Análise Comparativa O Pequeno Príncipe

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ
DISCIPLINA: LITERATURA COMPARADA
Letras Português/Inglês 2023.1
Prof.ª Francisca Arlene Soares Cantuario

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O DIÁLOGO ENTRE A OBRA LITERÁRIA E


FÍLMICA O PEQUENO PRÍNCIPE

Sara Balica de Souza


Semiramis Araujo da Costa
Maria Eduana Marinho Machado

CAMOCIM-CE
2023
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise comparativa acerca dos
diálogos ou pontos de contato entre a obra fílmica e a obra literária” O Pequeno
Príncipe”, demonstrando as semelhanças e diferenças entre elas, procurando
destacar alguns aspectos como os personagens, a trama e o valor simbólico das
palavras e das imagens.

A obra infanto-juvenil “O Pequeno Príncipe”, escrito por Saint-Exupéry em 1943, é


uma das mais famosas e encantadoras da literatura mundial. O livro conquistou fãs
de todas as idades e nacionalidades, tornando-se um clássico médio-literário. Em
1974, a história do pequeno príncipe foi adaptada para o cinema, em um filme
dirigido por Stanley Donen com Gene Wilder.

Em O pequeno príncipe, é perceptível a maturidade de seus ensinamentos,


encantando e inspirando gerações de leitores de todas as idades. A narrativa possui
uma linguagem extremamente simples, leve, lírica, nos fazendo despertar sobre o
sentido que devemos dar às nossas vidas, sobre a responsabilidade dos nossos
atos, mas, sobretudo, da responsabilidade quanto aos nossos discursos.

O LIVRO DE ANTOINE SAINT-EXUPERY

A obra literária é composta por 27 capítulos, onde o autor do livro é o personagem


principal da história, que assume também o papel de narrador. Na obra, o
personagem principal, o aviador, vai nos contar de um pequeno príncipe que
conhece ao aterrissar no deserto e a partir daí nasce uma linda amizade.

“Na primeira noite adormeci, pois sobre areia, a milhas e milhas de


qualquer terra habitada. Estava mais isolado que o náufrago numa
tábua, perdido no meio do oceano. Imaginem então a minha
surpresa, quando, ao despertar do dia, uma vozinha estranha me
acordou. Dizia:- Por favor, desenha-me um
carneiro!(SAINT-EXUPÉRY, 2009, p. 10)”

A criança de cabelos loiros relata toda sua trajetória para o aviador, começando pelo
motivo de ter deixado seu pequeno planeta devido à sua busca por conhecimento,
compreensão e conexão emocional. Ao longo de sua jornada, encontra diversos
personagens, que possuem características peculiares e que também apresentam
maneiras diferentes de ver e interpretar a realidade como: o Rei, com sua
prepotência; o Vaidoso, com sua vaidade; o Beberrão, e sua vergonha; o Homem de
Negócios, com sua ganância; o Acendedor de Lampiões, e o seu trabalho
demasiado; e o Geógrafo que não tinha comprometimento com a realidade.
Por fim, ele chega ao planeta Terra e se depara com outros personagens como a
raposa, que ensina ao Pequeno Príncipe a importante lição de que as coisas só
ganham sentido quando se conhece a amizade.

“Não passo, a teus olhos, de uma raposa igual a cem mil outras
raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do
outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no
mundo.(SAINT-EXUPÉRY, 2009, p.53 )”

Assim ele compreende que apesar de o mundo ter milhares de rosas, a rosa de seu
planeta era única, pois, somente ela era mantedora de seu afeto. Diante desses
aprendizados e reflexões, o Pequeno Príncipe cria um novo olhar sobre a
verdadeira riqueza que ele possui, e ao final de sua jornada, ele entende melhor sua
relação com a rosa, decidindo assim partir para o seu planeta para reencontrá-la, e
também cuidar de seus três vulcões.

A inspiração do autor em escrever foi após ele, como aviador, ter sofrido um
acidente de avião em 1935 durante a segunda guerra mundial, cujo veículo foi parar
no deserto do Saara, tornando-se mundialmente famosa por seu teor filosófico e
poético, e também seu amplo conteúdo, tratando-se de temas como o amor, a
existência e uma forte crítica de como os indivíduos valorizam mais o material em
detrimento da essência e do sentimento.

Na obra também estão presentes as aquarelas feitas pelo próprio autor que faz com
que o leitor se sinta mais envolvido na história e que se deixam levar pela leveza ao
trazerem humanização e beleza.

A ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA DE O PEQUENO PRÍNCIPE

O filme O Pequeno Príncipe de 1974, dirigido por Stanley Donen, traz para as telas,
as figuras do príncipe e do piloto, que, assim como no livro, apresenta no filme - um
narrador onisciente. Por tratar-se de uma transcriação, os personagens são um
pouco diferentes das personagens da obra literária.

Além de ser uma bela narrativa, é também uma lição que versa sobre a filosofia da
vida e da origem que levamos no nosso cotidiano, pois somos seres que, devido à
nossa rotina, perdemos o contato com as coisas imediatas que nos cercam, por
estarmos envolvidos com outras preocupações, não percebemos. Assim, de certo
modo, a narrativa fílmica de O Pequeno Príncipe acompanha a obra literária,
embora tenha seus rumos próprios, tenha outro ritmo, disponha de outros recursos.

No filme, são necessários alguns planos para dar lógica à narrativa, para mostrar o
momento, para a exposição clara da situação em que o piloto se encontrava: em
pleno ar, o visor da cabine mostra a contagem diminuindo vertiginosamente, quando
da disparada do ponteiro da direita pés para a esquerda e pelo bendito destino
chega a terra do saara.
O menino aparece para o piloto, sem qualquer sinal que indicasse
como alguém tão pequeno conseguiu chegar lá. Ele, simplesmente,
surge, de repente, do nada. A perplexidade do piloto é notória. A
sensação de acontecimento sobrenatural é descrita por expressões
como “esfreguei bem os olhos”, “olhos arregalados de espanto” ou
“não esqueçam que eu me achava quilômetros e quilômetros de
qualquer região habitada” (SAINT-EXUPÉRY, 2009, p. 10).

No filme, a descrição do espanto é, em parte, substituída pelos planos, que mostram


as expressões faciais que exteriorizam o espanto da personagem. A paisagem
mostrada no filme, o deserto, dão ao espectador a noção de espaço, a noção de
lugar. O deserto é mostrado em ângulos ampliados. Percebemos, de imediato, a
imensidão do local, a grandiosidade do vazio, o desamparo da situação em que se
encontram as personagens. A obra cinematográfica apresenta uma das primeiras
passagens musicais. Este recurso nos mostra um dos pontos específicos que
pertence apenas à versão fílmica, se esta for contraposta à versão literária.

Voltamos para o episódio em que o Príncipe pede ao piloto que desenhe um


carneiro, em ambas as narrativas - fílmica e literária - , ocorre o mesmo. Porém,
também podemos encontrar algumas diferenças entre as narrativas do livro e do
filme. Uma delas é a representação dos baobás.

“[…]rabanete ou de roseira, podemos deixar que cresça à


vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso
arrancar logo, assim que a reconhecermos(SAINT-EXUPÉRY,
2009, p. 15)

No filme, o pequeno coloca os baobás como algo normal e lista os baobás como
alguns dos elementos que fazem parte de seu Planeta, e dos quais cuida, assim
como a rosa. Já a Rosa, foi um dos elementos mais fiéis da narrativa literária para a
fílmica, representada como impulsiva e frágil.

Um outro episódio alterado que podemos expor, seriam as visitas do principezinho


aos planetas antes de chegar à Terra. Pois na narrativa literária, ele visita seis
planetas, mas apenas três destes se apresentam na narrativa cinematográfica, e
com algumas adaptações, havendo assim tanto os cortes como os acréscimos na
obra fílmica.

Como por exemplo, o manobreiro e o vendedor de pílulas, são excluídas na obra


cinematográfica, porém suas exclusões não afetam a narração fílmica em relação à
narrativa literária; O poço do livro foi substituído pelo o oásis, porém o significado
permanece o mesmo; No livro, o piloto presencia o menino ser picado, já no filme, a
picada da serpente não é mostrada. Assim, constatamos algumas diferenças dentre
outras às quais não foram citadas, entre a obra literária e a cinematográfica.

CONCLUSÃO

Concluímos que, o filme O Pequeno Príncipe é uma adaptação bastante fiel da obra
literária, mantendo as cenas e personagens originais, mas também traz algumas
inovações, como a inserção de novos diálogos, elementos visuais e musicais e a
interpretação dos personagens, enriquecendo a experiência cinematográfica. Além
disso, o filme apresenta uma abordagem mais sutil do tema da solidão e uma
mensagem mais esperançosa e otimista do que o livro.

Outro ponto de contato entre as duas obras é a abordagem sobre a natureza


humana e a sociedade moderna. Tanto no livro como no filme, é possível perceber a
crítica aos valores materialistas e o desejo de viver uma vida mais simples e
autêntica. No entanto, há também algumas diferenças entre as duas obras.
Enquanto a obra literária apresenta uma narrativa mais profunda e poética, o filme
de Donen com Wilder apresenta uma abordagem mais simplificada e com um tom
mais cômico em alguns momentos.

Ao decorrer da história, o eu lírico representado pelo piloto, aprende algumas lições


com o Pequeno Príncipe como: a importância da imaginação, o valor da amizade, a
apreciação das coisas simples, a importância de cuidar e proteger, e as reflexões
sobre a vida humana. Essas são apenas algumas lições que podemos extrair dessa
rica obra. No entanto, a interpretação pessoal de cada um pode variar. Assim, o
leitor ou espectador irá refletir sobre suas próprias experiências e perspectivas,
encontrando significados e mensagens únicas para sua vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DONEN, Stanley, (dir.). O Pequeno Príncipe. Produção: Paramount Pictures. 1974.

DONEN, Stanley. O Pequeno Príncipe. Stanley Donen Films Inc. and Paramount
Pictures, 1974. Filme, 88 min. Elenco: Richard Kiley, Bob Fosse, Gene Wilder,
Steven Warner, Joss Ackland, Clive Revill, Donna McKechnie, Victor Spinetti entre
outros.

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. Editora: Agir. 2015.

SAINT –EXUPÉRY Antoine de. O pequeno príncipe. (com aquarela do autor). Trad.
Dom Marcos Barbosa. 48a ed. Rio de janeiro: Agir, 2009.
Muller, Caroline Appel, e Indianara Mafra de Lima. Antoine de Saint Exupery: uma
análise das escolhas simbólicas na obra O pequeno príncipe. BS thesis.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2017.

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