2 Bioquimica

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MÓDULO 02 – BIOQUÍMICA

SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS........................................................................................... 04
ÁGUA....................................................................................................................................... 04
A água como solvente ............................................................................................................... 05
A água nas reações químicas.................................................................................................... 06
A água como moderador de temperatura.................................................................................. 06
Adesão e coesão........................................................................................................................ 07
Substâncias inorgânicas: SAIS MINERAIS............................................................................. 08
Substâncias orgânicas: CARBOIDRATOS.............................................................................. 10
FUNÇÕES DOS CARBOIDRATOS: energética e estrutural.................................................. 11
CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS: podem ser monossacarídeos, 11
oligossacarídeos e polissacarídeos............................................................................................
Substâncias orgânicas: LIPÍDIOS........................................................................................... 14
GLICERÍDEOS......................................................................................................................... 15
ESTEROIDES........................................................................................................................... 17
FOSFOLIPÍDIOS...................................................................................................................... 18
CAROTENOIDES.................................................................................................................... 19
Substâncias orgânicas: PROTEÍNAS....................................................................................... 20
Aminoácidos.............................................................................................................................. 20
Estruturas das proteínas............................................................................................................. 23
Enzimas..................................................................................................................................... 25
Classificação das enzimas......................................................................................................... 27
Compostos orgânicos: ÁCIDOS NUCLEICOS........................................................................ 27
Vamos falar um pouco mais sobre o DNA............................................................................... 29
Vamos falar um pouco mais sobre o RNA................................................................................ 31
A Duplicação do DNA.............................................................................................................. 32
Relação DNA x Gene x Cromossomo....................................................................................... 34
Compostos orgânicos: VITAMINAS........................................................................................ 35
Vitaminas hidrossolúveis.......................................................................................................... 35
Vitaminas lipossolúveis............................................................................................................. 37

No módulo anterior começamos a estudar a Ciência da Vida. Analisamos os aspectos


importantes para o estudo da biologia, entre eles a origem da vida na Terra. Vimos também que
para ser considerado um ser vivo o organismo deve ser constituído de pelo menos uma célula. É o
que vamos estudar nos próximos módulos: o universo celular. Para isso, precisamos conhecer
primeiramente a bioquímica.

A bioquímica é a área da biologia que se dedica ao estudo da química da vida. Ou seja, é ela
que nos permitirá identificar e classificar moléculas, reconhecer a importância de cada uma delas
para os seres vivos e compreender as transformações químicas que acontecem nas reações
metabólicas dos seres vivos.

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As substâncias que são encontradas nos seres vivos podem ser classificadas em dois grandes
grupos: Inorgânicas e Orgânicas. As inorgânicas são aquelas que em suas moléculas não
apresentam o carbono como principal elemento químico. Nas substâncias orgânicas o carbono (C)
aparece como principal elemento químico, acompanhado do hidrogênio (H), oxigênio (O),
nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S). Sendo que os dois últimos elementos químicos não
aparecem em todas as moléculas orgânicas.

Veja na tabela a seguir, exemplos de substâncias inorgânicas e orgânicas:

Os seres vivos apresentam quantidades diferentes de substâncias orgânicas e inorgânicas em


seus corpos. Os seres humanos apresentam, quando recém nascidos, cerca de 74% de água no seu
corpo, e quando adultos por volta de 65%. Já uma água-viva apresenta 98% de água no seu corpo.

Para as outras substâncias a quantidade também varia de um organismo para outro, mas
podemos considerar as porcentagens médias que estão abaixo:

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SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS

ÁGUA
A água é a substância mais abundante no planeta Terra e nos seres vivos. A vida como
conhecemos depende da água. Lembre-se que quando os astrônomos analisam a possibilidade de
vida em outro planeta, a primeira coisa que eles tentam descobrir é se existe água no planeta em
estudo. Não se acredita em vida sem essa molécula. Para ter uma ideia, seu corpo é
aproximadamente 65% de água! Isso quer dizer que um humano que pesa 100 kg terá 65 kg de água
no seu corpo.

A água apresenta características específicas que são importantes para que processos
biológicos aconteçam. Veja quais são:

1. Os hidrogênios se ligam ao oxigênio por uma ligação covalente. A ligação covalente ocorre
quando dois átomos compartilham um ou mais pares de elétrons.
2. A água é uma molécula polar.

3. Veja que os átomos de hidrogênio estão em um


ângulo de 104,5°, isso faz com que a molécula da água
estabeleça uma zona positiva (onde estão os hidrogênios)
e uma negativa (onde está o oxigênio), por isso é
chamada de polar (polos com cargas diferentes).
Moléculas que não possuem essas zonas, são chamadas
de apolares, é o caso da maioria dos lipídios.

4. Moléculas de água se unem por ligações de


hidrogênio. A água, por possuir diferentes cargas em
polos opostos, tende a se unir a outras moléculas de
água, de modo que o H com carga positiva se liga ao O,
com carga negativa. Essa ligação recebe o nome ligação
de hidrogênio. As moléculas da água, portanto, ficam
fortemente unidas.

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No estado líquido, as pontes de hidrogênio se rompem e se refazem constantemente, o que
dá fluidez à água. No estado sólido (gelo), devido à baixa temperatura, as moléculas se movem
menos e as pontes de hidrogênio são mais estáveis, formando uma estrutura cristalina.

Essas três características citadas, como já afirmado, é que tornam esta substância tão
importante para os seres vivos e permitem que ela atue como solvente, participe de reações
químicas, contribua para o controle de temperatura e permite a circulação de seiva no interior das
plantas ou a permanência de insetos na superfície de um corpo d'água.

A água como solvente


Para que ocorra o transporte de substâncias e reações químicas é necessário que as
moléculas participantes estejam dissolvidas em um meio líquido. A água é um excelente solvente,
pois é capaz de dissolver muitas moléculas como sais, gases, açúcares, proteínas, ácidos nucléicos
entre outros.

Alguns materiais ou questões podem dizer que a água é um solvente universal pela sua
capacidade de dissolver muitas substâncias. Porém este nome não está completamente correto, já
que há substâncias (como óleos e gorduras) que não se dissolvem na água. A capacidade de
dissolver ou não uma substância está associada a sua polaridade. Por ser polar é ótima para
dissolver outras moléculas polares e íons. Já moléculas apolares, como os óleos e gorduras, não tem
afinidade pela água e por isso não se dissolvem nela.

Segundo a química, dissolver é separar. Imagine que você tem um copo de água e adiciona
uma colher de açúcar, a água irá se posicionar entre as moléculas de açúcar e por isso ele se
dissolve. Neste caso a água é o solvente e o açúcar o soluto.

Te liga que dissolver, do ponto de vista químico é “separar”, ou seja, a água intromete-se
entre as moléculas da outra substância, fazendo a separação delas e formando uma mistura
homogênea.

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As substâncias que possuem moléculas que têm afinidade com a água, dissolvendo-se nela,
são chamadas de hidrofílicas (moléculas polares). As que não se dissolvem são hidrofóbicas
(moléculas apolares), como exemplo os lipídios, a água não se mistura com o óleo.

A água nas reações químicas


Reações químicas são processos que
envolvem a transformação de uma ou mais
substâncias (reagentes) em moléculas de outras
substâncias (produtos). Esses processos ocorrem
a todo o momento nos seres vivos e são essenciais
para a manutenção da vida. Há reações químicas
em que a água é o reagente, em outras é o
produto.

No exemplo ao lado, observamos duas


reações químicas que acontecem com a participação da água. A reação indicada pela seta verde é
uma reação de síntese por desidratação. Nela observamos a formação de uma ligação química
entre dois aminoácidos e a liberação de uma molécula de água, esta é a reação química que permite
a formação das proteínas. Neste caso, a água é um produto da reação.

A reação indicada pela seta azul é uma reação de hidrólise, a água participa como reagente
e há a quebra da proteína. A ligação formada entre os aminoácidos se desfaz, essa reação é que
permite, por exemplo, a digestão das proteínas que ingerimos na nossa alimentação.

A água como moderador de temperatura


O controle da temperatura nos seres vivos depende de mecanismos biológicos e químicos
que são complementares. A água contribuirá para que a temperatura dos organismos se mantenha
relativamente estável e não alcance valores extremos, o que pode prejudicar o metabolismo e a
manutenção da vida.

A propriedade química que permite o controle da temperatura é o alto calor específico da


água. Esta característica química da água diz respeito a quantidade de calor necessário para elevar
em 1°C a temperatura de 1g de determinada substância. Quanto maior o calor necessário para isso,
maior será o calor específico da substância. No caso da água este número é de 1. Ou seja, para que
uma grama de água tenha sua temperatura elevada em 1ºC uma caloria é necessária. No caso do
álcool esse número é de 0.58, por isso se em uma mão colocarmos álcool líquido e na outra água,
vamos perceber que a mão com álcool fica seca antes da mão com água.

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Outra propriedade química que contribui para o controle da temperatura é o calor de
vaporização. Este índice, para a água, é de 540 cal/g. É necessária uma quantidade grande de calor
para a água evaporar (pois só assim ocorre a quebra das ligações entre as moléculas de água) e por
isso o ato de suar é efetivo para a redução da nossa temperatura corporal. O suor é formado
principalmente por água, quando ele se acumula na nossa pele usa o calor do corpo para evaporar e
assim a nossa temperatura se mantém estável.

Para congelar, a água precisa estar a temperatura de 0°, o que é muito importante: imagine
se a água congelasse a 15°C! Como seria a vida na Terra? Além disso, ao congelar a água expande
e fica menos densa, o que permite o gelo flutuar. Graças a essa propriedade, existe vida em
ambientes aquáticos onde a água congela na superfície, mas não abaixo dela.

Adesão e coesão
A forte atração entre as moléculas da água pelas pontes de hidrogênio é chamada de coesão,
o que gera a tensão superficial e permite insetos andarem sobre a água, ou a formação de gotas, por
exemplo.

As moléculas de água tendem a se unir à


superfície com moléculas polares, fenômeno
conhecido por adesão. Devido a essa propriedade a
água se espalha facilmente em algodão ou folhas de
papel, ou ainda sobe por finos tubos, é a chamada
capilaridade. Se o tubo for fino e contiver as
paredes com moléculas polares (hidrofílicas) a água
pode atingir grandes alturas, é assim que as plantas
carregam água das raízes até as folhas.

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Já caiu na UNESP 2020

Um coqueiro (Cocos nucifera) pode atingir até 30 metros de altura e produzir até 80 frutos por ano.
Cada fruto, ainda verde, tem em média 289 mL de água, na qual estão dissolvidos açúcares e sais
minerais.

Por analogia, os frutos de um coqueiro assemelham-se à caixa d’água de uma residência. Em ambos
os casos, a água obtida ao nível do solo é armazenada, em grande quantidade, metros acima do nível
desse solo.

Para que a água ascenda à caixa d’água e à copa do coqueiro, é necessário que:
a) ao nível do solo, haja no cano e no floema uma impulsão da coluna de água, elevando-a até
a extremidade oposta desses sistemas condutores.
b) metros acima do nível do solo, haja no cano e no xilema uma sucção da coluna de água,
elevando-a desde o nível do solo.
c) metros acima do nível do solo, haja no cano e no floema uma sucção da coluna de água,
elevando-a desde o nível do solo.
d) ao nível do solo, haja no cano uma impulsão da coluna de água e, metros acima do nível do
solo, haja no xilema uma sucção da coluna de água, elevando-as desde o nível do solo.
e) ao nível do solo, haja no cano e no xilema uma impulsão da coluna de água, elevando-a até a
extremidade oposta desses sistemas condutores.

Resolução comentada.
Para que a água suba é preciso que uma bomba gera um impulso que move a coluna de água
no cano, ao nível do solo. Já no coqueiro, a subida de água pelos vasos do xilema ocorre por sucção
da coluna de água, metros acima do nível do solo. A absorção de água se dá por osmose na região
pilífera das raízes.

Substâncias inorgânicas: SAIS MINERAIS.


Os sais minerais são substâncias inorgânicas das quais muitas são fundamentais para os
seres vivos. Apresentam variadas funções, entre elas, podem participar como constituintes de
estruturas do esqueleto, como o fosfato de cálcio presente nos ossos e nos dentes (quando
insolúveis). Podem também estar dissolvidos em água em forma de íons (quando solúveis), que são
partículas com carga negativa ou positiva.

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Os íons são fundamentais para o bom funcionamento das células. Veja na tabela a seguir
alguns dos principais íons, sua função e os alimentos em que podem ser encontrados. Os íons
destacados em azul são os mais importantes para você lembrar na hora do ENEM ou Vestibular.

Íons Principal Função Fonte

Cálcio - Formação dos ossos e dentes Vegetais, leite e laticínios


- Coagulação sanguínea
- Funcionamento dos
músculos e nervos

Cloro - Importante no balanço de Sal de cozinha


líquidos do corpo
- Componente do líquido
extracelular
Cobalto - Componente da vitamina Carnes e laticínios
B12
- Essencial para as hemácias
Cobre - Componente de muitas Fígado, ovos, peixe, trigo integral
enzimas e feijão
- Essencial para síntese de
hemoglobina
Cromo - Importante no metabolismo Carne e cereais integrais
energético

Ferro - Componente da Carne vermelha e branca, fígado,


hemoglobina e mioglobina gema do ovo, legumes e vegetais
(carrega O2) e enzimas verdes
respiratórias
- Afinidade com gases
(oxigênio)
- Fundamental para respiração
celular

Flúor - Componente de ossos e Peixes e água fluorada


dentes
Fósforo - Formação e manutenção de Leite e laticínios, cereais e carne
ossos e dentes
- Componente do ATP
(molécula energética)
- Componente dos ácidos
nucleicos

Iodo - Componente de hormônios Sal de cozinha, frutos do mar e


- Importante para o bom laticínio
funcionamento da glândula
tireoide

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- A falta pode causar o bócio.
Bizu: Uma lei obriga o sal de
cozinha vir com iodo, por isso
é “sal iodado”

Manganês - Contribui para utilização da Cereais integrais, vegetais verdes


glicose e para o fornecimento e gema de ovo
de energia
Molibdênio - Importante para o Leite, legumes e cereais
funcionamento de algumas
enzimas

Potássio - Importante para contração Muitas frutas, leite e carne


muscular e atividade dos
nervos
- Regulador da pressão
sanguínea

Sódio - Principal cátion no meio Sal de cozinha, carne, peixe, ovos


extracelular e as algas
- Importante no equilíbrio de
líquidos do corpo
- Essencial para a propagação
do impulso nervoso (assim
como o potássio)
- O excesso pode causar
hipertensão arterial!

Zinco - Componente de muitas Carnes, fígado, ovos, cereais


enzimas, especialmente nas
envolvidas com a digestão

Os íons que são necessários para nosso organismo em quantidades superiores a 100
mg/dia são chamados de macronutrientes minerais (ou macroelementos), como exemplo do
cálcio, fósforo, enxofre, potássio, sódio cloro e magnésio. Outros íons são necessários em
quantidades abaixo dos 20 mg/dia e, portanto, são chamados de micronutrientes minerais (ou
microelementos), por exemplo os íons de ferro e zinco.

Substâncias orgânicas: CARBOIDRATOS.

Estas moléculas orgânicas também são conhecidas por glicídios, açúcares, sacarídeos ou
hidratos de carbono. A sua composição química, apresenta átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e
oxigênio (O), mas alguns podem possuir também nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S).

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Os carboidratos são encontrados no pão, nas massas, na batata, em frutas, no leite e outros
alimentos. São chamados de alimentos energéticos, nome que faz referência a principal função
destas substâncias.

FUNÇÕES DOS CARBOIDRATOS: energética e estrutural.


Os carboidratos energéticos são obtidos pelos seres heterotróficos (que não produzem seu
próprio alimento) através dos alimentos que ingerem. Os autotróficos produzem seus carboidratos
energéticos por processos químicos que os formam, como por exemplo a fotossíntese ou a
quimiossíntese. Mais adiante estudaremos estes processos detalhadamente.

Os carboidratos estruturais são aqueles encontrados compondo a estrutura dos seres vivos
microscopicamente e macroscopicamente. Por exemplo a celulose, que forma a parede celular ou a
quitina que forma o exoesqueleto de insetos.

CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS:


podem ser monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

Monossacarídeos:

São os açúcares simples formados por apenas uma molécula. Cada molécula possui de 3 até
7 átomos de carbono.

Fórmula geral dos monossacarídeos: CnH2nOn

Perceba que o “n” pode variar entre 3 e 7, que são os números possíveis de carbono. Caso o
“n” seja igual a 3 a molécula terá a seguinte constituição: C 3H6O3 (o 2n significa que o “n” está
sendo multiplicado por 2).

Entre os monossacarídeos temos:

- Trioses: moléculas com 3 carbonos;


- Tetroses: moléculas com 4 carbonos;
- Pentoses: moléculas com 5 carbonos;
- Hexose: moléculas com 6 carbonos;
- Heptose: moléculas com 7 carbonos.

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Os monossacarídeos mais importantes são as hexoses: glicose, frutose e galactose. São
açúcares com função energética. A glicose é extraída diretamente do pão, da batata e do arroz, por
exemplo, a partir da digestão do amido. A frutose é encontrada nas frutas e é muito doce, a
galactose é encontrada no leite. Nosso corpo converte frutose e galactose em glicose, para que possa
utilizar na respiração celular.

As pentoses também são importantes, como por exemplo desoxirribose e ribose. Açúcares
que fazem parte do DNA e RNA respectivamente e, portanto, tem função estrutural.

Oligossacarídeos:

São os carboidratos que têm de 2 a 10 moléculas de monossacarídeos. Eles se ligam pela chamada
ligação glicosídica, que é uma síntese por desidratação e, portanto, libera uma molécula de água
(reveja a água nas reações químicas). Para que dois carboidratos se liguem, acontece uma reação de
desidratação.

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Os oligossacarídeos podem ser classificados da seguinte maneira:

- Dissacarídeos: formados pela ligação entre dois açúcares simples


- Trissacarídeos: formados pela união de 3 açúcares simples. A rafinose é um trissacarídeo
composto por galactose, frutose e glicose. Nos alimentos que ingerimos ela está presente no
feijão, repolho, brócolis, grãos integrais e outras hortaliças.
- Tetrassacarídeos: formados pela união de 4 açúcares simples. Um exemplo, presente em
nossa alimentação é a estaquiose, formada por duas moléculas de galactose, uma de frutose
e uma glicose. Encontrada na soja (e em outras leguminosas) em grandes quantidades, é de
difícil digestão e pode causar gases.

Polissacarídeos:

São carboidratos formados por mais de 10 moléculas de açúcares, podendo conter milhões!
O mais conhecido é o amido, formado pela união de milhares de glicose. Ele é a substância de
reserva das plantas, ou seja, é como as plantas armazenam energia. Quando comemos batata, por
exemplo, estamos ingerindo amido. Nosso corpo faz a digestão (falaremos sobre isso na fisiologia)
e quebra o amido em maltose (dissacarídeo), que por sua vez é quebrado em glicose
(monossacarídeo) para ser utilizado na respiração celular.

Assim como as plantas, os animais também são capazes de estocar temporariamente glicose.
E fazem isso na forma de glicogênio nas células do fígado ou nos músculos esqueléticos. Se após
um período de tempo essa reversa não é utilizada ela é transformada em gordura que será
armazenada nos adipócitos (células adiposas).

Nos seres vivos há outros polissacarídeos que também são importantes:

- Celulose: mais abundante na natureza, constituem a parede celular das células das plantas (função
estrutural) e é utilizado na produção de papel.

- Quitina: parede celular dos fungos e exoesqueleto dos artrópodes (evitando assim a desidratação
desses animais) (função estrutural).

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Substâncias orgânicas: LIPÍDEOS.

Os lipídeos são substâncias orgânicas insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos,


como por exemplo o éter ou a acetona. Isso está associado à polaridade das moléculas. A água é
polar, enquanto que os lipídeos são apolares. E vale a gente lembrar da regra química de que
solvente dissolve semelhante, ou seja, os lipídeos são solúveis em substâncias apolares.

Imagine um prato engordurado, se você tentar limpá-lo apenas com água não terá sucesso.
Por isso usamos detergente, para conseguir solubilizar as moléculas de lipídio em água e assim
remover a gordura.

Na imagem acima você pode compreender o mecanismo de ação do sabão. A sua estrutura
molecular tem uma parte polar e uma parte apolar. A parte polar irá interagir com as moléculas de
água, enquanto que a parte apolar irá interagir com as moléculas de gordura. Assim se formam as
micelas que permitem a eliminação da gordura naquele prato sujo que comentamos anteriormente.
Essa função detergente também é importante no processo digestivo que acontece no nosso corpo.
As moléculas de gordura são solubilizadas em água pela ação da bile.

Essas moléculas orgânicas são essenciais para a existência de vida, participam da formação
da membrana plasmática das células (fosfolipídios), são reserva de energia, isolantes térmicos e
essenciais para a produção de hormônios. E podem ser classificadas em:

● Glicerídeos
● Esteroides
● Fosfolipídios
● Cerídeos (ceras)
● Carotenoides

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A seguir veremos cada um dos tipos de lipídeos e suas principais características.

GLICERÍDEOS

Poderíamos citar diversos exemplos de glicerídeos, mas vamos focar nossa atenção no
triglicerídeo. Esta molécula apresenta algumas funções no corpo: armazenar energia, isolante
térmico e proteção mecânica.
O isolamento térmico e a proteção mecânica estão associados ao acúmulo de triglicerídeos
no corpo em locais específicos, como por exemplo no abdômen. Estas moléculas não são boas
condutoras de calor, por isso contribuem para o isolamento térmico, a perda de calor é reduzida. A
proteção mecânica está ligada à absorção de impactos que chegam aos nossos órgãos com força
reduzida. Outro local do nosso corpo em que isso acontece é nos coxins das solas do pé.
O armazenamento de energia está ligado a quantidade de energia que uma molécula de
triglicerídeo é capaz de armazenar. Uma grama de gordura é capaz de armazenar energia
equivalente ao que está presente em duas gramas de carboidratos.
O triglicerídeo é uma molécula de glicerol (um álcool), ligada a 3 moléculas de ácido
graxo, por isso no nome TRIglicerídeo.
A ligação entre o glicerol e os ácidos graxos se dá por perda de água (reação de
desidratação) e a decomposição do triglicerídeo por hidrólise (se tiver dúvidas sobre leia a parte
sobre água do material). Embora seja necessária a água, deve haver também a ação de uma enzima,
a lipase, estudaremos essa parte no módulo de fisiologia.

Os triglicerídeos são representados pelos óleos e as gorduras, a seguir as características de cada um


deles:

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Ácidos graxos saturados x insaturados

Ao analisar a tabela acima com atenção conclui-se que uma das diferenças entre os óleos e
as gorduras é que as gorduras têm seus ácidos graxos saturados, ou seja, não existe ligação dupla
entre seus carbonos. Enquanto os óleos possuem ligações insaturadas, tendo ao menos uma ligação
dupla entre um dos carbonos.

Ácido graxo saturado

Ácido graxo insaturado

O óleo está no estado líquido em temperatura ambiente justamente pela presença das
ligações insaturadas. Os seus ácidos graxos estão mais separados e por estarem mais distantes ficam
líquidos mais facilmente. Lembre-se que quanto mais ligações duplas entre os carbonos melhor,
mais fácil será a digestão dessas moléculas no nosso sistema digestório e células.

Bizu: a gordura saturada é PIOR que a insaturada e seu acúmulo pode influenciar a
aterosclerose, que é o acúmulo do colesterol (gordura de origem animal) em nossas artérias.

Sabe a margarina que você adora passar no seu pão? Ela é uma gordura do tipo trans. É isso
que possibilita essa gordura de origem vegetal ser sólida em temperatura ambiente. Ela passa por
um processo artificial chamado de hidrogenação em que hidrogênios são adicionados aos carbonos
com dupla ligação. As cadeias carbônicas dos ácidos graxos ficam retas, como se fossem saturadas,
o que dificulta a sua digestão e aumenta as chances de acúmulo no corpo.
Os ácidos graxos essenciais são aqueles que nosso corpo não produz e devemos obter a
partir da nossa alimentação. O ácido linolênico (ômega 3), o ácido linoleico (ômega 6) e o ácido
oleico (ômega 9) são encontrados em peixes marinhos de águas frias ou nos óleos de milho,
girassol, canola, soja e oliva.

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ESTEROIDES
Entre os esteroides existentes, o que mais merece sua atenção é o colesterol. Ele é exclusivo
dos animais e produzido no fígado, por isso nenhum alimento exclusivamente de origem vegetal
terá colesterol.

As funções do colesterol no corpo dos animais são:


● Formar a membrana plasmática e manter a sua integridade;
● Regular a fluidez da membrana plasmática;
● Ser precursor da vitamina D;
● Participar da síntese dos sais biliares.
Apesar de ser fundamental para nosso corpo, ele pode prejudicar nossa saúde se presente
em excesso. Uma das consequências negativas é que pode se acumular em nossas artérias e outros
vasos, atrapalhando o fluxo sanguíneo causando infarto do miocárdio ou acidentes vasculares
cerebrais.

Veja que na imagem observamos o acúmulo de


colesterol em uma artéria, mas há dois tipos de
colesterol: o HDL e o LDL. O primeiro é popularmente
chamado de "colesterol bom" e o último de "colesterol
ruim".

A sigla LDL (LowDensityLipoprotein) identifica


as lipoproteínas de baixa densidade. É uma molécula de
colesterol que é transportada por uma proteína e pode
passar pelas membranas das nossas células e assim se
acumular nas artérias e outros vasos sanguíneos.

O HDL (High DensityLipoprotein) apresenta lipoproteínas de alta densidade. Assim como o


LDL, é um colesterol transportado por uma proteína. Por ser uma substância de alta densidade é
capaz de retirar o colesterol acumulado nas artérias e direcioná-lo para o fígado. Neste órgão o
colesterol é convertido em sais biliares que são utilizados no processo digestivo ou eliminados.
Uma das recomendações para pacientes com colesterol (LDL) alto é que aumentem a
ingestão de fibras. A presença de fibras no trato digestivo colabora para a eliminação dos sais
biliares. De forma que o fígado é então mais estimulado a produzir mais sais biliares e para isso
mais colesterol é levado para este órgão.

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O colesterol é produzido em nosso fígado, sendo assim, existe um fator genético que
determina a tendência de ter ou não níveis elevados de HDL ou LDL no sangue. Mas além dos
fatores genéticos, a alimentação está diretamente relacionada ao aumento de colesterol bom ou
ruim.
Quando exames de sangue são feitos para avaliar a saúde de um organismo além dos níveis
de colesterol também são avaliados os triglicerídeos. A presença de quantidades mais altas de
gordura saturada estimula a produção do LDL. Ingerir os triglicerídeos insaturados estimula a
produção do HDL, o "colesterol bom", por isso consumir gorduras de origem vegetal, como o azeite
de oliva, é benéfico para a saúde.
Os hormônios sexuais também são esteroides, produzidos a partir do colesterol. Nas
mulheres encontram-se em concentrações mais altas o estrógeno e a progesterona. No homem está
presente em maior quantidade a testosterona. Esses hormônios são responsáveis pelo aparecimento
das características sexuais secundárias. No homem há o engrossamento da voz, barba, aumento da
caixa torácica e na mulher o aumento das mamas e acúmulo de gordura no quadril.
Esses hormônios podem ser produzidos em laboratórios e utilizados para reposição
hormonal, procedimentos de redesignação sexual ou em anticoncepcionais para evitar a gravidez.
Os esteroides anabolizantes, incluindo a testosterona, têm efeitos físicos diversos, entre eles o
crescimento muscular, aumento da força e energia. Por estes efeitos é utilizado indiscriminadamente
por pessoas que praticam atividades físicas e buscam o desenvolvimento de seus músculos de forma
mais rápida, mas saiba que isto pode acarretar problemas de saúde graves.

FOSFOLIPÍDIOS
Os fosfolipídios são as gorduras que formam a membrana plasmática (assunto que será
explorado no próximo módulo). Este lipídio tem uma característica muito importante que contribuiu
para a formação das membranas plasmáticas. Parte da molécula é polar e parte é apolar, observe:

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A parte polar forma a cabeça hidrofílica, ou seja, a parte da molécula que tem afinidade pela
água. E a parte apolar, formada por ácidos graxos, é hidrofóbica. Por isso na formação da
membrana plasmática as cabeças formadas por fosfato e glicerol ficam em contato com os meios
extra e intracelular (que terão água na sua composição) e as caudas hidrofóbicas ficam isoladas
destes meios.
As moléculas de sabão possuem uma característica semelhante à dos fosfolipídios, por isso é
tão eficiente para limpar gordura, uma vez que sua porção apolar se une a gordura, também apolar.
As bolhas de sabão também são formadas devido a essa característica, mas a água fica na porção
interna, em contato com a cabeça polar dessas moléculas:

CERÍDEOS
Estes são os lipídeos representados pelas ceras. São formadas por um álcool diferente do
glicerol que se liga a ácidos graxos (1-16 moléculas). São compostos altamente insolúveis em água
e esta característica química contribuiu para as funções que exerce nos seres vivos:

- Evita a perda excessiva de água pelas plantas;


- Impermeabilização das penas de aves aquáticas;
- Proteção (cerume do ouvido);
- As abelhas usam cerídeos para construção das colmeias.

CAROTENOIDES
São os lipídeos de coloração avermelhada, alaranjada ou amarelada. Atuam como pigmentos
e são insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. Encontrados nas células das plantas
(abóbora, pimentão, mamão e outros), podem exercer as seguintes funções:

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- Ser matéria prima para produção de vitamina A
- Captação de luz solar na fotossíntese (são pigmentos acessórios);
- Ação antioxidante.

Substâncias orgânicas: PROTEÍNAS.

As proteínas são as substâncias orgânicas mais abundantes nos seres vivos. Os átomos que
formam essas moléculas são basicamente: carbono (C), oxigênio (O), hidrogênio (H) e nitrogênio
(N), mas pode também possuir enxofre (S). Nos seres vivos têm papel estrutural (ou plástica),
função energética, atuam na defesa (anticorpos), na digestão de substâncias (função enzimática), ou
função hormonal (ex.: controle da glicemia através da insulina e glucagon).

Os aminoácidos são as unidades básicas que se unem para formar os polímeros que recebem
o nome de proteínas. E por isso vamos estudar estes importantes monômeros agora.

Polímeros: moléculas grandes formadas por


moléculas menores que se repetem. Essas moléculas
menores são chamadas de monômeros.

Aminoácidos

Na natureza existem 20 tipos de aminoácidos (AA) que podem participar da formação de


uma proteína. A combinação e a quantidade deles é que determina que proteína será formada.
Se observarmos a constituição química destes compostos orgânicos vamos identificar um
grupamento amina (NH2), e um grupamento ácido carboxílico ou carboxila, daí o nome
aminoácido. Estes grupamentos estão ligados a um carbono central, que por sua vez, está ligado a
um hidrogênio e um radical “R”. O que muda de um aminoácido para o outro é o radical.

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Estes monômeros podem ser classificados em aminoácidos essenciais e naturais. Os
essenciais não são produzidos pelo nosso corpo e são obtidos com a alimentação. Os naturais são
produzidos pelas nossas células.

Bizu: existem alguns aminoácidos chamados de semi-essenciais, são os que nosso corpo produz,
mas em pequena quantidade, portanto também devemos ingerir.

Veja na imagem abaixo quais os aminoácidos existentes:

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Para formar uma proteína, os aminoácidos
(essenciais ou naturais) se ligam através da ligação
peptídica. Ela ocorre sempre entre o grupo ácido
carboxílico de um aminoácido com o grupo amina
do outro. O grupo carboxílico perde um OH e o
grupo amina perde um H, formando uma molécula
de água (síntese por desidratação estudada na aula
sobre água).

As proteínas também podem ser chamadas de peptídeos e, podemos classificá-las como:


1. Dipeptídeo: proteínas formadas dois aminoácidos;
2. Trípeptídeo: proteínas formadas por três aminoácidos;
3. Tetrapeptídeos: proteínas formadas por quatro aminoácidos.

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Os oligopeptídeos são compostos formados pela união de poucos aminoácidos (oligo=
pouco). E os polipeptídeos são formados pela união de um grande número de aminoácidos, e aqui
estão incluídas (na maioria dos casos) as proteínas.

Estruturas das proteínas


Para entender as estruturas das proteínas é importante entender como o processo de
formação delas acontece, e para te ajudar vamos dividir este processo de quatro etapas:

1ª Transcrição do DNA em RNA mensageiro;


2ª Migração do RNA mensageiro do núcleo para o citoplasma;
3ª Interação do RNA mensageiro com os ribossomos;
4ª União dos aminoácidos de acordo com a informação do RNA mensageiro.

Após o quarto passou temos a sequência linear dos aminoácidos, que recebe o nome de
estrutura primária. A estrutura linear se enrola e assim forma-se a estrutura secundária. Esta por sua
vez se enrola nela mesma e a estrutura terciária é formada. O último nível, estrutura quaternária, é
formada pela união de duas ou mais estruturas terciárias.

As estruturas primárias e secundárias não são proteínas funcionais, isso quer dizer que as
proteínas com esse nível de estrutura não são ativas. A partir da estrutura terciária é que as proteínas
assumem formas ativas e são capazes de realizar suas funções.
Além da sequência de aminoácidos, o formato da proteína também é determinado pelos
genes que o indivíduo apresenta. A função da proteína está ligada intimamente a sua forma e a troca
de um aminoácido por outro gera problemas na função proteica. É o que acontece nos casos de
anemia falciforme, veja a imagem abaixo:

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A desnaturação é outra maneira de modificar a forma da proteína e prejudicar o seu
funcionamento. Existem diversas formas de causar a desnaturação proteica, isso pode ocorrer com
alterações de temperatura, de pH ou choques mecânicos. Quando você frita um ovo a clara fica
franca, certo? Isso é consequência da desnaturação das proteínas que a formam ao ser exposta a
temperaturas altas. O mesmo irá acontecer se você quebrar o ovo em um copo com vinagre. A
desnaturação pode ser irreversível ou reversível. É reversível quando a estrutura tridimensional da
proteína pode ser restabelecida.

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Enzimas

As enzimas são proteínas que contribuem para que diversas reações químicas aconteçam nos
seres vivos. E elas não devem ficar de fora dos seus estudos. Estas proteínas enzimáticas são
capazes de acelerar as reações, por isso são chamadas de catalizadoras.
Cada enzima apresenta uma temperatura ótima e um pH ótimo. Isso quer dizer que existe
uma temperatura específica e um pH específico em que sua velocidade de reação será máxima. Por
serem proteínas, as enzimas também estão sujeitas aos processos de desnaturação por alteração de
pH e temperatura.

Veja o exemplo:

Duas enzimas A e B possuem temperaturas


diferentes para seu ótimo de atividade
(velocidade de reação). A enzima “A”
funciona melhor perto dos 40°C enquanto a
enzima “B” próxima dos 80°C. Analisando
estas informações podemos afirmar que se
uma delas for de nosso corpo, será a enzima
A, pois tem a temperatura ótima próxima a
nossa temperatura média.

Esse exemplo funciona com pH, veja a aula e copie aqui:

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As enzimas são muito específicas, ou seja, uma enzima que atua em uma reação, não atua
em outra diferente. Isso está ligado ao encaixe induzido (que antigamente era chamado de
mecanismo chave-fechadura). Na estrutura tridimensional das enzimas encontra-se uma região que
recebe o nome de sítio ativo, é nela que o substrato (algo da enzima) irá se ligar. Outro substrato,
com um formato diferente não será capaz de se ligar ao sítio ativo.

O substrato se acopla na enzima formando o complexo enzima-substrato, a reação acontece


e há liberação do produto. Como exemplo, imagine que o substrato seja a sacarose, e a enzima, a
sacarase (que quebra a sacarose), no final como produto serão liberadas glicose + frutose, e a
enzima volta a ficar livre para fazer a mesma reação quando encontrar outra sacarose. Ou seja,
as enzimas não são consumidas quando a reação acontece.

Algumas enzimas para assumirem a sua forma ativa podem precisar se ligar a um cofator,
que é uma substância orgânica ou inorgânica. Os cofatores não estão ligados permanentemente às
enzimas, mas na sua ausência a enzima é inativa. Observe a imagem a seguir:

Quando o cofator se liga à enzima o formato do sítio ativo muda. E então o substrato
consegue se ligar e o complexo Enzima-Substrato se forma e a reação química acontece, já que a
enzima assumiu a sua forma ativa.

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Classificação das enzimas
As enzimas podem ser classificadas em duas categorias:

Proteínas simples – formada apenas por aminoácidos


Proteínas conjugadas – outros componentes (grupo prostético) além dos aminoácidos

O grupo prostético faz parte da estrutura permanente da proteína. Ou seja, não pode ser
dissociado da proteína sem que esta tenha seu funcionamento prejudicado. Não confunda com
cofator (conceito que você vai aprender na sequência).

Bizu: Algumas proteínas importantes para você detonar nos vestibulares:

- Insulina: facilita a entrada da glicose nas células;


- Glucagon: estimula a quebra do glicogênio para liberar glicose na corrente sanguínea;
- Albumina: encontrada na clara do ovo, importante para nutrição;
- Queratina: estrutura das unhas, cabelo e pele;
- Colágeno: a mais abundante no corpo humano, responsável pela resistência da pele e formação
das cartilagens.

Compostos orgânicos: ÁCIDOS NUCLEICOS

Os ácidos nucléicos são moléculas orgânicas responsáveis por armazenar e transmitir a


informação genética, e recebem esse nome porque foram encontrados primeiramente dentro do
núcleo da célula e possuem um caráter ácido. Existem dois tipos conhecidos de ácidos nucleicos:

DNA ou ADN: ácido desoxirribonucléico


RNA ou ARN: ácido ribonucléico

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Estes dois tipos de moléculas são polímeros (assim como as proteínas), pois são formadas por
moléculas menores que se repetem: os nucleotídeos. Cada nucleotídeo é formado pela combinação
de três componentes:

- Fosfato
- Açúcar
(no DNA é adesoxirribose, no RNA aribose)
- Base nitrogenada
Veja a estrutura de um nucleotídeo:

As bases nitrogenadas podem ser de dois tipos: púricas ou pirimídicas. Adenina e Guanina
fazem parte das púricas, enquanto Citosina, Timina e Uracila são do tipo pirimídicas.
As bases púricas derivam da purina. Em suas moléculas estão presentes dois anéis de
carbono e nitrogênio, sendo um anel hexagonal e outro pentagonal. As bases pirimídicas derivam da
pirimidina, são menores que as púricas e apresenta apenas um anel hexagonal de carbono e
nitrogênio.

A adenina (A), guanina (G) e citosina (C) ocorrem tanto no DNA quanto no RNA, mas a
base timina (T) ocorre apenas no DNA e a base uracila (U) apenas no RNA, guarde essa
informação, ela é muito importante!
Fique atento que nos exercícios e questões do ENEM e vestibulares os nucleotídeos
costumam ser identificados pela letra que inicia o seu nome. Portanto, sempre que você ver a letra
A deve considerar o nucleotídeo Adenina, o mesmo vale para os demais nucleotídeos.

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Espaço para anotar o bizu da aula

Para formar o DNA ou o RNA os nucleotídeos se ligam sempre entre o açúcar de um com o fosfato
de outro, essa ligação é chamada de fosfodiéster, veja:

Vamos falar um pouco mais sobre o DNA


A estrutura do DNA é uma dupla hélice. Dupla, pois, são duas fitas ligadas pelas bases
nitrogenadas, e hélice por que as fitas se ligam formando um espiral. Na parte do meio da hélice
estarão as bases nitrogenadas, assim a informação genética fica mais protegida e menos sujeita à
ação de agentes mutagênicos. E as laterais são formadas por um "esqueleto" de açúcar e fosfato.
A ligação que se forma entre as bases nitrogenadas é do tipo ligação de hidrogênio. A base
nitrogenada Adenina (A) se liga apenas com a Timina (T), e a Guanina (G) se liga apenas com a
Citosina (C). Isso quer dizer que se em uma fita estiver presente a adenina na outra fita a base
correspondente será a timina, caso seja a citosina na outra fita estará presente uma guanina (observe
a imagem acima). No DNA a base nitrogenada Uracila não é encontrada.
A adenina se liga a timina com duas ligações de hidrogênio, enquanto a citosina se liga à
guanina com três ligações de hidrogênio. Essa informação pode ser importante para responder
algumas questões que você pode ter que fazer. Há vestibulares que já perguntaram qual molécula de
DNA teria suas fitas duplas separadas com maior facilidade, e a resposta era aquela que tinha
menos quantidade de citosina e guanina, e consequentemente menos ligações de hidrogênio.

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Veja na imagem acima que uma das fitas está no sentido 5'-3' e a outra no sentido 3'-5'. Isso
quer dizer que em uma fita de DNA a extremidade livre apresenta a hidroxila no carbono 5' da
primeira pentose. Na fita complementar a extremidade livre apresenta a hidroxila no carbono 3' da
primeira pentose. Para o processo de duplicação do material genético essa informação é muito
importante. A enzima envolvida, a DNA polimerase sintetiza as fitas no sentido 5'-3'. Em breve
vamos aprofundar a explicação sobre este processo.

Anote os bizus sobre as ligações entre as bases nitrogenadas!

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Relação de Chargaff

A relação de Chargaff diz que se em uma fita de DNA há X de Adenina na fita


complementar haverá X de Timina. E se em uma fita há Y de Citosina, na fita complementar haverá
Y de Guanina.

É importante que você saiba aplicar essa relação nos exercícios que podem aparecer no
ENEM, vestibulares ou em outras provas. Se um exercício afirmar que existem 30% de A no DNA
de um indivíduo, obviamente terá 30% de T, totalizando 60%. Opa! Como sabemos que C pareia
com G, entendemos que para completar os 100% faltam 40%, logo terá 20% de C e 20% de G.

Vamos falar um pouco mais sobre o RNA


O RNA, ou ácido ribonucleico, assim como o DNA, é um ácido nucleico. Mas apresenta
algumas diferenças químicas e estruturais. O açúcar do RNA é a ribose e é uma estrutura de fita
simples. Como é uma molécula que está sempre sendo produzida, ou seja, é constantemente reposta,
não há necessidade de proteger as suas bases nitrogenadas de agentes mutagênicos como o DNA.
Apresenta esqueleto formado por açúcar e fosfato. As bases nitrogenadas encontradas no RNA são:
adenina, guanina, citosina e uracila. A timina é encontrada apenas no DNA.
O RNA é essencial para os seres vivos. Ele permite que a informação seja retirada do DNA
e transportada até os ribossomos livres ou ao retículo endoplasmático rugoso para que as proteínas
sejam produzidas. Quando estudarmos a síntese proteica esse processo será aprofundado.

Existem alguns tipos de RNA que atuam nas células:

1. RNA mensageiro (RNAm): participa da formação das proteínas, transporta


informações do DNA (processo de tradução) para os ribossomos.
2. RNA transportador (RNAt): transporta os aminoácidos até os ribossomos para a
formação de novas proteínas. Esse RNA identifica os códons (sequência de 3
nucleotídeos) que codificam um aminoácido, garantindo a correspondência com a
informação que está no RNAm.
3. RNA ribossomal (RNAr): molécula de RNA que forma os ribossomos (responsáveis
pela síntese das proteínas). Corresponde a 80% do RNA presente nas células.

O DNA e o RNA passam por diversos processos nas células. Eles são: a duplicação do
DNA, a transcrição do DNA em RNA e a tradução do RNA em aminoácidos.

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A Duplicação do DNA
Grande parte das células que formam o corpo dos seres vivos envelhecem e morrem, e por
isso precisam ser repostas. A reposição acontece pelo processo de divisão celular do tipo mitose.
Para se dividir uma célula precisa duplicar as suas organelas e também o material genético (DNA),
este último processo acontece na fase S da Interfase (em breve você estudará os processos de
divisão celular).

A duplicação ou replicação do DNA é um processo semiconservativo. Cada nova fita dupla


nova será formada por uma fita antiga e uma fita nova. E durante este processo são formados vários
pontos de replicação. Isso quer dizer que ao longo de uma molécula de DNA haverá diversos pontos
em que a replicação estará acontecendo ao mesmo tempo. Isso é importante para acelerar o
processo. Cada célula tem aproximadamente 2m de DNA, se este processo de replicação não
acontecesse em vários pontos ao mesmo tempo seria necessário muito tempo para que todo o DNA
da célula fosse replicado. Da forma como acontece leva de 8-10 horas para duplicar todo o material
genético da célula.

A duplicação do DNA acontecerá ao mesmo tempo nas duas fitas. Na fita de sentido 5'-3' ela
será contínua e na fita 3'-5' ela será não contínua. São seis enzimas que atuam no processo de
replicação e vamos entender o papel que cada uma delas realiza na forquilha de replicação.

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A helicase é a primeira enzima que é começa a agir no processo de replicação. A sua função
é abrir a dupla fita de DNA quebrando as ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas. Dessa
maneira se forma a forquilha de replicação e as demais enzimas passarão a agir. A topoisomerase
se liga nas fitas e ajuda a manter as fitas desenroladas.

Quando a forquilha de replicação está formada e as fitas de DNA estão separadas, a Primase
entra em ação. Ela é responsável pela montagem do primer de RNA. O primer de RNA é um
fragmento de nucleotídeos que identifica o ponto de início da replicação. Ele vai orientar a DNA
polimerase sobre onde ela deve começar a síntese da nova fita de DNA.

A DNA polimerase vai adicionando os novos nucleotídeos, e esse processo acontece no


sentido 5'-3'. Portanto na fita de sentido 5'-3' a polimerase irá agir de forma contínua. Ou seja, a
adição dos nucleotídeos não deixará espaços vazios. A polimerização nesta fita é mais rápida, e por
isso ela recebe o nome de fita líder.

A fita de sentido 3'-5' tem nucleotídeos adicionados pela DNA polimerase também. A
primase e a polimerase irão se movimentar na direção oposta da forquilha de replicação (para
respeitar o sentido 5'-3') e dessa forma a polimerização será descontínua, são formados os
fragmentos de Okazaki. Estes fragmentos de nucleotídeos serão unidos com a ação da DNA ligase.

Para finalizar a replicação do DNA as exonucleases irão remover os primers de RNA da fita
líder e da fita retardatária. A DNA polimerase preencherá os últimos espaços vazios da fita e o
processo será finalizado. A célula, que anteriormente tinha X de DNA, terá 2X de DNA e poderá
prosseguir com a mitose ou meiose.

O processo de síntese proteica será estudado no módulo de metabolismo celular. Em breve


você aprenderá sobre os processos de transcrição e tradução.

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Relação DNA x Gene x Cromossomo

O DNA antes da divisão celular acontecer (mitose ou meiose) precisa se organizar. Imagina
um novelo de lá completamente aberto, e você recebe a missão de dividi-lo em duas partes iguais.
Complicado né? Mas se você refizer o novelo as chances de você acertar a divisão em duas partes
iguais são maiores. Por isso, antes das divisões celulares, as moléculas de DNA se enrolam ao redor
de proteínas histonas (formando a cromatina) e o grau de condensação da cromatina vai
aumentando até que os cromossomos sejam formados.

O gene é um fragmento de uma molécula de DNA que é capaz de produzir uma proteína. E
cada gene tem uma localização específica nos cromossomos. Esse local recebe o nome de locus
gênico.

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Compostos orgânicos: VITAMINAS

As vitaminas são substâncias orgânicas necessárias em pequenas quantidades e que


geralmente o organismo não produz. Elas possuem origens diferentes e por isso é muito importante
que a nossa alimentação seja variada. Fique atento: o fato de serem necessárias em pequenas
quantidades não quer dizer que podemos viver sem elas. Quando temos carência de vitaminas
dizemos que estamos com "hipovitaminose" ou "avitaminose". E a reposição é necessária para que
o organismo funcione normalmente. E o excesso de vitaminas também pode ser prejudicial, nesse
caso falamos em hipervitaminose.

Quando estudamos as vitaminas é importante saber onde podem ser obtidas, que funções
realizam no corpo. E também quais os sintomas em caso de hipovitaminose. Na sequência vou te
apresentar estas informações.

Vitaminas hidrossolúveis

1. Vitamina: B1 – Tiamina

A vitamina B1 pode ser encontrada em cereais integrais, pães, fígado, feijão, vegetais
folhosos e ovos. A sua carência causa o que popularmente é chamado de beribéri, que tem como
sintoma a fraqueza muscular.

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2. Vitamina: B2 (Riboflavina) e B6 (Piridoxina)

Estas vitaminas são encontradas em hortaliças variadas, carne e fígado. A hipovitaminose


pode causar lesões no sistema nervoso, rachaduras no canto da boca, vermelhidão na língua e
inflamação nos olhos

3. Vitamina: B3 – Niacina ou ácido nicotínico

A B3 pode ser obtida de carnes magras, ovos, fígado, leite e nozes. A carência desta
vitamina pode resultar no aparecimento de manchas na pele, que podem engrossar e ter crostas.

4. Vitamina: B9 – Ácido fólico

Quando há carência de B9 pode ocorrer a anemia megaloblástica. A produção das hemácias


é inibida. Gestantes devem ingerir doses extras dessa vida, com orientação médica, para que o tubo
neural do feto se forme corretamente. A B9 pode ser encontrada em vegetais, frutas e obtida com as
bactérias da microbiota intestinal.

5. Vitamina: B12 –Cianocobalamina

A falta de B12 pode causar a anemia perniciosa, as hemácias têm dificuldade de amadurecer
na sua ausência. Ela pode ser obtida de produtos de origem animal como carne, ovos, leite e
derivados.

Bizu: as outras vitaminas do complexo B (B2, B5, B6, B8), não serão detalhadas aqui pois são
raramente cobradas e acabam ocupando um tempo desnecessário, mas a dica é, caso caia alguma
delas, saiba que elas possuem importância na respiração celular. É a dica para acertar no vestibular!

6. Vitamina: C–Ácido ascórbico

A carência de vitamina C já é uma velha conhecida da humanidade. Na época das grandes


navegações muitos exploradores sofriam com escorbuto. As suas gengivas inflamavam e
sangravam. A falta de vitamina C prejudica a produção de colágeno, proteína que mantém o tecido
conjuntivo íntegro.

A vitamina C é encontrada em frutas cítricas, no tomate, na couve e no repolho. Esta é a


vitamina que mais aparece nas questões de ENEM e vestibulares, por isso lembre-se dela.

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Vitaminas lipossolúveis

1. Vitamina: A–Retinol

A vitamina A é encontrada em alimentos de origem animal e vegetal, como: pêssego, fígado


e ovos. A sua carência pode resultar em cegueira noturna, ou seja, dificuldade de enxergar em locais
com baixa luminosidade. Ela contribuiu para a manutenção dos bastonetes, estruturas encontradas
na retina.

2. Vitamina: D – Calciferol

A vitamina D é produzida pelas células que formam a nossa pele com a ação dos raios
solares. Mas para produzi-la precisamos ingerir o seu precursor, que é encontrado no fígado, gema
de ovo, bacalhau, mariscos e cogumelos. A carência pode causar o raquitismo, má formação óssea.

3. Vitamina E – Tocoferol

A vitamina E é encontrada em cereais integrais, vegetais, gema do ovo e óleos. A falta dessa
vitamina pode causar esterilidade e anemia. E também sintomas mais graves que envolvam o
sistema nervoso como alterações de equilíbrio e coordenação motora. Os nervos sensitivos podem
ser afetados, pode ocorrer fraqueza muscular e lesões na retina.

4. Vitamina K –Filoquinona

A vitamina K, ou filoquinona, é obtida de vegetais verdes escuros e folhosos como


espinafre, couve, agrião, e também do brócolis, pepino, abacate, fígado e óleos. Sua carência pode
resultar em hemorragias, já que atua no mecanismo bioquímico que promove a coagulação
sanguínea.

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