APOSTILA 03 - Cartilha Do Pedreiro
APOSTILA 03 - Cartilha Do Pedreiro
APOSTILA 03 - Cartilha Do Pedreiro
2ª edição
P A T R O C Í N I O
cartilha do
pedreiro
2ª edição
AUTORES
cartilha do pedreiro
EDUNEB
Salvador - BA
2010
Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Pró-Reitoria de Extensão - PROEX
Núcleo de Pesquisa e Extensão em Habitação Popular - Thaba
Conselho Editorial
Delcele Mascarenhas Queiroz
Suplentes
Kiyoko Abe Sandes
Ficha Técnica
Cartilha do Pedreiro / Organizada por Adilson Brito de Arruda Filho; Sandro Luiz da Silva;
Warley Pitanga Sousa. Salvador: EDUNEB, 2010.
72p: il.
ISBN: 978-85-7887-055-3
CDD: 370.113098142
Os autores
1. Introdução 09
2. Noções Básicas 10
3. Leitura e Interpretação de Projetos 16
4. Materiais de Construção 20
5. Ferramentas 25
6. Locação da Obra 30
7. Escavação 36
8. Fundação 38
9. Parede 46
10. Acabamento 54
11. Bibliografia 66
1. Introdução
O pedreiro é o profissional da obra que atua na construção das etapas de fundação, estru-
tura, paredes e acabamento. Ele deve ter conhecimento sobre o emprego de materiais,
ferramentas, equipamentos e as técnicas utilizadas na construção.
Deve conhecer o funcionamento de um canteiro de obras e suas instalações. Ter noções
sobre instalações de água e esgoto, instalações elétricas, saber ler e interpretar projetos
arquitetônicos e ter conhecimento sobre cálculos de área e volume são conhecimentos
essenciais que completam a formação do pedreiro.
2. Noções Básicas
2.1. Nivelamento
Operação que consiste em transportar uma referência de nível marcada em uma determi-
nada altura para outro local, estabelecendo assim um plano horizontal. Numa obra a refe-
rência de nível (marca) é estabelecida a 1,0 metro do nível do piso pronto e transportada
para as paredes dos outros cômodos. É através do nivelamento que marcamos as alturas
da alvenaria, dos vãos de janelas e portas, do pé direito, das alturas do piso e contrapiso
na pavimentação.
A ferramenta utilizada para realizar o nivelamento é a mangueira de nível e no caso de
vãos pequenos o nível manual.
nível da água
A B
linha de nivelamento
mangueira
Obs: A mangueira deve estar preenchida com água e sem bolhas de ar.
10 CARTILHA DO PEDREIRO
2.2. Alinhamento
Operação que consiste em posicionar numa mesma direção, através de uma linha, os
elementos de uma construção.
Para se utilizar a técnica do alinhamento é necessário que esteja estabelecido o ponto
inicial e final do mesmo e a partir daí fixar uma linha (linha de pedreiro) entre estes pontos.
Numa obra utiliza-se este procedimento no levante de parede ao construir as fiadas de
blocos cerâmicos, no assentamento das mestras intermediárias dos revestimentos de pa-
rede e piso.
alinhamento da fiada
linha de pedreiro
2 . N o ç õ es B á sicas 11
2.3. Esquadro
12 CARTILHA DO PEDREIRO
2.4. Prumada
Cálculo da Área
É obtido pelo produto (multiplicação) de duas dimensões (comprimento x largura).
Ex.: Para calcularmos a área de um quarto com as dimensões de 4 por 3 metros:
A (área) = 4 m x 3 m. A = 12 m²
Cálculo do Volume
É obtido pelo produto (multiplicação) de três dimensões (comprimento x largura x
altura). Ex.: Para calcularmos o volume de uma lata com as dimensões de 0,21 m (com-
primento), 0,21 m (largura) e 0,41 m (altura):
V (volume) = 0,21 m x 0,21 m x 0,41 m. V = 0,018 m³
2 . N o ç õ es B á sicas 13
2.6. A Argamassa
É a mistura de cimento, areia e água com ou sem outros elementos como arenoso, saibro e
a cal. É utilizada nas alvenarias, nas fundações de pedra, nos revestimentos de paredes, etc.
A resistência, a facilidade de trabalho, a qualidade das argamassas dependem da qualida-
de dos materiais empregados, de suas proporções (traços) e da quantidade de água na
mistura.
Na pavimentação (pisos e contrapisos), no assentamento de piso cerâmico e azulejos, etc.
devemos sempre preparar a quantidade de argamassa necessária para que não ocorra o
endurecimento da mesma antes de sua aplicação.
Deve-se também reutilizar as argamassas retiradas ou caídas das alvenarias e revestimen-
tos quando removidas sem sujeiras.
2.7. O Concreto
14 CARTILHA DO PEDREIRO
misturá-lo de forma a obter um material uniforme com partes iguais em toda a sua com-
posição.
O preparo do concreto pode ser manual ou mecânico. Para preparar o concreto manual
é necessário que se tenha uma área pavimentada com um piso cimentado ou com um
lastro de madeira sobre o chão. O preparo mecânico é realizado por um equipamento
chamado betoneira que é uma caçamba acionada por um motor elétrico ou a combustão,
que gira misturando os componentes do concreto.
2.8. Traços
2 . N o ç õ es B á sicas 15
3. Leitura e Interpretação
de Projetos
3.1. Plantas
A planta é um projeto que representado no papel, indica o que se vai construir numa
obra. A planta baixa é o projeto de que se faz uso logo na locação da obra, é através dela
que obtemos as distâncias que serão marcadas no gabarito dos vãos dos cômodos.
Utiliza-se também para a marcação da alvenaria de bloco cerâmico, marcação dos vãos de
janelas e portas, basculantes, combogós, vãos livre, etc.
As medidas de comprimento e largura dos vãos dos cômodos são chamados de cotas. São
os números escritos em cima das linhas e entre duas linhas laterais, geralmente fora das
paredes. As unidades de medida das cotas são o metro ou o centímetro.
A planta mostra:
• As paredes dos cômodos (quartos, salas, cozinhas, etc.), com suas dimensões;
• Espessura das paredes;
• Localização, altura e dimensões de portas, janelas, combogós, basculantes, etc.;
• Piso com localização de aparelhos sanitários, pias, lavanderias e conforme o caso, mó-
veis;
• Nome dos cômodos e suas respectivas áreas;
• Projeção do telhado (indicação da largura do beiral);
• Posição do corte, conforme a necessidade, posição do reservatório de água;
• Carimbo.
PROJETO AR
CAM.: QD.: LT.: PROP.:
16 CARTILHA DO PEDREIRO
3.2. Corte
O corte mostra:
• A altura das paredes (empenas) que irão apoiar o telhado;
• A posição das peças do telhado;
• A altura do pé direito (altura que vai do piso pronto até o teto da casa) e de portas,
janelas, combogós, basculantes, etc.;
• A indicação dos cômodos e cotas;
• Carimbo.
PROJETO AR
CAM.: QD.: LT.: PROP.:
18 CARTILHA DO PEDREIRO
3 . L E I T U R A E I N T E R P R E TA Ç Ã O D E P R O J E T O S 19
4. Materiais de Construção
Materiais de construção são todos os materiais utilizados nas obras (construção de casas,
prédios, etc.), podendo ser obtido da natureza ou através da intervenção do homem para
produzi-los.
4.1. Agregados
São materiais que constituem grande parte da composição das argamassas e dos concre-
tos. Têm menor custo e sua presença proporciona maior resistência ao desgaste.
São classificados em naturais ou artificiais, miúdos ou graúdos e em leves, normais ou
pesados. Exemplos: Areia, Arenoso e Brita.
Areia - Componente das argamassas e dos concretos. É um agregado miúdo. São ma-
teriais minerais que se apresentam sob forma de grãos. A areia de boa qualidade é aquela
em que não há presença de raizes, barro, óleo ou graxa e outros tipos de sujeira. Classifi-
cam-se em areias finas, médias ou grossas. A unidade de medida da areia é o m³ (metro
cúbico).
Arenoso - Material de origem mineral sob a forma de grãos finos. É um agregado mi-
údo. Faz parte das argamassas e na sua composição encontra-se a argila, um tipo de solo
que dá liga (cola) quando misturado com água. Tem a aparência de barro. A unidade de
medida do arenoso é o m³ (metro cúbico).
20 CARTILHA DO PEDREIRO
Brita - Componente dos concretos. É um agregado graúdo. Material que resulta da
quebra de pedaços pequenos de rochas através do britamento de pedras nas pedreiras. A
brita utilizada na construção deve ser limpa, sem presença de terra ou barro e sem pó de
pedra. A unidade de medida da brita é o m³ (metro cúbico).
Os tipos de brita são classificados segundo suas dimensões:
4.2. Aglomerantes
São os materiais que unidos aos agregados formam os concretos ou as argamassas. Também
chamados de ligantes, pois são componentes que dão liga, ou seja, têm a propriedade de
unir os agregados. Alguns exemplos são: Cimento, gesso e cal.
Cimento - Material que dá liga (cola) aos componentes das argamassas e dos con-
cretos. Quando em contato com a água, ocorrem reações químicas e endurece. Com o
passar do tempo torna-se mais forte atingindo maior resistência aos 28 dias de idade.
O cimento é vendido em sacos de 25 e 50 quilos.
250
180
80
kg/cm³
dias 3 7 28
4 . M AT E R I A I S D E C O N S T R U Ç Ã O 21
Cuidados quanto ao estoque de cimento:
• Proteger da chuva e do contato direto com o chão e paredes expostas à umidade;
• Empilhar no máximo 10 sacos por fileira;
• Usar o cimento de forma a não envelhecer na obra.
Gesso - Material à base de gipsita usado em paredes, forros e pinturas. Pó branco que
misturado com água forma uma pasta e seu momento de pega ou endurecimento é mais
rápido com menos água. O gesso em pó é vendido em kg. Também pode ser vendido em
placas ou tijolos.
4.3. Outros
Água - Utilizada nas argamassas e nos concretos. Deve ser limpa, cristalina, isenta de
óleos e graxas, e que possa ser utilizada para o consumo humano (potável). A unidade de
medida da água é o litro.
Aço - Usado nas ferragens de concreto armado. Vendido em quilos sob a forma de varas
ou rolos. São utilizados nos concretos de lajes, vigas, pilares e vergas.
Saibro - Material usado como componente das argamassas. É rico em argila e tem a
aparência de barro. A unidade de medida é o metro cúbico (m³).
Azulejo - Material cerâmico impermeável à água com uma das faces lisas e vidradas e
outra rústica ou porosa. Destina-se ao revestimento de paredes que devam ser laváveis. A
unidade de medida é o metro quadrado (m²).
22 CARTILHA DO PEDREIRO
Ladrilho Cerâmico - São placas de materiais cerâmicos impermeáveis à água, com
uma das faces lisa e vidrada e a outra rústica e porosa. Destina-se aos revestimentos de
pisos laváveis dos banheiros, cozinhas, áreas de serviços, copas, varandas, etc. Existem
com diversos padrões e dimensões. A unidade de medida é o metro quadrado (m²).
Vidro - Material utilizado principalmente nas esquadrias de portas e janelas. Deve ser
bem plano, com espessura regular, sem bolhas, rachaduras, manchas ou estrias. A unida-
de de medida é o metro quadrado (m²). Apresenta-se nos seguintes tipos:
• Vidro liso e vidro fantasia (martelado, canelado, etc.);
• Quanto à cor: Vidro incolor, colorido e leitoso, etc;
Telha - Material utilizado nas coberturas. Existem diversos tipos sendo os mais comuns:
Telha de barro, de fibrocimento, de alumínio e de ferro zincado.
4 . M AT E R I A I S D E C O N S T R U Ç Ã O 23
Metais - Materiais utilizados nas esquadrias (portas, janelas e basculantes), grades e
portões, além de peças e acessórios para instalações hidráulicas. Exemplo: torneiras e
registros, fechaduras e dobradiças, etc.
Tijolos - São materiais componentes das alvenarias, assentados com argamassa, utiliza-
dos na construção de paredes e de fundações. Tipos de Tijolos:
24 CARTILHA DO PEDREIRO
5. Ferramentas
A utilização das ferramentas apropriadas para cada etapa de serviço é importante para o
bom desempenho das atividades. Algumas ferramentas têm uso especifico, outras po-
dem ser utilizadas em varias etapas da construção.
As ferramentas devem estar sempre em boas condições de uso e ser guardadas em locais
adequados ao final de cada jornada de trabalho.
Alavanca - Utilizada para corte de terreno Alicate - Utilizado para corte, amarração
muito duro. de fios e arames.
Arco de serra - Utilizado para corte de bar- Balde - Utilizado para medir água, trans-
ras de aço, tubos metálicos ou de pvc. portar materiais e fabricar concreto.
Bandeja - Caixa de madeira ou metal utili- Carro de mão - Utilizado para transporte
zada para colocação de argamassa. de materiais e de entulho na obra.
5 . F E R R A M E N TA S 25
Cavadores - Utilizado para abertura de Chave para dobrar ferro- Utilizado para
furos no terreno. Há dois tipos de cavado- dobrar barras de aço.
res: o de uma face e o de duas faces.
1 2 3 4 5 6 7 8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Esquadro - Utilizado para verificar ângu- Facão - Utilizado para cortar e afiar peda-
los retos (90º) ços de madeira.
26 CARTILHA DO PEDREIRO
Guilhotina - Utilizada para cortar barras Linha - Utilizada para demarcar as valas
de aço (vergalhões). de fundação no terreno, as paredes sobre
alicerce e para orientar a colocação de
blocos, mestras, dentre outros.
Martelo - Utilizado para fixação e remo- Nível de bolha - Utilizado para verificar
ção de pregos e pinos. o nivelamento (horizontal) e o prumo
(vertical).
5 . F E R R A M E N TA S 27
Picareta - Utilizada para acerto do terre- Ponteira - Utilizada para abrir furos no
no e abertura de valas. concreto ou alvenaria quando golpeada
pela marreta.
Presilha - Utilizada para fixar os sarrafos Prumo de centro - Utilizado para verifi-
nos arremates de alvenaria. cação do centro (eixo) de estacas, sapatas,
etc.
Serrote - Utilizado para cortar madeira. Soquete - Utilizado para socar ou com-
pactar terra, concreto e solo-cimento.
Pode ser de madeira ou concreto.
28 CARTILHA DO PEDREIRO
Talhadeira - Utilizada para cortar tijolos Tesoura - Utilizada para cortar barras de
ou blocos na alvenaria. aço (vergalhões).
Torquês - Utilizado para dobra e corte de Trado - Utilizado para perfurar solo.
arame recozido na amarração de ferra-
gem.
Trena - Utilizada para medir distância Trinchão - Utilizado para aplicação de tin-
entre os vãos. São fabricadas em vários ta em superfícies da alvenaria.
tamanhos: 2, 5, 10, 20, 50 e 100 m.
5 . F E R R A M E N TA S 29
6. Locação da Obra
Locar ou marcar a obra é uma das etapas de maior importância na construção. Ela consis-
te em medir e assinalar no terreno a posição dos furos ou valas de fundações, paredes,
colunas e outros detalhes, tudo de acordo com o projeto.
Se a locação de uma obra for feita com erros de medidas, esquadro e nível, a mesma
terá prejuízos em função do aumento de materiais empregados (pois as dimensões do
projeto são alteradas, aumentando assim o desperdício de materiais), e do tempo gasto
para construir novamente ou seja refazer o que já foi construído. Trata-se então de uma
das etapas mais importantes de uma obra e que merece atenção especial quando se está
realizando esta tarefa.
A locação de pequenas construções necessita das seguintes ferramentas e materiais:
• Projetos
• Trena metálica ou de fibra
• Escala
• Mangueira de nível
• Esquadro
• Prumo de centro
• Linha de pedreiro
• Martelo
• Marreta
• Facão
• Barbante
• Piquetes ou estacas de madeira
• Ripões
• Pregos
Para iniciar a locação é necessário que o terreno esteja limpo sem a presença de lixo, raí-
zes, entulhos, materiais de construção, etc.
Devem ser identificadas as estacas ou outros marcos do terreno, que sejam até mesmo
de uma construção vizinha, uma rua, etc. para que se tenha uma referência do lote e se
estabeleça um alinhamento (lado do terreno).
30 CARTILHA DO PEDREIRO
Referência do lote no Terreno
Fixa-se uma linha nas estacas desse alinhamento (que é o primeiro levantado em campo)
e se obtém o alinhamento fixo. Loca-se o segundo alinhamento do terreno (alinhamento
móvel) utilizando o procedimento do esquadro: amarra-se um pedaço de barbante no
alinhamento fixo a 60cm a partir do cruzamento com o móvel, amarra-se também no
alinhamento móvel um pedaço de barbante a 80cm do mesmo modo (a partir do cruza-
mento das linhas). Estica-se uma trena ou escala com o zero da mesma partindo do ponto
onde está o barbante do alinhamento fixo até o comprimento de 1 metro (100 centíme-
tros) e movimenta-se o ponto do alinhamento móvel até coincidir com a medida de 1 me-
tro da trena. Crava-se uma estaca e estabelece-se assim o segundo alinhamento (segundo
lado do terreno). Os demais lados ou seja os outros dois restantes são obtidos das mesma
forma sendo que o alinhamento móvel anterior passa a ser o alinhamento fixo.
estacas de
marcação do lote
linha de
marcação do lote
6. LOCAÇÃO DA OBRA 31
Locação dos Alinhamentos
(Lados do Terreno)
alinhamento móvel
alinhamento fixo
Esquadro
14
8
13
12
7
11
6
10
9
5
8
7
4
6
3
5
4
2
3
2
1
1
14
8
100 cm
13
60 cm
2
3
2
1 1
14
8
13
dos os alinhamentos.
4
2
3
2
1
1
32 CARTILHA DO PEDREIRO
Gabarito com
Cavaletes
linha de marcação
das paredes
Gabarito
Gabarito
Contínuo
alinhamento fixo
Gabarito
linha de marcação
das paredes
linha de marcação
Em função da leitura da planta baixa, ob- da face da parede
6. LOCAÇÃO DA OBRA 33
linha de marcação da parede
Armação do Gabarito
linha de marcação do lote
prumo de centro
marcação no
gabarito com
auxílio do prumo
de centro
gabarito
34 CARTILHA DO PEDREIRO
Marcação das Faces das
paredes no gabarito
linhas de marcação
das pareredes
pregos
gabarito
estaca
215
230
430
445
15
0
cotas acumuladas
6. LOCAÇÃO DA OBRA 35
7. Escavação
A escavação da obra consiste nos serviços de abertura de furos ou valas no terreno na
posição onde será construída a fundação. Para realizar a escavação é necessário que o
gabarito esteja pronto com a marcação das paredes e com o nível estabelecido.
Através das linhas de marcação do gabarito (linha de eixo de paredes, linha de face das
paredes e da fundação) marca-se no terreno a área ou os furos onde será escavado, uti-
lizando-se para isto um cavador reto, observando-se nesta operação, a sua verticalidade
com o prumo de face no caso de valas, ou com o prumo de centro, no caso da escavação
de furos. Com a referência de nível estabelecida (linha de nível) marca-se a profundidade
da escavação.
A abertura das valas ou furos é feita com a utilização de picaretas, cavadores e trados, a
remoção do material com os pás e enxadas e a regularização das faces das valas ou furos
com o cavador reto. Com o prumo de face encostado na linha de marcação das valas
obtém-se a verticalização das faces (bordas). Na escavação dos furos, faz-se a medida
que se escava, a verificação da prumada do trado para que o mesmo esteja em direção
vertical. Com a utilização de uma escala medindo a altura da linha de eixo de parede (que é
também a linha de nível pois o gabarito está nivelado) até a base da vala ou furo, obtém-se
o nivelamento da base conforme indicado na figura a seguir.
O material escavado deve ser depositado a uma distância mínima de 50 cm da borda da
vala, permanecendo neste local até ser utilizado como aterro ou ser removido da cons-
trução caso não tenha utilidade.
36 CARTILHA DO PEDREIRO
Escavação de Valas
linhas de marcação
das faces da vala
gabarito
prumo
largura
Escavação de Furos
trado
furo
7. ESCAVAÇÃO 37
8. Fundação
A fundação é a base de sustentação de toda a construção, tem a importante função de
transmitir ao terreno todos os seus esforços. Existem vários tipos de fundação: sapatas
soldadas ou corridas, alvenaria de pedra, blocos de concreto, estacas metálicas e de con-
creto armado, etc..
A escolha do tipo de fundação depende de estudos iniciais da resistência do solo no local
da construção e das cargas (peso) da construção.
pregos de marcação
eixo da estaca da parede
eixo da parede
prumo
de centro
pregos de locação
das paredes
38 CARTILHA DO PEDREIRO
A escavação é feita com a utilização de um trado (ver
assunto de escavação) iniciada na parte mais baixa
do terreno. A profundidade da primeira estaca é de-
prumo
terminada medindo-se a altura entre a linha de nível de centro
h’
escavação inicial
no ponto mais baixo h
8. FUNDAÇÃO 39
forma
Faz-se o mesmo procedimento utilizado nas estacas para marcar no terreno o eixo da
parede que é também o eixo da viga. Marca-se com a escala 7,5 cm para cada lado ob-
tendo-se a largura da viga (15 cm). Cravam-se piquetes ou vergalhões em cada marcação,
estendem-se as linhas entre os mesmos e faz-se no chão, a marcação das valas.
Retiram-se as linhas e os piquetes e começa-se a escavação das valas com pá e picareta,
todas niveladas a 5 cm abaixo das estacas.
Prepara-se o concreto magro com o traço 1:5:5 de cimento, areia e brita, lança-o na vala
e nivela-se com um sarrafo apoiado nas estacas.
Após a colocação do concreto magro montam-se as formas e colocam-se as ferragens
com espaçadores. Prepara-se o concreto com traço 1:3,5:4 de cimento, areia, brita, e
lança-o na forma até a altura da viga. Lembrando sempre de vibrar (socar) o concreto.
O concreto magro é uma camada de concreto fraco, de resistência baixa com pouco
cimento, muito agregado e pouca água, apresentando-se de forma farofada. Sua função
é regularizar a base da vala tornando-a nivelada, ocupando toda a área que receberá a
estrutura de uma fundação.
O concreto magro é utilizado em fundações do tipo sapata corrida, vigas baldrames, etc..
Conferido o nível no fundo da vala, cravam-se piquetes ao longo da mesma com altura de
5 cm e espaçamento máximo de 2 metros (comprimento da régua).
A altura que devemos cravar os piquetes, é igual a distância entre a linha de nível ao fun-
40 CARTILHA DO PEDREIRO
do da vala menos 5 cm, ou seja, se a
distância for de 52 cm o piquete será
cravado até 47 cm.
Prepara-se o concreto magro no tra-
ço 1:5:5 de cimento, areia e brita (com
pouca água, “farofado”) e lança-se nas
valas até a altura dos piquetes. Espalha-
se o concreto com a colher de pedrei-
ro e nivela com a régua de alumínio
sarrafeando na altura do piquete. Com
um soquete, apiloa-se (soca) o concre- camada de
piquetes concreto magro
to para que a camada se torne firme ao
chão da vala.
Construção do Concreto
Magro
gabarito
B
A
8. FUNDAÇÃO 41
ferragens
8.4. Construção de Sapatas Corridas
gabarito
C
A) altura da linha de nível até a sapata corrida
B) altura da sapata (12 cm)
C) altura da camada de concreto magro (5 cm)
42 CARTILHA DO PEDREIRO
8.5. Construção de Alvenaria de Bloco Estrutural
bloco estrutural
Com o bloco na direção do eixo das paredes,
procede-se a operação de prumada da face in-
terna e do nivelamento conforme indicado na
figura ao lado.
8. FUNDAÇÃO 43
colocação de traço
de concreto 1:3,5:4 bloco
estrutural
19 cm
Depois de completar a alvenaria é necessário encher os furos dos
blocos com concreto no traço 1:3,5:4 de cimento, areia e gravi-
lhão (brita 0). Quando há ferragem vertical na sapata, os blocos 12 c
m
5 cm
estruturais devem ser assentados de forma que esta ferragem
fique dentro destes furos. sapa
t
40 c con a corrid
cret
m om a
agro
Os blocos calhas são blocos de concreto pré-moldados, fabricados da mesma forma que o
bloco estrutural. São utilizados como cinta de amarração (vigas) de fundações ou paredes.
Sobre uma alvenaria de blocos estruturais assentam-se 2 (dois) blocos calhas nas extre-
midades (cabeceiras), aprumados na mesma face que foi aprumado o bloco estrutural
com argamassa de cimento e areia no traço de 1:5. Fixa-se uma linha entre os blocos,
na parte de cima dos mesmos e completa-se a fiada assentando-se os demais blocos ca-
lhas, colocando-se a argamassa da junta horizontal em cima da fiada de bloco estrutural
posicionando-os através da operação de alinhamento ou seja encostando-os na linha.
44 CARTILHA DO PEDREIRO
8.7. Construção de Fundação
em Alvenaria de Pedra
Detalhe de Todas as
Camadas da Fundação de
Alvenaria de Pedra
20 c
m
8. FUNDAÇÃO 45
9. Parede
9.1. Alvenaria
de Bloco Cerâmico
46 CARTILHA DO PEDREIRO
linha da alvenaria
linha da face
da parede
2,5 cm
gabarito
são os das extremidades (início e fim da
fiada) de duas paredes que se encontrem. blocos
9. PAREDE 47
prumo
blocos de canto
marcação do encontro
das fiadas
Feita a marcação das duas primeiras paredes, procede-se a marcação das paredes opostas
às duas primeiras.
Repete-se o mesmo procedimento para o bloco da outra extremidade com o mesmo
comprimento lido em planta e marca-se a terceira parede. A quarta parede fecha um vão
da casa e é obtida da mesma forma que foi marcada a terceira parede.
Alinhamento da Fiada
48 CARTILHA DO PEDREIRO
prumada na frente
Blocos das extremidades (lados com furos)
do bloco
alinhamento para
fechamento da fiada
amarração de canto
9. PAREDE 49
Canto de parede
As amarrações de canto de pa-
rede ocorrem quando uma fiada
encontra outra nas suas extremi-
dades (início ou fim).
Encontro de paredes
As amarrações de encontro de
paredes ocorrem quando uma
fiada encontra apenas o início ou
fim de outra. Pode ser na junta
ou em toda a face do bloco.
Cruzamento de paredes
As amarrações de cruzamento de
paredes ocorrem quando uma
fiada encontra outra sem ambas
estarem nas suas extremidades.
50 CARTILHA DO PEDREIRO
No decorrer do levante de blocos cerâmicos, quando atingir o nível de 1 metro do pi-
so pronto, geralmente entre a quinta e a sétima fiada (a depender da altura do bloco)
deve-se verificar a presença de janelas. A marcação das janelas na alvenaria é realizada
utilizando-se a medida da posição da mesma, obtida na planta baixa com relação à parede
lateral e com a medida do vão que ficará aberto para o encaixe da janela na parede. Para
janelas prontas com contramarco, a medida do vão será a largura da janela acrescentando
2 cm de cada lado correspondendo a folga do contramarco.
Quando a construção estiver a mais ou menos 1,20 m de altura deve-se bater o nível, ou
seja, marcar a referência de nível em todos os cômodos da mesma (cantos, encontros,
vãos de portas e janelas, etc.). Esta referência deve ser tirada na porta de entrada a 1 m do
piso pronto, mas como ainda não se executou o piso nem o contrapiso deixa-se uma fol-
ga de 5 cm marcando 1,05 m a partir da fundação que corresponde à 1 m do piso pronto.
Para construir as fiadas acima dos vãos de portas, janelas, vãos livres, etc. é necessário a
construção de vergas para apoiar as mesmas.
As vergas são peças de concreto armado com comprimento igual à largura do vão mais 20
cm de cada lado transpassando o vazado da parede. A altura de assentamento da verga é
obtida utilizando-se a altura da janela, acrescentando-se a folga do contramarco confor-
me indicado na figura abaixo. A verga é nivelada a partir da referência de nível da alvenaria
que é 1 metro do piso pronto.
verga verga
folga do contramarco
altura da janela +
altura da referência
altura da referência
altura da referência
de nível até o batente
até o nível de 1 metro
altura do piso pronto
altura do batente
piso
fundação
Obs: Para vãos com largura superior a 2 m, deve-se aumentar os transpasses laterais da verga.
9. PAREDE 51
verga
altura da referência
+ folga da argamassa de assentamento
altura da referência
de nível até a verga
de assentamento
batente
fundação
52 CARTILHA DO PEDREIRO
Empena
barrotes
de auxílio
altura da empena (obtido em planta/corte)
espaços preenchidos
com argamassa e
cacos de bloco
piso
fundação
9. PAREDE 53
10. Acabamento
10. 1. Revestimento
O revestimento de uma parede pode ser feito em uma ou mais camadas de argamassa
tornando a mesma mais resistente e com uma superfície plana, nivelada de aspecto liso.
As camadas de revestimento da parede são construídas sobre a alvenaria e cada uma tem
uma função.
54 CARTILHA DO PEDREIRO
reboco
camada grossa (1,0 a 2,5 cm)
com bom acabamento
emboço
camada grossa (1,0 a 2,0 cm)
com acabamento sarrafeado
chapisco
camada fina (0,5 cm)
de argamassa forte
o reboco pode
ser aplicado direto
no chapisco
10. ACABAMENTO 55
Quando toda a alvenaria já está chapiscada, inicia-se a
construção do revestimento com a marcação do mesmo
alvenaria chapiscada
56 CARTILHA DO PEDREIRO
50 cm
altura aproximada espessura do
de assentamento reboco
da primeira mestra
espessura do reboco
10. ACABAMENTO 57
A marcação das mestras opostas às duas primeiras paredes
é feita assentando a mestra com a distância indicada na
planta das dimensões entre as paredes.
Com as mestras da base já fixadas nas paredes, através da
operação de prumada, marca-se as mestras das extremida- mestra da
extremidade
des da parte de cima da parede. superior
paredes iniciais
prumo de face
paredes opostas
mestra da
extremidade
inferior
58 CARTILHA DO PEDREIRO
As mestras intermediárias na direção vertical serão assentadas com o auxílio de duas linhas
de nivelamento fixadas nas mestras das extremidades.
Feita a marcação com todas as mestras necessárias assentadas na alvenaria, se começa
o revestimento da parede enchendo de argamassa (chapando a parede com a colher de
pedreiro) a faixa formada pelas mestras verticais. Com a régua apoiada nas mestras, em
movimentos de vai e vem corta-se a massa no nível da mestra.
linhas de
nivelamento
mestra da
extremidade
superior
mestra
intermediária
de direção
vertical
mestra da
extremidade
inferior
sarrafo
faixa vertical
nivelada
10. ACABAMENTO 59
Com a faixa já nivelada, ou seja, cortada pela régua na marca da mestra enche-se as áreas
entre as mesmas, seguindo as zonas ou as de baixo ou as de cima, sendo que as de cima
necessitam da montagem de andai-me para alcançar a parte mais alta da parede.
Nivela-se a argamassa contida nas áreas entre as mestras apoiando a régua na faixa das
mesmas:
Com toda a alvenaria revestida de argamassa e nivelada com a régua, inicia-se o desem-
polamento da superfície do revestimento utilizando a desempoladeira. Começa-se pela
primeira zona que foi revestida de argamassa, pois a mesma já está “puxando” (endure-
cendo a mais tempo). Pressiona-se a desempoladeira em movimentos circulares sobre a
argamassa molhando-a com o trinchão para deixar o revestimento com o acabamento
liso. Deve-se utilizar uma esponja no revestimento desempolado para torná-lo mais liso.
Desempolar toda a superfície até completar toda a parede.
sarrafo
superfície a ser
nivelada
superfície
nivelada
preenchimento de preenchimento de
cima para baixo baixo para cima
60 CARTILHA DO PEDREIRO
10.2. Arestamento
10. ACABAMENTO 61
10.3. Pavimentação
62 CARTILHA DO PEDREIRO
referência
de nível
mestra
extremidade
marcação do nível
(1m do piso)
mestra
intermediária
linha de nivelamento de
mestra intermediária
1m+
espessura
da camada
do piso
mestra do
contrapiso
altura do
contrapiso
terreno plano
10. ACABAMENTO 63
Feita a marcação das mestras do contrapiso, começa-se a construção do mesmo, enchen-
do de argamassa de solo cimento traço 1:15 com pouca água (“farofada”) em pelo menos
2 camadas até passar da altura da mestra. A cada camada deve-se compactar (socar) atra-
vés do soquete (ver ítem ferramentas) para dar resistência ao contrapiso. Com a régua
apoiada nas mestras, em movimentos de vai e vem, corta-se a argamassa de solo cimento
que passa do nível da mestra.
Com as faixas já niveladas, ou seja, cortadas pela régua, enche-se as áreas entre as mes-
mas em pelo menos 2 camadas, até passar da altura da faixa, socando cada camada.
Nivela-se a argamassa de solo cimento contida nas áreas entre as mestras apoiando a
régua nas mesmas até concluir a camada de contrapiso do pavimento.
faixa nivelada
compactador
sarrafo
64 CARTILHA DO PEDREIRO
Piso cimentado
1m
Como no contrapiso, obtem-se a altura do
nível até a mestra do piso subtraindo-se os 3
cm (altura da camada) da altura do nível até o
contrapiso.
Nivela-se a argamassa contida entre as mes-
mestra do piso
tras apoiando a régua nas mesmas e cortando
a argamassa que passa do nível das mestras. contrapiso em
solo cimento
Formadas as faixas entre as mestras lança-se e 5 cm
10. ACABAMENTO 65
11. Bibliografia
• Associação Brasileira de Cimento Portland.
Mãos à Obra. Orientação para construção ou reforma de sua casa
• Chaves, Roberto.
Como construir uma casa:
Concreto, Alvenaria, Pintura, Telhado e Instalações 12ª ed. Rio de Janeiro.
Ediouro. 1997
66 CARTILHA DO PEDREIRO
REALIZAÇÃO:
PRODUÇÃO:
e do engenheiro