Sistema Firjan Arrecadacao Investimento Caso Rio Janeiro
Sistema Firjan Arrecadacao Investimento Caso Rio Janeiro
Sistema Firjan Arrecadacao Investimento Caso Rio Janeiro
Nº 01
Janeiro 2010
Em paralelo, nos últimos anos o aumento da participação das despesas rígidas (pessoal, previdência,
assistência social e saúde, principalmente) no total das despesas não financeiras do governo
federal tem levado os investimentos públicos a valores mínimos em termos históricos, enquanto
que a demanda pelos mesmos prossegue crescente. De fato, como pode ser observado na
Tabela 1, na última década a despesa corrente primária da União cresceu a taxas significativamente
superiores a do PIB3. Como conseqüência, estas despesas atingiram 20,4% do total produzido
pelo país em 2008, ante 17,2% em 1999, enquanto os investimentos federais situaram-se em
valores abaixo de 1% em praticamente todo período.
Neste quadro, o objetivo deste artigo é, à luz dos dados disponíveis, analisar a distribuição de
recursos do governo federal com investimentos entre os entes da federação, com foco especial no
Rio de Janeiro4.
1
Houve ampliação da base de incidência do ICMS e aumento da participação dos estados nos fundos de participação.
2
A Secretaria do Tesouro Nacional classifica as transferências feitas pela União em dois grupos: as transferências “constitucionais
e legais”, de caráter obrigatório e com regras de rateio pré-estabelecidas, e as “voluntárias”, que resultam de convênios, acordos ou
cooperação financeira da União com estados e municípios.
3
O desempenho atípico das contas públicas em 2003 reflete o significativo esforço fiscal realizado no primeiro ano do governo Lula
na tentativa de fortalecer a credibilidade do novo governo após as turbulências advindas do processo eleitoral de 2002.
4
O presente estudo relaciona-se ao Objetivo 2.1 Ação 7 do Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro.
Tabela 1
Despesa Despesa
Ano Carga
Corrente Cofins, CPMF Corrente Investimentos
PIB Tributária da
Primária da e PIS/PASEP Primária da da União
União
União¹ União¹
1999 0,3% 0,1% 20,2% 4,5% 17,2% 0,7%
2000 4,3% 8,7% 21,0% 5,3% 17,9% 0,9%
2001 1,3% 4,7% 21,6% 5,7% 18,5% 1,1%
2002 2,7% 6,6% 22,1% 5,7% 19,2% 0,7%
2003 1,1% -1,4% 21,6% 5,8% 18,7% 0,4%
2004 5,7% 6,3% 22,2% 6,4% 18,8% 0,6%
2005 3,2% 9,5% 23,2% 6,3% 20,0% 0,8%
2006 4,0% 5,4% 23,3% 6,1% 20,2% 0,8%
2007 5,7% 4,0% 24,3% 6,2% 19,9% 0,4%
2008 5,1% 7,7% 24,9% 5,1% 20,4% 0,3%
Média 10
3,3% 5,1% 22,5% 5,7% 19,1% 0,7%
anos
A destinação de recursos por parte do Governo Federal para os demais entes da federação com
relação aos investimentos depende de decisão política. Para que os investimentos ocorram
precisam constar da Lei Orçamentária Anual (LOA), cujo projeto é elaborado pelo Executivo e
aprovado pelo Legislativo. Depois da aprovação, os investimentos requerem a liberação dos
recursos por parte do Poder Executivo, já que as Leis Orçamentárias são meramente autorizativas.
Entende-se que a distribuição dos investimentos para os estados deveria levar em consideração,
dentre outros fatores, o tamanho da população, a participação no PIB do país, mas, principalmente,
a contribuição de cada estado para as receitas da União.
Tabela 2
Arrecadação dos Impostos e Contribuições Federais Administrados pela RFB ( em reais)
Ranking pelo % do total - média do período
Média 2001-
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Unidade da Federação
2008
% do % do % do % do % do % do % do % do Per % do
Per capita Per capita Per capita Per capita Per capita Per capita Per capita Per capita
total total total total total total total total capita total
São Paulo 45,6 3.627 44,6 3.682 45,2 3.629 43,6 3.968 42,7 4.184 43,5 4.367 43,9 5.040 43,1 5.045 44,0 4.193
Rio de Janeiro 17,0 3.492 18,2 3.892 15,9 3.322 18,9 4.504 19,4 4.997 19,4 5.129 18,3 5.419 18,9 5.719 18,2 4.559
Distrito federal 9,7 13.900 10,4 15.258 11,3 16.109 9,8 15.606 9,8 16.712 9,5 16.441 9,5 17.618 8,0 14.943 9,8 15.823
Minas Gerais 5,3 871 5,2 890 5,3 895 5,3 1.010 5,6 1.146 5,4 1.152 5,8 1.377 5,9 1.428 5,5 1.096
Rio Grande do Sul 5,0 1.438 4,7 1.418 4,9 1.448 5,4 1.812 4,9 1.806 4,7 1.750 4,6 1.975 4,6 2.016 4,8 1.708
Paraná 4,6 1.406 4,2 1.359 4,3 1.364 4,4 1.572 4,1 1.590 4,1 1.641 4,5 1.984 4,6 2.103 4,4 1.627
Santa Catarina 2,0 1.084 2,0 1.138 2,2 1.220 2,1 1.311 2,3 1.580 2,4 1.643 2,5 1.925 2,8 2.207 2,3 1.514
Bahia 2,2 497 2,4 563 1,8 416 1,9 500 2,2 634 2,1 627 2,0 650 2,1 678 2,1 571
Espírito Santo 1,4 1.369 1,2 1.176 1,4 1.323 1,7 1.807 1,9 2.162 1,7 2.043 1,8 2.395 2,1 2.917 1,6 1.899
Amazonas 1,2 1.221 1,2 1.292 1,2 1.234 1,4 1.635 1,2 1.456 1,3 1.631 1,3 1.844 1,5 2.135 1,3 1.556
Pernambuco 1,2 451 1,3 490 1,3 498 1,3 554 1,3 613 1,2 592 1,3 696 1,4 764 1,3 582
Ceará 0,9 345 0,9 358 0,9 351 0,9 395 0,9 457 0,9 462 0,9 503 0,9 524 0,9 424
Goiás 0,9 548 0,8 488 0,9 527 0,7 481 0,7 514 0,8 587 0,9 709 1,1 882 0,9 592
Pará 0,5 254 0,5 265 0,7 329 0,5 268 0,5 281 0,5 285 0,5 313 0,5 324 0,5 290
Maranhão 0,3 137 0,5 265 0,5 244 0,4 214 0,4 262 0,4 273 0,4 307 0,4 337 0,4 255
Mato Grosso 0,4 413 0,3 396 0,4 450 0,4 491 0,4 503 0,4 510 0,4 591 0,4 644 0,4 500
Mato Grosso do Sul 0,3 366 0,3 374 0,3 440 0,3 450 0,3 490 0,3 472 0,3 520 0,3 662 0,3 472
Paraíba 0,3 285 0,3 250 0,3 266 0,2 228 0,2 269 0,2 275 0,2 278 0,3 321 0,3 271
Rio Grande do Norte 0,3 289 0,3 303 0,3 272 0,2 294 0,2 310 0,2 335 0,3 383 0,3 414 0,3 325
Sergipe 0,2 411 0,2 394 0,2 354 0,2 313 0,2 373 0,2 382 0,2 438 0,2 471 0,2 392
Alagoas 0,2 204 0,2 186 0,2 196 0,1 170 0,2 204 0,2 227 0,2 267 0,2 281 0,2 217
Piauí 0,2 186 0,2 175 0,2 173 0,1 155 0,1 170 0,1 191 0,1 212 0,2 238 0,1 188
Rondônia 0,2 328 0,1 310 0,2 353 0,1 276 0,1 310 0,1 322 0,1 372 0,1 419 0,1 336
Tocantins 0,1 155 0,1 151 0,1 157 0,1 163 0,1 215 0,1 281 0,1 305 0,1 354 0,1 223
Amapá 0,1 383 0,1 342 0,1 416 0,0 261 0,0 286 0,0 268 0,0 367 0,0 366 0,1 336
Acre 0,0 230 0,0 203 0,0 207 0,0 182 0,0 205 0,0 252 0,0 280 0,0 294 0,0 232
Roraíma 0,1 451 0,0 394 0,0 421 0,0 262 0,0 297 0,0 317 0,0 376 0,0 427 0,0 368
BRASIL 100% 1.735 100% 1.805 100% 1.758 100% 1.996 100% 2.149 100% 2.205 100% 2.482 100% 2.530 100% 2.083
A análise dos investimentos federais nos estados, em contrapartida, mostra que o Rio de Janeiro não fica
entre os principais destinos. Na Tabela 3 é possível observar que de 2001 até 2008 o Rio de Janeiro
recebeu em média 4,6% dos investimentos federais5, ao passo que contribuiu com 18,2% das receitas,
evidenciando um total descasamento entre a participação do Estado na arrecadação federal e o percentual
dos investimentos da União.
5
Este percentual foi calculado considerando apenas os investimentos regionalizáveis, ou seja, excluindo-se do total dos investimentos os
valores referentes às rubricas Nacional e Exterior.
. Tabela 3
Investimentos Federais por Unidade da Federação ( em reais)
Ranking pelo valor per capita - média do período
Média
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
2001-2008
Unidade da Federação
% do Per % do Per % do Per % do Per % do Per % do Per % do Per % do Per % do Per
total capita total capita total capita total capita total capita total capita total capita total capita total capita
Roraíma 1,5 522 0,9 136 1,0 114 1,4 212 1,3 332 1,6 360 1,6 594 1,2 327 1,3 325
Acre 1,9 371 2,3 193 2,7 181 1,2 108 1,4 195 2,3 295 2,3 502 2,3 391 2,0 280
Tocantins 2,5 245 2,8 115 3,8 126 2,8 128 6,4 469 4,1 278 3,3 381 4,0 363 3,7 263
Amapá 1,0 235 0,5 53 1,1 84 2,4 260 0,7 114 1,3 190 0,9 218 0,5 93 1,1 156
Distrito Federal 2,6 141 3,6 84 3,0 56 5,0 128 3,4 140 2,6 98 3,0 178 3,4 154 3,3 122
Mato Grosso do Sul 2,7 146 2,5 59 3,2 59 2,9 77 3,0 127 3,0 117 2,9 190 2,4 120 2,8 112
Mato Grosso 2,9 131 2,5 48 4,3 66 2,5 52 3,0 102 2,7 85 2,9 150 3,4 134 3,0 96
Rondônia 1,9 154 1,4 49 2,0 56 1,5 57 1,7 104 1,4 81 1,4 139 1,3 100 1,6 93
Piauí 2,8 112 3,9 68 3,7 51 3,3 64 3,3 107 2,8 82 2,0 97 2,0 74 3,0 82
Goiás 4,7 104 3,4 33 3,6 27 3,7 39 4,8 83 5,2 81 5,1 131 5,1 101 4,4 75
Paraíba 3,7 123 2,2 32 2,0 23 2,1 34 1,9 52 3,4 83 3,3 131 3,4 105 2,7 73
Alagoas 3,8 153 3,6 62 2,3 32 2,0 39 2,0 65 1,6 48 2,0 98 2,0 73 2,4 71
Rio Grande do Norte 2,8 113 1,9 33 1,8 26 2,1 42 2,1 66 2,9 84 2,3 112 2,1 78 2,2 69
Santa Catarina 3,1 65 1,8 16 2,5 18 2,8 28 5,6 91 5,7 85 6,0 150 4,7 90 4,0 68
Pernambuco 8,0 115 9,1 56 6,7 33 5,9 41 4,9 56 5,1 54 6,1 104 6,0 79 6,5 67
Sergipe 1,8 115 1,8 48 0,6 14 1,7 52 1,1 53 1,6 70 1,5 113 1,1 62 1,4 66
Ceará 7,3 111 8,4 55 5,0 26 5,8 42 5,5 65 4,8 52 3,4 60 3,8 53 5,5 58
Minas Gerais 10,0 63 12,3 33 16,1 35 13,3 41 16,7 84 10,9 50 12,1 91 9,9 58 12,7 57
Pará 5,6 102 6,3 49 4,1 25 3,5 29 2,3 31 3,4 43 3,8 78 3,8 59 4,1 52
Amazonas 1,8 71 1,4 24 1,2 16 2,2 42 1,8 53 1,5 41 1,9 88 2,2 77 1,8 51
Rio Grande do Sul 4,0 45 3,5 17 4,8 18 5,0 27 5,8 51 7,5 61 6,5 90 8,4 90 5,7 50
Bahia 7,2 63 6,9 26 5,6 17 6,5 28 6,8 47 6,0 38 5,6 58 5,0 40 6,2 40
Maranhão 2,7 54 1,5 13 3,5 24 3,3 32 1,9 30 2,4 34 2,2 53 3,2 59 2,6 37
Espírito Santo 1,9 68 1,5 23 1,6 20 1,3 23 1,2 33 1,1 29 1,0 44 1,3 45 1,4 35
Rio de Janeiro 3,3 26 2,5 9 3,8 10 5,4 21 3,1 20 5,9 34 6,6 62 6,3 46 4,6 29
Paraná 3,0 36 2,5 12 3,5 14 3,2 18 3,9 37 2,9 25 2,6 37 3,2 35 3,1 27
São Paulo 5,3 16 8,8 12 6,4 7 7,1 10 4,7 11 6,2 14 7,8 29 8,0 23 6,8 15
BRASIL 100% 66 100% 29 100% 23 100% 32 100% 52 100% 48 100% 79 100% 61 100% 49
Uma análise do período mais recente revela, contudo, uma clara mudança de cenário com relação ao Rio
de Janeiro nos últimos anos no que tange aos investimentos, especificamente a partir de 2006. Quando
considerada a participação no montante destinado aos estados, o período entre 2001 e 2005 foi o mais
negativo, com o Rio de Janeiro recebendo 3,65% dos investimentos em média (Gráfico), tendo o ano
de 2002 sido o mais crítico (2,5%). Nos três anos posteriores esta parcela pulou para 6,28% em média,
um aumento de 72%. Em termos per capita a mudança de cenário é ainda mais expressiva. No primeiro
período os valores foram de R$ 17 por fluminense, subindo para R$ 47 reais no período 2006-2008.
6,28%
4,63%
3,65%
A observação destes dados revela que o Estado do Rio de Janeiro, historicamente desfavorecido, vem
ganhando espaço na alocação destes recursos, principalmente a partir de 2006. Não obstante, os valores
destinados ao Estado para investimentos, tanto em relação a sua participação na arrecadação quanto a
sua população, ficam muito longe de uma alocação justa. Esta discussão, contudo, extrapola o debate
em torno da distribuição federativa dos recursos. Diante dos desafios impostos pela exploração do pré-sal
e a realização dos Jogos Olímpicos de 2016, os investimentos no Rio de Janeiro, em especial na área de
infra-estrutura, adquirem uma conotação estratégica e vital não apenas para o Estado, mas também
para o país como um todo.
EXPEDIENTE: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) Av.Graça Aranha, 01 Centro Cep: 20030-002 - RJ
Presidente: Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira;Diretor Geral do Sistema FIRJAN: Augusto Franco Alencar; Diretora de
Desenvolvimento Econômico: Luciana de Sá; Gerente de Estudos e Pesquisas: Hilda Alves; Divisão de Estudos Econômicos:
Guilherme Mercês, Adriana Esteves, Tatiana Sanchez, Renato França, William Figueiredo e Gabriel Pinto; Editoração Eletrônica: Anna
Speranza. Sugestões e Informações: tel (21) 2563-4205, e-mail: estudos.pesquisas@firjan.org.br