A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar: Coleção Vianninha Digital
A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar: Coleção Vianninha Digital
A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar: Coleção Vianninha Digital
Volume 3
A Mais-Valia Vai
Acabar, Seu Edgar
Oduvaldo Vianna Filho
Coleção Vianninha Digital
Volume 3:
A Mais-Valia vai acabar, seu Edgar
VIANNA FILHO, Oduvaldo, 1936-1974.
Fonte
Digitalização do acervo particular de Maria Lúcia Vianna.
Diagramação adaptada aos formatos de eBook disponíveis.
PERSONAGENS
AVÓ FEIRANTE 3
BARBEIRO 1 FEIRANTE 4
BARBEIRO 2 FEIRANTE 5
CAPITALISTA 1 (PAI) FEIRANTE 6
CAPITALISTA 2 FEIRANTE 7
(MOCINHO) FEIRANTE 8
CAPITALISTA 3 GAGO
(CAPANGA)
INGÊNUA SUICIDA
DESGRAÇADO 1
MOCINHA
DESGRAÇADO 2 (FELIZ)
MOSQUETEIRO
DESGRAÇAO 3
MULHER GENIAL
DESGRAÇADO 4
ECONOMISTA 1 PANCRÁCIA ACÁCIA
ECONOMISTA 2 PANCRÁCIO ACÁCIO
ECONOMISTA 3 PORTEIRO DA FEIRA
ECONOMISTA 4 SECRETÁRIA
ENFERMEIRA VENDEDOR DE SUICÍDIOS
FEIRANTE 1 VENDEDOR VELOSTEC
FEIRANTE 2 VOCALISTA VELOSTEC
1ª Montagem
FICHA TÉCNICA
ESTRÉIA: 1960. Teatro de Arena da Faculdade Nacional
de Arquitetura – RJ
ALBERTO REIS
Vendedor de Suicídios, Economista 4, Feirante 2
ALLAN VIANNA
Desgraçado 1
ANGELO ANTONIO
Mosqueteiro
ARTHUR MAIA FILHO
Capitalista 1 (Pai), Barbeiro 1, Economista 2
HELENO PRESTES
Capitalista 2 (Mocinho), Economista 3, Feirante 7, Vocalista
Velostec
IGNES MAIA
Pancrácia Acácia, Vocalista Velostec, Feirante 5, Enfermeira
JOEL GHIVELDER
Desgraçado 3, Barbeiro 2, Porteiro da Feira
KLEBER SANTOS
Vocalista Velostec, Feirante 4
MARILIA MARTINS
Mocinha, Enfermeira, Vocalista Velostec, Feirante 1
MAURO MARTINS RIBEIRO
Capitalista 3 (Capanga), Feirante 6
MOYSÉS GHIVELDER
Desgraçado 2 (Feliz), Vendedor Velostec, Economista 1
PAULO HIME
Desgraçado 4
PEDRO CAMARGO
Pancrácio Acácio, Gago, Feirante 8
SYLVIA GRANVILLE
Ingênua suicida, Enfermeira
VERA DE SANT’ANNA
Direção
FRANCISCO DE ASSIS
Produção
LEBER SANTOS e MOYSÉS GHIVELDER
CENÁRIOS
Concepção Geral e Estrutura KLEBER SANTOS
Telões ROBERTO SCORZELLI
Elementos de Cena MARCELO MONTEIRO
Execução EQUIPE DA F.N.A.
FILMES
Seleção e Montagem LEON HIRSZMAN
APRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA
Concepção FRANCISCO MAURO
Desenho ROBERTOSCORZELLI
Camera FERNANDO DRUMOND
MÚSICA
Composição CARLOS LYRA
Direção Musical ALLAN VIANNA
Intrumentistas ANGELO, CLÓVIS, EDGAR
ILUMINAÇÃO
JORGE LEVI (do T.I.B.) e RAFAEL MÁRIO
Técnica PAULO HIME
D a necessidade de completar nossa existência fora de nós em composição
com o mundo exterior surge a necessidade de inteligi-lo. Esta unidade é possível
pelas relações estabelecidas através dos sentidos. Os sentidos, porém, não vão além
do nosso testemunho individual, presente e imediato dos fenômenos. Ninguém
vê a história, a mais-valia. Os vácuos e os vazios que esta condição nos impõe
só poderão ser preenchidos pelo conhecimento; pela abstração e normatização de
nossas experiências. É o conhecimento que historicamente permite a invenção de
objetos unicamente sensíveis que armam nossos sentidos de experiências que nossa
presença e nossa contingência jamais poderiam obter. O artista colabora na criação
de condições para a intervenção humana sobre a realidade. A dialética que nos
compõe como seres integrantes mas, ao mesmo tempo, como seres que precisam
intervir sobre a realidade para subsistir, para satisfazer nossas necessidades, exige o
conhecimento que permite e se enriquece com a arte.
O artista cria um objeto sensível porque como indivíduo é prisioneiro de sua
individualidade na observação dos fenômenos mas, como ser social, é capaz de
coordenar suas experiências extraindo significados e sentimentos que referem nossa
existência e ação. O artista se dirige à consciência social formulando experiências
que coordenarão e desenvolverão o conhecimento que esta consciência social possui
do ser social. A comunicação na obra de arte é condição primeira porque o artista
organiza seu material sensível como objeto de si mesmo. Sua subjetivação só se
coordena e amplia quando transposta para um objetivo fora de si. Os instrumentos
que possui para esta auto-organização são também os sentidos.
Esta projeção que realiza nossa individualidade na obra de arte, porém, é
condicionada pela existência necessária de realizações entre os homens que
independem de nossa vontade e configuram historicamente essa individualidade
que percebe fenômenos segundo condições sociais determinadas. A participação
do indivíduo, inevitável, dentro do ser social poderá não corresponder aos valores
que extrai de sua experiência como representante da consciência social.
O teatro realista é a expressão típica de um pensamento que historicamente já
não pode surpreender as experiências mais fundas da nossa condição caracterizada
pela aguda decadência capitalista. O realismo hoje se acomodou; perdeu qualquer
correspondência cultural mais intensa com as novas propostas que surgem, que
se configura com a nova consciência; e retarda e dificulta o acesso do homem
aos valores que se aposse do seu destino. A forma realista expressa que não
consegue levar à consciência social o instrumento com o qual poderá verificar seu
condicionamento, seu movimento histórico, sua alienação, para poder modificar as
relações que se estabelecem independente de nossa vontade e que necessariamente