Currículo e Avaliação Da Aprendizagem
Currículo e Avaliação Da Aprendizagem
Currículo e Avaliação Da Aprendizagem
aprendizagem
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Bem vindo(a)!
Por m, lembre-se, caro(a) graduando(a), que o texto apresentado não irá esgotar
todas as possibilidades de pensar e re etir acerca das temáticas abordadas, mas irá
iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análises
realizadas acerca das temáticas propostas. Para tanto, cumpre destacar que ao nal
de cada unidade você encontrará um resumo do texto realizado, a m de facilitar
seus estudos e compreensão.
Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura e não se
esqueça: esse é só seu primeiro passo no campo do CURRÍCULO E AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM! Faça outras viagens, teça outras teias e consolide seu
conhecimento no campo da formação humana.
Unidade 1 Unidade 2
O currículo escolar O currículo, o desenvolvimento
humano e a aprendizagem
Unidade 3 Unidade 4
Avaliação escolar Avaliações
O currículo escolar
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Sumário
Introdução
Considerações Finais
Introdução
Caro(a) estudante.
A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso superior.
Plano de Estudo:
1. Currículo: Conceituação, Tendências e História
2. Aspectos Legais e Pedagógicos que envolvem o Currículo Escolar
3. Currículo: etnia, raça e nação – implicações para a escola e para o currículo
4. Currículo e as Novas Tecnologias
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer a evolução do conceito de currículo e analisar as tendências e história
do currículo.
2. Analisar os aspectos legais e pedagógicos que envolvem o currículo escolar.
3. Abordar as implicações para a escola e para o currículo acerca da temática:
etnia, raça e nação.
4. Compreender como ocorre a inclusão das novas tecnologias no currículo escolar.
Currículo: conceituação,
tendências e história
Podemos dizer que o currículo é vida da escola, incluindo todos os movimentos no
convívio escolar, as experiências e as vivências que ocorrem dentro de um ambiente
educativo formal. Currículo é o que é percebido por nós, pelos alunos, professores,
gestores, funcionários, responsáveis pelos alunos, ou seja, pela comunidade escolar,
mas também apresenta vários aspectos que não conseguimos perceber.
Segundo Hamilton (1992 apud SANTOS, 2002) a palavra “currículo” foi registrada pela
primeira vez em 1633, no Oxford English Dictionary, como um curso inteiro seguido
pelos estudantes.
CONCEITUANDO
Assim, “o currículo representa a caminhada que o sujeito irá fazer ao longo de sua
vida escolar, tanto em relação aos conteúdos apropriados quanto às atividades
realizadas sob a sistematização da escola” (LIMA; ZANLORENZI; PINHEIRO 2012, p. 25).
Note, caro(a) estudante, que não é fácil conceituar o termo “currículo”, pois ele não
tem um sentido único. Há uma diversidade de sentidos e de nições, dependendo da
linha de pesquisa do autor. As diversas de nições e conceituações levam ao que
alguns autores chamam de polissemia, ou seja, vários sentidos e signi cados que o
termo representa, sem que se chegue a um consenso entre essas interpretações.
Há dois aspectos que predominam nas de nições (MOREIRA, 1997 apud MATTOS,
2013):
Vários autores tratam de de nir o termo, que recebeu diferentes concepções tanto
em relação ao seu signi cado quanto à sua função ao longo da história. Essas
de nições variam de acordo com diversos contextos históricos e culturais.
De acordo com Ribeiro (1993), há três de nições mais comuns sobre o currículo,
sendo elas:
A autora Eyng (2012) também analisou e destacou três concepções sobre o currículo,
sendo elas:
Assim, o que se espera é que o currículo apresente intenções justi cadas que sirvam
de referenciais detalhamento dos planos que os professores irão desenvolver, os quais
devem estar ajustados a cada contexto educativo em particular, no qual serão
desenvolvidos (EYNG, 2012).
Assim, ensinava-se a leitura para todos, mas apenas a elite tinha o direito de aprender
a escrever. Já na Roma Antiga, os escravos aprendiam a ler para ajudar os lhos dos
senhores e, assim como na Grécia Antiga, eram chamados de pedagogos. Há de se
considerar que o ensino de arte sempre foi um componente curricular na
Antiguidade, especialmente no que se refere à música, artes visuais e desenho, que,
ao lado da geometria e da literatura, atravessou séculos, mantendo-se no currículo
das escolas até os tempos atuais (PORTO, 2019).
O “empréstimo” de modelos
curriculares americanos que
estivessem em harmonia com as
intenções citadas não causa
surpresas. No entanto, as teorias
americanas inicialmente mais
in uentes no Brasil consistiram em
combinações de ideias tecnicistas e
progressivistas. Além disso, tais
teorias interagiram com o núcleo
epistemológico, também
progressivista, das tradições
curriculares que existiam no país
(MOREIRA, 2011).
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A discussão do currículo por meio do âmbito legal implica olhar, inicialmente, para a
Carta Magna que compõe a legislação educacional brasileira: a Constituição Federal
(CF). No que tange à educação, a CF a apresenta em seu art. 6 como direito social. A
garantia desse direito é bem explicitado no art. 205, que expõe: “A educação, direito
de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua quali cação para o trabalho” (BRASIL, 1988). É
competência da União, estados e municípios assegurar esse direito.
A CF ainda destaca no art. 206 alguns princípios que devem reger a educação
brasileira:
A despeito desses princípios, é necessário frisar que alguns deles têm implicação
direta na organização dos currículos escolares. Todavia, para que esses princípios se
efetivem nesses currículos, também é fundamental que o Poder Público viabilize
ações para que eles se concretizem na prática.
Durante a Constituinte, houve intensa pressão das igrejas para que fosse garantido o
Ensino Religioso nos currículos escolares, mas se o Estado é laico, isto é, se cada um
tem direito à liberdade religiosa, essa questão coloca-se num con ito ideológico e
político. O caso do Ensino Religioso é apenas uma das situações que desvelam a
pressão de certos setores da sociedade na constituição de uma lei. Do mesmo modo,
isso já nos ajuda a compreender que o currículo é sempre um território de disputas.
SAIBA MAIS
O art. 3 da LDBEN assegura alguns princípios à educação brasileira, sendo que estes
são os mesmos determinados pela CF de 1988, acrescidos de outros três que têm
implicação direta sobre o currículo, a saber: respeito à liberdade e apreço à tolerância,
valorização da experiência extraescolar e consideração com a diversidade étnico-
racial. (BRASIL, 1996). Este último princípio foi incluído pela Lei n. 12.796, de 4 de abril
de 2013, resultado de uma longa luta do Movimento Negro em torno da discussão das
questões raciais, especialmente nas últimas décadas.
A LDBEN de ne a organização e a obrigatoriedade do ensino, sendo que a educação
básica e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, estruturada em pré-escola, ensino
fundamental e ensino médio. No que tange à responsabilidade incumbida aos
estabelecimentos de ensino e aos docentes, a LDBEN dá destaque às propostas
apresentadas a seguir:
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e
as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e nanceiros;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus lhos, e, se for o
caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos,
bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;
(Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009)
VIII - noti car ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que
apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do
percentual permitido em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.803, de 2019)
IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a
todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática
(bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas.
(Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de
prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
Aos analisarmos, caro(a) estudante, os arts. 12 e 13, podemos perceber que na lei
garante maior autonomia aos docentes e às instituições na de nição de seus
currículos e nas formas de gestão escolar. Mas, como diz o velho ditado: “o feitiço
pode virar contra o feiticeiro”.
Ao aludir especi camente aos currículos, a LDBEN reitera a construção de uma base
nacional comum. Convém lembrar que o texto da CF já previa essa necessidade. Ao
tratar dessa base nacional comum, a LDBEN estende-a a toda educação básica:
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do
ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada,
em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma
parte diversi cada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada
pela Lei nº 12.796, de 2013)
O presente Plano Nacional de Educação (PNE) foi implantado pela Lei n. 13.005, de 25
de junho de 2014, após intenso processo de discussão e debate realizado pelos
pro ssionais de educação e sociedade civil organizada e de moroso trâmite de
aprovação.
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na
promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de
discriminação;
IV - melhoria da qualidade da educação;
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores
morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;
VII - promoção humanística, cientí ca, cultural e tecnológica do País;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure
atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e
equidade;
IX - valorização dos (as) pro ssionais da educação;
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à
diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014).
CONCEITUANDO
O papel das DCN para a educação básica é estabelecer bases nacionais comuns para
a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, sistematizando, dessa
forma, os princípios sobre essas bases previstas na CF e na LDBEN.
REFLITA
Esse documento apresenta uma breve discussão acerca da base nacional comum e a
parte diversi cada do currículo e sua possibilidade de articulação entre as etapas e
modalidades da educação básica. São diretrizes curriculares destinadas
exclusivamente para cada uma dessas etapas e modalidades, que contemplam as
especi cidades e necessidades da educação infantil, do ensino fundamental e do
ensino médio ante as modalidades de ensino – educação de jovens e adultos,
educação especial, educação pro ssional e tecnológica, educação do campo,
educação indígena, educação a distância e educação escolar quilombola –,
articuladas às DCN para a educação básica (BRASIL, 2010).
Segundo as DCN para o ensino fundamental, essa etapa da educação básica consiste
no direito público subjetivo de cada um e dever do Estado em ofertá-lo, sendo que a
base que sustenta os princípios norteadores dessas diretrizes é o direito à educação
de qualidade.
Com base nesses princípios, o currículo será organizado tendo em vista uma base
nacional comum e uma parte diversi cada. Estas, por sua vez, devem ser geridas de
forma integrada e prever uma formação ampla e articulada com a realidade local, isto
é, com as especi cidades culturais e sociais de cada comunidade educacional. Nesse
sentido, a base nacional é unitária, ou seja, todos os sistemas de ensino terão a
mesma formação comum enriquecida, paulatinamente, pela parte diversi cada.
As bases referenciais que compõem o documento de DCN para o ensino médio são,
de certa forma, similares e complementares às propostas que constituem as DCN
para o ensino fundamental. As DCN para o ensino médio, além de nortearem a
estrutura e o funcionamento dos sistemas de ensino e das instituições de ensino
médio, oferecem aos professores elementos para elaboração, organização e
desenvolvimento do currículo e da prática pedagógica e para promoção do ensino e
da aprendizagem de qualidade.
O currículo para o ensino médio deve assegurar a formação integral aos
estudantes, de maneira articulada ao mundo do trabalho, bem como ser
exível e valorizar o interesse desse grupo social. O Parecer n. 5/2011
destaca que “o mundo do trabalho parece estar mais presente na vida
desses sujeitos do que a escola” (BRASIL, 2011, p. 13), pois em algumas
situações, a juventude não encontra sentido nesta.
Nos últimos anos, a Secretaria de Educação Básica do MEC, por meio de equipe de
trabalhos, elaborou um documento, denominado Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), contendo conhecimentos fundamentais, os quais todos os estudantes
brasileiros têm o direito de aprender. Essa iniciativa atende às exigências e
proposições das DCN para a educação básica (BRASIL, 2013) e do PNE (BRASIL, 2014).
CONCEITUANDO
Assim, partindo da ideia de que o currículo é uma ferramenta de poder, e, como tal,
se ressigni cado na perspectiva étnico-racial transforma-se em um
conhecimento/poder contra a hegemonia branca (não contra o(a) branco(a)
efetivando o movimento de margem para o centro que o estudo politizado da história
e cultura afro-brasileira e africana reivindica.
ATENÇÃO
ACESSAR
Currículo e as novas tecnologias
O pensamento de que as tecnologias e a educação sejam integradas, a questão
fundamental reside no domínio do conhecimento técnico e do conhecimento
pedagógico do professor uni cadamente. A implantação requer que as duas
categorias de domínio cresçam, juntas ao pro ssional do ensino.
Inserir tecnologias no currículo não constitui apenas uma forma de atender aos
apelos da contemporaneidade. A correta convergência entre tecnologia e currículo
deve alinhar os conceitos de ensino e de aprendizagem e favorecer a seleção da
tecnologia adequada, considerando os objetivos e a intencionalidade da atividade
proposta e do conteúdo a ser aprendido/ensinado (ALMEIDA, 2019).
Ter domínio sobre os recursos que as tecnologias oferecem é condição essencial para
que o processo seja bem-sucedido, mas apenas isso não é capaz de sustentar esse
sucesso. “Mais que dominar a técnica ou a tecnologia, é preciso saber quais são as
possibilidades de uso didático-pedagógico e, ainda, como e por que utilizar a
tecnologia escolhida” (ALMEIDA, 2019, p. 100-101).
ACESSAR
Caro(a) estudante, você sabia que há uma especi cidade em cada recurso disponível
que, se bem observada faz, a diferença, tendo em vista o objetivo do professor e o que
esteja sendo estudado.
Para tanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996)
estabelece uma base nacional comum e uma parte diversi cada. A base nacional
comum é descrita por um conjunto de competências, organizadas por áreas de
conhecimento, que todo egresso desta etapa da educação básica deve ter construído.
O uso da tecnologia de forma crítica, consciente e responsável é comum na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), que articula os estudos em todas as áreas
(linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas) associados com a
tecnologia, no entanto cada uma tem seus componentes curriculares que possuem
suas especi cidades. Vide Quadro 2, das competências especí cas de cada
componente curricular da BNCC.
Quadro 2 - Competências especí cas de cada área do conhecimento curricular da
BNCC
ÁREAS COMPETÊNCIAS
Arte
Relacionar as linguagens da Arte e suas práticas integradas,
que podem ser possibilitadas pelo uso das novas
tecnologias (informação, comunicação, cinema e
audiovisual).
Língua Portuguesa
Linguagens
Utilizar as tecnologias digitais, crítica e eticamente, nas
práticas sociais.
Língua Inglesa
Utilizar as novas tecnologias para a prática de letramento
na língua inglesa.
Ciências Geogra a
Humanas Desenvolver o pensamento espacial para resolver
problemas, utilizando as linguagens cartográ cas e
iconográ cas de diferentes gêneros textuais e das
geotecnologias.
História
Produzir e utilizar as tecnologias digitais de forma crítica,
ética e responsável, compreendendo seus signi cados para
diferentes grupos ou estratos sociais.
REFLITA
Nessa perspectiva, o currículo precisa ser elaborado no interior da escola, pelos seus
sujeitos – professores, demais pro ssionais da escola, estudantes e familiares se
tornam produtores curriculares. A elaboração do currículo, numa perspectiva crítica,
precisa considerar a situação concreta da escola, a cultura organizacional a cultura
local, as necessidades e os interesses dos estudantes e dos professores.
RESUMO
O estudo presente nesta tese tem como objetivo conhecer e analisar a estratégia
política e a pedagógica apresentadas nas produções teóricas da primeira fase dos
autores Michael W. Apple e Henry Giroux, com a finalidade de compreender de que
forma a proposta educacional desses autores articula o currículo com a emancipação,
possibilitando-nos identificar sob qual perspectiva ontológica (ou ontológicas) coloca
se a emancipação nesse debate. Esses autores são comumente conhecidos no
campo curricular por produzirem um conhecimento que se insere no âmbito das
Teorias Curriculares Críticas, desenvolvendo um conjunto de proposições teórico
pedagógicas contra-hegemônicas no âmbito do marxismo, orientadas à
emancipação. Tal condição confere, para fins de estudos desta tese, a necessidade de
analisarmos a articulação entre currículo e emancipação à luz da teoria marxiana,
produzindo algumas contribuições concernentes aos seus fundamentos na produção
do conhecimento educacional. Portanto, trata-se de uma pesquisa teórica que realiza
uma crítica ontológica aos fundamentos da articulação entre currículo e
emancipação presentes na proposta educacional das obras de Michael W. Apple
"Ideologia e Currículo" (2008); "Educação e Poder" (1989); ''Trabalho docente e textos:
economia política das relações de classe e de gênero em educação" (1995);
"Conhecimento Oficial: a educação democrática numa era conservadora" (1999) e
Henry Giroux "Teoria Crítica e Resistência em Educação" (1986); "Escola Crítica e
Política Cultural" (1983); "Pedagogia Radical" (1992); "Os Professores como Intelectuais"
(1997), desdobrando, da análise feita aqui, alguns significados e consequências
pedagógicas e políticas diante dos desafios da educação e, em específico, do
currículo na atual sociabilidade. No que tange às perspectivas de emancipação de
Michael Apple e Henry Giroux, nossa investigação demonstra que tais autores
comungam da mesma base teórico-filosófica que se aproxima da concepção
kantiana e frankfurtiana, e estabelecem uma estratégia progressista de educação
socialista que desconsidera, como condição de sua realização, a supressão do capital.
A emancipação, nessas obras, está fundada em uma noção de esclarecimento e
conscientização como mediação fundamental à concretização da mudança social e
da igualdade econômica, não ultrapassando, portanto, de uma perspectiva de
emancipação política. Nossa investigação aponta que nenhuma esfera social pode
emancipar-se por completo sem emancipar todas as demais esferas sociais. A
emancipação no sentido marxiano, ao contrário, presume a emancipação da
humanidade em relação ao trabalho na forma econômica do capital. Assim sendo, ao
pretender solucionar os conflitos da práxis social, mediante uma estratégia de ação
política restrita às mediações do complexo educacional e curricular, sem a sua
vinculação concreta com as contradições históricas e com as demais mediações
sociais que conduzem a sua superação, a estratégia política e pedagógica de Michael
Apple e Henry Giroux, apesar de apresentar importantes resultados no sentido do
desenvolvimento da educação crítica, revela-se insuficiente no que se refere às
possibilidades objetivas de emancipação humana. Concluímos que a articulação
entre currículo e emancipação presente nas obras dos autores investigados, na atual
Livro
Filme
Web
O currículo, o
desenvolvimento humano e
a aprendizagem
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Sumário
Introdução
2 - O currículo e a aprendizagem
Considerações Finais
Introdução
Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade II da disciplina Currículo e Avaliação
da Aprendizagem. Nesta Unidade, intitulada “O CURRÍCULO, O DESENVOLVIMENTO
HUMANO E A APRENDIZAGEM”, no primeiro momento, re etiremos sobre o
currículo e desenvolvimento humano; no segundo momento, desenvolveremos a
compreensão entre o currículo e a aprendizagem; no terceiro momento, analisaremos
as relações e possibilidades entre currículo, escola e comunidade.
Plano de Estudo:
1. Currículo e Desenvolvimento Humano
2. O Currículo e a Aprendizagem
3. Currículo, Escola e Comunidade: relações e possibilidades
Objetivos de Aprendizagem:
1. Re etir sobre o Currículo e Desenvolvimento Humano.
2. Desenvolver a compreensão entre o Currículo e a Aprendizagem.
3. Analisar as reações e possibilidades entre currículo, escola e comunidade.
Currículo e desenvolvimento
humano
Para re etir sobre currículo e desenvolvimento humano, é necessário recorrer a
algumas áreas de conhecimento além da psicologia. Os conhecimentos oferecidos
pelas neurociências, antropologia, linguísticas e pelas artes são imprescindíveis para
responder aos desa os de uma escola que promova a formação humana de todos os
educandos e que também amplie a experiência humana de seus educadores (LIMA,
2005, 2007).
Desde sua criação, há pelo menos 4.500 anos, em um momento histórico marcado
pela invenção da escrita, da matemática e de certas práticas artísticas, a educação
vem cumprindo a missão de garantir a continuidade das espécies, transmitindo às
novas gerações o que foi produzido como resultado do desenvolvimento cultural da
humanidade.
Humanizar
[...] é o processo pelo qual todo ser humano passa para se apropriar das
formas humanas de comunicação, para adquirir e desenvolver os
sistemas simbólicos, para aprender e utilizar os instrumentos culturais
necessários para as práticas mais comuns da vida cotidiana até a
invenção de novos instrumentos, para se apropriar do conhecimento
historicamente constituído e das técnicas para a criação nas artes e
criação nas ciências. Processo de humanização implica, igualmente, em
desenvolver os movimentos do corpo para a realização de ações
complexas como as necessárias para a preservação da saúde, para as
práticas culturais, para realizar os vários sistemas de registro, como o
desenho e a escrita (LIMA, 2007, p. 18).
Faz parte do papel do adulto, no que tange à formação humana das crianças, a
de nição do conceito de currículo e a elaboração de seus componentes. É por isso
que a composição de um currículo é um re exo de escolhas que podem ser favoráveis
ou não ao processo de humanização.
O currículo para formação humana deve ser situado historicamente (LIMA, 2007), e
para sua composição é preciso considerar alguns fatores, sendo eles:
Na antiga Grécia, por exemplo, a música era componente curricular tão importante
como a leitura e a literatura. Na Idade Média também se veri ca essa presença.
Mesmo no século XX, desenho artístico, desenho geométrico, música, canto orfeônico
e solfejo faziam parte dos currículos de escolas públicas, inclusive no Brasil (PORTO,
2019).
O conhecimento torna-se não somente uma aquisição individual, mas uma das
possibilidades de desenvolvimento da pessoa que terá re exos na vida em sociedade.
Formar a pessoa para situar-se, inclusive, como membro de um grupo passa a ser,
também, um objetivo de uma educação escolar voltada para a humanização.
ATENÇÃO
Caro(a) estudante, para fechar este tópico, vamos trazer a pergunta, bem como o
trecho que foi realizado no artigo intitulado Formação Humana: Currículo para o
desenvolvimento humano, pela autora Platt (2009): quais os aspectos centrais que
devem constar num currículo para o pleno desenvolvimento humano?
nos permite entender que o substrato (ou os períodos que designamos para a
intervenção) não nega aquilo que compõe os conteúdos de desenvolvimento da
humanidade – ou a sua “propriedade duradoura” –, uma vez que agrega a
“complexidade e a desigualdade deste desenvolvimento”. (LUKÁCS, 1978, p. 287).
Enquanto processo histórico, cada ciclo humano pode ser revisto em sua composição
histórica e transitar num continuum ir e vir (LUKÁCS, 1978). Lukács (1978)
fundamenta-se em Marx para nos chama a atenção que a referência de ir e vir em
nosso tempo de formação não se situa unicamente ao reporte, por exemplo, a
infância, mas que ao contrário, toda época pode ser revivida como um igual
momento do passado que não mais retorna.
Diante do exposto até aqui, podemos aferir algumas importantes signi cações que
demandam no reconhecimento de um currículo que não só se caracteriza pelo
acúmulo do conhecimento historicamente produzido e que especializa-se
continuamente na contemporaneidade (o que se chamaria de “código da
modernidade”, cf. Oliveira, 2000) respondendo a demandas imediatas e que não são
compreendidas pelos indivíduos que as elaboram em sua totalidade. Pensamos
agora na produção do conhecimento que se dirige ao pleno desenvolvimento
humano e analisamos por onde perpassa sua relevância:
Esses paradigmas são determinantes do currículo como “cultura”, ou seja, com base
nesses elementos, selecionamos os conteúdos, os códigos e as estratégias de ensino e
o resultado da aprendizagem.
REFLITA
O currículo escolar garante à instituição um rumo a ser seguido durante todo o ano,
disciplinas, projetos didáticos e institucionais, faz com que os professores, pessoal de
apoio, gestão estejam seguros do que vai acontecer no ano em questão, sem
surpresas, tudo planejado, e ao mesmo tempo sujeito a mudanças, se necessário, pois
o fato de ter traçado um norte, não signi ca que a escola não precisa mais sentar
para tomar decisões. Pelo contrário, torna-se ainda mais necessário, pois será aí que
serão revistos e devido o que precisa melhorar e o que precisa permanecer.
Os teóricos do currículo, tais como Lundgren, citado por Sacristán; Pérez (1998),
a rmam que os sistemas condicionadores dos processos educativos são: o currículo, o
sistema administrativo e o sistema jurídico. Esses três sistemas, para o autor, são
determinados pela estrutura econômica, social, cultural e política de onde se
enquadram. Os três condicionantes estabelecem as metas, as regras para que os
processos educacionais ocorram, vide a Figura 1.
Figura 1 - Sistemas condicionadores dos processos educativos
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Portanto, caro(a) estudante, entendemos que o currículo escolar, como eixo norteador
dos trabalhos da escola, tem grande importância, pois dá um norte para todos os
seguimentos da escola, em que são um projeto de trabalho, que de ne conceitos,
disciplinas, formas de desenvolver todos os processos pedagógicos, como projetos a
serem desenvolvidos durante o ano letivo.
Sacristán (2007) lembra que o currículo tem ns sociais e culturais, pois é através da
instrumentalização prática do sistema educacional e social que se concretizam as
funções da escola e do currículo. O currículo é a forma de alcançar o conhecimento, é
uma prática cultural e social e, muitas vezes, institucional, pois une os subsistemas e
práticas diversas em atividades de ensino.
Caro(a) estudante, para nalizar utilizamos a pergunta: “E para a escola atual, qual o
currículo?”
Ao currículo associam-se diferentes
concepções, cada qual caracterizada
por uma intencionalidade e
determinada por uma concepção de
educação e pelos fatores políticos,
econômicos, sociais, epistemológicos
e culturais que a in uenciam em
cada período histórico. Assim, tais
concepções não são neutras,
desinteressadas ou aleatórias: são
construções históricas e sociais e
revelam intenções, objetivos,
posicionamentos e compromissos,
ou seja, são políticas (MOREIRA;
CANDAU, 2007).
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Dessa maneira, para de nir a concepções de currículo a ser adotada, assim como
para determinar a sua organização, é necessário nos remetermos à concepção de
educação que defendemos ou almejamos, enquanto que, para identi car qual a
concepção de educação defendida atualmente em nosso país, precisamos consultar
os documentos normativos, elaborados e publicados pelo Conselho Nacional de
Educação (CNE).
Filme
Avaliação escolar
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Sumário
Introdução
3 - Instrumentos de avalição
Considerações Finais
Introdução
Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade III da disciplina Currículo e Avaliação da
Aprendizagem. Nesta Unidade intitulada “AVALIAÇÃO ESCOLAR”, estudaremos, no primeiro
momento, as leis relacionadas à prática educativa em geral, e à avaliação; no segundo
momento compreenderemos os tipos de avaliação da aprendizagem; no terceiro momento
conheceremos alguns modelos de chas/relatórios de instrumentos de avaliação.
A compreensão da Unidade III contribuirá para a sua formação neste curso superior.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Discutir as leis relacionadas à prática educativa em geral, e à avaliação.
2. Compreender os tipos de avaliação da aprendizagem.
3. Conhecer os instrumentos de avaliação.
Fundamentos legais para avaliação
escolar
Políticas educacionais são iniciativas que compreendem a proposição de tantos programas
quantos se zerem necessários na área, desenvolvidos por meio de número su ciente de
projetos, cada qual com a previsão de um elenco das atividades indispensáveis.
[...]
Desse modo, a legislação buscou nortear quais seriam as principais normas que serviriam de
parâmetro para os professores em relação a estrutura e funcionamento da Educação Básica;
não sendo apenas em relação à avaliação, mas com o processo escolar num todo. Entretanto,
anos após a promulgação da Lei, ca a questão se a LDBEN está sendo praticada nas
instituições escolares do país.
Mesmo o texto da LDBEN é caracterizado pela generalidade, dando aos pro ssionais da
educação, inclusive aos professores, um amplo espaço para agir de acordo com sua realidade –
e criatividade. É inegável, contudo, que ele oferece pistas mais palpáveis com relação ao modo
como agir em situações de avaliação, por exemplo, o texto deixa claro que os aspectos
qualitativos (avaliação formativa) devem prevalecer sobre os quantitativos (avaliação somativa),
com ambos caminhando em conjunto.
Assim, a LDBEN propõe uma avaliação que propicie o bem-estar dos alunos. As provas e
exames podem ser feitos ao nal de um ciclo, porém é preciso considerar o seu processo
individual e sua participação na efetivação das aprendizagens. Ao avaliar um aluno,
quantitativamente, o professor está indo de encontro à LDBEN (LUCKESI, 2008). Nessa
vertente, avalia o aluno mediante uma classi cação de desempenho, e não o processo integral,
a partir da quantidade e não da qualidade. Essa prática denota ao professor um
descompromisso e lhe dá caráter disciplinador sobre o processo de ensino escolar. Controlar e
disciplinar resulta na formação de um aluno sem autonomia e formação política. O sistema,
nessa prática, se torna autoritário e antipedagógico. É preciso avaliar o que o aluno adquiriu
durante o processo, e não tão somente o que lhe falta adquirir (SANTOS, 2020).
Vista por autores da área como uma medida “milagrosa” para os problemas e baixos índices
educacionais brasileiros, a BNCC mascara a realidade da política nacional da educação. Os
índices encontrados nas avaliações nacionais não remetem à realidade, a nal, assim como os
números demonstram uma alta nos índices, podem mascarar essa realidade na qual a
educação é voltada para formação e perpetuação da classe burguesa (SANTOS, 2020).
Mas, caro(a) estudante, dando continuidade ao que a LDBEN nos remete sobre avaliação, na
hora de preparar o planejamento escolar estados e municípios devem seguir esse
direcionamento, assim como as escolas devem considerá-lo em suas atividades mais pontuais.
No caso especí co do Ensino Fundamental, esse trabalho dos agentes deve ser alinhado aos
objetivos do nível de ensino que, segundo a LDBEN, art. 32, são:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio
da leitura, da escrita e do cálculo;
Seja como for, deve estar claro que existem leis que norteiam a educação e constituem as
políticas públicas referentes a esse campo. Essas leis são abrangentes, inclusive no trato da
avaliação, de maneira que estados, municípios e instituições escolares, cada qual em sua esfera
de atuação, consigam agir de maneira independente, considerando sua realidade e suas
necessidades, além de sua criatividade para solucionar problemas.
Caro(a) estudante, a essa altura, você pode estar se perguntando se realmente existe a
necessidade de haver um corpo de leis para orientar a avaliação. Com certeza, sim. Como etapa
essencial do processo de ensino, a avaliação deve seguir uma orientação geral para que
cumpra sua função, que é identi car o nível de desempenho do estudante em relação aos
objetivos de aprendizagem prescritos, ou seja, veri car seu grau de aprendizagem.
Sem uma orientação geral, professores e escolas cariam à vontade para realizar a avaliação do
modo que melhor lhes conviesse, impossibilitando, entre outros desdobramentos, uma
comparação da aprendizagem dos alunos em escala maior. Nesse ponto, vale salientar o
caráter indicativo das leis. Como já observado, as leis são guias, norteadores. O modo de
execução da avaliação ca a critério dos pro ssionais da educação, de quem são demandadas
criatividade e, principalmente, re exão.
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Na hora de criar uma avalição, por exemplo, os professores precisam levar em conta, entre os
outros elementos, fatores macros, como a realidade social e econômica dos alunos, e micros,
por exemplo, o conteúdo cobrado e o instrumento utilizado (PAIXÃO, 2016). Mas, ele também
precisa ver a avaliação como uma espécie de autoavaliação – se os alunos não estão atingindo
o nível de aprendizagem esperado, será falta de interesse deles ou de ciências na prática, na
concretização do trio conhecimento, habilidade e atitude?
Todo esse cenário faz da avaliação algo complexo, que precisa ser meticulosamente analisado,
concebido, aplicado e veri cado, em um processo círculo e virtuoso.
A partir das avaliações feitas no ano de 2017 em âmbito municipal, estadual e federal, as
políticas públicas de educação passam a avaliar também a educação, com a inovação de
avaliar a alfabetização não mais no 3º ano, e sim no nal do 2º ano. Os resultados das avaliações
não devem ser usados única e exclusivamente para traduzir um certo desempenho escolar. A
sua utilização implica em servir de forma positiva na de nição de novas políticas públicas, de
projetos de implantação e modi cação de currículos, de programas de formação continuada
dos docentes e, de maneira decisiva, na de nição de elementos para a tomada de decisões que
visem a provocar um impacto, ou seja, mudanças no pensar e no agir dos integrantes do
sistema (VIANNA, 2005).
Creches e pré-escolas serão avaliadas conforme a BNCC, escolas públicas e privadas passarão
pela avaliação nas disciplinas de língua portuguesa e matemática, do 5ª ao 9º ano, a partir da
Matriz de Referência; no 9º ano do ensino fundamental, a partir da BNCC, as áreas de ciências
da natureza e ciências humanas, e, no 3º ano do ensino médio, as disciplinas de língua
portuguesa e matemática.
Para alcançar práticas avaliativas que se dediquem ao cuidado do aluno, as atitudes de acolher,
diagnosticar e decidir sobre o processo educativo, como nos ensina Luckesi (2008), julgamos
necessário encarar a avaliação como ação que proporciona sentido ao ato educacional e, para
isso, não podemos fugir da obrigação de colocá-la em primeira pauta no cenário da formação
docente. É urgente desacomodar professores e alunos dos cursos de licenciatura e ouvi-los em
seus questionamentos, dúvidas e reclamações sobre a tão conhecida, mas pouco estudada,
avaliação da aprendizagem.
REFLITA
A avaliação existe para que conheça o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda
não aprendeu, para que se providenciem os meios para que ele aprenda o
necessário para a continuidade dos estudos. Cada aluno tem o direito de aprender
e de continuar seus estudos. A avaliação é vista, então, como uma grande aliada
do aluno e do professor. Não se avalia para atribuir nota, conceito ou menção.
Avalia-se para promover a aprendizagem do aluno. Enquanto o trabalho se
desenvolve, a avaliação também é feita. Aprendizagem e avaliação andam de
mãos dadas – a avaliação sempre ajudando a aprendizagem.
Logo, a avaliação acontece de várias formas na escola. É muito conhecida a avaliação feita por
meio de provas, exercícios e atividades quase sempre escritas, como produção de textos,
relatórios, pesquisas, resolução de questões matemáticas, questionários, entre outros.
Quando a avaliação é realizada dessa forma, todos cam sabendo que ela está acontecendo:
alunos, professores e pais. Esse tipo de avaliação costuma receber nota, conceito ou menções. É
o que chamamos de avaliação formal.
Mas há outro tipo de avaliação muito frequente, principalmente na educação infantil e nos
anos iniciais do ensino fundamental: é aquela que se dá pela interação de alunos com
professores, com os demais pro ssionais que atuam na escola e até mesmo com os próprios
alunos, em todos os momentos e espaços do trabalho escolar. Trata-se da chamada avaliação
informal.
Ela é importante porque dá chances ao professor de conhecer mais amplamente cada aluno:
suas necessidades, seus interesses, suas capacidades. Quando um aluno mostra ao professor
como está realizando uma tarefa ou quando lhe pede ajuda, a interação que ocorre nesse
momento é prática avaliativa, isto é, o professor tem a oportunidade de acompanhar e
conhecer o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda não aprendeu. Quando circula pela sala
de aula, observando os alunos trabalharem, o professor também está analisando, isto é,
avaliando o trabalho de cada um. São momentos valiosos para a avaliação.
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É preciso deixar claro que a avaliação informal é muito importante e pode ser uma grande
aliada do aluno e do professor, se for empregada adequadamente, isto é, para promover a
aprendizagem do aluno. Um argumento a seu favor é que ela acontece em ambiente natural e
revela situações nem sempre previstas, o que pode ser altamente positivo se soubermos tirar
proveito dela e se não a usarmos de forma punitiva. O professor atento, interessado na
aprendizagem do seu aluno e investigador da realidade pedagógica procurará usar todas as
informações advindas da informalidade para cruzá-las com os resultados da avaliação formal e,
assim, compor sua compreensão sobre o desenvolvimento de cada aluno (VILLAS BÔAS, 2015).
Em algumas situações, o professor interage tão intensamente com a criança que passa a
avaliar também sua família. Sendo tão importante, essa avaliação exige cuidados: nem tudo o
que o professor observa sobre o aluno pode ser comentado em voz alta e divulgado para outras
pessoas.
A avaliação tem de ser feita com ética: não se podem usar suas informações
para outro objetivo que não seja o de contribuir para a aprendizagem do
aluno;
Para tanto, a avaliação formal quanto a informal são importantes, devendo ser empregadas no
momento certo e de maneira adequada. Precisamos avançar nosso entendimento sobre cada
uma delas, a forma de desenvolvê-las, assim como precisamos saber articular os resultados
obtidos por ambas. A relevância da utilização das duas está no fato de que o aluno demonstra
sua aprendizagem em forma de diversas linguagens: escrita, oral, grá ca, estética, corporal,
entre outras. A avaliação formal é insu ciente para abranger todos os estilos de aprendizagem.
A informal pode complementá-la.
Haydt (2008), na mesma linha de Bloom et al. (1983), nos apresenta alguns conceitos sobre os
tipos de avaliação, classi cando a avaliação diagnóstica como aquela que deverá ser realizada
ao início do curso, semestre, ano letivo ou unidade, contribui para identi cação prévia da
turma, para um momento de tomada de decisão e para possíveis modi cações no plano de
ensino inicial.
Desse modo, a avaliação diagnóstica visa veri car a existência ou ausência de habilidades e
conhecimentos pré-estabelecidos. Essa é uma ação que inicia o processo avaliativo e veri ca se
os alunos dominam os pré-requisitos necessários para novas aprendizagem (FREITAS; COSTA;
MIRANDA, 2014).
Ampliando este campo Bloom et al. (1983, p. 9) postula que “a avaliação é a coleta sistemática
de dados a m de veri car se de fato certas mudanças estão ocorrendo no aprendiz, bem
como veri car a quantidade ou grau de mudança ocorrido em cada aluno”. Nesse caso, a
avaliação formativa tem a função de fornecer um feedback informativo à medida que o aluno
evolui ou apresenta di culdades nas etapas de estudo dos componentes considerados
importantes na unidade de aprendizagem. A partir disso, a tarefa dos professores consiste em
especi car as formas pelas quais os alunos serão modi cados e tomar uma série de decisões
(materiais a utilizar, métodos mais adequados, atividades desenvolvidas pelo aprendiz) para
que a aprendizagem ocorra da forma desejada.
Bloom et al. (1983, p. 67) apontam que o objetivo da avaliação formativa é “determinar o grau
em que o aprendiz dominou uma determinada tarefa de aprendizagem e detectar a parcela da
tarefa que não foi dominada”, enquanto a avaliação somativa tem por objetivo avaliar de modo
geral em que grau os objetivos pré-estabelecidos foram atingidos. A frequência de aplicação e
a posição ao longo do tempo do processo ensinar-aprender são outros fatores de diferenciação
entre avaliação formativa e somativa da aprendizagem. Segundo o autor, os testes de natureza
formativa são aplicados com maior frequência e durante o processo de ensino, já os testes de
natureza somativa podem ser aplicados em vários momentos, todavia, tendem a ser aplicados
somente ao nal de um curso.
A avaliação somativa visa classi car os resultados da aprendizagem alcançados pelos alunos ao
nal do processo, tendo a função de classi car o aluno e quanti car esse processo avaliativo
(HAYDT, 2008). A avaliação somativa recebe diversas críticas por não permitir a regulação da
aprendizagem, uma vez que apenas comunica resultados.
Assim, cada um dos tipos de avaliação tem uma função especí ca que pode ser usado em
diferentes momentos do processo avaliativo. Suas funções dependem da forma de uso e dos
objetivos que se busca atingir (FREITAS; COSTA; MIRANDA, 2014).
Instrumentos de avalição
Os instrumentos apresentados neste tópico não são únicos nem excludentes, mas, pelo
contrário, constituem uma pequena amostra de instrumentos de avaliação elaborados por
pro ssionais da docência, dentro do amplo leque de instrumentos existentes para avaliar, com
o m de facilitar aos professores essa tarefa.
Para isso, utilizamos como base os autores Arredondo e Diago (2013). O objetivo fundamental
dessas poucas páginas é oferecer ao(à) futuro(a) docente uma amostra de instrumentos que
pode utilizar na avaliação de seus alunos. Mas nossa recomendação, e intenção última, é que
sirvam de modelo ou exemplo para elaborar seus próprios instrumentos, seja reelaborando ou
adaptando algum dos aqui apresentados, seja construindo outros integralmente novos.
Os Instrumentos para a Avaliação Inicial
A B C
1: Nível satisfatório; 2: Nível su ciente; 3: Nível insu ciente; 4: Nível muito baixo
Aluno: C1 C2 C3 C4 P1 P2 P3 P4 A1 A2 A3 A4
A B C
Grupo: Data:
Orientador:
Sobrenome Nome
Sobrenome Nome
Repetentes
Sobrenome Nome
Outras Propostas
A B C
A B C
Nome completo________________________________________________________
Escola ________________________________ Curso__________________________
Data ______________________________________________Idade ______________
A. Intrínseca
________ Gosta do trabalho escolar
________ Com frequência os temas lhe parecem interessantes
________ No tempo livre, voluntariamente, faz trabalhos escolares
B. Medo do fracasso
________ Preocupa-se com sua capacidade para o trabalho escolar
________ Fica bloqueado nos exames
________ Manifesta ansiedade diante de algo que deve fazer
C. Necessidade de rendimento
________ Gosta da competição no trabalho escolar
________ Fica muito incomodado com os resultados inferiores aos esperados
________ Dá muita importância à obtenção de melhores notas que os outros
1. Trabalho em grupo
Envolvimento no trabalho em grupo (assinalar uma):
________ Rejeita o trabalho em grupo
________ Manifesta uma inatividade total
________ Observa sem participar
________ Realiza somente o trabalho pedido
________ Toma iniciativas e faz sugestões
5. Hábitos de trabalho (anotar o número de itens assinalados):
Métodos Organização
_________________________________ __________________________________
_________________________________ __________________________________
_________________________________ __________________________________
_________________________________ ___________________________________
_________________________________ ___________________________________
_________________________________ ___________________________________
A B C
Avaliador ___________________________
errôneos
inconsistentes
escassos
conceitos A
B
su cientes
errôneos
inconsistentes
escassos
Procedimentos A
B
su cientes
positivo
para com a matéria
Atitudinais negativo
positivo
negativo
positivo
negativo
positivo
negativo
positivo
negativo
Conceituais Critérios
Procedimentais
Atitudinais
Prioritários
Complementares
Técnicas utilizadas
Observações do orientador
Interpretação dos termos utilizados
Interesse/
Motivação Prazer por aprender. Inclinação favorável a aprender.
Aproveitamento Resultado obtido pelo aluno por meio do planejamento e da aplicação de recursos,
em sala de aula estratégias, métodos, técnicas que possibilitem a assimilação.
Rendimento Resultado obtido pelo aluno por meio da utilização dos instrumentos de aprendizagem
acadêmico durante os períodos de aula e seu trabalho pessoal em casa.
A B C
Aluno: Curso:
Apreciação global do nível de consecução das capacidades enunciadas nos objetivos gerais da etapa
Optativa:
Optativa:
Orientação
Aplicadas:
Propostas:
_________ de _______________________ de ________________________
O orientador
A B C
Período compreendido
De: Até:
Optativa:
Optativa:
Orientação
Optativa:
Orientação
Aplicadas:
Propostas:
O orientador
A B C
Atividades
Conceitos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
Avaliação
Atividades
Procedimentos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Observar Observar
Prestar atenção
Identi car
Organizar
Compor
Selecionar
Classi car
Diferenciar
Relacionar
Comparar Comparar
Manipular
Descrever
Interpretar
Argumentar
Recuperar Recordar
Avaliação
Atividades
Atitudes
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Invenção
Organização
Hábitos Ordenação
Constância
Higiene
Sensibilidade
Autonomia
Atitudes Colaboração
Flexibilidade
Crítica
Solidariedade
Valores
Pluralidade estética
Avaliação
A B C
Ficha de acompanhamento de
O 1 Pr
aprendizagem
Matéria _______________________________________________________________
Avaliação
Aspecto Observações Medidas complementares
1 2 3 4 5
A B C
Procedimentos
Nome
Nº Conceitos
completo Busca de Consulta
Autocorreção Argumentação Expressão Estruturação
informação a fontes
Área ou matéria Professor
Atitudes
Nome
Nº Conceitos
completo Atitude Organização e
Colaboração Autocorreção Global
geral limpeza
A B C
Grupo: Orientador:
Atitudes e hábitos
Relação social
Autonomia pessoal
Mantém a atenção
Tem iniciativa
Em relação ao entorno
Comunicação oral
Gosta de se comunicar.
Comunicação escrita
Números e operações
Utiliza a calculadora.
Operações
Frações
Decimais
Porcentagens
Solução de problemas
As pessoas e a saúde
Filme
Avaliações
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Sumário
Introdução
Considerações Finais
Introdução
Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade IV da disciplina Currículo e Avaliação
da Aprendizagem.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer as avaliações externas que ocorrem na educação básica e ensino
superior.
2. Analisar as práticas avaliativas e os instrumentos de avaliação.
Avaliações externas: Prova Brasil,
Saeb, Enem e o Enade
O sistema de avaliação nacional da educação básica engloba provas padronizadas
aplicadas em todo território nacional, sendo: Provinha Brasil, Prova Brasil, SAEB, ENEM
e Encceja. Já a avaliação do ensino superior é realizada mediante o ENADE.
Logo, a avaliação externa realizada por agente externo à escola, geralmente aplicada
em larga escala, é uma ferramenta que fornece elementos para a formulação e o
monitoramento de políticas públicas, bem como o redirecionamento de práticas
pedagógicas.
A partir de 2019, o Saeb passou a contemplar a Educação Infantil, além dos Ensinos
Fundamental e Médio, que já eram avaliados. Sendo assim, os alunos que devem
participar do Saeb 2019 são das turmas de: creche e pré-escola da Educação Infantil;
5º e 9º anos do Ensino Fundamental; e 3ª série do Ensino Médio. Os estudantes do 2º
ano do Ensino Fundamental só serão avaliados a partir de 2021.
Não. A Prova Brasil consiste em uma das avaliações que fazem parte do
Saeb - a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) -, mas não
ao sistema como um todo. Ainda assim, a partir de 2019 a Prova Brasil
passa a assumir a mesma nomenclatura do Saeb, com a indicação da
etapa correspondente.
Além dessas avaliações, foi incorporado pelo Inep, em 1998, o Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem), com o intuito de avaliar a Educação Básica, que apesar de não
estar ligado diretamente à avaliação da educação superior, tem grande impacto
nesse nível de ensino por ser usado como nota de entrada para um grande número
de IES, substituindo completamente, em muitos casos, o Vestibular (BRASIL, 2016b).
Além das universidades brasileiras, a partir de 2014 o Enem também passou a ser
aceito como forma de entrada em universidades de Portugal, a primeira a aceitar a
nota do exame como forma de inscrição foi a Universidades de Coimbra, e hoje já são
mais várias universidades portuguesas que assinaram o acordo com o Inep,
responsável pela aplicação do exame.
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Cabe ao professor usar a prova com criatividade, por exemplo: após sua realização
pelos alunos e a análise feita por ele, as provas são devolvidas para que, por meio de
orientação e de novos estudos, sejam revistas as respostas que demonstram essa
necessidade. O que importa não é a nota, mas sim a aprendizagem. Esse é um meio
de praticar o que é chamado inadequadamente de “recuperação” (VILLAS BOAS,
2008).
Observação
A observação é um instrumento de avaliação utilizado na escola com m informal.
Nem sempre é reconhecida pelo professor e outros envolvidos como parte do
processo avaliativo ou como instrumento que traduz resultados signi cativos.
Utilizada dessa forma, os dados colhidos que poderiam tornar-se valiosas informações
para a condução do processo de ensino e aprendizagem, são desprezados na tomada
de decisão.
A estrutura do relatório, tanto com relação à forma quanto ao conteúdo, pode ser pré-
de nida pelo professor ou de nida em conjunto com os alunos, em conformidade da
atividade desenvolvidos, com os objetivos e conteúdo trabalhado.
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Portfólio
O portfólio é um instrumento de avaliação constituído pela “organização de uma
coletânea de registros sobre aprendizagens do aluno que favoreçam ao professor, aos
próprios alunos e às famílias uma visão evolutiva do processo” (HOFFMANN, 2002, p.
201). Deve ser organizado pelo aluno, sob orientação do professor. Porém, uma
simples coletânea não constitui um portfólio. É preciso que contribua para entender o
processo de aprendizagem do aluno e indicar ao professor que caminho seguir. São
as intenções de quem o organiza que o torna signi cativo.
Para se organizar um portfólio é preciso ter clareza dos propósitos que se pretende
com esse instrumento. É necessária uma organização de atividades que proporcione
a percepção do desenvolvimento, da aprendizagem do aluno e o progresso na
construção do conhecimento. “Precisa constituir-se em um conjunto de dados que
expresse avanços, mudanças conceituais, novos jeitos de pensar e fazer, alusivos à
progressão do estudante” (HOFFMANN, 2002, p. 202).
Conselho de Classe
O conselho de classe constituiu um instrumento de avaliação do aluno, usado às
vezes com propósito de aprovação ou reprovação do aluno. É relido por meio de
reuniões periódicas dos professores de uma mesma série, diretor, supervisor,
coordenador, orientador, representante de pais ou alunos, com o m de analisar e
conhecer mais a turma e o aluno individualmente.
Nesse sentido, precisa ter bem claro e de nido o objetivo de cada conselho. Pode ser
realizado no início do ano letivo para se fazer o diagnóstico da turma, ao nal de um
período (um bimestre, por exemplo) para propor ações intervenções que resultem em
melhorias ou ao nal do ano letivo, com o m de análise para possível promoção do
aluno.
Mapa Conceitual
O mapa conceitual pode ser utilizado como recurso de ensino ou como instrumento
de avaliação. Quando inserido como parte do processo avaliativo, é necessário que os
alunos sejam informados e sejam orientados quanto à construção da atividade, visto
que essa possui características especí cas.
Logo, o mapa conceitual “é uma técnica de análise que pode ser usada para ilustrar a
estrutura conceitual de uma fonte de conhecimentos” (MOREIRA; BUCHWEITZ, 1987,
p. 9), ainda o mapa conceitual possibilita:
1) enfatizar a estrutura de uma disciplina e o papel dos sistemas
conceituais no seu desenvolvimento;
Deste modo, seu uso, tanto como recurso para melhoria do ensino, quanto como
instrumento de avaliação, contribui como processo de ensino e aprendizagem.
Especi camente, como instrumento de avaliação, possibilita perceber o tipo de
estrutura que o aluno apresenta sobre um determinado conjunto de conceitos.
Evidencia ainda, como o aluno “organiza, relaciona, diferencia e integra conceitos de
uma determinada unidade de estudo” (MOREIRA; BUCHWEITZ, 1987, p. 45). Assim,
como todo instrumento de avaliação, o mapa conceitual exige cuidados na
elaboração, aplicação e avaliação dos resultados.
Filme
Conclusão
Até breve!