Semântica Introdução
Semântica Introdução
Semântica Introdução
Linguística IV
Sara Ribeiro
sara.ribeiro@uerj.br
• Há mais nomes contáveis (que nomeiam unidades discretas, como ‘janela’, ‘aluno’) ou de
massa (que nomeiam substância, como ‘água’, ‘vidro’)?
• O que isso nos diz sobre a natureza da língua, e sobre a noção dos sábios de Gulliver?
• Como haveria de ser a tradução de uma língua para a outra, se os sábios tivessem razão?
Para tentar...
• Tente fazer um texto só com as palavras de sua lista.
• É possível?
Não é tão simples assim...
• Há dois pontos cruciais aqui:
X E !
N T A
e S I
1. Nem toda palavra nomeia um objeto no mundo.
sso d
Considere palavras como ‘se’, em ‘ele se chama Gulliver’, ou ‘que’, em
s
‘o aluno que passou de ano’.
o i
a m a m
2. A C h
língua não é uma mera coleção de palavras. Ela tem estrutura,
uma armação invisível, regras combinatórias que não podem ser
desobedecidas.
Professora Ana Paula Quadros Gomes _ 2017-2 _ anpola@gmail.com
decidas.
podem Aser
issodesobedecidas.
SINTAXE chamamos sintaxe. Ochamamos
importa...
A isso significado sintaxe.
de uma O língua depende
significado de da
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língua da interpretd
depende
podem ser desobedecidas. A isso chamamos sintaxe. O significado de uma língua depende da sin
ados.
de Uma
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objetos estruturados.
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Uma
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conforme
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estrutura palavras,
(ii):
(ii): na mesma sequência, podem receber mais de u
corresponder a estruturas diferentes, ganhando interpretações distintas:
ção, conforme seja sua estrutura (ii):
(ii) a. João
(ii) a.enviou (ii)
(ii)a.a.
para
João enviou
(c) João
Maria
JoãoJoão
para enviou
aenviou
Maria foto
enviou para
de Maria
Salvador.
para
a para
foto Maria
deMaria aa foto
Salvador. de de
a foto
foto Salvador.
Salvador.
de Salvador.
=(para
= enviou de Salvador
= enviou =enviou
de Salvador cá)dede
(para
enviou Salvador
acá)
foto
a foto
Salvador (para
(do(do
Rio)? cá) a foto (do Rio)?
Rio)?
(para cá) a foto (do Rio)?
= enviou deou ou (para cá) a foto ou(do Rio)? ou
Salvador ou
= enviou
= enviou (de
(de Brasília =para
= enviouenviou
Brasília
(de para
cá) (de
acá) Brasília
foto
Brasília a foto
parade a para
de decá)
Salvador?
cá)Salvador?
foto a foto de Salvador?
Salvador?
= enviou (de Brasília para cá) a foto de Salvador?
Então a semântica está imbrincada com a sintaxe?
• Esses objetos terão tamanhos diferentes, como ‘a foto’ (sem ambiguidade), ‘a foto
de Salvador’ (com duas interpretações: numa Salvador é o ponto de partida da
remessa, noutra é o tema da foto), ou ‘João enviou para Maria a foto de Salvador’
(com a mesma ambiguidade já apontada) etc.
Semântica lexical
É a mesma coisa?
• O verbo ‘dormir’ pede um único argumento, realizado por ‘ideais verdes incolores’. E
recebe um advérbio de maneira, ‘furiosamente’ numa posição possível na língua para
ele. O sujeito é formado de um nome (substantivo), ‘ideias’, seguido de dois
modificadores (adjetivos), o que também é uma boa formação na língua. A
concordância de gênero e número foi realizada entre o núcleo nominal e os
modificadores, assim como a concordância de pessoa e número entre o sujeito e o
verbo. A formação morfológica dos vocábulos seguiu todas as regras. A flexão foi
afixada ao verbo após a raiz, por exemplo.
Por que “Ideias verdes incolores dormem
furiosamente.” é “estranha”?
Ela desrespeita a seleção semântica!
• (2) faz menos sentido que (1): é improcessável, por não seguir as regras
sintáticas, embora a seleção semântica não tenha sido desrespeitada em
nenhum ponto.
• É mais fácil compreender sentenças sintaticamente bem formadas, mas
semanticamente falhas (as tais anomalias semânticas)?
Ando muito completo de vazios. Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
Meu órgão de morrer me predomina. a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
Estou sem eternidades. b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer
Não posso mais saber quando amanheço ontem. c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm
Está rengo de mim o amanhecer. devoção por túmulos
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha. d) Se o homem que toca de tarde sua existência num
Atrás do ocaso fervem os insetos. fagote, tem salvação
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais
destino. ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
Essas coisas me mudam para cisco. f) Como pegar na voz de um peixe
A minha independência tem algemas g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.
Existem significados que não dependem da
sintaxe?
• Sim.
Dita pela mulher ao marido, durante uma discussão, após ele ter dito que não
sabe como consegue conviver com ela.
• ambiguidade sintática
• ambiguidade de escopo
• ambiguidade situacional
• ambiguidade semântica
(1) Tá chovendo.
A Maria mais que depressa sai correndo para tirar a roupa do varal, dizendo:
• John Austin: a linguagem não tem uma função descritiva, mas uma função de agir.
Ao falar, o homem realiza atos.
• Paul Grice: a linguagem natural comunica maiso que aquilo que se significa num
enunciado, pois quando se fala, comunicamse também conteúdos implícitos.
Teorias da Pragmática
• Teoria dos Atos de Fala (J.L. Austin)