirá observar quais são as estratégias que obtiveram melhores resultados de
simplificação.
Para isso, seguimos o seguinte pensamento:
• 3 pontos foram atribuídos cada vez que a estratégia apresentou o melhor resultado
de simplificação.
• 2 pontos foram atribuídos cada vez que a estratégia apresentou o segundo melhor
resultado de simplificação.
• 1 ponto foi atribuído cada vez que a estratégia apresentou o terceiro melhor
resultado de simplificação.
Por exemplo, para o IF, a estratégia de edição de pronomes apresentou um resultado
(dentre os 10 textos) com o melhor IF dentre todas as estratégias de simplificação, portanto,
recebeu um total de 3 pontos.
200
Seguindo esse cálculo, podemos concluir que a estratégia que apresentou melhor
resultado nas simplificações foi a de simplificação lexical, seguida pela redução de adjetivos
e, posteriormente, pela redução de informações.
A classificação crescente (da estratégia que apresentou melhores resultados para a que
apresentou menores resultados) pode ser observada no quadro abaixo:
CLASSIFICAÇÃO ESTRATÉGIA
1 Simplificação lexical
2 Redução de adjetivos
3 Redução de informação
4 Edição de pronomes
5 Quebra de parágrafos e frases
6 Ampliação de informação
7 Redução de advérbios
8 Eliminação da voz passiva
201
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nos dados coletados pelo Coh-Metrix Dementia
84
https://www.cs.waikato.ac.nz/ml/weka/
202
PARTE 6
Por meio da internet, o acesso às informações sobre qualquer assunto é uma prática
constante e simples. Acessamos aplicativos e sites para verificar a previsão do tempo, para
procurar uma receita e, também, para encontrar informações sobre procedimentos legais,
sobre doenças, sobre tratamentos, etc.
Entretanto, ainda que a internet seja uma facilitadora pela busca de informações, não
existe um filtro que defina que os conteúdos serão apropriados e que são verossímeis.
Portanto, as informações que estão na rede podem ser falsas, inapropriadas para determinados
públicos e/ou mal elaboradas.
Diante disso, quando pensamos em textos sobre transtornos e problemas de Saúde que
estão disponíveis na internet, devemos nos preocupar não só com a veracidade das
informações, mas também com a forma como essas informações são dispostas.
Embora tenhamos acesso a um "universo" de textos sobre qualquer tópico que
pesquisarmos on-line, nem todos os materiais encontrados serão eficientes para sanar as
nossas dúvidas e para nos informar, de maneira apropriada, sobre os temas que pesquisamos.
Por esse motivo, a área de estudos sobre complexidade, acessibilidade e simplificação
textual tem se preocupado em investigar se textos disponíveis on-line para públicos leigos são
apropriados para esse perfil de leitor. Essa apropriação diz respeito a diversos níveis de um
texto, não apenas à linguagem e à extensão (pensamentos comuns quando se lida com
“simplificação textual”.).
Embora seja um assunto extremamente relevante, os estudos e pesquisas sobre
complexidade, acessibilidade e simplificação textual ainda carecem de referências para a
análise, redação ou simplificação de textos em língua portuguesa. Poucos e recentes são os
trabalhos que têm se ocupado em investigar os indícios de complexidade em textos e em
aplicar estratégias de simplificação para levantar informações sobre constituintes e práticas
que tornam um texto simples, principalmente quando se tem por objetivo compor/simplificar
um texto para que ele possa ser informativo para um público leigo e de escolaridade limitada.
203
Dentro desse contexto, esta pesquisa de mestrado teve por objetivo investigar os
indicativos de complexidade de textos em língua portuguesa sobre o Transtorno do Estresse
Pós-Traumático que tivessem por objetivo informar públicos leigos sobre o tema.
Para isso, coletamos dez textos em língua portuguesa que estivessem disponíveis no
Google e que se enquadrassem no perfil pretendido para que pudéssemos conduzir uma
análise semiautomática desses textos e verificar se são apropriados – ou não - para o perfil de
leitor.
Após a coleta e o preparo do corpus, os dez textos foram submetidos ao Coh-Metrix
Dementia (software de coleta de métricas textuais) para que quatro métricas de complexidade
(índice Flesch, análise semântica latente, relação type-token e densidade semântica) fossem
coletadas e, a partir dos dados encontrados, análises pudessem ser conduzidas para investigar
o potencial de complexidade de cada um dos textos.
Além das métricas de complexidade, também coletamos cinco índices de incidência
(substantivos, verbos, adjetivos, advérbios e pronomes) que nos foram úteis não só para
verificar se a presença de alguma classe gramatical influencia nas métricas de complexidade,
mas também para verificação se a redução ou aumento de alguma delas após aplicações de
estratégias de simplificação resultaram em métricas mais “simplificadas”.
Posterior à coleta dos dados, realizamos uma análise interpretativa e comparativa para
corroborarmos ou refutarmos a suposição de que os textos coletados são complexos para o
público-receptor.
Primeiramente, tomamos por referência os padrões de comportamento de cada uma
das métricas e analisamos se os dados de cada texto indicavam complexidade para cada uma
das métricas.
Além disso, coletamos as mesmas métricas de complexidade de seis textos
comparativos (ou textos de controle) que foram considerados, a priori, simplificados. Assim,
poderíamos situar e comparar os valores encontrados nos textos-TEPT.
Ao coletarmos os dados e interpretarmos as métricas, pudemos corroborar o
pensamento de que os textos sobre TEPT sob exame se mostram, de fato, potencialmente
muito complexos para um leitor leigo de escolaridade limitada.
No que diz respeito ao índice Flesch (IF) – que analisa a possível complexidade de um
texto e indica a quantidade de anos de educação formal necessária para o entendimento –
nenhum texto se adequou à categoria ideal para o perfil de leitor. Todos os textos
apresentaram indicativos de IF de complexidades altas ou muito altas.
204
Após a aplicação de cada uma das estratégias em cada um dos textos, geramos um
universo de aproximadamente 80 textos. Cada um desses textos editados foi submetido ao
Coh-Metrix Dementia para que as mesmas métricas de análise fossem coletadas e, dessa
forma, comparadas aos valores originais para a verificação da [in]eficiência de cada
estratégia.
Por meio da análise e interpretação das novas métricas coletadas, chegamos à
conclusão que as estratégias aplicadas foram eficientes conforme repercutiram sobre a grande
maioria das métricas, indicando a validade de aplicação de cada uma delas.
Embora alguns resultados não tenham sido tão positivos quanto outros (como os
resultados da redução de informações em comparação com a simplificação lexical), todas as
estratégias mostraram-se potencialmente eficientes na simplificação, conforme apontado na
maioria das métricas.
Ao compararmos os resultados de cada estratégia por meio de um sistema de
classificação numérico, conseguimos identificar quais estratégias foram mais eficientes. A
ordem de eficiência é: simplificação lexical, redução de adjetivos, redução de informações,
edição de pronomes, quebra de parágrafos e frases em estruturas menores, ampliação de
informação, redução de advérbios e eliminação da voz passiva.
Embora a classificação acima esteja ordenada de acordo com a eficiência de cada
estratégia, os dados coletados pós-simplificação nos permitiram concluir que todas elas
apresentam resultados positivos. Sendo assim, embora a eliminação da voz passiva tenha se
mostrado a menos eficiente entre todas, isso não quer dizer que essa estratégia seja ineficiente.
É preciso lembrar que essas oito estratégias são apenas exemplos de diversas outras que podem
ser utilizadas. Elas foram escolhidas para esta dissertação por se encaixarem nos objetivos de
análise textual e por terem demonstrado sucesso em testes de simplificação conduzidos em
outras pesquisas inseridas no grupo de pesquisas de simplificação textual conduzidos junto à
SEAD.
As aplicações das estratégias de forma isolada foram feitas para que pudéssemos
observar o recorte de impacto de cada uma delas. Se aplicássemos todas as estratégias juntas,
não conseguiríamos identificar o impacto de cada uma de forma única. Entendemos,
entretanto, como já observamos em outros testes de simplificação, que simplificar o texto é
uma prática que envolve diversas estratégias que devem ser utilizadas com o bom senso e a
prática do editor.
206
Com base nos resultados observados pós-aplicação das estratégias, foi possível
confirmar nossa segunda hipótese de pesquisa que é seguinte:
85
As respostas para as questões de pesquisa iniciam pela segunda (letra b) porque a primeira (letra a) já havia
sido respondida em nossas considerações finais.
207
demonstraram índices que chamassem a atenção e que sugerissem que elas são as
mais indicadas para a simplificação de um texto.
Entretanto, não anulamos a validade da aplicação dessas estratégias de
reescrita e reafirmamos que acreditamos que simplificação esteja relacionada ao
público-leitor para o qual um texto editado/simplificado será destinado. Dessa
forma, cada reescrita que vise a simplificação tem um objetivo específico a ser
cumprido e a adoção dessas estratégias (ou de outras não mencionadas nesta
dissertação) podem ser válidas. Cabe ao editor textual humano o estudo de seu
texto reescrito para verificar a eficiência que procura alcançar.
e) Que características podem perfazer o perfil de uma Linguagem Acessível,
equivalente ao Plain Language, em português brasileiro, no cenário dos
textos e da comunicação sob exame?
Conforme já mencionamos, as características que perfazem o perfil de
uma Linguagem Acessível inclui:
• Palavras mais simples (por exemplo: “palavras” em vez de “unidades
lexicais”).
• Frases e parágrafos curtos.
• Presença de informações que sejam essenciais.
• Linguagem direta e que evita ambiguidade.
• Organização estrutural clara86.
• Clareza entre referenciais (sujeito-verbo, pronome-substantivo, etc.).
• Poucos adjetivos (somente aqueles cuja ausência modifiquem o significado
pretendido).
Essas informações nos levam a indagar se o recorte de pesquisa sobre textos com o
tema do TEPT é um indicativo de que outros textos sobre distintas áreas da Medicina também
são potencialmente complexos para públicos leigos.
Uma vez que os textos dispostos na internet e que tenham como objetivo informar
públicos leigos sobre doenças, tratamentos, etc., são escritos, em sua grande maioria, por
86
Embora a organização estrutural clara seja uma característica de Linguagem Acessível que não foi tão
enfatizada nesta dissertação (somente quando levemos em conta a estratégia de quebra de parágrafos, que foi
aplicada com o objetivo de reduzir os parágrafos e de tentar que cada parágrafo apresentasse apenas um assunto,
nossas pesquisas no âmbito do edital-SEAD 23 nos demonstraram que organizar um texto em tópicos colabora
para uma potencial simplificação. A maior parte dos testes realizados nessa pesquisa em que os alunos
reorganizaram o texto em tópicos demonstrou melhora nas métricas de complexidade. Portanto, decidimos
incluir essa característica como essencial para a Linguagem Acessível porque acreditamos na sua importância.
209
profissionais das diversas áreas da Medicina, é provável que sejam complexos para um leitor
sem conhecimentos médicos.
Por estarem acostumados a escrever textos e informações para os seus pares e em
redigir materiais de tipologias textuais específicas, às vezes, os profissionais de áreas técnicas
carecem de informações a respeito de como transmitir a mesma informação, mas de forma
que um leigo possa entender.
Por esse motivo, pesquisas a respeito da complexidade da linguagem médica e de
abordagens e estratégias que permitam que textos sejam escritos de forma mais simplificada
se fazem importantes na “era da tecnologia e da informação”.
Compor um texto simplificado ou simplificar um texto complexo é um procedimento
não trivial, que engloba diversos práticas que vão além de “utilizar linguagem simples e
evitar termos técnicos”, como é de praxe ao falarmos do assunto simplificação.
Diante das informações encontradas, também nos surge o questionamento da validade
das estratégias de simplificação para outras línguas além do português. Será que existem
estratégias que sejam válidas independentes da língua? Será que existem algumas que sejam
aplicáveis somente para o português? Será que as estratégias que foram eficientes em textos
de língua portuguesa teriam os mesmos resultados em outras línguas, como o inglês? Aqui,
vale lembrar que muito dessas estratégias provêm de uma adaptação de algo originalmente
pensado para textos em inglês, na concepção da Plain Language.
Diante desse questionamento, apresentaremos, em seguida, em um apêndice desta
pesquisa, um breve ensaio de análise de complexidade e simplificação textual com dez textos
sobre o TEPT originalmente produzidos em língua inglesa. Esse pequeno ensaio nos
permitirá vislumbrar a possível complexidade em outro idioma e os possíveis impactos das
estratégias eficientes para o português na língua inglesa.
Em suma, podemos concluir que mesmo na “era da tecnologia e da informação”, a
informação nem sempre é clara e pode gerar mais dúvidas do que antes da leitura de um
texto. Por conseguinte, pesquisas que tratem do tema de complexidade, acessibilidade e
simplificação são fundamentais para os estudos linguísticos, porque podem colaborar não só
com a Linguística, mas também – e principalmente – com toda e qualquer área do
conhecimento que necessite apresentar informações de modo eficiente para públicos
distintos.
210
Esta seção tem como objetivo reunir algumas informações encontradas por intermédio
da pesquisa realizada nesta dissertação que sejam importantes para uma futura produção de
um guia ou um manual de simplificação para textos em português. Esse guia estará inserido
no âmbito da pesquisa encabeçada pela Profa. Dra. Maria José Bocorny Finatto e, quando
concluída, estará disponível para o acesso no site do TEXTECC87.
As informações contidas nesta seção não devem ser vistas como um "manual pronto”
de simplificação e é preciso ter em mente que elas não são suficientes para cobrir todos os
procedimentos que são necessários para que um texto seja simplificado com sucesso. O
objetivo das informações aqui presentes é servir de apoio inicial para o desenvolvimento de
um futuro guia de simplificação.
Com base nas informações encontradas por meio desta pesquisa e pelos estudos
realizados pelo autor desta dissertação enquanto pesquisador de complexidade/acessibilidade/
simplificação textual, as informações abaixo são consideradas essenciais em um guia de
simplificação textual para a língua portuguesa88. Dividiremos essas informações em duas
categorias: I. Resultados provenientes dos experimentos desta dissertação e, II. Resultados
provenientes dos das pesquisas no edital-SEAD 23.
87
http://www.ufrgs.br/textecc/
88
Não nos deteremos, nessa seção, em explicar conceitos gramaticais. Apenas apresentaremos as informações
encontradas nas pesquisa. Ao mencionarmos, por exemplo, que para um texto ser simplificado ele deve reduzir
as instâncias de voz passiva, não explicaremos o que é a voz passiva ou como transformá-la na voz ativa. As
informações e instruções gramaticais poderão constar na guia de simplificação futura.
211
1. Evite um texto “sujo” com marcadores visuais. Ou seja, cuide para que o
texto não seja sobrecarregado de vírgulas, travessões, parênteses, bullets, etc.
4. Evite fazer com que seu leitor saia do texto. Traga as informações que são
necessárias para dentro do texto, sem que o leitor precise interromper a
leitura para consultar outro texto ou material de referência.
5. Opte pela voz ativa em vez de utilizar a voz passiva. A voz passiva, além de
ter uma estruturação diferenciada, algumas vezes omite o sujeito da frase.
Essa omissão pode confundir o leitor.
Em vez de: Pesquisa-se uma vacina para a doença.
Usar: Cientistas pesquisam uma vacina para a doença.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALUÍSIO, S.M., GASPERIN, C. Fostering Digital Inclusion and Accessibility: The PorSimples
project for Simplification of Portuguese Texts. São Paulo: NAACL, 2010.
ALVES, I. M. A Renovação Lexical nos Domínios de Especialidade. São Paulo: Ciência e Cultura
v.58 no.2., 2006.
BADDLEY, A. D. The episodic buffer: a new component of working memory? New York: Trends
in Cognitive Sciences, v.4 no.11, 2000.
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso. Brasília: Presença Pedagógica, v.12, 2006.
BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral II. São Paulo: Pontes Editores, 2005.
BERBER SARDINHA, T. Análise multidimensional. São Paulo: Delta, v.16, no.1, 2000.
BERBER SARDINHA, T. Tamanho de corpus. São Paulo: The ESPecialist. v.23 no. 2, 2003.
BIBER, D. Variation across Speech and Writing. 1a ed. Cambridge: Cambridge University Press,
1988.
BUTT et al. Using Functional Grammmar - An Explorer’s Guide. Sydney: Macquarie University,
1998.
DAS, J. P., NAGLIERI, J. A., KIRBY, J. R. Assessment of Cognitive Processes: the P.A.S.S.
Theory of Intelligence. Toronto: Allyn and Bacon, 1994.
DOWNING, J., VALTIN, R. Language Awareness and Learning to Read. New York: Springer-
Verlag. 1984.
DUBAY, W.H. The Principles of Readability. California: Impact Information Costa Mesa, 2004
EGGINS, S.; MARTIN, J. Genres and Registers of Discourse. In: Van Dijk, T. Discourse as
Structure and Process. v.1 London; Thousand Oaks, 1997.
FARIA, L. Linguagem e cérebro: confira as principais áreas ativadas. Uberlândia: Meu cérebro.
2015. Disponível em < https://meucerebro.com/areas-linguagem-cerebro/> Acesso em 12 de junho de
2018.
FÁVERO, L., KOCH, I.G. Linguística textual: introdução. 5a. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
FELBER, H. Fundamentals of the General Theory of Terminology. In: Simpósio sobre Línguas
para Propósitos Especializados. Viena, 1977
216
FETTER, G.L. Divulgação tecnológica para agricultores familiares: análise de terminologias sob a
ótica da Linguística Sistêmico-Funcional. 2017. 535 p. Dissertação de Mestrado – UFRGS, Porto
Alegre, 2017.
FINATTO, M.J.B. Termos, textos e textos com termos: novos enfoques dos estudos
terminológicos de perspectiva linguística. In: ISQUERDO, A.N. & KRIEGER, M.G,. (Org.).
Ciências do Léxico 2. Campo Grande: Editora da UFMS, 2004.
FLORÊNCIO, A.M.G., et al. Análise do Discurso: Fundamentos e Prática. Maceió: Edufal, 2009.
GRAESSER, A.C., MCNAMARA, D.S., LOUWERSE M.M. What do Readers Need to Learn in
Order to Process Coherence Relations in Narrative and Expository Text? Memphis: Guilford
Press, 2003.
HALLIDAY, M. A. K. An Introduction to Functional Grammar. 2a ed. London: Edward Arnold,
1994.
HALLIDAY, M.A.K., HASAN, R. Language, context, and text: aspects of language in a social-
semiotic perspective. Oxford: Oxford University Press, 1985.
HALLIDAY, M. A. K., HASAN, R. Language, context, and text: aspects of language in a social-
semiotic perspective. 2a ed. Oxford: Oxford University Press, 1989.
IPBAD. O que é Linguística de Corpus? – Veja 5 aplicações. IBPAD. 2018. Disponível em:
<www.ibpad.com.br/blog/comunicacao-digital/o-que-e-linguistica-de-corpus-veja-5-aplicacoes>
Acesso em 06 de maio de 2018.
JAKOBSON, R. On linguistic aspects of translation. In: Lawrence Venuti ed. The Translation
Studies Reader (2012). London: Routledge, 1959.
KOCH, I.V. A coesão textual. 19a. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
KOCH, I.V. O texto e a construção dos sentidos.10a. ed. São Paulo: Contexto, 2014.
KOCH, I.V. Introdução à Linguística Textual. São Paulo Editora Contexto, 2015.
KOCH, I.V., TRAVAGLIA, L.C. Texto e coerência. 5a. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
KOCH, I.V., TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual. 16a. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
KOCH, I.V., TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual. 18a. ed. São Paulo: Contexto, 2015.
KRIEGER, M. G., FINATTO, M. J. B. Introdução à terminologia: teoria & prática. 1a ed. São
Paulo: Contexto, 2004.
LEFFA, V. J. O conceito de leitura. In: LEFFA, V. J. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sagra-
Luzzato, 1996.
LEFFA, V. J. Fatores da compreensão na leitura. Projeto ELO, Ensino de línguas online, 1996.
Disponível em: < www.leffa.pro.br > Acesso em 11 de abril de 2016.
LEMKE, J. L. Textual Politics: Discourse and Social Dynamics. London: Taylor and Francis,
1995.
MALINOWKSI, B., The problem of meaning in primitive languages. New York: Harcourt, Brace
& World, 1923.
MARCUSCHI, L.A. Linguística textual: o que é e como se faz. São Paulo: Parábola Editorial,
2012.
MARTIN, J. M.; ROSE, D. Working with Discourse: meaning beyond the clause. London; New
York: Continuum, 2003.
MATOS, F.G. Linguística da paz para professores de línguas. DELTA: Documentação e Estudos em
Linguística Teórica e Aplicada, v. 30, n. 2, 2014. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/index.php/delta/article/view/20732>. Acesso em: 20 de outubro de 2018.
MEDEIROS, R. Crescem casos de estresse pós-traumático no Brasil. Psique Ciência & Vida. no.
137. 2017. Disponível em: < http://psiquecienciaevida.com.br/cresce-casos-de-estresse-pos-
traumatico-no-brasil> Acesso em 11 de abril de 2018.
MORAIS, J. A Arte de Ler: Psicologia Cognitiva da Leitura. Lisboa: Edições Cosmos, 1997.
MUSSALIM, F., BENTES, A. C. Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. v.1. São Paulo:
Cortez Editora, 2001.
PEREIRA, S.A.S. Aplicativos móveis para o manejo da doença falciforme: revisão integrativa.
São Paulo: Acta Paulista de Enfermagem. Disponível em
<www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002018000200224&lng=pt&nrm=iso>
Acesso em 20 de novembro de 2018.
PYM, A. The Return to Ethics in Translation Studies. Manchester: St Jerome Publishing, 2001.
219
REBELO, J.A.S., Dificuldades da Leitura e da Escrita em Alunos do Ensino Básico. Rio Tinto:
Edições ASA, 1993.
ROCHA, M. Texto na escola: um olhar sob o viés da linguística textual. In: Encontro das ciências
da linguagem aplicadas ao ensino (ECLAE), v.6., 2015, Garanhuns. Anais eletrônicos do VI ECLAE.
Garanhuns, PE: Pipa comunicação, 2015.
ROMM, G. O Uso de Corpora na Análise Lingüística. São Paulo: Revista Factus, v.1, no.1, 2003.
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. 28a ed. (2012). São Paulo: Cultrix. 1975.
SILVA, A.D.C., PARAGUASSU, L., WAQUIL, M. Terminologia. Porto Alegre: Editora Sagah,
2017.
SILVA, A.D.C., et al. Fundamentos da Língua Portuguesa. Porto Alegre: Editora Sagah, 2018.
Além disso, uma vez que esse ensaio é mais suscinto, não nos deteremos nos índices
de incidência, apenas nas métricas de complexidade (índice Flesch, análise semântica latente,
relação type-token e índice de narratividade).
O principal objetivo desse ensaio é ilustrar e incitar uma futura pesquisa que poderá
ser desenvolvida como continuidade desta dissertação de mestrado.
Ao realizarmos uma análise da complexidade de textos em língua inglesa dentro do
mesmo tópico (TEPT) que a análise dos textos em língua portuguesa poderemos –
futuramente - conduzir uma comparação e observar se existem traços textuais que tornam a
leitura complexa em ambas as línguas e se existem características que sejam únicas a uma das
duas línguas.
Para que possamos ter informações suficientes para validar a ideia de uma futura
pesquisa, analisaremos (brevemente) os índices dos textos em inglês para comprovar a
possível complexidade.
Após a leitura dos dados coletados pelo Coh-Metrix, selecionamos os três textos com
maiores índices de complexidade e iremos aplicar as três estratégias de simplificação que
apresentaram melhores resultados nos textos em português. Essas estratégias são:
simplificação lexical, redução de adjetivos e redução de informação.
Portanto, esse ensaio será organizado da seguinte maneira:
1. Coleta dos dados utilizando o sistema Coh-Metrix original para o inglês.
2. Breve interpretação das métricas de complexidade.
3. Aplicação das três estratégias de simplificação mais eficientes nos testes em
português nos três textos com maiores indicadores de complexidade no inglês.
4. Breve interpretação dos possíveis resultados de simplificação.
5. Comentários e observações finais que corroborem ou refutem a ideia de uma
pesquisa futura.
• TT: Type-Token
• NT: Narratividade
IF ASL TT NT
ING 1 49.852 0.283 0.537 19.77%
ING 2 47.106 0.246 0.741 18.67%
ING 3 61.852 0.234 0.536 50.00%
ING 4 46.103 0.275 0.571 22.66%
ING 5 47.102 0.220 0.665 23.89%
ING 6 44.637 0.235 0.642 14.46%
ING 7 51.053 0.294 0.516 26.43%
ING 8 60.779 0.215 0.563 39.36%
ING 9 50.792 0.225 0.668 23.58%
ING 10 57.153 0.219 0.599 20.05%
Fonte: Desenvolvido pelo autor com base nas métricas coletadas pelo Coh-Metrix
IF Classificação de complexidade
0 – 25 Muito alta
25-50 Alta
50 – 75 Baixa
75 – 100 Muito baixa
Fonte: Desenvolvido pelo autor
IF Classificação de
complexidade
ING 1 49.852 Alta
ING 2 47.106 Alta
ING 3 61.852 Baixa
ING 4 46.103 Alta
ING 5 47.102 Alta
ING 6 44.637 Alta
ING 7 51.053 Baixa
ING 8 60.779 Baixa
ING 9 50.792 Baixa
ING 10 57.153 Baixa
Fonte: Desenvolvido pelo autor
De forma similar à observação feita sobre os dados de IF, o quadro abaixo nos auxilia
a categorizar os textos-TEPT de acordo com a complexidade apontada pela ASL:
ASL Classificação de
complexidade
ING 1 0.283 Alta
ING 2 0.246 Alta
ING 3 0.234 Alta
ING 4 0.275 Alta
ING 5 0.220 Alta
ING 6 0.235 Alta
ING 7 0.294 Alta
ING 8 0.215 Alta
ING 9 0.225 Alta
ING 10 0.219 Alta
Fonte: Desenvolvido pelo autor
Conforme podemos observar por meio dos índices de ASL e pela legenda proposta pelo
quadro de complexidade de ASL, todos os textos-TEPT apresentam alta complexidade e, dessa
forma, não podem ser considerados como apropriados para o perfil de leitor estipulado.
TT Classificação de complexidade
Sendo assim, vamos observar a possível complexidade dos textos tendo por base a
relação type-token:
TT Classificação de
complexidade
ING 1 0.537 Alta
ING 2 0.741 Muito alta
ING 3 0.536 Alta
ING 4 0.571 Alta
ING 5 0.665 Alta
ING 6 0.642 Alta
ING 7 0.516 Alta
ING 8 0.563 Alta
ING 9 0.668 Alta
ING 10 0.599 Alta
Fonte: Desenvolvido pelo autor
Conforme podemos observar pelo quadro acima, 90% dos textos apresentam
complexidades altas e 10% complexidade muito alta.
Dessa forma, podemos concluir que o TT é um índice que também aponta a
inapropriação dos textos para um público de leitor leigo e com baixo grau de instrução
formal.
NT Classificação de complexidade
NT Classificação de
complexidade
ING 1 19.77% Alta
ING 2 18.67% Alta
ING 3 50.00% Média
ING 4 22.66% Alta
ING 5 23.89% Alta
ING 6 14.46% Alta
ING 7 26.43% Alta
ING 8 39.36% Média
ING 9 23.58% Alta
ING 10 20.05% Alta
Fonte: Desenvolvido pelo autor
O quadro abaixo traz as métricas referentes aos textos originais em inglês e aos textos
editados por simplificação lexical:
228
Quadro 11: Métricas comparativas dos textos originais e dos textos editados em língua inglesa pós-
simplificação lexical
IF ASL TT NT
ING 2 47.106 0.246 0.741 18.67%
ING 2 47.809 0.249 0.728 20.05%
ING 4 46.103 0.275 0.571 22.66%
ING 4 46.258 0.300 0.563 24.51%
ING 6 44.637 0.235 0.642 14.46%
ING 6 49.542 0.230 0.622 18.94%
Fonte: Desenvolvido pelo autor
Como podemos observar pelo quadro acima, a estratégia de simplificação lexical foi
eficiente na maioria dos casos, tornando as métricas de complexidade em índices que indicam
maior simplificação.
Apenas uma métrica de um texto apresentou um declínio de simplificação, embora
ínfimo.
Entretanto, é válido observar que o impacto dessa estratégia não foi tão alto quanto
seu impacto nos textos em língua portuguesa: nenhuma das métricas teve alterações que
fossem, de fato, significativas.
O quadro abaixo demonstra as métricas referentes aos textos originais em inglês e aos
textos editados por redução de adjetivos:
Quadro 12: Métricas comparativas dos textos originais e dos textos editados em língua inglesa pós-
redução de adjetivos
IF ASL TT NT
ING 2 47.106 0.246 0.741 18.67%
ING 2 48.456 0.266 0.739 21.19%
ING 4 46.103 0.275 0.571 22.66%
ING 4 47.313 0.316 0.568 24.20%
ING 6 44.637 0.235 0.642 14.46%
ING 6 44.889 0.251 0.636 15.62%
Fonte: Desenvolvido pelo autor
No que diz respeito à redução de adjetivos, podemos perceber que a estratégia foi
eficiente para todas as métricas dos textos em inglês.
229
Contudo, da mesma forma que a estratégia anterior, a alteração das métricas não foi
tão impactante quanto os resultados que obtivemos com os textos em língua portuguesa.
O quadro abaixo nos mostra os índices referentes aos textos originais em inglês e aos
textos editados por redução de informações:
Quadro 13: Métricas comparativas dos textos originais e dos textos editados em língua inglesa pós-
redução de informações
IF ASL TT NT
ING 2 47.106 0.246 0.741 18.67%
ING 2 49.639 0.262 0.741 25.78%
ING 4 46.103 0.275 0.571 22.66%
ING 4 47.832 0.314 0.577 24.51%
ING 6 44.637 0.235 0.642 14.46%
ING 6 45.110 0.251 0.660 14.01%
Fonte: Desenvolvido pelo autor
Este pequeno ensaio nos permitiu levantar alguns indícios importantes que podem
fomentar uma futura pesquisa contrastiva português-inglês.
Primeiramente, relatamos a provável complexidade dos textos sobre o TEPT também
em língua inglesa quando analisamos os textos para públicos leigos de escolaridade limitada.
230
serious accident, terrorist incident, sudden death of a loved one, war, violent personal assault
such as rape, or other life-threatening events. Research has recently shown that PTSD among
military people may be a physical brain injury, specially of damaged matter, caused by
explosions during combat. (Research Traces Link Between Combat Blasts and PTSD)
Most people who experience such events recover from them, but people with PTSD
continue to be harshly depressed and anxious for months or even years following the event.
Learn about PTSD symptoms.
Women are twice as likely to develop posttraumatic stress disorder as men, and
children can also develop it. PTSD often occurs with depression, substance abuse, or other
anxiety problems.
Relationships, Trauma, and PTSD
Trauma survivors who have PTSD may have trouble with their close family
relationships or friendships. Their symptoms can cause problems with trust, closeness,
communication, and problem solving, which may affect the way the survivor acts with
others. In turn, the way a loved one responds to him or her affects the trauma survivor. A
circular pattern may develop that could damage relationships.
PTSD Facts
7.7 million Americans age 18 and older have PTSD.
67 percent of people exposed to mass violence have been shown to develop PTSD, a
higher degree than those exposed to natural disasters or other types of traumatic events.
People who have experienced previous traumatic events run a higher risk of
developing PTSD.
Most people who experience a traumatic event will have reactions that may include
shock, anger, anxiety, fear, and even guilt. These reactions are common, and for most people,
they go away over time. For a person with PTSD, however, these feelings continue and even
increase, becoming so strong that they keep the person from living a normal life. People with
PTSD have symptoms for longer than one month and cannot function as well as before the
event occurred.
What Are the Symptoms of PTSD?
Symptoms of PTSD most often begin within three months of the event. In some cases,
however, they do not begin until years later. The gravity and duration of the disease vary.
Some people recover within six months, while others suffer much longer.
Symptoms of PTSD often are grouped into four main categories, including:
Remembering: People with PTSD repeatedly remember the event through thoughts
and memories of the trauma. These may include flashbacks, hallucinations, and nightmares.
They also may feel great sorrow when certain things remind them of the trauma, such as the
anniversary date of the event.
Avoiding: The person may avoid people, places, thoughts, or situations that may
remind him or her of the trauma. This can lead to feelings of detachment and isolation from
family and friends, as well as a loss of interest in activities that the person once enjoyed.
Increased arousal: These include excessive emotions; problems relating to others,
including feeling or showing affection; difficulty falling or staying asleep; irritability;
explosions of anger; difficulty concentrating; and being "jumpy" or easily startled. The
person may also suffer physical symptoms, such as increased blood pressure and heart rate,
fast breathing, muscle tension, nausea, and diarrhea.
Negative Cognitions and Mood: This refers to thoughts and feelings related to blame,
hostility, and memories of the traumatic event.
Young children with PTSD may suffer from late development in areas such as toilet
training, motor skills, and language.
Who Gets PTSD?
Everyone reacts to traumatic events differently. Each person is unique in his or her
ability to manage fear and stress and to deal with the threat of a traumatic event or situation.
For that reason, not everyone who experiences or witnesses a trauma will develop PTSD.
Also, the type of help and support a person receives from friends, family members and
233
professionals following the trauma may influence the development of PTSD or the gravity of
symptoms.
PTSD was first brought to the attention of the medical community by war veterans; so
the names shell shock and battle fatigue syndrome. However, PTSD can happen in anyone
who has experienced a traumatic event that threatens death or violence. People who have
been abused as children or who have been repeatedly exposed to life-threatening situations
are at bigger risk for developing PTSD. Victims of trauma related to physical and sexual
attack face the highest risk for PTSD.
How Common Is PTSD?
About 3.6% of adult Americans -- about 5.2 million people -- suffer from PTSD
during the course of a year, and an estimated 7.8 million Americans will experience PTSD at
some point in their lives. PTSD can develop at any age, including childhood. Women are
more likely to develop PTSD than are men. This may be because women are more likely to
be victims of domestic violence, abuse, and rape.
How Is PTSD Diagnosed?
PTSD is not identified until at least one month has passed since the time a traumatic
event has occurred. If symptoms of PTSD are present, the doctor will begin an assessment by
doing a complete medical history and physical exam. Although there are no lab tests to
specifically identify PTSD, the doctor may use various tests to exclude physical disease as
the cause of the symptoms.
If no physical disease is found, you may be oriented to see a psychiatrist,
psychologist, or other mental health professional who is specially trained to identify and treat
mental diseases. Psychiatrists and psychologists use specially planned interview and
evaluation tools to evaluate a person for an anxiety problem. The doctor bases his or her
diagnosis of PTSD on reported symptoms, including any problems with functioning caused
by the symptoms. The doctor then determines if the symptoms and level of problems indicate
PTSD. PTSD is identified if the person has symptoms of PTSD that last for more than one
month.
How Is PTSD Treated?
The goal of PTSD treatment is to reduce the emotional and physical symptoms, to
improve daily functioning, and to help the person better deal with the event that activated the
disorder. Treatment for PTSD may involve psychotherapy (a type of counseling), medication,
or both.
234
Medication
Doctors use antidepressant medications to treat PTSD -- and to control the feelings of
anxiety and its associated symptoms -- including selective serotonin reuptake inhibitors
(SSRIs) such as Paxil, Celexa, Luvox, Prozac, and Zoloft; and tricyclic antidepressants such
as Elavil and Doxepin. Tranquilizers such as Ativan and Klonopin; mood stabilizers such as
Depakote and Lamictal; and medicines to control the brain activities such as Seroquel and
Abilify are sometimes used. Certain blood pressure medicines are also sometimes used to
control particular symptoms. For example, prazosin may be used for nightmares, or
propranolol may be used to help minimize the formation of traumatic memories.
Psychotherapy
Psychotherapy for PTSD involves helping the person learn skills to manage
symptoms and develop ways of managing. Therapy also aims to teach the person and his or
her family about the disorder, and help the person work through the fears associated with the
traumatic event. A variety of psychotherapy methods are used to treat people with PTSD,
including:
Cognitive behavioral therapy, which involves learning to recognize and change
thought patterns that lead to worrying emotions, feelings, and behavior.
Exposure therapy, a type of cognitive behavioral therapy that involves having the
person re-live the traumatic experience, or exposing the person to objects or situations that
cause anxiety. This is done in a well-controlled and safe environment. Exposure therapy
helps the person confront the fear and little by little become more comfortable with situations
that are scary and cause anxiety. This has been very successful at treating PTSD.
Psychodynamic therapy focuses on helping the person examine personal values and
the emotional conflicts caused by the traumatic event.
Family therapy may be helpful because the behavior of the person with PTSD can
have an affect on other family members.
Group therapy may be helpful by allowing the person to share thoughts, fears, and
feelings with other people who have experienced traumatic events.
Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR) is a complex form of
psychotherapy that was initially created to ease suffering associated with traumatic memories
and is now also used to treat phobias.
What Is the Outlook for People With PTSD?
235
Stimulation symptoms, such as vigilance more than normal. Examples may include
being strongly alarmed by stimulation that looks like the trauma, trouble sleeping or
explosions of anger.
Young children can also develop PTSD, and the symptoms are different from those of
adults. (This recent learning by is a big step forward and research is continuing.) Young
children do not have the ability to express some aspects of their experience. Behavior (e.g.
clinging to parents) is often a better clue than words, and progressive achievements in an
impacted child can return (e.g. going back to not being toilet trained in a 4-year-old).
It is important that a child is analyzed by a professional who is trained in the growing
responses to worrying events. A pediatrician or child mental health doctor can be a good
start.
Causes
PTSD can happen at any age and is directly associated with exposure to trauma.
Adults and children who have PTSD represent a quite small part of those who have been
exposed to trauma. This difference is not yet well understood but we do know that there are
risk factors that can increase a person’s chances to develop PTSD. Risk factors can include
prior experiences of trauma, and factors that may induce the ability of recovering, such as
social support. This is also a continuing area of research.
We do know that for some, our “fight-or-flight” life instincts, which can be life-saving
during a crisis, can leave us with constant symptoms. Because the body is busy increasing its
heart rate, pumping blood to muscles, preparing the body to fight or escape, all our physical
resources and energy are focused on getting out of a dangerous. So, there has been discussion
that the posttraumatic stress response may not a disorder for real, but a different aspect of a
human response to trauma.
If you think of these symptoms as a stress response variant or PTSD, consider them a
consequence of our body’s lack of ability to return to “normal” in the months after its strange
response to a traumatic event.
Analysis
Symptoms of PTSD usually begin within three months after experiencing or being
exposed to a traumatic event. Sometimes, symptoms may appear years after the event. For an
analysis of PTSD, symptoms must happen for more than one month. Symptoms of
depression, anxiety or substance abuse frequently come with PTSD.
Treatment
237
Though PTSD cannot be cured, it can be treated and managed in lots of ways. Please
visit our PTSD Treatment page for more information.
Psychotherapy, such as mental processing therapy or group therapy
Medications
Self-management strategies, such as self-soothing and control of the mind, are helpful
to ground a person and bring her back to reality after a flashback
Service animals, especially dogs, can help calm some of the symptoms of PTSD
Related Conditions
• Someone with PTSD may have extra problems, as well as thoughts of or attempts
at suicide:
• Anxiety Disorders, including Generalized Anxiety Disorder and Obsessive-
Compulsive Disorder (OCD)
• Borderline Personality Disorder
• Depression
• Substance Abuse
These other illnesses can make it challenging to treat PTSD. For example,
medications used to treat OCD or depression may make symptoms of PTSD worse. Treating
PTSD with success almost always improves these related diseases and treatment of
depression with success, anxiety or substance abuse normally improves PTSD symptoms.
238
People who have experienced previous traumatic events run a higher risk of
developing PTSD.
Negative Cognitions and Mood: This refers to thoughts and feelings related to blame,
estrangement, and memories of the traumatic event.
Young children with PTSD may suffer from delayed development in areas such as
toilet training, motor skills, and language.
Who Gets PTSD?
Everyone reacts to traumatic events differently. Each person is unique in his or her
ability to manage fear and stress and to cope with the threat posed by a traumatic event or
situation. For that reason, not everyone who experiences or witnesses a trauma will develop
PTSD. Further, the type of help and support a person receives from friends, family members
and professionals following the trauma may influence the development of PTSD or the
severity of symptoms.
PTSD was first brought to the attention of the medical community by war veterans;
hence the names shell shock and battle fatigue syndrome. However, PTSD can occur in
anyone who has experienced a traumatic event that threatens death or violence. People who
have been abused as children or who have been repeatedly exposed to life-threatening
situations are at risk for developing PTSD. Victims of trauma related to physical and sexual
assault face risk for PTSD.
How Common Is PTSD?
About 3.6% of adult Americans -- about 5.2 million people -- suffer from PTSD
during the course of a year, and an estimated 7.8 million Americans will experience PTSD at
some point in their lives. PTSD can develop at any age, including childhood. Women are
more likely to develop PTSD than are men. This may be due to the fact that women are more
likely to be victims of domestic violence, abuse, and rape.
How Is PTSD Diagnosed?
PTSD is not diagnosed until at least one month has passed since the time a traumatic
event has occurred. If symptoms of PTSD are present, the doctor will begin an evaluation by
performing a complete medical history and physical exam. Although there are no lab tests to
specifically diagnose PTSD, the doctor may use tests to rule out physical illness as the cause
of the symptoms.
If no physical illness is found, you may be referred to a psychiatrist, psychologist, or
other mental health professional who is specially trained to diagnose and treat mental
illnesses. Psychiatrists and psychologists use specially designed interview and assessment
tools to evaluate a person for an anxiety disorder. The doctor bases his or her diagnosis of
241
PTSD on reported symptoms, including any problems with functioning caused by the
symptoms. The doctor then determines if the symptoms and degree of dysfunction indicate
PTSD. PTSD is diagnosed if the person has symptoms of PTSD that last for more than one
month.
How Is PTSD Treated?
The goal of PTSD treatment is to reduce the symptoms, to improve daily functioning,
and to help the person cope with the event that triggered the disorder. Treatment for PTSD
may involve psychotherapy (a type of counseling), medication, or both.
Medication
Doctors use antidepressant medications to treat PTSD -- and to control the feelings of
anxiety and its associated symptoms -- including selective serotonin reuptake inhibitors
(SSRIs) such as Paxil, Celexa, Luvox, Prozac, and Zoloft; and tricyclic antidepressants such
as Elavil and Doxepin. Tranquilizers such as Ativan and Klonopin; mood stabilizers such as
Depakote and Lamictal; and neuroleptics such as Seroquel and Abilify are sometimes used.
Certain blood pressure medicines are also sometimes used to control symptoms. For example,
prazosin may be used for nightmares, or propranolol may be used to help minimize the
formation of traumatic memories.
Psychotherapy
Psychotherapy for PTSD involves helping the person learn skills to manage
symptoms and develop ways of coping. Therapy also aims to teach the person and his or her
family about the disorder, and help the person work through the fears associated with the
traumatic event. A variety of psychotherapy approaches are used to treat people with PTSD,
including:
Cognitive behavioral therapy, which involves learning to recognize and change
thought patterns that lead to troublesome emotions, feelings, and behavior.
Exposure therapy, a type of cognitive behavioral therapy that involves having the
person re-live the experience, or exposing the person to objects or situations that cause
anxiety. This is done in a well-controlled and safe environment. Exposure therapy helps the
person confront the fear and gradually become more comfortable with situations that are
frightening and cause anxiety. This has been very successful at treating PTSD.
Psychodynamic therapy focuses on helping the person examine values and the
emotional conflicts caused by the traumatic event.
242
Family therapy may be useful because the behavior of the person with PTSD can have
an affect on other family members.
Group therapy may be helpful by allowing the person to share thoughts, fears, and
feelings with other people who have experienced traumatic events.
Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR) is a form of
psychotherapy that was initially designed to alleviate distress associated with traumatic
memories and is now also used to treat phobias.
What Is the Outlook for People With PTSD?
Recovery from PTSD is a gradual and ongoing process. Symptoms of PTSD seldom
disappear completely, but treatment can help sufferers learn to cope more effectively.
Treatment can lead to fewer and less intense symptoms, as well as a greater ability to cope by
managing feelings related to the trauma.
Research is ongoing into the factors that lead to PTSD and into finding new
treatments.
Can PTSD Be Prevented?
Some studies suggest that early intervention with people who have suffered a trauma
may reduce some of the symptoms of PTSD or prevent it all together.
the posttraumatic stress response may not a disorder per se, but rather a variant of a human
response to trauma.
Whether you think of these symptoms as a stress response variant or PTSD, consider
them a consequence of our body’s inability to effectively return to “normal” in the months
after its extraordinary response to a traumatic event.
Diagnosis
Symptoms of PTSD usually begin within three months after experiencing or being
exposed to a traumatic event. Occasionally, symptoms may emerge years afterward. For a
diagnosis of PTSD, symptoms must last more than one month. Symptoms of depression,
anxiety or substance abuse often accompany PTSD.
Treatment
Though PTSD cannot be cured, it can be treated and managed in several ways. Please
visit our PTSD Treatment page for more in-depth information.
Psychotherapy, such as cognitive processing therapy or group therapy
Medications
Self-management strategies, such as self-soothing and mindfulness, are helpful to
ground a person and bring her back to reality after a flashback
Service animals, especially dogs, can help soothe some of the symptoms of PTSD
Related Conditions
• Someone with PTSD may have additional disorders, as well as thoughts of or
attempts at suicide:
• Anxiety Disorders, including Generalized Anxiety Disorder and Obsessive-
Compulsive Disorder (OCD)
• Borderline Personality Disorder
• Depression
• Substance Abuse
These other illnesses can make it challenging to treat PTSD. For example,
medications used to treat OCD or depression may worsen symptoms of PTSD. Successfully
treating PTSD almost always improves these related illnesses and successful treatment of
depression, anxiety or substance abuse usually improves PTSD symptoms.
245
Medication
Doctors use antidepressant medications to treat PTSD -- and to control the feelings of
anxiety and its associated symptoms. Certain blood pressure medicines are also sometimes
used to control particular symptoms.
Psychotherapy
Psychotherapy for PTSD involves helping the person learn skills to manage
symptoms and develop ways of coping. Therapy also aims to teach the person and his or her
family about the disorder, and help the person work through the fears associated with the
traumatic event. A variety of psychotherapy approaches are used to treat people with PTSD,
including:
Cognitive behavioral therapy, which involves learning to recognize and change
thought patterns that lead to troublesome emotions, feelings, and behavior.
Exposure therapy, a type of cognitive behavioral therapy that involves having the
person re-live the traumatic experience, or exposing the person to objects or situations that
cause anxiety. This is done in a well-controlled and safe environment. Exposure therapy
helps the person confront the fear and gradually become more comfortable with situations
that are frightening and cause anxiety. This has been very successful at treating PTSD.
Psychodynamic therapy focuses on helping the person examine personal values and
the emotional conflicts caused by the traumatic event.
Family therapy may be useful because the behavior of the person with PTSD can have
an affect on other family members.
Group therapy may be helpful by allowing the person to share thoughts, fears, and
feelings with other people who have experienced traumatic events.
Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR) is a complex form of
psychotherapy that was initially designed to alleviate distress associated with traumatic
memories and is now also used to treat phobias.
What Is the Outlook for People with PTSD?
Recovery from PTSD is a gradual and ongoing process. Symptoms of PTSD seldom
disappear completely, but treatment can help sufferers learn to cope more effectively.
Treatment can lead to fewer and less intense symptoms, as well as a greater ability to cope by
managing feelings related to the trauma.
Research is ongoing into the factors that lead to PTSD and into finding new
treatments.
249
Causes
PTSD can occur at any age and is directly associated with exposure to trauma. Adults
and children who have PTSD represent a relatively small portion of those who have been
exposed to trauma. There are risk factors that can increase a person’s likelihood to develop
PTSD. Risk factors can include prior experiences of trauma, and factors that may promote
resilience, such as social support.
We do know that for some, our “fight-or-flight” biological instincts can leave us with
ongoing symptoms. Because the body is busy increasing its heart rate, pumping blood to
muscles, preparing the body to fight or flee, all our physical resources and energy are focused
on getting out of harm’s way. Therefore, there has been discussion that the posttraumatic
stress response may not a disorder, but rather a variant of a human response to trauma.
Whether you think of these symptoms as a stress response variant or PTSD, consider
them a consequence of our body’s inability to effectively return to “normal” in the months
after its extraordinary response to a traumatic event.
Diagnosis
Symptoms of PTSD usually begin within three months after experiencing or being
exposed to a traumatic event. Occasionally, symptoms may emerge years afterward. For a
diagnosis of PTSD, symptoms must last more than one month.
Treatment
Though PTSD cannot be cured, it can be treated and managed in several ways.
Psychotherapy, such as cognitive processing therapy or group therapy
Medications
Self-management strategies are helpful.
Service animals, especially dogs, can help soothe some of the symptoms of PTSD
Related Conditions
• Someone with PTSD may have additional disorders, as well as thoughts of or
attempts at suicide:
• Anxiety Disorders, including Generalized Anxiety Disorder and Obsessive-
Compulsive Disorder (OCD)
• Borderline Personality Disorder
• Depression
• Substance Abuse
251
These other illnesses can make it challenging to treat PTSD. For example,
medications used to treat OCD or depression may worsen symptoms of PTSD. Successfully
treating PTSD almost always improves these related illnesses and successful treatment of
depression, anxiety or substance abuse usually improves PTSD symptoms.
252
sem tanto medo, ansiedade e sem transtornos. O terapeuta e o psiquiatra podem ir trabalhando juntos e
analisando quando é hora de tirar os remédios caso seja preciso tomar e quando é hora da pré-alta e da
alta na terapia. Finalizando, o mais importante é a vítima querer se ajudar, pois o tratamento depende
essencialmente dela.
254
sequelas ou transformar a reação imediata numa doença que poderia comprometer gravemente sua
vida.
Como tratar o estresse pós-traumático?
O tratamento usa alguns recursos da TCC – Terapia Comportamental Cognitiva – e consiste
de sessões de psicoterapia nas quais o paciente é convidado a relatar sua vivência traumática, bem
como o que pensa e sente em relação a esse evento específico. De um modo dialógico e em sintonia
com o seu modo de ser, suas crenças, convicções e recursos internos vão sendo trabalhados e, assim,
são atenuados os aspectos negativos do transtorno porque inicia-se a construção de estratégias de
enfrentamento mais adaptativas, cujo objetivo é desenvolver a resiliência, promover o necessário
equilíbrio emocional e consciência de autocuidado. Uma vez atingido esse resultado, trabalha-se a
prevenção de recaídas, cuja finalidade é aparelhar o paciente para enfrentar situações futuras de
ansiedade e medo, dotando-o de capacidade de respostas adaptativas.
Para isso, é necessário aprender a conhecer melhor os próprios mecanismos internos para
poder modificar aqueles que provocam reações disfuncionais. Através do autoconhecimento, aprende-
se também a permanecer emocionalmente mais equilibrado e a encarar adequadamente o fato de que
podemos desfrutar a vida com o que ela tiver para nos oferecer, no momento presente – único tempo
real para se viver, porque o passado não volta e, quanto ao futuro, sabemos que é incerto.
257
esse evento em um ambiente seguro. Isso pode levar algum tempo, mas, depois de várias sessões, suas
crises de ansiedade e seus sintomas são reduzidos ou mesmo eliminados. Se a terapia de exposição se
mostrar muito estressante, podemos utilizar estratégias cognitivo-comportamentais, como pedir que o
paciente examine suas crenças irracionais e pensamentos, e com isso encontrar substitutos mais
produtivos para essas crenças. O processo terapêutico deve continuar por pelo menos seis meses.
263
prazo, estas perdem o prazer por realizar qualquer atividade. A intervenção terapêutica proporciona a
uma reinserção da pessoa na sociedade, no seu ambiente familiar, no trabalho, escola e atividades que
realizavam regularmente. A fuga das situações que lembram o evento e a evitação dessas situações a
qualquer preço, só agravam o quadro e acarretam a cada dia mais prejuízo para a pessoa.
266
• Pressão alta
• Respiração ofegante
• Tensão dos músculos
Algumas pessoas relatam consequências ao evento traumático, como consumo excessivo de
álcool e outras drogas, problemas na escola ou no trabalho e desmaios.
Assim, o estresse afeta a saúde em geral, uma vez que as tentativas de se adaptar à presença
de um estressor podem esgotar os recursos do corpo e torná-lo vulnerável a doenças, como úlcera,
hipertensão, doença cardiovascular, incapacidade do corpo e combater bactérias e vírus, etc.
Estratégias de enfrentamento
As emoções e a excitação fisiológica criadas por situações de estresse são altamente
desconfortáveis, e este desconforto por vezes motiva o indivíduo a fazer alguma coisa para aliviá-lo.
Em primeiro lugar, ao presenciar os sintomas e achar que está sofrendo de Transtorno do
Estresse Pós-Traumático, procure um médico ou psicólogo que possa diagnosticar e cuidar do seu
caso. Em segundo, algumas técnicas comportamentais podem ajudar as pessoas a controlar suas
respostas fisiológicas a situações estressantes.
Algumas dicas para enfrentar o Transtorno do Estresse Pós-Traumático podem ser:
Pratique Exercícios Físicos: praticar exercícios físicos regularmente, como, por exemplo,
correr, nadar ou andar de bicicleta, faz com que você apresente freqüência cardíaca e pressão arterial
mais baixas em resposta a situações estressantes do que aquelas que não se exercitem regularmente.
Procure Apoio Social: dê vazão à raiva e procure apoio emocional de amigos e familiares para
melhorar sua saúde física a longo prazo, além de melhor se adaptar emocionalmente ao estresse,
tornando-o mais suportável.
Treino em Biofeedback: neste tipo de treinamento as pessoas recebem informações (feedback)
sobre um aspecto de seu estado fisiológico e depois procura alterar aquele estado anterior, fazendo
com que elas aprendam a reconhecer quando uma tensão vai ocorrer e a reduzi-la.
Utilize Técnicas de Relaxamento: aprenda formas de relaxamento de diferentes grupos de
músculos, para diminuir a pressão arterial, controlar dores de cabeça, etc.
Faça Meditação: a meditação é uma técnica eficaz para induzir o relaxamento e reduzir a
excitação fisiológica, como a taxa respiratória, o consumo de oxigênio e menor eliminação de gás
carbônico; assim, a frequência cardíaca diminui, a circulação se estabiliza, a ansiedade ameniza e a
autoestima melhora.
Além dessas dicas, tem a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que se torna também
eficaz no tratamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático, a fim de manejar o estresse ao mudar
as respostas cognitivas do indivíduo, procurando ajudar a pessoa a identificar os tipos de situações
estressantes que produzem seus sintomas físicos e emocionais e a alterar o modo como lidam com
estas situações.
270
• Trouble sleeping
• Trouble concentrating
• Irritability, angry outbursts or aggressive behavior
• Overwhelming guilt or shame
• For children 6 years old and younger, signs and symptoms may also include:
• Re-enacting the traumatic event or aspects of the traumatic event through play
• Frightening dreams that may or may not include aspects of the traumatic event
• Intensity of symptoms
PTSD symptoms can vary in intensity over time. You may have more PTSD symptoms when
you're stressed in general, or when you come across reminders of what you went through. For
example, you may hear a car backfire and relive combat experiences. Or you may see a report on the
news about a sexual assault and feel overcome by memories of your own assault.
When to see a doctor
If you have disturbing thoughts and feelings about a traumatic event for more than a month, if
they're severe, or if you feel you're having trouble getting your life back under control, talk to your
doctor or a mental health professional. Getting treatment as soon as possible can help prevent PTSD
symptoms from getting worse.
If you have suicidal thoughts
If you or someone you know has suicidal thoughts, get help right away through one or more
of these resources:
Reach out to a close friend or loved one.
Contact a minister, a spiritual leader or someone in your faith community.
Make an appointment with your doctor or a mental health professional.
When to get emergency help
If you think you may hurt yourself or attempt suicide, call 911 or your local emergency
number immediately.
If you know someone who's in danger of attempting suicide or has made a suicide attempt,
make sure someone stays with that person to keep him or her safe. Call 911 or your local emergency
number immediately. Or, if you can do so safely, take the person to the nearest hospital emergency
room.
Causes
You can develop post-traumatic stress disorder when you go through, see or learn about an
event involving actual or threatened death, serious injury or sexual violation.
Doctors aren't sure why some people get PTSD. As with most mental health problems, PTSD
is probably caused by a complex mix of:
Stressful experiences, including the amount and severity of trauma you've gone through in
your life
Inherited mental health risks, such as a family history of anxiety and depression
Inherited features of your personality — often called your temperament
The way your brain regulates the chemicals and hormones your body releases in response to
stress
Risk factors
People of all ages can have post-traumatic stress disorder. However, some factors may make
you more likely to develop PTSD after a traumatic event, such as:
• Experiencing intense or long-lasting trauma
• Having experienced other trauma earlier in life, such as childhood abuse
• Having a job that increases your risk of being exposed to traumatic events, such as
military personnel and first responders
• Having other mental health problems, such as anxiety or depression
• Having problems with substance misuse, such as excess drinking or drug use
• Lacking a good support system of family and friends
272
• Having blood relatives with mental health problems, including anxiety or depression
• Kinds of traumatic events
• The most common events leading to the development of PTSD include:
• Combat exposure
• Childhood physical abuse
• Sexual violence
• Physical assault
• Being threatened with a weapon
• An accident
Many other traumatic events also can lead to PTSD, such as fire, natural disaster, mugging,
robbery, plane crash, torture, kidnapping, life-threatening medical diagnosis, terrorist attack, and other
extreme or life-threatening events.
Complications
Post-traumatic stress disorder can disrupt your whole life ― your job, your relationships, your
health and your enjoyment of everyday activities.
Having PTSD may also increase your risk of other mental health problems, such as:
• Depression and anxiety
• Issues with drugs or alcohol use
• Eating disorders
• Suicidal thoughts and actions
• Prevention
After surviving a traumatic event, many people have PTSD-like symptoms at first, such as
being unable to stop thinking about what's happened. Fear, anxiety, anger, depression, guilt — all are
common reactions to trauma. However, the majority of people exposed to trauma do not develop
long-term post-traumatic stress disorder.
Getting timely help and support may prevent normal stress reactions from getting worse and
developing into PTSD. This may mean turning to family and friends who will listen and offer
comfort. It may mean seeking out a mental health professional for a brief course of therapy. Some
people may also find it helpful to turn to their faith community.
Support from others also may help prevent you from turning to unhealthy coping methods,
such as misuse of alcohol or drugs.
273
Fonte: https://www.nami.org/Learn-More/Mental-Health-Conditions/Posttraumatic-Stress-
Disorder
Whether you think of these symptoms as a stress response variant or PTSD, consider them a
consequence of our body’s inability to effectively return to “normal” in the months after its
extraordinary response to a traumatic event.
Diagnosis
Symptoms of PTSD usually begin within three months after experiencing or being exposed to
a traumatic event. Occasionally, symptoms may emerge years afterward. For a diagnosis of PTSD,
symptoms must last more than one month. Symptoms of depression, anxiety or substance abuse often
accompany PTSD.
Treatment
Though PTSD cannot be cured, it can be treated and managed in several ways. Please visit
our PTSD Treatment page for more in-depth information.
Psychotherapy, such as cognitive processing therapy or group therapy
Medications
Self-management strategies, such as self-soothing and mindfulness, are helpful to ground a
person and bring her back to reality after a flashback
Service animals, especially dogs, can help soothe some of the symptoms of PTSD
Related Conditions
• Someone with PTSD may have additional disorders, as well as thoughts of or attempts at
suicide:
• Anxiety Disorders, including Generalized Anxiety Disorder and Obsessive-Compulsive
Disorder (OCD)
• Borderline Personality Disorder
• Depression
• Substance Abuse
These other illnesses can make it challenging to treat PTSD. For example, medications used
to treat OCD or depression may worsen symptoms of PTSD. Successfully treating PTSD almost
always improves these related illnesses and successful treatment of depression, anxiety or substance
abuse usually improves PTSD symptoms.
282
example, they may feel emotionally "numb" and may isolate from others. They may be less interested
in activities you once enjoyed. Some people forget, or are unable to talk about, important parts of the
event. Some think that they will have a shortened life span or will not reach personal goals such as
having a career or family.
Arousal Symptoms
People with PTSD may feel constantly alert after the traumatic event. This is known as
increased emotional arousal, and it can cause difficulty sleeping, outbursts of anger or irritability, and
difficulty concentrating. They may find that they are constantly ‘on guard’ and on the lookout for
signs of danger. They may also find that they get startled.
What other problems do people with PTSD experience?
It is very common for other conditions to occur along with PTSD, such as depression, anxiety,
or substance abuse. More than half of men with PTSD also have problems with alcohol. The next
most common co-occurring problems in men are depression, followed by conduct disorder, and then
problems with drugs. In women, the most common co-occurring problem is depression. Just under
half of women with PTSD also experience depression. The next most common co-occurring problems
in women are specific fears, social anxiety, and then problems with alcohol.
People with PTSD often have problems functioning. In general, people with PTSD have more
unemployment, divorce or separation, spouse abuse and chance of being fired than people without
PTSD. Vietnam veterans with PTSD were found to have many problems with family and other
interpersonal relationships, problems with employment, and increased incidents of violence.
People with PTSD also may experience a wide variety of physical symptoms. This is a
common occurrence in people who have depression and other anxiety disorders. Some evidence
suggests that PTSD may be associated with increased likelihood of developing medical disorders.
Research is ongoing, and it is too soon to draw firm conclusions about which disorders are associated
with PTSD.
How common is PTSD?
An estimated 7.8 percent of Americans will experience PTSD at some point in their lives,
with women (10.4%) twice as likely as men (5%) to develop PTSD. About 3.6 percent of U.S. adults
aged 18 to 54 (5.2 million people) have PTSD during the course of a given year. This represents a
small portion of those who have experienced at least one traumatic event; 60.7% of men and 51.2% of
women reported at least one traumatic event. The traumatic events most often associated with PTSD
for men are rape, combat exposure, childhood neglect, and childhood physical abuse. The most
traumatic events for women are rape, sexual molestation, physical attack, being threatened with a
weapon, and childhood physical abuse.
About 30 percent of the men and women who have spent time in war zones experience PTSD.
An additional 20 to 25 percent have had partial PTSD at some point in their lives. More than half of
all male Vietnam veterans and almost half of all female Vietnam veterans have experienced
“clinically serious stress reaction symptoms.” PTSD has also been detected among veterans of other
wars. Estimates of PTSD from the Gulf War are as high as 10%. Estimates from the war in
Afghanistan are between 6 and 11%. Current estimates of PTSD in military personnel who served in
Iraq range from 12% to 20%.
284
health specialist is best qualified to diagnose PTSD. These specialists include psychiatrists,
psychologists, and psychiatric nurse practitioners.
Diagnosis of PTSD requires experiencing all of the following for one month or longer: at least
one re-experience symptom, at least one avoidance symptom, at least two arousal and reactivity
symptoms, at least two cognition and mood symptoms
Your symptoms must be serious enough to interfere with daily activities. These activities
include going to work or school, or being around friends and family members.
WHEN TO GET HELP
When to Seek Help for PTSD
If you’re experiencing symptoms of PTSD, remember that you’re not alone. According to the
U.S. Department of Veterans Affairs, 8 million adults have PTSD in a given year.
If you have frequent upsetting thoughts, are unable to control your actions, or fear that you
might hurt yourself or others, seek help right away.
TREATMENT
How Is PTSD Treated?
If you are diagnosed with PTSD, your doctor will likely prescribe a combination of therapies,
including:
Cognitive behavioral therapy, or “talk therapy,” to encourage you to remember the traumatic
event and to express your feelings about it. This can help desensitize you to the trauma and reduce
your symptoms.
Support groups, where you can discuss your feelings with other people who have PTSD. This
will help you realize that your symptoms are not unusual and that you’re not alone.
Medications, such antidepressants, anti-anxiety drugs, and sleep aids, to decrease the
frequency of intrusive and frightening thoughts and to help you get some rest. The U.S. Food and
Drug Administration has approved two antidepressants for the specific treatment of PTSD: sertraline
(Zoloft) and paroxetine (Paxil).
Many people who suffer from PTSD turn to illicit drugs and alcohol to cope with their
symptoms. While these methods may temporarily alleviate your symptoms of PTSD, they don’t treat
the underlying cause of stress. They can even make some symptoms worse. If you have trouble with
substance abuse, your therapist may also recommend a 12-step program to reduce your dependency
on drugs or alcohol.
289
trabalhando juntos e analisando quando é hora de tirar os remédios caso seja preciso tomar e quando é
hora da pré-alta e da alta na terapia. Finalizando, o mais importante é a vítima querer se ajudar, pois o
tratamento depende essencialmente da vítima.
293
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental tem apresentado excelentes resultados no tratamento do
TEPT. O tratamento farmacológico também pode colaborar no tratamento, sendo caracterizado pela
associação de medicamentos antidepressivos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina e
ansiolíticos.
O transtorno de estresse pós-traumático, quando não tratado, pode resultar em depressão e
síndrome do pânico. Então, o quanto precoce for o diagnóstico, mais promissores serão os resultados
do tratamento.
298
atividades que realizavam regularmente. A fuga das situações que lembram o evento e a evitação
dessas situações a qualquer preço, só agravam o quadro e acarretam a cada dia mais prejuízo para a
pessoa.
305
ensinar a pessoa a lidar com os sintomas. Podem também evitar que a pessoa desenvolva outros
problemas relacionados com sua experiência traumática, como depressão, ansiedade ou abuso de
álcool ou drogas.
Como prevenir o estresse pós-traumático?
Obter ajuda e apoio oportunos podem impedir que as reações de estresse normais se agravem
e se transformem em estresse pós-traumático ou evitam que a pessoa use métodos pouco saudáveis de
enfrentamento.
Como evolui o estresse pós-traumático?
Após passar por um evento traumático, muitas pessoas têm sintomas de estresse pós-
traumático. No entanto, a maioria das pessoas expostas a traumas não desenvolve esse transtorno, em
longo prazo. Tudo dependerá da personalidade prévia do indivíduo.
307
organizar tudo isso na cabeça, para que ela posso ir se acalmando, se sentindo mais fortalecida e
confiante novamente. Ele pode sugerir técnicas de relaxamento, entre outras coisas.
O terapeuta acompanha essa pessoa por um tempo, a ajuda a reorganizar a história na cabeça,
ajuda a enxergar o que aconteceu de uma forma mais ampla, até que ela retome a vida mais tranquila,
sem tanto medo, ansiedade e sem transtornos. O terapeuta e o psiquiatra podem ir trabalhando juntos e
analisando quando é hora de tirar os remédios caso seja preciso tomar e quando é hora da pré-alta e da
alta na terapia. Finalizando, o mais importante é a vítima querer se ajudar, pois o tratamento depende
essencialmente dela
311
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental tem apresentado excelentes resultados no tratamento do
TEPT. O tratamento farmacológico também pode colaborar no tratamento. Esse tratamento é
caracterizado pela associação de medicamentos antidepressivos, inibidores seletivos da recaptação de
serotonina e ansiolíticos.
O transtorno de estresse pós-traumático, quando não tratado, pode resultar em depressão e
síndrome do pânico. Então, o quanto precoce for o diagnóstico, mais promissores serão os resultados
do tratamento.
316
mostrar muito estressante, podemos utilizar estratégias cognitivo-comportamentais, como pedir que o
paciente examine suas crenças irracionais e pensamentos. Por meio disso, é possível encontrar
substitutos mais produtivos para essas crenças. O processo terapêutico deve continuar por pelo menos
seis meses.
320
Observa-se que as pessoas com TEPT após o evento traumático não conseguem se adaptar
novamente ao contexto em que estão inseridos. Sendo assim, uma releitura do ambiente será
fundamental para redimensionar as situações vividas e as ameaças atuais.
Nota-se que as pessoas traumatizadas gastam uma considerável energia evitando o evento já
vivido, as lembranças e o sofrimento. Consequentemente, existe pouco espaço para a realização de
atividades gratificantes. Assim, a longo prazo, estas perdem o prazer por realizar qualquer atividade.
A intervenção terapêutica proporciona a uma reinserção da pessoa na sociedade, no seu ambiente
familiar, no trabalho, escola e atividades que realizavam regularmente. A fuga das situações que
lembram o evento e a evitação dessas situações a qualquer preço, só agravam o quadro e acarretam a
cada dia mais prejuízo para a pessoa.
323
• Respiração ofegante
• Tensão dos músculos
Algumas pessoas relatam consequências ao evento traumático, como consumo excessivo de
álcool e outras drogas, problemas na escola ou no trabalho e desmaios.
Assim, o estresse afeta a saúde em geral, uma vez que as tentativas de se adaptar à presença
de um estressor podem esgotar os recursos do corpo e torná-lo vulnerável a doenças. Exemplos dessas
doenças são úlcera, hipertensão, doença cardiovascular, incapacidade do corpo e combater bactérias e
vírus, etc.
Estratégias de enfrentamento
As emoções e a excitação fisiológica criadas por situações de estresse são altamente
desconfortáveis. Este desconforto por vezes motiva o indivíduo a fazer alguma coisa para aliviá-lo.
Em primeiro lugar, ao presenciar os sintomas e achar que está sofrendo de Transtorno do
Estresse Pós-Traumático, procure um médico ou psicólogo que possa diagnosticar e cuidar do seu
caso. Em segundo, algumas técnicas comportamentais podem ajudar as pessoas a controlar suas
respostas fisiológicas a situações estressantes.
Algumas dicas para enfrentar o Transtorno do Estresse Pós-Traumático podem ser:
Pratique Exercícios Físicos: praticar exercícios físicos regularmente, como, por exemplo,
correr, nadar ou andar de bicicleta, faz com que você apresente frequência cardíaca e pressão arterial
mais baixas em resposta a situações estressantes do que aquelas que não se exercitem regularmente.
Procure Apoio Social: dê vazão à raiva e procure apoio emocional de amigos e familiares para
melhorar sua saúde física a longo prazo, além de melhor se adaptar emocionalmente ao estresse,
tornando-o mais suportável.
Treino em Biofeedback: neste tipo de treinamento as pessoas recebem informações (feedback)
sobre um aspecto de seu estado fisiológico. Em seguida, procura alterar aquele estado anterior. Isso
faz com que elas aprendam a reconhecer quando uma tensão vai ocorrer e a reduzi-la.
Utilize Técnicas de Relaxamento: aprenda formas de relaxamento de diferentes grupos de
músculos, para diminuir a pressão arterial, controlar dores de cabeça, etc.
Faça Meditação: a meditação é uma técnica eficaz para induzir o relaxamento e reduzir a
excitação fisiológica. A diminuição inclui fatores como a taxa respiratória, o consumo de oxigênio e
menor eliminação de gás carbônico. Dessa forma, a frequência cardíaca diminui, a circulação se
estabiliza, a ansiedade ameniza e a autoestima melhora.
Além dessas dicas, tem a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que se torna também
eficaz no tratamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático.
A TCC tem o propósito de manejar o estresse ao mudar as respostas cognitivas do indivíduo.
Ela procura ajudar a pessoa a identificar os tipos de situações estressantes que produzem seus
sintomas físicos e emocionais e a alterar o modo como lidam com estas situações.
327
caso. Em segundo, algumas técnicas comportamentais podem ajudar as pessoas a controlar suas
respostas fisiológicas a situações estressantes.
Algumas dicas para enfrentar o Transtorno do Estresse Pós-Traumático podem ser:
Praticar exercícios físicos regularmente, faz com que você apresente frequência cardíaca e
pressão arterial mais baixas em resposta a situações estressantes do que aquelas que não se exercitem
regularmente.
Procure apoio emocional de amigos e familiares para melhorar sua saúde física a longo prazo,
além de melhor se adaptar emocionalmente ao estresse.
Treino em Biofeedback: neste tipo de treinamento as pessoas aprendem a reconhecer quando
uma tensão vai ocorrer e a reduzi-la.
Aprenda formas de relaxamento de diferentes grupos de músculos, para diminuir a pressão
arterial, controlar dores de cabeça, etc.
Faça meditação, uma técnica eficaz que estabiliza a ansiedade.
Além dessas dicas, tem a Terapia Cognitivo-Comportamental que procura ajudar a pessoa a
identificar os tipos de situações estressantes que produzem seus sintomas físicos e emocionais e a
alterar o modo como lidam com estas situações.
340
sequelas ou transformar a reação imediata numa doença que poderia comprometer gravemente sua
vida.
Como tratar o estresse pós-traumático?
O tratamento usa alguns recursos da TCC – Terapia Comportamental Cognitiva (tipo de
terapia que ajuda o paciente a modificar seus pensamentos, emoções e comportamentos) – e consiste
de sessões de psicoterapia nas quais o paciente é convidado a relatar sua vivência traumática, bem
como o que pensa e sente em relação a esse evento específico. De um modo dialógico e em sintonia
com o seu modo de ser, suas crenças, convicções e recursos internos vão sendo trabalhados e, assim,
são atenuados os aspectos negativos do transtorno porque inicia-se a construção de estratégias de
enfrentamento mais adaptativas, cujo objetivo é desenvolver a resiliência, promover o necessário
equilíbrio emocional e consciência de autocuidado. Uma vez atingido esse resultado, trabalha-se a
prevenção de recaídas, cuja finalidade é aparelhar o paciente para enfrentar situações futuras de
ansiedade e medo, dotando-o de capacidade de respostas adaptativas.
Para isso, é necessário aprender a conhecer melhor os próprios mecanismos internos para
poder modificar aqueles que provocam reações disfuncionais. Através do autoconhecimento, aprende-
se também a permanecer emocionalmente mais equilibrado e a encarar adequadamente o fato de que
podemos desfrutar a vida com o que ela tiver para nos oferecer, no momento presente – único tempo
real para se viver, porque o passado não volta e, quanto ao futuro, sabemos que é incerto.
344
exposição dos estudantes ao bullying em diferentes países é relativamente alta, há grande incidência
de sintomas do TEPT entre os estudantes.
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental (tipo de terapia que procura ajudar o paciente a modificar
seus sentimentos, pensamentos e emoções) tem apresentado excelentes resultados no tratamento do
TEPT. O tratamento farmacológico (com remédios) também pode colaborar no tratamento, sendo
caracterizado pela associação de medicamentos antidepressivos, inibidores seletivos da recaptação de
serotonina (remédios utilizados para combater a depressão) e ansiolíticos (remédios utilizados para
diminuir a ansiedade).
O transtorno de estresse pós-traumático, quando não tratado, pode resultar em depressão e
síndrome do pânico. Então, o quanto precoce for o diagnóstico, mais promissores serão os resultados
do tratamento.
346
ansiedade e seus sintomas são reduzidos ou mesmo eliminados. Se a terapia de exposição se mostrar
muito estressante, podemos utilizar estratégias cognitivo-comportamentais (terapia que ajuda o
paciente a modificar seus pensamentos e comportamentos), como pedir que o paciente examine suas
crenças irracionais e pensamentos, e com isso encontrar substitutos mais produtivos para essas
crenças. O processo terapêutico deve continuar por pelo menos seis meses.
349
Consequentemente, existe pouco espaço para a realização de atividades gratificantes. Assim, a longo
prazo, estas perdem o prazer por realizar qualquer atividade. A intervenção terapêutica proporciona a
uma reinserção da pessoa na sociedade, no seu ambiente familiar, no trabalho, escola e atividades que
realizavam regularmente. A fuga das situações que lembram o evento e a evitação dessas situações a
qualquer preço, só agravam o quadro e acarretam a cada dia mais prejuízo para a pessoa.
351
• Respiração ofegante
• Tensão dos músculos
Algumas pessoas relatam consequências ao evento traumático, como consumo excessivo de
álcool e outras drogas, problemas na escola ou no trabalho e desmaios.
Assim, o estresse afeta a saúde em geral, uma vez que as tentativas de se adaptar à presença
de um estressor podem esgotar os recursos do corpo e torná-lo vulnerável a doenças, como úlcera
(lesões na pele ou em órgãos do corpo), hipertensão (pressão arterial alta), doença cardiovascular (do
coração), incapacidade do corpo e combater bactérias e vírus, etc.
Estratégias de enfrentamento
As emoções e a excitação fisiológica (do corpo) criadas por situações de estresse são
altamente desconfortáveis, e este desconforto por vezes motiva o indivíduo a fazer alguma coisa para
aliviá-lo.
Em primeiro lugar, ao presenciar os sintomas e achar que está sofrendo de Transtorno do
Estresse Pós-Traumático, procure um médico ou psicólogo que possa diagnosticar e cuidar do seu
caso. Em segundo, algumas técnicas comportamentais podem ajudar as pessoas a controlar suas
respostas fisiológicas a situações estressantes.
Algumas dicas para enfrentar o Transtorno do Estresse Pós-Traumático podem ser:
Pratique Exercícios Físicos: praticar exercícios físicos regularmente, como, por exemplo,
correr, nadar ou andar de bicicleta, faz com que você apresente frequência cardíaca e pressão arterial
mais baixas em resposta a situações estressantes do que aquelas que não se exercitem regularmente.
Procure Apoio Social: dê vazão à raiva e procure apoio emocional de amigos e familiares para
melhorar sua saúde física a longo prazo, além de melhor se adaptar emocionalmente ao estresse,
tornando-o mais suportável.
Treino em Biofeedback (tipo de terapia em que o paciente recebe respostas sobre reações):
neste tipo de treinamento as pessoas recebem informações (feedback) sobre um aspecto de seu estado
fisiológico e depois procura alterar aquele estado anterior, fazendo com que elas aprendam a
reconhecer quando uma tensão vai ocorrer e a reduzi-la.
Utilize Técnicas de Relaxamento: aprenda formas de relaxamento de diferentes grupos de
músculos, para diminuir a pressão arterial, controlar dores de cabeça, etc.
Faça Meditação: a meditação é uma técnica eficaz para induzir o relaxamento e reduzir a
excitação fisiológica, como a taxa respiratória, o consumo de oxigênio e menor eliminação de gás
carbônico; assim, a frequência cardíaca diminui, a circulação se estabiliza, a ansiedade ameniza e a
autoestima melhora.
Além dessas dicas, tem a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que se torna também
eficaz no tratamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático, a fim de manejar o estresse ao mudar
as respostas cognitivas (do cérebro) do indivíduo, procurando ajudar a pessoa a identificar os tipos de
situações estressantes que produzem seus sintomas físicos e emocionais e a alterar o modo como
lidam com estas situações.
353
terapia de exposição se mostrar muito estressante, podemos utilizar estratégias sobre a mente e o
comportamento, como pedir que o paciente examine suas crenças irracionais e pensamentos, e com
isso encontrar substitutos mais produtivos para essas crenças. O processo terapêutico deve continuar
por pelo menos seis meses.
363
O que é?
O transtorno de estresse pós-traumático acontece quando se vivencia um trauma emocional de
grande proporção. Esses traumas incluem guerras, catástrofes naturais, agressão física, estupro e
sérios acidentes. Geralmente as situações estão relacionadas a uma ameaça real ou possível à sua vida
ou integridade física e mental.
O transtorno de estresse pós-traumático engloba as seguintes características:
• Reviver o trauma através de sonhos e de pensamentos;
• Evitar fatos recorrentes, objetos ou quaisquer situações que lembrem o trauma;
• Medo de que a situação venha a se repetir;
• Sensações físicas de desconforto e ansiedade que podem ser desencadeados pela simples
memória mental do trauma.
O que se sente?
A pessoa tem recordações com muita aflição, incluindo imagens ou pensamentos do trauma
vivenciado. Sonhos que provocam medo também podem ocorrer e o indivíduo pode agir ou sentir
como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. Um grande sofrimento psicológico se
desenvolve quando surgem lembranças de algum aspecto do trauma. Há uma intensa necessidade de
se evitar sentimentos, pensamentos, conversas, pessoas ou lugares que ativem recordações do trauma.
Também pode ocorrer uma incapacidade de se recordar algum aspecto importante do trauma, uma
dificuldade em harmonizar e manter o sono, irritabilidade ou surtos de raiva e baixa concentração.
Em crianças pequenas podem ocorrer jogos repetitivos com expressão de assuntos ou aspectos
do trauma, sonhos que provocam medo sem um conteúdo que possa ser identificado e encenação
específica do trauma.
Como se faz o diagnóstico?
O transtorno de estresse pós-traumático pode se desenvolver algum tempo após o trauma. O
intervalo pode ser breve como uma semana, ou longo como trinta anos. Os sintomas podem variar ao
longo do tempo e aumentar durante períodos de estresse. As crianças e os idosos têm mais
possibilidade de desenvolver estresse pós-traumático do que as pessoas na meia idade. Por exemplo,
cerca de 80% das crianças que sofrem uma queimadura extensa mostra sintomas de transtorno de
estresse pós-traumático um a dois anos após o ferimento. Em vista disso, cabe ao médico uma ampla
investigação em relação aos sintomas do paciente para um correto diagnóstico.
Como se trata?
A pessoa deve procurar um psiquiatra que irá abordar o evento com técnicas de apoio e
encorajamento. A medicação muitas vezes se faz necessária para um alívio inicial e uma melhor
abordagem do quadro. Um apoio adicional para a família do paciente geralmente é indicado.
364
atividades que realizavam regularmente. A fuga das situações que lembram o evento e evitar essas
situações a qualquer preço, só aumentam o quadro e causam a cada dia mais prejuízo para a pessoa.
366
ensinar a pessoa a lidar com eles. Podem também evitar que a pessoa desenvolva outros problemas
relacionados com sua experiência traumática, como depressão, ansiedade ou abuso de álcool ou
drogas.
Como prevenir o estresse pós-traumático?
Obter ajuda e apoio adequados podem impedir que as reações de estresse normais se agravem
e se transformem em estresse pós-traumático ou evitam que a pessoa use métodos pouco saudáveis de
enfrentamento.
Como evolui o estresse pós-traumático?
Após passar por um evento traumático, muitas pessoas têm sintomas de estresse pós-
traumático. No entanto, a maioria das pessoas expostas a traumas não desenvolve esse transtorno, em
longo prazo. Tudo dependerá da personalidade prévia do indivíduo.
368
muito estressante, podemos utilizar estratégias cognitivo-comportamentais, como pedir que o paciente
examine suas crenças irracionais e pensamentos, e com isso encontrar substitutos mais produtivos
para essas crenças. O processo terapêutico deve continuar por pelo menos seis meses.
376
uma reinserção da pessoa na sociedade, no seu ambiente familiar, no trabalho, escola e atividades que
realizavam regularmente. A fuga das situações que lembram o evento e a evitação dessas situações a
qualquer preço, só agravam o quadro e acarretam a cada dia mais prejuízo para a pessoa.
379
ensinar a pessoa a lidar com eles. Podem também evitar que a pessoa desenvolva outros problemas
relacionados com sua experiência traumática, como depressão, ansiedade ou abuso de álcool ou
drogas.
Como prevenir o estresse pós-traumático?
Obter ajuda e apoio oportunos podem impedir que as reações de estresse normais se agravem
e se transformem em estresse pós-traumático ou evitam que a pessoa use métodos pouco saudáveis de
enfrentamento.
Como evolui o estresse pós-traumático?
Após passar por um evento traumático, muitas pessoas têm sintomas de estresse pós-
traumático. No entanto, a maioria das pessoas expostas a traumas não desenvolve esse transtorno, em
longo prazo. Tudo dependerá da personalidade prévia do indivíduo.
381
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental tem apresentado resultados no tratamento do TEPT. O
tratamento farmacológico também pode colaborar no tratamento, sendo caracterizado pela associação
de medicamentos antidepressivos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina e ansiolíticos.
O transtorno de estresse pós-traumático, quando não tratado, pode resultar em depressão e
síndrome do pânico. Então, o quanto precoce for o diagnóstico, mais promissores serão os resultados
do tratamento.
389
fuga das situações que lembram o evento e a evitação dessas situações a qualquer preço, só agravam o
quadro e acarretam a cada dia mais prejuízo para a pessoa.
395
relacionados com sua experiência traumática, como depressão, ansiedade ou abuso de álcool ou
drogas.
Como prevenir o estresse pós-traumático?
Obter ajuda e apoio oportunos podem impedir que as reações de estresse normais se agravem
e se transformem em estresse pós-traumático ou evitam que a pessoa use métodos pouco saudáveis de
enfrentamento.
Como evolui o estresse pós-traumático?
Após passar por um evento traumático, muitas pessoas têm sintomas de estresse pós-
traumático. No entanto, a maioria das pessoas expostas a traumas não desenvolve esse transtorno, em
longo prazo. Tudo dependerá da personalidade prévia do indivíduo.
397
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental tem apresentado excelentes resultados no tratamento do
TEPT. O tratamento farmacológico também pode colaborar no tratamento, sendo caracterizado pela
associação de medicamentos antidepressivos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina e
ansiolíticos.
O transtorno de estresse pós-traumático, quando não tratado, pode resultar em depressão e
síndrome do pânico. Então, o quanto precoce for o diagnóstico, mais promissores serão os resultados
do tratamento.
405
mostrar muito estressante, podemos utilizar estratégias cognitivo-comportamentais, como pedir que o
paciente examine suas crenças irracionais e pensamentos, e com isso encontrar substitutos mais
produtivos para essas crenças. O processo terapêutico deve continuar por pelo menos seis meses.
409
O que é?
O transtorno de estresse pós-traumático acontece quando se vivencia um trauma emocional de
grande magnitude. Esses traumas incluem guerras, catástrofes naturais, agressão física, estupro e
sérios acidentes. As situações estão relacionadas a uma ameaça real ou possível à sua vida ou
integridade física e mental.
O transtorno de estresse pós-traumático engloba as seguintes características:
• Reviver o trauma através de sonhos e de pensamentos;
• Evitar persistentemente fatos, objetos ou quaisquer situações que lembrem o trauma;
• Medo de que a situação venha a se repetir;
• Sensações físicas de desconforto e ansiedade que podem ser desencadeados pela simples
recordação mental do trauma.
O que se sente?
A pessoa tem recordações com muita aflição, incluindo imagens ou pensamentos do trauma
vivenciado. Sonhos amedrontadores também podem ocorrer e o indivíduo pode agir ou sentir como se
o evento traumático estivesse ocorrendo de novo. Um grande sofrimento psicológico se desenvolve
quando surgem lembranças de algum aspecto do trauma. Há uma intensa necessidade de se evitar
sentimentos, pensamentos, conversas, pessoas ou lugares que ativem recordações do trauma. Também
pode ocorrer uma incapacidade de se recordar algum aspecto importante do trauma, uma dificuldade
em conciliar e manter o sono, irritabilidade ou surtos de raiva e baixa concentração.
Em crianças pequenas podem ocorrer jogos repetitivos com expressão de temas ou aspectos
do trauma, sonhos amedrontadores sem um conteúdo identificável e encenação específica do trauma.
Como se faz o diagnóstico?
O transtorno de estresse pós-traumático pode se desenvolver algum tempo após o trauma. O
intervalo pode ser breve como uma semana, ou longo como trinta anos. Os sintomas podem variar ao
longo do tempo e se intensificar durante períodos de estresse. As crianças e os idosos têm mais
possibilidade de desenvolver estresse pós-traumático do que as pessoas na meia idade. Por exemplo,
cerca de 80% das crianças que sofrem uma queimadura extensa mostra sintomas de transtorno de
estresse pós-traumático um a dois anos após o ferimento. Em vista disso, cabe ao médico uma ampla
investigação em relação aos sintomas do paciente para um correto diagnóstico.
Como se trata?
A pessoa deve procurar um psiquiatra que irá abordar o evento com técnicas de apoio e
encorajamento. A medicação muitas vezes se faz necessária para um alívio inicial e uma melhor
abordagem do quadro. Um apoio adicional para a família do paciente é indicado.
410
realizavam regularmente. A fuga das situações que lembram o evento e a evitação dessas situações a
qualquer preço, só agravam o quadro e acarretam a cada dia mais prejuízo para a pessoa.
412
ensinar a pessoa a lidar com eles. Podem também evitar que a pessoa desenvolva outros problemas
relacionados com sua experiência traumática, como depressão, ansiedade ou abuso de álcool ou
drogas.
Como prevenir o estresse pós-traumático?
Obter ajuda e apoio oportunos podem impedir que as reações de estresse normais se agravem
e se transformem em estresse pós-traumático ou evitam que a pessoa use métodos pouco saudáveis de
enfrentamento.
Como evolui o estresse pós-traumático?
Após passar por um evento traumático, muitas pessoas têm sintomas de estresse pós-
traumático. No entanto, a maioria das pessoas expostas a traumas não desenvolve esse transtorno, em
longo prazo. Tudo dependerá da personalidade prévia do indivíduo.
414
imediatamente desapareceu aquele pobre vestidinho remendado, sendo substituído por um riquíssimo
vestido de baile. Em seus pés apareceram lindos sapatinhos de cristais.
- Cinderela, disse a senhora. Vá e divirta-se, mas, preste atenção: quando o relógio der meia-
noite, volte para casa sem demora. Se não o fizer, os cavalos voltarão a ser ratos, os cocheiros,
camundongos, e a carruagem será novamente uma abóbora. Quanto ao seu lindo vestido, minha
querida, voltará a ter remendos. Preste atenção ao relógio. Não se esqueça!!!
- Não me esquecerei, prometeu Cinderela, mas, quem é a senhora?
- Sou sua fada madrinha. Lembre-se bem de tudo o que lhe disse.
- Lembrar-me-ei, prometeu a mocinha.
Antes que Cinderela pudesse lhe agradecer, a senhora desapareceu, como por encanto.
Quando a carruagem chegou ao palácio, os criados ficaram tão admirados, que os botões saltaram de
seus coletes apertados. Com os olhos arregalados, acompanhavam a linda moça, que saltou da
carruagem.
Quando ela entrou no salão, o príncipe, que dançava com uma duquesa, foi imediatamente ao
seu encontro e não dançou com mais ninguém. A música era tão agradável e o príncipe tão encantador
que, quando o relógio deu a primeira badalada da meia-noite, Cinderela não se apercebeu disso. Ao
bater a segunda, porém, ela teve a impressão de ver a fada num canto do salão. Lembrando-se, então,
de tudo, deu um grito abafado e saiu correndo. O príncipe, com grande espanto, viu-se sozinho no
meio do salão. Procurou em vão pela linda princesa com quem havia dançado.
Cinderela fugiu pelos corredores do palácio e precipitou correndo pelas escadarias que
levavam aos jardins justamente quando o relógio dava a última pancada da meia-noite. O príncipe
veio correndo atrás dela, mas não conseguiu alcançá-la. No fim das escadarias, encontrou apenas uma
pobre moça, chorando na escuridão. Seis ratos pretos iam correndo à procura de queijo, e dois
camundongos os seguiam. Uma abóbora grande rolava pela rampa das carruagens.
O príncipe olhou bem para todos os lados, mas não conseguiu ver a princesa. Muito triste,
começou a subir os degraus. De repente, seus olhos avistaram alguma coisa que brilhava como uma
joia. Ajoelhou-se e apanhou um sapatinho de cristal, tão pequeno que cabia na palma de sua mão.
Guardou-o no bolso, com muito carinho, na esperança de, por meio dele, encontrar a princesa. O
rapaz ficou tão desolado que não podia dormir nem comer. O Rei enviou mensageiros para todos os
lados do reino, à procura de uma moça, cujo pé fosse tão pequenino que coubesse naquele sapatinho.
No dia seguinte, Cinderela, novamente maltrapilha, pôs-se a fazer seu serviço. Seu
pensamento, entretanto, estava no príncipe. Suas irmãs estavam mais azedas do que nunca, e não
falavam noutra coisa, senão na estranha princesa que estivera no baile.
- Onde já se viu coisa igual? O príncipe não dançou conosco. O tempo todo só deu atenção
àquela estranha princesa. Dizem que ela é filha do imperador das Índias, disse uma das moças.
- Seu vestido era tecido com fio de diamantes, informou a segunda.
- Filha do imperador das Índias? perguntou Cinderela, curiosa.
- Trate de esfregar o chão. Que tem a ver você com a vida do príncipe? Vociferou a mais
velha.
Durante muitos dias, os emissários do Rei viajaram pelo país. Visitaram cidades grandes e
pequenas, aldeias e povoados. Em todas elas, as moças se alvoroçaram, ansiosas por casar com o
príncipe.
Finalmente, os mensageiros chegaram ao pequeno quarteirão onde Cinderela vivia com as
irmãs. Suas trombetas douradas brilhavam ao sol, anunciando: "Aquela que calçar o sapatinho, será a
esposa do príncipe". Moças de todos os tipos apresentaram-se, porém, o sapatinho não servia em
nenhuma. Afinal, chegaram à casa de Cinderela.
A irmã mais velha foi a primeira a aparecer, mas apenas seu dedo grande coube no sapato. A
segunda experimentou, mas o calcanhar ficou do lado de fora. Veio a terceira, mas só a metade do pé
entrou.
- Deixe-me experimentar, pediu Cinderela.
- Você, uma princesa! zombaram as irmãs. Rainha do borralho!!! Isso sim, caçoaram elas.
Enquanto elas riam, o chefe dos mensageiros ajoelhou-se à frente de Cinderela e calçou-lhe o
sapatinho que coube perfeitamente em seu pé
- A Senhora será a esposa do príncipe. Venha conosco, Sua Alteza.
418
Cinderela acompanhou-os ao palácio. Havia uma multidão na calçada para vê-la. Os homens
estavam apenas curiosos, mas as moças choravam de inveja.
O príncipe, quando a viu, não reparou nos remendos de seu vestido, nem nas manchas de
cinza que trazia nas faces. Viu apenas aquele rostinho tão querido que ele ansiava tanto rever. Por
ordem do Rei, foi anunciado que o casamento se realizaria no dia seguinte. A festa durou dez dias e
dez noites. As irmãs de Cinderela dançaram só com os empregados da estrebaria. Cinderela e o
príncipe formaram o casal mais feliz do mundo.
E o reino povoou-se de amor e alegria pela felicidade dos dois.
419
Os participantes ficam em fila e o primeiro diz uma mensagem, inventada por ele, no ouvido
do seguinte, o mais baixo possível.
O que ouviu a mensagem transmite para o próximo, o mais baixo possível.
Quando o último receber a mensagem, fica calado e ouve o primeiro dizer a frase original.
Então o último diz a que lhe chegou, depois de passar por todos os participantes.
424
Texto comparativo 6 – Como saber se a pessoa tem Parkinson e o que fazer para ajudar
Fonte: Texto simplificado de Locomoção de idosos com doença de Parkinson: sintomas e
tratamentos
Referência na dissertação: COMP 6
A doença de Parkinson afeta os movimentos das pessoas. Quem sofre da doença de Parkinson
pode ter tremores e lentidão nos movimentos, ficar com os músculos e as articulações endurecidos, se
desequilibrar com mais frequência e apresentar problemas na fala e na escrita.
Ainda não se sabe bem as causas da doença de Parkinson. Mas os especialistas dizem que
elas têm a ver com a presença ou ausência de dopamina. E o que é dopamina? Dopamina é uma
substância produzida por células do cérebro com a função de levar as correntes nervosas ao corpo. Se
faltar dopamina, as correntes nervosas não acontecem. Se as correntes nervosas não acontecem, os
movimentos ficam prejudicados ou podem aparecer outros sinais, como colocamos antes.
Um dos maiores problemas para quem tem a doença de Parkinson é a dificuldade para andar.
Muitas vezes, os movimentos para a caminhada ficam mais demorados ou até diminuem. Algumas
vezes, a pessoa parece que congela, como se os pés estivessem grudados no chão. É muito comum
que as pessoas com Parkinson caiam quando caminham. Os especialistas dizem que isso acontece
porque o tamanho dos passos da pessoa com Parkinson fica menor. Como o tamanho do passo é
menor, ela tem que dar mais passos e ficar com os dois pés apoiados no chão por mais tempo, e isso
aumenta a chance de ela se desequilibrar e cair.
Exercícios de caminhada são muito bons para ajudar as pessoas com Parkinson. Você já ouviu
falar em caminhada nórdica? A caminhada nórdica é uma caminhada que se faz com o apoio de dois
bastões, como fazem os esquiadores na neve. Eles deslizam em cima dos esquis e contam com o apoio
de dois bastões. Essa caminhada tem o nome “nórdica” porque apareceu lá no norte da Europa, na
Finlândia. Na Alemanha é a onda do momento. Fez tanto sucesso que virou moda.
Os especialistas recomendam a caminhada nórdica para quem tem problemas nas articulações
dos joelhos, nos quadris e na coluna. Então, fica fácil concluir que a caminha nórdica também ajuda a
quem sofre de Parkinson, porque a pessoa, além de exercitar as pernas, tem que segurar os bastões e
se apoiar neles. Desse jeito, ela tem menos chance de cair, mexe mais com os braços e com a
musculatura do tórax.
425