FERREIRA (2022) - Fauna Florestal e Fluvial

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1

FAUNA FLORESTAL E FLUVIAL NAS RESIDÊNCIAS DOS MORADORES


DURANTE A ENCHENTE DO RIO JARI-AP1

FOREST FAUNA AND RIVER IN RESIDENCES’ HOMES DURING THE JARI


RIVER FLOOD

Tatiane da Costa Ferreira2


Nubia Deborah Araújo Caramello3
Darley Calderaro Leal Matos4

RESUMO: Grande parte das cidades amazônicas, construídas as margens de um rio, são
impactadas pelas enchentes dos mesmos em períodos chuvosos, entre elas destaca-se o
município de Laranjal do Jari, no estado do Amapá, especificamente a Rua da Antiga Usina,
construída sobre palafitas, que anualmente sofre com a inundação do Rio Jari. Este fato colabora
para o aparecimento de espécies da fauna florestal e fluvial aos arredores e consequentemente
nas residências dos moradores, os quais já detém um conhecimento empírico sobre algumas
dessas espécies. Assim, o presente estudo teve como objetivo realizar o levantamento da fauna
florestal que surgiram nas residências dos moradores localizadas na Rua da Antiga Usina
durante a enchente do ano de 2022. Para tanto, realizou-se uma pesquisar exploratória do tipo
ex-post-facto e com levantamento de campo de cunho empírico, e a coleta dos dados se deu
através da aplicação de entrevista semiestruturada com 1 morador maior de 18 anos de cada
residência para identificar as espécies que surgiram nesse período. A partir das análises os
resultados demonstram um grande número de espécies da fauna florestal ocorrentes nas 79%
residências, os quais pertencem a classe Reptilia, Mammalia, Arachnida e Actinopterygii, sendo
a estação chuvosa a que mais propícia a incidência desses animais no local de estudo.

Palavras-chave: ribeirinho urbano; conhecimento empírico; laranjal do jari; rua da antiga usina.

ABSTRACT: Most of the Amazonian cities built on the banks of a river are impacted by river
floods in rainy seasons. The municipality of Laranjal do Jari, in the state of Amapá, specifically
in the Old Power Plant Street is one of them, because it is built on stilts, which annually suffers
from the flooding of the Jari River. This fact contributes to the appearance of species of forest
fauna and river in the surroundings and, consequently, in the homes of residents, who already
have empirical knowledge about some of these species. Thus, the present study aimed to carry
out a survey of the forest fauna that appeared in the residences’ homes located on Old Power
Plant Street during the flood of 2022. For this purpose, investigative research of the ex-post-
facto type was carried out with an empirical field survey where the data collection was carried
out through the application of a semi-structured interview with 1 resident over 18 years of age
in each residence to identify the species that appeared in this period. The results demonstrate a
large number of species of forest fauna occurring in the 79% residences, which belong to the

1
Artigo desenvolvido dentro do Programa de Pesquisa Vozes do Rio Jari e apresentado ao Instituto Federal do
amapá – campus Laranjal do Jari, como requisito avaliativo para a obtenção do título de Licenciatura em Ciências
biológicas.
2
Discente do curso de Licenciatura em Ciências biológicas do Instituto Federal de Educação ciência e tecnologia
do Amapá – AP/Brasil. tatianecosta18f@gmail.com
3
Doutora em Geografia, Docente do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amapá –
AP/Brasil. --nubia.caramello@ifap.edu.br.
4
Doutora em Biodiversidade e Biotecnologia, Docente do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
do -Amapá – AP/Brasil. darley.matos@ifap.edu.br.
2

class Reptilia, Mammalia, Arachnida and Actinopterygii, with the rainy season being the most
favorable for the incidence of these animals in the study site.

Keywords: urban reversid; empirical knowledge; laranjal do jari; old power plant street.

Revista5
Data de aprovação: 16/12/2022.

1 INTRODUÇÃO

A Amazônia é uma região bastante diversificada, com uma gama de espécies da fauna
e da flora brasileira, sendo considerada ainda como um santuário natural da biodiversidade
mundial. Atrelada a essa biodiversidade há diversas culturas originadas dos povos tradicionais
como os ribeirinhos, os indígenas e os remanescentes de quilombos (CASTRO; OLIVEIRA,
2016).
Observa-se ainda que toda biodiversidade presente nessa região, é alimentada pela
presença de uma grande variedade de rios, tornando a região Amazônica a maior bacia
hidrográfica do mundo, permitindo assim a exploração desses recursos hídricos para fins
econômicos, como também para a subsistência das famílias ribeirinhas localizadas nessas áreas
(MATEUS; HIGUCHI, 2020), tanto não urbanas, quanto urbanas.
As áreas localizadas as margens dos rios amazônicos apresentam uma grande variedade
de fauna silvestre, sendo estas um importante indicador de qualidade ambiental, visto que sua
presença em uma determinada área sugere que ela não sofreu grandes modificações antrópicas,
favorecendo assim condições necessárias para a sobrevivência da espécie nessa localidade,
(MATEUS; HIGUCHI, 2020).
O conhecimento dessas espécies pelas comunidades tradicionais ribeirinhas localizadas
nas regiões próximas aos rios amazônicos, oferecem subsídios relevantes para a classificação,
mapeamento e rastreamento das mesmas, principalmente para fins científicos, visto que estudos
comprovam que os conhecimentos de povos tradicionais são um excelente mecanismo para
catalogação de novas espécies (CASTRO; OLIVEIRA, 2016).
Esse conhecimento tradicional é um reflexo do modo de vida que as populações
ribeirinhas da Amazônia representam, principalmente no que diz respeito ao uso dos recursos
naturais para a sua sobrevivência, em alguns casos para fins econômicos, porém, sempre
respeitando os limites da natureza e reconhecendo a necessidade do uso racional de tais
elementos (LIRA; CHAVES, 2016).
A sustentabilidade é um fator crucial para o equilíbrio do planeta, tanto que a
Organização das Nações Unidas (ONU), ao coordenar a criação da Agenda 2030 com 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, que orienta as ações a serem tomadas
pensando no ambiente como um todo, e em específico a ODS 15, que diz “ Proteger, restaurar
e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas,
combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda da
biodiversidade” (ONU, 2015).
São metas a serem compridas para proteger o patrimônio natural que é a vida, e só
podemos fazer isso conhecendo o ambiente. No ecossistema amazônico onde se faz presente a
infraestrutura de palafitas6 dando suporte para moradias serem construídas em áreas de várzea,

5
Natural Resources (V12 N02 2022), QUALIS Referência B2 (2017-2020), da Sustenere Publishing (selo
editorial da CBPC - Companhia Brasileira de Produção Científica). Disponível em:
http://www.sustenere.co/index.php/naturalresources/article/view/8044
6
O termo palafitas refere-se as construções de casas sob estacas ou pilares de madeira, muito utilizada em
locais próximos aos rios, lagos, riachos e praias, como forma de se proteger das inundações ocasionadas
3

se faz necessário conhecer as espécies que habitam comunidades e núcleos urbanos. E as que
surgem durante períodos das chuvas intensas, as quais promovem fenômeno de alagamento,
enchentes e inundações. Assim como os outros municípios amazônicos, Laranjal do Jari no
Amapá – Brasil, apresenta uma extensão de longas florestas e é banhado pelo Rio Jari,
permitindo a existência de povos tradicionais ribeirinhos e urbanos ribeirinhos.
A cidade anualmente é impactada pela enchente do Rio Jari, principalmente nas áreas
de menor altimetria da cidade, como a Rua da antiga Usina, localizada no bairro Malvinas
afetando não só a população humana, mas também a fauna florestal e fluvial7.
No entanto não se tem na literatura estudos sobre estes impactos que ela causa no modo
de vida desses animas, principalmente em áreas próximas a comunidades urbanas, onde o rio
faz modificações na paisagem no período chuvoso tornando um só habitat e por consequência
animais acabam transitando nessas áreas ribeirinhas urbanas, invadindo casas em busca de
comida e abrigo. O que torna evidente a relevância desse estudo.
Acredita-se que os moradores da região apresentam um vasto conhecimento sobre as
espécies de animais e vegetais que surgem na área nesse período, em que o rio se encontra no
seu nível mais alto. E por acreditar na relevância da memória desses moradores que o Programa
Vozes do Jari, enfatiza a percepção do ambiente como seu principal recurso de pesquisa
regional. Diante dessa perspectiva, o presente trabalho teve como objetivo realizar o
levantamento da fauna florestal e fluvial invasora presente nas residências da Rua da Antiga
Usina, no bairro Malvinas durante a enchente do Rio Jari no ano de 2022, segundo relatos e
registros fotográficos dos moradores.

2 ESTADO DA ARTE

2.1 Comunidades tradicionais amazônicas: os ribeirinhos

A Amazônia possui uma grande área territorial e abriga uma variedade de espécies
animais e vegetais, além de abrigar uma vasta diversidade sociocultural, tendo como principais
representantes os povos indígenas e as populações tradicionais, como os seringueiros,
ribeirinhos, quilombolas e pescadores artesanais, frisam-se que essas pessoas detêm uma
valiosa riqueza de conhecimentos tradicionais sobre a biodiversidade da região (PEDROLLO
et al., 2016; BRASIL, 2020; PEREIRA et al., 2020).
As comunidades tradicionais que residem nas áreas de várzeas do estuário da região
amazônica, são conhecidas popularmente como ribeirinhos, estes possuem diversos
conhecimentos acerca dos ambientes em que moram e os recursos naturais que utilizam como
fonte de renda e alimentação. Observa-se ainda que parte da população que vive no espaço
urbano na Amazônia - Oriental, reside em regiões estuarias, áreas de transição geomorfológica
de relevo dissecado, várzeas e estas são conhecidas regionalmente como ribeirinhos urbanos,
em grande parte constituído de moradores que tem um vínculo com o rio seja cultural ou
socioeconômico.
Santos e Coelho-Ferreira (2012) demonstram em seu estudo que os povos ribeirinhos
amazônicos possuem um estilo de vida ligado fortemente com os rios, que são sua principal
fonte de água e alimentos, como também são utilizados como vias de deslocamento e contexto
social, sendo uma parte intrínseca de sua identidade cultural. Os conhecimentos tradicionais
que essas comunidades apresentam são repassados ao longo dos anos, de pai para filho, geração

pelo aumento do nível das águas (SANTOS, 2010), como também em construções realizadas sob
áreas já alagadas.
7
Fauna florestal refere-se ao conjunto de animais viventes na floresta.
4

para geração e que fazem parte de seu convívio e cultura local (SILVA; OLIVEIRA; ABREU,
2018).
Diante dessa perspectiva, observa-se que os ribeirinhos buscam estabelecer ferramentas
que garantam a sua sobrevivência frente as dinâmicas que os rios impõem sobre a vida dos
mesmos. Percebe-se ainda que essas pessoas possuem um sistema de convivência bastante
interessante, sendo possível encontrar diversas famílias em uma mesma localidade, em suas
casas de palafitas com altura superior as comumente encontradas, para fugir dos períodos de
cheia que os rios apresentam (SILVA; OLIVEIRA; ABREU, 2018; MARQUES; ANJOS;
COSTA, 2020).

2.2 Concepções sobre a fauna silvestre amazônica

Como vem sendo discutido ao longo do texto a Amazônia é uma região com uma grande
variedade de espécies, especialmente no que diz respeito as espécies da fauna silvestre
amazônica. As regiões amazônicas apresentam características propícias para o
desenvolvimento e sobrevivência de uma grande variedade de espécies faunísticas, tendo
grandes possibilidades de abrigar espécies não estudadas, devido a sua grande extensão
territorial (MATEUS; HIGUCHI, 2019).
Nota-se que os povos tradicionais existentes nas florestas e ao longo dos rios
amazônicos sempre utilizaram dos recursos naturais ali disponíveis para manter a sua
sobrevivência, como também utilizam a alguns animais da fauna silvestre como animais
domésticos (MONTE-MÓR, 2011). Entre essas espécies é comum encontrar aves como
papagaios e araras, devido a beleza de suas plumas coloridas (MENEGALDO; PEREIRA;
FERREIRA, 2013).
É notório que os animais vivenciam os mesmos lugares que a população amazônica
habita, principalmente ao levar em consideração a localidade que grande parte dos povos
tradicionais amazônicos residem. Tal fato implica na construção de uma relação ser humano
animal, na qual ambos utilizam as florestas e os rios como fonte de alimentos e até mesmo
abrigos. Os povos tradicionais, como os ribeirinhos, atuam ainda na luta contra a predação
excessiva ocasionada por práticas ilegais como a biopirataria e a caça exploratória (SARTI et
al., 2015; OLIVEIRA et al., 2018).
Essas práticas colocam em risco o equilíbrio ecológico presente na floresta amazônica,
tendo em vista que os animais silvestres desempenham um papel de grande importância na
manutenção dos ambientes naturais, especialmente por serem responsáveis pela polinização das
espécies da flora, assim como na dispersão das sementes de grandes árvores, como é o caso da
castanheira e da árvore de andiroba (REIS; VALSECCHI; QUEIROZ, 2018).
Observa-se ainda que as espécies silvestres que possuem maior facilidade de encontro
em áreas de comunidades ribeirinhas são: pacas; cutias, veados, antas, macacos e
macacosprego, tatus, assim como lontras, botos e demais espécies aquáticas, como os jacarés
(REIS; VALSECCHI; QUEIROZ, 2018), isso sendo comum em áreas ribeirinhas não urbana.
Sabe-se também que algumas espécies da fauna silvestre amazônica são de grande
importância para as pesquisas em saúde, como por exemplo o uso do princípio ativo encontrado
no veneno da cobra jararaca brasileira (Bothrops jararaca) para a produção do medicamento
conhecido como Captopril. Além desse sucesso médico, ainda é possível verificar outros casos,
como o da cascavel-anã (Cistrurus miliarius barbouri) e da víbora (Echis carinatus), ambos
relacionados ao tratamento de doenças cardíacas e que derivam do uso de princípios ativos
encontrados em espécies silvestres (BELLINI, 2005).
Tais aspectos demonstram a relevância do conhecimento acerca das espécies da fauna
florestal e fluvial de um determinado local, para que assim seja possível elaborar estratégias e
5

políticas públicas de recuperação, preservação e manejo sustentável dos recursos naturais


pautada na agenda 2030, onde em seu ODS 15 intitulada vida na terra nos direciona:

15.1 Até 2020, assegurar a conservação, recuperação e uso sustentável de


ecossistemas terrestres e de água doce interiores e seus serviços, em especial florestas,
zonas úmidas, montanhas e terras áridas, em conformidade com as obrigações
decorrentes dos acordos internacionais.
15.2 Até 2020, promover a implementação da gestão sustentável de todos os tipos de
florestas, deter o desmatamento, restaurar florestas degradadas e aumentar
substancialmente o florestamento e o reflorestamento globalmente.
15.3 Até 2030, combater a desertificação, restaurar a terra e o solo degradado,
incluindo terrenos afetados pela desertificação, secas e inundações, e lutar para
alcançar um mundo neutro em termos de degradação do solo.
15.5 Tomar medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação de habitat
naturais, deter a perda de biodiversidade e, até 2020, proteger e evitar a extinção de
espécies ameaçadas.
15.8 Até 2020, implementar medidas para evitar a introdução e reduzir
significativamente o impacto de espécies exóticas invasoras em ecossistemas
terrestres e aquáticos, e controlar ou erradicar as espécies prioritárias.
15.9 Até 2020, integrar os valores dos ecossistemas e da biodiversidade ao
planejamento nacional e local, nos processos de desenvolvimento, nas estratégias de
redução da pobreza e nos sistemas de contas.
15.a Mobilizar e aumentar significativamente, a partir de todas as fontes, os recursos
financeiros para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e dos
ecossistemas.
15.c Reforçar o apoio global para os esforços de combate à caça ilegal e ao tráfico de
espécies protegidas, inclusive por meio do aumento da capacidade das comunidades
locais para buscar oportunidades de subsistência sustentável (ONU, 2015, p. 34 - 35).

É evidente a importância do meio ambiente para a vida na terra como um todo. Portanto,
buscar um equilíbrio é necessário para assegurar que tanto os animais, quanto as pessoas que
residem na região não sejam prejudicadas.

2.3 O conhecimento tradicional e sua relação com o desenvolvimento científico

A sociedade está em constante processo de mudanças e que nos últimos anos houve
avanços significativos em diversas áreas de conhecimento, como a implementação do
metaverso, a criação de inteligências artificiais capazes de realizar procedimentos médicos
complexos, assim como o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a área da educação.
Sabe-se também que a grande maioria dos conhecimentos científicos conhecidos atualmente
surgiram a partir dos conhecimentos tradicionais originários de comunidades e populações
ancestrais, como os ribeirinhos, indígenas e quilombolas (GREGORI, 2013; SILVA;
BATISTA, 2018).
Os conhecimentos tradicionais estão atrelados aos saberes que os mais antigos
moradores de determinadas regiões possuem, esse tipo de conhecimento geralmente é
repassado de geração em geração, como uma estratégia familiar de cuidados com a saúde e
como uma ferramenta de resistência cultural. Para Diegues (2000, p. 30) o conhecimento
tradicional tem como principal conceituação o “o saber e o saber-fazer a respeito do mundo
natural e sobrenatural, gerados no âmbito da sociedade não urbana/industrial, transmitidos
oralmente de geração em geração”.
Sobre os conhecimentos tradicionais relacionados com a biodiversidade, observa-se que
são:

[...] aqueles que estão relacionados à inovação, as práticas individuais ou coletivas de


povos indígenas ou comunidades locais associadas às propriedades, usos e
6

características da diversidade biológica, inseridos nos contextos culturais da


comunidade. Poderiam corresponder a um autêntico direito de propriedade intelectual,
visto que representam criações da mente e do espírito coletivo de um povo, os quais
são transmitidos e aperfeiçoadas o longo de muitas gerações (GREGORI, 2013, p.
146).

Faz-se necessário então que esse tipo de conhecimento seja protegido, especialmente
por ser uma manifestação da cultura dos povos tradicionais e como uma forma de que tais
conhecimentos sejam perdidos com o passar dos anos. Neste cenário, a proteção dos
conhecimentos tradicionais diz respeitos, principalmente, ao interesse coletivo e cultura dos
povos ancestrais, como aponta Souza Filho (2011), o que enfatiza a relevância de registrar tais
conhecimentos para servir como fonte de novos estudos.

2.4 Fatores que influenciam na distribuição de espécies no ambiente

A distribuição dos organismos em regiões do globo terrestre ocorre em resposta de


fatores, como as condições ambientais relacionadas a temperatura, luz a disponibilidade de
alimento e água; recursos disponíveis para seu desenvolvimento; capacidade de propagação;
capacidade evolutiva e ação humana (FIGUEIRÓ, 2015).
Ainda segundo o mesmo autor cada espécie responde essas variáveis do ambiente de
acordo com suas características, seja elas por fatores internos, aqueles que remete a sua
capacidade de propagação para ampliar sua área de ocorrência em busca de novos ambientes e
alimentos, e o seu sucesso de adaptação e evolução enquanto às variáveis abióticas desse novo
território, sendo ele os fatores externos (temperatura, umidade, pH, salinidade, vento) e fatores
biológicos relacionados a predação ou competição por recursos no ambiente, como também a
ação antrópica (FIGUEIRÓ, 2015).
Dentre as consequências mais visíveis do impacto das atividades antrópicas, estão as
mudanças climáticas que exercem influência nos sistemas naturais, fatores como mudança de
temperatura e precipitação pode acarretar problemas no desenvolvimento, reprodução e
locomoção. Entretanto algumas espécies são capazes de se adaptar a essas mudanças quando
ampliam suas áreas de ocorrência ou desenvolve mudanças fenotípicas e comportamentais
resistindo às pressões do clima (BRASIL, 2016).
Um outro fator é a crescente urbanização que altera o ecossistema natural, no que diz
respeito a sua estrutura física e biótica, e por consequência atua nos processos ecológicos dos
habitats naturais (BRUN et al., 2007). Isso faz com que animais do local de origem modificado
migrem para outros locais ou se adaptem ao meio urbano utilizando dos recursos ali disponíveis
para se manter (PIEDADE, 2013). Entretanto no período das cheias alguns ecossistemas são
alterados pela dinâmica das subidas das águas levando uma grande parte da floresta ficar
inundada o que acaba por promover uma dinâmica migratória de espécies da floresta para outros
ambientes “mais seguros”.

3 METODOLOGIA

3.1 Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada na Rua da Antiga da Usina, localizada às margens do Rio Jari,
no município de Laranjal do Jari, sul do estado do Amapá. A população municipal estimada em
2021, conforme pesquisas do IBGE é de 52.302 pessoas (IBGE, 20218). A cidade iniciou-se às

8
Dado extraído do IBGE Cidade em 27 de abril de 2022, disponível em: -----------------------------------
--https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ap/laranjal-do-jari/panorama.
7

margens do Rio Jari, que na década de 70 ficou conhecida como Bairro Beiradão (TOSTES,
2012) ou da Beira, sendo a Rua Antiga da Usina, uma das primeiras a surgir no local (Fig. 1) e
implantada em uma área da várzea do rio, com dinâmicas de subidas e descidas de suas águas,
conforme a dinâmica climática e as alterações antropogênicas de uso e ocupação ao longo de
seu histórico ocupacional.
De acordo com Tostes, a cidade ampliou-se na porção da área da várzea ainda na década
de 90, momento em que a Rua da Antiga Usina se configura em um trecho terrestre de
aproximadamente 800 metros. Atualmente, essa é uma rua asfaltada, que possui em suas
margens as porções alagadas, as quais conectam seus moradores através das passarelas (ruas
sob as palafitas) e das casas construídas nesse espaço, que são em grande parte feitas de madeira
(Fig. 1).

Figura 1 - Delimitação da Rua da Usina localizada no município de Laranjal do Jari- AP.

Fonte: Furtado; Caramello; Rodrigues, 2023 (prelo).

O fato da Rua da Antiga Usina, ser impactada todos os anos pelo período das subidas
das águas, e ser uma das originarias do município, foi um dos fatores que proporcionaram a
escolha dela como objeto de análise.

3.2 Instrumentos utilizados e análise de dados

O presente estudo, ocorreu no mês de outubro de 2022, onde foram visitadas 57


residências da rua da Antiga Usina em ambas margens incluída as passarelas. De cada
residência foi entrevistado 1 (um) morador maior de 18 (dezoito) anos. A pesquisa é de caráter
ex-post-facto (MARCONI; LAKATOS, 2005), ou seja, ocorre após o acontecimento da
inundação no local (entre o mês de março e julho do ano de 2022).
A coleta de informações ocorreu por meio de entrevista semiestruturada, conforme
Marconi e Lakatos (2005), composta pelas seguintes perguntas “No período das chuvas aparece
alguma espécie de animal selvagem diferente do período da seca?” (Caso sim, quais); Você
teve sua residência invadida por espécies selvagens?; “Há algo que não foi dito, que gostaria
de evidenciar?” dessa forma por meio das entrevistas com os moradores da região, foi possível
as informações a respeito das espécies ocorridas na área estudada. Os dados foram analisados
por meio da estatística descritiva e as semiestruturadas interpretadas através da categoria de
análise proposta por Bardin (2011), na qual a sequência de repetição de uma mesma informação
contribuiu para uma análise descritiva quantitativa.
8

Em virtude de os entrevistados mencionarem mais de uma espécie, as respostas quando


somadas ultrapassam a quantidade dos entrevistados. A realização deste estudo foi aprovada
pelo Comitê de Ética, com registro CAAE 59933922.3.00 00.0211.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados obtidos com 57 colaboradores da pesquisa, foi constatado que há
presença de animais selvagens e fluviais na área do estudo, considerando que 78,9% dos
entrevistados afirmaram ter notado a presença da invasão de animais da floresta ou dos rios,
sendo que os dados coletados sugerem que espécies selvagens são mais avistadas durante a
enchente.
Para 21% dos morado não aparece espécies diferente do período da seca, considerando
que a rua analisada está dentro de uma área de várzea a presença de algumas espécies selvagens
podem ser de fato comum, o que pode se dizer que estes animais então próximos ao local,
porém, só são avistados com frequência na estação chuvosa, quando a enchente torna a
paisagem urbana, florestal e/ou fluvial um só lugar, propiciando o seu maior encontro. E por
ser próximo a margem do rio e com a presença de floresta a localidade tem grande recursos
para abrigar esses animais.
Em relação a quais foram esses animais, os resultados obtidos, mostraram um grande
número de espécies da fauna selvagem na área de estudo, dentre os quais existem representantes
das classes Reptilia, Mammalia, Arachnida e Actinopterygii, como mostra na tabela 1.

Tabela 1 - Lista de animais de floresta que surgiram durante a enchente de 2022 de acordo com relatos dos
moradores da Rua da Antiga Usina.
Classe Ordem Nome popular Nº de citações

Araneae Aranha 6
Arachnida
Scorpiones Escorpião 1
Actinopterygii Gymnotiformes Poraquê 10
Crocodylia Jacaré 2
Sucurí 1
Reptilia
Serpentes Cobra 35
Cobra Comboia 1
Didelphimorphia Mucura 1
Mammalia
Carnivora Lontra 1
Fonte: Autoras, 2022.

Dentre todos os animais citados pelos moradores entrevistados, o aparecimento de


cobras (serpentes) e poraquê (Actinopterygii) são os que se destaca na invasão das residências
ou extensão da residência, visto que os entrevistados consideram o seu quintal como parte da
residência.
As serpentes, possuem uma distribuição mundial, ocorrendo em vários ambientes, tanto
desérticos como também marítimos. A espécie Bothrops (Fig. 2) conhecida por comboia é
comum ser encontrada em ambientes próximos a água, ou ambientes de várzea. Isso deve se ao
fato que estas localidades propiciarem um maior encontro de presas como anuros e pequenos
mamíferos (ABRAHÃO, 2007), fato que pode justificar seu encontro na paisagem alagada da
área de estudo. As Eunetes também conhecidas como sucuri (Fig. 3) possuem seu habitat
semiaquático, podendo ser vista em copos de água coberto por uma vegetação aquática, ou
trocos de arvores próximos a água (TERRA, 2018).
9

Figura 2 - Bothrops. Figura 3 - Eunectes.

Fonte: Muhammad, 2022. Fonte: Larsonek, 2021.

As sucuris (Fig. 3). É uma espécie que possui uma alimentação diversificada, desde
pequenos mamíferos a pressas de grande porte. Seu encontro em áreas antropizados coloca
animais domésticos em risco, visto que são animais na sua maioria indefesos, sendo uma pressa
fácil para a espécie. Durante a entrevista o morador entrevistado relatou que seu cachorro havia
sido engolido por uma sucuri, enquanto estava preso na corrente em seu pátio.
Ainda sobre a classe repetilia, temos o jacaré (Fig. 4), são espécies semiaquáticas,
podendo ser encontrados em ambientes como estuareis a em rios, lagos e áreas alagadas. são
carnívoros com dieta variada, com hábitos de caça noturno.

Figura 4 - Jacaré.

Fonte: Figueroa, 2011.

Os poraquês ou peixe elétrico (Fig. 5a), ocorrem na maioria dos habitats aquáticos,
incluindo igarapés, lagos, riachos, planícies de inundação e rios profundos (CRAMPTON,
2019). Com a inundação da área de estudo, essa espécie se mostrou muito abundante, o que
aumentou o risco de acidentes aos moradores, devido a sua forma de defesa que é a descarga
elétrica (maior que 600 volts). Moradores relatam que tinham medo de sair de suas casas, e no
trajeto acabarem encostando ou pisando no animal, como um jovem que acabou se acidentando
enquanto se locomovia dentro da água. O caso foi noticiado pela mídia (fig.5b).
10

Figura 5a - Poraquê Figura 5b - Matéria do ataque do poraquê.

Fonte: Barreto, 2014. Fonte: G1, 2022.

As lontras são mamíferos de corpo alongado, cabeça pequena e pernas curtas (Fig. 6),
apresentam hábitos semiaquáticos, alimentasse de carne, ovos e peixes dependo de cada espécie
(REIS et al., 2006). Possuem preferência por lugares próximos de florestas (PRENDA et al.,
2001). A área estudada apresenta características favoráveis para a sobrevivência das lontras
visto que há uma vegetação próxima as margens do rio com uma ampla disponibilidade de
pressas.
Espécies da ordem Didelphimorphia, conhecidos popularmente como mucuras, Gambá
e sariguês (Fig. 7), são animais de porte médio, a dieta é principalmente onívora, mas
consomem desde frutos a pequenos invertebrados e vertebrados. É uma espécie de hábitos
noturnos e pode ser encontrado em vários estratos de vegetação por sua grande facilidade
adaptativa (REIS et al., 2006).

Figura 6 - Lontra. Figura - 7 Mucura.

Fonte: Fernandes, 2022. Fonte Basto, 2010.

Alguns moradores relataram ainda o alto aparecimento aranhas (Fig. 8) neste período,
como também escorpiões (Fig. 9), isso deve se ao fato que estes animais em decorrência do
ambiente alagado procuram abrigo em lugares elevados, que na área de estudo se caracteriza
como as árvores e casas de madeiras construídas sob palafitas.
11

Figura 8 - Araneae. Figura 9 - Scorpiones

Fonte: Veronez, 2022 Fonte: Betzel, 2022.

O município não apresenta dados sobre os registros dessas espécies publicado, o que
impossibilitou fazer a comparação com outros estudos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A integração de animais da fauna florestal e fluvial em áreas urbanas alagadas pode ser
considerado indicador de vulnerabilidade dessas espécies no período estudado, considerando
que a perca ainda que temporária de seu habitat natural as tornam espécies invasoras. Na área
de estudo, a enchente influencia na incidência maior das espécies, visto que quando o ambiente
está seco não são vistas com frequências algumas espécies, como por exemplo os jacarés,
lontras e peixe elétrico.
O acidente doméstico envolvendo essa espécie foram pouco relatados, o que possibilita
deduzir que esses animais podem estar vulneráveis atacando somente quando se sentem
ameaçados ou acidentalmente são pisados ou estão diretamente ao seu alcance como os casos
de picada de cobra e descarga elétrica do peixe poraquê.
É importante ser desenvolvido o levantamento faunístico para o conhecimento da
diversidade desses animais no local, podendo se tornar uma ferramenta para garantir a
preservação e manejo sustentável dessas espécies em períodos das cheias, considerando que
elas são recorrentes todos os anos.
Como os dados são até o momento inexistentes, é inquestionável que o conhecimento
tradicional é uma importante fonte para coletar informações quando esta são desconhecidas,
dessa forma a comunidade e gestores podem trabalhar juntos, na troca de saberes. Buscando
alternativas para diminuir os impactos tanto em humanos quanto nas espécies da floresta e
fluvial presentes no período da subida das águas. Um zoológico provisório poderia ser pensado
como um plano de gestão nesse período, considerando que as espécies que são capturadas nas
residências acabam sendo soltas e voltando novamente a situação de fragilidade, até que as
águas possam abaixar.
Devido a pesquisa ter intuito de investigar somente as espécies ocorrentes no período de
chuvas, utilizando apenas a percepção dos moradores, não se pode abrangem o nível de espécie
real da área. Portanto, sugere-se novos estudos repetindo o procedimento com auxílio de outras
metodologias de identificação, e que ocorram nas duas épocas do ano, tanto no verão como no
inverno, para assim, conseguir um número maior de espécies identificadas com suas devidas
taxonomias. Sugere-se também verificar a percepção ambiental dos moradores em relação a
importância das espécies, o quais medidas tomar quando esses animais invadem a sua
propriedade.
12

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AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá – IFAP, pela formação, e


possibilidade de integrar o projeto de pesquisa e extensão “Vozes do Rio Jari”, o qual este
trabalho é fruto.
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A Deus, por ter me sustentado ao longo do curso, não deixado eu desistir perante os obstáculos
que surgiram no caminho.
A minha querida orientadora Núbia Caramello, pela sua dedicação, paciência em me orientar
no decorrer da produção desse artigo.
A minha coorientadora e professora de tcc, Darley Matos pelos valiosos ensinamentos.
Aos meus pais, Rosemary da Costa e Marden Aragão, por sempre me apoiarem e me
incentivarem nos estudos, aos meus irmãos, Thais, Juan e Jackeline, pelo apoio e carinho, assim
como minha avó Maria Ernestina e junior.
Aos meus professores do curso que contribuíram com meu conhecimento, as minhas colegas
de curso Layane, Ester, Elaene e Marta pelos 5 anos de parceria e risadas.
Aos colaboradores da pesquisa pela disposição na obtenção dos dados, aos residentes da Rua
da Antiga Usina que aceitaram participar desse estudo.
E todos aqueles que contribuíram de forma direta e indiretamente para a finalização deste
trabalho, meus sinceros agradecimentos!

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