Eletromagnetismo
Eletromagnetismo
Eletromagnetismo
Unidades de Medida
Notação Científica
Vetores
Mecânica
Cinemática Escalar Dinâmica
Introdução Introdução
Velocidade Princípios da Mecânica Clássica - Leis
Movimento Uniforme de Newton
Aceleração Força Peso
Movimento Uniformemente Variado Força Normal e Força de Tração
Movimento Vertical Força de Atrito
Força Elástica
Cinemática Vetorial Força Centrípeta
Sistemas de Forças
Introdução Plano Inclinado
Composição de Movimentos Trabalho de uma Força
Movimento Oblíquo Potência
Movimento Circular Energia - Introdução
Energia Cinética
Estática Energia Potencial Gravitacional e
Energia Potencial Elástica
Princípios Básicos Conservação da Energia Mecânica
Estática do Ponto Impulso
Centro de Massa Quantidade de Movimento
Momento de uma Força
Estática de um Corpo Extenso Gravitação Universal
Hidrostática Histórico
Leis de Kepler
Pressão Lei de Newton da Gravitação
Teorema de Stevin Universal
Experimento de Torricelli Aceleração da Gravidade
Teorema de Pascal Órbitas
Princípio do Empuxo Velocidade de Escape
Unidades Astronômicas
Marés
Termologia
Termometria Calorimetria
Temperatura e Equilíbrio Térmico Calor - Sensível e Específico
Medida de Temperatura Estados Físicos e Mudança de fase
Escalas Termométricas Calor Latente e Curva de
Conversões entre Escalas Aquecimento
Escala Absoluta Trocas de Calor
Capacidade Térmica
Estudo dos Gases Propagação de Calor e Fluxo de Calor
*Condução
Gases *Convecção
Transformação Isotérmica *Radiação
Transformação Isobárica
Transformação Isométrica Termodinâmica
Equação de Clapeyron
Lei Geral dos Gases Introdução
Misturas Físicas de Gases Perfeitos Energia Interna
Teoria Cinética dos Gases Trabalho
Temperatura na TC Calor
Energia Interna de um Gás Perfeito 1ª Lei da Termodinâmica
Equipartição da Energia Balanço Energético
Energia Cinética Média Molecular Transformações Termodinâmicas
Particulares
*Transformação Isotérmica
*Transformação Isométrica
Dilatação Térmica *Transformação Isobárica
*Transformação Adiabática
Linear (sólidos) Diagramas Termodinâmicos
Superficial (sólidos) Calor Específico dos Gases Perfeitos
Volumétrica (sólidos) Transformações Adiabáticas
Volumétrica (líquidos) A Energia Mecânica e o Calor
Dilatação anômala da água 2ª Lei da Termodinâmica
Volumétrica (gases) Ciclo de Carnot
Transformações Reversíveis e
Irreversíveis
Entropia
Entropia e 2ª Lei da Termodinâmica
Óptica
Fundamentos Reflexão da Luz
Luz - Comportamento e Princípios Reflexão da Luz - Princípios Básicos
Sombra e Penumbra Espelho Plano
Câmara Escura Espelhos Esféricos
Tipos de Reflexão e Refração Raios Luminosos Particulares
Ponto Objeto e Ponto Imagem Equação Fundamental dos Espelhos
Sistemas Ópticos Esféricos
Referencial Gaussiano
Refração da Luz Aumento Linear Transversal
Lentes Esféricas
Lentes Esféricas
Convergentes
Divergentes
Distância Focal e Pontos
Antiprincipais
Raios Luminosos Particulares
Imagens em Lentes Esféricas
Referencial Gaussiano
Equação dos Pontos Conjugados
Vergência
Equação dos Fabricantes de Lentes
Associação de Lentes
Ondulatória
MHS Ondas
MHS Visto como um Movimento Classificação das Ondas
Periódico Velocidade de Propagação das Ondas
MHS Visto como um Movimento O Som e a Luz
Oscilatório Velocidade de Propagação de Ondas
Equações Horárias do MHS Transversais em Cordas Tensas
Força no MHS Reflexão de Ondas
Oscilador Massa-mola Refração de Ondas
Pêndulo Refração e Reflexão de Ondas
Pêndulo de Foucault Transversais em Cordas
Superposição
Ressonância
Interferência de Ondas
Princípio de Huygens
Acústica Difração
Experiência de Young
Introdução à Acústica Interferência em Películas Delgadas
Som e sua Propagação
Considerações Gerais sobre o Som
Intervalo Acústico
Intensidade Sonora
Reflexão do Som
Sonar e Radar
Cordas Sonoras
Timbre de um Som
Batimento, Ressonância e Difração do
Som
Tubos Sonoros
Efeito Doppler
Sonoridade
Nível Relativo de Intensidade
Eletromagnetismo
Eletrostática Eletrodinâmica
Introdução à Eletrostática Introdução
Cargas Elétricas Corrente Elétrica
Princípios da Eletrostática Resistência Elétrica
Condutores e Isolantes Resistividade Elétrica
Processos de Eletrização Resistores
Lei de Coulomb Associação de Resistores
Campo Elétrico - Vetor e Orientação Geradores
Campo Elétrico de uma Partícula Associação de Geradores
Eletrizada Circuitos Elétricos Simples
Densidade Superficial de Cargas Corrente Contínua e Alternada
Campo Elétrico Uniforme Efeito Joule
Potencial Elétrico Potencia Elétrica
Equipotenciais Consumo de Energia Elétrica
Trabalho da Força Elétrica Capacitores
Ddp entre Dois Pontos em um Campo Associação de Capacitores
Uniforme Circuito RC
Potencial Elétrico em Situações
Particulares Força Magnética
Capacitância
Energia Potencial de um Condutor Origem do Campo Magnético
Potencial Terra Força Magnética sobre um Fio
Condutor
Campo Magnético Força Magnética sobre uma Espira
Campo Magnético em um Solenoide
Introdução ao Eletromagnetismo Propriedades Magnéticas dos
Ímãs e Magnetos Materiais
Campo Magnético Materiais Ferromagnéticos
Efeito do Campo Magnético sobre Ponto Curie
Cargas Elétricas Eletroímã
Regra da Mão Direita
Efeito Hall
Cargas em Campos Magnéticos
Uniformes
Indução Magnética
Introdução
Fluxo de Indução
Variação do Fluxo
Indução Eletromagnética
Lei de Lenz
Corrente de Foucault
Força Eletromotriz Induzida
Lei de Faraday-Neumann
Transformadores
Física Moderna
Física Quântica Relatividade
Introdução Introdução
Modelo Ondulatório Teoria da Relatividade
Radiação Térmica/Corpo Negro Dilatação do Tempo
Modelo Quântico para Radiações Contração do Comprimento
Eletromagnéticas Massa Relativística
Efeito Fotoelétrico Equivalência entre Massa e Energia
Contradições da Física Clássica ao Energia e Quantidade de Movimento
Efeito Fotoelétrico
Interpretação de Einstein para o
Efeito Fotoelétrico
Dualidade Onda-Partícula
Átomo de Bohr
Introdução à Eletrostática
O filósofo e matemático Tales de Mileto (640-546 a.C.), no século VI a. C, deu início à história da
eletricidade ao verificar que o atrito entre uma resina fóssil, o âmbar, e um tecido ou pele de
animal conferia a essa resina a propriedade de atrair pedaços de palha e penas de aves.
Como no grego o termo utilizado para se referir à palavra âmbar é élektron, dela derivaram as
palavras elétron e eletricidade. Abaixo há uma pedra de âmbar que, na verdade, não se trata
de uma pedra, mas de uma forma cristalinizada, ou petrificada, de seiva vegetal.
Nessa obra, Gilbert deixava claro a diferença entre a atração exercida por materiais eletrizados
por atrito e a atração exercida por ímãs, além de propor um modelo no qual a Terra é considerada
um grande ímã.
William Gilbert
Por volta de 1729, o inglês Stephen Gray (1666-1736) demonstrou que a propriedade de atrair ou
repelir poderia ser transferida de um corpo para outro por meio do contato, e não apenas por
atrito (como se acreditava até então).
Na mesma época, Charles Du Fay (1698-1739) fez uma experiência na qual percebeu que era
possível atrair uma fina folha de ouro com um bastão de vidro atritado e que, se encostasse o
bastão na folha, esta era repelida. Com isso, teve a ideia de que existiam duas espécies de
eletricidade: a eletricidade vítrea e a eletricidade resinosa.
Benjamin Franklin
Hoje, sabemos que um corpo com "excesso" de cargas negativas está eletrizado negativamente.
Já um corpo com "falta" de elétrons, está eletrizado positivamente.
Cargas Elétricas
Toda matéria que conhecemos é formada por moléculas. A matéria constitui-se de átomos, os
quais são compostos por três tipos de partículas elementares: os prótons, os nêutrons e os
elétrons.
Os átomos possuem um núcleo, onde se localizam os prótons e nêutrons, e uma eletrosfera, onde
os elétrons permanecem, em órbita.
Os prótons e nêutrons têm massa praticamente igual, enquanto os elétrons têm massa milhares
de vezes menor. Sendo m a massa dos prótons, podemos representar a massa dos elétrons
como:
Isso quer dizer que a massa dos elétrons é aproximadamente duas mil vezes menor do que a
massa dos prótons. Embora esteja fora de escala, a ilustração abaixo representa um átomo:
As cargas elétricas dos prótons e dos elétrons têm valores absolutos iguais, embora sejam de
sinais opostos. O valor da carga de um próton ou de um elétron é chamado de carga elétrica
elementar e é simbolizado pela letra e.
milicoulomb mC 10-3C
microcoulomb μC 10-6C
nanocoulomb nC 10-9C
picocoulomb pC 10-12C
Eletrização de Corpos
A única modificação que um átomo pode sofrer sem que haja reações de alta liberação e/ou
absorção de energia é a perda ou o ganho de elétrons.
Um corpo é denominado neutro se ele tiver número igual de prótons e de elétrons, sendo,
portanto, um corpo com carga elétrica nula. Analogamente, podemos definir corpos eletrizados
positivamente e negativamente. Um corpo eletrizado negativamente tem maior número de
elétrons do que de prótons e apresenta carga elétrica negativa. Um corpo eletrizado
positivamente tem maior número de prótons do que de elétrons e possui carga elétrica positiva.
Fique atento:
Para que durante os cálculos você não se confunda, lembre-se de que a Física vista no
ensino médio estuda apenas reações elementares e cotidianas, como o movimento dos
elétrons. As reações em que as partículas intranucleares (nêutrons e prótons) podem
ser modificadas são estudadas na parte da ciência conhecida como Física Nuclear, que
costuma ser abordada no nível superior de ensino.
Desse modo, definimos a quantidade de carga elétrica de um corpo (Q) pela relação matemática
apresentada abaixo:
Onde:
n = quantidade de cargas elementares, que é uma grandeza adimensional e tem sempre valor
inteiro (n = 1, 2, 3, 4...);
"Em um sistema isolado, a soma algébrica de todas as cargas elétricas existentes é sempre
constante, ou seja, não ocorrem trocas de cargas elétricas com o meio exterior."
Alguns exemplos de isolantes elétricos são a borracha, o vidro, as resinas, a água (pura), etc. Já
os condutores elétricos são divididos em três grupos:
Posteriormente, o estudo de Tales foi expandido, comprovando que se dois corpos neutros, feitos
de materiais distintos, forem atritados entre si, um deles ficará eletrizado negativamente (ganhará
elétrons) e o outro, positivamente (perderá elétrons). Quando há eletrização por atrito, os dois
corpos ficam com cargas de mesmo módulo, porém, com sinais opostos.
Essa eletrização depende também da natureza do material, por exemplo, atritar um material
negativamente e , positivamente.
Convenientemente, elaborou-se uma lista em dada ordem que, um elemento, ao ser atritado com
o sucessor da lista, fica eletrizado positivamente. Essa lista é chamada série triboelétrica:
Eletrização por Contato
Outro processo capaz de eletrizar um corpo é feito por meio do contato entre eles. Isso significa
que, se dois corpos condutores, sendo pelo menos um deles eletrizado, forem postos em contato,
a carga elétrica tende a se estabilizar, sendo redistribuída entre os dois, deixando ambos com a
mesma carga e o mesmo sinal. O cálculo da carga resultante é dado pela média aritmética entre a
carga dos condutores em contato.
Exemplos:
Ou seja:
Assim:
Um corpo eletrizado, em contato com a terra, será neutralizado, pois se ele tiver falta de elétrons,
estes serão doados pela terra e, se tiver excesso de elétrons, serão descarregados na terra.
Eletrização por Indução Eletrostática
Esse processo de eletrização é totalmente baseado no princípio da atração e repulsão, já que a
eletrização ocorre apenas com a aproximação de um corpo eletrizado (indutor) a um corpo neutro
(induzido). O processo é dividido em três etapas:
Depois, desliga-se o induzido da terra, de modo que a única carga seja a do sinal oposto ao
indutor.
Feito isso, o indutor poderá ser retirado das proximidades. O induzido estará eletrizado com sinal
oposto à carga do indutor e as cargas serão distribuídas por todo o corpo.
Lei de Coulomb
Essa lei, formulada por Charles Augustin de Coulomb, refere-se às forças de interação (atração e
repulsão) entre duas cargas elétricas puntiformes, ou seja, cujas dimensões e massas são
desprezíveis.
Lembrando que, pelo princípio de atração e repulsão, cargas de sinais opostos são atraídas e
cargas de sinais iguais são repelidas, essas forças de interação, portanto, têm intensidades iguais,
independentemente do sentido.
"A intensidade da força elétrica de interação entre cargas puntiformes é diretamente proporcional
ao produto dos módulos de cada carga e inversamente proporcional ao quadrado da distância que
as separa."
Matematicamente:
A expressão acima pode ser substituída por uma igualdade se introduzirmos uma constante k, a
qual depende do meio em que as cargas se encontram. Considerando que essa interação ocorra
no vácuo, o valor de k, denominado constante eletrostática, corresponde a:
Assim, chama-se campo elétrico o campo estabelecido em todos os pontos do espaço sob a
influência de uma carga geradora de intensidade Q, de forma que qualquer carga de prova de
intensidade q fica sujeita a uma força de interação (de atração ou de repulsão) exercida por Q.
Outra definição importante é a de carga de prova, que, para os fins que nos interessam, é
definida como um corpo pontual de carga elétrica conhecida, utilizado para detectar a existência
de um campo elétrico e, em caso afirmativo, a intensidade deste.
Podemos concluir que o campo elétrico descreve o valor da força elétrica que atua por unidade de
carga, para as cargas colocadas em seu espaço de atuação.
Saiba mais
Quando a carga de prova tem sinal negativo (q < 0), os vetores força e campo elétrico
têm a mesma direção, mas sentidos opostos. Quando a carga de prova tem sinal
positivo (q > 0), ambos os vetores têm a mesma direção e o mesmo sentido.
Porém, quando a carga geradora do campo tem sinal positivo (Q > 0), o vetor campo
elétrico tem sentido de afastamento das cargas. Quando possui sinal negativo (Q < 0),
tem sentido de aproximação, não variando com a mudança do sinal das cargas de
provas.
Campo Elétrico de uma Partícula Eletrizada
Quando uma única partícula é responsável por gerar um campo elétrico, este é gerado em um
espaço que a circunda, embora não esteja presente no ponto em que a partícula é encontrada.
Imaginemos que uma partícula eletrizada com carga Q seja colocada em uma determinada região
do espaço, existindo aí um campo elétrico criado por essa carga. Para calcularmos a intensidade
do vetor campo elétrico em um ponto P, situado a uma distância d da carga geradora Q,
imaginemos que há uma carga de prova q nesse ponto. Como vimos, a carga de prova sofre ação
de uma força elétrica que pode ser determinada pela Lei de Coulomb:
Como sabemos determinar o módulo do campo no ponto P, uma vez que já o vimos na definição
de vetor campo elétrico, podemos reescrevê-lo da seguinte forma:
A equação acima possibilita algumas conclusões sobre o módulo do vetor campo elétrico. São
elas:
* a intensidade do campo elétrico decai com o quadrado da distância entre o ponto P e a carga
geradora do campo.
Para tanto, analisaremos, isoladamente, a influência de cada um dos campos gerados sobre um
determinado ponto e, na sequência, faremos a soma vetorial dessas quantidades.
Exemplo:
dado pela soma dos vetores e no ponto P, como é ilustrado na figura a seguir:
Como as duas cargas geradoras do campo têm sinal positivo, cada uma delas gera um campo
divergente (de afastamento). Logo, o vetor campo elétrico resultante terá módulo igual à
diferença entre os valores dos vetores, e a direção e o sentido do maior valor absoluto.
Assim como no exemplo anterior, ambos os campos elétricos gerados são divergentes. No
entanto, como há um ângulo formado entre esses campos, a soma vetorial é calculada pela regra
do paralelogramo, ou seja, traça-se o vetor soma dos dois vetores, obtendo-se, assim, o módulo,
a direção e o sentido do vetor campo elétrico resultante.
Como ambas as cargas que geram o campo têm sinais negativos, cada componente do vetor
campo resultante é convergente, ou seja, tem sentido de aproximação. O módulo, a direção e o
sentido desse vetor são calculados pela regra do paralelogramo, assim como ilustra a figura.
Nesse último exemplo, as cargas que geram o campo resultante têm sinais diferentes; então,
umdos vetores converge em relação à sua carga geradora ( ) e o outro diverge ( ).Assim,
podemos generalizar essa soma vetorial para qualquer número finito de partículas, de modo que:
Linhas de Força
São representações geométricas convencionadas para indicar a presença de campos elétricos,
sendo representadas por linhas, as quais jamais se cruzam, que tangenciam o vetor campo
elétrico resultante em cada ponto.
Por convenção, as linhas de força têm a mesma orientação do vetor campo elétrico. Assim, para
campos gerados por cargas positivas, as linhas de força são divergentes, ou seja, afastam-se das
cargas geradoras do campo. Já os campos gerados por cargas negativas são representados por
linhas de força convergentes, ou seja, que se aproximam das cargas.
Quando trabalhamos com cargas geradoras de dimensões desprezíveis, as linhas de força são
representadas radialmente, como podemos ver abaixo:
Cabe ressaltar uma propriedade importante a respeito da intensidade do campo elétrico: ele será
mais intenso nas regiões de maior densidade de linhas de força, e menos intenso nas regiões de
menor densidade de linhas de força.
Densidade Superficial de Cargas
Um conceito importante referente ao processo de eletrização de condutores é o equilíbrio
eletrostrático, fenômeno em que ocorre a movimentação dos portadores de carga elétrica e a
posterior redistribuição destes na superfície externa do condutor.
Assim, um corpo em equilíbrio eletrostático pode ser caracterizado por sua densidade
superficial média de cargas que, por definição, é expressa matematicamente pela razão
entre a carga elétrica Q e a área de sua superfície A.
Observe que, para cargas negativas, a densidade superficial média de cargas também é negativa,
já que a área sempre é positiva.
Vale salientar que utilizamos o termo "média" para caracterizar a densidade superficial de cargas
porque, dificilmente, as cargas elétricas se distribuem uniformemente por toda a superfície de um
corpo. Desse modo, é possível constatar que o módulo dessa densidade de cargas depende da
geometria do corpo, fenômeno que será detalhado mais adiante.
A densidade superficial de cargas é ainda maior nas regiões pontiagudas, o que lhes confere o
comportamento denominado poder das pontas. Assim, devido à maior concentração de cargas
elétricas, o campo elétrico é maior nas regiões pontiagudas do que nas demais regiões do
condutor.
Esse princípio é aplicado na construção de para-raios, uma vez que, por estar mais intenso, esse
campo elétrico é capaz de ionizar o meio, como, por exemplo, o ar, tornando-o também condutor.
Campo Elétrico Uniforme (CEU)
Dizemos que um campo elétrico é uniforme em uma região quando suas linhas de força são
paralelas e igualmente espaçadas umas das outras. Isso implica que seu vetor campo elétrico ,
nessa região, tenha, em todos os pontos, a mesma intensidade, a mesma direção e o mesmo
sentido.
Uma forma comum para obtermos um campo elétrico uniforme é utilizando duas placas
condutoras planas e iguais. Se as placas forem postas paralelamente, tendo cargas de mesma
intensidade, mas de sinais opostos, o campo elétrico gerado entre elas será uniforme.
* O vetor campo elétrico é nulo nos pontos internos do condutor. Se o campo elétrico não fosse
nulo, surgiriam forças nos portadores de cargas elétricas livres existentes nessas regiões, de modo
que ocorreria o deslocamento dessas cargas de um lado para outro, o que contraria a hipótese
inicial de um condutor em equilíbrio eletrostático.
Lembrando do conceito de energia cinética estudado em Mecânica, sabemos que, para que um
corpo adquira energia cinética, é necessário que haja uma energia potencial armazenada de
alguma forma. Quando essa energia está ligada à atuação de um campo elétrico, é
É possível dizer que a carga geradora produz um campo elétrico que pode ser descrito por uma
grandeza chamada potencial elétrico ou potencial eletrostático.
De forma análoga ao campo elétrico, o potencial pode ser descrito como o quociente entre a
energia potencial elétrica e a carga de prova q. Ou seja:
Logo:
A unidade adotada, no SI, para o potencial elétrico é o volt (V), em homenagem ao físico italiano
Alessandro Volta. O volt designa a razão entre joule e coulomb (J/C).
Quando existe mais de uma partícula eletrizada gerando campos elétricos em um ponto P, sujeito
a todos esses campos, o potencial elétrico é igual à soma de todos os potenciais criados por cada
carga, ou seja:
Equipotenciais
Uma maneira muito utilizada para se representar potenciais é por meio de equipotenciais, que
são linhas ou superfícies perpendiculares às linhas de força e que, portanto, representam um
mesmo potencial. Logo, o potencial assume o mesmo valor algébrico em todos os pontos.
Para o caso particular em que o campo é gerado por apenas uma carga elétrica, essas linhas
equipotenciais são circunferências, já que o valor do potencial diminui uniformemente em função
do aumento da distância.
Vale ressaltar que a representação descrita acima é válida apenas para as representações em
duas dimensões. Caso as representações sejam tridimensionais, as equipotenciais serão
representadas por esferas ocas, o que constitui o chamado "efeito casca de cebola", no qual
quanto mais interna for a casca, maior será o potencial elétrico.
Trabalho da Força Elétrica
O trabalho que uma carga elétrica realiza é análogo àquele realizado por outras forças já
estudadas quando analisamos os fenômenos mecânicos. Para entendermos melhor esse conceito,
consideraremos a seguinte situação:
Imaginemos dois pontos em um campo elétrico. Cada um deles terá energia potencial dada por:
O trabalho realizado entre os dois pontos é dado pela expressão a seguir, já vista em nosso
estudo de Mecânica:
Desse modo, o trabalho realizado pela força elétrica no deslocamento da carga de prova q, para
movê-la de uma equipotencial localizada em um ponto P1, para uma equipotencial localizada em
um ponto P2, pode ser calculado pela equação:
Como:
Lembremos ainda que, conforme vimos no estudo da Mecânica, o trabalho pode ser expresso da
seguinte forma:
Obs.: o valor da ddp deve ser sempre utilizado em módulo, ou seja, em valor absoluto.
Potencial Elétrico em Situações Particulares
A partir de agora, dedicaremos nossa atenção à análise de algumas situações especiais de
potenciais eletrostáticos.
Caso tenhamos uma eletrização positiva, a situação é análoga: os elétrons são retirados de
alguma região, aumentando o potencial desse local. Como resultado disso, os elétrons livres das
regiões mais afastadas começam a se movimentar para a região inicialmente eletrizada. Além
disso, surgem cargas positivas em regiões que estavam, inicialmente, neutras, o que acaba por
diminuir a quantidade de cargas positivas na região eletrizada. Assim como ocorre na eletrização
negativa, aqui, após o condutor atingir o equilíbrio eletrostático, as cargas positivas (ou os
elétrons, no primeiro caso) encontram-se distribuídas na superfície externa do condutor.
Para simplificar os cálculos na determinação desse potencial, supomos que toda a carga elétrica da
esfera esteja concentrada no seu centro. É importante lembrar que esse raciocínio é válido em
função da simetria que esse condutor possui.
Observando essa equação, vemos que o potencial na superfície da esfera é exatamente igual ao
potencial em seus pontos internos. No gráfico abaixo podemos ver o comportamento do potencial
elétrico em função da distância ao centro da esfera eletrizada.
Capacitância
Verificações experimentais demonstram que o potencial adquirido por um condutor elétrico possui
uma relação direta de proporcionalidade com a sua carga elétrica. Em outras palavras, isso quer
dizer que um condutor eletrizado com carga Q apresenta um potencial V; por conseguinte, se for
eletrizado por uma carga 2Q, seu potencial elétrico será de 2 V.
(I)
E, portanto:
(II)
Uma vez definida a geometria do condutor, nesse caso, esférica, verificamos claramente na
equação acima que a capacitância depende diretamente do tamanho do raio da esfera.
Energia Potencial Eletrostática de um Condutor
Já sabemos que para eletrizar negativamente um condutor neutro, é necessário fornecer elétrons
a ele. Entretanto, para adicionar uma nova carga elétrica negativa, é preciso vencer as forças
repulsivas exercidas pelos elétrons já existentes. Isso quer dizer que será necessário realizar um
trabalho eletrostático contra as forças de repulsão, o qual estará armazenado no condutor sob a
forma de energia potencial eletrostática (ou elétrica).
Como:
Exemplo:
Determine a energia potencial elétrica de um condutor que foi eletrizado por uma carga de 8 µC e
que possui uma capacitância de 5 nF.
Potencial Terra
Nossa atmosfera ioniza, permanentemente, raios cósmicos e radiações ultravioleta existentes na
crosta. O resultado disso é a predominância de cargas positivas, cujo valor é estimado em
6x105 C. Já na superfície terreste, há uma distribuição de cargas negativas de mesmo módulo.
Essas distribuições de carga (da crosta e da atmosfera) conferem, em determinado ponto da terra,
um potencial que, a rigor, é negativo. No entanto, costumamos atribuir valor zero a esse
potencial, uma vez que o utilizamos como referência.
Nas residências, por exemplo, é feito um aterramento da caixa de entrada de energia elétrica para
evitar que os moradores sofram choques elétricos. Abaixo, podemos ver uma representação
esquemática de um aterramento feito em um corpo qualquer.
Introdução ao Magnetismo
Ao estudarmos a Eletrodinâmica, analisamos situações em que as cargas elétricas encontravam-se
em movimento ordenado, produzindo corrente elétrica, e os efeitos produzidos por elas em
condutores. A partir de agora, concentraremos nossa atenção no estudo do Eletromagnetismo,
mais especificamente, no Magnetismo.
O termo magnetismo originou-se na Grécia Antiga, pois foi na cidade de Magnésia que se
encontrou um minério de ferro capaz de atrair objetos de ferro. Esse minério ficou conhecido
por magnetita.
Um ímã natural é feito de minerais com substâncias magnéticas, como, por exemplo, a
magnetita. Já um ímã artificial é feito de um material sem propriedades magnéticas, mas que
pode adquirir permanente ou instantaneamente características de um ímã natural.
• ímã temporal: tem propriedades magnéticas apenas enquanto se encontra sob ação de
outro campo magnético. Os materiais que possibilitam esse tipo de processo são
chamados de paramagnéticos.
• eletroímã: dispositivo composto por um condutor (por onde circula corrente elétrica) e
um núcleo (normalmente de ferro). Suas características dependem da passagem de
corrente pelo condutor; ao cessar a passagem de corrente, cessa também a existência do
campo magnético.
Polos Magnéticos
São as regiões onde se intensificam as ações magnéticas. Um ímã é composto por dois polos
magnéticos, norte e sul, normalmente localizados em suas extremidades, exceto quando o ímã é
em forma de disco. Por essa razão, são chamados de dipolos magnéticos.
Para determinarmos os polos, devemos suspender o ímã pelo centro de massa, de forma que se
alinhe, aproximadamente, na direção Norte-Sul geográfica do local. Dessa forma, o polo norte
magnético deverá apontar para o polo norte geográfico, e o polo sul magnético, para o polo sul
geográfico.
Atração e Repulsão
Ao manusear dois ímãs, percebemos, claramente, que existem duas formas de posicioná-los de
modo que sejam repelidos, e duas formas para que sejam atraídos. Isso se deve ao fato de que
polos com mesmo nome se repelem, mas polos com nomes diferentes se atraem, como podemos
verificar nas figuras abaixo:
Essa propriedade leva-nos a concluir que os polos Norte e Sul geográficos não coincidem com os
polos norte e sul magnéticos. Na verdade, eles se encontram em pontos praticamente opostos,
como mostra a figura a seguir.
A inclinação dos eixos magnéticos em relação aos eixos geográficos é de aproximadamente
191°, de modo que os polos magnéticos são praticamente invertidos em relação aos polos
geográficos.
Essa propriedade garante que é impossível separar os polos magnéticos de um ímã, já que toda
vez que ele for dividido serão obtidos novos polos. Por isso, dizemos que qualquer novo pedaço
continuará sendo um dipolo magnético.
Campo Magnético
É a região próxima a um ímã que influencia outros ímãs ou materiais ferromagnéticos e
paramagnéticos, como cobalto e ferro. Comparando o campo magnético com o campo
gravitacional ou com o campo elétrico, veremos que todos têm características equivalentes.
Também é possível definir um vetor que descreva o campo magnético, denominado vetor
indução magnética, simbolizado por . Se pudermos colocar uma pequena bússola em um ponto
sob ação do campo, o vetor terá a direção da reta em que a agulha se alinha e sentido para
onde aponta o polo norte magnético da agulha.
Se pudermos traçar todos os pontos em que houver um vetor indução magnética associado,
teremos as linhas de indução do campo magnético. Essas linhas são orientadas do polo norte
em direção ao sul e, em cada ponto, o vetor as tangencia.
As linhas de indução existem, também, no interior do ímã. Logo, são linhas fechadas cuja
orientação interna ocorre do polo sul ao polo norte. Assim como as linhas de força, as linhas de
indução não podem se cruzar e são mais densas onde o campo é mais intenso.
Campo Magnético Uniforme e Constante
De maneira análoga ao campo elétrico uniforme, o campo magnético uniforme é definido como
o campo, ou a parte dele, onde o vetor indução magnética é igual em todos os pontos. Em
outras palavras, o campo magnético deve ter o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo
sentido. Assim, sua representação por meio de linha de indução é feita por linhas paralelas e
igualmente espaçadas.
Observação: a parte interna dos ímãs em forma de U aproxima um campo magnético uniforme.
Efeitos do Campo Magnético sobre Cargas Elétricas
Como os elétrons e os prótons possuem características magnéticas, ao serem expostos a campos
Sempre que uma carga se movimenta na mesma direção do campo magnético, sendo no mesmo
sentido ou no sentido contrário, nenhuma força eletromagnética atua sobre ela. Um exemplo disso
é uma carga que se movimenta entre os polos de um ímã. A validade dessa afirmação é
assegurada, independentemente do sinal da carga estudada.
Carga Elétrica com Velocidade em Direção Diferente do Campo
Quando uma carga com velocidade é abandonada nas proximidades de um campo magnético
estacionário, sendo a direção da velocidade diferente da direção do campo, este interage com a
carga. Essa força de interação é dada pelo produto entre os dois vetores, e , e resultará em
um terceiro vetor, perpendicular a ambos. Esse procedimento é denominado produto vetorial.
Podemos dividir esse estudo em dois casos particulares: o primeiro deles refere-se a uma carga
que se move em direção perpendicular ao campo, e o segundo, ocorre quando a direção do
movimento é qualquer (exceto igual à do campo).
(I)
A unidade adotada para a intensidade do campo magnético é o tesla (T), que denomina a razão
(II)
Assim como os demais tipos de força já estudados, a força magnética é medida em newtons (N).
Como citado anteriormente, o caso em que a carga tem movimento perpendicular ao campo é
apenas uma peculiaridade de interação entre carga e campo magnético. Para os demais casos, a
• se v = 0, então F = 0.
• se = 0° ou 180°, então sen = 0 e, portanto, F = 0.
Com a mão aberta, apontamos o polegar no sentido do vetor velocidade e os demais dedos na
direção do vetor campo magnético.
Para cargas positivas, o vetor terá a direção de uma linha que atravessa a mão, e o sentido
será o de um vetor que sai da palma da mão.
Para cargas negativas, o vetor terá a direção de uma linha que atravessa a mão, e o sentido
será o de um vetor que sai do dorso da mão, isto é, o vetor que "entra" na palma da mão.
Na figura abaixo, podemos observar uma esquematização da regra da mão direita para uma carga
positiva.
Efeito Hall
Em 1879, durante experiências feitas para medir diretamente o sinal dos portadores de carga em
um condutor, Edwin H. Hall percebeu um fenômeno peculiar.
Na época já se sabia que, quando o fio percorrido por corrente elétrica é exposto a um campo
magnético, as cargas presentes nesse condutor são submetidas a uma força que faz alterar seu
movimento.
No entanto, o que Hall descreveu foi o surgimento de regiões com carga negativa e regiões com
carga positiva no condutor, criando um campo magnético perpendicular ao campo gerado pela
corrente principal.
Se a partícula for lançada na mesma direção do campo magnético, ou seja, paralelamente (ou
antiparalelamente) ao campo, a força magnética será nula, já que, como vimos, a força magnética
depende de sen θ, e sen 0º = sen 180º = 0.
Desse modo, a partícula realizará um movimento retilíneo uniforme (MRU), como está
ilustrado na figura.
Suponhamos que uma partícula, com carga positiva q e massa m, seja lançada
perpendicularmente em um campo magnético uniforme e constante, conforme indicado na figura.
Assim, a força magnética será uma força centrípeta, e o ângulo entre os vetores campo magnético
e velocidade será 90º. Substituindo esse resultado na equação da força magnética, temos:
Como todos os parâmetros da equação acima são constantes, é possível afirmar que o raio da
trajetória da partícula será igual em todos os pontos. Isso quer dizer que a trajetória é uma
circunferência, indicando, portanto, um movimento circular uniforme (MCU).
Por fim:
De acordo com a equação acima, concluímos que o período do movimento não depende da
velocidade da partícula, tampouco do raio da trajetória descrita por ela.
Introdução à Indução Eletromagnética
Após constatarem que correntes elétricas podiam criar campos magnéticos, os cientistas passaram
a verificar se o fenômeno inverso também ocorria, isto é, se os campos magnéticos eram capazes
de criar correntes elétricas. Foi então que, em 1831, Michael Faraday conseguiu provar que o
fenômeno inverso também era possível. Esse fenômeno, denominado indução eletromagnética,
é responsável pelo funcionamento dos geradores de energia elétrica.
Além dos geradores elétricos, os captadores de som das guitarras, os microfones dinâmicos, entre
outros, são o exemplos de aplicação da indução eletromagnética.
Fluxo de Indução
Para entendermos o que é e como se origina a indução magnética, é necessário definirmos uma
grandeza física chamada fluxo de indução magnética ou fluxo magnético. Essa grandeza é
vetorial, sendo simbolizada pela letra grega Φ.
Mesmo que haja fluxo de indução magnética sobre qualquer corpo, independente da forma ou do
material do qual ele seja feito, iremos defini-lo apenas para o caso particular de uma superfície
plana de área superficial A, estando a área delimitada por uma espira imersa em um campo
magnético uniforme, conforme a figura abaixo:
Assim, podemos escrever o fluxo de indução magnética como o produto do vetor indução
magnética (campo magnético) pela área da superfície A e pelo cosseno do ângulo θ, formado
A unidade adotada pelo SI para medir a intensidade do fluxo de indução magnética é o weber
(Wb), em homenagem ao físico alemão Wilhelm Weber. Essa unidade caracteriza o produto tesla-
metro quadrado (T.m²).
É possível também associar o fluxo de indução magnética à quantidade de linhas de indução que
atravessam a superfície em forma de espira. Desse modo:
Se a intensidade do vetor indução magnética e a área são valores constantes, e apenas o ângulo
θ é livre para variar, é possível montarmos um gráfico de Φxθ, onde veremos uma senoide
Assim, é possível inferir que o campo magnético em um ímã qualquer é mais intenso nas
proximidades de seus polos, já que as linhas de indução são mais concentradas nesses pontos.
Uma forma de fazer Φ variar é aproximar ou afastar a superfície da fonte magnética, variando a
Como o campo magnético uniforme é bem delimitado, é possível variar o fluxo de indução
magnética movimentando-se a superfície perpendicularmente ao campo, entre a parte sob e fora
de sua influência. Dessa forma, a área efetiva por onde há fluxo magnético varia.
Ainda é possível variar Φ fazendo variar o ângulo entre a reta normal à superfície e o vetor .
Uma maneira prática e, possivelmente, a mais utilizada para se gerar indução magnética é fazer
girar a superfície por onde o fluxo passa, ou seja, fazendo o ângulo θ variar.
ndução Eletromagnética
Quando uma área delimitada por um condutor sofre variação de fluxo de indução magnética,
surge entre seus terminais uma força eletromotriz (f.e.m) ou tensão. Se os terminais
estiverem ligados a um aparelho elétrico ou a um medidor de corrente, essa força eletromotriz irá
gerar corrente elétrica, denominada corrente induzida. Esse fenômeno é chamado de indução
eletromagnética, pois é causado por um campo magnético e gera correntes elétricas. A corrente
induzida só existe enquanto há variação do fluxo, denominado fluxo indutor.
Indutores
São dispositivos elétricos capazes de armazenar energia na forma de campo magnético.
Geralmente, essa energia é armazenada por meio da combinação de vários loops da corrente
elétrica.
Nos circuitos, os indutores costumam ser empregados como filtros "passa-baixa", ou seja,
funcionam como dispositivos que rejeitam altas frequências. São construídos com uma bobina de
material condutor, como, por exemplo, fios de cobre.
Ainda é possível medir a energia armazenada em um indutor, que igual à quantidade de trabalho
necessária para estabelecer o fluxo de corrente através dele. Essa energia é dada por:
Imaginemos uma espira posta no plano da página. Se a submetermos a um fluxo magnético que
tem direção perpendicular à página e com sentido de entrada na folha, poderemos ter as
seguintes situações:
Corrente de Foucault
Quando um fluxo magnético varia através de uma superfície sólida, e não apenas delimitada por
um condutor (como foi visto em indução eletromagnética), há a criação de uma corrente induzida
sobre a corrente sólida, como se toda a superfície fosse composta por uma combinação de espiras
muito finas justapostas.O nome dado a esse tipo de corrente, a saber, corrente de Foucault,
trata-se de uma homenagem ao físico e astrônomo francês Jean Bernard Léon Foucault, que foi o
pioneiro a demonstrá-la.Devido às dimensões consideráveis, a superfície sofre dissipação de
energia por efeito Joule, causando grande aumento de temperatura, o que torna possível utilizar
essas correntes como aquecedores. Um exemplo de aplicação desse conceito ocorre no forno de
indução (ver figura), que tem a passagem de correntes de Foucault como princípio de
funcionamento.
Basicamente, um forno de indução é composto por uma bobina percorrida por corrente alternada.
A bobina envolve um recipiente no qual são colocadas as peças metálicas que desejamos fundir.
fluxo variável, portanto, é produzido pela corrente alternada que atravessa os componentes,
induzindo correntes de Foucault.
Em circuitos eletrônicos, onde a dissipação por efeito Joule é altamente indesejável, uma vez que
pode danificar seus componentes, é frequente a utilização de materiais laminados ou formados por
pequenas placas isoladas entre si, a fim de diminuir as perdas por dissipação de energia.
Força Eletromotriz Induzida
Consideremos que um fio condutor retilíneo, cujo comprimento é l, atravesse um campo
magnético uniforme com velocidade de módulo v. No intuito de simplificar o raciocínio, iremos
considerar que todos os ângulos envolvidos são retos, conforme a figura abaixo.
Desse modo, os portadores de carga do condutor estarão sujeitos à ação de uma força magnética
cujo módulo é dado pelo produto qvB, a qual atua na direção do condutor.
A força magnética em questão tende a realizar um trabalho sobre os portadores de carga, fazendo
surgir uma força eletromotriz induzida nas extermidades do condutor. A intensidade dessa f.e.m
induzida é dada pela seguinte expressão matemática:
Onde:
l = comprimento do condutor;
De acordo com a equação acima, a força eletromotriz induzida é função do módulo da velocidade;
logo, se a velocidade variar, a f.e.m também varia.
Lei de Faraday-Neumann
Também chamada de lei da indução magnética, sendo elaborada a partir de contribuições de
Michael Faraday, Franz Ernst Neumann e Heinrich Lenz, entre 1831 e 1845, essa lei quantifica a
indução eletromagnética.
O sinal negativo da expressão é uma consequência da Lei de Lenz, a qual diz que a corrente
induzida tem sentido tal que gera um fluxo induzido oposto ao fluxo indutor.
Exemplo:
Do instante t1= 1,0 s ao instante t2= 1,2 s, o fluxo de indução eletromagnética através de uma
espira variou de Φ1= 2,0 Wb para Φ2= 8,0 Wb. Determine a força eletromotriz média induzida na
espira nesse intervalo de tempo.
Solução:
Onde:
• = tensão no primário;
• = tensão no secundário;
Analogamente, quando o número de espiras do secundário for maior que o número de espiras do
primário, teremos um transformador que aumenta a tensão, ou seja, um elevador de tensão.
Se considerarmos que toda a energia é conservada, a potência no primário deverá ser exatamente
igual à potência no secundário. Desse modo:
Introdução à Eletrodinâmica
Até o momento, ao estudarmos a Eletrostástica, nos detemos a observar o comportamento de
condutores em equilíbrio eletrostático, ou seja, condutores nos quais os portadores de carga não
se moviam em nenhum sentido preferencial. Nesse caso, portanto, o único movimento possível
para esses portadores de carga é a agitação térmica — movimento desordenado, sem direção e
sentido privilegiados.
É importante salientar o porquê de todas as direções e sentidos serem possíveis: como o campo
elétrico no interior de um condutor em equilíbrio eletrostático é nulo, o potencial elétrostático é o
mesmo em todos os pontos, o que significa que não há diferença de potencial entre quaisquer dois
pontos do condutor.
A Eletrodinâmica, ramo da Física que estuda as correntes elétricas, suas causas e seus efeitos,
será nosso objeto de estudo nos próximos tópicos.
Temos conhecimento da importância das correntes elétricas no mundo moderno, já que são
fundamentais para o funcionamento de eletrodomésticos e computadores, por exemplo, além de
terem importante papel nos sistemas de iluminação em residências. Sabemo também dos danos
que as correntes elétricas podem causar, como os choques elétricos, ou até mesmo as eventuais
correntes excessivas que danificam e, por vezes, destroem nossos aparelhos eletrodomésticos.
Os raios que observamos e os trovões que ouvimos durante as tempestades são resultado de
intensas correntes elétricas na atmosfera.
Corrente Elétrica
A partir de agora, deixaremos de estudar situações em que as partículas eletricamente carregadas
estão em equilíbrio eletrostático e passaremos às situações em que há deslocamento dessas
cargas para direção e sentido determinados. Esse deslocamento ordenado de portadores de cargas
é o que chamamos de corrente elétrica.
A corrente elétrica é causada por uma diferença de potencial (ddp) e pode ser explicada pelo
conceito de campo elétrico. Para tanto, consideremos duas cargas, uma positiva (A) e outra
negativa (B). Há, portanto, um campo orientado da carga A para a carga B. Ao ligarmos um fio
condutor entre essas cargas, os elétrons livres tendem a se deslocar no sentido da carga positiva,
uma vez que possuem cargas negativas, seguindo a máxima "cargas de sinais opostos de
atraem".
Desse modo, cria-se uma corrente elétrica no fio, com sentido oposto ao do campo elétrico,
denominado sentido real da corrente elétrica. No entanto, convencionou-se que a corrente
tenha o mesmo sentido do campo elétrico, o que não altera em nada seus efeitos (exceção para o
fenômeno chamado Efeito Hall). Assim, tem-se o sentido convencional da corrente.
A intensidade da corrente elétrica (i) pode ser calculada se considerarmos o módulo da carga
elétrica que atravessa a secção transversal de um condutor em determinado intervalo de tempo.
Matematicamente:
Como consequência disso, caso haja "opções de caminho" em um condutor, como, por exemplo,
uma bifurcação do fio, a corrente anterior a ela será igual à soma das correntes em cada parte
dessa bifurcação, ou seja:
Resistência Elétrica
Ao aplicar-se uma tensão U em um condutor qualquer, estabelece-se nele uma corrente elétrica
de intensidade i. Para a maior parte dos condutores, essas duas grandezas são diretamente
proporcionais, ou seja, conforme uma aumenta, o mesmo ocorre a outra.
Dessa forma:
Graficamente, isso significa que, para todos os condutores ôhmicos, a dependência entre a d.d.p e
a corrente elétrica será sempre linear, dentro de um intervalo de tensão, obviamente.
A resistência elétrica também pode ser caracterizada como a "dificuldade" encontrada para que
haja passagem de corrente elétrica por um condutor submetido a uma determinada tensão. No SI,
a unidade adotada para esta grandeza é o ohm (Ω), em homenagem ao físico alemão Georg
Simon Ohm.
Costuma-se definir, também, uma grandeza chamada condutância elétrica (G) como sendo a
facilidade que uma corrente tem em passar por um condutor submetido à determinada tensão.
Essa grandeza é, portanto, o inverso da resistência elétrica:
A unidade de condutância elétrica adotada pelo SI é o siemens (S), onde:
Com certa frequência, observamos o emprego dos múltiplos da unidade ohm. Os mais utilizados
são:
Onde:
L = comprimento do condutor;
Em outras palavras, pela equação acima, podemos observar que a resistência elétrica de um
condutor é diretamente proporcional ao seu comprimento, inversamente proporcional a sua área
de seção transversal, além de depender do tipo de material do qual ele foi fabricado, grandeza
chamada de resistividade elétrica, característica intrínseca do condutor.
Assim como definimos a condutância elétrica quando estudamos a Primeira Lei de Ohm, aqui
podemos definir a condutividade elétrica de um material, simbolizada por σ e definida,
matematicamente, pelo inverso da resistividade:
No SI, a unidade para a condutividade elétrica é o siemens por metro, simbolizado por S/m, como
podemos ver abaixo:
Resistores
São peças utilizadas em circuitos elétricos que têm como principal função converter energia
elétrica em energia térmica, ou seja, os resistores são usados como aquecedores ou como
dissipadores de eletricidade.
Alguns exemplos de resistores utilizados no nosso cotidiano são o filamento de uma lâmpada
incandescente, o aquecedor de um chuveiro elétrico, os filamentos que são aquecidos em uma
estufa, entre outros.
Vale salientar que nem todos os resistores possuem comportamento ôhmico, ou seja, nem todos
apresentam uma dependência linear entre a ddp e a corrente. Portanto, nos deteremos à análise
apenas de casos em que os resistores são condutores ôhmicos.
Associação em Série
Associar resistores em série significa ligá-los em um único trajeto. Simplificadamente, podemos
dizer que é como se todos os elementos estivessem "de mãos dadas", ligados sequencialmente. A
figura abaixo exemplifica essa situação.
Como existe apenas um caminho para a passagem da corrente elétrica, ela se mantém inalterada
por toda a extensão do circuito. Já a diferença de potencial nos terminais de cada resistor irá
variar conforme a resistência de cada um, de modo que a Primeira Lei de Ohm seja obedecida.
Assim:
Essa relação também pode ser obtida pela análise do circuito abaixo:
Sendo assim, a diferença de potencial entre os pontos inicial e final do circuito é igual à:
Analisando a expressão acima e tendo em vista que a tensão total e a intensidade da corrente são
mantidas, é possível concluir que a resistência total, ou resistência equivalente, será dada
por:
Como mostra a figura, a intensidade total de corrente do circuito é igual à soma das intensidades
medidas sobre cada resistor. Assim:
Associação Mista
Uma associação mista de resistores consiste na combinação, em um mesmo circuito, de
associações em série e em paralelo, conforme a figura abaixo:
Em cada parte do circuito, a tensão (U) e intensidade da corrente serão calculadas com base no
que se conhece sobre circuitos série e paralelos. Para facilitar os cálculos, recomenda-se reduzir
ou redesenhar os circuitos, utilizando-se resistores resultantes para cada parte.
Exemplo: Dada a configuração abaixo e os dados das resistências de cada componente, encontre
a resistência equivalente do circuito.
Geradores de Corrente Elétrica
A corrente elétrica sempre existe enquanto há diferença de potencial entre dois corpos ligados por
um condutor, por exemplo. Porém, ela tem pequena duração quando esses corpos são eletrizados
pelos métodos vistos em Eletrostática, uma vez que entram rapidamente em equilíbrio.
A forma encontrada para que haja uma diferença de potencial mais duradoura é a criação
de geradores elétricos, os quais são construídos de modo que essa ddp ocorra por um intervalo
de tempo maior.
Um gerador elétrico é representado, geralmente, por duas barras paralelas, uma maior e outra
menor, indicando que a corrente flui do menor potencial (polo negativo) para o maior potencial
(polo positivo). Além disso, está associada ao gerador uma resistência à passagem de corrente
elétrica que é intrínseca a ele, chamada de resistência interna.
Na figura abaixo, há uma representação esquemática dos geradores utilizados nos circuitos
elétricos que estudaremos mais adiante.
Equação do Gerador
Observando a figura acima, percebemos que há uma grandeza que ainda não definimos, e que é
simbolizada pela letra grega ε, a força eletromotriz (f.e.m). Na verdade, não se trata
exatamente de uma força, e sim de uma diferença de potencial, uma energia responsável pela
movimentação dos elétrons de forma ordenada.
Como o gerador possui uma resistência intrínseca a ele, há uma queda de potencial quando a
corrente elétrica atravessa a resistência interna, de modo que a tensão entre dois terminais sofre
uma redução. A chamada equação do gerador torna mais claro esse raciocínio.
Matematicamente:
Caso os valores de ε e r sejam constantes, a equação do gerador pode ser entendida como uma
função linear de U e i. Desse modo, podemos representar essas grandezas em um gráfico, cujo
segmento de reta é chamado de curva característica do gerador.
O gráfico acima possibilita duas conclusões:
- A diferença de potencial máxima fornecida pelo gerador é igual à força eletromotriz quando não
há corrente elétrica circulando entre seus terminais. Nesse caso, temos um circuito aberto.
- Quando a corrente atinge a intensidade máxima, a ddp nos terminais do gerador é nula. Nesse
caso, a corrente elétrica é chamada de corrente de curto-circuito (icc) e pode ser obtida, na
prática, quando conectamos terminais diretamente com o auxílio de um fio condutor. A expressão
matemática para a icc é dada por:
Gerador Ideal
Em alguns casos, o valor da resistência interna do gerador é extremamente pequeno, podendo ser
desprezado. Dessa forma, a representação do gerador passa a ser a apresentada na ilustração
abaixo:
Tipos de Geradores
Existem diversos tipos de geradores elétricos, que são caracterizados por seu princípio de
funcionamento. Os mais comuns estão listados a seguir:
Geradores Luminosos
Geradores Mecânicos
São os geradores mais comuns e com maior capacidade de criação de energia. Transformam
energia mecânica em energia elétrica, principalmente por meio do magnetismo. É o caso dos
geradores encontrados em usinas hidrelétricas, termoelétricas e termonucleares.
Geradores Químicos
São capazes de converter energia potencial química em energia elétrica (contínua, apenas). Esse
tipo de gerador é encontrado sob a forma de pilhas e baterias.
Geradores Térmicos
São aqueles capazes de converter energia térmica em energia elétrica diretamente, fenômeno
conhecido como efeito termoelétrico. Os termopares são exemplos de geradores térmicos.
Associação de Geradores
Quando associados dois ou mais geradores, como pilhas, por exemplo, a tensão e a corrente se
comportam da mesma forma como nas associações de resistores.
Associação em Série
Em uma associação de geradores em série, as resistências internas e as forças eletromotrizes são
somadas, conforme podemos observar na figura. Desse modo, tanto a força eletromotriz total
quanto a resistência interna total serão dadas pelo somatório das contribuições de cada grandeza.
Já a corrente elétrica será a mesma em todos os componentes, uma vez que não há bifurcações
no caminho.
Associação em Paralelo
Em uma associação de geradores em paralelo, a resistência interna total deverá ser calculada pelo
método apresentado quando estudamos associações de resistores em paralelo. Enquanto isso, a
força eletromotriz total será similar a uma média ponderada das contribuições dessas
quantidades. Por último, a corrente elétrica será dividida de acordo com os nós do circuito, de
modo que a corrente total será a soma das contribuições individuais em cada caminho.
Circuitos Elétricos Simples
Recebe o nome de circuito elétrico o caminho completo no qual se pode estabelecer uma
corrente elétrica. A parte do circuito elétrico que se encontra fora do gerador é chamada
de circuito externo.
A corrente elétrica no circuito externo fluirá sempre do polo positivo para o negativo, não
importando o tipo de condutor que estiver ligado ao gerador. Isso implica que, no gerador, a
corrente fluirá do polo negativo para o positivo.
Resistor
Dispositivo responsável por dificultar a passagem da corrente elétrica e por transformar energia
elétrica em energia térmica por efeito Joule (esse efeito será explicado mais adiante). O material
mais comum utilizado na fabricação de resistores é o carbono. Na figura abaixo, podemos rever a
representação de um resistor em um circuito elétrico:
Gerador Elétrico
Mecanismo que transforma energia mecânica, química, ou outra forma de energia em energia
elétrica. Em outras palavras, o gerador é o agente que abastece o circuito, uma vez que fornece
energia às cargas que o atravessam. Abaixo podemos rever como simbolizamos um gerador
elétrico em um circuito, acompanhado de sua resistência interna, intrínseca a ele.
Fios Condutores
Elementos que tornam possível a passagem de corrente elétrica em um caminho fechado. Admite-
se que são ideais, portanto, suas resistências elétricas são desprezíveis. Além disso, são
representados por linhas retas nos circuitos elétricos.
Esquema de um Circuito Elétrico Simples
Os circuitos elétricos simples possuem a seguinte configuração:
Ao percorrermos o circuito da figura acima, podemos obter uma equação que descreve o
comportamento dos circuitos simples, os quais são compostos apenas por uma bateria com
resistência interna, um resistor e fios condutores. A equação em questão é a seguinte:
É importante esclarecer por que a primeira equação foi igualada a zero. A explicação está
relacionada às Leis de Kirchhoff, que regem o comportamento de circuitos elétricos.
A Primeira Lei de Kirchhoff, conhecida como Lei dos Nós, é uma consequência imediata
do Princípio de Conservação da Carga:
A Segunda Lei de Kirchhoff, conhecida como Lei das Malhas, é uma consequência do Princípio
de Conservação de Energia:
"A soma algébrica das variações de potencial elétrico em uma malha (caminho fechado percorrido
por corrente) é nula."
Corrente Contínua e Alternada
Se considerarmos um gráfico i x t (intensidade de corrente elétrica em função do tempo),
podemos classificar a corrente conforme a curva encontrada. Há dois tipos de corrente elétrica:
contínua e alternada.
Corrente Contínua
Uma corrente é considerada contínua quando não altera seu sentido, ou seja, é sempre positiva
ou sempre negativa.
A maior parte dos circuitos eletrônicos trabalha com corrente contínua, embora nem todos tenham
o mesmo "rendimento".
Quanto ao seu comportamenteo no gráfico i x t, a corrente contínua pode ser classificada como:
Dizemos que uma corrente contínua é constante quando seu gráfico é dado por um segmento de
reta contínuo, ou seja, não variável. Esse comportamento de corrente é comumente encontrado
em pilhas e baterias.
Embora não altere seu sentido, a corrente contínua pulsante passa periodicamente por variações,
não sendo necessariamente constante entre duas medidas em diferentes intervalos de tempo.
Esse comportamento de corrente geralmente é encontrado em circuitos retificadores de corrente
alternada.
Corrente Alternada
Dependendo da forma como é gerada a corrente, esta é invertida periodicamente, ou seja, ora é
positiva e ora é negativa, de modo que os elétrons executam movimentos de vai e vem. Esse tipo
de corrente é o que encontramos quando medimos a corrente na rede elétrica residencial.
Efeito Joule
A corrente elétrica é o resultado da movimentação ordenada de ânions, cátions ou elétrons livres.
Ao existir corrente elétrica, as partículas que estão em movimento acabam colidindo com as
outras partes do condutor que se encontra em repouso, causando uma excitação que, por sua vez,
irá gerar um efeito de aquecimento. A esse efeito damos o nome de efeito Joule.
O aquecimento no fio pode ser medido pela Lei de Joule, que é matematicamente expressa por:
Onde:
R = resistência do condutor;
A relação acima é válida desde que a intensidade da corrente seja constante durante o intervalo
de tempo considerado.
Para ilustrar melhor algumas aplicações do efeito Joule, consideraremos duas situações. A
primeira delas é o filamento incandescente de uma lâmpada, o qual é aquecido graças à conversão
de energia potencial elétrica em energia térmica.
Um segundo exemplo de aplicação do efeito Joule é o aquecedor elétrico, no qual ocorre a mesma
conversão de energia do que no caso anterior. É esse efeito que nos proporciona a sensação de
que os ambientes estão mais aquecidos, ou melhor, em temperaturas mais altas.
Potência Elétrica
A potência elétrica dissipada por um condutor é definida como a quantidade de energia térmica
que passa por ele durante determinado intervalo de tempo.
A unidade utilizada para energia é o watt (W), que designa joule por segundo (J/s).
Então:
Logo:
Exemplo:
Qual a corrente elétrica que passa em uma lâmpada de 60 W em uma cidade onde a tensão na
rede elétrica é de 220 V?
Para calcular esse consumo, basta que saibamos a potência do aparelho e o tempo de utilização
dele, ou seja, o tempo que ele estiver em funcionamento. Assim, se quisermos estimar a
quantidade de energia gasta por um chuveiro de 5500 W ligado durante 15 minutos, teremos de
fazer o seguinte cálculo:
O cálculo acima demonstra que, nesse caso, o joule (J) não é uma unidade eficiente, já que se
refere à utilização do aparelho apenas em um banho de 15 minutos. Imagine o consumo desse
chuveiro em uma residência com quatro moradores que tomam banhos de 15 minutos todos os
dias do mês: para que a energia gasta seja compreendida de forma mais prática, podemos definir
outra unidade de medida, que embora não seja adotada no SI, é mais conveniente. Essa unidade
é o quilowatt-hora (kWh).
Para calcularmos o consumo do chuveiro nessa nova unidade, consideraremos sua potência em
kW e o seu tempo de uso em horas. Assim:
O mais interessante em adotar essa unidade é que, se soubermos o preço cobrado por kWh,
poderemos calcular quanto será gasto em dinheiro nesse consumo. Exemplo: Considere que em
sua cidade a companhia de energia elétrica tenha uma tarifa de 0,300710 R$/kWh. Desse modo, o
consumo de um chuveiro elétrico de 5500 W, ligado durante 15 minutos será:
Se considerarmos o caso da família de quatro pessoas que utiliza o chuveiro diariamente durante
15 minutos, o custo mensal da energia gasta será:
Capacitores
Em circuitos eletrônicos, alguns componentes necessitam que haja alimentação em corrente
contínua, enquanto a fonte está ligada em corrente alternada. Esse problema pode ser facilmente
resolvido com a inserção de um capacitor no circuito.
É importante mencionar que já havíamos feito uma análise dos capacitores e dos conceitos afins,
embora com uma abordagem do ponto de vista da Eletrostática. A partir de agora, abordaremos
conceitos relacionados, porém, utilizando as definições estudadas pela Eletrodinâmica.
Assim, capacitores são dispositivos capazes de armazenar energia potencial elétrica durante um
intervalo de tempo. Neles, utiliza-se um campo elétrico uniforme. Um capacitor é composto por
duas peças condutoras chamadas armaduras e um material isolante com propriedades
específicas, chamado dielétrico.
Capacitores Planos
Nesse caso, as armaduras são duas placas planas condutoras.
Capacitores Cilíndricos
As armaduras são dois condutores cilíndricos coaxiais, ou seja, cujos eixos são coincidentes.
Capacitância
É a capacidade de um condutor armazenar cargas elétricas quando submetido a uma diferença de
potencial.
Por uma simples análise de proporcionalidade entre as grandezas, vemos facilmente que, para
uma mesma ddp, a capacitância será tanto maior quanto maior for a carga armazenada no
capacitor.
A unidade, no SI, para a capacitância é o farad (F). Entretanto, por tratar-se de uma quantidade
muito grande, costumamos utilizar os submúltiplos dessa grandeza, analogamente ao que é feito
com o coulomb. Portanto, o mais comum é encontrarmos capacitâncias expressas em milifarad,
microfarad, nanofarad e picofarad.
Vale salientar que a capacitância é uma grandeza característica de cada capacitor, de modo que
depende de sua forma geométrica, de suas dimensões e do dielétrico entre as armaduras.
Associação de Capacitores
Assim como podemos fazer associações de resistores e de geradores, também é possível associar
capacitores. As associações podem ser em série, em paralelo e mistas. A seguir, estudaremos
cada uma delas.
Associação em Série
Inicialmente, iremos supor que n capacitores, de capacitâncias C1, C2, ..., Cn, estão
descarregados. A associação será do tipo série se os capacitores estiverem dispostos conforme a
figura abaixo.
É importante salientar que capacitores associados em série armazenam cargas iguais e que, além
disso, a diferença de potencial entre os terminais da associação é soma das diferenças de
potencial dos capacitores. Assim:
Para determinarmos a capacitância equivalente dessa associação, valeremo-nos da equação
acima. Portanto:
Sendo:
A carga total estabelecida em uma associação em paralelo é dada pela soma das cargas de todos
os capacitores. Além disso, nesse tipo de associação, os capacitores estão submetidos à mesma
diferença de potencial.
Exemplo:
Dados:
C1 = 4 pF
C2 = 2 pF
C3 = 5 pF
Solução:
Após reduzirmos o circuito calculando C23, ficamos com dois capacitores ligados em série.
Devemos, então, utilizar as equações para esse tipo de associação. A capacitância equivalente
dessa associação é:
Circuito RC
Trata-se de um circuito composto por um resistor, um capacitor e uma fonte de tensão, tal como é
apresentado na figura abaixo:
Logo no começo desse processo, os elétrons são extraídos de uma das armaduras do capacitor e
introduzidos na outra armadura facilmente. Nesse momento, podemos dizer que o capacitor
comporta-se como um curto circuito. Sendo a carga armazenada igual a zero (Q = 0), temos:
Conforme as armaduras vão se eletrizando, e, tendo em vista que a extração e a introdução de
elétrons torna-se cada vez mais difícil, a carga Q do capacitor aumenta, enquanto a intensidade da
corrente elétrica diminui. À medida que a corrente se aproxima de zero, o processo de carga do
capacitor encerra.
O intervalo de tempo que o capacitor leva para ficar completamente carregado depende do
produto RC (constante de tempo do circuito). A constante indica o tempo necessário para que a
carga do capacitor atinja 63% de seu valor final. Consequentemente, quanto menor a constante,
menor será o tempo que o capacitor levará para ficar completamente carregado.
Abaixo, é possível observar uma versão simplificada do experimento realizado por Oersted, o qual
enfatiza o desvio sofrido pela agulha magnética da bússola.
Com a experiência, foi possível constatar que a corrente elétrica criou um campo magnético que,
somado ao campo magnético terrestre, produziu um campo magnético resultante, o qual foi o
responsável pelo alinhamento da agulha. Em outras palavras:
"Correntes elétricas criam um campo magnético na região do espaço que as circunda, sendo,
portanto, fontes de campo magnético."
Para um ímã produzir seu campo magnético, ele não precisa, necessariamente, estar ligado a uma
fonte de energia, como uma pilha ou uma bateria. Logo, não é necessário que ocorra a passagem
de corrente elétrica por ele.
haverá uma força agindo sobre a carga com intensidade , onde é o ângulo
formado no plano entre os vetores velocidade e campo magnético. A direção e sentido do
Se imaginarmos um fio condutor percorrido por corrente, haverá elétrons livres se movimentando
por sua seção transversal com uma velocidade . No entanto, o sentido adotado para o vetor
velocidade, nesse caso, é o sentido real da corrente ( tem o mesmo sentido da corrente). Para
facilitar a compreensão, podemos imaginar que os elétrons livres são cargas positivas.
Uma vez que todos os elétrons livres têm carga (que, pela suposição adotada, comporta-se como
se fosse positiva), quando o fio condutor é exposto a um campo magnético uniforme, cada elétron
sofre a ação de uma força magnética. Observe a figura:
Considerando um pequeno pedaço do fio (em vez de apenas um elétron), podemos dizer que a
Substituiremos q por Q onde a grandeza representa a carga total no segmento do fio. Como
temos um comprimento de fio percorrido por elétrons em determinado intervalo de tempo,
podemos escrever a velocidade como:
Saiba mais
Caso desejemos determinar a força magnética que atua em um fio extenso (com
dimensões não desprezíveis), devemos fazer os comprimentos serem cada vez
menores e somarmos os vetores em cada , de modo que todo o fio seja descrito.
Uma forma avançada para realizar esse cálculo é utilizar a integral de linha,
ferramenta do Cálculo Diferencial e Integral estudado no nível superior.
Para o caso particular em que o condutor for retilíneo, todos os vetores serão iguais.
Quando a corrente passa pelo condutor nos segmentos onde o movimento das cargas são
perpendiculares ao vetor indução magnética, há a formação de um "braço de alavanca" entre os
corrente é paralelo ao vetor indução magnética não surge , pois a corrente e possuem a
mesma direção do campo magnético.
quando a espira tiver girado 90°, não haverá causando giro, de modo que as forças de cada
lado do braço de alavanca entrarão em equilíbrio.
forças . Com isso, o movimento segue até que as forças o anulem e voltem a girar no
sentido contrário, passando a exercer um movimento oscilatório.
Para uma espira circular, o módulo do campo magnético será dado por:
Campo Magnético em um Solenoide
Um solenoide é basicamente uma bobina, ou seja, um fio condutor enrolado em formato cilíndrico,
semelhante a uma mola. Em outras palavras, um solenoide é um conjunto de espiras enroladas e
postas lado a lado.
Se o comprimento do enrolamento for desprezível em relação ao seu raio, temos uma bobina
plana. Nesse caso, como todas as espiras são aproximadamente concêntricas e têm, em média, o
mesmo raio da bobina, a configuração do campo magnético é a mesma de quando há apenas uma
espira.
Assim, se a bobina possuir N espiras, o módulo no campo magnético será simplesmente o produto
nB.
Uma bobina plana de N espiras, percorrida por uma corrente elétrica de intensidade i, terá um
campo magnético cujo módulo é dado por:
A configuração das linhas de campo do solenoide pode ser obtida a partir da união das linhas de
campo de cada espira. Esse resultado torna-se ainda melhor se aumentarmos o número de
espiras, reduzindo a distância entre elas, e se o comprimento do solenoide for muito maior do que
o raio de sua seção normal, que é o raio de cada espira.
Assim, se o comprimento L do solenoide for muito grande (infinito), o campo magnético em seu
interior será praticamente uniforme. A orientação do vetor campo magnético pode ser obtida pela
regra da mão direita. Matematicamente:
O elétron possui momento angular intrínseco, denominado spin. Ele é o responsável pela
produção de um campo magnético mais intenso do que o campo produzido pelo movimento
orbital. Ainda que a ideia correta de spin seja dada pela Física Quântica, adotaremos o modelo
clássico em que o elétron gira em torno de um eixo que passa por ele mesmo. A corrente
associada a esse giro confere polos magnéticos aos elétrons, fazendo surgir outro campo
magnético.
A rigor, seria necessário, nesse momento, abordar conceitos mais modernos, como o de
orbital. Orbitais são regiões da eletrosfera em que há maior probabilidade de encontrarmos
elétrons. Além disso, cada orbital suporta, no máximo, dois elétrons — situação em que está
completo.
Outro fator importante é que dois elétrons de um orbital completo devem ter spins opostos. É em
virtude disso que esses elétrons não influenciam no campo magnético do átomo. Em
contrapartida, os elétrons desemparelhados, isto é, aqueles que ficam nos orbitais incompletos,
têm parcelas não nulas no campo magnético do átomo, sendo, portanto, a principal causa da
magnetização dele.
Em resumo, o campo magnético de um átomo é gerado pelo movimento orbital de seus elétrons e,
principalmente, pelo spin dos elétrons de orbitais incompletos.
Materiais Ferromagnéticos
Chamamos de ferromagnéticos os materiais que podem ser imantados quando submetidos a
campos magnéticos e que são fortemente atraídos por ímãs. São exemplos de materiais
ferromagnéticos: o ferro, o cobalto, o níquel e algumas ligas.
Há forças interatômicas que obrigam esses átomos a se disporem de forma que os campos
magnéticos fiquem paralelos e concordantes, formando regiões denominadas domínios
magnéticos. Cada domínio é microscópico; geralmente, tem volume da ordem de 10-9 cm e
grande número de átomos.
Nos materiais ferromagnéticos que nunca foram imantados, os domínios estão dispostos de
maneira desordenada, de modo que o campo magnético resultante é nulo. Uma prova disso é que
dois pregos de ferro não interagem magneticamente. A figura abaixo esquematiza a situação em
que os domínios estão todos desalinhados.
Caso o campo magnético externo seja retirado, as fronteiras dos domínios magnéticos não
retornam exatamente às posições iniciais, de forma que ainda persistirá no material uma
imantação residual.
No caso de materiais de ferro puro (ferro doce), por exemplo, essa imantação residual é
desprezível. Entretanto, pode ser bastante significativa no aço, no alnico e no permalloy.
Chamamos de histerese magnética essa retenção de campo magnético, a qual favorece a
fabricação de ímãs permanentes.
Ponto Curie
Ao aumentarmos a temperatura de material ferromagnético, a agitação térmica perturba os
domínios magnéticos, desagregando-os, até que, em uma temperatura chamada ponto Curie, o
material deixa de ser ferromagnético.
Material
Ponto Curie (º C)
Ferromagnético
Ferro 770
Cobalto 1130
Níquel 358
Magnetita 580
Nicromo 300
Gadolíneo 16
Disprósio -168
Eletroímã
Um eletroímã é uma barra de ferro doce envolto por um enrolamento de fios de cobre.
Basicamente, é uma barra de ferro contida no interior de um solenoide.
Ao ser percorrida por corrente elétrica, a barra de ferro imanta-se na presença do campo gerado,
tornando-se um ímã. Se interrompermos a passagem de corrente, a barra de ferro deixa de ser
um ímã, já que o ferro doce retém pouquíssima imantação. No caso do aço isso não ocorre, de
modo que ele permanece imantado, mesmo que tenha cessado a passagem de corrente no
solenoide.
Um eletroíma atrai materiais ferromagnéticos tanto se percorrido por corrente contínua quanto se
percorrido por corrente alternada.
Introdução à Física Quântica
Até agora, todos os tópicos estudados fazem parte de uma área denominada Física Clássica.
Embora seja muito útil, a Física Clássica não é capaz de explicar corretamente alguns fenômenos
físicos importantes, como, por exemplo, o comportamento da matéria em escalas atômicas e
subatômicas.
Em 1900, os estudos da Física Quântica foram iniciados, e demoraram cerca de 30 anos para
serem "concluídos". Na verdade, ainda não podemos afirmar que essa teoria esteja totalmente
pronta, uma vez que se trata de uma área na qual os físicos desenvolvem muitos trabalhos
científicos atualmente.
A Física Quântica consegue explicar satisfatoriamente boa parte dos problemas que não tinham
respostas até o início do século XX. Além disso, essa teoria é aplicável também a sistemas
macroscópicos, tornando ainda mais evidente a sua genialidade.
Nosso objetivo a partir de agora é explorar alguns conceitos dessa nova teoria, a fim de
introduzirmos noções básicas de Física Quântica e entendermos por que a Física Clássica não
serve para explicar os fenômenos em escalas microscópicas.
Maxwell
Portanto, se forem gerados um campo elétrico e um campo magnético, ambos variáveis no tempo,
um será capaz de sustentar a existência do outro, de modo que será perfeitamente possível a
coexistência e a propagação de ambos. Ao se propagarem, esses dois campos constituem
as radiações eletromagnéticas, como as ondas de rádio, a luz visível, as micro-ondas, os raios
X, etc.
Por apresentarem comportamento ondulatório, as radiações eletromagnéticas também são
chamadas de ondas eletromagnéticas (OEM). Heinrich Hertz foi quem provou,
experimentalmente, em 1887, a existência das OEM ao gerar e detectar ondas de rádio em seu
laboratório.
Heinrich Hertz
De acordo com a teoria proposta por Maxwell para o Eletromagnetismo, as OEM são produzidas
por cargas elétricas em movimento acelerado. Um exemplo de aplicação desse princípio são as
antenas emissoras de rádio, que geram suas ondas a partir de elétrons oscilantes. Ao realizar um
movimento de frequência f, um elétron (ou uma partícula eletricamente carregada) emite uma
OEM cuja frequência também é f.
Na figura abaixo, podemos observar uma representação simplificada de como ocorre a propagação
de um pulso eletromagnético — uma OEM plana.
Além de serem variáveis no tempo, os campos elétrico e magnético são perpendiculares entre si e
à direção de propagação.
Uma OEM não precisa de um meio material para se propagar (como é o caso das ondas
mecânicas, por exemplo). Portanto, existe a possibilidade de ela propagar-se no vácuo. A
velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas no vácuo foi calculada por Maxwell antes
mesmo de ele saber que a luz era uma OEM. A expressão matemática que nos fornece o valor
dessa velocidade, c, é dada por:
Onde:
É importante salientar que as OEM não interagem com os campos elétricos e magnéticos por onde
passam. Desse modo, a luz não sofre desvios ao passar próximo a um corpo eletrizado ou a um
polo magnético
A Radiação Térmica
Qualquer superfície de um corpo que esteja a uma temperatura superior ao zero absoluto emite
radiações eletromagnéticas. Como essa energia está relacionada à temperatura, é chamada
de radiação térmica.
A radiação térmica emitida pela superfície de um corpo que se encontra à temperatura ambiente é
infravermelha, uma radiação não visível. Se elevarmos a tempetura de uma placa metálica a 600°
C, por exemplo, a radiação emitida ainda será infravermelha, mas agora seremos capazes de
“percebê-la”, caso aproximemos nossas mãos da placa. Aumentando ainda mais a temperatura
até cerca de 700° C, passaremos a ter não só radiações infravermelhas intensas, mas também
poderemos observar a emissão de uma luz avermelhada.
Caso a temperatura da placa metálica continue sendo aumentada e supondo que a temperatura de
fusão não seja atendida, observaremos radiações infravermelhas cada vez com maior intensidade,
além de a placa passar, gradualmente, do vermelho para o alaranjado, depois para o amarelo, e
assim por diante, tendendo a atingir a cor branca.
À medida que a luz azul passa a ser emitida, sua mistura com as demais luzes nos dá a sensação
do branco, tal como acontece com o filamento aceso de uma lâmpada incandescente. Caso um
corpo que já atingiu a coloração branca siga tendo a temperatura aumentada, ele tenderá a
adquirir uma coloração azulada. É por essa razão que as estrelas azuis são as mais quentes.
Lei de Stefan-Boltzmann
Em 1879, Stefan obteve, empiricamente, a equação que Boltzmann demonstrou matematicamente
em 1884. A expressão é:
(Lei de Stefan-Boltzmann)
Onde:
Pot = potência total irradiada pela superfície externa de um corpo que se encontra a uma
temperatura absoluta T;
De acordo com a teoria eletromagnética clássica, a radiação térmica é emitida por cargas elétricas
do corpo, oscilando em várias frequências perto da superfície devido à agitação térmica. Assim, a
radiação é emitida em uma faixa contínua de frequências, ou seja, em um espectro contínuo:
Segundo a Física Clássica, ao incidir radiação térmica em um corpo, as cargas elétricas próximas à
superfície do corpo se agitam, de modo que parte da energia incidente no corpo é absorvida por
ele. Em 1859, Gustav Kirchhoff percebeu que o poder de absorção de um corpo é igual ao seu
poder de emissão. Matematicamente:
Portanto, um corpo bom absorvedor de radiação térmica (mau refletor) também é um bom
emissor. Analogamente, um mau absorvedor (bom refletor) é também um mau emissor.
Ainda que seja uma idealização, há diversas formas de obtermos corpos com comportamentos
semelhantes ao de um corpo negro. Por exemplo, podemos revestir um corpo qualquer com uma
camada irregular de pigmentos pretos.
Como, emissividade e absorvidade são iguais, de acordo com a lei de Kirchhoff, um corpo negro
também terá emissividade igual a 1. Desse modo, além de um absorvedor ideal, um corpo negro é
também um emissor ideal.
Qualquer corpo negro, na mesma temperatura, emite radiação térmica com a mesma intensidade
total. Cada radiação de determinado comprimento de onda, na mesma temperatura, também é
emitida com a mesma intensidade por todos os corpos negros, não importando o material de que
sejam feitos.
O estudo dos corpos negros é de grande importância para a Física, já que a radiação térmica que
emitem tem comportamento universal. A análise do espectro de emissão desses corpos foi ponto-
chave para o desenvolvimento das teorias de quantização de energia.
O gráfico abaixo apresenta a intensidade da radiação emitida por um corpo negro em função do
comprimento de onda em determinada temperatura.
Analisando o gráfico acima, é importante notar que:
• a radiação térmica emitida é composta por inúmeras radiações, distribuídas em uma faixa
contínua de comprimentos de onda;
• há uma radiação, de certo comprimento de onda, que é emitida com máxima intensidade.
Um exemplo disso é o espectro de emissão do corpo, que foi objeto de estudo de muitos cientistas
durante meio século, uma vez que as ideias da época apresentavam incoerências entre as
previsões teóricas e os resultados experimentais.
Legenda:
- A: curva obtida a partir de resultados experimentais;
- B: curva prevista pela teoria clássica.
Em 1900, Max Planck apresentou uma nova teoria, que entrava em conflito com a teoria clássica
aceita até então, com o objetivo de solucionar o problema. Planck supôs que, na superfície de um
corpo negro, havia osciladores harmônicos simples (OHS, representados pelas cargas elétricas
oscilantes) capazes de assumir determinados valores de energia. Matematicamente:
Onde:
n = número quântico;
h = constante de Planck (h = 6,63x10-34 J.s);
f = frequência do oscilador.
Cada valor de n representará um estado quântico diferente desse oscilador e será sempre um
múltiplo de hf, o que significa que a energia do oscilador é quantizada, isto é, só pode assumir
certos valores.
De acordo com a Física Clássica, um OHS pode ter qualquer valor de energia e não depende da
frequência, e sim da amplitude das oscilações. Isso torna a atitude de Planck de propor uma nova
teoria contrária a esses princípios bastante corajosa. Além disso, ele propôs que os OHS existentes
na superfície do corpo emitem ou absorvem energia apenas ao passarem de um estado quântico
para outro.
Assim, se o oscilador passa de um nível maior de energia para um nível menor, por exemplo, de
n=2 para n=1, ele emite uma quantidade discreta de energia, que corresponde,
matematicamente, à diferença entre as energias dos dois níveis. Caso passe de um nível de menor
de energia para um de maior, como de n=1 para n=2, ele absrove uma quantidade discreta de
energia, analogamente ao caso anterior. Isso significa que a emissão e absorção de energia
também ocorrem em quantidades quantizadas.
Cada porção discreta de energia foi denominada quantum, termo que vem do latim, cujo plural
é quanta. Em virtude isso, a teoria de Planck ganhou popularidade com o nome de teoria dos
quanta.
Utilizando-se as formulações feitas por Max Planck para a quantização de energia, foi possível
obter-se um novo gráfico de intensidade da radiação emitida pelo corpo em função do
comprimento de onda em pleno acordo com os resultados experimentais. Entretanto, uma nova
questão perturbava os físicos da época: se a energia é emitida apenas em quantidades bem
determinadas, o que implica determinados comprimentos de onda e frequências bem
estabelecidos, como o espectro da radiação térmica pode ser contínuo? A resposta é a seguinte:
como há um número muito grande de osciladores com energias distintas, a probabilidade de
serem emitidas radiações de quaisquer frequências também é muito grande.
Vale salientar que Planck nunca afirmou que as radiações eletromagnéticas se propagavam em
quantidades discretas de energia. Nesse ponto de vista, ele acreditava que a teoria proposta por
Maxwell era coerente. Portanto, para Planck, quantizados eram os osciladores, e não a radiação
eletromagnética.
É importante que saibamos que a ideia do quantum, mais tarde denominado fóton, foi muito útil
para esclarecer diversos outros fenômenos que a Física Clássica não era capaz de explicar
corretamente.
Efeito Fotoelétrico
O efeito fotoelétrico é um bom exemplo da incompatibilidade dos resultados experimentais com
a teoria eletromagnética proposta por Maxwell. Resumidamente, é o fenômeno no qual ocorre a
emissão de elétrons de uma superfície metálica ao ser exposta à radiação eletromagnética.
Heinrich Hertz foi um dos primeiros cientistas a observar esse fenômeno. Ele utilizou um
dispositivo que gerava faíscas, constituído por dois circuitos: um para gerar ondas e outro para
detectá-las, separados por certa distância. Tratava-se, basicamente, de um equipamento com
duas placas metálicas conectadas em potenciais diferentes, onde ocorriam descargas elétricas.
Acidentalmente, Hertz verificou que as faíscas da placa geradora produziam faíscas na placa
receptora. Após novas tentativas, concluiu que a luz era capaz de gerar faíscas e que o fenômeno
era observado apenas com a luz ultravioleta.
O experimento de Hertz serviu para confirmar a existência das ondas eletromagnéticas e a teoria
de Maxwell sobre a propagação da luz, uma vez que o cientista conseguiu produzir ondas
eletromagnéticas, hoje conhecidas como micro-ondas. A novidade foi o efeito da luz ultravioleta
na descarga elétrica, visto que esse fato ainda não tinha explicação.
Em 1889, Wilhelm Hallwachs mostrou que, ao serem iluminadas com radiação ultravioleta, as
superfícies metálicas como o zinco, o potássio e o sódio, ejetavam partículas de carga negativa.
Nessa época, ainda não se tinha conhecimento sobre a existência do elétron, que só foi descoberto
em 1897.
Philipp von Lenard, assim como Thomson, também mediu a relação carga/massa das partículas
ejetadas e deduziu que o aumento de faíscas que Hertz havia observado era resultado da emissão
de elétrons, aos quais deu o nome de fotoelétrons.
Onde w0 é uma constante denominada função trabalho, sendo, portanto, função do material.
Lembrando que h é a constante de Planck, cujo valor é h = 6,63x10-34 Js, e e é a carga do elétron
(e = 1,6x10-19 C).
• Para cada material, existe uma frequência de corte ou limiar de frequência, abaixo da qual
os elétrons não são emitidos, não importando a intensidade da luz incidente.
Contradições da Física Clássica ao Efeito Fotoelétrico
Dos itens listados no tópico anterior, o único que está de acordo com a teoria eletromagnética
clássica é o que diz que, caso fixemos a frequência e a ddp, a corrente elétrica será diretamente
proporcional à intensidade da luz incidente. O item que fala sobre a existência de uma frequência
de corte para a qual os elétrons começam a ser emitidos nem era previsto pela teoria clássica, de
modo que foi concebido baseado apenas em resultados experimentais.
Quanto aos resultados previstos pela teoria ondulatória clássica, a energia luminosa deveria estar
uniformemente distribuída sobre a frente de onda, ou seja, a energia incidente estaria distribuída
de forma homogênea sobre a superfície metálica do emissor. Sendo assim, se a luz incidente fosse
fraca, deveria haver um intervalo de tempo considerável entre o instante que a luz começa a
incidir sobre a superfície e a ejeção do elétron. Durante esse intervalo, o elétron ficaria
absorvendo energia da frente de onda até que conseguisse acumular quantidade suficiente para
ser ejetado da placa.
A teoria clássica afirma ainda que a corrente elétrica é proporcional à intensidade da luz emissora.
Isso significa que, se fixarmos a intensidade da luz incidente, a corrente também será fixada, sem
decair. Além disso, a energia cinética dos elétrons é proporcional à intensidade da radiação, de
forma que cada intensidade corresponde a certo valor de energia cinética e a um respectivo
potencial de corte, o que não era observado nos experimentos.
Por fim, o efeito fotoelétrico deveria ocorrer para qualquer frequência de luz, desde que ela fosse
suficientemente intensa para fornecer a energia necessária à ejeção de elétrons.
Inicialmente, Planck havia restringido o conceito de quantização de energia apenas aos elétrons
existentes nas paredes de um corpo negro. Para ele, ao irradiar energia, ela se espalhava pelo
espaço, assim como as ondas se espalham na água. Einstein, por sua vez, propôs que a energia
estaria quantizada em pacotes concentrados que, mais tarde, passariam a ser chamados
de fótons.
Einstein concentrou sua atenção na forma corpuscular como a luz é emitida e absorvida, e não na
forma ondulatória como ela se propaga. Argumentou que a exigência de Planck de que a energia
das ondas eletromagnéticas emitidas por uma fonte fosse um múltiplo de hf implicava que, ao ir
de um estado de energia nhf para um estado cuja energia era (n-1)hf, a fonte emitiria um pulso
discreto de radiação eletromagnética com energia hf. Supôs, inicialmente, que esse pacote de
energia estaria localizado em um pequeno volume do espaço e que permaneceria localizado nesse
local à medida que se afastasse da fonte com velocidade c, a velocidade da luz.
Onde:
Onde w0, uma energia característica do metal, denominada função trabalho, é a energia mínima
necessária para que um elétron atravesse a superfície do metal e escape das forças atrativas que
o prendem a esse metal.
Quanto à objeção de que Kmáx depende da intensidade da iluminação, a teoria do fóton concorda
integralmente com os resultados obtidos experimentalmente: dobrar a intensidade da luz
simplesmente dobra o número de fótons e, consequentemente, dobra a intensidade da corrente
elétrica, mas isso não muda a energia hf de cada fóton.
Isso quer dizer que um fóton de frequência f0 tem exatamente a energia necessária para ejetar
fotoelétrons e, portanto, nenhum excesso de energia cinética.
Por fim, o modelo de Einstein afirma que um fóton de frequência f tem exatamente a energia hf, e
não múltiplos de hf. No entanto, é evidente que, se estivermos tratando de n fótons com
frequência f, a energia nessa frequência será nhf.
Dualidade Onda-Partícula
Agora que já estudamos o modelo ondulatório proposto por Maxwell, o qual afirma que a luz é
uma onda eletromagnética e cujo modelo quântico seria composto por um conjunto de partículas
chamadas fótons, nos interessa saber se, afinal, a luz é uma onda ou partícula.
A verdade é que não há uma resposta única para essa pergunta. O correto é dizer que depende do
fenômeno, uma vez que a luz ora se comporta como onda, ora como partícula. Portanto, não
podemos afirmar nada sobre o que a luz de fato é, mas sim, em como ela se comporta em
determinados fenômenos.
Alguns fenômenos físicos como, por exemplo, a interferência e a difração da luz, são explicados
pelo modelo ondulatório. Já o efeito fotoelétrico, para ser explicado corretamente, deve fazer uso
do modelo quântico de fótons. Desse modo, ambos os modelos são importantes e
complementares.
Vale ressaltar que tanto a luz quanto as demais radiações eletromagnéticas não exibem os dois
comportamentos simultaneamente. Esse é o Princípio da Complementaridade proposto por
Niels Bohr.
Niels Bohr
Átomo de Bohr
Em um átomo, os elétrons encontram-se em diferentes níveis de energia. Os elétrons dos níveis
de mais baixa energia estão mais próximos do núcleo; já os que estão em níveis de mais alta
energia, situam-se mais distantes do núcleo.
A figura abaixo apresenta um átomo cujos elétrons estão em diferentes níveis de energia. Para
que o elétron do nível 1 passe para o nível 2, precisamos fornecer certa energia a ele, já que o
núcleo exerce uma força de atração sobre esse elétron. Desse modo, no nível 2, o elétron
encontra-se em um nível de energia maior do que quando ocupava o nível 1.
Em 1911, Ernest Rutherford propôs um modelo que descrevia o átomo como um sistema
planetário, no qual havia um núcleo central com carga positiva e elétrons em órbita ao redor.
Embora importante, o modelo de Rutherford não explicava corretamente alguns fenômenos. De
acordo com a teoria proposta por Maxwell, qualquer carga dotada de aceleração deveria emitir
radiação eletromagnética, perdendo energia. Visto que um elétron do átomo de Rutherford
descrevia uma órbita circular e, portanto, possuía aceleração centrípeta, ele deveria emitir
permanentemente radiação, reduzindo seu nível de energia. Desse modo, deveria descrever uma
trajetória espiralada até cair no núcleo, o que não ocorria, uma vez que as eletrosferas dos
átomos são estáveis.
Além disso, há outro problema no modelo de Rutherford. Segundo Maxwell, a radiação emitida
pelo elétron tem a mesma frequência do movimento. Assim, como a frequência do movimento do
elétron deveria variar continuamente na ida até o núcleo, o elétron também deveria emitir
continuamente radiação com frequência variável. Porém, a radiação emitida por um átomo deve
ter apenas frequências de determinados valores, diferentemente da radiação térmica emitida por
um corpo, a qual apresenta um espectro contínuo.
Em virtude desas incoerências, Niels Bohr desenvolveu uma nova teoria, baseada em ideias
quânticas. Bohr inferiu que, para a eletrosfera de um átomo ser mantida estável, os elétrons
desse átomo deveriam assumir certos níveis de energia, chamados estados
estacionários ou quânticos, cada um deles correspondendo a uma determinada energia. Ele
postulou que, em um estado estacionário, o átomo não emitia radiação, de modo que sua
eletrosfera se mantinha estável.
Gustav Hertz e James Franck, no ano seguinte, confirmaram a existência dos estados
estacionários. O estado estacionário, cujos elétrons estão nos mais baixos níveis de energia, é
chamado de estado fundamental; os demais estados permitidos são chamados de estados
excitados. Isso quer dizer que são permitidos apenas o estado fundamental e os demais estados
excitados — quaisquer outros estados são proibidos.
Considerando o caso particular do hidrogênio, que é constituído por apenas um elétron, os níves
de energia podem ser obtidos pela expressão abaixo:
Bohr também postulou que todo átomo, ao passar de um estado estacionário para outro, emite ou
absorve um quantum de energia exatamente igual à diferença entre as energias correspondentes
a esses estados. Esse resultado não pode ser explicado pela teoria eletromagnética clássica, uma
vez que, de acordo com ela, a frequência da radiação emitida está relacionada com a frequência
do movimento do elétron. Hoje sabemos que isso não está correto, visto que a frequência da
radiação emitida relaciona-se apenas com a diferença de energia entre os estados inicial e final.
Segundo Bohr, os elétrons descrevem trajetórias circulares ao redor de um núcleo positivo devido
à força de atração dada pela Lei de Coulomb que, nesse caso, é a força centrípeta do movimento.
Os raios dessas trajetórias só podem assumir certos valores bem determinados. Para o hidrogênio,
por exemplo, os valores permitidos para os raios são dados pela expressão abaixo:
Onde:
Onde:
Já comprimento, tempo e massa são grandezas que sempre foram tratadas como absolutas.
Isso significa que o valor dessas grandezas não depende do referencial em que são medidas. Mais
adiante, veremos que tais grandezas também podem se apresentar relativas quando a velocidade
dos movimentos em que estão envolvidas for muito alta, ou seja, não desprezíveis comparadas à
velocidade da luz (c = 300000 km/s).
Teoria da Relatividade
O surgimento da Física Quântica, no início do século XX, foi de extrema importância para explicar
alguns fenômenos que, até então, apresentavam incoerências entre a teoria clássica e os
resultados experimentais. Como algumas questões persistiam sem respostas, elas foram
solucionadas por uma nova teoria: a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein.
Essa teoria constitui-se de duas partes: a Teoria da Relatividade Restrita (ou Teoria da
Relatividade Especial), publicada em 1905, na qual os fenômenos são tratados em relação a
referenciais necessariamente inerciais, e a Teoria da Relatividade Geral, publicada em 1915, na
qual os fenômenos são tratados em relação a referenciais não inerciais. Deteremos nossa atenção
apenas ao estudo da Teoria da Relatividade Restrita.
Vale ressaltar que a Teoria da Relatividade não invalida a Mecânica Newtoniana, da mesma forma
que a Física Quântica não invalida a Teoria Eletromagnética Clássica. A teoria proposta por
Einstein apenas explica corretamente o comportamento dos fenômenos quando a ordem de
grandeza da velocidade do movimento é comparável à velocidade da luz no vácuo, algo que a
Mecânica Clássica não é capaz de explicar.
Postulados de Einstein
A Teoria da Relatividade Restrita foi construída a partir de dois postulados:
A lanterna emite do piso um pulso de luz que vai até o espelho e volta para ela. É importante
definir, aqui, dois eventos:
Vamos estabelecer dois referenciais para analisarmos o intervalo de tempo decorrido entre os dois
eventos. São eles:
• R’: referencial em repouso em relação ao local onde ocorreram os eventos. Para esse
referencial, o intervalo de tempo será simbolizado por Δt’.
• R: referencial em movimento em relação ao local onde ocorreram os eventos. Para esse
referencial, o intervalo de tempo entre os eventos será simbolizado por Δt.
Do ponto de vista do referencial R’, a luz faz o trajeto indicado na figura acima, propagando-se
com velocidade c e percorrendo a distância 2d durante o intervalo de tempo Δt’.
Agora, analisando do ponto de vista do referencial R, a luz também faz o trajeto em questão com
velocidade c, tendo percorrido uma distância c. Δt durante o intervalo de tempo Δt. Vale lembrar
que R viu o vagão, com velocidade v, se percorrer a distância v. Δt.
Para um referencial R que se desloca em relação ao local em que os eventos ocorrem, o intervalo
de tempo Δt entre os eventos é maior que o intervalo Δt’ medido pelo referencial R’, que está em
repouso em relação ao local dos eventos. Esse fenômeno é denominado dilatação do tempo.
Contração do Comprimento
Para estudarmos a relatividade do comprimento, analisaremos a seguinte situação: imaginaremos
o mesmo vagão do item anterior com as mesmas condições já estabelecidas. Como está
representado na figura a seguir, o vagão irá atravessar um túnel. Iremos adotar dois referenciais
para mensurar o comprimento do vagão. São eles:
• R: referencial em repouso em relação ao corpo, cujo comprimento será medido – o túnel. Para
esse referencial, o comprimento do túnel é l.
• R’: referencial móvel em relação ao túnel. Nesse referencial, o comprimento do túnel é l’.
Já para o referencial R’, o túnel tem comprimento l’ e desloca-se para a esquerda com
velocidade v, conforme a figura abaixo.
Desse modo, R’ vê o túnel passar inteiramente por ele percorrendo uma distância l’ durante um
intervalo Δt’. Assim:
Como:
Podemos reescrever:
Sendo:
Obtemos:
Como:
Para um referencial R, que se encontra em repouso em relação a um corpo, esse corpo possui
comprimento l. Já para um referencial R’ que se desloca em relação ao mesmo corpo, o
comprimento é l’, sendo l’ menor que l. Chamamos esse fenômeno de contração do
comprimento. Vale lembrar que a contração ocorre apenas na direção do movimento.
Massa Relativística
Suponhamos que um corpo, cuja massa de repouso será simbolizada por m0, encontre-se em
repouso em relação ao solo. Caso essa massa seja colocada em movimento e adquira uma
velocidade v, é possível demonstrar que, nessa situação, a massa m do corpo será dada por:
Analogamente aos itens já estudados, o denominador da expressão acima também é menor que
1, de modo que a massa do corpo em movimento é maior que a massa do corpo em repouso.
Reações que liberam energia o fazem devido à perda de massa, que é transformada em energia.
A energia solar, por exemplo, provém de uma reação chamada fusão nuclear, em que núcleos de
hidrogênio se associam para formar um núcleo de hélio. Entretanto, a massa do hélio é
ligeiramente menor que o somatório das massas dos núcleos de hidrogênio, devido às perdas pela
energia liberada.
Outro exemplo de aplicação da fusão nuclear ocorre na explosão de uma bomba atômica. Isso nos
leva a inferir que massa é uma forma de energia.
Caso o corpo esteja em movimento em relação a um referencial no qual ele possua uma massa de
repouso m0, a energia total poderá ser obtida pela expressão:
Assim, a energia total E será o somatório da energia de repouso do corpo, E0, com a energia
cinética EC:
Energia e Quantidade de Movimento de um Corpo
Suponhamos que um corpo esteja movendo-se com velocidade v em relação a um dado
referencial. Como a energia total E desse corpo é dada por:
Um corpo com massa de repouso diferente de zero não pode atingir a velocidade da luz no vácuo,
já que, se fizermos v tender a c, as expressões matemáticas da energia e do momentum linear
tenderão a infinito, o que é absurdo.
A expressão que relaciona a energia total com a quantidade movimento é dada por:
Suponhamos que a massa de repouso de uma partícula seja nula, a expressão acima passa a ser:
Assim, uma partícula com m0= 0 move-se com velocidade igual a c. É o caso dos fótons, que não
possuem massa de repouso. No entanto, o momentum linear dos fótons não é nulo e, portanto,
pode ser obtido pela equação abaixo: