Projeto Layout Teclado ELiS

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1.

Introdução
Desenvolvimento de tecnologia assistiva em ambiente educacional para disciplina DESIGN E
INOVAÇÃO: ACESSIBILIDADE ministrada pelo Professor Wagner Bandeira para usuários que
apresentam características de fluentes digitais, capazes de utilizar metodologias ativas de aprendizagem e
trabalhar com conteúdos de forma transmidiática. A metodologia aplicada foi adaptada de Mozota (2011).
2. Proposta
Layout de teclado virtual para dispositivos móveis da Escrita da Língua Brasileira de Sinais (ELiS).
3. Referencial Teórico
3.1. O Surdo
Segundo o decreto No 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005, pessoa surda é aquela que “compreende
e interage com o mundo por meio de experiências visuais”.
Consideramos aqui o surdo, não como portador de deficiência auditiva, mas um falante de outra língua.
Que possui identidade, com relações culturais, sociais, históricas e linguísticas próprias. Que o surdo não
precisa ser oralizado para ser incluído à sociedade dos ouvintes e que não é a limitação auditiva que
compromete o desenvolvimento do indivíduo surdo, mas a ausência do acesso a uma língua. As barreiras
possuem mais origens sociais que as derivadas da deficiência. Segundo Gesser (2009), a surdez é muito
mais um problema para os ouvintes do que para os surdos.
Portanto, aqui, o termo “surdo” aqui não contempla a pessoa com deficiência auditiva que não se
comunica em Libras. Como pessoas oralizadas, que não compartilham da cultura e da comunicação surda,
as que recorrem exclusivamente à tecnologias assistivas (implante coclear ou aparelhos de ampliação
auditiva) ou à prática de leitura labial.
Gomes de Matos (1984), propõe os direitos linguísticos dos surdos, como os direitos: de aprendizagem,
uso, preservação, enriquecimento, valorização da língua materna; à igualdade linguística; de receber
tratamento especializado para distúrbios da comunicação; à compreensão e à produção plenas; dentre
outros.
Gesser aponta que os surdos eram privados de se comunicarem na sua língua. Discriminados e oprimidos
por não aceitarem a política e a ideologia dos ouvintes. Tanto que a sinalização já foi considerada como
“código secreto”, usada às escondidas, devido à sua proibição em 1881.
3.2. A Libras
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a “forma de comunicação e expressão, em que o sistema
lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria. Constitui um sistema lingüístico
de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Para Gesser, “através da língua nos constituímos plenamente como seres humanos, comunicamo-nos com
nossos semelhantes, construímos nossas identidades e subjetividades, adquirimos e partilhamos
informações que nos possibilitam compreender o mundo que nos cerca e é nesse sentido que a linguagem
ocupa um papel essencial na organização das funções psicológicas superiores.” Como os
desenvolvimentos cognitivo, emocional, social e acadêmico.
A Libras foi reconhecida como segunda língua oficial do Brasil apenas em abril de 2002. O
reconhecimento da Língua de Sinais, enquanto instituição linguística dos indivíduos surdos, foi uma
vitória e um passo muito significativo para os surdos na construção de sua identidade. Apesar do
reconhecimento, não há obrigatoriedade da tradução de toda a documentação legal para Libras.
Salles (2004): É uma língua, como qualquer outra língua materna, adquirida efetiva e essencialmente no
contato com seus falantes. Esse contato acontece, normalmente, com a participação nas Comunidades
Surdas, onde a Cultura Surda vai pouco a pouco florescendo e, ao mesmo tempo, se diversificando em
seus hábitos e costumes, que, pelos contextos distantes e diferenciados, refletem regionalismos culturais
da Comunidade Surda.
Em 1960, William Stokoe, ao descrever os níveis fonológicos da língua americana de sinais, apontou três
parâmetros que constituem os sinais: configuração de mão (CM); ponto de articulação (PA); e movimento
(M). Também aplicáveis à Libras.
3.3. A ELiS
A Escrita da Língua de Sinais foi criada em 1998 por Mariângela Estelita Barros em seu mestrado.
Realizou verificação teórica e prática do sistema durante seu doutorado, que terminou em 2008, quando a
ELiS estava pronta para o uso.
Desde 2010 a ELiS é disciplina obrigatória no curso de Letras/Libras da UFG. Aumentando os usuários
da escrita, foram feitas novas adaptações às regras e o redesign dos visografemas. E ainda a criação de
uma fonte TrueType. Atualmente a ELiS está em sua fase final, de
divulgação e de uso, e faz parte da grade curricular de pelo menos cinco diferentes universidades federais.
A ELiS é composta por 95 visografemas, distribuídos em quatro grupos que formam sua estrutura básica:
● Configuração de Dedos (CD): 10 visografemas, que representam as posições dos dedos e são
combinados entre si para compor um Formato de Mão. Organizados em dois subgrupos [polegar; demais
dedos].
● Orientação da Palma (OP): 6 visografemas, que indicam para qual direção a palma está voltada.
● Ponto de Articulação (PA): 35 visografemas, que representam o local onde o sinal é realizado.
Organizados em quatro subgrupos [cabeça; tronco; membros; mãos].
● Movimento (M): 44 visografemas, que representam os movimentos e expressões. Organizados em três
subgrupos [braço e punho; mãos; expressões não manuais].
Estruturalmente, se escreve primeiro os visografemas de CD, segue com a OP, depois o PA e então os de
M, sendo que nem todos os sinais possuem movimento.
4. Desenvolvimento
Em comparação com o alfabeto latino-romano, a ELiS possui muito mais caracteres. Enquanto o teclado
padrão QWERTY possui 26 caracteres principais, a ELiS possui 95. A disposição de todos em uma
mesma tela deixaria a usabilidade impraticável.
Então recorremos ao recurso de níveis de teclado, assim como nos teclados padrão em dispositivos
móveis touchscreen para acessar caracteres menos utilizados, como os símbolos e demais pontuações.
Retomando ao histórico do teclado padrão QWERTY, foi descoberto que os caracteres foram assim
dispostos pelas limitações técnicas de uso dos aparelhos de escrita mecanizados, que necessitavam separar
as letras mais utilizadas. E que, após difusão desse modelo, o costume favoreceu mais à velocidade de
digitação que a ergonomia Teclado Simplificado Dvorak, baseado, que considera o idioma e seus
caracteres mais utilizados. Também não foram encontrados dados suficientes para fazer tais análises.
Então, a ordenação dos caracteres escolhida foi a mesma utilizada no ensino de ELiS.
Foram adotadas cores para facilitar a identificação dos grupos e subgrupos pelos usuários. As cores foram
escolhidas para o máximo contraste entre si.
As teclas auxiliares:
➔ Shift [tamanho 1,5 das teclas padrão]: adicionar diacríticos (não funciona no nível 2 pois
não há diacríticos de PA, único grupo desse nível de teclado).
➔ Erase [1,5]: apagar.
➔ Níveis de Teclado [1,5]: acessar outros níveis do teclado.
➔ Outros Teclados/Idiomas [1,5]: acessar outros teclados, de outros idiomas, de emojis e
outros.
➔ Contato [1,5]: sinalizar contato no visografema.
➔ Espaço [3]: espaçamento. Ao ser pressionado fixamente por mais de segundos,
transforma toda área do teclado em TrackPad.
➔ Retorno [2,5]: retornar ou confirmar.
A distribuição adotada, por nível:
1. Configurações de Dedos (CD): 10 visografemas linha única da mesma cor;
+ Orientações da Palma (OP): 6 visografemas em outra linha única abaixo e com a cor complementar da
primeira; encaixada entre Shift e Erase;
2. Pontos de Articulação (PA): 35 visografemas
10 na primeira linha e + 5 na segunda linha, da mesma cor; ainda na segunda linha + 5 com a cor
complementar da anterior; na terceira linha, 8 visografemas com cor mais contrastante das duas
anteriores; na quarta, 7 com a cor complementar da anterior, encaixada entre Shift e Erase;
3. Movimentos (M): 32 visografemas
10 na primeira linha e + 10 na segunda, com a mesma cor; 7*** visografemas na terceira linha + 5*** na
quarta, cor complementar da anterior, encaixados entre Shift e Erase;
4. Expressões Não Manuais: 12 visografemas com a mesma cor
+ Pontuação: 12 com cor complementar da anterior + Numeração: 10 caracteres com cor mais
contrastante das duas anteriores; + Acesso aos símbolos: na cor complementar da anterior,
● Cores: Uso das 12 cores complementares, uma para cada subgrupo de visografemas ou grupo de
caracteres usuais; Alternância com o maior contraste, recorrendo à cor complementar da anterior. Ao usar
4 cores no mesmo nível (B e D), alternar formando uma cruz dentro do círculo cromático, a fim de
alcançar maior contraste entre elas.
● Expressões Não-Manuais estão contidas no grupo Movimentos, mas não foi percebida a viabilidade de
colocar todo o grupo Movimentos (44 visografemas) no mesmo nível de teclado.
5. Produto

6. Avaliação
O layout desenvolvido pode auxiliar no futuro desenvolvimento de um teclado para a ELiS para
dispositivos móveis.
Nesse modelo, não foram incluídas a pontuação demais caracteres menos utilizados na ELiS pois não
encontramos a versão virtual da lista de caracteres, que foi foi acessada apenas em versão impressa.
Um teclado para a ELiS contribuirá para os acessos à comunicação, à informação e à educação das
pessoas que já utilizam ou irão utilizar a escrita. Além de ampliar a visibilidade da escrita, das pessoas
usuárias dela e de toda cultura surda.
Pode ser utilizado nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e
modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. Por meio de integrações com outros
projetos de inclusão, como o Hand Talk, ProDeaf, Falibras, dentre outros, como salas virtuais, chats,
sistemas internos e de educação pode aumentar a capacidade de impacto do teclado.
7. Referências
http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170531150822.pdf
http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/10000/1/PDF%20-%20Gheyzna%20Ha
ry%20Fernandes%20Vieira.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbla/v14n4/v14n4a18.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm
http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-1-no-1-12007/92-a-evolucao-da-comunicacao
-entre-e-com-surdos-no-brasil
http://srvd.grupoa.com.br/uploads/imagensExtra/legado/E/ESTELITA_Mariangela_B/ELiS_Siste
ma_Brasileiro_Escrita_Lingua_Sinais/Lib/Exercicios.pdf
https://www.revistas.ufg.br/revsinal/article/download/38881/22322
https://seer.ufrgs.br/renote/article/download/14384/8280
https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/5825/1/TELI_TCC_2017_Dantas.pdf
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/91819/249018.pdf
http://editora-arara-azul.com.br/site/admin/ckfinder/userfiles/files/2%C2%BA%20Artigo%20de%
20ANDRADE%20FERNANDES%20para%20REVISTA%2016.pdf
https://www.falangemiuda.com.br/index.php/refami/article/view/2/1
http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/revdia/article/view/2875/1993
www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/download/4886/3368
https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/5825/1/TELI_TCC_2017_Dantas.pdf
https://blog.handtalk.me/surdo-ou-deficiente-auditivo/
https://blog.handtalk.me/5-coisas-comunidade-surda-parte-ii/

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