Arquitetura Espaço Sagradso Católico PDF
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Arquitetura Espaço Sagradso Católico PDF
SAGRADO CATÓLICO:
As diretrizes do Concílio do Vaticano II e o
caso da Igreja Nossa Senhora de Fátima,
João Pessoa-PB.
João Pessoa,
Dezembro, 2022
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação
Sou grata a minha família, meus pais Isabela e Solon, e minha irmã Mariana, que acompa-
nhou de perto todo o meu caminho, sempre acreditando em mim. Sou grata aos meus ami-
gos que entenderam minhas ausências durante esse ano. Sou grata a comunidade católica
em Adoração, ao meus irmãos, que foram meu sustento espiritual nos dias de cansaço e
agonia, dentre eles cito: Ruana Caterine, Bruno Rodriguez, Diana Valentim, Hévila Dias,
Irmão Basílio e Irma Maria Madalena.
Sou grata a minha orientadora, a docente Adriana Leal, que aceitou o desafio de me orien-
tar,e assim fez com louvor. Sou grata arquiteto Marcos Santana que me cedeu acesso ao
seu arquivo de projetos e fotos. Sou grata ao Diácono Eduardo Henrique que contribuiu
para a minha pesquisa no âmbito religioso e quanto ao espaço litúrgico. Sou grata a arqui-
teta Juliane Lins que partilhou comigo seus livros e seus conhecimentos outrora adquiridos
na área de arquitetura religiosa.
Sou grata ao Padre Marcondes Meneses que me recebeu no centro cultural São Francisco
dando-me as primeiras ideias para o desenvolvimento do trabalho, bem como livros que po-
deriam me orientar. Sou grata ao Padre Joseilson por sempre estar apto para tirar minhas
dúvidas, e por ter me incentivado a estudar o tema desde o inicio da minha graduação. Sou
grata aos seminaristas da arquidiocese da Paraíba, dentre eles cito Renato Afonso e Tiago,
pela ajuda na procura de livros e de documentos que agregassem na minha pesquisa.
Sou grata aqueles que participaram da formação de quem eu me tornei no decorrer dos
últimos 5 anos de graduação. Às minhas amigas: Nise Maria e Maria Carolina que partilham
comigo trabalhos, alegrias e projetos. Aos Professores que tive a honra de ser aluna. Aos
Escritórios de arquitetura que tive a oportunidade de estagiar dentre eles: Anne Furtado,
CRN Arquitetura e Tainá Andrade.
Enfim, sou grata a todos que o Senhor colocou no meu caminho ao longo do processo até
chegar aqui.Para honra e glória de Deus chego ao término desse trabalho com o coração
grato e cheio de amor. Com o sentimento de dever cumprido, mantenho o olhar firme e
tranquilo para o caminho que há de vir.
RESUMO
O concílio do Vaticano II foi um divisor de águas para a espiritualidade católica no século
XX, oficializando desejos de renovação e mudanças queridas desde o início do século XX.
esse momento, devido às atualizações litúrgicas promovidas pelo Concílio. Tendo isso em
para a arquitetura religiosa das igrejas, a partir do estudo de caso da Igreja Nossa Senhora
de Fátima, na cidade de João Pessoa, Paraíba. A Igreja, projetada pelos arquitetos Car-
los Alberto Carneiro da Cunha e Edmundo Ferreira Barros, foi inaugurada em 1976, mas
passou por diversas modificações e reformas até o presente momento. Nesse sentido, ,
além de analisar o projeto original, o trabalho buscou ressaltar as mudanças que também
serviram de base para análise das aplicações conciliares, assim como para a determinação
fiel. Dessa forma, tentou-se traçar um panorama das transformações da Igreja, no intuito de
Palavras chaves: concílio do vaticano ii; arquitetura religiosa; movimento moderno, igrejas
Figura 40: Igreja de São Francisco de Assis, Pampulha, Oscar Niemayer .......................32
Figura 41: Igreja de São Francisco de Assis, Pampulha, Oscar Niemayer .......................32
Figura 42: Capela do Monastério Beneditino da Santíssima Trintade de Las condes .......32
Figura 43: Capela do Monastério Beneditino da Santíssima Trintade de Las condes .......32
Figura 44: Capela do Monastério Beneditino da Santíssima Trintade de Las condes .......32
Justificativa
Objetivo geral
Objetivos específicos
Procedimentos metodológicos
2.1. Antecedentes
O espaço sagrado é conhecido como o local de culto e encontro com Deus, de-
vendo dirigir o fiel ao Alto levando-o a se comunicar com o Criador, como se ob-
serva desde os primeiros livros da Bíblia, através de Abraão, homem bíblico, co-
nhecido como o Patriarca da Fé. Antes de ser o espaço dos homens é sobretudo o
espaço de Deus, onde o Divino se revela e se comunica com aqueles que acreditam.
Segundo Machado (2007), através dos textos bíblicos é possível verificar que os patriar-
cas da Fé, seja Abraão, Jacó, Isaac, tinham a necessidade de manter o canal de comu-
nicação com Deus aberto e, por isso, levantaram altares em lugares especiais para se
encontrar com Deus. Desse modo, na experiência judaico-cristã, os símbolos sempre ti-
veram bastante relevância, desde Abraão e as estrelas, Jacó e o monólito, o templo de
Salomão, a Arca da Aliança, da cidade de Jerusalém ao Cristo, do Cristo - templo de
Deus vivo -, até os cristãos, corpo batizados e templos do espírito. O espaço cristão se
torna não apenas um templo, mas a cidade do Alto, o corpo místico de Cristo, nascen-
do assim, do desejo de construir espaços materiais e dignos para o rito do culto cristão.
Os arranjos internos dos espaços das igrejas católicas são definidos em acordo com a
liturgia de cada época. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC 1074) , a liturgia é
simultaneamente o cume para o qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde
dimana toda a sua força. É, portanto, o lugar privilegiado da catequese do Povo de Deus.
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INTRODUÇÃO
Conforme cita Lima (2011), até o século XX, o rito ordinário das celebrações litúrgicas era o
Tridentino, feito ainda em latim, e com o sacerdote voltado para o altar, ou seja de costas para
o povo. Fato esse que levava a assembleia a viver um certo distanciamento com o centro da
celebração que é reviver a paixão de Jesus. Assim, alguns padres Beneditinos, franceses e
alemães, deram início a um movimento em torno de uma mudança, que traria os fiéis para
mais perto da Igreja, em um mundo já pós revolução industrial, no qual a sacralidade decaia
rapidamente da vida da sociedade dando lugar ao ateísmo, liberalismo, socialismo e materia-
lismo. Dessa forma, surge o movimento de reforma litúrgica que culminou no Concílio do Vati-
cano II, onde foi pregada e expandida a busca pelo retorno ao simbolismo do cristianismo nas-
cente, da Igreja primitiva, aquela das primeiras comunidades cristãs após a morte do Cristo.
O concílio do Vaticano II, terminado na década de 1960, foi um marco fundamental no cato-
licismo contemporâneo, gerando muitas mudanças para os fiéis, nas formas de expressar
a fé, simbolismos litúrgicos, e consequentemente permitiu maior liberdade na arquitetura
dos espaços sagrados católicos, pois o concílio trouxe mudanças na forma de organização
da assembleia e dos altares, como se observa no documento Sacrosanctum concilium.
Justificativa
A arquitetura é reflexo de um tempo, de um povo, assim também a arquitetura religiosa
segue esse padrão. Nos ultimos séculos, a sociedade mudou de forma acelerada, novas
técnicas construtivas surgiram e novas formas de projetar edifícios. Contudo, o espaço sa-
grado católico regido também por sua sagrada liturgia não depende das leis civis, mas das
instituições do magistério da Igreja.
Nesse sentido, apenas com o Concílio do Vaticano II, na década de 1960, houveram mu-
danças oficiais na forma de projetar igrejas, quando se oficializou uma série de diretrizes do
movimento litúrgico conectadas ao movimento moderno.
Desse modo, compreendendo o significado do concílio para a vida na Igreja e suas apli-
cações projetuais no desenvolvimento do espaço sagrado católico a partir desse período,
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INTRODUÇÃO
Dessa forma, desenvolver reflexões sobre a arquitetura produzida a partir do Concílio até
hoje é um modo de entender a sociedade e como ela se comporta. Tal como afirma Plastro
(2012), é importante refletir sobre a temática para a melhor idealização de projetos religio-
sos frente à espiritualidade sagrada que começa a desaparecer no homem moderno.
Afinal, como a espiritualidade deve ser trabalhada tendo em vista o homem racional e con-
temporâneo? Será que os simbolismos de outrora nos satisfazem hoje? Como a produção
arquitetônica religiosa na cidade se comporta diante dessas questões?
Objetivo geral
Compreender as diretrizes projetuais do Concílio do Vaticano II, no que tange ao espaço
celebrativo. Assim, através de exemplares construídos analisar permanências simbólicas e
a qualidade arquitetônica atual de espaços sagrados, com ênfase para os rebatimentos no
estudo de caso selecionado.
Objetivos específicos
Observar e analisar os efeitos e consequências dos novos valores no espaço celebrativo,
a partir das diretrizes do Concílio do Vaticano II;
Analisar as mudanças de planta e volumetria do projeto original da Igreja Nossa Senhora
de Fátima, e suas transformações posteriores, de maneira a verificar de que modo tais
mudanças dialogam e estabelecem rupturas com as diretrizes do Concílio do Vaticano II;
Contribuir para o conhecimento acerca da produção religiosa contemporânea da cidade de
João Pessoa.
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INTRODUÇÃO
Procedimentos metodológicos
O trabalho se desenvolveu em três etapas.
A primeira etapa consistiu em pesquisa bibliográfica sobre a temática, desde o desenvolvi-
mento do espaço sagrado cristão ao longo da história até os precedentes do movimento
litúrgico que culminaram no concílio do Vaticano II, como os espaços celebrativos se forma-
vam e se expressavam, os simbolismos que afirmavam e representavam. Buscou-se apre-
sentar a relação do movimento litúrgico com o movimento moderno, bem como exemplares
que corroborem a ideia, ainda antes do concílio.
A etapa foi iniciada a partir de uma investigação de títulos na plataforma google acadêmico,
a partir de palavras chaves: arquitetura religiosa católica, movimento litúrgico, concílio do
Vaticano II, arte sacra. Após a seleção dos trabalhos acadêmicos e livros sobre o tema,
foram realizados fichamentos dos principais conceitos que deveriam ser abordados para a
relevância do tema.
Quanto ao estudo do concílio do Vaticano II é importante pontuar que a própria igreja Cató-
lica, ao oficializar as determinações finais do Concílio, promulgou também documentos que
ajudariam nas reformas e projetos posteriores. Nesse sentido, foram fundamentais para a
análise alguns documentos identificados no website do Vaticano. Os documentos estuda-
dos foram: o Sacrossanto Concílio, no qual as partes que compõem a igreja-edifício, seu
uso e seus significados, ganharam novas diretrizes que definiram o atual Espaço Litúrgico
Católico. Em seguida, tem-se a introdução geral ao missal romano e a Instrução da Sagra-
da Congregação de Ritos, que também orientam para a dignidade do local de celebração,
quanto à importância das imagens e sacralidade do espaço.
Essa etapa foi discutida no item dois: a fundamentação teórica.
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INTRODUÇÃO
Para ampliar a análise sobre o estudo de caso, foi realizada uma busca de informações his-
tóricas sobre a localidade e temporalidade do exemplar, a partir de trabalhos acadêmicos já
realizados. Ademais, foi realizada uma investigação sobre os arquitetos responsáveis pelo
projeto, suas respectivas escolas e princípios projetuais.
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INTRODUÇÃO
A terceira etapa traz o estudo da Igreja para análise e reflexões críticas. Nesse mo-
mento, fez-se o uso de plantas baixas concedidas pelo Arquiteto Marcos Santana,
para o desenho da planta original, uma vez que o projeto original não foi encontrado
na prefeitura. Com a planta original redesenhada e com as fotos levantadas da época
, foi discutido e refletido sobre os conceitos e materialidade do exemplar, bem como
o mesmo se comportava frente às propostas sociais e culturais do seu tempo e do
concílio do Vaticano II, através de desenhos produzidos pela autora.
Além disso, para a reflexão sobre as reformas posteriores da Igreja divide-se a aná-
lise em três fases, correspondentes ao respectivo início de cada projeto: 2008, 2012,
2018. Desse modo, foi feita a descrição das mudanças ocorridas e reflexões sobre as
mesmas. Por que ocorreram? Quais foram os impactos no projeto original? Quais pro-
blemas foram solucionados? Quais foram as melhorias? Tais propostas expressam
continuidades ou rupturas?
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2..FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Vocês não sabem que são templos de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destrói o
templo de Deus, Deus o destruirá. Pois, o templo de Deus é Santo, e esse tempo são vocês. ( 1Cor 3,16-17).
xado claro:
“a igreja nunca considerou um estilo como próprio, mas aceitou os estilos de todas as épocas” (Vaticano, 1963).
co e social de um tempo.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Antecedentes
Além disso, como a igreja primitiva ainda não era considerada oficial pelo Império Romano
havia muita perseguição aos cristãos, que enterravam seus mortos em cemitérios subter-
râneos, conhecidos como catacumbas. Assim, devido a perseguição, esses locais também
Segundo o professor Felipe Aquino, em seu livro A História da Igreja, pela lei Romana os
tos, e alguns chegavam a ter cerca de cinco andares abaixo da terra. Os cadáveres eram
depositados em nichos construídos nas paredes dos corredores, contudo havia algumas
criptas, onde se realizavam as missas e encontro dos fiéis. Observa-se a presença de mui-
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
era o uso das casas dos nobres recém convertidos, a maioria em estilos romanos e sinago-
gas. Com o crescimento do número de cristãos, foi necessário desenvolver de fato locais
apenas para o culto. Em geral, eram salas mais amplas chamadas de casas de oração ou
ano de 312 d.c, e posteriormente se tornou a religião oficial do Império Romano em 324
atendo à liturgia vigente. Inicialmente houve uma adequação dos antigos templos pagãos
para a nova estrutura cristã, como se observa com o Panteão Romano (fig 05 e 06) (MA-
CHADO, 2001).
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
(ALBUQUERQUE, 2020).
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A partir do século VI, ocorreram várias mudanças na forma de culto e de devoção, multi-
práticas de devoção nascente à Mãe de Deus, aos santos e, mais tarde, à Santíssima Trin-
então havia nas igrejas um único altar, simbolizando um só Cristo. A partir de agora, são
construídos vários altares nas naves laterais. Trata-se da Idade Média, época em que se
tipo de nave transversal, será acrescentada à planta basilical na tradição católica, fazendo
da planta baixa uma forma de cruz latina, cuja interseção entre a nave central e o transepto
se chamará Cruzeiro. Entre o altar e o cruzeiro se encontra o coro. A cobertura era compos-
Basílica romana
Basílica romana
Altar na abside
Altar na abside
abside Latina
Cruz Cruz Latina
abside
CoroCoro
Cruzeiro
Cruzeiro
Colunatas
Colunatas
Transepto
Transepto
Nave
Nave
NaveNave
Nave Nave
lateral
lateral
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A partir do século X, em plena idade média, surgiram os estilos artísticos, além dos formatos varia-
dos de plantas, e assim nos anos posteriores a Igreja como edifício passou a se adaptar aos estilos
arquitetônicos de cada época,como o Românico, durante toda a Idade Média, o gótico no fim da Ida-
românico e gótico, a partir do século XI, utilizaram complexas abóbadas de pedra como coberturas
das naves, uma vez que as cobertas de telha e madeira facilmente se incendiaram.
( MACHADO, 2001).
tipo de arquitetura
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O estilo Gótico é determinado pela altura e formato surpreendentes, como se observa na catedral
de Milão ( fig 15). O volume vertical da arquitetura, a luz filtrada pelos vitrais ( fig 19), as imagens
da Virgem, as imagens piedosas. A imagem do Cristo antes apresentada com uma coroa imperial,
aparece com a coroa de espinhos e é salientado o seu sofrimento. Os princípios básicos nessas re-
Segundo Dias (2017), outro aspecto característico eram os arcos ogivais (fig 17) que davam aca-
bamento às altas janelas, na parte de cima. Priorizava-se pela sensação de espaço dentro das
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
das igrejas até o concílio do Vaticano II. Em Trento, buscou-se organizar a liturgia, arquite-
tura e iconografia das igrejas até aquele momento, se tentou aproximar o povo da nave, re-
movendo o obstáculo da cripta e coro, comuns nas igrejas, para que a assembleia pudesse
Estado, fato crucial para promover a contra-reforma. O presbitério passou a ocupar toda a
abside, dando assim acesso direto à sacristia. A iconostasis é substituída pela balaustrada.
O ambão foi substituído pelo púlpito e os bancos direcionados para o presbitério. O coro é
posicionado sobre o átrio principal e nas laterais da igreja, a presença de altares com ima-
ves laterais, mantendo a nave central, e substituindo as naves laterais por capela, para a
locação dos altares dos santos (BORROMEO, apud MOLINERO, 2019). Um dos primeiros
exemplos dessa transição impulsionada pela contra reforma foi a Igreja de Jesus, em Roma
(fig 24).
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Figura 27: Igreja de São Francisco de Assis, MG. Figura 28: Interior da Igreja Madre de Deus, Reci-
Fonte: Ricardo André Frantz fe-PE. Fonte: https://visit.recife.br/o-que-fazer
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Movimento Litúrgico apareceu como um sinal das providenciais disposições divinas no nosso tempo, como
uma passagem do Espírito Santo na sua Igreja para aproximar ainda mais os homens aos mistérios da fé e às
riquezas da graça, que provêm pela participação ativa dos fiéis na vida litúrgica. ( PAPA PIO XII)
A fala do papa Pio XII, no final do Congresso Internacional da Pastoral Litúrgica de Assis, no
ano de 1956 deixa clara a preocupação da Igreja com os espaços celebrativos eucarísticos
Figura 29
Fonte: https://www.traditioninactiondobrasil.org/
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
(AMOREIRA, 2020).
29
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1994).
Figura 34 e 35 : Igreja St. Fronleichnam, Rudolf Figura 36 e 37 : Igreja St. ANNA Rudolf Schwarz,
Schwarz, 1930 1930
Fonte: CAPTIVO, 2016 Fonte: CAPTIVO, 2016
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nas novas igrejas a grande novidade era a posição da assembleia em torno do altar e a
simplicidade, marcada pela ausência de adornos. Não há elementos que desviam a atenção
do fiel, nem mesmo barreiras que os dividam do presbitério. Devido às novas tecnologias
de construção, a planta destas igrejas tinham forma livre, não estando mais condicionada
uma procura de comum interesse e reforçam argumentos uma da outra. Nesse sentido,
religiosa é repensada e renovada, não só por necessidade da Igreja, mas também por ini-
ciativa dos próprios artistas e arquitetos de que o espírito moderno chegasse aos espaços
ainda anteriormente ao concílio do vaticano II. Nas figuras 38 e 39, vê-se a Notre Dame, em
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Brasil (LEMOS apud SILVEIRA, 2011), o uso de materiais de concreto e madeira, formas
Nas figuras 42, 43 e 44, tem-se a Capela do Monastério Beneditino da Santíssima Trindade
de Las Condes de Santiago no Chile, de 1961, projetada por dois então jovens arquitetos,
Gabriel Guarda e Martín Correa, com simples volumes externos em cor branca, planta em
formato concêntrico e trabalho interno de efeitos de iluminação natural, também sem alta-
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ainda para Teresa Captivo (2016), a grande influência da arquitetura moderna na arquite-
tura religiosa acontece depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Um dos maiores
acontecimentos arquitetônicos do século seria a reconstrução de igrejas depois do ataque
à cultura cristã durante a guerra. As novas igrejas construídas permitiram aos apoiadores
do movimento litúrgico criar e desenvolver arquiteturas inspiradas nos novos ideais, como
na Igreja de São Bonifácio na Alemanha, de Emil Steffan ( fig 45 e 46), com uma planta não
basilical, Presbitério próximo da assembleia e sem a presença do altar mor, interior limpo e
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O concílio do Vaticano II foi anunciado em 1958, pelo papa João XXIII e, segundo Frade
liturgia e do espaço celebrativo que já estava sendo desejado durante o movimento litúrgi-
co.
sobre a Sagrada Liturgia, a Sacrosanctum Concilium - SC em 1962. Com ela, as partes que
compõem a igreja-edifício, seu uso e seus significados, ganharam novas diretrizes que de-
finiram o atual Espaço Litúrgico Católico (LIMA, 2011). O Concílio durou três anos, durante
Assim, percebe-se como entender o concílio é um caminho para o entendimento das cons-
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
É interessante deixar claro que apesar de muito se falar sobre as mudanças trazidas pelo
concílio para a arquitetura das igrejas, observa-se que, na prática, pouco se fala dos assun-
tos nos documentos. Como pontua Seegerer (2019), os únicos documentos conciliares que
verdadeiramente citam diretamente a arquitetura são apenas o Sacrossanctum Concilium
de 1963, e o Presbyterorum Ordinis de 1965.
A Constituição é composta por sete capítulos: 1º: Princípios gerais em Ordem à Reforma
e Incremento da Liturgia; 2º: O Sagrado Mistério da Eucaristia; 3º: Os outros Sacramentos
e os Sacramentais; 4º: O Ofício Divino; 5º: O Ano Litúrgico; 6º: A Música Sacra; 7º: A Arte
Sacra e as Alfaias Litúrgicas. Rege também a Arte Sacra, onde se insere a arquitetura, es-
tabelecendo as novas diretrizes para o novo espaço sagrado e litúrgico.
O capítulo 7, referente à arte e arquitetura sacra, afirma que a Igreja nunca considerou um
estilo como seu, mas aceitou os estilos de todas as épocas, segundo a índole e condição
dos povos e as exigências dos vários ritos, criando deste modo, no decorrer dos séculos,
um tesouro artístico que deve ser conservado cuidadosamente. Seja também cultivada
livremente na Igreja a arte do nosso tempo, a arte de todos os povos e regiões, desde que
sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos sagrados.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
jas em forma funcional e sem o uso exagerado de imagens devocionais, com a centralidade
do altar e a participação ativa dos fiéis. Por fim, o documento institui a necessidade da Co-
missão Diocesana de arte sacra, para julgar as obras construídas. Muito além de diretrizes
arquitetônicas para o espaço, nota-se que o Concílio veio oficializar mudanças já desejadas
e praticadas por teólogos e arquitetos no mundo inteiro. Assim, o que mudou para as cele-
moderno.
res, geradas na vida dos fiéis e da igreja que se refletiram no espaço celebrativo são:
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
- O presbitério:
lugar onde se encontra o altar, onde é proclamada a palavra de Deus, deve ser colocado
e construído de maneira que apareça sempre como sinal do próprio Cristo, lugar onde se
realizam os mistérios da salvação e como centro da assembléia dos fiéis, ao qual se deve
o máximo respeito.” (Instrução sobre o culto do mistério eucarístico, Sagrada Congregação
dos Ritos, 24).
- O altar,
deve “ser construído afastado da parede, a fim de ser facilmente circundado e nele se pos-
sa celebrar de frente para o povo, o que convém fazer em toda parte onde for possível. O
altar deve ocupar um lugar que seja de fato o centro para onde espontaneamente se volte
a atenção de toda a assembleia dos fiéis. Normalmente seja fixo e dedicado”. (Instrução
Geral sobre o Missal Romano, n. 299).
- O ambão,
seja disposto de tal modo em relação à forma da igreja que os ministros ordenados e os lei-
tores possam ser vistos e ouvidos facilmente pelos fiéis. Do ambão são proferidas somente
as leituras, o salmo responsorial e o precônio pascal; também se podem proferir a homilia
e a oração universal ou oração dos fiéis, de modo geral, convém que esse lugar seja uma
estrutura estável e não uma simples estante móvel.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
- O sacrário.
Segundo a Sagrada Congregação dos Ritos, Instrução sobre o culto do Mistério Eucarísti-
co( n. 49), a sagrada espécie deve ser conservado num tabernáculo, colocado em lugar
de honra da igreja, suficientemente amplo, visível, devidamente decorado e que favoreça
a oração. O lugar do oratório onde se conserva a Eucaristia no sacrário seja realmente no-
bre. Ao mesmo tempo, convém que ele seja também apropriado para a oração particular,
de modo que os fiéis, com facilidade e proveito, continuem a venerar, em culto privado, o
Senhor no Santíssimo Sacramento. Por isso, recomenda-se que o sacrário, na medida do
possível, seja colocado numa capela separada da nave central da igreja (Sagrada Congre-
gação dos Ritos, Instrução sobre o culto do Mistério Eucarístico, n. 53).
- O lugar do coro,
definido pela disposição geral da igreja, deve, no entanto, lembrar que eles fazem parte da
assembleia, devendo isto ficar claro, inclusive pela sua localização. Assim, não mais tem
sentido sua localização em coro alto, afastado e diferenciado da assembleia. (Sagrada
Congregação dos Ritos, Instrução sobre a Música na Liturgia).
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
- A presença de imagens
do Senhor, da Senhora ou dos santos é recomendada não só pelo código de Direito Canô-
nico (Cânon 1188), como também por outros documentos do Magistério, recomendando,
ainda, seu número moderado e na devida ordem. Trata-se de lembrar, através daqueles
que nos precederam, como intercessores junto ao Pai. Porém, cuide-se que o seu número
não aumente desordenadamente, e sua disposição se faça na devida ordem, a fim de não
desviarem da própria celebração a atenção dos fiéis. Normalmente não haja mais de uma
- O batistério,
ou lugar onde a fonte batismal jorra água ou está colocada, seja destinado exclusivamente
para o rito do batismo, um lugar digno, onde renascem os cristãos pela água e pelo Espírito
Santo. Quer esteja situado em alguma capela dentro ou fora do recinto da igreja, quer em
alguma outra parte da igreja, à vista dos fiéis, deve ter tal amplitude, que possa conter o
maior número possível de pessoas presentes”. (As Introduções Gerais dos Livros Litúrgicos
significativa variedade de soluções em planta baixa, que puderam ser delineadas, possibili-
tando grande liberdade arquitetônica para as novas igrejas construídas, veja alguns exem-
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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03. O ESTUDO DE CASO
Igreja Nossa Senhora de Fátima, João Pessoa-PB
O ESTUDO DE CASO
A Igreja Nossa Senhora de Fátima fica localizada no Bairro Miramar em João Pessoa, Pa-
raíba. Inaugurada em meados da década de 1970, o projeto foi desenvolvido para substituir
a igreja de aspectos antigos, que segundo o livro de tombo da paróquia, no fim da década
atestavam laudos técnicos dos engenheiros militares Ramiro Batista e João Magalhães.
Para o novo projeto, foram contratados os arquitetos Carlos Alberto da Cunha e Edmundo
A igreja, localizada no Bairro Miramar, estava afastada do centro, mas ao mesmo tempo
próxima às praias, perto da principal via de acesso centro-praia, a avenida Epitácio Pes-
soa. Era a matriz responsável por todas as capelas das praias de João Pessoa até o final
42
O ESTUDO DE CASO
las praias de Manaíra e Bessa (GONÇAL- o Clube Cabo Branco, centro social da so-
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O ESTUDO DE CASO
44
O ESTUDO DE CASO
cia Aécio Pereira Lima, em 1978, da Resi- Figura 57 e 58 : Residência José Juvêncio
Fonte: Arquivo central da PMJP com edições de
dência Tulio Augusto Neiva de Morais, em Araujo, 2010
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O ESTUDO DE CASO
Como o Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB foi criado em 1975, os arquitetos que
Recife ou no Rio de Janeiro. A chamada “escola pernambucana” teria formado uma gera-
ção resultante da renovação do quadro de professores iniciada em finais dos anos 1940,
acordo com Pereira (2008), a chegada de novos professores se iniciou com a contratação,
em 1949, do italiano Mario Russo, seguida, em 1951, pelo italiano Filippo Mellia e pelo ca-
rioca Acácio Gil Borsoi. Não por acaso, todos esses docentes tinham em comum a forma-
climáticas. Porém, tem-se maior evidência deste paradigma nos múltiplos experimentos
realizados pelas gerações de arquitetos frutos da escola, que tentaram uma perfeita ade-
46
O ESTUDO DE CASO
toda uma geração de arquitetos atuantes em Pernambuco, entre os quais estariam Carlos
Figura 61 : Pontos do Roteiro Para construir Figura 62 : Pontos do Roteiro Para construir
Fonte: Liau/DAU/UFPE, 2013 Fonte: Liau/DAU/UFPE, 2013
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O ESTUDO DE CASO
A igreja é uma construção robusta de vão interno livre e pé direito avantajado, implantada
em um terreno triangular que ocupa toda a quadra. A volumetria ortogonal abriga tanto a
com pavimento superior, para as formações dos grupos pastorais e outras questões admi-
atendimento pastoral, se tornaram essenciais nos projetos das Igrejas após o Concílio do
Vaticano II, para acolher a palavra do magistério da Igreja que direciona o acolhimento dos
fiéis.
solar no interior.
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O ESTUDO DE CASO
Segundo o livro de tombo da Igreja, inicialmente a proposta pedida aos arquitetos foi de
aproveitar os alicerces da Igreja antiga que viria ser demolida. Entretanto, após os primeiros
estudos, os arquitetos noticiaram a comissão de arte Sacra que esse fator limitava o de-
senvolvimento criativo e as possibilidades projetuais, e foram liberados dessa solicitação.
Ademais, o documento atesta que o padre da paróquia desejava um projeto formal e mo-
derno, que se assemelhasse tanto aos princípios do Concílio do Vaticano II quanto ao ideal
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Figura 66 : Planta original por Carlos
Alberto e Edmundo Ferreira
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O ESTUDO DE CASO
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O ESTUDO DE CASO
Com as fotos existentes, percebe-se que não há a presença de altares laterais, nem vitrais
e digna, tal como prega a reforma litúrgica e o movimento moderno. A materialidade segue
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O ESTUDO DE CASO
Após a inauguração em 1976, a Igreja foi objeto de reformas. Após o seu Jubileu de 25
anos, no início dos anos dois mil, observou-se a necessidade de ampliação, uma vez que
a paróquia havia crescido e o tamanho não mais comportava todos os fiéis. Além disso, a
disposição da assembleia perante o presbitério levava a uma parte dos bancos serem po-
sicionados de forma não ergonômica. Pelo menos três momentos ilustram os processos de
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O ESTUDO DE CASO
Em 2008, foi aprovado o projeto de reforma e ampliação da Igreja idealizado pelo arquiteto
Expedito Arruda graduado na antiga escola de Belas Artes pernambucana em 1974. Se-
gundo PEREIRA (2008) faz parte da terceira geração de arquitetos que atuaram na capi-
tal paraibana até as primeiras turmas formadas pelo curso de arquitetura e urbanismo da
UFPB. Assim, observa-se que Expedito foi fruto da mesma geração de professores que
Carlos Carneiro, tanto que fez referência a Delfim Amorim, Wandenkolk Tinoco, além de
Armando de Holanda, Vital Pessoa de Melo e Acácio Borsoi, como professores marcantes.
Além de uma atuação expressiva na capital, o arquiteto ingressou como professor na Uni-
versidade Federal da Paraíba ainda em 1977, e lá lecionou por cerca de 15 anos. ( ALVES,
2022)
Expedito propôs uma grande reforma, que incluiria a demolição das paredes externas da
mais orgânicos e circulares, como se percebe na planta do projeto abaixo (fig 77):
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Figura 77 : Proposta de Expedito
Arruda
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O ESTUDO DE CASO
nômicas ( fig 79), uma vez que nenhum fiel precisaria virar a cabeça para olhar o altar. As
rupturas e reformas das fachadas externas, praticamente criando outra igreja, como se ob-
Figura 78 : Planta de Demolição proposta Figura 79: Maquete branca 3D do projeto interno
Fonte: Elaboração da autora segundo Projeto de Expedito
Fonte: Elaboração da autora
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O ESTUDO DE CASO
calculados pela equipe econômica, decidiu-se por não levar o projeto adiante, tendo manti-
do apenas a reforma e ampliação do centro pastoral, como afirma o arquiteto Marcos San-
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O ESTUDO DE CASO
o então pároco da Igreja, o Padre José Carlos, chamou o arquiteto paraibano Marcos San-
pela arquidiocese, tendo sido responsável pelo projeto da Igreja São Pedro Pescador, no
bairro de Manaíra e também colaborador do projeto da Igreja Auxílio dos Cristãos ao lado
do arquiteto Pedro Dieb, no bairro do Bessa. Nas figuras 85,86,87 e 88, vê-se como o ar-
Figura 85 : ampliação do volume admistrativo pro- Figura 86 : volume admistrativo ampliado proposto
posto por Expedito Arruda por Expedito Arruda
Fonte: Acervo de Marcos Santana Fonte: Acervo de Marcos Santana
Figura 87 : Fachada original reformas estéticas. Figura 88: Volumetria externa. Fachada Leste
Fonte: Acervo de Marcos Santana Fonte: Acervo de Marcos Santana
Observa-se que a planta da Igreja ainda se encontra com o formado do projeto original,
mistrativo realizada segundo o projeto do arquiteto Expedito Arruda. Assim, tendo em vista
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Figura 89 : Proposta de Marcos
Santana
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O ESTUDO DE CASO
Além das propostas internas, Marcos Santana propôs a alocação da capela em um anexo,
tivo. O projeto previa ainda a inclusão de um mezanino (fig 93), para garantir a ampliação
desejada para a Igreja, e uma nova fachada principal, ampliada para posicionar o batistério.
Também foi realizada a reforma de todo o térreo do centro administrativo, quanto as pare-
tempo que foi proposto fechar as entradas laterais do projeto original, na parede que era o
presbitério e o batistério, foram abertas duas entradas laterais, a entrada na fachada leste
ficou como acesso lateral para a nave da Igreja, e a entrada na fachada oeste como aces-
projeto foi a proposta para a criação de um domo em cima do novo presbitério, troca da
com um desenho sacro, mas de linhas limpas e funcionais, tendo como referência o artista
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O ESTUDO DE CASO
MEZANINO
ACESSO LATERAL
PRESBITÉRIO HALL DE ACESSO
BWC COPA
03 06 02 03 06 02 MEZANINO
SALÃO SALA DE TREINAMENTO
01 01 01 01 03 01 02 01 01 03 01 02 01 01
LAJE IMPERMEABILIZADA
BWC COPA
03 06 02 03 06 02 SALÃO SALA DE TREINAMENTO
01 01 01 01 03 01 02 01 01 03 01 02 01 01
01 01
SALA 01
03 01 02
01 01
SALÃO DE EVENTOS
03 01 02 01 01
O painel do presbitério idealizado pelo arquiteto Marcos Santana não foi executado por
questões de custos de obra. Os sheds que receberiam vitrais também foram fechados com
forro de gesso, pois a reforma da coberta se fez inviável. Tal como mostra na planta baixa
haveria uma ampliação da fachada para alocar o batistério, que não foi realizada. Como
se percebe nos desenhos das fachadas, houve a proposta de reforma das esquadrias de
madeira por vidro e a criação de brises de madeira, além dos de concreto para proteger a
Após a realização do projeto de 2012, o arquiteto Marcos Santana foi chamado em 2015,
para o desenvolvimento da via sacra na lateral da igreja, que agregasse o projeto paisa-
gístico, e realizou uma breve alteração na fachada principal, que não havia sido reformada
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O ESTUDO DE CASO
planta:
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O ESTUDO DE CASO
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O ESTUDO DE CASO
e só retornaram em 2017, com o atual pároco, padre Berg, não mais com o auxílio de Mar-
cos Santana.
nica de pintura, led azul embutida no forro constituindo uma mistura de conceitos e réplica
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O ESTUDO DE CASO
As pinturas foram idealizadas pelo paróco em conjunto com um artista não identificado.
Recentemente, enquanto esse trabalho era desenvolvido houve duas alterações na Igreja:
a capela lateral, na fachada oeste, para alocar o batistério, que antes era colocado próximo
ao presbitério, e uma ampliação lateral na fachada leste para o coro. ( fig 106 e 107). Em
conversa com a equipe econômica da paróquia, sabe- se que essas duas reformas, apesar
de não terem plantas desenhadas, foi realizada através da consultoria dos arquitetos: Gio-
Figura 106: A Igreja hoje - o coro Figura 107: A Igreja hoje - o batistério
Fonte: Acervo da autora Fonte: Acervo da autora
quia, as reformas devem continuar. Está previsto a pintura do forro, nas mesma linha das
paredes, assim como ainda é desejado a criação do mezanino para ampliação da nave.
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4. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de arquitetura religiosa, possuiu base para análise das diretrizes do Concílio do Vaticano II
à luz da sociedade moderna, assim como compreender as diretrizes nos permitiu visualizar
as aplicações no estudo de caso, e ao mesmo tempo nos leva a formar reflexões críticas,
dade da arquitetura.
Nesse sentido, com base na análise do estudo de caso desde o seu projeto original até a
No primeiro momento, com o levantamento teórico realizado, observa-se que a Matriz Nos-
modernistas. Apesar de não termos conseguido o contato com o arquiteto do projeto, pode-
mos supor, através do material levantado, que o projeto tinha em sua essência a busca de
aproximação dos fiéis ao altar, assim como de fazê-los participar ativamente da celebração.
tornou uma solução comum adotada pelo movimento litúrgico, a posição da entrada na
Percebe-se que os projetos de reforma dos anos 2008 e 2012 surgiram da necessidade
conciliares, como a planta livre e concêntrica, a limpeza dos altares laterais, sem o uso de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
original, incluindo melhorias com a criação de uma capela lateral para o Santíssimo e ele-
mentos na fachada principal, ao tempo que promoveu uma ruptura na posição do presbi-
tério, para a posição I. Contudo, essa opção não contraria as diretrizes do concílio, pois há
também abertura para essa forma. Nesse projeto seriam mantidas as paredes limpas, sem
Nos dois projetos, apesar dos traços de ruptura, identifica-se o seguimento aos ideais pro-
postos pelo Concílio do Vaticano II, como também assemelham-se a princípios modernis-
tas. Seja com Expedido e sua organicidade, planta concêntrica e volumes circulares. Seja
com Santana, que previu uma ornamentação limpa, o uso de sheds para efeito de ilumina-
ção zenital e um projeto paisagístico agregador.
de arquitetura, mostram uma mistura de conceitos e técnicas que se distanciam dos ideais
conciliares, como o uso de vitrais coloridos, a presença de ornamentações que não expres-
sam a verdade dos materiais, como uma tentativa de barroco 2D, e a construção de altares
em especial interiormente, decai gerando um edifício sem tempo, sem estilo e com tanta
simbologia que encontra-se sem alguma.
Dessa forma, fica o questionamento: o que essas intervenções recentes refletem? Apego
pode ser um direito, bela em si mesma sem a necessidade de admiradores, como diz Mar-
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, a sociedade é marcada por informações que chegam a todo instante, visual-
grado católico como reflexo de um povo, como local de celebração é chamado a ser esse
não por suas ornamentações ricas, mas pela simples congregação do povo que se reúne
para participar, mais uma vez, do mistério da paixão de Jesus Cristo na Santa Missa.
O passado não mais nos representa. Não deve nem pode. Mas, se as alterações na Igreja
Nossa Senhora de Fátima refletem um processo de reformas que vem ganhando espaço
em várias Igrejas modernas da cidade como a Igreja São Pedro Pescador e a Igreja Santa
Ana e São Joaquim, tal qual observamos em nosso levantamento in loco de informações,
talvez seja tempo de rever o que eleva o homem contemporâneo à espirtualidade sacra.
Levanta-se questionamentos para pesquisas futuras: uma vez que as igrejas construídas
arquitetura?
vivências sacras, assim como o olhar do arquiteto e acadêmico diante das produções re-
ligiosas. Se até o século XX, esses estudos andavam juntos gerando belíssimos projetos,
cabe a nova geração manter essa união para uma acertada produção de projetos, verda-
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5. REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ALVES, Adylla. As experiências de Regis Cavalcanti, Expedito Arruda e Amaro Muniz em-
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FRADE, Gabriel. Arquitetura sagrado no Brasil. São Paulo. Ed. Loyola, 2007
GUIMARÃES, Thabata Paiva. Igreja Sacra Contemporânea. [Monografia] UFPB, João Pes-
soa, 2009
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MOLINERO, D. Marcelo. O espaço celebrativo como ícone da eclesiologia. São Paulo. Ed.
paulus. 2019
prático para a reforma das igrejas no espírito do Concílio Vaticano II, [tradução José Rai-
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Gerais. 2017
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PASTRO, Cláudio. Guia do Espaço Sagrado. São Paulo: Edições Loyola, 1999. MELLO,
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SCOCUGLIA, Jovanka. MONTEIRO, Lia. MELO, Marieta de. Arquitetura Moderna no Nor-
VATICANO. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Ed. Paulus, 2001.
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