Etiologia Das Maloclusões - Fatores Gerais
Etiologia Das Maloclusões - Fatores Gerais
Etiologia Das Maloclusões - Fatores Gerais
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Bloco 1 – Aula 7 – Etiologia das Maloclusões – Fatores Gerais
Saber a causa é essencial para corrigir e manter a correção da maloclusão. A maioria das maloclusões resultam de
uma interação complexa de múltiplos fatores que influenciam o crescimento e o desenvolvimento, sendo difícil
apontar um fator etiológico isolado.
McCoy (1956)
Predisponentes Determinantes
Hereditariedade Dentes ausentes
Defeitos congênitos Supranumerários
Anomalias pré-natais Dentes mal posicionados
Infecções agudas e crônicas Anomalias da forma
Enfermidades nutricionais Freio labial anormal
Transtornos metabólicos Pressão intrauterina
Desequilíbrio endócrino Hábitos ao dormir
Causas desconhecidas Postura e pressão
Hábitos musculares anormais
Perda prematura dos dentes decíduos
Erupção tardia dos permanentes
Retenção prolongada dos decíduos
Restaurações inadequadas
Salzmann (1957)
Pré-natais Pós-natais
Hereditários Desenvolvimento
Diferenciação Funcionais
Congênitos Ambientais
Adquiridos
Graber (1966)
Engloba diversos fatores etiológicos, de fácil entendimento, fácil utilização e didática. Ele dividiu os fatores
etiológicos em 2 grupos:
- Gerais ou Extrínsecos: fatores de origem sistêmica ou que ocorrem durante o desenvolvimento do indivíduo,
afetando a oclusão de uma maneira geral.
- Locais ou Intrínsecos: fatores externos que agem sobre as estruturas buco-dentais, afetando a oclusão de forma
localizada.
Gerais Locais
Hereditariedade Anomalias dentárias
Deformidades congênitas Anomalias do padrão eruptivo
Meio ambiente Patologias ósseas
Alterações metabólicas Cárie dentária
Alterações nutricionais Restaurações mal adaptadas
Hábitos viciosos Perdas precoces de dentes decíduos
Anquiloses
Traumatismos dentários
1. Hereditariedade
- A maioria das desarmonias dentofaciais são causadas pela combinação de fatores genéticos e ambientais.
• Índios Chavantes (BR): observou que 95% da população apresentava oclusão normal.
• Crianças brancas (Maryland): 18% apresentava oclusão normal.
• Esquimós: 44%
• Japoneses: 34%
• Crianças negras (Chicago): 57%
Populações “puras” → população com maior isolamento e uniformidade genética → apresentam baixa
frequência de maloclusão.
• Segundo essa foto, a classe III sofre mais influência genética do que a classe II que sofre mais influência
ambiental.
- Acondroplasia – conhecida também como nanismo acondroplásico, tipo mais comum de nanismo.
- Displasia Cleidocraniana
• Autossômica dominante;
• Clavículas ausentes ou hipoplásicas;
• Suturas e fontanelas com fechamento retardado/abertas;
• Cabeça grande com bossas frontal e parietal pronunciadas;
• Hipertelorismo ocular e base nasal alargada;
• Geralmente apresentam prognatismo mandibular;
• Dentes supranumerários;
• Retenção prolongada de decíduos;
• Atraso ou falha na erupção dos permanentes.
- Displasia Ectodérmica
- Síndrome de Crouzon
• Autossômica dominante;
• Ocorre fechamento prematuro das suturas;
• Hipoplasia do terço médio da face;
• Exoftalmia (olhos aparentam estar para fora da face – real ou aparente);
• Hipertelorismo ocular (maior distância entre os olhos);
• Dentes superiores apinhados.
• Autossômica dominante;
• 1:50000 nascimentos;
• Morte excessiva de células do gânglio trigeminal;
• Hipoplasia do zigoma, mandíbula e maxila;
• Ângulo mandibular obtuso;
• Palato profundo – e 30% apresentam-se fissurados;
• Fissuras palpebrais anormais com inclinações divergentes;
• Má formação do ouvido (externo, médio e interno).
2. Deformidades congênitas
São anomalias causadas por danos no desenvolvimento fetal e que estão presentes ao nascimento, que podem
causar alterações morfológicas ou funcionais.
- Fissuras
Durante a embriogênese, qualquer fator que interfira na diferenciação, migração e proliferação dos processos
envolvidos no desenvolvimento da face, pode provocar o aparecimento das fissuras.
• Fissura labial: problema na fusão entre o processo nasal mediano e o processo maxilar; uni ou bilateral.
• Fissura facial lateral: problema na fusão entre os processos maxilar e mandibular.
• Fissura mediana do lábio superior: problema na fusão entre os processos nasais medianos (rara).
• Fissura palatina: problema na fusão entre os processos palatinos da maxila; pode ser classificada em:
o Fissura pré-forame (anterior ao forame incisivo), pode acontecer:
▪ Fissura do lábio superior;
▪ Fissura do palato primário;
▪ Combinação de ambas: fissuras lábio-palatais (cerca de 60% dos casos).
- Paralisia Cerebral: acontece por uma parada ou falta de coordenação muscular atribuída a uma lesão intracraniana
• Desequilíbrio muscular;
• Mordida aberta;
• Protrusão dos dentes anteriores superiores;
• Mordida cruzada;
• Excessiva erupção dos dentes posteriores;
• Distrofia muscular – com excessivo crescimento vertical.
- Torcicolo congênito
- Sífilis congênita
• Ocorre devido a deficiências do tecido da linha média da placa neural bem no inicio do desenvolvimento
embrionário, causada pela exposição a altos níveis de etanol.
• Traços discriminados: Fissuras palpebrais curtas, face média diminuída, nariz curto, filtro indistinto e lábio
superior fino.
• Traços associados: ponte nasal baixa, dobras epicantais, mínimas anormalidades na orelha e micrognatia.
- Microssomia hemifacial
Cabeça do feto é pressionada contra o tórax impedindo a mandíbula de crescer para frente e por conta disso,
apresenta:
• Micrognatia;
• Glossoptose – obstrução das vias aéreas nos primeiros 6 meses;
• Fissura palatina – porque a posição da língua impede a fusão dos processos palatinos.
• Isso acontece por conta da quantidade reduzida de líquido amniótico, logo o espaço para o desenvolvimento
fetal fica reduzido.
3. Meio ambiente
- Influência pré-natal:
• Posição intrauterina do feto: a pressão contra a face em desenvolvimento pode levar a distorções em áreas
de rápido crescimento.
Ex: braço pressionado ao longo da face, impedindo o desenvolvimento maxilar normal; ou cabeça
pressionada fortemente contra o tórax impedindo a mandíbula de crescer.
• Dieta e metabolismo materno: maturação e mineralização dos tecidos duros dos dentes antes do
nascimento depende do metabolismo IU. Então, a falta de nutrientes essenciais pode afetar o crescimento e
desenvolvimento normal do feto. O que a mãe consome interfere no desenvolvimento da criança.
• Fatores teratogênicos: são substâncias químicas e outros agentes capazes de produzir defeitos embrionários
quando administrados em momentos críticos.
- Influência pós-natal:
- Endocrinopatias
5. Alterações nutricionais
- Avitaminoses
▪ Vitamina A
o Carência de vitamina A:
▪ Distúrbios de calcificação do esmalte e dentina;
▪ Retardo na erupção dentaria;
▪ Interfere negativamente no crescimento e desenvolvimento das estruturas dentais.
▪ Vitamina B
o Carência de Vit B:
▪ Atrasa o desenvolvimento dentofacial;
▪ Afeta o tecido nervoso – polineurite (beri-beri);
▪ Retarda o crescimento;
▪ Língua despapilada.
▪ Vitamina C
o Carência de Vit C:
▪ Afeta diretamente tecidos conjuntivos (muda o metabolismo do colágeno);
▪ Dentina hipocalcificada;
▪ Distúrbios periodontais (gengivas ulceradas e sangramento) – Escorbuto;
▪ Atrofia do osso alveolar.
▪ Vitamina D
o Carência de Vit D – Raquitismo nas crianças:
▪ Hipocalcificação de esmalte e dentina;
▪ Erupção dentaria retardada;
▪ Fechamento lento das suturas;
▪ Erupção e desenvolvimento dentofacial estão retardados;
▪ Maloclusões se tornam frequentes.
▪ Vitamina E
o Carência de Vit E:
▪ Alterações estruturais na dentina e no esmalte;
▪ Retardo no crescimento da mandíbula e maxila.
6. Hábitos viciosos
A presença de hábitos viciosos pode gerar maloclusões graves dependendo da tríade de Graber, que é intensidade e
frequência e duração.
• Sucção digital;
• Sucção de chupeta;
• Interposição lingual;
• Aleitamento artificial;
• Morder objetos.
Conclusões
Fatores gerais afetam todo o sistema em desenvolvimento criando maior dificuldade de correção e controle das
maloclusões.
O conhecimento dos fatores etiológicos é fundamental para o diagnóstico, planejamento e contenção dos
resultados.