CURITIBA
2013
i
MAXIMILIANO GONETECKI DE OLIVEIRA
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Administração, área de
concentração Estratégias de
Marketing e Comportamento do
Consumidor, do Setor de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade
Federal do Paraná, como parte das
exigências para obtenção do título
de Mestre em Administração.
CURITIBA
2013
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. SISTEMA DE BIBLIOTECAS.
CATALOGAÇÃO NA FONTE
iii
iv
Dedicatória
i
Agradeço a todos os participantes do estudo, pessoas que
silenciosamente acreditaram na importância de ajudar a pesquisa
brasileira, indiretamente suportando o avanço do corpo teórico na área
das ciências sociais.
Agradeço aos meus pais Jamil e Maria pelo apoio e educação que me
permitiram trilhar essa jornada e ao meu avô Pedro que desde muito cedo
estimulou meu gosto pelo saber.
ii
Every great advance in science has
issued from a new audacity of
imagination.
John Dewey
iii
RESUMO
iv
ABSTRACT
The result of this research project can be considered the opening of a new
perspective in the study of contemporary marketing as it finds and proves the
existence of a third dimension of product benefit. This new dimension, named
conscious, was deduced from a forceful theoretical review and operationalized
in the form of Osgord scale, wich is able to assess even the hedonic and
utilitarian dimensions. It was structure over the scale already established of
Voss, Spangenberg and Grohmann (2003), however it is more compressed,
enhancing the experience of the respondent. It was built through the exploratory
factor analysis and confirmed using the structural equation modeling, reaching
satisfactory levels of convergent and divergent validity. Thus, through a
quantitative descriptive study, the project identifies and fills one gap to
conceptualize a new theoretical construct that is analyzed and weighted by the
consumer buying process. Traditionally the hedonic and utilitarian dimensions
accounted for the task of explaining the benefits perceived and sought after.
Changes in the values and beliefs of modern society coined other demands
related to how responsible socially and environmentally is a particular product.
In this scenario, contemporaneously, consequently comes forth the Generation
Y, which is also an object of study in this project. Thus, the predominant values
of this generational group are evaluated using the scale of personal values
proposed by Stern, Dietz e Kalof (1993), being drawn comparisons with the
other generations. The study identifies that there are differences in the
evaluation of the same product, as well as the perception of the conscious
benefits. Also infers that Generation Y is more rigorous in their assessments,
especially for goods which seek to position themselves as sustainable. The final
result is a contribution to the theoretical body of marketing that will help
organizations better understand the value demanded by their customers.
v
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ....................................................................... 3
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ........................................ 7
1.3 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 7
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 7
1.5 JUSTIFICATIVA TEÓRICA ........................................................................... 8
1.6 JUSTIFICATIVA PRÁTICA ............................................................................ 9
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................... 10
2 BASE TEÓRICO-EMPÍRICA ........................................................................ 11
2.1 GERAÇÃO Y ............................................................................................... 11
2.1.1 Principais características da geração y .................................................. 16
2.2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR .................................................. 20
2.2.1 Processo Decisório ................................................................................ 20
2.2.2 Motivação ............................................................................................... 26
2.2.2.1 Drive...................................................................................................... 29
2.2.3 Percepção dos Benefícios dos Produtos ............................................... 30
2.2.3.1 Dimensões Hedônica e Utilitária ........................................................ 34
2.2.3.2 O século XXI e uma terceira dimensão: Consciente ........................ 37
2.3 ESCALA DE MENSURAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ...................................... 44
2.4 VALOR: ALTRUÍSTA, BIOSFÉRICO, EGOÍSTA. ....................................... 47
3 METODOLOGIA ........................................................................................... 52
3.1 MODELO DE ESTUDO PROPOSTO E HIPÓTESES DE PESQUISA ....... 52
3.2 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA .................................. 55
3.3 APRESENTAÇÃO DAS VARIÁVEIS .......................................................... 55
3.3.1 Definições Constitutivas e Operacionais ................................................ 55
3.3.1.1 Variável Independente – Característica do Sujeito ......................... 55
3.3.1.2 Variável Mediadora – Orientação de Valor ........................................ 56
3.3.1.3 Variável Dependente – Benefício Percebido no Produto ................ 56
3.4 DELIMITAÇÃO E DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................. 57
3.4.1 Levantamento de Campo ....................................................................... 57
3.4.2 Estudo Quantitativo Descritivo ............................................................... 58
3.5 AMOSTRA E POPULAÇÃO ........................................................................ 58
3.5.1 Características da População ................................................................ 58
3.5.2 Características da amostra .................................................................... 59
3.6 COLETA DE DADOS .................................................................................. 60
3.7 TRATAMENTO DE DADOS ........................................................................ 67
3.8 ESTATÍSTICA DESCRITIVA ....................................................................... 67
3.9 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA ...................................................... 68
3.10 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATORIA ................................................. 68
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................ 69
4.1 DETALHES DA AMOSTRA COLETADA .................................................... 69
4.1.1 Processo de Coleta, Perfil e Preparação dos Dados ............................. 69
4.2 TESTE DAS HIPÓTESES ........................................................................... 73
4.2.1 Supostos Paramétricos .......................................................................... 73
4.2.2 Erros do Tipo I e II .................................................................................. 74
4.2.3 Teste da Hipótese Nula .......................................................................... 75
4.2.4 Teste da Hipótese 1 – Grupos, valores e dimensões do produto .......... 77
4.2.4.1 Delimitação dos Grupos e Teste ........................................................ 81
4.2.5 Teste da Hipótese 2 – A Terceira Dimensão ......................................... 86
1
4.2.5.1 Análise Fatorial Exploratória (EFA) – Amostra A ............................. 87
4.2.5.2 Análise Fatorial Confirmatória (CFA) – Amostra A ......................... 88
4.2.5.3 Análise Fatorial Exploratória (EFA) – Amostra B ............................ 92
4.2.5.4 Análise Fatorial Confirmatória (CFA) – Amostra B .......................... 95
4.2.6 Teste da Hipótese 3 ............................................................................... 99
4.3 AVALIAÇÃO TRIDIMENSIONAL DOS BENEFÍCIOS DOS PRODUTOS . 101
5 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E CONSIDERAÇÕES .............................. 107
5.1 A NOVA DIMENSÃO DE BENEFÍCIO DOS PRODUTOS ........................ 107
5.2 CONCLUSÕES SOBRE A GERAÇÃO Y .................................................. 108
5.3 LIMITAÇÕES ............................................................................................. 110
5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 110
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 112
APÊNDICES ................................................................................................... 121
ANEXOS ......................................................................................................... 165
2
1 INTRODUÇÃO
3
existente em um sabão em pó, que a princípio não teria grandes variações de
um tipo de sabão para outro, como também a evidente hedonicidade presente
no consumo de pacotes turísticos. Apesar dessa suposta homogeneidade
dentro de uma categoria é importante observar que na prática outros elementos
relacionados ao valor entram em ponderação juntamente com a subjetividade
do ponto de vista final da análise, que sempre dependerá da perspectiva de
avaliação do consumidor. O cliente leva em conta além dos benefícios
tangíveis as características intangíveis e perceptuais (FERRELL; HARTLINE,
2005). Mas em geral, pode-se supor uma carga relativamente homogênea de
benefício entre os diversos produtos e marcas de uma dada categoria quando
avaliado pelo mercado alvo.
Esses fatos corroboram com a importância da centralidade na
perspectiva apreciativa do sujeito, já que ele acaba como protagonista no
processo de análise dos benefícios que sinteticamente representam o principal
componente da formação do valor entregue pela organização. Rust, Zeithmal e
Lemon (2001), Churchill e Peter (2005) pontuam a entrega de valor como um
dos objetivos finais do marketing, e Holbrook (1999) sustenta que o valor
constitui a fundação elementar ou racionalidade subjetiva do marketing.
É importante também notar a variabilidade na quantificação do valor,
ou seja, sua subjetividade de indivíduo para indivíduo e de grupo para grupo.
Desse modo, as diferenças entre os consumidores devem ser observadas com
grande atenção. Esse é um postulado já bem difundido no marketing, que no
nível estratégico há muito utiliza a segmentação1 de mercado como ferramenta
crucial para potencializar a oferta (HOLBROOK, 1999).
Portanto parece ser clara a necessidade de compreender os grupos
relevantes à organização. Uma vez que seus valores compartilhados, em
última instância, são os elementos que deverão orientar a organização na
produção da oferta ao indivíduo, principalmente quando observado que esse
último é afetado por sua inserção social (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD,
2005).
_________________________
1 - Segmentação é o termo utilizado na disciplina de marketing que implica em dividir o mercado – consumidores -
em grupos com características similares, com fins estratégicos (FERRELL e HARTLINE, 2005).
4
Mannheim (1953) alerta que a formação dos comportamentos, atitudes
e valores está relacionada com a sociedade em que o indivíduo está inserido,
sendo que as influências ocorrem de forma multidirecional.
5
em breve, se mantida essa tendência demográfica, será a mais influente na
sociedade.
Ademais, confirmando-se a queda na fecundidade, presume-se que a
geração em pauta deterá uma renda discricionária maior, ao passo que se
diminui o gasto com despesas familiares por conta da redução na quantidade
de filhos ou até mesmo pela opção de não tê-los. Com a
manutenção/crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país é igualmente
plausível afirmar que esses indivíduos deterão um maior PIB per capita. Apesar
do provável aumento de despesas com a terceira idade, que acaba sendo
parcialmente suportada pelo Estado. Além desses fatos, é importante destacar
que eles começam a entrar em posições de liderança, o que supostamente
aumenta seu poder de consumo e influência.
Todo esse contexto sinaliza um rico potencial de mercado consumidor,
naturalmente demandando a necessidade de compreensão dos valores,
atitudes e comportamentos em prol do correto planejamento da oferta
organizacional.
Dentre as diferenças dessa geração e as anteriores, alguns pontos
podem sinalizar profundas mudanças estruturais que impactariam diretamente
na lógica das instituições e na dinâmica de mercado.
Destaca-se a preocupação por aspectos relacionados ao meio
ambiente (REGINE, 2011), a atitude em divulgar suas opiniões através de
blogs, redes sociais, e mensagens instantâneas, a imersão natural na
tecnologia, a tendência em valorizar o desfrute da vida pessoal, o alto índice de
adoção da Internet, geralmente hiperinformados a respeito dos itens de
interesse no consumo (LOMBARDÍA; STEIN; PIN, 2008), são apenas alguns
exemplos, que visivelmente afetam as variáveis do domínio do marketing.
A conectividade entre esses indivíduos e o acesso à informação
possibilitaram que desenvolvessem uma capacidade de organização e de
compartilhamento de opinião nunca vivenciadas na história. Esse contexto
fomentou a formação de perspectivas críticas, como a já mencionada
preocupação latente acerca das questões sociais e ambientais. Desse fato um
questionamento apropriado seria se os ípsilons possuem um discernimento
maior do que as demais gerações quanto ao consumo e a responsabilidade
das organizações.
6
Decorrente ainda da massiva comunicação atual envolvendo a
sustentabilidade, posta-se uma tendência em supor que o valor relacionado a
essa última pode ter sido incorporado na Geração Y. Mas a consequência real
desse contexto para as dinâmicas comerciais ainda é nebulosa. Posto isso, e a
importância relativa desses jovens, compreender sua lógica de busca e
avaliação de benefícios nos produtos é condizente com o atual contexto
mercadológico e cultural.
Responder as questões levantadas possibilitaria a prevalência da
correta compreensão dos principais elementos envoltos no valor percebido pelo
consumidor, consequentemente fomentando o suporte necessário à eficaz
definição e aplicação das estratégias da organização.
7
2 - Identificar a existência de padrões de avaliação da Geração Y
quanto às dimensões dos produtos.
3 – Avaliar se a característica de valor predominante do consumidor
(altruísta, biosférico e egocêntrico) influencia na percepção dos benefícios dos
produtos.
_________________________
2 – Disponível em: <http://www.msi.org/research/index.cfm?id=271#RP3>. Acesso em: 14 de março de 2013.
8
direta ao indivíduo, ou seja, utilitários e hedônicos, derivados de necessidades
individuais, mas como sistematizar os objetivos centrados em outras
entidades?
Ainda, o consumidor moderno também buscaria no produto a
possibilidade de suportar o mundo em que vive e seus pares? Pergunta-se:
estaria ele avaliando com essa motivação características dos produtos que
rementem a benefícios não mais centrados diretamente apenas no eu, mas
que também promovem questões humanitárias e ecológicas? Nesse contexto
se apresenta a real possibilidade da existência de uma terceira dimensão de
atributo no produto.
Na prática já existem indícios dessa dimensão quando observado
algumas apostas no mercado de produtos que adotam essa linha de valor. Um
deles é o carro Prius da Toyota, que opera parcialmente com baterias,
levantando a bandeira da redução de emissão dos típicos poluentes derivados
da queima de petróleo (BELZ; PEATTIE, 2010). Supostamente seus
consumidores estão preocupados em contribuir para a preservação do meio-
ambiente. Obviamente podem existir outras variáveis explicativas como a
vontade de ter uma imagem pública ecologicamente correta. Indiferente do
aprofundamento nessa perspectiva o fato é que existem claros indícios da
existência do valor sustentável no produto.
9
Adicionalmente releva-se a Geração Y, que representa um enorme
potencial consumidor (CRAIG; TURLEY, 2004) e alguns desafios, como
atitudes inconstantes (LAZAREVIC, 2012) que levam a uma grande dificuldade
em manter a eficácia das tradicionais metodologias de marketing.
Conhecer como a futura geração dominante se posiciona, percebendo,
valorando e motivando-se quanto aos produtos, claramente desponta com
grande relevância econômica e estratégica para as organizações do século
XXI.
10
2 BASE TEÓRICO-EMPÍRICA
2.1 GERAÇÃO Y
11
que estaria pressupostamente designado. Sendo a vivência que formará os
valores e princípios de seus membros (LOMBARDÍA; STEIN; PIN, 2008;
MANNHEIM, 1953). Por exemplo, no caso dos Millennials, um dos requisitos
seria a proximidade com a internet, computadores e celulares. Que por sua vez
viabilizam a intensa conectividade e comunicação entre seus pares, criando um
contexto caracterizador dessas pessoas.
O momento histórico tem um papel marcante na formação da geração
(MANNHEIM, 1953), bem como o patamar evolutivo e tecnológico da
sociedade. Inclusive, a questão evolucional, no início do século XXI, expõe
uma singularidade quando observada a luz da história humana. Sendo que
poderia supor-se que caminha de forma mais ou menos homogênea entre a
maioria dos grupos sociais existentes. Já que um dos elementos que o século
XX sem dúvida fomentou foi a intensificação massiva da globalização. Ela
permite uma proximidade que torna as inúmeras culturas do planeta mais
ligadas. Inclusive no que poderia ser entendido como o caminho para uma
espécie de homeostase informacional e cultural.
De forma macro cada geração pertence a um ciclo temporal. Dentro
dele existem diversos elementos compartilhados por seus integrantes,
conforme descrito nos parágrafos anteriores. Assim, uma maneira bastante
acurada e objetiva de supor um compartilhamento de macro-vivências, e
consequentemente valores, crenças e atitudes, é simplesmente computar o
período de nascimento. Claro que existem riscos na observação referenciada
somente pelas datas, pois também é necessário vivenciar um determinado
contexto histórico e social para caracterizar os membros de um grupo.
Mesmo utilizando uma lógica temporal para delimitar uma geração os
limites inferior e superior não são totalmente pacificados, como a grande
maioria dos temas debatidos nas ciências sociais. Assim existem muitos
recortes para definir a Geração Y e até mesmo a terminologia para designá-la
como já apresentado. Autores divergem marginalmente quanto as datas de
início e término do recorte. Chung et al (2009) e Kuman e Lim (2008) utilizam
os anos de 1980 e 1994, Novak et al (2006) 1977 e 1999, Eisner (2005) e
Murphy et al (2006) consideram apenas o ano de início 1980.
12
A cultura vigente no ambiente e na época em que o indivíduo é criado
tem grande influência em suas características pessoais (FIELDS et al, 2008;
MANNHEIM, 1953). Afirmação que corrobora com o fato de que a
personalidade humana se consolida principalmente até os sete anos de idade
(CATTELL, 1975) e assim o ambiente que a pessoa está inserida terá grande
participação em sua formação (MANNHEIM, 1953). Ainda é relevante destacar
que a personalidade é o componente fundamental que irá ditar a maneira como
o indivíduo interage com o mundo, tendo na base os valores que tornam-se seu
azimute (DUBOIS, 1993).
A questão cultural, tida como subproduto da sociedade, também é
lembrada como importante variável no processo de compra, sendo destacada
nos modelos de Engel, Blackwell e Miniard (2005) e de Howard-Sheth
(HOWARD; SHETH, 1969). No cerne da cultura encontram-se os valores
compartilhados (HOSFTEDE, 2011) que basicamente irão nortear determinada
sociedade, e essa, de uma forma simplista, é formada pelo agrupamento de
diversos indivíduos que avalizam esses mesmos valores. Assim existe um fluxo
relativamente cíclico, onde a cultura influência o indivíduo que acaba formando
a sociedade e consequentemente a cultura e seus valores que irão influenciar
os ingressantes.
Compreendida a lógica subjetiva à uma delimitação geracional, pode-
se iniciar as considerações mais específicas acerca da Geração Y. O grande
salto da Geração Y decorre de uma série de fatores ambientais que afetaram
sua formação. Além de crescer em um ambiente em que a tecnologia catalisou
mudanças profundas e complexas, sua perspectiva também foi moldada por
diversas condicionantes relacionadas ao momento histórico (FIELDS et al,
2008).
Objetivamente, poder-se dizer que esse é um grupo de indivíduos
nascidos durante as duas últimas décadas do século XX, e que presenciaram
importantes eventos históricos como a queda da URSS, o afloramento da
computação e da internet, o terrorismo, as causas humanitárias ganhando foco
na mídia e o levante da bandeira da ecologia como valor social.
Os ípsilons foram criados em um contexto de consolidação tecnológica
e de relativa estabilidade político social com a dominância do capitalismo e a
influência global da democracia, tendo acesso a grande quantidade de
13
produtos e uma enxurrada de publicidade em todos aspectos de seu meio.
Esse último fato inclusive criou um perfil desafiador na perspectiva da
comunicação de marketing pois viveram em um ambiente saturado pela mídia
(SEBOR, 2006). Assim acabam por desenvolver um know-how sobre as
estratégias publicitárias, empulhando de comunicações que tentam
estratagemas para vender produtos, que provavelmente não terão o sucesso
esperado. Sobressai-se o fato do fácil acesso à informação e a possibilidade de
interação com seus pares, que jamais foi testemunhada em grau similar na
história. Isso reflete em possível redução da assimetria de informação.
Seus pais, essencialmente Baby Bommers (REGINE, 2011; HEANEY,
2007; LANCASTER; STILLMAN, 2002; NOVAK et al, 2006), já viveram em um
momento singular no pós segunda guerra mundial, onde a revisão de diversos
valores sociais e econômicos permitiram uma nova postura frente a diversos
temas, e ao consumo inclusive, que obviamente afetou a maneira como
criaram seus filhos.
Estudando essa geração na perspectiva quantitativa os dados são
igualmente relevantes. Nos EUA estima-se um contingente de 74 milhões de
pessoas (FIELDS et al, 2008) e no Brasil, de acordo com a Sinopse do Censo
Demográfico 2010 (IBGE, 2013) são aproximadamente 51 milhões de
pessoas3. Um considerável contingente consumidor nos dois países analisados
uma vez que os EUA atualmente possuem aproximadamente 315 milhões de
cidadãos (United States Census Bureau, 2013) e o Brasil 191 milhões (IBGE,
2013).
Particularmente no Brasil esse dado tem uma grande importância na
perspectiva econômica e macroambiental para o marketing já que a média
geométrica de crescimento anual tem caído desde os anos 50 (Tabela 1)
causando uma modificação estrutural no perfil etário da sociedade (Tabela 2).
Considerando ainda que pelo mesmo estudo existe uma redução numérica da
população abaixo dos 20 anos, uma maior expectativa de vida, uma queda de
fecundidade e a grande representatividade quantitativa dessa geração –
___________________________
3- considerando os nascidos entre 1981 e 1995 devido ao parâmetro de corte utilizado pelo IBGE
14
aproximadamente 27% da população – deduz-se que serão de grande
influência na sociedade Brasileira, tanto culturalmente quanto
economicamente.
Modificações na estrutura social podem causar profundos impactos
econômicos, uma vez que o fator trabalho está ligado diretamente a
capacidade de um país em gerar riqueza (MANKIW, 2010). Uma sociedade
mais velha, eventualmente terá dificuldades em manter sua força produtiva.
Assim essa mudança estrutural acaba por refletir na maneira que as pessoas
consomem, que por sua vez está ligada a renda discricionária do indivíduo, que
depende da oferta de emprego, que por sua vez depende da vitalidade da
indústria que é influenciada pelo consumo nos mercados em que atua.
15
invariavelmente fará parte da construção dos cenários estratégicos de todas as
organizações.
16
indiferente do local onde vivem, expandindo o conceito de comunidade que
passa a abranger o mundo todo, com relacionamentos que não respeitam as
fronteiras; focam-se nas relações profissionais e em seus gostos pessoais,
secundarizam questões como raça, nacionalidade ou religião; possuem
múltiplas experiências alavancadas pela mobilidade profissional, e não estão
limitados a uma geografia específica; seus gostos são ecléticos, e flutuam dos
esportes e viagem até as artes e a leitura; a tecnologia é integrada em sua vida
e são sedentos pelo sucesso profissional e financeiro.
Fields et al (2008) também acrescentam que esta é uma geração
imediatista, querendo que todos os seus desejos e metas sejam realizados o
mais rapidamente o possível, esperar não é uma de suas características.
Perspectiva que remete a observação de Regine (2011) que os considera
egoístas, e estaria também alinhada com outra observação de Fields et al
(2008) já que estariam mais preocupados em mostrar para eles mesmos seu
potencial do que para o mundo. Outra característica observada pelos autores é
a questão da responsabilidade social, sendo que Fields et al (2008) expandem
a ideia ao afirmarem que esperam essa postura das organizações e que
possuem uma vontade de mudar as pessoas e o mundo em sua volta no
sentido de fazer a diferença praticando o voluntariado e a responsabilidade
social e ambiental. Essa perspectiva também é apresentada por Nowak (2006)
que afirma serem conhecidos por sua preocupação pró-ambiental e
consciência social. Fields et al (2008) compartilham a opinião de Lombardía,
Stein e Pin (2008) quanto a educação, sendo que a busca e o fortalecimento
cultural acaba por ser uma constante na vida dos jovens ípsilons. Também
acrescenta que são mais ligados aos pais, possuindo uma interação mais
prolongada e interveniente já que esses sempre buscam suportá-los nas
barreiras do mundo. Também foram os pais que os criaram de forma a
desenvolver uma grande autoestima e autoconfiança, levando-os a não
enxergarem obstáculos como intransponíveis. Buch et al (2008) ainda citam a
questão de geralmente não possuírem medo de mudanças e de novas ideias,
ou seja, uma flexibilidade inerente.
Quando Fields et al (2008) avaliam o ambiente onde foram criados,
destacam outros elementos que consideram cruciais para a formação de seus
valores, atitudes e crenças. Destaca-se a mídia que trouxe imagens e a
17
realidade de diversos países; celebridades que adotaram causas sociais; a
tecnologia possibilitando o estabelecimento de relacionamentos ao redor do
mundo; o voluntarismo incentivado desde a formação escolar; experiências
vividas que tornaram-se algo importante em seu meio social; desafios com a
perspectiva de auto desafio que tornam-se mais relevantes; a busca de um
sentido maior é uma característica motivadora; criou-se uma necessidade em
alcançar outras realizações além de fama e fortuna.
Sebor (2006), salienta que pertencem a uma geração criada em um
ambiente saturado pela mídia. Sugere que são um grupo impulsivo, baseado
em conhecimento adquirido pela prática e não possuem muitas
responsabilidades financeiras. O que poderia ser deduzido da tendência de
postergar a saída da casa dos pais e pelo aumento de renda per capita, gerada
pelo desenvolvimento econômico como já destacado por outros autores nos
parágrafos anteriores.
Observando todas as características levantadas pelos pesquisadores
citados, pode-se supor que essa geração desfruta de uma maior segurança
proporcionada pelos pais e pela estabilidade do ambiente econômico e social.
Analisando em uma perspectiva motivacional, isso sugere que tais indivíduos
poderiam estar buscando outros tipos de recompensas para satisfazer de uma
forma mais plena seus autoconceitos de realização. Ou seja, depositariam seus
esforços em metas mais “nobres”, como a busca pela autorrealização.
Ainda avaliando as diversas perspectivas acerca da Geração Y
apresenta-se a questão da sustentabilidade ou responsabilidade, tanto social
quando ambiental. Regine (2011, p.4) afirma que “O segmento demográfico
Geração Y está em constante movimento e é conhecido por ser hipersensível,
socialmente consciente e egoísta.” A questão da consciência invariavelmente
em algum momento irá convergir para o tema do consumo. Uma vez que a
dinâmica das sociedades capitalistas pautam-se no pressuposto da
movimentação de bens e capitais (MANKIW, 2010). Assim a questão da
sustentabilidade, merece destaque, uma vez que está relacionado diretamente
com os meios de produção e consumo.
Avaliando em um breve retrospecto histórico, a dinâmica exploratória
praticada por países Europeus e posteriormente pelos EUA somente viria a se
intensificar com a revolução industrial no final do século XVIII e início do XIX,
18
iniciando uma lógica de escoar os produtos das sociedades pré-capitalistas
para as ex-colônias, o que viria a construir o cenário do consumo como
dinâmica social (FURTADO, 2005). Corroborando com essa evolução tem-se a
queda da URSS na década de 90, e a consolidação do capitalismo como
modelo econômico-social.
Outro grande marco na lógica do consumo, provavelmente seja a
introdução do conceito de obsolescência programada pelo cartel de Phoebus,
para reduzir a vida útil das lâmpadas incandescentes, mas que viria a se tornar
a lógica da produção em massa, com a redução da vida útil de grande parte
dos produtos (PYRAMIDS OF WASTE, 2010). O objetivo com a redução da
vida útil dos produtos é acelerar o processo de compra. Por sua vez
invariavelmente gera a dispensa sistemática dos produtos consumidos no
ambiente, bem como a intensa extração de matérias-primas.
Nesse panorama variáveis ligadas a sustentabilidade ganham
relevância ao apresentarem-se como uma importante questão da sociedade. O
problema começa a ganhar proporções mundiais no momento em que os
países em desenvolvimento também ganham força como mercados
consumidores, alavancando consideravelmente o impacto ambiental com a
explosão de diversas demandas reprimidas.
Resumidamente essa lógica em que a sociedade contemporânea está
fundamentada não é coerente com a sustentabilidade, sem embargo,
analisando friamente a questão da produção, é impossível dizer que existe um
produto de impacto zero no meio ambiente, pois qualquer processo demandará
recursos que invariavelmente decorrem em algum grau da natureza. Posta-se a
complexa equação que aparentemente ainda não possui uma solução eficaz.
Todos são pontos que induzem a consolidação de uma perspectiva
mais consciente no mundo. Uma vez que a geração em pauta, possuindo maior
contato com uma espécie de realidade holística, viabiliza que cada indivíduo
tenha a possibilidade de desenvolver uma consciência social e ambiental
observando o que acontece em diversos contextos.
O terreno é fértil, uma vez que a maioria dos ípsilons possuem os
recursos e a possibilidade para desprender-se das motivações básicas de
conquista por segurança e estabilidade que eram recorrentes nas diversas
19
gerações anteriores, investindo mais do seu tempo e energia nas causas até
então tomadas como idealistas.
De tais observações, é bastante razoável imaginar que não tardaria
para os consumidores começarem a buscar um consumo mais consciente,
ponderando o impacto ambiental e social. Nesse contexto, cedo ou tarde os
Millennials iriam supostamente incorporar a preocupação com a
sustentabilidade como valor social fundamental.
20
fundamentação o EBM como representante da tradicional linha cognitiva, ou
seja, o processo decisório baseado em solução de problema por meio do
processamento de informações e adoção de heurísticas decisórias
(SCHIFFMAN; KANUK, 2000).
21
A variável complexidade merece alguns comentários uma vez que
norteia o envolvimento. Como Holbrook (1999) perspicazmente pontua, o valor
depende do observador e de seu ponto de vista, sendo uma experiência
relativizada. Isso significa que dependerá da situação, do produto e do
consumidor. A complexidade da mesma forma carrega essa lógica. Um produto
que para um consumidor representa a compra de uma vida, para outro, que
detenha mais recursos, pode ser simplesmente mais uma aquisição sem
grande importância. Esse seria apenas um panorama, uma vez que o
conhecimento adquirido ou a capacidade cognitiva variam substancialmente de
indivíduo para indivíduo, bem como o contexto que gera a necessidade da
compra.
Quanto ao tipo de envolvimento, no SEP, espera-se que o sujeito
transcorra as sete etapas do modelo. No SLP é bem provável que algumas
sejam minimizadas ou até mesmo descartadas.
Sem embargo, em ambos existe uma expectativa que primeiramente
surja a necessidade desencadeada pela diferença entre o estado desejado e o
estado atual. Sendo essa a base da lógica motivacional do consumo (ENGEL;
BLACKWELL; MINIARD, 2005).
Com a necessidade entra em cena o drive. Esse seria um estado de
excitação, variando de acordo com o tamanho da necessidade. Com essa
ativação o consumidor procura o que poderá melhor minimizar a excitação. Em
seguida surge o desejo por uma determinada solução que irá satisfazer o drive
e suprir o estado de necessidade. Em outras palavras, esse é o processo de
motivação que leva o indivíduo de um estado estático a uma ação com objetivo
definido. (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2005).
Entre a necessidade e sua respectiva resolução o consumidor estará
realizando diversas decisões nas etapas do EBM, começando com a busca de
informações, onde ponderará suas opções. Nessa procura o primeiro recurso a
ser utilizado é a busca interna, que sofre mediação do conhecimento existente
e de sua habilidade para recuperar a informação da memória. Essas
lembranças disponíveis são conhecidas como Conjunto de Resgate ou
Conjunto de Captura. (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2005).
Engel, Blackwell e Miniard (2005) utilizam o termo conjunto de
consideração, também conhecido como lista evocada (SHIFFMAN; KANUK,
22
2000), para representar o pool de elementos que o consumidor irá avaliar no
processo que antecede a compra. Os mesmos autores destacam a importância
do conjunto de resgate, que como já mencionados são os ativos recuperados
da memória interna do indivíduo e que serão levados ao conjunto de
considerações. Se o consumidor não tiver contato com outro estímulo, alguma
informação que leve o produto ou marca ao conjunto de considerações, ou a
motivação para realizar uma busca por outras opções, sua memória interna
será tomada provavelmente como única fonte de informação. Isso está bem
representado na máxima de que “o que é lembrado determina o que é
escolhido”, destacando a importância da marca ou produto em estabelecer
uma forte relação com o consumidor (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2005,
p. 512).
Posteriormente, na Avaliação de Alternativas Pré-Compra, “os
consumidores buscam respostas para questões como “Quais são as minhas
opções?” e “Qual é a melhor entre elas?” (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD,
2005, p.79). Nesse estágio forma-se a intenção de comprar determinada
marca, baseando-se no conjunto de escolhas (KOTLER, 2006). Ele apresenta-
se como um processo cognitivo, que parte do conjunto de considerações é
influenciado pelas diferenças individuais e ambientais. Assim os consumidores
avaliariam os itens com o objetivo de procurar a melhor alternativa para atender
a sua necessidade. Nesse ponto os atributos do produto serão avaliados com
maior intensidade e poderão representar os benefícios eventualmente
procurados pelo consumidor.
Posteriormente o consumidor efetivará a compra e demais etapas
conforme o caso. Mas presume-se, que em geral, a decisão pelo que comprar
já está feita. Assim as próximas etapas do processo não serão abordadas
decorrente do foco desse projeto de pesquisa.
A decisão feita na etapa de pré-compra tem como alvo os benefícios
para satisfazer uma dada necessidade. Esse é um ponto que merece
destaque, uma vez que permeia o conceito de dimensões de benefícios dos
produtos.
Os benefícios procurados pelo consumidor são marcantes e de
expressiva relevância, principalmente por influenciarem sua decisão de
23
escolha. Também estão relacionados a motivação, uma vez que irão resolver
uma determinada necessidade ou desejo do consumidor.
A motivação, em um sentido estrito no comportamento de consumo, é
composta pelo processo que envolve a necessidade e a intensidade e a
direção do drive gerado no indivíduo. O drive por sua vez pode ter uma carga
maior de aspectos hedônicos ou utilitários (considerando apenas duas das
principais dimensões de benefícios, dentre outras encontradas na literatura
acadêmica). Observar essas dimensões é relevante pois “a presença de tais
motivações irá determinar o tipo de critério avaliativo provavelmente a ser
utilizado durante a avaliação de alternativas pré-compra.” (ENGEL;
BLACKWELL; MINIARD. 2005, p. 213). A questão dos drivers motivacionais
será discutida em maior profundidade em outro tópico desse projeto bem como
as dimensões hedônicas e utilitárias de um produto.
24
Assim, objetivamente o processo de tomada de decisão do consumidor
envolve uma seleção que parte do conjunto de resgate de marcas e produtos,
passando para o conjunto de consideração onde existe a primeira efetiva
escolha. Em ambas as etapas o consumidor pode extrair as informações da
memória ou construir novas baseando-se em dados externos.
Em todo o processo, o consumidor estará sendo influenciado pelas
diferenças individuais, influências ambientais e processos psicológicos (Figura
4). Sendo que a motivação estará presente em todas as etapas (ENGEL;
BLACKWELL; MINIARD. 1995) como forma de energizar o comportamento
(MYERS, 1987).
Para realizar as decisões durante o processo, acredita-se que o
consumidor utilize uma lógica baseada na ponderação dos benefícios conforme
definida na Teoria do Comportamento Planejado, ou do original Theory of
Planed Behavior (TPB) (AJZEN, 1985, 1991, 2011, 2012).
O modelo EBM explica como o processo acontece, mas trata
superficialmente dos mecanismos de valoração do consumidor. Em cada uma
das etapas existem decisões que o sujeito toma e que obviamente
influenciarão o resultado final do processo.
Ressalta-se que dentro do processo de consumo existem três
principais fontes de influência no indivíduo: Diferenças individuais (recursos do
consumidor, conhecimento, atitudes, motivação e personalidade, valores e
estilo de vida); Diferenças Ambientais (cultura, classe social, influências
pessoais, família e situação); Processo Psicológico (processamento de
informação, aprendizado, atitude e mudança de comportamento). (ENGEL;
BLACKWELL; MINIARD, 2005).
De todo o processo de compra descrito, existem três variáveis que
serão destacadas, por supostamente relacionarem-se mais intimamente a
questão dos benefícios do produto e a consequente investigação de outra
possível dimensão.
A primeira seria a característica principal do drive motivacional, ou seja,
a variável que surge após a identificação da necessidade ou desejo por parte
do consumidor. Supostamente nesse momento existe um direcionamento para
as distintas dimensões de benefício do produto. A motivação também pode
explicar a fonte de energia que move o consumidor, principalmente quando
25
analisada nos possíveis eventos de estímulo, intrínseco ou extrínseco
(MYERS, 1986).
Posteriormente tem-se os valores do consumidor, que enquadrados
como diferenças individuais acabam por afetá-lo desde a identificação de
necessidade até o consumo (Figura 4).
Finalmente os benefícios presentes no produto, que devem representar
com propriedade o que o consumidor necessita para satisfazer seus desejos e
necessidades. Um atributo que não faça parte da demanda do consumidor é
ignorado e representa desperdício de recursos por parte da organização.
Ferrell e Hartline (2005) destacam que um atributo que não é relevante para o
consumidor não será um benefício. Na contrapartida a falta de atributos
esperados irá fragilizar a oferta de benefícios do produto, reduzindo por
conseguinte o valor percebido e por consequência sua competitividade. Assim
as variáveis motivação e benefícios serão discutidos com maior profundidade.
2.2.2 Motivação
26
desse processo é a volição, onde efetivamente a vontade toma sentido em
ação (BAUMBARTNER; PIETERS, 2008). Nessa perspectiva o termo
motivação possui um aspecto mais conceitual, em que envolve basicamente a
formação de objetivos.
Os primeiros estudos que buscaram entender a motivação partiram da
ideia de que ela é um elemento instintivo, inerente aos animais e
consequentemente às pessoas, que agiriam de acordo com essas demandas
naturais. Nesse âmbito Sigmund Freud é tido como o provável precursor dessa
abordagem, fundando a Teoria Psicanalítica (KARSAKLIAN, 2000). Tais teorias
pautavam-se na motivação baseada em instintos, mas que Freud fazia uma
distinção chamando os elementos motivadores de pulsões, que seriam
inerentes ao homem tanto quanto os instintos.
Cada ação teria uma origem em demandas naturais e parcialmente
inconscientes, como o desejo por alimento, ação de defesa, sexo e outros
(DUBOIS, 1993). Apesar de alguns autores como Ernest Dichter (DUBOIS,
1993) esforçarem-se por utilizar essa abordagem no comportamento do
consumidor, ela não teve grande sucesso. Uma das prováveis razões é que
logo viria a perder força na psicologia por não conseguir explicar situações em
que uma pessoa agia de forma consciente para atingir objetivos não
relacionados a aspectos inconscientes.
A falta de poder de explicação dessa teoria abre caminho para
consideração de outras propostas. Como a dos Behavioristas, que estão
orientados a um estudo mais objetivo do homem através do comportamento
observável. John B. Watson, Guthrie, Skinner e Hull são os principais
representantes. (KARSAKLIAN, 2000).
Nessa escola, a teoria motivacional desenvolvida pelo
comportamentalista Clark L. Hull, que buscou sistematizar um modelo aplicável
em qualquer situação, teve grande impacto na psicologia em sua época
(GRAHAM; WEINER, 1995). Ela toma como base o princípio biológico de que
todos os organismos buscam a homeostase.
Assim quando surge um desequilíbrio em alguma parte do sistema, o
indivíduo iria tentar retornar novamente ao estado de homeostase. Nessa
busca é gerado uma variável que Hull chamou de drive. Assim sua teoria viria a
ser conhecida como Drive-Reduction Theory. (MYERS, 1987)
27
Nela uma necessidade gera um desequilíbrio, que produz o drive, e esse
por sua vez confere energia e direção a um comportamento que busca
reestabelecer a homeostase. O drive seria o motivo interno enquanto o
incentivo seria um elemento externo, agindo na percepção consciente do
indivíduo que o avalia de forma cognitiva. (MYERS, 1987)
Posteriormente outras teorias surgem buscando responder os gaps
deixados pelas antecessoras, tendo partes relacionadas a aspectos da teoria
de Hull.
Dentre as sucessoras, destacam-se os trabalhos de Abraham Maslow
e William McGuire, pertencentes a escola Humanista considerada mais
contemporânea (KARSAKLIAN, 2000). O primeiro propõe a hierarquia de
necessidades, onde o indivíduo necessita satisfazer algumas necessidades
primárias para posteriormente buscar outras mais nobres até a
autorrealização. O segundo autor classifica os diversos motivos elaborados por
outros pesquisadores em dezesseis categorias, ampliando consideravelmente
a especificidade das dimensões motivacionais. (HAWKINS, 2007).
Mesmo com um poder ampliado de explicação, essas escolas
deixaram de responder algumas situações, como por exemplo quando o
indivíduo abstrai-se em atividades que não originaram-se em situações de
desequilíbrio. Deci e Ryan (1985) questionam esse gap e introduzem a Self
Determinant Theory (SDT) (DECI; RYAN, 1985), afirmando que os seres
humanos são naturalmente curiosos e motivados a dominar o conhecimento e
o ambiente ao seu redor. Acrescenta importantes contribuições ao corpo
teórico da motivação, mas que até o momento, na literatura investigada, não foi
recepcionada nas teorias do comportamento do consumidor.
Em suma, como percebe-se no levantamento teórico apresentado,
mesmo na psicologia ainda não existe um consenso sobre a motivação, sendo
que as diversas teorias existentes explicam partes desse complexo construto
humano (AMARAL, 2002). Mas a inerente dificuldade metodológica para avaliar
a validade de cada uma empiricamente gera um contexto de concorrência que
provavelmente perdurará por algum tempo.
Apesar dos diversos estudos na área da motivação ainda não estarem
totalmente pacificados, percebe-se claramente que no comportamento do
consumidor a base ontológica dos atuais modelos de compra aproxima-se dos
28
conceitos de Hull. Onde um desequilíbrio gera uma necessidade, um posterior
drive, e finalmente um desejo que irá motivar uma ação. Diversos autores
(SCHIFFMAN, KANUK, 2000; KOTLER, KELER, 2006; BOONE, KUTZ, 2009;
ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2005) adotam essa mesma fundamentação
teórica para explicar o processo de motivação do consumidor. Sempre partindo
da lógica de desequilíbrio entre o estado atual e o desejado. O que se
enquadraria basicamente dentro da visão cognitiva de tomada de decisão no
processo de compra (SCHIFFMAN, KANUK, 2000).
Assim o drive que exprime o quê o individuo buscará de valor no
produto e consequentemente benefícios, destaca-se em termos de importância
de compreensão.
2.2.2.1 Drive
29
Já na psicologia social, em uma visão de acordo com Mannheim (1953,
p. 241), “Qualquer atividade humana pode ser observada como se fosse uma
gratificação de um drive subjetivo [...]”. O mesmo autor desenvolve o tema,
colocando o drive e os impulsos como os elementos mais primitivos do ser
humano. “Esses drivers e impulsos são os elementos dinâmicos na mente, e
são os iniciadores finais de toda mudança e atividade mental.” (MANNHEIM,
1953, p.268). A soma desses drives constituiria o id, conforme chamado pelos
psicanalistas (MANNHEIM, 1953). Em outras palavras seriam os elementos
constitutivos que fazem o ser humano agir.
Talvez a característica mais importante do drive para o estudo do
comportamento de compra do consumidor é que ele trafega entre as duas
dimensões de benefícios dos produtos, ou seja, dependendo da necessidade
do sujeito ele poderá ter uma essência hedonista ou utilitarista. Do drive é
gerada a vontade ou desejo por um determinado produto que possa reduzi-lo,
saciando a necessidade ou desejo do sujeito e consequentemente levando-o
novamente ao estado de equilíbrio. (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2005).
Assim, quando o drive é estabelecido o organismo já compreende em que
direção deverá seguir para resolver o desequilíbrio, isso, é claro, se tiver
consciência de sua necessidade/desejo. Do contrário o processo ocorreria em
um nível inconsciente, e o organismo teria dificuldade para solucionar o drive,
um estado que os psicologistas provavelmente definiram como patológico.
30
atributos relacionados a experiência em dirigir, ou da experiência social gerado
com o uso.
Atributos de crença: derivam de uma expectativa do resultado do
consumo do produto ao longo do tempo. Basicamente é a expectativa do que
um bem ou serviço pode trazer ao consumidor depois de efetivado. A
durabilidade do resultado de uma cirurgia ou um concerto mecânico de um
veículo seriam exemplos desse tipo de atributo. A qualidade ou a expectativa
de durabilidade são atributos de crença existentes em diversas categorias de
bens.
Finalmente os atributos de pesquisa que referem-se a todos os
aspectos do produto que podem ser avaliados a priori, ou seja, antes do
consumo. Decorre que os atributos de pesquisa são os elementos mais
evidentes no processo de compra.
Desses atributos o consumidor ou o cliente identifica aspectos, que
alinhados com o drive, podem resolver o seu desejo ou necessidade. Kurtz e
Boone (2009) afirmam que um produto é um conjunto de atributos elaborados
especialmente para satisfazer as necessidades e desejos do consumidor.
Mas nem todos os atributos possuem significado para o consumidor,
apenas aqueles que conseguem corresponder as necessidades e desejos
seriam benefícios. Assim os benefícios acabam por ser os atributos que
possuem valor para o consumidor.
Avaliando em uma perspectiva macro, o marketing é uma ciência que
estuda as práticas para atender os desejos e necessidades das pessoas,
alinhando as organizações para atingir esse objetivo e entregando valor ao
consumidor (CHURCHILL; PETER, 2005; RUST; ZEITHMAL; LEMON, 2001).
O valor do produto é um conceito que envolve um alto grau de
subjetividade decorrente da perspectiva peculiar do indivíduo. Holbrook (1999,
p.5) define valor para o consumidor, como “uma experiência interativa da
preferência relativizada”. Essa definição engloba três pressupostos. O primeiro
seria da necessidade de existir uma interação entre dois agentes, no caso o
consumidor e uma entidade que irá viabilizar o valor. O segundo seria a
relativização, que é a perspectiva, onde cada indivíduo poderá avaliar de forma
particular o valor intrínseco a oferta. O último seria o pressuposto da existência
de uma experiência que irá representar o valor em si para o consumidor.
31
Assim é importante destacar que o valor do produto acaba derivado da
perspectiva do consumidor, e essa está fundamentada nos aspectos inerentes
ao seu ser, como a personalidade, inteligência, contexto social, experiências
vividas, situação, fase de vida e conhecimento adquirido.
O conceito de valor é tratado por alguns autores como a diferença
entre os benefícios e os custos (ZEITHAML, 1988) ou mais especificamente a
soma dos benefícios da Praça, Produto e Promoção descontando-se o Preço
(NEAL, 2002).
Quando um produto ou serviço é avaliado no processo de compra, são
os benefícios percebidos que terão relevância, e com eles o valor viabilizado
para o cliente. Holbrook (1999) elabora uma matriz para categorizar as
perspectivas de valor de um indivíduo: orientado pelo eu x orientado pelos
outros; extrínseco x intrínseco; ativo x reativo (Quadro 1).
32
b) Hedonista: status (sucesso, gestão da impressão); estima
(reputação, materialismo, possessão); play (diversão); estética
(beleza); espiritualidade (esperança, êxtase, sacralidade, magia);
33
inserido. Gerando um retorno para o consumidor. Indicando assim uma relação
com a dimensão hedônica.
Valores emocionais caracterizam os sentimentos e estados afetivos
decorrentes de sensações de excitação, conforto, segurança, alegria dentre e
outros. Resultando novamente em benefícios centrados no eu, relacionando-se
com a dimensão hedônica.
Valores epistêmicos representariam a capacidade de uma alternativa
em estimular a curiosidade e conduzir o consumidor a um estado de plenitude
de conhecimento. Novamente um valor centrado no indivíduo remontado a
dimensão hedônica.
Valor condicional são os elementos de gratificação relacionados ao
produto e recebidos pelo consumidor no momento em que está decidindo sobre
esse mesmo produto. Mais uma vez o foco desse valor é o próprio consumidor,
sugerindo uma proximidade com a dimensão hedônica.
Esses são apenas alguns autores, de outros como ULAGA (2003),
WOODALL (2003) e HEARD (1993) que apresentam diferentes fontes de valor
para o cliente. Essas fontes observadas demonstram possíveis benefícios
existentes nos produtos que podem satisfazer o consumidor. Apesar da
abrangência que cada um procurou todos acabam de uma forma ou outra por
evidenciar elementos que retornam em benefícios para o próprio consumidor,
seja em aspectos hedônicos ou utilitários.
O próximo tópico aborda com maior profundidade as tradicionais
dimensões motivacionais.
34
HIRSCHMAN; HOLBROOK, 1982; VOSS et al, 2003), também sendo
identificadas no âmbito das marcas (VOSS et al, 2003).
Basicamente elas justificariam uma motivação no consumo para
satisfazer um determinado drive. Assim cada produto teria uma parcela de
benefícios hedônicos e outra de utilitários, que iria variar de acordo com as
características do produto e a percepção do consumidor.
Fatores hedônicos estão ligados a aspectos emocionais e experienciais,
enquanto os utilitários a funcionalidade do produto e racionalidade
(HIRSCHMAN; HOLBROOK, 1982; ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2005).
Derivado dos valores identificados no tópico anterior, alguns autores
propuseram diferentes dimensões. Entretanto as dimensões hedônica e
utilitária parecem ser as fundamentais, conseguindo responder pelos
elementos buscados pelos consumidores quando analisada a fonte
motivacional. Ahtola (1985) defende que ambas as dimensões fazem parte de
um processo atitudinal.
Os elementos hedônicos responderiam de uma forma ampla a todos os
fatores relacionados a um retorno experiencial ou emocional (ARNOLD;
REYNOLDS, 2003) enquanto a utilitária a aspectos relacionados a eficiência,
custo e resultado (BABIN; DARDEN; GRIFFIN, 1994; KIM, 2006).
A nomenclatura hedônica vem do hedonismo, do original em grego
hedoné ou prazer. Surge com a escola Cirenaica, uma linha filosófica criada
por um dos discípulos de Sócrates e da escola Sofista, conhecido como
Aristipo de Cirene. Aristipo baseia sua sabedoria no conceito que a busca pelo
prazer, tanto físico como espiritual, é a razão do indivíduo enquanto esse
paralelamente procura afastar-se da dor (MORA, 2000). Essa mesma lógica
posteriormente seria introduzida na psicanálise com Sigmund Freud ao avaliar
o Ego e a dinâmica motivacional entre a busca do prazer e o distanciamento da
dor (FREUD, 2010). No marketing o conceito trazido da psicologia, sintetiza o
consumo de produtos que apresentam aspectos estéticos, sensoriais,
emocionais, fantasiosos, ou seja, voltados a um drive experiencial do indivíduo.
Já a dimensão utilitária nasce provavelmente com a concepção do
primeiro utensílio criado pelo homem para auxiliá-lo em suas atividades diárias.
Relaciona-se intrinsicamente à existência de qualquer produto pois em
essência representa a sua razão de ser.
35
Tomando o exemplo hipotético de um primata nos primórdios de nossa
civilização, uma lança responderia por um drive utilitário ao passo que
possibilita o caçador abater um animal à distância. A lança em si não é a
motivação do indivíduo, mas sim o benefício que ele incorpora ao utilizar o
objeto.
Apesar de muitos produtos poderem classificar-se essencialmente em
uma das duas categorias, supõe-se que todos tem as duas dimensões, mas
provavelmente com pesos diferentes. Assim, no exemplo da lança, ao passo
que o primata começa a decorar sua ferramenta, estaria agregando atributos
hedônicos, mesmo que a principal dimensão continue sendo a funcional.
Decorrente do exposto até aqui, percebe-se que essas duas facetas
englobam todo um leque de variáveis. Aquelas, de certa forma, representam a
etimologia subjetiva dos aspectos que são valorados nos produtos. Entretanto
um questionamento plausível é se essas duas dimensões, uma respondendo
pela funcionalidade e outra pela busca de motivos experienciais, podem
recepcionar todos os benefício de um produto. Mais do que isso, se detêm o
poder de explicação de toda a subjetividade envolta no seu valor.
Um fator de fundamental importância a ser destacado é que em ambas
as dimensões fica evidente que o indivíduo está motivando-se para solucionar
um problema, seja necessidade ou desejo, dele próprio. Realizando essa
análise mais estrita, torna-se claro que as duas dimensões referem-se a um
retorno direto ao eu. Isso poderia inclusive gerar o questionamento da
utilização do termo hedonista da forma adotada atualmente. Uma vez que sua
origem etimológica justamente referencia a busca pelo bem estar e o
distanciamento da dor. Nessa análise, tomando-se uma perspectiva
motivacional, seria plausível pontuar que uma dimensão hedonista no rigor do
termo englobaria tanto as variáveis utilitárias quanto experienciais.
Faz-se de fundamental importância destacar que o questionamento
não se refere a semântica da divisão atual, apenas, a adoção terminológica
que poderia induzir a um erro conceitual quando avaliada a lógica motivacional
imbuída nas dimensões.
O Hedonismo, como introduzido por Freud, representa a busca por
prazer e o distanciamento da dor. O conceito subentendido é que o indivíduo
36
realiza ações em busca de sua satisfação, novamente, seja experiencial ou
utilitária.
Essa ótica levantaria um questionamento quanto analisada em relação
às teorias motivacionais exploradas no que tange a origem do estímulo. Ou
seja, se o indivíduo única e exclusivamente motiva-se a ação com o intuito de
receber um retorno direto ao seu próprio eu.
Ademais, entra em cena para intensificar esse questionamento os
Millenials que conforme já discutido, possuem características singulares.
Decorre da substancial peculiaridade constitutiva dessa geração, a assunção
de uma possível atitude exótica derivada de valores geracionais.
Nesse contexto, novamente poder-se-ia inclusive questionar se o foco
de consumo repousaria unicamente na busca de retorno centrado no eu. Assim
benefícios percebidos por esse grupo derivados de supostos novos valores,
como a sustentabilidade, fariam parte de seu repertório intelectual.
37
Nesse âmbito, dentre os diversos acontecimentos no século XX que
influenciaram essa geração, alguns merecem destaque4. Schaff (1995) avulta a
introdução da segunda revolução industrial, com o aparecimento da
microeletrônica, no último quartil do século como prelúdio de profundas
mudanças socioculturais5. A guerra fria com a corrida armamentista e
tecnológica. O fim da URSS e a unificação do mundo. A crescente
preocupação com a sustentabilidade ambiental e social. Dentre outros pontos
decorrentes em menor ou maior grau desses eventos.
A microeletrônica, com o advento do chip de silício, desencadeou um
impacto tão grande na sociedade que ainda é imprudente tentar delimitar sua
extensão (CHORLTON, 2002). Com a miniaturização dos equipamentos a
tecnologia espalha-se para todos os aspectos da vida quotidiana (FORESTER,
1985). Acompanhada pela queda crescente de custos, que democratiza o
acesso a tais artefatos. Paralelamente a Internet é aberta ao público e ganha
uma explosão de adeptos. A telefonia celular impulsiona uma nova maneira de
comunicação e interação (LING, 2004). O mundo passa a se conhecer melhor
e um sentimento de unicidade pode tomar conta da sociedade (SUDWEEKS;
HERRING, 2001).
Os integrantes da primeira década dessa geração, ou seja os nascidos
durante o primeiro quartil dos anos 80, muito provavelmente acompanharam
quando crianças os temores da Guerra Fria na mídia uma vez que possuíam
por volta de dez anos de idade.
Após a crise dos mísseis de Cuba em 1962, os EUA e a URSS
conseguiram manter uma relação de relativa estabilidade. Entretanto com a
invasão da URSS ao Afeganistão em 1979, a relação entre os EUA e a URSS
___________________________
4 – Para maiores detalhes ler o item 2.1, aqui somente os pontos considerados diretamente ligados à hipótese
serão retomados.
5 - Existem diferentes pontos de vista acerca da existência de outras revoluções industriais. Entretanto, sem entrar
nessa contenda, utiliza-se a posição de Schaff (1995) ao passo que corrobora com a incontestável importância da
eletrônica como pedra fundamental de reflexos em toda a sociedade.
38
voltaria a estressar-se. O Presidente Norte Americano Jimmy Carter descreveu
a ação como “a mais séria ameaça a paz desde a segunda guerra mundial”
(BROGAN, 1999, p.681). Esse clima viria a espalhar-se por todo o mundo
frente a uma eminente ameaça de guerra nuclear. Assim os jovens viveram
uma época em que participavam dessa ansiedade como um reflexo das
consternações latentes dos pais, já que supostamente eram muito novos para
ter sua própria autorreflexão sobre esses acontecimentos.
Com isso a Geração Y tem a oportunidade de vivenciar intensamente
uma nova ordem mundial com o final da guerra fria e a queda da União
Soviética em 1991 (BROGAN, 1991), e com a consolidação do capitalismo.
Talvez muito dos jovens na época não compreendiam o que significava
o fim da URSS, mas desde a queda do muro de Berlin em 1989 um ar de
conciliação e união entrava em debate. Essa busca pela unicidade em grande
parte foi suportada pela facilidade mundial na comunicação (SUDWEEKS;
HERRING, 2001). Esse seria apenas um prelúdio da lógica que iria permear o
século XXI.
O final do século XX também é marcado pela mundialização do
capitalismo, propiciado pela crise dos países socialistas. A consolidação desse
modelo, que está refletido na expansão das grandes corporações
multinacionais ao redor do mundo, desencadeia um processo de estímulo ao
consumo. (OLIVEIRA, 2011) Tanto a disponibilização logística quanto
financeira, possibilitam que diversas novas camadas sociais passem a
consumir produtos antes inacessíveis. Do estímulo ao consumo em nível
mundial decorre uma natural intensificação da utilização de matérias primas e o
consequente descarte pós-consumo. Cedo ou tarde os efeitos colaterais sobre
o ambiente entrariam em pauta.
Esse mesmo período coopta com o debute de diversas organizações
não governamentais no Brasil, que já atuam há algum tempo no mundo,
atraindo a atenção da mídia e da sociedade. Exemplos seriam o Greenpeace,
que inicia as atividades no Brasil em 1992, o WWF em 1996, Instituto
Socioambiental-ISA em 1994, Conselho Indigenista Missionário-CIMI em 1972,
39
a Conservação Internacional em 1988, dentre inúmeras outras de semelhante
importância.6 A atuação dessas entidades junto a sociedade se reflete em
exposição publicitária, que invariavelmente fomentam o crescimento dos
valores sociais e ambientais na sociedade e principalmente nos jovens.
Mas talvez o grande marco ocidental da defesa à sustentabilidade
ocorre em 1972, com a Conferência de Estocolmo (PINHEIRO et al, 2011), que
foi a primeira no mundo a tratar especificamente de problemas acerca da
poluição. No Japão, Maramatsu (1998) citado por Aoyagi-Usui, Vinken e
Kuribayashi (2003), preconiza que o movimento antipoluição teria se iniciado
na década de 50. Indiferente da localização geográfica percebe-se que a
preocupação ambiental intensifica-se na segunda metade do século XX para o
que viria a tornar-se uma variável recorrente para a Geração Y, influenciado-a
diretamente. Schiffman e Kanuk (p.310, 2000) são categóricos ao afirmar que
“os indivíduos são criados para seguir as crenças, valores e costumes da sua
sociedade e para evitar um comportamento que seja reprovável ou considerado
tabu.”
Outros fatos corroboram com a hipótese da crescente importância da
sustentabilidade. Um deles é o início no Brasil, em meados da segunda década
do século XXI, da operação de um novo domínio da internet com a extensão
‘.eco.br’ voltado a organizações com fins eco-ambientais7, demonstrando a
movimentação social em prol dos aspectos ligados à sustentabilidade.
Questões da responsabilidade ecológica, em termos de
sustentabilidade tanto ambiental quanto social, são cada vez mais erigidas
como mantras da sociedade moderna e divulgadas dessa forma para a
população brasileira, podendo-se citar eventos como a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), que
__________________________
40
precederia as conferências Rio+5 em 1997, Rio+10 em 2002 e finalmente a
Rio+20 em 2012, que causam grande comoção na mídia.
Decorrente das características já abordas da formação social e cultural
de uma dada sociedade, bem como de seus indivíduos, pode-se assumir que
tais manifestações podem ao longo do tempo, dependendo de sua intensidade,
relevância e poder de gerar significado, em progressivamente forjar valores
sustentáveis. Concomitantemente a essa inferência, alguns estudos sugerem
que já existe uma real atitude pró-ambiental consolidada (PICKETT-BAKER;
OZAKI, 2008; BELZ; PEATTIE, 2009) e o próprio marketing começa a participar
dessa tendência, como pode ser observado na produção acadêmica no tema.
A tendência de gerenciamento da sustentabilidade foi introduzida no
comportamento do consumidor há algum tempo. Engel, Blackwell e Miniard
(2005) apontam o prelúdio de uma mudança de atitude frente ao consumo
ocasionada pelo interesse ecológico. De acordo com o autor, essa mudança de
atitude estaria invariavelmente influenciando a etapa de Avaliação de
Alternativas no processo de compra.
Apesar desse contexto, boa parte dos profissionais de marketing tem
como consenso que um valor ecológico no produto não justifica o pagamento
de um valor premium, já que a maioria dos consumidores não estão dispostos
a arcar com o custo da sustentabilidade em detrimento do funcional/hedônico,
ou pior, alguns consideram inclusive que tais produtos são de qualidade
inferior. (OTTMAN, 1998).
Entretanto, caso o preço fosse similar, seria interessante avaliar se o
atributo do produto em ser ecologicamente correto poderia gerar uma melhor
competitividade na categoria, principalmente quando avaliado na perspectiva
de indivíduos que tenham como mediador da atitude esse valor. Decorre que
se supostamente existe tal valor na perspectiva do cliente pode existir um
atributo correspondente como benefício do produto.
Presume-se que muitas ofertas começam a incorporar determinados
atributos ligados a indústria verde, ou ecologicamente consciente e atuante.
Belz e Peattie (2009, p.84) pontuam que a grande mudança ainda está por
acontecer, pois existe um certo gap entre valores ecologicamente corretos e
uma atitude de consumo coerente (PICKETT-BAKER; OZAKI, 2008), o que
somente aconteceria quando a sociedade migrasse alguns pontos chave,
41
como: de egocêntrico (eu) para altruísta (outros), de conservador para aberto a
mudanças, de indulgente para frugal, de materialista para pós-materialista, de
tecnocêntrico para econocêntrico, de antropocêntrico para biocêntrico.
Essas provocações acerca dos valores culturais relacionados a uma
diferente dinâmica social, estariam influenciado as atribuições de
características e atributos dos produtos para atender a perspectiva do
consumidor. Supostamente criariam outra dimensão motivacional, ligada a tais
valores uma vez que tanto a hedônica quanto a utilitária são focadas
unicamente no ‘eu’ do consumidor. Tal dimensão estaria relacionada aos
‘outros’, ou seja, a motivação em consumir estaria em gerar um benefício direto
a outra entidade que não o próprio consumidor.
Mesmo que um observador mais atento pontuasse que uma atitude
favorável a outro, nesse caso, em última instância, estaria se refletindo
igualmente em um benefício para o próprio indivíduo, seria um argumento
questionável. Principalmente por que uma vez que não é um benefício direto ao
indivíduo, sendo diluído no todo social, e que ele pode inclusive jamais
contabilizar sua participação.
Dessa forma a lógica por trás do modelo de compra, em que o
indivíduo estaria satisfazendo um drive, poderia também ser questionada.
Essa mesma discussão levaria a um debate filosófico da natureza
humana, entre um homem fundamentalmente egoísta ou um homem que preza
pela vida em sociedade e possui atitudes altruístas. Aqui assume-se a segunda
linha, em que o homem é capaz de tomar atitudes desinteressadas, pelo
menos conscientemente.
Buscando a dimensão sustentável no produto, observando a
perspectiva de atributos, Pickett-Baker e Ozaki (2008) destacam que ainda
existe uma dificuldade em definir um produto sustentável que incorpora os
novos valores atrelados a sustentabilidades. Mesmo assim propõem uma
definição, onde imbuiriam uma perspectiva relacionada ao processo produtivo,
ou seja, caso o processo utilizado seja responsável o produto terá esse aval. Já
Cooper (2000) afirma que os produtos podem ser classificados baseando-se na
sua carga de impacto ambiental.
Klein (2002) traz uma perspectiva mais politizada da relação do
consumo mundial, explorando toda a dinâmica industrial que envolve a criação
42
dos valores subjetivos das marcas e produtos contemporâneos. Em seu estudo
destaca diversos movimentos que começam a popularizar-se como subculturas
que repudiam as tradicionais práticas comerciais e industriais. Destaca
aspectos ligados a quão egoístas as empresas e marcas são quando exploram
uma determinada região produtiva. A autora subsidia a importância dessa
variável citando o Culture Jamming que busca alterar o status quo do consumo
através de movimentações organizadas por entidades como Reclaim the
Streets, Billboard Liberation Front dentre outras (KLEIN, 2002) que lutam pela
humanização da racionalidade substantiva atual deslocando o foco do valor
material para o pessoal. Seu trabalho é interessante ao ponto de destacar o
valor que a sociedade começa a dar a aspectos ignorados por gerações
anteriores.
Assim poder-se-ia supor, com certa segurança, que existe uma forte
possibilidade da formação do que seria uma terceira dimensão de benefício no
produto, espelhando um objetivo do individuo em suportar outros elementos
através de sua atitude de consumo.
O contexto exibe um consumidor que assume um pleito de outras
entidades, no caso a sociedade, o meio ambiente, e os animais, que padecem
de autorepresentatividade. Esse posicionamento demandaria determinadas
características da oferta ou da empresa para corresponder a essa necessidade
adquirida do indivíduo, que como tal torna-se um fator motivacional preditivo de
determinado comportamento. A postura do consumidor de assumir uma
necessidade alheia talvez pudesse ser referenciada como um espécie de
consumo vicário, da definição de Veblen (2000), onde o comprador é diferente
do consumidor, mas que o primeiro se satisfaz com o consumo do segundo,
em uma espécie de projeção. Aqui a associação seria considerada apenas no
sentido motivacional, em que o consumo consciente gera um benefício para as
demais entidades, e que indiretamente também satisfaz o consumidor.
Caso exista realmente a necessidade ou o desejo por um consumo
sustentável, faz-se necessária uma oferta de valor correspondente. Surge
então um novo questionamento do que justamente seria um produto
sustentável. Uma vez que todo produto utiliza algum tipo de matéria prima e
por mais racional e equilibrado que seja, sempre terá algum impacto no meio
em que está inserido.
43
Indiferente da caracterização clara do que seria um produto
sustentável, no processo decisório de compra o diferencial somente surgiria
caso o consumidor percebesse atributos desse ímpeto como benefícios, e
obviamente tivesse uma atitude positiva em relação a eles, o que poderia vir a
indicar um determinando comportamento.
Também decorre dos fatos apresentados, que enumeram a crescente
atenção nos aspectos sustentáveis dos produtos, a suposição de que existe
uma crescente consolidação desses valores nos consumidores atuais,
principalmente nos indivíduos que receberam cargas maiores de mensagens
com esse predicado desde o final do século XX.
Conclusivamente, seria plausível supor que existe uma grande
possibilidade de que o consumidor, ativista ou não pela causa sustentável, já
visualiza uma terceira dimensão de benefícios nos produtos. Que poderia ser
referenciada como dimensão consciente, justamente por atenuar o ‘eu’ do
consumidor do foco de consumo voltando-o ao exterior, ou seja, ao ‘outro’.
Um consumo alinhando com essa dimensão representa em última
análise uma maior maturidade do indivíduo. Seria a capacidade do ser
consumidor em assumir a responsabilidade e seu papel no ciclo que em algum
momento esteve apenas nos bastidores da sociedade. Assim o termo que
transita entre o substantivo e o adjetivo – consciente - representaria com
propriedade uma nova crença e o que isso implica para os produtos.
44
As escalas originais de ambos os estudos podem ser visualizadas no
Anexo 1 e Anexo 2. O estudo de Costa (2011) propôs uma escala baseada na
união das duas já citadas, aplicando-a no contexto brasileiro (Anexo 3). No
caso a autora obteve um resultado satisfatório, com o carregamento único na
dimensão hedônica e quatro subcarregamentos na dimensão utilitária. Essas
evidências seriam suficientes para justificar o uso da mesma escala.
Entretanto o estudo de Costa desconsiderou uma nova versão da
escala posteriormente proposta por dois dos três autores originais. Assim esse
trabalho irá utilizar a escala de Voss, Spangenberg e Grohmann (2003)
(Quadro 2) como base para a construção da escala de pesquisa.
Hedônico Utilitário
Not fun Fun Effective Ineffective
Dull Exciting Helpful Unhelpful
Not delightful Delightful Functional Not
Functional
Not thrilling Thrilling Necessary Unneccessary
Enjoyable Unenjoyable Practical Impractical
QUADRO 2: ESCALA HEDÔNICA/UTILITÁRIA PARA
AVALIAÇÃO DE PRODUTO/SERVIÇOS DE VOSS,
SPANGENBERG E GROHMANN (2003)
FONTE: Adaptado de Voss, Spangenberg e Grohmann (2003)
45
Como pode ser observado no Quadro 3, a primeira coluna destaca a
dimensão de necessidade que supostamente irá demandar um benefício
procurado pelo consumidor no produto, as demais representam os elementos
positivos ou negativos, existentes ou inexistentes, referentes àquela
necessidade. No processo de gerar os itens sempre se manteve o foco na
perspectiva do que seria um benefício para o consumidor, ou seja, um atributo
que poderá saciar a necessidade ou desejo presente no domínio sustentável.
Destaca-se também que nem todas as dimensões sugeridas por Max-Neef
(1991) foram utilizadas na elaboração das variáveis da escala, uma vez que
buscou-se enquadrar apenas as claramente relacionadas ao tema.
Necessidade base do
Atributo Positivo Atributo Negativo
Consumidor Derivável à
Sustentabilidade
Subsistência Natural Artificial
Subsistência Seguro Inseguro
Proteção Economiza recursos Desperdiça recursos
Proteção Durável Descartável
Identidade Responsável Irresponsável
QUADRO 3: TABELA UTILIZADA PARA CRIAR OS ITENS DA TERCEIRA
DIMENSÃO
FONTE: Alterado pelo autor com base em Max-Neef (1991)
46
características de produtos sustentáveis (PICKETT-BAKER; OZAKI, 2008).
Postulam-se duas novas suposições para a dimensão Consciente: Economia
de recursos – Desperdício de recursos, Durável – Descartável.
O relatório do Department for Environment, Food and Rural Affairs
(DEFRA) identificou que uma das mais relevantes atitudes em relação à
sustentabilidade decorre da pressão social (DEFRA, 2007). Assim a culpa em
ferir o meio ambiente seria uma importante motivação. Desse fato transparece
uma das características fundamentais da espécie humana, a necessidade de
pertencer e ser aceito por um grupo, ou em outras palavras, evitar a rejeição e
corresponder à influência social normativa (MYERS, 1987).
Da necessidade básica de identidade, estreitamente relacionada com
as atividades do grupo de referência (MAX-NEEF, 1991), emanam mais um
benefício buscado em um produto sócio-ecológico: Responsável –
Irresponsável.
O resultado final da escala seria a configuração conforme mostra o
Quadro 4.
47
(1992, p.330) apresenta uma definição fundamentada na lógica de valores de
Rokeach (1973) em que valores são “princípios transituacionais, organizados
hierarquicamente, relativos a estados de existência ou modelos de
comportamentos desejáveis, que orientam a vida do indivíduo e expressam
interesses individuais, coletivos ou mistos”. A base do trabalho de Rokeach
(1973) na construção de sua escala de valores, conhecida como Rokeach
Value Survey (RVS), está na divisão de valores entre valores terminais – que
dizem respeito as metas alinhadas com seus perspectiva de existência – e
valores instrumentais – que seriam os comportamentos desejáveis.
Decorre que os valores do indivíduo são relevantes pois entende-se
que o tipo de valor predominante eventualmente pode explicar um antecedente
para a atitude. Esse contexto reflete a importância nesse projeto, pois um valor
coerente com os preceitos da sustentabilidade eventualmente estaria alinhando
também com um comportamento.
Posto isso, a discussão inicia-se com busca de compreender o que
fundamenta a postura simpatizante para com os produtos sustentáveis, ou ao
menos fornece uma possível explicação. Supondo ainda que realmente existe
um antecedente para esse comportamento ou uma possível relação de
moderação.
Valores pessoais influenciam diversas etapas do comportamento de
compra conforme já discutido anteriormente. Outro fato que motiva a
consideração do valor como variável relevante nesse projeto. Entretanto esse é
um constructo muito amplo, razão que impele esse debate a focar-se apenas
na construção relacionada à sustentabilidade.
Alibeli e White (2011) confirmaram que as dimensões propostas por
Stern, Dietz e Kalof (1993) são suficientemente eficazes em avaliar os três
diferentes valores individuais predominantes que supostamente podem levar o
indivíduo a ter ou não uma atitude sustentável. Tais dimensões são: Valor
Social-Altruísta; Valor Biosférico (às entidades não humanas); Valor Egoísta ou
Interesse Próprio.
De acordo com os autores Stern, Dietz e Kalof (1993), que
originalmente propuseram os constructos, os valores social-altruísta, biosférico
e egoísta são capazes de delimitar a orientação de valor do indivíduo.
48
O valor social-altruísta refere-se a importância, em termos de
consideração, que uma pessoa confere a outros indivíduos.
Biosférico diz respeito a uma preocupação com as entidades que não
são humanas, ou seja, entidades animais ou relacionadas a natureza em geral.
Finalmente o valor egoísta, que em parte pode ser considerado
autoexplicativo, relata um individuo que unicamente motiva-se com assuntos
diretamente relacionados a sua pessoa. Assim qualquer questão que não o
afete diretamente é considerada irrelevante.
Pontua-se entretanto que o estudo de Alibeli e White (2011) não
considera a questão geracional, bem como o original de Stern, Dietz e Kalof
(1993) que descreve as dimensões. A geração, conforme já exposto, pode ter
peso na percepção e avaliação dos atributos de um produto. Nos trabalhos
citados também não são destacados outros elementos que possivelmente
poderiam influenciar essa característica como o grau de instrução, contexto
cultural, e outros.
Aoyagi-Usui, Vinken e Kuribayashi (2003) identificarem diferenças
entre a estrutura de valores dos povos orientais e ocidentais. Esse fato poderia
destacar a necessidade de um maior aprofundamento no estudo de Alibeli e
White (2011). Entretanto Aoyagi-Usui, Vinken e Kuribayashi (2003) confirmam
que em ambos os povos o valor altruísta está conectado com o pró-ambiental,
sendo que esse gera resultados diferentes dos indivíduos com os outros dois
tipos de valor predominante, no caso o egoísta e o progressista.
O trabalho de Alibeli e White (2011) avaliou a escala de uma amostra
de 1170 sujeitos, utilizando de Análise Fatorial Confirmatória e Modelagem de
Equações Estruturais, atingindo um resultado satisfatório com X2=75.891, CFI=
.987, GFI= .987 e RMSEA= .034. As dimensões carregaram em três fatores. O
Quadro 5 apresenta os itens da escala para cada dimensão utilizada no estudo,
mensurados através de uma escala Likert de cinco pontos. Um dos objetivos foi
justamente testar os constructos de Stern, Dietz e Kalof (1993) com uma
amostra maior e através da AFC, uma vez que orginalmente fora utilizada
apenas a AFE em uma amostra relativamente menor.
Apesar dos índices de ajuste da CFA alguma atenção merece ser dada
a dois pontos dos resultados de Alibeli e White (2011). O primeiro é em relação
49
ao Alfa de Cronbach da dimensão biosférica e o segundo em relação ao
tamanho da amostra.
O indicador de confiabilidade Alfa de Cronbach geralmente tem um
valor aceitável para a maioria dos autores quando é superior a 0,7 (HAIR et al,
2005; PALLANT, 2007). Apesar disso Field (2009) destaca que alguns
estudiosos aceitam um alfa menor que 0,6 quando trata-se de escalas na área
de ciências humanas. Esse seria um primeiro alerta para a confiabilidade dos
itens propostos pelos autores. Uma vez que o Alfa de Cronbach da dimensão
Biosférica atingiu apenas .532 (Quadro 5).
Egoísta Em geral, quão perigoso você acredita que a poluição .798 .813
do ar pela indústria é para você e sua família?
Social - Pagar taxas mais altas para proteger o meio .883 .841
Altruísta ambiente.
50
al (2005) alertam que qualquer modelo, por mais pobre que seja, com uma
amostra muito grande poderá ajustar-se corretamente. Decorrente dessas
colocações a dimensão Biosférica será avaliada com maior preciosismo no
momento do tratamento dos dados.
51
3 METODOLOGIA
52
grupo que ele pertence. O tipo predominante de valor do indivíduo é a variável
interveniente ou mediadora, que corresponde aos possíveis valores pessoais e
suas combinações. Finalmente a variável dependente, que refere-se as
percepção de benefícios.
A pressuposição decorrente é que o atributo de valor percebido com
maior intensidade pelo indivíduo, que supostamente corresponde ao drive
motivacional da mesma natureza na pessoa, deverá estar representado no
produto, alocado em uma das dimensões de benefícios percebidos.
FONTE: O autor(2012)
53
revisão teórica, e está possivelmente apto a identificar a validade dessas
relações.
Para observar parte das análises possíveis, nos diferentes grupos de
geração, foi construída a Figura 6, com a matriz de relações decorrentes do
modelo apresentado. Para cada geração analisada é possível realizar a
identificação das influências dos valores sobre a valoração do produto, bem
como a confirmação da diferença geracional.
Observa-se na tabela a inclusão do tipo `indiferente`. Como as escalas
de avaliação do valor predominante permitem ao respondente optar por uma
posição contrária ou indiferente ao valor pessoal, existe a possibilidade de
nenhuma dimensão carregar adequadamente. Nesse caso o respondente deve
ser enquadrado nessa categoria. A matriz também pode vir a ser maior ou
menor. Uma vez que a escala de valores será igualmente testada através da
análise fatorial podendo confirmar ou não a utilização de uma dimensão, além
é claro, de também poderem existir indivíduos com carregamento adequado
em mais de um tipo de valor.
Social-Altruísta
Biosférico
Teste-t para os efeitos entre cada um dos tipos
Egoísta versus dimensão do produto.
Indiferente
54
Hipótese 1: A Geração Y terá uma matriz de distribuição dos tipos de
valor versus dimensão do produto diferente das demais gerações.
Hipótese 2: Existe a dimensão consciente nos produtos.
Hipótese 3: A Geração Y tem mais consumidores conscientes que as
outras gerações.
• Geração
55
século XX. A escolha de um recorte mais recente busca atenuar uma eventual
diferença causada pelo atraso existente entre os EUA e o Brasil na difusão
tecnológica, referente a primeira data delimitadora encontrada na literatura
revisada. Esse recorte foi mensurado através do questionamento no formulário
de pesquisa do dia de nascimento do indivíduo.
• Valor Predominante:
• Dimensão do atributo
56
recompensas para o eu. A dimensão utilitária mede o quanto o produto em
questão está caracterizado como um produto funcional na perspectiva do
consumidor. A última dimensão, a consciente refere-se aos benefícios que o
produto gera, em termos de sustentabilidade ao meio em que o sujeito vive,
tanto a itens da natureza quanto a seus semelhantes. Será mensurada
utilizando os itens presentes no Quadro 3, em uma questão de diferencial
semântico do tipo de Osgood.
57
Essa técnica também está coerente com o objetivo do estudo de
desenvolver e testar uma nova dimensão operacionalizada através de uma
escala de mensuração.
_________________________
8 - Considerando os nascidos entre 1981 e 1995 devido ao recorte realizado pelo IBGE na coleta de dados na
Sinopse do Censo Demográfico 2010 - IBGE, 2013.
58
alguns riscos em cumprir essa tarefa é o indicador mais eficaz em termos de
custo – benefício. Complementarmente a amostragem também será descrita
por outras variáveis elaboradas a partir do já discutido na revisão sobre a
Geração Y, essas poderão suportar eventualmente uma necessidade de maior
critério na seleção post hoc.
O universo da pesquisa abrangerá a todas as pessoas que tiverem
acesso à Internet, dentro do perfil de corte que identifica o grupo de indivíduos
em pauta. Além de possuírem os recursos mínimos demandados para o
preenchimento do formulário eletrônico.
59
recursos materiais para que o indivíduo tenha acesso a um determinado
nível de consumo.
60
Eventualmente está prevista a utilização da coleta em formulário
impresso, principalmente em instituições de ensino, caso o websurvey não
corresponda as necessidades amostrais para as análises estatísticas.
Aaker et al, (2003) pontuam que a validade da pesquisa dependerá da
seleção da amostra, do desenho do formulário, das tendências de resposta e
dos desafios tecnológicos. Para minimizar esses riscos, a amostra será
selecionada com filtros post hoc, através da mensuração de algumas variáveis
chave caracterizadoras do grupo como já discutido na revisão teórica.
Tendências de respostas, ou o efeito halo podem ser minimizados com
uma distribuição disforme das questões. Posteriormente uma análise preliminar
dos dados em uma planilha eletrônica antes do início dos testes também pode
auxiliar na verificação de casos contaminados por esse efeito.
Questões acerca do desenho do formulário são tratadas com os
resultados dos testes do formulário. Em um processo de verificação e ajuste
até atingir-se o ponto ideal para aplicação do instrumento.
Os problemas relacionados aos desafios tecnológicos são de difícil
controle, já que na maioria fogem do alcance do pesquisador, entretanto o
provedor de serviços de pesquisa utilizado no projeto – Qualtrics.com – é um
dos maiores do mundo, com sedes na Austrália, EUA, UK e Hong Kong, e
atuação há mais de 20 anos nesse segmento, o que transmite uma
considerável tranquilidade acerca de sua utilização9.
Devido ao considerável tamanho da questão elaborada para medir as
dimensões do produto em forma de escala, as variáveis indicadoras foram
misturadas para tentar minimizar o efeito halo. Os itens dentro da escala
também foram alternados quando ao sentido, entre um positivo e negativo,
para evitar o mesmo efeito tendencioso na aplicação dos escores Aaker et al,
(2003). As questões descritivas que demandavam menor esforço foram
deixadas para o final do questionário com o intuído de preservar ao máximo a
capacidade cognitiva do sujeito no momento de avaliar os produtos.
_________________________
9 – Informações extraídas do sítio eletrônico do fabricante.
61
O formulário de coleta foi estruturado conforme esquema
apresentado na Quadro 6.
62
Energizer e Duracell ofertavam pilhas alcalinas no momento da execução
desse projeto. Assim optou-se por manter da categoria de pilhas (baterias
alcalinas) utilizada no original, que incluía Kodak, Radio Shack e Energizer,
somente a marca Duracell pelo seu amplo awareness no país. A pilha
Energinzer não foi utilizada devido a proximidade em características e
posicionamento da Duracell, inclusive como ficou demonstrado no próprio
estudo de Voss, Spangenberg e Grohmann (2003).
Com o objetivo de explorar o efeito da terceira dimensão de benefício,
no caso a consciente, incluiu-se produtos que supostamente – de acordo com a
comunicação do fabricante – possuem benefícios relacionados a dimensão
consciente. Ademais, seria prudente testar uma quantidade de itens por
categoria com características diferentes, sendo cada um direcionado para uma
das três dimensões. Assim, por categoria, deveriam existir no mínimo três
produtos, com recursos que remetessem primordialmente a cada uma das
dimensões - utilitária/hedônica/consciente.
A primeira versão do formulário continha seis categorias de produtos
com quatro artigos em cada. Decorrente da escala de avaliação de benefícios
com quinze itens, o teste do formulário demonstrou que o instrumento ficou
extremamente cansativo, apontando a inviabilidade de sua operacionalização
dentro do método de coleta proposto.
Após um ajuste buscando melhorar a experiência de resposta, a
quantidade de produtos avaliados foi reduzida, gerando-se um formulário de
pesquisa que manteve as seguintes categorias e respectivos produtos:
63
Quanto a escolha das categorias, a lógica utilizada pautou-se nos
parâmetros da existência de um produto com proposta ecossustentável na
categoria, o grau de envolvimento - uma categoria em cada nível - e o
awareness estimado – o maior o possível.
A escolha por baterias deveu-se supostamente por ser um item de
amplo conhecimento na sociedade e de baixo envolvimento no processo de
compra, além de ter-se localizado um produto na categoria com atributos
sustentáveis. Como essa é essencialmente utilitária uma das marcas deveria
possuir uma proposta relacionada a preservação ambiental. A mesma
estratégia foi seguida para as duas outras categorias, que deveriam possuir um
produto pelo menos com benefícios declarados conscientes.
A decisão em utilizar celulares e carros também se pautou pelo
suposto conhecimento da maioria dos consumidores acerca de tais bens, bem
como pela diferença de envolvimento no processo de compra10. O objetivo foi
incluir categorias que pertencessem a cada um dos níveis de envolvimento nas
etapas de compra. Assim celulares, representariam médio a alto envolvimento,
e carros, alto envolvimento.
Apesar da tentativa em manter apenas uma marca por categoria, em
baterias nenhuma delas possuía produtos na dimensão utilitária/hedônica e
outros na sustentável. A marca Duracell representou a dimensão utilitária e a
Avant a utilitária/consciente. Ambas atuam no mercado brasileiro, sendo que a
Avant é a marca com maior apelo à sustentabilidade. Durante o processo de
escolha localizou-se outra marca que também tenta explorar a dimensão
consciente, a Nautika. Entretanto essa tem como foco primário de proposta de
valor o segmento de praticantes de atividades náuticas, deixando a questão
ecossustentável em segundo plano, por esse fato e pela necessidade de
racionalização do formulário não foi incluída.
Para os carros o problema quanto a marca foi similar, uma vez que a
__________________________
10 - Conforme a revisão teórica poderia enquadrar-se em três níveis: Solução Limitada de Problema, Solução
Intermediária de Problema e Solução Estendida de Problema (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2005).
64
Toyota, empresa que fabrica o carro com características conscientes não
possui um veículo essencialmente utilitário, bem como um hedônico. Assim
para completar essa categoria a marca Chevrolet e dois de seus veículos foram
escolhidos. A razão é pelo seu amplo awareness no mercado bem como a
existência de um superesportivo em sua linha. Diferente das outras três
tradicionais montadoras – FIAT, Volkswagen, Ford – que não possuem um
modelo superesportivo.
O recém-lançado Prius da marca Toyota foi utilizado para representar a
dimensão consciente. Esse veículo foi escolhido por ser o primeiro do gênero
no mundo, possuindo um suposto maior awareness – apesar de não terem sido
realizados estudos nesse sentido – e por estar presente no Brasil. O Honda
Civic Hybrid seria uma alternativa, mas ainda é um modelo pouco comentado
na mídia nacional. Para as outras dimensões optou-se por dois veículos da
marca Chevrolet, o Chevrolet Classic, que supostamente teria um maior
carregamento na dimensão utilitária e o Camaro na hedônica. A escolha do
Chevrolet Classic para a categoria utilitária acaba sendo natural, uma vez que
é o modelo mais antigo da marca no mercado com características de estética e
de conforto limitadas. Bem como a do Camaro que é o veículo mais esportivo
da marca.
Já na categoria de celulares, a marca Samsung foi escolhida por ser a
única encontrada no mercado brasileiro com um produto com fortes
características ecossustentáveis. No caso o modelo Blue Earth, que possui
diversos recursos que estressam essa oferta, como uma caixa fabricada em
PET reciclado e um painel solar para recarga da bateria. Analisou-se que todas
as demais marcas operantes no momento não possuem aparelho com
proposta similar.
Com a escolha dos produtos a serem analisados o formulário estava
pronto para uso. Após ser testado durante sete dias, com a solicitação explícita
de participação de trinta indivíduos através de uma rede social (Facebook), foi
identificada a necessidade de ajustes em algumas terminologias utilizadas nas
escalas traduzidas e em alguns dos cabeçalhos das questões. A ordem das
questões também foi alterada, procurando uma melhor experiência e a
minimização do risco de um efeito halo. Nessa fase também foi verificado que o
teste das três categorias simultaneamente seria infrutífero, devido ao stress
65
causado ao responder um questionário demasiadamente longo e com sete
questões praticamente iguais.
Dessa forma, uma das categorias foi eleita como de avaliação
obrigatória no formulário. Optou-se pelos celulares, uma vez que a Geração Y
possui uma grande intimidade com esse equipamento conforme apontado na
revisão teórica. As outras duas categorias foram apresentadas aleatoriamente,
utilizando o sistema disponível na configuração lógica do aplicativo Qualtrics.
Na escala de avaliação dos benefícios tomou-se a atenção de alternar
a ordem dos itens, tanto em relação a sua valência quanto a sua dimensão de
benefício, conforme previsto.
Como pode ser observado, das três categorias, apenas a de veículos
contou com três produtos. O objetivo foi propor uma avaliação intracategórica
com bens que teriam um suposto carregamento maior em cada uma das três
dimensões. A categoria de baterias não foi eleita pois os produtos identificados
no mercado brasileiro possuem um distanciamento da dimensão hedônica. Já a
categoria de celulares, como foi a única tomada como obrigatória, causaria um
excessivo desgaste no entrevistado caso possuísse mais de dois produtos,
possivelmente corrompendo o correto preenchimento das demais questões.
Entretanto também seria uma possibilidade, uma vez que ainda são
comercializados aparelhos extremamente simples, praticamente apenas com a
função de voz, o que os caracterizaria como essencialmente utilitários. A opção
pela categoria de carros foi natural, uma vez que existiam produtos com
benefícios evidentes em cada uma das dimensões. Ademais se assumiu um
risco ao passo que os respondentes poderiam abandonar o preenchimento
devido ao excessivo tamanho das questões dessa categoria.
Após as mudanças e ajustes o tempo de resposta do inquérito ficou
estimado em vinte minutos, o que ainda pode ser considerado elevado,
inferindo uma alta taxa de desistência. Isso também prejudicaria a motivação
para o respondente para sugerir que outra pessoa de sua rede de
relacionamento participasse do estudo.
Com o objetivo de motivar a participação e a subsequente propagação
do estudo, a divulgação acompanhou o anúncio de que o respondente estaria
ajudando uma instituição de caridade que seria eleita pela maioria dos
participantes – que poderiam votar na instituição de sua preferência ao término
66
do inquérito- recebendo o equivalente à quantidade de votos recebida em
dinheiro.
Os formulários de coleta de dados, conforme foram aplicado aos
entrevistados em suas duas possíveis versões, estão reproduzido na íntegra no
Apêndices 7 e 8.
67
Foram realizados quantitativos em relação ao sexo do respondente, a
distribuição em classes sociais, local de coleta dos questionários, local de
nascimento e distribuição geracional.
68
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
69
A partir desse momento a captação continuou tanto através da internet
quanto dos formulários físicos. As aplicações foram realizadas em três
instituições de ensino de Curitiba (OPET, PUC e UFPR) e uma da região
metropolitana (FAPI), focando especificamente no aumento da base com perfil
pertencente a Geração Y. Adicionalmente realizou-se coleta em igrejas e no
circulo social do pesquisador. Com esse esforço a base saltou para 650 casos.
Destes 217 coletados com o formulário de papel, sendo tabulados pelo próprio
pesquisador em uma planilha eletrônica. Após a averiguação e limpeza de
todos os dados restaram um total de 521 casos.
O resultado final da amostra coletada pode ser observada na Tabela 1,
que descreve as frequências de todos os locais de coleta. A Internet foi o local
com maior representatividade na base, correspondendo a um percentual
aproximado de 59% do total.
Os formulários eletrônicos foram disponibilizados na rede social
Facebook e distribuído por e-mail para os contatos do pesquisador,
acompanhado de mensagem explícita para participar do estudo.
A amostra foi coletada no período de outubro de 2012 a janeiro de
2013. Esse período englobou tanto o processo de coleta eletrônica quanto
física, bem como o tempo levado para tabular os dados dos formulários
impressos – atividade que foi realizada simultaneamente.
Já os questionários impressos foram aplicados nas instituições de
ensino nos cursos de marketing e administração, além de coletas realizadas na
rede de relacionamento do pesquisador, ambos em Curitiba. A distribuição de
frequência do local de coleta física pode ser vista na Tabela 1.
70
Aproximadamente 40% do total dos dados foram coletados
presencialmente. Desses as instituições de ensino corresponderam a
aproximadamente 31% e a UFPR praticamente à metade desse subtotal.
Destaca-se que a estratégia de buscar coletas em instituições de
ensino foi devido ao potencial de localizar o perfil de jovens ideal para o estudo,
integrados com a tecnologia e a cultura contemporânea. Fatores relacionados
aos Millenials conforme apresentado na revisão teórica.
Dentre outras informações, o formulário avaliou o perfil demográfico
dos entrevistados quanto à classe social e sexo (Tabela 2), local, ano de
nascimento, bem como o perfil da cidade de criação até os 10 anos de idade.
Tais elementos foram considerados relevantes ao estudo conforme a
caracterização da Geração Y.
71
TABELA 3: FREQUÊNCIA DE NASCIMENTOS
DA AMOSTRA PERTENCENTES A GERAÇÃO Y
Ano Percentual
Nascimento Frequência Percentual acumulado
1980 6 2,2 2,2
1981 8 2,9 5,1
1982 15 5,4 10,5
1983 11 4,0 14,5
1984 8 2,9 17,4
1985 11 4,0 21,4
1986 9 3,3 24,6
1987 11 4,0 28,6
1988 9 3,3 31,9
1989 20 7,2 39,1
1990 19 6,9 46,0
1991 22 8,0 54,0
1992 36 13,0 67,0
1993 45 16,3 83,3
1994 33 12,0 95,3
1995 6 2,2 97,5
1996 3 1,1 98,6
1997 1 ,4 98,9
1998 2 ,7 99,6
1999 1 ,4 100,0
Total 276 100,0
FONTE: O autor(2013)
NOTA: Não contempla os integrantes das demais
gerações.
72
Como forma de validação dos formulários utilizou-se a questão dois,
referente ao envolvimento com a categoria dos produtos selecionados para
análise. A validação consistiu em comparar as respostas de duas variáveis com
sentidos semânticos iguais, apenas com escalas de avaliação invertidas,
pertencentes a escala de envolvimento com a categoria de produtos. Assim, as
seguintes perguntas revelaram se o respondente estaria atento à tarefa de
responder o formulário:
73
d) O tamanho da amostra é maior do que trinta casos.
e) Existe independência entre os casos coletados.
74
como inexistente. Ele está ligado ao poder do teste, que é calculado como 1-β.
(FIELD, 2009; HAIR et al 2009) O valor do poder nesse projeto foi calculado a
posteriori, utilizando os parâmetros de média e tamanho da amostra utilizada
no teste correspondente (BISQUERRA; SARRIERA; MARÍNEZ, 2004).
O poder do teste, utilizando no caso o nível- β será estimando para o
Teste-t, estatísticas utilizadas para H0 e H1. Foi utilizando o software G-Power
sugerido por Field (2009), considerando um nível alfa de 5%, utilizando como
desvio padrão (sigma) o valor calculado pelo SPSS, bem como tamanho de
amostra nos casos validados do Teste-t executado. Como convenção tem-se
que um efeito de 0.2 é pequeno, de 0.5 médio e de 0.8 grande (FIELD, 2009).
75
Como a hipótese nula é bidirecional, a significância deve ser assumida
como bicaldal. Assim os valores `p` de todos os testes foram mantidos os
mesmos uma vez que o programa SPSS por padrão fornece resultado nesse
pressuposto (FIELD, 2005).
A Tabela 4 é um resumo de todos os Testes-t realizados, bem como os
valores de escores obtidos em cada uma das dimensões para cada produto
avaliado. As linhas destacadas em cinza indicam uma relação significante.
Todos os outputs do SPSS relacionados ao teste estão no Apêndice 5.
O poder do foi calculado utilizando o software Gpower, apenas para as
comparações significativas. Sendo que o resultado foi de grande intensidade
para as dimensões consciente dos produtos que apresentaram diferença (ver
Tabela 4).
Assim, o Teste-t aplicado, demonstrou que existiram diferenças
significativas em alguns produtos do estudo. Dessa forma permitindo rejeitar a
Hipótese Nula de igualdade.
Quanto aos escores obtidos, poder-se-ia especular que diferem por
algum fator relacionado aos produtos, como o envolvimento, awareness ou
afinidade uma vez que o teste foi significativo no celular e na bateria Duracell,
itens de maior proximidade dos jovens ípsilon.
Entretanto é interessante observar que em todos os produtos que
apresentaram diferença a pontuação atingida na Geração Y foi
significativamente menor. Disso poder-se-ia inferir que esse grupo possui uma
carga crítica maior do que as demais gerações. Essa suposição levantada
também explicaria a razão da dimensão consciente ter recebido escores
menores no celular Galaxy Y e na bateria Duracell. Diferenças que obtiveram
um alto poder. Mesmo sendo produtos sem características conscientes, teriam
um impacto maior no ambiente. Dessa forma receberiam notas
significativamente menores quanto à dimensão consciente.
76
TABELA 4: RESULTADO DO TESTE-T DA HIPÓTESE NULA
Geração Y Demais Valor t
Gerações Poder
Dimensão Sig.
Efeito
n 𝑥 dp n 𝑥 dp (1-β)
Duracell Hed 139 4,00 ,866 55 4,32 1,08 S t(192)=-2,115 ,036 0,5327
Uti 140 5,77 ,945 55 5,75 1,17 N t(83,32)=0,147 ,884
Con 140 4,32 1,37 55 5,13 1,47 S t(193)=-3,641 ,000 0,9457
Avant Hed 138 4,39 1,02 56 4,42 1,15 N t(192)=-,187 ,852
Uti 138 5,82 ,99 56 5,69 1,31 N t(82,12)=-,616 ,54
Con 138 5,65 1,12 56 5,71 1,35 N t(192)=-,367 ,714
Blue Hed 252 4,51 1,07 106 4,75 1,29 S t(168,75)=-1,664* ,098 0,4148
Earth Uti 252 5,24 1,21 106 5,39 1,45 N t(168,51)=-,965 ,336
Con 252 5,81 1,14 106 5,73 1,27 N t(356)=,593 ,554
Galaxy Hed 236 4,81 1,06 96 5,02 1,24 N t(330)=-1,53 ,128
Y Uti 236 5,43 1,05 96 5,32 1,36 N t(142,89)=,727 ,668
Con 236 3,99 1,13 96 4,68 1,35 S t(151,69)=-4,425* ,000 0,9954
Prius Hed 91 4,81 1,11 30 5,03 1,31 N t(119)=-,899 ,370
Uti 91 5,45 1,16 30 5,18 1,38 N t(119)=1,076 ,284
Con 91 5,53 1,27 30 5,17 1,35 N t(119)=1,329 ,186
Classic Hed 87 3,90 1,19 30 4,22 1,23 N t(115)=-1,047 ,212
Uti 87 4,92 1,15 30 4,53 1,24 N t(115)=1,538 ,128
Con 87 4,02 1,19 30 4,28 1,22 N t(115)=-1,047 ,298
Camaro Hed 87 5,66 1,33 29 5,28 1,41 N t(114)=1,323 ,384
Uti 87 4,42 1,30 29 4,05 1,38 N t(45,92)=1,315 ,190
Con 87 3,26 1,35 29 3,74 1,52 N t(114)=1,323 ,114
FONTE: O autor(2012)
NOTA: *O teste de Levene assume que as variâncias não são iguais.
77
Como primeiro indicador a escala obteve KMO(45)= 0,792, p< 0,000,
sendo considerado satisfatório (HAIR et al, 2009). Todos os fatores
carregaram satisfatoriamente na tabela de comunalidades, com exceção de um
item da dimensão biosférica (“Os animais tem os mesmos direitos morais dos
humanos”) que possui apenas 28,7% de sua variância compartilhada. Esse é o
primeiro indício que essa variável poderia ser excluída.
A matriz rotacionada apresentou as três dimensões esperadas.
Entretanto a mesma variável biosférica carregou em outra dimensão, no caso
a social altruísta, com carga de 0,469.
Como essa dimensão apresenta uma distorção em relação ao
apresentado pelos autores Alibeli e White (2011) seria prudente aprofundar a
análise. Assim executou-se o teste de Alfa de Cronbach com os quatro itens
extraídos. O alfa foi escolhido com indicador pois esse é o mais popular para
mensurar a consistência interna de uma escala (PALLANT, 2007; FIELD, 2009;
HAIR et al, 2009) .
Analisando os tais itens o alfa atingiu 0,645, o que poderia ser
considerado aceitável por alguns autores (HAIR et al, 2009). Entretanto a
análise de incremento desse indicador, gerada pelo próprio SPSS caso algum
item fosse excluído do conjunto, revelou uma melhora para 0,681 com a
eliminação da variável originalmente alheia a dimensão.
Decorrente desses três fatos optou-se por excluir o item “Os animais
tem os mesmos direitos morais dos humanos”, originalmente da dimensão
biosférica. Após essa ação testou-se novamente a dimensão Social-Altruísta. O
resultado gerou um Alfa de 0,680, entretanto a análise do Alfa de Cronbach
caso um item fosse deletado sugeriu a eliminação de outra variável do grupo
Social-Altruísta – “Aceitaria um corte no padrão de vida para proteger o meio
ambiente”, com um aumento esperado da confiabilidade para 0,746.
Assim, devido ao expressivo incremento da confiabilidade, essa
variável também foi eliminada na escala. Rodou-se novamente a EFA e o teste
de confiabilidade. Os resultados foram satisfatórios e estão presentes no
Quadro 7 comparativamente com os obtidos por Alibeli e White (2011).
78
Alibeli e White O autor (2013)
(2011)
79
Entretanto, o indicador Alfa de Cronbach não é o mais confiável para
teste com poucos itens (FIELD, 2009), geralmente menos do que dez
(PALLANT, 2007). Assim uma possibilidade seria utilizar como medida a média
inter-item da correlação (PALLANT, 2007). Mas mesmo com essa avaliação
alternativa, a média inter-item foi de apenas 0,227.
Devido a esse problema de consistência, que inclusive já era oriundo
do estudo de Alibeli e White (2011) onde o alfa do construto proposto
originalmente atingiu apenas 0,532, optou-se por eliminar a dimensão das
análises. Dessa forma os grupos seriam divididos apenas entre egoísta e social
altruísta, considerando ainda a possível combinação de ambos.
Apesar da estatística ofertar metodologias de grande importância para
o estudo nas ciências sociais, e possuir um grande peso na escola positivista
vigente, seria prudente realizar uma análise qualitativa complementar sobre a
desconsideração da dimensão das análises.
A proposta de Stern, Dietz e Kalof (1993), testada por Alibeli e White
(2011), de estruturar os valores do indivíduo é importante ao passo que procura
explicar um antecedente da atitude sustentável. Apesar disso, pode-se
questionar se existiu uma certa sobreposição de conceitos ao realizar a divisão
de valores sociais e biosféricos.
Avaliando os itens da dimensão social altruísta é fácil de perceber que
todas as questões instigam a reflexão do quanto uma pessoa está disposta a
abicar para proteger o meio-ambiente, ou outras entidades. Os itens
intensificam a posição inclusive ao estressar que o contexto pode causar algum
tipo de prejuízo à pessoa em prol do meio-ambiente. Todos os itens convergem
para um mesmo sentido semântico.
Já os itens da dimensão biosférica são um pouco discrepantes. Os dois
primeiros itens aproximam-se ao testar se o respondente considera que manter
a natureza/meio-ambiente intactos é importante. Mas o item dez (Quadro 7)
propõe um questionamento moral, comparando animais com pessoas. Assim
seria de esperar uma falta de coesão na correlação. Que inclusive já era
prevista pelo resultado do estudo original, onde o item teve o menor
carregamento da dimensão.
Como debate semântico relativo ao item dez, talvez os autores
partissem originalmente da ideia de que o indivíduo tem como valor a popular
80
‘regra do ouro’, que basicamente comanda que as pessoas devem ser
respeitadas com igualdade. Dessa forma os animais deveriam ser tratados em
termos de igualdade.
Entretanto poder-se-ia inferir que o brasileiro no caso eventualmente
possui características cívicas distintas dos norte-americanos. Considerando
que essa suposição realmente seja válida, uma pessoa que tem valores
biosféricos, conforme definido pelos autores, eventualmente poderia vir a
demonstrar uma atitude diferente da prevista originalmente.
Ademais a distinção entre as duas dimensões também pode ficar
comprometida. Principalmente ao considerar que um indivíduo que esteja
disposto a abdicar de determinados benefícios, ou até mesmo assumir
prejuízos em prol do meio-ambiente, muito provavelmente também possua
valores morais e uma postura de preservação da natureza. Assim o grande
questionamento seria se as duas dimensões estariam mensurando o mesmo
constructo. Alibeli e White (2011) inclusive comentam eu seu estudo que os
constructos possuem essa faceta, entretanto não pontuam como uma
fragilidade do modelo.
Assim, corroborando com o estudo quantitativo da Análise Fatorial
Exploratória, existiriam evidências suficientes para suportar a decisão em
desconsiderar a dimensão biosférica nesse estudo.
81
dimensão. Uma vez que a escala menor ou igual a esse valor representa a
discordância ou indiferença ao tipo de valor.
Utilizando o Excel, foram criadas duas novas variáveis que continham
os valores médios (média aritmética) dos escores das seis variáveis das duas
dimensões. Posteriormente, utilizando os argumentos lógicos do aplicativo, os
valores foram separados nas quatro categorias e retornados ao SPSS como
variável categorizadora.
A estatística descritiva dos resultados apresentados na amostra quanto
a distribuição por tipo predominante pode ser vista no Tabela 5.
Grupo geracional
SocA Ego 16 3 19
Indiferente 33 14 47
Total 241 97 338
NOTA: O autor(2012)
82
Dietz e Kalof (1993) previram a possível situação em que o indivíduo poderia
possuir mais de uma dimensão de valor com carregamento evidenciado.
Os resultados das análises executas estão resumidos abaixo e podem
ser visualizados na íntegra no Apêndice 9. Cada produto foi testado
individualmente, tomando como principal classificação os tipos predominantes
(Social-Altruísta, Egoísta, Social-Altruísta/Egoísta, e Indiferente). Dentro de
cada um desses grupos foram comparadas as médias da Geração Y versus as
demais gerações, em cada uma das dimensões do produto. A comparação foi
realizada avaliando o escore médio obtido. A última coluna apresenta os
valores obtidos no Teste-t referente a variável analisada.
Produto Duracell:
o Valor Predominante Egoísta:
Dimensão Geração Y Demais Teste-t
Consciente n=83; 𝑥=4,35 n=45; 𝑥=5,1 t(126)=-2,734, p<,007
83
o Valor Predominante Indiferente:
Dimensão Geração Y Demais Teste-t
Utilitário n=33; 𝑥=5,38 n=14; 𝑥=4,40 t(45)=2,970, p=,005
Dimensão do Produto
Valor Predominante Utilitário Hedônico Consciente
Social-Altruísta 1
Social-Altruísta e
2
Egoísta
Egoísta 1 3
Indiferente 3 2
Ger. Y Demais Ger. Y Demais Ger. Y Demais
QUADRO 8: RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DE VALOR QUE
APRESENTARAM DIFERENÇAS
FONTE: O autor (2012)
84
A análise executada, buscando o estudo da influência do valor
predominante do indivíduo em cada dimensão, e da existência de diferenças
entre as gerações, apontou algumas situações intrigantes.
A primeira é em relação aos maiores escores obtidos na dimensão
consciente pelas demais gerações no quesito que envolvia o valor Egoísta.
Essa situação sugere que a Geração Y tem uma maior capacidade para avaliar
os produtos relacionados a dimensão consciente. Uma vez que as diferenças
surgiram nos produtos: Chevrolet Classic, Samsung Galaxy e Duracell. Ou
seja, realizando uma avaliação qualitativa desses, facilmente percebe-se que
nenhum possui uma mensagem de sustentabilidade, indicando que as notas
realmente deveriam ser menores. Essa conclusão corrobora com outra
descoberta nesse estudo, apontada no item 5.1.2, onde a Geração Y pontua
com notas significativamente menores os produtos ditos sustentáveis e do item
4.2.3, onde igualmente infere-se uma posição crítica mais acentuada.
Outro fator interessante foi a igualdade do valor social-altruísta entre as
gerações na dimensão consciente. Isso pode indicar que o valor social-altruísta
realmente poderia predizer se uma pessoa terá a capacidade de avaliar
corretamente um produto como consciente ou não, indiferente da geração que
pertença. Esse fato fornece subsídio para a utilização da escala modificada de
Alibeli e White (2011) para prever como uma população, baseando-se no tipo
de valor pessoal predominante, iria avaliar os produtos com características
sustentáveis. Entretanto essa análise deve ser feita com cautela, uma vez que
a dimensão social-altruísta não foi avaliada em diversos produtos por falta de
respondentes.
Conclusivamente percebe-se que existe uma forte tendência em
assumir que o tipo de valor do indivíduo influencia a percepção de benefícios
conscientes do produto. No resumo do resultado das análise (Quadro 10)
percebe-se que a diferença entre as gerações derivada da análise dos
produtos por tipo de valor não acontece no grupo de valor predominante social-
altruísta. Conforme já pontuado indicaria uma homogeneidade entre os grupos,
que teriam o antecedente esse valor.
85
Outra inferência importante, que corrobora com a revisão teórica, é a
percepção da dimensão consciente pelos integrantes da Geração Y. Tipos de
valor que são conceitualmente opostos, ou seja, a egoísta e a social-altruísta
produziram uma mesma avaliação dos benefícios dos produtos. Isso
demonstra a característica que a sustentabilidade já pode estar integrada
nessa população.
A segunda conclusão decorrente desse fato é que a escala de avaliar o
antecedente de uma atitude responsável com o meio-ambiente de Stern, Dietz
e Kalof (1993) pode ser ineficaz ao avaliar os jovens ípsilons.
86
faltante foi adotado pela demanda posterior da CFA, que exige que nenhuma
variável tenha uma resposta com valor nulo.
Adotar essa estratégia de análise visou aumentar a confiabilidade dos
resultados encontrados, uma vez que a estratégia de análise da Amostra B
poderia ser questionada quanto ao princípio da unicidade dos dados. Uma vez
que ambas amostras demonstrassem coerência com a dimensão consciente,
esse ponto seria relativizado.
Análise A:
-Amostra ‘A’ com 139 casos;
-Categoria de produto: bateria;
-Produto envolvido: Bateria Duracell AA.
Análise B:
-Amostra ‘B’ com 1006 casos;
-Categorias de produtos: bateria, celular, carro;
-Produtos envolvidos: Baterias Duracell e Avant tamanho AA; Celulares
Samsung Blue Earth e Galaxy Y; Carros Toyota Prius, Chevrolet
Classic e Camaro SS.
87
As comunalidades também foram satisfatórias, apresentando diversos
valores na faixa entre 0,5 e 0,7, sendo nenhum inferior a 0,4, demonstrando a
existência de correlações mas sem problemas de singularidade dos dados.
Os Eigenvalues sugeriram a utilização de quatro dimensões,
explicando 59,45% do total da variância. O gráfico de Scree Plot confirma a
situação, onde pode-se identificar a existência clara de três dimensões. Foi
utilizada a rotação Varimax sem forçar as dimensões.
Tanto na matriz componente quanto na rotacionada surgem quatro
dimensões. Na matriz rotacionada apenas dois elementos ficam deslocados em
uma hipotética quarta dimensão, dentre eles apenas um com carregamento
satisfatório de 0,717. Sugerindo que o outro elemento eventualmente poderia
ser eliminado.
Como o projeto consistia em realizar a modelagem de equações
estruturais nenhuma variável foi eliminada, optando-se por estudar os
construtos no AMOS.
88
b) Consciente: Responsável – Irresponsável; Economiza Recursos –
Desperdiça Recursos;
c) Utilitária: Prático – Devaneador; Necessário – Desnecessário;
Funcional – Disfuncional; Útil – Inútil.
89
Essas validades são obtidas através do CCR - Coeficiente de
Confiabilidade Composta, que é calculado por (FORNEL; KARCKER, 1981):
(1)
(2)
Que tem como referência um valor maior que 0,7, e da AVE - Variância
Média Extraída, com valor de referência maior que 0,5, e é calculada por
(FORNEL; KARCKER, 1981):
(3)
90
Para análise da Validade Discriminante os índices de correlação para o
modelo da Amostra ‘A’, que podem ser observados na Figura 7, foram:
Hedônico – Consciente 0,254; Consciente – Utilitário 0,142; Hedônico –
Utilitário 0,167.
91
confirmando a existência de uma terceira dimensão, ou seja, a dimensão
consciente.
Como a suposição mais plausível para o problema com a dimensão
utilitária é o tamanho da amostra reduzido, segue-se com a estratégia inicial de
analisar a Amostra ‘B’ com a utilização de todos as avaliações dos produtos.
92
significativo e dessa forma afastando a possibilidade que a matriz anti-imagem
de correlação ou matriz-R seja a matriz identidade.
A inspeção da Matriz de Correlação não indicou nenhum cruzamento
de variável com índice maior do que 0,900, não apresentado o problema de
singularidade dos dados ou multicolinearidade. Por sua vez foram identificados
diversos cruzamentos significantes demonstrando a validade das relações e
não sugerindo a eliminação de nenhuma variável nesse momento. (FIELDS,
2005).
A Matriz Anti-Imagem também produziu apenas bons resultados com
todos os cruzamentos das variáveis obtendo valores acima de 0,5, anunciando
que todos os elementos devem ser mantidos (FIELDS, 2005).
A tabela de Variância explicada, baseada no critério dos Eigenvalues
aponta a existência de três dimensões que explicam 56,58% da variância. O
gráfico de Scree Plot também confirmou o ponto de inflexão no quarto
elemento, confirmando a existência de três dimensões. A matriz componente
(antes da rotação) aponta as três dimensões que são confirmadas com a matriz
rotacionada que está no Quadro 9, apresentando bons valores de correlação,
acima para a maioria das variáveis.
A Matriz Rotacionada ainda trás duas das variáveis inicialmente
propostas para a dimensão consciente (Durável – Descartável e Inseguro –
Seguro) apresentando baixa carga, 0,479 e 0,468 , e correlação com a
dimensão utilitária, incoerente com a teoria proposta. Ademais todas outras
variáveis demonstram um bom ajuste a dimensão coerente.
Esse é um primeiro sinal que as duas variáveis propostas para esse
modelo não obtiveram a eficácia esperada, sugerindo uma possível eliminação.
Entretanto, nesse momento serão mantidas para posterior estudo na CFA.
Como primeiro teste de confiabilidade das dimensões utilizou-se o
indicador Alfa de Cronbach. A dimensão Consciente teve um alfa 0,674. Esse
índice é considerado um pouco baixo, entretanto aponta-se que escalas que
envolvem construtos psicológicos podem apresentar valores abaixo de 0,7,
comumente aceitável (FIELD, 2005). Simulações com outros compostos para
essa dimensão foram avaliados e ao eliminar as variáveis Natural-Artificial,
Inseguro-Seguro e Durável-Descartável, atingiu-se um Alfa de 0,745.
93
Componente
Uti_9R ,764
Uti_15R ,738
Uti_6R ,710
Uti_12R ,708
Uti_3 ,541
Con_10R ,479
Con_4 ,468
Hed_5 ,797
Hed_2R ,786
Hed_11R ,781
Hed_14 ,776
Hed_8 ,666
Con_7R ,814
Con_13R ,778
Con_1R ,757
QUADRO 9: MATRIZ COMPONENTE ROTACIONADA
FONTE: O autor(2013)
NOTA: Método de extração: Análise de Componentes Principais.
Método de rotação: Varimax com normalização Kaiser.
a. Rotação convergiu em 5 interações.
94
4.2.5.4 Análise Fatorial Confirmatória (CFA) – Amostra B
A CFA para a Amostra ‘B’ foi conduzida de forma similar a Amostra ‘A’.
Utilizando-se de uma base com 1006 casos, a mesma utilizada na EFA, os
resultados de ajuste do modelo foram satisfatórios após a exclusão de algumas
variáveis conforme o Quadro 10. Todos os índices de ajuste gerados pelo
AMOS estão disponíveis no Apêndice 4.
O resultado final da estrutura pode ser observado na Figura 8, que
também contém os coeficientes de correlação para cada uma das relações.
A estrutura ideal identificada para os construtos de benefícios dos
produtos são:
a) Hedônica: Dilacerante – Prazeroso; Emocionante – Apático;
Maçante – Empolgante.
b) Consciente: Economiza Recursos – Desperdiça Recursos;
Responsável- Irresponsável
c) Utilitária: Necessário – Desnecessário; Funcional –
Disfuncional; Útil – Inútil.
95
outras dimensões sofreram modificações com o processo de modelagem
estrutural.
Nesse ponto da análise dos resultados é possível fazer uma
comparação entre a análise das duas amostras (Amostra ‘A’ e Amostra ‘B’)
conforme estratégia adotada para utilização dos dados gerados descrita no
item 5.1.4, tendo como objetivo impor à uma intensa sabatina de testes a nova
dimensão consciente.
No Quadro 11 fica claro que os modelos resultantes tanto para
Amostra ‘A’ quanto para a Amostra ‘B’ foram muito similares. Apesar da
dimensão utilitária sofrer em ambos os modelos. A comparação dos dois
modelo permite inferir a robustez da existência de uma terceira dimensão.
96
Entretanto, igualmente ao já apresentado e justificado para a Amostra
‘A’, o modelo ainda teria de ser testado quanto a sua Validade Convergente e
Discriminante. Uma vez que são esses dois indicadores que permitem indicar a
consistência de validade dos construtos em uma escala.
Para realizar esse procedimento foram calculados os valores de AVE e
CCR. A Tabela 8 demonstra os resultados obtidos para a Amostra ‘B’.
97
O resultado da validade discriminante para o modelo, obtida com a
comparação desses coeficientes ao quadrado para cada construto, está na
Tabela 9.
TABELA 9: INDICADORES DE VALIDADE
DISCRIMINANTE
Hedônico Consciente Utilitário
AVE 0,5699 0,0841 0,2401
0,602 0,2304
0,4881
CCR 0,7989 0,7514 0,7408
FONTE: O autor(2013)
Hedônico
Apático – Emocionante
Dilacerante – Prazeroso
Maçante - Empolgante
Utilitário
Útil – Inútil
Funcional – Disfuncional
Necessário - Desnecessário
Consciente
Economiza Recursos – Desperdiça Recursos
Responsável - Irresponsável
QUADRO 12: ESCALA DE AVALIAÇÃO DE BENEFÍCIOS DOS
PRODUTOS
FONTE: O autor (2013)
98
4.2.6 Teste da Hipótese 3
Grupo geracional
Soc.Altruísta e Quantidade 16 3 19
Egoísta % no grupo geracional 6,6% 3,1% 5,6%
Egoísta Quantidade 158 78 236
% no grupo geracional 65,6% 80,4%* 69,8%
Social Altruísta Quantidade 34 2 36
% no grupo geracional 14,1%* 2,1% 10,7%
Total Quantidade 241 97 338
99
que classificou a amostra nos diferentes tipos foi recodificada coerentemente
com esses parâmetros. Com isso reduziu-se para uma matriz tipo 2 x 2 (Tabela
11).
O tipo social-altruísta foi interpretado como representante do grupo
consciente uma vez que é a característica de valor predominante na pessoa
que demonstrou ter maior suscetibilidade a valorizar a dimensão consciente
nos produtos como pode ser observado no estudo de H1.
Social-Altruísta Quantidade 34 2 36
Predominante
100
confirma que existe diferença entre os grupos geracionais quanto ao tipo de
valor predominante na amostra, validando H3.
101
Dentre as características hedônica e utilitária as duas marcas
obtiveram escores muito similares, com a dimensão utilitária destacando-se
como esperado, uma vez que esse tipo de produto possui fundamentalmente
esse perfil.
Dessa forma, a dimensão consciente pode vir a ser uma oportunidade
da marca AVANT penetrar, conquistar e manter sua posição estratégica no
mercado. A mensuração desse benefício percebido demonstra que o produto
realmente transmite esse valor, e que, igualmente é compreendido pelo
consumidor. Direcionar esforços de marketing para potencializar esse quesito
pode ser o trunfo da empresa para diferenciar-se no mercado onde atuam
players do porte da empresa Procter & Gamble11.
O grande desafio entretanto é compreender até que ponto esse
benefício percebido pode causar um incremento financeiro, seja com o
faturamento, margem de contribuição ou com na elasticidade preço.
__________________________
11- empresa detentora da marca Duracell no momento da realização desse estudo, considerada a maior do mundo
no setor. Fonte: http://www.datamark.com.br/noticias/2012/6/vendas-da-p-g-crescem-30-no-brasil-128822/ (acessado
em 19/02/2013)
102
escore consideravelmente maior do que o similar da mesma marca.
Evidenciando que a dimensão consciente é a de maior destaque, diferente do
celular Galaxy, que obteve maior pontuação na dimensão Utilitária.
O resultado é interessante, uma vez que, mostra que essa avaliação
poderia ser tomada como um indicador da imagem percebida. No caso do
produto em questão, o estrategista pode querer fortalecer essa posição ou
direcionar recursos para outros aspectos do marketing mix do produto.
Também é relevante atentar para a dissociação existente entre o
produto e a marca. Uma vez que dois produtos diferentes da mesma marca
obtiveram escores igualmente diferentes na dimensão consciente. Assim, um
questionamento a ser feito seria até que pondo uma marca que
tradicionalmente não está associada a sustentabilidade pode explorar um
produto com essas característica obtendo sucesso na percepção do cliente.
O resultado da comparação de dois produtos da mesma marca, mas
com posicionamentos diferentes, infere uma reposta positiva à essa questão.
Uma vez que o consumidor percebe os benefícios sustentáveis, mesmo que a
marca principal não esteja procurando esse posicionamento abertamente na
comunicação institucional.
103
Isso também coloca na berlinda a afirmação Pickett-Baker e Ozaki
(2008) ao defenderem a perspectiva que um produto sustentável deriva de um
processo produtivo igualmente sustentável.
Mesmo que a colocação seja coerente em termos produtivos, caso o
consumidor não perceba dessa forma, pouco adiantará o processo ser
sustentável. Sendo a lógica reversa supostamente verdadeira, e colocando em
grande risco verdadeiras iniciativas de sustentabilidade produtiva. Uma vez que
a organização pode criar um produto ficticiamente sustentável e ocultar
processos de impacto negativo no ambiente e na sociedade.
Na categoria de veículos, novamente as pontuações dos produtos em
cada dimensão foram coerentes com os benefícios ofertados, quando
avaliados qualitativamente. O Prius obteve a maior nota na dimensão
consciente, mostrando que sua proposta de veículo “verde” realmente é
percebida pelo público estudado. O mesmo veículo obteve uma nota maior na
dimensão utilitária em relação à hedônica, evidenciando que a percepção do
público é de que o carro possui mais características funcionais do que
emocionais.
O Chevrolet Classic correspondeu ao esperado ao obter a maior
pontuação na dimensão utilitária. Que pode ser assumida como proposta atual
do produto, uma vez que está no mercado há 19 anos e praticamente não
sofreu alterações. Um veículo relativamente barato e funcional mas sem
grandes atrativos característicos dos similares mais recentes.
Finalmente o Camaro, um ícone contemporâneo no mercado brasileiro
de soberba para os consumidores que estão dispostos a despender o
equivalente a 90 mil dólares em um carro. O carregamento foi
consideravelmente maior na dimensão hedônica, e a consciente ficou com a
menor pontuação, como também seria esperado.
A última análise proposta é uma comparação de cada dimensão entre
todos os produtos avaliados. O Gráfico 4 apresenta os escores absolutos
obtidos em cada uma das dimensões. Apesar do agrupamento ser a título
ilustrativo, uma vez que são produtos de categorias diferentes e não foram
apresentados a todos os respondentes em forma de escala absoluta, existem
algumas interessantes observações.
104
A primeira é que os três produtos do estudo que formalmente
apresentam-se com alguma mensagem ou posicionamento sustentável
obtiveram escores visualmente superiores aos demais, indiferente da categoria.
Sendo que o veículo Prius ficou em último em relação a esse grupo.
Novamente esse é mais um indicativo da validade estratégica de se explorar o
benefício consciente como uma forma de construir valor percebido. Uma vez
que a característica se destaca indiferente da categoria do produto.
Também é marcante os escores do Camaro dentro da dimensão
hedônica bem como a falta de desempenho na consciente. Perfeitamente
coerente com uma análise qualitativa do produto.
105
constantes em ações de mídia, que tornar-se-iam questionáveis nesse caso.
Supõe-se que a manutenção de um produto por tanto tempo no mercado seja
decorrente do desempenho comercial, e isso poderia gerar outro
questionamento: qual é a relação entre desempenho de mercado e retorno
sobre investimento, considerando os demais atributos do produto?
Também é interessante observar que os itens Avant, Blue Earth e
Prius, destacam-se substancialmente dos demais quando observados à luz da
dimensão consciente.
Outro fato que corrobora a importância estratégica da utilização da
dimensão consciente como proposição de valor, uma vez que as outras
dimensões não estão proporcionando o mesmo poder de diferenciação. Sendo
que o único produto que consegue se destacar nas demais dimensões é o
Camaro, na hedônica. Mas esse pode ser considerado um ‘outlier’ aos demais
uma vez que sua faixa de preço e posicionamento no mercado é
substancialmente diferente.
106
5 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E CONSIDERAÇÕES
107
É importante observar que o produto não precisa ser exclusivamente
sustentável para que seja avaliado nessa dimensão. Todos os produtos
possuem uma determinada carga de percepção relacionada ao impacto no
meio-ambiente. Dessa forma, qualquer produto poderá ser estudado quanto a
dimensão consciente de benefício.
Assim a descoberta ajuda a organização a desenvolver e avaliar com
mais assertividade a proposição de valor, uma vez que é formada também
pelos benefícios do produto. Com isso permite melhor aferir se esses últimos
são plenamente compreendidos e se estão coerentes com as demandas do
público-alvo. A definição exata de qual será a proposta única de valor é um
fator chave que pode influenciar diretamente a obtenção de resultados mais
positivos no mercado.
Outra grande contribuição desse estudo é a elaboração de uma escala
tridimensional de mensuração dos benefícios dos produtos mais compacta do
que o instrumento disponível até então. Diferente do anterior que mensurava
somente duas dimensões através de dez itens, a nova escala consegue
mensurar satisfatoriamente as três dimensões utilizando apenas oito.
Uma escala mais objetiva melhora significativamente a experiência do
respondente, minimizando a fadiga cognitiva, o efeito halo e demais variações
não sistêmicas. Supostamente, inclusive, viabilizando projetos de avaliação
com uma maior quantidade de itens e com eficácia ampliada, o que era um
desafio com o instrumento anterior.
108
relevantes quando comparados os dois grupos frente aos escores atribuídos na
dimensão consciente. Sendo que a Geração Y confere notas significativamente
menores aos mesmos produtos avaliados.
O estudo dos tipos de valor predominante no indivíduo também revelou
diferenças entre os grupos, indicando que, possivelmente, ele afeta a forma
que o consumidor avalia as dimensões de benefícios do produto.
Sendo que, a dimensão que mais apresentou diferenças quando
analisada à luz do tipo do valor predominante no indivíduo foi a consciente. Em
sete dos doze casos avaliados existiram diferenças significativas entre as
gerações. Somente o grupo de indivíduos com valor predominante social-
altruísta a avaliaram de forma igual, indiferente da geração. Esse resultado
indica que esse tipo de valor realmente pode ter influência em uma atitude
favorável ao meio ambiente.
Outra constatação plausível é que os indivíduos da Geração Y,
indiferente do tipo de valor característico da pessoa, avaliam no geral de forma
diferente os benefícios conscientes em relação as outras gerações. Uma vez
que em todos os demais tipos de valor predominante existiram diferenças.
Ademais, o teste da diferença de proporção da quantidade de
indivíduos com características de valor pessoal social-altruísta sinaliza a
Geração Y como detentora de uma fração maior de indivíduos com esse perfil.
Fato que também corrobora com as descobertas em H1, onde esse tipo de
valor pessoal indica um antecedente para a atitude coerente à sustentabilidade.
Resumidamente, esse estudo corrobora com a tendência de
concretização da prática do consumo consciente. Sendo razoável apreciar o
aparecimento de uma demanda em que cada vez mais as empresas terão de
observar os aspectos relacionados a sustentabilidade. Uma vez que
conclusivamente os consumidores visualizam os atributos sustentáveis nos
produtos e os entendem como benefícios.
Nesse contexto, a correta compreensão dos benefícios percebidos da
dimensão consciente torna-se elemento chave para a competitividade
empresarial, uma vez que é parte da construção do valor ofertado pela
organização.
109
5.3 LIMITAÇÕES
110
as consequências daqui em diante na formação estratégica das empresas
quanto a estruturação de valor à seus clientes.
Ademais, uma mudança estrutural na composição dos valores
individuais de uma sociedade em prol de aspectos mais sustentáveis pode
repercutir inclusive na lógica de consumo atualmente vigente. O estudo
identificou que existem diferenças entre a geração Y e as demais relacionada a
forma de avaliar a dimensão consciente. Isso pode representar uma tendência
de longo prazo, que tenderia a consolidar-se nas próximas gerações,
relacionada ao valor social-altruísta. Intensificando ainda mais a importância da
dimensão consciente.
Sugere-se avançar na pesquisa de valoração dos produtos, estudando
a influência da dimensão consciente sobre os aspectos quantitativos, como a
elasticidade-preço da demanda, retorno sobre investimento em diferenciação,
e, valor do benefício percebido pelo cliente ao longo do tempo.
As conclusões desse projeto também fomentam a abertura de novas
possibilidades de estudos relacionados a produtos verdes, imagem de
empresas socialmente responsáveis, políticas de sustentabilidade e outros
aspectos relacionados ao valor percebido pelo cliente.
Na disciplina de comportamento do consumidor destacam-se os
possíveis estudos relacionados a motivação do cliente e a importância do
Sustainability Marketing nas relações de consumo.
Diversos contribuições também podem ser avaliadas no estudo de
marcas. Como a influência de uma marca corporativa sobre a percepção de
sustentabilidade de um produto específico. Uma vez que os resultados
apontados aqui inferem que o consumidor realiza avaliações pontuais,
possivelmente dissociando uma marca corporativa não consciente de um
produto que possua atributos conscientes. Isso pode representar um contexto
em que mesmo uma empresa que não utilize processos sustentáveis, mas que
cria um produto com essa proposta, pode se beneficiar dos louros desse
posicionamento.
111
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120
APÊNDICES
121
APÊNDICE 1
122
KMO and Bartlett's Test
df 105
Sig. ,000
Communalities
Initial Extraction
123
a
Component Matrix
Component
1 2 3 4
124
a
Rotated Component Matrix
Component
1 2 3 4
Component 1 2 3 4
125
Apêndice 2
Output Amos para Amostra ‘A’
126
Estimate S.E. C.R. P Label
e4 ,945 ,283 3,340 ***
e5 ,163 ,175 ,931 ,352
e13 ,136 1,610 ,084 ,933
e15 1,490 ,349 4,270 ***
e8 ,511 ,101 5,071 ***
e9 ,820 ,128 6,384 ***
e10 ,708 ,115 6,151 ***
e7 ,828 ,119 6,930 ***
CMIN
Model NPAR CMIN DF P CMIN/DF
Default model 19 28,639 17 ,038 1,685
Saturated model 36 ,000 0
Independence model 8 268,658 28 ,000 9,595
RMR,
GFI
Model RMR GFI AGFI PGFI
Default model ,077 ,953 ,899 ,450
Saturated model ,000 1,000
Independence model ,368 ,645 ,544 ,502
Baseline
Comparisons
NFI RFI IFI TLI
Model CFI
Delta1 rho1 Delta2 rho2
Default model ,893 ,824 ,954 ,920 ,952
Saturated model 1,000 1,000 1,000
Independence model ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
Parsimony-‐Adjusted
Measures
Model PRATIO PNFI PCFI
Default model ,607 ,542 ,578
Saturated model ,000 ,000 ,000
Independence model 1,000 ,000 ,000
NCP
Model NCP LO 90 HI 90
Default model 11,639 ,654 30,474
Saturated model ,000 ,000 ,000
Independence model 240,658 191,841 296,940
FMIN
Model FMIN F0 LO 90 HI 90
Default model ,208 ,084 ,005 ,221
Saturated model ,000 ,000 ,000 ,000
127
Model FMIN F0 LO 90 HI 90
Independence model 1,947 1,744 1,390 2,152
RMSEA
Model RMSEA LO 90 HI 90 PCLOSE
Default model ,070 ,017 ,114 ,209
Independence model ,250 ,223 ,277 ,000
AIC
Model AIC BCC BIC CAIC
Default model 66,639 69,291 122,394 141,394
Saturated model 72,000 77,023 177,641 213,641
Independence model 284,658 285,774 308,134 316,134
ECVI
Model ECVI LO 90 HI 90 MECVI
Default model ,483 ,403 ,619 ,502
Saturated model ,522 ,522 ,522 ,558
Independence model 2,063 1,709 2,471 2,071
HOELTER
HOELTER HOELTER
Model
.05 .01
Default model 133 161
Independence model 22 25
128
Apêndice 3
Tabelas de EFA da Amostra ‘B’
129
KMO and Bartlett's Test
df 105
Sig. ,000
Communalities
Initial Extraction
130
131
a
Component Matrix
Component
1 2 3
Q3_Hed_8 ,754
Q3_Hed_5 ,696 -,428
Q3_Hed_11R ,659 -,442
Q3_Uti_9R ,643
Q3_Hed_14 ,640 -,463
Q3_Hed_2R ,624 -,451
Q3_Uti_15R ,612 -,416
Q3_Uti_12R ,610
Q3_Uti_6R ,605
Q3_Con_4 ,572
Q3_Uti_3 ,534
Q3_Con_13R ,496 ,450 ,470
Q3_Con_10R ,458
Q3_Con_7R ,451 ,563 ,451
Q3_Con_1R ,630
132
a
Rotated Component Matrix
Component
1 2 3
Q3_Uti_9R ,764
Q3_Uti_15R ,738
Q3_Uti_6R ,710
Q3_Uti_12R ,708
Q3_Uti_3 ,541
Q3_Con_10R ,479
Q3_Con_4 ,468
Q3_Hed_5 ,797
Q3_Hed_2R ,786
Q3_Hed_11R ,781
Q3_Hed_14 ,776
Q3_Hed_8 ,666
Q3_Con_7R ,814
Q3_Con_13R ,778
Q3_Con_1R ,757
Component 1 2 3
dimension0
2 ,396 -,708 ,585
FACTOR
/VARIABLES Q3_Con_1R Q3_Con_4 Q3_Con_7R Q3_Con_10R Q3_Con_13R
Q3_Hed_2R Q3_Hed_5 Q3_Hed_8 Q3_Hed_11R Q3_Hed_14 Q3_Uti_3 Q3_Uti_6R
Q3_Uti_9R Q3_Uti_12R Q3_Uti_15R
/MISSING LISTWISE
/ANALYSIS Q3_Con_1R Q3_Con_4 Q3_Con_7R Q3_Con_10R Q3_Con_13R
Q3_Hed_2R Q3_Hed_5 Q3_Hed_8 Q3_Hed_11R Q3_Hed_14 Q3_Uti_3 Q3_Uti_6R
Q3_Uti_9R Q3_Uti_12R Q3_Uti_15R
/PRINT INITIAL CORRELATION KMO AIC EXTRACTION ROTATION
/FORMAT SORT BLANK(.40)
/PLOT EIGEN
/CRITERIA MINEIGEN(1) ITERATE(25)
/EXTRACTION PC
/CRITERIA ITERATE(25)
/ROTATION VARIMAX
/METHOD=CORRELATION.
133
Apêndice 4
Output AMOS para Amostra ‘B’
134
135
136
Apêndice 5
137
138
Group Statistics
sm_avant_uti dimension1
GER Y 138 5,8164 ,99965 ,08510
139
Demais 56 5,6964 1,31238 ,17537
sm_avant_con GER Y 138 5,6449 1,12081 ,09541
dimension1
140
APÊNDICE 6
Local 0 2 ,5 ,6 ,6
141
APÊNDICE 7
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
APÊNDICE 8
153
154
155
156
157
158
159
160
161
162
Apêndice 9
Con.
Indiferente Hed. 18 – 4,35 8 – 4,08 t(24)=,448, p=,658
Uti. 18 – 5,31 8 – 4,04 t(17,75)=2,41, p=,027
Con. 18 – 5,44 8 – 4,43 t(24)=1,503, p=,146
Geração Y Demais T teste-t
Social- Hed. Não pode ser analisado decorrente da falta de
Altruísta Uti. indivíduos nesse subgrupo.
Con.
Egoísta Hed. 64 – 3,99 22 – 4,59 t(84)=-1,991, p=0,050
Uti. 64 – 4,94 22 – 4,86 t(84)=,260, p=,793
Con. 64 – 3,92 22 – 4,59 t(84)=-2,053, p=0,043
Chevrolet Classic
163
Egoísta Hed. 83 – 4,09 45 – 4,46 t(71,37)=-1.884,p>0,064
Uti. 83 – 5,84 45 – 5,76 t(70,83)=,425, p>,672
Con. 83 – 4,35 45 – 5,1 t(126)=-2,734, p<,007
Soc. Alt. e Hed. 13 – 3,77 3 – 3,67 t(14)=,179, p>,860
Egoísta Uti. 13 – 5,82 3 – 6,11 t(14)=-,450, p>,659
Con. 13 – 4,19 3 – 6,17 t(14)=-2,936, p<,011
Indiferente Hed. 15 – 4,02 5 – 3,67 t(18)=,790, p>,440
Uti. 15 – 5,49 5 – 5,60 t(18)=-,192, p>,850
Con. 15 – 4,60 5 – 5,80 t(18)=-,329, p>,746
Geração Y Demais Teste-t
Social-Altruísta Hed. 29 – 4,54 2 – 4,16 t(29)=,427, p=,672
Uti. 29 – 5,64 2–6 t(28)=-1,935, p=,063
Con. 29 – 5,76 2–6 t(29)=-,284, p=,779
Egoísta Hed. 83 – 4,38 46 – 4,54 t(127)=-,760, p=,449
Uti. 83 – 5,91 46 – 5,76 t(70,53)=,710, p=,154
Con. 83 – 5,63 46 – 5,81 t(127)=-,811, p=,419
Soc. Alt. e Hed. 13 – 4,10 3 – 4,00 t(2,966)=,278, p=,799
Egoísta Uti. 13 – 5,95 3 – 6,11 t(14)=-,213, p=,834
Con. 13 – 5,57 3 – 5,83 t(14)=-,334, p=,743
Indiferente Hed. 15 – 4,02 5 – 3,67 t(16)=1,831, p=,086
Avant
164
ANEXOS
165
ANEXO 1
166
ANEXO 2
useful/useless - dull/exciting
Unproductive/productive - Enjoyable/unejoyable
167
Anexo 3
Itens Hedônicos
Útil Inútil
Prático Não prático
Sensato Insensato
Necessário Desnecessário
Funcional Não funcional
Prestativo/ Que ajuda Não prestativo/ Que não ajuda
Eficiente Ineficiente
Benéfico Maléfico
De fácil acesso De difícil acesso
Improdutivo Produtivo
Que resolve meu problema Que não resolve meu problema
Efetivo Inefetivo
Com valor Sem valor
Itens Utilitários
Monótono Empolgante/estimulante
Delicioso Não delicioso
Não sensual Sensual
Não divertido Divertido
Desagradável Agradável
Sem graça Engraçado
Excitante/emocionante Não excitante/Não emocionante
Infeliz Feliz
Não brincalhão Brincalhão
Que eu gosto Que eu não gosto
Alegre Triste
Que distrai Que não distrai
Com apelo Sem apelo
168