A Medicalização
A Medicalização
A Medicalização
Resumo
Introdução
A partir disso vários foram os trabalhos sobre o assunto. Dos mais recentes deles
Beltrame, Gesser e Souza (2019) faz uma análise histórica sobre os processos de
medicalização no Brasil. Firbida e Vasconcelos (2019) em esforço semelhante e
também debruçando-se sobre o tema da medicalização na educação buscam fazer um
resgate histórico entre as alianças e influência da medicina sobre a psicologia no Brasil
e sobre a escola, norteado centralmente pelo movimento higienista brasileiro. Houve
também a formação de um Fórum Sobre Medicalização da Educação e da Sociedade 1,
assinado por diversas entidades o CFP (Conselho Federal de Psicologia), o CNTE
(Conselho Nacional dos Trabalhadores em Educação) entre outros conselhos,
sindicatos, Faculdades e políticos. Integrantes do fórum organizaram um livro que
debatem o assunto Viegas (2014).
Este artigo tem como objetivo fazer uma breve apresentação desse novo embate
científico sobre medicalização e a criação de novas doenças mentais ligadas aos
relacionamentos amorosos em que concepções são criadas e questionadas formando
reflexões necessárias e o enriquecimento da produção de conhecimento. Para isso foi
realizada uma revisão de literatura sobre o tema. Em uma primeira parte é realizado
debate sobre medicalização e o uso de novas categorias psicopatológicas baseadas na
adicção comportamental, aquela que não é resultante da dependência de substâncias. A
definição e características que compõem amor e ciúme patológicos foram desenvolvidos
a seguir e, posteriormente, as críticas e controvérsias que foram suscitadas a partir da
criação e uso dessas novas doenças mentais.
O que é considerado como uma doença mental em nossa sociedade? Como que
algo vira doença? A história da psiquiatria moderna está atrelada a construção de
diversos modelos classificatórios das doenças mentais. A classificação dos chamados
Transtornos Mentais é a base da construção da psiquiatria e é também pilar do processo
de medicalização.
France (2016) defende ainda que a nossa sobrevivência como espécie depende
dos centros cerebrais de prazer de curto prazo, que estão relacionados a comida e sexo.
O mundo moderno oferece oportunidades tentadoras que só passaram a existir muito
recentemente na história evolutiva da humanidade. Por isso é tão difícil resistir a essas
tentações. É um desafio da atualidade equalizar a alta expectativa de vida e o
planejamento com os prazeres que garantiram a manutenção da espécie. France também
diz que não há evidências suficientes de pesquisas seguras que garantem que o
comportamento de fato produz alterações equivalentes ao uso de substâncias. Essas
críticas no interior da corte de psiquiatria mundial são importantes pois fazem frente a
principal argumentação da criação da adicção comportamental, a de que na química
cerebral o vício em determinado comportamento equivale ao vício em uma substância.
2
https://www.proamiti.com.br/, Site do PRO-AMITI com informações básicas sobre as pesquisas,
doenças mentais e serviços oferecidos pelo grupo. Acessado em 11/06/2019.
cleptomania, compras compulsivas, impulso sexual excessivo, entre outras (Abreu,
Tavares e Cordás, 2007).
4
Informações retiradas do site do AMITI https://www.proamiti.com.br/amoreciume?in=slide2,
acessadas em 01/07/2019.
Não há uma produção tão desenvolvida e consistente pelo grupo de
pesquisadores do AMITI sobre ciúme patológico quanto o que já foi escrito sobre amor
patológico, que já conta, além dos artigos, com dissertação e tese (Sophia 2008, 2014) e
livro guia para profissionais e pacientes (Córdas e Sophia, 2018). Talvez porque, ao
contrário do amor patológico, o ciúme patológico já está incorporado aos manuais de
transtorno mental DSM-IV, DSM-V e CID-10 como um subtipo do transtorno delirante,
diferente de amor patológico que ainda não é reconhecido como um transtorno mental.
A análise das entrevistas aponta como o fenômeno das "mulheres que amam
demais" se insere em um contexto cultural regido pelo ideário individualista,
produtor de uma concepção moderna de pessoa. A antropologia das emoções
desconstrói o conceito de que os sentimentos são próprios de uma
subjetividade inata, ao demonstrar o quanto estão subordinados às relações
sociais em que emergem. A perspectiva relacional de gênero conduz a análise
do material, evidenciando as formas como as condições culturais modelam a
conjugalidade heterossexual e a construção do "amar demais". (p. 60, 2016)
Considerações finais
Bibliografia
ABREU, C. N., TAVARES, H., & CORDÁS, T. A. Manual clínico dos transtornos
do controle dos impulsos. Artmed Editora. (2008).
ALMEIDA, Thiago de; RODRIGUES, Kátia Regina Beal; SILVA, Ailton Amélio da. O
ciúme romântico e os relacionamentos amorosos heterossexuais contemporâneos. Estud.
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http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2008000100010.
BELTRAME, Rudinei Luiz; GESSER, Marivete; SOUZA, Simone Vieira de.
DIÁLOGOS SOBRE MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA E EDUCAÇÃO: UMA
REVISÃO DE LITERATURA. Psicol. Estud., Maringá , v. 24, e42566, 2019 .
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
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2019. http://dx.doi.org/10.4025/psicolestud.v24i0.42566.
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http://dx.doi.org/10.1590/1805-9584-2016v24n1p45.