FREIRE, C. Poéticas Do Processo
FREIRE, C. Poéticas Do Processo
FREIRE, C. Poéticas Do Processo
POÉTICAS DO PROCESSO
Arte Conceituai no Museu
ILUMINURAS
Cristina Freire
POÉTICAS DO PROCESSO
IL U M IfÜ R A S
Copyright© 1999:
Cristina Freire
Capa:
Fê
s o b re P aulo B ruscky, C o n firm a d o : é A rte , 1977 (c a rim b o e d e c a lq u e s/ c a rtã o -p o s ta l),
A lfre d o S. P ortillos, C aixa c o m S a b õ e s p a ra D is tin ta s C la sse s S o cia is, 1971 (c a ix a
de m a d e ira , sa b õ e s , n a n q u im e fo to p/b s / p a pel) e M anuel C a sim iro , P ro je to P o rto
d e N ice, 1976 (d ia p o s itiv o s a c o re s, de ta lh e ), m o d ifica d o s d ig ita lm e n te .
Revisão:
Rose Zuanetti
Composição:
iluminuras
ISBN: 85-7321-096-6
Apoio cultural:
dialdata internet systems
1999
ED ITO R A ILU M IN U R AS LTDA.
Rua O scar Freire, 1233 - CEP 01426-001 - São Paulo - SP
Tel.: (0 1 1 )3 0 6 8 -9 4 3 3 / Fax: (011)282-5317
E-m ail: ilum inur@ dialdata.com .br
Site: http://w w w .ilum inuras.com .br
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO E AGRADECIMENTOS, 13
ANEXO
Cronologia das exposições conceituais no MAC-USP
- Anos 70, 175
Biografias concisas, 181
Artistas do Acervo Conceituai do MAC-USP, 189
Bibliografia, 195
ÓCULOS COM GRAU C O
Preço nostalgia só v w j
à vista
I
V f
Olho» pequeno* —
ÓCULOS ESPORTE Q A
Importado w W j
Preço nostalgia só àvisla
ou a prazo
\ s. /y
N irk grande-
(
l. ARMAÇÃO R 0D IN A D A 4 O A
Made in Italy %m»\t
P r e ç o nostalgia só à vista
ou a prazo
r '
A fé ? i 1)
Nariz chato -
-— <L
ÓCULOS BIFOCAIS Q C A
í ZILO METAL ifc ílU j
Preço nostalgia só â vista
ou a prazo
n ,
- \
?
S e a s o c ie d a d e de a m a n h ã a in d a
considerar que a experiência estética é a
única cap az de g a ra n tir um a experiência
individ ual livre e reativa com o mundo, e
realizar essa experiência com os m eios de
seu sistem a, a arte já não se fará com o
p in ce l ou a argila, m as enquanto memória
e p e n s a m e n to da a rte , e in flu irá p o s i
tivam ente sobre os modos de experiência
estética.
G.C. Argan
L e m b ra m o s que a lg u n s tra b a lh o s p ro v e n ie n te s de e x p o s iç õ e s
anteriores, como as Jovem Arte Contemporânea (JA C s), marco para
a produção da vanguarda artística paulista e brasileira realizadas desde
o final dos anos 60, e posteriormente outros oriundos da exposição In-
Comunicabilé3 (1982), também fazem parte da coleção conceituai do MAC-
USP, mas não serão analisados detidamente aqui pelo recorte adotado.
Artistas
m ontando a
exposição
VI Jovem
A rte
C o n te m
porânea,
1972.
Arquivo
M AC-USP.
Vale lem brar, com o já o b se rvo u o prof. Z an ini, que o e ixo dos
acontecimentos da vanguarda artística nacional desloca-se para São
Paulo a partir dos anos 1971-1972, e tal fato não se explicaria apenas
pelo enriquecimento de seu mercado, mas também por outras situações
de vivência e de entendimento da arte que se delineavam na Paulicéia4.
Poéticas do processo
aspectos da produção artística correspondente à década de 70.
25
um dos poucos locais onde os experimentos envolvendo, não raro, as
imposturas em relação à noção instituída de arte eram aceitos. O espaço
sagrado do museu foi mesmo transformado em loteamento para acolher
as criações individuais e coletivas. O júri foi eliminado e o tradicional
prêmio foi transformado em verba de pesquisa. Mas, afinal, quem eram
os artistas?
Artistas
lim pando
o lote na
VI Jovem
A rte
C o nte m
porânea,
1972.
Arquivo
MAC-USP.
Nas exposições de que falam os, todos os interessados puderam
participar, mas alguns artistas foram diretamente convidados, e, por
sua vez, indicavam nomes de outros e mais outros. Naquele momento,
a rede torna-se mais significativa do que cada um isoladamente.
Allan Bealy,
Ficha de
in scrição
para a
exposição,
Prospectiva 74.
r
í, u um&M U&è---
Poéticas do processo
Krzysztof
W odiczko,
H o m eless
Vehicles
Project,
19885.
Essa significativa participação dos artistas das mais variadas partes
do mundo é ressaltada pelo prof. Zanini logo na Introdução do catálogo
da mostra Prospectiva 74B: “Um diálogo profundo poderá estabelecer-
se com os artistas brasileiros. O MAC tem procurado incessantemente
fa c ilita r esse co n ta to com a área m undial, com o a testam suas
exposições e sua atuação no estrangeiro” . Em outra oportunidade
observa que a exposição Prospectiva dialoga com as demais exposições
de caráter conceituai que vinham ocorrendo em diferentes países. Uma
entrevista na época explica:
(...) o próprio catálogo (da expo. Prospectiva), em bora seja restrito, pode
se inserir entre as publicações internacionais que estão encadeando a
divulgação da linguagem conceitualista. Tanto é que já m andam os 20
catálogos para serem vendidos em Nova York7.
PROSPECTIVA
C apa do
74
catálogo da
exposição
Prospectiva,
16 de agosto a 16 de setem bro
1974,
M AC-USP.
Expor ou dar acesso a esse material não é uma questão isolada, mas
uma das muitas que envolvem essa produção dentro do museu. Além
disso, a falta de definições mais precisas fez com que por mais de
vinte anos, desde, pelo menos, as exposições Prospectiva 74 e Poéticas
Visuais 77 (sem m encionar as Jovem A rte Contemporânea - JAC s
anteriores), os trabalhos enviados pelos artistas das mais diversas
partes do mundo fossem deixados à parte, sem necessariamente serem
in c lu íd o s na c o le ç ã o do m use u. Isto s ig n ific a não te re m sido
devidamente expostos, publicados ou estudados. À margem, apesar
de esforços iniciais10 inconclusos, a coleção permaneceu vagando entre
a biblioteca e corredores anódinos, no limbo.
Poéticas do processo
31
Vista
geral da
exposição
Poéticas
Visuais,
M AC-
Ibirapuera,
1977.
Arquivo
MAC-USP.
1) Ver cronologia das exposições conceituais no M AC -U SP nos anos 70 (Anexos).
2) GODFREY, Tony. C onceptual Art. London: Phaidon Press, 1998, p. 198.
3) Da exposição In-C om unicabile participaram os artistas A rth u r Matuck, Bené Fonteles, Leon Ferrari,
entre outros.
4) ZA NINI, Walter. Duas Décadas Difíceis: 60 e 70. Fundação Bienal de S ão Paulo. Bienal Brasil Século XX.
FBSP, 1994, p. 317.
5) New York City Tableaux: Tam pkins SquareE xit A rt Gallery. New York, set./out. 1989.
6) Julio Plaza organizou a exposição Prospectiva com W alter Zanini, em 1974, e já havia organizado
m ostra sim ilar na U niversidade de Porto Rico, em 1971.
7) ECA-USP. A g ência Universitária de N otícias: Prospectiva, a exposição que veio pelo correio. Boletim n.
115, 9 set. 1974.
8) ALLOWAY, Lawrence. NetWork: The A rt W orld Described as a System . Artforum , v. 11, n. 1, sep. 1972.
9) A M AR AL, Aracy. Revista A rte em S ã o Paulo, set., 1981.
10) Inclui-se aqui o projeto de pesquisa do Prof. Dr. M arcelo Lima: O bjeto e P rocesso na A rte Conceituai,
MAC-USP, 1989, m im eo (5 p.), que, em bora não tenha tornado públicos desdobram entos teóricos
m ais aprofundados, possibilitou o início da catalogação da coleção conceituai do M AC -U SP sob
responsabilidade de A ida Cordeiro.
11) Este conteúdo program ático rígido viria a ser flexibilizado m ais tarde pelo prórpio Kosuth que declarou,
em 1996, “a rte conce ituai, de m aneira sim ples, se ria a com preensão que os a rtis ta s trabalham
com sig nificad os, não com form as, cores ou m ateriais." C ita do em Godfrey, Tony. C o n ce p tu a l art.
O p. cit., p. 14.
12) Ver catálogo da exposição: G lobal Conceptualism : Points o fO rig in s 1950's-1980's. New York, Q ueens
M useum of Art, 1999. O conceito globalizante de “conceitualism o” é distinto da arte conceituai strito
sensu identificada aqui com o originária do M inim alism o norte-am ericano.
13) Term o cunhado por T ho m as Khun, The Structure o fS c ie n tific Revolutions, 1962.
14) Não por acaso, os pesquisadores encontram dificuldades para aplicar os procedim entos inerentes à
lógica m useológica ao investigar e expor tal produção, o que resulta no pouco conhecim ento desse
acervo por parte de um público m ais amplo.
Antes da II Guerra Mundial, a obra-prima
única e o projeto inovador das vanguardas
eram os catalisadores que impulsionavam
o aparato artístico. D epo is da II G uerra
M u n d ia l o s s is te m a s de re c e p ç ã o ,
d is trib u iç ã o e p ro m o ç ã o to rn a m -s e os
fatores realmente novos e poderosos.
Mary Staniszewski
Poéticas do processo
subverter a repressão política e participar do debate internacional
Manuei asseguraram ate
ca sim iro ,
r aos correios
■ o papeli de j difusor
Jf jde operaçoes artísticas.
Édipo Na arte postal, as instituições privilegiadas para a troca de informações
Eo Enigma, deixam de ser galerias e museus. Não por acaso, foi corrente entre os
intervenção a rtista s co nce itua is dos anos 60 e 70 o q uestionam ento dessas
Z g Z instituições.
de Ingres,
35
Dessa maneira, uma reflexão sobre a produção de arte Conceituai que
o ff-s e t
cores s/está no museu deve assumir uma perspectiva crítica como ponto de
papei partida, enfrentando, analiticamente, as contradições subjacentes à
a p lica çã o da lógica m use oló gica a essa produção, cuja poética
paradoxalmente se volta contra os clássicos fundamentos museais. Tais
fundamentos encerram princípios como a noção de valor intrínseco e
permanência das peças e supõem uma atitude contemplativa do público.
Implica ainda um determinado repertório crítico. Em suma, não apenas
as instituições museais, mas também a linguagem tradicional se tornam
inadequadas frente às proposições de arte, isso há quase meio século.
O VALOR DE EXIBIÇÃO
Escreve Benjamin:
Poéticas do processo
Joseph
Beuys,
37
C ódices
M adrid,
1974/1975.
Litografia s /
papel.
ífm
íüte m
Respeitando seu form ato original, a série foi editada como livro de
esboços. Em outras palavras, um livro de artista com autorização de
Beuys, numa tiragem de 1000 exemplares5. Aqui não é a unicidade
que confere a aura à obra, mas o nome do artista. O riginalm ente
produzido como livro de artista, posteriormente, desmembrado prancha
a prancha, as 62 litografias integram a coleção e o catálogo do MAC-
USP desde a doação pelo Consulado Alemão, após sua exibição na
X V Bienal Internacional de São Paulo (1979). Nesse momento, o nome
de Beuys já pertencia ao panteão dos artistas consagrados. Outros
livros de artista, não desmembrados como obras “únicas” , compõem a
coleção conceituai — tópico de nosso interesse.
Assim, é fato que certas obras circulam entre esses vários locais de
acordo com a valorização (de mercado) a que estão sujeitos os artistas.
O critério de valor (econômico e simbólico) nada tem de fixo, é oscilante,
instável, relativo, e a exibição é fator decisivo na agregação de valor no
caso da arte Conceituai.
H ervé
À R T E T C O M M U N ICA TIO N
Fischer, M A R G IN A L E
A rte e
C o m un i
cação
M arginal,
1974,
Balland.
O ff-set s/
papel.
248 p.
TAMPONS D’ARTISTES
B ALLAND
(...) eu me lembro de achar muito engraçado que o livro tivesse sido mal catalogado
e colocado junto a livros sobre automóveis, estradas etc. Eu sabia, coisa que a
bibliotecária com certeza desconhecia, que o livro de Ruscha era um livro de arte e,
portanto, pertencia ao setor de arte. Mas agora, devido às reconfigurações trazidas
pelo pós-modernismo, eu mudei de idéia; eu agora sei que o livro de Ruscha não
fazia nenhum sentido dentro das categorias de arte segundo as quais os livros de
arte são catalogados na biblioteca, e está justamente aí parte de seu mérito. O
fato de não haver nenhum lugar para Vinte e Seis Postos de Gasolina no atual
sistema de classificação é um indício de seu radicalismo em relação às formas
instituídas de pensamento (o grifo é nosso).
“non-art", “anti-art"
“non-art art", and
"anti-art art" are useless
Ifs o m e o n e says his w ork is art, it’s art.
Donald Judd
(...) tanto mais os objetos se tornaram de vida mais curta e voltaram-se para
toda um a série de invenções e experimentações, que produziram, com o efeito
colateral, a obsolescência destes objetos; o museu, num movim ento contrário,
to rn o u -s e e n tã o m a is p re p a ra d o pa ra a p re se rva çã o , ou se ja , m a n te r
determ inadas peças num estado de não deterioração ou alteração10.
M iroslav
Klivar,
M y Visual
Poetry. Canal
Poetry, 1979.
Fotografia
p/b s/ papel
e off-set.
O M USEU D E A R TE MODERNA D E NOVA YORK (MoMA) COMO
MOLDURA E M ODELOu
Para alguns críticos como Arthur Danto (1996), Carol Duncan (1995),
D ou gla s C rim p (1995), e ntre o utros, o M oM A e nce na em suas
exposições, e reafirma através de suas publicações, um certo discurso
de caráter oficial e hegemônico.
Segundo Duncan13,
Alfred Baar não inventou sozinho o que seria a narrativa central da história da
arte, mas, sob sua direção, o MoMA a desenvolverá mais do que qualquer
outra instituição e a promoverá através de um vigoroso programa de aquisições,
exibições e publicações. Eventualmente, a história da arte moderna narrada
pelo MoMA tornar-se-ia a história definitiva do m odernism o oficial.
R egina
Silveira
Monudentro,
1987.
Tinta
Poéticas do processo
látex s/
painéis de
m adeira,
160 m2.
45
a serem enfrentadas pelos museus que se dispõem a rever criticamente
e em profundidade seus paradigmas. A museografia deve atentar para
a natureza (banal, próxima, sem aura) própria do cartão-postal e criar
condições para que esses cartões possam ser mostrados ao público
em sua especificidade. Seria um equívoco apresentá-los, por exemplo,
emoldurados em passe-partout emprestando-lhes uma aura postiça.
(...) o surrealism o foi confirm ado com o um movim ento "sério” em 1936 na
exposição A rte Fantástica, Dada e Surrealismo no MoMA de Nova York e foi
descrito então com o “diametralmente oposto" ã exposição anterior Cubism o e
A rte Abstrata. Tal exposição serviu para estabelecer o Surrealismo dentro de
um certo padrão de m ovim entos artísticos, definindo-o por oposição à arte
abstrata, resumindo, assim, os term os de comparação a questões de estilo (...).
Essa forma de ver a arte e fazer crítica, apesar de reiterada por muitas
instituiçõe s e críticos, torna-se, é preciso adm itir, cada vez mais
p ro b le m á tica em face da p rodução conte m p o râ ne a. Além disso,
Greenberg parou de escrever no final dos anos 60.
Não é difícil com preender por que a vincuiação foi com batida pela
esquerda brasileira. Com o dem onstrou Serge Guilbaut, a partir de
extensa pesquisa realizada nos arquivos Rockfeller em W ashington
DC: “O papel do MoMA foi apoiar incondicionalmente o maniqueísmo
do mundo gerado pela Guerra Fria. Um mundo claro, limpo, um mundo
fantasmagórico de estilos e formas em contato com um mundo interno
de idéias, mas com um medo patológico de um envolvimento direto e
visível com os eventos políticos e sociais do momento.”
Esperando que o museu de São Paulo paute sua existência e funcionam ento
a partir do Museu de Nova York, Sprague Smith diz ainda que em Nova York
ficar-se-á esperando “por conhecer seus estatutos, planos, quadro de membros
etc. e estarem os, naturalmente, prontos a ajudar de toda a maneira possível.
Mandar-lhes-ei o material necessário imediatam ente após minha chegada a
Nova York” , enfatizando ainda a im portância da regulam entação do local legal
da questão, sobretudo para facilitar a realização de exposições internacionais.
•Exposição
Acontecimentos
1972,
MAC-Ibírapuera
Arquivo
MAC-USP.
Nesse trabalho junto aos artistas foi possível levantar mais informações
sobre as obras e o contexto em questão. Alguns artistas, revivendo o
espírito daqueles anos, enviaram propostas (à maneira das trocas de
arte postal) a serem realizadas hoje. Ben Vautier, por exemplo, enviou
projeto de banner e propôs que fosse colocado defronte à entrada da
X X IV Bienal de São Paulo (1998), com os seguintes dizeres:
Vista
geral da
exposição
Poéticas
Visuais,
1977,
M AC-lbirapuera.
A rquivo
MAC-USP.
G abriel
Borba,
A rtista
Profissional,
56
1972.
Fotocópia
s / papel e
o ff-set e
NOME nanquim s/
pasta de
cartolina.
P R O F IS S IO N A L
F IL IA Ç Ã O
O Italiano Cavelini, por sua vez, se entorpece com a própria imagem a
ponto de tornar sua obra uma reificação de sua auto-história: a de um
I artista que tem como propósito exaltar-se a si mesmo.
C A V E L L I N I 1 9 14-2014
'P-
'M a
G iglielm o
Achille
Cavellini,
A uto-histo-
rização -
C avellini
1914-2014,
1982.
Fotografia
em cores
recortada,
hidrográfica,
carim bo e
off-set s/
cartão.
Poéticas do processo
57
O exercício reflexivo e crítico sobre os pólos da criação, distribuição e
legitimação do que se convencionou chamar obra de arte é nuclear
nesses e em muitos outros projetos de arte Conceituai.
G iglielm o
Achille
Cavellini,
Sem título,
c. 1982.
O ff-set
em cores
s / papel.
)
O MUSEU - FÓRUM E A EQUAÇÃO ARTE E VIDA
Para a autora, existe uma explicação para isto, uma vez que
Poéticas do processo
encontrou aqui o fez retornar ao país para, a partir de suas experiências
junto ao artista Franz Kracjberg em viagem à Amazônia, publicar o
Manifesto do Rio Negro, espécie de proposta estética, em 1978.
59
G abriel
Borba,
D econstrução
(versão III),
1973.
Diapositivo p/b.
Nesse trabalho a imágem-ícone da Santa Ceia de Leonardo da Vinci é
cuidadosam ente analisada e reconstruída através da montagem em
estúdio fotográfico de um cenário com a participação de atores. A
imagem de fundo, o panejamento das roupas, o jogo de cores e luzes
foram criteriosam ente elaborados por Gabriel Borba, contratado por
uma empresa privada interessada em fotografar essa imagem-ícone
sedimentada no imaginário social. O artista realiza, pois, seu trabalho
de arte depois da encomenda finalizada. Ao revés do procedimento
sincrético inicial, ele mesmo pinta no cenário fictício, desmanchando a
operação anterior. Da seqüência de 14 fotos27 resulta Deconstrução.
Poéticas do processo
I^ Ü J t Q lU f l- l ' U / \ ç>v,
Didática,
1974.
Serigrafia a
cores em
nanquim s/
papel.
62
I
R egina
Silveira,
The A rt
o f Drawing,
1981.
6 P-,
tiragem : 80.
Julio Plaza,
Sem Titulo,
1974.
Fotografia
p/b s/
papel.
1) Vale assinalar que, na correspondência com os artistas, os organizadores da exposição solicitam que os
trabalhos sejam doados ao m useu e que possam particip ar de outras eventuais m ostras.
2) PLAZA, Julio. Catálogo Poéticas Visuais. MAC-USP, S ão Paulo, 29 set./30 out. 1977.
3) BENJAM IN, W alter. A O bra de A rte na É poca de sua Reprodutibilidade Técnica. In: M agia e Técnica -
A rte e Política. O bras Escolhidas, v. I. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 173.
4) ZA N IN I, W alter. C atálogo P rospectiva 74. M useu de A rte Contem porânea - USP, ago./set. 1974.
5) A série contém ao todo 106 litografias, realizada pela “M anus Press" de Stutgard.
6) FABRIS, Annateresa, COSTA, C acilda T. (org.). Tendências do Livro de A rtista no Brasil. São Paulo:
C entro C ultural São Paulo, 1985. (C atálogo de exposição).
7) CRIMP, Douglas. O n the M useum 's Ruins. M IT Press, 1995, p. 78.
8) GODFREY, Tony. Op. cit., p. 198.
9) A Note on C onceptual A rt. The Tate G a lle ry 1972-1974 - B iennial Report. Tate Galley, London, 1974.
10) FISH ER, Philip. M aking a n d Effacing A rt: M odem A m erican Art in a C ulture of M useum s. New York:
O xford, 1991.
11) Essa reflexão foi desenvolvida inicialm ente na pesquisa que realizei em Londres, com o apoio do
British Council, no período 1995/96, e que resultou no trabalho Beyond the A rt o f Exhibition. Searching
for the Ideological Contents in C o nte m po rary A rt Exhibitions. City University, London, 95 p., mim eo.
(Inédito).
12) AM AR AL, Aracy. A História de um a Coleção. In: Perfil de um Acervo. M useu de A rte C ontem porânea,
USP, 1988.
13) D U NC AN , Carol. The A e sthetic o f Power. E ssays in C riticai A rt History. C am bridge: Univ. Press, 1993.
14) ADES, Dawn. Reviewing A rt History. In: Ress and Borzello (ed.). The N e w A r t History. London: Candem
Press, 1986.
15) Ver M arquis, A.G . A lfre d B a a rJ r. A M issionary fo r the M odern. Chicago: Contem porany Books, 1989.
16) CRIMP, D ouglas. O n the M useum 's R uins.M assachussets: M IT Press, 1993.
17) GUILBAUT, Serge. R ecycling or globalizing the m useum : M oM A -G uggenheim approaches. In: Para
chute, out./nov./dec. 1998.
18) A M AR AL, Aracy. Op. cit., pp. 13 e 14.
19) GUILBAUT, Serge. Op. cit., p. 64.
20) BO UR DIEU , Pierre. T he H istorical G enesis o f a Pure Aesthetic. The J o u rn a l o f Aesthetics a n d A rt
C riticism , v. 46, 1987.
21) ZANINI, W alter. Novas Potencialidades. C atálogo da 6a Exposição Jovem A rte Contem porânea. M useu
de A rte C ontem porânea da Universidade de São Paulo, MAC-USP, 1972.
22) OLIVA, Achille Bonito. A A rte e o Sistem a da Arte. Revista M alasartes, dez./jan./fev. 1976.
23) DUNCAN, Carol. The Aesthetics o f Power. E ssays in C riticai A rt History. C am bridge: Univ. Press, 1993
24) RESTANY, Pierre. L'Art Brèsilien dans les Sables M ouvants. Domus, mar. 1975, n. 544, pp. 17-24.
25) Ver cronologia de exposições realizadas no M AC -U SP entre 1965 e 1979.
26) RESTANY, Pierre. Op. cit.
27) P osteriorm ente os slides foram com prados pelo M AC-U SP (1974). Esse trabalho foi exibido inicialm ente
na m ostra E xpo-P rojeção 73 organizada por Aracy Am aral ju n to à G rife (G rupo de Realizadores
Independentes de Film es Experim entais).
28) KO SUTH, Joseph. A rt A fte r Philosophy and After. In: C ollected W ritings 1966-1990. C am bridge: MIT,
1993.
Antoni
Poéticas do processo
Miralda,
Sem
Título,
década
de 70.
Fotografia
em cores
s / papel.
65
i
Regina
Silveira,
Inclusão
W atteau,
1974.
Serigrafia
em cores s/
papel.
Foto: Rôm ulo
Fialdini.
Poéticas do processo
66
Regina
Silveira,
B razil
Today,
1977.
Serigrafia
s / cartão
postal.
Foto: Rômulo
Fialdini.
(
Antoni
M untadas,
R eflexões
sobre a
M orte,
1973.
S érie de 80
diapositivos
em cores.
D etalhe.
Poéticas do processo
67
Antoni
M untadas,
R eflexões
sobre a
M orte,
1973.
Série de 80
diapositivos
em cores.
Detalhe.
Paulo
Bruscky,
A rte p o r
Correspondência,
1975.
O ff-set
em cores,
carim bo
e selo s /
papel
plastificado.
Bill
Vazan,
Conversa
Privada,
1977.
Fotocópia
em cores,
s / papel.
I
A ugusto de
Cam pos e
Julio Plaza,
O bjetos,
1969.
Serigrafia
em cores s/
dobradura
de papel.
Editor: Júlio
Pacello.
13 pranchas.
Tiragem : 100.
Foto: Rôm ulo
Fialdini.
Poéticas do processo
69
A ugusto de
C am pos e
Julio Plaza,
Caixa Preta,
1975.
O ff-set em
cores s / papel,
papel
recortado e
disco
fonográfico
com pacto.
Edições
Invenções, S ão
Paulo. 14 itens.
Tiragem: 1000.
Foto: Rôm ulo
Fialdini.
Ulises
C arrión,
Silence
is Gold,
1973.
Hidrográfica
e grafite
s / fotocópia
em cores
s / papel,
11 fls.
Tiragem :
&
exem plar
único.
„vM/'
0~ (V
Poéticas do processo
70
Jonier
M arin,
Sem
Título,
1977.
Livro
recortado.
Pierre
Restany,
Sem Título,
1982.
D atilografia,
carim bo,
selo,
nanquim ,
esferográfica
e off-set s /
papel.
Detalhe.
Ç d 1/ KCt5>A>yUWU'i; jn^ àí
Poéticas do processo
G aglione,
Poem as
Visuais,
1977.
Recortes
71
de off-set
s / papel
colados s /
cartão.
Detalhe.
Alfredo S.
Portillos,
Caixa com
Sabões
para
D istintas
C lasses
Sociais,
1971.
Caixa de
m adeira,
sabões,
nanquim e
foto p/b
s/ papel.
Foto:
R ôm ulo
Fialdini.
j*F
Poéticas do processo
M anuel
Casim iro,
Projeto
Porto de
Nice,
ivjÉjir :i 1976.
Diapositivos
pSí.'.v'
em cores.
Detalhe.
72
líSM sv
A equivalência entre obra e docum entação
é central na estética desses anos 60-70.
P a ra o s a r tis ta s c o n c e itu a is , s ã o a s
informações, textos, fotografias, fotocópias,
esquem as que docum entam não tanto um
objeto ou ação in absentia, m as a idéia,
p o r natureza invisível.
Anne Moeglin-Delcroix
at iVai-i ,v>-èV^
pretty *V-<fcUj- t u r tíí iiK .iV .foÍOÈtw
I-wântcd to «ahu one of ry rabbitvíren -C
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Vautier, Ovt JUlúKonfrujiJh m o fi aX ^ x- yaung Bcrlin artists and Ütce/artisfj.-
"V* VihxPt - f t t t u M s w . to prepare the ihons.1
Um a '*'A . Q,<. m>l.'Itc «*V *»<*I ijj d« r-oí* 1HCuld r.ut say as ruich but J would-considcr
Intorttlng and positiv that hç rcct
C arta de _ to lauoh.talk.naKe lote. see cur^ wori.s -
I f I had roncy during the Bcrlin ihow in l.ice
Berlim, uai-unjinisod undar ay rusponsabl1ity i t wçuld bc fine wc all -reet.in «ílganlen
(The.1di:a vas nir.c)but- and have a sood Llw
1980. i-i= _c at.m c 2JualiLiLncithcr for tho scloction I^hopc Mico Cillciryc and general interejt
-nDlthcr ter tho catalogue ( ~ * i u p.,^ts,) -111 t«i!d à good Berlln ve ek _« U 'jWumà^.U ,
O ff-set s/ although j proposed a naquettc af ' 1 . -V*"r^*-4"'
- «itch « fé» icíeas fra accopud. (1*^4) In cy nail 1 only get ncws-frw.Kunsr and
papel. ,r S"** P itt. TTeel tfiey:arc klàing hljh
Hy iúca xas tonsii’ a. cocara tive in Ouchrtffí)*s rocB.lMj^^ t ^cAoo^
caulouuo bctwecn Mico and Bcrlin.
For o.çnplc : food (n Nice. food in Bcrlin
dbco In Nlcc Disco In Bcrlin
«rt In tllco Art In Bcrlin lud-lo tho btg geman buycrKsj j u j l bought
1 also wanted the catalogue a V ialU t ,0 Oiculèj and '.coetl.ie .550 a
to-givc thirBcrllners íl i l r o to c t o Mico Louis Carn; ali artists south of Frar.ce
ar.a vlco vare*.
By the xay Cia yeu t.ncw tli.it ;
^ « o w tw SVi«\tuJi ÍKÍS. díA o-Q m u a g íves Klein - Arsan - Kartlal Raysse - -
^ *>C- »i ct Kala»al - Pagis --César r Beri Vautier
üuTaíí ÍV2U.^, ,«a.oja ÍKi&w* CtC etc crcated in Klcc.
õí-mA -^ díí. Coo^^octA..
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Poéticas do processo
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(!m.\ aK. íVaAcemtca cJ :
^r\lí tUt< ilVj .
^w I^ oq U <3lUU Avoikj«,
77
anuncia uma nova forma de circulação do trabalho artístico, fora do
circuito fechado das galerias e museus.
iRASIL-CORREIÇ 3RASIL-CORREIO W A S IL -C O R K E iq
t j i i ii t o ii7i 4 0 c ts
Além da recusa às leis do mercado, a arte postal implica uma aceleração
e abertura à propagação de conteúdos artísticos. Como observa o
artista Ulises Carrión (Cidade do México, 1941-1989) que se valeu da
arte postal em sua poética:
A arte postal transfere o foco do que é tradicionalm ente cham ado de arte
para o conceito mais am plo de cultura. Essa mudança é o que faz a arte
postal realmente contemporânea. A arte postal enfatiza estratégias culturais
onde e s ta ria m os lim ite s en tre o tra b a lh o do a rtista e a o rg a n iza çã o e
d is trib u iç ã o d e s s e tra b a lh o . O s a rtis ta s p o dem e s c o lh e r o sis te m a de
d is trib u iç ã o com o e s tru tu ra m e sm a de sse tra balho . N esse sen tido, tais
estratégias são suas com ponentes formais.
I «
! f JAROSLAWKOZLOWSKI
t
'
!i , : r;
Jr(
-f GRAMMAR Ji
! (GRAMATWCty ! Jaroslaw
!
!i 1
Kozlowski,
Gram ática,
1973.
. I O ff-set s/
: | papel,
exem plar
.i . único.
68 p.
f jora
K
!■ v..,,.: |
O artista polonês Jaroslaw Kozlowski, por exemplo, envia Grammar.
N essa p ub lica ção o a rtis ta espe cula com palavras, q u e stio n a a
incomunicabilidade da língua.
Eu notei que estava me sentindo cada vez mais confortável com m inhas
e s p e c u la ç õ e s . G o s ta v a de a rra n ja r v á ria s c o n fig u ra ç õ e s c o n c e itu a is ,
com binações de jogo s engenhosos e paradoxos lógicos. De novo, senti a
necessidade de abandonar aquilo, deixar de lado a "estupefação com a form a”3.
Como bem definiu o prof. Zanini, nos anos 70, a arte postal “é uma
poética surgida na urgência de estruturas de substituição, em nível
internacional”4. Graças a essa possibilidade é, como vemos, notória a
participação de artistas do Leste Europeu nas exposições do MAC
naquela época, que sem a alternativa do envio postal não teriam a
possibilidade de participar.
Paulo
Brusky,
Recordação,
1977.
Fotografia p/b
e off-set s /
papei.
Clemente Padín 7 (Lascano, Uruguai, 1939), por exemplo, foi preso pela
ditadura militar em 1977. Apesar do ambiente repressor em seu país,
envia, nesse mesmo ano, para o MAC-USP o trabalho Campanha de
Sensibilização Estética. A palavra “justicia” transpassa o desenho a
lápis inspirado em Mondrian.
C lem ente
Padín,
C am panha de
Sensibilização
Estética,
1977.
Hidrográfica,
lápis de cor
e guache s/
papel.
Ainda em 1977, Jorge Caraballo (Montevidéu, Uruguai, 1941) propõe
que os testes assemelhados aos testes universais de acuidade visual
sejam acrescidos da seguinte pergunta, absolutamente sem meandros:
“Are you a free m an?”
Jorge
Caraballo,
Sem Título,
c. 1977.
Fotografia p/b
e off-set s/
papel.
Julio Plaza,
Poética
Política, jt
1969/1977. PO BTICA
Edições
S.T.R.I.P,
SP, Brasil.
O ff-set s/
papel.
48 p.
Julio
Plaza,
E vo lução /
Revolução,
1971.
Fotografia p/b
s / papel,
10 fotos.
Poéticas do processo
82
83 Poéticas do processo
Para a exposição Poéticas Visuais, Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro,
1933) envia seu irônico lamento/protesto, Sobre a Arte.
SOBRE A ARTE
Anna
DIGfl COKQÍCO Bella
Geiger,
Sobre
a Arte,
1977.
Fotocópia
s / papel.
-ROCRftCIR
Poéticas do processo
A artista carioca Regina Vater (1943) realiza entre 1973 e 1974, em Nova
York, a série de postais Postalixos, inspirada no poema concreto de
Augusto de Campos Luxo-Lixo. Esses cartões-postais realizados em fotos
coloridas de lixo nova-iorquino, que têm impresso no verso Postalixo -
land(e)scape da paisagem, em 1974 foram endereçados a várias pessoas
84
Regina
Vater,
Postalixo -
Land(e)scape
N Y 74,
1974.
Cartão-postal.
> :e
R egina
Vater,
P ostalixo -
Land(e)scape -TV'jf C riid
N Y 74,
Ct/JITC*-
r f -ZA"'
'Z ./! V " y í
1974.
C artão-postal
(verso).
' ---- rS)
S.
í / ~ t i-----------
-ÍU - /C «+T*'í
««
X/?-v.-í .^a y . / o í^
Poéticas do processo
Entre outras publicações do gênero, os editores da Povis, publicação
organizada no Rio Grande do Norte9, por exemplo, encarregavam-se
de ju n ta r e d is trib u ir tra b a lh o s e nviados pelos a rtis ta s dos m ais
diferentes pontos do país. Um certo heroísmo resvala da marginalidade
da proposta. Seja Marginal, Seja Herói da bandeira programática de
Hélio Oiticica tem nessas publicações uma ressonância.
85
Y
J. M edeiros
e t alli,
Povis 2 -
P rojeto 18,
1976/77.
Fotografia,
off-set,
carim bo,
serigrafia e
colagem s/
papel e
recortes de
revista.
Como bem observou Aracy Amaral,
M arco
Baldini,
Love,
c. 1978.
Serigrafia
s/papel arroz,
papel lam inado
e papel
dupla-face
dobrado.
John Cage (EUA, 1912-1992), por exemplo, envia o trabalho Not Wanting
to Say Anything about Mareei para essa mostra coletiva, porém solicita
que ele seja doado ao poeta Augusto de Campos ao final da exposição.
Nesse trabalho chapas de p iexigiass são encaixadas em base de
madeira. A morte de Duchamp em 1968 inspirou Cage a produzir a
primeira peça dessa série de múltiplos. Em livro que comenta o trabalho,
Cage escreveu:
Augusto de
C am pos e
Julio Plaza,
Poemobiles,
1968/74.
O ff-set em
cores s/
dobradura
de papel,
13 pranchas,
tiragem: n/c.
â já à & & & & A A A A A A A A A
& A A ã & A A A AA&AAAAA
Augusto de & & & ,& & & & &
Campos e
Julio Plaza,
AA&AA&àA AAAAAAAA
Reduchamp, &&&AA&AA AAAAAAAA
1976.
Off-set s/
AAAAAAAA AAAAAAAA
papel,
AAAAAAAA' “AAAAAAAA
66 p., A&A&AAA& AAAAAAAA
liragem: 1000.
AAAAAAAA AAAAAAAA
a a a a a a a a AAAAAAAA
AAAAAAAA, A AAAAAAA
M M M ÍS S 0 0 QSABÍ1ÍP
AUGUSTO DE CAMPOS JULIO PLAZA
M aurício
Fridman,
Eu Vou
Voltar pro
Interior,
1976.
Do livro
de artista
Trama, de
Gabriel
Borba e
M aurício
Fridman.
Off-set e
acrílica s/
papel.
12 p.,
tiragem: 200.
G abriel Borba,
Nós,
1975.
D o livro
de artista
Trama, de
G abriel
Borba e
M aurício
Fridm an.
C olagem
e off-set s/
papel.
12 p.,
tiragem : 200.
Klaus
Rinke,
Desenho
de Gra
vitação,
1973.
Cordel,
prumo
e prego.
Além das fotografias feitas posteriormente à montagem, os projetos,
elaborados previam ente, tam bém são capazes de perenizar uma
Instalação. No projeto, o a rtista descreve os itens de m ontagem ,
e sp e cifica m ate ria is e outros d etalham entos nece ssários para a
montagem da obra.
M atsuzaw a
Yutaka,
Sem Título,
c. 1976.
O ff-set
em cores
s/ papel.
A fo to g ra fia n u n c a é in o c e n te , m a s
estruturada pelas formas de representação
qu e sã o se m pre id e o ló g ica s. Se a arte
Conceituai, em sua modalidade lingüística,
investiga com o nós pensam os e fazemos
os o u tro s pe nsare m , en tão a fotogra fia
com o a rte C o n ce itu a i trata de com o as
fo to g ra fia s s ã o u s a d a s p a ra c r ia r
significados.
Tony Godfrey
D epressa ficou claro que a fotografia, longe de se lim itar a ser apenas o
instrum en to de um a reprodução docum entária do trabalho, que inte rviria
depois, era de imediato pensamento, integrado à própria concepção do projeto
a ponto de mais de um a realização am biental ter sido elaborada em função
de certas características do procedim ento fotográfico, como, por exemplo, tudo
que se refere ao trabalho do ponto de vista26.
Assim, a fotografia, como elemento integrante do projeto, não se limita
a uma existência a posteriori, ela integra o próprio processo de elabo
ração do trabalho.
No final dos anos 60, os artistas conceituais com eçaram a valer-se da fotografia
para docum entar suas ações ou ter registro de seus trabalhos. A im portância
dessa tendência conceituai fez, no entanto, com que essas fotos/documentos
se tornassem a fonte prim ária capaz de reconstruir o significado com base na
intencionalidade do trabalho (...) Ao invés de funcionar com o uma ilustração
de eventos históricos, a fotografia é considerada com o um com ponente na
estrutura do trabalho, sua função puramente documental é restrita e passa a
funcionar com o um signo, com o um referente não necessariam ente relacionado
a seu papel iconográfico.
Regina Silveira, por exemplo, utiliza uma foto aérea da cidade de São
Paulo, impressa em cartão-postal, para projetar sobre ela uma malha
de estruturas geometrizantes.
Regina
Silveira,
Interferências,
1976.
Serigrafia
s / cartão-
postal.
Como observa Fabris, Regina Silveira explora, especialmente nos anos
70 e notadamente em vários trabalhos realizados nessa década:
(...) o confronto entre o que ela própria denomina “orgânico” e “geom étrico” ,
ou seja, entre o realismo da imagem fotográfica e o artifício inerente à visão
em perspectiva. Desse confronto não brota, contudo, um a idéia ingênua ou
positivista da fotografia. À apropriação da imagem preexistente se sobrepõe
um jogo de desvelam ento do código fotográfico organizador de uma visão em
perspectiva, que enfatiza o artifício subjacente a uma imagem tida como natural.
Fotografia e código projetivo afirm am -se, assim , com o dois sistem as de
representação paralelos e intercambiáveis. O objetivo de ambos é organizar
um modo de visão hierárquico e racional que permita ordenar, com base em
princípios técnicos e teóricos, um universo que, de outro modo, revelar-se-ia
caótico e inapreensível29.
Manuel
Casimiro,
Projeto
Porto de
Nice,
1976.
Diapositivo
em cores.
Detalhe:
fotografia
p/b s/ papel.
A idéia é simples: levar a poesia de volta para a letra isolada; e colocar essa
letra no contexto ecológico e não apenas estético (...). Ao mesmo tem po o
projeto é clara m en te voltado con tra o con strutivism o equivocado que só
consegue atribuir valor a m onumentos de bronze colossais. As Esculturas de
Papel são tão baratas, que qualquer um pode jogá-las fora depois...
J.O.
Mallander,
Escultura
de Papel,
1971/1973.
O ff-set
s / papel.
I
Poéticas do processo
J. Kocman,
The End,
1973.
Fotografia
p/b s/
papel.
99
O cenário natural serve também como suporte para o artista eslovaco
Juraj Melis (1942) compor com pedaços de madeira a palavra HELP,
que seguidamente fotografa realizando uma fotomontagem.
J. Melis.
Help,
1975-1977.
Fotografia
p/b s/
papel.
Poéticas do processo
(...) a fotografia que tem tantas utilizações narcisistas, é tam bém um poderoso
instrum ento de despersonalização da nossa relação com o mundo; essas duas
utilizaçõ es são com plem e ntares. C om o um par de binóculos em que as
extrem idades se pudessem confundir, a câm ara faz com que as coisas exóticas
pareçam próximas e intimas e com que as coisas familiares pareçam pequenas,
abstratas, estranhas e m uito mais distantes. Proporciona uma atividade fácil e
viciante, tanto a participação com o a alienação, na nossa vida e na dos outros,
perm itindo-nos participar, ao m esm o tem po que reafirma a alienação31.
Poéticas do processo
101
Dalibor
Chatrny,
Relações de
Espelhos de
Horizontes
Opostos,
c. 1973.
Fotografia
p/b s/ papel.
Em 1974, A rtu r B a rrio re a liz a a s e q ü ê n c ia de fo to g ra fia s Seis
Movimentos. Nessa série o artista registra através de fotos o movimento
incessante da mão co rta nd o o papel com a tesoura, num m oto-
contínuo32.
É palpável que a natureza que fala ao olhar é outra que a natureza que fala à
câm ara. Outra, principalmente porque esta substitui o espaço em que o homem
age conscientem ente por um espaço que ele age de form a inconsciente (...)
se percebem os, em geral, o gesto com o qual seguram os o isqueiro ou a
colher, pouco sabemos, sobre o que, de fato, se passa entre a mão e o metal.
É som ente através da câm ara que tom am os consciência do inconsciente óptico,
assim com o tom am os consciência, pela psicanálise, do inconsciente pulsional33.
Poéticas do processo
performance na qual a atividade do artista — dirigindo a pintura pelos
pincéis vivos tal qual maestro — é apreendida, hoje, através dos relatos
ou imagens fotográficas. As fotos são índices das obras, sinais do
processo de sua formulação.
103
foi documentar ações ou fenômenos.
Centopéia,
Performance
realizada na
VII JAC,
1973.
A rquivo
Poéticas do processo
MAC-USP.
104
P. Orridge
e Coum
transmission,
Prostituição,
1976.
Off-set
PROSTITUTION
s/papel.
W olf
Vostell,
C oelho
da P ás
coa,
1976/77.
Foto
cópia
s / papel.
Regina
Vater,
Três
Macacos
Chineses,
1975.
Perfor
mance,
MAC-USP.
Arquivo
da artista.
Poéticas do processo
O discurso da crítica de arte diante dessas proposições deveria rever,
necessariamente, seus parâmetros. A autonomia da obra é questionada
e a crítica necessariam ente expande-se, incorpora os princípios da
psicanálise, da filosofia da linguagem, da crítica da cultura. Tais áreas
de conhecim ento passam a ser quase pré-requisitos para a com
107
preensão da arte.
Luiz
Pazos,
A Cidade
Possuída
pelos
Demônios,
c. 1974.
Fotografia
p/b s/
papel.
108
Antoni
Miralda,
A rroz e
Pão
Coloridos,
1971.
Fotografia
p/b s/
papel.
Poéticas do processo
O conteúdo das fotografias inclui, não raro, o corpo do artista. São
muitas vezes retratos ou imagens de fragmentos de corpos distorcidos,
multifacetados, andróginos.
109
Esse tema não é recente. Já em 1920, por exemplo, Mareei Duchamp se
transfigurou em Rrose Sélavy (Eros c’est Ia vie) diante da câmara de
Man Ray. Para seu alter-ego feminino, celebrizado por tais fotos, mandou
imprimir um cartão de visita com os dizeres Oculismo de Precisão -
Rrose Sélavy - NY/Paris - Pêlos e Pontapés de todos os gêneros.
O artista que mais operou com esse jogo de espelhos e lentes, próprio
d as c â m a ra s e da s o c ie d a d e c o n te m p o râ n e a fu n d a d a na
espetacularização, foi Andy Warhol (EUA, 1928-1987), que produziu e
reproduziu sua própria imagem, transform ando-se em ícone a ser
consum ido com o os produtos banais que ele m ultiplica ra in d e fi
nidam ente em serigrafias. No limite, Andy Warhol expôs a própria
imagem ao paradoxo de uma despersonalização hiperpersonalizada.
Carlos
Pazos,
Vou Fazer
de M im
um a
Estrela,
1975/1976.
Fotografia
p/b s/papel
s/ cartão.
Carlos
Pazos,
Vou Fazer
de Mim
um a
Estrela,
1975/1976.
O ff-set em
cores e
fotografia
p/b s/
papel
s / cartão.
Poéticas do processo
ÍjX*-c i
tf ».*,
111
Benjamin, aqui as fotografias de rostos têm um sentido absolutamente
diferente.
O perigo e a violência são elem entos fundam entais do mundo em que vivemos
(...) eu quero que as pessoas com preendam que esses elem entos não são
apenas negativos, mas positivos tam bém , de maneira que apenas no confronto
com eles é possível vislum brar os limites e a possibilidade de superá-los. Eu
uso o meu corpo em ações perigosas porque é sem pre o meu corpo que
colide frontalm ente com o mundo42.
Petr
Stembera,
Peça das
Mangas,
c. 1972.
Fotografia
p /b s /
papel.
V
O brasileiro Fernando C ochiarale (Rio de Janeiro, 1951) também ,
eventualmente, utilizou o corpo como suporte para suas proposições.
Fernando
Cocchiarale,
Seqüela,
c. 1974.
Fotografia
p/b s/
papel.
Foto: Ana
Vitória
Mussi.
Poéticas do processo
Em 1968 é criada pelo Dr. Douglas Dybuig a prim eira m áquina copiadora
colorida e, um ano depois, Sonia S heridan é convidada com o artista residente
pela firm a 3M para desenvolver uma série de pesquisas com a recém-inventada
m áquina colorida.
113
que a gradação de cores sugere o movimento das mãos.
Bill
Vazan,
Pequena
Conversa,
1977.
Fotocópia
em cores
s/ papel.
Jochen Gerz (Berlim, 1940) também reproduz em xerox por diversas
Poéticas do processo
Jochen
G erz,
Desenvol
vim ento da
Escrita,
1972.
Fotocópia
s/ papel.
AUTO-RETRATOS CONCEITUAIS
Annette
Messager,
Coleção
para En
contrar
Minha
M elhor
Assinatura,
1976.
Fotocópia n
s/ papel.
n
Annette
Messager,
Retrato
da Artista,
1976.
" j. H íy í ‘ J
Poéticas do processo
Da expo :P- f c - j - ■
sição
Papel y
Lapis,
•S]í.bA
de Jonier
M arin.
Fotocópia
s/ papel.
115
O auto-retrato na arte Conceituai, muitas vezes, não tem profundidade
nem traços expressivos. O inglês Paul Carter brinca com a câmara
defronte ao espelho. Entre o espelho e as lentes fotográficas salta a
irreverência do artista para o primeiro plano.
Paul
C arter,
Glass,
1977.
Etiqueta
adesiva
s / foto
grafia p/b
s / papel.
Outras vezes, como na montagem de Paulo Bruscky, o registro da
identidade se dá através das radiografias de crânio, método privilegiado
pelas investigações policiais.
Paulo
Bruscky,
Protetor
para
Identidade,
1975.
O ff-set
s / papel.
ES C Philip
Parker,
A C ondi
ção (12),
1977.
MEANINQS s / papel.
/ r t
Não por acaso, numa época de redefinições da identidade feminina,
as mulheres expõem-se à câmara reivindicando lugar apropriado aos
olhos do Outro.
Na série da artista Anna Kutera, os textos manuscritos são anexados
ao rosto, como se tentassem legendar faces esvaziadas da capacidade
expressiva.
Poéticas do processo
Anna
Kutera,
M orfo-
logia da
Nova
Realidade,
1976.
Fotocópia
e fotogra
fia s/ papel.
117
4. V * * * * nVa.^ .^ 0 . Cv, ^ o w t o \ w
- Uc
-
MOV , 500 vy
lo.v.>cto rfN rai'0,-.
- vv»e oovif bifcii -
TLa< \ Vvc./c t>re«.'cat 0A.vv.e-jt icUoa.
-3>.Vv\í0i—P-' |o '' OOWW*»«Ai<OV>•
- 1
n «.«xumiún vuwuRieo -nwtJrt k-wtkrpi ^IüI.hiíj o ótTUfUIOfJ <jT»H<aUVT€0- tXMVJft tmVEOfl h|ü|,|<V?b
l» T\n\.<, prot\ou^tc-w»evO. w ot a
wwort«io<Y*e, eiHv.«r
Maria
Michalowska,
Approaches,
1973.
Fotografia
p/b s/ papel.
Poéticas do processo
Na seqüência desses auto-retratos, o europeu transforma-se no africano
e a carga expressiva resultante dessa metamorfose é intensa.
119
Féliks
Podsiadly,
M etam or-
phose,
c. 1977.
Esm alte
s/ fotografia
p/b s/ papel.
120 Poéticas do processo
Escreve o artista: “A inspiração para esse trabalho veio da estada por
quatro anos na África. A forma do trabalho não me interessa. O que me
interessa é a mudança do homem durante a sua evolução mental...”.
Friederike Pezold (Wien, Alem anha, 1944) utiliza tam bém o xerox
como meio. Diferentem ente de Jochen Gerz, não copia diretam ente
o corpo, mas fotografa sua cuidadosa deform ação. Os seios, por
e xe m p lo , sã o fo to g ra fa d o s e fo to c o p ia d o s num e x e rc íc io de
exposição/laceração. A sexualidade é, mais uma vez, o tem a de
outra m ontagem fotografada, na qual os órgãos sexuais m asculinos
são sugeridos artificialm ente.
Poéticas do processo
Friederike
Pezold,
Sem Título,
1973.
Fotocópia
s/papel.
121
Friederike
Pezold,
Sem
Título,
1973.
Fotocópia
s/ papel.
M irella
Bentivoglio,
História do
■/ Monumento,
De Luca
Editore,
1968.
O ff-set
s/ papel.
leito r/esp ectad or: teriam tais trabalhos sido expostos em algum a
oportunidade? Tratar-se-ia de um exercício criativo? As páginas do
catálogo/livro abrem-se como terreno de livre experimentação. Como
observam Costa e Fabris (1985): “É dentro desse espírito de adequação
da form a à idéia, da concepção da solução gráfica como relação
intrínseca entre forma e conteúdo, processo deflagrado pelo exemplo
de Wesley Duke Lee (São Paulo, 1931), que os artistas da Escola
Brasil produzem os primeiros catálogos conceituais entre nós”50.
José
Resende,
Catálogo
de
Exposição,
1970.
M AM -R J/
MAC-USP.
IM
Muitas vezes, entretanto, a publicação deixa de ser um acessório, um
complemento; reveste-se de certa autonomia pois, não raro, prescinde
dos objetos “originais” . Aliás, certas obras só ganham realidade através
das publicações, mesmo sem nunca terem ocorrido.
p/b.
126
Am élia
Toledo,
Sem
Título,
1973.
O ff-set
em cores
s / papel.
Julio
Plaza,
A re You
A live ? /
Você
Está
Vivo?,
1973.
O ff-set
s / papel.
Em outro formato e dentro de diferente proposta, Urbación (1975) de
Regina Vater convida à interação direta na forma de um baralho a ser
jogado entre parceiros. A versão inicial, realizada com fotos coloridas,
foi exposta no MAC em 1977.
Regina
Vater,
Urbación,
1975.
Xerox
colorido,
cx. de
m adeira.
Press,
1973.
O ff-set
s/ papel,
90 p.,
tiragem: 400.
Poéticas do processo
editou vários trabalhos seus de poesia ou teoria, ou ambos, como no
livro Foew&ombwhnw - a gram m ar o f the m ind and a phenomenology
o f love a nd a Science o f the a rts as seen by a stalker o f the wild
mushroom. Esse subtítulo indica o caminho escolhido por Higgins para
sua publicação. A teoria (gramática, fenomenologia, ciência) alinha-se
à poesia como “vistas pelo caule de um cogumelo selvagem”. Aliás,
nesse livro de capa preta, marcador de páginas de fita em negro cetim
129
e páginas finas com laterais vermelhas, quase tudo remete ao Livro
Sagrado. Não por acaso, as páginas são diagramadas como as edições
da Bíblia, onde a folha se divide em duas colunas. Mas, nessa
publicação, uma metade é teoria e a outra metade é poesia; aí Dick
Higgins desenvolve o conceito de “Intermedia” (1965) que viria a ser
muito utilizado pelos artistas na década seguinte.
Dick
Higgins,
Foew&ombwhnw,
Something
Else Press,
New York,
1965.
O ff-set
s/ papel,
320 p.,
tiragem: n/c.
Lançando mão de uma análise do contexto social, do estado da arte
naquele m om ento, observa que se repetiam m odelos forjados na
R enascença, deixando m uito da produção a rtís tic a do período à
margem. As rígidas divisões no campo artístico estariam espelhando
as e s tra tific a ç õ e s so cia is que, para H iggins, so fria m p ro fun d as
alterações, ocasionando dilacerações e distinções segregacionistas.
Dick
Higgins,
Artista
em Seu
Escritório.
Something
Else Press,
New York,
1969.
Bienal
do ano
2000 ,
1975,
M AC-
Ibirapuera.
Arquivo
MAC-USP.
Hervé
Fischer,
Toalha
de M ão
(Higiene da
Pintura),
1971/1974.
Serigrafia
s / plástico
transparente.
Aquela era uma época difícil, sem a abertura de hoje, mas mesmo assim foi
ultra-positivo. O povo brasileiro, povo mesmo, não gente de galeria, está sempre
interessado em se comunicar, em fazer a caricatura da vida. Eu sei que meu
trabalho permite essa caricatura56.
Hervé
Fischer,
Farmácia
Fischer,
agosto
de 1975.
Praça da
República,
SP.
Fotografia
p/b s/
papel.
Hervé
Fischer,
Farmácia
Fischer,
agosto
Poéticas do processo
de 1975.
Praça da
República,
SP.
Fotografia
em cores
s/ papel.
133
A idéia de público de arte é mais uma vez subvertida com esse projeto.
A c o m b ie n ò v a lu e z - vou s V c n d u o 5 5 0 6 0 0 f o n 1973 S i vo u s d io p o s ie z d o 5 5 0 6 0 0 1
c c t t e o o u v ío ? qu ‘on p o n s c z -v o u s ? q u 'c n ( c r io z - v o u s ?
0
101
1001
A 100
1000
0
2
s p e c u la tío n
ca d é p e n d d e s e n c h o ro s
9
4
im m o b ilio r
lo n c itt
27
7
3000 7 1' a r t n 'c s t p a s à p o r to e Of 6
3001 5000 0 d c to u s 4 h ò s it a t io n s o t r é lle x to n 5
5001 8000 2 p a s a Ia p o i t o o d o t o u t c s voyagos 5
8 001 10000 6 te s b o u r s c s 4 é p a rg n o 4
10001 20000 18 t o u l a t a il n o rm a l .1 d o n a tio n ( a m ilio lo 3
20001 50000 7 c e n 'e s l p a s le ta b le a u m a is « u v ic - r . d ‘a r t 3
50 00 1
20 00 01
200000 7
16
1
Ia v a le u r d e Ia c o t o d o 'a u tc u f 3 o o u v r o s s o c ia lo s 3
Jean Paul
Thenot,
Sem
Título,
1970/74.
Fotocópia
e off-set
s/ papel.
Poéticas do processo
VÊ G A PAL o c ry ltq u fl su r to<lo
VA SAR E LY 1969 200 x 200cm
135
A c o m b ie n «Svolu c n VOU r. V o n d u o 1 0 5 0 0 0 Í » n 19 7 3 S i v o u s d ia p o s ic z d o 1 0 5 0 0 0 1
c c t t e o o u v ío ? q u ‘on p o n s o z -v o u s ? q u 'o n t o n c z - v o u s ?
0 a 100 9 c a lo s v a u t pa s 6 im m o b tllo r 17
101 1000 12 tr o p c h o r 6 voyagos 12
1001 3000 9 p la c o m o n l d o r g e n t 5 o m i l io i a t i o n d o 1 'h a b ita t 9
3001 5000 2 s u r o s tim o 4 fo o c ie r 6
5001 8000 22 Ca m c s u r p re n d 3 v o itu r o 6
8001 10000 5 d ix m illio n s b o r d e l ! 3 y a c h tln g 4
10001 20000 1 c o s t v r a im o n l d u c o m m o r c o 2 m o b ilíc r 3
20 00 1 50000 18 p f ix e t c e s s i f 2 dvío n 2
50 00 1 200000 3
200001
su p a 1000001 !
lOOOOOO 0
0
ré p o n s o s o r ig m a lo s
san s rò p o n s e
43
26
ro p o n s o s o r i g i r u l e s
san s ro p o n s e
17
24
1. W h a t a r g a a o n o o o o n y o a aàoeooo a g o o o o o t h o aoaoooo-
àooooooo o f l i f e ?
2, W hat m akoo y o o ó o g o o a g o o o o o d e a th ?
Endre
Tót,
3. W hat òo á o o o oonnoooo là ie & d o a tb t o lo ? e ? Sem
Título,
1974.
Cópia mi-
meogra-
fada,
d. W hat o o n yo o so o bo o o d o ó a o o o t n o th in g ?
off-set,
/W h a t i s n o t h i n g ? /
datilografia
e carimbo
s/ papel.
/n a a e k a d d ro 3 o /
plcaie p rin t c k a r ly .
I- ? / f C o
Vera Chaves Barcellos (Porto Alegre, RS, 1938) aposta na imaginação
e propõe aos visitantes da exposição Prospectiva responderem o que
havia por detrás da porta cuja fotografia a artista tomou como estímulo
para suas perguntas. Os questionários foram recolhidos e, como se
pode supor, seria interessante analisar a diversidade das respostas
coletadas pela artista.
Vera
Chaves
Barcellos, ;
137
Testarte,
1974.
Fotografia
p/b s / papel
e datilografia
s/ papel.
Também tem a forma de questionário, embora mais lúdico, o trabalho
(off-set) de Mario Ishikawa dentro da série On-Off.
P e r g u n t a i O qu r. t. I S T Q 7
A 0 C
M ario
llaapo a t a i INSTRUÇÕES Ishikawa,
1 ) O b s e r v o d n t A l I i a d a n o n t o a o l o a j o n a A, B e C i Sem
2) L a i a a b a i x o , c o m a t e n ç ã o , a r elação do# ter- Título,
aoi (ae ti v e r d ú v i d a s c o n a u l t e o d i c i o n á r i o )
1973.
J) A g o r a , relaciono aucoaaivamentn aa imagena A
O ff-set
D • C c o m oa t o r n o » e a n a i n a l e cora u o X as
roapoataa adequadas. e fita
) C a d a l m a g e n p o d e r á c o r r e a p o n d e r a um, a v* - adesiva
ou a n e n h u n dos termos. s / papel.
A n c
a) a l e g o r i a □□□
b) a l u s ã o □□□
c) a n a l o g i a □□□
d) c o n f o r o l d a d c
) □□□
e compnraçao □□□
r) identidade □a □
s> semelhança □□□
h> metáfora □□□
1) alnal a □□
J> símbolo □□a
k) outros □□□
Poéticas do processo
A criação a partir de situações vividas no cotidiano, a utilização da
cidade como protagonista de ações artísticas já faziam parte, no final
dos anos 50, do program a político e estético dos S itu acio nista s
Internacionais. Apesar de muito pouco estudado entre nós, é bom
lembrar que Situacionista Internacional nomeia um grupo de artistas
que considerava a possibilidade da experiência integral da dimensão
139
estética unida à vida cotidiana diretamente relacionada à experiência
social e política. Muitos deles participaram das barricadas de Paris,
dentre os quais se destaca o nome do artista e teórico Guy Debord
(1932-1994) cuja obra escrita mais significativa é o livro La Société du
Spectacle (1967).
Poéticas do processo
do uso do video tape em um museu brasileiro63.
Fred
Forest,
Passeio
Estético-
So-
ciológico,
1973.
141
Fotografia
p/b s/
papel.
• : m \
ckmMH
Í u iim iiiíim
If r t llin d if i
Ü B«
mmmm
d i r i m i u iii Valcarcel
r ililii- iiliilir li
i i i l i l i l u i i lis Medina,
[> l i n l i H l r l l
lilim ii lillu Sem Título,
«kãÉliBI
1973.
Poéticas do processo
O ff-set
s / papel
s / cartão.
üüittiâ
mmmi kaÉÜtt^B
142
ci m
coseoeran» a n a:a di occAaxotnt c r «cos?ef.raa].-3A"/
SSZJCUS 3'AriíS/ A COItA DI ASHILLS; Ba 1170 OLIVA
0iU}AKI2-^AZX0S£ UüOitTHI lOTSnKAZIOHALI U'ASTB HQIA
GONDSCETE 1/
DI
3/
*./
PAIUaESGCIO VILLA BCSU5B2S2 2 / IL VOLttUí BI ÜKA CADILLAC 0
UllA KE3CSDS3 SAEA* THAC0I30 II) PAIIÜ S ÜIOiU!A_I
« S I 0IKUÍAL3 SJSA* UIIITO AL PAJ3 CCIi C03DA
APP.1C3SIKASIVAK3Í7S 1CC0 PAJil i; 10C0 OIOSS.U.I ÍJAÍIAIISO
GOE CAMBIERANKO
pcstx c a is uh ismo axtohjio a i u l a t i d s lla V Esrsu
S'/ L'AZIG.3 DEL PiJiiaLIGO C0X0I8TB liBL POaflS ÜPILLI SUL PAI<2
s cioiih/ai
0/ A OASA VCBTÍtA E.7ILAIE SPILLI K3GLI ARTICOLI DI CIoniíALS
CliE 1Í03I VI PIACCIOiíO
II Q P.WITH I I I ISAK1ID
PMBÜ IV G2.0VA
Fred
Forest,
Space
M edia,
(série
O n /O ff 2),
1973.
O ff-set
s /p a p e l.
I I
Antoni
Muntadas,
H O JE :
13 de
zem bro 75,
1975.
Jornal e
bastidor
de madeira.
C arlos
Zílio,
Para um
Jovem
de B ri
lhante
Futuro,
1973/1974.
Valise
c/ pregos.
C a rlos
Zílio,
Para um
Jovem
de B ri
lhante
Futuro,
1974.
Fotografia
p/b e
off-set
s/ papel
(cartão-
postal).
N aquele mom ento, início dos anos 70, o a rtista era ainda pouco
conhecido no cenário da arte contemporânea e envia ao MAC-USP
quatro fotografias do projeto Vehicles para a exposição Prospectiva
7470.
Poéticas do processo
mundo. Um engajam ento através de interrupções estético-críticas,
infiltrações e apropriações que questionam as operações simbólicas,
psicopolíticas e econômicas da cidade”72.
147
Naquela época eu tinha no meu bolso um a carta da galeria Foksal onde se
lia:“a quem interessar possa... (e isso queria dizer, a polícia) a galeria Foksal
d e c la ra que o a rtis ta K rz y s z to f W odiczko está no m o m ento re a liza n d o
exp e riê n cia s com sua 'e s c u ltu ra m ó ve l’, então, solicita m o s que possam
colaborar com ele nesse im portante evento” . Eu não precisei usar a carta,
pois ninguém me parou, mas havia um carro de polícia m ovendo-se bem
devagar (não aparece nas fotos, mas eles estão bem perto) andando bem
devagar pois o veículo movia-se devagar. Porque naquela época na Polônia
os artistas podiam fazer o que quisessem contanto que não fosse político, ou
que não criasse “efeito político” . Em outras palavras, eles não entenderam e
por isso deixaram . Se entendessem ou pelo menos pensassem que sim,
atribuindo qualquer “conteúdo político” , teriam dito não73.v
Krzysztof
Wodiczko,
Veículo,
1973.
Fotografia
p/b s/ papel.
Krzysztof
W odiczko,
Veículo,
1973.
Fotografia
p/b s / papel.
Poéticas do processo
148
Krzysztof
Wodiczko,
Veículo,
1973.
Fotografia
p/b s/ papel.
149 Poéticas do processo
No Brasil, Artur Barrio, já desde o final dos anos 60, realiza projetos
cuja poética, seja pelas ações que executa ou materiais que elege,
rompe com qualquer categoria ou código hegem ônico da arte. Em
Situação... O R H H H H H H H H ... ou... 5000... TE... em... NY... CITY...
(1969), por exemplo, usa o museu como nada mais que um depósito
de lixo. Nesse projeto, o artista opera com materiais simples: espuma
de borracha e aparas de madeira que junta a restos orgânicos de
putrefação certa como carne, sangue e outros dejetos, com o que
preenche suas trouxas.
A s tro u x a s (q u e fo ra m c e le b r iz a d a s , le ia -s e , fe tic h iz a d a s
p o ste rio rm e n te ao integrarem a p re stigio sa co le ção de G ilbe rto
C hateaubriand) surgiram inicialm ente nessa Situação de 1969 no
MAM-RJ, por ocasião do Salão da Bússola. Vale lem brar que esse
salão foi organizado no Rio de Janeiro no mesmo ano em que se
deu o início de um boicote internacional à B ienal de São Paulo, que
se prolongaria pelos anos 70 até o início da década de 80. Depois
d e s s e s a lã o , a lg u n s d o s p a r tic ip a n te s c o m o H é lio O itic ic a ,
G u ilh e rm e Vaz, C ild o M e ire le s , a lé m de A rtu r B a rrio , fo ra m
convidados a integrar a exposição Information, ocorrida em Nova York
no ano seguinte.
A rtur Barrio,
Situação...
QRHHHHHHHH...
ou... 5000...
TE... em...
NY... CITY...,
1969.
O ff-set
s/ papel.
A rtur
Barrio,
S ituações
M ínim as,
1972.
N anquim
s/ papel.
No caso das Situações, a idéia do objeto como “centro de energia
acumulada” é bastante interessante, se pensarmos que o objeto — a
coisa — acumula os pólos das duas (ou mais) subjetividades que põe
em relação: o artista e todos aqueles que irão se defrontar com sua obra.
Artur
Barrio,
Áreas
Sangrentas
S r (segunda
parte),
1975.
Fotografia
p/b s/ papel,
6 fotos.
Fotos: Ursa
Zangger.
1
153
Para Marchan (1972),
Escreve Saccá76:
Vale lembrar ainda que a expressão Arte Povera foi cunhada por Celant
em razão do trabalho de um grupo muito específico de artistas italianos
como Mario Merz, Pistolleto e Kounellis, entre outros.
Declarou o artista:
O texto da carta enviada aos artistas por Julio Plaza e Walter Zanini
deixa claro a abertura da proposta e da extensão do convite.
G abriel
Borba,
E spaço
de Confron
tação,
1972.
Fotografia.
Arquivo
MAC-USP.
Entre outros, o a rtista colom biano Jonier Marin (Colôm bia, 1946)
também organizou pelo menos duas interessantes mostras coletivas
no MAC-USP nos anos 70: Videopost e Papel y Lapis.
Anna
Bella
G eiger,
C ircu m a m
bulatio,
1973,
M AC-USP.
C a tálogo
de exposição.
C ircu m a m
bulatio,
1973,
M A M -R J.
Powel
Petasz,
Para a
Liberdade,
1977.
Projeto
Videopost.
Jonier
M arin,
Videopost,
1977,
MAC-USP.
C atálogo
de exposição.
(...) realizados quase sem pre por artistas plásticos de pouco ou nenhum
conhecim ento dessa tecnologia eletrônica — uma situação m uito diversa da
produção atual — os vídeos representaram um esforço local importante de
prospecção das disponibilidades expressivas da mídia e as potencialidades
de seu feed-back. Partiam de projetos m eticulosam ente preparados, na reflexão
do desem penho da mídia, em bora as muitas limitações técnicas — com o as
de não poder editar — utilizaram a pequena tela do monitor para diversificadas
problemáticas, a exemplo da contestação à televisão (atitude com um entre os
autores), a crítica social, a auto-análise e a construção de environments. A
perform ance prevalecia nos approaches de uma lucidez, não raro, irônica e
provocante. Creio que no nível individual (no geral) e no seu conjunto essas
realizações, hoje praticamente desconhecidas, na marginalização que perdura,
poderão ainda ganhar com a apreciação à distância90.
(...) de certa form a o público não deixa de ter razão. Se a televisão comercial
exige dele um a atenção distraída, a video arte , ao contrário, requer um a
atenção total, pois um gesto está necessariam ente interligado a outro. Perder
um mom ento de uma ação pode pôr em crise a com preensão do gesto como
um tod o, po de in firm a r a re c e p çã o da m e n sa g e m que não a tu a pe la
redundância.
Ainda na década de 70, foi criado o setor de vídeo no MAC. Tal iniciativa
possibilitou a realização de projetos em vídeo pelos artistas que
utilizavam o equipamento recém-adquirido pelo museu. Aliás, o MAC
foi im portante difusor da nova arte, através de m ostras e cursos
especializados.
Poéticas do processo
165
vTc-Trc®osTr~3tBge oi aocieLy . ., t:...
s activity ie contentrated on • -
nving proje c t . ..viaual end otí - ; »:
eis warn the higher civilistatio;is of
univerae in order to get h e 1 p ...
ind aignala the sease of the term -
I p to the univerae by rneans of i jt »-
Bperanto...on both earth heaispheres
ind creates the notion h t 1 p by the
ütic transformation of the nature:...
n the eaat hemiaphere on the eurasiu
by the joining of the pyramida at t.1.
ht of ♦ 147.10 n
1 the west hemisphere on the nortr.
Lka land by the negative excavation
ie depth of - 147.10 a» >
\e Southern part of the indian oceua
Decific ocean by oeana of regula teu_
»ar outburafca in the constant time ia
O que é próprio do sab er não é nem ver
nem demonstrar m as interpretar.
Michel Foucault
Ulises
Carrión,
To be or
not to be,
1976.
Fotografia
Poéticas do processo
p/b s/papel.
172
Por fim, cabe-nos ressaltar que não se trata de substituir por outra a
narrativa (naturalizada e hegemônica) na qual o museu se assenta,
mas, atentos às interrogações desencadeadas por essas obras de
natureza conceituai, devem os relativizar certezas. No limite, essa
passagem recente da história da arte se concretiza não apenas nas
obras, mas nos seus cambiantes significados e nos sempre oscilantes
juízos de valor.
I
CRONOLOGIA DAS EXPOSIÇÕES CONCEITUAIS NO MAC-USP -
ANOS 70
1967-1970
1972
1973
1974
A proposta lançada na VII JAC de transform ar as Jovem A rte Contemporânea num evento
cuja program ação fosse constante foi aceita. A ocorrência no MAC de eventos da maior
im portância para a arte Conceituai com o a VIII JA C e a Prospectiva marcaram a discussão
no cam po da arte Conceituai no período. O MAC-USP passa então a ser um im portante
eixo no cenário da arte Conceituai internacional.
1975
Video A rt (15.1.1975)
E xposição das obras de artistas brasileiros que participaram de m ostra hom ônim a na
Universidade da Pensilvânia nos EUA: Anna Bella Geiger (Passages, Centerminal, Statem ent
in Portrait), Sônia Andrade (M ancha na Parede), Fernando C occhiarale (Relógio, Memory),
 ngelo de A quino ( E xercises a b o u t M yself), Ivens M achado (P és A m arrados, Versus,
Resolution).
1976
1977
Percival Tirapeli
Exposição das obras deste artista ligadas ao trabalho M uitirão Seco expostas na X IV B ienal
de São Paulo.
G randes Confrontos: Poesia Espacial
M ostra coletiva da poesia visual portuguesa, integrada à representação lusitana da X IV
B ienal de São Paulo. Participaram: Abílio José dos Santos, Alexandre 0 ’Neil, Alexandre
Hatherly, Antônio Aragão, E.M. de Melo e Castro, Herberto Helder, Jaime Salazar Sampaio,
José A lberto Marques, José L. Luna, Liberto Cruz, Salete Tavares e Silvestre Pestana.
V ID EO PO ST (8,10 a 12.10.1977)
Exposição de vídeos organizada por Jonier Marin, em que este artista gravou uma fita de
90 minutos a partir de projetos de artistas recebidos pelo correio. Houve a exposição desta
“obra coletiva” e dos projetos individuais. P articiparam tam bém deste projeto: Itam ar
M artinez, O scar Caraballo, Antonio Ferro, Mukata Takamura, Edgardo Vigo, Pawel Petasz.
Vídeo M A C (10.12.1977)
Exposição de um vídeo com 5 minutos de cada artista. Participaram: Carm ela Gross, Flavo
Pons, Gabriel Borba, Gastão de Magalhães, Ivens Machado, Júlio Plaza, Letícia Parente,
Regina Silveira e Sônia Andrade.
1978
1979
A nna B a na n a (1940)
Artista canadense, deixou o desenho e a pintura para dedicar-se ao design gráfico. Participou
ativam ente do m ovim ento internacional de arte postal, criando seu próprio selo com o
marca. Participou de inúm eras mostras individuais e coletivas com performances e projetos
em vídeo. Tem organizado em Vancouver várias exposições de arte postal e selos de artistas.
Vive e trabalha no Canadá.
B en Vautier (1935)
Nascido em Nápoles, o trabalho de Ben foi influenciado pela obra de Yves Klein de quem
foi muito amigo. Associou-se ao grupo Fluxus em 1962. Foi um dos pioneiros na criação e
apresentação de happenings na Europa sendo artista convidado no DAAD em Berlim. Ao
longo dos anos 60 e 70 foi responsável por várias publicações. Participou de inúmeras
mostras internacionais entre as quais a X V II B ienal de São Paulo com o grupo Fluxus,
apresentando o happening Fluxus Concerto (1983). Vive e trabalha em Nice.
D ick H ig g in s (1938-1998)
N atu ral de C a m b rid g e , Ing la te rra , foi um dos fu n d a d o re s do g rupo F tuxus (1961).
Desenvolveu paralelamente atividade crítica e fundou as editoras Som ething Else Press
(1963) e Unpublished Editions (1972-85). Criou e desenvolveu o conceito de intermedia
(1965). Foi curador da 7- Mostra de Poesia Concreta nos Estados Unidos. Estudou música
com John Cage e Henry Cowell. Em seu trabalho a música, a poesia e a pintura são meios
para a realização de uma nova form a de linguagem artística que privilegia sobretudo a
com unicação.
E n d re T ó t (19 37)
A rtista húngaro, nascido na cidade de Sumeg, mudou-se para Budapest em 1956, onde
estudou de 1959 a 1965 na Academ ia de Artes Aplicadas. Foi membro do grupo Fiuxus, e
seu trabalho mescla video art, perform ance, m a ii a rt e poesia visual. Foi professor em
escolas prim árias de Budapest entre 1965 e 1968 e na Escola Técnica de Artes Gráficas
da m esm a cidade entre 1968 e 1972. P articipou da turnê b ritânica do grupo Fiuxus
{FLUXshoe) em 1971. Vive e trabalha na Alemanha.
F ern a n d o C o c c h ia ra le (1951)
A rtista e crítico de arte carioca, entre 1972 e 1974 estudou no Museu de A rte Moderna do
Rio de Janeiro com A na Bella Geiger, tendo participado de várias m ostras especialm ente
de vídeo no Brasil e no exterior.
Em 1977 graduou-se em filosofia pela PUC do Rio de Janeiro, passando a colaborar mais
sistem aticam ente em publicações de arte.
É professor na PUC-RJ do curso de especialização em história da arte e Arquitetura no
Brasil. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
F ra n c is c o Inarra (1947)
O a rtista espanhol chega ao B rasil em 1959, inician do sua atividade a rtística com o
autodidata. Em 1971 trabalha ao lado de Tomoshige Kusuno, e questões ligadas à arte
Conceituai passam a ocupar lugar definitivo em sua obra. Integra o G rupo Conceituai. A
partir de 1972, Genilson Soares e Francisco Inarra iniciam pesquisa conjunta, participando
de várias exposições internacionais nos anos 70.
Fred F o re st (1933)
Argelino, estudou no M ascara C ollege entre 1945 e 1954. Inicia sua atividade artística
com o pintor nos anos 60. A partir da década seguinte passa a realizar trabalho multimídia
pioneiro utilizando os meios de com unicação de massa, o telefone ou o vídeo, para explorar
as novas form as de criação que escapam aos critérios tradicionais da arte. Ainda nos anos
70 foi um dos fu n d a d o re s do C o le tiv o de A rte S o c io ló g ic a . J u n to com o g ru p o e
individualm ente participou de exposições e organizou eventos em diversos países. Vive e
trabalha na França.
F rie d erik Pezold (1944)
A rtista austríaca iniciou seu trabalho no fim dos anos 60 em Munique, lugar onde morava
quando iniciou sua carreira internacional. Seu trabalho ganhou projeção já no início dos
anos 70, quando se dedicou à produção de vídeos. Freqüentemente realiza projetos com
o corpo envolvendo questões da sexualidade. Vive e trabalha em Munique.
G ab riel B o rb a (1942)
A rquiteto e artista paulistano form ado pela FAU-USP em 1970. Fundou, com Maurício
Fridman, a Cooperativa Geral p ara Assuntos da A rte (1975 e 1977). Foi tam bém um dos
fundadores e um dos dirigentes da Cooperativa de A rtistas Plásticos de São Paulo (1975).
No início dos anos 70 dedica-se a experim entações com vídeo, tendo elaborado livros de
artista e realizado instalações e performances. Foi diretor do Centro Cultural São Paulo
(1984-85). Vive e trabalha em São Paulo.
G e n ílso n S o a re s (1940)
A rtista paraibano, viveu de 1945 a 1964 em Recife. Em 1953 freqüenta os cursos de
desenho, pintura, gravura e escultura no Atelier da Sociedade de A rte Moderna. A partir
de 1966 instala-se em São Paulo e, junto com Francisco Inarra e Lydia Okumura, form a o
G rupo C onceituai (1971-74), que participou de ações de rua e da X II B ienal Internacional
de São Paulo (1972), com a exposição Pontos de Vista, um projeto que conciliava escultura
e penetráveis.
Gretta G rz yw a cz (1947)
A artista grega viveu entre o Brasil e a Itália, tendo desenvolvido a m aior parte de seu
trabalho em São Paulo e sobretudo em Milão.
Através da fotografia explorou suas form as de manipulação, a distorção da imagem e as
possibilidades das séries. Em 1980 expôs individualm ente no ICC na A ntuérpia, na Bélgica
(onde entre outros esteve presente a série Transformações Horroí), no CAYC em Buenos
Aires e tam bém no Centro de A rte Euro-Americano (1981), em Milão.
H ervé F is h e r (1941)
Artista francês, lecionou na Universidade de Paris, inicialmente no Departamento de Ciências
Sociais, integrando o Departam ento de Ciências da Arte a partir de 1973. Fisher foi o nome
mais atuante dentre os três fundadores do Collectif D A rt Sociologique, isto pode ser justificado
por sua participação intensa não só com o artista mas com o principal teórico do coletivo.
Publicou vários livros, assim como editou a revista Cahiers de l ’École Sociologique Interrogative
(1980-1981). Sua produção teve destaque através dos projetos com o Coletivo, assim como
através das suas publicações e do projeto Hygiène de LIArt. Vive e trabalha no Canadá.
Ja u m e Xifra (1934)
Nascido na Espanha, muda-se para a França em 1961. Estudou nas Academ ias de Arte
M oderna da Provença e de A rte Popular de Paris. Desde 1974 é professor da Escola de
Belas A rtes de Dijon. Realiza perform ances que registra em vídeos e fotografias. Vive e
trabalha na França.
Je a n Paul T henot (1943)
A rtista francês, form ou-se em Psicologia em 1966 e iniciou seu trabalho artístico em 1967.
A pa rtir de 1972 integrou o Coletivo de A rte Sociológica. Nos projetos de Thenot, seu
procedim ento artístico visa a problem atização da arbitrariedade do valor da obra de arte.
J ir i V alo ch (1946)
Natural de Berna, R epública Tcheca, estudou letras e estética, concluiu curso de pós-
graduação em poesia experimental na Faculdade de Filosofia da Universidade de Purkyne,
em Berna (1965-1970). Além das atividades com o artista plástico, desenvolve carreira
com o crítico de arte. Foi curador de diversas exposições de artistas tchecos. Vive e trabalha
em Berna.
Jo c h e n G erz (1940)
Natural de Berlim, realizou estudos em línguas (inglês e chinês), arqueologia e pré-história
em Londres e Colônia. Foi redator publicitário em Balê (1962-1966). Em 1966 se instala
em Paris, onde funda, com Jean François Bory, a editora Agentzia.
De 1969 a 1975 organizou The French Wall, caderno de notas onde expunha as fotos do
trabalho realizado por pessoas, moradoras de rua em Mouffetard, em Paris, que escreveram
seus próprios nomes nos muros da m esm a rua. Vive e trabalha em Paris.
Jo h n C ag e (1912-1992)1
Filósofo, pintor, com positor e escritor norte-americano, foi descrito por seu mestre Arnold
Schoenberg com o um inventor e não um com positor. A partir dos anos 1940 foi influenciado
pelo zen-budism o e a filosofia indiana. C onsiderava que todos os sons poderiam ser,
potencialm ente, música. Realizou projetos com Robert Rauschenberg e o coreógrafo Merce
C unnigham .
Jo n ie r Marin (1946)
A rtis ta c o lo m b ia n o ra dicado em P aris, d e senvolve u seu tra b a lh o em vá rio s m eios
privilegiando a fotografia, assim com o o vídeo e a elaboração de livros de artista. Destaca-
se desde os anos 70 pelas exp osições que organiza em diversos países, não raro,
envolvendo artistas latino-am ericanos. Vive e trabalha em Paris.
Jo rg e G lu sb e rg (1932)
A rtista argentino, desenvolve atividade com o crítico de arte, curador e adm inistrador de
instituições ligadas à produção artística. Publicou diversos livros teóricos, entre os quais:
Retórica dei A rte Latino-Am ericano (1978) e D el P op-Art a Ia Nueva Im agem (1985).
Foi um dos fundadores do CAYC (C entro de A rte Y Com unicacion). Com esse grupo
participou de inúm eras mostras nacionais e internacionais nos anos 70. Vive e trabalha em
Buenos Aires.
Jo s e p h B e u y s (1921-1986 )2
A rtista e m estre alem ão, seu avião foi atingido quando com batia na S egunda G uerra
Mundial. Ferido, foi salvo por nômades na C rim éia que o trataram aquecendo-o com gordura
animal e o envolvendo em feltro.
Esse fato, cuja veracidade é questionada, levou-o a utilizar feltro e gordura em muitos de
seus trabalhos. Acreditando que tudo podia ser arte, tornou-se um professor carism ático e
controverso.
Ju ra j M elis (1942)
A rtista eslovaco, estudou na Academ ia de Artes Plásticas em Bratslava, graduando-se em
1966. Trabalhou no estúdio de Teodor Banik de 1970 a 1974, inaugurando seu próprio
estúdio dois anos depois, tam bém na cidade de Bratslava. Viajou pela Europa durante o
ano de 1977 para estudar as catedrais góticas. Foi professor na Academ y of Plastic A rts de
Bratslava entre 1973 e 1993. Vive e trabalha na Eslováquia.
K la u s G roh (1936)
A rtista polonês, é tam bém crítico de arte e professor universitário. Sua atuação na rede
internacional de arte postal foi intensa. Fundou, ao longo da década de 70, o M icro Hall
A rt C enter o Dada R esearch Center, o A udio A rt G allery & Audio A rt Archieve, além do
I.A.C. ( International A rtis ts ' Cooperation).
Sua produção, que inclui livros de artista, colagens, objetos, perform ance, instalação e
poesia visual, tem, não raro, um com ponente irônico à situação da arte institucionalizada.
Participou de diversas exposições internacionais. Vive e trabalha na Alemanha.
K la u s R in ke (1939)
Nascido em W attenscheid, é um dos mais im portantes artistas conceituais alem ães de sua
geração. Produziu seus prim eiros objetos tridim ensionais em p o lye ste ra partir de 1964, e
em 1969 utilizou seu próprio corpo com o meio de expressão artística, passando a realizar
performances, em que explorava as interações entre o corpo, suas sensações e o espaço
circundante. Sim ultaneam ente inicia a construção de sistem as-objeto baseados nas teorias
físicas da cinem ática. Participou de inúmeras exposições nacionais e internacionais. Vive e
trabalha em Düsseldorf.
L u is C am n itzer (1 9 3 7)
Arquiteto e escultor nascido em Lübeck, Alem anha, é naturalizado uruguaio. Trabalhou
com a elaboração de técnicas gráficas e de impressão que com umente utilizou em suas
obras. A partir dos anos 60 explora em sua obra as relações entre palavra e imagem. É
professor do D epartam ento de A rtes Visuais da Universidade do Estado de Nova York
desde 1969 e contribui, regularmente, para diversas revistas na Europa e Estados Unidos.
Vive e trabalha em Nova York.
M anuel C a sim iro (1941)
A rtista português residente na França desde 1976. Desenvolve um trabalho que mescla
diversas técnicas gráficas. Desde 1975, vem realizando intervenções em reproduções de
obras consagradas da história da arte integrando a cada reprodução elementos pictóricos
que funcionam com o elem entos de desagregação da unidade do quadro. Propõe dessa
form a uma nova percepção não apenas da obra utilizada com o suporte, mas também de
suas diferentes reproduções. Vive e trabalha em Nice.
P aulo B ru s k y (1949)
A rtista m ultim ídia, natural de Recife, desenvolveu trabalho pioneiro no país ao utilizar as
máquinas copiadoras (xerox) no processo de criação.
Realizou filmes, vídeos e inúm eros livros de artista, organizou importantes exposições de
livros de artista e a prim eira exposição internacional de arte em out d o or no Recife —
Artedoors, em 1981. Nesse m esm o ano recebeu o Prêmio Guggenheim de Artes Visuais e,
nesse período, desenvolveu suas pesquisas em Nova York e Amsterdã. Vive e trabalha no
Recife.
G ru p o Fluxus (1962-1973)
O Fluxus foi um grupo de artistas de várias nacionalidades que colaboravam entre si na
Europa, EUA e Japão durante a década de 60. Estruturado ao redor da figura de George
Maciunas, um artista lituano, radicado nos Estados Unidos, o Fiuxus desenvolveu uma
a tu ação s ocial e p o lítica radical que con testava o sistem a m u se o ló g ico através de
perform ances, film es e de suas publicações (Editora Fiuxus Inc.). O term o “ Fiuxus" foi
originalm ente criado, por Maciunas, para ser o título de uma revista que teria com o objetivo
p u b lic a r te x to s de a rtis ta s de van guarda, m uitos dos qu ais tiveram seus tra b a lh o s
apresentados, entre 1960 e 1961, no estúdio de Yoko Ono e na AG Gallery de Maciunas,
am bas em Nova York. Todavia, “ Fiuxus" passou a designar e caracterizar uma série de
performances organizadas por Maciunas na Europa durante três anos (1960-1963). Essas
ap resen taçõ es foram prolong ada s to rn a n d o -se festiva is — Festum F lu xorum — que
percorreram várias cidades com o Copenhague, Paris, Düsseldorf, Am sterdã e Nice.
As performances e happenings realizados pelo grupo, bem com o suas publicações, filmes
e vídeos tiveram um profundo impacto nas artes das décadas de 60 e 70 em razão de sua
postura radical e subversiva — ainda que raramente po lítica— , na medida em que trabalhava
com o efêmero, m isturando arte e cotidiano, visando destruir convenções e valorizar a
criação coletiva. O Fiuxus marcou um momento de experim entação com um entre artistas
da Europa e Am érica do Norte, possibilitando a afirm ação da idéia de coletividade como
distintiva das proposições artísticas posteriores.
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Apesar da forte repressão política que se vivia no país na déca-
4da de setenta, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de
São Paulo, sob a direção do prof. Walter Zanini, acolheu artistas e
projetos conceituais tornando-se um importante pólo de difusão
para a produção nacional e internacional.
Poéticas do Processo - Arte Conceituai no Museu analisa alguns
aspectos das obras enviadas para exposições no MAC-USP nos
anos 70, mas não restringe o alcance da arte conceituai, pelo con
trário, observa seu efeito determinante e extenso no pensamento de
muitos artistas contemporâneos. Examina ainda certas interro
gações que essas poéticas artísticas lançam sobre as categorias e
práticas dos museus de arte moderna e contemporânea.
À primeira vista Poéticas do Processo parece enunciar um
paradoxo. Como uma produção artística muitas vezes realizada
para ser transitória pode permanecer no museu? De que maneira
a arte já chamada “desmaterializada” pode integrar uma coleção
permanente?
Livros de artista, fotografias, vídeos de endereçamento concei
tuai, arte postal, textos e projetos são o material de análise que fun
damenta a reflexão de Cristina Freire, que apresenta trabalhos de
artistas como Regina Silveira, Julio Plaza, Gabriel Borba, Artur Barrio,
Anna Bella Geiger, além de Kryzysztof Wodiczko, Klaus Rinke, John
Cage, Ben Vautier e Wolf Vostell, do Fluxus, entre outros.
SECRETARIA
DEESTADO ar