Curso 166693 Aula 11 C5e9 Simplificado
Curso 166693 Aula 11 C5e9 Simplificado
Curso 166693 Aula 11 C5e9 Simplificado
Autor:
Equipe Português Estratégia
Concursos
21 de Junho de 2021
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Sumário
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 2
TIPO X GÊNERO ..................................................................................................................... 2
A NARRAÇÃO ......................................................................................................................... 4
DESCRIÇÃO .......................................................................................................................... 15
DISSERTAÇÃO ...................................................................................................................... 20
TEXTO INJUNTIVO/INSTRUCIONAL ...................................................................................... 23
NOÇÕES BÁSICAS DE “TEXTO” ........................................................................................... 25
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL ................................................................................... 25
LINGUAGEM LITERÁRIA E NÃO LITERÁRIA ............................................................................ 26
INTERTEXTUALIDADE ........................................................................................................... 27
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO .................................................................................... 30
JULGAMENTO DE ASSERTIVAS: PRINCIPAIS ERROS. ............................................................. 37
NÍVEIS DE LINGUAGEM ........................................................................................................ 40
RESUMO ............................................................................................................................... 63
LISTA DE QUESTÕES ............................................................................................................ 67
GABARITO ............................................................................................................................ 94
TIPOLOGIA
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A tipologia textual se refere fundamentalmente ao tipo de texto e a sua estrutura e
apresentação. Diferencia-se um tipo do outro pela presença de certos traços linguísticos
predominantes, que servem a uma finalidade.
Narrar é contar uma história, descrever é caracterizar estaticamente, dissertar é expor ideias, seja
para defender uma tese, para demonstrar conhecimento, para polemizar uma questão, entre
outras finalidades.
Importante esclarecer, de plano, que é incomum um texto totalmente fiel às características de
um tipo textual. Geralmente os textos trazem elementos narrativos, descritivos ou dissertativos
simultaneamente e sua classificação será baseada na predominância ou na prevalência de uma
delas, em coerência com a finalidade principal do texto. Uma dissertação pode trazer trechos
narrativos e descritivos e ainda assim será classificada como um texto dissertativo, se ficar
indicado que o objetivo era expor ideias e defender uma tese.
Normalmente, em concursos públicos, as bancas examinadoras têm cobrado com mais
profundidade o tipo dissertação e suas subvariantes argumentativa e expositiva.
A descrição quase não é cobrada, por ser muito fácil de identificar, mas também deve ser
estudada, pois permeia os outros tipos de texto e pode induzir o aluno a marcar que um texto é
uma descrição pura...
TIPO X GÊNERO
O gênero textual é um conjunto de características comuns de um texto. É um conceito mais
específico que o conceito de “tipo” textual, que se define fundamentalmente pela “finalidade”.
Por exemplo, o “tipo” narração tem vários “gêneros”, como romance, fábula, boletim de
ocorrência, diário, piada, ata, notícia de jornal, conto, crônica. O “tipo” injuntivo/instrucional tem
gêneros como a receita culinária, o manual de instruções, o tutorial.
O “tipo” descritivo inclui vários gêneros, como cardápios, anúncios, panfletos.
O “tipo” dissertativo abarca, por sua vez, artigos de opinião, matérias jornalísticas, monografias,
ensaios científicos, editoriais.
Por exemplo, a fábula é um texto narrativo alegórico, de texto curto e linguagem simples, cujos
personagens são animais personificados e refletem as características humanas, como a preguiça,
a previdência, a inveja, a falsidade, a coragem, a bondade. O desfecho da fábula transmite uma
lição de moral ou uma crítica a comportamentos humanos. Veja um exemplo.
A Cigarra e a Formiga
Num dia soalheiro de Verão, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga
passou por perto. Vinha afadigada, carregando penosamente um grão de milho
que arrastava para o formigueiro. - Por que não ficas aqui a conversar um pouco
comigo, em vez de te afadigares tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra. - Preciso de
arrecadar comida para o Inverno – respondeu-lhe a Formiga. – Aconselho-te a
fazeres o mesmo. - Por que me hei-de preocupar com o Inverno? Comida não
nos falta... – respondeu a Cigarra, olhando em redor. A Formiga não respondeu,
continuou o seu trabalho e foi-se embora. Quando o Inverno chegou, a Cigarra
não tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita
comida porque a tinham guardado no Verão. Distribuíam-na diariamente entre si
e não tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal...
Moral da história: Não penses só em divertir-te. Trabalha e pensa no futuro.
Um gênero narrativo que tem sido bastante cobrado é a crônica, que se caracteriza por
apresentar reflexões sobre fatos cotidianos, da vida social, do dia a dia, aparentemente banais.
Dentro dessa temática, pode ser humorística, crítica, intimista. Geralmente é narrada em
primeira pessoa e transmite a visão particular do autor. Sua linguagem é direta e geralmente
informal, registrando a fala literal e espontânea dos personagens. Há presença de lirismo e
ironia. Contudo, há crônicas de alguns autores, especialmente clássicos, em que se verifica
registro formal e erudito da língua.
Gênero Textual
Tipo Textual (textos com características
(Modo de Organização) próprias específicas para
situações específicas)
Em suma, os tipos textuais principais são poucos, mas os gêneros são inúmeros, e estão sempre
surgindo novos de modo a abranger as novas “situações comunicativas”.
A NARRAÇÃO
A narração tem a finalidade de contar uma história, isto é, retratar acontecimentos, reais ou
imaginários, sucessivos num lapso temporal, de forma linear ou não linear. É dinâmica, pois traz
uma mudança de estado, uma sequência de fatos, uma relação de antes e depois.
Os elementos da narrativa são narrador, enredo, tempo (quando), lugar/espaço (onde),
personagens (quem) e um encadeamento de eventos (o quê) que se desenvolvem ou se
complicam até um clímax e um posterior desfecho.
Por narrar acontecimentos em sequência no tempo-espaço, o tempo verbal predominante é o
pretérito perfeito, embora também possa ocorrer o pretérito imperfeito ou até o presente,
Tipos de narrador
O narrador pode apresentar diversos graus de interferência na história. Pode ser um narrador
personagem, que conta a história em primeira pessoa e faz parte dela. Sua fala também pode vir
registrada como a de um personagem comum, reproduzida literalmente ou indiretamente, com
a pontuação pertinente. A narrativa em primeira pessoa é impregnada pela opinião e pelas
impressões do narrador. Veja o exemplo:
Pode ser um narrador observador, que narra a história em terceira pessoa, como se a assistisse
de fora, traz o relato de uma testemunha.
"...Ele andava calmamente, a rua estava escura dificultando sua caminhada, mas
ele parecia não se importar, andava lentamente como se a escuridão não o
assustasse..."
Por fim, pode ser um narrador onisciente, que não só narra a história, mas também tem pleno
conhecimento do pensamento e das emoções dos personagens, bem como sobre o passado e o
futuro dos acontecimentos. Não há segredos para ele, pode desvelar a tendência e a
personalidade dos personagens, mesmo que esses mesmos não saibam. Ele conhece a verdade
da narrativa.
“Ele sofria como um tolo desde a despedida dela. Dizia para si mesmo um
milhão de vezes que ela um dia voltaria. Mas no fundo, o idiota se obrigava a
acreditar nesta imbecil fantasia. Afinal, era a única coisa que o impedia de
estourar os próprios miolos”.
Discurso direto
É narrado em primeira pessoa, retratando as exatas palavras dos personagens. Caracteriza-se
pelo uso de verbos dicendi ou declarativos, como dizer, falar, afirmar, ponderar, retrucar,
redarguir, replicar, perguntar, responder, pensar, refletir, indagar e outros que exerçam essa
função. A pontuação se caracteriza pela presença de dois pontos, travessões ou aspas para isolar
as falas, que são claramente alternadas, bem como de sinais gráficos, como interjeições,
interrogações e exclamações, para indicar o sentimento que as permeia.
Vejamos exemplos:
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do
jardim, em Santa Teresa.
- Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis.
Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas
e meia.
- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
(Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV)
Discurso indireto
É narrado em terceira pessoa e o narrador incorpora a fala dos personagens a sua própria fala,
também utilizando os verbos de elocução (discendi ou declarativos) como dizer, falar, afirmar,
ponderar, retrucar, redarguir, replicar, perguntar, responder, pensar, refletir, indagar. Trata-se
de uma paráfrase, uma reescritura das falas, agindo o narrador como intérprete e informante do
que foi dito. Geralmente traz uma oração subordinada substantiva, com a conjunção que.
Observe:
Alteração na pontuação:
Pretérito mais-que-perfeito do
Pretérito perfeito do indicativo
indicativo
2. (PF–Agente da Polícia Federal – 2018) — Mas ele é realmente poeta? — perguntei. — Sei que
são dois irmãos, e que ambos adquiriram renome nas letras. O ministro, creio eu, escreveu
eruditamente sobre o cálculo diferencial. É um matemático, e não um poeta.
Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos originais do texto, o seu sexto parágrafo
poderia ser assim reescrito: Perguntei, entretanto, se ele era realmente poeta. Sabia que são
dois irmãos e que ambos adquiriram renome nas letras. O ministro, acreditava eu, escrevia
eruditamente sobre o cálculo diferencial: é um matemático, não um poeta.
Comentários:
Respeitando as regras gerais de conversão para o discurso indireto, teríamos:
Perguntei, entretanto, se ele era (presente vira pretérito imperfeito) realmente poeta. Sabia que
são eram (presente vira pretérito imperfeito) dois irmãos e que ambos adquiriram (pretérito
imperfeito vira mais-que-perfeito—que possui, por coincidência, a mesma forma) renome nas
letras. O ministro, acreditava (presente vira pretérito imperfeito) eu, escrevia escrevera (pretérito
imperfeito vira mais-que-perfeito) eruditamente sobre o cálculo diferencial: é era (presente vira
pretérito imperfeito) um matemático, não um poeta. Questão incorreta.
Opinião do autor/narrador
Percebemos então que o discurso direto é mais objetivo, pois narra falas literais, exatamente
como proferidas, de modo que o leitor pode julgar por si mesmo a atitude dos personagens.
Então, o discurso direto ajuda a construir “veracidade” e “credibilidade” no que foi dito.
Já no discurso indireto e indireto livre, o narrador divide com o leitor seu próprio ponto de vista,
sua própria leitura dos fatos. Inclusive, ao recontar as falas dos outros, já pode estar inserindo
seu viés na própria escolha das palavras.
Nesse contexto, a opinião do narrador (ou do locutor de um texto argumentativo) pode ser
verificada em algumas pistas, palavras que indicam em algum nível as verdadeiras impressões
sobre o que se fala. Essas expressões que indicam ponto de vista são chamadas de
“modalizadores”:
Ex: Pedro infelizmente não tinha chegado ainda, devia estar no maldito trânsito e
fatalmente perderia o início do evento que lutara para organizar.
No exemplo acima, os advérbios “infelizmente” e “fatalmente” indicam que o locutor considera
negativos o acontecimento de perder o início do evento. Então, tais expressões revelam um viés
“afetivo” e “subjetivo”.
O advérbio “ainda” indica que há na fala expectativa ou convicção de que ele já deveria ter
chegado. Se o advérbio utilizado fosse “já” (ele já chegou), o sentido seria outro e revelaria a
visão de que ele chegou mais rápido que o esperado.
O verbo “devia” foi usado como um modalizador, para indicar “possibilidade/probabilidade”, de
modo que sabemos que não há certeza absoluta naquela declaração. Se fosse usado outro
verbo, como “poderia”, ou um uma forma verbal mais categórica, como “estava”, os sentidos
Além disso, esses verbos de elocução (declarativos ou dicendi), no discurso indireto, não indicam
exatamente “quem está emitindo a mensagem”, isso ocorre no direto. No indireto, esses verbos
são usados pelo “narrador”. Gabarito letra D.
7. (TRT 15º REGIÃO–Técnico – 2018) Você concorda com Edward O. Wilson que “a natureza
humana é um conjunto de predisposições genéticas”? Acredito que predisposições genéticas
existem, mas, na grande maioria dos casos, não passam de exatamente isso: predisposições.
Mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido, as frases acima encontram-se transpostas
para o discurso indireto em:
Questionada se concordava com Edward O. Wilson sobre a natureza humana ser um conjunto de
predisposições genéticas, a entrevistada respondeu que acreditava na existência de tais
predisposições, que, todavia, na grande maioria dos casos não seriam mais do que isso.
Comentários:
O discurso direto reproduz literalmente o que foi dito, palavra a palavra. O discurso indireto
“reporta” a fala, de maneira mediada por um narrador, com devidas adaptações decorrentes de
ter o discurso virado uma narração de algo passado. A fala então vem em forma de oração
subordinada ligada a um verbo declarativo.
A conversão correta está em:
Questionada se concordava com Edward O. Wilson sobre a natureza humana ser um conjunto de
predisposições genéticas, a entrevistada respondeu que acreditava na existência de tais
predisposições, que, todavia, na grande maioria dos casos não seriam mais do que isso.
Questão correta.
Os verbos que estavam no presente na fala literal passam para o pretérito imperfeito. O verbo
no futuro do pretérito: “seriam” foi utilizado pelo tom de fato não absolutamente certo na fala
da autora, pois ela diz “acredito”…
8. (Taquígrafo – 2013)
Com relação aos constituintes linguísticos e gráficos da tira acima, assinale a afirmativa correta.
“A tira é um exemplo claro de texto narrativo, já que apresenta uma sequência cronológica de
ações.”
Comentários:
A charge é um clássico gênero textual em que predomina o tipo narrativo. Observem que temos
personagens (Hagar, seu amigo e o homem que conserta barcos), um enredo (o conserto do
barco e a apresentação da conta), uma sequência cronológica de ações, um estado de antes e
depois, marcado aqui pela mudança de quadros da tira. Item correto.
9. (COPEL–Engenheiro – 2017) Assinale a alternativa em que o trecho transcrito NÃO apresenta
nenhum tipo de julgamento de valor/opinião do autor.
a) “O ano de 2016 passará aos livros como um dos períodos mais difíceis para os direitos
humanos da breve história democrática brasileira”.
b) “Outro importante princípio expresso no texto da nova lei de migração é o do combate à
xenofobia”.
c) “O número de migrantes no Brasil aumentou significativamente nos últimos anos,
principalmente por conta do afluxo de haitianos que buscavam saída para o agravamento da
crise humanitária no país depois do terremoto de 2010”.
d) “A existência de um marco legal positivo, portanto, é fundamental para proteger essas
pessoas”.
e) “Em dezembro, a Câmara dos Deputados aprovou uma lei que, se confirmada pelo Senado e
sancionada pela Presidência, substituirá, por fim, o retrógrado e inconstitucional Estatuto do
Estrangeiro, criado durante a ditadura”.
Comentários:
Temos claro indício de opinião nos adjetivos “difíceis”, “breve”, “importante”, “fundamental”,
“retrógrado”.
Atenção, o advérbio “significativamente” não é indicativo de mera opinião, pois se baseia num
fato declarado e justificado: “o número de imigrantes aumentou, principalmente por conta do
fluxo de hatianos após o terremoto de 2010”. Aqui, nesse contexto, ele indica um fato, não um
juízo de valor.
Gabarito letra C.
DESCRIÇÃO
Descrever é caracterizar, relatar em detalhes características de pessoas, objetos, imagens, cenas,
situações, emoções, sentimentos. A descrição é uma pormenorização estática, uma pausa no
tempo, geralmente uma interrupção da narração, para apresentação de traços dos seres. Para
isso, se utiliza de muitos adjetivos, verbos de ligação que indicam estado e orações e locuções
adjetivas para caracterização. O tempo mais usual é o pretérito imperfeito, por indicar uma ação
continuada ou rotineira: era, fazia, estava, parecia...
Importante lembrar que os adjetivos podem ter valor objetivo ou relacional, quando são isentos
de opinião e simplesmente expressam um fato: carro preto, homem japonês, doença
degenerativa. Esses adjetivos geralmente não aceitam gradação (homem mais japonês) e vão
Vejamos agora essas características nos textos que vêm sendo cobrados:
defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das condições de um
governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham sido adotadas por
meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se o governo impediu
alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas relações
com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem ser
postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de expressão se
coloca a questão dos seus limites.
Internet: <https://agora-m.blogs.sapo.pt> (com adaptações)
DISSERTAÇÃO
Agora veremos o assunto mais importante desta aula e talvez deste curso. Digo isso porque a
dissertação é o tipo textual mais cobrado, tanto em tipologia quando nas questões de português
que trazem textos. Conhecer estruturação desse tipo vai ser vital na interpretação em geral, pois
aprenderemos as estratégias argumentativas que são objeto de questões de compreensão, e
também nas provas discursivas, e ficaremos familiares com a estruturação correta de um
parágrafo e de um texto.
O texto dissertativo basicamente expõe ideias, razões, teorias, raciocínios, abstrações, por meio
de relações lógicas sequenciadas no texto, dentro de uma estrutura específica (introdução,
desenvolvimento e conclusão), sem necessária progressão temporal. Por ser neutra, atemporal e
clara, marca-se pelo uso dos verbos no presente, porque indicam verdades universais: “a água
ferve a 100 graus”; “a terra gira em torno do sol”.
e
A dissertação pode ser objetiva, também chamada de expositiva; ou subjetiva, também chamada
de argumentativa ou opinativa. Veremos também que há subtipos para um texto argumentativo
e para um texto expositivo.
Na maioria das provas, a banca espera que o candidato saiba identificar textos dissertativos com
diferentes finalidades.
Em pesquisa com dez setores industriais ao longo de três anos, os dois professores do
IMD concluíram que, ao contrário do otimismo gerado pelo Acordo de Paris para combater a
mudança climática e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, as
iniciativas nas empresas deixam a desejar. Na pesquisa, eles constataram que menos de um
terço das companhias desenvolveram casos de negócios claros ou proposições de valor apoiadas
em sustentabilidade. Além disso, apenas 10% das empresas estão conseguindo captar o valor
total da sustentabilidade, enquanto muitas companhias restam presas na “divulgação”. Alguns
setores têm melhores resultados na implementação de programas de sustentabilidade, como o
setor de material de construção, em comparação ao de telecomunicações.
Os professores alertam que o tempo está esgotando. Estudos mostram que a poluição de
carbono precisa ser cortada quase pela metade até 2030 para evitar 1,5 grau de aquecimento do
planeta. Isso requer revisões ainda mais drásticas das indústrias globais e dos governos.
Os dois professores destacam que os investidores
6 reconhecem cada vez mais o impacto,
para a sociedade, das empresas nas quais investem. Eles notam que a necessidade de
desenvolver modelos de negócios mais sustentáveis está aumentando tão rapidamente quanto
os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. E sugerem um forte senso de foco que chamam
de “vetorização”, que inclui programas de sustentabilidade corporativa mais acelerados.
Os pesquisadores alertam que companhias que trabalham em boas causas sem relação
com seus negócios centrais tendem a ser menos efetivas.
Assis Moreira. Valor econômico, 18/3/2019.
Internet: <valor.globo.com> (com adaptações).
O texto é um artigo de opinião, em que predomina o tipo argumentativo, haja vista a presença
de diversos argumentos para sustentar a ideia defendida por seu autor.
Comentário
O texto é predominantemente dissertativo, uma vez que se estrutura em termos de
apresentação de resultados e conclusões de estudos realizados sobre o tema da
sustentabilidade. Questão incorreta.
16. (TRE-PA–Taquigrafia – 2014) Com relação ao parágrafo dissertativo na redação jurídica,
assinale a alternativa que define, respectivamente, a dissertação expositiva e a argumentativa.
a) Exposição sucinta de fatos; discussão de uma ideia, de um assunto ou de uma doutrina.
b) Representação escrita de uma sequência de aspectos jurídicos; exposição de um assunto, com
inserção de comentários pessoais.
c) Posicionamento sobre determinado assunto; relato detalhado de natureza persuasiva.
d) Discussão de uma ideia, de um assunto ou de uma doutrina; exposição de ideias com o
objetivo de convencer o leitor.
e) Técnica de persuasão necessária no discurso forense; exposição de opiniões de forma clara e
objetiva.
Comentários:
O tipo textual se refere à sua finalidade. A dissertação expositiva discute uma ideia, sem o
objetivo de formar a opinião do leitor. A dissertação argumentativa, além de expor ideias, o faz
de forma a convencer o leitor. Todos os argumentos convergem para aquela tese que está
sendo defendida. Cuidado com a letra B: ela não menciona o principal: defesa de tese,
convencimento do leitor. Gabarito Letra D.
TEXTO INJUNTIVO/INSTRUCIONAL
O texto injuntivo traz instruções ao leitor para realizar certa tarefa. Ensina, orienta, interpela ou
obriga o leitor a fazer alguma coisa.
Sua principal característica é apresentar verbos no imperativo, em comandos neutros, genéricos
e impessoais, para prescrever alguma ação do b leitor. O uso do infinitivo impessoal também é
usado como estratégia de neutralidade, pois omite o agente:
Ex: Passo 1, remover a embalagem. Passo 2, inserir CD de instalação.
Ex: 149 - Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar,
mediante alvará...
Observamos esse tipo textual em gêneros como leis, regulamentos, contratos, manuais de
instrução, receitas de bolo, tutoriais.
A lei é clássico gênero textual injuntivo: traz comandos genéricos, instruções para a sociedade,
regras que ela, como um todo, deve seguir. Observe os verbos no imperativo e os comandos
neutros e genéricos: “nenhuma criança ou adolescente será objeto....” e “Considera-se criança,
para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos...”. Gabarito Letra B.
OBS: A distinção vista acima não impede que textos utilitários (artigos, narrações, propagandas)
tenham também efeitos estilísticos. A linguagem publicitária, por exemplo, abusa de efeitos
estéticos em sua criação.
INTERTEXTUALIDADE
Basicamente, a intertextualidade é comunicação/diálogo entre textos (texto escrito, música,
pintura, obra audiovisual...), isto é, ocorre intertextualidade quando um texto faz referência a
outro, de forma implícita (de forma oculta, de modo que o leitor depende de seu conhecimento
de mundo para identificar a referência) ou explícita (por exemplo, numa citação direta, com
identificação da autoria do outro texto citado).
Vejamos as principais formas de intertextualidade:
Citação: É a reprodução do discurso alheio, normalmente entre aspas e com indicação da
autoria.
Epígrafe: Citação curta colocada em uma página no início da obra ou destacada no início de um
capítulo. Normalmente abre uma narrativa com a reprodução de frase célebre que anuncia ou
resume a temática do capítulo/obra que se inicia.
Minha janela não passa de um quadrado Minha janela não passa de um quadrado
A gente só vê cimento armado A gente só vê Sérgio Dourado
Onde antes se via o Redentor Onde antes se via o Redentor
É, meu amigo, só resta uma certeza É, meu amigo Só resta uma certeza
É preciso acabar com a natureza É preciso acabar com a natureza
É melhor lotear o nosso amor É melhor lotear o nosso amor
Original - Carta ao Tom 74 - Paródia “Carta do Tom” –
Deve-se entender que as afirmações de Dráuzio Varella e as do autor do texto mantêm entre si
a) uma clara relação de causa e efeito, na ordem em que são expostas.
b) uma relação de independência, uma vez que não os move uma questão comum.
c) uma interligação compulsória, pois não se entende uma sem a presença da outra.
d) um caráter de alguma complementaridade, dado que a segunda é motivada pela primeira.
e) uma relação de subordinação, pois a segunda é uma simples dedução da primeira.
Comentários:
Ocorre aqui uma intertextualidade (diálogo entre dois textos), por via de uma citação
(reprodução literal).
Após fazer a citação do texto de Drauzio Varella, o autor escreve: “Tomo a liberdade de
adicionar meu comentário”. Seu comentário é uma “adição”, um “complemento”, inspirado
(motivado) pelo texto citado. As partes são independentes e uma não decorre da outra, mas há
uma relação de continuação, de adendo, de concordância, de complementaridade.
Observamos que o autor se utiliza de uma técnica consagrada de desenvolvimento do parágrafo
introdutório: a citação. Sugere-se a opinião de alguém relevante, como fonte de inspiração à
opinião (em comum) que vem a seguir. Gabarito letra D.
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO
Embora muitos alunos os tratem por sinônimos, interpretar e compreender são ações diferentes.
Sem filosofar muito, para efeito de prova, interpretar é ser capaz de depreender informações do
texto, deduzir baseado em pistas, inferir um subtexto, que não está explícito, mas está
pressuposto.
Compreender, por sua vez, seria localizar uma informação explícita no texto e não depende de
nenhuma inferência, porque está clara.
Essa diferença aparece nos enunciados, quando a banca nos informa se uma questão deve ser
resolvida por recorrência (compreensão) ou por inferência (interpretação). Veremos aqui uma
breve distinção teórica e depois partiremos para as questões, porque só aprendemos a
interpretar lendo e interpretando.
Recorrência:
O leitor deve buscar no texto aquela informação, sabendo que a resposta estará escrita com
outras palavras, em forma de paráfrase, ou seja, de uma reescritura. É o tipo mais comum: a
resposta está direta e literal no texto.
Inferência:
O leitor deve fazer deduções a partir do texto. O fundamento da dedução será um pressuposto,
ou seja, uma pista, vestígios que o texto traz. Deduzir além das pistas do texto é extrapolar.
No primeiro exemplo, havia um subentendido: “quero saber que horas são”, que foi
prontamente captado pelo ouvinte.
No segundo exemplo, havia um subentendido na pergunta: “gostaria de acenter meu cigarro”.
Mas o ouvinte não compreendeu a informação subentendida e respondeu de forma literal à
pergunta insinuada.
O pressuposto, embora traga informação implícita, está visivelmente registrado no teor daquelas
palavras, está “marcado linguisticamente”, ao passo que o “subentendido” é um insinuação, não
marcada linguisticamente, ou seja, não está propriamente nas palavras, é extralinguístico, está
nas entrelinhas. Por isso, a leitura literal das palavras pode levar a outra interpretação e não à
informação subentendida.
Vejamos mais um exemplo de subentendido:
Novamente, a “oferta” de café, subentendida, não foi observada pelo ouvinte, que se ateve ao
sentido literal registrado nas palavras.
Enfim, pessoal, infelizmente não há uma dica milagrosa para interpretação. Teremos sempre que
fazer esse exercício de buscar informações explícitas e implícitas no texto, baseado em vestígios
e pistas, nas entrelinhas, ou muitas vezes encontrando a reescritura equivalente de uma ideia
apresentada.
forma elaborada sobre a justiça e a injustiça. Contudo, uma calamidade seria um caso de
injustiça apenas se pudesse ter sido evitada, em especial se aqueles que poderiam ter agido
para tentar evitá-la tivessem deixado de fazê-lo. Entre os requisitos de uma teoria da justiça
inclui-se o de permitir que a razão influencie o diagnóstico da justiça e da injustiça.
Amartya Sen. A ideia de justiça. Denise Bottmann e Ricardo D. Mendes
(Trad.). São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (com adaptações)
Infere-se do texto que calamidades com consequências de proporções imensuráveis não devem
ser consideradas casos de injustiça, já que é impossível contê-las.
Comentários:
Não foi dito que toda calamidade é impossível de ser contida, nem foi dito que são
“imensuráveis”. Caso seja possível evitar a calamidade e, por omissão, não seja, aí sim, segundo
autor, temos caso de “injustiça”. Questão incorreta.
21. (MPU–Analista – 2018) Utilizar texto da questão anterior.
O protesto é a primeira e a mais natural reação do ser humano a calamidades ou a casos de
injustiça.
Comentários:
Cuidado. O autor diz: “parece natural protestar em vez de raciocinar de forma elaborada sobre a
justiça e a injustiça”, o que sustenta dizer que protestar é uma reação comum diante de casos
extremos, como o mencionado no texto. No entanto, o item é categórico e geral demais ao
insinuar que é a reação mais natural do ser humano. Além disso, o texto não fala de “qualquer
injustiça”, mas sim “injustiças supostamente patentes” como, por exemplo, uma calamidade de
fome alastrada. Calamidades e injustiças são, nesse contexto, uma mesma situação, ao passo
que o “ou” do item sugere que são “coisas diferentes”. Questão incorreta.
22. (MPU–Analista – 2018) Utilizar texto da questão 26.
O autor do texto defende a ideia de que a razão é um elemento de relevância na definição do
que possa ser considerado justiça ou injustiça.
Comentários:
Sim, é um dos requisitos da “teoria da justiça”. Isso está literal em:
Entre os requisitos de uma teoria da justiça inclui-se o de permitir que a razão influencie o
diagnóstico da justiça e da injustiça. Questão correta.
23. (PC-GO–Delegado – 2017) Texto CB1A1AAA
A diferença básica entre as polícias civil e militar é a essência de suas atividades, pois
assim desenhou o constituinte original: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(CF), em seu art. 144, atribui à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de polícia
judiciária — de natureza essencialmente investigatória, com vistas à colheita de provas e, assim,
à viabilização do transcorrer da ação penal — e a apuração de infrações penais.
Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência
do processo criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o
patrulhamento ostensivo, isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventivo-
repressivo, mas não é seu mister a investigação de crimes. Da mesma forma, não cabe ao
delegado de polícia de carreira e a seus agentes sair pelas ruas ostensivamente em
patrulhamento. A própria comunidade identifica na farda a polícia repressiva; quando ocorre um
crime, em regra, esta é a primeira a ser chamada. Depois, havendo prisão em flagrante, por
exemplo, atinge-se a fase de persecução penal, e ocorre o ingresso da polícia civil, cuja
identificação não se dá necessariamente pelos trajes usados.
Infere-se das informações do texto que
a) o uso de fardamento pela polícia militar é o que a diferencia da polícia civil, que prescinde dos
trajes corporativos.
b) a essência da atividade do delegado de polícia civil reside no controle, na prevenção e na
repressão de infrações penais.
c) ao delegado de polícia cabem a condução da investigação criminal e a apuração de infrações
penais.
d) a tarefa precípua dos delegados de polícia civil e de seus agentes é o patrulhamento
ostensivo nas ruas.
e) a função de polícia judiciária concretiza-se no policiamento ostensivo, preventivo e repressivo.
Comentários:
Pessoal, pela leitura do texto, temos a seguinte divisão:
A Polícia Civil, judiciária, investiga e apura as infrações penais, sua identificação não se dá
necessariamente pelos trajes usados. Não cabe ao delegado de polícia civil sair ostensivamente
para fazer patrulhamento.
A Polícia Militar, ostensiva, atua de modo preventivo-repressivo, é fardada e a população
reconhece nessa farada seu caráter repressivo.
Veja isso no texto:
Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência do
processo criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o
patrulhamento ostensivo, isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventivo-
repressivo, mas não é seu mister a investigação de crimes.
a) Incorreta. O que diferencia é são as atividades, previstas na constituição.
b) Incorreta. a essência da atividade do delegado de polícia civil reside na apuração de infrações
penais para a formação do processo judicial.
c) Exato. Ao delegado de polícia cabem a condução da investigação criminal e a apuração de
infrações penais.
Leia o texto todo. Leia outra A ideia central na Questões de recorrência são
resolvidas encontrando uma
vez, marcando as ideias introdução e na conclusão
paráfrase. Questões de
centrais de cada parágrafo, é a tese. No
inferência exigem uma
que frequentemente vêm no desenvolvimento é o dedução baseada e
seu início. tópico frasal. pressupostos.
Extrapolar:
Esse é o erro mais comum. O texto vai até um limite e o examinador oferece uma assertiva que
“vai além” desse limite. O examinador inventa aspectos que não estão contidos no texto e o
candidato, por não ter entendido bem o texto, preenche essas lacunas com a imaginação,
fazendo outras associações, à margem do texto, estimulado pela assertiva errada. O exemplo
mais perigoso é a extrapolação com informação verdadeira, mas que não está no texto.
Limitar e Restringir:
É o contrário da extrapolação. Geralmente se manifesta na supressão de informação essencial
para o texto. A assertiva reducionista omite parte do que foi dito ou restringe o fato discutido a
um universo menor de possibilidades.
Acrescentar opinião:
Nesse tipo de assertiva errada, o examinador parafraseia parte do texto, mas acrescenta um
pouco da sua própria opinião, opinião esta que não foi externada pelo autor. A armadilha dessas
afirmativas está em embutir uma opinião que não está no texto, mas que está na consciência
coletiva, pelo fato de ser um clichê ou senso comum que o candidato possa compartilhar.
Contradizer o texto.
O texto original diz “A” e o texto parafraseado da assertiva errada diz “Não A” ou “B”. Para
disfarçar essa contradição, a banca usará muitas palavras do texto, fará uma paráfrase muito
semelhante, mas com um vocábulo crucial que fará o sentido ficar inverso ao do texto.
Tangenciar o tema.
O examinador cria uma assertiva que aparentemente se relaciona ao tema, mas fala de outro
assunto, remotamente correlato. No mundo dos fatos, aqueles dois temas podem até ser afins,
mas no texto não se falou do segundo, só do primeiro; então houve fuga ao tema.
Vamos fazer um exercício e localizar esses erros num texto.
Para evitar os erros acima, o leitor deve ser capaz de fazer o “recorte temático”, isto é, uma
delimitação do tema, um estabelecimento de fronteiras do que está no texto e o que o
extrapola.
Comentários:
I- No primeiro item, há extrapolação. O texto não menciona nada sobre automação nem sobre
rotatividade de trabalho; embora seja possível fazer essas associações à luz do tema
“desemprego” isso foi além do que estava escrito no texto. Essas informações não estão
contidas.
II- Houve redução drástica da abrangência do tema. O autor fala do desemprego em todo o
mundo; a assertiva somente menciona o Brasil, tornando o universo da discussão muito restrito.
III- Esse “ao contrário do que possa parecer” é opinião do examinador levemente embutida no
item. O texto não diz claramente que as fábricas parecem menos modernas. Pelo contrário, diz
que até as fábricas em países de terceiro mundo estão sofisticadas; então poderíamos até
entender um sentido concessivo de que não é esperado que essas fábricas sejam modernas, mas
isso é diferente de dizer que “não parecem” modernas. também foi acrescentada uma outra
opinião: que “a qualidade da mão de obra é tão importante quanto a tecnologia”. Essas
opiniões são compartilhadas por muitas pessoas, então o candidato pode se identificar e marcar
o item como certo. Contudo, não constam no texto escrito.
IV- O item é quase todo igual ao texto original, mas no finalzinho traz uma informação oposta:
“o crescimento constante de tecnologias provoca manutenção das relações de trabalho”. Não
há manutenção, há mudanças constantes, nas palavras do autor, há “alterações”. Também
contradiz o texto a parte: “Tal nível de desemprego é sem precedentes na história”. Isso não é
verdade, pois também houve desemprego alto após a crise de 29, conforme o texto.
V- O tema do texto é o aumento do desemprego. Esta assertiva menciona indiretamente a
tecnologia, mas foca em outro tema: “direitos trabalhistas”. Embora remotamente relacionados,
houve fuga ao objeto principal do texto.
Dessa forma, observamos que, embora todas as alternativas tragam palavras muito semelhantes
às do texto, todos os itens estão errados. Gabarito EEEEE.
Viram, pessoal? É assim que a banca trabalha para te enganar. Muda pequenas partes do texto,
subtraindo ou acrescentando informações com o propósito de mudar o sentido da assertiva.
O mais importante é sempre praticar muito, ler vários textos, tentar responder aos itens e ler nos
comentários qual foi o raciocínio que fundamentou o gabarito. Vá praticando devagar, textos
são longos e levam tempo, mas não há outra forma de melhorar sua leitura senão ler. Se
necessário, faça suas baterias de questões em partes, para não ficar cansado lendo muitos textos
de uma só vez.
NÍVEIS DE LINGUAGEM
Basicamente, os níveis de linguagem são variações linguísticas ligadas ao nível de formalidade,
elaboração e observância de convenções gramaticais ou socioculturais.
Este tema deriva diretamente da diferença entre língua falada e escrita, que precisamos
relembrar aqui. Vamos então às características gerais da linguagem oral em oposição à
linguagem escrita:
Presença de onomatopéias, exclamações;
Repetição de palavras e uso de gestos;
Alusão a elementos situacionais (dêiticos) já conhecidos como participantes (eu; você), lugar
(aqui, ali, acolá), assunto (isto/aquilo), tempo (agora, ontem). Por contar com elementos
contextuais e gestuais, a língua falada é mais econômica;
Frases interrompidas ou incompletas;
Raro emprego de certas estruturas, como o pretérito mais-que-perfeito simples (fizera,
comprara) e as estruturas com “cujo (a)(s)”.
Os linguistas reconhecem que existe na língua falada uma “língua comum”, formada por
palavras, expressões e estruturas mais usuais, vista como simples, mas correta. A partir daí, há
um nível crescente de “elaboração” desta linguagem. Podemos então identificar, de modo
geral, níveis mais elaborados – linguagem cuidada ou tensa e a linguagem oratória. Em nível
maior de informalidade, temos a linguagem familiar e a linguagem informal (ou “popular”). Esses
níveis vão se manifestar de acordo com a situação e a necessidade de adaptação ao momento e
aos participantes.
comunicações escritas
Linguagem comum: conversação, rádio, televisão
comuns
linguagem descuidada,
conversação informal, não incorreta, linguagem
Linguagem familiar:
“elaborada” literária que imita a língua
falada informal
Naturalmente, essas distinções são muito imprecisas, apoiam-se em critérios sócio-culturais. Uma
pessoa não usará o mesmo nível de linguagem ao fazer um discurso e ao conversar com amigos
num bar. Também é de se supor que a linguagem oral empregada em programas como jornais
será bastante modulada e apresentará traços de rigidez da linguagem escrita. Quando mais
informal, menor o cuidado do falante, então maior será a presença de erros gramaticais,
estruturas fragmentadas, omissão de termos; por outro lado, será menos preciso o vocabulário e
tenderá a haver
Em suma, o tema “níveis de linguagem” pode ser resumido em tendências gerais da linguagem
fala e escrita, verificadas em cada situação comunicativa específica, seguindo a lógica da
variação linguística situacional e da diamésica (fala x escrita).
Comentários:
Novamente a lógica: condições iniciais iguais permitem fazer justiça aos méritos individuais.
A condição da família em que uma criança tiver a sorte ou o infortúnio de nascer, um risco
comum, a todos, passa a exercer um papel mais decisivo na definição de seu futuro do que
qualquer outra coisa ou escolha que possa fazer no ciclo da vida. A falta de um mínimo de
equidade nas condições iniciais e na capacitação para a vida tolhe a margem de escolha, vicia o
jogo distributivo e envenena os valores da convivência. A igualdade de oportunidades está na
origem da emancipação das pessoas. Crianças e jovens precisam ter a oportunidade de
desenvolver seus talentos de modo a ampliar seu leque de escolhas possíveis na vida prática e
eleger seus projetos, apostas e sonhos de realização.
Gabarito letra A.
Vejamos o problema das demais:
B) Incorreto. A condição tem peso determinante sim, pois tolhe as escolhas.
C) Incorreto. As crianças têm sonhos independentemente das condições iniciais, o que ocorre é
que suas escolhas para perseguir seus sonhos são tolhidas pela falta de recursos.
D) Incorreto. A dotação injusta não é de talentos, mas de recursos iniciais justos, para que o
talento então possa ser o motivo determinante para conseguir ou não riqueza.
E) Incorreto. Não é a capacitação natural que torna o jogo vicioso, mas sim a falta de recursos
iguais que nivelem a competição e a convivência.
32. (DPE-RJ–Técnico Superior Jurídico – 2019) Texto 1
Uma revista de Educação mostrava o seguinte segmento:
“Os modelos pedagógicos de nossas escolas ainda são muito mais direcionados ao ensino
teórico para passar no funil do vestibular, obrigando os alunos a decorar fórmulas matemáticas,
afluentes de rios ou a morfologia dos insetos para ter depois seus conhecimentos testados e
avaliados por notas que não diferenciam as vocações ou interesses individuais. É uma avaliação
cruel, que prioriza a inteligência da decoreba ao invés da inteligência criativa”.
Entre as ideias defendidas no texto 1, a única que NÃO está presente é:
a) a criatividade deve ser priorizada nos modelos pedagógicos;
b) as notas dadas às provas não visam aos interesses pessoais;
c) o ensino teórico é uma decorrência dos exames vestibulares;
d) os exames vestibulares não avaliam com critérios válidos;
e) alguns tópicos tradicionais do ensino são inúteis nos exames vestibulares.
Comentários:
Vejamos:
a) Correto. Se a avaliação é considerada “cruel” por não priorizar a criatividade, então está
entre as pessoas. Então, só podemos inferir que é algo relacionado à convivência. Não é
coerente extrapolar o texto para fazer relação com racismo, minorias ou preconceito. Gabarito
letra B.
37. (DPE-RJ–Técnico Superior Jurídico – 2019) “Pensamos com o idioma; se é mal usado,
pensaremos mal!”
(Fernando Lázaro Carreter)
Para esse linguista, a função da língua escrita é:
a) preservar o saber construído;
b) produzir conhecimentos;
c) criar arte;
d) memorizar dados;
e) manter valores político-sociais.
Comentários:
A frase mostra que o idioma é o “meio/instrumento” do pensamento (pensamos COM ele);
quando pensamos, geramos ideias, criamos conhecimento usando a língua; então, conclui-se
que a função da língua é produzir conhecimento.
Gabarito letra B.
Nessa questão, entendo que a banca fez uma restrição indevida, pois o texto não limita o idioma
à língua escrita. Contudo, na FGV, marcamos sempre a melhor resposta.
38. (DPE-RJ–Técnico Médio De Defensoria – 2019) A respeito de algumas tragédias que afetam
o nosso país, o jornal O Globo, de 16/02/2019, fez uma reportagem a que deu o título “Por que
o Brasil repete as suas tragédias”.
Pelo título dado a essa reportagem, o leitor pode concluir que o texto deve:
a) mostrar o desprezo das autoridades pelo ambiente natural;
b) atribuir as culpas das últimas ocorrências;
c) indicar as consequências dos desastres naturais;
d) enumerar as tragédias ocorridas;
e) responder à pergunta do título.
Comentários:
Sem ler o texto, podemos concluir que o título introduz uma pergunta que deve ser respondida
ao longo do desenvolvimento do texto. O título serve justamente para seduzir o leitor e anunciar
o tema.
Gabarito letra E.
39. (DPE-RJ–Técnico Médio De Defensoria – 2019) Texto 2
“Em linhas gerais a arquitetura brasileira sempre conservou a boa tradição da arquitetura
portuguesa. De Portugal, desde o descobrimento do Brasil, vieram para aqui os fundamentos
típicos da arquitetura colonial. Não se verificou, todavia, uma transplantação integral de gosto e
de estilo, porque as novas condições de vida em clima e terras diferentes impuseram adaptações
e mesmo improvisações que acabariam por dar à do Brasil uma feição um tanto diferente da
arquitetura genuinamente portuguesa ou de feição portuguesa. E como arquitetura portuguesa,
nesse caso, cumpre reconhecer a de característica ou de estilo barroco”. (Luís Jardim,
Arquitetura brasileira. Cultura, SP: 1952)
Pela estrutura geral do texto 2, ele deve ser incluído entre os textos:
a) descritivos;
b) narrativos;
c) dissertativo-expositivos;
d) dissertativo-argumentativos;
e) injuntivos.
Comentários:
O texto é essencialmente dissertativo-argumentativo porque traz elementos informativos para
sustentar uma tese: a arquitetura brasileira conservou traços da portuguesa, mas não
permaneceu diferente. Gabarito letra D.
40. (SEPLAG-RECIFE–Ass. De Gestão Pública – 2019) Mais da metade dos seres humanos hoje
vivem em cidades, e esse número deve aumentar para 70% até 2050. Em termos econômicos, os
resultados da urbanização foram notáveis. As cidades representam 80% do Produto Interno
Bruto (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova York-Washington gera mais de
30% do PIB do país.
Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não são exceção, segundo análise do
Fórum Econômico Mundial. Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental e
desigualdade persistente são alguns dos problemas das cidades modernas. Recentemente,
entraram na equação as consequências da transformação digital. Há quem fale sobre uma futura
desurbanização. Mas os especialistas consultados pelo Fórum descartam essa possibilidade.
Preferem discorrer sobre como as cidades vão se adaptar à era da digitalização e como vão
moldar a economia mundial.
A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas cidades. Em cidades inteligentes
como Tallinn, na Estônia, os cidadãos podem votar nas eleições nacionais e envolver-se com o
governo local via plataformas digitais, que permitem a assinatura de contratos e o pagamento
de impostos, por exemplo. Programas similares em Cingapura e Amsterdã tentam criar uma
espécie de “governo 4.0”.
Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na governança. Plataformas digitais
possibilitam acesso, abertura e transparência às operações de governos locais e provavelmente
irão mudar a forma como os governos interagem com as pessoas.
(Adaptado de:“5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial”.
Disponível em: https://epocanegocios.globo.com)
Na apresentação de previsões quanto ao futuro das cidades, o autor
a) cita dados que mostram o aumento da urbanização como fruto da transformação digital.
b) contrasta aspectos positivos e negativos da digitalização no exercício da cidadania.
c) aponta os problemas decorrentes do emprego da digitalização na economia mundial.
d) apresenta opiniões divergentes no que respeita à sustentabilidade nos meios urbanos.
e) recorre à opinião de especialistas e menciona cidades que usam recursos digitais atualmente.
Comentários:
a) Incorreta. Não foi dito que o aumento da urbanização é fruto da transformação digital.
b) Incorreta. Não fala de aspectos negativos da digitalização no exercício da cidadania, fala de
aspectos negativos da urbanização (degradação ambiental, desigualdade)
c) Incorreta. Não aponta os problemas decorrentes do emprego da digitalização na economia
mundial, apenas menciona aspectos negativos da urbanização.
d) Incorreta. Não fala de sustentabilidade, mas sim de efeitos positivos da digitalização.
e) Correta. Recorre à opinião de especialistas (analistas do Fórum Econômico Mundial) e
menciona cidades que usam recursos digitais atualmente (Tallin, Cingapura, Amsterdã). Gabarito
letra E.
41. (SEPLAG-RECIFE–Ass. de Gestão Pública – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
Mas o sucesso tem sempre um custo − e as cidades não são exceção, segundo análise do Fórum
Econômico Mundial. (2º parágrafo)
Nesse trecho, constata-se a presença de uma
a) incoerência.
b) retificação.
c) generalização.
d) hipótese.
e) recomendação.
Comentários:
A afirmação: “o sucesso sempre tem um curso” é uma generalização, pois não prevê nenhuma
exceção, isto é, sugere que o sucesso nunca é totalmente positivo. Gabarito letra C.
42. (SEPLAG-RECIFE–Ass. de Gestão Pública – 2019) Desde 2016, registra-se queda na
cobertura vacinal de crianças menores de dois anos. Segundo o Ministério da Saúde, entre
janeiro e agosto, nenhuma das nove principais vacinas bateu a meta estabelecida — imunizar
95% do público-alvo. O percentual alcançado oscila entre 50% e 70%.
uma irresponsabilidade:
As autoridades atribuem o desleixo a duas causas. Uma: notícias falsas alarmantes espalhadas
pelas redes sociais. Segundo elas, vacinas seriam responsáveis pelo autismo e outras
enfermidades. A outra: a população apagou da memória as imagens de pessoas acometidas por
coqueluche, catapora, sarampo (esqueceu do perigo e não vai se vacinar). Confirmar-se-ia,
então, o dito de que o que os olhos não veem o coração não sente.
Trata-se de comportamento irresponsável que tem consequências. Gabarito letra A.
43. (SEPLAG-RECIFE–Ass. de Gestão Pública – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
Com a alusão ao provérbio o que os olhos não veem o coração não sente, reforça-se a ideia de
que
a) a população já se esqueceu dos riscos de algumas doenças visadas pelas atuais campanhas de
vacinação, como coqueluche, catapora e sarampo.
b) as campanhas de vacinação têm priorizado inadvertidamente doenças que já não implicam
risco de contágio à maior parte da população.
c) as campanhas de conscientização do Ministério da Saúde não devem subestimar o
conhecimento que o público adquire por meio do estudo formal.
d) as notícias falsas espalhadas pelas redes sociais são eficazes porque recorrem a registros
audiovisuais que apelam a um envolvimento afetivo.
e) a imunização carece do estabelecimento de metas realistas, embora informar a população
acerca dos riscos das doenças seja uma estratégia válida.
Comentários:
Essa questão é praticamente a mesma da anterior. Uma das causas é a omissão da população
em se vacinar, esta omissão é causada pelo esquecimento dos efeitos das doenças que são
objetos da campanha. Como não veem muito os efeitos, esquecem a causa e não vão se vacinar.
Gabarito letra A.
44. (PGE-PE–Ana. Judiciário de Procuradoria – 2019) Texto CB2A1-I
Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza, o poder e o saber mudaram
simultaneamente. Quando isso ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam
época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção das técnicas para controlar o
fogo, o início da agricultura e do pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na
Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre os séculos XII e XVI, o advento da
sociedade industrial no século XIX, tudo isso representa saltos de época, que desorientaram
gerações inteiras.
Se observarmos bem, essas ondas longas da história, como as chamava Braudel,
tornaram-se cada vez mais curtas. Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura
pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um século, um novo salto de época nos
tomou de surpresa, lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a rápida
passagem de uma sociedade de tipo industrial dominada pelos proprietários das fábricas
manufatureiras para uma sociedade de tipo pós-industrial dominada pelos proprietários dos
meios de informação.
O fórceps com o qual a recém-nascida sociedade pós-industrial foi extraída do ventre da
sociedade industrial anterior é representado pelo progresso científico e tecnológico, pela
globalização, pelas guerras mundiais, pelas revoluções proletárias, pelo ensino universal e pelos
meios de comunicação de massa. Agindo simultaneamente, esses fenômenos produziram uma
avalanche ciclópica — talvez a mais irresistível de toda a história humana — na qual nós,
contemporâneos, temos o privilégio e a desventura de estar envolvidos em primeira pessoa.
Ninguém poderia ficar impassível diante de uma mudança dessa envergadura. Por isso a
sensação mais difundida é a desorientação.
A nossa desorientação afeta as esferas econômica, familiar, política, sexual, cultural... É um
sintoma de crescimento, mas é também um indício de um perigo, porque quem está
desorientado sente-se em crise, e quem se sente em crise deixa de projetar o próprio futuro. Se
deixarmos de projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em função de nossos
interesses, mas do seu próprio proveito.
Domenico de Masi. Alfabeto da sociedade desorientada: para
entender o nosso tempo. Trad. Silvana Cobucci e Federico
Carotti. São Paulo: Objetiva, 2017, p. 93-4 (com adaptações).
Infere-se do texto que a desorientação das gerações, em épocas específicas, promove uma
radical e simultânea alteração no escopo do trabalho, da riqueza, do poder e do saber humano.
Comentários:
É o contrário, a mudança radical é que gera desorientação, como ocorre agora. A desorientação,
por sua vez, causa de as pessoas sentirem-se em crise pararem de planejar o futuro. Veja:
A nossa desorientação afeta as esferas econômica, familiar, política, sexual, cultural... É um
sintoma de crescimento, mas é também um indício de um perigo, porque quem está
desorientado sente-se em crise, e quem se sente em crise deixa de projetar o próprio futuro. Se
deixarmos de projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em função de nossos
interesses, mas do seu próprio proveito. Questão incorreta.
45. (PGE-PE–Ana. Judiciário de Procuradoria – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
De acordo com o texto, as sociedades deste século vivenciaram a substituição da agricultura e, a
partir disso, passaram a se submeter ao controle dos proprietários de veículos de informação.
Comentários:
O texto não diz que as sociedades deste século vivenciaram tudo dentro do mesmo século,
como texto faz supor. Aliás, nem sequer faz essa divisão de “várias sociedades” simultâneas, mas
sim em sociedades historicamente diferentes. O que diz é que o segundo “salto de época”
ocorreu em menos de um século:
Nos humanos, o excesso de luz urbana que se infiltra no ambiente no qual dormimos pode
reduzir drasticamente os níveis de melatonina, que regula o nosso ciclo de sono-vigília.
Mesmo assim, sinto uma alegria quase infantil quando vejo se acenderem as luzes da
cidade. E repito para mim mesmo a pergunta que me faço desde que me conheço por gente:
quem é o responsável por acender as luzes da cidade? O mais plausível é imaginar que essa
tarefa caiba a sensores fotoelétricos espalhados pelos bairros. Mas e antes dos sensores, como é
que se fazia? Imagino que algum funcionário trepava na antena mais alta no topo do maior
arranha-céu e, ao constatar a falência da luz solar, acionava um interruptor, e a cidade toda se
iluminava.
Não consigo pensar em um cargo público mais empolgante que o desse homem. Claro
que o cargo, se existia, já foi extinto, e o homem da luz já deve ter se transferido para o mundo
das trevas eternas.
Reinaldo Moraes. “Luz! Mais luz”. Internet: <www.nexojornal.com.br> (com adaptações).
Infere-se do primeiro parágrafo do texto que “boêmios da pá virada e vampiros” diferem
biologicamente dos seres humanos em geral, os quais tendem a desempenhar a maior parte de
suas atividades durante a manhã e a tarde
Comentários:
Não diferem biologicamente. O autor é categórico: “somos animais diurnos”. Todos somos
diurnos, os boêmios apenas não concordam com essa afirmação:
Somos animais diurnos, por mais que boêmios da pá virada e vampiros em geral discordem
dessa afirmativa. Questão incorreta.
49. (PRF–Policial – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
É correto inferir do trecho “o homem da luz já deve ter se transferido para o mundo das trevas
eternas” (ℓ. 21 e 22) que provavelmente o funcionário responsável pelo acionamento da
iluminação urbana já morreu.
Comentários:
Pelos sentidos metafóricos do texto, considerando que a luz foi associada à vida humana,
podemos inferir sim que provavelmente o funcionário já morreu, tanto pela metáfora eufemística
(suavizada) da morte, quanto pela passagem do tempo mencionada no texto. Questão correta.
50. (PGE-PE–Ana. Judiciário de Procuradoria – 2019) A própria palavra “crise” é bem mais a
expressão de um movimento do espírito que de um juízo fundado em argumentos extraídos da
razão ou da experiência. Não há período histórico que não tenha sido julgado, de uma parte ou
de outra, como um período em crise. Ouvi falar de crise em todas as fases da minha vida: depois
da Primeira Guerra Mundial, durante o fascismo e o nazismo, durante a Segunda Guerra
Mundial, no pós-guerra, bem como naqueles que foram chamados de anos de chumbo. Sempre
duvidei que o conceito de crise tivesse qualquer utilidade para definir uma sociedade ou uma
época.
Que fique claro: não tenho nenhuma intenção de difamar ou condenar o passado para
absolver o presente, nem de deplorar o presente para louvar os bons tempos antigos. Desejo
apenas ajudar a que se compreenda que todo juízo excessivamente resoluto nesse campo corre
o risco de parecer leviano. Certamente, existem épocas mais turbulentas e outras menos. Mas é
difícil dizer se a maior turbulência depende de uma crise moral (de uma diminuição da crença em
princípios fundamentais) ou de outras causas, econômicas, sociais, políticas, culturais ou até
mesmo biológicas.
Norberto Bobbio. Elogio da serenidade e outros escritos morais. Trad. Marco
Aurélio Nogueira. São Pau lo: Editora UNESP, 2002, p. 160-1 (com adaptações).
Para o autor do texto, todo período histórico que se tornou passado se caracteriza como um
período de crise moral.
Comentários:
O autor, ao contrário, relativiza o conceito de “crise” e diz que não é possível dizer realmente se
há uma crise ou a razão de uma crise:
Mas é difícil dizer se a maior turbulência depende de uma crise moral (de uma diminuição da
crença em princípios fundamentais) ou de outras causas, econômicas, sociais, políticas, culturais
ou até mesmo biológicas. Questão incorreta.
51. (PGE-PE–Ana. Judiciário de Procuradoria – 2019) Como período e como crise, a época atual
mostra-se, aliás, como coisa nova. Como período, as suas variáveis características instalam-se em
toda parte e a tudo influenciam, direta ou indiretamente. Daí a denominação de globalização.
Como crise, as mesmas variáveis construtoras do sistema estão continuamente chocando-se e
exigindo novas definições e novos arranjos. Trata-se, porém, de uma crise persistente dentro de
um período com características duradouras, mesmo que novos contornos apareçam.
O mesmo sistema ideológico que justifica o processo de globalização e que ajuda a
considerá-lo o único caminho histórico acaba, também, por impor certa visão da crise e a
aceitação dos remédios sugeridos. Em razão disso, todos os países, lugares e pessoas passam a
se comportar, isto é, a organizar sua ação, como se tal “crise” fosse a mesma para todos e como
se a receita para a afastar devesse ser geralmente a mesma. Na verdade, porém, a única crise
que os responsáveis desejam afastar é a crise financeira, e não qualquer outra. Aí está, na
verdade, uma causa para mais aprofundamento da crise real — econômica, social, política, moral
— que caracteriza o nosso tempo.
Milton Santos. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal. 27.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2017, p. 34-6 (com adaptações).
Infere-se do texto que, na atualidade, é imposto um comportamento hegemônico e uniforme
para lidar com diferentes situações de crise no mundo.
Comentários:
Sim. A globalização da crise ocorre junto com a globalização da suposta solução para a crise:
todos os países, lugares e pessoas passam a se comportar, isto é, a organizar sua ação, como se
tal “crise” fosse a mesma para todos e como se a receita para a afastar devesse ser geralmente a
mesma.
Questão correta.
52. (PGE-PE–Ana. Judiciário de Procuradoria – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
Conclui-se do último parágrafo do texto que a verdadeira crise não será resolvida enquanto os
esforços persistirem centralizados na resolução da crise financeira.
Comentários:
Sim. Buscar solução apenas para crise financeira é uma causa para a crise das demais esferas;
sem eliminar esta causa, não é possível também eliminar a crise como um todo. Veja:
a única crise que os responsáveis desejam afastar é a crise financeira, e não qualquer outra. Aí
está, na verdade, uma causa para mais aprofundamento da crise real — econômica, social,
política, moral — que caracteriza o nosso tempo. Questão correta.
53. (PGE-PE–Conhecimentos Básicos 1, 2, 3 e 4 – 2019) O desejo por igualdade em nossos dias,
ensejado pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, marco da modernidade,
segundo Axel Honneth, advém de uma busca por autorrespeito. Para Honneth, houve uma
conversão de demandas por distribuição igualitária em demandas por mais dignidade e respeito.
O autor descreve o campo de ação social como o lócus marcado pela permanente luta entre os
sujeitos por conservação e reconhecimento. O conflito, diz ele, força os sujeitos a se
reconhecerem mutuamente e impulsiona a criação de uma rede normativa. Quer dizer, o
estabelecimento da figura do sujeito de direitos constitui um mínimo necessário para a
perpetuação da sociedade, porque é pelo respeito mútuo de suas pretensões legítimas que as
pessoas conseguem se relacionar socialmente.
Nesse contexto, a Lei Maria da Penha teria o papel de assegurar o reconhecimento das
mulheres em situação de violências (incluída a psicológica) pelo direito; afinal, é constatando as
obrigações que temos diante do direito alheio que chegamos a uma compreensão de cada
um(a) de nós como sujeitos de direitos. De acordo com Honneth, as demandas por direitos —
como aqueles que se referem à igualdade de gênero ou relacionados à orientação sexual —,
advindas de um reconhecimento anteriormente denegado, criam conflitos práticos
indispensáveis para a mobilidade social.
Isadora Vier Machado. Da dor no corpo à dor na alma: uma leitura do conceito de violência
psicológica da Lei Maria da Penha. Internet: <http://pct.capes.gov.br> (com adaptações).
O desejo de igualdade entre os indivíduos, manifesto a partir da criação da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, impulsionou a busca por autorrespeito.
Comentários:
Houve uma inversão:
O desejo por igualdade em nossos dias, ensejado pela Declaração dos Direitos do Homem e do
“sociedades do lazer”, pelo fato de que nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e
materiais se dá plenamente. Questão incorreta.
56. (PRF–Policial – 2019) O nome é o nosso rosto na multidão de palavras. Delineia os traços da
imagem que fazem de nós, embora não do que somos (no íntimo). Alguns escondem seus
donos, outros lhes põem nos olhos um azul que não possuem. Raramente coincidem, nome e
pessoa. Também há rostos quase idênticos, e os nomes de quem os leva (pela vida afora) são
completamente díspares, nenhuma letra se igualando a outra.
O do autor deste texto é um nome simples, apostólico, advindo do avô. No entanto, o
sobrenome, pelo qual passou a ser reconhecido, é incomum. Sonoro, hispânico. Com uma
combinação incomum de nome e sobrenome, difícil seria encontrar um homônimo. Mas eis que
um surgiu, quando ele andava pelos vinte anos. E continua, ao seu lado, até agora — sombra
amiga.
Impossível não existir aqui ou ali alguma confusão entre eles, um episódio obscuro que,
logo, viria às claras com a real justificativa: esse não sou eu. Houve o caso da mulher que
telefonou para ele, esmagando-o com impropérios por uma crítica feita no jornal pelo outro,
sobre um célebre arquiteto, de quem ela era secretária.
João Anzanello Carrascoza. Homônimo. In: Diário das Coincidências. Ed. digital. São Paulo: Objetiva, p. 52 (com
adaptações).
A afirmação de que alguns nomes põem nos olhos de seus donos “um azul que não possuem”
(ℓ.3) contradiz a ideia de que os nomes definem não as qualidades reais de cada um, mas o
modo como os outros o veem.
Comentários:
Contradiz não, na verdade “confirma”. O comentário é a explicação da metáfora. Questão
incorreta.
57. (PRF–Policial – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
A informação apresentada pela oração “nenhuma letra se igualando a outra” (ℓ.6) é redundante
em relação à informação apresentada na oração imediatamente anterior, servindo para reforçar-
lhe o sentido.
Comentários:
Um nome é feito de letras. Se um nome é completamente díspar, diferente, distinto do outro,
isso significa que suas partes componentes são diferentes. Então, quando diz “nenhuma letra se
igualando a outra”, o autor basicamente está repetindo uma ideia já fornecida, o que se chama
redundância. Contudo, essa redundância, longe de ser defeito ou pobreza do texto, é um
recurso de ênfase/reforço da ideia de absoluta diferença entre os nomes. Esse recurso é
coerente com o tema do texto, que versa sobre “homônimos”, nomes iguais. Questão correta.
58. (PRF–Policial – 2019) Utilizar texto da questão 62.
Infere-se que o autor do texto é espanhol.
Comentários:
Não se pode afirmar isso. Apenas foi dito que o nome é hispânico. Garcia é um nome hispânico
e nem todo Garcia é espanhol. Questão incorreta.
59. (SEFAZ-RS–Auditor Fiscal – 2019) Texto 1A11-I
Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor,
junto com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem
ser verdadeiros, mas — como se verá — relativos). A plateia, formada por um público refinado,
culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com
impaciência.
Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do
obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis,
depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro,
incapazes de suportar música de má qualidade.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres
em reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto,
os nomes de Pixis e Beethoven...
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e
paixão, e a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos
arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de
aplaudir Pixis como se fosse Beethoven.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser
escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).
Infere-se do texto 1A11-I que, na ocasião do concerto em Paris, em 1837,
a) Pixis tocou uma composição de Beethoven como se fosse de sua autoria.
b) Liszt equivocou-se na leitura do roteiro de composições que deveria executar.
c) a plateia revoltou-se contra Liszt, por ele ter confundido uma composição de Pixis com uma de
Beethoven.
d) o público julgou as composições apenas com base nas designações equivocadas no programa
do concerto.
e) as peças de Pixis e Beethoven foram executadas de modo tão semelhante que o público não
foi capaz de distingui-las.
Comentários:
A questão é de “inferência”, mas está bem evidente na literalidade do texto:
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os
nomes de Pixis e Beethoven...
Vejamos o problema das demais:
a) Incorreto. Quem tocou foi Liszt.
b) Incorreto. Houve um erro tipográfico de quem elaborou o programa, não houve erro do
músico.
c) Incorreto. A plateia não sabia do equívoco; revoltou-se porque se pautava pela “grife” do
autor, não pela qualidade em si.
e) Incorreto. Olha o devaneio! Houve apenas troca do nome na sequência do programa.
Gabarito letra D.
60. (SEFAZ-RS–Auditor Fiscal – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
No texto 1A11-I, com o emprego da expressão “(hoje)” (L.2) entre parênteses, o autor
a) destaca que Pixis é desconhecido na atualidade, mas que não o era em 1837.
b) indica que, a partir da data do concerto, Pixis deixou de ser desconhecido.
c) enfatiza o “dia de glória” (L.1) de Pixis.
d) ressalta que se trata do dia do concerto de Franz Liszt.
e) revela desprezo pela popularidade de Pixis em 1837.
Comentários:
Questão direta. O “Hoje”, visualmente destacado por vir entre parênteses, indica que Pixis é
desconhecido hoje (atualmente), o que nos permite inferir um contraste: ele é desconhecido
atualmente mas não era na época. A prova disso é que a plateia o conhecia e tinha visão
negativa dele, tanto que desprezou a música que pensaram ser dele. Gabarito letra A.
61. (SEFAZ-RS–Auditor Fiscal – 2019) Utilizar texto da questão 65.
O autor do texto 1A11-I apresenta a narrativa do concerto de Liszt com o propósito de
a) reconhecer que Pixis era tão genial quanto Beethoven.
b) criticar o modo como algumas pessoas consomem arte.
c) dar notoriedade à carreira de Pixis.
d) alertar o público de que não se deve confiar em tudo que se lê.
e) incentivar o público a ampliar seu repertório musical.
Comentários:
O raciocínio que conclui o texto está nos últimos parágrafos. O autor critica o consumo de arte
baseado apenas em “grife” e não em um julgamento isento da obra em si. Quando foi
apresentado como obra de um compositor de renome, o trabalho de Pixis foi consumido de
forma diferente de como seria se fosse apresentado em nome próprio, isso faz o autor
questionar o que é mesmo “extraordinário”.
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e a
de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos
arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de aplaudir
Pixis como se fosse Beethoven. Gabarito letra B.
62. (PF–Agente Da Polícia Federal – 2018) Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas,
binóculos ou apoio logístico; somente com um facão. Assim eram feitas as operações de
combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos criminais federais
desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.
O programa executa em minutos uma busca que poderia levar meses, encontrando todo
o conteúdo pornográfico de pedofilia em computadores, pendrives, smartphones e demais
mídias de armazenamento.
Para ajudar o trabalho dos peritos, existem programas que buscam os arquivos de
imagem e vídeo através de sua hash ou sua assinatura digital. Logo nos primeiros testes, a
detecção de imagens apresentou mais de 90% de acerto.
Para o teste, pegaram um HD com conteúdo já periciado e rodaram o programa.
Conseguiram 95% de acerto em 12 minutos. Seu diferencial era não só buscar pela assinatura
digital ou nomes conhecidos, mas também por novos arquivos por intermédio da leitura dos
pixels presentes na imagem calibrados a uma paleta de tons de pele. Começava a revolução em
termos de investigação criminal de pornografia infantil.
Além da detecção de imagens e vídeos, todo o processo de busca e obtenção de
resultados é simultâneo, o que economiza tempo e dinheiro.
A licença de uso do software, que é programado em Java, é gratuita e só é
disponibilizada para forças da lei e pesquisas acadêmicas. Segundo seus desenvolvedores, nunca
houve o intuito de venda, pois não enxergam sentido em lucrar com algo que seja para salvar
crianças. Mas, então, por que não deixá-lo disponível para todos? Somente para que não possa
ser utilizado para criar formas de burlá-lo, explicam.
Desde seu lançamento, o Nudetective já foi compartilhado com Argentina, Paraguai,
Suécia, Áustria, Noruega, Nova Zelândia e Portugal. Ganhou reconhecimento e premiações em
congressos forenses no Brasil e no mundo.
Internet: <www.cartacapital.com.br> (com adaptações).
Infere-se do texto que o Nudetective foi desenvolvido especificamente para o combate à
pornografia infantil.
Comentários:
Sim. O texto diz, expressamente até, que o programa foi criado para acelerar essa busca, que
antes era feita de maneira muito “rudimentar”, “pouco desenvolvida”. Questão correta.
63. (PF–Agente Da Polícia Federal – 2018) Utilizar texto da questão anterior.
Um dos benefícios do Nudetective para a Polícia Federal é tornar mais célere a investigação de
crimes relacionados à pornografia infantil.
Comentários:
Exato, o programa acelera muito a investigação, veja:
O programa executa em minutos uma busca que poderia levar meses. Questão correta.
64. (PF–Agente Da Polícia Federal – 2018) Utilizar texto da questão 68.
O primeiro parágrafo do texto informa que, antes da criação do Nudetective, a Polícia Federal
não dispunha de dispositivos tecnológicos para a investigação de crimes de pedofilia na Internet.
Comentários:
Cuidado. Na verdade, não diz exatamente que “a Polícia Federal não dispunha de dispositivos
tecnológicos para a investigação”, diz apenas que a investigação era feita se modo “rústico”,
“braçal”, figurativamente falando. O texto sugere que havia meios, mas não eram muito
desenvolvidos, daí a metáfora do “facão”. Questão Incorreta.
65. (PF–Agente Da Polícia Federal – 2018) Utilizar texto da questão 68.
De acordo com o texto, diversos países da América e da Europa compraram a licença de uso do
software criado pelos policiais federais do Mato Grosso do Sul, o que demonstra o
reconhecimento estrangeiro da qualidade do trabalho forense do Brasil.
Comentários:
A licença não é comprada, é gratuita:
A licença de uso do software, que é programado em Java, é gratuita e só é
disponibilizada para forças da lei e pesquisas acadêmicas. Questão incorreta.
66. (PF–Agente Da Polícia Federal – 2018) Utilizar texto da questão 68.
Conclui-se do texto que a varredura do Nudetective é restrita a dispositivos conectados à
Internet.
Comentários:
Não. O texto diz que foi feito um teste um HD físico, o que nos permite inferir que não precisa
de um dispositivo ligado à internet.
Para o teste, pegaram um HD com conteúdo já periciado e rodaram o programa.
Questão incorreta.
RESUMO
OBS: Não existe tipo puro. Normalmente há “predominância” de um tipo sobre outros que
também são utilizados no texto. O critério principal é a “finalidade”.
Estrutura do parágrafo argumentativo:
Alteração na pontuação:
Pretérito mais-que-perfeito do
Pretérito perfeito do indicativo
indicativo
Compreensão de texto
Recorrência: o leitor deve buscar no texto aquela informação, sabendo que a resposta estará
escrita com outras palavras, em forma de paráfrase, ou seja, de uma reescritura.
Inferência: o leitor deve fazer deduções a partir do texto. O fundamento da dedução será um
pressuposto, ou seja, uma pista, vestígios que o texto traz. Deduzir além das pistas do texto é
extrapolar. Geralmente questões de inferência trazem o seguinte enunciado: “depreende-se das
ideias do texto”.
Exemplos de pressupostos e o sentidos implícitos que podem ser inferidos:
Ex: Douglas parou de fumar. (podemos inferir, deduzir, depreender dessa frase que
Douglas fumava antes.)
Ex: Ainda não lançaram o novo filme do Tarantino. ( expectativa de que o filme já deveria
ter saído.)
Ex: Minha primeira esposa desistiu de comprar aquele carro. (já casou antes; sua esposa
queria comprar antes)
Ex: Finalmente ela concluiu aquele curso. (havia um curso em andamento e demorou para
terminar)
Ex: Alunos que revisam têm notas mais altas . (há alunos que não revisam; suas notas são
inferiores)
Limitar e Restringir:
É o contrário da extrapolação. Supressão de informação essencial para o texto. A assertiva
reducionista omite parte do que foi dito ou restringe o fato discutido a um universo menor de
possibilidades.
Acrescentar opinião:
O examinador parafraseia parte do texto, mas acrescenta um pouco da sua própria opinião,
opinião esta que não foi externada pelo autor. A armadilha dessas afirmativas está em embutir
uma opinião que não está no texto, mas está na consciência coletiva, por ser um clichê ou senso
comum que o candidato possa compartilhar.
Contradizer o texto.
O texto original diz “A” e o texto parafraseado da assertiva errada diz “Não A” ou “B”. Para
disfarçar essa contradição, a banca usará muitas palavras do texto, fará uma paráfrase muito
semelhante, mas com um vocábulo crucial que fará o sentido ficar inverso ao do texto.
Tangenciar o tema.
O examinador cria uma assertiva que aparentemente se relaciona ao tema, mas fala de outro
assunto, remotamente correlato. No mundo dos fatos, aqueles dois temas podem até ser afins,
mas no texto não se falou do segundo, só do primeiro; então houve fuga ou tangenciamento ao
tema.
LISTA DE QUESTÕES
1. (IF-PE–Técnico em Laboratório – 2016) Analise as proposições do texto em relação à tipologia
e gênero textual:
1. A Fábula é uma Tipologia textual e não um gênero de texto;
2. O gênero textual fábula pertence à tipologia narrativa;
3. O Gênero e a tipologia textual se definem igualmente
4. São características que definem a fábula: os animais que falam e uma linguagem erudita
Assinale a alternativa correta:
a) 1 e 2
b) 1, 2 e 3
c) 2 e 4
d) Apenas 2
e) Todas estão corretas
2. (PF–Agente da Polícia Federal – 2018) — Mas ele é realmente poeta? — perguntei. — Sei que
são dois irmãos, e que ambos adquiriram renome nas letras. O ministro, creio eu, escreveu
eruditamente sobre o cálculo diferencial. É um matemático, e não um poeta.
Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos originais do texto, o seu sexto parágrafo
poderia ser assim reescrito: Perguntei, entretanto, se ele era realmente poeta. Sabia que são
dois irmãos e que ambos adquiriram renome nas letras. O ministro, acreditava eu, escrevia
eruditamente sobre o cálculo diferencial: é um matemático, não um poeta.
3. (PGE-PE–Assistente de Procuradoria – 2019) A modernidade é um contrato. Todos nós
aderimos a ele no dia em que nascemos, e ele regula nossa vida até o dia em que morremos.
Pouquíssimos entre nós são capazes de rescindi-lo ou transcendê-lo. Esse contrato configura
nossa comida, nossos empregos e nossos sonhos; ele decide onde moramos, quem amamos e
como morremos.
À primeira vista, a modernidade parece ser um contrato extremamente complicado, por isso
poucos tentam compreender no que exatamente se inscreveram. É como se você tivesse
baixado algum software e ele te solicitasse assinar um contrato com dezenas de páginas em
“juridiquês”; você dá uma olhada nele, passa imediatamente para a última página, tica em
“concordo” e esquece o assunto. Mas a modernidade, de fato, é um contrato
surpreendentemente simples. O contrato interno pode ser resumido em uma única frase:
Com relação aos constituintes linguísticos e gráficos da tira acima, assinale a afirmativa correta.
“A tira é um exemplo claro de texto narrativo, já que apresenta uma sequência cronológica de
ações.”
9. (COPEL–Engenheiro – 2017) Assinale a alternativa em que o trecho transcrito NÃO apresenta
nenhum tipo de julgamento de valor/opinião do autor.
a) “O ano de 2016 passará aos livros como um dos períodos mais difíceis para os direitos
humanos da breve história democrática brasileira”.
b) “Outro importante princípio expresso no texto da nova lei de migração é o do combate à
xenofobia”.
c) “O número de migrantes no Brasil aumentou significativamente nos últimos anos,
principalmente por conta do afluxo de haitianos que buscavam saída para o agravamento da
crise humanitária no país depois do terremoto de 2010”.
d) “A existência de um marco legal positivo, portanto, é fundamental para proteger essas
pessoas”.
e) “Em dezembro, a Câmara dos Deputados aprovou uma lei que, se confirmada pelo Senado e
sancionada pela Presidência, substituirá, por fim, o retrógrado e inconstitucional Estatuto do
Estrangeiro, criado durante a ditadura”.
10. (MP-CE / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2020)
Em qualquer tempo ou lugar, a vida social é sempre marcada por rituais. Essa afirmação pode
ser inesperada para muitos, porque tendemos a negar tanto a existência quanto a importância
dos rituais na nossa vida cotidiana. Em geral, consideramos que rituais seriam eventos de
sociedades históricas, da vida na corte europeia, por exemplo, ou, em outro extremo, de
sociedades indígenas. Entre nós, a inclinação inicial é diminuir sua relevância. Muitas vezes
comentamos “Ah, foi apenas um ritual”, querendo enfatizar exatamente que o evento em
questão não teve maior significado e conteúdo. Por exemplo, um discurso pode receber esse
comentário se for considerado superficial em relação à expectativa de um importante
comunicado. Ritual, nesse caso, é a dimensão menos importante de um evento, sinal de uma
forma vazia, algo pouco sério — e, portanto, “apenas um ritual”. Agimos como se
desconhecêssemos que forma e conteúdo estão sempre combinados e associamos o ritual
apenas à forma, isto é, à convencionalidade, à rigidez, ao tradicionalismo. Tudo se passa como
se nós, modernos, guiados pela livre vontade, estivéssemos liberados desse fenômeno do
passado. Em suma, usamos o termo ritual no dia a dia com uma conotação de fenômeno formal
e arcaico.
Mariza Peirano. Rituais ontem e hoje. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2003, p. 7-8 (com adaptações).
c) exclusivamente narrativo.
d) narrativo, com segmentos descritivos e argumentativos.
e) descritivo, com segmentos narrativos e argumentativos.
15. (SEFAZ-DF / AUDITOR FISCAL / 2020)
Grandes companhias globais falam muito em sustentabilidade ambiental e
descarbonização de sua produção, mas o que fazem na prática é insuficiente. A implementação
de programas de sustentabilidade corporativa tem sido lenta, conforme estudo de dois
professores do International Institute for Management Development (IMD), instituto de
administração sediado na cidade suíça de Lausanne.
Dos executivos consultados em outra pesquisa realizada pelo IMD, 62% consideram
estratégias de sustentabilidade necessárias para serem competitivos atualmente, e outros 22%
dizem que isso será importante no futuro. Sustentabilidade é vista como uma abordagem de
negócios para criar valor a longo prazo, levando-se em conta como uma companhia opera nos
ambientes ecológico, social e econômico.
Em pesquisa com dez setores industriais ao longo de três anos, os dois professores do
IMD concluíram que, ao contrário do otimismo gerado pelo Acordo de Paris para combater a
mudança climática e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, as
iniciativas nas empresas deixam a desejar. Na pesquisa, eles constataram que menos de um
terço das companhias desenvolveram casos de negócios claros ou proposições de valor apoiadas
em sustentabilidade. Além disso, apenas 10% das empresas estão conseguindo captar o valor
total da sustentabilidade, enquanto muitas companhias restam presas na “divulgação”. Alguns
setores têm melhores resultados na implementação de programas de sustentabilidade, como o
setor de material de construção, em comparação ao de telecomunicações.
Os professores alertam que o tempo está esgotando. Estudos mostram que a poluição de
carbono precisa ser cortada quase pela metade até 2030 para evitar 1,5 grau de aquecimento do
planeta. Isso requer revisões ainda mais drásticas das indústrias globais e dos governos.
Os dois professores destacam que os investidores reconhecem cada vez mais o impacto,
para a sociedade, das empresas nas quais investem. Eles notam que a necessidade de
desenvolver modelos de negócios mais sustentáveis está aumentando tão rapidamente quanto
os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. E sugerem um forte senso de foco que chamam
de “vetorização”, que inclui programas de sustentabilidade corporativa mais acelerados.
Os pesquisadores alertam que companhias que trabalham em boas causas sem relação
com seus negócios centrais tendem a ser menos efetivas.
Assis Moreira. Valor econômico, 18/3/2019.
Internet: <valor.globo.com> (com adaptações).
O texto é um artigo de opinião, em que predomina o tipo argumentativo, haja vista a presença
de diversos argumentos para sustentar a ideia defendida por seu autor.
Comentário
Definindo-se intertextualidade, tem-se que é a relação que se estabelece entre dois textos,
quando um deles faz referência a elementos do outro.
25. (COPERGÁS–Administrador – 2016) Idades e verdades
O médico e jornalista Drauzio Varella escreveu outro dia no jornal uma crônica muito instigante.
Destaco este trecho:
“Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem ‘cabeça de jovem’. É considerá-lo
mais inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez. Ainda que
maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das diferenças,
do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais nem
sonhávamos anteriormente.”
Tomo a liberdade de adicionar meu comentário de velho: não preciso que os jovens acreditem
em mim, tampouco estou aberto para receber lições dos mocinhos. Nossa alternativa: ao nos
defrontarmos com uma questão de comum interesse, discutirmos honestamente que sentido ela
tem para nós. O que nos unirá não serão nossas diferenças, mas o que nos desafia.
Deve-se entender que as afirmações de Dráuzio Varella e as do autor do texto mantêm entre si
a) uma clara relação de causa e efeito, na ordem em que são expostas.
b) uma relação de independência, uma vez que não os move uma questão comum.
c) uma interligação compulsória, pois não se entende uma sem a presença da outra.
d) um caráter de alguma complementaridade, dado que a segunda é motivada pela primeira.
e) uma relação de subordinação, pois a segunda é uma simples dedução da primeira.
26. (MPU–Analista – 2018) Texto CB1A1-I
A impossibilidade de manter silêncio sobre um assunto é uma observação que pode ser
feita a respeito de muitos casos de patente injustiça que nos enfurecem de um modo até difícil
de ser capturado por nossa linguagem. Ainda assim, qualquer estudo sobre a injustiça também
demanda uma enunciação clara e uma análise arrazoada.
A necessidade de uma teoria da justiça está relacionada com a disciplina de argumentar
racionalmente sobre um assunto. Afirma-se, às vezes, que a justiça não diz respeito à
argumentação racional. É fácil ficar tentado a pensar nessa linha. Quando nos defrontamos, por
exemplo, com uma alastrada fome coletiva, parece natural protestar em vez de raciocinar de
forma elaborada sobre a justiça e a injustiça. Contudo, uma calamidade seria um caso de
injustiça apenas se pudesse ter sido evitada, em especial se aqueles que poderiam ter agido
para tentar evitá-la tivessem deixado de fazê-lo. Entre os requisitos de uma teoria da justiça
inclui-se o de permitir que a razão influencie o diagnóstico da justiça e da injustiça.
Amartya Sen. A ideia de justiça. Denise Bottmann e Ricardo D. Mendes
(Trad.). São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (com adaptações)
Infere-se do texto que calamidades com consequências de proporções imensuráveis não devem
d) exortativo.
e) descritivo.
31. (PC-RJ–Perito Criminal – 2013) No verso “Eu não me lembro mais”, a palavra em destaque
permite que o leitor infira um conteúdo pressuposto sobre a lembrança referida pelo sujeito
lírico. Indique- o.
a) Ele nunca se lembrou.
b) Ele agora se lembra mais do que já lembrara um dia.
c) Ele lembrará certamente num futuro próximo.
d) Ele já não se lembra daquilo que lembrara um dia
e) Ele não se lembra com a mesma intensidade do passado.-
32. (UFERSA–Contador – 2015) Considere o trecho reproduzido abaixo.
Distritos residenciais foram erguidos cada vez mais distantes das áreas centrais, onde
tradicionalmente estão os postos de trabalho. O movimento pendular entre moradia e emprego
tornou-se obrigatório para milhões de habitantes.
Em relação às informações implícitas, é correto afirmar que nele existem
a) um subentendido marcado linguisticamente e um pressuposto sem marcação linguística.
b) dois subentendidos marcados linguisticamente.
c) dois pressupostos marcados linguisticamente.
d) um pressuposto sem marcação linguística e um subentendido marcado linguisticamente.
33. (PC-GO–Delegado – 2013) Na frase “[o homem] deixou de exercer sua força perante uma
força maior”, há o seguinte pressuposto acionado linguisticamente pelo verbo “deixar”:
a) No passado, o homem exerceu sua força perante uma força maior.
b) O homem é por natureza um ser que procura impor-se pela força física.
c) O homem esperto sabe que pode exercer sua força perante o mais fraco.
d) Nos dias atuais, o homem busca várias formas de exercer seu poder sobre os demais.
34. (COPESE-UFT–Agente Administrativo Educacional – 2013) Na frase “Carlos começou a
trabalhar”, podemos interpretar como informação pressuposta implícita que:
a) Carlos não continuou no emprego.
b) Carlos não gostava de trabalhar.
c) Carlos não precisa de emprego.
d) Carlos não trabalhava antes.
35. (Questão Inédita – 2019) As causas do desemprego no mundo
Atualmente o mundo atingiu um nível muito alto de desemprego, fato que só havia
o nosso país, o jornal O Globo, de 16/02/2019, fez uma reportagem a que deu o título “Por que
o Brasil repete as suas tragédias”.
Pelo título dado a essa reportagem, o leitor pode concluir que o texto deve:
a) mostrar o desprezo das autoridades pelo ambiente natural;
b) atribuir as culpas das últimas ocorrências;
c) indicar as consequências dos desastres naturais;
d) enumerar as tragédias ocorridas;
e) responder à pergunta do título.
45. (DPE-RJ–Técnico Médio De Defensoria – 2019) Texto 2
“Em linhas gerais a arquitetura brasileira sempre conservou a boa tradição da arquitetura
portuguesa. De Portugal, desde o descobrimento do Brasil, vieram para aqui os fundamentos
típicos da arquitetura colonial. Não se verificou, todavia, uma transplantação integral de gosto e
de estilo, porque as novas condições de vida em clima e terras diferentes impuseram adaptações
e mesmo improvisações que acabariam por dar à do Brasil uma feição um tanto diferente da
arquitetura genuinamente portuguesa ou de feição portuguesa. E como arquitetura portuguesa,
nesse caso, cumpre reconhecer a de característica ou de estilo barroco”. (Luís Jardim,
Arquitetura brasileira. Cultura, SP: 1952)
Pela estrutura geral do texto 2, ele deve ser incluído entre os textos:
a) descritivos;
b) narrativos;
c) dissertativo-expositivos;
d) dissertativo-argumentativos;
e) injuntivos.
46. (SEPLAG-RECIFE–Ass. De Gestão Pública – 2019) Mais da metade dos seres humanos hoje
vivem em cidades, e esse número deve aumentar para 70% até 2050. Em termos econômicos, os
resultados da urbanização foram notáveis. As cidades representam 80% do Produto Interno
Bruto (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova York-Washington gera mais de
30% do PIB do país.
Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não são exceção, segundo análise do
Fórum Econômico Mundial. Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental e
desigualdade persistente são alguns dos problemas das cidades modernas. Recentemente,
entraram na equação as consequências da transformação digital. Há quem fale sobre uma futura
desurbanização. Mas os especialistas consultados pelo Fórum descartam essa possibilidade.
Preferem discorrer sobre como as cidades vão se adaptar à era da digitalização e como vão
moldar a economia mundial.
A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas cidades. Em cidades inteligentes
como Tallinn, na Estônia, os cidadãos podem votar nas eleições nacionais e envolver-se com o
governo local via plataformas digitais, que permitem a assinatura de contratos e o pagamento
de impostos, por exemplo. Programas similares em Cingapura e Amsterdã tentam criar uma
espécie de “governo 4.0”.
Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na governança. Plataformas digitais
possibilitam acesso, abertura e transparência às operações de governos locais e provavelmente
irão mudar a forma como os governos interagem com as pessoas.
(Adaptado de:“5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial”.
Disponível em: https://epocanegocios.globo.com)
Na apresentação de previsões quanto ao futuro das cidades, o autor
a) cita dados que mostram o aumento da urbanização como fruto da transformação digital.
b) contrasta aspectos positivos e negativos da digitalização no exercício da cidadania.
c) aponta os problemas decorrentes do emprego da digitalização na economia mundial.
d) apresenta opiniões divergentes no que respeita à sustentabilidade nos meios urbanos.
e) recorre à opinião de especialistas e menciona cidades que usam recursos digitais atualmente.
47. (SEPLAG-RECIFE–Ass. de Gestão Pública – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
Mas o sucesso tem sempre um custo − e as cidades não são exceção, segundo análise do Fórum
Econômico Mundial. (2º parágrafo)
Nesse trecho, constata-se a presença de uma
a) incoerência.
b) retificação.
c) generalização.
d) hipótese.
e) recomendação.
48. (SEPLAG-RECIFE–Ass. de Gestão Pública – 2019) Desde 2016, registra-se queda na
cobertura vacinal de crianças menores de dois anos. Segundo o Ministério da Saúde, entre
janeiro e agosto, nenhuma das nove principais vacinas bateu a meta estabelecida — imunizar
95% do público-alvo. O percentual alcançado oscila entre 50% e 70%.
As autoridades atribuem o desleixo a duas causas. Uma: notícias falsas alarmantes
espalhadas pelas redes sociais. Segundo elas, vacinas seriam responsáveis pelo autismo e outras
enfermidades. A outra: a população apagou da memória as imagens de pessoas acometidas por
coqueluche, catapora, sarampo. Confirmar-se-ia, então, o dito de que o que os olhos não veem
o coração não sente.
Trata-se de comportamento irresponsável que tem consequências. De um lado, ao
impedir que o infante indefeso fique protegido contra determinada doença, os pais lhe
comprometem a saúde (e até a vida). De outro, contribuem para que a enfermidade continue a
se propagar pela população. Em bom português: apunhalam o individual e o coletivo. Põem a
perder décadas de esforço governamental de proteger os brasileiros de doenças evitáveis.
O Brasil, vale lembrar, é citado como modelo pela Organização Mundial de Saúde. As
campanhas de vacinação exigiram esforço hercúleo. Para cobrir o território nacional e cumprir o
calendário, enfrentaram selvas, secas, tempestades. Tiveram êxito. Deixaram relegada para as
páginas da história a revolta da vacina, protagonizada pela população do Rio de Janeiro que, no
início do século passado, se rebelou contra a mobilização de Oswaldo Cruz para reduzir as
mazelas do Rio de Janeiro. O médico quis resolver a tragédia da varíola com a Lei da Vacina
Obrigatória.
Tal fato seria inaceitável hoje. A sociedade evoluiu e se educou. O calendário de
vacinação tornou-se rotina. Graças ao salto civilizatório, o país conseguiu erradicar males que
antes assombravam a infância. O retrocesso devolverá o Brasil ao século 19. Há que reverter o
processo. Acerta, pois, o Ministério da Saúde ao deflagrar nova campanha de adesão para evitar
a marcha rumo à barbárie. O reforço na equipe de agentes de imunização deve merecer atenção
especial.
(Adaptado de: “Vacina: avanço civilizatório”. Diário de Pernambuco. Editorial. Disponível em:
www.diariodeper-nambuco.com.br)
O texto expressa um ponto de vista condizente com o que se afirma em:
a) A população brasileira é irresponsável ao não aderir às campanhas de vacinação promovidas
pelo Ministério da Saúde.
b) Falta investimento público em campanhas de vacinação que sejam de fato eficazes para o
controle de doenças letais.
c) Doenças já erradicadas voltaram a assolar a população porque os brasileiros não foram
orientados a vacinar seus filhos.
d) As campanhas de vacinação do Ministério da Saúde foram mal planejadas e, por isso, não
chegaram a alcançar sucesso.
e) O pouco conhecimento da população brasileira acerca das campanhas de vacinação acarretou
surtos de doenças evitáveis.
49. (SEPLAG-RECIFE–Ass. de Gestão Pública – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
Com a alusão ao provérbio o que os olhos não veem o coração não sente, reforça-se a ideia de
que
a) a população já se esqueceu dos riscos de algumas doenças visadas pelas atuais campanhas de
vacinação, como coqueluche, catapora e sarampo.
b) as campanhas de vacinação têm priorizado inadvertidamente doenças que já não implicam
risco de contágio à maior parte da população.
c) as campanhas de conscientização do Ministério da Saúde não devem subestimar o
Nas sociedades tribais, o trabalho está em tudo, e praticamente todos trabalham. Sahlins
propôs que tais sociedades fossem conhecidas como “sociedades de abundância” ou
“sociedades do lazer”, pelo fato de que nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e
materiais se dá plenamente.
Thiago de Mello. Trabalho. Internet: <educacao.globo.com> (com adaptações).
Conclui-se do texto que, devido à abundância de recursos, nas sociedades tribais os indivíduos
não têm necessidade de separar as práticas laborais das outras atividades sociais.
62. (PRF–Policial – 2019) O nome é o nosso rosto na multidão de palavras. Delineia os traços da
imagem que fazem de nós, embora não do que somos (no íntimo). Alguns escondem seus
donos, outros lhes põem nos olhos um azul que não possuem. Raramente coincidem, nome e
pessoa. Também há rostos quase idênticos, e os nomes de quem os leva (pela vida afora) são
completamente díspares, nenhuma letra se igualando a outra.
O do autor deste texto é um nome simples, apostólico, advindo do avô. No entanto, o
sobrenome, pelo qual passou a ser reconhecido, é incomum. Sonoro, hispânico. Com uma
combinação incomum de nome e sobrenome, difícil seria encontrar um homônimo. Mas eis que
um surgiu, quando ele andava pelos vinte anos. E continua, ao seu lado, até agora — sombra
amiga.
Impossível não existir aqui ou ali alguma confusão entre eles, um episódio obscuro que,
logo, viria às claras com a real justificativa: esse não sou eu. Houve o caso da mulher que
telefonou para ele, esmagando-o com impropérios por uma crítica feita no jornal pelo outro,
sobre um célebre arquiteto, de quem ela era secretária.
João Anzanello Carrascoza. Homônimo. In: Diário das Coincidências. Ed. digital. São Paulo: Objetiva, p. 52 (com
adaptações).
A afirmação de que alguns nomes põem nos olhos de seus donos “um azul que não possuem”
(ℓ.3) contradiz a ideia de que os nomes definem não as qualidades reais de cada um, mas o
modo como os outros o veem.
63. (PRF–Policial – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
A informação apresentada pela oração “nenhuma letra se igualando a outra” (ℓ.6) é redundante
em relação à informação apresentada na oração imediatamente anterior, servindo para reforçar-
lhe o sentido.
64. (PRF–Policial – 2019) Utilizar texto da questão 52.
Infere-se que o autor do texto é espanhol.
65. (SEFAZ-RS–Auditor Fiscal – 2019) Texto 1A11-I
Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor,
junto com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem
ser verdadeiros, mas — como se verá — relativos). A plateia, formada por um público refinado,
culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com
impaciência.
Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do
obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis,
depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro,
incapazes de suportar música de má qualidade.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres
em reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto,
os nomes de Pixis e Beethoven...
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e
paixão, e a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos
arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de
aplaudir Pixis como se fosse Beethoven.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser
escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).
Infere-se do texto 1A11-I que, na ocasião do concerto em Paris, em 1837,
a) Pixis tocou uma composição de Beethoven como se fosse de sua autoria.
b) Liszt equivocou-se na leitura do roteiro de composições que deveria executar.
c) a plateia revoltou-se contra Liszt, por ele ter confundido uma composição de Pixis com uma de
Beethoven.
d) o público julgou as composições apenas com base nas designações equivocadas no programa
do concerto.
e) as peças de Pixis e Beethoven foram executadas de modo tão semelhante que o público não
foi capaz de distingui-las.
66. (SEFAZ-RS–Auditor Fiscal – 2019) Utilizar texto da questão anterior.
No texto 1A11-I, com o emprego da expressão “(hoje)” (L.2) entre parênteses, o autor
a) destaca que Pixis é desconhecido na atualidade, mas que não o era em 1837.
b) indica que, a partir da data do concerto, Pixis deixou de ser desconhecido.
c) enfatiza o “dia de glória” (L.1) de Pixis.
d) ressalta que se trata do dia do concerto de Franz Liszt.
e) revela desprezo pela popularidade de Pixis em 1837.
Um dos benefícios do Nudetective para a Polícia Federal é tornar mais célere a investigação de
crimes relacionados à pornografia infantil.
70. (PF–Agente Da Polícia Federal – 2018) Utilizar texto da questão 68.
O primeiro parágrafo do texto informa que, antes da criação do Nudetective, a Polícia Federal
não dispunha de dispositivos tecnológicos para a investigação de crimes de pedofilia na Internet.
71. (PF–Agente Da Polícia Federal – 2018) Utilizar texto da questão 68.
De acordo com o texto, diversos países da América e da Europa compraram a licença de uso do
software criado pelos policiais federais do Mato Grosso do Sul, o que demonstra o
reconhecimento estrangeiro da qualidade do trabalho forense do Brasil.
72. (PF–Agente Da Polícia Federal – 2018) Utilizar texto da questão 68.
Conclui-se do texto que a varredura do Nudetective é restrita a dispositivos conectados à
Internet.
GABARITO