Agendado +Aborto+Legal+Como+Fato+Social
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doi.org/10.51891/rease.v8i4.4869
ABSTRACT: This article aims to analyze through doctrinal thoughts, research, and
statistical data on abortion in Brazil and in the World. It also brings a historical breviary,
the reflexes and consequences that this act produces in society, discussing the diversity of
ways of analyzing abortion through a view of methods used, sociological, justice, politics,
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sociopolitical movements, science and of psychology.
INTRODUÇÃO
1
Pós-graduado em Direito da Família e Sucessões pelo CERS. E-mail: cirobevilaqua@hotmail.com
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arraigado dessa sociedade coloca toda culpa do aborto em cima das mulheres, mesmo
sabendo que tal ato não foi gerado por uma só parte, deixando de lado o fato de o homem
também abortar - quando esse deixa a mulher grávida, quando abandona o filho, enfim,
quando foge da paternidade. Para mostrar a veracidade o Ministro do Supremo Tribunal
Federal Luís Roberto Barroso, parafraseia o jurista Carlos Ayres Britto ―que se os homens
engravidassem, já teria descriminalizado o aborto em qualquer caso‖ ou seguindo a ideia de
Voltaire que ―se os homens engravidassem o aborto talvez seria dado nas igrejas ao som de
canto gregoriano.‖
Do aborto involuntário ao o induzido, gera-se em torno dessa temática de
diversidade cultural à polarização dessa ideia, gerando a divisão ou divisões da ótica a
respeito deste tema, passando pela religião, que em quase totalidade é contra o aborto,
devido ao olhar conservador, em especial às Cristãs, esta predominante em solo Brasileiro.
No campo jurídico o aborto é considerado crime em regra, porém há exceções. Esse
debate tem gerado debates entre os tribunais superiores e as casas legislativas, um agindo
de ativismo judiciário progressista e o outro de exacerbado conservadorismo
fundamentalista, apoiado por parte da casa legislativa em suas bancadas chamadas (da
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bala, da bíblia e do boi), todas essas com vertentes antiabortivas. Além da briga entre
tribunais e casas legislativas, há a brigas na própria casa entre partidos que são a favor da
descriminalização do aborto e os que são contra, gerando bate-boca e discursões
efervescentes a respeito desse tema. Ainda do campo jurídico há diferentes tipos de teorias
que falam a respeito de quando a vida começa e ganha personalidade jurídica.
Nos movimentos sociopolíticos há uma bifurcação entre o movimento provida e
pró escolha, continuando assim a discursão entre o tema, tendo como nos movimentos
conservadores e nas religiões a base de integração do movimento provida, assim como no
pró escolha existem pessoas com pensamentos progressistas difusos, como por exemplo os
movimentos feministas.
Na Europa já é realidade o tema aborto, nos países Latino-Americanos começaram
nessa década a se mobilizarem e elaborar leis mais amenas às mulheres em relação ao
aborto, tendo o Uruguai o precursor na América do Sul. No Brasil o aborto é a quinta
maior causa de morte materna, havendo na misoginia a base para criminalizar o processo
abortivo, as estatísticas mostram que muitas mulheres já passaram por esse processo e de
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forma ilegal, fora que muitas vezes a raiz motivadora do aborto é uma agressão, como pro
exemplo o estupro.
Sobre um olhar científico com embasamento jurídico, a vida se estingue ao término
da atividade cerebral ou morte encefálica (Lei 9.434/97 – Lei de Transplantes), tendo essa
premissa por base, se faz uma analogia ao início da vida, sendo assim a vida começa com a
formação do córtex cerebral e com o começo da atividade deste órgão.
E por fim, veremos que nenhuma mulher pretende abortar, psicologicamente é
traumático, logo o ato abortivo gera grandes consequências ao corpo e a mente das
mulheres, onde muitas vezes se requer acolhimento e acompanhamento não só
psicológicos.
HISTÓRIA DO ABORTO
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exemplo o Código Francês de 1791 D.E.C, que condenava ao flagelo e a 20 anos de prisão
todos aqueles envolvidos no aborto.
Na China no ano de 1979 D.E.C, se restringiu o número de filhos por casais,
motivado pela superpopulação e seu crescimento exacerbado, dessa forma o aborto passou
a ser tratado como parte do planejamento familiar e assim como na China a Índia passa
por esse mesmo dilema étnico-cultural. Já países como França e os Estados Unidos o
consideram como direito individual desde os anos 70. Outros países vieram a modificar o
seu ordenamento jurídico e hoje quase toda a Europa tem a regulamentação e liberação do
aborto, mesmo com certas restrições, países da América como Uruguai, Canadá e Cuba, já
possui um sistema normativo progressista sobre o tema.
Ainda aludindo ao item anterior temos que a principal condição para o registro de
uma crença no ordenamento penal é o poder de barganha da comunidade religiosa nas
casas legislativas. Em regra geral, as sociedades reguladas pelo Estado e por leis positivadas
legislaram sobre o tema. Há a intenção de se colocar o aborto como uma matéria
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individualizada, porém existem motivações morais e religiosas que fazem desse tema um
tabu a ser analisado com mais critério.
No Brasil, o aborto é considerado como crime contra a vida humana pelo Código
Penal Brasileiro, a prática abortiva é tipificada no Código Penal Brasileiro nos artigos 124
ao 127. No artigo 124 do Código Penal Brasileiro, descreve o crime e a pena para quem
pratica o autoaborto, ou seja, o aborto praticado pela própria gestante ou com o seu
consentimento. Já os artigos 125 e 126 do Código Penal Brasileiro tratam de aborto
provocado por terceiro com ou sem o consentimento da gestante.
O artigo 127 do Código Penal Brasileiro que qualifica o crime de aborto, caso tenha
como resultado lesão corporal de natureza grave ou ocasione o óbito da gestante. E por fim
o artigo 128 do devido Código, traz de modo excepcional as situações em que o aborto é
permitido, sendo elas, o aborto necessário, que é no caso de salvar a vida da gestante, e o
sentimental que é aquele em que a gravidez é resultado de um estupro.
Existem além dessas duas situações supracitadas, o aborto legal no caso de bebês
anencefálicos, conforme julgamento do Supremo Tribunal Federal da Arguição de
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Nos termos do art. 128 do Código Penal Brasileiro, não se pune o aborto praticado
por médico:
1º) Se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
2º) Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Figuras típicas permissivas do aborto:
1. Aborto necessário (CP, art. 128, I);
2. Aborto sentimental (nº II).
O Código Penal Brasileiro prevê, no primeiro caso, o denominado aborto
terapêutico ou necessário; no segundo, o aborto sentimental ou humanitário, estes já
comentados.
A disposição não possui causas de exclusão da culpabilidade, nem escusas
absolutórias ou causas extintivas da punibilidade. Os dois incisos citados do art. 128
contêm causas de exclusão da antijuridicidade. Percebe-se que o Código Penal diz que ―não
se pune o aborto‖. Fato impunível em matéria penal, é fato lícito. Assim, na hipótese de
incidência de um dos casos do art. 128 do devido Código, não há crime por exclusão da 620
ilicitude. Haveria causa pessoal de exclusão de pena somente se o Código Penal Brasileiro
dissesse ―não se pune o médico‖.
Hoje corre uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que pede à Corte que
considere inconstitucionais dois dispositivos do Código Penal, por meio da ADPF 442
(Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), permitindo assim a legalização
irrestrita do aborto nos primeiros 12 meses de gestação, fato já comum em grande parte da
Europa. Vale citar que também não é considerado crime o aborto realizado fora do
território nacional do Brasil, sendo possível realizá-lo em países que permitem tal prática.
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clínicas, com acompanhamento médico e sigilo), têm grande índice de mortes por
hemorragia e são o principal alvo da criminalização.
Em 2015 o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) protocolou o projeto de lei
882/2015, que trata da legalização do aborto. O texto determina que a interrupção da
gravidez poderá ser realizada nas doze primeiras semanas, tanto pelo SUS quanto pela
rede privada. Após a 12º semana, há outros casos previstos, como em situações de violência
sexual ou de riscos à gestante ou ao bebê, desde que comprovados clinicamente. Essa
arguição tem como premissa as leis da maioria dos países da Europa que versam sobre o
aborto.
Na justificativa do projeto, o parlamentar Jean Wyllys do PSOL do Rio de Janeiro
afirma que:
Não há motivos para que o aborto seguro seja ilegal e as mulheres que o
praticam, bem como aqueles e aquelas que as assistem, sejam considerados
criminosos ou criminosas (...) O único motivo para isso é a vontade de uma
parcela do sistema político e das instituições religiosas de impor pela força
suas crenças e preceitos morais ao conjunto da população, ferindo a laicidade
do Estado. (PL 882/2015)
Em contrapartida foi feito um documento de cinco páginas, assinado pelo
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presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmando que a Constituição não faz diferença
entre a proteção à vida intrauterina e extrauterina em seu artigo 5º, sendo assim implícita a
esse assunto e que reconhece o direito à vida como um direito fundamental inviolável.
De acordo com a posição da Câmara, as atuais hipóteses em que a legislação
permite fazer o aborto, artigo 128 do Código Penal Brasileiro, (excludentes de ilicitude) já
são adequadas ao tratamento da questão. ―O marco legal da criminalização do aborto está
adequado. Protege-se a vida, a dignidade da pessoa humana, fundamento maior da
República Federativa do Brasil, independentemente da fase da gestação em que se
encontra‖, diz o documento. Antes disso o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha havia
dito a seguinte frase: ―Vai ter que passar por cima do meu cadáver para votar‖.
No Brasil há entendimentos doutrinários e alguns entendimentos de tribunais sobre
algumas formas de como e onde surge a vida, tendo cada uma sua particularidade como é a
Teoria Concepcionista que defende que a vida começa a partir da concepção, isto é, quando
o espermatozoide penetra o ovócito e ambos se fundem, formando a primeira célula com
toda a programação genética do indivíduo até a fase adulta, a mesma não encontra base
legal no ordenamento jurídico.
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o sul. Com base nesses resultados, estima-se que 5,3 milhões de mulheres no Brasil já
tenham abortado ilegalmente. A pesquisa também mostrou que mais da metade, 55%,
dessas precisaram ficar internadas em hospitais públicos para recuperação. Esses resultados
são importantíssimos. Mostram que precisamos fazer um debate amplo e honesto com a
sociedade. Ao contrário do que supomos, as mulheres que abortam não são fantasmas, não
são solteiras, ateias ou adolescentes: a maioria é casada, tem filhos e religião. Mais de 50%
delas têm entre 30 e 39 anos (UNB).
Em março de 2007 o instituto de pesquisas Datafolha, do jornal Folha de S. Paulo,
realizou uma pesquisa de cunho popular e os dados mostraram que 65% dos brasileiros
acreditam que a atual legislação brasileira sobre o aborto não deve ser alterada, enquanto
que 16% disseram que deveria ser ampliada para permitir a prática por outros motivos, 10%
que o aborto deveria ser descriminalizado e 5% declararam não terem certeza de sua
posição sobre o assunto.
Em 2013, o Conselho Federal de Medicina (CFM) se posicionou a favor da
descriminalização/regulamentação do aborto por vontade da gestante até a 12ª semana da
gestação. De acordo com o CFM, ―o abortamento é uma importante causa de mortalidade
625
materna no país, sendo evitável em 92% dos casos‖ e as complicações geradas pelo
procedimento representam ―a terceira causa de ocupação dos leitos obstétricos no Brasil.
Em 2001, houve 243 mil internações na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) por
curetagens pós-abortamento‖. O aborto inseguro é a quinta causa de morte materna no
país.
Vale salientar que isso de fato é chocante e revoltante quando ainda introduzimos
neste debate os altos índices de violência sexual no Brasil. Os registros mostram que
em 2015 e 2016, 37 mil casos de denúncias de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos
foram recebidos pelo Disque 100 (dados do Governo Federal). Se os dados do SUS
apresentam um aumento nas notificações, os dados da Secretaria de Segurança do Rio
apresentam números ainda mais assustadores, no estado do Rio, são 16 estupros por dia, e
forçar para que uma vítima de estupro tenha que ter um filho de uma violência é no
mínimo imoral e constrangedor. Lembrando que muitos casos não vêm à tona por vários
motivos ficando assim o número real de estupros incalculável.
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permissão para se fazer um aborto nos casos já previstos em lei, tudo isso não seria
exatamente nenhum atentado contra uma vida especificamente humana e não seriam nem
inconstitucionais nem antiéticos, pois os preceitos constitucionais são fundado em cima da
dignidade da pessoa humana e como não há a caracterização do ser humano pela ausência
da razão, dor, angústia ou desejos, existe ali apenas um corpo sem manifestação humana.
Em todos esses casos, ainda que o embrião e o feto existam antes da décima oitava
semana de gestação, não terminaríamos uma vida especificamente humana ou a vida
de alguém, mas apenas uma vida humana biológica, com potencialidade para
gerar um ser especificamente humano. Ou seja, na morte de embriões e fetos antes da
formação plena do córtex cerebral não há ainda a perda ou modificação de vida senão
similar à perda de vida vegetal e à perda de vida animal basicamente potencial, fora que
nesse caso os animais ainda teriam um agravante, pois eles sentem dor (pós formação do
córtex cerebral), logo são seres que expressão de alguma forma ações neurais.
Temos por exemplo, que a vida em potencial está presente do mesmo modo, ao
menos no óvulo e no espermatozoide separados no embrião fruto de clonagem ,onde não
há fusão nova de gametas masculino e feminino, mas reprodução de todo um organismo a
627
partir de uma célula adulta de outro, o que significa que com a biotecnologia qualquer
célula, que é humana tem todo o potencial para gerar um novo ser humano, no óvulo
fecundado antes de passadas 24 horas (a fusão dos gametas formando um zigoto não é
instantânea ou imediata, o que significa que a pílula do dia seguinte tomada corretamente
não é abortiva, não no sentido preciso do termo).
Tão logo ver-se que a vida biológica se dá no ato da concepção propriamente dita
(Zoé), já a vida em potencial começa com a formação do sistema nervoso (nascimento do
Córtex cerebral-Bios).
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A pesquisa indica que nos países ricos os abortos caíram de 46 casos para mil
mulheres em 1990, para apenas 27 casos para mil mulheres em 2014. Já nos países em
desenvolvimento a redução foi insignificante, de 39 para 37 casos.
Sobre um olhar capitalista o economista Steven Levitt fala sobre a legalização do
aborto, este diz que seria de grande valia, isso porque segundo ele, se houvesse a liberação,
esta seria responsável pela queda de 25 % da criminalidade, pois o aborto impediria o
nascimento de crianças pobres, fadadas em viver uma infância de abandono familiar e
candidatas a entrar no mundo do crime. Pode até parecer um absurdo, mas nossa sociedade
está fadada a exclusão social, tendo em vista às políticas públicas defasadas e ineficazes,
numa visão econômica esse é um argumento plausível.
Com inspiração em Levitt, o economista Gabriel Hartung sugere o aborto como
um recurso para diminuir os criminosos em potencial na sociedade. Para ele, a
criminalidade é maior onde há mais nascimentos, mães solteiras e mães adolescentes, e são
exatamente estas que recorreriam a um aborto, logo se fosse legalizado, o aborto evitaria o
nascimento de crianças em lares desestruturados, que atualmente é um dos grandes fatores
que formam criminosos potenciais.
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Para demonstrar essa teoria o economista Gabriel Hartung nos mostra que nos
Estados Unidos 14% dos presos são órfãos, enquanto na população em geral esse número é
de 3%. Dos detentos do país, 43% foram criados sem pai afetando assim na formação da
criança.
Indo para uma outra concepção ótica sobre o tema, trazemos à luz do debate o
fundamento científico e jurídico a respeito do aborto. No campo científico, a vida biológica
começa na concepção, onde há o início da formação do ser vivo, porém esse ser vivo é
inanimado, ou seja, não é possuidor da razão, esta gerada com a criação do córtex cerebral,
essa formação se dá pela décima oitava semana de gestação, logo o feto não possui vida em
potencial, tendo assim antes da formação neural, apenas a programação genética que irá
organizar a prévia formação de um provável ser humano. Dessa forma não pode ser
considerado crime interromper a gestação antes da formação do córtex cerebral, não
havendo vida racional antes disso.
Na área jurídica o CP (Código Penal) considera crime contra a vida humana o
aborto, salvo às exceções de excludente de ilicitude, como estupro, fetos anencefálicos e
risco de vida à mulher, porém essa dogmática jurídica não se estende à razoabilidade de
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CONCLUSÃO
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Cerca de 30% das gestações são indesejadas, e cerca 25% das mulheres optam por
abortar. Logo proibir o aborto, não irão diminuir esses números, apenas aumentará o
número de mulheres que morrem devido complicações no processo, porque com a
proibição elas terão que procurar clínicas clandestinas, sem profissionais especializados e
não terão coragem de procurar um hospital quando o abortamento estiver incompleto, pois
a própria equipe médica irá discriminar e podendo acionar os meios legais punitivos, nesse
ponto se defende que as leis anti-aborto é pra preservar a vida, mas a vida de quem? Sendo
o que está em jogo é a vida de uma mulher, não desmerecendo o feto, mas a vida da mãe é
bem mais importante que a vida em gestação, pois a gestante é um ser dotado de angústia,
desejos e já é possuidora da razão, coisa que o feto não possui.
O Estado não tem que ser a favor do aborto, mas tem que ser a favor da liberdade
das mulheres e respeitar as suas decisões, pois sem isso haverá pessoas que tomarão para si
as dores dos outros, sendo que casa indivíduo é constituído por particularidade que só
pertencem a ele. Se deve implantar programas de aconselhamento e de prevenção contra
gestação indesejada, afim de se evitar virar costume rotineiro e inconsequente o ato do
aborto.
630
Deve-se implantar nas escolas de ensino médio a certa faixa-etárias de alunos, aulas
de educação sexual, para se saber as causas e consequências das relações sexuais pois é
função do Estado não só distribuir métodos contraceptivos nos postos de saúde, mas lutar
para que jovens aprendam que há como se prevenir, mas não abrindo mão de remediar se
for o caso.
A legalização do aborto é em prol da vida da mulher, pois é injusto milhares de
mulheres terem suas vidas ceifadas anualmente por deficiência e preconceito atrelado a
costumes sociais ou religiosos, tornando hoje quem aborta uma criminosa, a legalização
diminuirá a quantidade de crianças abandonadas e violentadas, deixando o quadro social
mais benéfico à sociedade.
A criminalização não resolve a questão do aborto no Brasil, visto que é mais do que
comprovado que existe e existirá pessoas aptas a praticar esse ato. Além de liberar o aborto
o Estado deve acompanhar e orientar as mulheres que estão dispostas a interromper a
gestação indesejada e aos jovens que irão iniciar a vida sexual ensinar os métodos de
prevenção além de mudar o paradigma em forma de tabu dos pais para com os filhos.
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CHADE. Países que liberaram aborto têm taxas mais baixas de casos do que aqueles que o
proíbem. 11 de maio de 2016. Disponível
em: http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,paises-que-liberaram-aborto-tem-taxas-
mais-baixas-de-casos-que-aqueles-que-o-proibem,10000050484. Acessado em 07/03/2018. 631
CARTA CAMPINAS. Número de mortes de mulheres e de abortos diminui com
descriminalização. 07 de janeiro de 2015. Disponível
em: http://cartacampinas.com.br/2015/01/numero-de-morte-de-mulheres-e-de-abortos-
diminui-com-descriminalizacao/. Acessado em 07/03/2018.
CHACRA. Por que há mais abortos no Brasil do que nos EUA, onde é legalizado? 5 de
dezembro de 2014. Disponível em: http://internacional.estadao.com.br/blogs/gustavo-
chacra/por-que-ha-mais-abortos-no-brasil-do-que-nos-eua-onde-e-legalizado/. Acessado
em 21/03/2018.
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MARIA. Aborto legal x aborto ilegal: a realidade pelo mundo afora. 14 de novembro de
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realidade-pelo-mundo-afora. Acessado em 21/04/2018.
MENEZES. Pesquisa sobre o aborto no Brasil: avanços e desafios para o campo da saúde
coletiva. Cad Saude Publica 2009; 25(Supl. 2):S193-S204.
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