Jojo STP
Jojo STP
Jojo STP
Olá, o meu nome é Joana Jorge, mas desde pequena que me tratam por Jojo.
Sou Portuguesa, nasci em Almada e vivo desde sempre numa das melhores
zonas do nosso país (para mim) – Margem Sul.
Sempre fui muito faladora, desde pequena – indícios que me levavam a pensar
seguir a carreira de jornalista/professora/advogada. Tive vários sonhos
profissionais, sendo que estudei em primeira instância para seguir a vocação
de médica/fisioterapeuta. Gostava de ajudar e estar em contacto com pessoas.
Ao longo do tempo fui aprimorando a minha skill no ramo da fisioterapia, lia
muitos livros, “usava” os meus familiares como cobaias para massagens e
tratamentos e percebi que talvez fosse por aí o meu caminho. Sempre gostei
de desporto, fiz natação, corrida, mais tarde ginástica acrobática, yoga e
pilates, algo que usava como escape à minha rotina. Devido a uma lesão na
ginástica, tive de mudar o rumo da minha caminhada profissional, pois fiz uma
lesão grave no pulso que me levou a afastar-me do caminho da fisioterapia. Foi
aí, nessa mudança abrupta e forçada, que tive de colocar em cima da mesa
uma opção B para o meu caminho profissional, e daí, surgiu a comunicação.
Segui jornalismo na Licenciatura, fiz 6 meses de intercâmbio para o Rio de
Janeiro e quando regressei a Portugal, estagiei numa das grandes rádios
nacionais. Com o foco na comunicação e por ter gostado sempre deste ramo,
decidi abranger a minha área de conhecimento e optei por tirar um Mestrado
em Comunicação, Marketing e Publicidade, que me abriu portas ao mundo das
agências de comunicação. Trabalhei marcas, pessoas, artistas e fiz vários
eventos. Estive cinco anos a trabalhar no ramo, até que decidi ser momento de
parar e me aventurar em algo que desde sempre quis fazer: voluntariado
internacional.
2. Qual foi primeira impressão e sensação ao chegar pela primeira vez em São
Tomé e Principe?
São Tomé é uma ilha mágica, verde, despida de luxos e rica em sorrisos. Foi
incrível sentir o cheiro da terra, o calor, a alegria e aconchego das pessoas que
me receberam. É uma ilha que não deixa ninguém indiferente e recordo-me
com muito carinho do meu primeiro dia: cheguei ao aeroporto e tive problemas
com o meu passaporte, não me queriam deixar entrar no país (risos). Tinham
cometido um erro nas datas quando fiz o passaporte na Embaixada de São
Tomé em Portugal, onde colocaram a indicação da data um mês depois da
minha suposta chegada. Ou seja, ficaria ilegal passado duas semanas. Foi
complicado pois não tinha cartão de telemóvel local, não tinha internet, tinha as
responsáveis da minha ONG no exterior do aeroporto à minha espera e não
tinha forma de as contactar. Acabou por correr tudo bem no fim, consegui sair e
não tive que pagar mais por isso, mais fiquei ilegal durante duas semanas (hoje
em dia rio-me com isto, mas na altura andava sempre nervosa, com medo de
ser apanhada pela polícia local. Não sei se deveria estar a contar isto, mas faz
parte da história 😊 ).
Como cheguei três dias antes do início das minhas funções na ONG onde fui
colaborar, aproveitei para conhecer a ilha. Deixei os meus bens na casa onde
iria morar nos meses seguintes e recordo-me que estava uma lua incrível, uma
noite estrelada, muito calor, uma felicidade enorme por estar ali e sentir-me
abraçada à distância pela minha família e amigos.
Nessa noite, fiquei num alojamento de uma família são tomense, cujo dono era
guia turístico e segui viagem no dia seguinte de manhã para conhecer o sul da
ilha.
“A Kele é uma associação sem fins lucrativos que surgiu no final de 2020 como
resultado de uma vontade enorme que tivemos de continuar a missão que
começámos em São Tomé e Príncipe no início do mesmo ano. Estivemos
durante 6 meses dedicadas a um projeto de voluntariado focado no apoio
escolar e social, cooperando com as Irmãs Franciscanas Missionárias de
Guadalupe. No seguimento do trabalho realizado e dos resultados obtidos,
decidimos criar a nossa própria associação. A Associação Kêlê destina-se a
promover a melhoria da qualidade de vida da população, procurando garantir o
acesso à educação inclusiva e de qualidade, diminuir o abandono escolar
precoce, a redução das desigualdades através de projetos e atividades de
caráter social, educativo e cultural, e o acesso a bens de primeira necessidade
como alimentos e vestuário, entre outros. Kêlê significa ACREDITAR, e nós
acreditamos na mudança!” https://www.kele.pt/sobrenos.html
Dos três projetos o que mais me identifiquei foi sem dúvida o projeto da Roça.
Era lá que passava grande parte dos meus dias, com os locais e
essencialmente com as crianças e jovens das explicações. Foi lá que encontrei
um grande amor: o meu afilhado, o Gilson. Não era do leque dos meninos a
quem dava explicações, mas estava sempre no átrio fora do escritório da Kele
na Roça Agostinho Neto a brincar. Cruzámo-nos algumas vezes e
desenvolvemos uma cumplicidade muito grande um com o outro, até que decidi
fazer o convite aos pais de ser madrinha de batismo. Depois dos 5 meses em
STP, decidi em novembro do ano passado regressar e fazer o compromisso de
batismo na Igreja, onde partilhei os meus votos de apadrinhar o Gilson.
Acho que me repito, mas São Tomé vai ser sempre uma segunda casa. É
extraordinário como aquela ilha nos abraça e nos acarinha, nos faz sentir parte
integrante de um povo que é feliz com tão pouco. Aprendi tanto e cresci tanto,
que há coisas que nunca vou ser capaz de verbalizar. Quem seguiu a minha
história através do Instagram, conseguiu ter uma perceção de todas as
aventuras que vivi e de quão transformador foram aqueles meses por lá.
Se tivesse que definir em três palavras diria: mágico, desafiante e especial.
8. Ao final do voluntariado, como foi o adeus? O que levou como maior
lembrança de São Tomé e Príncipe?
Fruto do Voluntariado em São Tomé, lancei uma marca - a que dei o nome de
"LEVE LEVE by Jojo" - que materializa através de tecidos africanos, a minha
história e experiências pela ilha. Tenho três linhas dedicadas, sendo que os
lucros de uma (Roça), revertem para um projeto a implementar num futuro
breve, na roça onde morei.
https://www.instagram.com/reel/CXZNPLBI2b8/ (Link do Reels do Instagram)
9. O que mais ti marcou nas ilhas? E se te chamarem para outro trabalho de
voluntariado em São Tomé, aceitaria?
São Tomé já é uma segunda casa, farei sempre questão de voltar. Acho que
sem dúvida o que mais me marcou foi a simplicidade das pessoas, o
desprender de luxos e da real felicidade com que vivem tendo tão poucos
recursos.
Sim, voltaria sem dúvida para outros projetos na ilha, sendo que a Kêle estará
sempre, em primeiro lugar, no meu coração.
10. Partilhe fotos e/ou videos dos teus momentos nas ilhas (fotos de lugares,
pessoas e momentos, o que quizer mostrar, pode enviar)