Caderno Leitura Voz Alta
Caderno Leitura Voz Alta
Caderno Leitura Voz Alta
DE
LEITURA
EM
VOZ ALTA
MIOLO LEITURA EM VOZ ALTA.indd 1 27/01/2023 07:43:15
MIOLO LEITURA EM VOZ ALTA.indd 2 27/01/2023 07:43:15
Apresentação
Olá professor,
Esse caderno aborda a leitura em voz alta conduzida pelo professor em sala
de aula e tem como foco a narrativa literária.
Bom trabalho!
NARRATIVAS LITERÁRIAS
NA VOZ DO PROFESSOR........................................................................................................................................................ 8
NARRATIVAS POPULARES
EM SALA DE AULA....................................................................................................................................................................13
A compreensão da história.........................................................................................................................13
A fábula.................................................................................................................................................................15
Os músicos de Bremen...............................................................................................................................20
Contos populares...........................................................................................................................................22
Considerações finais.....................................................................................................................................30
Fanny Abramovich
tomar contato
com ideias
novas
reconhecer a
grande quantidade ampliar o
de informações de vocabulário
um página
reconhecer
comprender
relação entre a
frases mais
palavra impressa
longas
e o significado
NARRATIVAS LITERÁRIAS
NA VOZ DO PROFESSOR
O cotidiano, que pode ser visto pela criança como espaço confuso e
desordenado, vai sendo gradativamente compreendido à medida que o estudante
Conhecendo as narrativas
NARRATIVAS POPULARES
EM SALA DE AULA
A compreensão da história
Assim:
• quem conta?
• o que acontece?
• onde acontecem?
Fabulistas famosos:
• Esopo é o escritor que viveu na Grécia antiga, século VII a.C., a quem
foi atribuída a autoria da grande maioria das fábulas que circulam
até hoje. Entre as fábulas consideradas de Esopo estão A raposa e as
uvas; A lebre e a tartaruga; A cigarra e a formiga; O lobo e o cordeiro;
O leão e o rato; A rã e o boi.
A cigarra e a formiga
Fonte: https://www.revistaprosaversoearte.com/11702-2/
Monteiro Lobato
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar o pé de um formigueiro. Só parava
quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de
abastecer as tulhas. Mas o bom tempo passou e vieram as chuvas. Os animais todos,
arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu
galinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique,
tique, tique...Apareceu uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina. - Que
quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama a tossir. - Venho em busca
de agasalho. O mau tempo não cessa e eu.... A formiga olhou-a de alto a baixo.- E que fez
durante o bom tempo, que não construiu sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo,
respondeu de um acesso de tosse:- Eu cantava, bem sabe...- Ah!... – exclamou a formiga
recordando-se. – Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos
para encher as tulhas? - Isso mesmo, era eu...- Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos
esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraia e
aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora!
Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo. A cigarra entrou,
sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
Monteiro Lobato
Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza
a repeliu de sua porta. Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o
mundo com o seu cruel manto de gelo. A cigarra, como de costume, havia cantado sem
parar o estio inteiro, e o inverno veio encontra-la desprovida de tudo, sem casa onde se
abrigar, nem folhinhas que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou –
emprestado, notem! – uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela
comida de empréstimo, logo que o tempo permitisse. Mas a formiga era uma usuária sem
entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la
querida de todos os seres. - Que fazia durante o bom tempo? - Eu... eu cantava! -
Cantava? Pois dance agora, vagabunda! – e fechou-lhe a porta no nariz. Resultado: a
cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um
aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra
morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usuária morresse, quem daria pela falta
dela? Os artistas – poetas, pintores, músicos – são as cigarras da humanidade.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/401946335465593195/
acesso em 04 de março de 2022
Os músicos de Bremen
Era uma vez um burrinho que trabalhava duro, puxando carroças pesadas. Com o passar
dos anos, começou a se sentir cada vez mais fraco. Dispensado pelo patrão, o burrinho foi
à cidade de Bremen pleitear uma vaga de cantor em uma banda de música
Já a caminho, encontrou um cão de caça esmorecido, que estava deitado no chão. Então,
perguntou: — Cão, por que está tão triste? Após um longo suspiro, o cão respondeu: —
“No tempo em que os bichos falavam...” é uma das fórmulas mais comuns
de se começar um conto popular, envolvendo encantamento. Muitos dos contos
populares repassados pela tradição oral e recolhidos por estudiosos foram trazidos
pelos europeus, particularmente pelos portugueses. Alguns contos populares tem
origem nas lendas e outros em mitos dos povos indígenas e africanos, como a lenda
da mandioca, as histórias da iara, do curupira, a lenda do negrinho do pastoreio.
No início do mundo nasceu o Sol, e depois dele surgiu Napi, o criador, o guardião da vida.
Um dia Napi descansava perto de uma fonte. Olhou para a terra úmida e teve uma ideia:
pensou que seria divertido moldar pequenas criaturas de argila. Primeiro modelou um
animalzinho. Gostou dele e continuou a criar, e fez aparecer todos os animais que até hoje
vivem na face da terra. Quando terminou, deu a cada animal um lugar para habitar. Por
último moldou o homem e lhe disse:
– Você deve viver na floresta, é o melhor lugar para você.
Depois, fechou os olhos e tentou descansar. Mas não conseguiu.
Poucas horas mais tarde os animais voltaram para reclamar.
Ninguém estava feliz. O touro parecia furioso:
– Não posso viver na montanha, Napi. Preciso de pasto!
O antílope também estava aborrecido:
– Napi, não posso viver no pântano, meu sonho ‚ correr pelos campos!
Até mesmo o sensato camelo tinha uma queixa:
– Napi, detestei o deserto! Será que você não pode me mudar de lugar?
Fonte:
https://nuhtaradahab.wordpress.com/2010/06/24/folclore-africano-napi-os-homens-e-os-animais/
Acesso 07 jan 2022
Você já viu algum sapo com medo de água? Vamos saber que história é essa.
Ricardo Azevedo
Dois homens, fugidos da prisão, pararam na beira da lagoa para matar a sede e descansar
um pouco.
Um sapo dormia debaixo da samambaia.
Os bandidos agarraram o sapo.
- Olha que desengonçado! – disse um deles, apertando o bicho entre os dedos.
- É feio que dói – completou o outro, com cara de nojo.
E os dois resolveram fazer maldade.
O jabuti e a onça
O jabuti e a onça
Conto de esperteza
Conto popular de origem indígena
Uma vez a onça ouviu o jabuti tocar a sua gaita debicando outra onça e veio ter com o
jabuti e perguntou-lhe:
— Como tocas tão bem a tua gaita?
O jabuti respondeu: “Eu toco assim a minha gaita: o osso do veado é a minha gaita, ih! Ih!”
A onça tornou: “A modo que não foi assim que eu te ouvi tocar!”
O jabuti respondeu: “Arreda-te mais para lá um pouco, de longe te há de parecer mais
bonito.”
O jabuti procurou um buraco, pôs-se na soleira da porta, e tocou na gaita: “o osso da onça
é a minha gaita, ih! Ih!”
Quando a onça ouviu, correu para o pegar. O jabuti meteu-se pelo buraco a dentro. A onça
meteu as mãos pelo buraco, e apenas lhe agarrou a perna. O jabuti deu uma risada, e
disse: “Pensavas que agarravas a minha perna e agarraste a raiz de pau!”. A onça disse-
lhe: “Deixa-te estar!” Largou então a perna do jabuti.
O jabuti riu-se uma segunda vez, e disse:
— De fato era a minha própria perna.
A grande tola da onça esperou ali, tanto esperou, até que morreu.
Fonte: https://www.culturagenial.com/contos-populares-comentados/ Acesso 12 jan 2022
Pedro Malasartes é uma figura que não perde a mania de pregar peças nas pessoas. Da
última vez, a vítima foi seu primo rico. A história aconteceu, mais ou menos, assim…
Malasartes estava fazendo aniversário e não tinha nada em casa para oferecer aos
convidados. Resolveu ir à casa de seu primo sondar se ele poderia contribuir com algo
para a festa, mesmo achando que receberia um sonoro ‘não’ como resposta. Afinal,
embora rico, o tal primo era muito pão-duro.
–Ô, de casa! – gritou Malasartes, batendo palmas na frente do portão.
O primo veio de lá já bem desconfiado, porque o que um tinha de pão-duro o outro tinha
de enrolão! De qualquer forma, foi bastante educado. Sabia que era dia do aniversário de
Malasartes. Mandou que ele entrasse e começou a lhe oferecer o que tinha na despensa:
toucinho, broa de milhos, curau, pipoca… Mas Malasartes disse não a tudo, queria apenas
um cafezinho.
Conversa ia, conversa vinha, o primo de novo oferecia a Malasartes alguma coisa gostosa,
típica da fazenda:
–‘Ó’, primo, eu não tenho muito, mas tenho aqui essa peça de carne que dá para fazer um
bom churrasco. Tenho também refrigerantes. Malasartes olhava para a comida, fazia uma
cara bem esnobe e dizia que se contentava com o cafezinho que estava tomando.
O primo já estava até achando que não havia nada demais com a visita inesperada, talvez
Malasartes não fosse mais enrolão como antes. E os dois se divertiram, lembrando fatos
da infância, de como brincavam e como adoravam as festas de São João na roça.
Malasartes recordou uma festa que ele tinha feito na casa do primo, aquela mesma casa
que ele ainda morava:
–Lembra, primo? A gente puxou aquela mesa para o canto da parede, assim… E,
entusiasmados, empurraram a mesa da sala para o canto, deixando espaço para um bom
baile. O primo aproveitou e pegou sanfona empoeirada que estava pendurada na parede.
Fonte:
Ciência hoje das crianças. In http://chc.org.br/artigo/o-aniversario-de-pedro-malasartes/ Acesso 05 jan 2022
A onça e o bode
A onça e o bode
Câmara Cascudo
O Bode foi ao mato procurar lugar para fazer uma casa. Achou um sítio bom. Roçou-o e
foi-se embora. A Onça que tivera a mesma ideia, chegando ao mato e encontrando o lugar
já limpo, ficou radiante. Cortou as madeiras e deixou-as no ponto. O Bode, deparando a
madeira já pronta, aproveitou-se, erguendo a casinha. A Onça voltou e tapou-a de taipa.
Foi buscar seus móveis e quando regressou encontrou o Bode instalado. Verificando que o
trabalho tinha sido de ambos, decidiram morar juntos.
Viviam desconfiados, um do outro. Cada um teria sua semana para caçar. Foi a Onça e
trouxe um cabrito, enchendo o Bode de pavor. Quando chegou a vez deste, viu uma onça
abatida por uns caçadores e a carregou até a casa, deixando-a no terreiro. A Onça vendo
a companheira morta, ficou espantada:
— Amigo Bode, como foi que você matou essa onça?
— Ora, ora…Matando!… Respondeu o Bode cheio de empáfia. Porém, insistindo sempre a
Onça em perguntar-lhe como havia matado a companheira, disse o Bode:
— Eu enfiei este anel de contas no dedo, apontei-lhe o dedo e ela caiu morta.
A Onça ficou toda arrepiada, olhando o Bode pelo canto do olho. Depois de algum tempo,
disse o Bode:
— Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo…
A Onça pulou para o meio da sala gritando:
— Amigo Bode, deixe de brinquedo…
Tornou o Bode a dizer que lhe apontava o dedo, pulando a Onça para o meio do terreiro.
Repetiu o Bode a ameaça e a onça desembandeirou pelo mato a dentro, numa carreira
danada, enquanto ouviu a voz do Bode:
— Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo…
Nunca mais a Onça voltou. O Bode ficou, então, sozinho na sua casa, vivendo de papo para
o ar, bem descansado.
Fonte:
https://peregrinacultural.wordpress.com/2012/02/03/a-onca-e-o-bode-fabula-brasileira-texto-de-luis-da-camara-
cascudo/ Acesso 12 jan 2022