Unicesumar - Geometria Analítica

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GEOMETRIA

ANALÍTICA E
ÁLGEBRA LINEAR

Professor Me. Alexandre Shuji Suguimoto


Professor Me. Anderson Leandro Zulin
Revisor Técnico (gabarito detalhado): Profa. Esp. Nelidy Motizuki

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Gerência de Produção de Conteúdo
Juliano de Souza
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Coordenador de Conteúdo
Ivnna Gurniski de Oliveira
Design Educacional
Yasminn Zagonel
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
Projeto Gráfico
a Distância; SUGUIMOTO, Alexandre Shuji; ZULIN, Anderson
Leandro. Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Geometria Analítica e Álgebra Linear. Alexandre Shuji Sugui- Arte Capa
moto; Anderson Leandro Zulin.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. André Morais de Freitas
318 p. Editoração
“Graduação - EaD”. Matheus Felipe Davi

1. Geometria. 2. Analítica . 3. Álgebra 4. EaD. I. Título. Revisão Textual
Gabriel Bruno Martins
CDD - 22 ed. 510
CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
Diretoria de
transformamos também a sociedade na qual estamos
Planejamento de Ensino
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
Diretoria Operacional
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
de Ensino
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores
e tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e
segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES

Professor Me. Alexandre Shuji Suguimoto


Possui Licenciatura em Matemática pela UEM - Universidade Estadual de
Maringá (2003), Especialização em Métodos e Técnicas de Ensino pela
UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2012), Mestrado em
Matemática pela UEM - Universidade Estadual de Maringá (2013). Atuou na
rede Municipal de Ensino de Maringá de 2005 ate 2012 como professor de
Matemática de 5a a 8a série do Ensino Fundamental e desde 2005 atua como
professor de Matemática da Rede Estadual de Ensino do Paraná.

Professor Me. Anderson Leandro Zulin


Possui Licenciatura em Matemática pela FAFIMAN - Fundação Centro
Universitário de Mandaguari (2001), Especialização em Educação Matemática
pela FAFIPA - Faculdade Estadual de Educação, Ciência e Letras de Paranavaí
(2003), Especialização em Educação Profissional e de Jovens e Adultos pela
Faculdade Maringá (2006), Mestrado em Matemática pela UEM - Universidade
Estadual de Maringá (2013). É professor de Matemática da Educação Básica
da rede pública de ensino do Estado do Paraná, professor de Matemática nas
disciplinas de Cálculo, Álgebra Linear e Geometria Analítica nos cursos de
Engenharia Civil, Elétrica e Ciência da Computação em cursos de Graduação.
APRESENTAÇÃO

GEOMETRIA ANALÍTICA E ÁLGEBRA LINEAR


3

Seja bem-vindo(a)!
SEJA BEM-VINDO(A)!

Prezado(a) acadêmico(a), sou professor Alexandre Suguimoto e é com muita satisfação que
apresento este livro sobre Geometria Analı́tica e Álgebra Linear. Espero que este material possa
contribuir em seu aprendizado e que sirva para enriquecer seus conhecimentos referentes a dois
pilares da matemática e das ciências exatas, que são a Geometria Analı́tica e a Álgebra Linear. O
presente livro está organizado da seguinte maneira, as duas primeiras unidades tratam de conceitos
de Geometria Analı́tica de minha autoria e as outras três unidades abordam conceitos sobre Álgebra
Linear, escritas pelo professor Anderson Leandro Zulin e revisadas por mim e pela nossa equipe
de mediadores da EaD.

Na unidade I, é apresentado o conceito formal de vetores com suas operações (adição, sub-
tração e multiplicação por escalar), também é apresentado o conceito de conjuntos linearmente
dependentes e linearmente independentes, apesar de conceitos aparentemente simples, esses cons-
tituem a base da Álgebra Linear. Ainda nessa unidade, damos continuidade ao estudo dos vetores,
particularmente na operação de multiplicação de vetores, muito útil no cálculo de áreas e volumes,
fundamentais para dedução de algumas fórmulas. Posteriormente, são deduzidas as equações da
reta, plano, fórmulas das distâncias e ângulos. E, para finalizar o estudo da Geometria Analı́-
tica, na unidade II são apresentados os estudos das cônicas e quádricas, com teorias de extrema
importância para o estudo do Cálculo Vetorial.

Na sequência, são apresentados os conceitos especı́ficos da Álgebra Linear, a saber, Matrizes


e Sistemas Lineares, Espaços Vetoriais e as Transformações Lineares.

Ao escrever e reorganizar este livro, procurei apresentar as definições e conceitos, com


exemplos e, sempre que possı́vel, com auxı́lio de figuras, de maneira a facilitar a compreensão dos
assuntos abordados. Para os mais interessados, muitos conteúdos podem ser aprofundados mais
detalhadamente em livros de cálculo com geometria analı́tica e álgebra linear aplicada.

Para todos(as) os(as) cursistas, desejo-lhes um ótimo estudo, com muita garra, dedicação
e, consequentemente, muito sucesso.
APRESENTAÇÃO
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS

15 Introdução

16 Vetores

21 Operação com Vetores

26 Dependência e Independência Linear

29 Expressão Analítica de um Vetor

37 Multiplicação de Vetores

51 Sistemas de Coordenadas

53 O Plano

62 A Reta

69 Posições Relativas

82 Considerações Finais

90 Referências

91 Gabarito
10
SUMÁRIO

UNIDADE II

CÔNICAS E QUÁDRICAS

95 Introdução

96 Elipse

112 Hipérbole

121 Parábola

129 Quádricas

131 Elipsoide

135 Hipérboloide de Uma Folha

138 Hipérboloide de Duas Folhas

142 Paraboloide Elíptico

145 Paraboloide Hiperbólico

149 Superfície Cônica

152 Superfície Cilíndrica

155 Considerações Finais

162 Referências

163 Gabarito
11
SUMÁRIO

UNIDADE III

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


LINEARES

171 Introdução

172 Matrizes

176 Operações com Matrizes

183 Matriz Inversa

191 Determinante

202 Sistemas de Equações Lineares

208 Resolução de Sistemas Equações Lineares

222 Considerações Finais

229 Referências

230 Gabarito

UNIDADE IV

ESPAÇOS VETORIAIS

235 Introdução

236 Vetores

243 Espaço Vetorial

248 Subespaço Vetorial

252 Combinação Linear

255 Dependência e Independência Linear


12
SUMÁRIO

259 Base

264 Dimensão

269 Considerações Finais

274 Referências

275 Gabarito

UNIDADE V

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E


AUTOVETORES

279 Introdução

280 Produto Interno

290 Transformações Lineares

292 Núcleo e Imagem de Uma Transformação Linear

294 Autovalores e Autovetores

298 Polinômio Característico

309 Considerações Finais

317 Gabarito

318 CONCLUSÃO
Professor Me. Alexandre Shuji Suguimoto

I
VETORES, MULTIPLICAÇÃO

UNIDADE
DE VETORES, RETAS E
PLANOS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Definir o conceito matemático de vetores com as operações usuais.
■■ Reconhecer conjuntos linearmente dependentes e independentes.
■■ Definir os conceitos de multiplicação de vetores (produto escalar e
vetorial).
■■ Determinar e reconhecer as equações dos planos e das retas.
■■ Identificar as posições relativas entre planos, retas, bem como
calcular ângulos e distâncias.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Vetores
■■ Operação com vetores
■■ Dependência e independência linear
■■ Expressão analítica de um vetor
■■ Multiplicação de vetores
■■ Sistema de coordenadas
■■ O Plano
■■ A Reta
■■ Posições relativas
15

INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

Prezado(a) leitor(a), você provavelmente já tem algum conhecimento sobre vetor, com suas
caracterı́sticas, que são: módulo, direção e sentido. Também deve ter efetuado algumas operações
com vetores no Ensino Médio, principalmente na disciplina de fı́sica, ao obter, por exemplo, a
força resultante que atua num determinado corpo que se encontra sob a ação de mais de uma
força aplicada sobre esse corpo. Entretanto, o conceito sobre vetores são apresentados de maneira
intuitiva, sem seguir um critério rigoroso em sua definição.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Nesta unidade, vamos introduzir o conceito formal de vetores, como conjunto de segmentos
orientados, com suas operações de adição, subtração, multiplicação por escalar e suas propriedades
que possibilitam definir um Espaço Vetorial, esse último sendo a base para o estudo da disciplina
de Álgebra Linear. Apresentaremos o conceito de conjuntos linearmente dependentes e conjuntos
linearmente independentes, conceitos esses de extrema importância para podermos definir o plano
cartesiano e também o espaço euclidiano tridimensional. Para finalizar esta unidade, estudaremos
os vetores em sua expressão analı́tica, ou seja, por meio de coordenadas, possibilitando realizar
operações algébricas, seja no plano R2 ou no espaço R3 .

A aplicação dos conceitos envolvendo os vetores é de extrema importância nos mais va-
riados ramos de conhecimento, principalmente nas Ciências Exatas, a saber: nas Engenharias,
Arquitetura, Astronomia, Ciências da Computação, Quı́mica e, particularmente, na Fı́sica e na
Matemática. É importante ter ciência de que a Geometria Analı́tica é um fundamento básico
para as áreas mais modernas da geometria, tais como geometria algébrica, diferencial, discreta e
computacional.

Na sequência, faremos um estudo sobre as retas e planos, cujas representações matemáticas


são equações lineares, ou seja, equações de 1o grau nas variáveis x, y e z. Todas as fórmulas que
apresentaremos serão feitas por dedução partindo dos conceitos vistos anteriormente sobre vetores.
Em nossos estudos sobre Geometria Analı́tica vamos considerar espaços euclidianos, como a reta
real, plano cartesiano e os espaços em terceira dimensão, cujos eixos são mutuamente perpendicu-
lares.

Introdução
16 UNIDADE I

VETORES
VETORES

Segmentos Orientados

Algumas grandezas fı́sicas ao serem medidas necessitam apenas do valor numérico seguido
da unidade de medida, por exemplo: a massa, o comprimento, a área e o volume são chamadas de
grandezas escalares. No entanto, existem outras grandezas que precisam de mais informações além
das citadas anteriormente, como, por exemplo a força aplicada, o campo elétrico, a aceleração e a
velocidade. Assim, vamos formalizar esses conceitos. Seja r uma reta horizontal, marquemos nessa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
reta um ponto O, que chamaremos de origem, o lado direito indicaremos de sentido positivo e o
contrário de sentido negativo. Considere dois pontos distintos A e B dessa reta suporte.

Figura 1 − Reta orientada

O segmento orientado AB é determinado pelos pontos com origem em A e extremidade


em B.

Figura 2 − Sentido positiva

O segmento BA é o segmento oposto ao AB.

Figura 3 − Sentido negativo

Adotando uma unidade de comprimento, podemos associar ao segmento AB um número


real positivo, que chamaremos de comprimento ou módulo do segmento AB.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


17

Figura 4 − Módulo

No caso em que os pontos A e B são coincidentes, ou seja, A = B, chamamos AB de


segmento nulo, em que |AB| = AB = 0.

Figura 5 − Segmento nulo


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Direção e Sentido

Sejam r e s retas paralelas, dizemos que os segmentos AB e CD têm a mesma direção,


se esses segmentos estão em retas paralelas ou estão situadas sobre uma mesma reta suporte.
Agora, dois segmentos orientados têm o mesmo sentido quando eles “apontam” para o mesmo
lado. Note que, para compararmos o sentido de dois segmentos, é necessário que eles tenham a
mesma direção.

Figura 6 − Mesmo sentido Figura 7 − Sentidos opostos

Figura 8 − Mesmo sentido Figura 9 − Sentidos opostos

Vetores
18 UNIDADE I

Segmentos Equipolentes

Dizemos que dois segmentos são equipolentes quando têm:

I) o mesmo módulo.
II) a mesma direção.
III) o mesmo sentido.

Geometricamente, os segmentos AB e CD são equipolentes quando:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 10 − paralelogramo Figura 11 − colineares Figura 12 − coincidentes

Usaremos a seguinte notação AB ∼ CD para indicarmos equipolência. É fácil de verificar


algumas propriedades de equipolência:

I) Reflexiva: AB ∼ AB, todo segmento é equipolente a si mesmo.


II) Simétrica: Se AB ∼ CD, então CD ∼ AB.
III) Transitiva: Se AB ∼ CD e CD ∼ EF , então AB ∼ EF .

No caso de segmentos equipolentes, como as três propriedades são verificadas, dizemos que
equipolência é uma relação de equivalência.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


19

Vetor

Dizemos que o vetor determinado por um segmento orientado AB é o conjunto de todos


segmentos orientados equipolentes a ele.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 13 − Vetores

Esse conjunto pode ser denotado da forma:

v = {XY ; XY ∼ AB}.

−→
Outras notações para vetores são AB e B − A. Chama-se norma ou comprimento de um vetor v
e indicaremos por v  um número real t tal que v  = |t|.

É importante destacar que as caracterı́sticas de um vetor v são as mesmas em qualquer um


de seus representantes, isto é, o módulo, a direção e o sentido. Note que, se AB é um segmento
orientado e P é um ponto qualquer, então, existe um único ponto Q, tal que AB ∼ P Q. Em
−→
particular, dado um vetor AB é sempre possı́vel obter segmentos equipolentes a AB com origem
em qualquer ponto do plano ou espaço, onde acharmos mais conveniente.

−→ −−→
Igualdade de Vetores: dois vetores AB e CD são iguais, se AB ∼ CD.
Vetor Nulo: o vetor nulo é o vetor determinado por segmento nulo e indicado por 0.
−→ −→
Vetores Opostos ou Simétricos: dado um vetor v = AB, o vetor BA é chamado de vetor
−→ −→
oposto (ou simétrico), denotado por BA = −AB.
Vetor Unitário: dizemos que v é um vetor unitário, quando sua norma é igual a 1, ou seja,
v  = 1.

Vetores
20 UNIDADE I

10

Vetores Colineares: u e v são colineares quando têm a mesma direção, ou seja, podemos tomar
representantes desses vetores sobre a mesma reta suporte ou situadas em retas paralelas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 14 − Mesmo sentido Figura 15 − Sentidos opostos

Figura 16 − Mesmo sentido Figura 17 − Sentidos opostos

Vetores Coplanares: dois ou mais vetores são coplanares quando possuem representantes num
−−→ −→ −→
mesmo plano. Na figura 18 os vetores u, v e w
 são coplanares, em que u = AD, v = AB e w
 = AC.

Figura 18 − Vetores coplanares

Note que dois vetores são sempre coplanares.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


21

11
11

Nesta unidade definimos dois conceitos matemático: segmento orientado e também vetor.
Nesta unidade definimos dois conceitos matemático: segmento orientado e também vetor.
Assim, dados dois pontos A e B, reflita sobre a diferença entre o segmento orientado AB e o
Assim,−dados
→ dois pontos A e B, reflita sobre a diferença entre o segmento orientado AB e o
vetor AB.
−→
vetor AB.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

OPERAÇÃO COM VETORES


OPERAÇÃO COM VETORES
OPERAÇÃO COM VETORES

Adição de Vetores
Adição de Vetores

Sejam u e v dois vetores, definimos por vetor soma desses vetores e indicaremos por
Sejam u e v dois vetores, definimos por vetor soma desses vetores e indicaremos por
s = u + v ao vetor como indicado na figura 20:
s = u + v ao vetor como indicado na figura 20:

Figura 19 − Vetores Figura 20 − Soma de vetores


Figura 19
−→ −−→ − Vetores Figura 20 − Soma de vetores
Assim, se AB e BC são representantes dos vetores u e v , respectivamente, temos
−→ −−→
Assim, se AB e BC são representantes dos vetores u e v , respectivamente, temos
s = u + v
s = u + v
−→ −→ −−→
AC = AB + BC.
−→ −→ −−→
AC = AB + BC.
Isto é, o vetor soma s tem origem na origem do vetor u e extremidade na extremidade vetor v , em
Isto é, o vetor soma s tem origem na origem do vetor u e extremidade na extremidade vetor v , em
que a origem do vetor v é a extremidade do vetor u.
que a origem do vetor v é a extremidade do vetor u.

Operação com Vetores


22 UNIDADE I

12

Propriedades

I) Comutativa: u + v = v + u.
II) Associativa: (u + v ) + w
 = u + (v + w).

III) Existência do vetor nulo 0, assim, para todo v existe 0, tal que v + 0 = 0 + v = v .
IV) Para todo vetor v existe o vetor −v , tal que v + (−v ) = 0.

Vamos demonstrar a propriedade (I) com auxı́lio da figura 21. Dados u e v , considere o paralelo-
−→ −−→ −−→ −−→

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gramo ABCD, em que u = AB = DC e v = AD = BC.

Figura 21 − Regra do paralelogramo

−→ −−→ −→ −−→ −−→ −→


Temos u +v = AB + BC = AC, por outro lado, v +u = AD + DC = AC, logo u +v = v +u,
como querı́amos demonstrar. Essa propriedade pode nos auxiliar geometricamente para obtermos
o vetor soma, conhecido como Regra do Paralelogramo, para tanto, procedemos da seguinte
−→ −−→
maneira: marcamos os vetores com origem em comum (no ponto A), isto é, u = AB e v = AD,
depois traçamos duas retas paralelas aos segmentos AB e AD, cuja interseção nos dá um ponto
−→
C, assim, o vetor soma é aquele com origem no ponto A e extremidade em C, isto é, AC.

No caso da adição de três ou mais vetores, temos uma regra bastante útil, que é a Regra
do Polı́gono Fechado. Por exemplo, dados os vetores u, v e w,
 o vetor soma s tem origem na
origem do primeiro vetor com extremidade na extremidade do último vetor.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


23

13

Figura 22 Figura 23

Assim, para n vetores o vetor soma fecha o polı́gonos, formando um polı́gono com n + 1 lados.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 24

Diferença de Vetores

Definimos por diferença entre os vetores u por v , isto é u − v , o vetor d como sendo a soma
d = u + (−v ), ou seja, u − v = u + (−v ).

Figura 25 Figura 26

Operação com Vetores


24 UNIDADE I

14

Multiplicação de um Vetor por um Escalar (Produto por Escalar)

Seja v um vetor não nulo e k um número real (escalar), chama-se produto de um número
real k pelo vetor v o vetor p = kv , cuja direção é a mesma do vetor v . Se k > 0, o sentido é o
mesmo que de v .

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 27 − com k = 1 Figura 28 − com k > 1 Figura 29 − com 0 < k < 1

Agora, se k é negativo, o sentido é oposto.

Figura 32 − com
Figura 30 − com k = −1 Figura 31 − com k < −1 −1 < k < 0

Observe que se kv = 0, então k = 0 ou v = 0.

1
 obtenha o vetor s = 2u − v + w.
Exemplo 1: Dados os vetores u, v e w, 
3

Figura 33 Figura 34

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


25

15

Exemplo 2: Sejam ABCD vértices de um paralelogramo, M , N , O e P pontos médios dos


−→ −−→
segmentos AB, BC, CD e DA respectivamente, escreva em termos de AP e AM os vetores:
−→
a) AC
−−→
b) N A
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

−→ −−→ −−→ Figura 35 −−→ −−→ −→


a) AC = AD + DC b) N A = N P + P A
−→ −−→ −→ −→ −→
= AP + P D + AB = BA − AP
−→ −→ −−→ −−→ −−→ −−→ −→
= AP + AP + AM + M B = BM + M A − AP
−→ −−→ −−→ −−→ −→
= 2AP + AM + AM = 2M A − AP
−→ −−→ −−→ −→
= 2AP + 2AM = −2AM − AP

Até o momento, apresentamos os vetores, a adição e a subtração de vetores, bem como a


multiplicação de um vetor por um número real, particularmente em sua caracterı́stica geométrica
(módulo, direção e sentido). Porém precisamos definir um vetor de acordo com sua posição, seja
no plano ou mesmo no espaço tridimensional. Isso nos motiva a definir os vetores de maneira
analı́tica, ou seja, por meio de coordenadas, porém para definirmos o plano cartesiano ou R2 , bem
como o espaço R3 , é necessário apresentar o conceito de dependência e independência linear que
será visto na próxima sessão.

Operação com Vetores


26 UNIDADE I

16

DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA
DEPENDÊNCIA E INDEPEND ÊNCIA LINEARLINEAR

−→ −−→
Sejam u e v vetores com representantes P A e P B, respectivamente, analisemos as seguintes
−→ −−→
situações: primeiramente, se P A e P B estão sobre uma mesma reta r, então, existe um escalar
−−→ −→
k ∈ R, tal que P B = k P A. Nesse caso, dizemos que o conjunto {u, v } é linearmente dependente
LD ou que os vetores u e v são múltiplos um do outro, ou ainda que v é combinação linear de
−→ −−→
u − em particular, dizemos que os vetores P A e P B geram uma reta, na verdade, basta um vetor
−→
não nulo P A para gerar toda reta.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 36 − Vetores LD Figura 37 − Vetores LI
−→ −−→ −→ −−→
Agora, se P A e P B não estão sobre uma mesma reta, então P A e P B determinam um
plano π, nesse caso, dizemos que {u, v } formam um conjunto linearmente independente LI.
Assim, qualquer vetor w ∈ π pode ser escrito como combinação linear dos vetores u e v , ou seja,
−→ −→ −→ −−→
 = P C, com C ∈ π, então devem existir escalares a e b reais, tais que P C = aP A + bP B e,
se w
−→ −−→
portanto, os vetores P A e P B geram um plano, os números a e b são as coordenadas do vetor w 
em termos dos vetores u e v .

Figura 38 − Combinação linear

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


27

17

Considere agora três vetores {u, v , w}.


 Dizemos que esse conjunto é linearmente dependente,
se eles possuem representantes num mesmo plano, ou são colineares, assim, esses vetores geram um
plano ou uma reta. Agora, se o conjunto {u, v , w}
 é LI, então, esses vetores são não coplanares,
logo, dado qualquer ponto M do espaço e tomando P como ponto de origem comum aos vetores
−−→
u, v , w,
 existem escalares a, b e c, tais que o vetor P M = au + bv + cw.
 Ou seja, qualquer vetor
do espaço pode ser escrito como combinação linear desses três vetores LI, portanto, esse conjunto
−→ −−→ −→
gera o espaço. Assim, sejam u, v e w
 vetores com representantes P A, P B e P C, a seguir, podemos
observar as seguintes situações:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 39 − Vetores LD Figura 40 − Vetores LI


−−→
Podemos ver na figura 41 a interpretação geométrica do vetor P M em termos de u, v e w.


Figura 41 − Vetores LI
Um conjunto com três ou mais vetores num plano é sempre LD. Informalmente, um vetor
deve gerar a reta para ser LI, dois vetores devem gerar um plano para ser LI e três vetores devem
gerar o espaço para ser LI, caso contrário, serão LD. O conjunto vazio {} é LI e qualquer conjunto
que contenha o vetor 0 é LD.

Dependência e Independência Linear


28 UNIDADE I

18

Quando estamos considerando apenas a reta R, cada ponto dessa reta está associado a um
número real, se o número é positivo o ponto que o representa está situado à direita da origem
(ou ponto zero), por outro lado, quando o número é negativo, o ponto está à esquerda da origem.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesse sentido, cada número real ou ponto da reta R pode ser representado por um vetor. Como
a reta é unidimensional, logo, todos esses vetores têm a mesma direção, podendo “apontar” para
esquerda ou para direita. Note que o vetor v = 1 pode gerar o eixo x, pois qualquer número (ou
vetor) da reta é múltiplo de 1 (ou combinação linear do vetor v = 1), mais ainda, na verdade
qualquer vetor não nulo pode gerar a reta real. Já o plano cartesiano pode ser gerado pelos
vetores i = (1, 0) e j = (0, 1), ou seja, o conjunto {(1, 0), (0, 1)}. Mas qualquer outro par de
vetores não nulos LI pode gerar um plano, analogamente, o conjunto {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)}
é um conjunto que gera o espaço, porém qualquer outro conjunto formado por três vetores LI
pode gerar o espaço, esses três conjuntos são chamados de base canônica (da reta, do plano
e do espaço euclidiano) e serão estudados mais detalhadamente na unidade IV, que trata da
Álgebra Linear. Os conjuntos {(1, 0), (0, 1)} e {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} são chamados de base
canônica para R2 e R3 , respectivamente.

Acesse o link e veja detalhadamente:

<http://wp.ufpel.edu.br/nucleomatceng/files/2012/07/Vetores-no-R2-e-no-R32.pdf>

Fonte: o autor.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


29

19

EXPRESSÃO ANALÍTICA
EXPRESSÃO ANAL DE
ÍTICA DE UM UM VETOR
VETOR

Vetores no plano R2

Considere a base canônica para o plano, cada ponto (par ordenado) (x, y) associa-se a um
vetor v = (x, y) e, reciprocamente, cada vetor do plano pode ser associado a um par ordenado.
Igualdade: dois vetores u = (x1 , y1 ) e v = (x2 , y2 ) são iguais se x1 = x2 e y1 = y2 .
Soma: u + v = (x1 + x2 , y1 + y2 ).
Multiplicação por escalar: dados k ∈ R e v ∈ R2 definimos kv = (kx2 , ky2 ).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Notação: v = (x, y) = (x, 0) + (0, y) = x(1, 0) + y(0, 1) = xi + yj


Observe que, dados A e B em R2 , temos:

−→ −→ −−→
AB = AO + OB
−→ −→ −−→
AB = −OA + OB
−→
AB = −(xA , yA ) + (xB , yB )
−→
AB = (xB − xA , yB − yA ).

Figura 42

Portanto, o vetor definido por dois pontos no plano é:

−→
AB = (xB − xA , yB − yA )
−→
AB = B − A
−→ −→
AB = OP .

De maneira análoga, definimos as operações citadas anteriormente para vetores no espaço.

Expressão Analítica de um Vetor


30 UNIDADE I

20

Vetores no espaço R3

Considere a base canônica para R3 , cada ponto (terno ordenado) (x, y, z) do espaço euclidi-
ano associa-se a um vetor v = (x, y, z) e, reciprocamente, cada vetor do espaço pode ser associado
a um terno ordenado.
Igualdade: dois vetores u = (x1 , y1 , z1 ) e v = (x2 , y2 , z2 ) são iguais se x1 = x2 , y1 = y2 e z1 = z2 .
Soma: u + v = (x1 + x2 , y1 + y2 , z1 + z2 ).
Multiplicação por escalar: dados k ∈ R e v ∈ R3 definimos kv = (kx2 , ky2 , kz2 ).
Notação: v = (x, y, z) = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1) = xi + yj + zk.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
−→ −→
Dados A e B em R3 , AB = B − A = (xB − xA , yB − yA , zB − zA ) = OP , em que P corresponde
ao ponto P (xB − xA , yB − yA , zB − zA ).

Figura 43

Partindo das definições anteriores, é possı́vel demonstrar as propriedades a seguir, isto é,
para quaisquer vetores u, v , w
 e números reais a e b, temos:

I) u + v = v + u
II) (u + v ) + w
 = u + (v + w)

III) u + 0 = u
 = 0
IV) u + (−u)
V) a(bv ) = (ab)v
VI) (a + b)u = au + bu
VII) a(u + v ) = au + av
VIII) 1v = v

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


31

21

−→
Exemplo 3: Sejam A = 3 e B = 5 dois pontos da reta real (eixo x) R, definimos o vetor AB
como sendo o vetor v = B − A, ou seja, v = 5 − 3 = 2, por outro lado, seu oposto é o vetor
−→
u = BA = A − B = 3 − 5 = −2. A norma de v  = u = |5 − 3| = 2. Note que, se C = 2 e
−→ −→
O = 0 (origem da reta), o vetor AB = OC = 2.

−→
Exemplo 4: Dados dois pontos A e B no plano cartesiano, definimos o vetor AB como sendo o
vetor v = B − A, em termos de coordenadas cartesianas por v = (xB − xA , yB − yA ). A norma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


do vetor é dada por v  = (xA − xB )2 + (yA − yB )2 (Teorema de Pitágoras). Por exemplo, se
−→ √
A(1, 2) e B(5, 5), então, temos v = AB = (5 − 1, 5 − 2) = (4, 3), em que v  = 42 + 32 = 5.
−→ −→
Observe que, se C(4, 3) e O(0, 0) é a origem do plano cartesiano, então, AB = OC.

−→ −→
Figura 44 − Marque o ponto C(4, 3), depois o vetor OC e compare com AB

Exemplo 5: Considere o eixo real (reta x ou R), marque os pontos A = 2, B = 3 e C = 5 e


determine a posição do ponto Xi para cada item, em que i = a, b, c, d.
d

−→ −−→
a) AB = CXa
−−→ −−→
b) BC = AXb
−−→ −−→
c) BC = Xc A
−→ −−→
d) CA = AXd

Expressão Analítica de um Vetor


32 UNIDADE I

22

a) b) c) d)
−→ −−→ −−→ −−→ −−→ −−→ −→ −−→
AB = CXa BC = AXb BC = Xc A CA = AXd
B − A = Xa − C C − B = Xb − A C − B = A − Xc A − C = Xd − A
3 − 2 = Xa − 5 5 − 3 = Xb − 2 5 − 3 = 2 − Xc 2 − 5 = Xd − 2
1 + 5 = Xa 2 = Xb − 2 2 = 2 − X2 2 + 2 − 5 = Xd
∴ Xa = 6 ∴ Xb = 4 ∴ Xc = 0 ∴ Xd = −1

Vetores no Espaço

−→

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Exemplo 6: Sejam A e B dois pontos no espaço, definimos o vetor AB como sendo o vetor
v = B − A, cujas coordenadas são v = (xB − xA , yB − yA , zB − zA ). A norma do vetor é dada por

v  = (xA − xB )2 + (yA − yB )2 + (zA − zB )2 . Por exemplo, se A(−3, −2, 1) e B(2, 4, 3), temos
−→ −→ √ √
v = AB = (2 − (−3), 4 − (−2), 3 − 1) = (5, 6, 2) e v  = AB = 52 + 62 + 22 = 65.

Figura 45

Exemplo 7: Sejam A(−1, 2, 3), B(3, 0, −1) e C(2, 1, 1) pontos de R3 , determine X, Y , Z e T de


maneira que:
−→ −−→
a) AB = CX
−−→ −−→
b) CB = Y C
−→ −→
c) AC = −AZ
−−→ −→
d) BC = T B

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


33

23

a) b)
−→ −−→ −−→ −−→
AB = CX CB = Y C
B−A=X −C B−C =C −Y
(3, 0, −1) − (−1, 2, 3) = X − (2, 1, 1) (3, 0, −1) − (2, 1, 1) = (2, 1, 1) − Y
(3, 0, −1) + (1, −2, −3) + (2, 1, 1) = X Y = (2, 1, 1) + (2, 1, 1) − (3, 0, −1)
∴ X = (6, −1 − 3) ∴ Y = (1, 2, 3)

c) d)
−→ −→ −−→ −→
AC = −AZ BC = T B
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

C − A = −(Z − A) C −B =B−T
(2, 1, 1) − (−1, 2, 3) = −Z + (−1, 2, 3) (2, 1, 1) − (3, 0, −1) = (3, 0, −1) − T
Z = (−1, 2, 3) + (−1, 2, 3) − (2, 1, 1) T = (3, 0, −1) + (3, 0, −1) − (2, 1, 1)
∴ Z = (−4, 3, 5) ∴ T = (4, −1 − 3)

Exemplo 8: Sejam A(1, 1), B(−2, 0) e C(−3, −2) pontos do plano cartesiano (R2 ), determine as
coordenadas do ponto Xi em que i =, a, b, c, d.

Figura 46

−→ −−→
a) BA = CXa
−→ −−→
b) CA = BXb
−−→ −−→
c) BC = AXc
−→ −−→
d) CA = AXd

Expressão Analítica de um Vetor


34 UNIDADE I

24

a) b)
−→ −−→ −→ −−→
BA = CXa CA = BXb
A − B = Xa − C A − C = Xb − B
(1, 1) − (−2, 0) = Xa − (−3, −2) (1, 1) − (−3, −2) = Xb − (−2, 0)
(1, 1) + (2, 0) + (−3, −2) = Xa (1, 1) + (3, 2) + (−2, 0) = Xb
Xa = (1 + 2 − 3, 1 + 0 − 2) Xb = (1 + 3 − 2, 1 + 2 + 0)
∴ Xa = (0, −1) ∴ Xb = (2, 3)

c) d)
−−→ −−→ −→ −−→

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
BC = AXc CA = AXd
C − B = Xc − A A − C = Xd − A
(−3, −2) − (−2, 0) = Xc − (1, 1) (1, 1) − (−3, −2) = Xd − (1, 1)
(−3, −2) − (−2, 0) + (1, 1) = Xc (1, 1) + (3, 2) + (1, 1) = Xd
Xc = (−3 + 2 + 1, −2 + 0 + 1) Xd = (1 + 3 + 1, 1 + 2 + 1)
∴ Xc = (0, −1) ∴ Xd = (5, 4)

Exemplo 9: Dados os vetores u = (1, 3), v = (1, 2) e w


 = 2v , determine:

a) s = u + w

s = u + w


= (1, 3) + 2(1, 2)

= (1, 3) + (2, 4)

= (3, 7)

b) Mostre que os vetores s e t = (6, 14) são linearmente dependentes.


Sabemos que s e t são LD se existir k ∈ R, tal que s = kt. Assim, vamos tentar calcular k
de maneira que a igualdade de vetores seja verificada, ou seja

(3, 7) = k(6, 14)

(3, 7) = (6k, 14k)

da igualdade de vetores
6k = 3 e 14k = 7
1 1
k= ek=
2 2
portanto, s e t são LD.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


35

25

Exemplo 10: Sejam u = (1, 1, 1) e v = (1, 0, 2) vetores de R3 .


a) Mostre que u e v é LI.

Suponhamos, por absurdo, que u e v sejam LD, isto é, existe k ∈ R tal que

u = kv

(1, 1, 1) = k(1, 0, 2)

(1, 1, 1) = (k.1, k.0, k.2)


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(1, 1, 1) = (k, 0, 2k)

1
ou seja k = 1, 0 = 1 e k = , absurdo, logo u e v são LI.
2

b) Mostre que o vetor w


 = (5, 3, 7) pode ser escrito como combinação linear dos vetores u e v .

Devemos mostrar que existem números a e b tais que w


 = au + bv . De fato, temos

w
 = au + bv

(5, 3, 7) = a(1, 1, 1) + b(1, 0, 2)

(5, 3, 7) = (a.1, a.1, a.1) + (b.1, b.0, b.2)

(5, 3, 7) = (a, a, a) + (b, 0, 2b)

(5, 3, 7) = (a + b, a, a + 2b).

Da igualdade de vetores obtemos o seguinte sistema:






 a+b = 5

 a = 3



 a + 2b = 7

cuja solução é a = 3 e b = 2, ou seja (5, 3, 7) = 3(1, 1, 1) + 2(1, 0, 2) e, portanto, w


 = 3u + 2v .

Expressão Analítica de um Vetor


36 UNIDADE I

26

Caros(as) cursistas, o GeoGebra é um software, gratuito, disponı́vel para todas plataformas


(Windows, Linux, Android etc.). A qualidade e quantidade de recursos disponı́veis nesse apli-
cativo é impressionante. Assim, sugiro que utilizem sempre que possı́vel, de maneira a auxiliá-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
los(as), sanar dúvidas. Tentem fazer com que esse programa faça parte de seus estudos, não
apenas na Geometria Analı́tica, mas também nas outras disciplinas. O GeoGebra é um aplica-
tivo indispensável para quem cursa as disciplinas das ciências exatas. Na web existem inúmeros
materiais de apoio, desde apostilas, tutoriais, vı́deos, até comunidades destinadas ao uso dele.

Veja mais em: <http://www.geogebra.org/>

Fonte: o autor.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


37

27

MULTIPLICAÇÃO DE VETORES
MULTIPLICAÇÃO DE VETORES

Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, aprendemos a multiplicar dois números, por
exemplo, 3 × 5 = 15, em que o número 15 é chamado de produto, 3 é o primeiro fator e o número
5 é o segundo fator. Nesse caso, a multiplicação é uma operação que vem simplificar a soma de
parcelas iguais, isto é 5 + 5 + 5 = 3 × 5 = 15. Uma outra multiplicação é definida no Ensino Médio,
particularmente no estudo das Matrizes, isto é, dadas duas matrizes Amp e Bpn , a multiplicação
da matriz Amp pela matriz Bpn é uma matriz Cmn e denotada por Amp × Bpn = Cmn , perceba que,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

na matemática, dado um conjunto (números naturais, racionais, reais, complexos, polinômios,


matrizes, funções etc.) é natural tentar definir, primeiramente, a operação da adição/subtração
e, depois, a operação da multiplicação. Quando isso é possı́vel, tal conjunto com essas operações
torna-se um objeto de estudo bem interessante, com propriedades muitas vezes semelhantes ao
estudado com os números reais.

Apresentaremos, nesta unidade, duas definições para multiplicação de vetores, a saber, o


produto interno (produto escalar) e, também, o produto vetorial (produto externo). O produto
interno é uma função binária que associa a cada par de vetores um número real (escalar), enquanto
o produto vetorial é uma função que associa a cada par de vetores um outro vetor.

O conceito de produto interno e produto vetorial é de extrema importância para o estudo


do cálculo vetorial, bem como nas aplicações relacionadas à fı́sica clássica, mecânica e eletromagne-
tismo. Existem muitos estudos que tentam justificar a origem das definições dessas duas operações,
no entanto, ficaremos restritos apenas a defini-los e aplicá-los conforme objetivo do curso.

Produto Interno

Vamos definir uma operação denominada de produto interno, também conhecido por pro-
duto escalar (não confunda com o produto por escalar). Essa operação associa a cada par de
vetores um número real, mas, para definir tal operação, primeiramente, precisamos de dois concei-
tos relacionados aos vetores: o primeiro é ângulo formado por dois vetores e o segundo é a norma
(módulo) ou comprimento de um vetor. Assim, sejam u e v vetores não nulos com representantes
−→ −−→
P A e P B.

Multiplicação de Vetores
38 UNIDADE I

28

−→ −−→
Dados os vetores u e v com representantes u = P A e v = P B, definimos o número θ como
sendo o ângulo entre u e v a menor medida em radianos (ou graus) formada pelos segmentos P A
e P B, em que 0 ≤ θ ≤ π ou em graus 0o ≤ θ ≤ 180o .

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 47

A norma de um vetor é um número real positivo t, denotado por v  = t que corresponde
à distância entre os ponto P e B. Além disso, note que v  = 0 se, e somente se, u = 0. Agora,
vamos relembrar como calcular a norma de um vetor.
−→
Exemplo 11: Na reta real (eixo x), se A = 5 e B = 8, o vetor v = AB = 8 − 5 = 3 e
−→
AB = v  = 3, lembrando que dado um segmento AB sempre existe um ponto P tal que o
segmento AB ∼ OP em que O é a origem (ou ponto zero), então, em termos de coordenadas, o
valor 3 corresponde à distância do ponto P até a origem O.

Figura 48

−→
No plano cartesiano R2 , dados A(xA , yA ) e B(xB , yB ), se v = AB, a norma do vetor v é a
distância entre os pontos A e B, denotando v = (a, b) em que a = xB − xA e b = yB − yA temos

−→ 
AB = (xB − xA )2 + (yB − yA )2

v  = a2 + b2 .

Analogamente, se A(xA , yA , zA ) e B(xB , yB , zB ) são pontos do R3 , pondo v = (a, b, c) em

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


39

29

que a = xB − xA , b = yB − yA e c = zB − zA , então

−→ 
AB = (xB − xA )2 + (yB − yA )2 + (zB − zA )2


v  = a2 + b2 + c2 .

Definimos como Produto Interno (ou Produto Escalar) dos vetores u por v ao número
real dado por 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

 0, se u = 0 ou v = 0
u.v = .

 u.v. cos θ

Observe que se u e v são vetores não nulos, u.v = 0 se, e somente se, θ = 90o . Nesse caso,
dizemos que u e v são ortogonais (“perpendiculares”).

A definição anterior exige que conheçamos o ângulo θ para calcular o produto interno, no
entanto, apresentaremos um resultado interessante para calcular o produto interno sem conhecer
o ângulo θ, que é o próximo teorema. Esse resultado é válido para bases ortonormais. Faremos a
demonstração desse resultado para R3 . Assim, dizemos que o conjunto {a, b, c} é uma base orto-
normal se:
I) a.b = a.c = b.c = 0, isto é, a, b e c são ortogonais entre si.
II) a = b = c = 1.
Em particular, vimos que a base ortonormal {i, j, k} é conhecida como base canônica de R3 , em
que i = (1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1).

Teorema: se {i, j, k} é uma base ortonormal canônica e u = (x1 , y1 , z1 ) e v = (x2 , y2 , z2 ), então

u.v = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 .

e

u = x21 + y12 + z12 .

Demonstração:

Multiplicação de Vetores
40 UNIDADE I

30
30
Note primeiro que i2 = i.i. cos 0o = 1 e i.j = i.j cos 90o = 0, logo,
Note primeiro que i2 = i.i. cos 0o = 1 e i.j = i.j cos 90o = 0, logo,
u.v = (x1i + y1j + z1k).(x2i + y2j + z2k)
u.v =  2 y1j + z1k).(x2i +  z2k)
= (x
x11xi2+
i + x1 y2 ij + x1 z2iky+
2 j y+  2    2
1 x2 j i + y1 y2 j + y1 z2 j k + z1 x2 k i + z1 y2 k j + z1 z2 k

= 2 x1 y2ij + x1 z2ik + y1 x2ji + y1 y2j 2 + y1 z2jk + z1 x2ki + z1 y2kj + z1 z2k 2


= xx11xx22i.1 +
+ x1 y2 .0 + x1 z2 .0 + y1 x2 .0 + y1 y2 .1 + y1 z2 .0 + z1 x2 .0 + z1 y2 .0 + z1 z2 .1
=
= xx11xx22.1++y1xy12y+
2 .0z1
+z2x. 1 z2 .0 + y1 x2 .0 + y1 y2 .1 + y1 z2 .0 + z1 x2 .0 + z1 y2 .0 + z1 z2 .1

= x 1 x 2 + y1 y 2 + z 1 z 2 .
Além disso, se v = u, temos
Além disso, se v = u, temos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
u.u = u.u. cos 0 = x21 + y12 + z12
u.u = u.u. cos 0 = x21 + y12 + z12
e, portanto,

e, portanto, u = x21 + y12 + z12 .

u = x21 + y12 + z12 .
De maneira análoga, a partir da definição de produto interno u.v = uv . cos θ, podemos
mostrarDeque
maneira análoga,
o resultado a partir
é válido na da R, ou seja
retadefinição de produto interno
u.v = x1 .x 2 , em 
u u 
.v =
que =u
x1 ve.vcos
=x e em R2
θ,2 ,podemos
mostrar
também que o resultado
é válido que u.vé =
válido
x1 .x2na 1 .y2 ,R,
+ yreta sejau u=.v(x=1 ,xy11.x
emouque ) 2e, vem
= que ). x1 e v = x2 , e em R2
(x2 , uy2=
também é válido que u.v = x1 .x2 + y1 .y2 , em que u = (x1 , y1 ) e v = (x2 , y2 ).

É possı́vel definir produto interno como no resultado do teorema anterior, ou seja, por definição,

o possı́vel
produto definir
internoproduto
é u.v = interno
x1 .x2 +como
y1 .y2 (em R2 , por exemplo)
no resultado do teorema
e uanterior,
.v = x1 .xou
2+seja,
y1 .y2por 3
+ zdefinição,
1 .z2 (R ),

1 .y2 (em R
2 3
oe produto interno é u.vobtém-se
como consequência = x1 .x2 +
o yresultado v, por
u. = uexemplo)
v . coseθ.u.Alguns
v = x1 .xlivros
2 + y1 .y 2 + za
usam 1 .znotação
2 (R ),

e<como
u, v >consequência
para indicar obtém-se resultado u.v = uv . cos θ. Alguns livros usam a notação
o produtoo interno.
< u, vsaber
Para > para indicar
mais, o produto
acesse: interno.
<http://www.sato.prof.ufu.br/LeisKepler/node4.html>
Para
Fonte:saber mais, acesse: <http://www.sato.prof.ufu.br/LeisKepler/node4.html>
o autor.
Fonte: o autor.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


41

31

Propriedades
I) u.v = v .u
II) k(u.v ) = (ku).v ; ∀x ∈ R
III) u.(v + w)
 = u.v + u.w


Vamos mostrar a propriedade do item (I). Sejam u = (x1 , y1 , z1 ) e v = (x2 , y2 , z2 ) vetores em R3 ,


temos
u.v = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2

= x2 x1 + y2 y1 + z2 z1 (a multiplicação nos reais é comutativa)


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

= v .u

Exemplo 12: Determine o produto interno entre os vetores:


a) u = (1, 3) e v = (2, 5).
Temos
u.v = (1, 3).(2, 5)

= 1.2 + 3.5

= 2 + 15

= 17

b) u = (1, −2, 4) e v = (−3, −1, 2)


u.v = (1, −2, 4).(−3, −1, 2)

= 1.(−3) + (−2).(−1) + 4.2

= −3 + 2 + 8

=7

c) a = 2i − j + 3k e b = i + k
a.b = (2, −1, 3).(1, 0, 1)

= 2.1 + (−1).0 + 3.1

=2+0+3

=5

Multiplicação de Vetores
42 UNIDADE I

32

−→ −→
Exemplo 13: Sejam A(3, 1), B(5, 3) e C(0, 4), mostre que os vetores AB e AC são ortogonais.
Dois vetores são ortogonais se o ângulo formado por eles é igual a 90o , como cos 90o = 0, então
−→ −→ −→ −→
devemos ter AB.AC = 0. Assim, temos AB = (5−3, 3−1) = (2, 2) e AC = (0−3, 4−1) = (−3, 3),
logo,
−→ −→
AB.AC = 2.(−3) + 2.3 = −6 + 6 = 0

Exemplo 14: Determine a norma dos vetores:


a) u = (−3, 5)
Temos que a norma de um vetor é dada por

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 √ √
u = (−3)2 + 52 = 9 + 25 = 34


b) v = ( 2, 0, −3)
Em R3 , temos
√ √ √
v  = ( 2)2 + 02 + (−3)2 = 2 + 0 + 9 = 11

Exemplo 15: Se u = (1, 1, 4) e v = (−1, 2, 2), determine o ângulo formado por esses vetores.
Seja θ o ângulo formado pelos vetores u e v , como u.v = uv  cos θ, logo,

u.v
cosθ = (∗).
uv 
√ √ √
Assim, temos u.v = 1.(−1) + 1.2 + 4.2 = −1 + 2 + 8 = 9, u = 12 + 12 + 42 = 18 = 3 2
 √
e v  = (−1)2 + 22 + 22 = 1 + 4 + 4 = 3, logo, substituindo em (∗) os resultados obtidos
evidenciam que √
9 1 2
cos θ = √ =√ =
3 2.3 2 2
e como 0 < θ < 180o , então θ = 45o .

Perceba que tomamos dois vetores u e v em R3 e, a partir de suas coordenadas, obtivemos


o ângulo formado por eles sem mesmo ter que desenhá-los.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


43

33

33

No Ensino Fundamental, é ensinada a regra dos sinais para multiplicação, isto é, negativo com
negativo dá positivo, positivo com negativo dá negativo etc. Observe alguns vetores na reta
R,Noverifique
Ensino Fundamental, é ensinada
quais os possı́veis ângulosa formados
regra dos por
sinais para
eles multiplicação,
e, utilizando isto é, negativo
a definição com
de produto
negativotente
interno, dá positivo,
explicar apositivo com
regra dos negativo dá negativo etc. Observe alguns vetores na reta
sinais.
R, verifique quais os possı́veis ângulos formados por eles e, utilizando a definição de produto
interno, tente explicar a regra dos sinais.
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Produto Vetorial

Produto Vetorial
Vimos na seção anterior que o produto interno associa cada par de vetores a um número
real. Veremos agora uma operação chamada de Produto Vetorial (ou Produto Externo) que, a
cada parVimos na seção
ordenado anterior
de vetores (u, que o espaço,
v ) no produtoassocia-se
interno associa cada par
a um vetor de vetores
indicado por ua×um
v . número
real. Veremos agora uma operação chamada de Produto Vetorial (ou Produto Externo) que, a
Definição: Dados dois
cada par ordenado vetores(
de vetores u ,=
v ) (x
no1 , espaço,
y1 , z1 ) eassocia-se
v = (x2 , ya2 ,um
z2 ),vetor
nessa indicado
ordem, o por u × v .vetorial
produto
de u por v denotado por u × v resulta em um vetor com as seguintes propriedades:
I)Definição: Dados
u × v  =  dois vetores
u, v )|. u = (x1 , y1 , z1 ) e v = (x2 , y2 , z2 ), nessa ordem, o produto vetorial
u.v .|sen(
deuu×por
II) v évperpendicular
denotado porao u × v resulta
plano empor
gerado umuvetor
e v . com as seguintes propriedades:
I) 
III) Ou × v  = 
sentido u.
do v .|sen(
vetor u × vu,pode
v )|. ser indicado pela regra da mão direita.

Isto u ×
II) é, v é perpendicular
suponhamos que u eao
v plano geradoum
determinam porplano
u e v .horizontal, como na figura a seguir:
III) O sentido do vetor u × v pode ser indicado pela regra da mão direita.
Isto é, suponhamos que u e v determinam um plano horizontal, como na figura a seguir:

Figura 49

Figura 49

Multiplicação de Vetores
44 UNIDADE I

34

Com a mão direita, indicamos por u (dedo indicador), v (dedo médio) e u ×v (o polegar estendido),
esse último indica o sentido do vetor u×v . Por outro lado, o produto v ×u tem-se v (dedo indicador),
u (dedo médio) e v × u (polegar) aponta para o sentido oposto ao anterior, ou seja, u ×v = −v × u.

O item (I) indica que a norma do produto vetorial corresponde à área do paralelogramo ABCD.

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Figura 50

As coordenadas do produto vetorial podem ser obtidas com auxı́lio do cálculo simbólico de um
“determinante”. Ou seja, se u = (x1 , y1 , z1 ) e v = (x2 , y2 , z2 ), o produto vetorial u × v é dado por
 
 
 i j k   









  
   y1 z1   x z 
 1 1 
 x y 
 1 1 
u × v =  x1 y1 z1  =  i −   j +   k
   y2 z2  
 x z



 x y


  2 2 2 2
 x2 y2 z 2 

ou, ainda,      
     
 y z   x z   x y 
 1 1   1 1   1 1 
u × v =  ,− ,  .
     
 y2 z 2   x2 z 2   x2 y2 

Portanto, em termos de coordenadas, temos

u × v = (y1 z2 − y2 z1 , −(x1 z2 − x2 z1 ), x1 y2 − x2 y1 ) .

Propriedades

I) u × u = 0, ∀ u.
II) u × v = −v × u.
III) u × (v + w)
 = u × v + u × w.

IV) (mu) × v = m(u × v ).

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


45

35

V) u × v = 0 se, e somente se, um dos vetores é nulo, ou u e v são colineares (paralelos).


VI) O vetor u × v é ortogonal aos vetores u e v .

Vamos provar a propriedade (II) utilizando as propriedades dos determinantes, isto é,
quando trocamos de posição duas linhas, seu determinante muda o sinal, ou seja
   
   
 i j k   i j k 
   
   
u × v =  x 1 y1 
z1  = − 
 x 2 y2 z2  = −v × u.
   
   
 x2 y2 z2   x1 y1 z1 
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Exemplo 16: Sejam u = (2, 1, 1) e v = (−1, 0, 2) vetores de R3 , calcule o produto vetorial entre
esses vetores.

Sabemos que  
 
 i j k   









     2 1   2 1 
   1 1     
u × v =  2 1 1  =  i −  j +  k
   0 2     
    −1 2   −1 0 
 −1 0 2 

u × v = 2i − (4 + 1)j + k = (2, −5, 1).

Geometricamente temos

Figura 51

Multiplicação de Vetores
46 UNIDADE I

36

Exemplo
36 17: Calcule a área do paralelogramo determinada pelos vetores u = (2, 1, 1) e v =
(−1, 0, 2).
Exemplo
Sabemos que17: Calcule
a área a área do paralelogramo
do paralelogramo é dada por determinada pelos vetores u = (2, 1, 1) e v =
(−1, 0, 2).
Sabemos que a área do paralelogramo é dada
A = por
u × v 

A = u × v 
e do exemplo 16, temos u × v = (2, −5, 1), logo,


e do exemplo 16, temos u × v = (2, −5,
A =1), logo,
22 + (−5)2 + 12

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
√
AA== 224 + 25 +21+ 12
+ (−5)

A√
= 30.
A = 4 + 25 + 1

A= 30.

Vimos que o produto interno pode ser definido na reta R, no plano R2 , no espaço R3 , no entanto,
o produto vetorial é por definição um vetor do espaço R3 . Qual a parte da definição que garante
Vimos que o produto interno pode ser definido na reta R, no plano R2 , no espaço R3 , no entanto,
isso?
o produto vetorial é por definição um vetor do espaço R3 . Qual a parte da definição que garante
isso?

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


47

37

Produto Misto

Para definirmos o Produto Misto, lembremos que o cálculo do produto interno está associado
a um número real, enquanto o produto vetorial nos dá um vetor. O termo misto indica que esse
produto envolverá os dois tipos de multiplicação.

Definição: Sejam u = (x1 , y1 , z1 ), v = (x2 , y2 , z2 ) e w


 = (x3 , y3 , z3 ) vetores no espaço, o produto
misto é uma operação que a cada terno ordenado associa-se a um número real denotado por
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

 = (u × v ).w.
[u, v , w] 

A interpretação geométrica é que o módulo do produto misto corresponde ao volume do


paralelepı́pedo definido pelos vetores u, v e w.


|[u, v , w]|
 = u × v .w.|
 cos(u × v , w)|.


Observe o paralelepı́pedo ABCDEF GH definido pelos vetores u, v e w,


 como na figura 52.

Figura 52

Assim, u × v  corresponde à área do paralelogramo ABCE e w.|


 cos(θ)| é a altura no parale-
lepı́pedo, em que θ = (u × v , w).
 Pensando ainda em termos de volume, note que se os vetores u,
v e w
 são coplanares, então, o volume do sólido se degenera, ou seja, seu volume é igual a zero.
Utilizando o mesmo raciocı́nio, podemos dizer que os pontos ABCD estão no mesmo plano quando
o produto misto também é igual a zero.

Multiplicação de Vetores
48 UNIDADE I

38

Uma forma prática de calcular o produto misto é utilizando o determinante a seguir


 
 
 x1 y 1 z 1 
 
 
 =  x2 y2 z2  .
[u, v , w]
 
 
 x3 y3 z 3 

Para verificar a validade dessa igualdade, temos

 = (y1 z2 − y2 z1 , −(x1 z2 − x2 z1 ), x1 y2 − x2 y1 ) .(x3 , y3 , z3 )


(u × v ) .w

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 = x3 (y1 z2 − y2 z1 ) − y3 (x1 z2 − x2 z1 ) + z3 (x1 y2 − x2 y1 ),
(u × v ) .w

ou seja,  
 
 x 1 y1 z 1 
 
 
 =  x2 y2 z2  .
(u × v ) .w
 
 
 x3 y3 z 3 

Portanto,  
 
 x1 y1 z 1 
 
 
 =  x2 y2 z2  .
[u, v , w]
 
 
 x3 y3 z 3 

Exemplo 18: Mostre que os vetores u = (−1, −3, −1), v = (2, 3, −1) e w
 = (−1, 0, 2) são
coplanares (LD). Os vetores u, v e w
 são coplanares se [u, v , w]
 = 0, assim, temos
 
 
 −1 −3 −1 
 
 
 =  2
[u, v , w] 3 −1  = −1(6 − 0) + 3(4 − 1) − 1(0 + 3) = −6 + 9 − 3 = 0.
 
 
 −1 0 2 

Exemplo 19: Verifique se os pontos A(0, 0, 2), B(1, 0, 0), C(−1, −3, 1) e D(−2, −3, 3) estão situ-
ados no mesmo plano.
−→ −→ −−→
Os pontos dados são coplanares se os vetores AB, AC e AD forem coplanares, da definição de

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


49

39

produto misto, temos


 
 
 1−0 0−0 0 − 2 

−→ −→ −−→  
[AB, AC, AD] =  −1 − 0 −3 − 0 1 − 2 
 
 
 −2 − 0 −3 − 0 3 − 2 
 
 
 1 0 −2 

 
=  −1 −3 −1 
 
 
 −2 −3 1 
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

= 1(−3 − 3) − 0(−1 − 2) − 2(+3 − 6)

= 1(−6) − 0(−3) − 2(−3)

= −6 + 6

= 0.

−→ −→ −−→
Portanto, como [AB, AC, AD] = 0, segue que os pontos dados são coplanares.

Exemplo 20: Determine o volume do paralelepı́pedo que tem um dos vértices no ponto A(0, 0, 0)
e três vértices adjacentes B(0, 2, 0), C(4, 0, 0) e D(0, 0, 2).
 
 
 0−0 2 − 0 0 − 0 

−→ −→ −−→  
[AB, AC, AD] =  4−0 0 − 0 0 − 0 
 
 
 0−0 0−0 2−0 
 
 
 0 2 0 

 
=  4 0 0 
 
 
 0 0 2 

= 0(0 − 0) − 2(8 − 0) + 0(0 − 0)

= 0.0 − 2.8 + 0.0

= −16
 −→ −→ −−→ 
 
[AB, AC, AD] = 16

Multiplicação de Vetores
50 UNIDADE I

40

40

Uma propriedade interessante do produto misto é que, dados u, v e w,


 esses vetores são coplana-
res se [u, v , w]
 = 0, ou seja, esses três vetores formam um conjunto LD. Agora, se [u, v , w]  = 0,
Uma propriedade
então, o conjunto interessante do produto misto
é LI (não coplanares). é que,dados
Portanto, dados três
u, v evetores
w,
 essesnovetores sãopodemos
espaço, coplana-
res se [use
verificar , v ,eles
w]
 = 0, LI
são ou ou
seja,
LDesses três vetores
analisando formam
o valor um conjunto
do produto  = 0,
misto. LD. Agora, se [u, v , w]
então, o conjunto é LI (não coplanares). Portanto, dados três vetores no espaço, podemos
Fonte: o autor.
verificar se eles são LI ou LD analisando o valor do produto misto.

Fonte: o autor.

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Plano Cartesiano

Plano Cartesiano
A Geometria Analı́tica, também conhecida como geometria das coordenadas, baseia-se no
estudo da geometria com a utilização da Álgebra. Indı́cios históricos apontam que seus estudos
A Geometria
iniciaram-se Analı́tica, também
com o matemático conhecida
francês René como geometria
Descartes das criador
(1596-1650), coordenadas, baseia-se
do sistema no
de co-
estudo da cartesianas
ordenadas geometria com a utilização
ou plano da Álgebra.
cartesiano. Indı́cios
Ele conseguiu históricos
estabelecer apontam
relações quea geometria
entre seus estudos
e
iniciaram-se com o matemático francês René Descartes (1596-1650), criador do sistema
a álgebra ao analisar o ponto, distâncias, retas e circunferências no plano cartesiano por meio de de co-
ordenadas
suas cartesianas ou plano cartesiano. Ele conseguiu estabelecer relações entre a geometria e
coordenadas.
a álgebra ao analisar o ponto, distâncias, retas e circunferências no plano cartesiano por meio de
Vamos estudar, agora, as equações da reta, equações do plano, cálculo de distância, ângulo
suas coordenadas.
e posições relativas no sistema de coordenadas R3 .
Vamos estudar, agora, as equações da reta, equações do plano, cálculo de distância, ângulo
Lembremos de alguns fatos importantes relacionados à geometria no plano xy, por exemplo,
e posições relativas no sistema de coordenadas R3 .
por dois pontos distintos passa uma única reta, ou seja, para obtermos a equação de uma reta
precisamosLembremos
de dois de algunsequivalentemente,
pontos, fatos importantes dada
relacionados à geometria
a inclinação noeplano
da reta xy, pordoexemplo,
um ponto plano,
por dois
existe umapontos distintos
única reta passapor
que passa uma única
esse reta,
ponto comouessa
seja, para obtermos
inclinação. Fazendoa equação
analogia de
ao uma reta
exemplo
precisamos
anterior, de doisR3pontos,
no espaço equivalentemente,
, para definirmos a equaçãodada a inclinação
de uma da retadeedois
reta, precisamos um pontos
ponto distintos,
do plano,
existe
ou uma única reta
equivalentemente dequeum passa
pontopor esse
e um ponto
vetor, com
esse essa inclinação.
último nos fornece Fazendo
a direçãoanalogia
da reta, ao
da exemplo
mesma
anterior, no espaço R 3
, para definirmos a equação de uma reta, precisamos de dois pontos
forma que o coeficiente angular no plano. Agora, para definirmos a equação de um plano no espaço distintos,

Rou
3 equivalentemente de um ponto e um vetor, esse último nos fornece a direção da reta, da mesma
precisamos de três pontos distintos (não colineares), isto equivale a dois vetores linearmente
forma que o coeficiente
independentes e mais um angular
pontono plano.
por onde Agora, para definirmos
deve passar a equação
o plano. É importantede um plano noaespaço
se atentar esses
R3 precisamos de três pontos distintos (não colineares), isto equivale a dois vetores linearmente
independentes e mais um ponto por onde deve passar o plano. É importante se atentar a esses

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


51

41

detalhes, pois podem auxiliá-los na compreensão e dedução das fórmulas e resolução dos problemas.

Apesar da importância da dedução das fórmulas, esperamos que o leitor tenha domı́nio em
aplicá-las na resolução dos problemas propostos.

SISTEMAS DE COORDENADAS
SISTEMAS DE COORDENADAS

Seja O um ponto do espaço que chamaremos de origem, tomemos os segmentos OA, OB


−→ −−→ −→
e OC unitários e ortogonais entre si. Os vetores i = OA, j = OB e k = OC representam uma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

base ortonormal que chamaremos de Sistema Ortogonal de coordenadas de R3 . Indicaremos por


OX, OY e OZ as retas que contêm os segmentos OA, OB e OC respectivamente, ou apenas eixos
x, y e z (eixos coordenadas). O plano que contém os eixos x e y recebe o nome de plano xy, x
e z de plano xz e y e z de plano yz. Cada ponto P do espaço corresponde a um único segmento
−→
orientado OP com origem em O. Esse segmento determina um único vetor v = OP que se escreve
como combinação linear dos vetores i, j e k

v = xi + yj + zk

ou simplesmente
v = (x, y, z).

Assim, podemos representar cada ponto P do espaço por meio do terno ordenado de coordenadas
cartesianas P = (x, y, z) ou P (x, y, z). Reciprocamente, cada terno ordenado (x, y, z) corresponde
−→
a um único ponto P do espaço, tal que OP = xi + yj + k = (x, y, z).

Portanto, a grosso modo podemos associar cada ponto P (x, y, z) do espaço a um vetor
v = (x, y, z), apesar de ponto e vetor serem entidades distintas, ambos são representados por um
terno ordenado.

Sistemas de Coordenadas
52 UNIDADE I

42

Distância entre 2 pontos

Vamos deduzir a fórmula da distância entre dois pontos no espaço. Sejam A(xA , yA , zA ),
B(xB , yB , zB ) e O(0, 0, 0) pontos de R3 .

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 53

−→
Denotemos a distância entre os pontos A e B por d(A, B), assim temos d(A, B) = AB, como

−→ −−→ −→
AB = BO + OA
−−→ −→
= −OB + OA

= −(xB − 0, yB − 0, zB − 0) + (xA − 0, yA − 0, zA − 0)

= (xA − xB , yA − yB , zA − zB )

segue que
−→ 
AB = (xA − xB )2 + (yA − yB )2 + (zA − zB )2

e, portanto,

d(A, B) = (xA − xB )2 + (yA − yB )2 + (zA − zB )2

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


53

43

O PLANO
O PLANO

Equações do plano definidas por 3 pontos

Equações Paramétricas

Vamos determinar uma equação do plano definido por 3 pontos. Sejam A(xA , yA , zA ),
B(xB , yB , zB ) e C(xC , yC , zC ) pontos não colineares e π o plano que contém esses pontos. Assim,
−→ −→
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

se P (x, y, z) é um ponto genérico, vamos encontrar condições para que P ∈ π. Como AB, AC são
−→ −→ −→ −→
LI, logo, P ∈ π se existem escalares a e b tais que AP = aAB + bAC, ou seja, AP é combinação
−→ −→
linear dos vetores AB e AC.

Figura 54

−→ −→ −→
Como AP = AO + OP , segue que

−→ −→ −→ −→
AO + OP = aAB + bAC
−→ −→ −→ −→
OP = −AO + aAB + bAC
−→ −→ −→ −→
OP = OA + aAB + bAC

(x, y, z) = (xA , yA , zA ) + a(xB − xA , yB − yA , zB − zA ) + b(xC − xA , yC − yA , zC − zA )

(x, y, z) = (xA + a(xB − xA ) + b(xC − xA ), yA + a(yB − yA ) + b(yC − yA ), zA + a(zB − zA ) + b(zC − zA )).

O Plano
54 UNIDADE I

44

Da igualdade de vetores, temos






 x = xA + a(xB − xA ) + b(xC − xA )

 y = yA + a(yB − yA ) + b(yC − yA ).



 z = z + a(z − z ) + b(z − z )
A B A C A

Essas são as equações paramétricas do plano π, os números a e b são os parâmetros do ponto


P (x, y, z). Assim, para cada ponto P do plano existe um par ordenado (a, b) associado a ele e,
reciprocamente, cada par ordenado (a, b) corresponde a um ponto P do plano.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Exemplo 21: Sejam A(1, 2, 3), B(−1, 0, 1) e C(3, 1, 5) pontos de R3 . Determine as equações
paramétricas do plano que passa por esses 3 pontos e verifique se os pontos D(−1, 0, 1) e E(3, 1, 0)
pertencem a esse plano.

Temos:
xA = 1, xB = −1 e xC = 3

yA = 2, yB = 0 e yC = 1

zA = 3, zB = 1 e zC = 5

em que, substituindo, obtemos






 x = 1 + a(−1 − 1) + b(3 − 1)

 y = 2 + a(0 − 2) + b(1 − 2) .



 z = 3 + a(1 − 3) + b(5 − 3)

Portanto, as equações paramétricas são






 x = 1 − 2a + 2b

 y = 2 − 2a − b .



 z = 3 − 2a + 2b

Agora, vamos verificar se o ponto D(−1, 0, 1) pertence ao plano. Para tanto, substituı́mos as
coordenadas do ponto nas equações paramétricas e obtemos o seguinte sistema de três equações e

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


55

45

duas incógnitas: 



 −1 = 1 − 2a + 2b

 0 = 2 − 2a − b.



 1 = 3 − 2a + 2b

Equivalentemente 



 −2 = −2a + 2b

 −2 = −2a − b



 −2 = −2a + 2b
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cuja solução é o par ordenado (a, b) = (1, 0) e, portanto, o ponto D(−1, 0, 1) pertence ao plano.
Por outro lado, para o ponto E(3, 1, 0), obtemos o seguinte sistema




 3 = 1 − 2a + 2b

 1 = 2 − 2a − b ,



 0 = 3 − 2a + 2b

ou seja, 



 2 = −2a + 2b

 −1 = −2a − b ,



 −3 = −2a + 2b

que não admite solução. Logo, como não existe um par ordenado que é solução do sistema anterior,
concluı́mos que esse ponto E não pertence ao plano.

O Plano
56 UNIDADE I

47
46

Equação Cartesiana do plano

Vamos obter agora uma outra equação do plano definida por 3 pontos. Se os pontos A, B,
→ −→ −→
C e P são coplanares, então, o conjunto {−
AP , AB, AC} é LD, logo, do produto misto temos

Figura 55

→ −→ −→
[−
AP , AB, AC] = 0.
−→ −→
Pondo AB = (a1 , b1 , c1 ), AC = (a2 , b2 , c2 ) em que a1 = xB − xA , b1 = yB − yA , c1 = zB − zA ,
a2 = xC − xA , b2 = yC − yA e c2 = zC − zA , segue que
 
 
 x − xA y − yA z − zA 
 
 
 a c1  = 0
 1 b1
 
 
 a2 b2 c2 

(x − xA )(b1 c2 − c1 b2 ) + (y − yA )(a2 c1 − a1 c2 ) + (z − zA )(a1 b2 − b1 a2 ) = 0

chamando de a = b1 c2 − c1 b2 , b = a2 c1 − a1 c2 e c = a1 b2 − b1 a2

(x − xA )a + (y − yA )b + (z − zA )c = 0

ax + by + cz − (axA + byA + czA ) = 0.

Pondo d = −(axA + byA + czA ) obtemos

ax + by + cz + d = 0

que é a equação geral ou cartesiana do plano.

Exemplo 22: Determine a equação geral do plano π que passa pelos pontos A(1, 0, 2), B(−1, 2, 0)
e C(0, 1, −2).

Seja π o plano que passa pelos pontos A(1, 0, 2), B(−1, 2, 0) e C(0, 1, −2), considere P (x, y, z)
−→ −→ −→
um ponto genérico desse plano. Assim, AP = (x−1, y, z−2), AB = (−2, 2, −2) e AC = (−1, 1, −4)
e do produto misto, temos  
 
 x−1 y z−2 
 
 
 −2 2 −2  = 0
 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 
 
 −1 1 −4 

(x − 1)(−8 + 2) − y(+8 − 2) + (z − 2)(−2 + 2) = 0

(x − 1).(−6) − y(+6) + (z − 2).0 = 0

−6x + 6 − 6y = 0

−6x − 6y + 6 = 0

essa última é a equação geral do plano.

Equação Normal do Plano

Dizemos que um vetor n é normal (perpendicular) a um plano π se ele é perpendicular a


todos vetores desse plano. Assim, seja n = (a, b, c) um vetor normal a um plano π e A(xA , yA , zA )
−→
um ponto desse plano, logo um ponto P (x, y, z) pertence a π se AP é perpendicular ao vetor n,
isso ocorre se
−→
n.AP = 0 (equação normal do plano)

Figura 56

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


57

48

segue que

(a, b, c).(x − xA , y − yA , z − zA ) = 0

a(x − xA ) + b(y − yA ) + c(z − zA ) = 0

ax + by + cz − (axA + byA + czA ) = 0.

Pondo d = −(axA + byA + czA ) obtemos

ax + by + cz + d = 0.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Assim, acabamos de verificar que é possı́vel obter a equação de um plano, dados um vetor normal a
ele e um ponto desse plano. Note também que, dada uma equação de um plano ax+by +cz +d = 0,
o vetor n = (a, c, b) é um vetor normal a esse plano.

Observe que fixado um vetor n = (a, b, c) todo plano com equação ax + by + cz + d = 0 é


perpendicular ao vetor n, particularmente, para cada valor d ∈ R obtemos um plano ortogonal ao
vetor dado, em que esses planos são todos paralelos entre si. Lembre-se que dada uma equação
do 1o grau y = ax + b, fixando o coeficiente angular a e percorrendo todos valores reais para o
coeficiente linear b obtemos uma famı́lia de retas paralelas “varrendo” todo plano xy, o mesmo
ocorre com a equação ax + by + cz + d = 0, ao variarmos todos valores d percorremos todo espaço
R3 com planos paralelos entre si.

Exemplo 23: Determine a equação do plano que passa pelo ponto A(1, −1, 3), sendo n = (1, −1, 2)
um vetor normal a esse plano.

Vimos que se n = (1, −1, 2) é um vetor normal ao plano de equação ax + by + cz + d = 0,


sendo a = 1, b = −1 e c = 2, ao substituirmos, obtemos

1x − 1y + 2z + d = 0.

Como A(1, −1, 3) é um ponto desse plano, devemos ter

1.(1) − 1.(−1) + 2.3 + d = 0

O Plano
58 UNIDADE I

49

1+1+6+d=0

d = −8.

Portanto, a equação é do plano com vetor normal n = (1, −1, 2) e que passa pelo ponto A(1, −1, 3)

x − y + 2z − 8 = 0.

Equações do plano determinado por 2 vetores e 1 ponto

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Equações paramétricas

Sejam A(xA , yA , zA ), u = (a1 , b1 , c1 ) e v = (a2 , b2 , c2 ) vetores não nulos. Tomemos os pontos


−→ −→
B e C, tais que os vetores AB e AC sejam representantes (ou diretores) dos vetores u e v .

Figura 57

−→ −→
Assim, se AB e AC são vetores LI, então, existe um plano π que contém os segmentos AB
−→
e AC, logo, se P (x, y, z) ∈ π o vetor AP pode ser escrito como combinação linear dos vetores u e
v , isto é, existem escalares p e q tais que

−→
AP = pu + qv
−→ −→
AO + OP = pu + qv
−→ −→
−OA + OP = pu + qv
−→ −→
OP = OA + pu + qv

(x, y, z) = (xA , yA , zA ) + p(a1 , b1 , c1 ) + q(a2 , b2 , c2 )

(x, y, z) = (xA + pa1 + qa2 , yA + pb1 + qb2 , zA + pc1 + qc2 ).

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


59

50

Da igualdade de vetores temos 





 x = xA + pa1 + qa2

 y = yA + pb1 + qb2



 z = z + pc + qc
A 1 2

que são as equações paramétricas do plano que passa pelo ponto dado A e tem vetores diretores u
e v . Cada ponto P está associado a um par de parâmetros (p, q) e, reciprocamente, cada par (p, q)
associa-se a um ponto P do espaço, por exemplo, o par (0, 0) associa o ponto P = A.
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Exemplo 24: Determine as equações paramétricas do plano π que passa pelo ponto A(1, −1, 0) e
é paralelo aos vetores u = (1, −3, 7) e v = (−5, 2, 4).

As equações paramétricas do plano π são dadas pelo sistema






 x = 1 + p(1) + q(−5)

 y = −1 + p(−3) + q(2)



 z = 0 + p(7) + q(4)

e, portanto, obtemos




 x = 1 + p − 5q

 y = −1 − 3p + 2q.



 z = 7p + 4q

Equação geral

Figura 58

O Plano
60 UNIDADE I

51

Para obtermos a equação cartesiana (ou geral) do plano determinada por 2 vetores e 1
ponto, lembremos que u × v é ortogonal ao plano π, isto é

−→
AP .(u × v ) = 0
 
 
 x − x A y − y A z − zA 
 
 
 a b1 c1 =0
 1 
 
 
 a2 b2 c2 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(x − xA )(b1 c2 − c1 b2 ) + (y − yA )(a2 c1 − a1 c2 ) + (z − zA )(a1 b2 − b1 a2 ) = 0.

Chamando de a = b1 c2 − c1 b2 , b = a2 c1 − a1 c2 e c = a1 b2 − b1 a2

(x − xA )a + (y − yA )b + (z − zA )c = 0

ax + by + cz − (axA + byA + czA ) = 0.

Pondo d = −(axA + byA + czA ), obtemos

ax + by + cz + d = 0.

Exemplo 25: Obtenha a equação cartesiana do plano π que passa pelo ponto A(2, 1, −3) e é
paralelo aos vetores u = (1, 3, 0) e v = (−2, 5, 1).

Se P (x, y, z) ∈ π, temos
 
 
 x−2 y−1 z+3 
 
 
 1 3 0 =0
 
 
 
 −2 5 1 

em que, desenvolvendo,

(x − 2).(3 − 0) − (y − 1).(1 − 0) + (z + 3).(5 + 6) = 0

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


61

52

(x − 2).3 − (y − 1).1 + (z + 3).11 = 0

3x − 6 − y + 1 + 11z + 33 = 0

3x − y + 11z + 28 = 0.

Ângulos entre planos


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Sejam π1 e π2 planos com equações a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0 e a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0,


respectivamente. Os vetores �n1 = (a1 , b1 , c1 ) e �n2 = (a2 , b2 , c2 ) são vetores perpendiculares aos
planos π1 e π2 , respectivamente. Utilizando as propriedades da geometria espacial, é possı́vel
verificar que o ângulo θ formado por esses dois planos é o mesmo ângulo formado pelos vetores
normais. Assim, do produto interno temos

�n1 .�n2 = ��n1 ���n2 � cos θ

e, portanto,
|�n1 .�n2 |
cos θ = ,
��n1 ���n2 �
π
com 0 ≤ θ ≤ .
2

Exemplo 26: Sejam π1 e π2 planos determinados pelas equações 2x+3y−z+2 = 0 e x−y+4z = 0,


determine o ângulo formados por esses planos.

Sabemos que os vetores normais aos planos dados são �n1 = (2, 3, −1) e �n2 = (1, −1, 4),
segue que

n�1 .n�2 = 2.1 + 3.(−1) − 1.(4)

=2−3−4

= −5,

além disso, temos


√ √
��n1 � = 4+9+1= 14

O Plano
62 UNIDADE I

53

e
√ √
n2  = 1 + 1 + 16 = 18,

como
|n1 .n2 |
cos θ = ,
n1 n2 
substituindo, obtemos
| − 5|
cos θ = √ √ ,
14. 18
racionalizando, segue que √

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5 7
cos θ =
42
cos θ ∼
= 0, 3149

arccos(cos θ) ∼
= arccos 0, 3149.

Portanto
θ∼
= 71, 64o .

A RETA
A RETA

Equação de uma Reta

Sabemos que dados dois pontos distintos P1 (x1 , y1 , z1 ) e P2 (x2 , y2 , z2 ) existe uma única reta
que passa por esses pontos. Seja P (x, y, z) um ponto dessa reta que chamaremos de r, assim, temos
−−→ −−→
um conjunto {P1 P , P1 P2 } Linearmente Dependente, isto é, existe um λ ∈ R tal que

−−→ −−→
P1 P = λP1 P2
−−→
P − P1 = λP1 P2
−−→
P = P1 + λP1 P2 equação vetorial

(x, y, z) = (x1 , y1 , z1 ) + λ(x2 − x1 , y2 − y1 , z2 − z1 )

(x, y, z) = (x1 + λ(x2 − x1 ), y1 + λ(y2 − y1 ), z1 + λ(z2 − z1 ))

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


63

54

ou seja, 



 x = x1 + λ(x2 − x1 )

y = y1 + λ(y2 − y1 ) equações paramétricas da reta r.




 z = z + λ(z − z )
1 2 1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 59

É interessante observar que se λ = 0, P = P1 , se λ = 1, temos P = P2 e, para 0 < λ < 1, P


está no segmento entre P1 e P2 , se λ > 1 ou λ < 0, então P está na reta r, mas fora do segmento
P1 P2 . Note que se P1 P2 é paralelo ao plano yz, então, x = x1 = x2 , se P1 P2 é paralelo xz, então
y = y1 = y2 e, da mesma forma, se P1 P2 é paralelo ao plano xy, então z = z1 = z2 . Agora, se P1 P2
não é paralelo a nenhum desses planos, temos a seguinte relação

x − x1 y − y1 z − z1
λ= = = (∗)
x2 − x1 y2 − y1 z2 − z1

que são as equações simétricas da reta. A relação anterior nos dá a condição para que três
pontos estejam alinhados, ou seja, os pontos P , P1 e P2 estão alinhados se as razões indicadas em
(∗) são iguais a uma constante.

Particularmente, se uma reta r passa pelos pontos P1 (x1 , y1 , z1 ) e P (x, y, z) e tem direção

A Reta
64 UNIDADE I

55

do vetor v = (a, b, c), então temos:






 x = x1 + λa

y = y1 + λb equações paramétricas da reta r




 z = z + λc
1

e supondo que abc = 0, temos

x − x1 y − y1 z − z1
= = equações simétricas da reta r.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a b c

Agora, partindo destas últimas equações, temos

x − x1 y − y1 x − x1 z − z1
= =
a b a c
a(y − y1 ) = b(x − x1 ) a(z − z1 ) = c(x − x1 )
.. ..
. .
b b c c
y = x − x 1 + y1 z = x − x1 + z 1
a a a a
fazendo fazendo

b b c c
m= e n = − x 1 + y1 p= e q = − x1 + z 1
a a a a

obtemos obtemos
y = mx + n z = px + q

Essas últimas são as equações reduzidas da reta.

Exemplo 27: Determine a equação paramétrica da reta que passa pelos pontos P1 (1, 2, 0) e
P2 (−1, 3, 5).

Seja r a reta determinada pelos pontos P1 e P2 , assim se P (x, y, z) ∈ r, temos

−−→
P = P 1 + λP 1 P 2

(x, y, z) = (1, 2, 0) + λ(−1 − 1, 3 − 2, 5)

(x, y, z) = (1, 2, 0) + λ(−2, 1, 5)

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


65

56

portanto, 



 x = 1 − 2λ

 y = 2+λ .



 z = 5λ

Exemplo 28: Mostre que os pontos A(−2, 2, 5), B(2, 0, 3) e C(0, 1, 4) estão alinhados.

Seja r a reta que passa pelos pontos A, B e P (x, y, z), temos

−→
P = B + λAB
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(x, y, z) = (2, 0, 3) + λ(2 + 2, 0 − 2, 3 − 5)

(x, y, z) = (2, 0, 3) + λ(4, −2, −2)

(x, y, z) = (2 + 4λ, −2λ, 3 − 2λ),

isto é, 



 x = 2 + 4λ

y = −2λ ,




 z = 3 − 2λ

logo, as equações simétricas são dadas por

x−2 y −z + 3
=− = = λ.
4 2 2

Vamos verificar se o ponto C(0, 1, 4) pertence a reta r, logo, temos

0−2 1 −4 + 3 1
=− = = − = λ.
4 2 2 2

Como a identidade anterior é verificada, concluı́mos que os pontos A, B e C estão alinhados.

A Reta
66 UNIDADE I

57

Equação da reta perpendicular a um plano passando por um ponto dado

Seja π um plano cuja equação é ax + by + cz + d = 0 e A(xA , yA , zA ) um ponto do espaço,


vamos obter a equação da reta r que passa pelo ponto A perpendicular ao plano dado. Como o
vetor n = (a, b, c) é perpendicular a π, logo, a reta procurada é paralela ao vetor n. Assim, se
P (x, y, z) ∈ r, existe λ ∈ R tal que
−→
AP = λn

(x, y, z) − (xA , yA , zA ) = λ(a, b, c)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(x, y, z) = (xA , yA , zA ) + λ(a, b, c)

(x, y, z) = (xA + λa, yA + λb, zA + λc),

logo, as equações paramétricas são






 x = xA + aλ

 y = yA + bλ .



 z = z + cλ
A

Exemplo 29: Seja π um plano com equação 3x+2y−5z+4 = 0. Obtenha as equações paramétricas
da reta perpendicular ao plano π e que passa pelo ponto A(−1, 2, 7).

Seja r uma reta perpendicular ao plano π e que passa pelo ponto A(−1, 2, 7), o vetor
n = (3, 2, −5) é normal ao plano π, substituindo diretamente na fórmula anterior, obtemos as
equações paramétricas 



 x = −1 + 3λ

 y = 2 + 2λ .



 z = 7 − 5λ

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


67

58

Equação da reta pertencente a interseção de dois planos

Sejam π1 e π2 dois planos com equações a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0 e a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0


e vetores normais n1 = (a1 , b1 , c1 ) e n2 = (a2 , b2 , c2 ), respectivamente, note que se π1 e π2 não são
paralelos (ou coincidentes), então, a interseção desses planos é uma reta r, vimos que toda reta de
um plano é ortogonal ao vetor normal, logo, r é ortogonal a ambos vetores normais. Além disso, o
vetor n1 × n2 também é ortogonal aos vetores n1 e n2 , ou seja, n1 × n2 tem a mesma direção que
r e, portanto, são paralelos. Assim, se A(xA , yA , zA ) é um ponto de r (fixado) e P (x, y, z) é um
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ponto genérico de r, temos

−→
AP = λ(n1 × n2 ) para algum λ real,

mas  
 
 i j k 
 
 
n1 × n2 =  a1 b1 c1 
 
 
 a2 b2 c2 

n1 × n2 = (b1 c2 − b2 c1 )i − (a1 c2 − a2 c1 )j + (a1 b2 − a2 b1 )k

n1 × n2 = (b1 c2 − b2 c1 , a2 c1 − a1 c2 , a1 b2 − a2 b1 ),

segue que

−→
AP = λ(b1 c2 − b2 c1 , a2 c1 − a1 c2 , a1 b2 − a2 b1 )

(x, y, z) = (xA , yA , zA ) + λ(b1 c2 − b2 c1 , a2 c1 − a1 c2 , a1 b2 − a2 b1 )

e, portanto, obtemos 



 x = xA + λ(b1 c2 − b2 c1 )

 y = yA + λ(a2 c1 − a1 c2 ) ,



 z = z + λ(a b − a b )
A 1 2 2 1

que são as equações paramétricas da reta r passando pelo ponto A.

A Reta
68 UNIDADE I

59
59

Quando
Quando resolvemos
resolvemos um
um sistema
sistema de
de três
três equações
equações com
com três
três incógnitas,
incógnitas, aa solução
solução (caso
(caso exista)
exista) éé
um
um ponto
ponto da
da interseção
interseção desses
desses três
três planos.
planos.
Acesse
Acesse oo link
link ee verifique
verifique todas
todas possibilidades:
possibilidades:
<http://pt.slideshare.net/luanadavila/luana-14123718>
<http://pt.slideshare.net/luanadavila/luana-14123718>
Fonte:
Fonte: oo autor.
autor.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Exemplo
Exemplo 30:
30: Sejam
Sejam ππ11 ee ππ22 planos
planos com
com equações
equações xx + 2z −
+ 2z − 88 =
= 00 ee xx + 4y −
+ 4y − 2z
2z +
+ 44 =
= 0,
0, encontre
encontre
as
as equações
equações paramétricas
paramétricas da
da interseção
interseção desses
desses planos.
planos.

Os
Os vetores
vetores normais
normais aos
aos planos
planos são
são nn
11 =
= (1,
(1,0,
0,2)
2) ee nn22 =
= (1, 4,−2),
(1,4, −2), como 11 ×
como nn × nn
22 éé paralelo
paralelo
aa interseção
interseção desses
desses planos,
planos, logo,
logo, temos
temos
 
 
 i j k

 i j k

 
nn11 × 
n =  00 22 
× n22 =  11
 
 
 11 −2 
44 −2

nn11 ×  − 8) − j(−2  − 0) = (−8, 4, 4).


× nn22 = i(0 − 8) − j(−2 −
= i(0 − 2)
2) +
+ k(4
k(4 − 0) = (−8, 4, 4).

Agora,
Agora, vamos
vamos obter
obter um
um ponto
ponto da
da interseção,
interseção, particularmente
particularmente para
para xx =
= 0,
0, temos
temos





 2z 2z −− 88 =
= 00 ,
 ,


 4y4y −− 2z
2z == −4
−4

segue
segue que
que zz =
= 44 e,
e, substituindo,
substituindo, obtemos
obtemos

4y −
4y − 2.4 = −4
2.4 = −4

4y −
4y = −4
− 88 = −4

4y
4y =
= 44

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


69

60

y = 1.

Logo, um ponto da interseção é um ponto A(0, 1, 4). Assim, se P (x, y, z) ∈ π1 ∩ π2 , temos

−→
AP = λ(n1 × n2 )

P = A + λ(n1 × n2 )

(x, y, z) = (0, 1, 4) + λ(−8, 4, 4)


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(x, y, z) = (0, 1, 4) + (−8λ, 4λ, 4λ)

(x, y, z) = (0 − 8λ, 1 + 4λ, 4 + 4λ).

Portanto, as equações paramétricas da reta procurada são






 x = −8λ

 y = 1 + 4λ .



 z = 4 + 4λ

POSIÇÕES RELATIVAS
POSIÇÕES RELATIVAS
Planos Paralelos

Se π1 e π2 são planos paralelos, com n1 e n2 seus vetores normais, então, n1 e n2 são
múltiplos (paralelos), isto é, existe λ tal que

n1 = λn2

(a1 , b1 , c1 ) = λ(a2 , b2 , c2 )

(a1 , b1 , c1 ) = (λa2 , λb2 , λc2 ).

Portanto, dois planos são paralelos quando a igualdade a seguir é verificada

a1 b1 c1
λ= = = .
a2 b2 c2

Posições Relativas
70 UNIDADE I

61

Exemplo 31: Mostre que os planos π1 e π2 determinados pelas equações 15x − 12y + 6z + 9 = 0
e 5x − 4y + 2z + 7 = 0 são paralelos.

De fato, sejam n1 = (15, −12, 6) e n2 = (5, −4, 2) vetores normais aos planos π1 e π2 ,
devemos exibir um λ ∈ R tal que
n1 = λn2 ,

substituindo, obtemos
(15, −12, 6) = λ(5, −4, 2),

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
segue que
(15, −12, 6) = (5λ, −4λ, 2λ),

logo,

15 −12 6
= = = λ.
5 −4 2

Portanto, tomando λ = 3, obtemos n1 = 3n2 , o que mostra que π1 e π2 são paralelos.

Planos Perpendiculares

Se os planos π1 e π2 são perpendiculares, então, do produto interno devemos ter

n1 .n2 = 0.

Exemplo 32: Sejam π1 e π2 planos com equações 3x − 4y − 3z + 7 = 0 e x + z − 4 = 0. Mostre


que esses planos são perpendiculares.

Temos que n1 = (3, −4, −3) e n2 = (1, 0, 1) são vetores normais aos planos dados, logo, do
produto interno temos

n1 .n2 = 3.1 − 4.0 − 3.1

n1 .n2 = 3 − 0 − 3

n1 .n2 = 0

portanto, π1 e π2 são perpendiculares.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


71

62

Ângulos entre duas retas

Sejam r1 e r2 duas retas do espaço, existem três possibilidades:


• r1 é paralela à r2 (ou coincidentes).
• r1 é concorrente à r2 (um ponto em comum).
• r1 é reversa à r2 .

Retas paralelas

No caso em que r1 é paralela à r2 dizemos que o ângulo formado é igual a zero. Assim,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

considere u = (a1 , b1 , c1 ) e v = (a2 , b2 , c2 ) vetores diretores das retas r1 e r2 , respectivamente, para


verificar que essas retas são paralelas, basta exibir λ ∈ R tal que

u = λv

(a1 , b1 , c1 ) = λ(a2 , b2 , c2 )

(a1 , b1 , c1 ) = (λa2 , λb2 , λc2 )

ou, equivalentemente,
a1 b1 c1
λ= = = .
a2 b2 c2

Exemplo 33: Seja r1 a reta que passa pelos pontos O(0, 0, 0) e A(1, 1, 1), r2 a reta que passa pelos
pontos B(0, 0, 2) e C(2, 2, 4), mostre que essas retas são paralelas.
−→ −−→
De fato, temos v1 = OA = (1, 1, 1) tem direção da reta r1 e v2 = BC = (2, 2, 2) tem direção
da reta r2 , logo, da condição de paralelismo, temos

1 1 1
λ= = = ,
2 2 2

o que mostra que as retas r1 e r2 são paralelas ou coincidentes. Agora, vamos verificar se o ponto
A pertence a reta r2 . Note que as equações paramétricas de r2 são





 x = 2t

y = 2t t∈R




 z = 2 + 2t

Posições Relativas
72 UNIDADE I

63

e substituindo as coordenadas do ponto A obtemos






 1 = 2t

1 = 2t ,




 1 = 2 + 2t

1 1
ou seja, t = e t = − , o que é um absurdo. Assim, A ∈
/ r2 e, portanto, r1 é paralela (não
2 2
coincidente) a r2 .

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Retas concorrentes e reversas

Quando r1 é concorrente à r2 , o ângulo θ entre essas retas é o menor entre os quatro ângulos
formados no ponto em comum. Caso r1 e r2 sejam reversas, marcamos um ponto P , por exemplo,
sobre a reta r1 e traçamos uma reta r3 paralela a r2 , passando por esse ponto, o ângulo formado
pelas retas r1 e r3 é o ângulo entre as retas r1 e r2 .

Figura 60 Figura 61

Assim, se v1 e v2 são vetores diretores de r1 e r2 , então, o ângulo formado por essas retas é
tal que
cos θ = | cos(v1 , v2 )|
|v1 .v2 |
cos θ = .
v1 v2 

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


73

64

Exemplo 34: Sejam r1 e r2 retas definidas pelas equações a seguir




 x =7+λ x+1 y−5 z+9
r1 : y =λ e r2 : = = .

 −2 1 1
z = 13 − 2λ

Calcule o ângulo formado pelas retas r1 e r2 .

Seja θ o ângulo formado por r1 e r2 com direções v1 = (1, 1, −2) e v2 = (−2, 1, 1), logo
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|v1 .v2 |
cos θ =
v1 .v2 
|1.(−2) + 1.1 + (−2).1|
cos θ =  
12 + 12 + (−2)2 . (−2)2 + 12 + 12
| − 2 + 1 − 2|
cos θ = √ √
1 + 1 + 4. 4 + 1 + 1
3
cos θ =
6
1
cos θ = ,
2
portanto, θ = 60o .

Retas ortogonais

Sejam r1 e r2 duas retas com direção dos vetores u = (a1 , b1 , c1 ) e v = (a2 , b2 , c2 ), respecti-
vamente, dizemos que r1 é ortogonal à r2 (formam um ângulo de 90o ), quando

u.v = 0.

Exemplo 35: Considere as retas definidas por




 x =1+λ x y−1 z+7
r1 : y =3−λ e r2 : = = .

 1 4 1
z = 4 + 3λ

Mostre que essas retas são ortogonais.

Posições Relativas
74 UNIDADE I

65

As retas r1 e r2 possuem direção dos vetores v1 = (1, −1, 3) e v2 = (1, 4, 1), respectivamente.
Logo, do produto interno segue que

v1 .v2 = 1.1 − 1.4 + 3.1

v1 .v2 = 1 − 4 + 3

v1 .v2 = 0,

o que mostra que essas retas são ortogonais.

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Distância de um ponto a um plano

Sejam π um plano definido pela equação ax + by + cz + d = 0 e P0 (x0 , y0 , z0 ) um ponto


qualquer de R3 , tracemos uma reta perpendicular, passando por P0 , obtendo um ponto A no plano
π. Tomemos um ponto P (x, y, z) em π.

Figura 62

Assim, a distância d do ponto P0 ao plano π é

−−→
d(P0 , π) = AP0 
−−→ −−→ −−→
d(P0 , π) = P0 P | cos(P0 A, P0 P )|
−−→ −−→ −−→ −−→
AP0 P0 P | cos(P0 A, P0 P )|
d(P0 , π) = −−−→ (∗)
AP0 

note que n = (a, b, c) é normal ao plano π, logo, existe λ real tal que

−−→
AP0 = λn

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


75

66

−−→
AP0 = |λ|(a, b, c) (∗∗)
−−→ √
AP0  = |λ| a2 + b2 + c2 (∗ ∗ ∗)

Combinando (∗), (∗∗) e (∗ ∗ ∗) segue que

−−→ −−→
|AP .P P |
d(P0 , π) = √ 0 0
|λ| a2 + b2 + c2
|λ(a, b, c).(x − x0 , y − y0 , z − z0 )|
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d(P0 , π) = √
|λ| a2 + b2 + c2
| − λ(ax0 + by0 + cz0 − ax − by − cz)|
d(P0 , π) = √
|λ| a2 + b2 + c2
|λ||(ax0 + by0 + cz0 − ax − by − cz)|
d(P0 , π) = √ .
|λ| a2 + b2 + c2

Como d = −(ax + by + cz), obtemos

|ax0 + by0 + cz0 + d|


d(P0 , π) = √ .
a2 + b2 + c2

Exemplo 36: Seja π o plano definido pela equação 3x − 2y + z − 1 = 0, calcule a distância entre
o plano π ao ponto P0 (1, 0, 1).

Temos que a = 3, b = −2 e c = 1, além disso, x0 = 1, y0 = 0 e z0 = 1, substituindo na


fórmula anterior segue que

|3.(1) − 2.(0) + 1.(1) − 1|


d(P0 , π) = 
32 + (−2)2 + (1)2
3−0+1−1
= √
9+4+1
3
=√
14

3 14
= .
14

3 14
Portanto, a distância entre o plano π ao ponto P0 é igual a .
14

Posições Relativas
76 UNIDADE I

67

Distância de um ponto a uma reta

Seja r uma reta determinada pelo ponto P1 (x1 , y1 , z1 ) com direção do vetor v = (a, b, c).
Dado um ponto P0 , vamos determinar a distância d do ponto P0 até a reta r. Note que os vetores
−−→
v e P1 P0 determinam um paralelogramo cuja altura corresponde a distância d de P0 até a reta r.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 63

Sabemos que a área do paralelogramo é dada pela norma do produto vetorial

−−→
A = P1 P0 × v 

por outro lado, a área também é obtida por

A = v .d

−−→
logo, v .d = P1 P0 × v , ou seja,

−−→
P1 P0 × v 
d(P0 , r) =
v 

que é a fórmula da distância entre o ponto P0 até a reta r.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


77

68

Exemplo 37: Dados P0 (1, −1, 2) e r uma reta definida por

x y−2 z+5
r: = = ,
3 2 1

calcule a distância entre o ponto P0 e a reta r.

Primeiramente, precisamos de um ponto da reta r. Assim, para x = 0 temos que y = 2 e


z = −5, desse modo, P1 (0, 2, −5) ∈ r. A direção da reta r é dada pelo vetor v = (3, 2, 1).

Sabemos que  
 
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

 i j k 
 
−−→  
P1 P0 × v =  1 − 0 −1 − 2 2 + 5 

 
 
 3 2 1 
−−→
P1 P0 × v = (−17, 20, 11),

logo, 
(−17)2 + 202 + 112
d(P0 , r) = √
3 2 + 22 + 12

289 + 400 + 121
d(P0 , r) = √
9+4+1

9 35
d(P0 , r) = .
7

Distância entre duas retas

Dadas duas retas quaisquer, existem três possibilidades: são concorrentes, nesse caso, a dis-
tância entre elas é zero; são paralelas, nesse caso, a distância é constante ou as retas são reversas.

Retas paralelas

Sejam r e s duas retas paralelas, tomemos um ponto P0 sobre s, nesse caso, basta calcular
a distância entre uma reta e um ponto, como visto anteriormente, isto é, se P0 ∈ s, então

d(s, r) = d(P0 , r).

Posições Relativas
78 UNIDADE I

69

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 64

Exemplo 38: Considere as retas definidas pelas equações a seguir




 x = 1 + 6λ x−1 y z−2
s: y = −1 − 12λ e r: = = ,

 2 −4 1
z = 3 + 3λ

calcule a distância entre elas.

Os vetores diretores das retas s e r são, respectivamente, vs = (6, −12, 3) e vr = (2, −4, 1),
como vs = 3vr , logo, r é paralelo à s, além disso, P0 (1, −1, 3) ∈ s e P1 (1, 0, 2) ∈ r. Lembremos que

d(s, r) = d(P0 , r)
−−→
P1 P0 × vr 
d(s, r) = (∗).
vr 

Assim, temos:
 
 
 i j k 
 
−−→  
P1 P0 × vr =  0 −1 1  = i(−1 + 4) − j(0 − 2) + k(0 + 2) = (3, 2, 2)

 
 
 2 −4 1 

e, substituindo em (∗), segue que


√ √ √
3 2 + 22 + 22 9+4+4 357 ∼
d(s, r) =  =√ = = 0, 8997.
22 + (−4)2 + 12 4 + 16 + 1 21

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


70
79
70

É comum ouvirmos a expressão perpendicular e outras vezes ortogonal. Qual a diferença entre
retas perpendiculares e retas ortogonais?
É comum ouvirmos a expressão perpendicular e outras vezes ortogonal. Qual a diferença entre
retas perpendiculares e retas ortogonais?

Retas reversas

Considere r e s duas retas reversas, em que r é definida pelo vetor u = (a1 , b1 , c1 ) e


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Retas reversas −−→


P1 (x1 , y1 , z1 ), s definida pelo vetor v = (a2 , b2 , c2 ) e P2 (x2 , y2 , z2 ). Os vetores u, v e P1 P2 defi-
nem Considere r e s duas
um paralelepı́pedo retas dreversas,
de altura = d(r, s),emcujoquevolume
r é definida
é dado porpeloV vetor
= u ×
u v=.d,
(a1 , b1 , c1 ) e
−−→
P1 (x1 , y1 , z1 ), s definida pelo vetor v = (a2 , b2 , c2 ) e P2 (x2 , y2 , z2 ). Os vetores u, v e P1 P2 defi-
nem um paralelepı́pedo de altura d = d(r, s), cujo volume é dado por V = u × v .d,

Figura 65

Figura 65
por outro lado, do produto misto temos

−−→
por outro lado, do produto misto temos V = |[u, v , P1 P2 ]|.

−−→
Combinando as duas fórmulas, segue que
V = |[u, v , P1 P2 ]|.

−−→
u × v .d = |[u, v , P1 P2 ]|
Combinando as duas fórmulas, segue que

−−→
u × v .d = |[u, v , P1 P2 ]|

Posições Relativas
80 UNIDADE I

71

e, portanto, a distância entre as retas é dada por

−−→
|[u, v , P1 P2 ]|
d(r, s) = .
u × v 

Exemplo 39: Sejam r e s retas definidas pelas equações

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


 x = 3λ
x+2 y−3 z
r: = = e s: y =λ .
5 3 1 

z = 3 − 5λ

Determine a distância entre essas retas.

As retas r e s passam pelos pontos P1 (−2, 3, 0) e P2 (0, 0, 3) e têm direção dos vetores
u = (5, 3, 1) e v = (3, 1, −5), respectivamente, além disso, essas retas não são paralelas, pois não
5 3 1
existe λ tal que u = λv , ou seja, = = . Agora, do produto vetorial temos
3 1 −5
 
 
 k 
i j
 
 
u × v =  5 3 1  = i(−15 − 1) − j(−25 − 3) + k(5 − 9) = (−16, 28, −4)

 
 
 3 1 −5 

logo,


u × v  = (−16)2 + 282 + (−4)2

= 256 + 784 + 16

= 1056

= 4 66.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


81

72

Além disso,
 
 
 5 3 1 
 
−−→  
[u, v , P1 P2 ] =  3 1 −5 
 
 
 2 −3 3 

= 5.(3 − 15) − 3.(9 + 10) + 1.(−9 − 2)

= 5.(−12) − 3.(19) − 11

= −60 − 57 − 11
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

= −128,

como −−−→
|[u, v , P1 , P2 ]|
d(r, s) =
u × v 
segue que √ √ √
| − 128| 32 66 32. 66 16 66 ∼
d(r, s) = √ = √ .√ = = = 3, 94.
4 66 66 66 66 33
Portanto, a distância entre as retas r e s, mede aproximadamente 3, 94 unidades de comprimento.

Posições Relativas
82 UNIDADE I

73

CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos nesta unidade o conceito de vetores com as operações usuais na forma analı́tica
e suas representações no plano e no espaço tridimensional. Na sequência, definimos o produto
interno, também conhecido por produto escalar, uma operação que associa a cada par de vetores
um número real. Quando o produto interno é positivo, significa que o ângulo formado por esses
vetores é agudo, enquanto que, quando o resultado é um número negativo, significa que o ângulo é
obtuso. Enfim, quando o produto interno é igual a zero, significa que esses vetores são ortogonais.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com relação ao produto vetorial, podemos verificar, de acordo com a definição, que o
produto vetorial associa a cada par de vetores um outro vetor ortogonal a ambos vetores iniciais,
cuja direção e sentido podem ser obtidos pela regra da mão direita. Essa operação, assim como na
multiplicação das matrizes, não é comutativa. Uma aplicação prática é que a norma (comprimento)
do produto vetorial corresponde à área do paralelogramo formado a partir desses vetores. Isso
significa que, quando o produto vetorial é igual ao vetor nulo, esses vetores são paralelos ou
colineares, ou seja, o paralelogramo se degenera em um segmento de reta e, portanto, esses vetores
são linearmente dependentes.

Combinando esse par de operações, obtemos uma outra operação chamada de produto
misto, cujo resultado, assim como no produto escalar, é um número real. Além disso, o módulo
do produto misto corresponde ao volume do paralelepı́pedo formado a partir desses três vetores.
Desse último fato, podemos dar uma condição para que três vetores sejam coplanares, isto é, basta
que o produto misto se anule, pois o sólido se degenera, uma vez que sua altura é igual a zero − o
que significa que esses três vetores são linearmente dependentes.

Ao final desta unidade, a partir da equação vetorial da reta e vimos como determinar as
equações (paramétricas, simétricas e reduzida) que representam retas; as equações (paramétricas,
cartesiana e normal) que representam os planos; as posições relativas entre: plano e plano, plano e
reta, reta e reta; vimos também como calcular ângulos e distâncias. É interessante perceber que em
vários momentos tivemos que recorrer aos conceitos vistos no inı́cio da unidade, a saber: conjunto
de vetores LD e LI; combinação linear; produto interno; produto vetorial; produto misto. Esses
conceitos foram fundamentais nas deduções das equações do plano, da reta, nas fórmulas para o
cálculo das distâncias e dos ângulos. Até o momento, tratamos apenas de equações lineares, já na
próxima unidade veremos outro tipos de equações e suas representações geométricas.

VETORES, MULTIPLICAÇÃO DE VETORES, RETAS E PLANOS


83

76

Atividade de Estudo
1) Sejam A(1, 1, 1), B(2, 0, 1), C(−1, 1, 3), determine:
−→ −→
a) AB + AC =
−→ −−→
b) BA − BC =
−→ −−→
c) 3BA − 4BC =
−→ −→
d) −CA − 5BA =
−→
e) AB =
−→
f) AC =
−→ −→
g) AB + AC =
−→ −→
h) AB + AC =

2) Dados os vetores u, v e w,


 determine:

Figura 66

a) u + v
b) 2u − v
c) −v + w

d) u + v + w

e) −u − v − w

1 1
f) u + v − w 
3 6
84

77

3) Considere o paralelogramo a seguir:

Figura 67

em que M , N , O e P são pontos médios dos segmentos AB, BC, CD e DA, respectivamente.
Escreva em termos dos vetores u e v os vetores a seguir:
−→
a) AO
−−→
b) DN
−−→
c) DB
−−→
d) ON

4) Verifique se os pontos estão alinhados.


a) A(−1, 3), B(1, 0) e C(2, 2)
b) A(−1, 3), B(1, 0) e D(3, −3)

5) Sejam u = (−1, 2, 1) e v = (0, 1, 3):


a) Mostre que o conjunto {u, v } é LI.
b) Escreva w
 = (−2, 7, 11) como combinação linear dos vetores u e v .

6) Sejam u = (3, 0, −6) e v = (−1, 0, 2):


a) Verifique se esses vetores são LI ou LD.
1 2
b) Determine o vetor x tal que u = v + x.
3 5

7) Sejam u = (1, 1, 0) e v = (−2, 3, 0) vetores do R3 , obtenha o ângulo formado por esses vetores.
85

78

8) Mostre que os vetores u = (−1, 2, 3) e v = (−2, −4, 2) são ortogonais.

9) Dados os vetores a = (3, 4, −4) e b = (2, 2, 0), obtenha o produto vetorial entre esses vetores.

10) Calcule a área do paralelogramo com vértices consecutivos nos pontos A(0, −1, 2), B(3, 1, 2) e
C(−1, 0, 3).

11) Considere o triângulo com vértices A(0, −2, 0), B(0, 0, 2) e C(2, 0, 0):
a) Mostre que esse triângulo é equilátero.
b) Calcule a área do triângulo ABC.

12) Dados os vetores u = (1, 2, 3), v = (−1, 3, 0) e w


 = (2, 5, 1), calcule o volume do paralelepı́pedo
determinado por esses três vetores.

13) Sejam A(1, 0, 2), B(2, −1, 1), C(3, 2, 1) e D(4, 5, 1) pontos de R3 , mostre que esses pontos estão
sobre um mesmo plano.

14) Sejam A(1, −2, 3), B(2, 4, −1) e C(0, 1, 4) pontos de R3 :

a) Determine as equações paramétricas do plano π que passa por esses pontos.


b) Verifique se o ponto E(2, 1, 0) pertence ao plano π.
c) Mostre que o ponto F (1, 1, 1) não pertence ao plano π.
d) Calcule a distância entre o ponto A e B.

15) Calcule a equação geral do plano π que passa pelos pontos A(1, −3, 5), B(0, 1, −4) e C(−1, 2, 0).

16) Encontrar a equação do plano que passa pelo ponto A(3, 2, 0) e é perpendicular ao vetor
n = (−1, 3, 2).

17) Calcule o ângulo formado pelos planos 3x + 4y = 0 e x − 4y + 5z − 2 = 0.


86

79

18) Sejam A(2, −1, 3) e B(7, 0, −2), determine as equações paramétricas da reta que passa por
esses pontos.

19) Seja π o plano definido pela equação −x + 2y = 7, determine a equação da reta perpendicular
a esse plano e que passa pelo ponto A(1, 2, 5).

20) Considere as retas




 x =6−λ x−2 y+1 z
r1 : y = 5 + 3λ e r2 : = =

 2 −6 4
z = −2λ

Mostre que essas retas são paralelas.


87

74

LEITURA COMPLEMENTAR

Sistemas Equações e interseção de planos

Prezado(a) leitor(a), vamos apresentar uma interpretação geométrica referente à solução de


um sistema de equações com três equação e três incógnitas. Iniciamos fazendo uma análise na
seguinte situação, por exemplo, quando resolvemos uma equação 3x + 8 = 20, sua solução é um
ponto da reta, isto é, x = 4, assim, essa é a única solução do nosso “sistema” formado por uma
equação e uma incógnita. Quando temos uma equação com duas variáveis, por exemplo: x+y = 10,
existem infinitos valores de x e y que satisfazem a igualdade, na verdade, esse conjunto de pares
ordenados (x, y) descreve uma reta no plano cartesiano, no entanto, se tivéssemos outra reta, por

 x + y = 10
exemplo x − y = 4, formarı́amos um sistema com duas equações e duas incógnitas .

 x−y =4
No plano cartesiano, essas equações representam duas retas, lembremos que a posição relativa entre
duas retas no plano é: paralelas, coincidentes ou um único ponto. Em nosso exemplo, temos uma
única solução cuja representação no plano é um ponto com coordenadas (7; 3) e geometricamente
corresponde a interseção das duas retas. No caso em que as retas são paralelas, dizemos que o
sistema é impossı́vel, ou seja, a interseção entre as retas é um conjunto vazio. Porém, quando as
retas são coincidentes, dizemos que o sistema é possı́vel e indeterminado, pois existem infinitas
soluções, na realidade, geometricamente, o conjunto solução é a própria reta e, portanto, infinitos
pares ordenados.

Agora, quando temos um sistema com duas equações e três incógnitas R3 , geometricamente,
temos dois planos, cujas posições relativas podem ser: planos paralelos, cuja interseção é um con-
junto vazio, logo, o sistema é impossı́vel; planos coincidentes, nesse caso, temos infinitas soluções,
pois qualquer ponto do plano é solução do sistema, ou seja, o sistema possı́vel e indeterminado com
infinitas soluções; uma reta, aqui também temos infinitas soluções, pois qualquer ponto da reta é
solução do sistema.

Para finalizar, quando temos um sistema formado por três equações e três incógnitas, re-
solver esse sistema é tentar obter a interseção de três planos, cujas possibilidades são: um único
ponto, sistema possı́vel e determinado com solução única; uma reta, nesse caso, o sistema é possı́vel
e indeterminado com infinitas soluções; um plano, sistema possı́vel e indeterminado com infinitas
88

75

soluções; conjunto vazio, nessa situação, o sistema é impossı́vel, ou nenhuma solução. Portanto,
quando estiver resolvendo um sistema de equações, lembre-se que você está tentando obter a in-
terseção entre planos (ou retas) e isso nem sempre é possı́vel.

Fonte: o autor.
MATERIAL COMPLEMENTAR

No aplicativo GeoGebra, é possível definir um vetor ao ser dado dois pontos, além disso, é
possível efetuar as operações usuais com vetores, adição, produto por escalar e também efetuar
as multiplicações dos vetores (Produto Escalar e Produto Vetorial). Acesse o link e veja a dica
para obter as multiplicações de vetores.

<http://forum.geogebra.org/viewtopic.php?f=19&t=24153>

A multiplicação de vetores tem ampla aplicação no ramo da física, a saber as Equações de


Maxwell.
<https://www.youtube.com/watch?v=WoZ8kCGQZEE>

Material Complementar
90
REFERÊNCIAS 81

Referências

BOLDRINI, J. M. et al. Álgebra linear. 3. ed. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1980.

BOULOS, P.; CAMARGO, I. Geometria analı́tica: um tratamento vetorial. São Paulo: Makron
Books do Brasil, 1987.

CALLIOLI, C. A. et al. Álgebra linear e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atual, 1990.

SANTOS, N. M. Vetores e matrizes. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Cientı́ficos
Editora S.A., 1985.

STEINBRUCH, A.; WINTERLE, P. Geometria analı́tica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill,


1987.
91
82
REFERÊNCIAS
GABARITO
GABARITO

Unidade I
1) √
a) (−1, −1, 2) e) 2

b) (2, 0, −2) f) 2 2

c) (9, −1, −8) g) 3 2

d) (3, −5, 2) h) 6

2)
REFERÊNCIAS
GABARITO

83

3) 4)
a) 2u + v a) A, B e C não estão alinhados
b) − u + 2v b) A, B e D estão alinhados
c) − 2u + 2v
d) − u + v

5) 6) 7) √ 
a) {u, v } é LI a) {u, v } é LD 26
θ = arccos
26
b) w
 = 2u + 3v b) x = (7/5, 0, −14/5)

8) 9) 10)
−→ −→ √
u.v = 0 (8, −8, −2) A = ||AB × AC|| = 38

11) 12) 13)


−→ −−→ −→ √
a) AB = BC = AC = 2 2 V = 28 A, B, C e D são coplanares,
−→ −→ −−→
−→ −−→ pois [AB, AC, AD] = 0
||AB × BC|| √
b) = =2 3
2

14) 15) 17)  √ 



 25x + 13y + 3z = 1 13 42

 x=1+a−b θ = arccos − ≈ 113o
 210
a) y = −2 + 6a + 3b




 z = 3 − 4a + b 16)
−x + 3y + 2z = 3
b) E ∈ π, tome a = 2/3 e
b = −1/3
c) F ∈


d) d(A, B) = 53

18)
 19)
 20)

 
 Mostre que v1 = (−1, 3, −2)

 x = 2 + 5λ 
 x=1−λ
 
y = −1 + λ y = 2 + 2λ e v2 = (2, −6, 4) são paralelos

 


 

 z = 3 − 5λ  z=5 ou LD e que A1 (6, 5, 0) ∈
/ r2
Professor Me. Alexandre Shuji Suguimoto

II
UNIDADE
CÔNICAS E QUÁDRICAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender o conceito de cônicas como interseção do plano com o
cone.
■■ Compreender as cônicas como o lugar geométrico dos pontos que
satisfazem uma certa condição.
■■ Identificar equações das cônicas e seus elementos gráficos no plano
cartesiano.
■■ Identificar equações das superfícies quádricas e representá-las no
sistema de coordenadas tridimensional.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Elipse
■■ Hipérbole
■■ Parábola
■■ Quádricas
■■ Elipsoide
■■ Hiperboloide de uma folha
■■ Hiperboloide de duas folhas
■■ Paraboloide Elíptico
■■ Paraboloide Hiperbólico
■■ Superfície Cônica
■■ Superfície Cilíndrica
II

CÔNICAS E QUÁDRICAS
95

85

INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Na unidade anterior, estudamos as equações da reta e do plano que são equações lineares,
isto é, equações do 1o grau. No inı́cio desta unidade, vamos estudar equações do 2o grau em x
e y no plano cartesiano, os gráficos dessas equações descrevem curvas no plano xy, são elas: a
elipse; a circunferência; a hipérbole; a parábola. Tais curvas são obtidas por meio da interseção de
um cone com um plano e, dependendo da disposição desses dois elementos, é possı́vel obter essas
curvas, justificando a nomenclatura de secção cônica. Essas curvas já eram conhecidas, admiradas
e estudadas desde a Antiguidade, por exemplo, o filósofo e astrônomo Johannes Kepler (1571 -
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1630) foi quem deduziu que as órbitas planetárias eram elı́pticas e não circulares, como se pensava
na época. Já Apolônio de Perga (262 a.C - 194 a.C), matemático e astrônomo grego, dedicou parte
de sua vida ao estudo das cônicas, dando uma contribuição ı́mpar para a matemática com sua
obra “As cônicas”. Conhecer e identificar uma secção cônica, sua equação e sua curva com seus
elementos é o primeiro objetivo desta unidade.

Na sequência, estudaremos superfı́cies cujas equações são de segundo grau nas variáveis x,
y e z, cujos gráficos são conjuntos de pontos do espaço tridimensional conhecidos como superfı́cies
quádricas, são elas: elipsoide; esfera; hiperboloide de uma folha; hiperboloide de duas folhas;
paraboloide elı́ptico; paraboloide hiperbólico; superfı́cie cônica; superfı́cie cilı́ndrica. Ter pleno
domı́nio do conteúdo da unidade anterior é fundamental para estudar essas superfı́cies.

Desenvolveremos nosso estudo sob a seguinte perspectiva: dada uma equação de uma su-
perfı́cie quádrica, vamos analisar as curvas (ou traços) obtidas pela interseção de planos (con-
venientemente escolhidos) com a quádrica, de uma maneira geral, a escolha do plano se dará
preferencialmente com os planos coordenados, ou seja, planos xy, xz e yz, esses planos são obtidos
tomando z = 0, y = 0 e x = 0, respectivamente. No entanto, teremos casos em que esses planos
não interceptarão a superfı́cie dada. Em situações como essa, será necessário fazer uma análise
mais criteriosa para decidir como obter os traços da superfı́cie num plano conveniente. E a partir
dos traços obtidos nos três planos, será possı́vel desenhar a superfı́cie.

O que pretendemos aqui é que dada uma equação, o(a) cursista consiga identificar de qual
superfı́cie estamos tratando e que procure, na medida do possı́vel, desenhar seu gráfico, pois re-
conhecer essas superfı́cies e suas equações é de extrema importância no futuro estudo do cálculo
vetorial.

Introdução
96 UNIDADE II

86

ELIPSE
ELIPSE

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1

Sejam F1 e F2 dois pontos do plano xy, cuja distância entre eles é igual à 2c. Seja também
a um número real positivo com 2a > 2c, ao conjunto de pontos P (x, y) do plano xy, tais que

d(P, F1 ) + d(P, F2 ) = 2a, com a > c,

damos o nome de elipse. Assim, uma elipse é o lugar geométrico dos pontos P (x, y) no plano
cartesiano, cuja soma das distâncias a dois pontos fixos desse plano é uma constante. A elipse é
obtida por meio da interseção entre o plano e o cone, em que o plano deve ser inclinado em relação
ao eixo do cone, mas não paralelo à sua geratriz.

Figura 2

CÔNICAS E QUÁDRICAS
97

87

Os pontos F1 e F2 são os focos da elipse e o ponto médio do segmento F1 F2 é o centro C


da elipse. O segmento A1 A2 é chamado de eixo maior (contém os focos) e a distância 2c entre
F1 e F2 é chamada de distância focal.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 3

O segmento B1 B2 é o eixo menor e é perpendicular ao segmento A1 A2 . Os pontos A1 , A2 ,


c
B1 e B2 são os vértices e o número e = é chamado de excentricidade da elipse. Note que, do
a
Teorema de Pitágoras, temos a2 = b2 + c2

Figura 4

e 0 < e < 1, pois c < a.

Elipse
98 UNIDADE II

88

1o Caso: O eixo maior está sobre o eixo x com centro na origem (0, 0).

Considere a elipse com foco F1 (−c, 0) e F2 (c, 0), se P (x, y) é um ponto da elipse, temos:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 5

d(P, F1 ) + d(P, F2 ) = 2a
−−→ −−→
||F1 P || + ||F2 P || = 2a
 
(x + c)2 + (y − 0)2 + (x − c)2 + (y − 0)2 = 2a
 
(x + c)2 + y 2 = 2a − (x − c)2 + y 2

(x + c)2 + y 2 = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 + (x − c)2 + y 2

x2 + 2xc + c2 + y 2 = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 + x2 − 2xc + c2 + y 2

4a (x − c)2 + y 2 = 4a2 − 4xc

a (x − c)2 + y 2 = a2 − xc

a2 (x2 − 2xc + c2 + y 2 ) = a4 − 2a2 xc + x2 c2

a2 x2 − 2a2 xc + a2 c2 + a2 y 2 = a4 − 2a2 xc + x2 c2

a2 x2 − x2 c2 + a2 y 2 = a4 − a2 c2

x2 (a2 − c2 ) + a2 y 2 = a2 (a2 − c2 )

CÔNICAS E QUÁDRICAS
99

89

como a2 = b2 + c2 , segue que


x2 b2 + a2 y 2 = a2 b2

e, dividindo ambos os lados da igualdade por a2 b2 , obtemos

x2 y 2
+ 2 = 1.
a2 b

Essa última é chamada de equação reduzida da elipse.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2o Caso: O eixo maior está sobre o eixo y com centro na origem (0, 0).

Sejam F1 (0, −c) e F2 (0, c) os focos da elipse,

Figura 6 Figura 7

utilizando o raciocı́nio do caso anterior, podemos deduzir a equação

x2 y 2
+ 2 = 1.
b2 a

Como a, b e c são constantes reais positivas, é interessante observar que sendo a2 = b2 + c2 ,


logo, a2 > b2 e, portanto, a > b, isso significa que o eixo maior será aquele cujo denominador é
maior.

Elipse
100 UNIDADE II

90

Exemplo 1: Esboce o gráfico da elipse cuja equação é 9x2 + 16y 2 = 144 e obtenha seus elementos,
isto é, os focos, seus vértices, seus eixos, a distância focal, centro e a excentricidade.

Temos:
9x2 + 16y 2 = 144
9x2 16y 2 144
+ = .
144 144 144
Simplificando, obtemos
x2 y 2
+ =1
16 9

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x2 y 2
+ = 1,
42 32
para x = 0, temos y = ±3, ou seja, os pontos (0, −3) e (0, 3) são pontos da elipse. Para y = 0,
temos x = ±4, isto é, (−4, 0) e (4, 0) também são pontos da elipse. Além disso, como 16 > 9,
segue que o eixo maior está sobre o eixo x em que a = 4 e b = 3. Vamos obter, agora, os focos
dessa elipse, cujo centro está na origem C(0, 0). Assim, temos:

42 = 32 + c2

c = 7.

√ √ √
Portanto, seus focos são F1 (− 7, 0), F2 ( 7, 0) com distância focal d(F1 , F2 ) = 2 7, eixo maior
com extremidades em A1 (−4, 0) e A2 (4, 0) e tamanho d(A1 , A2 ) = 8, eixo menor com extremidades

c 7
em B1 (0, −3) e B2 (0, 3) e tamanho d(B1 , B2 ) = 6. Segue que e = , logo, e = , ou seja,
a 4

e = 0, 66. Graficamente, temos:

Figura 8

CÔNICAS E QUÁDRICAS
101

91

Exemplo 2: Considere a equação da elipse 49x2 + 4y 2 − 196 = 0, obtenha seus elementos e


construa seu gráfico.

Temos:
49x2 + 4y 2 = 196
49x2 4y 2 196
+ =
196 196 196
x2 y 2
+ =1
4 49
x2 y 2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

+ .
22 72
Como 49 > 4, logo, o eixo maior está sobre o eixo y, em que a = 7 e b = 2. De Pitágoras, temos

72 = 22 + c2


c = 3 5.

Para x = 0, temos y = ±7, logo, os vértices do eixo maior são A1 (0, −7) e A2 (0, 7), para y = 0

temos x = ±2, assim, os vértices do eixo menor são B1 (−2, 0) e B2 (2, 0). Os focos√ são F1 (0, −3 5)
√ √ 3 5∼
e F2 (0, 3 5), cuja distância focal é d(F1 , F2 ) = 6 5 e sua excentricidade é e = = 0, 96.
7

Figura 9

Elipse
102 UNIDADE II

92
92

O que acontece com o formato de uma elipse cujos focos são coincidentes?
O que acontece com o formato de uma elipse cujos focos são coincidentes?

x2 y2 2
Exemplo 3: Dada a equação +x =y1,
2 obtenha seus elementos e construa seu gráfico.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
25 25+
Exemplo 3: Dada a equação = 1, obtenha seus elementos e construa seu gráfico.
25 25

Aqui, temos 25=25, logo a = b = 5 e sendo a2 = 2b2 + c22 , segue que c = 0. Assim,
Aqui, temos 25=25, logo a = b = 5 e sendo a = b + c2 , segue que c = 0. Assim,
F1 (0, 0) = F2 (0, 0) = C(0, 0), ou seja, a elipse se reduz a uma circunferência de raio igual a 5.
F1 (0, 0) = F2 (0, 0) = C(0, 0), ou seja, a elipse se reduz a uma circunferência de raio igual a 5.

Figura 10 Figura 11
Figura 10 Figura 11
c 0
Note que a excentricidade e = = c = 0, 0 ou seja, a circunferência é um caso particular
Note que a excentricidade ae = 5 = = 0, ou seja, a circunferência é um caso particular
a quanto
da elipse cuja excentricidade é nula, assim, 5 menor a excentricidade, menor a distância
da elipse cuja excentricidade é nula, assim, quanto menor a excentricidade, menor a distância
focal e mais “semelhante” a uma circunferência se torna a elipse. Por outro lado, quanto maior
focal e mais “semelhante” a uma circunferência se torna a elipse. Por outro lado, quanto maior
a excentricidade, isto é, mais próximo do valor 1, mais “achatada” fica a elipse, ou seja, ela se
a excentricidade, isto é, mais próximo do valor 1, mais “achatada” fica a elipse, ou seja, ela se
aproxima do eixo maior.
aproxima do eixo maior.

CÔNICAS E QUÁDRICAS
103

93

Exemplo 4: Obtenha o gráfico e a equação da elipse com centro na origem C(0, 0), sabendo-se
que um de seus focos é F (3, 0) e a medida do eixo maior é igual a 8.

Temos:

Figura 12

Como um de seus focos é (3, 0) e o centro é C(0, 0), pela simetria, o outro foco é (−3, 0) e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

o eixo maior está sobre o eixo x, em que c = 3. Além disso, a elipse tem equação do tipo

x2 y 2
+ 2 = 1.
a2 b

Sendo a medida do eixo maior igual a 8, temos 2a = 8, logo a = 4. Como a2 = b2 + c2 , segue que

42 = b2 + 32 , ou seja, b = 7. Portanto, a equação é

x2 y2
2
+ √ =1
4 ( 7)2

ou melhor
x2 y 2
+ = 1,
16 7
√ √ 3
e seus elementos são A1 (−4, 0), A2 (4, 0), B1 (0, − 7) e B2 (0, 7), cuja excentricidade é e = =
4
0, 75.

Figura 13

Elipse
104 UNIDADE II

94
94

Um cone pode ser obtido a partir de duas retas concorrentes, por exemplo, fixada uma reta r
Um cone pode ser obtido a partir de duas retas concorrentes, por exemplo, fixada uma reta r
(eixo), fixamos um ponto P em r, traçamos uma reta g passando por P , ao rotacionarmos g
(eixo), fixamos um ponto P em r, traçamos uma reta g passando por P , ao rotacionarmos g
em torno da reta r, mantendo fixo o ângulo entre elas, obtemos um cone, em que g é chamada
em torno da reta r, mantendo fixo o ângulo entre elas, obtemos um cone, em que g é chamada
de geratriz desse cone.
de geratriz desse cone.
Veja mais em:
Veja mais em:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
<http://brasilescola.uol.com.br/matematica/cone.htm>
<http://brasilescola.uol.com.br/matematica/cone.htm>

Fonte: o autor.
Fonte: o autor.

Elipse com centro fora da origem do sistema cartesiano


Elipse com centro fora da origem do sistema cartesiano

1o Caso: Eixo maior paralelo ao eixo x.


1o Caso: Eixo maior paralelo ao eixo x.
Vamos deduzir a equação da elipse partindo da definição de lugar geométrico, a dedução
Vamos deduzir a equação da elipse partindo da definição de lugar geométrico, a dedução
para os outros casos que veremos mais adiante é análogo a este. Sejam C(h, k) o centro e P (x, y)
para os outros casos que veremos mais adiante é análogo a este. Sejam C(h, k) o centro e P (x, y)
um ponto genérico dessa elipse, com focos F1 (h − c, k) e F2 (h + c, k), temos:
um ponto genérico dessa elipse, com focos F1 (h − c, k) e F2 (h + c, k), temos:

Figura 14
Figura 14

CÔNICAS E QUÁDRICAS
105

95

d(P, F1 ) + d(P, F2 ) = 2a
 
[x − (h − c)]2 + (y − k)2 + [x − (h + c)]2 + (y − k)2 = 2a
 
[x − (h − c)]2 + (y − k)2 = 2a − [x − (h + c)]2 + (y − k)2

[x − (h − c)]2 + (y − k)2 = 4a2 − 4a [x − (h + c)]2 + (y − k)2 + [x − (h + c)]2 + (y − k)2

x2 −2x(h−c)+(h−c)2 +(y−k)2 = 4a2 −4a [x − (h + c)]2 + (y − k)2 +x2 −2x(h+c)+(h+c)2 +(y−k)2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

−2xh + 2xc + h2 − 2hc + c2 = 4a2 − 4a [x − (h + c)]2 + (y − k)2 − 2xh − 2xc + h2 + 2hc + c2



4a [x − (h + c)]2 + (y − k)2 = 4a2 − 4xc + 4hc

a [x − (h + c)]2 + (y − k)2 = a2 − xc + hc

a2 ([x − (h + c)]2 + (y − k)2 ) = a4 − a2 xc + a2 hc − a2 xc + x2 c2 − xhc2 + a2 hc − hxc2 + h2 c2

a2 [x2 −2x(h+c)+(h+c)2 +y 2 −2yk +k 2 ] = a4 −a2 xc+a2 hc−a2 xc+x2 c2 −xhc2 +a2 hc−hxc2 +h2 c2

a2 (x2 −2xh−2xc+h2 +2hc+c2 +y 2 −2yk+k 2 ) = a4 −a2 xc+a2 hc−a2 xc+x2 c2 −xhc2 +a2 hc−hxc2 +h2 c2

a2 x2 −2a2 xh−2a2 xc+a2 h2 +2a2 hc+a2 c2 +a2 y 2 −2a2 yk+a2 k 2 = a4 −2a2 xc+2a2 hc+x2 c2 −2xhc2 +h2 c2

a2 x2 − 2a2 xh + a2 h2 + a2 c2 + a2 y 2 − 2a2 yk + a2 k 2 = a4 + x2 c2 − 2xhc2 + h2 c2

(x2 − 2xh + h2 )(a2 − c2 ) + a2 (y 2 − 2yk + k 2 ) = a2 (a2 − c2 )

(x − h)2 (a2 − c2 ) + a2 (y − k)2 = a2 (a2 − c2 )

b2 (x − h)2 + a2 (y − k)2 = a2 b2 .

Dividindo ambos os lados por a2 b2 , obtemos

(x − h)2 (y − k)2
+ = 1,
a2 b2

que é equação reduzida da elipse com centro em C(h, k) e eixo maior paralelo ao eixo x. Observe
que seus vértices são A1 (h − a, k), A2 (h + a, k), B1 (h, k − b) e B2 (h, k + b). Note que, se h = k = 0
temos C(0, 0).

Elipse
106 UNIDADE II

96

(x + 1)2 (y − 3)2
Exemplo 5: Esboce o gráfico da elipse cuja equação é dada por + = 1.
4 1
Como 4>1, então, o eixo maior é paralelo ao eixo x, seu centro é C(−1, 3), para obtermos
seus vértices podemos substituir por y = 3 e obtemos x = −3 ou x = 1, analogamente, para x = −1,
temos y = 2 ou y = 4, logo, seus vértices são A1 (−3, 3), A2 (1, 3), B1 (−1, 2) e B2 (−1, 4). Uma outra
forma para obtermos seus vértices é observando o seguinte, como 4 > 1, então, a = 2 e b = 1 e sendo
o eixo maior paralelo ao eixo x, partindo do centro C(−1, 3), segue que A1 (−1 − 2, 3) = A1 (−3, 3),
A2 (−1 + 2, 3) = A2 (1, 3), B(−1, 3 − 1) = B1 (−1, 2) e B2 (−1, 3 +√1) = B2 (−1, 4). Além disso, temos
√ 3 √
22 = 12 + c2 , ou seja, c = 3, portanto, a excentricidade é e = e seus focos são F1 (−1 − 3, 3)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
√ 2
e F2 (−1 + 3, 3).

Figura 15

Exemplo 6: Dada a equação 4x2 + 9y 2 − 8x − 36y + 4 = 0, obtenha a equação reduzida, seu


centro, os vértices e seus focos.

Temos:
4x2 + 9y 2 − 8x − 36y + 4 = 0

4x2 − 8x + 9y 2 − 36y + 4 = 0

4(x2 − 2x) + 9(y 2 − 4y) + 4 = 0,

CÔNICAS E QUÁDRICAS
107

97

completando quadrado, segue que

4(x2 − 2x + 1 − 1) + 9(y 2 − 4y + 4 − 4) + 4 = 0

4[(x − 1)2 − 1] + 9[(y − 2)2 − 4] + 4 = 0

4(x − 1)2 − 4 + 9(y − 2)2 − 36 + 4 = 0


4(x − 1)2 9(y − 2)2 36
+ =
36 36 36
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(x − 1)2 (y − 2)2
+ =1
9 4
(x − 1)2 (y − 2)2
+ = 1.
32 22

Como 9>4, então, seu eixo maior é paralelo ao eixo x cujo centro é C(1, 2), além disso,

temos a = 3 e b = 2, logo, c = 5. Segue que A1 (1 − 3, 2) = A1 (−2, 2), A2 (1 + 3, 2) = A2 (4, 2),
√ √
B1 (1, 2 − 2) = B1 (1, 0), B2 (1, 2 + 2) = B2 (1, 4), F1 (1 − 5, 2) e F2 (1 + 5, 2).

Figura 16

Elipse
108 UNIDADE II

98

2o Caso: Eixo maior paralelo ao eixo y.

A equação da elipse com centro em C(h, k) é dada por

(x − h)2 (y − k)2
+ =1
b2 a2

e pode ser deduzida de forma análoga ao caso anterior,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 17

em que seus vértices são A1 (h, k − a), A2 (h, k + a), B1 (h − b, k) e B2 (h + b, k).

Exemplo 7: Construa uma elipse com centro C(2, 3), com eixo maior medindo 10 unidades,
paralelo ao eixo y, eixo menor medindo 8 unidades e obtenha também sua equação reduzida.

O eixo maior tem medida igual a 10, logo, 2a = 10 e 2b = 8, ou seja, a = 5, b = 4 e,


consequentemente, c = 3; segue que a equação reduzida é:

(x − 2)2 (y − 3)2
+ = 1.
42 52

Como seu centro é C(2, 3) e o eixo maior é paralelo ao eixo y, então, seus vértices são A1 (2, 3−5) =

CÔNICAS E QUÁDRICAS
109

99

A1 (2, −2), A2 (2, 3 + 5) = A2 (2, 8), B1 (2 − 4, 3) = B1 (−2, 3), B2 (2 + 4, 3) = B2 (6, 3) e seus focos
são F1 (2, 3 − 3) = (2, 0) e F (2, 3 + 3) = F (2, 6).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 18

Exemplo 8: Determine o centro, os vértices, os focos e a excentricidade da elipse de equação

25x2 + 9y 2 + 50x − 36y − 164 = 0.

A equação pode ser reescrita por

25x2 + 50x + 9y 2 − 36y − 164 = 0

25(x2 + 2x) + 9(y 2 − 4y) − 164 = 0

25(x2 + 2x + 1 − 1) + 9(y 2 − 4y + 4 − 4) − 164 = 0

25[(x + 1)2 − 1] + 9[(y − 2)2 − 4] − 164 = 0

25(x + 1)2 − 25 + 9(y − 2)2 − 36 − 164 = 0

Elipse
110 UNIDADE II

100

25(x + 1)2 9(y − 2)2 225


+ =
225 225 225
(x + 1)2 (y − 2)2
+ =1
9 25
portanto,
(x − (−1))2 (y − 2)2
+ = 1.
32 52
Assim, temos a = 5 e b = 3, logo, c = 4, além disso, seu centro é C(−1, 2), seus vértices são
A1 (−1, −3), A2 (−1, 7), B1 (−4, 2) e B2 (2, 2), seus focos são F1 (−1, −2), F2 (−1, 6) e a excentricidade
4

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
é e = = 0, 8.
5

Figura 19

CÔNICAS E QUÁDRICAS
111

101
101

Uma elipse pode ser obtida utilizando-se uma madeira plana, dois pregos, um barbante e um
Uma elipse pode ser obtida utilizando-se uma madeira plana, dois pregos, um barbante e um
lápis. Os dois pregos devem ser fixados na madeira (nos focos) e o barbante amarrado em
lápis. Os dois pregos devem ser fixados na madeira (nos focos) e o barbante amarrado em
ambos os pregos com medida superior a distância entre eles; com um lápis esticando o barbante
ambos os pregos com medida superior a distância entre eles; com um lápis esticando o barbante
se obtém o traço que nos dá a elipse.
se obtém o traço que nos dá a elipse.
Assista também ao vı́deo sobre a mesa de bilhar elı́ptica:
Assista também ao vı́deo sobre a mesa de bilhar elı́ptica:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

<https://www.youtube.com/watch?v=NGiMw4dI8fk>
<https://www.youtube.com/watch?v=NGiMw4dI8fk>

Fonte: o autor.
Fonte: o autor.

Figura 20
Figura 20

Elipse
112 UNIDADE II

102

HIPÉRBOLE
HIPÉRBOLE

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 21

Sejam F1 e F2 dois pontos do plano com d(F1 , F2 ) = 2c, ao conjunto dos pontos P (x, y) tais
que o módulo da diferença entre d(P, F1 ) e d(P, F2 ) é constante, damos o nome de hipérbole, isto
é, se a é um número real positivo tal que 2a < 2c, a hipérbole é o conjunto dos pontos que satisfaz

|d(P, F1 ) − d(P, F2 )| = 2a.

Figura 22

Os pontos F1 e F2 são os focos e d(F1 , F2 ) = 2c é a distância focal, o centro C da hipérbole


é o ponto médio do segmento F1 e F2 , os ponto A1 e A2 são os vértices em que d(A1 , A2 ) = 2a, o
eixo real é o segmento A1 A2 . O eixo imaginário é o segmento B1 B2 , com d(B1 , B2 ) = 2b, além
disso, o segmento B1 B2 é perpendicular ao segmento A1 A2 no ponto C.

CÔNICAS E QUÁDRICAS
113

103
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 23

c
Chamamos de excentricidade ao número e = ; temos também a seguinte relação c2 = a2 +b2
a
e sendo c > a, logo, e > 1.

Considere o retângulo M N OP , cujos pontos A1 , A2 , B1 e B2 são pontos médios dos seg-


mentos M N , OP , N O e M P , respectivamente. As retas r e s que passam pelos segmentos M O e
N P são chamadas de assı́ntotas da hipérbole. Essas retas têm as propriedades de, à medida que
os pontos da hipérbole se afastam do foco, eles se aproximam cada vez mais de uma dessas retas,
b b
porém nunca tocam a reta. Observe também, lembrando da trigonometria, que as razões e −
a a
correspondem às inclinações das retas s e r, respectivamente.

Figura 24

Geometricamente, a hipérbole pode ser obtida por meio da interseção do plano com o cone,
em que o plano deve ser paralelo ao eixo do cone.

Hipérbole
114 UNIDADE II

104

Hipérbole com centro na origem do plano cartesiano

1o caso: Eixo real sobre o eixo x.

Seja P (x, y) um ponto da hipérbole com centro C(0, 0) e focos F1 (−c, 0) e F2 (c, 0),

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 25

temos
|d(F1 , P ) − d(F2 , P )| = 2a
 
| (x + c)2 + (y − 0)2 − (x − c)2 + (y − 0)2 | = 2a
 
(x + c)2 + y 2 − (x − c)2 + y 2 = ±2a.

Utilizando o mesmo processo da elipse, obtemos

(c2 − a2 )x2 − a2 y 2 = a2 (c2 − a2 )

como c2 = a2 + b2 , logo
b2 x2 − a2 y 2 = a2 b2

dividindo ambos os lados por a2 b2 , chegamos ao resultado

x2 y 2
− 2 =1
a2 b

b
que é a equação reduzida da hipérbole com vértices A1 (−a, 0), A2 (a, 0) e assı́ntotas y = ± x
a
(equação da reta passando pela origem).

CÔNICAS E QUÁDRICAS
115

105

2o Caso: Eixo real sobre o eixo y.

Partindo da definição da hipérbole

|d(F1 , P ) − d(F2 , P )| = 2a,

podemos deduzir de maneira análoga à equação

y 2 x2
− 2 =1
a2 b
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que é ela a equação da hipérbole com focos F1 (0, −c), F2 (0, c), vértices A1 (0, a), A2 (0, −a) e
a
assı́ntotas y = ± x, em que c2 = a2 + b2 .
b

Figura 26

x2 y 2
Exemplo 9: Obtenha o gráfico da hipérbole, cuja equação reduzida é − = 1, e seus elementos
25 16
(centro, focos, vértices, excentricidade e as assı́ntotas).
x2 y 2
A equação é do tipo − = 1, logo, a = 5 e o eixo real está sobre o eixo x em que b = 4,
a2 √ b 2
como c2 = a2 + b2 , então, c = 41. Para y = 0, temos x = ±5, logo, A1 (−5, 0) e A2 (5, 0) são os
vértices da hipérbole. Note que para x = 0 a equação y 2 = −16 não admite solução no conjunto
dos números reais, ou seja, a hipérbole não intercepta o eixo y, segue
√que o centro da hipérbole é
√ √ 41
C(0, 0), seus focos são F1 (− 41, 0), F2 ( 41, 0), excentricidade e = = 1, 28 e suas assı́ntotas
5
4 4
são retas que passam pela origem e cujas equações são y = x e y = − x.
5 5

Hipérbole
116 UNIDADE II

106

Figura 27

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Exemplo 10: Dada a equação 4y 2 − 9x2 = 36, obtenha os elementos e o gráfico dessa hipérbole.

Temos
4y 2 − 9x2 = 36
4y 2 9x2 36
− =
36 36 36
y 2 x2
− 2 = 1.
32 2
Essa última equação nos indica que o eixo real está sobre o eixo y, assim a = 3, b = 2 e lembrando
√ √ √
que c2 = a2 + b2 , logo, c = 13, segue que seus focos são F1 (0, − 13) e F2 (0, 13). Pondo x = 0,
3
obtemos y = ±3, ou seja, seus vértices são A1 (0, −3) e A2 (0, 3). Suas assı́ntotas são y = ± x e a
√ 2
13 ∼
excentricidade e = = 1, 20.
3

Figura 28

CÔNICAS E QUÁDRICAS
117

107

Equação da hipérbole com centro fora da origem do sistema cartesiano

1o Caso: Eixo real paralelo ao eixo x.

De maneira análoga ao caso da elipse, podemos deduzir a equação da hipérbole com centro
C(h, k), focos F1 (h − c, k), F2 (h + c, k) e vértices A1 (h − a, k) e A2 (h + a, k).

(x − h)2 (y − k)2
− =1
a2 b2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 29
2o Caso: Eixo real paralelo ao eixo y.

Nesse caso, temos C(h, k), F1 (h, k − c), F2 (h, k + c), A1 (h, k − a), A2 (h, k + a) e a equação
é dada por
(y − k)2 (x − h)2
− = 1.
a2 b2

Figura 30

Hipérbole
118 UNIDADE II

108

Exemplo 11: Obtenha a equação da hipérbole, sabendo-se que seus vértices são A1 (0, 3), A2 (2, 3)
e um dos seus focos é F (3, 3).

A1 A2 e é paralelo ao eixo x; o centro C é o ponto médio do segmento


O eixo realé o segmento 
0+2 3+3 
A1 A2 , ou seja, C , = C(1, 3), segue que c = d(C, F ) = (1 − 3)2 + (3 − 3)2 = 2.
2 2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 31

 √
Além disso, a = d(C, A1 ) = (0 − 1)2 + (3 − 3)2 = 1, como c2 = a2 + b2 , logo, b = 3, portanto,

(x − 1)2 (y − 3)2
− √ =1
12 ( 3)2

(y − 3)2
(x − 1)2 − =1
3
e, desenvolvendo, obtemos:
3x2 − y 2 − 6x + 6y − 9 = 0.

Figura 32

CÔNICAS E QUÁDRICAS
119

109

Exemplo 12: Dada a equação da hipérbole 16x2 − 9y 2 + 64x − 54y + 127 = 0, obtenha o centro,
os vértices, os focos, seu gráfico, a excentricidade e suas assı́ntotas.
Temos:
16x2 − 9y 2 + 64x − 54y + 127 = 0

16(x2 + 4x) − 9(y 2 + 6y) + 127 = 0

16(x2 + 4x + 4 − 4) − 9(y 2 + 6y + 9 − 9) + 127 = 0

16[(x + 2)2 − 4] − 9[(y + 3)2 − 9] + 127 = 0


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

16(x + 2)2 − 64 − 9(y + 3)2 + 81 + 127 = 0

16(x + 2)2 − 9(y + 3)2 = −144


16(x + 2)2 9(y + 3)2 −144
− =
−144 −144 −144
(x + 2)2 (y + 3)2
− + =1
9 16
(y + 3)2 (x + 2)2
− = 1.
42 32
Assim, o centro é C(−2, −3), o eixo real é paralelo ao eixo y, a = 4 e b = 3, sendo c2 = a2 + b2 ,
logo, c = 5. Segue que seus focos são F1 (−2, −3 − 5) = F1 (−2, −8), F2 (−2, −3 + 5) = F2 (−2, 2) e
seus vértices são A1 (−2, −3 − 4) = A1 (−2, −7) e A2 (−2, −3 + 4) = A2 (−2, 1). Seu gráfico é

Figura 33

Hipérbole
120 UNIDADE II

110

c 5
e sua excentricidade e = = = 1, 25, suas assı́ntotas são retas do tipo y = mx + k, ou seja,
a 4

y = ±mx + k

a
y =± x+k
b
4
y = ± x + k.
3
4
O ponto C(−2, −3) pertence às assı́ntotas, logo, para y = x + k1 temos
3

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4
−3 = (−2) + k1 ,
3

ou seja,
1
k1 = −
3
4 1 4
e, portanto, uma das retas é y = x − . Analogamente, para y = − x + k2 , temos
3 3 3

4
−3 = − (−2) + k2 .
3

17 4 17
Segue que k2 = − e, portanto, a outra assı́ntota é y = − x − .
3 3 3

Figura 34

CÔNICAS E QUÁDRICAS
121

111
PARÁBOLA
PARÁBOLA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 35

Sejam d uma reta e F um ponto não pertencente à d, ambos no plano xy, uma parábola é
o conjunto dos pontos P (x, y) no plano que são equidistantes do ponto F e da reta d, o ponto F
é chamado de foco e d é a diretriz da parábola.

Figura 36

Ou seja, se P (x, y) é um ponto da parábola, então,

d(P, F ) = d(P, d).

O eixo da parábola é a reta que passa pelo foco e é perpendicular à diretriz; a interseção entre seu
eixo com a parábola é um ponto chamado de vértice e denotado por V .

Parábola
122 UNIDADE II

112

Geometricamente, a parábola é obtida a partir da interseção de um plano com um cone, em


que o plano é paralelo a geratriz desse cone.

Parábola com vértice na Origem do Sistema Cartesiano

1o Caso: Eixo da parábola é o próprio eixo y.


p
Seja P (x, y) um ponto da parábola com foco F (0, ), diretriz d e D um ponto da reta d,
2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 37
assim, temos
d(F, P ) = d(D, P )
  
p 2  p 2
(x − 0)2 + y − = (x − x)2 + y + ;
2 2
elevando ambos os lados ao quadrado
 2  2
 p 2  p 2
x2 + y− = y+
2 2

 p 2  p 2
x2 + y − = y+
2 2
p2 p2
x2 + y 2 − yp + = y 2 + py +
4 4
x2 = 2py.

Essa é a equação reduzida da parábola com vértice na origem do plano cartesiano e eixo da pará-
bola coincidindo com o eixo y. Note que como x2 ≥ 0, logo, 2py deve ser positivo, o que significa

CÔNICAS E QUÁDRICAS
123

113

que y e p devem ter o mesmo sinal. Em particular, se p > 0 a concavidade é voltada para cima,
por outro lado, se p < 0 a parábola tem concavidade voltada para baixo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 38 Figura 39

2o Caso: Eixo da parábola é o eixo x.


p 
Seja P (x, y) um ponto da parábola com foco F ,0 e diretriz d, usando o raciocı́nio
2
anterior, chegamos na equação
y 2 = 2px.

Figura 40 Figura 41

Quando p > 0, a concavidade é voltada para direita e, se p < 0, a concavidade é voltada para
esquerda.

Parábola
124 UNIDADE II

114

Exemplo 13: Dada a equação x2 = 6y, obtenha o foco, a diretriz e seu gráfico.

Sabemos que x2 = 2py, logo, 2p = 6, ou seja, p = 3, segue que a parábola tem 


concavidade

3
voltada para cima. Como seu vértice é V (0, 0), temos seu foco com coordenadas F 0, , sua
2
3 3 3
diretriz é y = − . Além disso, se y = e temos x2 = 6. , logo, x = ±3. Portanto, os pontos
   2 2 2
3 3
−3, e 3, também são pontos da parábola.
2 2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 42

Exemplo 14: Dada a equação y 2 = −20x, obtenha seu gráfico, o foco e a diretriz da parábola.

A equação é do tipo y 2 = 2px, logo, 2p = −20, ou seja, p = −10, portanto, a concavidade


10
é voltada para esquerda. Como seu vértice é V (0, 0), logo, seu foco é F (0 − , 0) = (−5, 0) e a
2
10
diretriz é x = 0 + = 5.
2

Figura 43

CÔNICAS E QUÁDRICAS
125

115

Parábola com vértice fora da origem do sistema cartesiano

1o Caso: Parábola com eixo paralelo ao eixo y.

Seja V (h, k) o vértice da parábola, partindo da definição d(P, F ) = d(P, d), é fácil de deduzir
sua equação, que é dada por
(x − h)2 = 2p(y − k).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 44

x2
Exemplo 15: Esboce o gráfico da parábola cuja equação é y = − − x indicando seus elementos.
4
Temos:
x2
+ x = −y
4
x2 + 4x = −4y

x2 + 4x + 4 − 4 = −4y

(x + 2)2 − 4 = −4y

(x + 2)2 = −4y + 4

(x + 2)2 = −4(y − 1)

(x + 2)2 = 2(−2)(y − 1).

Assim, h = −2 e k = 1, logo, V (−2, 1), além disso, como p = −2, segue que a concavidade é
voltada para baixo e seu eixo é paralelo ao eixo y com foco F (−2, 1 − 1) = F (−2, 0) e diretriz

Parábola
126 UNIDADE II

116

y = 1 + 1 = 2. É interessante observar que a equação reduzida nos fornece as coordenadas do


vértice, bem como para onde a concavidade está voltada.

Dizemos que x é raiz da equação y = ax2 + bx + c = 0, se a(x )2 + bx + c = 0. Assim,


vamos obter as raı́zes (caso existam) dessa equação, ou seja, devemos obter valores de x tais que

y=0

x2
− −x=0
4

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x2
+x=0
4
x2 + 4x = 0

x2 + 4x + 4 − 4 = 0

(x + 2)2 = 4

x+2=± 4

x = −2 ± 2,

logo, as raı́zes são x = 0 e x = −4. Portanto, os pontos (−4, 0) e (0, 0) pertencem à parábola.

Figura 45

CÔNICAS E QUÁDRICAS
127

117

2o Caso: O eixo da parábola é paralelo ao eixo x.

Seja V (h, k) o vértice da parábola, sua equação é dada por

(y − k)2 = 2p(x − h).


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 46

Exemplo 16: Determine a equação da parábola cuja diretriz é x = 1 e tem foco no ponto F (5, 2).

Figura 47

Parábola
128 UNIDADE II

118

Sabemos que a diretriz é x = 1, logo, o eixo da parábola é paralelo ao eixo  x e passa pelos

5+1 2+2
pontos F (5, 2) e A(1, 2). Como seu vértice é o ponto médio do segmento AF , logo, V , =
2 2
(3, 2), ou seja, h = 3 e k = 2. Note que, como o foco está à direita do vértice, então, a concavidade
é voltada para direita, o que significa que p é positivo. Além disso, temos

p = d(A, F )


p= (5 − 1)2 + (2 − 2)2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
p=4

que substituindo na equação seguinte

(y − k)2 = 2p(x − h)

segue que
(y − 2)2 = 2.(4)(x − 3)

y 2 − 4y + 4 = 8x − 24

y 2 − 4y − 8x + 28 = 0

é a equação da parábola.

Figura 48

CÔNICAS E QUÁDRICAS
129

119

QUÁDRICAS
QUÁDRICAS

Na unidade I, estudamos as equações lineares em x, y e z cujos gráficos eram planos no


espaço tridimensional. No inı́cio desta unidade estudamos equações de segundo grau apenas em
x e y, exclusivamente no plano cartesiano. Agora, estudaremos superfı́cies cujas equações são de
segundo grau nas variáveis x, y e z, cujos gráficos são conjuntos de pontos do espaço tridimensional
conhecidos como superfı́cies quádricas, são elas: elipsoide; hiperboloide de uma folha; hiperboloide
de duas folhas; paraboloide elı́ptico; paraboloide hiperbólico; superfı́cie cônica; superfı́cie cilı́ndrica.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Saber identificar uma cônica é fundamental para estudar essas superfı́cies.

Desenvolveremos nosso estudo sob a seguinte perspectiva: dada uma equação de uma super-
fı́cie quádrica, vamos analisar as curvas (ou traços) obtidas pela interseção de planos (conveniente-
mente escolhidos) com a quádrica. De maneira geral, a escolha do plano se dará preferencialmente
com os planos coordenados, ou seja, planos xy, xz e yz. Esses planos são obtidos tomando z = 0,
y = 0 e x = 0, respectivamente. No entanto, teremos casos em que esses planos não interceptarão
a superfı́cie dada, em situações como essa, será necessário fazer uma análise mais criteriosa para
decidir como obter os traços da superfı́cie num plano conveniente. E a partir dos traços obtidos
nos três planos, será possı́vel desenhar a superfı́cie. Apesar da dificuldade em fazer um desenho
de uma superfı́cie tridimensional numa folha de papel, veremos que basta observar a equação para
sabermos de qual superfı́cie estamos tratando, ou seja, cada quádrica tem uma equação particular,
assim como a reta, a parábola e a elipse no plano.

Portanto, o que pretendemos aqui é que dada uma equação, o(a) cursista consiga identificar
de qual superfı́cie estamos tratando e que procure, na medida do possı́vel, desenhar seu gráfico,
pois, reconhecer essas superfı́cies e suas equações é de extrema importância no futuro estudo do
cálculo vetorial.

Quádricas
130 UNIDADE II

120

Superfı́cies Quádricas

Uma equação do 2o grau com três variáveis x, y e z tem a seguinte forma

ax2 + by 2 + cz 2 + 2dxy + 2exz + 2f yz + mx + ny + pz + q = 0

com pelo menos uma das constante a, b, c, d, e ou f não nula (ela representa uma superfı́cie
quádrica). Quando essa superfı́cie for cortada por algum plano paralelo aos planos das coorde-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nadas (x, y ou z igual a uma constante), sua interseção será uma curva cônica, como veremos nos
próximos exemplos. Por meio de uma mudança de coordenadas (rotação e/ou translação), essa
equação pode assumir uma das seguintes formas:

Ax2 + By 2 + Cz 2 = D (quádrica centrada)

ou 



 Ax2 + By 2 + Cz = 0

Ax2 + By + Cz 2 = 0 (quádrica não centrada)




 Ax + By 2 + Cz 2 = 0

que são os casos que abordaremos nesta unidade.

Superfı́cies Quádricas Centradas

A equação a seguir
x2 y 2 z 2
± ± 2 ± 2 =1
a2 b c
é chamada de forma canônica (ou padrão) de uma superfı́cie quádrica centrada. De acordo com a
combinação dos sinais, existem três possibilidades, a saber:
• Três sinais positivos (elipsoide).
• Dois sinais positivos e um negativo (hiperboloide de uma folha).
• Um sinal positivo e dois negativos (hiperboloide de duas folhas).
• Três sinais negativos (nesse caso não existe superfı́cie).

CÔNICAS E QUÁDRICAS
131

121

ELIPSOIDE
ELIPSOIDE

Figura 49
Considere a equação
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 =1
a2 b c
em que a, b e c são constantes reais positivas. Ao conjunto de pontos P (x, y, z) que satisfazem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

essa equação damos o nome de elipsoide. Note, primeiramente, que se P (x, y, z) é um ponto da
superfı́cie, então o ponto P  (−x, −y, −z) também pertence à superfı́cie, pois satisfaz a equação
dada, ou seja, a superfı́cie é simétrica em relação à origem. Além disso, o ponto P  (−x, y, z)
também pertence à superfı́cie, logo, a superfı́cie é simétrica em relação ao plano yz − a mesma
simetria ocorre com relação aos planos xy e xz −. Agora, para z = 0, o plano xy corta a superfı́cie
segundo o traço de uma elipse de equação

x2 y 2
+ 2 = 1, z = 0.
a2 b

Figura 50
Para y = 0, temos uma elipse no plano xz e também para x = 0 outra elipse no plano yz.

Figura 51 Figura 52

Elipsoide
132 UNIDADE II

122

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 53

Em particular, se a = b = c, temos
x2 y 2 z 2
+ + =1
a2 a2 a2
que representa uma superfı́cie esférica com raio r = a cuja equação é dada por

x 2 + y 2 + z 2 = a2 .

Figura 54

Se pelo menos dois valores de a, b ou c são iguais, dizemos que o elipsoide é de revolução. Quando
o centro do elipsoide é o ponto C(h, k, l) com eixos paralelos aos eixos coordenados, sua equação
tem forma
(x − h)2 (y − k)2 (z − l)2
+ + = 1.
a2 b2 c2

CÔNICAS E QUÁDRICAS
133

123

x2 y 2 z 2
Exemplo 17: Obtenha a superfı́cie do elipsoide cuja equação é + + = 1.
4 9 1
2
x y2
No plano xy, isto é, quando z = 0, temos uma elipse cuja equação é + = 1, analo-
4 9
x2 z2 y2 z2
gamente, nos planos xz e yz obtemos as equações + =1e + = 1 que também são
4 1 9 1
elipses, assim, graficamente, temos um elipsoide cujo gráfico é representado pela figura a seguir.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 55

(x − 1)2 (y − 1)2 (z − 1)2


Exemplo 18: Verifique se a equação + + = 1 representa um elipsoide.
9 25 9
(x − 1)2 (y − 1)2
A superfı́cie tem centro C(1, 1, 1), suas equações são + = 1 no plano z = 1,
9 25
(x − 1)2 (z − 1)2 (y − 1)2 (z − 1)2
+ = 1 no plano y = 1 e + = 1 no plano x = 1, note também
9 9 25 9
que a = c = 3, portanto, a superfı́cie é um elipsoide de revolução.

Figura 56

Elipsoide
134 UNIDADE II

124

As pesquisas na área de Educação Matemática promovem reflexões sobre como a forma tradici-
onal de ensino pode ser inovada por meio de estratégias diferenciadas, que visem a uma melhor
qualidade no processo de ensinoaprendizagem da Matemática.
A nossa prática profissional, com estudantes da Licenciatura em Matemática e cursos de En-
genharias, revelou o quanto é difı́cil trabalhar os tópicos planos, cilindros e quádricas nas dis-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ciplinas Geometria Analı́tica ou Cálculo Diferencial e Integral, seja por reduzida carga horária
para esses conteúdos, seja pela dificuldade que os estudantes têm na visualização geométrica
no espaço tridimensional ou, na relação entre questões visuais e analı́ticas.
As dificuldades dos estudantes nos tópicos de geometria perpassam toda a educação básica, che-
gando ao ensino superior. Essa deficiência é evidenciada por vários pesquisadores em Educação
Matemática, tais como Lorenzato (1995), Dante (1988) e Pavanello (1993). Essa defasagem gera
dificuldades de aprendizagem, principalmente na disciplina Geometria Analı́tica e em tópicos
do Cálculo Diferencial e Integral.

Parte extraı́da do artigo disponı́vel em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci arttext&pid=S0103-636X2013000300011>

Fonte: Mota e Laudares (2013, on-line)1 .

CÔNICAS E QUÁDRICAS
135

125

HIPÉRBOLOIDE DE UMA
HIPERBOLOIDE DE UMA FOLHA
FOLHA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 57
Considere a equação
x2 y 2 z 2
+ 2 − 2 =1
a2 b c
com a, b e c termos positivos. Quando dois sinais são positivos e um negativo, a superfı́cie é
chamada de hiperboloide de uma folha. Em relação à equação anterior, o hiperboloide está ao
x2 y 2
longo do eixo z. O plano xy intercepta a superfı́cie segundo uma elipse de equação 2 + 2 = 1,
a b

Figura 58

x2 z 2 y2 z2
já nos planos xz e yz temos as equações 2
− 2 = 1 e 2 − 2 = 1 que representam hipérboles.
a c b c

Figura 59 Figura 60

Hipérboloide de Uma Folha


136 UNIDADE II

126

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 61

Quando a = b, o hiperboloide é de revolução e pode ser obtido pela rotação de uma hipérbole em
torno do eixo z.

As outras formas de hiperboloide de uma folha são:

x2 y 2 z 2
− 2 + 2 = 1 ao longo do eixo y
a2 b c
e
x2 y 2 z 2
− + 2 + 2 = 1 ao longo do eixo x.
a2 b c

Figura 62 Figura 63

CÔNICAS E QUÁDRICAS
137

127

x2 y 2 z2
Exemplo 19: Obter o gráfico da superfı́cie cuja equação é+ − = 1.
9 4 16
2 2
x y
No plano z = 0, temos uma elipse de equação 2 + 2 = 1,
3 2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 64

x2 z 2 y2 z2
nos planos y = 0 e x = 0 temos hipérboles de equações − 2 =1e 2 − 2 =1
32 4 2 4

Figura 65 Figura 66

e graficamente

Figura 67

Hipérboloide de Uma Folha


138 UNIDADE II

128

HIPÉRBOLOIDE
HIPERBOLOIDE DE DE DUAS
DUAS FOLHAS
FOLHAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 68

A superfı́cie com equação


x2 y 2 z 2
− + 2 − 2 =1
a2 b c
é chamada de hiperboloide de duas folhas ao longo do eixo y, em que a, b e c são constantes
reais positivas.

Nos planos xy e yz, temos as equações

x2 y 2 y2 z2
− 2
+ 2 =1e 2 − 2 =1
a b b c

que representam duas hipérboles.

Figura 69 Figura 70

CÔNICAS E QUÁDRICAS
139

129

Graficamente, temos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 71

Observe que quando y = 0 o plano xz não intercepta a superfı́cie, mais ainda, para qualquer
plano y = k, com −b < k < b, não há ocorrência de interceptação na superfı́cie. Por outro lado,
para qualquer valor de y = k com k > b ou k < −b, a interseção entre o plano e a superfı́cie é
uma elipse, particularmente, se a = c, a elipse é uma circunferência. Portanto, o hiperboloide é de
revolução e pode ser obtido rotacionando uma hipérbole em torno do eixo real y.

As outras formas canônicas dessa superfı́cie são:

x2 y 2 z 2
− 2 − 2 = 1 ao longo do eixo x
a2 b c

e
x2 y 2 z 2
− − 2 + 2 = 1 ao longo do eixo z.
a2 b c

Figura 72 Figura 73

Hipérboloide de Duas Folhas


140 UNIDADE II

130

x2 y 2 z 2
Exemplo 20: Dada a equação − + − = 1, obtenha seus gráficos nos planos coordenados
4 16 25
e sua superfı́cie.

A superfı́cie é um hiperboloide de duas folhas ao longo do eixo y. Nos planos x = 0 e z = 0,


y2 z2 x2 y 2
temos, respectivamente, hipérboles com equações 2 − 2 = 1 e − 2 + 2 = 1, cujos gráficos são:
4 5 2 4

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 74 Figura 75

Assim, a superfı́cie pode ser representada conforme o gráfico a seguir.

Figura 76

Observe que para valores y = k, com |k| > 4, os planos y = k interceptam a superfı́cie segundo
uma elipse de equação
x2 z 2 k2
2
+ 2 = − 1.
2 5 16
x2 z2
Por exemplo, para k = 5, temos uma elipse cuja equação é  2 +  2 = 1.
3 15
2 4

CÔNICAS E QUÁDRICAS
141

131

Superfı́cies Quádricas Não Centradas

As equações





 Ax2 + By 2 + Cz = 0

 Ax2 + By + Cz 2 = 0



 Ax + By 2 + Cz 2 = 0
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

podem ser reescritas em uma das seguintes formas

x2 y 2
± ± 2 = cz,
a2 b
x2 z 2
± ± 2 = by
a2 c
ou
y2 z2
± ± 2 = ax
b2 c

que são chamadas de forma canônica da superfı́cie quádrica. De acordo com as combinações dos
sinais nos coeficientes do segundo grau, é possı́vel ter dois tipos de superfı́cie:

• Sinais iguais (Paraboloide Elı́ptico).


• Sinais contrários (Paraboloide Hiperbólico).

Hipérboloide de Duas Folhas


142 UNIDADE II

132

PARABOLOIDE ELÍPTICO
PARABOLOIDE ELÍPTICO

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 77

A equação
x2 y 2
+ 2 = cz
a2 b
representa uma superfı́cie quádrica denominada de paraboloide elı́ptico ao longo do eixo z.
x2 y 2
Para o plano z = 0, temos a equação + 2 = 0, logo, x = 0 e y = 0, ou seja, a origem
a2 b
(0, 0, 0) é o único do plano xy. Supondo que c seja uma constante positiva, nos planos xz e yz,
temos as equações x2 = a2 cz e y 2 = b2 cz cujos gráficos são parábolas.

Figura 78 Figura 79

CÔNICAS E QUÁDRICAS
143

133

Graficamente, temos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 80

Quando c > 0 e k é uma constante positiva, o plano z = k intercepta essa superfı́cie segundo
uma elipse
x2 y2
+ = 1.
a2 ck b2 ck
Em particular, se a = b, a elipse é uma circunferência e, portanto, a superfı́cie é um paraboloide
de revolução e pode ser obtido rotacionando uma parábola em torno do eixo z. Quando k < 0, o
plano z = k não intercepta a superfı́cie.

Por outro lado, se c é uma constante negativa, a superfı́cie está abaixo do plano xy, ou seja,
está na região z ≤ 0.

Figura 81

Paraboloide Elíptico
144 UNIDADE II

134

As outras duas possibilidades de paraboloide elı́ptico são

x2 z 2
+ 2 = by ao longo do eixo y
a2 c

e
y2 z2
+ 2 = ax ao longo do eixo x.
b2 c

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 82 Figura 83
2 2
x y
Exemplo 21: Considere a equação + = 2z, obtenha seus gráficos nos planos xz, yz e depois
4 9
sua superfı́cie.

A equação dada representa um paraboloide elı́ptico na parte positiva ao longo do eixo z.


Assim, nos planos xz e yz temos, respectivamente, as seguintes equações x2 = 8z e y 2 = 18z, cujos
gráficos são parábolas com vértice na origem. Particularmente, no plano z = 2 temos a seguinte
x2 y 2
elipse 2 + 2 = 1. Assim, o gráfico fica representado como na figura 84.
4 6

Figura 84

CÔNICAS E QUÁDRICAS
145

135

PARABOLOIDE HIPERBÓLICO
PARABOLOIDE HIPERBÓLICO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 85

Uma superfı́cie com equação


x2 y 2
− + 2 = cz
a2 b
é chamada de paraboloide hiperbólico ao longo do eixo z, também conhecida por sela de cavalo.

No plano xy, temos


x2 y 2
− + 2 = 0,
a2 b
logo,
b
y=± x
a
e, portanto, o plano xy corta a superfı́cie segundo duas retas.

Figura 86

Paraboloide Hiperbólico
146 UNIDADE II

136

Os planos xz e yz interceptam a superfı́cie segundo parábolas com equações

x2 = −ca2 z e y 2 = cb2 z,

cujas concavidades estão voltadas para sentidos opostos. Assim, supondo c uma constante positiva,
temos os seguintes gráficos expostos nas figuras 87 e 88.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 87 Figura 88

Sua superfı́cie pode ser representada pela figura a seguir.

Figura 89

Se k = 0, o plano z = k corta a superfı́cie segundo uma hipérbole. Em particular, se k > 0,


o eixo focal é o eixo y e a hipérbole está situada num plano acima do plano xy. Por outro lado, se
k < 0, o eixo focal é o eixo x e está situado abaixo do plano xy.

CÔNICAS E QUÁDRICAS
147

137

As outras formas de paraboloide hiperbólico podem ser representadas pelas equações

z 2 x2
− 2 = by ao longo do eixo y
c2 a
e
z2 y2
− 2 = ax ao longo do eixo x.
c2 b
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 90 Figura 91

Exemplo 22: Obtenha os traços nos planos coordenados e depois a superfı́cie da quádrica cuja
x2 y 2
equação é − + = 3z.
4 1
De acordo com a equação, temos um paraboloide hiperbólico ao longo do eixo z. Assim,
nos planos yz e xz, temos parábolas cujas equações são y 2 = 3z e x2 = −12z, respectivamente.

Figura 92 Figura 93

Paraboloide Hiperbólico
148 UNIDADE II

138

x x
No plano xy, temos duas retas cujas equações são y = e y = − . Particularmente, no
2 2
x2 y 2
plano z = 3, temos uma hipérbole com equação − + = 1.
36 9

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 94 Figura 95

Portanto, obtemos o gráfico a seguir.

Figura 96

CÔNICAS E QUÁDRICAS
149

139
SUPERFÍCIE CÔNICA
SUPERFÍCIE CÔNICA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 97

A superfı́cie com equação


x2 y 2 z 2
+ 2 − 2 =0
a2 b c
é denominada de cone quádrico ao longo do eixo z. A interseção do plano z = 0 com essa
superfı́cie é o ponto (0, 0, 0), chamado de vértice do cone. Nos planos xz e yz temos duas retas
x y
em cada plano, são elas z = ± e z = ± .
a b

Figura 98 Figura 99

Superfície Cônica
150 UNIDADE II

140

Graficamente, temos:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 100

Agora, se k = 0, o plano z = k é uma elipse. Em particular, quando a = b temos


x
circunferências e, portanto, o cone é de revolução e pode ser gerado pela rotação da reta z = em
a
torno do eixo z, essa reta é chamada de geratriz no cone.
x2 y 2 z 2 x2 y2 z2
As outras formas de cone são − 2
+ 2 + 2 = 0 ao longo do eixo x e 2 − 2 + 2 = 0
a b c a b c
ao longo do eixo y, cujas superfı́cies estão representadas a seguir.

Figura 101 Figura 102

CÔNICAS E QUÁDRICAS
151

141

Exemplo 23: Considerando a equação 9x2 + 4y 2 = z 2 , obtenha suas interseções nos planos xz e
yz, depois sua superfı́cie.

A equação dada pode ser reescrita na seguinte forma

x2 y2
2 + = z2
(1/3) (1/2)2

e representa um cone ao longo do eixo z. Nos planos xz e yz, temos retas com equações z = ±3x
e z = ±2y.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 103 Figura 104


x2 y 2
Na interseção do plano z = 6 com a superfı́cie, temos uma elipse de equação + = 1.
4 9
Portanto, seu gráfico pode ser representado conforme superfı́cie a seguir.

Figura 105

Superfície Cônica
152 UNIDADE II

142

SUPERFÍCIE CILÍNDRICA
SUPERFÍCIE CIL ÍNDRICA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 106 − Superfı́cies cilı́ndricas

Seja C uma curva num plano π e t uma reta fixada que corta esse plano, uma superfı́cie
cilı́ndrica é a superfı́cie gerada por uma reta r que se move ao longo da curva C e é paralela à
reta t. A reta r é chamada de geratriz do cilindro descrito pela diretriz C.

Figura 107

Vamos considerar apenas as superfı́cies cilı́ndricas cuja diretriz seja uma curva situada em
um dos planos xy, xz ou yz e que a geratriz seja paralela a um dos eixos x, y ou z. Assim, se C é
uma curva cônica, o cilindro é quádrico, ou seja, podemos ter um cilindro circular, cilindro elı́ptico,
cilindro parabólico ou um cilindro hiperbólico conforme a curva C. É interessante observar que
dada a equação de uma superfı́cie cilı́ndrica, essa equação não tem uma das variáveis, justamente
suas geratrizes são paralelas ao eixo dessa variável, como veremos nos próximos exemplos.

CÔNICAS E QUÁDRICAS
153

143
143
Exemplo 24: Dada a equação x2 = 6y, obtenha a superfı́cie cilı́ndrica dessa quádrica.
Exemplo 24: Dada a equação x2 = 6y, obtenha a superfı́cie cilı́ndrica dessa quádrica.
Primeiramente, note que a equação não tem a variável z, ou seja, em qualquer plano z = k
Primeiramente, note que a equação não tem a variável z, ou seja, em qualquer plano z = k
temos a mesma equação da parábola x2 = 6y, cuja representação é a mesma que no plano xy.
temos a mesma equação da parábola x2 = 6y, cuja representação é a mesma que no plano xy.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 108
Figura 108

Assim, temos a superfı́cie que é um cilindro parabólico.


Assim, temos a superfı́cie que é um cilindro parabólico.

Figura 109
Figura 109

É possı́vel ter uma superfı́cie quádrica com apenas uma incógnita? Por exemplo x2 = k, em
É possı́vel ter uma superfı́cie quádrica com apenas uma incógnita? Por exemplo x2 = k, em
que k é uma constante positiva. Qual superfı́cie é essa?
que k é uma constante positiva. Qual superfı́cie é essa?

Superfície Cilíndrica
154 UNIDADE II

144

144 x2
Exemplo 25: Obter o gráfico da superfı́cie cuja equação é z 2 + = 1.
42
x
Exemplo
Como25: nãoObter o gráfico
aparece da superfı́cie
a variável cuja superfı́cie
y, temos uma z2 +
equação écilı́ndrica=ao1.longo do eixo y, no plano
4
zx, a equação representa
Como não apareceum elipse. Portanto,
a variável sua superfı́cie
y, temos uma superfı́cie pode ser representada
cilı́ndrica de acordo
ao longo do eixo com
y, no plano
azx,
figura a seguir.
a equação representa um elipse. Portanto, sua superfı́cie pode ser representada de acordo com
a figura a seguir.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 110

Figura 110

Sistema Cartesiano Tridimensional

Usualmente, quando Tridimensional


Sistema Cartesiano se representa o sistema cartesiano tridimensional, coloca-se os eixos dis-
postos da seguinte
Usualmente, maneira:
quando o eixo yo esistema
se representa o eixo cartesiano
z, perpendiculares entre si,coloca-se
tridimensional, gerando os
o plano da
eixos dis-
folha de da
postos caderno e, omaneira:
seguinte eixo x, perpendicular a este
o eixo y e o eixo z, plano. Por esse motivo,
perpendiculares entre si,égerando
comum, opara nós,
plano da
professores, ouvirmos
folha de caderno e, o queixa
eixo x, dos alunos quando,
perpendicular a estepor conveniência,
plano. invertemos
Por esse motivo, essa ordem,
é comum, ao
para nós,
fazermos o esboço
professores, de uma
ouvirmos superfı́cie.
queixa Bem,quando,
dos alunos então vamos esclarecer o motivo
por conveniência, pelo essa
invertemos qual ordem,
podemosao
fazer essa mudança
fazermos de uma
o esboço de ordem nos eixosBem,
superfı́cie. cartesianos. Lembramos
então vamos que,
esclarecer no espaço,
o motivo pelonão
qualé podemos
possı́vel
estabelecermos o “para
fazer essa mudança cima” enos
de ordem o “para baixo”, então
eixos cartesianos. imagine utilizarmos
Lembramos cabosnão
que, no espaço, de évassoura
possı́vel
para representar oos“para
estabelecermos eixos cima”
e paraenos auxiliar
o “para em nossa
baixo”, entãoafirmação, coları́amos em
imagine utilizarmos cada
cabos deum deles
vassoura
um papel
para com as denominações:
representar os eixos e para “eixo x”, “eixo
nos auxiliar emy” e “eixo
nossa z”. Depois
afirmação, disso, poderı́amos
coları́amos em cada umdispor
deles
essa construção
um papel com as emdenominações:
um ponto da “eixo
sala ex”,
então
“eixovocê
y” epoderia
“eixo z”.caminhar em volta
Depois disso, dela obtendo
poderı́amos dispor
diferentes perspectivas
essa construção em umdeponto
visão.daÉ sala
isso eque acontece
então quando mudamos
você poderia caminhar aemordem
volta dos
delaeixos, ou
obtendo
seja, o que perspectivas
diferentes estamos fazendo é umaÉmudança
de visão. isso que de perspectiva
acontece quandodo mudamos
observador.
a ordem dos eixos, ou
Fonte:
seja, oOliveira (2015).
que estamos fazendo é uma mudança de perspectiva do observador.

Fonte: Oliveira (2015).

CÔNICAS E QUÁDRICAS
155

145

CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, finalizamos nossos estudos da Geometria Analı́tica com as superfı́cies quádri-
cas. Vimos que para a construção de seus gráficos, primeiramente, escolhemos planos convenientes
de maneira a obter a interseção entre o plano e a superfı́cie analisada, obtendo o que chamamos
de traço. Obviamente que quanto maior número de traços, mais fácil fica para descrever a super-
fı́cie estudada. A primeira quádrica que vimos foi o elipsoide com centro na origem do sistema
cartesiano, verificamos que seus traços nos planos coordenados são sempre elı́pticos e que a esfera
é um caso particular do elipsoide, em que seus traços nos planos são circunferências. A forma do
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

elipsoide está presente no formato dos planetas, em balões, na natureza (alguns vegetais), na bola
de futebol americano e em algumas construções de engenharia devido a sua beleza.

A segunda superfı́cie estudada foi o hiperboloide de uma folha com centro na origem, cujos
traços nos planos correspondem a duas hipérboles e no outro plano uma elipse; logo depois fizemos
o estudo do hiperboloide de duas folhas, cujos traços também eram: duas hipérboles e o outro
traço com forma elı́ptica. Essas superfı́cies estão presentes em muitas construções devido a sua
beleza arquitetônica. Na sequência, vimos o paraboloide elı́ptico cujos traços eram duas parábolas
e uma elipse e, posteriormente, o paraboloide hiperbólico, em que seus traços eram duas retas num
plano e nos outros planos parábolas − sendo uma parábola com concavidade voltada para baixo
e a outra no outro plano com concavidade voltada para cima, tendo as duas parábolas seus eixos
em comum.

Fizemos também um estudo sobre a superfı́cies cônica, em que suas interseções eram duas
retas em cada um dos dois planos coordenados e uma elipse no terceiro plano. E, finalizando,
vimos as superfı́cies cilı́ndricas, cuja equação tinha a ausência de uma das variáveis e, portanto,
uma curva no plano determinado pelas variáveis existentes, curva essa que dava caracterı́stica da
superfı́cie cilı́ndrica.

Espero que o(a) leitor(a) tenha percebido que apesar do grande número de tipos de super-
fı́cies, existem duas formas de identificar uma quádrica, uma seria obtendo seus traços nos planos
e a outra seria decorando os vários tipos de equações quádricas.

Considerações Finais
156

146

LEITURA COMPLEMENTAR

Sistematização das Cônicas

Apolônio de Perga (262 a.C. - 194 a.C) foi um matemático e astrônomo grego que estudou
com sucessores de Euclides e mais tarde veio a ensinar. Apelidado de Épsilon e também conhecido
como “O Grande Geômetra” foi, provavelmente, um dos maiores e mais originais matemáticos no
ramo da geometria pura, dedicando grande parte de sua vida aos estudos das cônicas.

Sua principal obra, intitulada de “Cônicas”, era composta por oito livros dos quais sete
sobreviveram. Tal obra teve uma grande importância para a matemática devido ao seu avançado
e rigoroso nı́vel de escrita, sendo comparada à magnı́fica obra “Os Elementos”, de Euclides. Os
quatro primeiros livros tratam das propriedades básicas relacionadas às cônicas, afirmava que de
um único cone pode ser obtido três tipos de secções cônicas: a parábola, a elipse e a hipérbole;
nos livros 5 a 7 mostrou como obter retas tangentes e normais às cônicas, quais poderiam ser
desenhadas a partir de um ponto, apresentou a igualdade e semelhança entre as cônicas e fez um
rigoroso estudo dos diâmetros conjugados. Na verdade, são inúmeras as contribuições contidas
nessa obra ı́mpar.

Uma das principais teorias presentes em seus livros teve grande aplicação muitos séculos
depois, particularmente no ramo da astronomia, na qual afirmava-se que as órbitas planetárias
descreviam curvas cujas formas eram elı́pticas, e não circulares, como se acreditavam na época.
Suas teorias, até então puramente matemáticas, auxiliaram grandes pensadores nas descrições de
fenômenos fı́sicos, até chegar a formulação da lei da gravitação universal − essa última por Isaac
Newton (1680) −. Portanto, não tem como discutir a importância das suas contribuições tanto
para matemática quanto para a fı́sica.

Caso queira obter mais informações sobre Apolônio de Perga e sua obra “As Cônicas”, acesse:
<http://www.geometriaanalitica.com.br/artigos/apolonio-de-perga.html>

Fonte: o autor.
157

147

Atividade de Estudo

1) Dada a equação 4x2 + 9y 2 = 36 de uma cônica, determine as coordenadas dos seus vértices e
focos, calcule sua excentricidade e construa seu gráfico.

2) Obtenha a equação, as coordenadas dos seus focos e a excentricidade da elipse a seguir.

Figura 111

3) Numa elipse com centro na origem C(0, 0), um dos seus focos tem coordenadas F (0, 8) e eixo
menor medindo 30 unidades. Obtenha a equação e o gráfico dessa elipse.

4) Dada a equação 9x2 + 25y 2 + 108x + 200y + 499 = 0, obtenha a equação reduzida, seu centro,
seus vértices e seus focos.

x2 y 2
5) Dada a equação − = 1, obtenha os vértices, os focos, as assı́ntotas e a excentricidade da
9 4
hipérbole.

6) Considerando a equação −4x2 + y 2 − 4 = 0, determine os elementos dessa hipérbole e construa


seus gráfico.

7) Obtenha a equação da hipérbole cujos focos são F1 (−1, −3), F2 (5, −3), A1 (0, −3) e A2 (4, −3),
seu gráfico e sua excentricidade.
158

148

8) Dada a equação da hipérbole x2 − 3y 2 + 2x + 18y = 23, obtenha seu centro, seus vértices, seus
focos, seu gráfico, sua excentricidade e suas assı́ntotas.

9) Considere a equação x2 = −10y, obtenha o foco, a diretriz e o gráfico dessa parábola.

10) Uma parábola com vértice na origem tem foco F (0, 4) e concavidade voltada para cima, obte-
nha sua equação e sua diretriz.

11) Dada a equação x2 − 6x − 4y = −5, obtenha seu vértice, seu foco, a diretriz e o gráfico dessa
parábola.

12) Dada a equação y 2 + 10x + 2y = 54, obtenha seu vértice, seu foco, a diretriz e o gráfico dessa
parábola.

Identifique a quádrica em cada atividade a seguir.

13) Dada a equação


x2 y 2 z2
+ + =1
9 16 25
obtenha seus traços, isto é, a interseção da superfı́cies com os planos coordenados xy, xz e yz.

14) Esboce os gráficos das superfı́cies quádricas das seguintes equações:


x2 y 2 z 2
a) x2 + y 2 + z 2 = 36 b) + + =1
4 4 9

15) Para cada equação, obtenha os traços nos planos coordenados e esboce o gráfico de sua super-
fı́cie:
x2 y 2 z 2
a) + − =1 b) y 2 + z 2 = 1 + x2
2 4 9

x2 z 2
16) Considere a equação − − + y 2 = 1, obtenha a interseção nos planos coordenados e depois
9 4
159

149

sua superfı́cie.

17) Construa o gráfico de cada quádrica:


y2 z2
a) x2 + 4y 2 = 12z b) + = 2x
9 4

x2 y 2 z
18) Dada a equação − + = , construa seu gráfico obtendo os traços nos planos coordenados.
16 9 4

19) Represente o gráfico de cada equação:


y2 z2
a) x2 + y 2 = 9z 2 b) −x2 + + =0
25 9

20) Para cada caso a seguir, obtenha a superfı́cie cilı́ndrica:

a) x2 = −14y c) y − x = 0 e) x2 − 4y 2 = 16
z 2 x2
b) z 2 = 4y d) + =1 f) x2 + y 2 = 49
9 4
MATERIAL COMPLEMENTAR

Verifique o que acontece com a elipse em função do valor da excentricidade. Acesse:


<www.profcardy.com/cardicas/excentricidade.php>

Alexandria
AMENÁBAR, Alejandro
Ano: 2009
Sinopse: “Alexandria” é um filme espanhol muito interessante
dirigido por Amenábar. Nesta obra, é relatada a vida da filósofa
Hipática, que viveu entre os anos de 355 e 415 no Egito, e que aborda
conceitos filosóficos, astronômicos, religiosos e da matemática.

Aprofunde seus conhecimentos sobre a parábola:


<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_mirtes_tamy_
gomes_machado.pdf>
MATERIAL COMPLEMENTAR

A Fórmula de Bháskara pode ser deduzida utilizando a ideia do exemplo 15 dessa unidade.
Acesse: <http://www.brasilescola.com/matematica/demonstracao-formula-bhaskara.htm> e
confira.

Atualmente, existem vários softwares disponíveis na web que constroem gráficos tridimensionais.
Um programa fácil de utilizar, com gráficos de ótima qualidade e que pode auxiliar o estudo
das quádricas é o Autograph, disponível em:

<http://www.autograph-maths.com/download/>

Conheçam outros aplicativos que podem auxiliá-los em seus estudos:


- Maple <http://www.maplesoft.com/>.
- Winplot <http://math.exeter.edu/rparris>.
- Cabri <http://www.cabri.com/>.

Material Complementar
162
152 REFERÊNCIAS
Referências

BOLDRINI, J. M. et al. Álgebra linear. 3. ed. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1980.

BOULOS, P.; CAMARGO, I. Geometria analı́tica: um tratamento vetorial. São Paulo: Makron
Books do Brasil, 1987.

CALLIOLI, C. A. et al. Álgebra linear e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atual, 1990.

SANTOS, N. M. Vetores e matrizes. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Cientı́ficos
Editora S.A., 1985.

STEINBRUCH, A.; WINTERLE, P. Geometria analı́tica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill,


1987.

Referências Online
#REFERÊNCIAS ON-LINE#
1 - <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci arttext&pid=S0103-636X2013000300011>. Acesso
em: 04 jan. 2016.
#REFERÊNCIAS ON-LINE#
163
REFERÊNCIAS
GABARITO
153

GABARITO
Unidade II

1) 2)

x2 y2
+ =1
289 64
15
F1 (−15, 0), F2 (15, 0) e e =
17

A1 (−3, 0), A2 (3, 0), B1 (0, −2),√ B2 (0, 2),


√ √ 5
F1 (− 5, 0), F2 ( 5, 0), e e =
3

3) 4)

x2 y2 (x + 6)2 (y + 4)2
2
+ 2 =1 + =1
17 15 25 9
C(−6, −4), A1 (−11, −4), A2 (−1, −4),
B1 (−6, −7), B2 (−6, −1), F1 (−10, −4)
e F2 (−2, −4)

5)
A1 (−3, 0), A2 (3, 0), B1 (0, −2), B2 (0, 2),
√ √
F1 (− 13, 0) e F1 ( 13, 0)

2 2
Assı́ntotas: y1 = x e y2 = − x, excentrici-
√ 3 3
13
dade: e =
3
GABARITO

154

6) 7)

(x − 2)2 (y + 3)2 3
− =1ee=
4 5 2

A1 (0, −2), A2 (0, 2), B1 (−1, 0),


√ √
B2 (1, 0), F1 (0, − 5), F2 (0, 5) √
5
Assı́ntotas: y1 = 2x, y2 = −2x e e =
2

8)
Gráfico do exercı́cio 8
(y − 3)2 (x + 1)2
− √ =1
12 ( 3)2
A1 (−1, 2), A2 (−1, 4),
√ √
B1 (−1 − 3, 3), B2 (−1 + 3, 3),
F1 (−1, 1) e F2 (−1, 5)
Assı́ntotas
√ √
3 9+ 3
y1 = x+
3 3
e √ √
3 9− 3
y2 = − x+
3 3

Excentricidade: e = 2
165
GABARITO

155

9) 10)

 
5 5
Foco: F 0, − e diretriz: y = Equação: x2 = 16y e diretriz: y = −4
2 2
11) 12)

Vértice: V (3, −1), diretriz: y = −2 e foco:


F (3, 0)  
55
Vértice: V , −1 , diretriz: x = 8 e foco:
10
F (3, −1)
13) Elipsoide
GABARITO
156

14)
a) Esfera de raio 6 b) Elipsoide de revolução

15)
a) Hiperboloide de uma folha ao longo do b) Hiperboloide de uma folha ao longo do
eixo z eixo x
167
GABARITO

157

16)
Hipérbole Hipérbole Hiperboloide de duas folhas

17)
a) Paraboloide elı́ptico ao longo de eixo z b) Paraboloide elı́ptico ao longo do eixo x

18) Traços
GABARITO

158

18) 19)
Paraboloide hiperbólico a) Cone circular ao longo do b) Cone elı́ptico ao longo do
eixo z eixo x

20)
a) Cilindro parabólico ao longo b) Cilindro parabólico ao longo c) Plano
do eixo z do eixo x

d) Cilindro elı́ptico ao longo do e) Cilindro hiperbólico ao longo f ) Cilindro circular ao longo do


eixo y do eixo z eixo z
Professor Me. Anderson Leandro Zulin

III
MATRIZES, DETERMINANTES

UNIDADE
E SISTEMAS DE EQUAÇÕES
LINEARES

Objetivos de Aprendizagem
■■ Reconhecer matrizes reais.
■■ Realizar as operações com matrizes.
■■ Associar uma matriz com um sistema de equações lienares.
■■ Calcular o determinante de uma matriz.
■■ Classicar e resolver sistemas de equações lineares.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Matrizes
■■ Operações com matrizes
■■ Matriz inversa
■■ Determinante
■■ Sistemas de equações lineares
■■ Resolução de sistemas de equações lineares
171

160

INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Prezado(as) alunos(as), nas duas primeiras unidades abordamos assuntos referente à Ge-
ometria Analı́tica, agora, iniciamos o estudo da Álgebra Linear, disciplina essa cujos conceitos
são inspirados nas caracterı́sticas geométricas vistas na unidade I. Apesar da relação entre essas
duas disciplinas, na álgebra linear os aspectos geométricos não são mais prioridades. Na verdade,
suas definições e propriedades herdadas dos conjuntos vetores são estendidas a outros conjuntos,
chamados espaços vetoriais que veremos na unidade IV.

Começamos o estudo desta unidade inserindo o conceito de conjunto matrizes, definindo as


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

operações sobre esse conjunto cujas propriedades (associativa, comutativa e distributiva) se asse-
melham aos dos números reais, bem como as propriedade dos vetores. Além disso, apresentaremos
algumas matrizes especiais, tais como matriz nula, matriz oposta, matriz identidade, matriz trian-
gular, matriz quadrada e matriz inversa − veremos que cada uma delas tem sua importância no
estudo desse conjunto −. Ainda sobre matrizes, definiremos de maneira formal o conceito de de-
terminante de uma matriz quadrada e verificaremos algumas propriedades algébricas interessantes
acerca dos determinantes.

Na sequência, é definido o conceito de sistema de equações lineares. Apresentaremos al-


gumas técnicas (escalonamento e cramer) para resolução de um sistema de equações lineares e,
principalmente, abordaremos teorias que nos permitem identificar se um determinado sistema ad-
mite ou não solução − caso admita, verificar se a solução é única ou infinita −.

Apesar da ordem dos conteúdos desta unidade estarem conforme expostos nos parágrafos
anteriores, na prática não é bem assim que acontece, mas essa ordem sistematizada, facilita a
compreensão de cada assunto abordado. Na realidade, a ordem é a seguinte, dada uma situação-
problema cuja modelagem matemática nos fornece um sistema de equações lineares − a partir
desse sistema de equações −, construir uma tabela numérica (denominada de matriz) e, por meio
de técnicas convenientes, fica sendo possı́vel obter um conjunto solução para o sistema, se existir,
é claro. Mas enfim, dado um sistema linear equações, resolver esse sistema é o objetivo principal
desta unidade, pois é um pré-requisito para unidade V.

Introdução
172 UNIDADE III

161

MATRIZES
MATRIZES

Uma matriz A de ordem m por n é uma tabela formada por termos numéricos dispostos
ordenadamente denotada conforme tabela a seguir

 
 a11 a12 · · · a1n 
 
 
 a21 a22 · · · a2n 
A = [aij ]m×n =
 .
 .
 .. .. ... .. 
. . 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 
 
am1 am2 · · · amn
m×n

Os ı́ndices i e j representam a linha e a coluna, respectivamente, em que cada elemento da matriz


se encontra, isto é, indicam a posição de cada elemento na matriz. O ı́ndice m × n representa a
ordem da matriz: “m linhas por n colunas”.

Os elementos de uma matriz podem ser outros objetos (não necessariamente só números).
Por exemplo, podemos ter nas matrizes números complexos, polinômios, funções, outras matrizes
etc. Podemos representar as matrizes por colchetes: [ ], parênteses: ( ) ou até duas barras:
 . Neste livro, representaremos as matrizes por colchetes. A seguir, temos alguns exemplos de
matrizes.
 

 3 2 π 
• Uma matriz 2 × 3 : A =  
3
−5 4
0
 
 1 2 −3 
 
• Uma matriz 3 × 3 : B = 
 −4 5 8 

 
0 9 0
 
25
• Uma matriz 1 × 4 : C = −1 log 2 sen1o
3
 
 i 
 
• Uma matriz 4 × 1 : C = 
 π 

 
e

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


173

162

Tipo de Matrizes

Matriz Nula

Trata-se de uma matriz de qualquer ordem cujos seus elementos são todos nulos, isto é,
aij = 0 para todo i e j.

  0 0
   
 0 0 0   
Exemplo 1: A =   B= 0 0 0 C= 
 0 0 
0 0 0  
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

0 0

Matriz Quadrada

É aquela que apresenta o número de linhas igual ao número de colunas, isto é, seja a
matriz A = [aij ]m×n temos m = n. Neste caso, com respeito à ordem da matriz, podemos dizer
simplesmente matriz de ordem m.

Exemplo 2:

• Matriz de ordem 1: A = [−6]


 
 −2 3 
• Matriz de ordem 2: B =  
1 5
 
 −5 0 2 
 
• Matriz de ordem 3: C = 
 3 1 −9 

 
2, 5 5 3

Matriz Linha

É aquela que apresenta uma única linha.


Exemplo 3:
     

A = 2 −1 3 5 B= 3 1
0 −7 −2 D= 5 0
2

Matrizes
174 UNIDADE III

163

Matriz Coluna

É aquela que apresenta uma única coluna.


 
 
   0 
 
   −2   
 −3   2   
Exemplo 4: A =   
B=  C=  D=
  −1  1
5  −3   
 
  2
5

Matriz Diagonal

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É uma matriz quadrada cujos elementos que não estão na diagonal são todos nulos (iguais
a zero), isto é, aij = 0 se i = j para todo i e j.
 
 
 5 0 0 
 −3 0   
Exemplo 5: A =   B=  0 4 0 
0 2  
0 0 −1

Nas matrizes diagonais, temos uma que é especial. Mostraremos essa matriz logo a seguir.

Matriz Identidade

É uma matriz quadrada cujos elementos são definidos como segue.



 1, se i = j
aij = para todo i, j

 0, se i = j

Isto é,
 
 1 0 0 0 ··· 0 
 
 0 1
 0 0 ··· 0  
 
 
 0 0 1 0 ··· 0 
A = [aij ]n×n = 
 
 0 0
 0 1 ··· 0  
 
 .. .. .. .. . . .. 
 . . . . . . 
 
0 0 0 0 0 1
n×n

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


175

164

Matriz Simétrica

Trata-se de uma matriz quadrada, em que aij = aji .


 
  −2 1 
 5
 2 5   
Exemplo 6: A =   B=  −2 4 3 
5 3  
1 3 −1

Matriz Triangular Superior

É uma matriz quadrada, na qual os elementos abaixo da diagonal são nulos, isto é, aij = 0
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sempre que i > j.


 
 
 1 −3 −2 −1 
 
 −3 2 1   
   0 2 3 7 
Exemplo 7: A =  
 0 −1 −5 

B= 

   0 0 −2 5 
 
0 0 4  
0 0 0 9

Matriz Triangular Inferior

Trata-se de uma matriz quadrada cujos elementos acima da diagonal são nulos, isto é,
aij = 0 sempre que i < j.
 
 
 1 0 0
0 
 
 −3 0 0   
   4 2 0 0 
Exemplo 8: A =  
 4 −1 0  B=



   3 1 −2 0 
 
3 2 5  
−7 2 7 9

Igualdade De Matrizes

Definição 1: Considere duas matrizes, A = [aij ]m×n e B = [bij ]v×u . A matriz A será igual a
matriz B, A = B, quando a ordem de ambas for a mesma (m = v), (n = u) e seus elementos
correspondentes são iguais, ou seja, elementos que ocupam a mesma posição (linha e coluna) na
matriz A e B serão iguais, isto é, aij = bij para todo i e j.

Matrizes
176 UNIDADE III

165
   
√ o
 sen 30 49
  7 1/2 
   
Exemplo 9: A matriz A = 
 −3/4 −5  
 é igual a matriz B =  −0, 75 −5 .

   √ 0 
0 1 log 1 π

   
2
 2x − y w − 3z   −4 0 
Exemplo 10: Considerando as matrizes C =  eD= , determine
3y 5w − 7 12 3
os valores de x, y, z e w tal que as matrizes C e D sejam iguais.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Solução: Pela definição 1 devemos ter:

2x − y = −4 (I)

w2 − 3z = 0 (II)

3y = 12 (III)

5w − 7 = 3 (IV )

De (III) obtemos y = 4 e substituindo esse valor em (I) temos x = 0. Em (IV ) obtemos


4
w = 2 e trocando esse valor em (II) teremos z = .
3

OPERAÇÕES COM
OPERAÇÕES COM MATRIZES
MATRIZES

Transposição

Seja a matriz A = [aij ]m×n , definimos a matriz transposta de A, uma nova matriz B =
[bij]n×m cujas suas linhas são as colunas de A, isto é, bij = aji e será denotada por At .

 
 
 −1 2 
  −1 6 4
Exemplo 11: Se A =  , então At = 


.
 6 0 
  2 0 −3
4 −3

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


177

166
   
 6 1 −8   6 1 −8 
   
Exemplo 12: Se B = 
 1 −3 2 
 , então B t
=  
 1 −3 2 .
   
−8 2 0 −8 2 0

Note que neste exemplo a transposta não se modificou. Basta voltarmos na seção Tipos de
Matrizes que vamos verificar que se trata de uma matriz simétrica. Esta e outras propriedades
serão listadas em seguida.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Propriedade 1: Sejam as matrizes A = [aij ] e B = [bij ] de mesma ordem, assim:

I) At = A se, e somente se, a matriz A é simétrica.


 t
II) At = A, isto é, a transposta da transposta de A é a própria matriz A.

III) (A + B)t = At + B t .
 t
IV) k · A = k · At .

Adição

Sejam as Matrizes A = [aij ] e B = [bij ] de mesma ordem, definimos uma nova matriz,
denotada por A + B, como sendo
A + B = [aij + bij ]

com a mesma ordem das matrizes A e B. Em outras palavras, note que para somarmos duas ou
mais matrizes basta somarmos os elementos correspondentes.

   
 1 0 2   −5 2 4 
   
Exemplo 13: Dados A = 
 −5 4 −3  e B =  
 −3 7 8 , obtenha a soma A + B.
   
7 2 −1 11 9 2
       
 1 0 2   −5 2 4   1 + (−5) 0 + 2 2 + 4   −4 2 6 
       
 −5 4 −3  +  −3  =   =  
   7 8   −5 + (−3) 4 + 7 −3 + 8   −8 11 5 
       
7 2 −1 11 9 2 7 + 11 2 + 9 −1 + 2 18 11 1

Operações com Matrizes


178 UNIDADE III

167

Multiplicação por escalar

Seja a matriz A = [aij ]m×n e k ∈ R um escalar, o produto de k pela matriz A é definido


como sendo
k · A = [k · aij ]m×n .

Em outras palavras, para multiplicar um escalar k por uma matriz basta efetuarmos o produto de
k por todos os elementos dessa matriz.
 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 −2 5 17 
 
Exemplo 14: Seja k = 3 e A =   11 −3 3
, então,

 
9 2 10

 
 3(−2) 3(5) 3(17) 
 
k·A=3·A=
 3(11) 3(−3) 3(3)


 
3(9) 3(2) 3(10)

 
 −6 15 51 
 
k·A=3·A= 
 33 −9 9  .
 
27 6 30

Sabendo multiplicar um escalar por uma matriz, podemos falar da diferença entre matrizes. Note
que se pretendemos, dadas duas matrizes A e B de mesma ordem, efetuar a diferença entre essas
matrizes, basta proceder da seguinte forma:

 
A−B =A+ −B ;

Em que a matriz −B corresponde à matriz oposta de B, ou seja, −B pode ser interpretado como
sendo o produto do número −1 pela matriz B.

Agora, em relação à adição de matrizes e multiplicação por escalar, devemos observar as


propriedades que seguem.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


179

168

Propriedade 2: Dadas as matrizes A = [aij ]m×n , B = [bij ]m×n , C = [cij ]m×n , todas de mesma
ordem e escalares µ e κ, temos

I) A + (B + C) = (A + B) + C - associatividade.

II) A + B = B + A - comutatividade.

III) A + 0m×n = A - existência do elemento neutro da adição. Note que 0m×n representa a matriz
nula de ordem m × n.
 
IV) A + − A = 0m×n .
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

V) µ(A + B) = µA + µB - distributividade.

VI) (µ + κ)A = µA + κA.

VII) (µκ)B = µ(κB).

VIII) 1 · A = A.

IX) 0 · A = 0m×n - note que neste caso o 0 é um escalar.

É interessante observar que essas propriedades com essas operações também são verificadas
para o conjunto de vetores, bem como para o conjunto dos números reais. Veremos mais adiante
que conjuntos que satisfazem essas propriedades são chamados de espaços vetoriais.

Multiplicação de Matrizes

Para começar, vamos analisar o seguinte exemplo.

Na tabela a seguir, estão registradas as notas bimestrais de 5 alunos de uma determinada


instituição superior na disciplina de Cálculo, do curso de Matemática.

Primeiro Bimestre Segundo Bimestre Terceiro Bimestre Quarto Bimestre

Aluno A 2,5 5,6 6,1 6,0

Aluno B 2,0 3,5 3,7 5,5

Aluno C 8,0 6,8 7,5 9,0

Aluno D 6,0 6,1 5,5 6,7

Aluno E 4,0 5,0 7,0 7,5

Operações com Matrizes


180 UNIDADE III

169

Vamos considerar que o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto bimestre tenham, respec-
tivamente, pesos valendo 1, 2, 3 e 4 (a nota do primeiro bimestre multiplicada por 1, a do segundo
por 2 e assim por diante). A média final de cada aluno será calculada da seguinte maneira:

2, 5 · 1 + 5, 6 · 2 + 6, 1 · 3 + 6, 0 · 4 1 2 3 4
Aluno A: = 2, 5 · + 5, 6 · + 6, 1 · + 6, 0 · = 5, 6
10 10 10 10 10

2, 0 · 1 + 3, 5 · 2 + 3, 7 · 3 + 5, 5 · 4 1 2 3 4
Aluno B: = 2, 0 · + 3, 5 · + 3, 7 · + 5, 5 · = 4, 2
10 10 10 10 10

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
8, 0 · 1 + 6, 8 · 2 + 7, 5 · 3 + 9, 0 · 4 1 2 3 4
Aluno C: = 8, 0 · + 6, 8 · + 7, 5 · + 9, 0 · = 8, 0
10 10 10 10 10

6, 0 · 1 + 6, 1 · 2 + 5, 5 · 3 + 6, 7 · 4 1 2 3 4
Aluno D: = 6, 0 · + 6, 1 · + 5, 5 · + 6, 7 · = 6, 2
10 10 10 10 10

4, 0 · 1 + 5, 0 · 2 + 7, 0 · 3 + 7, 5 · 4 1 2 3 4
Aluno E: = 4, 0 · + 5, 0 · + 7, 0 · + 7, 5 · = 6, 5
10 10 10 10 10

Estas operações podem ser representadas por matrizes. Podemos construir uma matriz N
contendo as notas de cada aluno, isto é,
 
 2, 5 5, 6 6, 1 6, 0 
 
 
 2, 0 3, 5 3, 7 5, 5 
 
 
 8, 0 6, 8 7, 5 9, 0  .
 
 
 6, 0 6, 1 5, 5 6, 7 
 
 
4, 0 5, 0 7, 0 7, 5

da mesma forma, podemos construir uma matriz P com os valores dos pesos de cada bimestre, isto
é,  
 1/10 
 
 
 2/10 
 
 
 3/10 
 
 
4/10

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


181

170

e efetuar a seguinte operação


 
1 2 3 4
 2, 5 · 10
+ 5, 6 · 10
+ 6, 1 · 10
+ 6, 0 · 10 
 
 
 
     
  
 2, 0 · 1 2 3 4


 2, 5 5, 6 6, 1 6, 0   10
+ 3, 5 · 10
+ 3, 7 · 10
+ 5, 5 · 10   5, 6 
   1/10     
      
 2, 0 3, 5 3, 7 5, 5       4, 2 
       
   2/10
=   
 8, 0 6, 8 7, 5 9, 0  ·   8, 0 · 1
+ 6, 8 · 2
+ 7, 5 · 3
+ 9, 0 · 4 = 8, 0  .
     10 10 10 10   
   3/10     
 6, 0 6, 1 5, 5 6, 7      6, 2 
      
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

  4/10    
 1 2 3 4 
4, 0 5, 0 7, 0 7, 5  6, 0 · + 6, 1 · + 5, 5 · + 6, 7 ·  6, 5
 10 10 10 10 
 
 
 
 
1 2 3 4
4, 0 · 10
+ 5, 0 · 10
+ 7, 0 · 10
+ 7, 5 · 10

O que fizemos: tomamos duas matrizes tais que o número de termos em cada linha da
primeira é igual ao número de termos de cada coluna da segunda, ou seja, o número de colunas da
primeira coincide com o número de linhas da segunda.

Definição 2: Sejam as matrizes A = [aij ]m×n e B = [bij ]n×s , a matriz produto de A por B é a
Matriz A · B = [cij ]m×s tal que:

n

cij = aik · bkj com i = {1, 2, . . . , m} e j = {1, 2, . . . , s}.
k=1

   
 1 3   2 0 −4 
Exemplo 15: Sejam as matrizes A =  eB= , como a ordem da
2 −1 5 −2 6

matriz A é 2 × 2 e da matriz B é 2 × 3, pela definição, podemos realizar o produto A · B resultando


em uma matriz de ordem 2 × 3. Por outro lado, o produto B · A não está definido, pois o número de
colunas de B é diferente do número de linhas de A. O produto é sempre realizado tomando-se cada
linha da matriz A (primeira matriz na ordem do produto) por cada coluna da matriz B (segunda
matriz na ordem do produto). Em outras palavras, podemos dizer que o produto de matrizes é
“linha por coluna”. Então, vamos ao produto.

Operações com Matrizes


182 UNIDADE III

171

171

     
 1 3  2 0 −4   1(2) + 3(5) 1(0) + 3(−2) 1(−4) + 3(6) 
A · B =  ·  =  
 21 −1
3   52 −2
0 6
−4   2(2)
1(2)−+1(5)
3(5) 2(0)
1(0)−+1(−2)
3(−2) 2(−4)
1(−4)−+1(6)
3(6) 
A·B =  ·  =  
2 −1 5 −2 6 2(2) − 1(5) 2(0) − 1(−2) 2(−4) − 1(6) .
 
 17 −6 14  .
=  .
−1 17 2−6 −1414 
=  .
−1 2 −14

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Note nesse exemplo que uma maneira de não nos perdermos na multiplicação é colocarmos
elementos do nesse
Note produto em alguma
exemplo posição
que uma maneiraque de
nãonão
seja a dele
nos e encontrarmos
perdermos uma matriz
na multiplicação errada.
é colocarmos
Assim, basta
elementos doobservarmos
produto em qual linha
alguma da primeira
posição que nãomatriz
seja aestá
delesendo multiplicada
e encontrarmos pormatriz
uma qual coluna
errada.
da segunda
Assim, matriz.
basta No exemplo
observarmos qual anterior,
linha da multiplicamos
primeira matriz a segunda
está sendo linha de A pela por
multiplicada terceira
qualcoluna
coluna
de B e encontramos o elemento que estará na posição c23 , isto é, c 23 = −14.
da segunda matriz. No exemplo anterior, multiplicamos a segunda linha de A pela terceira coluna
Propriedade 3: Sejam
de B e encontramos A, B e Cque
o elemento matrizes, sempre
estará na quecos
posição 23 , produtos
isto é, c23e=somas
−14. envolvidos estiverem
bem definidos, temos
Propriedade 3: Sejam A, B e C matrizes, sempre que os produtos e somas envolvidos estiverem
I)bem
(AB)C = A(BC)
definidos, - associatividade.
temos
II)
I) A(B
(AB)C+ C) = AB +- AC
= A(BC) - distributividade à esquerda.
associatividade.
III)
II) (A
A(B++B)C
C) =
= AC
AB +
+ BC
AC -- distributividade
distributividade àà esquerda.
direita.
IV)
III)k(AB) = (kA)B,
(A + B)C = AC em
+ BC ∈ R.
que- kdistributividade à direita.
V) A · 0 = 0, em que 0 é a matriz
IV) k(AB) = (kA)B, em que k ∈ R. nula.
t t t
VI) A · 0 ==0,Bem
V) (AB) A que
. 0 é a matriz nula.

VI) (AB)t = B t At .

Reflita por que em geral, as propriedade dos produtos notáveis não são válidas para o produto
das matrizes,
Reflita a saber,
por que em geral, as propriedade dos produtos notáveis não são válidas para o produto
I)das + B)2 = A
(Amatrizes, 2
+ 2AB + B 2 .
a saber,
2 = A2 − B 22.
I) (A −
II) + B)(A
B)2 =+AB)
+ 2AB + B .

II) (A − B)(A + B) = A2 − B 2 .

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


183

172

MATRIZ INVERSA
MATRIZ INVERSA

Definição 3: Seja A = [aij ]n×n uma matriz quadrada, dizemos que essa matriz admite inversa se,
e somente se, existe uma matriz B = [bij ]n×n tal que:

A · B = B · A = In .

em que In é a matriz identidade de ordem n. A matriz B será a inversa da matriz A e a denotamos


por A−1 , isto é, B = A−1 .
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

   
 2 −3   1/14 3/14 
Exemplo 16: A matriz A =   admite como inversa a matriz A−1 =  ,
4 1 −2/7 1/7
pois:
 
    1
 −2  3 1  
 2· 14
−3· 7
2· 14
−3· 7 
 2 −3   1/14 3/14     1 0 
A · A−1 = · =

=
 .
4 1 −2/7 1/7   0 1
1
 −2  3 1
4· 14
+1· 7
4· 14
+1· 7

 
 −2 5 
Exemplo 17: Calcule a matriz inversa da matriz A =  , caso exista.
3 9

 A admite inversa se existir uma matriz B tal que A · B = I2 .


Solução: Pela definição3, a matriz

 x 1 x2 
Suponhamos que B =   seja a matriz procurada, logo,
x3 x4

     
 −2 5   x1 x2   1 0 
A·B = · = 
3 9 x3 x4 0 1

e, efetuando o produto das matrizes A e B, chegamos na seguinte igualdade


   
 −2x1 + 5x3 −2x2 + 5x4   1 0 
 = .
3x1 + 9x3 3x2 + 9x4 0 1

Matriz Inversa
184 UNIDADE III

173

Desta igualdade obtemos os seguintes sistemas:


 

 −2x + 5x = 1 
 −2x + 5x = 0
1 3 2 4
I e II

 

3x1 + 9x3 = 0 3x2 + 9x4 = 1

3 1
Solucionando o sistema (I), chegamos a x1 = − e x3 = . Já com o sistema (II), obtemos
11 11
5 2
x2 = e x4 = .
33 33
Portanto, a matriz A admite inversa e sua inversa é a matriz:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 
 −3/11 5/33 
B = A−1 = .
1/11 2/33

O exemplo anterior nos mostrou que, ao tentar inverter uma matriz quadrada de ordem
2, chegamos a dois sistemas com duas equações e duas incógnitas cuja resolução é bem simples.
Agora, se tentarmos inverter uma matriz quadrada de ordem 3 com essa técnica, vamos obter
três sistemas com três equações e três incógnitas cada um, totalizando 9 incógnitas. Assim, se
tentarmos inverter matrizes quadradas de ordem superior a 3, o trabalho que terı́amos que realizar
seria imenso. Nesse sentido, o próximo passo é estabelecer uma técnica melhor para inversão
matrizes quadradas de ordem qualquer.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


185

174

A seguir, listamos o que vamos denominar de operações elementares de matrizes. Na prá-


tica, uma matriz está associada a um sistema de equações que veremos mais adiante, e essas
operações elementares não interferem no conjunto solução do sistema de equações, por isso pode-
mos utilizá-las, pois ao fazermos essas operações, obtemos matrizes ou sistemas equivalentes, isto
é, com as mesmas soluções.

Operações Elementares:
I) Permutar duas filas (o termo fila indica linha ou coluna).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

II) Multiplicar uma fila por um número real não nulo.


III) Somar a uma fila outra fila multiplicada por número real não nulo.
 
 −2 5 1 
 
Exemplo 18: Vamos aplicar algumas operações elementares às linhas da matriz A = 
 3 0 8 
.
 
7 −6 9
I) Permutando a linha 1 com a linha 3 (podemos usar a seguinte notação: L1 ↔ L2 ), obtemos a
matriz:  
 7 −6 9 
 
 3 0 8 
 .
 
−2 5 1

II) Multiplicando a linha 2 por 4 (L2 → 4L2 ), temos:


 
 −2 5 1 
 
 12 0 32  .
 
 
7 −6 9

III) Transformando a linha 3 com a soma da linha 1 com o dobro da linha 3 (L3 → L1 + 2L3 ),
obtemos:  
 −2 5 1 
 
 3 0 8 .
 
 
12 −7 19

Matriz Inversa
186 UNIDADE III

175

Matrizes Equivalentes

Propriedade 4: Dadas as matrizes A e B, de mesma ordem, a matriz A será equivalente à B,


representado por A ∼ B, se for possı́vel, por meio de uma sucessão finita de operações elementares
em A, obtermos a matriz B.

Teorema 1: Seja a matriz A = [aij ]n×n , ela admite inversa se, e somente se, A ∼ In . Se A é
inversı́vel, a mesma sucessão de operações elementares que transformam A em In , convertem In na

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
inversa de A. A demonstração deste teorema o leitor pode encontrar em Callioli (1990).

Método Prático

Para determinarmos a inversa de uma matriz A (quando existir), basta seguirmos os se-
guintes passos:
I) Ao lado da matriz A colocamos a matriz identidade com a mesma ordem de A, separada por
uma linha tracejada.
II) Transforma-se, por meio de operações elementares, a matriz A na matriz In , aplicando-se,
simultaneamente, à matriz In , colocada ao lado da matriz A, as mesmas operações elementares.
 
 −2 1 3 
 
Exemplo 19: Vamos determinar a inversa da matriz A =  
 4 2 5  seguindo os passos des-
 
−3 0 1
critos anteriormente.

Solução:  
 −2 1 3 | 1 0 0 
 
 4 2 5 | 0 1 0  L2 → L2 + 2L1
 
 
−3 0 1 | 0 0 1

 
 −2 1 3 | 1 0 0 
 
 0 4 11 | 2 1 0  L3 → 2L3 − 3L1
 
 
−3 0 1 | 0 0 1

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


187

176

 
 −2 1 3 | 1 0 0 
 
 0 4 11 | 2 1 0 
  L1 → 4L1 − L2
 
0 −3 −7 | −3 0 2

 
 −8 0 1 | 2 −1 0 
 
 0 1 0 
 4 11 | 2  L3 → 3L2 + 4L3
 
0 −3 −7 | −3 0 2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

 
 −8 0 1 | 2 −1 0 
 
 0 4 11 | 2 1 0 
  L1 → 5L1 − L3
 
0 0 5 | −6 3 8

 
 −40 0 0 | 16 −8 −8 
 
 0 4 11 | 2 0 
 1  L2 → 5L2 − 11L3
 
0 0 5 | −6 3 8

 
 −40 0 0 | 16 −8 −8 
 
 0 20 0 | 76 −28 −88  L1 → − 1 L1
  40
 
0 0 5 | −6 3 8

 
 1 0 0 | −16/40 8/40 8/40 
  1
 0 20 0 | −28 −88 
 76  L2 → 20 L2
 
0 0 5 | −6 3 8

 
 1 0 0 | −16/40 8/40 8/40 
 
 0 1 0 | 76/20 −28/20 −88/20  L3 → 1 L3
  5
 
0 0 5 | −6 3 8

Matriz Inversa
188 UNIDADE III

177

 
 1 0 0 | −16/40 8/40 8/40 
 
 0 1 0 | 76/20 −28/20 −88/20 
 
 
0 0 1 | −6/5 3/5 8/5

ou equivalente a:  
 1 0 0 | −2/5 1/5 1/5 
 
 0 1 0 | 19/5 −7/5 −22/5  .
 
 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
0 0 1 | −6/5 3/5 8/5

 
 −2/5 1/5 1/5 
 
Portanto, temos A −1
=  19/5 −7/5 −22/5 

.
 
−6/5 3/5 8/5

Mais à frente veremos um outro método para calcularmos a inversa de uma matriz bem
como determinar se ela existe por meio do determinante. No próximo exemplo, vamos verificar
que existem matrizes quadradas que não admitem inversa.



 1 2 −3 
 
Exemplo 20: Vamos determinar a inversa da matriz B =  
 2 4 6 . Solução:
 
3 6 5

 
 1 2 −3 | 1 0 0 
 
 2 4 6 | 0 1 0  L2 → L2 − 2L1
 
 
3 6 5 | 0 0 1

 
 1 2 −3 | 1 0 0 
 
 0 0 12 | −2 1 0  L3 → L3 − 3L1
 
 
3 6 5 | 0 0 1

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


189

178

 
 1 2 −3 | 1 0 0 
 
 0 0 12 | −2 1 0  L1 → 4L1 + L2
 
 
0 0 14 | −3 0 1

 
 4 8 0 | 2 1 0 
 
 0 0 12 | −2 1 0  L3 → 6L3 − 7L2
 
 
0 0 14 | −3 0 1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

 
 4 8 0 | 2 1 0 
 
 0 0 12 | −2 1 0  .
 
 
0 0 0 | −4 −7 6

Podemos perceber que, se continuarmos a tentar transformar a matriz B na matriz identi-


dade, não conseguiremos. Por exemplo, um próximo passo seria anular o número 8 (que se encontra
na primeira linha e segunda coluna), mas os elementos das outras linhas que pertencem a mesma
coluna do número 8 são nulos, ou seja, não há a possibilidade por meio de operações elementares
de anular este número. Portanto, a matriz B não admite inversa.

A seguir, listamos algumas propriedades da inversa de uma matriz.

Propriedade 5: Sejam as matrizes A = [aij ]n×n e B = [bij ]n×n inversı́veis, isto é, ambas admitem
inversa, temos:
−1
I) (A−1 ) = A.
II) O produto A · B é inversı́vel e (A · B)−1 = B −1 · A−1 .
−1 t
III) (At ) = (A−1 ) .

Matriz Inversa
190 UNIDADE III

179

O link abaixo é um aplicativo da web com o qual você poderá manipular matrizes identificando
conceitos, poderá ainda interpretar matrizes bem como utilizá-las na resolução de problemas.

<http://www.igm.mat.br/mpd/a linear/mpd1.htm >

Neste outro link, você encontrará uma sugestão para aula sobre cálculo de Matriz inversa,
Conhecimento de Criptografia e como as Matrizes são utilizadas para criptografar mensagens

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e construir de mensagens criptografadas.

<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.htmlaula=45417>

Fonte: o autor.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


191

180

DETERMINANTE
DETERMINANTE

Toda matriz quadrada de ordem n pode ser associada a um número (sendo real ou com-
plexo), o qual chamaremos de Determinante. A ideia sobre os determinantes surgiu na Antiga
China. Muitos séculos depois dos chineses, um matemático japonês, Seki Kowa (1642-1708), de-
senvolveu, em 1683, alguns trabalhos sobre os determinantes, com base em tabelas numéricas.

No Ocidente, a primeira referência ao método dos determinantes é atribuı́da ao matemático


alemão G. W. Leibniz, em 1693. Em 1750, Cramer (1704-1752) reinventa os determinantes e fica
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

conhecido por isso até hoje. Alguns anos mais tarde, P. S. Laplace (1749-1827) apresenta estudos
sobre algumas propriedades dos determinantes e J. L. Lagrange (1736-1813) aplica a teoria dos
determinantes no cálculo da área de um triângulo e no volume de um tetraedro.

Mas o termo determinante toma um significado somente com Cauchy (1789-1857), em 1812,
quando, perante o instituto francês, lê uma vasta memória sobre o assunto. Em 1815, Cauchy viria
a aplicar a linguagem dos determinantes em várias situações.

A teoria dos determinantes tem importantes aplicações: na computação (programação), na


determinação da matriz inversa, na resolução de alguns tipos de sistemas lineares, entre outros.

Antes de calcularmos o determinante de uma matriz, devemos conhecer um pouco da teo-


ria que se esconde por trás dos cálculos práticos do determinante. Não vamos nos aprofundar nos
estudos dessa teoria, os mais curiosos podem pesquisar sobre o assunto em livros de Álgebra Linear.

Permutações

Definição 4: Seja V = {1, . . . , n} o conjunto de todos os inteiros de 1 a n, obedecendo a uma


ordem (crescente). Uma outra ordem {i1 , . . . , in } dos elementos do conjunto V é chamado de
permutação.

Determinante
192 UNIDADE III

181

Exemplo 21: Considere T = {1, 2, 3, 4, 5}. Então, 42531 é uma permutação de T , que corresponde
à função f : T → T definida por:

f (1) = 4; f (2) = 2; f (3) = 5; f (4) = 3; f (5) = 1.

Podemos representar o conjunto T de 24 maneiras possı́veis, pois 4 · 3 · 2 · 1 = 24, esse cálculo


se deve ao princı́pio multiplicativo da análise combinatória. Podemos ainda dizer que temos 24
permutações do conjunto T .

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De uma forma geral, dado um conjunto S contendo n elementos, temos:

n(n − 1)(n − 2) · · · 2 · 1

permutações possı́veis para esse conjunto. Denotaremos por Sn as permutações de S. A expressão


anterior é representada por n! (lê-se: n fatorial ou fatorial de n). Assim:

0! = 1

1! = 1

2! = 2 · 1 = 2

3! = 3 · 2 · 1 = 6

4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24
..
.

n! = n(n − 1)(n − 2) · · · 2 · 1

Exemplo 22: Seja R = {3, 5, 6}. Então, R3 tem 3! = 3 · 2 · 1 = 6 permutações do conjunto R. A


saber:

356, 365, 536, 563, 635, 653

Uma permutação i1 , . . . , in do conjunto S = {1, . . . , n} tem uma inversão se um inteiro is precede


um inteiro menor ir . Uma permutação é denominada par (respectivamente ı́mpar) se o número
total de inversão é par (respectivamente ı́mpar).

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


193

182

Exemplo 23: Seja S = (1 2 3), com relação à permutação, temos:

• (1 3 2) é ı́mpar, pois o 3 está antes do 2 (uma inversão).

• (3 1 2) é par, pois o 3 está antes do 2 e do 1 (duas inversões).

n! n!
Generalizando, se n  2, então Sn terá permutações pares e permutações ı́mpares.
2 2
No exemplo anterior, temos 6 permutações possı́veis, sendo 3 pares e 3 ı́mpares. De fato:
 

 


 (1 2 3) → 0 
 (1 3 2) → 1
 
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pares (2 3 1) → 2 ı́mpares (2 1 3) → 1

 


 

 (3 1 2) → 2  (3 2 1) → 3

Apresentamos agora um sı́mbolo muito usado em matemática e áreas afins, pois vamos usá-

lo para definir o determinante de uma matriz. A letra ou caractere sigma ( ) é a décima oitava
letra do alfabeto grego e corresponde ao nosso S e será usada como sı́mbolo de um somatório.
Consideremos a seguinte soma:

12 + 22 + 32 + 42 + 52 + 62 + 72 + 82 + 92 + 102 .


Podemos representar essa soma por meio do sı́mbolo da seguinte maneira:

10

k2.
k=1

Lê-se: somatório de k 2 quando k varia de 1 até 10. A letra k é chamada de ı́ndice da soma (ou do
somatório) e pode ser substituı́da por qualquer outra (que não intervenha na soma), por exemplo:
i, j, l, m, n, p, etc. Diz–se, assim, que k é um ı́ndice mudo.

Exemplo 24:
6

2i2 = 2(32 ) + 2(42 ) + 2(52 ) + 2(62 ) = 172
i=3

Exemplo 25:
5

k = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15
k=1

Determinante
194 UNIDADE III

183

Definição 5: Seja A = [aij ]n×n uma matriz quadrada de ordem n, definimos o determinante de
A, denotado por detA ou |A| o número real dado por:


detA = (−1)J a1j1 a2j2 · · · anjn .
ρ

em que J = J(j1 , j2 , . . . , jn ) é o número de inversões da permutação (j1 j2 . . . jn ) e ρ indica que a


soma é estendida a todas as n! permutações de (1 2 . . . n).

Exemplo 26: Considere a matriz A = [a11 ]. Vemos que A tem ordem 1, logo S1 = (1) tem uma

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
única permutação, isto é, 1! = 1. Como o número de inversões é zero, o sinal do determinante é
positivo. Logo detA = a11 .
 
 a11 a12 
Exemplo 27: Seja a matriz A =   uma matriz de ordem 2, então, para calcular o
a21 a22
detA escrevemos os termos da matriz na forma:

a 1 a2 e a1 a2

Os espaços vazios serão preenchidos por todos os elementos de S2 = (1 2). Temos que (2 1) é uma
permutação par (número de inversões é zero) e (2 1) é uma permutação ı́mpar (uma inversão).
Assim o termo a11 a22 tem sinal positivo e o termo a12 a21 tem sinal negativo, logo,

detA = a11 a22 − a12 a21 .

Por simplicidade ou até comodidade, costuma-se dizer que o determinante de uma matriz
de ordem 2 é a diferença entre o produto dos termos da diagonal principal pelo produto dos termos
da diagonal secundária.
 
 −5 4 
Exemplo 28: Calcular o determinante da matriz A =  .
2 3
Solução: detA = −5(3) − 4(2) = −15 − 8 = −23.
 
 −3 −2 
Exemplo 29: Calcular o determinante da matriz B =  .
7 −4
Solução: detB = −3(−4) − (−2)(7) = 12 + 14 = 26.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


195

184

Agora vamos ver como é efetuado o cálculo do determinante de ordem 3, seguindo a Definição
2.
 
a a
 11 12 13 a
 
Exemplo 30: Seja a matriz A =  
 a21 a22 a23 , temos uma matriz de ordem 3. Logo, para
 
a31 a32 a33
calcularmos o determinante, escrevemos os seis (3! = 6) termos da matriz.

a1 a2 a3 a1 a2 a3 a1 a2 a3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a1 a2 a3 a1 a2 a3 a1 a2 a3

Os espaços vazios serão preenchidos por todos os elementos de S3 . Antes de preenchermos os


espaços vazios, vamos analisar as permutações em uma tabela para uma melhor compreensão.

Principal Permutação Inversões Classe Sinal

123 123 0 par +

123 132 1 ı́mpar −

123 312 2 par +

123 213 1 ı́mpar −

123 231 2 par +

123 321 3 ı́mpar −

Com isso, temos:


detA = +a11 a22 a33 − a11 a23 a32 + a13 a21 a32

−a12 a21 a33 + a12 a23 a31 − a13 a22 a31

Podemos ainda escrever, como segue:

detA = (a11 a22 a33 + a13 a21 a32 + a12 a23 a31 )

−(a11 a23 a32 + a12 a21 a33 + a13 a22 a31 )

Determinante
196 UNIDADE III

185

Regra de Sarrus

Uma regra prática para calcular o determinante de uma matriz A de ordem 3 é dada a
seguir:

1. Repita as duas primeiras colunas ao lado direito da matriz A.

2. Multiplicam-se os elementos da diagonal principal e, na mesma direção da diagonal principal,


multiplicam-se os elementos das outras duas filas à sua direita.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3. Multiplicam-se os elementos da diagonal secundária e, na mesma direção, os elementos das
outras duas filas à sua direita.

4. O determinante da matriz é a diferença entre os produtos obtidos em (2) e (3).

Isto é:

Figura 1

Logo, temos que detA = I − II. Essa técnica é conhecida como Regra de Sarrus, muito útil
para cacular determinantes de matrizes de ordem 3 × 3.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


197

186
 
 −1 2 0 
 
Exemplo 31: Vamos calcular o determinante da matriz A =  
 5 3 −4  por meio da Regra
 
7 1 −6
de Sarrus.

Solução: Primeiramente, repetimos as duas primeiras colunas ao lado direito da matriz.


 
 −1 2 0  −1 2
 
 5 3 −4  5 3
 
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

 
7 1 −6 7 1

Depois, multiplicamos as diagonais:

Figura 2

Portanto, temos que detA = −38 − (−56) = −38 + 56 = 18.

Agora, para matrizes quadradas de ordem maior ou igual a 4, não é válida a Regra de Sar-
rus. Logo, temos que definir outros métodos para calcularmos o determinante de qualquer matriz
quadrada.

Desenvolvimento de Laplace

Vimos que dada uma matriz de ordem 3, seu determinante é obtido por:

detA = a11 a22 a33 − a11 a23 a32 + a13 a21 a32 − a12 a21 a33 + a12 a23 a31 − a13 a22 a31 .

De uma outra forma, temos que:

detA = a11 (a22 a33 − a23 a32 ) − a21 (a12 a33 − a13 a32 ) + a31 (a12 a23 − a13 a22 ).

Determinante
198 UNIDADE III

187

Ou ainda
     
     
 a   a   a 
 22 a23   12 a13   12 a13 
detA = a11   − a21   + a31  .
     
 a32 a33   a32 a33   a22 a23 

Podemos observar que o determinante de uma matriz quadrada de ordem 3 pode ser expresso
em função de matrizes quadradas de ordem 2. No caso anterior, repare que escolhemos a primeira
coluna para calcularmos o determinante. Mas podemos fazê-lo em qualquer fila da matriz. Com
relação a essa última igualdade, podemos escrever:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
     
detA = a11 A11  − a21 A21  + a31 A31 .

 
Em que Aij  é o determinante da matriz que sobra extraindo-se a i-ésima linha e a j-ésima coluna.

Vamos definir agora o cofator de cada elemento de uma matriz. O cofator é dado como
segue:
 
∆ij = (−1)i+j Aij .

Logo, podemos ter a seguinte igualdade:

detA = a11 ∆11 + a21 ∆21 + a31 ∆31 .

De uma forma geral, temos que, dada uma matriz A = [aij ]n×n pelo desenvolvimento de
Laplace, o determinante da matriz A é calculado pela fórmula

n

detA = aij ∆ij .
i=1

Observe que, nessa fórmula, o determinante foi desenvolvido pela j-ésima coluna. Da mesma
forma, podemos desenvolver o determinante utilizando uma determinada linha.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


199

188
 
 −1 0 5 
 
Exemplo 32: Vamos calcular o determinante da matriz A =   2 −2 3 .

 
1 2 4
Solução: Vamos escolher uma fila (linha ou coluna) que possui um ou mais zeros (isso facilitará
nossos cálculos), como, por exemplo, a primeira linha. Assim temos:

detA = −1 · ∆11 + 0 · ∆12 + 5 · ∆13

= −1 · ∆11 + 5 · ∆13
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

   
   
 −2 3   2 −2 
1+1   1+3  
= −1 · (−1) ·  + 5 · (−1) · 
   
 2 4   1 2 

= −1(1)(−14) + 5(1)(6)

= 44

 
 1 −2 0 1 
 
 
 −2 5 17 9 
Exemplo 33: Determinar o determinante da matriz B = 

.

 0 2 −3 0 
 
 
1 2 3 4
Solução: Escolhendo a terceira linha, obtemos:

detB = 0 · ∆31 + 2 · ∆32 − 3 · ∆33 + 0 · ∆34

= 2 · ∆32 − 3 · ∆33
   
   
 1 0 1   1 −2 1 
   
   
= 2(−1)3+2  −2 17 9  − 3(−1)3+3  −2 5 9 
   
   
 1 3 4   1 2 4 

= 2(−1)5 (18) − 3(−1)6 (−41)

= −36 + 123

= 87

Determinante
200 UNIDADE III

189

Propriedade 6: Propriedades dos Determinantes

P1 . O determinante de uma matriz é único, ou seja, não importa qual método se utilize para
calcular o determinante, ele terá o mesmo valor.

P2 . Dada a matriz A = [aij ]n×n , temos que detA = detAt .

P3 . Se uma matriz quadrada A possuir uma fila nula, então detA = 0.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
P4 . O determinante de uma matriz triangular é igual ao produto dos elementos da diagonal prin-
cipal.

P5 . Se multiplicamos uma fila de uma matriz quadrada A por β, obtemos outra matriz B tal que
detB = βdetA.

P6 . Se permutamos duas filas de uma matriz quadrada A, temos detA = −detA.

P7 . Se uma matriz quadrada A possuir duas filas iguais, ou proporcionais, temos detA = 0.

P8 . Considere a matriz A = [aij ]n×n , se, por meio de operações elementares, somamos a uma linha
(ou coluna) de A um múltiplo de outra linha (ou coluna) de A e transformando esta matriz
em outra matriz B = [bij ]n×n , temos que detA = detB.

P9 . Teorema 2 (Binet): Se A e B são matrizes de ordem n, então, det(A · B) = detA · detB.

1
P10 . Se a matriz A admite inversa, então detA−1 = .
detA
Vamos demonstrar esta propriedade. Como A admite inversa, logo A · A−1 = In , além disso,
detIn = 1. Pela propriedade P9 , temos det(A.A−1 ) = detA · detA−1 = detIn = 1 e, portanto
1
detA−1 = .
detA

A propriedade P10 nos fornece um resultado muito importante, isto é, se A admite inversa,
então detA = 0. A recı́proca também é verdadeira, ou seja, se detA = 0, então A admite inversa.
Assim, antes de tentar calcular a matriz inversa, verifique primeiro seu determinante, ou seja, se
detA = 0, então A não admite inversa. As propriedades P4 , P5 , P6 e P8 podem facilitar os cálculos
do determinante de uma matriz. Vejamos o exemplo a seguir.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


201

190
 
 0 1 5 
 
Exemplo 34: Vamos calcular o determinante da matriz A = 
 3 −6 9
.

 
2 6 1
Solução: Permutando a primeira linha com a segunda, temos:
 
 3 −6 9 
 
detA = −det 
 0 1 5 

 
2 6 1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ou ainda  
 1 −2 3 
 
detA = −3det  
 0 1 5 .
 
2 6 1

Fazendo a seguinte operação na linha 3 (L3 ), L3 = −2L1 + L3 , obtemos:


 
 1 −2 3 
 
detA = −3det 
 0 1 5 .

 
0 10 −5

Agora, na linha 3, fazemos L3 = −10L2 + L3 , e:


 
 1 −2 3 
 
detA = −3det 
 0 1 5 .

 
0 0 −55

Assim:
detA = −3(−55) = 165.

Observe que nesse exemplo o objetivo final foi transformar a matriz original em uma ma-
triz triangular, cujo cálculo do determinante é direto; basta multiplicar os elementos da diagonal
principal, sempre se baseando nas propriedades dos determinantes para que não ocorram erros.

Determinante
202 UNIDADE III

191

SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES


SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES

Muitos problemas em várias áreas da ciência recaem na solução de sistemas de equações


lineares. Vamos ver como a álgebra matricial pode simplificar o estudo desses sistemas.

Definição 6: Equação Linear: Uma equação linear nas variáveis x1 , x2 , x3 , . . . , xn , isto é, em
várias variáveis, é uma equação da forma:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a1 x1 + a2 x2 + a3 x3 + . . . + an xn = b,

em que a1 , a2 , a3 , . . . , an−1 e an são constantes reais denominados coeficientes da equação linear e


b é o termo independente.

Exemplo 35: São equações lineares:

• 2x1 − x3 + 8x4 − x5 = 3

• x + y − 3z = −8

• a+b−c+d=0

Exemplo 36: São equações não lineares:

• 2x2 − 5x + 7 = 0

• −3xy + yz − y 3 = −3

• x − 3 + 2y = 1
2
• − 3w + 7y = 0
x

Dizemos que uma sequência ordenada de números reais (β1 , β2 , β3 , . . . , βn ) é solução da


equação a1 x1 + a2 x2 + a3 x3 + . . . + an xn = b quando a expressão a1 β1 + a2 β2 + a3 β3 + . . . + an βn = b
for verdadeira.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


203

192

Exemplo 37: A 5-upla (0, −1, 2, −3, 1) é solução para da equação

2x1 − x2 + 4x3 − x4 − 3x5 = 9,

pois
2(0) − (−1) + 4(2) − (−3) − 3(1) = 0 + 1 + 8 + 3 − 3 = 9.

No entanto, podemos ter outras soluções para equação, por exemplo, a 5-upla (0, −1, 2, 0, 0)
é solução, pois 2(0) − (−1) + 4(2) − 0 − 3(0) = 0 + 1 + 8 − 0 − 0 = 9. Se continuarmos a investigação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

para encontrar outras soluções para esta equação, vamos perceber que não terá fim. Isto é, uma
equação linear em várias variáveis admite infinitas soluções.

Definição 7: Sistemas de Equações Lineares: Um conjunto de m equações lineares nas variáveis


x1 , x2 , . . . , xn é dito sistema de equações lineares ou simplesmente sistema linear, de m equações e
n variáveis (incógnitas). Simbolicamente representada por:




 a11 x1 + a12 x2 + . . . + a1n xn = b1




 a x + a22 x2 + . . . + a2n xn = b2
21 1

 .. .. .. .

 . + . + ... + . = ..




 am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn = bm

Exemplo 38: São sistemas de equações lineares:




 x + x = 20
1 2


 2x1 − x2 = 7





 2x − y + 5z = 0

• x − 4y + z = −1




 −3x + y + 2z = −6



 2a − 3b + c + 5d = 1


 a + b + c − d = −2

Sistemas de Equações Lineares


204 UNIDADE III

193

Resolver um sistema de equações lineares é determinar o conjunto formado por todas as


soluções, chamado conjunto-solução do sistema. Assim, uma solução do sistema é solução de cada
equação linear que o compõe. E, para resolvermos um sistema linear, devemos encontrar uma
n-upla ordenada de números reais que satisfazem simultaneamente todas as equações do sistema,
porém isso nem sempre é possı́vel. Com relação ao conjunto solução de um sistema, pode ocorrer
uma e somente uma, das três possibilidades abaixo:

• Sistema Possı́vel e Determinado (SPD) é aquele que possui uma única solução.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
• Sistema Possı́vel e Indeterminado (SPI) é aquele que possui infinitas soluções.

• Sistema Impossı́vel (SI) é aquele que não admite solução, isto é nenhuma solução.

Exemplo 39: Nos sistemas a seguir, sem a utilização de regras para solução, vemos que:


 x + y = 10
• O sistema possui uma única solução, a saber, o par (7, 3). Logo, classificamos

 2x − y = 11
esse sistema como SPD.


 2x − 3y = 1
• O sistema possui infinitas soluções. Os pares (−1, −1), (1/2, 0) (0, −1/3)

 4x − 6y = 2
são algumas de suas soluções. Assim, classificamos esse sistema como SPI.


 3x + 4y = 1
• O sistema não admite solução, logo, temos um sistema SI.

 6x + 8y = 11

Geometricamente, quando o sistema linear é formado por duas equações com duas variáveis
em x e y, isto é, no plano cartesiano, estamos lidando com retas e suas posições relativas. No
caso SPD, essas retas se interceptam em um único ponto, enquanto que no SPI as duas retas são
coincidentes e finalmente. No caso SI, significa que essas retas são paralelas e não coincidentes, ou
seja, não têm ponto em comum.

Veremos a seguir um tipo de sistema linear de equações particulares que sempre terão
solução, isto é, podendo ser SPD ou SPI.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


205

194

Sistemas Lineares Homogêneos

Dizemos que um sistema linear é homogêneo quando os termos independentes (b1 , b2 , . . . , bn )


são todos nulos, isto é, b1 = b2 = . . . = bn = 0.

Exemplo 40: A seguir, listamos alguns exemplos de sistemas lineares homogêneos:




 2x + x = 0
1 2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


 x1 − 5x2 = 0




 x+y+z =0

• 2x − y + 3z = 0




 x − 2y − 4z = 0


 3w − w + 7x = 0
1 2 3


 w1 − 2w2 + 4w3 = 0




 2x + y = 0

• x−y =0




 −x + 4y = 0


 x+y+z−w =0


 x−y−z+w =0

Note que um sistema linear homogêneo com n incógnitas sempre admite a solução (0, 0, 0, . . . , 0)
com n elementos, a qual é chamada de solução trivial. Por exemplo, no caso de sistemas homo-
gêneos nas variáveis x e y, as retas que representam suas equações sempre passam pela origem,
ou seja, pelo ponto (0, 0). Portanto, um sistema linear homogêneo poderá ter infinitas soluções ou
apenas a solução trivial.

Sistemas de Equações Lineares


206 UNIDADE III

195

Matrizes Associadas a Um Sistema Linear

Dado um sistema linear com m equações e n incógnitas






 a11 x1 + a12 x2 + . . . + a1n xn = b1




 a x + a22 x2 + . . . + a2n xn = b2
21 1

 ... .. .. .

 + . + ... + . = ..



Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn = bm

podemos destacar as seguintes matrizes

     
 a11 a12 . . . a1n   x1   b1 
     
     
 a21 a22 . . . a2n   x2   b2 
A=
 .
 X=  e B= ,
 .. .. ..   ..   .. 
 . ... . 


 . 


 . 

     
am1 am2 . . . amn xn bm

em que a matriz A é chamada matriz dos coeficientes, a matriz B é a matriz dos termos indepen-
dentes e a matriz X é a matriz das incógnitas.

Com a notação de matrizes, podemos escrever o sistema linear da seguinte forma:


     
 a11 a12 . . . a1n   x1   b1 
     
     
 a21 a22 . . . a2n   x2   b2 
 · = .
 . .. ..   ..   .. 
 .. . ... .   .   . 
     
     
am1 am2 . . . amn xn bm

E mais, podemos ainda representar um sistema linear por meio da matriz ampliada (ou aumentada),

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


207

196

a qual nos ajudará na resolução de sistemas lineares. Isto é:


 
 a11 a12 . . . a1n b1 
 
 
 a21 a22 . . . a2n b2 
 .
 . .. .. 
 .. . ... . 
 
 
am1 am2 . . . amn bm

Exemplo 41: Dado o sistema linear


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.





 x + 4y + 3z = 1

 2x + 5y + 4z = 4



 x − 3y − 2z = 5

temos a forma matricial    


 x + 4y + 3z   1 
   
 2x + 5y + 4z  =  4 
   
   
x − 3y − 2z 5

em forma de produto de matrizes


     
 1 4 3 x
    1 
     
 2 5 4 · y = 4 
     
     
1 −3 −2 z 5

e, em termos de matriz ampliada, temos:


 
 1 4 3 1 
 
 2 5 4 4 .
 
 
1 −3 −2 5

Assim, o sistema dado pode ser representado por essa matriz ampliada. Na realidade, todo
sistema linear de equações pode ser representado por uma matriz ampliada e, reciprocamente, cada
matriz ampliada pode ser representada por um um sistema linear de equações.

Sistemas de Equações Lineares


208 UNIDADE III

197

RESOLUÇÃO DE SISTEMAS EQUAÇÕES LINEARES


RESOLUÇÃO DE SISTEMAS EQUAÇÕES LINEARES

Dado um sistema linear S, podemos realizar modificações nesse sistema utilizando as opera-
ções elementares descritas anteriormente. Assim, se um sistema linear S1 for obtido de um sistema
linear S por meio de um número finito de operações elementares, dizemos que S1 é equivalente a
S. Sistemas equivalentes possuem o mesmo conjunto solução. E será dessa maneira que vamos
conhecer o primeiro método de resolução de sistemas lineares.

Para resolução de um sistema linear, primeiramente escrevemos o sistema na forma de ma-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
triz ampliada e depois utilizamos o processo de escalonamento. Mas o que vem a ser esse processo?
Vamos para algumas definições que respondam essa pergunta.

Definição 8: (Forma Escalonada) Diz-se que uma matriz está (na forma) escalonada (matriz
triangular superior) se:

I) O elemento que ocupa a primeira linha e primeira coluna não for nulo, isto é, a11 = 0.
II) O número de zeros no inı́cio de cada linha aumenta estritamente de uma linha.
para outra exceto se a linha é toda nula.
III) As linhas nulas, caso existam, forem as últimas da matriz.

Para escrevermos uma matriz na forma escalonada, basta utilizarmos as operações elemen-
tares.

Exemplo 42: A matriz a seguir é um exemplo de matriz escalonada.


 
 4 −7 0 8 3 
 
 0 3 0 −2 −1 
 
 
0 0 −2 7 2

Observe que abaixo do termo 4 só tem termos nulo e, da mesma forma, abaixo do número
3 também só tem um zero.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


209

198

Exemplo 43: Matriz não escalonada:


 
 4 −7 0 −14 4 
 
 3 0 4 0 −1  .
 
 
0 0 0 −13 6

Observemos o sistema a seguir: 





 2x + y − z = 3

(∗) 3y + z = −1 .
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.





 2z = 4

Em termos de matriz ampliada, temos


 
 2 1 −1 3 
 
 0 3 1 −1  .
 
 
0 0 2 4

Podemos observar que essa matriz está na forma escalonada. E, para resolver o sistema,
basta encontrarmos o valor de z na última equação, isto é, como 2z = 4, logo, z = 2; substituindo
este valor na segunda equação, obtemos que 3y + 2 = −1, ou seja, y = −1. Assim, encontrado os
valores de x e de y, substituı́mos esses valores no resultado da primeira equação (2x − 1 − 2 = 3)
e, isolando nossa incógnita, concluı́mos que x = 3. Portanto, o conjunto solução do sistema (∗) é
o terno ordenado (3, −1, 2).

É importante ressaltar que para resolver o sistema, podemos escalonar diretamente no sis-
tema de equações, ou seja, sem ter que montar a matriz ampliada, pois essa matriz, é apenas uma
tabela formada pelos seus coeficientes.





 x + 2y − 3z = 2

Exemplo 44: Vamos resolver o sistema linear −x + 5y − z = 1 .




 2x + 3y − 5z = 0

Resolução de Sistemas Equações Lineares


210 UNIDADE III

199

Solução: Escrevendo esse sistema linear em termos de matriz ampliada, obtemos:


 
 1 2 −3 2 
 
 −1 5 −1 1 .
 
 
2 3 −5 0

Acompanhe a sequência de operações elementares que aplicaremos para escalonar a matriz


ampliada.    

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 1 2 −3 2   1 2 −3 2 
  L2 → L2 + L1  
 −1 5 −1 1  ⇒ 
   0 7 −4 3 
  L3 → L3 − 2L1  
2 3 −5 0 0 −1 1 −4

   
 1 2 −3 2   1 2 −3 2 
   
⇒
 0 7 −4 3
 L → 7L + L
 3 3 2
⇒
 0 7 −4 3
.

   
0 −1 1 −4 0 0 3 −25

Com isso, obtemos o sistema linear






 x + 2y − 3z = 2 (I)

 7y − 4z = 3 (II) .



 3z = −25 (III)

25
Em (III) obtemos z = − , substituindo esse valor para z em (II), temos:
3
 
25 100 91 91 13
7y − 4 − =3 ⇒ 7y + =3 ⇒ 7y = − ⇒ y=− =− .
3 3 3 21 3

Agora, com os valores de y e z definidos, substituı́mos esses valores em (I):


   
13 25 26 75 49 43
x+2 − −3 − =2 ⇒ x− + =2 ⇒ x+ =2 ⇒ x=− .
3 3 3 3 3 3

43 13 25
Portanto, o sistema em questão é SPD, cuja solução é o terno (− , − , − ).
3 3 3

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


211

200




 x + 2y − 3z = −1

Exemplo 45: Vamos agora resolver o sistema linear −3x + y − 2z = −7 .




 5x + 3y − 4z = 2
Solução: Em termos de matriz ampliada, temos:
 
 1 2 −3 −1 
 
 −3 1 −2 −7  .
 
 
5 3 −4 2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Escalonando:
   
 1 2 −3 −1   1 2 −3 −1 
  L → L2 + 3L1  
 −3 1 −2 −7  2 ⇒  0 7 −11 −10 
   
  L3 → L3 − 5L1  
5 3 −4 2 0 −7 11 7
   
 1 2 −3 −1   1 2 −3 −1 
   
⇒ 
 0 7 −11 −10  L3 → L3 + L2 ⇒  
 0 7 −11 −10  .
   
0 −7 11 7 0 0 0 −3

Assim, teremos o sistema linear a seguir, equivalente ao sistema em questão:






 x + 2y − 3z = −1

 7y − 11z = −10 .



 0 = −3

Observe que chegamos ao resultado 0 = −3, o que é um absurdo. Portanto, se trata de um sistema
impossı́vel (SI), cuja solução é um conjunto vazio, isto é, S = ∅.

No caso de equações lineares nas variáveis x, y e z, a representação geométrica de cada


equação corresponde a um plano no espaço e o conjunto solução é a interseção entre esses planos.
Assim, quando temos SPD a interseção desses planos é um único ponto (única solução), enquanto
que no SPI a interseção pode ser uma reta ou uma plano (infinitas soluções) e, para finalizar, no
caso SI, esses planos não têm ponto em comum.

Resolução de Sistemas Equações Lineares


212 UNIDADE III

201




 x + 2y − 3z = 1

Exemplo 46: Vamos resolver o sistema 2x + 5y − 8z = 4 .




 3x + 8y − 13z = 7

Solução: Em termos de matriz ampliada, temos:


 
 1 2 −3 1 
 
 2 5 −8 4  ,
 
 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3 8 −13 7

escalonando, temos
   
 1 2 −3 1   1 2 −3 1 
  L2 → L2 − 2L1  
 2 5 −8 4  ⇒ ,
   0 1 −2 2 
  L3 → L3 − 3L1  
3 8 −13 7 0 2 −4 4

segue que    
 1 2 −3 1   1 2 −3 1 
   
⇒  
 0 1 −2 2  L3 → L3 − 2L2 ⇒  0 1 −2 2
,

   
0 2 −4 4 0 0 0 0

isto é, 

 x + 2y − 3z = 1
.

 y − 2z = 2

Neste exemplo, temos infinitas soluções (SPI). Assim, tomando z = t, obtemos y = 2 + 2t


e x = −3 − t. Ainda podemos escrever a solução geral deste sistema como sendo o conjunto
{(−3 − t, 2 + 2t, t); t ∈ R}; essas três expressões que aparecem em cada coordenada correspondem
às equações paramétricas de uma reta com parâmetro t, ou seja, a interseção entre esses dois planos
determinada pelas duas equações resulta numa reta.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


213

202

Regra de Cramer

Vamos apresentar uma técnica para resolução de sistemas cuja matriz dos coeficientes é
quadrada, isto é, o número de linhas é igual ao número de colunas. Ou seja, essa técnica é válida
para resolver sistemas lineares quando o número de equações é o mesmo que o número de incógnitas.

Considere o sistema 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

 a x+a y =b
11 12 1
.

 a21 x + a22 y = b2

Podemos representá-lo por      


 a11 a12   x   b1 
 .  =  .
a21 a22 y b2
     
 a11 a12   x   b1 
Assim, se A =  , X =   e B =   , temos
a21 a22 y b2

AX = B.

Suponhamos que A tenha inversa, isto é, que detA = 0, segue que

A−1 .AX = A−1 .B

(A−1 .A)X = A−1 B

I2 .X = A−1 B

X = A−1 B
   −1  
 x   a11 a12   b1 
 =  . 
y a21 a22 b2
     
 x  1  ∆11 ∆21   b1 
 =  . 
detA
y ∆12 ∆22 b2

Resolução de Sistemas Equações Lineares


214 UNIDADE III

203
 
 b1 ∆11 + b2 ∆21

 detA 
 
 x   
 = 
 
y  b1 ∆12 + b2 ∆22 
detA
   
  b1 a12  
 det   
 
 b2 a22 
   
 detA 
 
 x   
 = .
   

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
y  
 

  a11 b1  

det   

 a21 b2 
detA

Dessa última igualdade concluı́mos que o conjunto solução do sistema é dado por
   
 b1 a12   a11 b1 
det   det  
b2 a22 a21 b2
x=   ey=  .
 a11 a12   a11 a12 
det   det  
a21 a22 a21 a22



 3x + y = 5
Exemplo 47: Resolva o sistema pela Regra de Cramer.

 x − 2y = −3

     
 3 1   5 1   3 5 
Sejam A =  , Ax =   e Ay =  ,
1 −2 −3 −2 1 −3

detAx −7 detAy −14


logo, detA = −7, detAx = −7 e detAy = −14. Assim, x = = =1ey = = = 2.
detA −7 detA −7
Portanto, o conjunto solução é o par ordenado (1, 2).

Esse exemplo serviu apenas de ilustração, pois na prática essa Regra é mais utilizada em
matrizes de ordem 3 ou superior.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


215

204

De modo análogo ao visto anteriormente, podemos deduzir a Regra de Cramer para um


sistema com 3 equações e 3 incógnitas. Assim, considere o sistema




 a11 x + a12 y + a13 z = b1

 a21 x + a22 y + a23 z = b2 ,



 a x+a y+a z =b
31 32 33 3

     
 a 11 a12 a 13   b 1 a12 a 13   a11 b1 a13 
     
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


se denotarmos por A =  a21 a22 a23 , Ax =  b2 a22 a23 , Ay = 
  
 a21 b2 a23 
 e
     
a31 a32 a33 b3 a32 a33 a31 b3 a33
 
 a11 a12 b1 
 
Az =  
 a21 a22 b2 . Supondo que a matriz A possua inversa, isto é, que detA = 0, então seu
 
a31 a32 b3
detAx detAy detAz
conjunto solução é dado por x = , y= ez= .
detA detA detA




 x+y+z =6

Exemplo 48: Resolva o sistema 2x + y + z = 7 .




 3x + 2y = 7
       
 1 1 1   6 1 1   1 6 1   1 1 6 
       
Temos que A = 

 , A =  
2 1 1  x  7 1 1  y  2 7 1 , A =   e A z =  
 2 1 7 .
       
3 2 0 7 2 0 3 7 0 3 2 7

Utilizando a Regra Sarrus ou o desenvolvimento de Laplace, podemos obter os determinantes


de cada uma dessas matrizes, a saber, detA = 2, detAx = 2, detAy = 4 e detAz = 6. Logo, pela
Regra de Cramer obtemos que

detAx 2 detAy 4 detAz 6


x= = = 1, y = = =2ez= = = 3.
detA 2 detA 2 detA 2

Portanto, a solução do sistema é (1, 2, 3).

Resolução de Sistemas Equações Lineares


216 UNIDADE III

205

Agora, vamos generalizar a Regra de Cramer. Assim, dado um sistema linear com n-
equações e n-incógnitas 



 a11 x1 + ... + a1n xn = b1

.. .. ,
 . .



 a x + ... + a x = b
n1 1 nn n n

 
 a11 . . . a1n 
 .. . . .  = 0, então, o conjunto solução é obtido calculando as seguintes
supondo que det 
 . . .. 
 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
an1 . . . ann
razões    

 b1 a12 . . . a1n 


 a11 b1 . . . a1n 

   
   

det
.. .. .. 


det
.. .. .. 

 . . .   . . . 
   
   
   
bn an2 . . . ann an1 bn . . . ann
x1 =  , x2 =  , assim sucessivamente, ou seja,

 a11 a12 . . . a1n 


 a11 a12 . . . a1n 

   
   

det
.. .. .. 


det
.. .. .. 

 . . .   . . . 
   
   
   
an1 an2 . . . ann an1 an2 . . . ann

generalizando concluı́mos que


 
 a 11 . . . b 1 . . . a 1n 
 . .. 
det 
 . . . 
 
an1 . . . bn . . . ann
xi =   com i = 1, 2, . . . , n.
a
 11 12 a . . . a 1n 
 . . 
det 
 . . .
. ...  
 
an1 an2 . . . ann

Denotando por A a matriz dos coeficientes do sistema e Ai a matriz cuja i-ésima coluna é
formada pelos termos independentes, com i = 1, 2, . . . , n, temos os seguintes resultados:
• Se detA = 0, então temos um SPD.
• Se detA = 0 e detA1 = detA2 = · · · = detAn = 0, então temos um SPI.
• Se detA = 0 e detAk = 0 para algum k entre 1 e n, então temos um SI.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


217

206

Posto e Nulidade

Vamos apresentar agora uma técnica que permite resolver (ou discutir) sistemas de equações
lineares que não sejam necessariamente aqueles cujo número de equações coincida com o número
de incógnitas, como visto anteriormente. Para tanto, precisaremos definir alguns conceitos.

Forma Escada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Definição 9: Uma matriz de ordem m × n é linha reduzida à forma escada se:


I) o 1o elemento não nulo de uma linha não nula é 1.
II) cada coluna que contém o 1o elemento não nulo de alguma linha tem todos os seus outros iguais
a zero.
III) toda linha nula ocorre abaixo de todas as linhas não nulas.
IV) se as linhas 1, . . . , r são as linhas não nulas, e se o primeiro elemento não nulo da linha i ocorre
na coluna ki então k1 < k2 < · · · < kr , isto é, forma uma “escada”.

Exemplo 49:

 
 1 0 7 0 
 
 
 0 1 0 0 
a) 

 não está na forma escada, pois acima do número 1 da terceira linha não poderia

 0 0 1 0 
 
 
0 0 0 0
estar o 7. Mas para transformá-la basta multiplicar a terceira linha por −7 e somar o resultado
com a primeira, isto é, L1 → L1 − 7L3 .

 
 1 0 0 
 
b) 
 0 0 1  não está na forma escada, pois o primeiro elemento não nulo da segunda coluna

 
0 1 0
ocorre na terceira coluna, enquanto que o primeiro elemento não nulo da terceira coluna ocorre na
segunda coluna. Para deixá-la na forma escada, basta trocar as posições entre a segunda e terceira
linha, isto é, L2 ↔ L3 .

Resolução de Sistemas Equações Lineares


218 UNIDADE III

207

 
 0 1 0 
 
c) 
 0 0 0  não está na forma escada, pois temos uma linha não nula abaixo de uma linha nula,

 
0 0 1
assim, para transformá-la numa matriz reduzida à forma escada, basta permutar as duas últimas
linhas, ou seja, L2 ↔ L3 .

 
 1 0 0 0 
d)   não está na forma escada, mas basta dividir a segunda linha por 3 que se torna

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
0 0 3 0
1
reduzida à forma escada, isto é, L2 → L2 .
3

 
 0 1 2 0 1 
 
e) 
 0 0 0 1 5
 está na forma escada.

 
0 0 0 0 0

 
 1 0 0 0 0 
 
 
 0 1 0 3 0 
f) 

 está na forma escada.

 0 0 0 0 1 
 
 
0 0 0 0 0

Definição 10: Dada uma matriz Am×n , seja Bm×n a matriz linha reduzida à forma escada equi-
valente a Am×n :
I) o posto da matriz A, denotado por p, é o número de linhas não nulas da matriz B
II) a nulidade de A é o número n − p
 
 1 1 1 6 
 
Exemplo 50: Dada a matriz A = 
 2 1 1 7  , obtenha o posto e a nulidade dessa matriz.

 
3 2 0 7

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


219

208

Vamos utilizar as operações elementares para obter uma matriz na forma escada, isto é,
     
 1 1 1 6   1 1 1 6   1 1 1 6 
     
 2 1 1 7  →  0 −1 −1 −5 → 0 1 1 5 →
     
     
3 2 0 7 0 −1 −3 −11 0 1 3 11

     
 1 0 0 1   1 0 0 1   1 0 0 1 
     
 0 1 1 5 → 0 1 1 5 → 0 1 0 2 .
     
     
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

0 0 2 6 0 0 1 3 0 0 1 3

Nesse exemplo, o posto da matriz é p = 3 e a nulidade é n − p = 4 − 3 = 1. Na sequência,


vamos dar sentido para o cálculo do posto da matriz.

Teorema 3: Considere um sistema S com m equações e n incógnitas, sejam pA o posto da matriz


ampliada e pC o posto da matriz dos coeficientes:
I) O sistema S admite solução se, e somente se, pA = pC , isto é, o número de linhas não nulas da
matriz ampliada é o mesmo que o número de linhas não nulas da matriz dos coeficientes.
II) Se pA = pC = p e n = p, isto é, o número de linhas não nulas coincide com o número de
incógnitas, então o sistema possui única solução (SPD).
III) Se pA = pC = p e p < n, isto é, o número de linhas não nulas é menor que número de incógnitas,
então o sistema possui infinitas soluções (SPI). Neste caso, a diferença n − p é chamada de grau de
liberdade e significa que o conjunto solução pode ser expresso em função de n − p variáveis.

OBS: contrapondo o item (I), se pA = pC , então o sistema não tem solução (SI).

Esse teorema nos dá indı́cios de que, num sistema em que o número de equações é o mesmo
que o número de incógnitas, a chance desse sistema ter única solução grande. Agora, quando o
número de incógnitas é maior que o número de equações, provavelmente esse sistema terá infinitas
soluções. Por outro lado, quando o número de equações supera o de incógnitas, a probabilidade
desse sistema não ter solução aumenta. Mas são apenas indı́cios, é correto fazer os cálculos, como
veremos nos exemplos a seguir.

Resolução de Sistemas Equações Lineares


220 UNIDADE III

209

Exemplo 51: Discuta e resolva quando possı́vel os seguintes sistemas de equações lineares.

 


 x+y+z =6

  


 x + y + z = 6   

  x+y+z =6  2x + y + z = 7
a) 2x + y + z = 7 b) c) x + y + z = 6 d)

 
 2x + y + z = 7 
 3x + 2y = 7

 

 3x + 2y = 7 



 x+y−z =6

a) Lembremos que a matriz ampliada é formada pela matriz dos coeficientes acrescida de uma
coluna formada pelos termos independentes.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
       
 1 1 1 6   1 1 1 6   1 1 1 6   1 1 1 6 
       
 2 1 1 7  →  0 −1 −1 −5 → 0 1 1 5 → 0 1 1 5 
       
       
3 2 0 7 0 −1 −3 −11 0 1 3 11 0 0 2 6
   
 1 1 1 6   1 0 0 1 
   
 0 1 1 5  →  0 1 0 2  . Assim pA = pC = 3 e n = 3, logo, temos um SPD. Segue que
   
   
0 0 1 3 0 0 1 3
 

 


 1x + 0y + 0z = 1 
 x=1
 
 0x + 1y + 0z = 2 →  y = 2 .

 


 0x + 0y + 1z = 3 
 z=3

Portanto, o conjunto solução é S = (1, 2, 3).

       
 1 1 1 6   1 1 1 6   1 1 1 6   1 0 0 1 
b) Temos  → → → , assim,
2 1 1 7 0 −1 −1 −5 0 1 1 5 0 1 1 5

pA = pC = 2 e n = 3, logo, temos um SPI com n − p = 1 (grau de liberdade). Segue que


  

 1x + 0y + 0z = 1 
 x=1 
 x=1
→ → .

 0x + 1y + 1z = 5 
 y+z =5 
 y =5−z

Portanto, o conjunto solução é S = {(1, 5 − z, z); z ∈ R}. Esse conjunto solução também
pode ser escrito em função da variável y, ou seja S = {(1, y, 5 − y); y ∈ R}.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


221

210

c) x+y+z =6

Este exemplo é apenas para ilustrar o conjunto solução com grau de liberdade 2. A matriz
escada é a própria matriz ampliada, isto é
 
1 1 1 6 .

Assim, pA = pC = 1, como n = 3, então temos SPI com grau de liberdade n − p = 2, ou seja,


podemos escrever o conjunto solução em função de duas variável. Segue que x + y + z = 6, logo,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

x = 6 − y − z e, portanto, o conjunto solução é S = {(6 − y − z, y, z)}. Existem mais duas formas


para escrever o conjunto solução, em termo de x e y ou em termos de x e z.





 x+y+z =6




 2x + y + z = 7
d)



 3x + 2y = 7




 x+y−z =6

Temos
       
 1 1 1 6   1 1 1 6   1 1 1 6   1 0 0 1 
       
       
 2 1 1 7   0 −1 −1 −5   0 1 1 5   0 1 1 5 
 → → → 
       
 3 2 0 7   0 −1 −3 −11   0 1 3 11   0 0 2 6 
       
       
1 1 −1 6 0 0 −2 0 0 0 2 0 0 0 2 0
     
 1 0 0 1   1 0 0 1   1 0 0 1 
     
     
 0 1 1 5   0 1 0 2   0 1 0 2 
 → → . Note que pA = 4, mas pC = 3,
     
 0 0 1 3   0 0 1 3   0 0 1 3 
     
     
0 0 1 0 0 0 0 −3 0 0 0 1

como pA = pC , então o sistema é impossı́vel SI e, portanto, não admite solução. Observe que se
tentássemos resolver o sistema, terı́amos o seguinte resultado, x = 1, y = 2, z = 3 e 0 = 1 (o que
é um absurdo). Portanto, a solução é um conjunto vazio, isto é, S = ∅.

Resolução de Sistemas Equações Lineares


222 UNIDADE III

211

CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, iniciamos nossos estudos sobre as matrizes com as operações de adição e
multiplicação. Na sequência definimos o determinante de uma matriz utilizando o conceito de
permutação, expondo algumas técnicas que facilitam o seu cálculo. Aproveitamos para apresentar
as propriedades dos determinantes e, com o uso de quatro delas, pudemos facilitar o cálculo de
determinantes. É interessante perceber que, apesar da ordem em que foram apresentados os
conteúdos, na prática, várias situações-problema, como na Fı́sica, na Quı́mica, nas Engenharias
e na própria Matemática, recaem em sistema de equações lineares − e esses sistemas podem ser

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
representados por tabelas numéricas denominadas matrizes, cuja estrutura é muito semelhante ao
dos números reais, bem como dos vetores −. Além disso, cada matriz quadrada está associada a
um número chamado de determinante e tal número nos permite resolver e/ou discutir sobre seu
conjunto solução; o valor do determinante também nos dá condições para saber se uma matriz
admite ou não matriz inversa.

Estudamos o método de escalonamento para resolver e classificar sistemas lineares. Trata-


se de um método seguro, que “revela” a estrutura do sistema, explicitando as redundâncias ou
incongruências das equações. Após o escalonamento, as equações que não acrescentam informação
ao sistema têm seus termos todos anulados e aquelas que são incompatı́veis com as demais se
transformam numa sentença matemática falsa (algo como 0 = a, com a diferente de zero).

Apresentamos também outras técnicas para resolver um sistema de equações lineares; a


Regra de Cramer, para sistema cujo número de equações coincide com o número de incógnitas; e o
conceito de posto e nulidade de um sistema, que permite resolver ou discutir sobre qualquer tipo
de sistema de equações lineares.

O(A) leitor(a) perceberá, nas próximas unidades, como é importante conhecer toda essa
teoria que envolve resolução e discussão de sistemas equações lineares. Caberá a cada um decidir
se utilizará a regra de Cramer, o posto ou nulidade, escalonamento, enfim, independente da técnica,
o objetivo é que se consiga de alguma forma, uma vez identificado um sistema de equações lineares,
exibir o conjunto solução, caso exista.

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS DE EQUAÇÕES


223

213

ATIVIDADE DE ESTUDO

   
 x+y 9   30 9 
1) Sejam as matrizes A =  eB= , calcule os valores de x e y para
−2 x − y −2 16
que se tenha A = B.



 i − 3j se i < j
2) Obtenha a transposta da matriz A = [aij ]3×2 tal que aij =

 2i + 2j se i  j

       
 1 8   0 −5   7 3   0 9 
3) Dadas as matrizes A =  , B =  , C =  eD= , cal-
−3 6 4 2 −2 4 11 1
cule:
a) A + B
b) B + C − A
c) 2A − C + 5D − B
d) (A + B) − (C + D)

 
  5 −2 −4  
 
 2 1 −3     1 2 
4) Dadas as matrizes A =  , B = 
 0 3 2 
eC= , calcule:
0 2 5   −3 4
1 7 11
a) A · B
b) C · A · B

 
 −7 0 
5) Dada a matriz A =  , escreva a matriz B tal que se tenha A + B = 02 , em que 02 é
2 −5
a matriz nula de ordem 2.

   
 −1 2   0 3 −4 
6) Sejam as matrizes A =  eB= , determine
5 4 1 −7 6
a) A · B
b) B · A
224

214

7) Verifique em cada caso se a matriz B é a inversa da matriz A.


   
 5/39 −2/39   7 2 
a) B =  eA= 
2/39 7/39 −2 5
   
 0 1   −3 4 
b) B =  eA= 
1/4 1/12 9 0

8) Encontre a inversa de cada matriz a seguir, caso exista.


 
 5 3 
a) A =  
4 2
 
 2 −3 
b) B =  
1 3
 
 −2 6 
c) C =  
3 −9
 
 1 1 1 
 
d) D = 
 0 1 2 

 
1 2 4
 
 1 2 1 
 
e) E = 
 3 5 2 

 
−1 4 7
 
 −3 0 1 
 
f) F = 
 2 2 −1 

 
1 4 9

9) Calcule os determinantes das seguintes matrizes.


       
 2 6   5 1   −2 8   4 9 
a) A =   b) B =   c) C =   d) D =  
4 1 3 −2 −5 −3 1 −3
225

215
   
  2 1 1 3 −2 −4
   
 a+b a     
e) E =   f) F =  
 0 5 −2  g) G = 
 2 5 −1 

b a+b    
1 −3 4 0 6 1
 
 
 2 −3 1 7 
 
 −2 −1 4   
   −2 3 0 4 
h) H =  
 6 −3 −2 

i) I =  

   −1 5 4 −3 
 
4 1 2  
2 4 −5 0

 
 3 0 0 0 0 
 
 
 15 13 0 0 0 
 
 
j) J =  −5 π −3 0 0 
 
 
 7 √5 √7 0 0 
 
 
1 2 −3 8 −1

 
 x 1 2x 
 
10) Dada a matriz A =  
 0 1 0 , seu determinante é negativo sempre que:
 
3 7 x
a) −6 < x < 0
b) 0 < x < 6
c) x < 0
d) x > 6
e) −6 < x < 6

11) Resolva os sistemas de equações lineares a seguir.


   

   
 x+y−z =1
 2x + 3y = 1  4x − 2y = 5  2x − 4 = 3y 
a) b) c) d) 2x + 2y − 2z = 2

 5x + 7y = 3 
 −6x + 3y = 1 
 5y − x = 5 



 5x + 5y − 5z = 7
226

216
  

 
 


 2x − y = −7 
 2x + y − z = −6 
 3x − y + z = 0
  
e) −3x + 4y = 13 f) x − y + 3z = 21 g) x + y − 2z = 0

 
 


 
 

 x + 2y = −1  3x + 2z = 15  5x − 3y + 4z = 0

12) Obtenha o posto das matrizes (ampliada e dos coeficientes), classifique o sistema como SPD,
SPI ou SI e exiba o conjunto solução,caso exista. 
 
 

 
 −x + y − z = 5 
 x+y−z =1
 x+y+z =7  
a) b) 2x + y = 1 c) 2x + y − 4z = 5

 x + y − z = 10 
 


 

 x + y + z = −3  3x + 2y − 5z = 2
  

 
 


 x+y−z =1 
 x+y =9 
 x + y − z + t = 12
  
d) 2x + y − 4z = 5 e) x−y =5 f) x − y + z − t = 10

 
 


 
 

 3x + 2y − 5z = 6  2x − y = 13  −x − 3y + 3z − 3t = −14

13) Considere o seguinte sistema de equações lineares:






 x + y − kz = 0

 x+y−z =2−k



 x + ky − z = −k

Discuta o sistema em função da constante k.


227

212

LEITURA COMPLEMENTAR

Matrizes e algumas aplicações

Os sistemas de equações lineares e as matrizes têm vasta aplicação em várias situações-


problema, principalmente nas áreas de Engenharia. Dentre vários exemplo práticos, podemos
citar: a obtenção da frequência natural de um eixo traseiro em carro, devido a inúmeros fatores
e variáveis que influenciam no desgaste e causando um alto custo financeiro. Nesse sentido, uma
aplicação matemática bem simples, mas eficaz, é o Método das Matrizes de Transferência que
auxilia nos cálculos a fim de minimizar o custo.

Além disso, temos também outras aplicações, como, por exemplo, em projetos de estruturas
composta por vigas metálicas, que exigem a resolução de um sistema de equações lineares, no qual
o número de equações e variáveis cresce na medida em que se torna mais complexa a estrutura.
Situações como essas, podem ser representadas por sistemas de equações nas quais são analisados
a singularidade da matriz dos coeficientes do sistema e a matriz coluna das forças externas, cujo
objetivo é encontrar a matriz coluna das forças que atuam sobre as vigas.

Outra aplicação é o Método dos Elementos Finitos, com grande aplicação em problemas
de Engenharia, especialmente em problemas de Engenharia Civil e Mecânica, nas quais utilizam-
se de sistemas lineares com inúmeras variáveis, que são resolvidos com auxı́lio computacional,
trabalhando-se com as matrizes dos sistemas.

As matrizes já eram conhecidas, estudadas e apreciadas pelos matemáticos desde XVIII,
devido a sua estrutura algébrica e sua estrita relação com os sistemas lineares, no entanto, com o
desenvolvimento da matemática, suas aplicações têm se tornado bem mais ampla.

Para saber mais sore a matrizes e algumas aplicações, acesse o link:


<http://wwwp.fc.unesp.br/∼lfcruz/AL CAP 01.pdf>

Fonte: o autor.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Aqui você encontrará algumas formas de operações com matrizes com auxílio de um software.

<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/chaTecnicaAula.html?aula=1675>

Aqui você encontrará um aplicativo que servirá no emprego dos conceitos de Matrizes na
resolução de Quadrados Mágicos.

<http://www.jogosboole.com.br/tutoriais_mostra.asp?id=19>

No link você tem um pouco da história das matrizes, produto de matrizes e sistemas lineares.
É um material disponível no portal do professor que será de grande valia.
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensmat3_1_2.pdf.>
229

218
REFERÊNCIAS
Referências

ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra linear com aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2008.

BOLDRINI, J. M. et al. Álgebra linear. 3. ed. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1980.

CALLIOLI, C. A. et al. Álgebra linear e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atual, 1990.

HOFFMAN, K.; KUNZE, R. Álgebra linear. Traduzido por Adalberto P. Bergamasco. São
Paulo: Polı́gono, 1970.

LIMA, E. L. Álgebra linear. 8. ed. Rio de Janeiro: Impa, 2009.

LIPSCHUTZ, S. Álgebra linear. 4. ed. Traduzido por Dr. Carlos Ivo Doering. Porto Alegre:
Bookman, 2011. Tradução da 4. ed. norte-americana - All Tasks. (coleção Schaum)

STEINBRUCH, A.; WINTERLE, P. Álgebra linear. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1987.

STRANG, G. Álgebra linear e suas aplicações. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Tradução
da 4. ed. norte-americana - All Tasks.
219
GABARITO
GABARITO

Unidade III
1) 3)    
x = 23 e y = 7  1 3   −5 63 
a)   c)  
1 8 47 11
2)    
 
 6 −10   −6 −9 
 4 6 8  b)   d)  
At =  
5 0 −8 3
−5 8 10

4)   5)
  6)  
 7 −22 −39   −7 0   2 −17 16 
a)     a)  
5 41 59 −2 5 4 −13 4
 
 17 60 79  b) não existe
b)  
−1 230 353

7) 8) 8)
a) sim b)   e)  
b) não é inversa  1/3 1/3   −27/2 5 1/2 
B −1 =   
−1/9 2/9 E −1 = 
 23/2 −4 −1/2 
 
8)
c) não existe −17/2 3 1/2
a)  
f)  
 −1 3/2 
A−1 =   d) −11/30 −1/5 1/30
   
2 −5/2  
 0 −2 1  F −1 = 
 19/60 14/30 1/60 
   
D −1
=
 2 3 −2 

  −1/10 −1/5 1/10
−1 −1 1

9)
a) −22 e) a2 + ab + b2 i) −1099
b) −13 f ) 21 j) 0
c) 46 g) −11
d) −21 h) 100
231
GABARITO

220

10) 11)   
−2z + 15 7z − 48
0<x<6 a) S = {(2, −1)} d) S = ∅ f) S = , ,z ;z ∈ R
3 3
b) S = ∅ e) S = ∅   
z 7z
c) S = {(5, 2)} g) S = , ,z ;z ∈ R
4 4

12)
a) pA = pC = 2 e n = 3 (SPI) d) pA = pC = 2 e n = 3 (SPI)
   S = {(3z + 4, −2z − 3, z) ; z ∈ R}
−2y + 17 3
S= , y, − ;y ∈ R
2 2
e) pA = 3 e pC = 2 (SI)
b) pA = pC = 3 = n (SPD)
S=∅
S = {(0, 1, −4)}

f ) pA = pC = 2 e n = 4 (SPI)
c) pA = 3 e pC = 2 (SI)
S = {(11, z − t, z, t) ; z e t ∈ R}
S=∅

13)
Verifique quando o determinante é nulo, conclua que se k = 1 o sistema é do tipo SPD, mas se
k = 1 o caso é SPI.
Professor Me. Anderson Leandro Zulin

IV
UNIDADE
ESPAÇOS VETORIAIS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Definir espaços vetoriais.
■■ Identificar subespaços vetoriais.
■■ Obter conjuntos que geram um espaço vetorial.
■■ Definir base de um espaço vetorial.
■■ Apresentar o conceito de dimensão de um espaço vetorial.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Vetores
■■ Espaço vetorial
■■ Subespaço vetorial
■■ Combinação linear
■■ Dependência e independência linear
■■ Base
■■ Dimensão
235

222

INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Vimos na unidade I o conceito de vetores com as operações de adição e multiplicação
por escalar além de várias propriedades já conhecidas dos números reais. Essas propriedades ou
caracterı́sticas dos vetores, seja no plano ou no espaço, não são exclusividades desses conjuntos, na
verdade, existem outros conjuntos com as mesmas propriedades. Nesta unidade apresentaremos
alguns conjuntos que têm a mesma estrutura algébrica que as dos vetores, chamados de Espaços
Vetoriais; apresentaremos também as condições para que um determinado conjunto munido de
algumas operações possa ser considerado um espaço vetorial.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Seja um conjunto E no qual podemos somar seus elementos e multiplicar esses elementos
por números reais, e que a soma e a multiplicação resultem em subconjuntos ainda pertencentes à
E. Consideremos ainda que essas operações gozem das propriedades de soma e multiplicação dos
números reais, a saber, comutatividade; associatividade; distributividade; existência do elemento
neutro da adição; existência do oposto; existência do elemento neutro da multiplicação.

É possı́vel exibir, encontrar ou até mesmo definir vários conjuntos que gozam dessas pro-
priedades (ou axiomas). Vamos citar alguns exemplos já bem familiarizados por vocês, como os
conjuntos R, R2 e R3 , são os mais simples e conhecidos; os conjuntos de matrizes de mesma ordem,
isto é, M3,2 (R), M2,4 (R), Mm,n (R); o conjunto dos polinômios com coeficientes reais, de grau menor
ou igual a n, E = Pn ; entre outros. Todos esses casos (e outros que não mencionamos aqui), que
possuem uma mesma estrutura, são denotados como espaços vetoriais. Veremos também que diver-
sas vezes o objeto de interesse não é exatamente o espaço vetorial, mas sim um subconjunto dele,
denominado de subespaço vetorial. Para finalizar os estudos desta unidade, definiremos o conceito
de base para um espaço vetorial, bem como o conceito de dimensão de um espaço vetorial.

Introdução
236 UNIDADE IV

223

VETORES
VETORES

A noção de vetor pode ser motivada ou por uma lista de números e ı́ndices ou por meio
de certos objetos da Fı́sica. Os vetores do plano e do espaço são representados por segmentos
orientados. Todos os segmentos que possuem mesma direção, mesmo sentido e mesmo tamanho
(comprimento) representam um mesmo vetor. Por exemplo, vejamos a lista de alguns segmentos
orientados a seguir.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1 − Segmentos Equipolentes

Podemos perceber que todos são seguimentos equipolentes, isto é, têm mesma direção, sen-
−→
tido e comprimento. Ou ainda, todos são cópias idênticas do vetor v = AB. Esse fato é análogo
ao que ocorre com os números racionais e as frações. Duas frações representam o mesmo número
racional se o numerador e o denominador de cada uma delas estiverem na mesma proporção. Por
exemplo, as frações 25 , 20
8 6
e 15 representam o mesmo número racional.
−→
Ao escrever v = AB, estamos considerando que o vetor é determinado pelo segmento orientado
AB de origem em A e extremidade em B.

Vetores no plano

Consideremos, inicialmente, o plano cartesiano, o qual consiste em um sistema de coor-


denadas representadas em um par de retas orientadas e ortogonais. Escolhida uma unidade de
comprimento, um ponto P do plano pode ser representado como o par (x, y) de números reais, isto
é, suas coordenadas.

ESPAÇOS VETORIAIS
237

224

Figura 2 − Ponto P localizado no Plano cartesiano

−→
Dados dois pontos P e Q do plano, podemos considerar o segmento de reta orientado P Q,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

−→
com ponto inicial P e ponto final Q. O segmento orientado P Q é um representante do vetor v .

Figura 3 − Representação de vetor no plano

Podemos escolher um representante para o vetor v com origem no ponto (0, 0). Com isso,
temos uma correspondência biunı́voca entre pontos do plano e vetores. Ou seja, cada ponto P (x, y)
−→
do plano é associado a um único vetor v = OP , em que O = (0, 0) e reciprocamente cada vetor do
plano pode estar associado a um único ponto P (x, y).

Soma de vetores e Multiplicação por escalar

Sejam u e v vetores do plano, definimos a soma v + u da seguinte forma:

• Tome um segmento orientado que representa v .

• Tome um segmento orientado que representa u, com origem na extremidade de v .

• O vetor v +u é representado pelo segmento orientado que vai da origem de v até a extremidade
de u.

Vetores
238 UNIDADE IV

225

Figura 4 − Soma de vetores

Podemos usar a chamada regra do paralelogramo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 5 − Regra do Paralelogramo

Para qualquer vetor v , o simétrico de v , denotado por −v , é o vetor que tem mesmo
comprimento, mesma direção e sentido contrário ao de v .

Figura 6 − Vetores Opostos

Dados os vetores u e v , definimos a diferença de u por v como sendo a soma do vetor u com
o vetor −v , isto é:
u − v = u + (−v ).

Assim, geometricamente, a diferença de vetores pode ser representada conforme figura a seguir.

Figura 7 − Diferença de Vetores

ESPAÇOS VETORIAIS
239

226

Para definirmos a soma de vetores em termos de coordenadas, vamos analisar a figura a


seguir, na qual indicamos os vetores u e v e o vetor soma u + v .
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 8

−→ −→
Pelo gráfico, podemos perceber que os segmentos orientados OP e QR são equipolentes.
Assim obtemos, por meio de análise geométrica, que:

a − x2 = x1 − 0 e b − y1 = y2 − 0.

Então,

a = x1 + x2 e b = y 1 + y2 .

Portanto, se u = (x1 , y1 ) e v = (x2 , y2 ) temos que a soma do vetor u com o vetor v é definida como
segue:
u + v = (x1 + x2 , y1 + y2 ).

Propriedade 1: (Propriedades da adição): Dados os vetores u, v e w,


 temos:

I) (u + v ) + w
 = u + (v + w)
 - associativa.
II) u + v = v + u - comutativa.


III) Existe um único vetor nulo, indicado por 0 , tal que para todo vetor v tem-se:



v + 0 = v

Vetores
240 UNIDADE IV

227

IV) Para todo vetor v , existe um único vetor −v , simétrico a ele (ou oposto) tal que:



v + (−v ) = 0

Exemplo 1: Sejam os vetores u = (1, −3) e v = (2, 5), temos que

u + v = (1 + 2, −3 + 5) = (3, 2) e

u − v = u + (−v ) = (1, −3) + (−2, −5) = (1 − 2, −3 − 5) = (−1, −8).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A multiplicação de um vetor v por um escalar α, indicado por αv , será definida como segue.


 −


 0 , se α = 0.

αv = α vezes o comprimento de v , com mesma direção e sentido de v se α > 0.




 α vezes o comprimento de v , com mesma direção e sentido contrário de v se α < 0.

Figura 9 − Multiplicação de vetor por escalar

Em termos de coordenadas, temos que se v = (x, y) e w


 = λv , então w
 = (λx, λy).

Propriedade 2: (Propriedades da multiplicação por um escalar): Sejam u e v vetores quaisquer


e α e β números reais, são válidos os seguintes resultados:

I) α(βu) = (αβ)u.
II) (α + β)u = αu + βu.
III) α(u + v ) = αu + αv .
IV) 1 · u = u.

Prova do item (I), temos α(βu) = α(β(x, y)) = α(βx, βy) = (αβx, αβy) = (αβ)(x, y) = (αβ)u.

ESPAÇOS VETORIAIS
241

228

Exemplo 2: Considere u = (3, −2) um vetor do plano cartesiano e α ∈ R.

Se α = 4, temos
 
4u = 4 · 3, 4 · (−2) = (12, −8)

Se α = −2, temos
 
−2u = − 2 · 3, −2 · (−2) = (−6, 4)
1
Se α = , temos
3    
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1 1 1 2
u = · 3, · (−2) = 1, −
3 3 3 3

Vetores no Espaço

Inicialmente introduziremos um sistema de coordenadas retangulares no espaço. Para isso,


escolhemos um ponto como origem, o qual denotamos por O, e, como eixos coordenados, três
retas orientadas que se interceptam no ponto O, ortogonais entre si. A cada ponto P do espaço
associamos um terno ordenado de números (x1 , y1 , z1 ), chamado de coordenadas do ponto P , como
exposto a seguir..

Figura 10 − Representação de um ponto P no espaço

Como no caso dos vetores no plano, definimos as componentes de um vetor v como sendo
as coordenadas (x1 , y1 , z1 ) do ponto final do representante de v que tem ponto inicial na origem.
Escrevemos simplesmente:
v = (x1 , y1 , z1 )

Vetores
242 UNIDADE IV

229

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 11 − Representação de vetor no espaço

Assim como fizemos para vetores no plano, a soma de dois vetores e o produto de um vetor
por um escalar (número real) também são definidas da mesma forma, isto é,

se u = (x1 , y1 , z1 ) e v = (x2 , y2 , z2 ), então a soma u + v é dada por

u + v = (x1 + x2 , y1 + y2 , z1 + z2 )

e
se u = (x1 , y1 , z1 ) e α ∈ R, então o produto αu é dado por

αu = (αx1 , αy1 , αz1 ).

As propriedades de soma de dois vetores e multiplicação de vetor por um escalar, descritas


para vetores no plano, continuam valendo para vetores no espaço.

Exemplo 3: Sejam os vetores u = (1, −3, 2) e v = (4, 2, 1), vamos determinar u + v , v − u e 3u.
a) u + v = (1 + 4, −3 + 2, 2 + 1) = (5, −1, 3)
b) v − u = v + (−u) = (4 − 1, 2 + 3, 1 − 2) = (3, 5, −1)
c) 3u = (3 · 1, 3 · (−3), 3 · 2) = (3, −9, 6)

ESPAÇOS VETORIAIS
243

230

ESPAÇO VETORIAL
ESPAÇO VETORIAL

Definição 1: (Espaço Vetorial): Considere um conjunto V no qual estão definidas duas operações:
uma adição, que a cada par de elementos u e v de V associa um elemento u + v de V , chamada
soma de u com v e uma multiplicação por escalar, que a cada número real α e a cada elemento
v de V associa um elemento αv de V , chamado produto de α por v. Dizemos que o conjunto V
munido dessas operações é um espaço vetorial real se são satisfeitas as seguintes condições, para
u, v e w de V e para α e β reais:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

I) u + v = v + u - comutatividade.

II) u + (v + w) = (u + v) + w - associatividade.

III) Existe 0 ∈ V tal que u + 0 = u - existência de elemento neutro da adição.

IV) Para cada v ∈ V , existe um elemento de V , o qual denotamos de −v tal que v + (−v) = 0 -
existência do oposto.

V) α(βv) = (αβ)v - associatividade.

VI) (α + β)v = αv + βv - distributividade.

VII) α(u + v) = αu + αv - distributividade.

VIII) 1 · u = u.

Os vetores no plano cartesiano, bem como vetores no espaço tridimensional, como visto
anteriormente, formam um espaço vetorial, o conjunto dos números reais também é uma espaço
vetorial. Existem vários conjuntos que têm as mesmas caracterı́sticas dos vetores no plano ou no
espaço, tais conjuntos têm grande aplicação na matemática. Na sequência vamos listar alguns
exemplos de conjuntos que são e outros que não são espaços vetoriais. Para saber se um conjunto
é um espaço vetorial, é necessário verificar todos os 8 itens da definição 1, mas se um deles não for
satisfeito, então não será um espaço vetorial.

Espaço Vetorial
244 UNIDADE IV

231

Exemplo 4: Verifique se o conjunto V = {(x, y)|x, y ∈ R} é um espaço vetorial sobre R. Com a


adição definida, como segue
(x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , 0),

e multiplicação por escalar, como no R2 , isto é, para cada α ∈ R, temos

α(x, y) = (αx, αy).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Vamos tentar verificar cada item do (I) ao (VIII), no entanto, se algum item não for satis-
feito, podemos parar. Assim, sejam u = (x1 , y1 ), v = (x2 , y2 ) e w = (x3 , y3 ).
I) u + v = (x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , 0) = (∗), por outro lado, temos
v + u = (x2 , y2 ) + (x1 , y1 ) = (x2 + x1 , 0) = (x1 + x2 , 0) = (∗), logo o item (I) é verificado.

II) u + (v + w) = (x1 , y1 ) + [(x2 , y2 ) + (x3 , y3 )] = (x1 , y1 ) + (x2 + x3 , 0) = (x1 + x2 + x3 , 0) = (∗∗),


além disso,
(u + v) + w = [(x1 , y1 ) + (x2 , y2 )] + (x3 , y3 ) = (x1 + x2 , 0) + (x3 , y3 ) = (x1 + x2 + x3 , 0) = (∗∗), assim
u + (v + w) = (u + v) + w.

III) u + O = (x1 , y1 ) + (0, 0) = (x1 + 0, 0) = (x1 , 0) = u, ou seja, não existe o elemento neutro tal
que u + O = u. Como esse item não é verificado logo o conjunto V não é um espaço vetorial.

Exemplo 5: O conjunto W = {(x, 2x, 3x); x ∈ R} com as operações usuais é um espaço vetorial.

Sejam u = (a, 2a, 3a), v = (b, 2b, 3b), w = (c, 2c, 3c) com u, v, w ∈ R3 e α, β ∈ R, assim

I) u + v = (a, 2a, 3a) + (b, 2b, 3b)

= (a + b, 2a + 2b, 3a + 3b)

= (b + a, 2b + 2a, 3b + 3a)

= (b, 2b, 3b) + (a, 2a, 3a)

= v+u

ESPAÇOS VETORIAIS
245

232

II) u + (v + w) = (a, 2a, 3a) + [(b, 2b, 3b) + (c, 2c, 3c)]

= (a, 2a, 3a) + (b + c, 2b + 2c, 3b + 3c)

= (a + b + c, 2a + 2b + 2c, 3a + 3b + 3c)

= (a + b, 2a + 2b, 3a + 3b) + (c, 2c, 3c)

= [(a, 2a, 3a) + (b, 2b, 3b)] + (c, 2c, 3c)

= (u + v) + w
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

III) u + 0 = (a, 2a, 3a) + (0, 0, 0)

= (a + 0, 2a + 0, 3a + 0)

= (a, 2a, 3a)

= u

IV) u + (−u) = (a, 2a, 3a) + (−a, −2a, −3a)

= (a − a, 2a − 2a, 3a − 3a)

= (0, 0, 0)

= 0

V) α(βv) = α(β(b, 2b, 3b))

= α(βb, β2b, β3b)

= (αβb, αβ2b, αβ3b)

= αβ(b, 2b, 3b)

= (αβ)v

VI) (α + β)v = (α + β)(b, 2b, 3b)

= ((α + β)b, (α + β)2b, (α + β)3b)

= (αb + βb, α2b + β2b, α3b + β3b)

= (αb, α2b, α3b) + (βb, β2b, β3b)

= α(b, 2b, 3b) + β(b, 2b, 3b)

= αv + βv

Espaço Vetorial
246 UNIDADE IV

233

VII) α(u + v) = α[(a, 2a, 3a) + (b, 2b, 3b)]

= α(a + b, 2a + 2b, 3a + 3b)

= (α(a + b), α(2a + 2b), α(3a + 3b))

= (αa + αb, α2a + α2b, α3a + α3b)

= (αa, α2a, α3a) + (αb, α2b, α3b)

= α(a, 2a, 3a) + α(b, 2b, 3b)

= αu + αv

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
VIII) 1 · u = 1(a, 2a, 3a)

= (1 · a, 1 · 2a, 1 · 3a)

= (a, 2a, 3a)

= u
  

 0 a 

 
Exemplo 6: Verifique se o conjunto A =   ∈ M2×2 ; a, b ∈ R com as operações usuais

 b 0 

é um espaço vetorial.

     
 0 a1   0 a2   0 a3 
Sejam A1 =  , A2 =   e A3 =   matrizes pertencentes a A, α, β e γ
b1 0 b2 0 b3 0
números reais.

         
 0 a1   0 a2   0 + 0 a1 + a2   0 + 0 a2 + a1   0 a2 
I) A1 +A2 =  + = = = +
b1 0 b2 0 b 1 + b2 0 + 0 b 2 + b1 0 + 0 b2 0
 
 0 a1 
  = A2 + A1
b1 0
         
 0 a1   0 a2   0 a3   0 + 0 a1 + a2   0 a3 
II) (A1 +A2 )+A3 =  + + = + 
b1 0 b2 0 b3 0 b 1 + b2 0 + 0 b3 0
     
 0 + 0 + 0 a1 + a2 + a3   0 a1   0 + 0 a2 + a3 
=  = +  = A1 +(A2 +A3 )
b 1 + b 2 + b3 0+0+0 b1 0 b 2 + b3 0 + 0

ESPAÇOS VETORIAIS
247

234
   
 0 a1   0 0 
III) Dada a matriz A1 =  , tome O =   e obtemos que
b1 0 0 0
       
 0 a1   0 0   0 + 0 a 1 + 0   0 a1 
A1 + O =  + = =  = A1
b1 0 0 0 b1 + 0 0 + 0 b1 0
   
 0 a1   0 a1 
IV) Dada a matriz A1 =  , basta tomar −A1 =   e obtemos
b1 0 −b1 0
       
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 0 a1   0 −a1   0+0 a1 + (−a1 )   0 a 1 − a1 


A1 + (−A1 ) =  + = = 
b1 0 −b1 0 b1 + (−b1 ) 0+0 b1 − b1 0 + 0
 
 0 0 
= =O
0 0
       
 0 a1   (αβ)0 (αβ)a1   αβ0 αβa1   β0 βa1 
V) (αβ)A1 = (αβ)  = =  = α 
b1 0 (αβ)b1 (αβ)0 αβb1 αβ0 βb1 β0
    
 β0 βa1    0 a1 
= α   = α β   = α(βA1 )
βb1 β0 b1 0
     
 0 a1   (α + β)0 (α + β)a1   α0 + β0 αa1 + βa1 
VI) (α + β)A1 = (α + β)  = = 
b1 0 (α + β)b1 (α + β)0 αb1 + βb1 α0 + β0
       
 α0 αa1   β0 βa1   0 a1   0 a1 
= +  = α +β  = αA1 + βA1
αb1 α0 βb1 β0 b1 0 b1 0
       
 0 a1   0 a2   0 + 0 a1 + a2   α(0 + 0) α(a1 + a2 ) 
VII) α(A1 +A2 ) = α  +  = α  = 
b1 0 b2 0 b 1 + b2 0 + 0 α(b1 + b2 ) α(0 + 0)
         
 α0 + α0 αa1 + αa2   α0 αa1   α0 αa2   0 a1   0 a2 
= = +  = α +α  
αb1 + αb2 α0 + α0 αb1 α0 αb2 α0 b1 0 b2 0

= αA1 + αA2

Espaço Vetorial
248 UNIDADE IV

235
     
 0 a1   1.0 1.a1   0 a1 
VIII) 1.A1 = 1.  = =  = A1
b1 0 1.b1 1.0 b1 0
Portanto, como os 8 itens estão satisfeitos, concluı́mos que o conjunto A é um espaço
vetorial.

Os elementos de um espaço vetorial são chamados vetores. O elemento neutro da soma é




chamado vetor nulo e denotado por 0 ou 0 . Veremos mais adiante que vetores podem ser polinô-
mios, matrizes, funções, etc.

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SUBESPAÇO VETORIAL
SUBESPAÇO VETORIAL
Sejam V um espaço vetorial e W um subconjunto não vazio de V , dizemos que W é um
subespaço vetorial de V , ou simplesmente um subespaço de V , se W , com as operações de adição
em V e de multiplicação de vetores de V por escalares, é um espaço vetorial.

No entanto, não precisamos provar todas as propriedades de espaço vetorial. Como o sub-
conjunto W é parte de V o qual é, por definição, espaço vetorial, basta observarmos as condições
necessárias para que um subconjunto W seja um subespaço vetorial na definição seguinte.

Definição 2: Sejam V um espaço vetorial e W um subconjunto não vazio de V . Então, W é um


subespaço de V se, e somente se, as seguintes condições são satisfeitas:

I) Se u, v ∈ W , então u + v ∈ W .

II) Se a ∈ R e u ∈ W , então au ∈ W .

Exemplo 7: Seja V um espaço vetorial, então o conjunto {0}, constituı́do apenas do vetor nulo,
e também todo o espaço V são subespaços de V . O conjunto {0} é chamado de espaço vetorial
nulo.

De fato, é claro que {0} = ∅. Além disso, dados dois elementos de {0}, a soma deles
pertence a {0} (o único elemento que existe para considerarmos é 0) e o produto de um número
real qualquer por um elemento de {0} resulta no vetor nulo, pertencendo, portanto, a {0}.

ESPAÇOS VETORIAIS
249

236

Para verificar que V é subespaço vetorial de V , basta aplicar diretamente a definição de


subespaço vetorial e observar que V ∩ V é obviamente um espaço vetorial com respeito às mesmas
operações. Por serem os subespaços mais simples do espaço vetorial V , {0} e V são chamados
subespaços triviais de V .

Exemplo 8: Seja V = Rn e sejam i1 , i2 , . . . , ir números naturais tais que 0 < i1 < i2 < · · · < ir 
n, o conjunto
W = {(x1 , x2 , . . . , xn ); xir = xi2 = · · · = xir = 0}

é um subespaço vetorial de Rn . Em particular, W1 = {(0, y, z); y, z ∈ R} e W2 = {(0, y, 0); y ∈ R}


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são subespaços vetoriais de R3 .

Exemplo 9: Considere S = {(x, 2x); x ∈ R}. O conjunto S é um subespaço vetorial de R2 .


De fato, S = ∅, porque para (0, 0) ∈ S basta considerar x = 0.
Seja u ∈ S e v ∈ S, digamos u = (x, 2x) e v = (y, 2y), com x, y ∈ R, temos que

u + v = (x, 2x) + (y, 2y) = (x + y, 2x + 2y) = (x + y, 2(x + y)).

Assim, obtemos que u + v ∈ S.


Se α ∈ R e u = (x, 2x) ∈ S, então:

αu = α(x, 2x) = (αx, α2x) = (αx, 2(αx)) ∈ S.

Exemplo 10: Considere o espaço vetorial V = M (n, n) formado pelo conjunto das matrizes
quadradas de ordem n; o subconjunto W das matrizes triangulares superiores é um subespaço
vetorial, pois a soma de matrizes triangulares superiores ainda é uma matriz triangular superior,
assim como o produto de uma matriz triangular superior por um escalar.

Exemplo 11: Considere o espaço vetorial V = R2 e o subconjunto W = {(x, x2 ); x ∈ R}. W não


é um subespaço vetorial, pois se escolhermos u = (1, 1) e v = (2, 4), temos

u + v = (3, 5) ∈ W.

Exemplo 12: Sejam E um espaço vetorial e v ∈ E um vetor não nulo, o conjunto F = {αv; α ∈ R}
de todos os múltiplos de v é um subespaço vetorial de E, chamado a reta que passa pela origem e
contém v.

Subespaço Vetorial
250 UNIDADE IV

237

Exemplo 13: Os chamados vetores canônicos

e1 = (1, 0, 0, . . . , 0),

e2 = (0, 1, 0, . . . , 0),
..
.

en = (0, 0, 0, . . . , 1)

constituem um conjunto de geradores do espaço Rn . De fato, dado v = (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn ,


tem-se v = x1 e1 + x2 e2 + · · · + xn en . É fácil ver que o conjunto de todas as combinações lineares

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que se podem formar com vetores retirados de um subconjunto X de um espaço vetorial E é, de
fato, um subespaço vetorial.

Exemplo 14: Considere todos os vetores em R2 cujos componentes sejam positivos ou nulos.
Esse subconjunto é o primeiro quadrante do plano xy e as coordenadas satisfazem x  0 e y  0.
Tal conjunto não é um subespaço, mesmo que ele contenha zero e que a soma nos deixe dentro
do subconjunto. A segunda condição para que um subconjunto seja subespaço vetorial é violada,
pois, se o escalar for −1 e o vetor for v = (1, 1), teremos

−1v = −1(1, 1) = (−1, −1),

o qual não pertence ao primeiro quadrante.

Exemplo 15: O conjunto W = {(x, y, z) ∈ R3 ; x ∈ Z} não é um subespaço vetorial. De fato, se


tomarmos um α ∈ {R − Q} e um vetor u = (x, y, z) com x ∈ Z temos, na segunda condição de
subespaço vetorial,

I) αu = α(x, y, z) = (αx, αy, αz) como o produto αx ∈ Z, temos que αu ∈ W .

Exemplo 16: O conjunto w = {(x, y, z) ∈ R3 ; x − 3z = 0} é um subespaço vetorial, pois podemos


verificar claramente que esse conjunto é diferente de vazio. Por outro lado, temos

I) Dados u = (3z1 , y1 , z1 ) e v = (3z2 , y2 , z2 ) com u, v ∈ W , temos

u + v = (3z1 , y1 , z1 ) + (3z2 , y2 , z2 )

= (3z1 + 3z2 , y1 + y2 , z1 + z2 )

= (3(z1 + z2 ), y1 + y2 , z1 + z2 ) ∈ W

ESPAÇOS VETORIAIS
251

238

II) Dado α ∈ R e u = (3z, y, z), temos:

αu = α(3z, y, z)

= (α3z, αy, αz)

= (3αz, αy, αz) ∈ W

Portanto, pelo exposto, temos que o conjunto W é um subespaço do R3 .

Operações com subespaços


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Como espaços vetoriais são conjuntos, um questionamento pertinente seria sobre a união e
a interseção de conjuntos. Será que essas operações preservam a propriedade de espaço vetorial?
Ao longo desta subseção, teremos material para responder a essa pergunta.

Exemplo 17: Considere os conjuntos U = {(x, y) ∈ R2 ; x+y = 0} e W = {(x, y) ∈ R2 ; x−y = 0}.


É de fácil verificação que esses conjuntos são subespaços do R2 , mas o conjunto U ∪ W não é
subespaço do R2 . Pois, se tomarmos u = (1, 1) ∈ U ∪ W e w = (1, −1) ∈ U ∪ W obtemos
u + w = (2, 0) ∈ U ∪ W .

Esse exemplo mostra que a união de dois subespaços de um espaço vetorial V não é ne-
cessariamente um subespaço de V . O próximo teorema mostra que a interseção de subespaços é
sempre um subespaço.

Teorema 1: A interseção de dois subespaços de um espaço vetorial V é um subespaço de V .


Prova: Considere U e W subespaços de V . Para verificarmos que U ∩ W é também um subespaço
de V , primeiramente note que U ∩ W é um subconjunto não vazio de V , pois 0 ∈ U e 0 ∈ W ,
já que ambos U e W são subespaços de V . Agora, tomemos a ∈ R e u, v ∈ U ∩ W . Como
u, v ∈ U e u, v ∈ W , sendo U e W subespaços de V , segue que u + av ∈ U e u + av ∈ W , ou seja,
u + av ∈ U ∩ W . Segue que U ∩ W é um subespaço de V .

Exemplo 18: Considere o espaço vetorial V = R3 , Π1 e Π2 planos distintos passando pela origem.
Note que a interseção Π1 ∩ Π2 é uma reta que também é um subespaço de R3 .

Subespaço Vetorial
252 UNIDADE IV

239

Exemplo 19: Considere o espaço vetorial V = R3 e as retas concorrente r1 e r2 que passam pela
origem. Assim, r1 ∩ r2 = {0} é um subespaço vetorial de R3 , mas r1 ∪ r2 é o feixe formado pelas
duas retas, que não é subespaço vetorial de R3 .

Um problema surge neste momento. Quando consideramos a união de subespaços e se to-


marmos um vetor de cada subespaço, a soma desses vetores pode não pertencer à união. Com isso,
temos a definição seguinte.

Definição 3: Dados U e W subespaços de um espaço vetorial V , definimos a soma de U e W ,

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denotada por U + W , como o conjunto

U + W = {u + w; u ∈ U e w ∈ W }.

Exemplo 20: Considere os mesmos conjuntos U e W definidos no exemplo 17. Temos que
U + W = R2 , e, consequentemente, U + W é um subespaço de R2 . De fato, se (x, y) ∈ R2 , então
   
x−y y−x x+y x+y
(x, y) = , + , ,
2 2 2 2

isto é, todo elemento de R2 se escreve como a soma de um elemento de U e um elemento de W .

Teorema 2: A soma de dois subespaços U e W de um espaço vetorial V é um subespaço de V .

A prova desse teorema fica como exercı́cio para o(a) leitor(a).

COMBINAÇÃO LINEAR
COMBINAÇÃO LINEAR

Considere o espaço vetorial V e os vetores v1 , v2 , . . . , vn ∈ V . Um vetor v ∈ V poderá ser


escrito como combinação linear dos vetores v1 , v2 , . . . , vn se existirem números reais a1 , a2 , . . . , an
tal que se tenha
v = a1 v1 + a2 v2 + · · · + an vn

ESPAÇOS VETORIAIS
253

240

Exemplo 21: O vetor v = (8, 3, 11) do R3 é uma combinação linear dos vetores u1 = (−1, 2, 3),
u2 = (4, 0, 1) e u3 = (2, 1, −2). Para verificarmos essa afirmação, temos que encontrar números
reais a1 , a2 e a3 para que tenhamos

v = a1 u1 + a2 u2 + a3 u3

ou ainda
(8, 3, 11) = a1 (−1, 2, 3) + a2 (4, 0, 1) + a3 (2, 1, −2)

e essa equação equivale ao sistema


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 −a1 + 4a2 + 2a3 = 8

 2a1 + a3 = 3



 3a + a − 2a = 11
1 2 3

escalonando, obtemos 



 −a1 + 4a2 + 2a3 = 8

 8a2 + 5a3 = 19



 −33a3 = 33

e, com isso, encontramos facilmente os valores a1 = 2, a2 = 3 e a3 = −1. Portanto, temos

v = 2u1 + 3u2 − u3 .

Uma vez fixados vetores u1 , u2 , . . . , un pertencentes ao espaço vetorial V , o conjunto W de


todas as combinações lineares de u1 , u2 , . . . , un é um subespaço vetorial. Chamaremos o conjunto
W de subespaço gerado por u1 , u2 , . . . , un o qual denotamos por

W = [u1 , u2 , . . . , un ].

Exemplo 22: O espaço gerado pelo vetor u = (2, −1, 1) em R3 é o conjunto W = {α(2, −1, 1); α ∈
R} já que uma combinação linear de u é um múltiplo escalar de u.

Exemplo 23: Se v1 , v2 ∈ R3 são tais que βv1 = v2 para todo β ∈ R, então [v1 , v2 ] será o plano
que passa pela origem e contém v1 e v2 .

Combinação Linear
254 UNIDADE IV

241

Exemplo 24: O subespaço de R3 gerado pelos vetores u1 = (1, 2, 0), u2 = (3, 0, 1) e u3 = (2, −2, 1)
é o plano de equação 2x − y − 6z = 0. Note que os vetores dados satisfazem a equação obtida para
o subespaço gerado por eles.
Vimos que, dado um conjunto de vetores de um espaço vetorial V , o conjunto de todas as suas
combinações lineares é um subespaço vetorial de V . Será que todo subespaço S de V é gerado
por um conjunto de vetores? A resposta para essa pergunta é sim. Na sequência, listamos alguns
exemplos sobre esse questionamento.

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Exemplo 25: Considere o conjunto S = {(x, 2x); x ∈ R}. Note que todos os elementos de S
são da forma (x, 2x) = x(1, 2). Variando o valor de x obtemos diversos elementos do conjunto
S. Ora, se x(1, 2) é a expressão de uma combinação linear de (1, 2), todos os elementos de S são
combinações lineares de (1, 2).

Exemplo 26: Considere S = {(x, x + y, y); x, y ∈ R}. Temos que todos os elementos de S são da
forma (x, x + y, y), mas podemos escrever essa forma de outra maneira, como segue

(x, x + y, y) = (x, x, 0) + (0, y, y) = x(1, 1, 0) + y(0, 1, 1).

Assim, os elementos do conjunto S são combinações lineares dos vetores (1, 1, 0) e (0, 1, 1). Podemos
escrever, então, S = [(1, 1, 0), (0, 1, 1)].

Exemplo 27: Agora, considerando S = {(x, y, z); x + y − z = 0}, para encontrarmos os geradores,
observemos que na igualdade x + y − z = 0 obtemos z = x + y. Assim todo elemento de S tem a
forma (x, y, x + y). Prosseguindo do mesmo modo que no exemplo anterior, temos

(x, y, x + y) = (x, 0, x) + (0, y, y) = x(1, 0, 1) + y(0, 1, 1).

Portanto, S é gerado pelos vetores (1, 0, 1) e (0, 1, 1), ou seja,

S = [(1, 0, 1), (0, 1, 1)].

ESPAÇOS VETORIAIS
255

242

DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA LINEAR


DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA LINEAR

Vimos na seção anterior que um conjunto finito de vetores α gera um dado espaço vetorial
V se cada vetor em V pode ser escrito como uma combinação linear dos vetores de α. Em geral,
pode haver mais de uma maneira de expressar um vetor em V como uma combinação linear de
vetores de um conjunto gerador.

Em um curso de Álgebra Linear, é essencial sabermos se um vetor é uma combinação li-


near de outros. Nesta seção, vamos estudar as condições com as quais cada vetor de um espaço
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vetorial V só pode ser escrito exatamente de uma única maneira como combinação linear de um
conjunto gerador de vetores. Conjuntos geradores com essa propriedade desempenham um papel
fundamental no estudo de espaços vetoriais.

Definição 4: Seja V um espaço vetorial e v1 , v2 , . . . , vn vetores de V , dizemos que o conjunto


{v1 , v2 , . . . , vn } é linearmente independente (LI) ou que os vetores v1 , v2 , . . . , vn são LI, se a equação

a1 v1 + a2 v2 + · · · + an vn = 0

implica que a1 = a2 = · · · = an = 0. No caso em que exista algum ai = 0, dizemos que


{v1 , v2 , . . . , vn } é linearmente dependente (LD) ou que os vetores v1 , v2 , . . . , vn são LD.

De uma outra forma, para vetores linearmente dependentes (LD), temos a seguinte definição:

Definição 5: O conjunto de vetores {v1 , v2 , . . . , vn } é LD se, e somente se, um desses vetores for
uma combinação linear dos outros.

Exemplo 28: Os vetores canônicos e1 = (1, 0, . . . , 0), . . . e en = (0, . . . , 0, 1) em Rn são LI. De


fato, a equação a1 e1 + · · · + an en = 0 significa (a1 , . . . , an ) = (0, . . . , 0), logo a1 = · · · = an = 0.

Exemplo 29: Os monômios 1, x, . . . , xn em Pn (polinômios de grau n) são LI, pois a0 + a1 x +


· · · + an xn = p(x) é o vetor nulo em Pn somente quando p(x) é a função identicamente nula, isto
é, p(x) = 0 para todo x ∈ R. Isso obrigaria a ser a0 = · · · = an = 0, pois um polinômio não nulo
de grau k tem no máximo k raı́zes reais.

Dependência e Independência Linear


256 UNIDADE IV

243

Exemplo 30: Os vetores u = (1, 2, 3), v = (4, 5, 6) e w = (7, 8, 9) em R3 são LD. De fato, vamos
analisar a equação
a1 u + a2 v + a3 w = 0,

isto é,
a1 (1, 2, 3) + a2 (4, 5, 6) + a3 (7, 8, 9) = 0

ou ainda
(a1 , 2a1 , 3a1 ) + (4a2 , 5a2 , 6a2 ) + (7a3 , 8a3 , 9a3 ) = 0,

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o que resulta no sistema 



 a1 + 4a2 + 7a3 = 0

 2a1 + 5a2 + 8a3 = 0



 3a + 6a + 9a = 0
1 2 3

escalonando, obtemos 



 a1 + 4a2 + 7a3 = 0

 a2 + 2a3 = 0



 0=0

o que implica que o sistema admite infinitas soluções, isto é, exitem valores para a1 , a2 e a3
diferentes de zero. Logo pela definição 4 temos que os vetores u, v e w são LD.

Um outro modo de verificar que esses vetores são LD é observar que w = 2v − u. Ou seja,
um dos vetores é combinação linear dos outros e a definição 5 nos diz que, quando isso acontece,
esses vetores são LD.

Lembremos que, dado um conjunto {v1 , v2 , ..., vn }, se todo vetor w ∈ W pode ser escrito como
combinação linear dos vetores v1 , v2 , ..., vn , então dizemos que o conjunto formado pelos vetores
v1 , v2 , ..., vn gera o espaço W . Notação W = [v1 , v2 , ..., vn ].

ESPAÇOS VETORIAIS
257

244

Exemplo 31: Se v1 = (2, −1, 0, 3), v2 = (1, 2, 5, −1) e v3 = (7, −1, 5, 8), então o conjunto de
vetores S = {v1 , v2 , v3 } é LD, pois v3 = 3v1 + v2 .

Exemplo 32: Considere o conjunto S = {v1 , v2 }, em que v1 = (1, 0, 1) e v2 = (0, 1, 1), é LI. De
fato, podemos verificar analisando o seguinte: seja α ∈ R tal que se tenha

v1 = αv2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ou ainda
(1, 0, 1) = (0, α, α)

e, com isso, obtemos


α = 1, α = 0 e 1 = 0,

o que é um absurdo. Com essa análise verificamos que esses vetores não são múltiplos, isto é, um
não é combinação linear do outro. Uma outra forma de verificar será mostrada a seguir. Considere
a equação
α1 v1 + α2 v2 = 0

e, com isso, obtemos


(α1 , 0, α1 ) + (0, α2 , α2 ) = 0

que resulta em
α1 = α2 = 0.

Logo, basta observarmos a definição de vetores no inı́cio da unidade.

Exemplo 33: Processo Prático: Considere o conjunto {(2, 1, 1, 0), (1, 0, 1, 2), (0, −1, 1, 4)} de
vetores contidos em R4 , verificaremos se eles são LD ou LI utilizando um processo prático. Primeiro,
formamos com esses vetores as linhas de uma matriz simbólica
 
 2 1 1 0 
 
 1 0 1 2 .
 
 
0 −1 1 4

Dependência e Independência Linear


258 UNIDADE IV

245

Em seguida, escalonamos essa matriz obtendo, por exemplo,


 
 1 0 1 2 
 
 0 1 −1 −4 
 
 
0 0 0 0

e, neste caso, como apareceu uma linha toda nula, dizemos que o conjunto dado é LD. Caso não
apareça linhas todas nulas após o escalonamento, dizemos que o conjunto será LI.
O exemplo anterior nos mostra uma técnica interessante. Uma forma mais rápida para verificar a

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dependência de conjuntos de vetores. Isso será de suma importância para a próxima seção, onde
vamos definir Base. Com esse processo descrito no exemplo anterior, poderemos encontrar uma
Base com mais facilidade.

Exemplo 34: Vamos verificar se o conjunto {(1, x − 1, x2 + 2x + 1, x2 )} de P4 (R) é LD ou LI.


Sejam a, b, c, d ∈ R, temos

a + b(x − 1) + c(x2 + 2x + 1) + d(x2 ) = 0.

Desenvolvendo, obtemos

a + bx − b + cx2 + 2cx + c + dx2 = 0

ou ainda

(c + d)x2 + (b + 2c)x + a − b + c = 0

e pela identidade de polinômios, segue que






 c+d=0

b + 2c = 0 .




 a−b+c=0

Permutando as linhas e escalonando, obtemos






 a−b+c=0

 b+c=0 .



 c+d=0

ESPAÇOS VETORIAIS
259

246

Mas esse sistema de equações possui infinitas soluções. Uma solução geral para o sistema
pode ser o conjunto S = {(3d, 2d, −d, d); d ∈ R} e, portanto, o sistema possui solução além da
trivial (a = b = c = d = 0). Logo, o conjunto é LD.

BASE
BASE

Vamos introduzir nesta seção dois conceitos essenciais no estudo de Espaços Vetoriais: Base
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e Dimensão. Com esses dois conceitos, podemos esclarecer as estruturas desses espaços.

Definição 6: Seja B = {v1 , v2 , . . . , vn } um conjunto ordenado de vetores de um espaço vetorial


V , dizemos que B é uma base de V se as seguintes condições são verificadas:

I) B é LI.
II) V = [v1 , v2 , . . . , vn ].

Assim, uma base deve ser formado por um conjunto LI e também deve gerar o espaço em questão.

Vimos na seção anterior que a base canônica α = {e1 , e2 , e3 } com e1 = (1, 0, 0), e2 =
(0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1) é LI. Esse conjunto também gera R3 , pois qualquer vetor de R3 pode ser
representado como combinação linear da base canônica, isto é, seja u = (x, y, z) ∈ R3 , temos que
u = xe1 + ye2 + ze3 .

Exemplo 35: Considere


       
 1 0   0 1   0 0   0 0 
M1 =   , M2 =   , M3 =   e M4 =  .
0 0 0 0 1 0 0 1

O conjunto α = {M1 , M2 , M3 , M4 } é uma base de M (2, 2), isto é, o espaço vetorial das matrizes
quadradas de ordem 2. De fato, basta observamos que o conjunto α gera o espaço M (2, 2), isto é,
dado um vetor qualquer  
 x y 
M = 
z w

Base
260 UNIDADE IV

247

em M (2, 2), verificamos facilmente que

M = xM1 + yM2 + zM3 + wM4 .

Agora precisamos mostrar que o conjunto α é LI. Com efeito, seja a equação

a1 M1 + a2 M2 + a3 M3 + a4 M4 = 0

ou ainda          

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 1 0   0 1   0 0   0 0   0 0 
a1   + a2   + a3   + a4  = .
0 0 0 0 1 0 0 1 0 0

Essa igualdade só ocorre se, e somente se, a1 = a2 = a3 = a4 = 0, portanto, o conjunto α é LI.

Exemplo 36: O conjunto {(0, 1), (0, 3)} não é uma base de R2 , pois é um conjunto LD. De fato,
podemos observar, por exemplo, se u = (0, 1) e v = (0, 3), temos que v = 3u, isto é, são múltiplos,
ou ainda, um é combinação linear do outro.

Exemplo 37: Vamos encontrar uma base do espaço solução do seguinte sistema:




 x−y−z−t=0

2x + y + t = 0 .




 z−t=0

Em primeiro lugar, vamos obter o conjunto solução desse sistema escalonando-o, isto é:
 

 


 x − y − z − t = 0 
 x−y−z−t=0
 
2x + y + t = 0 ⇒ .

  3y + 2z + 3t = 0


 

 z−t=0  z−t=0

Logo, o conjunto solução do sistema é


  
t 5t
α= , − , t, t ; t ∈ R .
3 3

ESPAÇOS VETORIAIS
261

248

Podemos escrever, ainda,    


1 5
α= t , − , 1, 1 ; t ∈ R .
3 3
 
1 5
Assim, temos que o espaço solução do sistema em questão é gerado pelo vetor , − , 1, 1 , isto
3 3
é, se S é o espaço, temos que  
1 5
S= , − , 1, 1 .
3 3
Agora basta mostrar que esse conjunto é LI. De fato, dado um α ∈ R, temos
 
1 5
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α , − , 1, 1 = (0, 0, 0, 0)
3 3

cuja igualdade será verdadeira se, e somente se, α = 0. 


Isso era de seesperar, pois todo conjunto
1 5
formado por um único vetor não nulo é LI e, portanto, , − , 1, 1 é base.
3 3

Exemplo 38: Encontremos uma base do subespaço W do R4 em que W = {(x, y, z, t) ∈ R4 ; x−y =


y e x − 3y + t = 0}. Seja (x, y, z, t) ∈ W com x = 2y e t = 3y − x = 3y − 2y = y, logo:

(x, y, z, t) = (2y, y, z, y)

= (2y, y, 0, y) + (0, 0, z, 0)

= y(2, 1, 0, 1) + z(0, 0, 1, 0).

Segue que W = [(2, 1, 0, 1), (0, 0, 1, 0)], o próximo passo é mostrar que esse conjunto é LI. De fato,
sejam α, β ∈ R, tal que
α(2, 1, 0, 1) + β(0, 0, 1, 0) = (0, 0, 0, 0)

ou ainda
(2α, α, 0, α) + (0, 0, β, 0) = (0, 0, 0, 0)

e com isso obtemos α = β = 0.

Teorema 3: Sejam v1 , v2 , . . . , vn vetores não nulos que geram um espaço vetorial V , então, dentre
esses vetores podemos extrair uma base de V .

Base
262 UNIDADE IV

249

Teorema 4: Considere V um espaço vetorial gerado por um conjunto finito de vetores v1 , v2 , . . . , vn .


Então, qualquer conjunto com mais de n vetores é necessariamente LD e, portanto, qualquer con-
junto LI tem no máximo n vetores. As demonstrações desses teoremas podem ser encontradas em
Boldrini (1980).

Uma consequência desses teoremas é que qualquer base de um espaço vetorial finitamente
gerado tem sempre o mesmo número de elementos. Esse número é chamado dimensão de V (e é
denotado por dim V ), assunto abordado na próxima subseção.

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Teorema 5: Dada uma base β = {v1 , v2 , . . . , vn } de um espaço vetorial V , cada vetor de V é
escrito de maneira única como combinação linear de v1 , v2 , . . . , vn .

Definição 7: Considere β = {v1 , v2 , . . . , vn } base de V e v ∈ V em que v = a1 v1 +a2 v2 +. . .+an vn .


Denotamos esses números a1 , . . . , an de coordenadas de v em relação à base β e escrevemos
 
 a1 
 .. 
[v]β = 
 . .

 
an

Exemplo 39: Considere o espaço vetorial R2 e a base β = {(1, 1), (0, 1)}. Tomando o vetor
v = (2, 6), temos que v = 2(1, 1) + 4(0, 1), então
 
 2 
[v]β =   .
4

Em geral, se tivermos um vetor u = (x, y) ∈ R2 , as coordenadas de u em relação à base β será


 
 x 
[u]β =  .
y−x

 
 1 
Exemplo 40: Considere a base β = {(1, 1), (0, 2)} do R2 . Sejam u, v ∈ R2 , se [u]β =  ,
3
vamos determinar u. Se v = (2, 5), vamos determinar [v]β .

ESPAÇOS VETORIAIS
263

250
 
 1 
Vamos resolver a primeira parte. Como [u]β =  , então u = 1(1, 1) + 3(0, 2) =
3
(1, 1) + (0, 6) = (1, 7).
 
 v1 
Agora, se v = (2, 5) e [v]β =  , então
v2

(2, 5) = v1 (1, 1) + v2 (0, 2),


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isto é,
(2, 5) = (v1 , v1 + 2v2 ),

o que resulta em 

 v =2
1
.

 v1 + 2v2 = 5 ⇒ 2 + 2v2 = 5 ⇒ v2 = 3/2
 
 2 
Portanto, [v]β =  .
3/2

Exemplo 41: Seja β = {2, 1 − t, 1 + t + t2 } uma base de P 2 [t], o espaço dos polinômios em uma
variável de grau  2, vamos determinar as coordenadas de u = t2 − 1 na base β.
 
 u 1 
 
Se β = {b1 , b2 , b3 } e [u]β =  
 u2 , então
 
u3

u = u 1 b 1 + u2 b 2 + u3 b 3 ,

isto é,
t2 − 1 = u1 (2) + u2 (1 − t) + u3 (1 + t + t2 ).

O que resulta
t2 − 1 = 2u1 + u2 − tu2 + u3 + tu3 + t2 u3

ou ainda
t2 − 1 = 2u1 + u2 + u3 + (−u2 + u3 )t + u3 t2 .

Base
264 UNIDADE IV

251

Comparando os coeficientes, obtemos:


 

 


 2u1 + u2 + u 3 = −1 
 u1 = −3/2
 
 −u2 + u3 = 0 , o que nos fornece  u2 = 1 .

 


 
 u =1
u3 = 1 3

 
 3/2 
 
Portanto, [u]β = 
 1 .

 

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1

DIMENSÃO
DIMENSÃO

O número de elementos de uma base de um espaço vetorial V de dimensão finita é chamado


de dimensão de V e denotado por dim V . Se V é um espaço vetorial nulo, então convencionamos
dim V = 0.

Exemplo 42: Os espaços vetoriais Rn e M (m, n) são espaços vetoriais de dimensão finita. A
dimensão de Rn é n, já que a base canônica de Rn tem n elementos (ver exemplo 13). Por
essa razão, Rn é chamado de espaço n-dimensional. Os espaço vetoriais R2 e R3 são chamados
usualmente de espaços bidimensional e tridimensional, respectivamente. Já a dimensão de M (m, n)
é m · n, já que a base canônica de M (m, n) é formada por m · n matrizes distintas, cada uma das
quais possuindo uma única entrada igual a 1 e todas as demais entradas iguais a 0, ordenadas de
forma semelhante ao que foi visto no exemplo 35, que foi o caso de M (2, 2).

Exemplo 43: Os monômios 1, x, x2 , . . . , xn constituem uma base do espaço vetorial Pn dos po-
linômios de grau  n, logo, Pn tem dimensão finita e dim Pn = n + 1.

Teorema 6: Qualquer conjunto de vetores LI de um espaço vetorial V de dimensão finita pode


ser completado de modo a formar uma base de V .

Em consequência deste teorema, temos que se dim V = n, qualquer conjunto de n vetores


LI formará uma base de V . A justificativa dessa consequência é simples. Se não formasse uma
base, poderı́amos, pelo teorema anterior, completar o conjunto até formá-la e dessa forma terı́amos
uma base com mais do que n vetores em V , o que é absurdo.

ESPAÇOS VETORIAIS
265

252

Exemplo 44: A dimensão de qualquer subespaço W do R3 só poderá ser 0, 1, 2 ou 3. Portanto,


temos que se dim W = 0, então W = {0} é a origem; se dim W = 1, então W é uma reta que
passa pela origem; se dim W = 2, então W é o plano que passa pela origem; se dim W = 3, então
W = R3 .

Exemplo 45: O conjunto W = {(2, 1), (−1, 3)} é uma base do R2 . De fato, pelo processo prático,
temos    
 2 1   2 1 
 ⇒ ,
−1 3 0 7
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

logo, o conjunto W é LI e dim W = 2. Podemos também verificar que o conjunto S = {(2, 1), (0, 7)}
também é uma base do R2 . Se quisermos ainda verificar se realmente o conjunto S, por exemplo,
gera o espaço R2 , basta observarmos que se (x, y) ∈ R2 com

(x, y) = a(2, 1) + b(0, 7),

x 2y − x
tomando a = eb= , teremos o desejado. Isto é, tomando os valores de a e b descritos
2 14
anteriormente, temos que qualquer conjunto do R2 pode ser escrito como combinação linear dos
elementos do conjunto S.

Exemplo 46: Considere os vetores v1 = (1, −1, 1, 2) e v2 = (−1, 1, −1, 0). Vamos completar o
conjunto {v1 , v2 } de modo a formar uma base do R4 . Como dim R4 = 4, uma base terá quatro
vetores LI. Logo, faltam dois vetores. Basta escolhermos dois vetores de R4 os quais não sejam
combinação linear dos vetores v1 e v2 . Essa tarefa é fácil, dos infinitos vetores existentes, podemos
escolher, por exemplo, v3 = (0, 0, 1, 1) e v4 = (0, 1, 1, 1). Com isso, o(a) leitor(a) pode verificar que
o conjunto {v1 , v2 , v3 , v4 } é LI e, portanto,

{(1, −1, 1, 2), (−1, 1, −1, 0), (0, 0, 1, 1), (0, 1, 1, 1)}

é uma base de R4 .

Teorema 7: Se U e W são subespaços de um espaço vetorial V que tem dimensão finita, então
dim U  dim V e dim W  dim V . Além disso,

dim(U + W ) = dim U + dim W − dim(U ∩ W )

Dimensão
266 UNIDADE IV

253

Exemplo 47: Sejam U e W os seguintes subespaços do R3 , U = {(x, y, z); x = z} e W =


{(x, y, z); x + y + z = 0}.
Vamos encontrar uma base e a dimensão dos conjuntos U + W e U ∩ W .
Em primeiro lugar, verifiquemos que se (x, y, z) ∈ U com x = z, temos

(x, y, x) = (x, 0, x) + (0, y, 0)

= x(1, 0, 1) + y(0, 1, 0).

Assim U = [(1, 0, 1), (0, 1, 0)], pois se analisarmos a matriz

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 
 1 0 1 
 
0 1 0

temos, pelo processo prático, que esses vetores são LI. Logo dim U = 2.

Vamos verificar, agora, (x, y, z) ∈ W com x + y + z = 0, ou ainda, z = −x − y, assim

(x, y, −x − y) = (x, 0, −x) + (0, y, −y)

= x(1, 0, −1) + y(0, 1, −1).

Da mesma forma que U , temos que W = [(1, 0, −1), (0, 1, −1)] e dim W = 2.

Como visto antes, temos que

U + W = [(1, 0, 1), (0, 1, 0), (1, 0, −1), (0, 1, −1)]

e pelo processo prático


       
 1 0 1   1 0 1   1 0 1   1 0 1 
       
       
 0 1 0   0 1 0   0 1 0   0 1 0 
 ∼ ∼ ∼ .
       
 1 0 −1   0 0 −2   0 0 −2   0 0 −2 
       
       
0 1 −1 0 1 −1 0 0 −1 0 0 0

O processo realizado anteriormente foi o escalonamento. Podemos descartar a última linha nula e

ESPAÇOS VETORIAIS
267

254

assim
U + W = [(1, 0, 1), (0, 1, 0), (0, 0, −2)]

e dim(U + W ) = 3. Além disso, pelo Teorema 7, temos

dim(U + W ) = dim U + dim W − dim(U ∩ W ),

isto é,
3 = 2 + 2 − dim(U ∩ W ),
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

logo, dim(U ∩ W ) = 1.

Para exibirmos uma base de U ∩ W , tomamos (x, y, z) ∈ U ∩ W com x = z e x + y + x = 0


ou ainda y = −2x, assim
(x, −2x, x) = x(1, −2, 1).

Portanto, U ∩ W = [(1, −2, 1)].

Exemplo 48: Vamos obter uma base e a dimensão do subespaço U do R4 gerado pelos vetores
{(1, 1, 0, −2), (2, 0, −1, −1), (0, 1, −2, 1), (1, 1, 1, −3)}.

Montamos a matriz M dos vetores anteriores e utilizamos o processo prático (reduzi-la por
escalonamento):

     
 1 1 0 −2   1 1 0 −2   1 1 0 −2 
     
     
 2 0 −1 −1   0 −2 −1 3   0 −2 −1 3 
M =

∼
 
∼
 


 0 1 −2 1   0 1 −2 1   0 0 −5 5 
     
     
1 1 1 −3 0 0 1 −1 0 0 1 −1
 
 1 1 0 −2 
 
 
 0 −2 −1 3 
∼

.

 0 0 −5 5 
 
 
0 0 0 0

Vemos que o subespaço U tem base {(1, 1, 0, −2), (0, −2, −1, 3), (0, 0, −5, 5)} e dim U = 3.

Dimensão
268 UNIDADE IV

255

Exemplo 49: Sendo W e U subespaço do R4 de dimensão 3, qual a dimensão de U + W se o


conjunto {(1, 2, 1, 0), (−1, 1, 0, 1), (1, 5, 2, 1)} forma um conjunto de geradores de W ∩ U ?

Para respondermos essa pergunta, vamos, em primeiro lugar, escrever esses vetores em forma
de matriz e reduzi-la:
     
 1 2 1 0   1 2 1 0   1 2 1 0 
     
 −1 1 0 1  ∼  0 3 1 1  ∼  0 3 1 1 .
     
     
1 5 2 1 0 3 1 1 0 0 0 0

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Temos que W ∩ U = [(1, 2, 1, 0), (0, 3, 1, 1)] e dim(W ∩ U ) = 2. Logo, como

dim(W + U ) = dim W + dim U − dim(W ∩ U )

segue
dim(W + U ) = 3 + 3 − 2 = 4.

ESPAÇOS VETORIAIS
269

256

CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, fizemos uma breve revisão sobre os vetores, com suas caracterı́sticas geo-
métricas e também com suas propriedades algébricas. Motivados pela estrutura do conjunto dos
vetores e as operações usuais, foi possı́vel apresentar a definição de espaço vetorial bem como a de
subespaço vetorial, o qual se trata de subconjuntos de espaços vetoriais que são, por si mesmos,
espaços vetoriais também, considerando as mesmas operações definidas no espaço que os contém.
Vimos que, para comprovar que um subconjunto de um espaço vetorial é um subespaço, basta
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

verificar três condições: ser não vazio, ser fechado para as operações de adição e multiplicação por
número real.

Além disso, outro ponto abordado nesta unidade foi a forma de determinar um subespaço
gerado por um conjunto de vetores. Nesse caso, escrevemos um vetor genérico do espaço como
combinação linear dos vetores geradores.

Estudamos também as condições para que um conjunto seja linearmente independente (LI)
ou linearmente dependente (LD). Diferente da forma que foi apresentada na unidade I, no qual
tratava esses conceito em sua essência geométrica, nesta unidade, o foco foi no aspecto algébrico.
Na sequência vimos que um conjunto B gerador de um subespaço W e linearmente independente
é por definição uma base de W . As bases são conjuntos geradores mı́nimos para um subespaço, no
sentido de que se um conjunto tem mais elementos que uma base, então ele é LD, e se tem menos
elementos que uma base de W , então não gera W . Esse número mı́nimo de vetores que compõe a
base é chamado de dimensão d espaço ou subespaço em questão. Além disso, vimos também que
qualquer conjunto LI de um espaço V , com dimensão finita, pode ser completado de maneira a se
tornar uma base para V .

Finalizando esta unidade, enunciamos um teorema de grande importância, pois serve de


“Prova Real”. O teorema garante que a dimensão da soma de subespaços é igual à soma das
dimensões desses subespaços, subtraı́da da dimensão da interseção dos subespaços, isto é, dim(U +
W ) = dim U + dim W − dim(U ∩ W ). Esse teorema é uma consequência direta da teoria dos
conjuntos e tem vasta aplicação nas diversas teorias envolvendo a matemática.

Considerações Finais
270

258

ATIVIDADE DE ESTUDO

Nos problemas de 1 a 4, verificar quais deles são espaços vetoriais; para aqueles que não
são, citar qual axioma que não se verifica.

1) R3 , (x1 , y1 , z1 ) + (x2 , y2 , z2 ) = (x1 + x2 , y1 + y2 , z1 + z2 ) e k(x, y, z) = (0, 0, 0).

2) {(x, 2x, 3x); x ∈ R} com as operações usuais.

3) R2 , (a, b) + (c, d) = (a, b) e α(a, b) = (αa, αb).

4) R2 , (x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , y1 + y2 ) e α(x, y) = (α2 x, α2 y).

  

 0 a 

 
5) A =   ∈ M (2, 2); a, b ∈ R com as operações usuais.

 b 0 

6) Verifique, em cada caso, se o conjunto W é um subespaço vetorial de R2 :

a) W = {(x, y); x + y = 0}

b) W = {(x, y); x + y = 1}

c) W = {(x, y); x2 = y}

d) W = {(x, y); −x + 3y = 0}

7) Verifique, em cada caso, se o conjunto W é um subespaço vetorial de R[x]:

a) W = {p(x) = a + bx + cx2 ; a, b, c ∈ Z}

b) W = {p(x) = a + bx + cx2 ; a = c = 0}

c) W = {p(x) = a + bx + cx2 ; c = a + b}

8) Determine, em cada caso, uma base e a dimensão de V , W , V + W e V ∩ W :

a) V = {(x, y, z)R3 ; x = y} e W = {(x, y, z) ∈ R3 ; x = y = z}

b) V = {[aij ]2×2 ; a11 = a22 e a12 = a21 } e W = {[aij ]2×2 ; a11 = a21 e a12 = a22 }

c) V = {(x, y, −x − 3y); x, y ∈ R} e W = {(0, 0, z); z ∈ R}

d) V = {(x, y, z, w) ∈ R4 ; x + 2y − w = 0} e W = {(x, x, x, x); x ∈ R}


271

259

e) V = {(x, x, x); x ∈ R} e W = {(0, 0, z); z ∈ R}

9) Considere o espaço vetorial R[x]. Determine se os polinômios f (x) = x3 + 4x2 − 2x + 3,


g(x) = x3 + 6x2 − x + 4 e h(x) = 2x3 + 8x2 − 8x + 7 são linearmente dependentes.

10) Verifique, em cada caso, se o conjunto de vetores de R3 indicado é linearmente dependente:

a) {(2, −1, 4), (−4, 10, 2)}

b) {(−3, 0, 4), (5, −1, 2), (1, 1, 3)}

c) {(1, 0, 2), (3, 1, 5), (−1, 2, 1), (4, 0, 1)}

       
 1 1   0 1   0 0   0 0 
11) Determine se as matrizes A =  , B =  , C =  eD= 
0 0 1 0 −1 −1 0 −1
formam uma base de M (2, 2).

12) Considere os vetores u = (1, −1, 1, 4), v = (3, 3, −3, 6) e w = (0, 4, −4, 0). Seja W o subespaço
de R4 gerado pelos vetores {u, v, w}. Complete o conjunto W de modo a esse novo conjunto forme
uma base para R4 .
272

257

LEITURA COMPLEMENTAR

Mudanças de Coordenadas em Sistemas de Cores

Uma aplicação da Álgebra Linear e Geometria Analı́tica se dá na Computação Gráfica: o


espaço espectral de cores é um espaço vetorial com 3 dimensões formadas a partir de três cores
primárias. Diferentes sistemas de coordenadas, também conhecidos por sistemas de cores, são
considerados nesse espaço, de acordo com a aplicação ou o dispositivo de saı́da gráfica, como tela
do computador, impressora, saı́da VGA ou HDMI.

Em vários casos, é necessário passar de um sistema de coordenadas para outro, e isso é


feito utilizando uma matriz de mudança de coordenadas. Por exemplo, a matriz de mudança de
coordenadas do sistema RGB para o sistema XY Z é uma matriz 3 × 3 obtida quando se considera
a cor branca como um ponto fixo da transformação. Nessa aplicação, estão envolvidos conceitos
de espaços vetoriais vistos nesta unidade e também o conceito de transformações lineares, assunto
na próxima unidade.

O Artigo completo você pode encontrar em:

<http://www.mat.ufmg.br/gaal/aplicacoes/sistemas de coordenadas de cores.pdf>


Acesso em: 03 abr. 2016.

Fonte: o autor.
MATERIAL COMPLEMENTAR

O Romance das Equações Algébricas - A história da Álgebra


Gilberto G. Garbi
Editora: Makron Books
Sinopse: A obra representa algo inovador no Brasil e há de exercer
duradoura influência nos métodos de ensino da Matemática em nosso
país. Sem duvida, trata-se de uma obra que será muito bem recebida
por professores, alunos e aficionados e está destinada a despertar em
muitos jovens vocações até então desconhecidas para uma ciência que,
ainda hoje, injustificadamente, costuma ser envolta em um manto de
mistério e encarada com infundado temor. Em poucas palavras, um
livro fascinante.

Material Complementar
274
REFERÊNCIAS 261

Referências

ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra linear com aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2008.

BOLDRINI, J. M. et al. Álgebra linear. 3. ed. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1980.

CALLIOLI, C. A. et al. Álgebra linear e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atual, 1990.

HOFFMAN, K.; KUNZE, R. Álgebra linear. Traduzido por Adalberto P. Bergamasco. São
Paulo: Polı́gono, 1970.

LIMA, E. L. Álgebra linear. 8. ed. Rio de Janeiro: Impa, 2009.

LIPSCHUTZ, S. Álgebra linear. 4. ed. Traduzido por Dr. Carlos Ivo Doering. Porto Alegre:
Bookman, 2011. Tradução da 4. ed. norte-americana - All Tasks. (coleção Schaum)

STEINBRUCH, A.; WINTERLE, P. Álgebra linear. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1987.

STRANG, G. Álgebra linear e suas aplicações. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Tradução
da 4. ed. norte-americana - All Tasks.
275

262
REFERÊNCIAS
GABARITO
GABARITO

Unidade IV
1) Não é um espaço vetorial, pois o item (VIII) não é 5) A é um espaço vetorial.
verificado. 6) a) é subespaço vetorial de R2 .
2) O conjunto é uma espaço vetorial. b) não é subespaço vetorial de R2 .
3) Não é uma espaço vetorial, devido ao item (I). c) não é subespaço vetorial de R2 .
4) Não é um espaço vetorial, pois não satisfaz o d) é subespaço vetorial de R2 .
item (VI).

7) a) não é subespaço vetorial. b) é subespaço vetorial de R2 . c) é subespaço vetorial de R2 .

8) a) Base para V é {(1, 1, 0), (0, 0, 1)} e dim V = 2


Base para W é {(1, 1, 1)} e dim W = 1
Base para V + W é {(1, 1, 0), (0, 0, 1)} e dim(V + W ) = 2
Base para V ∩ W é {(1, 1, 1)} e dim(V ∩ W ) = 1

   
 
 1 0
   0 1 
b) Base para V é  ,  e dim V = 2
 
 0 1 1 0 
   
 
 1 0
   0 1 
Base para é W é  ,  com dim W = 2
 
 1 0 0 1 
     

 1 

 0   0 1   1 0 
Base para V + W é  , ,  com dim(V + W ) = 3

 0 
1 1 0 1 0 
 

 1 

 1 
Base para V ∩ W é   com dim(V ∩ W ) = 1

 1 

1

c) Base para V é {(1, 0, −1), (0, 1, −3)} e dim V = 2


Base para W é {(0, 0, 1)} e dim W = 1
Base para V + W é {(1, 0, −1), (0, 1, −3), (0, 0, 1)} e dim(V + W ) = 3
Base para V ∩ W é {} e dim(V ∩ W ) = 0
GABARITO

263

d) Base para V é {(−2, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (1, 0, 0, 1)} e dim V = 3


Base para W é {(1, 1, 1, 1)} e dim W = 1
Base para V + W é {(−2, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (1, 0, 0, 1), (1, 1, 1, 1)} e dim(V + W ) = 4
Base para V ∩ W é {} e dim(V ∩ W ) = 0

e) Base para V é
{(1, 1, 1)} e dim V = 1
Base para W é {(0, 0, 1)} e dim W = 1
Base para V + W é {(1, 1, 1), (0, 0, 1)} e dim(V + W ) = 2
Base para V ∩ W é {} e dim(V ∩ W ) = 0

9) 10) 11)
{f, g, h} é LI a) LI Basta verificar que esse con-
b) LI junto gera o espaço das matri-
c) LD zes M (2, 2) e também que é LI.

12) Verifique que esse conjunto é LI e complete com um vetor, por exemplo t = (0, 0, 0, 1).
Professor Me. Anderson Leandro Zulin

V
PRODUTO INTERNO,

UNIDADE
TRANSFORMAÇÕES LINEARES,
AUTOVALORES E AUTOVETORES

Objetivos de Aprendizagem
■■ Definir o produto interno de maneira algébrica.
■■ Reconhecer conjuntos ortogonais e ortonormais.
■■ Definir os conceitos de transformação linear, núcleo e imagem.
■■ Compreender os conceitos de autovalor e autovetor.
■■ Compreender o conceito de polinômio característico de uma matriz e
de uma transformação linear.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Produto interno
■■ Transformações lineares
■■ Núcleo e imagem de uma transformação linear
■■ Autovalores e autovetores
■■ Polinômio característico
279

265

INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

Na unidade I, definimos uma aplicação binária denominada de produto escalar (produto


interno), que associava a cada par de vetores um número real (u.v = ||u||.||v ||.cosθ), mas essa
definição só poderia ser aplicada nos seguintes espaços vetoriais: reta real (eixo x), plano cartesiano
e no espaço tridimensional (R3 ), uma vez que seu cálculo depende do valor do cosseno do ângulo
formado por esses vetores. No entanto, tal resultado poderia ser obtido facilmente por meio do
teorema que nos dava como resultado u.v = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 , ou seja, não dependia do ângulo θ.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Motivados pelo resultado do teorema citado anteriormente, nesta unidade que trata da
Álgebra Linear, apresentamos de maneira algébrica alguns axiomas para definir o produto interno
(que não depende do ângulo formado pelos vetores). Tal definição pode ser generalizada para
vetores de qualquer dimensão, por exemplo, para vetores de R4 (espaço vetorial no qual não temos
condições de medir ângulos). Assim, definiremos o produto interno que pode ser aplicado para
vetores de qualquer dimensão. Na verdade, quando os espaços considerados são espaços euclidianos,
o produto interno e o produto escalar são aplicações coincidentes, mas, como veremos, o produto
interno pode ser definido para qualquer espaço vetorial, seja das matrizes, dos polinômios, etc.

O(a) leitor(a) deve se lembrar do conteúdo “funções”, estudado no ensino médio, bem como
na disciplina de Cálculo I, assunto esse que, em sua essência, é uma aplicação (relação binária) que
para cada elemento x de um conjunto (chamado de domı́nio) associa-se um outro elemento y de
outro conjunto (contradomı́nio), e é denotado por y = f (x). Esse último é chamado de imagem
de x pela aplicação f . De maneira análoga, apresentaremos as “transformações lineares”, que são
aplicações que relacionam dois conjuntos, mas nesse caso, esses conjuntos são espaços vetoriais. E,
assim como no estudo das funções, abordaremos alguns casos especiais, a saber, conjuntos que são
associados ao vetor nulo (raı́zes das funções) e o conjunto imagem de uma transformação.

Para finalizar nosso estudo da Álgebra Linear, apresentaremos um conjunto especial cha-
mado de autovetores. Assim, dado um espaço vetorial V e uma transformação linear T , queremos
encontrar vetores v e escalares λ, tais que T (v ) = λv , o conjunto (caso exista) desses vetores é
chamado de autovetores e os valores λ são chamados de autovalores. Para tanto, recorremos ao
cálculo de raı́zes de um polinômio, conhecido como polinômio caracterı́stico, e, principalmente, de
uma análise minuciosa das soluções de sistemas de equações lineares, justificando o estudo realizado
na unidade III.

Introdução
280 UNIDADE V

266

PRODUTO INTERNO
PRODUTO INTERNO

Definição 1: Considere V um espaço vetorial. Um produto interno em V é uma função que a cada
par de vetores u e v em V associa um número real, denotado por u, v, que satisfaz as seguintes
propriedades.
Para quaisquer vetores u, v e w de V e qualquer número real k,

I) v, v  0.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
II) v, v = 0 se, e somente se, v = 0.
III) v, u = u, v.
IV) u + v, w = u, w + v, w.
V) ku, v = ku, v.

Sejam u = (x1 , x2 , . . . , xn ) e v = (y1 , y2 , . . . , yn ) vetores em Rn . Definimos:

u, v = x1 y1 + x2 y2 + · · · + xn yn .

Definimos a norma de um vetor v de V , ou comprimento de v, denotado por v, como o


número real:

v = v, v.

Na unidade I obtivemos como resultado de um teorema que a norma de um vetor v = (x, y)



pode ser calculado por meio de v = x2 + y 2 , mas v, v = xx + yy = x2 + y 2 o que justifica a
igualdade anterior. Também valendo para o espaço R3 .

Quando v = 1, dizemos que v ∈ V é um vetor unitário. Todo vetor v = 0 se escreve como
v
v = vw e para que isto ocorra, w tem que ser um vetor unitário, basta colocar w = .
v
Observe o que, dado qualquer vetor v = 0, não unitário, se quisermos encontrar um vetor
1
unitário de mesma direção e sentido que v, basta multiplicarmos v por ; a esse processo
v
chamamos de normalização do vetor v.

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


281

267
   
 u 1 u2   v 1 v2 
Exemplo 1: Em M2 (R), sendo u =  ev= , a relação u, v = u1 v1 + u2 v2 +
u3 u4 v3 v4

u3 v3 + u4 v4 é um produto interno (usual em M2 ).

   
 1 2   2 0 
Isto é, se tivermos u =  ev= , então
3 −4 −3 5
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

u, v = 1 · 2 + 2 · 0 + 3 · (−3) + (−4) · 5 = 2 + 0 − 9 − 20 = −27.

Exemplo 2: Dados p = a0 + a1 t + a2 t2 + a3 t3 e q = b0 + b1 t + b2 t2 + b3 t3 , a relação p, q =


a0 b0 + a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 define um produto interno em P3 (usual em P3 ).
Ou seja, se tivermos p = 2 + 3t − t2 e q = 2t + t2 − 5t3 , então

p, q = 2 · 0 + 3 · 2 + (−1) · 1 + 0 · (−5) = 0 + 6 − 1 + 0 = 5.

Definição 2: Considere V um espaço vetorial com produto interno. Diz-se que dois vetores v e w
de V são ortogonais (em relação a esse produto interno) se v, w = 0. No caso em que v e w são
ortogonais, escrevemos v ⊥ w.

Propriedade 1: Vejamos as propriedades a seguir sobre vetores ortogonais.

I) 0 ⊥ v para todo v ∈ V .
II) v ⊥ w implica que w ⊥ v.
III) v ⊥ w para todo w ∈ V , então, v = 0.
IV) Se v1 ⊥ w e v2 ⊥ w, então (v1 + v2 ) ⊥ w.
V) Se v ⊥ w e λ é um escalar, então λv ⊥ w.

Quando trabalhamos no espaço R3 , em geral, é mais conveniente usarmos a base canônica


{i, j, k}, em que i = (1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1). Isso se deve em grande parte à caracte-
rı́stica desses vetores serem dois a dois ortogonais.

Produto Interno
282 UNIDADE V

268

Definição 3: Dizemos que uma base {v1 , . . . , vn } de um espaço vetorial V é base ortogonal se
vi , vj  = 0 para i = j, ou em outras palavras, se os vetores dessa base forem dois a dois ortogonais.

Existem vários exemplos de aplicações do produto interno, temos aplicações na Fı́sica, na


Estatı́stica, na verificação da honestidade de uma aposta, entre outros. Em Boldrini (1980) você
encontra vários desses exemplos. Vamos apresentar a seguir um exemplo interessante que trata da
veracidade do CPF (Cadastro de Pessoas Fı́sicas).

Exemplo 3: (Cálculo dos dı́gitos verificadores do CPF): No Brasil, cada pessoa fı́sica possui um

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
único e definitivo número de inscrição no CPF, que o identifica perante a secretaria da Receita
Federal. Tal número de inscrição é constituı́do de nove dı́gitos, agrupados de três em três, mais
dois dı́gitos verificadores. Por exemplo, 643.433.327 − 72.

Os dı́gitos verificadores têm por finalidade comprovar a validade do número do CPF infor-
mado. Tais dı́gitos são obtidos das seguintes operações envolvendo produto interno.

Cálculo do primeiro dı́gito verificador: Tomamos um vetor u ∈ R9 cujos componentes são os


dı́gitos que compõem o número do CPF na ordem dada. Para o CPF anterior, temos o vetor:

u = (6, 4, 3, 4, 3, 3, 3, 2, 7).

Determinamos o produto interno desse vetor com o vetor (padrão)

w1 = (10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2),

isto é,

u, w1  = 6(10) + 4(9) + 3(8) + 4(7) + 3(6) + 3(5) + 3(4) + 2(3) + 7(2) = 213.

A seguir, tomamos o resto da divisão inteira desse produto interno por 11. Se o resto dessa
divisão inteira é 0 ou 1, então o primeiro dı́gito verificador é 0. Caso contrário (resto entre 2 e 10),
o primeiro dı́gito verificador é dado por 11−resto.

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


283

269

Para o exemplo em questão, a divisão inteira de 213 por 11 resulta em quociente 19 e resto
4. Sendo assim, o primeiro dı́gito verificador é 11 − 4 = 7.

Cálculo do segundo dı́gito verificador: Tomamos um vetor v ∈ R10 , cujos nove primeiros
componentes são os dı́gitos que compõem o número do CPF na ordem dada e o último componente
é o primeiro dı́gito verificador encontrado. Para o exemplo em questão, temos:

v = (6, 4, 3, 4, 3, 3, 3, 2, 7, 7).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Determinamos o produto interno desse vetor com o vetor (padrão)

w2 = (11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2),

isto é,

v, w2  = 6(11) + 4(10) + 3(9) + 4(8) + 3(7) + 3(6) + 3(5) + 2(4) + 7(3) + 7(2) = 262.

Em seguida, o procedimento é o mesmo para encontrar o segundo dı́gito. Dividindo 262 por 11,
obtemos quociente 23 e resto 9, então o segundo dı́gito é 11 − 9 = 2.

Ângulos entre vetores e Ortogonalidade

Vimos na unidade I, partindo dos conceitos geométricos dos vetores, que o produto interno
pode ser calculado por meio da equação

u, v = u · v · cos θ,

em que u e v são vetores e θ é o ângulo entre esses vetores.

Mas a igualdade anterior pode ser vista de uma outra forma, isto é,

u, v
cos θ = .
u · v

Essa última igualdade nos fornece uma maneira de calcularmos o ângulo entre vetores. E

Produto Interno
284 UNIDADE V

270

para que esse processo faça sentido, devemos assegurar que

u, v
−1  1
u · v

ou ainda
|u, v|
 1.
u · v

O próximo teorema garante que isso sempre ocorre.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Teorema 1: (Desigualdade de Cauchy-Schwarz) Se u e v são vetores de um espaço com produto
interno V , então:
|u, v|  u · v.

Prova:
Se u = 0, isto é, se u é o vetor nulo, a desigualdade é clara. Suponhamos, então, u = 0. Para
qualquer t ∈ R, temos que
tu + v, tu + v  0,

mas
tu + v, tu + v = tu, tu + v + v, tu + v

= tu + v, tu + tu + v, v

= tu, tu + v, tu + tu, v + v, v

= t2 u, u + tv, u + tu, v + v, v

= u, ut2 + 2u, vt + v, v.


Logo,
tu + v, tu + v = u, ut2 + 2u, vt + v, v  0.
Definamos p(t) = u, ut2 + 2u, vt + v, v, t ∈ R. Pelo que vimos anteriormente, p(t) é
uma função polinomial não negativa. Além disso, como o coeficiente do termo quadrático é não
negativo, segue que o discriminante ∆ de p(t) é um número real não positivo. Portanto

∆ = 4u, v2 − 4u, uu, v = 4u, v2 − 4u2 v2  0,

logo,
4u, v2  4u2 v2

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


285

271

ou

u, v2  u2 v2 .

Extraindo a raiz quadrada em ambos os lados da desigualdade, obtemos

 
u, v2  u2 v2

ou ainda
|u, v|  u · v,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

o que querı́amos provar.

Proposição 1: Se u e v são vetores em um espaço V com produto interno e se k ∈ R, então,

I) u  0.
II) u = 0 se, e somente se, u = 0.
III) ku = |k|u.
IV) u + v  u + v (desigualdade triangular).

Exemplo 4: Considere o vetor v = (−2, 3) ∈ R2 . Temos que a norma do vetor v é dada por

 √ √
v = (−2)2 + 32 = 4+9= 13

Exemplo 5: Considere o vetor u = (1, −2, −1) ∈ R3 . Temos que a norma do vetor u é dada por

 √ √
u = 12 + (−2)2 + (−1)2 = 1+4+1= 6

 
 0 −1 
Exemplo 6: Seja o vetor w =   ∈ M2 (R) com produto interno definido no exemplo 1,
2 5
temos que a norma de w é definida com segue:

  √ √
w = w, w = 02 + (−1)2 + 22 + 52 = 0 + 1 + 4 + 25 = 30

Produto Interno
286 UNIDADE V

272

Exemplo 7: Usando o produto interno de P3 , definido no exemplo 2, a norma do polinômio


p = 3 + 6t − 2t2 é

  √ √
p = p, p = 32 + 62 + (−2)2 = 9 + 36 + 4 = 49 = 7

Agora que sabemos trabalhar com produto interno e norma de um vetor, podemos falar
mais sobre o ângulo entre vetores. Como já foi visto em disciplinas anteriores, ou até mesmo
no ensino médio, temos que cada número real λ ⊂ [−1, 1] corresponde a um único arco θ, onde

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
0  θ  π, tal que cos θ = λ, conforme ilustra a figura 3.

Figura 3 − Ângulo entre vetores

E como já foi dito anteriormente, podemos definir o ângulo entre os vetores v e w
 como
sendo θ tal que
v , w

cos θ = .
v w

Em R2 e R3 , θ é, de fato, o ângulo geométrico determinado pelos vetores v e w.


 A fórmula
anterior fornece o cosseno do ângulo.

Exemplo 8: Vamos determinar o ângulo entres os vetores u = (1, 2, 0) e v = (−2, 2, 3). Primei-
ramente calculamos de forma separada, para uma certa organização, o produto interno dos dois e,
em seguida, a norma de cada um. Isto é,

u, v  = 1(−2) + 2(2) + 0(3) = −2 + 4 + 0 = 2

√ √
u = 1+4+0= 5
√ √
v  = 4+4+9= 17.

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


287

273

Assim, substituindo na fórmula, obtemos

2 2
cos θ = √ √ = √ .
5 17 85

Logo, temos que  


2
θ = arccos √ ≈ 1, 35 radianos ≈ 77, 47o .
85

Considerando u e v dois vetores não nulos de um espaço vetorial V com produto interno
e seja θ o ângulo entre eles, temos, pelo exposto até o momento, que cos θ = 0 se, e somente se,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

u, v = 0. Equivalentemente, temos θ = 90o = π/2 se, e somente se, u, v = 0. Quando o ângulo
formado por dois vetores é de 90o ou π/2 rad (podemos falar ainda em ângulo reto), dizemos que
esses vetores são ortogonais.

Definição 4: Sejam v um vetor de V e W um subespaço de V , dizemos que v é ortogonal a W se


v é ortogonal a cada vetor de W . O conjunto de todos os vetores de V que são ortogonais a W é
chamado complemento ortogonal de W e é denotado por W ⊥ .

Exemplo 9: Considere R3 com produto interno usual e seja W o plano de equação cartesiana

x + y + z = 2.

O vetor u = (1, 1, 1) é ortogonal a W , pois u é um vetor normal a esse plano. Para determinarmos
W ⊥ , devemos encontrar um vetor v que seja ortogonal a todo vetor de W . Uma maneira fácil de
encontrar esse vetor, é observar que se o vetor u = (1, 1, 1) é ortogonal a W , temos que v = k(1, 1, 1)
também será, pois serão múltiplos. Logo, obtemos o vetor v = (k, k, k) ortogonal a todo vetor de
W , com k ∈ R. Portanto
W ⊥ = {(k, k, k); k ∈ R}.

Conjuntos Ortogonais

Um conjunto de vetores em V é chamado conjunto ortogonal se quaisquer dois vetores


distintos do conjunto são ortogonais.

Produto Interno
288 UNIDADE V

274

Exemplo 10: O conjunto {(1, 2, 1), (2, 1, −4), (3, −2, 1)} é um conjunto ortogonal em R3 com seu
produto interno usual.

Um conjunto ortogonal no qual cada vetor tem norma 1 é chamado conjunto ortonormal.
Se v é um vetor não nulo em um espaço com produto interno, segue, pelo visto nesta unidade, que
o vetor v−1 v tem norma 1. O processo de multiplicar um vetor não nulo pelo inverso de sua
norma para obter um vetor de norma 1 é chamado de normalização. Assim, um conjunto ortogonal
de vetores não nulos pode ser sempre transformado em um conjunto ortonormal, normalizando-se
cada um de seus vetores.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Proposição 2: Todo conjunto ortogonal de vetores não nulos de V é linearmente independente.

A recı́proca do resultado acima é obviamente falsa, pois, por exemplo, o conjunto {(1, 1), (0, 1)}
de vetores em R2 com o produto interno usual é linearmente independente, mas não é um conjunto
ortogonal.

Se α = {v1 , . . . , vn } é um conjunto ortogonal de vetores não nulos de V , segue da proposição


anterior que α é uma base de V . Uma base consistindo de vetores ortogonais é chamada base
ortogonal e uma base consistindo de vetores ortonormais é chamada base ortonormal.

Por exemplo, a base canônica de Rn com o produto interno usual é uma base ortonormal.

Vimos que se V é um espaço vetorial e α é uma base de V , então, em geral, é necessário


resolver um sistema linear a fim de escrever um vetor de V em termos da base α.

Bases ortogonais são importantes porque existe um procedimento padrão para se encontrar
as coordenadas de um vetor qualquer em relação a elas. Considerando V um espaço vetorial com
produto interno, α = {v1 , . . . , vn } uma base ortogonal de V e w um vetor qualquer de V , vamos,
então, calcular as coordenadas de w em relação a α. Sabendo que

w = x1 v1 + x2 v2 + . . . + xn vn

queremos determinar a i-ésima coordenada xi . Para isso, façamos o produto interno dos dois
membros da igualdade acima por vi , isto é,

w, vi  = xi vi , vi .

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


289

275

o qual podemos escrever


w, vi 
xi = .
vi , vi 
Este número real é chamado de coeficiente de Fourier de w em relação a vi .

Exemplo 11: Considere V = R2 com produto interno usual e

α = {(2, 1), (−1, 2)}.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Observemos que α é uma base ortogonal, pois

 
(2, 1), (−1, 2) = 2(−1) + 1(2) = −2 + 2 = 0.

 
Vamos calcular (3, 2) α , isto é, quais são as coordenadas do vetor u = (3, 2) na base α.

Existem x1 e x2 tais que

(3, 2) = x1 (2, 1) + x2 (−1, 2).

Para encontrarmos x1 e x2 , podemos prosseguir resolvendo a igualdade por meio de sistemas de


equações. Seria uma forma de encontrarmos tais valores, o qual já foi feito neste livro. Mas vamos
utilizar o resultado encontrado anteriormente, o coeficiente de Fourier.

Por meio dele temos  


(3, 2), (2, 1) 6+2 8
x1 =  = =
(2, 1), (2, 1) 4+1 5
e  
(3, 2), (−1, 2) −3 + 4 1
x2 =  = = .
(−1, 2), (−1, 2) 1+4 5

Assim, obtemos
8 1
(3, 2) = (2, 1) + (−1, 2).
5 5
Portanto:  
   8/5 
(3, 2) α
= .
1/5

Produto Interno
290 UNIDADE V

276

TRANSFORMAÇÕES LINEARES
TRANSFORMAÇÕES LINEARES

As funções que a Álgebra Linear está interessada são as cujos domı́nios e contradomı́nios são
espaços vetoriais e que, além disso, preservam as operações de adição de vetores e de multiplicação
de um vetor por um escalar. Isto é, o conteúdo da definição a seguir.

Definição 5: Sejam V e W espaços vetoriais, uma transformação linear de V em W é uma função


T : V → W que possui as seguintes propriedades:

I) T (v1 + v2 ) = T (v1 ) + T (v2 ), para quaisquer v1 e v2 em V .

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
II) T (av) = aT (v), para quaisquer v em V e a em R.

Em consequência a essa definição, temos que as propriedades (I) e (II) são equivalentes à
seguinte propriedade
T (v1 + av2 ) = T (v1 ) + aT (v2 )

para quaisquer v1 e v2 em V e para qualquer a em R.

No caso em que V = W , uma transformação linear T : V → V também é chamada de


operador linear.

Exemplo 12: A função T : R2 → R, dada por T (x, y) = x + y, é uma transformação linear. De


fato, se v1 = (x1 , y1 ) ∈ R2 , v2 = (x2 , y2 ) ∈ R2 e a ∈ R, temos que

T (v1 + av2 ) = T (x1 + ax2 , y1 + ay2 )

= x1 + ax2 + y1 + ay2

= (x1 + y1 ) + a(x2 + y2 )

= T (v1 ) + aT (v2 ).

Portanto, T é uma transformação linear de R2 em R.

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


291

277

Exemplo 13: A função T : R3 → R2 , dada por T (x, y, z) = (x − y, y − z), é uma transformação


linear. De fato, se v1 = (x1 , y1 , z1 ) ∈ R3 , v2 = (x2 , y2 , z2 ) ∈ R3 e a ∈ R, temos que

T (v1 + av2 ) = T (x1 + ax2 , y1 + ay2 , z1 + az2 )

= (x1 + ax2 − (y1 + ay2 ), y1 + ay2 − (z1 + az2 ))

= ((x1 − y1 ) + a(x2 − y2 ), (y1 − z1 ) + a(y2 − z2 ))

= (x1 − y1 , y1 − z1 ) + a(x2 − y2 , y2 − z2 )

= T (x1 , y1 , z1 ) + aT (x2 , y2 , z2 )
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

= T (v1 ) + aT (v2 )

mostrando que T é uma transformação linear de R3 em R2 .

Exemplo 14: A função T : R → R, dada por T (x) = 7x, é uma transformação linear. De fato, se
x1 , x2 ∈ R, temos que

T (x1 + ax2 ) = 7(x1 + ax2 ) = 7x1 + a7x2 = T (x1 ) + aT (x2 ).

Exemplo 15: A função T : R2 → R2 , dada por T (x, y) = (x2 , y), não é uma transformação linear.
De fato, se tomarmos v1 = (1, 0), v2 = (2, −1) e a = 3 temos

T (v1 + av2 ) = T ((1, 0) + 3(2, −1))

= T ((1, 0) + (6, −3))

= T (7, −3)

= (49, −3)

e
T (v1 ) + aT (v2 ) = T (1, 0) + 3T (2, −1)

= (1, 0) + 3(4, −1)

= (1, 0) + (12, −3)

= (13, −3).

Logo, T (v1 + av2 ) = T (v1 ) + aT (v2 ).

Transformações Lineares
292 UNIDADE V

278

Teorema 2: Seja α = {v1 , . . . , vn } uma base de um espaço vetorial V ; sejam w1 , . . . , wn vetores


de um espaço vetorial W . Então, existe uma única transformação linear T : V → W tal que
T (vj ) = wj para todo 1  j  n.

Exemplo 16: Para determinarmos a transformação linear T : R2 → R3 tal que T (1, 1) = (0, 2, 1)
e T (0, 2) = (1, 0, 1), devemos, pelo teorema 2, verificar que α = {(1, 1), (0, 2)} é uma base de R2 e
calcular as coordenadas de um vetor de R2 na base α. Ora, como α é linearmente independente e
dim R2 = 2, temos que α é uma base de R2 . Além disso, se (x, y) ∈ R2 , então,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(x, y) = a1 (1, 1) + a2 (0, 2)

y−x
e dessa igualdade obtemos a1 = x e a2 = , portanto,
2

y−x
T (x, y) = xT (1, 1) + T (0, 2)
2
y−x
= x(0, 2, 1) + (1, 0, 1)
2 
y−x y−x
= (0, 2x, x) + , 0,
 2  2
y−x x+y
= , 2x, .
2 2

NÚCLEO
NÚCLEO E E IMAGEM
IMAGEM DE UMA
DE UMA TRANSFORMAÇÃO
TRANSFORMAÇÃO LINEAR LINEAR

Definição 6: Considere T : V → U uma transformação linear. A imagem de T , denotada por


Im(T ) é o conjunto dos pontos imagem em U

Im(T ) = {u ∈ U ; T (v) = u para algum v ∈ V }.

O núcleo de T , denotado por N uc(T ) (ou Ker(T )), é o conjunto dos elementos em V , que são
transformados em 0 ∈ U
N uc(T ) = {v ∈ V ; T (v) = 0}.

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


293

279

Exemplo 17: Considere T : R4 → R3 a transformação linear definida por

T (x, y, s, t) = (x − y + s + t, x + 2s − t, x + y + 3s − 3t).

Para determinarmos N uc(T ), devemos obter o conjunto de vetores (x, y, s, t) em R4 tais que

T (x, y, s, t) = (x − y + s + t, x + 2s − t, x + y + 3s − 3t) = (0, 0, 0).

Equivalentemente, N uc(T ) é o conjunto solução do seguinte sistema linear:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.





 x−y+s+t=0

x + 2s − t = 0 .




 x + y + 3s − 3t = 0

Escalonando o sistema, obtemos 



 x−y+s+t=0
.

 y + s − 2t = 0

Pondo y = 2t − s conseguimos x = t − 2s. Portanto:

N uc(T ) = {(t − 2s, 2t − s, s, t); s, t ∈ R}.

Agora vamos encontrar Im(T ). Para isso, vejamos o que segue:

T (x, y, s, t) = (x − y + s + t, x + 2s − t, x + y + 3s − 3t)

= (x, x, x) + (−y, 0, y) + (s, 2s, 3s) + (t, −t, −3t)

= x(1, 1, 1) + y(−1, 0, 1) + s(1, 2, 3) + t(1, −1, −3).

Com isso, vemos que o conjunto {(1, 1, 1), (−1, 0, 1), (1, 2, 3), (1, −1, −3)} gera Im(T ). Mas, colo-

Núcleo e Imagem de Uma Transformação Linear


294 UNIDADE V

280

cando em forma de matriz e escalonando, obtemos


   
 1 1 1   1 1 1 
   
   
 −1 0 1   0 1 2 
 ⇒ .
   
 1 2 3   0 0 0 
   
   
1 −1 −3 0 0 0

Assim, {(1, 1, 1), (0, 1, 2)} é uma base de Im(T ), isto é,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Im(T ) = {(x, x + y, x + 2y); x, y ∈ R}.

Teorema 3: Seja V de dimensão finita e seja T : V → U uma transformação linear, então:

dim(V ) = dim(N uc(T )) + dim(Im(T )).

AUTOVALORES E AUTOVETORES
AUTOVALORES E AUTOVETORES

Agora, desenvolveremos os conceitos fundamentais de autovalor e autovetor de uma matriz.


Esses conceitos são de fundamental importância na Matemática pura e aplicada e aparecem em
situações muito mais gerais que as consideradas aqui. Os conceitos de autovalor e autovetor também
são usados no estudo das equações diferenciais e sistemas dinâmicos: eles fornecem informações
crı́ticas em projetos de Engenharia e surgem de forma natural em áreas como a Fı́sica e a Quı́mica.

Investigaremos a teoria de um único operador linear T num espaço vetorial V de dimensão


finita. Também associaremos certos polinômios a um operador T , isto é, seu polinômio carac-
terı́stico. Esses polinômios e suas raı́zes desempenham um papel importante na investigação de
T.

Dado um operador linear T : V → V , queremos determinar quais vetores seriam levados


neles mesmos por esse operador linear. Isto é, dado T : V → V , quais os vetores v ∈ V tais que
T (v) = v?

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


295

281

Exemplo 18: O operador T : R2 → R2 é definido por T (x, y) = (x, y) e também é conhecido


como Aplicação Identidade, que podemos simplesmente escrever I(x, y) = (x, y). Nesse caso, todo
R2 é fixo uma vez que I(x, y) = (x, y), para todo (x, y) ∈ R2 .

Exemplo 19: Considerando o operador Reflexão no eixo dos x, isto é, rx : R2 → R2 tal que
rx (x, y) = (x, −y), ou ainda em forma matricial, temos
     
 x   1 0   x 
  →   ·  .
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

y 0 −1 y

Geometricamente:

Figura 4 − Reflexão de um vetor u sobre o eixo x

Podemos notar, no exemplo anterior, que o vetor sobre o eixo dos x se manteve inalterado.
De fato, observemos o que segue:
     
 1 0   x   x 
  ·   =  .
0 −1 0 0

Ainda mais, podemos verificar


 que
 esses vetores são os únicos com essa propriedade, ou seja, se
 x 
procurarmos outros vetores   tais que
y

     
 1 0   x   x 
 · = 
0 −1 y y

Autovalores e Autovetores
296 UNIDADE V

282

obtemos o seguinte sistema de equações lineares para ser resolvido:




 x + 0y = x

 0x − y = y

ou ainda 

 x=x
;

 −y = y

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e as únicas soluções desse sistema são vetores do tipo (x, 0), ou seja, são os vetores pertencentes
ao eixo dos x.

Autovalor de uma Transformação

Seja T : V → V um operador linear, um número real c será dito um autovalor de T se


existir um vetor não nulo v em V tal que: T (v) = cv. O vetor v é chamado de autovetor de T
associado a c.

Observemos que se v é um autovetor de um operador T associado a um autovalor c, então


todo múltiplo por escalar de v é também um autovetor de T associado a c. Mais ainda, se
A(c) = {v ∈ V ; T (v) = cv}, então A(c) é um subespaço vetorial de V chamado autoespaço de
T associado a c. Note que A(c) é formado pelo vetor nulo de V e por todos os autovetores de T
associados a c.

Exemplo 20: Considere T : R2 → R2 o operador linear dado por T (x, y) = (4x − y, 2x + y).
Queremos determinar c ∈ R e v = (x, y) ∈ R2 , não nulo, tais que T (x, y) = c(x, y), ou seja, tais
que (4x − y, 2x + y) = c(x, y). Equivalentemente, queremos determinar c ∈ R e v = (x, y) ∈ R2 ,
não nulo tais que 

 4x − y = cx
.

 2x + y = cy

Da primeira equação do sistema, isolamos y obtendo y = 4x − cx e substituı́mos esse

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


297

283

resultado na segunda equação, isto é,

2x + y = cy ⇒ 2x + 4x − cx = c(4x − cx)

⇒ 6x − cx = 4cx − c2 x

⇒ 6x − 5cx + c2 x = 0

⇒ x(6 − 5c + c2 ) = 0.

Essa última igualdade é satisfeita se x = 0 ou 6 − 5c + c2 = 0. Se x = 0 implica em y = 0, mas v


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

não é vetor nulo, logo, temos que resolver 6 − 5c + c2 = 0. Resolvendo essa equação, obtemos c = 2
ou c = 3. Portanto c = 2 e c = 3 são os autovalores de T . Vamos, agora, determinar os autovetores
de T associados a c = 2. Com o sistema que montamos no inı́cio desse exemplo, obtemos


 4x − y = 2x
,

 2x + y = 2y

o qual é equivalente à equação 2x − y = 0, cujo conjunto solução é dado por {(x, 2x); x ∈ R}.
Assim, os autovetores de T associados a c = 2 são os vetores da forma (x, 2x), com x ∈ R e x = 0.

Da mesma forma que fizemos para c = 2, vamos determinar os autovetores de T associados


a c = 3. Temos o seguinte sistema 

 4x − y = 3x
,

 2x + y = 3y

o qual é equivalente a equação x − y = 0, cujo conjunto solução é dado por {(x, x); x ∈ R}. Por-
tanto, os autovetores de T associados a c = 3 são os vetores da forma (x, x), com x ∈ R e x = 0.

Exemplo 21: Se I é matriz identidade de ordem n, então o único autovalor é c = 1. Qualquer


vetor não nulo v de Rn é um autovetor de I associado ao autovalor c = 1, pois

Iv = v = 1v.

Autovalores e Autovetores
298 UNIDADE V

284

Exemplo 22: Considere T : R2 → R2 o operador linear dado por T (x, y) = (−y, x). Se c ∈ R e
v = (x, y) ∈ R2 , v = 0, são tais que T (x, y) = c(x, y), então

(−y, x) = c(x, y),

equivalentemente, 

 cx = −y
,

 cy = x

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
donde obtemos a equação (c2 + 1)y = 0. Como c ∈ R, a equação (c2 + 1)y = 0 é satisfeita somente
quando y = 0. Mas se y = 0, implica x = 0, como v = 0, logo, concluı́mos que T não tem
autovalores nem autovetores.

POLINÔMIO CARACTERÍSTICO
POLINÔMIO CARACTERÍSTICO

Apresentaremos uma fórmula sistemática de calcular os autovalores de uma matriz quadrada


de ordem n. A cada matriz A ∈ Mn (R) associaremos um polinômio cuja propriedade de suas raı́zes
são exatamente os autovalores de A. Antes de apresentarmos formalmente esse polinômio, vejamos,
por meio de um exemplo, como ele surge naturalmente.

 
 1 1 
Exemplo 23: Vamos determinar os autovalores de A =   e seus respectivos autovetores
−2 4
associados.

Vejamos, queremos encontrar números reais λ e todos os vetores não nulos v = (x, y) ∈ R2
satisfazendo a equação
Av = λv,

ou seja,     
 1 1  x   x 
   = λ .
−2 4 y y

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


299

285

A qual podemos representar pelo seguinte sistema




 x + y = λx

 −2x + 4y = λy

ou ainda 

 (λ − 1)x − y = 0
.

 2x + (λ − 4)y = 0
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

E esse sistema é homogêneo de duas equações e duas incógnitas. Escalonando, obtemos




 (λ − 1)x − y = 0
 (λ − 1)(λ − 4) + 2y = 0
 

que terá solução não nula se, e somente se, (λ − 1)(λ − 4) + 2 = 0, o que é equivalente a
 
 λ − 1 −1 
det  =0
2 λ−4

ou, se preferir,  
 
 λ − 1 −1 
 
  = 0.
 
 2 λ−4 

Isto é, se, e somente se, o determinante da matriz associada ao sistema linear for nulo.

Simplificando a equação (λ − 1)(λ − 4) + 2 = 0, obtemos λ2 − 5λ + 6 = 0, ou ainda,


(λ − 2)(λ − 3) = 0 e, portanto, temos, para essa equação, λ = 2 e λ = 3. Logo, λ = 2 e λ = 3 são
os autovalores da matriz A.

Para encontrarmos os autovetores v = (x, y) ∈ R2 associados ao autovalor λ = 2, observemos


o sistema 

 x + y = 2x

 −2x + 4y = 2y

ou, equivalentemente, −x + y = 0. O que resulta na solução geral {(x, x); x ∈ R}. Portanto, os
vetores da forma (x, x) são os autovetores da matriz A associados ao autovalor λ = 2.

Polinômio Característico
300 UNIDADE V

286

De forma análoga, para encontrarmos os autovetores da matriz A associados ao autovalor


λ = 3, observemos o seguinte sistema


 x + y = 3x

 −2x + 4y = 3y

ou o mesmo que −2x + y = 0, cuja solução geral é dada por {(x, 2x); x ∈ R}. Portanto, os vetores
da forma (x, 2x) são os autovetores da matriz A associados ao autovalor λ = 3.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Notemos no exemplo anterior que o determinante transformou a equação matricial (λIn −
A)v = 0, que contém duas incógnitas, λ e v, na equação polinomial λ2 − 5λ + 6 = 0, que tem
uma variável só. Usaremos o processo apresentado nesse exemplo como o método padrão para
determinar os autovalores de uma matriz A ∈ Mn (R).
 
 −3 1 
Exemplo 24: Vamos verificar se os vetores u e v são autovetores de A, em que A =  ,
−5 3
   
 1   1 
u =   e v =  .
1 2

Para identificarmos se u é um autovetor de A, devemos verificar se existe um escalar λ ∈ R


tal que Au = λu. Temos
      
 −3 1   1   −2   1 
Au =    =   = −2   .
−5 3 1 −2 1

Assim, u = (1, 1) é um autovetor de A com autovalor correspondente λ = −2.

No caso do vetor v, temos


      
 −3 1   1   −1   1 
Av =    =   = λ   .
−5 3 2 1 2

Assim, não existe escalar λ ∈ R tal que Av = λv e, consequentemente, v = (1, 2) não é um auto-
vetor da matriz A.

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


301

287

Definição 7: Considere A uma matriz quadrada de ordem n. A matriz λIn − A, em que λ é


uma indeterminada, é chamada matriz caracterı́stica de A. O determinante dessa matriz é um
polinômio em λ, chamado polinômio caracterı́stico da matriz A e denotado por PA (λ).

Observação: Na definição, o polinômio caracterı́stico é PA (λ) = det(λIn − A), no entanto, ou-


tros livros adotam por definição o polinômio determinado por PA (λ) = det(A − λIn ), em ambas
situações, as raı́zes (autovalores) serão as mesmas, não interferindo no cálculo para os autoveto-
res. Apenas atente-se que, para matrizes de ordem ı́mpar, você poderá encontrar dois tipos de
polinômio caracterı́stico (opostos ou simétrico), dependendo de qual definição foi usada.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

 
 4 −1 
Exemplo 25: Considere a matriz A =  . A matriz caracterı́stica de A é
3 1

 
 λ−4 1 
λI2 − A =  
−3 λ − 1

e o polinômio caracterı́stico de A é
 
 
 λ−4 1 
 
PA (λ) =   = λ2 − 5λ + 7.
 
 −3 λ − 1 

 
 0 −1 
Exemplo 26: Consideremos a matriz A =  . A matriz caracterı́stica de A é a matriz
1 0

 
 λ 1 
 
−1 λ

e o polinônio caracterı́stico de A é
PA (λ) = λ2 + 1.

Podemos observar que as raı́zes do polinômio caracterı́stico encontrado no exemplo 24 são exa-
tamente os autovalores do exemplo 20. O mesmo ocorre com o exemplo 26 e 23. Esse resultado
não é por acaso. Acontece sempre, logo, podemos falar que as raı́zes não nulas do polinômio

Polinômio Característico
302 UNIDADE V

288

caracterı́stico são de fato os autovalores do operador linear dado.


 
 0 0 0 
 
Exemplo 27: Dada a matriz A =   0 1 0 , obtenha seu polinômio caracterı́stico.
 
0 0 2

Temos

 
 λ 0 0 

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
 
P (λ) = det(λI3 − A) = det 
 0 λ−1 0  = λ3 − 3λ2 + 2λ,

 
0 0 λ−2

por outro lado, temos

 
 −λ 0 0 
 
P (λ) = det(A − λI3 ) = det 
 0 1−λ 0  = −λ3 + 3λ2 − 2λ.

 
0 0 2−λ
 
 0 1 
Exemplo 28: Dada a matriz A =   , obtenha seus autovalores e autovetores.
3 2

Temos que
     
 0 1   1 0   −λ 1 
P (λ) = det(A − λI2 ) = det   − λ  = det   = λ2 − 2λ − 3
3 2 0 1 3 2−λ

Autovalores (P (λ) = 0)
temos λ2 − 2λ − 3 = 0 se, e somente se, λ1 = 3 e λ2 = −1.

Autovetor
Para λ1 = 3, temos
Av = λv
     
 0 1   x   x 
 .  = 3 
3 2 y y

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


303

289
   
 y   3x 
 = .
3x + 2y 3y

Segue que  

 
 −3x + y = 0
y = 3x
→ → SPI → y = 3x.

 3x + 2y = 3y 
 0=0

Como v = (x, y), logo, v1 = (x, 3x) é o autovetor associado ao autovalor λ1 = 3, com x = 0.

Para λ2 = −1, temos


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Av = λv
     
 0 1   x   x 
  .   = (−1).  
3 2 y y
   
 y   −x 
 = .
3x + 2y −y

Segue que  

 
 x+y =0
y = −x
→ → SPI → y = −x.

 3x + 2y = −y 
 0=0

Como v = (x, y), logo, v1 = (x, −x) é o autovetor associado ao autovalor λ2 = −1, com x = 0.

Observe que se T : R2 → R2 é uma transformação linear T (x, y) = (ax + by, cx + dy), a


matriz da transformação é  
 a b 
A= .
c d

Exemplo 29: Determine os autovalores e os autovetores da transformação linear T : R2 → R2


dada por T (x, y) = (y, 3x + 2y).
 
 0 1 
A matriz dessa transformação é dada por A =   que é a mesma do exemplo 28,
3 2
logo, os autovalores são λ1 = 3 e λ2 = −1 com seus autovetores v1 = (x, 3x) e v2 = (x, −x), x = 0.

Polinômio Característico
304 UNIDADE V

290

Exemplo 30: Seja T : R3 → R3 uma transformação linear definida por

T (x, y, z) = (3x − 4z, 3y + 5z, −z),

determine:
I) A matriz da transformação.
II) Seus autovalores.
III) Seus autovetores.

Note que

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
T (x, y, z) = (3x − 4z, 3y + 5z, −z)

pode ser reescrita como

T (x, y, z) = (3x + 0y − 4z, 0x + 3y + 5z, 0x + 0y − 1z),

logo, a matriz da transformação é


 
 3 0 −4 
 
A= 
 0 3 5 .
 
0 0 −1

Seu polinômio caracterı́stico é dado por


 
 3−λ 0 −4 
 

P (λ) = det  0 3−λ 5  = (3 − λ).(3 − λ).(−1 − λ).

 
0 0 −1 − λ

Assim, seus autovalores são λ1 = 3 e λ2 = −1.

Para λ1 = 3, temos
     
 3 0 −4   x  x 
     
 0 3 5  .  y  = 3.  y 
     
     
0 0 −1 z z

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


305

291
   
 3x − 4z   3x 
   
 3y + 5z  =  3y  ,
   
   
−z 3z

logo,
 

 


 3x − 4z = 3x 
 −4z = 0
 
 3y + 5z = 3y →  5z = 0

 


 −z = 3z 
 −4z = 0
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

   
 0 0 −4 0   0 0 1 0 
   
 0 0 5 0  →  0 0 0 0 .
   
   
0 0 −4 0 0 0 0 0

Como pA = pC = 1, logo, o sistema possui solução, mas sendo n = 3 > 1 = p, temos um SPI
(infinitas soluções) com grau de liberdade n − p = 3 − 1 = 2 (variáveis livres). Assim,
  


 0 0 1 0  
 z=0
  
 0 0 0 0 → 0=0 .
  
  


 0=0
0 0 0 0

Portanto, seus autovetores são da forma v1 = (x, y, 0) com x = 0 ou y = 0.

Agora, para λ2 = −1, temos


     
 3 0 −4   x   x 
     
 0 3 5  .  y  = −1.  y 
     
     
0 0 −1 z z

   
 3x − 4z   −x 
   
 3y + 5z  =  −y  ,
   
   
−z −z

logo,

Polinômio Característico
306 UNIDADE V

292

 

 


 3x − 4z = −x 
 4x − 4z = 0
 
 3y + 5z = −y →  4y + 5z = 0

 


 −z = −z 
 0=0
   
 4 0 −4 0   1 0 −1 0 
   
 0 4 5 0  →  0 1 5/4 0  .
   
   
0 0 0 0 0 0 0 0

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesse sistema temos pA = pC = 2, mas sendo n = 3 > 2 = p, logo, o SPI (infinitas soluções) com
grau de liberdade n − p = 3 − 2 = 1. Assim,
   

 

 1 0 −1 0  
 x − z = 0 
 x=z
   
 0 1 5/4 0  → y + 5/4z = 0 →  y = −5/4z .
  
  
 


 

0 0 0 0 0=0 0=0

Portanto, v2 = (z, −5/4z, z), com z = 0 é o autovetor associado ao autovalor λ2 = −1.

Exemplo 31: Vamos determinar os autovalores e autovetores da matriz


 
 5 −2 1 2 
 
 
 0 3 −6 3 
A=

.

 0 0 5 −5 
 
 
0 0 0 0

Temos que o polinômio caracterı́stico dessa matriz é


 
 
 λ−5 2 −1 −2 

 
 
 0 λ−3 6 −3 
PA (λ) = det(λI4 − A) =   = λ(λ − 3)(λ − 5)2 ,

 0 0 λ − 5 5 

 
 
 0 0 0 λ 

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


307

293

cujas raı́zes são 0, 3, 5 e 5. Portanto, os autovalores da matriz A são 0, 3, 5 e 5. Mas observemos


que os autovalores 0 e 3 têm multiplicidade algébrica 1, enquanto o autovalor 5 aparece com
multiplicidade algébrica 2. Vamos, agora, calcular os autovetores associados em cada caso.
Para o autovalor λ = 0, temos que os autovetores associados v = (x, y, z, w) satisfazem o sistema
linear
(0I4 − A)v = 0,

isto é,     
 −5 2 −1 −2   x   0 
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

    
    
 0 −3 6 −3   y   0 
  = 
    
 0 0 −5 5   z 
   
   0 
    
0 0 0 0 w 0

ou, ainda, 



 −5x + 2y − z − 2w = 0

 −3y + 6z − 3w = 0 ,



 −5z + 5w = 0

o qual possui como solução geral o conjunto {(−w/5, w, w, w)w ∈ R}. Portando, os autovetores
 
associados ao autovalor λ = 0 são da forma v = − w5 , w, w, w , com w ∈ R.
Analogamente, os autovetores associados ao autovalor λ = 3 satisfazem a seguinte equação

(3I4 − A)v = 0,

isto é,     
 −2 2 −1 −2   x   0 
    
    
 0 0 6 −3   y   0 
   =  ,
    
 0 0 −2 5   z   0 
    
    
0 0 0 3 w 0

cujas soluções são da forma v = (x, x, 0, 0), com x ∈ R.

Por final, vamos obter os autovetores da matriz A associados ao autovalor λ = 5 resolvendo

Polinômio Característico
308 UNIDADE V

294

o seguinte sistema
(5I4 − A)v = 0,

isto é,     
 0 2 −1 −2   x   0 
    
    
 0 2 6 −3   y   0 
  = 
    
 0 0 0 5  z   0 
    
    
0 0 0 5 w 0

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
equivalente a     
 0 1 0 0  x   0 
    
    
 0 0 1 0  y   0 
  = 
    
 0 0 0 1   z   0 
    
    
0 0 0 0 w 0

de onde obtemos soluções da forma v = (x, 0, 0, 0), com x ∈ R.

PRODUTO INTERNO, TRANSFORMAÇÕES LINEARES, AUTOVALORES E AUTOVETORES


309

295

CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, definimos produto interno: uma importante relação definida em espaços
vetoriais, que associa um número real a cada par de vetores do espaço. A partir da definição de
produto interno, pudemos determinar a norma de um vetor e o ângulo definido por dois vetores.
Vimos, também, o conceito de ortogonalidade de vetores. Na sequência definimos uma função
especial chamada de Transformação Linear, o fato mais relevante é que podemos determinar uma
transformação linear a partir da sua aplicação nos vetores de uma base apenas. Assim, o número
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de informações necessárias a respeito de uma transformação linear, para que a conheçamos com-
pletamente, é igual à dimensão do espaço vetorial no qual ela é definida. Isso é uma especificidade
das transformações lineares: nenhuma outra função permite uma manipulação tão simples. É por
essa qualidade, em particular, que as transformações lineares são, por excelência, as funções usadas
na computação em geral.

Vimos também conceitos importantes e essenciais para o estudo da Álgebra Linear. As


noções de autovetor e autovalor de uma transformação linear (ou matriz) são fundamentais, por
exemplo, em Fı́sica Atômica, porque os nı́veis de energia dos átomos e moléculas são dados por
autovalores de determinadas matrizes. Também o estudo dos fenômenos de vibração, análise de
estabilidade de um avião e muitos outros problemas de Fı́sica levam à procura de autovalores e
autovetores de matrizes. Autovalores e autovetores também são utilizados na resolução de sistemas
de equações diferenciais, e muitas situações fı́sicas são descritas por um sistema de equações dife-
renciais. Você terá conhecimento de equações diferenciais mais adiante no curso, nas disciplinas de
Cálculo. Outra aplicação importante desses conceitos é a classificação de cônicas e quádricas, nela,
autovalores e autovetores são usados para normalizar formas quadráticas. Mais especificamente,
elas são usadas para encontrar mudanças de referencial que permitem identificar quais as figuras
geométricas que representam certas equações no plano e no espaço.

Podemos ver que os conteúdos estudados neste curso são aplicados em diversas áreas da
ciência. Nos preocupamos em formalizar os conceitos matemáticos e sugerimos ao(à) leitor(a) que
na sequência de seus estudos, quando se deparar com situações-problema que recaia em situações
envolvendo a Álgebra Linear, lembre-se que existe todo um embasamento teórico para justificar e
resolvê-las quando possı́vel.

Considerações Finais
310

299

ATIVIDADE DE ESTUDO

1) Normalize cada um dos seguintes vetores no espaço euclidiano R3 :


a) u = (2, 1, −1)
b) v = (1/2, 2/3, −1/4)

2) Verifique em cada caso se T é uma transformação linear:


a) T : R3 → R2 definida por T (x, y, z) = (x, 3x − y)
b) T : R2 → R definida por T (x, y) = 5x − 2y
c) T : R2 → R2 definida por T (x, y) = (x + y, x − 1)
d) T : R2 → R2 definida por T (x, y) = (y, x2 )

3) Seja T : R3 → R3 dada por T (x, y, z) = (−z, x + y, z), obtenha uma base para:
a) N uc(T )
b) Im(T )
c) Conclua que dim N uc(T ) + dim Im(T ) = dim R3

4) Seja T : R2 → R a transformação linear para a qual T (1, 1) = 3 e T (0, 1) = −2, encontre


T (x, y), para (x, y) ∈ R2 .

5) Verifique se o vetor v ∈ V pertence ao núcleo da transformação linear T : V → W , em cada


caso:
a) V = R3 , W = R2 , T (x, y, z) = (x + y − z, 3y + z), v = (4, −1, 3)
b) V = R3 , W = R2 , T (x, y, z) = (x + y − z, 3y + z), v = (1, −1, 2)

   
 a11 a12   1 −3 
c) V = M2 (R), W = R, T   = a11 + a12 + 2a21 + 2a22 , v =  
a21 a22 5 2
   
 a11 a12   1 3 
d) V = M2 (R), W = R, T   = a11 + a12 + 2a21 + 2a22 , v =  
a21 a22 3 −5

6) Determine a dimensão e uma base para o núcleo, a dimensão e uma base da imagem da trans-
formação linear T : R3 → R2 dada por T (x, y, z) = (y − 2z, x − y − z).
311

300

7) Determine os autovalores e os autovetores das seguintes transformações lineares:

a) T : R2 → R2 dada por T (x, y) = (x + 2y, x)

b) T : R3 → R3 dada por T (x, y, z) = (x, −2x − y, 2x + y + 2z)

c) T : R2 → R2 dada por T (x, y) = (2x + y, 4x + 5y)

8) Determine os autovalores e os autovetores dos seguintes operadores cujas matrizes na base


canônica são:
 
 
   4 0 0 0 
 
 1 0 0   
 2 2     0 2 0 0 
a) A =   b) A =  
 −1 0 −2  c) A = 



2 2    0 0 2 0 
 
1 1 3  
0 −1 0 −3
312

296

LEITURA COMPLEMENTAR

A MATEMÁTICA DOS CÓDIGOS DE BARRAS


Um código de barras não é mais do que um número, assignado ao produto para sua identifi-
cação, escrito de forma a permitir uma leitura rápida no caixa. Imediatamente abaixo das barras,
aparece o mesmo número escrito em algaritmos correntes, de forma que o leitor humano também
possa ler o número.

Vamos fazer algumas considerações sobre a leitura de um código de barras: primeiro que
o desenho das barras é totalmente simétrico para a máquina, que o lê usando um feixe de luz
transversal, ao passá-lo “de ponta cabeça”, ela não deveria ler o número na ordem contrária? E, o
que é pior, o operador do caixa, ao digitar o número rapidamente, não poderia cometer um erro
fazendo com que paguemos por um produto muito mais caro do que aquele que estamos comprando?
Na verdade, isso não ocorre. Tanto quando lido numa ordem, como na ordem contrária, o código
sempre é interpretado de forma correta. Mais ainda, quando o operador comete algum erro de
digitação - e todos nós já vimos isso acontecer alguma vez - a máquina simplesmente emite um
som, para avisar que houve um erro.

Se observamos um código de barras, notamos imediatamente que ele é formado por listras
brancas e pretas alternadas, de espessura variável. Há, na verdade, quatro espessuras possı́veis
para essas listras, que podem ser classificadas como finas, médias, grossas ou muito grossas. Vamos
utilizar o sı́mbolo 0 para indicar uma listra branca fina, o sı́mbolo 00 para uma listra branca
média, 000 para uma listra branca grossa e 0000 para uma muito grossa. Da mesma forma,
vamos representar por 1, 11, 111 e 1111 uma listra preta fina, média, grossa ou muito grossa,
respectivamente. Assim, as primeiras quatro listras da figura (sem contar, é claro, as listras que
servem de limite e que aparecem mais compridas na figura), que são uma listra branca grossa, uma
preta média, uma branca fina e uma preta fina respectivamente, podem ser representadas pela
sequência 0001101.

Há dois tipos de códigos, o UPC-A e EAN-13. No código EAN há um dı́gito a cada código,
de modo a permitir a identificação do paı́s de origem do produto. Por exemplo, o código de barras
de todos os produtos produzidos no Brasil começa com a sequência 789, que é a que identifica o
paı́s.
313

297

A detecção de erros - aplicação

Para compreender como funciona o processo de detecção de erros, precisamos entender,


inicialmente, como se atribui a cada produto o dı́gito de verificação. Suponhamos que um de-
terminado produto está identificado, no sistema EAN-13, por uma dada sequência de dı́gitos
a1 a2 . . . a12 a13 . Como os primeiros dı́gitos identificam o paı́s de origem, o fabricante e o pro-
duto especı́fico, os primeiros doze dı́gitos da sequência estão determinados naturalmente por um
método padrão, a cargo de uma autoridade classificadora em cada paı́s. Denotaremos o décimo
terceiro dı́gito, de verificação, por x. Para facilitar nossa exposição, vamos escrever essa sequên-
cia como um vetor: α = (a1 , a2 , . . . , a11 , a12 , x). O sistema EAN-13 se utiliza de um vetor fixo,
que chamaremos vetor de pesos, que é w = (1, 3, 1, 3, 1, 3, 1, 3, 1, 3, 1, 3, 1). Calcula-se, então, o
“produto escalar” de ambos vetores: α, w = (a1 , . . . , a12 , x), (1, 3, 1, 3, 1, 3, 1, 3, 1, 3, 1, 3, 1) =
= a1 + 3a2 + a3 + 3a4 + a5 + 3a6 + a7 + 3a8 + a9 + 3a10 + a11 + 3a12 + x. Agora, o dı́gito de verificação
x se escolhe de forma tal que a soma anterior seja múltipla de 10, isto é, tal que α, w = 0(mod10).
Por exemplo, no caso do código da figura anterior, os números que indicam o paı́s de origem, o
fabricante e o produto são 789500026624. Vamos ver como foi determinado o dı́gito de verifi-
cação. Chamando esse dı́gito de x e fazendo o “produto escalar” com o vetor de pesos, temos:
7 + 3 × 8 + 9 + 3 × 5 + 0 + 3 × 0 + 0 + 3 × 2 + 6 + 3 × 6 + 2 + 3 × 4 + x = 99 + x. Consequentemente,
deve-se tomar x = 1.

Vejamos agora um exemplo de como funciona a detecção de erros. Um livro do autor


recebeu o código de barras 9781402002380. Suponhamos que, por um erro de digitação no quarto
dı́gito, esse número é transmitido como α = 9782402002380. Ao fazer a verificação de leitura, o
computador que recebeu a informação faz a operação α, w e obtém: 9 + 3 × 7 + 8 + 3 × 2 + 4 +
3 × 0 + 2 + 3 × 0 + 0 + 3 × 2 + 3 + 3 × 8 + 0 = 73. Como o resultado não é um múltiplo de 10, ele
avisa que foi cometido algum erro.
314

298

Assim, o sistema detecta todo erro de transposição cometido.

Leia o artigo na ı́ntegra em: <http://mat.ufg.br/bienal/2006/mini/polcino.pdf>.

Fonte: adaptado por Milies (2006, on-line)1 .


MATERIAL COMPLEMENTAR

Este é um ótimo vídeo do professor Elon Lages Lima sobre o estudo de Matrizes. Além das opera
ções fundamentais de matrizes, Lima aborda algumas aplicações das matrizes. Tais aplicações
foram abordadas no decorrer deste livro. O vídeo enriquecerá bastante o assunto tratado.
<https://www.youtube.com/watch?v=eEbp3aKFoIA>.

O link a seguir nos dá acesso a uma página com vários exemplos de aplicações de Geometria
Analítica e Álgebra Linear às mais diversas áreas científicas e tecnológicas. Ela está aberta a
contribuições de professores, alunos, ex-alunos e profissionais.
<http://www.mat.ufmg.br/gaal/aplicacoes/aplicacoes.html>

Material Complementar
REFERÊNCIAS 303

Referências

ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra linear com aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2008.

BOLDRINI, J. M. et al. Álgebra linear. 3. ed. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1980.

CALLIOLI, C. A. et al. Álgebra linear e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atual, 1990.

HOFFMAN, K.; KUNZE, R. Álgebra linear. Traduzido por Adalberto P. Bergamasco. São
Paulo: Polı́gono, 1970.

LIMA, E. L. Álgebra linear. 8. ed. Rio de Janeiro: Impa, 2009.

LIPSCHUTZ, S. Álgebra linear. 4. ed. Traduzido por Dr. Carlos Ivo Doering. Porto Alegre:
Bookman, 2011. Tradução da 4. ed. norte-americana - All Tasks. (coleção Schaum)

STEINBRUCH, A.; WINTERLE, P. Álgebra linear. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1987.

STRANG, G. Álgebra linear e suas aplicações. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Tradução
da 4. ed. norte-americana - All Tasks.

Referências On-line
#Referências on-line#
1 - <http://mat.ufg.br/bienal/2006/mini/polcino.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2014.
#Referências on-line#
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GABARITO
GABARITO

Unidade V

1) √ √ √  2)
6 6 6 a) T é uma transformação linear
a) w = , ,
3 6 6
 √  b) T é uma transformação linear
√ √
6 109 8 109 3 109 c) T não é uma transformação linear
b) w = , ,−
109 109 109
d) T não é uma transformação linear

3) 5) 6)
a) {(−1, 1, 0)} a) v ∈ nuc(T ) Base para o Núcleo: {(1, 2, 1)}
b) {(−1, 0, 1), (0, 1, 0)} b) v ∈
/ nuc(T ) dim N uc(T ) = 1
4) c) v ∈
/ nuc(T ) Base para Imagem: {(0, 1), (1, −1)}
T (x, y) = 5x − 2y d) v ∈ nuc(T ) dim Im(T ) = 2

7) 8)
a) λ1 = 2 e λ2 = −1 a) λ1 = 0, λ2 = 4 e v1 = (−y, y)
v1 = (2y, y) e v2 = (−y, y) com y = 0 v2 = (y, y) com y = 0
b) λ1 = 1, λ2 = −1, λ3 = 2, v1 = (−z, z, z), b) λ1 = 1, λ2 = 2, v1 = (−y − z, y, z) e
v2 = (0, −3z, z) e v3 = (0, 0, z) com z = 0 v2 = (0, −z, z) com y e z = 0
y 
c) λ1 = 6, λ2 = 1, v1 = ,y c) λ1 = 4, λ2 = 2, λ3 = −3, v1 = (x, 0, z, 0),
4
e v2 = (−y, y) com y = 0 v2 = (0, −5t, z, t) e v3 = (0, 0, 0, t) com x ou
z = 0 e t = 0
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CONCLUSÃO
CONCLUSÃO

Caro(a) leitor(a), escrever as unidades sobre Geometria Analı́tica foi um grande desafio,
visto a enorme responsabilidade, por se tratar de uma das bases da matemática do ensino superior,
e também de extrema importância para as mais diversas áreas de conhecimento, das ciências
exatas e engenharias. A proposta deste material foi apresentar a Geometria Analı́tica de maneira
construtiva, com muitos exemplos e ilustrações que pudessem facilitar a compreensão dos assuntos
abordados.

No inı́cio da unidade 1, fizemos um estudo bem detalhado com os vetores, sua interpretação
geométrica por meio de coordenadas, vimos o conceito de combinação linear, produto interno,
produto vetorial e produto misto. É importante saber que os conceitos sobre vetores e multiplicação
de vetores têm extrema importância para o ramo da Fı́sica, pois essas teorias auxiliam na descrição
de vários fenômenos fı́sicos, desde a mecânica clássica até o eletromagnetismo. No final da unidade
1, estudamos as retas e os planos, deduzimos várias equações, sempre partindo dos conceitos
estudados no inı́cio da unidade, mostrando, assim, a importância dos vetores com suas teorias.

Dando continuidade em nossos estudos, vimos as equações de grau dois com duas variáveis
no plano cartesiano e obtemos as curvas cônicas. E, para concluir, na unidade 2, sobre Geometria
Analı́tica, fizemos um estudo bem detalhado das superfı́cies quádricas, sendo essa última um dos
principais objetivos deste material.

Nas três última unidade, abordamos os conteúdos da Álgebra Linear, que dão sequência
nos estudos da Geometria Analı́tica, no entanto, com foco nas equações lineares, matrizes, com
sua estrutura algébrica “herdadas” dos vetores no plano e no espaço tridimensional. O estudo
desta área é muito importante em alguns cursos. Finalizamos nossos estudos com os autovalores
e autovetores, que podem ser usados para solucionar equações diferenciais que descrevem um
sistema, como ondas, molas e queda de objetos. A Álgebra Linear fornece uma base para cálculos
mais avançados. No decorrer deste livro, vocês puderam perceber que em quase todos os tópicos
discutidos, utilizamos Matrizes ou Sistemas de Equações Lineares. Podemos dizer que as Matrizes
são uns dos alicerces para o estudo da Álgebra Linear.

Espero que o livro apresentado aqui possa, de alguma maneira, ter contribuı́do para seu
aprendizado e, principalmente, tenha dado uma base sólida para continuidade dos seus estudos.

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