Portal Do Incentivo - Lei Rouanet
Portal Do Incentivo - Lei Rouanet
Portal Do Incentivo - Lei Rouanet
Esta cartilha tem por objetivo orientar e pela Instrução n. 4/2020), leitura indispen-
auxiliar proponentes a elaborarem e execu- sável para quem atua ou quer atuar na área.
tarem projetos que sejam viabilizados atra- Neste ano de 2020, momento tão delicado
vés da Lei de Incentivo a Cultura, também onde estamos vivendo a pandemia em ra-
conhecida como Lei Rouanet, bem como zão da COVID-19, os projetos estão sen-
orientar incentivadores interessados em in- do diretamente impactados. E por isso o
vestir o seu Imposto de Renda nos projetos Ministério publicou mais duas Instruções,
beneficiados pela lei. de números 5 e 6/2020, as quais também
estão previstas neste material.
Atualmente, não há dúvida de que a Lei
é o principal mecanismo de financiamento Vale lembrar que a leitura desta carti-
da cultura brasileira. lha não dispensa o estudo de outras nor-
mas, nem tampouco dispensa o constan-
Porém, para ter acesso a esse benefício, te aperfeiçoamento dos interessados no
existem inúmeras normas a serem obser- tema, seja através de cursos, leituras, e até
vadas, e nem sempre a linguagem das leis é acompanhamento do site do Ministério
acessível a todos. Queremos, com essa car- do Turismo, através da sua Secretaria Es-
tilha, desmistificar um pouco esse tema, pecial da Cultura. Mas auxiliará em muito
tão importante, mas não menos questiona- a compreensão básica do universo desse
do pela sociedade. mecanismo de incentivo.
Nossa intenção também é, da forma mais Reporte-se a esta Cartilha sempre que
prática possível, levar a comunidade em ge- necessário, consulte a legislação com fre-
ral a entender mais sobre os métodos que qüência, e mãos a obra! Boa leitura!
devem ser adotados e caminhos a serem
seguidos. Essa quarta edição está atuali- Mariana Kadletz
zada com as regras trazidas pela Instrução INCENTIVE
Normativa n. 2/2019 (e alterações feitas
ÍNDICE
ENQUADRAMENTO DO PROJETO 12
Artigo 18 – Renúncia fiscal total 12
Artigo 26 – Renúncia fiscal parcial 12
Patrocínio e Doação 13
Áreas culturais com 100% de isenção fiscal 13
AVALIAÇÃO DA PROPOSTA 22
Análise de admissibilidade 22
Captação de 10% 23
Análise técnica 23
Homologação da CNIC 23
Parecer técnico 24
Recurso 24
EXECUÇÃO DO PROJETO 31
Captação mínima 31
Movimentação de recursos 31
Readequação no projeto 31
Remanejamentos orçamentários 32
Complementação e redução do valor do projeto 33
Pedido de prorrogação - Captação e execução 33
Avaliação dos fornecedores 34
Formalização de contratos 34
Documentos fiscais 34
Forma de pagamento 35
Aplicação das logomarcas 35
Acessibilidade e democratização de acesso 35
Comprovações de realização 35
Fiscalização da execução 36
NÚMEROS DO MECENATO 40
Dados gerais
de 2019 40
Maiores patrocinadores do Brasil 2019 40
Investimento de 2019 por região 40
C
Quando o proponente for pessoa jurídica,
hamamos de Proponente a pes- será necessária uma avaliação do cartão de
soa que apresenta um projeto ao CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurí-
Ministério do Turismo, e que será dicas (que pode ser obtido no site da Receita
responsável legal pela execução do proje- Federal). Essa avaliação deve observar os
to. É o proponente que responde por to- códigos de Classificação Nacional de Ativi-
das as ações do projeto e que deverá pres- dades Econômicas (CNAE), referente a área
tar contas de sua realização e da utilização cultural, de acordo com a classificação cons-
dos recursos obtidos através da Lei de In- tante do Anexo VII (art. 2º, §1º).
centivo à Cultura.
Outra avaliação é do seu ato constituti-
Conforme o Anexo I (Glossário), XLIII, vo, que pode ser o contrato social de uma
da Instrução Normativa, proponente é a empresa, o estatuto da entidade, ou outros.
Estes devem dispor sobre a finalidade cul-
“pessoa física com atua- tural de forma expressa.
ção na área cultural, ou pes-
soa jurídica de direito público A exceção é para o proponente que está
ou privado, com ou sem fins apresentando a sua primeira proposta, que,
lucrativos, que apresente o apesar de dispensado do currículo cultu-
Código Nacional de Ativida- ral, tem uma limitação orçamentária de
des Econômicas (CNAE), re-
R$200.000,00 (duzentos mil reais), confor-
me o §7º do art. 2º.
ferente à área cultural no seu
registro de CNPJ, de acordo
Para isso, a atual Instrução Normativa
com a classificação constan-
prevê o Anexo VII, que traz a lista dos
te no anexo VII, responsável segmentos culturais e respectivos códigos
por apresentar, realizar e res- (CNAE´s), que devem constar no cartão de
ponder por projeto cultural CNPJ do proponente, dependendo do seg-
no âmbito do Pronac”. mento cultural do projeto.
1. Administração pública direta só poderá receber doação ou patrocínio em favor do Fundo Nacional de Cultura, conforme §1º do
art. 23 do Decreto 5.761, de 27.04.2006.
2. A Administração Indireta é o conjunto de entidades com personalidade jurídica que são vinculados a um órgão da Administra-
ção Direta, e prestam serviço público ou de interesse público. São eles: Autarquia, Empresa Pública, Sociedade de economia mista,
Fundação Pública.
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 9
3. Considera-se intermediação a apresentação de proposta por proponente cuja participação em sua execução será irrelevante, aces-
sória ou nula ou em que a atividade técnico-financeira ou de gestão tenha sido delegada (conceito retirado do item XVIII do Anexo
I – Glossário – da IN 2/2019).
10 WWW.CAPACITAR.VC
Atualmente, existe um número limite Existe outra exceção, prevista no art. 5º,
que um proponente pode apresentar de informando que será permitido mais um
projetos (sobre o assunto, recomenda-se a acréscimo dos limites de projetos inicial-
leitura dos art. 4º e 5º). São eles: mente informados neste tópico. A possi-
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 11
Nº DE SOMA DE TODOS
TIPO DE PROPONENTE EXCEÇÃO
PROJETOS OS PROJETOS
+ 3 projetos, se forem
Demais enquadramentos de
Até 8 R$6.000.000,00 integralmente realizados em
Empreendedor Individual
equipamentos ou espaços públicos.
Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada + 4 projetos, se forem
(EIRELI), Sociedades Até 16 R$10.000.000,0 integralmente realizados em
Limitadas (Ltda) e demais equipamentos ou espaços públicos.
pessoas jurídicas
ENQUADRAMENTO
ARTIGO 26 – RENÚNCIA FISCAL
DO PROJETO PARCIAL
O
Somente parte do valor investido no projeto é
enquadramento de um projeto não abatido do Imposto de Renda do incentivador. De-
é feito pelo proponente, mas pelo pendendo da modalidade (patrocínio ou doação), e
Ministério do Turismo. Porém, do incentivador (pessoa física ou jurídica) os percen-
cabe ao proponente trabalhar com o ob- tuais podem variar entre 30% e 80%
jetivo de que o seu projeto seja enquadra-
do corretamente. Nesse caso, o valor que não é abatido
do imposto de renda deverá ser suporta-
Mas o que é o enquadramento? Nada do com recursos próprios do incentiva-
mais é do que verificar em qual artigo da Lei dor. Ademais, ainda no caso do artigo 26,
8.313/91 o seu projeto se enquadra: art. 18 quando o incentivador for pessoa jurídica,
ou 26. O enquadramento tem relação direta o valor incentivado pode ser abatido como
com o percentual que o incentivador do pro- despesa operacional.
jeto poderá deduzir do seu imposto de renda.
O quadro explicativo abaixo mostra
Funciona assim: a empresa que incenti- os percentuais de dedução fiscal para os
va pode deduzir até 4% do seu imposto de dois artigos.
renda em benefício da cultura. Se o incen-
tivador for pessoa física, a dedução é de até
PERCENTUAIS DE
6%. Esse limite de imposto de renda pode DEDUÇÃO FISCAL
ser revertido para um ou mais projetos, e,
no caso da pessoa física, para outros meca-
nismos de incentivo fiscal além da Lei de ARTIGO
ARTIGO
-
18 26
Incentivo à Cultura.
PJ 100% 30%
ARTIGO 18 – RENÚNCIA FISCAL PATROCÍNIO Isenção Isenção
TOTAL
PF
100% 80%
100% do valor investido no projeto é abatido do DOAÇÃO Isenção Isenção
Imposto de Renda do incentivador, para as moda-
lidades de patrocínio e doação PF
100% 60%
PATROCÍNIO Isenção Isenção
Aqui, o valor incentivado não pode ser
abatido como despesa operacional para as PJ - Pessoa jurídica. PF - Pessoa física.
pessoas jurídicas.
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 13
4. Sobre patrimônio cultural material e imaterial, sugere-se a leitura do “Anexo I – Glossário, incisos XXIV e XXV” da IN 2/2019.
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 15
A
• manutenção, preservação ou restaura-
ção de acervos bibliográficos e arquivís- elaboração diz respeito à parte
ticos compreendidos por livros ou obras conceitual e orçamentária, in-
de referência, impressos ou eletrônicos, de cluindo a distribuição do produto
valor artístico, literário ou humanístico; cultural que irá resultar do projeto e docu-
• eventos literários e ações educativo- mentos que deverão ser anexados.
-culturais voltados para a promoção do
livro e da criação literária, e para o incen- Atenção: toda informação contida no
tivo à leitura; projeto deve ser comprovada na prestação
• doação ou aquisição de acervos para bi- de contas. Ou seja, o que você prometeu
bliotecas públicas, museus, arquivos pú- deve cumprir e também comprovar.
blicos, cinematecas;
• ações de capacitação, treinamento de O cadastramento é feito no software Sa-
pessoal, oficinas e aquisição de equipa- lic. Deverá contar com um nome, resumo,
mentos, que tenham como finalidade a período de realização acompanhado de
manutenção de acervos de bibliotecas cronograma; objetivos, justificativa, medi-
públicas, museus, arquivos públicos e ci- das de acessibilidade e de democratização
nematecas; e de acesso, ação formativa cultural, currícu-
• construção de bibliotecas desde que es- lo do proponente e principais envolvidos,
teja prevista a implantação de espaço des- além de outras informações específicas e
tinado a apresentações de teatro, exibição documentos anexos que forem necessários.
de filmes e outras atividades culturais em
municípios com menos de 100.000 (cem Para cada tipo de projeto existe um rol
mil) habitantes. de documentos diferentes que deverão
ser apresentados. Por isso, antes de en-
DICA: As áreas de enquadramento de viar o seu projeto ao Ministério, reporte-
um projeto são de suma importância, pois -se ao Anexo III da Instrução e organize a
o percentual de dedução fiscal impacta sua documentação.
diretamente no interesse que o incentiva-
dor terá naquele projeto. Isso porque nos-
sa recomendação é que o incentivo seja IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA
prospectado desde o início da concepção
do projeto. O sistema é autoexplicativo. Por isso
abordaremos apenas alguns itens que nor-
Por isso, antes mesmo de escrever a malmente geram dúvidas aos proponentes.
proposta, o proponente deve estar atento O campo “Data Fixa” diz respeito a datas
ao possível enquadramento do seu proje- fixas como por exemplo Natal, Carnaval,
to cultural. Páscoa, que fazem parte de um calendário
e que não podem ser alteradas. Esse tam-
16 WWW.CAPACITAR.VC
bém é o momento em que o proponente te faça a leitura dessa norma para que sirva
deve indicar qual agência bancária do Ban- de inspiração sobre quais medidas de aces-
co do Brasil ele deseja trabalhar. As contas sibilidade poderá adotar no seu projeto,
serão abertas pelo Ministério no momento podendo inclusive sugerir novas alternati-
oportuno. Também é necessário indicar vas ao Ministério do Turismo.
se a proposta é ou não de audiovisual. No
item “Plano Execução Imediata” é preciso Os custos dessas medidas devem estar
indicar qual o tipo do seu projeto, pois isso dentro do orçamento. Uma novidade da IN
irá determinar a tramitação dele. 2/2019 é que agora está previsto expressa-
mente na norma que o material de divul-
Atente-se também para o período de rea- gação dos produtos culturais gerados pelo
lização do projeto, que deve sempre iniciar projeto deverá conter informações sobre a
pelo menos 90 dias após o envio da pro- disponibilização das medidas de acessibili-
posta ao Ministério. dade adotadas para o produto (art. 18, §2º).
um bem tombado, uma exposição de ar- de um, eles devem dividir os produtos,
tes visuais, a construção de um Centro mantendo o limite total de 10%. A divul-
Cultural, entre outros. Enfim, o produto gação do projeto também não pode receber
cultural é o que está sendo gerado atra- mais do que 10%.
vés do seu projeto. E o produto pode ser
principal ou secundário. Isso porque o seu Para isso, é necessário ter conhecimento
projeto pode prever mais de um produto. do art. 20. Ele explica que é necessário um
Nesse caso, apenas um produto deverá ser plano de distribuição detalhado, para asse-
cadastrado como principal, sendo os de- gurar a ampliação do acesso aos produtos,
mais secundários. bens e serviços culturais.
gressos não pode ultrapassar o valor do deve ser composto de, no mínimo, 50% de
Vale- Cultura; estudantes e professores da rede pública de
π Até 50% dos produtos poderão ser co- ensino. Outro detalhe é que esta ação deve
mercializados a critério do proponente, conter rubricas orçamentárias próprias,
respeitando o valor médio de R$225,00 podendo ser inclusive cadastrada como
(duzentos e vinte e cinco reais), exceto produto secundário.
para projetos com transmissão ao vivo em
TV aberta;
π A meia entrada deve ser oferecida à razão PROJETO ORÇAMENTÁRIO
de 50% (cinquenta por cento) do quantita-
tivo total dos ingressos comercializados; O orçamento do projeto deve ser apre-
π O valor total da bilheteria deve ser igual sentado no momento do cadastramento
ou inferior ao custo total do projeto; da proposta.
π A previsão de receita a ser arrecadada
deverá constar no plano de distribuição Conforme já mencionado, a Lei de Incen-
do projeto. tivo à Cultura dispensa licitação, mas quan-
do o proponente for pessoa jurídica de direi-
Por fim, uma novidade da IN 2/2019 é to público é necessário licitar (vide menção
que agora os projetos que contemplem o no art. 47, §1º, “I”). Apesar disso, existem
custeio de atividades permanentes e comer- alguns limitadores para a contratação de
cializarem produtos culturais, deverão pre- fornecedores, previstos no próximo item.
ver a aceitação do Vale-Cultura como meio
de pagamento (art. 20, § 1º). Desde 2017 existe a obrigatoriedade de
previsão no orçamento e contratação de
profissional da contabilidade com o res-
AÇÕES FORMATIVAS CULTURAIS pectivo registro no órgão de classe, poden-
do o proponente utilizar o profissional da
Além das medidas de acessibilidade e da sua empresa ou entidade. A obrigatorieda-
ação de ampliação de acesso, o proponente de também se estende a previsão, na plani-
também deverá executar uma ou mais ações lha orçamentária, de serviços advocatícios,
formativas culturais (antes chamadas de ações ficando a critério do proponente a utiliza-
educativas) dentro do seu projeto. Essa ação ção ou não desse item.
é necessária para todos os tipos de projetos.
Porém, existem algumas vedações ao or-
Aqui não é o número de ações que conta, çamento (art. 17), sendo proibido realizar os
mas sim o percentual do público atingido seguintes custos:
com uma ou mais ações. É necessário que - com elaboração de proposta cultural,
a ação atinja pelo menos 10% do público taxa de administração ou similar;
que for beneficiado, previsto no plano de - em benefício de agente público ou
distribuição cadastrado pelo proponente, agente político, integrante de quadro de
considerando um mínimo de 20 pessoas. pessoal de órgão ou entidade pública da
Caso o plano de distribuição preveja mais administração direta ou indireta, por
de 10 mil pessoas atingidas, a ação educa- quaisquer tipos de serviços, salvo nas hi-
tiva poderá se limitar a 1 mil pessoas. póteses previstas em leis específicas e na
Lei de Diretrizes Orçamentárias;
O público atingido pela ação educativa - com a elaboração de convites personali-
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 19
zados ou destinados à circulação restrita; cadastramento. Mas atenção, pois alguns li-
- com recepções, festas, coquetéis, serviços mitadores são calculados sobre o valor total
de bufê ou similares, excetuados os gastos do projeto, outros sobre o valor homologa-
com refeições dos profissionais ou com do para a execução e outros sobre o valor
ações formativas culturais, quando necessá- captado. A norma é muito sutil ao mencio-
rio à consecução dos objetivos da proposta; nar a base de cálculo dos percentuais, mas
- com compra de passagens em primeira estes sofrem enorme diferença dependendo
classe ou classe executiva, salvo em situ- sobre qual valor total são calculados.
ações excepcionais, devendo a necessida-
de ser comprovada pelo proponente, bem Os limites dos custos administrativos e
como para algumas autoridades autoriza- de divulgação serão calculados, pelo pró-
das pela norma6; prio sistema e no ato do cadastramento,
- com serviços de captação, nos casos de sobre o valor do projeto, que é a soma de
proposta cultural com patrocínio exclusi- pré-produção, produção e pós-produção,
vo de edital ou apresentada por instituição recolhimentos, e assessoria jurídica e con-
cultural criada pelo patrocinador; tábil (art. 6º).
- com taxas bancárias, multas, juros ou - Custos administrativos (todos os lista-
correção monetária, inclusive referen- dos no art. 10) – até 15%
te a pagamentos ou recolhimentos fora - Custos de divulgação (regra) – até 20%
dos prazos; - Custos de divulgação (exceção) – até
- com a aquisição de espaço para veicula- 30% para projetos de até R$300.000,00
ção de programas de rádio e TV, no caso - Remuneração para captação de recur-
de propostas na área de audiovisual, ex- sos (que só pode ser paga proporcional-
ceto quando se tratar de inserções publi- mente às parcelas já captadas) – até 10%,
citárias para promoção e divulgação do limitado ao teto de R$100.000,00
produto principal do projeto. - Direitos autorais – a norma solicita que
os valores sejam compatíveis com os pra-
A Instrução anterior (5/2017) fazia men- ticados no mercado cultural e limitados
ção expressa a proibição de custos que re- até 10% do valor homologado para exe-
sultassem em vantagem financeira indevi- cução. Sugere-se a leitura do art. 13.
da ou material para o incentivador. Apesar
da menção ter sido retirada pela Instrução Sobre os custos administrativos, atenção:
vigente, é importante destacar que este quando for necessário utilizar acima de
continua sendo um custo vedado7. 50% do valor dos custos de administração
em uma única rubrica, será necessária justi-
ficativa de economicidade (art. 10, § único).
LIMITES DA PLANILHA
ORÇAMENTÁRIA O proponente que prestar serviços ao
projeto poderá ser remunerado, desde que
Alguns custos do orçamento devem obe- o valor não ultrapasse 50% do valor homo-
decer a percentuais limites no momento do logado para a execução (art. 11). Mas aten-
6. O art. 27 do Decreto 71.733/1973 permite a compra de passagens de primeira classe para Presidente e Vice-Presidente da Repú-
blica e passagens da classe executiva para os Ministros de Estado, os ocupantes de cargos de Natureza Especial, os Comandantes do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica e o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Ressalva também para os artigos
3º-B e 10 do Decreto 5.992/2006 que faz menção à “servidor ou colaborador eventual que acompanhar servidor com deficiência em
deslocamento a serviço”.
7. A vantagem financeira é vedada pelo art. 23, §1º da Lei de Incentivo à Cultura e mencionado no art. 43, §7º da IN 2/2019. Lem-
brando que é permitido ao patrocinador o recebimento até 10% do produto cultural resultante do projeto.
20 WWW.CAPACITAR.VC
ção: todo pagamento do projeto por servi- Valores superiores aos acima citados
ços realizados por cônjuge, companheiro, vão depender de uma aprovação da CNIC
parentes em linha reta ou colateral até o – Comissão Nacional de Cultura, consi-
segundo grau, parentes com vínculo de derando as justificativas do proponente e
afinidade com o proponente e em benefí- área técnica.
cio de empresa coligada ou que tenha sócio
em comum serão computados no limite de Por fim, um limite orçamentário muito
50% que o proponente pode receber. Essa importante é que o custo per capita do seu
regra só não aplica a grupos artísticos fa- projeto, ou seja, o valor de pessoa benefi-
miliares que atuem na execução do projeto ciada, não poderá exceder a R$250,00 (vide
e corpos estáveis. art. 4º, inciso “II”).
Ainda sobre o assunto, apesar do art. 11 O valor por pessoa beneficiada é o quo-
fazer menção ao proponente, o §3º explica ciente entre o somatório do Custo do Proje-
que um mesmo fornecedor também não to solicitado pelo proponente e o quantita-
pode receber por mais de 50% do valor tivo de beneficiários do produto principal.
captado. A exceção se dá no caso de pro- Os beneficiários de produtos secundários
jeto de execução de obras e restauros (§3º poderão ser computados, desde que não
do art. 11). sejam os mesmos beneficiários do produto
principal, não se aplicando para os projetos
Muita atenção: Salvo no caso da captação de ampla difusão em sítio da internet e TV
de recursos, onde o art. 8, §1º deixa claro aberta (item LI do Glossário).
que os valores só podem ser pagos sobre
a verba captada, nos demais artigos resta Mas esse limite de custo per capita não
dúvida sobre o fato do proponente poder se aplica aos projetos que visem à proteção
gastar o percentual sob o valor homologa- do patrimônio cultural material ou ima-
do para execução ou valor captado. Uma terial, museus e memória, planos anuais e
visão mais precavida, e baseada no art. 50, plurianuais, restauração de obras de arte,
§2º seria a do proponente calcular todos os inclusão da pessoa com deficiência, óperas,
seus limites sobre o valor que foi captado. desfiles festivos, educativos em geral, prê-
mios e pesquisas, manutenção de corpos
Além disso, outros valores devem ser ob- estáveis, produção de obras audiovisuais,
servados para o pagamento de cachês artís- realizados em espaços com até 150 (cento e
ticos, por apresentação (art. 12): cinquenta) lugares e construção ou manu-
- para artista ou modelo solo – até tenção de salas de cinema e teatro em mu-
R$45.000,00 nicípios com menos de 100.000 (cem mil)
- para grupos artísticos, exceto orques- habitantes. Tudo isso está no art. 4º, §4º.
tras – até R$90.000,00
- para grupos de modelos de desfile de
moda – até R$90.000,00 DIVULGAÇÃO DO PROJETO
- para orquestras – até R$2.250,00
por músico O projeto poderá prever custos de divul-
- para orquestras – até R$45.000,00 para gação limitados a 20% ou 30% sobre o va-
o maestro. lor do projeto (art. 9º), conforme mencio-
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 21
nado no tópico anterior. Não é necessário rão ter a movimentação bancária autorizada
que seja apresentado um plano de divulga- antes de atingidos os percentuais mínimos
ção. No entanto, isso não retira a impor- (art. 30, §3º, II); b) possibilidade do aumento
tância da divulgação de um projeto, e que do prazo de captação (art. 33, §1º, inciso III);
ela seja feita de forma correta, respeitando c) pedidos de ajuste orçamentário ou de re-
a utilização das logomarcas, e inserindo as dução antes da captação de no mínimo 20%
divulgações na prestação de contas. (art. 37, §4º e art. 39, caput).
A
Após essa avaliação, ela recebe um nú-
pós o envio da proposta, o propo- mero de Pronac (Programa Nacional de
nente deve acessar o software para Incentivo a Cultura), que irá identificá-la
ter conhecimento do andamento daqui em diante, e passa a ser chamada de
do seu projeto, por isso recomendamos projeto cultural (e não mais proposta).
acompanhamento diário no Sistema Salic.
Porém, o Ministério poderá enviar e-mail Nessa fase a manifestação da CNIC
com alguns comunicados, como a aprova- (Comissão Nacional de Incentivo à Cul-
ção ou desaprovação de aplicação de mar- tura) não é obrigatória, sendo facultada a
cas, por exemplo. Por isso é necessário que Comissão manifestar-se no prazo de até
o e-mail informado seja acessado regular- 5 dias da disponibilização dessa análise
mente pelo responsável do projeto. no Salic.
O Ministério também poderá fazer soli- Caso o projeto seja indeferido e o propo-
citações dentro do projeto, que são chama- nente não concorde, ele deve recorrer desta
das de diligências. As diligências devem ser decisão, no prazo de até 10 dias, dentro do
respondidas sempre dentro dos prazos, do próprio sistema.
contrário o projeto é arquivado (art. 69, §4º).
A decisão da aprovação preliminar será
Quando recebido na Secretaria Especial de publicada no Diário Oficial da União, per-
Cultura, o projeto passa por algumas análises. mitindo, e em alguns casos exigindo que,
antes mesmo da aprovação definitiva, o
proponente faça a captação de pelo menos
ANÁLISE DE ADMISSIBILIDADE 10% do valor do projeto.
dos grupos artísticos, empresariado, socie- centivadores pessoas físicas, basta a ciência
dade civil e Estado e se reúne mensalmente. deles (art. 28, §2º).
Cabe a Comissão, além de assessorar a Mas caso o projeto não homologado que
estrutura do Ministério do Turismo, atra- tenha captado recursos seja um projeto de
vés da Secretaria Especial de Cultura, ho- patrimônio cultural, museus e memória, o
mologar ou não o parecer técnico emitido. proponente poderá solicitar a transferência
Após a reunião, a decisão é disponibilizada da verba para outros projetos próprios ou
no software Salic. de outros proponentes, sendo necessário
agora a anuência do proponente do projeto
que está transferindo e seus incentivadores,
PARECER TÉCNICO além da anuência do IPHAN ou IBRAM
(vide §4º do art. 28).
Depois da avaliação da CNIC, o parecer
finalmente é disponibilizado no sistema Uma situação nova trazida pela IN 2/2019
Salic. E a decisão emitida poderá: é o caso do proponente realizar captação
π Aprovar o projeto, sem qualquer ressal- maior do que o valor que foi homologado
va e/ou corte no orçamento; para a execução do projeto. Aqui, é facul-
π Aprovar o projeto, com ressalvas e/ou tado ao proponente a transferência desse
cortes no orçamento; valor excedente para um único outro pro-
π Reprovar (indeferir), ou seja, não ho- jeto homologado para captação do mesmo
mologar o projeto. proponente, sendo novamente necessária a
anuência dos incentivadores pessoa jurídi-
Nesse momento é importante fazer uma ca e ciência das pessoas físicas (art. 28, §3º).
leitura criteriosa do parecer e também do
orçamento, para verificar se a decisão foi Enfim, se o proponente entende que a
corretamente embasada, possuiu o enqua- decisão de não homologação deve ser ques-
dramento correto e se é necessário ou não tionada, e que o seu projeto deve ser apro-
questionar a decisão, caso ela seja desfavo- vado, poderá recorrer da decisão.
rável ao proponente.
A
das decisões administrativas cabe recurso,
e que devem ser aplicadas as disposições verba pode ser captada após a pu-
da Lei do Processo Administrativo Fede- blicação da aprovação do projeto
ral (Lei nº 9.784, de 29.01.1999). Essa lei no Diário Oficial da União. Ago-
explica, em seu art. 59, que o prazo para ra, como já explicado nos itens anteriores,
apresentar o recurso será de 10 dias corri- teremos duas publicações de aprovações, a
dos contados da ciência da decisão ou do inicial e a definitiva.
ato, excluindo-se da contagem o dia do
começo e incluindo-se o do vencimento. A página do Diário Oficial da União é
o documento mais eficaz para comprovar
Como já dito nesta cartilha, a comunicação a veracidade da aprovação do seu projeto,
oficial do Ministério do Turismo com o pro- uma vez que, como o nome já diz, o Di-
ponente é através do software Salic. Então ário é Oficial! O link do Diário é http://
os prazos vão iniciar a partir da inclusão das portal.in.gov.br/
informações no Salic. Por este motivo reafir-
mamos que os proponentes deverão consul- Entenda o Diário Oficial. Ele é o do-
tar o sistema com atenção e frequência. cumento que torna público os atos dos
três poderes (executivo, legislativo e judi-
É importante que o proponente esteja ciário) e que publica os atos de todos os
muito bem embasado nas suas argumenta- Ministérios. No Sumário, que fica na pri-
ções. Esse não é o momento de expressar meira página, vai constar “Ministério do
inconformismo, mas razões reais pelas quais Turismo”. Vá até lá e procure a publica-
o seu projeto deve ser aprovado. Via de re- ção da “Secretaria Especial da Cultura”, e
gra, o recurso será enviado pelo Salic. Na “Secretaria de Fomento e Incentivo à Cul-
impossibilidade, entre em contato com a Se- tura”. Haverá uma portaria com a finali-
cretaria para verificar qual a forma de envio. dade de aprovar projetos, que diariamente
são publicados.
Por fim, caso o projeto não seja aprova-
do e o proponente não apresente recurso, e Na publicação, o proponente deve ob-
tenha ocorrido captação, se não for o caso servar se as seguintes informações estão
de transferências de recursos financeiros corretas: o enquadramento correto do seu
(conforme explicado no tópico anterior), projeto (art. 18 ou 26), o valor aprovado, o
estes serão recolhidos ao Fundo Nacional nome do projeto, o CNPJ ou CPF do pro-
de Cultura (FNC), dispensada a anuência ponente e outras informações que cons-
do proponente (art. 28, §5º). tam na publicação.
26 WWW.CAPACITAR.VC
O
projeto foi aprovado em julho de 2019,
ainda que ele finalize no ano subsequen- primeiro passo para a captação
te, no caso, em 2020, no Diário Oficial irá é verificar quem pode ser um
constar que o prazo de captação é até o dia incentivador para o seu projeto.
31 de dezembro de 2019. Atualmente, ao Atualmente podem apoiar projetos pesso-
clicar no botão “prorrogação automática” as físicas e jurídicas contribuintes do im-
disponível no Salic no ato do cadastramen- posto de renda (IR), atendidos os requisi-
to da proposta, o Ministério fará a primeira tos abaixo.
prorrogação de forma automática, consi- π PESSOA FÍSICAS: Somente as pes-
derando o período de execução proposto soas que façam a opção pela declaração
pelo proponente. COMPLETA do IR. Valor da dedução:
até 6% do IR devido.
O Salic está em constante aprimoramen- π PESSOAS JURÍDICAS: Somente
to e a função de prorrogação automática aqueles que fazem a opção de pagamento
é algo relativamente novo. Por isso reco- do seu IR com base no regime de tribu-
mendamos que o proponente acompanhe tação do LUCRO REAL. Valor da dedu-
os prazos de execução e captação do seu ção: até 4% do IR devido.
projeto com frequência, realizando a soli-
citação de prorrogação pelo Salic (quando Atenção: estamos falando de imposto de
esta não for realizada pelo Ministério auto- renda devido, e não imposto de renda a pa-
maticamente), em até 30 dias antes do fim gar. Ou seja, existe possibilidade de aporte
do prazo (vide artigos 33 a 35). mesmo para contribuintes que tenham im-
posto de renda a restituir. O valor será so-
No momento das prospecções de incen- mado na restituição e virá reajustado pela
tivo, o Diário Oficial é documento indis- taxa Selic.
pensável, e pode inclusive fazer parte da
apresentação de vendas do seu projeto. Nesse caso, empresas optantes pelo
Simples Nacional e pelo regime de tri-
DICA: leve consigo sempre todas as pu- butação de lucro presumido não podem
blicações que ocorreram no seu projeto, in- ser incentivadores.
cluindo publicações da aprovação prelimi-
nar, definitiva, prorrogação de prazos de E quem está obrigada ao regime de tri-
captação, complementação, entre outras.
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 27
se o contribuinte pessoa física já destinou o que deve ser conferido pelo proponente
5% para o Fundo do Idoso, ele só pode- dentro do Salic. Mesmo assim, recomenda-
rá, naquele exercício, destinar 1% para mos que o proponente tenha em sua posse
a Cultura. Já para o contribuinte pessoa uma via do recibo de mecenato.
jurídica aplica-se outra regra. O limite de
4% de pessoas jurídicas concorre apenas O recibo é o documento que será apresen-
com a Lei do Audiovisual, ou seja, mes- tado ao investidor, para que a contabilidade
mo que a empresa tenha doado 1% para o utilize na comprovação da dedução fiscal.
a Lei de Incentivo ao Esporte, isso não a De fato, a informação enviada pelo investi-
impedirá de aportar os 4% para a Cultura. dor à Receita Federal não exige o recibo em
Entenda esse processo para, se necessá- si. Porém, trata-se de uma prática de mer-
rio, explicar ao investidor, ou leve consigo cado há anos consolidada e alguns inves-
profissional ou contador apto a responder tidores utilizam o documento para fins de
a esses questionamentos. apresentação à auditoria. Por isso, converse
π Seja inovador: lembre-se que o seu com o investidor a fim de apresentar a do-
produto não precisa necessariamente ser cumentação que lhe seja necessária.
algo novo. A inovação pode estar na for-
ma de fazer. Ideias inovadoras podem Depois da emissão do recibo, esse é o mo-
chamar a atenção do incentivador em po- mento em que a verba captada pode ser de-
tencial. Exalte os seus diferenciais! positada na conta bancária do projeto, o que
π Demonstre os resultados que serão será feito pelo próprio investidor. A verba
alcançados: pode ser através de núme- deve ser depositada em uma conta bancária
ros ou metas do próprio investidor. Se for que consta no Salic, chamada de conta ban-
o caso, demonstre que o seu projeto terá cária bloqueada. A norma atual faz menção
um alcance significativo para a comuni- a conta vinculada, porém, até o presente
dade onde a sua empresa está inserida. momento, ela ainda não foi posta em ope-
π Agradeça mesmo que receba um não: ração, e as contas bloqueada e movimento
muitos proponentes, quando recebem um ainda são as utilizadas.
não, ficam indignados e sequer agrade-
cem. É importante lembrar que ninguém Os recursos deverão ser depositados en-
tem a obrigação de incentivar um projeto. tão na conta bloqueada (também chamada
Seja gentil e agradeça. Quem sabe amanhã conta captação) por meio de depósito iden-
essa porta pode se abrir para você? tificado por Transferência Eletrônica Dis-
ponível –TED, ou Documento de Opera-
Além disso, você pode acessar o link da As- ção de Crédito –DOC. Em todos os casos
sociação Brasileira de Captadores de Recur- é necessário constar o CPF ou do CNPJ do
sos (captadores.org.br) e se inteirar sobre o tema. depositante e o tipo de depósito, qual seja,
doação ou patrocínio (§1º, art. 30).
APORTE E RECIBO DE MECENATO Por fim, vale lembrar que patrocínios que
forem realizados por empresas de produtos
O próximo passo para a captação é o pre- fumígenos resultarão em comunicação do
enchimento do recibo de mecenato. Atual- fato à Receita Federal do Brasil para cance-
mente não é mais necessário que o recibo lamento do benefício fiscal eventualmente
seja enviado ao Ministério, pois a informa- usufruído pelo incentivador, ressalvada a
ção do aporte já ocorre automaticamente, possibilidade de doações (art. 30, §4º).
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 31
Já na fase de execução, ou seja, após a li- de readequação já estão sendo feitos dentro
beração da conta para a movimentação de do sistema. Mesmo assim, recomendamos
recursos, o proponente poderá solicitar alte- que antes de solicitar qualquer alteração,
rações no projeto, dentro do Salic. O pedido o proponente faça a leitura da Instrução
deve ocorrer de forma justificada e no míni- Normativa vigente.
mo 30 (trinta) dias antes do início da execu-
ção da meta ou ação a ser alterada (art. 36).
REMANEJAMENTOS
Pedidos de alteração de nome precisam ORÇAMENTÁRIOS
de anuência do autor da obra correspon-
dente, se for o caso. Para alteração de local, Serão permitidos remanejamentos de
vide o descrito no §2º do art. 36. itens do orçamento, no limite de até 50%, e
os ajustes de valores não poderão implicar
Para alteração de proponente, é necessário, aumento do valor aprovado para grupos de
além de justificativa, obter a anuência formal despesas que possuem limites percentuais
do proponente substituto (ler o art. 41). máximos, como é o caso, por exemplo, dos
custos vinculados ou de captação de recur-
O Salic tem sido constantemente atuali- sos (art. 37). Mas atenção: Apesar da nor-
zado e hoje praticamente todos os pedidos ma não mencionar, também não é possível
aumentar outros grupos de despesa, como
é o caso da produção do projeto (chamado
de Grupo A pelo Salic).
D
abrir as cortinas e deixar a luz entrar. Por
isso, poste as ações do seu projeto nas redes epois de encerrado o projeto e
sociais; compartilhe a notícia. Dê publici- efetuado todos os pagamentos,
dade ao seu projeto, dando transparência e é o momento de zerar a conta
visibilidade para ele. bancária onde os valores estavam sendo
movimentados. O art. 32 da Instrução, em
Enfim, use a sua imaginação e regis- seu §4º, deixa claro que ao término da exe-
tre tudo o que for executado. Lembre- cução do projeto, todo saldo remanescente
-se: o momento de registrar o seu projeto (incluindo o resultado de aplicação finan-
é durante a execução, e não depois que ceira não utilizado) deverá ser recolhido ao
ele finalizou. Fundo Nacional de Cultura – FNC.
A
rizar a sua situação.
prestação de contas é de extrema
importância para o projeto. Faça Ainda que os documentos sejam envia-
a prestação de contas como uma dos pelo software, recomendamos que o
prática diária, e não algo que deve ser or- proponente tenha em sua posse um dossiê
ganizado somente ao final do projeto. Ou físico e digital organizado, contendo toda
seja, a prestação de contas começa junto a prestação de contas, como por exemplo:
com a execução! Além disso, convidamos contratos firmados com fornecedores, no-
vocês a se libertar de todos os mitos de que tas fiscais originais, comprovantes de paga-
a prestação de contas é algo terrível. Ela mento, extratos bancários, comprovações
pode ser extremamente agradável, e levar de que o produto cultural foi realizado e
o proponente a melhorar sua organiza- distribuído, fotografias, relatórios, vídeos,
ção documental e financeira. Além disso, jornais com matérias, etc.
você pode apresentá-la aos investidores do
projeto, como forma de agradecimento e Vale lembrar que o comprovante do reco-
assim também plantar uma semente para lhimento do saldo remanescente ao Fundo
uma próxima captação. Nacional de Cultural também faz parte da
prestação de contas, conforme já explicado
Os artigos 47 e 48 explicam sobre o que em item anterior.
deverá ser apresentado na prestação de
contas, que nada mais é do que comprovar Aconselhamos também que a prestação
a realização de todo o seu projeto, tanto do de contas seja digitalizada e guardada em
ponto de vista de cumprimento do objeto segurança virtualmente. Você pode, por
(produto cultural), quando do ponto de exemplo, criar um e-mail só para fins de
vista financeiro. Caso haja algum produto backup dos seus documentos digitais.
cultural que não possa ser enviado ou com- Além disso, mantenha na sua posse, e de
provado pelo Salic, então o material deve forma organizada, toda a documentação
ser entregue à Secretaria Especial da Cul- original do seu projeto, em meio físico.
tura de forma física.
A norma explica que, mesmo depois do
Ela deve ser inserida no próprio software término do projeto, cabe ao proponente
Salic, que atualmente permite que seja ane- manter e conservar a documentação do seu
xada quase toda a documentação gerada projeto pelo prazo de 5 anos, contados da
no projeto. A comprovação financeira, por avaliação dos resultados, e disponibilizá-la
exemplo, deve ser anexada no Salic, por ao Ministério do Turismo e aos órgãos de
meio dos documentos comprobatórios, à controle e fiscalização, caso seja instado a
medida que os débitos forem sendo lança- apresentá-la. Veja mais informações no art.
dos no extrato bancário (art. 47, §1º). 57, §2º. De qualquer forma, considerando
que a prestação de contas também é muito
O prazo para prestar contas é de 60 importante para o histórico do proponen-
dias após o término da execução (art. 48), te, recomendamos que ela seja guardada
quando o proponente deverá anexar as por todo o tempo que seja possível.
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 39
A
de 2019.
pesar de datada de 1991, a Lei pas-
sou a ter investimentos somente em Ainda em 2019, aproximados 3.783 pro-
1993. Desde então, já mobilizou mais jetos foram aprovados em todo o país.
de 17 bilhões de reais em todo o país. Deste total, apenas 3.309 projetos capta-
ram recursos, totalizando 1,4 bilhões. Com
Em 2016, os valores captados estão esti- a mudança de estratégia na norma (aprova-
mados em 1,149 bilhão de reais e em 2017 ção preliminar e necessidade de captação
em 1,183 bilhão de reais. Em 2019 o núme- prévia), o número de projetos aprovados
ro cresceu para 1,479 bilhão. que captaram recursos de fato aumentou.
No primeiro ano foram apenas dois in- Dos projetos aprovados em 2019, cerca
vestidores, a Souza Cruz e o Banco Nacio- de 75% foram apresentados por proponen-
nal, com 21 mil reais. Em 1994 os aportes tes pessoa jurídica, e 25% por proponentes
disparam e a Petrobrás assume a liderança pessoas físicas.
com 170 milhões. Entre 1995 e 1997 é a
vez das empresas de Telecomunicações as- Sobre os investidores, durante todo ano
sumirem o ranking de maiores investidores de 2019, 13.510 pessoas físicas destinaram
do país. parte do seu imposto de renda para proje-
tos, junto com 3.997 pessoas jurídicas.
A Petrobrás retoma o seu lugar em 1998,
tornando-se o maior patrocinador de Rou-
anet até 2012. O ano de 2006 destaca-se MAIORES PATROCINADORES
pelo maior investimento da história, ten- DO BRASIL 2019
do a Petrobrás aportado aproximados 226
milhões no mecanismo. Em 2013 o Banco 1º Vale S.A. R$55.073.957,30
do Brasil assume a liderança pela primeira 2º Banco Itaú S.A. R$48.202.000,00
vez, aportando em torno de 40 milhões. 3º Banco do Brasil S.A. R$28.091.650,72
E a partir de 2014 o BNDES passa a ser 4º BNDES R$23.627.654,58
o maior investidor do Brasil, até o ano 5º Cia. Brasileira de Metalurgia e Mineração R$20.744.471,07
de 2017. 6º Petrobrás R$18.190.474,75
NORDESTE
4,1% O projeto, apresentado em 02 de dezem-
60,9Mi
bro de 2009, ainda depende de aprovação
CENTRO-OESTE
no Senado Federal, e conforme informações
2,1%
31,1Mi
retiradas no site, o status é “em tramitação”
e a última tramitação, datada de abril de
SUDESTE
78,3%
2019, foi a realização de Audiência Pública.
1,16Bi
SUL
14,3%
211,6Mi
Em paralelo, em março de 2016 o Ministé-
rio da Cultura apresentou uma nova proposta
de alteração para o texto do Procultura. O
Ministério acredita que os ajustes conferem
Enfim, para o ano de 2019 existe a previ- maior clareza e segurança jurídica ao projeto.
são de um teto de renúncia fiscal do Gover-
no para a Cultura na casa de 1,2 bilhões. Ou A proposta do Ministério traz, entre di-
seja, esse será o valor limite de imposto de versas sugestões, uma de grande impacto
renda que poderá ser destinado para o me- para o incentivo, qual seja, a possibilidade
canismo de incentivos a projetos culturais. de pessoas jurídicas tributadas no lucro
real cuja receita bruta seja de até trezen-
tos milhões de reais deduzirem até 6% do
imposto de renda devido em cada perío-
VALIDADE E FUTURO do de apuração em favor do mecanismo
do mecenato. Nesse caso, as pessoas jurí-
DA LEI dicas cujo faturamento ultrapassa os 300
milhões manteriam a dedução fiscal de até
4%. Outro exemplo seria de que os proje-
As disposições da Lei de Incentivo à Cul- tos culturais que trouxerem em seu nome a
tura não trazem qualquer menção sobre marca do incentivador só poderiam contar
um prazo de validade da Lei e do meca- com dedução de 40%.
nismo do mecenato. Dessa forma, até que
haja qualquer disposição em contrário, Em resumo, atualmente ainda vige, em
não existe um prazo final para este bene- sua íntegra, o texto da Lei 8.313, de 1991.
fício fiscal. O assunto não tem sido mais abordada nos
encontros do Ministério como ocorreu
Em 2010 iniciou a tramitação, na Câmara, mais intensamente até 2016, e não existe
do Projeto de Lei nº 6.722/2010, para revo- previsão concreta de aprovação para pro-
gar e substituir a Lei Rouanet, e instituir o jetos de lei que visam a alteração da Lei de
PROCULTURA – Programa Nacional de Incentivo à Cultura.
42 WWW.CAPACITAR.VC
A
PRORROGAÇÃO DE PRAZOS DE
Por conta da pandemia que es- CAPTAÇÃO E EXECUÇÃO
tamos vivendo no corrente ano
(2020) e seus impactos em diver- Regra: O prazo de captação de um projeto
sos projetos culturais, foram publicadas as inicia no dia da publicação da portaria que
Instruções Normativas de n. 5, de 20 de autoriza a captação e finda no último dia do
abril de 2020 e de n. 6, de 29 de abril de exercício fiscal/ano desta publicação. A soli-
2020. Essas instruções não alteraram o tex- citação de prorrogação do prazo de captação
to da IN 2/2019 ora vigente, mas regulam deverá ser sinalizada no cadastramento da
os procedimentos de forma extraordinária proposta (o proponente deve clicar no botão
por conta da pandemia. “prorrogação automática”) e será concedida
por este Ministério, de forma automática,
Abaixo, trazemos os procedimentos que considerando o período de execução propos-
poderão ser aplicados a estes projetos, im- to, sendo que, para projetos que não possuem
pactados em razão da Covid-19. o registro no Salic de prorrogação automáti-
ca, as solicitações de prorrogações de prazos
MOVIMENTAÇÃO E LIBERAÇÃO de captação e de execução devem ser registra-
DE RECURSOS das no sistema com as devidas atualizações
no cronograma de execução, com antecedên-
Regra: os recursos do projeto só poderão cia mínima de 30 (trinta) dias da data prevista
ser movimentados quando atingidos 20% para seu encerramento.
(vinte por cento) do valor homologado para
execução. Podem ser computados nesse Procedimento Extraordinário: Os pro-
percentual o Valor de Aplicação Financeira jetos que possuem prazos de captação e exe-
e os registros de doação ou patrocínio por cução inferiores a dezembro de 2020 terão
meio de bens ou serviços, economicamente seus prazos de captação e execução prorro-
mensuráveis, devidamente comprovados. gados automaticamente até 31 de dezembro
E no caso de projeto classificado como de 2020 (art. 3º da IN 5/2020).
plano anual ou plurianual de atividades, os
recursos captados poderão ser transferidos ALTERAÇÕES NO PROJETO
quando atingido 1/12, 1/24, 1/36 ou 1/48
do orçamento global, respectivamente. Regra: O primeiro momento em que o
proponente poderá realizar alguma altera-
Procedimento Extraordinário: A mo- ção no projeto é após a captação mínima
vimentação dos recursos poderá ocorrer de 10%, não sendo possível, no entanto,
antes que sejam atingidos os limites descri- alterar objeto e enquadramento (art. 26).
tos acima na regra. É necessário, no entan-
to, que o proponente faça uma solicitação Já na fase de execução, ou seja, após a li-
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 43
beração da conta para a movimentação de proponente, por meio do Salic, à medida que
recursos, o proponente poderá solicitar alte- as despesas tiverem sido lançadas no extrato
rações no projeto, dentro do Salic. O pedido bancário, com a respectiva anexação de do-
deve ocorrer de forma justificada e no míni- cumentos comprobatórios. No entanto, “na
mo 30 (trinta) dias antes do início da execu- impossibilidade de realizar a comprovação
ção da meta ou ação a ser alterada (art. 36). referida, deverá o proponente informar e
justificar as ocorrências, bem como inserir
Procedimento Extraordinário: O pro- os documentos pertinentes, na aba “Rela-
ponente poderá pleitear alteração de seu tório de Cumprimento de Objeto”” (art. 5º,
projeto cultural por meio do Salic na fase de parágrafo único, IN 5/2020).
execução, a qualquer tempo, e após a libera-
ção para movimentação dos recursos, inde- Além disso, independente do que já pre-
pendentemente do percentual de captação. cisa ser apresentado na prestação de con-
Para esse pedido, é necessário demonstrar o tas, para projetos adiados, parcialmente
impacto causado no projeto pela pandemia. executados ou com ações canceladas, o
Continua proibido alterar o objeto e o en- proponente deverá também anexar as se-
quadramento. No mais, mantém-se todas as guintes informações e documentos (art. 6º,
disposições da Instrução vigente (art. 4º da IN 5/2020):
IN 5/2020).
a) razões do adiamento da execução
ou execução parcial;
PRESTAÇÃO DE CONTAS
b) itens e comprovantes de despesas
Regra: Os artigos 47 e 48 da IN 2/2019 não previstas; e
explicam o que deverá ser apresentado na
prestação de contas, que nada mais é do c) relatório demonstrando a nova
que comprovar a realização de todo o seu proporção do objeto, metas, contra-
partidas sociais, plano de distribui-
projeto, tanto do ponto de vista de cumpri- ção e ampliação de acesso, em razão
mento do objeto (produto cultural), quan- da alteração do orçamento pelas des-
do do ponto de vista financeiro. pesas não previstas.
Ela deve ser inserida no próprio software Lembrando que o proponente só po-
Salic, que atualmente permite que seja ane- derá executar o projeto de forma diferen-
xada quase toda a documentação gerada te se essa alteração tiver sido aprovada
no projeto. A comprovação financeira, por pelo Ministério.
exemplo, deve ser anexada no Salic, por
meio dos documentos comprobatórios, à Fora isso, todos os demais procedimen-
medida que os débitos forem sendo lança- tos para prestação de contas e avaliação de
dos no extrato bancário (art. 47, §1º da IN resultados devem ser mantidos. Porém, a
2/2019). avaliação de resultados, que é composta
pela análise do objeto e pela análise finan-
Procedimento Extraordinário: A com- ceira, deverá considerar o princípio da ra-
provação da realização física e financeira do zoabilidade, bem como a excepcionalidade
projeto impactado pela Covid-19 continua imposta ao projeto, em razão da Covid-19
sendo necessária e deverá ser realizada pelo (art. 7º, IN 5/2020).
44 WWW.CAPACITAR.VC
ANOTAÇÕES
CARTILHA LEI DE INCENTIVOÀ CULTURA 45