294 Desenvolvendo Seu Dom Profético - Graham Cooke
294 Desenvolvendo Seu Dom Profético - Graham Cooke
294 Desenvolvendo Seu Dom Profético - Graham Cooke
Graham Cooke
Danprewan
Editora
2016
Publicado originalmente por Sovereign World Ltd
PO Box 777 Tonbridge Kent TN11 OZS England
Traduzido do original em inglês
Developing Your Prophetic Gifting
Tradução de: Josué Ribeiro
Os textos bíblicos citados estão conforme a versão Almeida, Revista e Atualizada, 2a. Edição, da
Sociedade Bíblica do Brasil, a menos que outra tradução seja indicada.
Primeira edição: outubro/2005
Capa: Ronan Pereira
Revisão: Segisfredo Wanderley
Diagramação: Printmark Marketing Editorial
Coordenação de Produção Editorial: Jorge Wanderley
Primeira edição em epub: outubro/2016
Formatação para e-book: Arnaldo Taborda dos Santos
Tel.: (21)98622-2571 – arnaldo.rj@gmail.com
Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela:
Danprewan Editora e Comunicações Ltda.
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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte poderá ser reproduzida, gravada em qualquer sistema
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detentor dos direitos.
Dedicatória
Prefácio
Conheci Graham Cooke há mais de uma década. Logo depois ele
tomou a difícil decisão de se mudar, com a esposa Heather, e os filhos, para
se unir à igreja em Southampton. Em termos geográficos a mu- dança foi
insignificante, apenas uns 40 quilômetros de estrada. Em termos sociais e
econômicos, a mudança foi enorme. Graham não tinha dinheiro, nem
trabalho e nem moradia. Como igreja nós fizemos o que pudemos,
procurando casas temporariamente vazias, ou, em muitos casos, residências
cedidas por membros da igreja, muitas vezes com prejuízo pessoal, a fim de
criar espaço para uma família de cinco pessoas. Era o mínimo que podíamos
fazer, e embora possa soar nobre, era algo insignificante comparado com o
sacrifício que Graham e a família estavam fazendo. Além do mais, nós
realmente queríamos a presença deles conosco, e quando você realmente
deseja algo (ou alguém), nenhum esforço parece grande demais.
Pela graça de Deus, no ano seguinte, embora ele ainda estivesse
desempregado, um empréstimo foi feito e uma residência foi comprada.
Muitos meses se passariam antes que Graham arranjasse um trabalho secular
e conseguisse organizar sua vida financeira e começasse a encontrar um
caminho para fora das adversidades e incertezas. Foi um período
extraordinário! Extremamente difícil, mas muito abençoado. Eu ainda olho
para trás com um misto de incredulidade, surpresa e afeição.
A igreja à qual Graham se uniu na época tinha cerca de 50 ou 60
membros. Era uma típica igreja iniciante, com pessoas comuns buscando
servir ao Senhor. Aparentemente nós não tínhamos nada a oferecer,
principalmente em relação a coisas materiais. Não podíamos garantir a ele
nem mesmo um cargo na liderança. Eu sei que na época Graham tinha
outras opções, pois havia outras oportunidades ministeriais para ele.
Contudo, opções mais fáceis foram ignoradas em favor da amizade, do
relacionamento e – acima de tudo – para ser parte de uma igreja local.
Aí está o coração do homem e a decisão que ele tomou. Graham de
fato tem uma extraordinária unção profética, o que nos últimos anos criou
uma grande demanda internacional no seu ministério. Mesmo assim, ele
sempre esteve disposto a deixar isso de lado, em favor da igreja local.
A mensagem que ele traz nas profecias é clara e empolgante. Mas
ele tem, acima de tudo, os pés no chão. Durante muito tempo o profeta, a
profecia e a ministério profético foram marginalizados e depreciados. E
ultimamente perderam o propósito, porque o homem e a mensagem muitas
vezes falham em trabalhar dentro dos limites da igreja local. Por outro
lado, líderes eclesiásticos aterrorizados mantêm o ministério profético
debaixo de repressão por causa do medo e da ignorância. De qualquer forma,
o resultado final é que as igrejas sofrem e o ministério profético se torna
fragmentado.
As páginas desse livro revelam uma rota diferente, mapeando um
caminho por meio do qual o pulsar da palavra profética de Deus pode ser
liberado na Igreja de hoje. Esta é a mensagem que Graham expõe com grande
habilidade e com o auxílio de vasta experiência pessoal. O mais significativo
é que esta é a mensagem que Graham tem exposto por meio do seu estilo de
vida e as decisões que toma em sua vida.
Há coisas pelas quais vale a pena lutar!
Kevin Allan
Líder da Igreja City Gate em Southampton
INTRODUÇÃO:
ENTENDENDO A PROFECIA
Capítulo Um
Entendendo a profecia
Profecia é um dom do Espírito Santo. Ele não depende das pessoas. O
Espírito Santo dá dom segundo o Seu querer. Qualquer pessoa pode ser usada
no dom profético, desde que seja nascida de novo, cheia do Espírito Santo,
disposta e aberta para se mover no sobrenatural.
Sabendo que todo cristão cheio do Espírito pode profetizar, temos de
reconhecer também que nem todos os que o fazem são profetas. Há vários
níveis e estágios de unção profética, começando com a finalidade
fundamental da profecia, que é encorajamento, edificação e conforto. No
entanto, o movimento através do ministério profético até a função de um
profeta exige considerável treinamento, experiência e desenvolvimento – o
que leva muitos anos. Em média, é preciso cerca de quinze anos para se
formar um profeta, dependendo do treino, discipulado e supervisão que o
indivíduo recebe no processo.
Nós servimos a um Deus maravilhoso que tem prazer em
expressar Seu coração e revelar Seus pensamentos. Esses pensamentos
jamais contradizem as Escrituras, a qual é útil
para o nosso ensino, correção, repreensão e exortação. De
fato, foram as palavras inspiradas dos profetas, dadas a eles pelo
Espírito, que os capacitaram a escrever as Escrituras nos
tempos bíblicos. Até mesmo a Lei começou como profecia (2 Pe 1.21).
Profecia e as Escrituras
Quando liderava Israel durante a jornada pelo deserto, Moisés tinha
de ouvir os problemas cotidianos e dificuldades de mais de um milhão de
pessoas. Em cada caso particular, ele tinha de orar e buscar a mente do
Senhor. Era algo que o desgastava e que foi a principal causa de
preocupação do seu sogro, Jetro.
Notando um padrão entre o fluxo constante de perguntas e respostas
no trabalho de Moisés, Jetro propôs um plano. Os problemas e as soluções
começaram a ser anotados. Para os problemas similares, Moisés teria
assessores que podiam tratar com aquelas reclamações, usando a palavra
escrita das respostas proféticas anteriores dadas pelo profeta. Moisés,
enquanto isso, continuaria presidindo e lidando com situações novas, ouvindo
e oferecendo a Palavra de Deus.
Desta maneira, o povo aprendeu a conviver com a Palavra de Deus
escrita ou revelada e com as novas palavras dadas por Moisés por meio dos
pronunciamentos proféticos. Este sistema ainda chama a nossa atenção hoje,
onde temos a palavra de Deus revelada nas Escrituras que nos possibilita dar
uma resposta imediata de obediência aos mandamentos do Senhor. Esta
situação enfatiza a necessidade de firmarmos as pessoas na Bíblia, a fim de
que sejam capazes de discernir o coração e a vontade de Deus para suas
vidas.
Quando nos deparamos com situações que parecem não ter
uma resposta clara nas Escrituras, podemos ter de acessar o ministério
profético. Esse ministério se harmonizará fielmente com as Escrituras e nos
conduzirá aos pés de Jesus, embora sem usurpar
nossa vontade e sem nos forçar a fazer julgamentos incorretos ou ações
precipitadas.
Os profetas continuamente se deparam com uma questão
importante: “‘A necessidade desta pessoa será mais bem suprida por um
maior entendimento das Escrituras?’ Neste caso, apontemos para ela o
ministério de ensino; ou ‘elas precisam de uma palavra agora, aliada a uma
Escritura que personalize a Palavra de Deus de uma forma que aumente a fé
e a confiança, enquanto liberta a pessoa de obstáculos e cadeias?’”.
A Bíblia faz uma distinção entre profecia e ensino. Em vários
lugares, ela menciona profetas e mestres como dons ministeriais,
enfatizando claramente que os dois têm funções separadas com o propósito
comum de levar as pessoas à maturidade. Sempre houve uma necessidade de
ambos, e um não tem prioridade ou preferência sobre o outro. Não são as
nossas preferências ou preconceitos que determinam qual deve ser usado,
mas sim as demandas da situação na qual nos encontramos. Cada dom tem
um propósito diferente, e os dois são vitais para que possamos compreender o
Senhor e seus caminhos.
Colocando de forma mais simples, o ensino nos proporciona um
pleno entendimento dos princípios de Deus para a vida, crescimento,
serviço... A profecia transmite o propósito expresso de Deus em nossa atual
situação. Podemos entender isso melhor se pensarmos em termos de mente
e coração.
O ‘ensino’ nos mostra a mente de Deus enquanto a profecia muitas
vezes nos revela Seu coração. É sempre importante lembrar que servimos ao
Sumo Sacerdote que pode ser tocado pelas mesmas coisas que afetam nossas
vidas. Deus pensa e sente.
Muitas pessoas estão preocupadas (com razão) que haja uma
dependência exacerbada das experiências em detrimento do fundamento
sólido da Palavra, provido pelo bom ensino, e que isso leve ao erro e ao
exagero. Do outro lado da balança está a preocupação real (igualmente bem
justificada) que o ministério da Palavra sem o espírito de revelação, que a
profecia oferece, possa levar a uma forma que, embora correta, seja sem
inspiração e estéril.
O envolvimento no dom profético simples e básico exige um
entendimento da mente e do coração de Deus e de como liberá-los. As
palavras proféticas têm forças de impacto diferentes, de acordo com a
situação, circunstâncias, nível de fé e entendimento do receptor; e também
da habilidade, experiência, entendimento e relacionamento do transmissor
com o Espírito Santo.
Um relacionamento forte com Deus, puro e cheio de propósito,
arraigado numa vida de oração, estudo e meditação das Escrituras, sempre
será mais produtivo do que uma familiaridade casual nessas áreas.
O dom da profecia também tem um aspecto futuro. Tem em si um
elemento que diz ‘agora’, e outro que diz ainda não. O livro de Apocalipse é
um excelente exemplo dessa expressão profética. Ele é inteiramente
profético, de capa a capa, lidando com eventos futuros, prevendo e
predizendo.
O dom da profecia pode ser intensamente pessoal e também unir as
pessoas diante de Deus. Muitas palavras proféticas nas
Escrituras foram transmitidas por indivíduos. Eram palavras de bênção,
encorajamento, advertência, direção, correção e julgamento.
Pronunciamentos proféticos similares foram feitos para grupos
inteiros, tribos, cidades e nações.
Estratégia e Táticas
A profecia pode proporcionar dinâmicos insights em situações que
não estão claras nas Escrituras. Ela proporciona uma percepção distintiva das
coisas de Deus, a qual não pode ser adquirida mediante o conselho
comum das Escrituras.
A Bíblia proporciona uma visão geral; o grande desígnio de Deus e
como devemos viver no Espírito. Nem sempre, porém, ela
nos oferece meios ou métodos para fazer isso efetivamente.
Simplificando, a Bíblia oferece estratégias, enquanto a profecia oferece
táticas.
Por exemplo, na história de Josafá (2 Cr 20), o povo se reuniu para
buscar ao Senhor. Estavam fazendo o que sabiam que tinham de fazer: reunir
e orar diante de circunstâncias aflitivas. Num momento de intenso medo, em
que corriam o risco de exílio e extinção, eles se levantaram e recontaram a
história (literalmente, as Escrituras) das antigas experiências com o Todo-
poderoso. Eles tinham a estratégia bíblica da oração e do jejum para aquele
tipo de eventualidade. No entanto, foi a entrada da profecia que causou um
enorme aumento da fé e da confiança. A profecia tornou-os taticamente
conscientes dos planos de Deus para a situação. Foi a profecia que lhes
revelou os planos exatos do inimigo, mostrou-lhes como lutar e o que
esperar a seguir. Depois da entrada da profecia, surgiu uma maior confiança
e determinação de fazer a vontade de Deus.
Precisamos viver de toda palavra que procede da boca de Deus –
para ordenar nossa vida de acordo com as Escrituras e para sermos
liderados pelo Espírito. Uma parte vital de sermos filhos de Deus é o
desejo intenso de nos movermos na profecia.
Humildade é um pré-requisito
A profecia não é mais para alguns do que para outros. Não é uma
recompensa por anos de serviço fiel. Não pode ser comprada. Trata-se de
um dom dado gratuitamente pelo Espírito Santo. É inevitável que haja
algumas pessoas às quais Ele confia esse dom em bases mais regulares.
Aqueles que estão se movendo numa crescente unção de revelação
podem dizer que estão se movendo num ministério profético, e não apenas no
uso extensivo do dom.
Quando esse ministério começa a causar impacto em grupos inteiros
de pessoas, nações e governos, significa que houve uma mudança do
ministério profético para a função de profeta.
Profecia não torna algumas pessoas melhores do que as outras; não
existe hierarquia estrutural dentro do dom. Não existe crentes superiores ou
inferiores. Aqueles cristãos que realizam façanhas nos dons sobrenaturais,
ou que têm imensas responsabilidades dentro do Reino, construíram essa
influência sobre uma sólida base de humildade e dependência de Deus.
Esse nível de unção carrega consigo uma profunda sensibilidade para com a
pessoa do Espírito Santo.
Um dos grandes problemas na esfera da profecia hoje é a falta de
humildade diante de Deus; a ausência de sensibilidade para com o Espírito
Santo e a falta de compaixão para com as pessoas.
Profecia e História
A profecia sempre foi uma rica parte da herança do povo de Deus
em todas as épocas. Jesus se eleva supremo como Profeta, Sacerdote e Rei.
O dispensacionalismo profético é um erro comum nas igrejas de hoje, que
pregam como se só tivessem apenas dois terços de Jesus. Quando nós
temos Jesus como Sacerdote e como Rei do Seu Corpo, mas não como
Profeta, despimos a Igreja de todo poder sobrenatural. Quer dizer, o
dispensacionalismo decreta que o derramamento do Espírito Santo com
todos os seus dons e graça foi dado apenas para a Igreja dar a partida, há dois
mil anos atrás. Agora que temos as Escrituras, é argumentado, não temos
mais necessidade daqueles atos portentosos do Espírito; o mover do
Espírito pertence a outra época ou dispensação. A própria Escritura
claramente admoesta certas pessoas a não desprezar as profecias, mas sim
examinar tudo cuidadosamente e reter o que é bom, depois de ponderar (1 Ts
5.20,21).
A profecia esteve em uso durante toda a história da Igreja, sendo mais
usada em algumas épocas do que em outras. Geralmente ela entra em declínio
quando os líderes eclesiásticos usurpam sua autoridade e tentam controlar o
que é dito e feito no Corpo de Cristo.
Apegando-se ao que é falso
Graças a Deus, atualmente nós estamos vendo o ressurgimento do
dom e do ministério profético. Infelizmente, junto com o verdadeiro
surgem também as imitações. Exagero, uso indevido e engano serão
abundantes juntamente com o uso correto da profecia. Precisamos saber
claramente como lidar com o dom, com o ministério e com seu impacto na
obra de Cristo.
Através de toda a história eclesiástica, sempre houve falsa
profecia junto com o falso ensino. Mais igrejas já foram arruinadas por falso
ensino do que por falsas profecias. Por exemplo, o ensino sobre a
necessidade de prestação de contas nos anos 70 levou muitos pastores a
um estilo pesado de liderança e gerou acusações de controle exagerado e
domínio. A prestação de contas é correta e apropriada, mas somente quando
é centralizada em Deus e não no homem. A verdade da prestação de contas
bíblica apropriada foi maculada pela prática que foi encorajada. Será que
agora devemos abandonar essa verdade por medo dos exageros e usos
indevidos? Ou devemos buscar introduzir o uso adequado da prestação de
contas como um meio de honrar a Deus?
Onde houve exagero, temos de trabalhar ainda mais duro para
restaurar o terreno perdido. A alternativa é não ter áreas cegas (sem
ensino) em nossas igrejas.
Muitas pessoas já tiveram suas vidas danificadas por maus
conselhos pastorais, muito mais do que por profecias. Parece que há muito
pouco (ou nenhum) tipo de avaliação e de limitação para o papel do
pastor. A impressão é que eles podem fazer o que quiser. De fato, há
pastores que não admitem ser questionados ou confrontados sem uma boa
briga. Questionar as atividades e comportamentos de certos líderes é um
convite para a excomunhão ou execução... a nossa!
Um dos principais problemas das igrejas hoje é o número de pessoas
que são incluídas indevidamente no Reino de Deus. A salvação é mais um
processo do que um evento instantâneo. Muitas pessoas são tocadas de uma
forma poderosa pelo Espírito Santo e são levadas a uma mudança real e
dinâmica. No entanto, se esse fato não for seguido pelo efetivo cuidado
pastoral e o discipulado com bom ensino, então a vida das pessoas não pode
ser totalmente tocada pelo evangelho.
Precariedade na evangelização e na pregação cria uma porta dos
fundos no cristianismo pela qual as pessoas se aproximam de Cristo com
base no suprimento de suas necessidades e não na exigência de se submeter
ao Seu senhorio.
A despeito desse fato, quando as pessoas falam sobre equilíbrio e
prestação de contas, inevitavelmente conectam esses elementos ao
ministério profético. É verdade que um profeta entregue a si mesmo fica
fora de equilíbrio... Da mesma forma, porém, que acontece a um pastor,
um professor ou um evangelista.
Isso tem causado mais dano nas igrejas do que os canhões
proféticos fora de controle.
A única resposta para o uso indevido em todas as áreas da vida das
igrejas não é a suspensão do uso, mas sim o uso apropriado. A verdade é
sempre nossa melhor salvaguarda contra os desvios.
Vencendo os Negativos
Não devemos desencorajar o uso dos dons com base no fato de que
pode ser errado ou perigoso. Temos de usar cada oportunidade para exercitar
nosso povo no uso correto da Palavra da verdade. Lamentavelmente, muitos
líderes estão mais preocupados em evitar situações de conflito do que em
extrair algo de positivo delas.
É muito mais fácil criar suspeita e medo na mente das pessoas do que
lidar com as questões envolvidas. Permitir esse tipo de situação é uma
fonte de tristeza para o Espírito Santo, e a única resposta deve ser o
arrependimento e uma mudança nas práticas.
Desde os tempos bíblicos mais remotos, sempre houve falsa
profecia. E não devemos nos surpreender que isso ocorra em nossos
dias. Devemos lembrar que a imitação do que quer que seja prova a
existência do verdadeiro.
Temos de permitir que nosso coração seja inundado por um
desejo pela verdade. A integridade é criada quando estamos preparados
para irromper através das barreiras, sem nos importar com o preço pessoal,
a fim de viver e ser aquilo que é certo e apropriado. Precisamos ser a
verdade e não somente conhecê-la. A verdade referente à profecia deve ser
apropriada por toda a igreja. Parte dessa apropriação é uma determinação de
trabalhar em todas as anomalias e dilemas da liberação adequada do dom e
do ministério profético.
A Igreja está grávida da palavra profética e do ministério profético. É
preciso que se tome cuidado para trazer toda a semente profética à sua
plenitude. As dores de parto ainda estão por vir; a alegria do nascimento de
um novo ambiente profético em todo o Corpo de Cristo fará valer a pena
todo o sofrimento que temos de suportar.
O material a seguir é oferecido como diretrizes para alcançarmos esse fim.
Contra-argumentos na liberação da profecia
1. A Bíblia substitui os dons espirituais
Este argumento é: temos toda a revelação de Deus nas Escrituras,
então os dons não são mais necessários. Essas pessoas adotam a visão de que
a profecia cessou quando veio o que é perfeito (quer dizer, as Escrituras). A
profecia sendo uma revelação parcial num dado tempo em particular, torna-
se redundante agora que a verdade plena das Escrituras está presente (1 Co
13.8-10). Mesmo assim, essa palavra perfeita continua a encorajar a Igreja. É
interessante que as pessoas que sustentam essa opinião também oram por
milagres e por cura sobrenatural!
“Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas
principalmente que profetizeis” (1 Co 14.1)
Esta noção plena de dispensacionalismo tem sido corretamente
desacreditada em grande parte das igrejas cristãs. Ela simplesmente entra em
conflito com várias coisas que Jesus disse concernente à pessoa e à obra do
Espírito Santo nos capítulos 14–16 do Evangelho de João.
Além disso, tal visão não se harmoniza totalmente com a visão geral
da morte, sepultamento, ressurreição e ascensão de Cristo e o lugar e a obra
do Espírito Santo na continuação da vida da Igreja.
O dispensacionalismo, como uma doutrina cristã, se choca com toda
ferocidade e constrangimento de um sino tocando forte e desafinado numa
orquestra que de outra forma tocaria uma bela e harmoniosa peça musical.
Trata-se de uma hipótese confusa, ofensiva e perturbadora que não se
harmoniza (e nem pode) com as Escrituras.
O pleno significado de 1 Coríntios 13.8-10 refere-se simplesmente
ao fim de todas as coisas e a plena revelação de Deus a cada crente. Por
enquanto (em comparação à plena revelação vindoura), vemos difusamente,
mas então (no porvir) quando estivermos face a face com tudo o que Deus é
... teremos o pleno entendimento e compreenderemos todas as coisas.
Evidentemente o texto não fala sobre esta vida, mas sobre
estarmos face a face com Deus no porvir... finalmente! Nesse contexto de
conhecer todas as coisas, obviamente não precisaremos de profecias que
operam de acordo com nossa fé. A perfeição absoluta reinará. Mal posso
esperar! Tenho tantas perguntas! Será tão empolgante estar face a face com
Deus e conhecer tudo.
Neste contexto, o dispensacionalismo é um insulto à pessoa de
Jesus. Em todo o Seu ensino sobre o Espírito Santo, Ele jamais mencionou
que o dom do Espírito seria temporário, ou que os Seus dons durariam até
a Sua volta.
O Espírito Santo (com Seus dons e graças) é uma figura constante na
Igreja, que capacita a Noiva de Cristo a estar preparada e apresentável e a
pregar o evangelho, com os sinais que seguem, até os confins da Terra – e
então virá o fim. Há muito trabalho por terminar. Precisamos do Espírito
Santo mais do que nunca. Se Ele foi dado com todos os Seus dons, graça e
poder somente para uma geração, como poderíamos cumprir tudo o que
Deus deseja que façamos?
Apenas como curiosidade: quando esta barreira dispensacional caiu?
Por que não há menção dela em nenhum escrito cristão antigo? Eu
pensaria que toda a cristandade de repente teria se dado conta de que o “céu
se tornou em bronze”. Como isso aconteceu? Será que subitamente, na tarde
do dia 20 de abril do ano 85 d.C., a barreira dispensacional caiu?
Supostamente, às 11:55h ainda podíamos ser curados de enfermidades ou
receber um milagre. No entanto, às 12:01h, tudo cessou. Não podíamos mais
fazer nada, o céu se fechou! Esqueçam a cura e a plenitude, agora vamos ter
de suportar. Num momento a cura é um sinal do poder de Deus e a
expressão de Seu coração para o mundo por meio de Cristo... No momento
seguinte, tudo isso está proibido.
No Dia de Pentecostes, Pedro falou essas palavras:
“A promessa [dos dons] é para vocês, para os seus filhos e para
todos os que estão longe [de Deus, no tempo e no espaço]”.
A parte mais importante dessa declaração maravilhosa é a última frase:
“Para todos quantos o Senhor, o nosso Deus, chamar” (At 2.39)
Essa palavra é dada, e a promessa é feita, no contexto de um
poderoso derramamento do Espírito. É feita no contexto de línguas e
interpretação. É feita no contexto do sobrenatural invadindo a Terra,
causando uma explosão de entendimento e desejo por Deus. É feita no
contexto do Espírito Santo colocando uma comunidade e uma grande
cidade de cabeça para baixo e viradas pelo avesso. É feita no contexto de
uma revolução na sociedade que teria repercussões enormes por toda a Terra.
Neste contexto, Pedro falou profeticamente para aquelas pessoas não salvas
reunidas para testemunhar um milagre. Ele se levantou e falou da história,
aplicando a verdade de Jesus no tempo presente e profetizando sobre o
futuro.
2. A preocupação com os dons impede a evangelização
efetiva
O argumento diz que devemos nos despir de tudo o que nos afasta
de nosso objetivo primário de pregar o evangelho. Não podemos negar que
muitas igrejas se tornaram clubes de autoindulgência (“me abençoe”) onde
os crentes praticam os dons espirituais visando seus próprios interesses.
Muitas pessoas estão buscando novas experiências no relacionamento com
o Espírito Santo com o propósito de excitação e autogratificação. Grande
parte desse comportamento de adolescente espiritual se deve ao fato de que
muitos cristãos têm um entendimento precário do Reino de Deus.
Estamos aqui para pregar o evangelho do Reino e não somente para
edificar a Igreja. A Igreja procede do Reino e não vice-versa. Quando
entendermos que devemos deixar tudo de lado para buscar o Reino,
então veremos uma renovação ocorrer, a qual verdadeiramente honrará ao
Senhor.
Quando apreciamos o fato de que tudo que sabemos e temos deve ser
canalizado para o estabelecimento do Reino, vemos a Igreja, a liderança, o
estilo de vida, o ministério pastoral, o ensino e os dons do Espírito Santo
sob uma luz totalmente diferente. Quando isso ocorre, o avivamento está a
caminho.
Eu creio em evangelização profética; palavras de conhecimento para
os não salvos; dons de cura ocorrendo por toda a comunidade; o coração de
Deus sendo revelado profeticamente pela Terra, para todos os povos. Tive o
privilégio de ver não cristãos respondendo a uma palavra profética e
iniciando a jornada no Reino. A presença sobrenatural do Espírito Santo
por meio de Suas graças e dons podem causar impacto numa comunidade
dura de uma forma que a simples pregação não consegue. Paulo disse que
sua pregação consistia não somente de palavras, mas também de
demonstrações do Espírito Santo.
A verdade é que os dons espirituais atraem a atenção das pessoas,
tornando assim a penetração da Palavra mais vibrante e irresistível. Eu já
profetizei muitas vezes para não crentes e vi resultados espetaculares
quando eles “abraçaram a fé”. Uma senhora ficou sem ver a filha durante
quatro anos, depois de um conflito familiar. Um dia, ela decidiu ir a uma
igreja onde eu estava pregando e ficou profundamente tocada quando eu
profetizei que sua filha estava em segurança, e que as duas se encontrariam
dentro de quatro dias e o relacionamento entre ambas seria restaurado. Na
ocasião ela ficou surpresa (ninguém a conhecia na igreja), e mais ainda
quando a palavra se cumpriu, dentro do prazo mencionado. Em suas
próprias palavras, “foi como se o céu tivesse sido aberto e eu percebi que
Deus me conhecia, embora eu não o conhecesse; o conhecimento de que Ele
estava preocupado e interessado em minha família me levou a desejar
conhecê-lo melhor”.
3. O fruto do Espírito não é mais importante do que os
dons espirituais?
Há muitas pessoas nas igrejas com dons sobrenaturais, mas com
um caráter difícil e desprovido de amor. Também é verdade que há muitos
cristãos piedosos sem nenhuma manifestação do poder do Espírito Santo em
suas vidas. O que realmente precisamos é de cristãos piedosos e cheios do
Espírito Santo.
Embora, sem dúvida, seja verdade que os dons sem o fruto sejam
inúteis (1 Co 13.1,2), também é verdade que o evangelho não pode ser
pregado de forma efetiva sem poder (Rm 1.16). A Palavra deve ser
confirmada com os sinais que se seguem. As pessoas eram atraídas a Jesus
por causa do Seu caráter e autoridade, mas também por causa dos milagres.
Em meus cursos sobre profecia, muitas vezes já vi pessoas
sendo aperfeiçoadas no amor por causa do treinamento no dom de profecia.
Profetizar é comunicar o coração de Deus às pessoas. O Deus Pai é a pessoa
mais bondosa que eu já conheci. Ele é cheio de uma graça incomparável, paz
e descanso. Seu amor dura para sempre. Sua graça, misericórdia,
paciência e longanimidade são legendárias. Ele é tardio para se irar e
rápido para abençoar e abundante em amor e benignidade. Essas verdades
não podem ser comunicadas sem causar um efeito no transmissor, assim
como no receptor.
O fruto não é mais importante do que o dom. Não devemos deixar o
inimigo nos impor uma escolha que o Espírito Santo
não nos pediu para fazer. Em questões de moralidade, o fruto
do nosso caráter deve sempre ter precedência. Em tempos de
desenvolvimento, fruto e dons crescem juntos. O fruto não se
desenvolve bem num vácuo. Precisamos da plenitude de Deus, o que
significa dons e frutos juntos. Temos de insistir nisso em todos os nossos
empreendimentos de discipulado.
4. Os dons do Espírito são perigosos
Assim eu espero! Perigosos para o mundo, prejudiciais para a saúde
do inimigo e uma ameaça contra a apatia e a indiferença.
Profetizar significa atacar, estimular e provocar. A profecia é
designada para colocar um limite claro no nosso relacionamento com Deus,
em termos de como vivemos e manuseamos a verdade.
A verdade é perigosa. A Bíblia diz que a Palavra de Deus é como
espada de dois gumes. Pode cortar dos dois lados e precisa ser manuseada
com cuidado. Será que devemos deixar de usar as Escrituras porque
podemos nos cortar?
Você acha que pode ignorar as coisas só porque elas são
perigosas? A apatia é a atitude mais perigosa na Igreja, mas
conheço igrejas que não evitam essa armadilha. Incredulidade é
um câncer perigoso, mas milhões de pessoas em todo o mundo sofrem
com ela.
Será que devemos parar de pregar ou de ensinar para evitar o
risco de erros? Absolutamente não! O que temos de fazer é trabalhar
na defesa da verdade e da proclamação da Palavra de
Deus. Na profecia temos de ensinar as pessoas como estar no
Espírito quando falam. Quando pregamos ou ensinamos, então o mesmo
princípio se aplica; há segurança na unção de Deus.
Capítulo Dois
O valor da profecia
Sem dúvida, a profecia é um dom e um ministério que devemos
encorajar ao máximo em nossas igrejas. Muitos dos conceitos errados sobre
profecia se devem à falta de conhecimento e de entendimento sobre o que é
profecia, como ela funciona e a forma como devemos liberá-la na igreja local.
O ser humano tem a tendência de denegrir aquilo que não compreende. Nosso
interesse neste capítulo é oferecer uma visão geral do valor da profecia nas
igrejas locais. Esperamos que ele contribua para o nosso entendimento e
apreciação desse importante dom.
A profecia restaura a dignidade
e o auto respeito das pessoas
Muitos cristãos estão sentados nas igrejas com uma idéia muito
pequena de seu valor e importância para o Senhor. O inimigo e a vida de
modo geral podem conspirar para roubar das pessoas sua identidade e valor
pessoal. Muitas pessoas têm dificuldade para estabelecer um
relacionamento com Deus como Pai, devido às experiências pessoais
negativas com a família.
Mágoas, feridas, rejeição e traumas emocionais fazem parte de nossas
vidas, antes e depois da salvação. A Boa Notícia é que nós servimos a um
Deus que tem compromisso com nosso bem-estar em todos os níveis (físico,
mental, emocional e espiritual). O propósito de Deus é a nossa integridade e
plenitude no Espírito. A profecia é uma parte maravilhosa nos processos de
cura e de renovação. Ela nos coloca, por meio da comunicação verbal direta,
em contato com a perspectiva real de Deus em nossa vida e na nossa situação
atual.
O objetivo da profecia neste contexto é abrir nossos olhos para o
amor e cuidado de Deus, especialmente nos capacitando a discernir as
situações e escapar de qualquer artimanha que o inimigo empregue para
nos apanhar. A profecia nos lembra, de forma direta, sem rodeios, porém
com amor, tudo o que Deus nos providenciou em Cristo Jesus. A profecia
restaura nossa alma, renova nossa mente e reaviva nosso espírito.
Ela irrompe através das trevas trazendo luz real, fé real e
confiança. Ela contém nossas atitudes precárias e nossos conceitos negativos
sobre nós mesmos, e cria um entendimento e apreciação em relação ao nosso
valor pessoal.
Falar em línguas
O dom de línguas, para aqueles que o têm, é um elemento muito
importante na vida devocional e no relacionamento com Deus; ele edifica o
espírito e renova a mente. Eu gosto desse dom porque por meio dele posso
derramar meu coração diante de Deus em qualquer situação em que esteja,
muitas vezes apesar da dor e do cansaço. Quando falo em línguas, tenho a
expectativa de que Deus vai se manifestar e fazer algo. Não gosto de exercer
o dom sem um senso de expectativa porque aprendi que essas duas coisas
andam juntas.
Há momentos em que desejo passar dez minutos adorando a Jesus,
quando me sento quieto e derramo meu coração, dizendo o quanto Ele
significa para mim, o quanto eu o amo e quanto tenho a agradecer. Quando
me posiciono dessa forma e me proponho a desafiar as circunstâncias, a
primeira coisa que ocorre em meu coração é uma reação espiritual. A
primeira coisa que sai de minha boca é uma reação piedosa, de reverência a
Jesus. É muito importante que aprendamos a nos mover no espírito oposto
àquele que está em operação no mundo. Era o que Jesus queria dizer quando
afirmou: “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem”.
Assim, estamos agindo no espírito oposto. A primeira reação em nós é algo
que honra a Deus. Esta é a única forma correta de viver.
Como sabemos que estamos sendo liderados pelo Espírito Santo?
A única forma efetiva de saber que estamos sendo liderados pelo Espírito é
fazendo a pergunta: “Qual é a nossa reação na situação?”. Se algo difícil ou
ruim acontecer e a nossa reação for de paz, alegria, gratidão, mansidão,
humildade, saberemos que estamos sendo liderados pelo Espírito. Se o que
sair de nossa boca for algo totalmente diferente e oposto, há chances de que
estejamos sendo liderados pela nossa própria carne. Sabemos que estamos
sendo liderados pelo Espírito pelo tipo de caráter que manifestamos em dadas
situações. Assim, é muito importante nos movermos no espírito oposto –
para nós e para Deus.
Falar em línguas constrói um reservatório dentro de nós,
ajudando-nos a encher nosso poço interior. O dom de línguas nos
mantém desbloqueados e em constante comunhão com Deus.
Desejo de profetizar
No caso particular da profecia, é muito útil ter o desejo de
profetizar, pois esta é metade da batalha (1 Co 14.1). Eu descobri que há
ocasiões em que me sinto cansado e faminto numa situação e Deus me diz:
“Quero que você prepare seu espírito”. No meu coração eu digo: “Pai, tu
sabes o quanto estou cansado” e Ele responde: “Filho, tenha o desejo,
porque se você desejar, eu posso operar”. Eu me levanto e digo: “Senhor, eu
quero...” e subitamente me vejo esquecendo o cansaço, indo adiante e
fazendo a vontade de Deus. Tenha o desejo. Deseje ardentemente. Busque.
Espere.
Expectativa
Em adição a tudo o mais, se formos nos mover em qualquer coisa,
seja fé, um dos dons sobrenaturais, seja a pregação do evangelho, qualquer
coisa que fazemos para Deus, precisamos ter um senso de expectativa. Estou
esperando que algo aconteça hoje. Não desejo viver nem um dia sem
expectativa. Não posso imaginar nada pior.
Quando nos damos conta, é noite de sexta-feira e vemos que durante toda a
semana não tivemos nenhuma conversa significativa com Jesus, e ficamos
à deriva. Não é uma boa forma de viver. Quando me levanto pela manhã,
desejo ter uma expectativa de que Deus fará algo naquele dia.
Há vários anos, o Senhor falou comigo sobre me mover no dom de
profecia todos os dias e desenvolver maiores expectativas no Espírito
Santo. Não estou afirmando que já alcancei definitivamente esse propósito;
entretanto, o alvo e a prática me ajudaram a aguçar o dom e ampliar
consideravelmente minha visão profética.
Quando me movo na profecia, na verdade estou crendo que Deus
pode falar numa determinada situação, ou na vida de uma pessoa. O
próximo passo, a partir daí, é crer que Ele falará por meu intermédio. Então,
nós pedimos: “Senhor, unge meus olhos, ouvidos e boca”. Com nosso
intelecto, nós cremos que temos a mente de Cristo (1 Co 2.16). Se eu tiver a
chance, desejo canalizar minha forma de pensar, quero começar a pensar
como Jesus pensa, pois o Espírito de Deus conhece a mente de Deus, e o
mesmo Espírito habita em nós. Total sabedoria. Total entendimento. Total
conhecimento. Todas essas coisas são colocadas à nossa disposição por Deus.
Basta que as exploremos.
Operação
Uma das coisas que precisamos para nos mover na profecia é uma
carga e uma preocupação. Olhe à sua volta, pois Deus pode colocar uma
pessoa em particular em seu coração. Você deve orar por essa pessoa. Tenha
uma carga por ela. Preocupe-se diante de Deus por ela. Ore assim: “Senhor,
fale com esta pessoa. Se desejares, fale por meu intermédio”. Creio que
temos de permitir que as cargas cresçam e se desenvolvam em nosso coração.
Que Deus nos livre das pessoas que profetizam em nossa vida mas que não
sentem nada por nós.
São essas cargas que revelam o coração de Deus. Quando temos uma
carga por algo e estamos orando, o Espírito Santo nos capacita a colocar isso
em palavras; assim, começamos a sentir que Deus deseja dizer ou fazer algo.
Isso nos leva a um senso de convicção – que produz expressão. Quando
estamos convencidos de que Deus deseja dizer algo, subitamente temos os
meios e a vontade de expressar isso e Deus reúne todos esses elementos.
Dentro da operação do dom de profecia, às vezes precisamos
reconhecer que o dom precisa ser acionado. As cargas podem nos levar a
buscar o Senhor. Deus nos dá uma carga porque deseja falar e agir. Sempre
que Ele nos dá uma carga, precisamos ter expectativa, pois no que diz
respeito ao Senhor, trata-se de uma declaração de que Ele deseja se
envolver e falar por nosso intermédio, usando- nos em determinada situação.
Ele nos escolheu para cooperar com Ele. Ele próprio tem uma carga por
aquela determinada pessoa. Ele compartilhou conosco a carga como uma
declaração de intenção. Ele quer falar e nós somos o vaso que escolheu.
Portanto, temos de ser claros sobre como tudo isso funciona. Quando temos
uma carga, é porque Deus nos escolheu para fazer algo. Devemos ter um
senso de raro privilégio.
Podemos reavivar nosso dom. Isso quer dizer que nos moveremos
pela fé e com os motivos corretos. Queremos ver a pessoa abençoada, curada,
restaurada, etc. A seguir nós nos colocamos numa posição onde Deus pode
nos usar. Nesse ponto, espera-se que já tenhamos a consciência de que o
dom da profecia está em nós. Todo cristão pode profetizar. Podemos não ser
chamados para ser profetas, mas todos nós podemos profetizar e minha
esperança é que todo cristão tenha o desejo de ser mais usado dessa forma.
Podemos invocar o dom que há em nós.
Às vezes eu estou me movendo em expectativa e digo: “Pai, como tu
desejas fazer isso?”. Às vezes posso apontar para uma pessoa e pedir-lhe que
fique em pé. Outras vezes Deus me manda apontar uma pessoa e pedir-lhe
que venha à frente. Até esse momento posso não ter recebido nenhuma
palavra profética para elas. É nesse ponto que as coisas se tornam mais
interessantes. Eu as chamo cheio de expectativa e pergunto ao Senhor: “O
que eu faço agora?” – e Ele não responde nada! Quando Deus não diz nada,
eu acho que devo começar em algum ponto e seguir adiante. Por isso me
dirijo à primeira pessoa e subitamente Deus começa a falar e o dom flui.
Fazemos essas coisas movidos por um senso de expectativa porque
esperamos que Deus faça algo. Esperamos que Deus se manifeste e que Ele
se mova. Portanto, quando vamos a algum lugar, a expectativa significa que
há a possibilidade de que tenhamos de nos mover no dom profético.
Precisamos ter expectativa e antecipar o que Deus deseja fazer. Percebemos
de antemão que Ele pode desejar fazer algo naquela situação, e escolhemos
cooperar. Por isso a preparação é tão importante. Preste atenção no Espírito
Santo e reavive o dom.
A prática da profecia
A profecia começa com o recebimento de uma carga. É muito
importante que o nosso coração esteja em plena sintonia com o coração de
Deus. Creio que Ele deseja compartilhar com cada um de nós um senso de
carga.
Que Deus nos livre de pertencer a uma igreja onde a maioria dos membros
não possui nenhum senso de responsabilidade pela obra. Quando não temos
um senso coletivo de assumir o peso pela igreja, significa que deixamos de
sentir o coração de Deus pela comunidade. Todos os membros da igreja
devem ter consciência de que pertencem à obra e à comunidade na qual estão
inseridos. É por meio de cargas que Deus expressa o Seu coração.
Objetivo – a carga do coração de Deus
Na profecia, a primeira coisa que precisamos receber é um senso de
responsabilidade. Precisamos olhar ao redor primeiro em nossas igrejas,
dizendo: “Com quem, Senhor, tu desejas falar em minha igreja, no meu
bairro e no decurso do meu dia? Senhor, me dê uma carga”. Atualmente eu
vivo com um senso de carga por cinco pessoas e tenho certeza que receberei
alguma mensagem profética para a vida de cada uma delas.
Quando recebemos uma carga, devemos fazer perguntas ao
Senhor. Por quem é a carga? O que o Senhor deseja fazer? No final da
profecia, o que o Senhor deseja realizar na vida dessa pessoa? Qual é o
objetivo? Essas perguntas são muito importantes para a vida da igreja em
geral. O que estamos fazendo e por quê? Essas são as duas perguntas mais
importantes que podemos fazer na igreja. Às vezes é o fracasso em fazer
essas perguntas que leva a obra à estagnação, em termos do que estamos
fazendo e do senso de visão que estamos comunicando. A cada dois anos as
igrejas deviam fazer uma revisão radical e examinar tudo o que está
sendo feito. A revelação que tivemos no ano anterior pode não servir mais
para os anos vindouros.
Em relação à profecia, precisamos fazer perguntas a Deus;
precisamos de um senso de objetividade. É importante desenvolver um
entendimento de como o coração de Deus opera para com as pessoas. Por
que Ele está selecionando essa pessoa para receber uma profecia? O que
Ele deseja alcançar por meio dessa palavra profética?
É esse senso de objetivo que nos ajuda a ser claro, específico e
significativo quanto ao que estamos profetizando. Ele foca o coração de Deus
na vida da pessoa. Sem esse senso de objetividade, às vezes nós
complicamos a mensagem ou inserimos na profecia muita percepção
humana. Isso ocorre porque não temos uma visão real e clara daquilo que
Deus deseja fazer.
Diagnóstico e prognóstico
Com muita frequência, a primeira coisa que recebemos é um
diagnóstico. Há uma diferença entre diagnóstico e prognóstico. Às vezes
podemos ter uma visão ou uma impressão, e aquilo que recebemos
inicialmente pode ser bem negativo. Podemos ver um pecado ou um erro.
Muitas vezes isso pode ser um diagnóstico simplesmente porque a
profecia é composta de três elementos.
Há a palavra de conhecimento, o dom da profecia e a palavra de sabedoria.
A palavra de conhecimento abre a questão; a palavra de profecia fala sobre o
coração de Deus; a palavra de sabedoria encerra nos dizendo como devemos
responder a Deus.
A primeira coisa que recebemos pode bem ser uma palavra de
conhecimento e não a profecia em si. Deus está nos dando informações sobre
a vida da pessoa ou sobre sua situação. Ele está dizendo: “Eis o que está
acontecendo e eu quero que você compreenda”. Ele está dando ao profeta um
contexto no qual falar.
Muitas pessoas profetizam as primeiras coisas que recebem. De
fato, nós podemos profetizar uma palavra de conhecimento que Deus nos
deu como informação. Isso se chama profetizar o problema e provavelmente
já causou mais danos na vida das pessoas do que qualquer outra coisa
relacionada à profecia. Não transmita a primeira coisa que você receber; não
se apresse a profetizar. Muitos profetas acham que as palavras precisam sair
de sua boca o mais rápido possível.
Pode ser que Deus esteja nos mostrando algo sobre a situação ou
sobre a vida do indivíduo. Precisamos nos aperfeiçoar na arte de acalmar
nosso espírito e orar: “Obrigado, Pai. Estou entendendo a situação dessa
pessoa. Agora, à luz disso, o que tu queres dizer a ela?”. Aquilo que Deus nos
manda dizer pode ser completamente oposto ao que vimos primeiro, porque
a graça de Deus pode precisar entrar em operação.
A palavra de conhecimento, nesse caso, é um diagnóstico. O
Senhor nos revela a situação como ela se encontra naquele momento. No
entanto, a palavra profética que pronunciamos pode se relacionar ao que o
Espírito Santo irá fazer naquele momento e no futuro. Isso é prognóstico.
Em termos simples, o diagnóstico identifica o que é, enquanto o prognóstico
indica o que virá!
Não é suficiente apenas apontar o que está errado – temos de estar
dispostos a participar da restauração. Temos de determinar o seguinte:
“Essa primeira palavra é um diagnóstico? Em caso afirmativo, ela é para
mim pessoalmente, para que eu me familiarize com a situação?”. Se a
resposta às duas perguntas for afirmativa, então temos um contexto (um
conjunto de circunstâncias) no qual Deus deseja falar. O contexto sempre
determina aquilo que Deus deseja falar.
Agora temos informação privilegiada sobre uma pessoa ou uma
situação, a qual precisamos usar com sabedoria, com grande sensibilidade
ao Espírito Santo e também com grande respeito pela pessoa interessada.
Há muitos anos atrás eu estava ministrando num retiro em Gales.
Durante uma reunião com os líderes, eu recebi uma visão relacionada a um
dos presbíteros presentes. Vi a figura dele com uma faca na mão, atingindo o
pastor nas costas. Pedi uma interpretação ao Senhor; Ele me mostrou que
aquele homem estava aproveitando todas as oportunidades para criticar o
pastor e para solapar sua autoridade. Sua atitude parecia espiritual e
piedosa, mas no fundo ele estava tentando se promover. Ele não era um
servo. Ele desejava aparecer e tinha profunda inveja da popularidade do
pastor. Para efeito de ilustração, vamos chamar o pastor de Davi e o
presbítero de Estêvão.
Eu tinha recebido um diagnóstico; uma palavra de conhecimento, que
me mostrou o que estava acontecendo. Não era uma profecia. Eu tinha de
aquietar o meu espírito e fazer várias perguntas ao Senhor: “Por que estás
me mostrando essas coisas? O que desejas que eu faça?”.
Senti a direção de chamar os dois na frente e pedi que ficassem um de
costas para o outro. Coloquei uma escova de cabo comprido nas mãos de
Estêvão e lhe pedi que fingisse que era uma espada. O Senhor me deu uma
palavra profética:
“O Senhor reuniu vocês dois. Ele colocou os dois um de costas para o
outro, o que é uma posição de batalha. Ele lhe deu uma tarefa,
Estêvão, que é guardar a retaguarda de Davi; você deve cuidar dele
porque o inimigo vai tentar destruí-lo, derrubando- o de qualquer jeito.
Deus está encarregando você de guardar a vida dele e orar por ele.
Defenda a vida dele contra o inimigo. Cuidado porque a estratégia do
inimigo é arruinar Davi por intermédio de homens com sede de poder.
O Senhor deu você a ele como um amigo que vigiará sua vida. Para
orar por ele, abençoá-lo e estar ao seu lado. O Senhor deseja que você
seja seu amigo e irmão”.
Nesse ponto Estêvão começou a chorar. Todos pensaram que era por
causa do enorme privilégio que o Senhor estava lhe dando. A realidade,
porém, é que subitamente ele tomou consciência do seu pecado e do fato de
que seus esquemas o tinham colocado do lado errado. O trabalho do
Espírito Santo é nos fazer sentir mal quando estamos errados. Isso se chama
culpa. A culpa é uma amiga porque ela nos mostra que estamos errados e
que precisamos nos arrepender e pedir a ajuda de Deus. Julgamento
também nos leva a entender que fizemos algo errado, mas ele nos convence
de que não podemos nos aproximar de Deus para acertar as coisas. A
condenação nos persuade de que Deus está zangado, decepcionado e que não
receberá nossa oração.
Estêvão estava chorando por duas razões. Primeiro, porque sabia
que estava errado e precisava se arrepender. Segundo, porque a graça de
Deus estava sendo derramada em sua vida. Em vez de juízo, ele estava
recebendo misericórdia. Estava percebendo que tinha cooperado com o
inimigo, mas agora estava determinado a aproveitar a oportunidade que
estava recebendo de Deus para voltar ao lado certo.
Todas essas coisas aconteceram em seu interior, sem que fosse preciso
que eu dissesse nada publicamente. Na profecia, é essencial que façamos o
que o Senhor nos diz para fazer e deixar o Espírito Santo fazer o resto. Ele é
competente naquilo que faz e não precisa de nossa ajuda. Sem que eu
mencionasse seus pecados em público, o Espírito Santo levou Estêvão ao
arrependimento.
Isso é muito importante. Se não entendermos o princípio do
diagnóstico, nossas profecias causarão problemas e trarão muitos danos. O
evangelho é redentor; o profeta deve trazer boas notícias, mesmo que sejam
de arrependimento! Há momentos em que o Senhor não tem outra
alternativa a não ser proclamar algo de cima dos telhados – mencionar algo
publicamente. Quando isso ocorre, em geral as pessoas envolvidas já foram
longe demais e não têm como voltar; essa é a única forma de levá-las à
redenção.
Normalmente é a bondade e a misericórdia de Deus que trazem
arrependimento. Depois de receber o quadro original de Estêvão com uma
faca na mão, eu me prontifiquei a fazer várias perguntas ao Senhor. Uma
pergunta pertinente foi: “Pai, qual é o teu objetivo? O que tu queres realizar
entre esses dois homens?”. Creio que o Senhor queria redimir o
relacionamento deles, para que ambos estivessem absolutamente
próximos, no coração e no espírito. Quando perguntei ao Senhor como
isso seria feito, Ele me deu a idéia de colocar os dois lado a lado e encenar a
luta.
Nem sempre nós temos de mencionar as coisas negativas.
Depende do propósito. Se mantivermos claro em nossa mente que o
propósito do evangelho é a redenção, isso nos providenciará uma diretriz
muito útil.
Mais tarde, no mesmo fim de semana, eu chamei Estêvão de lado
para me certificar de que tudo estava bem com ele. Ele me disse: “Você
não tem idéia de como Deus me abençoou neste final de semana!”. Eu senti
(para o bem dele) que devia lhe contar tudo o que aconteceu. Ele irrompeu
em lágrimas; um espírito contrito conhece a bondade de Deus. O fato de
que o Senhor conhecia seu pecado, redimindo-o e abençoando-o sem
exposição pública, realmente amoleceu seu coração.
A graça de Deus continua fluindo em nossa vida na maior parte do
tempo. Às vezes é a Sua bondade e misericórdia que quebranta nosso
coração. Não há nenhuma pessoa na igreja a quem Deus não deseja revelar
sua incrível bondade. Algumas de nossas experiências com as pessoas com as
quais convivemos são tão ruins e precárias que nós acabamos pensando o
mesmo de Deus. Ele porém, é completamente diferente – Ele não é
humano. Ele é divino e tem um caráter totalmente diferente.
A Bíblia diz que o propósito principal da profecia é edificar,
encorajar, confortar, animar e alegrar (1 Co 14.1-5). Isso é profetizar. O
aspecto central da profecia é realizar essas coisas em nossas vidas. Deus
deseja nos edificar e para isso emprega todos os meios. Ele deseja nos
despertar e nos animar, mas também quer que saibamos que conhece nossas
dores. Ele deseja trazer conforto quando precisamos de conforto.
Deus é assim: 90% da mensagem profética nesse nível básico
consiste em repetir o óbvio. Deus nos ama. Ele cuida de nós. Ele deseja o
melhor para nós. Sua bondade e fidelidade estão ao nosso dispor. Seu amor
é infinito. Sua bondade é eterna. Ele sabe tudo sobre a nossa vida. Nós já
sabemos de tudo isso, mas às vezes ficamos tão amarrados pelas
circunstâncias que perdemos de vista até mesmo os atributos mais básicos do
caráter de Deus, e precisamos ser lembrados. Podemos ler textos bíblicos
que contenham essas verdades vitais, mas às vezes precisamos do elemento
“agora” da profecia, aliado às Escrituras, para de fato trazer a Palavra às
nossas circunstâncias de uma forma dinâmica.
Quando profetizamos, não devemos nos desculpar se aquilo que
falarmos não for novo. Se recebermos uma palavra que Deus ama alguém,
então devemos transmitir essa mensagem da melhor forma possível.
Na profecia, o objetivo afeta a forma de pronunciamento. Se o
objetivo da profecia for fortalecer uma pessoa, acrescentar dinamismo e
determinação à sua vida, nossa mensagem profética deverá refletir esse
propósito. Iremos profetizar de uma maneira ousada e direta, enfatizando a
soberania de Deus e cuidando para transmitir confiança à pessoa.
Semelhantemente, quando recebemos uma palavra do Senhor sobre
Seu amor por um indivíduo, devemos tentar comunicar isso de uma forma
que faça com que o amor divino se espalhe pelo seu coração. Convicção
produz expressão. Quando nós mesmos estamos convencidos do amor de
Deus ao falar desse fenômeno maravilhoso, vamos incorporar o espírito da
mensagem e não somente o seu conteúdo.
A profecia comunica espírito para o espírito, assim como fala à
nossa mente.
A essência da profecia consiste em deixar o Espírito Santo
incendiar nosso espírito. Pessoalmente, é provável que o fato de que Deus
me ama seja a verdade isolada mais importante em minha vida. O fato é que
Deus ama Graham Cooke – eu! Eu sei que Deus me ama. Eu acordo todas as
manhãs convencido do amor de Deus, convencido de que algo maravilhoso
está para acontecer hoje entre eu e o Senhor, porque Ele me ama. Tenho
convicção de que Deus me ajudará a encontrar uma solução para os
problemas que enfrento em minha vida neste momento. Deus fará algo
maravilhoso e dinâmico e me ajudará a derrotar o inimigo e superar as
dificuldades. Por quê? Porque Ele me ama. Não importa o que eu esteja
enfrentando neste momento, sei que Deus anda ao meu lado. O pior que pode
acontecer é que as circunstâncias não mudem; no entanto, terei convicção da
presença de Deus. Ele passará por tudo junto comigo. Eu terei de atravessar
tudo, suportar tudo. Ainda assim, porém, Deus não me abandonará. A
presença de Deus estará comigo. Ele estará comigo até o final dos tempos.
O melhor de tudo é que Ele pode mudar tudo e fazer as minhas
preocupações desaparecerem. O pior que pode acontecer é que eu tenha de
caminhar um pouco mais pela fé, sem ver mudanças. Mas a presença de
Deus estará comigo enquanto eu perseverar. Isso é maravilhoso!
Como um dos meus amigos diz, profecia é 80% preparação; 20%
inspiração; 100% transpiração e 100% trepidação!
Profecia pessoal
Nos últimos anos tem havido debates sobre a validade de uma única
pessoa profetizar para um grande número de pessoas numa reunião.
Certamente uma única pessoa profetizando para grupos seria a norma
em muitos locais. Seria correto, ou seria bíblico, uma pessoa se mover no
dom profético durante várias horas seguidas?
A Bíblia oferece vários exemplos de pessoas recebendo profecia
pessoal. No entanto, ela não diz nada sobre a questão se um único indivíduo
deve transmitir todas as profecias. A Bíblia não diz se é certo ou errado.
Em meu próprio ministério, constantemente fico surpreso ao
constatar a enorme expectativa que as pessoas têm em relação àqueles que
são usados no ministério profético. Certa vez um pastor me telefonou
desejando que eu marcasse uma data para visitar sua igreja. Na conversa, eu
lhe perguntei o que esperava que eu fizesse em termos de ministério.
Basicamente, sua resposta foi que desejava que eu fosse lá durante
vários dias, profetizasse para a igreja (em termos corporativos) sobre
visão e ministério e também que eu profetizasse para todos os membros da
congregação! Perguntei se ele queria que eu ensinasse sobre profecia e
fizesse algumas oficinas nas quais os membros da igreja tivessem
oportunidade de exercitar o dom. Sua resposta foi negativa: “Queremos que
você venha para profetizar e não para ensinar sobre profecia!”.
Fiz uma segunda pergunta ao pastor: “Suponhamos que eu vá, mas o
Espírito Santo não me dê nenhuma palavra profética ...o que acontecerá?”.
Ele ficou em silêncio durante alguns instantes e finalmente disse: “Mas você
é um profeta!...”.
Na verdade, nos últimos vinte anos já houve várias ocasiões em
que não recebi nenhuma mensagem profética. A mais recente ocorreu
durante uma campanha de fim de semana numa igreja. Ao entrar no prédio da
igreja, senti o Espírito Santo me dizendo: “Você não profetizará neste final de
semana”.
Durante todo o tempo, a liderança me colocou debaixo de grande
pressão, de forma sutil e também aberta. Senti grande ímpeto de falar sobre a
natureza da igreja, sobre verdadeira comunhão e unidade nos
relacionamentos dentro do Corpo local. Na manhã de segunda-feira, depois
de um dos finais de semana mais difíceis que eu já experimentara, eu
soube que o pastor titular pediu demissão do cargo, por causa de traição,
espírito crítico e falta de compromisso por parte dos presbíteros e dos
membros. Era simples: ao me convidar, a intenção dele era que eu
chegasse na igreja, sacudisse uma “varinha mágica” e profetizasse mudança
no coração de toda a congregação.
Em vez disso, eu cheguei lá e ensinei (com base numa palavra
revelada nas Escrituras) o que eles precisavam saber. Aquele pastor
confessou seu desapontamento comigo e com meu ministério. A verdade,
porém, é que se primeiro não estivermos dispostos a obedecer à Palavra,
perdemos o direito de receber alguma revelação fresca e específica de Deus.
Em segundo lugar, não podemos e não devemos tratar os profetas como
mágicos. Os profetas não foram levantados por Deus para tirar objetos de
uma cartola, fazer coisas desaparecerem ou causar mudanças miraculosas no
caráter das pessoas sem que elas precisem responder ao Senhor!
Um pastor me convidou para visitar sua igreja e falar sobre um
assunto em especial (nada sobre profecia – ótimo!). Depois de orar, senti
que devia aceitar. No entanto, quando cheguei lá, ele fez uma introdução
espalhafatosa sobre o meu ministério, o que me deixou bem desconfortável.
A seguir começou a chamar as pessoas da congregação pelo nome, mandando
que ficassem de pé para receber uma mensagem do profeta.
Subitamente, me dei conta de que não estava lá para falar sobre
“Edificando uma Igreja Pioneira” – na verdade estava lá para profetizar
na vida das pessoas mais complicadas da igreja! Quando protestei (em voz
baixa) no púlpito, o pastor me informou que o Senhor tinha acabado de lhe
mostrar que eu tinha recebido mensagens para todas aquelas pessoas.
Minha inclinação foi encerrar meu dom e abandonar aquela igreja.
Concordei, por uma questão de cortesia, em orar por algumas pessoas.
Depois da reunião, um homem me informou que vários dias antes o pastor
tinha lhe telefonado convidando-o para vir com a expectativa de receber
alguma profecia.
É vital estabelecer diretrizes para a realização do ministério quíntuplo
na igreja. Os ministros não são mágicos, não são levantados para assumir o
lugar de Deus. Quando há uma expectativa geral de que o profeta sempre
deve ter mensagens proféticas para todos, em todas as reuniões, a própria
igreja cria uma situação em que o ministério profético fica sujeito a exageros.
Revelações contínuas, sem interrupção, podem causar fadiga, perda de
concentração e pressão em relação aos resultados e tudo isso pode levar o
profeta a cometer erros.
Há muitos exemplos nos quais grupos inteiros receberam mensagens
corporativas de uma só pessoa. Há também muitos exemplos nos quais
indivíduos receberam mensagens proféticas dadas pelo presbitério.
O que é presbitério?
Ao examinar a história da Igreja, vemos que a função do
presbitério é bem variada. Em alguns locais o presbitério significa uma
equipe de conselheiros que se reúne em tempos de adversidade para oferecer
à Igreja o benefício de sua sabedoria em situações estressantes. Em outros
locais, pode ser definido como as pessoas que representam suas
congregações e regiões nas conferências nacionais, onde haja votação. Os
presbíteros podem fazer parte de uma equipe denominacional regional
(presbitério), que busca refletir os pontos de vista das igrejas de uma região
em particular.
Quando, porém, examinamos a função bíblica do presbitério, vemos
algo diferente. A Bíblia indica que presbitério era o nome de um grupo de
pessoas com unção profética, que orava e profetizava sobre indivíduos e
igrejas, conforme a situação exigia (At 13.1-3; 1Tm 4.14). Esse grupo pode
ser a equipe de anciãos da igreja local, ou um grupo de vários ministros
quíntuplos que estão presentes na igreja por uma razão ou ocasião em
particular.
Além de edificar, exortar e confortar, o propósito do presbitério é
trazer direção, trazer um chamado claro de Deus às vidas, autenticar o
ministério ou a função dos indivíduos e ministrar a Palavra ou a bênção
divina nas vidas. O presbitério também pode ser usado para separar as
pessoas para o ministério ou para a liderança pastoral; para ajudar as pessoas
a receber uma visão fresca e novo ânimo no serviço do Senhor; para trazer
direção profética a todo um projeto. Os presbíteros podem realmente
fortalecer a fé da igreja e podem ser a fonte de liberação de bênçãos
fundamentais para todo o Corpo.
Durante as conferências proféticas, eu sempre uso uma equipe de
ministros ungidos para agir como um presbitério naquele evento, com a
permissão e a bênção da liderança local.
O presbitério, como qualquer ministério profético individual, está
sujeito à liderança da igreja local, diante de quem deve prestar contas daquilo
faz e diz. Neste caso, precisamos determinar quem será o “cabeça” do
presbitério, em caso de haver necessidade de uma palavra final ou alguém
que assuma a responsabilidade pelo grupo. No meu caso, eu assumo a
liderança de toda a equipe, o que significa que “pago o pato” se algo der
errado. Depois das conferências, eu incentivo as pessoas a entrar em contato
primeiro com os membro da equipe (os quais me prestam relatórios);
caso não recebam resposta ou não concordarem com algo, então podem
entrar em contato comigo e eu procuro o membro da equipe responsável. Por
outro lado, caso haja algum problema com a minha resposta, então entramos
em contato com um árbitro independente que pode nos ajudar a resolver a
questão de forma imparcial.
Profetas no plural
Na Bíblia há muitas menções de grupos organizados de profetas,
todos trabalhando juntos. Na época de Samuel havia escolas de profetas (1
Sm 10.5-10; 19.20). No tempo de Elias, um homem chamado Obadias
(mordomo do rei Acabe) escondeu cem profetas numa caverna (1 Rs 18.4).
Há muitas referências aos filhos dos profetas em Betel e Jericó, que pareciam
ser dois dos principais centros de atividade profética (2 Rs 2.3-7). Profetas
(note o plural) chegaram a Antioquia, vindos de Jerusalém (At 11.27; 13.1).
“Judas e Silas, que eram profetas, encorajaram e fortaleceram os
irmãos com muitas palavras” (At 15.32).
O texto acima não diz se essas “muitas palavras” foram individuais ou
corporativas – ou ambas! Nenhuma distinção é feita neste caso.
“Tratando de profetas [plural], falem dois ou três...” (1 Co 14.29).
Em 1 Coríntios 14.1-5, Paulo faz várias observações sobre profecia.
Ele afirma que falar em línguas é um dom intensamente pessoal, a menos que
haja interpretação pública, a fim de que todo o grupo seja abençoado. Ele
também parece dar a entender que há um aspecto individual e corporativo na
profecia. “Quem profetiza o faz para edificação, encorajamento e consolação
dos homens [individual]... Quem profetiza edifica a igreja [corporativo]”.
A Bíblia, porém, tem mais a dizer a respeito de todos profetizando do
que a respeito de um profetizando sobre todos! (1 Co 14.24, 31). Eu creio
firmemente que o papel do profeta é treinar, equipar e liderar as pessoas no
uso correto dos dons; é capacitar o Corpo a ministrar profeticamente e não
se levantar e profetizar sobre todos; trazer o ofício profético para a igreja,
juntamente com o ministério apostólico.
Quem precisa de profecia?
Primeiro, há as pessoas óbvias. Aqueles que não estão indo bem
em alguma área e que precisam de uma palavra de exortação, edificação ou
consolo. Os líderes locais devem examinar o estilo de vida dos seus
membros, para detectar as necessidades antes de iniciar um ministério
profético. Em muitas ocasiões é mais importante que as pessoas recebam
ensino sistemático da Palavra, creiam nela, e a apliquem em suas vidas, do
que esperem “ouvir” algo novo de Deus na profecia.
Muitas vezes as pessoas se metem em problemas porque ignoram ou
desobedecem as verdades reveladas no ensino sistemático. Temos de
encorajar as pessoas a não tratar a profecia como um atalho para Deus. Os
cristãos do Novo Testamento não tinham o hábito de buscar palavras
proféticas todas as vezes que tinham de tomar uma decisão. Eles usavam as
Escrituras, a presença interior do Espírito Santo, a comunhão dos santos e o
relacionamento pessoal com o Criador amoroso.
A busca contínua de profecias ou de profetas nos limita a uma vida de
mediocridade espiritual e de imaturidade, pois é fundamental para o nosso
crescimento individual que aprendamos a discernir por nós mesmos a
vontade de Deus. Se não conseguimos ouvir Deus por nós mesmos, como
podemos esperar ouvir Deus por intermédio de outrem? O relacionamento
pessoal com Cristo é o nosso maior privilégio e nosso direito quando
nascemos de novo. Temos de tomar cuidado para não violar esta liberdade.
O Espírito Santo é quem nos lidera a toda a verdade. Ele é a
nossa inspiração na verdade. Quando as pessoas me procuram na
expectativa de receber uma mensagem profética, normalmente eu faço
várias perguntas concernente ao seu relacionamento com Deus, estilo de vida
e vida de oração. Muitas vezes já fui dirigido a dar conselhos sobre
intimidade com o Senhor e orar pela bênção... em vez de profetizar. Nos
últimos anos, nós incluímos um seminário sobre “Conhecendo a Vontade de
Deus” como parte do currículo nas conferências sobre Profecia.
Quando é certo profetizar e quando devemos abrir as
Escrituras?
A resposta a esta pergunta, para um profeta, é: verificar sempre o
contexto no qual estamos exercendo o ministério. Eu peço ao Senhor
informações complementares (conhecimento sobrenatural das
circunstâncias); isso me ajuda a determinar se devo pedir ao Senhor uma
passagem bíblica para ensinar ou uma mensagem profética.
Certa vez um adolescente me pediu para orar por ele e trazer uma
palavra profética porque o inimigo o estava oprimindo no local de trabalho,
em casa e na igreja. Ele sentia que estava a ponto de penetrar num novo
nível com Deus e que essas situações estavam sendo usadas pelo inimigo
para retê-lo. Ele sentia que uma palavra profética de minha parte liberaria a
unção do Espírito em sua vida.
Quando pedi ao Senhor que me desse algumas revelações para
determinar o contexto, tive várias visões. Um deles mostrava o rapaz
chegando atrasado no trabalho. Sua mãe odiava chamá-lo de manhã porque
ele se recusava a sair da cama. Depois o rapaz acusava a mãe por chegar
atrasado e era extremamente agressivo com ela. Outra visão me mostrou
que o quarto do rapaz estava sempre em desordem e sujo, parecendo uma
pocilga. A terceira visão mostrou-o roubando dinheiro da bolsa da mãe. Veio
à minha mente a passagem de Êxodo 20.12, onde há um mandamento:
“Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa...”.
Tive de dizer àquele rapaz que não era o inimigo e nem as outras
pessoas que estavam contra ele, na presente situação. Na verdade era Deus
se opondo a ele, em favor de sua mãe. Ele não precisava de uma mensagem
profética – precisava se arrepender e mudar sua forma de vida.
Líderes, ministros, pessoas que estão agindo bem
Todos precisam de mensagens proféticas que os ajudem a
melhorar. Nosso ministério é levantar campeões – homens e mulheres de
grande valor, dispostos a dedicar suas vidas à causa do Reino de Deus.
O grande problema, principalmente no mundo ocidental, é que nossas
igrejas são orientadas pelas necessidades. As pessoas estão sendo
introduzidas inadequadamente no Reino. Mas, em síntese, o evangelho é:
“Jesus Cristo é o Senhor, o que você pretende fazer a respeito disso?”. As
pessoas não estão recebendo a mensagem verdadeira de Jesus como
Salvador e Senhor. Estão recebendo uma mensagem açucarada que exibe
um Jesus que suprirá todas as necessidades e resolverá todos os problemas.
Isso não é verdade.
Nem mesmo Jesus fez essas reivindicações sobre si próprio. Ele
afirmou claramente que aqueles que o seguissem sofreriam oposição. A
decisão de seguir a Cristo pode custar perda dos pais, da família e dos
amigos. Por causa da nossa fé, as pessoas tentarão nos prender, ferir e até
matar. Os crentes devem estar preparados para perder a vida (literal e
figurativamente), por causa de Jesus. Ele disse:
“Não pensem que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz,
mas espada” (Mt 10.34)
“Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu
venci o mundo” (Jo 16.33)
Evangelho é problema. Também é redenção, paz e perdão,
purificação, restauração e amor. Apesar disso, ele nos causará problemas
(por favor, Senhor!) porque nos coloca em conflito com o sistema do mundo
que é contrário do Reino dos céus. Assim, há necessidade de levantar
pessoas de real qualidade, que fiquem firmes e liderem outros. Essas pessoas
sempre estarão sob os piores ataques, porque representam um tipo de vida
que o inimigo está empenhado em destruir.
As igrejas cometem dois grandes erros nesta área. Primeiro,
devido ao evangelho orientado para as necessidades que é pregado, os líderes
gastam grande parte de seu tempo em ministério de manutenção e
motivação. As pessoas com necessidades recebem toda a atenção,
enquanto aqueles que aparentemente não têm necessidades recebem
pouquíssima ajuda ou apoio. Aqueles que ajudam mais são os últimos a
receber ajuda. A única forma de receber um pouco de atenção é quando
eles próprios sucumbem. Assim, temos um sistema que transforma heróis em
vítimas.
Nosso segundo erro é que praticamente não temos estruturas de
treinamento e capacitação nas igrejas. Não estamos engajados ativamente na
tarefa de fazer campeões, pessoas que podem ir cada vez mais longe. A
profecia tem um papel extremamente importante a desempenhar nesse
cenário. As pessoas que estão se saindo bem devem ser alvo de ensino,
oração, mais treinamento e capacitação e também devem receber profecias
específicas.
Se quisermos evitar que nossos heróis se tornem vítimas, precisamos
avaliar como os estamos usando e apoiando. O uso contínuo de um dom
pode causar desgaste, como uma lâmina que perde o corte. A profecia
funciona como um amolador de facas, restaurando o corte na vida de
pessoas leais, confiáveis e comprometidas. Ela ajuda a estabelecer essas
pessoas ainda mais nas áreas dos dons, responsabilidade e influência.
A profecia também pode livrar as pessoas das dúvidas e da
incredulidade, ajudando-as a ver as coisas da perspectiva divina. Pode
também abrir novas oportunidades para o serviço. Pode aumentar a
visão individual e corporativa. Ela dá ao ensino sistemático da Palavra
um ímpeto que promove o crescimento da fé e cria expectativas. A profecia
resulta numa ampliação, a criação de novo espaço em nosso coração para o
Senhor, para a fé, para o entendimento e para o serviço.
Ao responder as palavras proféticas de Deus, devemos reconhecer que
há três características inerentes a todas as profecias pessoais. Sempre que
uma profecia é proferida, ela será sempre incompleta, constante e
progressiva, ou então será provisional e dependerá de nossa obediência.
Precisamos entender todas essas qualidades a fim de ver a Palavra
de Deus cumprida em nossas vidas.
A profecia é incompleta
O apóstolo Paulo declarou:
“Em parte conhecemos e em parte profetizamos” (1 Co 13.9)
Uma palavra de conhecimento é somente uma parte ínfima do
conhecimento pleno de Deus. Da mesma forma, uma profecia oferece
somente uma pequena revelação da vontade de Deus para nossas vidas.
O texto de Deuteronômio 29.29 diz:
“As coisas encobertas pertencem ao Senhor, o nosso Deus, mas as
reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para
que sigamos todas as palavras desta lei”.
Trata-se de uma visão muito amável da verdade. Deus tem coisas
ocultas, que ainda serão reveladas. E Ele espera que guardemos com cuidado
as verdades que nos revela. Elas “pertencem” a nós e aos nossos
descendentes. A verdade deve passar de geração a geração; entregue aos
nossos filhos e passadas adiante. O ponto fundamental da verdade é que ela
precisa ser obedecida; nós a recebemos “para que a sigamos”.
Profecia também é verdade; ela reflete a exatidão do coração de
Deus e dos Seus propósitos. Ele é verdade, de modo que tudo o que fala
sobre Ele (com exatidão) automaticamente também é verdade.
Deus só revela o que precisamos saber a fim de que façamos Sua
vontade naquela situação em particular. As coisas que não deseja que
saibamos, Ele mantém em segredo até daqueles que profetizam. Eliseu disse:
“O Senhor nada me revelou e escondeu de mim...” (2 Rs 4.27). Em outras
palavras, ele queria dizer “eu não sei”.
Houve muitas profecias concernentes à vida de Jesus, pronunciadas
por uma grande variedade de pessoas. Muitas delas tiveram partes diferentes
no quebra-cabeça profético. Um profeta viu o Cristo como o servo sofrendo
sob a aflição do açoite, suportando sofrimentos e morte; outro viu o governo
vitorioso de Jesus; outro falou sobre o reino eterno e o governo do Filho de
Deus. Há ocasiões em que várias profecias sobre a vida de uma única pessoa
são como um quebra-cabeça. É preciso reunir todas as peças para ver o
quadro todo.
As profecias pessoais não nos suprem todas as informações.
Muitas vezes ela dá detalhes em uma área, oferece alguns comentários sobre
outro aspecto de nossa vida, mas pode não falar nada sobre outra área. Há
ocasiões em que a profecia traça vários passos ou fases pelos quais nossa
vida irá passar.
A profecia pode nos oferecer vislumbres positivos sobre o que
faremos ou teremos no futuro, mas pode não mencionar nada sobre os
obstáculos que poderemos encontrar. Pode não se referir à oposição do
inimigo, às pessoas que nos atrapalharão ou aos desapontamentos que
poderemos experimentar ao tentar ser fiéis ao nosso chamado. Às vezes, ao
olhar para trás, já desejei que algumas palavras proféticas que recebi
tivessem me alertado sobre as tribulações que enfrentaria. Pelo menos eu teria
me preparado e talvez estivesse mais apto para suportar e superar
algumas situações.
O sonho de José (Gn 37) não lhe deu nenhuma idéia da virada que sua
vida daria depois que contasse aos seus irmãos. O fato de ele ser atirado
dentro de uma cisterna não fazia parte da visão dele governando sobre seus
irmãos. O pesadelo continuou a partir daí, quando ele foi vendido como
escravo e finalmente acabou num calabouço, aguardando a execução no
Egito. Demorou um longo tempo (cerca de 24 anos) até que ele viu o
cumprimento da visão que tivera.
Quando Davi foi ungido por Samuel para ser rei (no tempo oportuno)
– 1 Samuel 16 – não houve menção de que ele passaria parte de sua vida se
escondendo em cavernas na companhia de bandoleiros. Samuel não
mencionou que ele viveria entre os filisteus e trabalharia para eles. Samuel
também não disse que seu próprio povo o perseguiria por todo o deserto a fim
de matá-lo. A profecia não destacou que ele fingiria ser louco a fim de
escapar de uma situação de perigo ou que perderia seu melhor amigo!
A profecia sempre revela uma parte dos propósitos de Deus em
nossas vidas. Não desanime, se a profecia deixar de mencionar aspectos
particulares que consideramos importantes.
A misericórdia de Deus jamais endossa o pecado
Se tivermos problemas ocultos, pecados, áreas de escravidão ou
desobediência em nossas vidas, e se mesmo assim recebermos uma profecia
totalmente positiva, não devemos concluir que o Senhor está aprovando
totalmente a nossa vida e está sendo complacente com o nosso pecado ou
com a nossa situação.
Moisés estava numa situação similar em Êxodo 3 e 4. Ele recebeu
uma profecia concernente ao livramento de Israel da escravidão e a promessa
da Terra Prometida (Canaã). Essa profecia foi confirmada por manifestações
do poder divino. A vara se transformando em serpente e sua mão ficando
leprosa foram dois sinais relacionados à profecia.
Depois de algum tempo, Moisés se encaminhou para o Egito. No
caminho, Deus foi ao seu encontro na intenção de matá-lo. Por que? Moisés
tinha pecado contra Deus deixando de circuncidar seu filho (E 4.24-26).
Como libertador do povo de Israel, Moisés não poderia desenvolver um
ministério efetivo se ele próprio não cumprisse cabalmente o
relacionamento de aliança com o Senhor. A circuncisão era uma parte vital da
aliança. Em sua desobediência, ele tinha quebrado a aliança com Deus.
Assim, apesar de ter uma profecia e um propósito, ele continuava numa
atitude de oposição a Deus, pois não obedecera à Palavra revelada!
Seu encontro profético com o Senhor não tinha revelado nenhuma
das circunstâncias ocultas de sua vida. O fato da profecia não ter revelado o
pecado não significava que o Senhor estava sancionando a desobediência
de Moisés. Seu fracasso em obedecer a aliança de Abraão o colocara em
oposição a Deus.
Sem dúvida nós já vimos isso acontecer muitas vezes na Igreja
moderna, onde ministérios importantes fracassam por causa do pecado. Já
compartilhei o púlpito com muitos homens, testemunhei enquanto recebiam
palavras proféticas maravilhosas, mas mesmo assim, meses (ou anos) mais
tarde testemunhei também a queda moral deles, devido a pecados cuja raiz
estava em atitudes profanas cometidas muitos anos atrás.
Já presenciei pessoas com as quais tinha íntima amizade ou um
relacionamento muito próximo de trabalho caírem terrivelmente em
imoralidade ou fraude. As raízes do pecado tinham se firmado há muito
tempo, mas durante toda a nossa amizade, eu nunca vi ou ouvi nada.
Olhando para trás, posso ver um padrão de comportamento comum
em todas essas pessoas. Todos acreditavam que devido ao fato de
ter um ministério ungido e bem sucedido e as palavras
proféticas que recebiam não fazer nenhuma menção de seus caminhos
impiedosos, podiam concluir que Deus não estava se importando com o
que faziam.
Uma vez que esse tipo de mentalidade começa a criar força em nossa
mente, podemos não dar outra alternativa ao Senhor a não ser proclamar as
coisas de cima dos telhados. Nenhuma dessas pessoas confessou a
necessidade e nem pediu ajuda. Todos foram expostos pelos acontecimentos.
Nenhum deles aceitou a disciplina da igreja e nem houve real humildade.
Houve um sentimento de pesar por ter sido apanhado, mas houve também
resistência quanto à implantação de novos sistemas de prevenção e de
prestação de contas.
Às vezes a profecia não fala às áreas de nossa vida nas quais
desejaríamos receber luz. É importante não reagir com desaponta- mento. A
profecia fala às partes da nossa vida nas quais o Senhor deseja fazer algo e
estimular. Portanto, temos de prestar atenção ao Espírito Santo.
Às vezes nossa vida pode estar uma verdadeira confusão, cheia de
problemas, mas mesmo assim a mensagem profética fala do nosso futuro de
forma clara e positiva. Bem, pelo menos sabemos que se permitirmos que o
Espírito trabalhe, vamos sair daquela bagunça em algum ponto ao longo do
caminho!
A profecia é constante e progressiva
O Senhor nunca compartilha tudo aquilo que tem no coração numa
única mensagem profética. Pelo contrário, Ele nos oferece mensagens que
nos proporcionam um foco para o momento atual e para o futuro imediato.
Quando trabalhamos com base nessas profecias e permitimos que nos
dêem encorajamento e moldem
nossa vida, podemos ver que a profecia vai sendo construída mediante
várias mensagens sucessivas.
Já recebi uma série de profecias, dadas por intermédio de uma ampla
variedade de fontes diferentes e sem conexão entre si e aos poucos cada
profecia foi me dando uma perspectiva do que Deus estava fazendo e para
onde estava me conduzindo. Cada palavra confirmava e fortalecia o
objetivo final. Às vezes eu recebia uma nova mensagem que abria um
novo horizonte. Ocasionalmente uma profecia reforçava e enfatizava uma
mensagem que eu tinha recebido há muito tempo atrás, a qual eu já havia
esquecido ou não estava aplicando totalmente.
Quando a profecia é progressiva, o conceito que precisamos
entender é que o Senhor está estabelecendo uma aliança conosco. Ele faz
isso por meio da verdade revelada nas Escrituras. No entanto, Ele também
pode usar as profecias. Olhando para trás, posso ver a aliança e o coração
de Deus em operação no ministério profético que recebi ao longo dos anos.
Para compreender realmente esse conceito de profecia, temos de examinar
a primeira vez que ele ocorre na Bíblia. Falando em termos gerais, a
primeira vez que Deus faz algo, Ele estabelece um precedente. Ele
proporciona um modelo, um padrão que pode ser seguido.
O estudo clássico nesse aspecto é a vida de Abraão, pai de muitas
nações, um patriarca e aquele com quem o Senhor fez uma aliança eterna.
Abraão é o modelo de relacionamento de aliança, por isso é bom examinar as
palavras proféticas em sua vida. Ao fazer isso, veremos um padrão distinto
emergindo mediante as sucessivas profecias.
Como cada profecia é edificada sobre uma mensagem anterior,
veremos palavras de confirmação, para que reforcem as profecias anteriores,
algumas palavras de instrução sobre o que se deve fazer, outras palavras que
restabelecem promessas anteriores e finalmente nova revelação que abre uma
área diferente de atividade.
A primeira palavra ocorreu quando Abraão tinha 75 anos de idade.
Ele recebeu uma grande promessa que dele procederia uma grande nação e
por seu intermédio todas as nações da Terra seriam abençoadas (Gn 12.1-5).
Ele recebeu instrução para deixar sua casa e ir para uma terra que Deus lhe
mostraria.
Abraão recebeu uma segunda palavra quando chegou a Canaã (Gn
12.7). Era uma palavra de confirmação, que aquela terra pertenceria aos
seus descendentes.
Depois que ele e o sobrinho Ló se separaram, Abraão recebeu uma
terceira palavra (Gn 13.14-17). Essa palavra reforçou que a terra era sua e
de seus descendentes. Ele recebeu instrução para “olhar” para todos os
pontos cardeais e também para “percorrer a terra de alto a baixo, de um
lado a outro”. Instruções como esta em profecia geralmente nos incentivam a
ir, explorar e tomar posse do que o Senhor está nos dando. Neste caso,
Abraão estava tomando posse tanto para si mesmo como para as futuras
gerações. Ao obedecer a instrução, ele estava exercitando o direito de posse.
Abraão também recebeu uma nova revelação: sua descendência seria
“tão numerosa como o pó da terra”. Expressões como esta são usadas pelo
Senhor a fim de expandir nosso pensamento. Muitas vezes nosso raciocínio
humano é muito pequeno. Nosso conceito de Deus é pequeno demais.
Muitas vezes, na profecia, o Senhor usa expressões que fazem nossa
mentalidade crescer, ampliam nosso entendimento de Deus e fazem
aumentar nossa fé.
Aos 83 anos de idade, Abraão recebeu uma quarta profecia. Esta
mensagem continha novas revelações específicas, além de fortalecer e
estabelecer as mensagens anteriores (Gn 15). Abraão não tinha filhos e
sofria muito por causa disso. Deus lhe deu uma promessa sobre um filho
“gerado por ele mesmo”. Uma palavra muito clara; teria seu próprio filho,
não um filho adotivo, mas gerado por ele próprio. Era uma nova palavra,
que também reforçava uma palavra anterior. Anteriormente, a palavra foi
“sua descendência será tão numerosa como o pó da terra”. Agora, sua
descendência também será “numerosa como as estrelas do céu, que não se
pode contar”.
Novamente, houve outra palavra de reforço: “Para dar-lhe esta terra
como herança” (Gn 15.7). Isso foi reafirmado, mas com as palavras
adicionais estabelecendo os limites territoriais da Terra da Promessa (Gn
15.18). Tudo isso torna ainda mais difícil a compreensão da incredulidade e
desobediência de Israel em Cades-Barnéia (Nm 13 e 14).
A quarta profecia de Abraão não somente delineou os limites da
Terra prometida, como também identificou as nações específicas que deviam
ser subjugadas na conquista da terra.
Neste ponto, a palavra profética cobriu 400 anos de história. Previu
a escravidão de Israel no Egito, a libertação e a punição dos opressores, além
da expulsão remunerada!
Todo esse cenário profético foi selado com uma aliança que fora
iniciada pelo Senhor. A profecia progressiva inspira a formação de
alianças. Ela nos liga ao Senhor e ao nosso destino. Esse tipo de profecia
constante e de desenvolvimento contínuo é uma parte viável e significativa
do ministério profético.
Aos 99 anos de idade, Abraão recebeu uma quinta mensagem
profética, na qual foram acrescentados vários elementos novos e
importantes (Gn 17).
Em primeiro lugar, ele recebeu uma palavra nova: “Seja íntegro”.
Deus estava começando a estabelecer seus termos para que as profecias
fossem cumpridas. Em segundo lugar, houve um reforço e o
restabelecimento das palavras anteriores (Gn 17.2-8). É interessante notar,
também, que houve uma ênfase tripla em relação às “muitas nações” que
procederiam de Abraão. Isso significa a intenção absoluta de Deus! No meio
de tudo isso, o nome foi mudado de Abrão para Abraão, que significa “Pai
de uma multidão”, o que clarificou e determinou a resolução de Deus em
relação a Abraão. Cada vez que ouvia seu novo nome, a frase “pai de muitas
nações” ecoaria em seus pensamentos. Ao dar-lhe esse nome, Deus
salvaguardou a promessa. O cumprimento estava no nome e o nome era a
promessa! Assim como o nome de Jesus – peçam tudo em meu Nome e Eu
farei! (Jo 15.16).
Houve uma expansão nessa profecia de pai de nações para pai de
multidões. Novamente, a terra foi restabelecida como sua possessão (Gn
17.8).
Havia novos elementos nessa última profecia que eram instrutivos.
Abraão recebeu detalhes específicos de uma nova aliança que o Senhor
estava firmando com ele. Um aspecto progressivo dessa profecia era que ela
se tornava mais pessoal e íntima à medida que se desenvolvia. Há uma
separação para Deus, tipificada no ritual da circuncisão.
Além disso, pela primeira vez em 24 anos, Sara foi especificamente
mencionada como mão do herdeiro prometido. Seu nome mudou de Sarai
para Sara (princesa, rainha, mãe de uma nação), refletindo o fato de que ela
era parte de todas as profecias recebidas pelo seu marido. Ela teria um filho!
Nesta profecia, vemos uma boa mistura de novas revelações,
palavras de confirmação, fortalecimento e restabelecimento de palavras
anteriores e um forte elemento de instrução. Todos esses elementos dão à
profecia um aspecto constante e progressivo.
A sexta profecia (Gn 18.17-19) foi dada no contexto de Sodoma
e Gomorra. Parece quase uma profecia indireta... não dada diretamente a
Abraão, mas pronunciada em sua presença. Era como se o Senhor estivesse
falando a respeito de Abraão com os dois outros homens. Eu incluí essas
palavras como profecia porque elas refletem o coração e as intenções de
Deus em relação a Abraão. Trata-se de um fascinante vislumbre da mente de
Deus e as palavras mostram Seus processos de pensamento alinhados com as
palavras proféticas que Ele profere.
Na profecia, nós podemos ter a empolgação inicial ao ouvir os
pronunciamentos. A seguir temos de exercitar a fé para superar as
circunstâncias. Essa situação mostra o Senhor se unindo às palavras
proféticas proferidas sobre Abraão e assumindo-as para si.
Em vinte anos de ministério profético, já encontrei centenas de
pessoas que abrem mão das mensagens proféticas que recebem, preferindo se
concentrar nas circunstâncias. Eu creio que o Senhor jamais esquece aquilo
que fala. Quando Ele fala, Ele cria algo novo. Sua palavra é evento, ela
gera ação. Ele jamais esquece uma profecia.
Nesta palavra, há o restabelecimento dos dois temas do v. 18, “uma
nação grande e poderosa” e “[por meio de Abraão] todas as nações da terra
serão abençoadas”. Há um novo aspecto da revelação também no v. 19.
“Eu o escolhi, para que ordene aos seus filhos e aos seus
descendentes que se conservem no caminho do Senhor, fazendo
o que é justo e direito, para que o Senhor faça vir a Abraão o que
lhe prometeu”.
Este é o nervo central do cumprimento da profecia. Nossa intenção
na vida deve ser “fazer o que é justo e direito”. Nesse contexto Deus
sempre cumpre Sua palavra, tanto a Palavra revelada nas Escrituras como os
pronunciamentos proféticos. O que o Senhor exige de nós?
“Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com
o seu Deus” (Mq 6.8)
A sétima e última profecia (Gn 22.15-18) ocorreu na vida de Abraão
depois do teste com Isaque, quando recebeu instrução para oferecer seu filho
como sacrifício. O teste é um ingrediente essencial em todas as nossas
situações proféticas com o Senhor. O Senhor deseja saber o que é mais
importante para nós, nossos destino e chamado, nosso relacionamento com
Ele.
O teste é um elemento absolutamente vital no cumprimento das
profecias. Quando Abraão foi aprovado no teste, a profecia deixou de ser
uma promessa e se transformou num juramento selado e ratificado.
“Juro por mim mesmo... que por ter feito o que fez... esteja certo
de que o abençoarei...” (Gn 22.16-18)
Neste ponto a profecia adquiriu uma nova dimensão, saindo do
provisional/condicional e entrando no absoluto/incondicional.
Ela seria cumprida porque o nome do próprio Deus (“Juro por mim mesmo”)
estava em jogo. Abraão provou quem era e foi aprovado no teste. Agora era
a vez do Senhor mostrar quem era e manter Sua palavra.
Nesse contexto, vemos novamente a confirmação das mesmas
palavras que foram dadas cerca de 50 anos antes. “Farei seus
descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia das
praias do mar”.
Há um elemento novo também na promessa: “Sua descendência
conquistará as cidades dos que lhes forem inimigos...” – uma referência à
conquista de Canaã, entre outras. É interessante que a primeira batalha dos
filhos de Israel em Canaã envolveu a conquista de uma cidade baseada numa
mensagem profética dada a Josué (Js 6). Assim, a progressão continuou por
toda a vida de Josué. Ele recebeu grande parte dos cumprimentos das
promessas feitas a Abraão sobre sua descendência e a terra. É maravilhoso
travar batalhas cujo resultado já foi determinado há mais de 400 atrás!
É algo tremendo e maravilhoso viver o cumprimento de uma
promessa. Chegar a um ponto onde podemos afirmar como Pedro: “Isto é o
que foi predito”.
Eu estou vivendo a realização de palavras proféticas que recebi em
1974. Em todas as profecias que recebi desde então, posso traçar a natureza
progressiva do coração de Deus para comigo.
Com base na vida de Abraão, podemos ver que durante a sua vida
inteira o indivíduo pode receber muitas profecias pessoais, mediante as
quais Deus vai lhe revelando Seus planos. O tempo do cumprimento pode
demorar e muitos anos podem se passar. No entanto, o Senhor mantém
nossa visão clara com profecias progressivas.
Abraão e Sara esperaram 25 anos por Isaque. Davi esperou mais de 20
anos para ser rei de fato. José esperou 22 anos para ver seu sonho realizado.
Em 1976, eu recebi uma mensagem profética de que estaria trabalhando na
América e teria influência no cenário eclesiástico nacional. Em 1992, depois
de 17 anos de espera, oração e preparação, finalmente dei minha primeira
palestra na América. O cristianismo instantâneo é o inimigo da persistência.
O cristianismo instantâneo não suporta os tempos de provação. O
cristianismo instantâneo jamais produzirá homens maduros e mulheres
de Deus.
A função de um profeta
A função do profeta deve continuar ao longo dessa mesma linha, mas
indo ainda mais fundo na esfera sobrenatural de ouvir a voz de Deus e ser o
seu porta-voz.
O profeta se preocupa com a santidade e a pureza da Noiva de
Cristo, buscando prepará-la. O tema recorrente será importante enquanto
edificam a Igreja e estabelecem valores do Reino e práticas para a volta do
Senhor. O profeta tem uma perspectiva do Reino que motiva a Igreja
universal na prática da unidade do Espírito.
O profeta falará para igrejas, cidades, regiões e nações. Suas palavras
serão ouvidas por todas as autoridades: líderes eclesiásticos e governantes.
Suas palavras serão acompanhadas por sinais e maravilhas, milagres de
cura e sinais claros da presença sobrenatural do Senhor e seus anjos. O
profeta reveste a Igreja de fé sobrenatural enquanto pronunciam a Palavra
do Senhor e predizem seus propósitos.
A importância do desenvolvimento
Essas coisas não ocorrem por acaso. Nós temos de olhar para a nossa
habilidade profética, praticar, e planejar melhorá-la. Eu estou
constantemente surpreso por ver como tantas igrejas enviam e encorajam
pessoas para participar de minhas conferências, mas jamais enviam uma
delegação composta por membros da liderança.
As pessoas precisam de treinamento na profecia da mesma maneira
que na oração, na batalha espiritual, adoração, evangelização e ministério de
cura. Na parte mais rasa da piscina há uma grande mistura dos nossos
pensamentos competindo com a mente do Espírito (veja Figura B). Quando
recebemos treinamento, discipulado e oportunidades de usar o dom, nós
desenvolvemos o nosso potencial de ouvir. Nós aprendemos a filtrar nossos
próprios pensamentos, e discernir a voz do inimigo e nos manter dentro da
palavra do Senhor. No ministério profético há menos mistura. Nós
crescemos no dom, estabelecemos nossa credibilidade e criamos um bom
histórico.
Similaridades
Nas duas Alianças, as pessoas empregam títulos similares, como
profeta, homem de Deus, servo do Senhor e mensageiro do Senhor.
Existem muitas similaridades em termos da função que as pessoas
exercem como profetas. Nas duas alianças, eles agem como porta-vozes de
Deus. Eles se engajam em pronunciar e predizer. Eles pronunciam juízo e
interpretam a Lei. Eles comunicam suas profecias da mesma maneira: por
palavra falada, sonhos e visões, por ações e gestos simbólicos, estranhas
cargas e também pela palavra escrita.
As duas Alianças têm profetas de visão como Daniel e Zacarias na
Antiga e João (Apocalipse) na Nova Aliança. Nas duas Alianças há profetas
de juízo. Há profetas de Escrituras como Isaías na antiga Aliança, e como as
muitas Epístolas de Paulo, escritas com uma enorme carga profética.
Os profetas das duas Alianças se preocupam com a moralidade do
povo (Israel e Igreja, respectivamente), e se engajam ativamente na
preparação da Igreja para ser a Noiva de Cristo. Há também um forte espírito
de justiça em operação em todos os profetas que falam contra toda a
corrupção e injustiça moral, social e política. Eles são parte daquela voz no
Reino de Deus que chama todos os homens, em todos os lugares, ao
arrependimento da idolatria, do pecado e da infidelidade para com Deus.
Diferenças
Os profetas do Antigo Testamento eram também chamados de
videntes, um termo não usado pela Igreja. Na Antiga Aliança os profetas
davam orientação às pessoas que buscavam uma palavra do Senhor. Em 1
Samuel 9.4-10, Saul e seu servo saíram em busca de uns animais
extraviados e em vez disso Saul encontrou um reinado!
Buscar direção do Senhor e orientação por parte do profeta era uma
parte importante do ministério profético sob a Antiga Aliança e que foi
totalmente banida na Nova Aliança.
Sob os termos da Nova Aliança todos nós recebemos o Espírito Santo
e podemos experimentar um relacionamento íntimo com o Senhor.
Orientação é resultado de um relacionamento correto com Deus. No Antigo
Testamento, os sacerdotes representavam os homens diante de Deus e os
profetas ouviam a voz de Deus e a transmitiam aos homens.
Agora nós temos Jesus Cristo, o grande Sumo Sacerdote e o
Espírito Santo, que é nosso Ajudador e que habita em nós. Nenhum profeta
do Novo Testamento jamais foi usado para profetizar mensagens que
guiavam, ou governavam as pessoas na vontade de Deus. Em vez disso,
eles eram usados para dar confirmação às pessoas. Mesmo quando
recebemos palavras novas ou futuras, nós somos instruídos a avaliar e pesar
tais palavras, esperando uma confirmação.
Há uma checagem sobre este tipo de atividade na Igreja, pelo
processo de examinar cada mensagem profética. Os profetas cristãos
não dizem às pessoas o que elas devem fazer – eles apenas confirmam o que
Deus está dizendo. Buscar num profeta cristão direção ou orientação é
violar a Nova Aliança que nos oferece acesso direto e o privilégio de nos
aproximar de Deus por meio de Cristo, pelo Espírito Santo. As pessoas
não “precisam” de profecia – elas precisam de Jesus Cristo. Não há
absolutamente necessidade de buscar profecias. As pessoas do Novo
Testamento recebem orientação, direção e supervisão em suas vidas mediante
a Escritura, que é infalível e mediante a habitação do Espírito Santo. A
profecia, bem como outros ministérios, pode confirmar o que nós recebemos
pessoalmente do Senhor.
Nós precisamos entender a diferença entre direção e profecia
diretiva. A direção ocorre quando as pessoas procuram o profeta e pedem
que lhes dê uma revelação profética para suas vidas ou situação (1 Sm 9).
Trata-se de uma abordagem da Antiga Aliança porque o Espírito Santo veio
sobre as pessoas.
Na Nova Aliança, o Espírito Santo habita dentro das pessoas e as
ensina a reconhecer a voz do Senhor por si próprias. Portanto, uma profecia
diretiva é uma palavra não buscada, compartilhada soberanamente pelo
Senhor em nossas vidas, para trazer confirmação ou abrir nossas vidas para
um propósito completamente novo. A iniciativa fica totalmente com o
Senhor. No entanto, nós devemos avaliar e pesar tudo, de forma responsável.
Quando procurados para dar direção, os profetas cristãos devem
fazer perguntas para examinar a qualidade da caminhada do indivíduo com
Deus. Nós não podemos assumir o lugar de Deus nesta área, mas devemos
incentivar as pessoas a melhorar o seu relacionamento com o Senhor Jesus
por meio das atividades do Espírito Santo.
Na Antiga Aliança os profetas eram alguns dos principais
historiadores e foram usados para escrever a Escritura infalível. Este
aspecto do seu ministério foi dado aos apóstolos na Igreja primitiva, os
quais, como João, podem ter tido um forte elemento profético acrescentado
aos seus dons.
No Antigo Testamento, os profetas eram muito diretos ao
repreender, advertir e disciplinar o povo e muitas vezes foram
usados para denunciar o povo e seus pecados. Na Igreja, os
profetas ministram palavras de exortação, ensinando exemplos e
confirmações. O evangelho é redentor e nós estamos servindo ao Deus da
graça e da misericórdia. Portanto, nossos pronunciamentos proféticos são
temperados pela mensagem do Reino.
Os profetas cristãos não devem ter a função ou a personalidade dos
profetas do Antigo Testamento. Antes do tempo de Jesus, os profetas
eram temidos. Eles eram indivíduos excêntricos, autoritários e assustadores
que entregavam mensagens grandiosas, muitas vezes com um senso de
urgência e de juízo iminente que parecia pairar sobre as cabeças das pessoas.
Eles eram estranhamente independentes, difíceis de conviver e muitas vezes
extremamente impopulares. Não se sabe se a falta de aceitação se devia à
aparência deles, personalidade ou ao conteúdo das mensagens (ou uma
combinação de tudo isso).
O profeta cristão, por outro lado, deve exibir o fruto do Espírito com
toda graça e humildade. Devem ser membros responsáveis do Corpo de
Cristo e viver sob a autoridade enquanto agem como membros de uma equipe
e não como um ministério individual.
No Antigo Testamento, na maior parte do tempo, o ministério
profético era uma bênção que ao longo dos séculos revelava o coração de
Deus aos homens. No Novo Testamento, o ministério profético é um
ministério de edificação, trabalhando com os apóstolos para lançar o
fundamento e estabelecer a Igreja como a Casa do Senhor. Por esta razão o
ministério profético está sujeito ao ministério apostólico e fica sob a sua
autoridade (1 Co 12.28,29).
O último profeta da Antiga Aliança, João Batista, submeteu sua vida e
ministério aos pés de Jesus, que é o primeiro de uma nova linhagem
profética no Novo Testamento.
Lamentavelmente, muitas pessoas estão apresentando um ministério e
personalidade no modelo do Antigo Testamento, no ambiente da Igreja do
Novo Testamento. Isso, eu creio, se deve ao grande número de filmes de
terror, mal entendidos e interpretações errôneas que diminuem o ministério
profético e desacreditam esse dom. Eu já vi muitas vezes, em nossas Escolas
de Profecia, pessoas com dom e potencial, mas com um entendimento
limitado, e que buscam uma unção do Antigo Testamento.
Pessoas que têm o dom profético, mas são imaturas, muitas vezes
tentam entender palavras negativas, julgamentos e pronunciamentos sem um
entendimento preciso da graça ou como lidar com as próprias
frustrações, sentimentos de rejeição e falta de humildade. É preciso tempo,
esforço e treinamento especializado para tirar essas coisas e desenvolver os
profetas cristãos a fim de que se encaixem na Igreja do Novo Testamento.
O profeta cristão
Ironicamente, o propósito de um profeta do Novo Testamento não é
primariamente profetizar! Primeiro, ele deve treinar as pessoas para ouvir
ao Senhor por si mesmas. Segundo, é ensinar os crentes como descobrir a
vontade de Deus e viver nela. Terceiro, é instruir e treinar as pessoas no dom
de profecia, ajudando as igrejas a estabelecer o ambiente e os
procedimentos corretos em torno desse ministério. Finalmente, é trazer a
palavra do Senhor por meio da pregação inspirada ou pelos pronunciamentos
proféticos sobrenaturais.
Obviamente essas áreas não se apresentam necessariamente nesta
ordem. Tudo pode depender de onde a igreja local se encontra em termos
espirituais quando recebe a visita de um profeta. Eu usei esta ordem para
ilustrar como é importante que as pessoas ouçam a Deus, conheçam a sua
vontade e sejam treinadas no dom profético.
O profeta do Novo Testamento é chamado para manter um
relacionamento funcional com o ministério apostólico. Esta interação
proporciona o ambiente e o equilíbrio necessário para os dois ministérios.
O profeta do Novo Testamento funciona como um agente
catalisador dentro da Igreja, i.e., eles fazem as coisas acontecerem. Deus
tem abundantes planos e propósitos para a sua Igreja. O profeta tem visão
e chama a Igreja (e os indivíduos) para entender e aceitar esses planos e
propósitos. Deus continua revelando os seus planos para os seus servos, os
profetas.
Deus está sempre falando. Infelizmente, porém, nem sempre a
Igreja está ouvindo. Pessoas incapazes de discernir a voz do Senhor
muitas vezes têm palavras no coração das quais não sabem a origem. Muitas
vezes eu já profetizei para pessoas e foi como se uma lâmpada se acendesse.
Subitamente a iluminação vem: “Então é assim!”.
As pessoas se preocupam demais em receber coisas novas e deixam
de fazer algo a respeito daquilo que o Senhor já lhes falou. Com frequência
eu profetizo para pessoas e a resposta delas é: “Eu já sabia disso. Conte-me
algo que eu não saiba”. As pessoas sempre querem algo novo. Esta
preocupação exagerada com novidades realmente pode nos impedir de
ouvir a voz do Senhor de forma renovada. Aqui estou eu, um completo
estranho, profetizando todas essas coisas aos corações e as pessoas não
percebem a importância do que está acontecendo!
Na verdade a questão deveria ser: “Se você já sabe de tudo, então
por que Deus me enviou para lhe dizer estas coisas?”. Pode ser que o
momento seja oportuno para que essas coisas comecem a acontecer. Depois
de cada chamado e revelação de visão, há um tempo de morte e
sepultamento. Isso é chamado de preparação, quando o Senhor coloca o
nosso chamado na prateleira e trata de quem nós somos como pessoas.
Durante esse tempo “no chão”, a realidade do chamado se afasta de nós por
um tempo. Portanto, quando subitamente alguém começa a reafirmar o
nosso chamado profeticamente, pode ser o tempo que o Senhor está
abrindo as portas e fazendo as coisas acontecerem.
Por outro lado, nós podemos profetizar coisas que as pessoas já sabem
simplesmente porque elas não obedeceram a palavra original. Deus não fala
coisas sem importância. A palavra de Deus deve criar em nós algo que
garanta o cumprimento.
Talvez uma das respostas para o “eu já sei disso”, que gera
impaciência e desapontamento nas pessoas seja perguntar-lhes o que fizeram
em relação à mensagem original.
Os profetas também são ativos em termos de preparação. Eles
preparam as pessoas para o Senhor como em Isaías 40.3 e Lucas 1.17. Além
disso eles trabalham com os outros quatro ministérios para equipar e
preparar os santos para a segunda vinda de Cristo.
Parte dessa preparação consiste em receber e compartilhar
revelações específicas sobre a Terra. O apóstolo Paulo e, presumivelmente, o
profeta Silas (seu companheiro) receberam revelação como parte do seu
ministério (Ef 3.1-7). Uma revelação verdadeira sempre causa revolução.
Há muitas mensagens que devem se cumprir antes da volta de Cristo
e nós precisamos da revelação profética para interpretar esses sinais. Onde
houver profetas ativos e confiáveis a Igreja não tropeçará na ignorância.
Deus não faz nada sem comunicar aos profetas (Am 3.7).
É preciso um profeta para que os sinais sejam interpretados
corretamente. Os escribas e fariseus não discerniram o maior de todos os
sinais, o Messias caminhando entre eles. Foi preciso que João Batista
dissesse:
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! ... Pois eu, de
fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus (Jo 1.29, 34)
Os profetas também estão preparando a Noiva de Cristo, literalmente
“preparando um povo para o Senhor”. A Igreja é este povo, pessoas especiais
(embora não pareça!) que foram compradas por um alto preço: o sangue do
Senhor Jesus. É este grupo de pessoas que Deus está santificando e
purificando, para apresentá-lo sem mancha, rugas ou mácula. Um povo de
santidade e glória (Ef 5.25-27).
A Noiva deve estar no centro de tudo em termos de beleza e
preparação. Sem nenhuma mancha de imaturidade adolescente ou as rugas de
uma velhice senil e improdutiva. Jesus está se casando com uma Igreja
composta por pessoas feitas à sua imagem, cheias de justiça e de graça (Os
2.19,20), uma virgem casta (2 Co 11.2).
Os profetas são ativistas. Eles participam da equipe de
“aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério” que toda igreja deve
ter em nossos dias (Ef 4.11).
Timóteo foi exortado a “não negligenciar o seu dom, que lhe foi
dado mediante profecia”. Esse dom foi-lhe concedido por meio da
imposição de mãos do presbitério (1 Tm 4.14). É fundamental que
coloquemos os santos em ação na Igreja e no mundo. Algumas pessoas
são de “igreja”, no sentido de que todo o seu foco ministerial e influência são
voltados para o Corpo de Cristo. Outras pessoas são pessoas do Reino, e
possuem sua principal esfera de influência no corpo mais amplo e no mundo
secular. Alguns cristãos são chamados para ser policiais, professores,
políticos, jornalistas, propagandistas, ou envolvidos em obras sociais e na
legislação.
É interessante notar que quando um membro ungido da igreja
discerne um dom em outra pessoa, a profecia pode despertar a atenção da
pessoa pra o seu dom. No entanto, quando um apóstolo ou profeta impõe as
mãos sobre uma pessoa, o que ocorre é que ela recebe o dom naquele
momento.
Atualmente nós temos uma Igreja subnutrida no mundo porque os
ministérios de Efésios 4 não assumem o seu lugar correto em grande parte
da Cristandade. Esses ministérios equipam as pessoas para que se unam e
trabalhem juntas, cada uma dando a sua contribuição. A Igreja cresce à
medida que cada membro é efetivo em seu trabalho (Ef 4.16).
Os verdadeiros profetas promovem o ministério e têm paixão para
treinar e liberar outros para o ministério.
Os profetas também têm a responsabilidade de declarar as
mensagens do Senhor, i.e., fazer pronunciamentos. É comunicar o coração
de Deus para a época presente. Este pronunciamento pode ser por meio de
pregação, ensino, mensagens proféticas, visão, interpretação e atos
simbólicos. Ele serve para exortar, edificar, confortar e admoestar, trazendo
advertências ou repreensões (Ap 2,5).
Outro aspecto do papel profético é a profecia chamada de
predição, i.e., comunicar eventos futuros conforme se delineiam no
coração e na mente de Deus. Ela é usada para dar direção à Igreja; para
gerar um desejo pela piedade; para capacitar e liberar as pessoas. Muitas
vezes o Senhor já me capacitou para entender a história de uma igreja, ver
seu futuro em termos de visão e de chamado. E a seguir trazer essas duas
coisas para o tempo presente de uma forma que ajuda as pessoas a ter um
sentido real do que está acontecendo.
Certa vez eu falei com uma igreja sobre a necessidade de ter um
espírito de reconciliação em relação ao ministério com os pobres, e para com
os lares e casamentos desfeitos. Eles precisavam trabalhar em favor da
unidade na igreja. Antes o Senhor havia me mostrado que a história daquela
igreja estava repleta de situações de divisão. Eu também vi que atualmente
havia um sentimento de frustração e havia dificuldades nos trabalhos.
Colocando todos esses elementos juntos, eu sugeri que houvesse um
tempo de oração e jejum pela igreja. Durante esse período tivemos vitória e
expulsamos da igreja várias influências demoníacas que estavam assolando
os trabalhos. Não há nada melhor do que um período de jejum para
enfraquecer o inimigo.
Os profetas devem trabalhar bem próximos dos outros cinco
ministérios. Há várias parcerias que o Senhor pode criar em tempos
diferentes. Na Igreja primitiva vários profetas viajavam juntos como uma
equipe (At 11.27). Em minha experiência, trabalhar em equipe produz
resultados melhores do que trabalhar sozinho. O ferro afia o ferro.
Obviamente mais coisas podem acontecer mediante o trabalho de uma
equipe. Recentemente, durante uma conferência na Alemanha, minha equipe
foi tomada por um espírito de profecia, quando centenas de pessoas
receberam mensagens proféticas e houve evidências de curas e livramentos
em todo o auditório. Profetas trabalhando juntos podem inspirar um ao outro
e chegar a um nível mais elevado de unção.
O trabalho em equipe nos capacita a encorajar e fortalecer as igrejas
como Judas e Silas fizeram no livro de Atos (15.32). Pessoalmente, eu
gostaria de ver igrejas em todas as partes do mundo realizando Escolas
de Profecia e encorajando as pessoas a trabalharem juntas no ministério.
Profetas e mestres trabalhavam juntos em Antioquia (At 13.1-3).
Eles foram usados como instrumentos no chamado e liberação de Paulo e
Barnabé para a obra missionária. Trata-se de uma interessante combinação,
pois os dois amavam a Palavra de Deus, embora se aproximassem dela de
formas diferentes.
Os mestres desejam consolidar a mensagem do evangelho,
assegurando que as pessoas estão praticando o que aprenderam. Meu amigo
Martin Scott diz que nada está ensinado enquanto não for assimilado.
O profeta está sempre trabalhando para ir adiante em novas
revelações e buscando desafios, batalhas para vencer e obstáculos para
superar.
Um profeta pode transmitir uma mensagem revelando todo o
panorama profético daquilo que a igreja deve fazer em sua comunidade.
Pode haver numerosos aspectos relacionados à visão, mas nenhum passo
claro que mostre como chegar lá. Um mestre entrará em cena e vislumbrará
uma estratégia sobre os passos relevantes ao longo do caminho, mediante
os quais a igreja possa ser equipada e preparada para o seu papel no futuro.
Os mestres tornam as coisas acessíveis.
Semelhantemente, o mestre precisa do profeta para abrir novos
horizontes, o que por sua vez inspira as pessoas a receberem revelação. Os
profetas também podem pegar o ensino e lhe dar uma aplicação profética que
resulta numa resposta por parte das pessoas àquilo que o Senhor está
dizendo.
Alguns profetas podem usar também o dom de ensino, embora não
necessariamente no mesmo grau de intensidade. Do mesmo modo, os mestres
podem profetizar embora talvez não com a mesma autoridade e poder. Não é
necessário haver nenhum conflito entre os dois ministérios, desde que
entendam seus papéis individuais e tenham respeito mútuo.
Apóstolos e profetas são claramente unidos nas Escrituras (Ef 2.20).
O fundamento adequado na Igreja não pode ser estabelecido sem esta
parceria. O profeta verá o resultado final em termos do edifício que
Deus está construindo. O apóstolo, como sábio construtor, tem a
capacidade de construir tijolo por tijolo.
A cada estágio da obra, profecias e palavras de sabedoria serão necessárias
para manter as coisas nos devidos lugares. Há um papel duplo de edificar e
fortalecer a Igreja, equipando e liberando os santos a fim de que a igreja
cresça. Quanto maior a construção, mais pessoas terão de ser liberadas e
equipadas para participar.
Muitas vezes se diz que profetas e pastores não se misturam. Isso é
uma mentira. É verdade que pode haver maior tensão neste relacionamento
do que nos outros. No entanto, eu creio firmemente que tensão nem sempre
quer dizer que haja algo errado. Pode indicar simplesmente que algo está
acontecendo. Os profetas têm uma forma de revirar o solo e causar
distúrbio. Às vezes é o que precisa ser feito. Eu conheço muitos pastores que
quando encontram um solo duro, simplesmente estendem um tapete e
deixam as coisas como estão! Por definição, a profecia é agressiva,
estimulante e provocativa. O trabalho pastoral consiste em restaurar a calma
e a ordem. Os profetas desafiam, enquanto os pastores acalmam.
Eles precisam de entendimento mútuo. Os profetas precisam
procurar os pastores e compartilhar suas cargas. Os pastores precisam ter
acesso à revelação profética, não para diluí-la, mas para incluir a sua
sabedoria na situação. Então, juntos, devem apresentar uma solução unificada
para a igreja: uma parceria que deve ser vista e apreciada. Com demasiada
frequência uma mensagem profética é transmitida sem nenhuma consulta
prévia. O pastor se coloca na defensiva e rapidamente os membros
percebem a tensão e a discórdia. Alguns tomarão o partido do profeta,
enquanto outros se alinharão com o pastor, na esperança de evitar qualquer
problema. É assim que surgem as divisões e as facções.
A cooperação e a oração antes, durante e depois da profecia
garantirá que todos assimilarão a mensagem, os planos do inimigo serão
frustrados e a igreja seguirá adiante em seus propósitos. Os pastores
precisam ter acesso ao ministério profético depois que a profecia é
transmitida.
Quando um pedaço de solo é arado e a terra é revirada, pode brotar
toda sorte de coisas. A profecia pode revelar muitas coisas e é correto e
apropriado que o profeta ajude a corrigir as coisas. Os profetas que vêm de
fora devem estar dispostos a formar uma equipe de trabalho com os
pastores e profetas locais.
Se eu sei que a minha mensagem profética para a igreja é séria,
de correção ou direção, eu peço com antecedência para ter uma reunião com
certas pessoas da igreja. Eu tento garantir que depois que for embora a
profecia que entreguei ficará em boas mãos. Também quero garantir que
eles possam me encontrar para perguntas, discussão ou planejamento. Nesses
momentos pode se criar uma estratégia muito valiosa, com base na situação.
Quando estamos juntos, todos nós fazemos parte de uma equipe e
precisamos agir em acordo. Os profetas devem formar parcerias funcionais
que glorifiquem o Senhor, enfraqueçam o inimigo e edifiquem o Corpo de
Cristo.
Capítulo Nove
Haverá confronto
O confronto ocorrerá em duas frentes: espiritual e circunstancial. A
batalha espiritual ocorrerá porque a profecia nos coloca no limiar entre dois
reinos. Quando Deus nos dá uma direção profética, sua intenção é nos atrair
mais para perto da perspectiva do seu Reino, envolvendo-nos na sua
extensão. Sempre que nós respondemos ao desafio, nos tornamos objeto do
interesse e atenção do inimigo.
O inimigo não tem o tempo nem os recursos necessários para afligir
todos os cristãos pessoalmente. Muitas vezes ele utiliza a nossa carne e o
mundo para nos afastar da vontade de Deus. Sempre que nós resistimos
nessas duas áreas, andando e vivendo no Espírito, geralmente entramos num
confronto direto e pessoal com o diabo.
Nessas situações, temos de aprender a dar as respostas apropriadas no
nosso comportamento. Tudo aquilo que se opõe a mim se opõe diretamente
ao senhorio de Cristo. Por quê? Porque eu estou em Cristo. Deus me
colocou num lugar, na pessoa do seu Filho, onde o inimigo sabe que é muito
difícil me vencer. Por isso a maior necessidade da Igreja hoje é edificar
homens e mulheres que permaneçam em Cristo. Na guerra nós fazemos
aquilo que sabemos fazer: oramos, cremos, nos purificamos, esperamos
em Deus ... firmes; não nos permitindo nos afastar do Deus imutável do
evangelho.
O inimigo prefere que sejamos apáticos e passivos. Assim ele pode
controlar a nossa vida. Quando o espírito profético se move em nós, Deus
incita o nosso coração e nos torna ativos. Neste ponto ocorre um outro tipo de
batalha. Há uma clara ligação entre profecia e batalha espiritual.
Paulo escreveu a Timóteo:
“Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as
profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado
nelas, o bom combate” (1 Tm 1.18)
Paulo estava encorajando Timóteo a examinar o conteúdo das suas
profecias e se revestir delas. Timóteo devia lutar contra o inimigo,
usando as profecias como armas de guerra: firmando-se nelas, citando-as e
usando-as nas batalhas. Quando o inimigo faz oposição numa certa área da
nossa vida, nós usamos contra ele as profecias que recebemos.
A palavra profética coloca tudo fora do lugar e a seguir coloca tudo
no lugar certo. O confronto também será circunstancial. Cada profecia que
tem um contexto diretivo terá um resultado físico e prático. Deus é
extremamente prático. Ele fez roupas para Adão e Eva. Ele providenciou para
que os egípcios pagassem os israelitas quando estes saíram do Egito,
garantindo assim o sustento inicial deles em Canaã. Ele providenciou o café
da manhã durante toda a jornada no deserto. No meio de situações
estressantes e de tensão, é incrível como Deus se preocupa com os detalhes.
A introdução da profecia em nossa vida provavelmente anunciará
mudanças nas circunstâncias. Às vezes as nossas circunstâncias parecerão
ser adversas. Pode parecer que as coisas estão caminhando na direção
contrária. É neste ponto que precisamos examinar o conteúdo da profecia.
Ela pode nos dar indícios sobre nossa relação com o Senhor.
Nós não podemos permitir que entremos num debate com o diabo
sobre a nossa atual condição. Nós precisamos enfrentar as circunstâncias
com base na palavra profética ou então o contrário acontecerá. Nós nos
encontraremos defendendo nossa atual situação e questionando a profecia.
É aqui que a oração desempenha um papel importante na
mensagem profética. Nós precisamos nos aproximar do Senhor e clamar
pela sua ajuda: “Senhor, tu fizeste esta promessa. Parece que tudo está
acontecendo ao contrário. Eu estou sob ataque do inimigo. Pela tua graça, e
na tua força, eu vou caminhar à luz da tua promessa. Pela tua unção e pelo
poder do Espírito Santo, eu verei o cumprimento da profecia que recebi em
minha vida”.
Nós batalhamos com base na oração e aprendemos como ficar firmes no
Senhor e na força do seu poder.
Examine a sua fé para uma boa confissão
Sempre é bom ter um tempo para reavaliar o nosso atual nível de fé.
No que cremos hoje? Em termos do meu relacionamento com Deus, em que
estou exercitando a minha fé? Concernente a pessoas, questões da vida da
igreja, progresso para o futuro, no que estou crendo conscientemente? O
que estou pedindo? Qual é o meu nível de expectativa? Estou dando um
exemplo de fé para as pessoas à minha volta? Elas podem ver a minha fé
crescendo e se fortalecendo? Todas essas são perguntas importantes que
temos de responder.
Oração significa descobrir o que Deus deseja fazer e a seguir pedir
que Ele faça. De modo similar, a profecia revela o coração e as intenções de
Deus para nós. Assim, a profecia nos fornece uma agenda de oração e de fé.
Quando falou com o povo de Israel no Egito, por intermédio de
Moisés, Deus revelou seu coração e sua intenção. Em Êxodo 6.6-8, a palavra
profética ofereceu a Israel uma agenda de oração e de fé composta de sete
itens:
• Eu vos tirarei de debaixo das cargas do Egito
• Eu vos livrarei da sua servidão
• Eu vos resgatarei com braço estendido
• E com grandes manifestações de julgamento.
• Eu serei vosso Deus
• Eu vos levarei à terra a qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó
• Eu vo-la darei como possessão. Eu sou o Senhor.
Esta profecia começa e termina com uma declaração de identidade:
Eu sou o Senhor.
Quando os espias foram enviados para observar a terra de Canaã e
retornaram com um relatório, somente um homem realmente saiu e
retornou pela fé. Somente Calebe reconheceu que a profecia pronunciada no
Egito tinha poder na atual circunstância que estavam enfrentando. Na
primeira reunião para apresentação do relatório dos espias, Calebe ficou
sozinho. A princípio Josué não disse nada. No dia seguinte, porém, ele
tomou uma posição e lutou ao lado de Calebe.
Inicialmente Calebe ficou sozinho. Contra os outros espias. E
contra mais de dois milhões de adultos. Não é de estranhar que Deus tenha
dito que “nele houve um outro espírito” (Nm 14.24).
Sua resposta inicial ao relatório negativo dos outros espias e ao
silêncio de Josué foi uma declaração positiva que interrompeu as opiniões
negativas que estavam sendo apresentadas.
“Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Eia!
Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos
contra ela” (Nm 13.30)
No dia seguinte, os dois, Josué e Calebe se uniram e ficaram firmes
contra a crescente incredulidade dos israelitas. Os pontos principais da
posição positiva deles contra a incredulidade servem como lembrete, através
dos séculos, dos ingredientes dinâmicos da agenda da fé, a qual serve em
qualquer situação (Nm 14.8,9)
• Se o Senhor se agradar de nós
• Ele nos fará entrar nessa terra
• E no-la dará
• Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor
• Não temais o povo dessa terra, porquanto, como pão, os podemos
devorar.
• Retirou-se deles o seu amparo
• O Senhor é conosco; não os temais
Sete declarações de fé que se igualam às sete declarações proféticas
de Êxodo 6.6-8.
Agradar a Deus deve ser um elemento central na vida de todo
cristão verdadeiro. Nós não pertencemos a nós mesmos, mas
pertencemos ao Senhor (1 Co 6.19,20). Como templos vivos do Espírito
Santo, nós vivemos somente para fazer e falar tudo o que procede do coração
de Deus. Agradar a Deus é tudo para nós. Temos de conduzir a nossa vida de
tal maneira que o Senhor se agrade.
Jamais devemos esquecer que o Senhor está nos liderando. Dia
após dia, Ele assume a direção da nossa vida. Ele nos guia no caminho da
justiça (Sl 23.3). Quando nós nos desviamos, é a bondade de Deus que nos
conduz ao arrependimento (Rm 2.4). Nós servimos a um Deus que nos
conhece pelo nome. Ele chama o seu povo pelo nome e o conduz. Ele vai na
frente do seu povo, como o pastor vai adiante do rebanho. Ele se relaciona
com suas ovelhas de uma forma linda, permitindo que elas conheçam e
reconheçam a sua voz (Jo 10.3,4).
Deus está constantemente abençoando seu povo. Seu maior presente
foi Jesus (Jo 3.16). Deus está constantemente dando presentes aos seus
filhos. O Espírito Santo é outro presente maravilhoso de Deus para a Igreja
(Lc 11.11-14). Jesus é a nossa herança. Ele representa para a Igreja o que a
Terra Prometida representava para Israel – uma herança. Um presente dado
gratuitamente pelo nosso Pai celestial. Nosso Deus é doador.
Nossa parte em tudo isso é abandonar a rebelião e estar dispostos a
nos submeter à vontade do Senhor. Devemos oferecer os nossos corpos
como sacrifício vivo (Rm 12.1). O Espírito Santo é quem efetua esse
processo. É sempre Deus quem opera em nós “querer e efetuar” a vontade
divina (Fp 2.13).
Não existe absolutamente nada a temer em termos de oposição. O
Senhor já destruiu todo o poder do inimigo, desarmando-o
completamente. Um triunfo total e público (Cl 2.15).
Por isso Calebe podia dizer que o amparo do inimigo tinha sido
retirado, porque ele conhecia a natureza do Deus a quem servia. Nosso Deus
jamais pode ser derrotado. Nosso papel na batalha é sempre ficar firmes e ver
a salvação de Deus em ação (2 Cr 20.17; Ef 6.11-13).
Deus prometeu que jamais nos deixará nem nos abandonará (Dt 31.6;
Hb 13.5). Ninguém será capaz de se opor a nós todos os dias de nossas
vidas. Deus está conosco e jamais nos deixará (Js 1.5). Essa é a nossa
herança. Quando Josué e Calebe se levantaram e enfrentaram grande
oposição humana, estavam declarando verdades antigas que ainda hoje têm
a mesma validade de quando foram pronunciadas a Israel. A única resposta
aceitável que podemos dar é a fé. Quando somos confrontados com a
natureza maravilhosa de um Deus cuja vontade é sempre o melhor para nós
– a única resposta válida que podemos dar é a fé.
Qualquer outra resposta seria incredulidade, a qual é uma afronta
direta ao caráter de Deus. Incredulidade é um insulto pessoal que entristece
profundamente Deus. Na Bíblia, isso é chamado de “perverso coração de
incredulidade” (Hb 3.12), que nos afasta de Deus. Se não estivermos do
lado de Deus, do lado de quem nós estaremos? Jesus disse: “Quem não é
por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30).
Quando o povo israelita respondeu à grande declaração de fé em
Deus de Josué e Calebe, ameaçando apedrejar os dois, o próprio Deus
interferiu (Nm 14). A sua resposta a Moisés foi: “Até quando me provocará
este povo e até quando não crerá em mim, a despeito de todos os sinais que
fiz no meio dele?” (Nm 14.11). a reação de Deus foi ameaçar destruir o povo
com pestilência e com praga. Deus detesta a incredulidade!
Moisés intercedeu, mas não conseguiu impedir que o povo fosse
banido para o deserto. Deus estava irado e chamou Israel de
congregação maligna e perversa. A partir desse episódio, não
resta dúvida de que Deus trata a incredulidade de forma dura e pessoal.
O que tudo isso tem a ver com a nossa profecia pessoal? O ponto
é: sempre que Deus fala conosco, Ele declara sua intenção e sua vontade
aos nossos corações. Se nós não cremos que Deus cumprirá aquilo que
disse, nós blasfemamos. Nós pecamos quando não damos as respostas
adequadas em preparação para que a vontade divina seja liberada. A falta de
uma resposta adequada à mensagem profética nos coloca na esfera da
incredulidade – o que significa que teremos enormes problemas! A
incredulidade nos leva à falta de frutificação e a falta de fruto nos leva à
infidelidade. Nosso desafio é garantir que a nossa vida esteja na melhor
forma possível a fim de que a palavra do Senhor seja cumprida (Mt 13.23).
Como fazemos isso é o assunto da Seção B deste capítulo.
SEÇÃO B – ABSORÇÃO E ASSIMILAÇÃO
A fim de que a profecia funcione plenamente, nós precisamos estar
totalmente ocupados com aquilo que Deus falou. Independente da forma
como respondemos à verdade revelada ou à profecia, o Espírito Santo nos
tratará segundo a nossa resposta, transformando-nos e nos tornando um com
a Palavra de Deus. A Seção B examina todas as questões necessárias para
alcançarmos este alvo.
Abra a profecia para que seja avaliada por pessoas
maduras
Paulo deu alguns conselhos excelentes a Timóteo:
“Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi
concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do
presbitério. Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu
progresso a todos seja manifesto” (1 Tm 4.14,15)
Sempre que recebemos uma profecia, nós devemos nos
aproximar de pessoas verdadeiramente maduras para discutir o teor da
mensagem e receber conselhos. Jamais devemos guardar a profecia
apenas para nós. Isso pode nos levar ao engano e ao não cumprimento pleno
da promessa.
Muitas profecias não se cumprem por si. Nós temos uma
responsabilidade no seu cumprimento. Nossa parte consiste em assumir a
responsabilidade de aplicar a mensagem profética. O conselho de pessoas
maduras será de grande auxílio nesta questão. Nós precisamos da ajuda de
outras pessoas para avaliar e pesar a profecia e identificar corretamente o
que o Senhor realmente está dizendo.
Um jovem recebeu uma palavra profética sobre evangelização e
sobre a bênção do Senhor. Sua interpretação pessoal foi que ele tinha
recebido um chamado para ser um evangelista internacional com um
ministério significativo. Ele se via como o próximo Billy Graham.
Subitamente ele se desinteressou por todos os programas ordinários de
evangelização da igreja. Dizia que fora chamado por Deus para coisas
maiores.
Entretanto, quando pessoas mais maduras examinaram o conteúdo da
profecia, descobriram que a mensagem se relacionava a um sucesso
significativo na evangelização e não ao chamado para ser evangelista.
Depois de um tempo de aconselhamento e oração, aquele jovem diminuiu
seus sonhos de grandeza e foi liberado para buscar um outro tipo de
ministério; logo ele se tornou bem sucedido na evangelização pessoal. Até
este momento ele já levou muitas pessoas a Cristo entre seus colegas de
universidade, seus vizinhos e amigos. A profecia se relacionava
especificamente a um tempo de bênção na evangelização; não se referia ao
ministério de evangelista.
Prestação de contas
Foi a disposição do jovem de prestar contas a outras pessoas
naquela situação que o salvou de um embaraço potencial e de entrar num
beco sem saída na estrada da vida. É fundamental que estejamos sempre
dispostos a prestar contas de nossa vida para outras pessoas (com ou sem
profecia), em especial à nossa liderança local. Precisamos estar abertos em
relação àquilo que Deus está dizendo. Estar abertos em relação a áreas da
nossa vida nas quais enfrentamos lutas. Tal atitude representa uma enorme
bênção e uma fonte de frustração para o inimigo.
Primeiro, temos de estar dispostos a prestar contas de nosso estilo
de vida. Nossa vida deve ser aberta para pessoas maduras e responsáveis que
nos amam e se preocupam conosco.
Na área da sexualidade, seja como solteiros ou casados, precisamos
da orientação de outras pessoas. Trata-se de uma área vulnerável que exige
real honestidade e integridade. O inimigo fica sobrevoando a nossa vida,
buscando um local para aterrissar. Quando pessoas maduras conhecem as
nossas fraquezas nessa área, o inimigo não pode descarregar nenhuma de
suas cargas em nossa vida.
Na área financeira, temos de garantir que haja uma boa administração
e mordomia. Muitas vezes pessoas boas ficam profundamente endividadas.
As dívidas devem ser pagas e os compromissos financeiros devem ser
honrados como prioridade, para a glória de Deus. Talvez nós precisemos de
ajuda para vencer hábitos nocivos na forma como lidamos com o nosso
dinheiro. A ordem deve ser: contribuir ao Senhor; aprender a viver bem com
aquilo que ganhamos; gastar o dinheiro com sabedoria e ser abertos e
generosos para com os outros.
Nas áreas de casamento e família, nós temos de garantir que um estilo
de vida justo prevaleça. Deve haver um padrão pleno e mensurável de
amor pelo cônjuge. As pessoas que estão à nossa volta precisam ver que
nós estamos percebendo e suprindo as necessidades dos nossos entes
queridos. Nossos filhos precisam ser educados de uma forma que libere o
seu potencial, promova o amor e segurança e traga grande honra ao Senhor.
Depois do nosso amor pelo Senhor, o nosso amor pela família deve ser o
principal em nossa vida e atitudes. A seguir deve vir o nosso amor e serviço
pela Igreja, onde estamos para servir, e estar disponíveis para ser
edificados. Finalmente, nosso próprio ministério deve estar em quarto
lugar em termos de importância.
É importante que em todas essas áreas nós andemos na luz e sejamos
conhecidos por Deus e por nossos irmãos.
Em segundo lugar, devemos estar dispostos a prestar contas para
outras pessoas no que diz respeito ao nosso futuro. Enquanto nos movemos
no nosso amor e dedicação ao Senhor, Ele abrirá portas de oportunidades
para que sejamos abençoados e cresçamos na unção. É importante que
aproveitemos cada oportunidade que surge para sermos discipulados e
treinados. O discipulado é um elemento central no desenvolvimento da nossa
vida, nosso ministério e nosso futuro.
Estar com pessoas influentes e aprender com elas evitará que nós
caiamos em armadilhas que podem ser facilmente evitadas.
Lamentavelmente, muitos cristãos estão tão preocupados em se engajar o
quanto antes no ministério que desperdiçam muitas oportunidades de
verdadeiro treinamento e desenvolvimento espiritual.
Muitos cristãos não gostam da idéia do aprendizado, preferindo se
engajar no ministério e mostrar o que sabem fazer. Para elas parece que o
caminho para o ministério, via discipulado e ensino, é longo e cheio de
curvas. No entanto, eu conheço pessoas que rejeitaram o caminho do
discipulado e por isso não se saíram muito bem e nem duraram muito no
ministério. A caminhada ministerial é longa. Não devemos pegar atalhos no
processo de desenvolvimento. Se pegamos atalhos, acabamos dando dois
passos para frente e três para trás. Acabamos caindo em armadilhas que
poderiam ser evitadas. Nós ficaremos tão ocupados fazendo coisas que não
aprenderemos a lidar com a nossa própria natureza.
Em terceiro lugar, todo ministério precisa ter prestação de contas.
Existem milhares de falsos profetas, falsos mestres, apóstolos que não têm
atitude de pai e nem edificam, evangelistas medíocres e, o que é pior,
péssimos pastores no Corpo de Cristo em todo o mundo. As pessoas
podem estar no ministério por várias razões erradas (e ocultas).
Acrescente ainda milhares de pessoas que em algum momento do
ministério pronunciam uma mensagem profética errada; ensino precário que
conduz ao erro; mau conselho aos líderes; pessoas com pouco
entendimento da salvação (i.e., querem que suas necessidades sejam
supridas, em vez de colocar Jesus Cristo como Senhor); conselho
inadequado para os pobres e necessitados. E o número de pessoas feridas
que resulta desses desvios pode ser espantoso. No âmago de toda essa
questão está a falta de prestação de contas no ministério. Se um indivíduo sai
do caminho, e não tem de prestar contas a ninguém, é provável que
continue fora do caminho e exercendo seu ministério! Possivelmente se
afastará cada vez mais, e se tornará cada vez mais perigoso. Provavelmente
oferecerá seus ensinos errados a muitas outras pessoas antes de ser corrigido
(se for corrigido).
Nós podemos pronunciar profecias erradas para muitas pessoas até
que alguém nos confronte e aponte o nosso erro. Podemos estar promovendo
um novo nascimento inadequado na vida de muitos novos convertidos,
causando enormes problemas para as igrejas no futuro. As evidências estão
aí, para serem vistas: um processo de novo nascimento inadequado pode
exigir anos de cuidado pastoral para ser corrigido.
Muitas igrejas se desviaram do caminho porque confiaram em
homens que não eram apóstolos, mas que apesar disso tentaram
desempenhar a função apostólica. Temos visto muitos danos na vida das
pessoas, causados pelo mau uso do aconselhamento, cura interior e ministério
de libertação, por parte dos pastores.
Se o nosso ministério segue adiante sem acompanhamento, nós
podemos aprender modelos de comportamento profano. Se o nosso
ministério não for examinado, podemos ser enganados e enganar muitas
pessoas. Se o conteúdo das nossas mensagens não for analisado para ver a
exatidão, podemos causar danos ao Corpo de Cristo. Quanto mais
crescemos num ministério no qual não há prestação de contas, mais
dificuldade nós teremos para assumir responsabilidade pelas nossas ações.
E mais fácil será, para qualquer um de nós, endurecer e isolar-se numa
atitude de orgulho, do que a submissão aos irmãos.
A questão fundamental da prestação de contas é a autoridade. Se
nós mesmos não estivermos sujeitos a autoridade, jamais teremos plena
autoridade sobre outros. Mostre-me um homem ou mulher que não está
debaixo de autoridade, mas que tenta exercer autoridade sobre outros e eu
lhe mostrarei uma situação clara de abuso de poder. Para lidar devidamente
com a autoridade, nós temos de desenvolver um espírito de servos. Mesmo
aqueles que estão nos níveis e nos escalões mais elevados de liderança têm de
lembrar que líderes são simples servos dos outros!
Jesus disse que veio para servir e não para ser servido (Mt
20.28). Ministério e liderança significa servir as pessoas e não usá-las. Um
verdadeiro ministro tem um verdadeiro coração de servo e se coloca à
disposição dos outros para ajudar.
Jesus se esvaziou, assumindo a forma de servo. Ele se humilhou e se
tornou obediente até a morte. Esta mesma abordagem e atitude são requisitos
para todos os cristãos, especialmente aqueles que estão envolvidos no
ministério e na liderança. É uma questão de ambição egoísta e abuso de
poder contra humildade e um espírito disposto a servir. Acrescente
autoridade a esta equação e o resultado é a capacidade de destruir as pessoas
ou de edificar efetivamente suas vidas. Se nós não tomarmos cuidado, aquilo
que construirmos com os nossos dons será destruído pelo nosso caráter.
Nós podemos escolher as nossas atitudes. Podemos esperar ser
servidos, ou desenvolver um desejo constante de servir.
O apóstolo Paulo queria ser considerado como servo e
mordomo de Cristo (1 Co 4.1). Nós não podemos usar a autoridade
adequadamente a menos que nos coloquemos nós mesmos sob ela. O
centurião romano tinha uma perspectiva sobre fé que surpreendeu Jesus. Esta
perspectiva estava fundamentada em seu entendimento sobre autoridade e
serviço:
“Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às
minhas ordens...” (Mt 8.5-13)
Note as palavras: ele não disse, “sou um homem com autoridade, com
soldados sob as minhas ordens”. Ele disse: “Sou um homem sujeito à
autoridade”. Para ele, o fato de ter pessoas sob suas ordens não era o mais
importante; ele estava sob autoridade. A partir desse ponto de vista, ele
entendeu a natureza da autoridade e do poder. “Apenas manda com uma
palavra...”, o centurião disse. Ele acreditava que não era necessário que Jesus
fosse até a sua casa para curar seu servo. Ele sabia que Jesus tinha tal poder e
autoridade que sua palavra viajaria pelo tempo e pelo espaço e levaria cura.
Paciência e perseverança
Uma vez que nós temos certeza de que a profecia é verdadeira, temos
de lutar para manter a paciência e a confiança. Não podemos nos permitir ser
privados da bênção.
“Não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e
pela longanimidade, herdam as promessas” (Hb 6.12)
Nesse mundo instantâneo em que nós vivemos, queremos que tudo
seja feito imediatamente. É uma vergonha que o movimento da fé esteja
sendo maculado por algumas pessoas com um ministério que prega
“determine isso; reivindique aquilo e tudo será seu imediatamente”.
No âmago do ensino sobre a fé há dois extremos. De um lado, a
habilidade que adquirimos no Espírito de nos apossar agora. Do outro lado, a
força para perseverar e esperar com paciência, e nos manter firmes durante o
aperfeiçoamento da nossa fé. O Espírito Santo é excelente em reconciliar
esses dois extremos dentro de nossa experiência de vida. Ele usa a
esperança como uma ponte entre essas situações tão diferentes.
“Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande
galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que,
havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa” (Hb
10.35,36)
Entre a profecia e o seu cumprimento pode haver um conjunto de
circunstâncias que exigem respostas apropriadas. Uma dessas respostas é
ficar firme na promessa. É não abandonar a confiança. Temos de ficar
firmes e perseverar (com paciência). E fazer a pergunta: Qual é a vontade
de Deus nesta situação?
Primeiro, pode haver áreas de nossa vida que o Espírito Santo deseja
purificar ou transformar. No espaço de tempo entre a profecia e o seu
cumprimento o Espírito Santo estará tratando do nosso caráter. Nós
estamos respondendo adequadamente? Estamos recebendo conselho,
orações e apoio de outras pessoas, a fim de conseguirmos fazer as
alterações em nossa vida?
Em segundo lugar, nós estamos aprendendo como ficar firmes na fé.
Toda a vida cristã consiste em assumir posições firmes (Ef 6.10-17). Ficar
firmes no poder de Deus. Ficar firmes contra as artimanhas do maligno.
Ficar firmes, vestindo a armadura de Deus e preparados para resistir ao
diabo.
A vontade de Deus é que nós demonstremos a nossa fé nele o tempo
todo. Para Deus é extremamente importante que nós creiamos nele. Por isso
Ele coloca todo o seu ser por trás de cada palavra, de cada promessa. Ele
odeia a incredulidade, mas recompensa aquele que persevera com paciência.
A paciência se relaciona com a nossa atitude pessoal. É uma calma
perseverança. É nos aquietar sob a mão dele, sem resistir àquilo que Ele
planeja fazer. É não ficar ansioso, mas esperar no Senhor sem
preocupação.
“Os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas
como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam”
(Is 40.31)
A perseverança é mais ativa do que a paciência. Perseverar
significa ficar firme diante das tribulações; é ter a disposição de superar os
obstáculos e seguir em frente a despeito das circunstâncias. É algo ativo!
Quando Deus fala profeticamente, a mensagem que Ele transmite
contém substância. Ela cria aquilo que Deus falou. A profecia nos dá um
ponto de partida. Ela representa a vontade do Senhor. Nós temos de praticar
essa vontade; ela é uma promessa que se aplica à nossa situação. Nós temos
de lançá-la na face do inimigo (1 Tm 1.18), usá-la como arma e estarmos
totalmente dispostos a nos submeter a ela.
A paciência e a perseverança muitas vezes se combinam nas nossas
experiências. Elas nos ajudam a manter os nossos olhos em Deus por meio
daquilo que Ele falou. Nós podemos expressar a nossa confiança em Deus
adorando e louvando a Ele pelo que nos falou. Podemos dizer: “Obrigado,
Senhor, porque tu falaste comigo; me deste uma promessa; me deste uma
palavra; tu disseste... E por isso eu confio em ti, eu te adoro e eu te louvo.
Obrigado!”.
É importante repetir as promessas de Deus para Ele, citando- as na
oração e no louvor. Devemos agradecer a Deus citando suas promessas. Esta
é uma arma contra o inimigo, um escudo contra as suas setas inflamadas. O
inimigo insinuará: “Deus não falou?” (Gn 3.1). Nós temos de replicar com
alegria: “Sim! Ele falou!”.
Temos de ter certeza de que a nossa atitude não está neutralizando a
profecia que recebemos. Temos de assumir uma posição. Temos de nos
alinhar com Deus. Temos de suportar as adversidades, e esperar no Senhor.
A paciência e a perseverança, alinhadas à fé e esperança, levarão ao
cumprimento de tudo aquilo que Deus prometeu para nós.
Capítulo Dez
As parcerias proféticas
O dom e o ministério profético não podem encontrar seu lugar correto
no Corpo de Cristo a menos que haja um forte envolvimento dos líderes. Em
todos os meus anos de ministério com a Escola de Profecia, e falando em
conferências proféticas em várias partes do mundo, eu já testemunhei uma
torrente de tragédias.
Controlar ou liberar?
Muitos líderes desejam controlar o ministério profético. A maioria
das perguntas que eu tenho de responder gira em torno do menosprezo pelo
dom de profecia. Há profetas que são impedidos de se colocar “na brecha” ,
em suas igrejas. E há necessidade dos profetas assumirem responsabilidade
e prestar contas diante dos líderes. Eu creio firmemente que são
questões pertinentes que precisam ser respondidas.
Mesmo assim, eu fico surpreso ao ver como muitos líderes
colocam controle e restrições aos profetas que não colocam sobre si
próprios. A liderança sem responsabilidade não tem base bíblica, e fica
vulnerável a controle externo, manipulação, engano e domínio espiritual.
Ironicamente, só os profetas estão sujeitos a determinados controles. Por que
não aplicar as mesmas precauções a todos? A tendência de projetar nos
outros os próprios erros não é uma enfermidade do ministério profético, mas
é uma enfermidade da condição humana.
Pouquíssimos líderes parecem interessados em saber como
desenvolver e acompanhar profetas. Poucos demonstram desejo de liberar o
ministério profético em suas igrejas, de modo responsável. Se nós desejarmos
promover o ministério profético e os profetas em nossas igrejas, temos de
estar dispostos a amar as pessoas e trabalhar com as dificuldades e
debilidades que surgirão.
Se o pastor desejar que surja em sua congregação uma verdadeira voz
profética, deve estar preparado para assumir alguns riscos e permitir que as
pessoas se desenvolvam na esfera do sobrenatural.
Controle excessivo, desprovido de amizade e de amor, sufocará os
dons proféticos e produzirá um tipo de ministério tímido e sem nenhuma
contundência, profundidade ou clareza. Eu creio que enquanto praticamos
as diretrizes e os procedimentos mostrados neste livro, desenvolvendo-os
num ambiente de amor e de aceitação, veremos o surgimento de um
ministério confiável e ungido que causará verdadeiro impacto na igreja.
Tenho visto mais pastores esquisitos do que profetas. Infeliz-
mente, os pastores estranhos passam despercebidos porque a atenção geral
sempre recai sobre os profetas. As igrejas precisam desenvolver parcerias
efetivas entre pastores e profetas. Pessoas que parecem estranhas e bizarras
geralmente sentem falta de amizades profundas e apoio pessoal. Todos os
cristãos, independente da função, precisam da ajuda e do cuidado do Corpo
para se desenvolver.
Critério geral
As igrejas devem estabelecer um sistema apropriado de
responsabilidade e de prestação de contas em todos os seus ministérios.
Pessoas que nos acompanham e dão opiniões saudáveis em todas as áreas da
nossa vida não é opção, mas um pré-requisito para a liberação da unção
naquilo que fazemos. Ser aberto e honesto sobre a nossa própria vida é um
elemento vital na nossa vitória contra o inimigo e para manter a nossa
natureza humana sob controle.
O nosso processo de crescimento inclui a integridade pessoal e o
compromisso de prestar contas a alguém daquilo que fazemos com os nossos
dons. Permitir que outras pessoas nos moldem e acompanhem enquanto nos
movemos no nosso ministério é uma parte importante do nosso
desenvolvimento em Deus. Todo cristão precisa de um mentor. Isso é parte
essencial do processo de discipulado. Todo líder deve ter em seu coração uma
porta aberta para todas as pessoas. O rebanho precisa ter acesso ao coração
do pastor para receber calor, ensino e aceitação.
Devemos dar às pessoas envolvidas no ministério profético acesso
regular àqueles que lideram as reuniões. Dessa forma, damos aceitação e
receptividade à função de suas vidas. Deus é mestre em criar ordem. Nós
precisamos ter um senso da ordem divina em nossas reuniões,
principalmente em relação às grandes profecias.
Uma vez que todos entendam as regras básicas e as aceitem, os
pastores podem respirar um pouco mais aliviados e relaxar. Pode parecer
que as regras fundamentais colocam restrições sobre o dom das pessoas. Mas
isso pode ou não ser uma coisa ruim, dependendo da pessoa envolvida. As
regras evitarão que as coisas saiam do controle nas reuniões públicas e na
vida geral da igreja.
Entretanto, as regras em si não são a resposta definitiva. Elas devem
ser acompanhadas de um desejo de se construir relaciona- mentos sólidos e
valiosos. A profecia sem os canais apropriados pode ser destrutiva, em vez
de ser criativa. Prestação de contas sem amizade é uma força destrutiva. Ela
destrói a autoestima das pessoas e esmaga a alma.
Treinar, equipar e liberar
as pessoas com dom profético
Uma das melhores coisas que nós podemos fazer é nomear
alguém para supervisionar, alimentar, apoiar, corrigir e treinar as pessoas no
uso da profecia dentro da igreja local.
Os líderes precisam providenciar programas de treinamento,
oficinas, recursos pedagógicos e acesso a eventos confiáveis fora da igreja
local. Sempre que possível, devem convidar pessoas reconhecidas com dom
profético para vir e falar aos candidatos ao ministério de profecia. É bom que
pessoas que estão sendo treinadas no ministério profético passem tempo com
outros profetas de outras igrejas. Isso é bom para elevar o moral do grupo,
para o aprendizado, para o diálogo e para oração. Isso também envia uma
mensagem da liderança para o grupo: o seu dom é digno de investimento.
Polinização ativa
Há uma necessidade mútua por parte dos líderes e dos profetas de
estabelecer um bom relacionamento. É preciso haver definição e
entendimento para que funcione. Nesse relacionamento deve-se evitar os
sentimentos de apreensão, pressão, insegurança e discriminação de parte a
parte.
Até mesmo os melhores amigos podem ter mal entendidos! Nós temos
de reconhecer que ambos os dons têm suas áreas peculiares de
responsabilidade.
Os líderes devem guardar o rebanho e manter a unidade como parte
do seu papel pastoral. Regular o fluxo dos ministérios internos e externos é
parte do escopo da autoridade dos pastores.
Os profetas são responsáveis por ouvir a voz do Senhor e
pronunciar mensagens confiáveis, da forma apropriada (Capítulos 5 e 10). Os
líderes, em parceria com os profetas, são responsáveis pela aplicação das
profecias. Às vezes a parceria pode ser limitada em seu alcance pelas
circunstâncias. Em outras ocasiões, os profetas podem desempenhar um papel
ativo na determinação dos próximos passos em relação à profecia.
Alguns profetas são parte da liderança de uma igreja estabelecida e
podem ter uma unção especial para este papel. É a minha experiência.
Ministério externo
Eu creio que hoje, mais do que nunca, nós devemos estabelecer um
sistema nas igrejas para determinar a qualidade dos ministérios externos que
chegam às nossas igrejas.
Muitos ministérios nasceram durante o movimento de Renovação
Carismática. Regularmente eu recebo telefonemas de pessoas que estão
passando pela minha região e se oferecem para ministrar em nossa igreja.
Hoje em dia há um grande número de ministérios que não são baseados em
nenhuma igreja local. Muitas pessoas passam tanto tempo “na estrada” que
não têm tempo de participar de um trabalho local. Muitas delas ficam soltas,
sem ter de prestar contas a ninguém.
Muitos ministérios são organizações semelhantes a empresas. Têm
escritórios, centros de treinamento, secretarias... mas não têm uma igreja!
Nós precisamos entender a diferença entre profetas imitadores e
profetas falsos. Ministérios imitadores jamais foram verdadeiros ou reais.
São carnais, mundanos e inspirados por demônios. Os falsos profetas um dia
já foram verdadeiros, mas caíram no engano, deixaram de ser confiáveis e se
tornaram dúbios. Na melhor das hipóteses, suas profecias são uma mescla
de verdade e mentira. As pessoas ficam sem saber quando estão sendo
enganadas. O coração é enganosamente corrupto. Por isso os relacionamentos
sinceros e abertos são essenciais.
Há certas questões que nós precisamos fazer ao convidar ministérios
de fora para a nossa igreja:
• A que igreja seus integrantes pertencem? Qual é o nome e
endereço do líder, para contato?
• Qual é a função deles em suas igrejas?
• A quanto tempo estão envolvidos no ministério integral?
• Os seus líderes sabem onde eles estão?
• Com que frequências eles se ausentam de suas igrejas?
• A quem poderemos recorrer, em caso de algum problema durante a
visita deles?
• Quem podemos procurar, na igreja deles, para pedir ajuda?
• Para quem eles prestam contas enquanto estão viajando?
• Eles foram recomendados por alguém?
Obviamente nós não iremos bombardeá-los com uma lista de
perguntas, como se fosse um interrogatório. No entanto, nas conversas
gerais, devemos procurar identificar as respostas às perguntas acima. Os
ministros genuínos terão respostas apropriadas e não se sentirão ofendidos
com as perguntas diretas.
Gentilmente, o pastor da igreja local deve deixar claro que se os
profetas aceitarem o convite, o ministério deles será registrado. Na realidade,
as profecias pessoais sempre devem ser registradas. Diante disso, o profeta
terá de ser corajoso para aceitar ministrar nessas condições. Eu faço isso o
tempo todo! Por isso insisto nisso. Quando visito outras igrejas, tenho
consciência de que estou servindo ao Senhor e também à liderança local.
Tento oferecer-lhes as mesmas garantias que eu esperaria dos ministros
itinerantes que visitam a minha própria igreja. Eu chamo isso de cortesia.
Eu creio que se todas as igrejas adotassem esse comportamento
poderíamos diminuir o número de pessoas mal intencionadas e
diminuiríamos o campo onde elas atuam.
Os bons líderes promovem a interação entre os ministérios
Eu fui inspirado pelo meu bom amigo Jonathan David da
Malásia. Numa Reunião Internacional da Conferência de Profetas em Muar,
Malásia, ele disse o seguinte sobre os profetas e mestres trabalhando juntos:
“Em Atos 13.1 nós lemos sobre profetas e mestres presentes na igreja
de Antioquia. Esses ministérios oferecem diferentes dimensões da
verdade. Os profetas proporcionam um espectro da verdade
progressiva. Profetas e mestres precisam de uma confiança mútua
ou o mestre agirá com demasiada cautela em relação à profecia,
acabando-a por interrompê-la. O profeta, por sua vez, poderá reagir
com frustração devido à oposição que estará sofrendo.
Esse quadro é uma receita para o desastre. Nós temos de reunir os
profetas e mestres. O profeta libera a palavra rhema para o momento,
enquanto o mestre revela os princípios para que essa palavra seja
estabelecida. Os mestres devem crer na veracidade da profecia para
ajudarem no seu estabelecimento. Eles não estão lá para pesar a
profecia, mas sim para interpretá-la corretamente. Não deve haver
nenhuma contradição entre os dois ministérios.
Os profetas enxergam muito adiante e fazem predições,
enquanto os mestres cavam fundo e têm e oferecem informações. O
último avivamento reunirá mensagem profética e espírito, trabalhando
juntos para criar um movimento apostólico. O profeta inspira o
espírito das pessoas, enquanto o mestre explica as coisas e alcança
a mente das pessoas. Mente e coração devem estar de acordo. Nós
precisamos de um coração inspirado e uma mente cheia de
conhecimento.
O profeta se move por revelação, enquanto o mestre se move pelo
entendimento. Nós precisamos de um forte fluxo profético e de um
profundo compromisso pedagógico trabalhando juntos.
O profeta dá a direção e o mestre traz a consolidação. Dessa maneira
nós andamos para a frente e estabelecemos raízes para baixo.
Quando nós ouvimos o profeta, entendemos o que Deus está dizendo.
Quando ouvimos o mestre, entendemos o que Deus . Não há nova
revelação à parte da verdade que já foi revelada. No entanto, o profeta
pode derramar nova luz sobre o que Deus já disse e extrair dali uma
nova direção. Ambos os ministérios trabalham juntos na edificação de
uma igreja forte”.
Deve haver um relacionamento saudável entre o pastor e o profeta. Sinto-
me profundamente incomodado quando dizem que esses dois ministérios
não podem ser combinados. Os melhores conselheiros cristãos são aqueles
que têm uma habilidade profética, e são capazes de enxergar além do natural
e colocar o machado na raiz das árvores.
Os profetas podem inspirar um atalho legítimo que o pastor deve
seguir para chegar a uma conclusão bem sucedida. Um profeta pode enxergar
algo dentro de uma situação, mas não conseguir entender o que está sendo
revelado. O pastor, porém, terá uma visão diferente. Ele trabalhará na base da
intuição e da interpretação e será capaz de captar o âmago do problema.
Mal-entendidos ocorrem quando pastores e profetas não gastam
tempo tentando entender uns aos outros. É necessário que haja diálogo
para que sejam discutidos os relacionamentos e os parâmetros em
termos amplos. Não é preciso muitas definições, pois o resultado seria um
livro de regras. Um trabalho prático e conciso é o ideal.