APOSTILA HEMOSTASIA e IMUNOHEMATOLOGIA - CT-Pro
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Ilha do Governador
HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO
Hemostasia é o processo pelo qual o sangue se mantém na forma líquida no interior dos vasos
sanguíneos. Para que isto ocorra é necessário um conjunto de acontecimentos bioquímicos e físicos que
envolvem várias substâncias teciduais e dissolvidas no plasma.
A coagulação sanguínea tem como produto final a formação de uma rede de fibrina, estável e
que também necessita de uma série de reações bioquímicas e fenômenos físicos que determinam a
formação do coágulo.
HHH
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A tromboplastina ou fator III, normalmente ausente no sangue, é produzido por dois processos
diferentes, constituindo os sistemas intrínseco e extrínseco da coagulação.
No sistema intrínseco, o fator XII é ativado e atua enzimaticamente ativando progressivamente os
fatores XI, IX, VIII, V e X da coagulação.
No sistema extrínseco, a tromboplastina tecidual ativa o fator VII e este atua enzimaticamente
sobre os fatores V e X. O fator X funciona provavelmente como um substrato, sendo comum às duas vias.
A conversão da protrombina em trombina ocorre pela ação da protrombinase ou tromboplastina
ativa, que hidrolisa a protrombina em presença de cálcio, formando a trombina.
A trombina age sobre o fibrinogênio, quebrando-o em peptídeos menores, formando monômeros
de fibrina que se polimerizam formando a fibrina. O fator XIII é ativado pela ação da trombina e cálcio e
tem função estabilizadora da fibrina.
A “cascata” da coagulação pode ser representada como abaixo e é basicamente dividido em
duas vias, denominadas intrínseca e extrínseca:
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CASCATA DA COAGULAÇÃO
VII
XII Fator
superfície Tecidual
Cininogênio
de alto PM XI
Pré-calicreína
IX VIIa
XIIa Fator Tecidual +VIIa
Fl
XIa X
Ca
IXa
Ca
VIII VIIIa
Xa
Protrombina
Fl+Ca
Va V
Trombina
Fibrinogênio
XIII
Ca
Monômeros
Fibrina XIIIa
Fibrina
Polimerizada
Fl = Fosfolipídeos
Plasmina Plasminogênio
Coágulo
Fibrina
Produtos de Degradação da Fibrina (PDF)
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CAUSAS DE HEMORRAGIA
As hemorragias podem ser decorrentes de traumas ou defeitos no sistema vascular, deficiência
quantitativa ou qualitativa das plaquetas, defeitos químicos ou quantitativos nos fatores de coagulação ou
pela presença de anticoagulantes circulantes. O significado clínico das hemorragias dependem de três
fatores:
1- Quantidade de sangue perdido : valores acima de 20% do total podem causar
choque hipovolêmico.
2- Local da hemorragia: hemorragias no pericárdio, supra-renais e cérebro podem
levar ao óbito.
3- Duração da hemorragia: As agudas têm as características descritas no ítem 1. As
crônicas correspondem a pequenas perdas de sangue, que podem levar a anemia
por deficiência de ferro, se o mesmo extravasar para o meio externo.
O estudo da hemostasia consiste na realização de provas que podem avaliar a integridade dos
vasos, as plaquetas e os fatores de coagulação no seu aspecto quantitativo e qualitativo correlacionando,
portanto, os mecanismos vasculares, extravasculares e intravasculares da coagulação.
Os pacientes com deficiência de fator XII raramente apresentam episódios de sangramento. As
coagulopatias mais freqüentes são:
a – Disfunções plaquetárias, principalmente quando induzidas por drogas.
b – Doença de Von Willebrand
c – Coagulação intravascular disseminada (CID)
d – Deficiências congênitas de fatores isolados.
COAGULOGRAMA
O tempo de coagulação corresponde ao tempo gasto para o sangue coagular, quando retirado do
organismo. Fornece dados relativos ao sistema intrínseco e extrínseco de coagulação do sangue. É um
teste sujeito a numerosas variáveis e que atualmente deve ser substituído pelo PTTa.
V.R. – 5 a 11 minutos. (William)
A porcentagem de retração do coágulo é representada pelo volume de soro obtido, após coagulação e
retração do coágulo, de uma quantidade determinada de sangue. O coágulo inicial contém todos os
elementos do sangue. Após sua retração o soro é expulso da malha de fibrina, que se retrai pela ação das
plaquetas. Fornece dados relativos à atividade plaquetária. Uma retração pequena corresponde a um
número de plaquetas abaixo de 100.000 por µl de sangue. Nas deficiências funcionais das plaquetas, a
prova pode estar alterada em presença de número normal ou aumentado de plaquetas.
Técnica:
a) Colher 5 ml de sangue por punção venosa
b) Colocar um fio de cobre preso pela rolha no no interior do tubo em contato com o sangue e com
a ponta encurvada.
c) Colocar o tubo em banho-maria a 37 ºC por 1 (uma) hora.
d) Retirar cuidadosamente o coágulo aderido ao fio de cobre através da rolha. Deixar escorrer o
líquido existente no coágulo por 1 (um) a 2 (dois) minutos.
O sangue e normalmente retido no leito capilar devido à resistência oferecida pela parede destes
finos vasos. A permeabilidade capilar alterada permite a passagem de células do sangue para os tecidos.
Isto é evidenciado pelo aparecimento de petéquias na pele. O teste mede a resistência capilar sob
condições de anóxia e pressão sanguínea capilar aumentada artificialmente por meio de um aparelho para
medida da pressão arterial. O número e tamanho das petéquias depende da estrutura do endotélio capilar
e número das plaquetas por microlitro de sangue. Estas e a vitamina C são os fatores mais importantes na
manutenção da integridade e resistência dos capilares.
O teste deverá ser realizado mantendo-se a pressão diastólica por cinco minutos e
posteriormente se observando o número e tamanhos das petéquias.
Pacientes submetidos à terapia com cumarínicos (Marevan), ou seja, drogas que competem com a
vitamina K que são muito importantes para a síntese hepática de alguns fatores de coagulação ( II, VII, IX,
X), realizam com freqüência este exame para controle. Atualmente, considera-se para efeito de
modificação no na posologia do medicamento o INR, que é uma relação entre o resultado em segundos do
paciente e o resultado em segundos do controle, elevado a uma constante fornecida pelo fabricante (ISI).
Desta forma, elimina-se interferentes que porventura possam ocorrer durante a análise, fornecendo assim
um resultado mais confiável.
Dosagem de fibrinogênio
IMUNOHEMATOLOGIA
SISTEMA ABO E Fator Rh
Há vários grupos sangüíneos herdados independentemente entre si. São conhecidos diversos
sistemas de grupo sangüíneos. Entre eles podemos citar os sistemas ABO, Rh, MNS, Kell, Lewis, etc. O
sistema ABO é o de maior importância na prática transfusional por ser o mais antigênico, ou seja, por ter
maior capacidade de provocar a produção de anticorpos, seguido pelo sistema Rh. Os antígenos deste
sistema estão presentes na maioria dos tecidos do organismo. Fazem parte deste sistema três genes A, B
e O podendo qualquer um dos três ocupar o loco ABO em cada elemento do par de cromossomos
responsáveis por este sistema. Os genes ABO não codificam diretamente seus antígenos específicos, mas
enzimas que tem a função de transportar açúcares específicos, para uma substância precursora
produzindo os antígenos ABO. O indivíduo do grupo AB é possuidor de um gene A e de um gene B, tendo
sido um herdado da mãe e o outro do pai. Ele possui nos seus glóbulos vermelhos os antígenos A e B, seu
genótipo é AB. No caso do grupo O, foi herdado do pai e da mãe o mesmo gene O. O gene O é amorfo,
isto é, não produz antígeno perceptível. As células de grupo O são reconhecidas pela ausência de antígeno
A ou B. Quando o gene O é herdado ao lado de A, apenas o gene A se manifesta; e se é herdado ao lado
do gene B apenas o gene B se manifesta. Ao realizarmos os testes rotineiros em laboratório, não podemos
diferenciar os indivíduos BO e BB, e nem AO e AA. Os símbolos A e B, quando nos referimos a grupos,
indicam fenótipos, enquanto que AA, BO etc. são genótipos (ver quadro abaixo).
FENÓTIPO GENÓTIPO
A AO
A AA
O OO
B BO
B BB
AB AB
É dito homozigótico quando o indivíduo é possuidor de genes iguais (AA, BB, OO), e heterozigótico quando
os genes são diferentes (AO, BO, AB).
A determinação do grupo sangüíneo a que pertence um indivíduo pode efetuar-se por duas
ordens de investigações:
A pesquisa das aglutininas séricas é menos utilizada do que a pesquisa anterior. Seu emprego
simultâneo com a pesquisa dos aglutinogênios proporciona maior segurança na determinação dos grupos
sanguíneos. As aglutininas séricas são pesquisadas com glóbulos conhecidos do grupo A e do grupo B.
Os métodos empregados para esta pesquisa são os mesmos utilizados na pesquisa dos
aglutinogênios globulares: Landsteiner (em tubo), Beth- Vincent (em lâmina) e Schiff.
O sistema ABO é de grande importância prática, em virtude de sua múltiplas aplicações ligadas à
Antropologia, Genética e, sobretudo, a transfusão de sangue e à Medicina Legal, de interesse médico
mais apropriado.
SISTEMA Rh
Quando referimos que o indivíduo é Rh Positivo, quer dizer que o antígeno D está presente. O
antígeno D foi o primeiro a ser descoberto nesse sistema, e inicialmente foi considerado como único. Além
deste, foram identificados quatro outros antígenos C, E, c, e, pertencentes a este sistema. Após os
antígenos A e B (do sistema ABO), o antígeno D é o mais importante na prática transfusional.
Em algumas situações podemos ter uma expressão fraca do antígeno D. Isso pode ocorrer por:
Estes casos são chamados na prática de Rh fraco, e se refere ao que era conhecido anteriormente como
Du.
O fator Rh transmite-se dos pais aos filhos, segundo as leis mendelianas da herança, de modo semelhante,
porém independente, ao que ocorre com os demais fatores sanguíneos.
Ao contrário do sistema ABO, onde as aglutininas ocorrem naturalmente, no sistema Rh os
anticorpos são imunes, só aparecendo pela indução do antígeno. O indivíduo não possui aglutinina
correspondente ao Rh. No entanto, um indivíduo Rh negativo recebendo sangue Rh positivo produz a
aglutinina específica. A grande importância deste antígeno é provocar o aparecimento de aglutinina.
Na rotina, é realizada a tipagem, apenas, para o antígeno D nesse sistema. Os outros antígenos
(E, C, c, e), são determinados em situações onde ocorre incompatibilidade, e é necessário obter sangue
que não possuam algum desses antígenos. A produção de anticorpos contra estes antígenos ocorre de
forma semelhante à produção de anti-D. A capacidade de provocar a produção de anticorpos destes
antígenos varia. Partindo do mais imunogênico, temos D > c > E > C > e.
TRANSFUSÃO
Para efeito de transfusão, é considerado que pacientes Rh positivos podem tomar sangue Rh
positivo ou negativo, e que pacientes Rh negativos devem tomar sangue Rh negativo.
Para os pacientes D fraco, existem alguns critérios a serem observados. Se o antígeno D está
enfraquecido por interação gênica, estando o mesmo presente integralmente, o paciente poderá tomar Rh
positivo ou negativo. Porém nos casos em que o antigeno D está enfraquecido por ausência de um dos
componentes, pode ocorrer produção de anticorpos contra o antigeno D na sua forma completa. Como
rotineiramente, não identificamos a causa que leva a expressão enfraquecida do antígeno, acostuma-se a
dar preferência a usar sangue Rh negativo para os pacientes Rh fraco. (1)
Existem situações clínicas onde é necessário avaliar o risco X benefício, e fazer outras opções. Neste
momento é necessário o acompanhamento do hemoterapeuta.
Rotineiramente, são usadas três provas para a escolha do sangue compatível em uma
transfusão:
1- Prova maior – verifica a compatibilidade entre o soro do receptor e as hemácias do doador.
2- Prova menor – verifica a compatibilidade entre o soro do doador e as hemácias do receptor.
3- Prova de Coombs – verifica a presença de anticorpos incompletos ou bloqueadores.
PROVA DE COOMBS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1.Harmening,D. Técnicas Moderna em Banco de Sangue e Transfusão. Rio de Janeiro, Editora Revinter
Ltda, 1992
6. Ortho Diagnostics, Antígenos e anticorpos aplicados aos sistemas ABO e Rh, 3a edição, 1978
11.FAILACE, R. Hemograma. Manual e interpretação. 3a ed. Editora Artes Médicas Porta Alegre, 1995
12.HENRY, John Bernard. Diagnósticos clínicos e conduta terapêutica por exames laboratoriais.
Tood-Sanford- Davidson. 19a ed. (SI). Editora Manole,: São Paulo, 1999.
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