Aula 8
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Apresentação
A Psicologia da Religião não se restringe a essa temática, ao contrário, ela abrange
áreas que vão desde os estudos cognitivos-comportamentais e neurológico — o
funcionamento do cérebro e do corpo e sua influência sobre a experiência religiosa,
por exemplo —, até os estudos mais próximos da Psicologia Social — a interinfluência
entre sociedade e personalidade individualizada no campo da religião —, aos mais
próximos da Filosofia — a ideia de experiência, o fundamento das emoções e afetos,
a memória, a personalidade etc.
Objetivos
Compreender as origens da Psicologia da Religião.
Identificar as principais escolas da Psicologia da Religião.
Localizar fatos e contextos básicos para a Psicologia da Religião.
Introdução
1
A Psicologia Comportamental enfatiza os aspectos observáveis do
comportamento, incluindo os cognitivos.
2
A Psicologia Fenomenológica buscará os significados da religião para as
pessoas, em termos de subjetividade. Mas, o comportamento religioso é
complexo, e, por isso, é fundamental que as várias perspectivas teóricas
possam somar-se, no sentido de abranger, quanto possível, os processos
psicológicos envolvidos nesse comportamento.
Há muitos métodos empregados para se estudar o comportamento religioso e
isso depende do objetivo da pesquisa e do objeto estudado. Por exemplo, para
estudar a crença religiosa de uma pessoa em particular ou de algumas
pessoas de um mesmo grupo religioso você pode utilizar entrevistas
individuais, abertas ou fechadas.
1
Você pode utilizar uma pesquisa de observação-participante
Ferramenta metodológica baseada no registro escrito das interações e da
convivência de um pesquisador com um indivíduo ou grupo por ele
pesquisado. Falas, ritos, momentos etc. são registrados em um caderno
ou diário de campo. O pesquisador participa, portanto, com o grupo das
atividades e interações e reflete sistematicamente sobre, usando, ou não,
entrevistas, fotografia e outras ferramentas., na qual presenciará as
atividades.
Observação-participante1
Atividade 1
Os fenômenos da mente, da memória, dos sentimentos, que estão
presentes nas vivências religiosas, já eram conhecidos e pensados por
muitos, entre eles Agostinho que tentou conciliar a tradição moral cristã
e a tradição filosófica grega.
As primeiras investigações
psicológicas
No primeiro momento de constituição da Psicologia, Wundt a considerava
como ciência da experiência e os dados eram os fenômenos, e sua função
seria analisar os elementos que formavam os processos conscientes e suas
leis.
Considere que, nesse caso, os processos mentais são dinâmicos, e não algo
parado, estático. Com suas observações, elaborou três “leis”:
Saiba mais
Fé e investigação científica
Reflita um pouco sobre essas duas dimensões, pois não se opõem, como
alguns pensam. As teorias evolucionistas ou quaisquer outras teorias
científicas não se opõem a uma fé religiosa por um fato básico: são
linguagens e figuras distintas, com âmbitos, objetivos e alcances
distintos.
Para que você tenha uma noção concreta do que seriam essas
“enfermidades da emoção religiosa”, é interessante citar um dos casos
mais polêmicos de “possessão demoníaca” do mundo ocidental: o
fenômeno das freiras de Loudun, França que foram alegadamente
visitadas e possuídas por demônios.
Leitura
Movimentos orientais
Pentecostalismo
Reavivamentos
Fundamentalismo
Secularismo2
Pragmatismo norte-americano3
John Dewey4
Quacre5
A contribuição germânico-sueca ao
estudo da religião
Na Europa, as maiores contribuições para a análise da religião sob o prisma
psicológico cabem a Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-
1961).
operações semânticas.
Coletividade
Apesar dessa ideia, o líder da Psicanálise diz que o método psicanalítico não é
religioso ou antirreligioso, mas um instrumento para compreender as
estruturas psíquicas dos indivíduos que aderem ou praticam uma religião.
A parte iluminista e evolucionista da teoria freudiana é cética em relação ao
fenômeno religioso, mas, há outras partes, veja bem, que ajudam a pensar a
relação entre crença religiosa e desejo. Daí as analogias, expressas em um
texto escrito em 1907 (Atos Obsessivos e práticas religiosas), entre
comportamento ritual e práticas obsessivas e entre crenças e mundo onírico
(mundo dos sonhos).
Porém, essa ideia tornou-se uma crítica ideológica que acostumou ver na
religião, e nas suas muitas manifestações, apenas uma neurose, uma histeria
etc.
Saiba mais
Retomando o livro Totem e tabu, veja que, para Freud, toda religião é uma
tentativa de enfrentar um problema decorrente do assassinato do pai da
horda, conciliar o sentimento de culpa com o desafio do filho em relação à
figura do pai. Por exemplo, no raciocínio freudiano, Jesus libertaria os homens
da ofensa cometida contra o Pai, o pecado original, que seria o parricídio
(assassinato do pai). E, de forma muito instigante, pense um pouco sobre
suas palavras:
Com a mesma ação em que oferece ao pai a máxima
expiação possível, o filho também alcança o objetivo
FREUD, [s./d.]
Carl Jung, seguidor de Freud, rompeu com seu mestre e propôs uma
reorientação das interpretações sobre a religião. Para isso, haveria, segundo o
psicanalista suíço, uma distinção entre duas formas de pensar, aquela que se
orienta para fora e aquela que se dirige para a fantasia:
Primeira linguagem
Segunda linguagem
A segunda é a linguagem dos afetos, sentimentos e imagens inefáveis,
que ultrapassa a linguagem verbal racional e se move por uma lógica do
símbolo e do mito.
Jung chama essa constelação de arquétipos, formas a priori da organização psíquica e categorias do
pensamento simbólico. Esse modo de pensar recebeu o nome de Psicologia analítica ou Psicologia
arquetipal. | Fonte: PublicDomainPictures / Pixabay
JUNG, 2011
Psicologia analítica6
Teoria originada a partir das ideias do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung,
baseada em conceitos como arquétipos, inconsciente coletivo e processo de
individuação. A formação filosófica de Jung, sua experiência em hospital
psiquiátrico, o interesse por diversas religiões, inclusive orientais, o estudo de
Mitologia comparada, Antropologia e Alquimia foram fundamentais para a
construção da Psicologia Analítica. No Brasil, a mais destacada discípula de
Jung foi a alagoana Nise da Silveira (1905-1999). Essa médica revolucionou o
tratamento psiquiátrico violento e cruel dos anos 1940-1980 (choques
elétricos, banhos gelados e outros), propondo um tratamento humanizado dos
pacientes psiquiátricos que usava a arte e a Psicologia analítica.
Saiba mais
Leitura
Atividade 4
Sobre a contribuição de Sigmund Freud e Carl Jung, para a Psicologia da
Religião, assinale a alternativa correta:
A Psicologia da Religião
contemporânea
2
Estudos sobre a influência ou relação entre religião cérebro, mente e
comportamento individual, por exemplo, os supostos efeitos benéficos da
meditação religiosa ou da atitude religiosa perante a vida.
Porém, note que todas essas linhagens de pesquisa possuem pontos fracos e
fortes. Tome, como exemplo, os estudos sobre os efeitos de comportamentos
e atos religiosos sobre a saúde ou enfermidade, em especial, os efeitos sobre
o cérebro.
E, veja, ainda que se houvesse uma relação causal, não há nada nela
mesma que poderia dar segurança total de que a causalidade ocorrerá da
mesma forma e do mesmo jeito em um futuro próximo. Qualquer
atividade, musical, física, artística, sexual, provoca alterações nos
padrões cerebrais, afeta nossas percepções, nossos sentimentos, e,
dependendo da intensidade, regularidade e forma, afeta o
comportamento cotidiano.
Leitura
Como uma questão final, reflita sobe os dois perigos que os pesquisadores da
religião podem incorrer:
Atividade 6
A atividade consiste em revisar a aula e responder às questões:
Notas
INSERIR TÍTULO AQUI1
Referências
FIROLAMO, Giovanni; PRANDI, Carlo (orgs.). As Ciências das Religiões. 8. ed. São
Paulo: Paulinas, 2016.
Próximos Passos
Os problemas relativos ao conceito de religião: sua variedade e diversidade.
Explore mais
Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos
disponíveis no ambiente de aprendizagem.
Leia o texto Nova era evangélica, confissão positiva e o crescimento dos sem-
religião <https://goo.gl/mc2Q5p> . Acesso em 26 fev. 2018.
Se você quiser mergulhar em águas mais profundas, leia esta tese de doutorado em
Ciência da Religião, defendida na PUC-São Paulo: