O Malhete 165 Janeiro 2023

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O Malhete

Informativo Maçônico, Político e Cultural


Linhares - ES, Janeiro de 2023 - Ano XV - Nº 165 - E-mail: omalhete@gmail.com
Editorial
Prezados Leitores,
Começamos o novo ano com muito otimismo e esperança, e já temos uma edição repleta de
conteúdo interessante e reflexivo para compartilhar com todos vocês.
A matéria de autoria do Sereníssimo Grão-Mestre Valdir Massucatti, "Reflexão é a Vida da
Alma!", convida-nos a olharmos para dentro de nós mesmos e a buscar sempre o autoconheci-
mento e a autoevolução. É através da reflexão que podemos compreender melhor nossas pró-
prias motivações e ações, e assim, tornarmo-nos pessoas melhores.
Outra matéria de destaque é "O Ensombrecer da Maçonaria Universal Contemporânea".
Neste artigo do Irmão Dário Angelo Baggieri, abordamos os desafios enfrentados pela Maço-
naria atualmente e como podemos nos adaptar e evoluir diante desses obstáculos.
Também temos a primeira parte da série "Uma Provável Relação dos Artífices Dionisíacos
com a Construção do Templo de Salomão", que promete ser um material muito interessante
para aqueles que buscam conhecer mais sobre a história da Maçonaria.
Continuando nossa jornada de aprendizado, a matéria "Budismo, Maçonaria, e Iluminis-
mo" explora a relação entre essas três filosofias e como elas podem se complementar e enri-
quecer mutuamente.
Este mês também marca o início da Campanha Janeiro Branco, que tem como objetivo sen-
sibilizar a sociedade sobre a importância da saúde mental.
Temos ainda um artigo sobre o "Câncer de Próstata: Um Alerta", que nos lembra da impor-
tância de cuidarmos da nossa saúde física também.
Por fim, a matéria "Paideia: Mito ou Realidade?" nos convida a refletir sobre a ideia de
formação integral e como podemos buscar a excelência em todos os aspectos de nossas vidas.
Esperamos que vocês desfrutem desta edição e que ela os inspire a seguir em frente em sua
jornada maçônica.

Com os melhores votos de um Feliz Ano Novo,

Luiz Sérgio Castro


Editor

Expediente
Colaboraram nesta edição:
REFLEXÃO É A VIDA DA ALMA! gunta. Se pretende encarar e vencer os desafios
que a vida nos proporciona, vai precisar olhar para
Queridos Irmãos!!! dentro de si, descobrir seus desejos, medos, inte-
Iniciamos mais uma Jornada. Mais um ano resses e seus limites.
começa e tudo se renova. O médico indiano Deepak Chopra, tem uma
Sempre no final de um ano e início de outro frase que me agrada muito: “Quando você desco-
comemoramos, nos confraternizamos, agradece- bre sua natureza essencial, quando sabe real-
mos e celebramos as conquistas. Mas especial- mente quem é, encontra toda a sua potencialida-
mente é tempo de refletir. de”.
A reflexão é a vida da Alma. Muitas pessoas passam a vida “malhando em
Além de agradecer pelo ano que se encerra e ferro frio”, porque simplesmente não se conhe-
comemorarmos, precisamos tirar um tempo para cem. Não sabem o que querem. Não sabem aonde
pensar, questionar, rever o caminho percorrido, os estão e para onde querem ir. Ficam vagando de um
acertos, os erros, onde podemos melhorar, nos lado para outro. E o tempo vai passando. Ele não
conhecermos melhor, saber dos nossos limites, para esperando sua decisão. O tempo é inexorável.
medos, bem como das nossas qualidades. Vamos aproveitar esse momento do corte (final
Muitas vezes as pessoas, pela correria diária e de um e começo de outro ano) para fazer essa refle-
também por esquecimento, não param para refletir xão.
sobre sua vida, suas ações, enfim, sobre si mesma. Vamos rever o caminho percorrido em 2022,
É fundamental essa parada periodicamente, nos seus diversos aspectos da vida: Familiar, pro-
para fazer esse “exercício” para o corpo e especi- fissional, pessoal, social, nas dimensões, mental
almente para a Alma. (intelectual e emocional), física e espiritual.
Quem eu sou? Não se canse de fazer essa per- Fazendo esse “exercício”, pense e planeje seu ano
de 2023: Seus objetivos, metas e sonhos.
Mas temos e devemos ter atitudes, ações; exe-
cutar, trabalhar, afinal, 5% do sucesso é talento, o
restante, ou seja, 95% é suor. Citando Og Mandi-
no, trago uma frase que é fundamental para reali-
zar nossas metas: “A ação é o alimento e a bebida
que nutrirá o meu êxito.”
Nossos instrumentos de trabalho, simbolica-
mente nos ensinam:
A RÉGUA, a medir e delinear o trabalho, nos
ensina a apreciar as 24 horas do dia, aplicando com
critério na meditação, no trabalho e no descanso ser uma pessoa melhor, de cultivar a praticar o
físico e espiritual. bem. Somos chamados a amassar o cimento místi-
O MAÇO nos ensina quem sem a força e deter- co na construção de uma sociedade melhor, e sub-
minação nenhuma obra poderá ser acabada. Nos metidos a provas que colocam diante de nós o res-
ensina que o trabalho é uma obrigação do homem. surgimento espiritual, ou melhor, a transformação
Será inútil se o coração conceber; o cérebro proje- moral e precisamos passar. Ficamos encerrados no
tar, mas se a mão não estiver pronta para executar o compartimento único, sozinhos, entregues a nós
trabalho. mesmos, para que pudéssemos meditar e refletir,
O CINZEL. Por ele aprendemos que a educa- pois a reflexão é a vida da alma, e sem ela, o
ção e perseverança são necessárias para ser buscar homem seria uma animal entregue aos mais gros-
a perfeição. Por seu incansável emprego se adqui- seiros instintos.
re o hábito da virtude, a iluminação da inteligência Precisamos dentro de cada um de nós saber que:
e a purificação da alma. MATERIALMENTE, devemos ser ÚTEIS, aju-
Ou seja: O Conhecimento baseado na exatidão, dar efetivamente na construção do edifício social,
ajudado pelo trabalho e efetivado pela perseveran- trabalhar para uma humanidade mais justa, mais
ça, vencerá todas as dificuldades, extinguindo as feliz. MORALMENTE devemos ser
trevas da ignorância e espargindo a felicidade no EXEMPLO e ESPIRITUALMENTE ser LUZ.
caminho da vida. Tenho certeza que se você meu Irmão, tiver dis-
Se volvermos o passado e compararmos ao pre- posição para esse “trabalho”, e ao final de 2023,
sente, veremos que alguma coisa de eternamente novamente parar e rever o caminho percorrido, se
belo e admirável existe no homem. Nós temos que sentirá melhor e poderá mensurar e avaliar com
ver o homem não como um ser degenerado, preso mais precisão seu trajeto para 2024.
à terra pelo egoísmo de seus sentimentos, rastejan- Que o Grande Arquiteto do Universo possa con-
do nos círculos dos preconceitos e seguindo aos tinuar iluminando a todos nós, como fez neste ano
velhos erros hereditários, mas sim, como um ser de 2022, nos dando muita saúde e paz para nossa
superior aos demais, consciente de seus deveres e Jornada em 2023.
de seus direitos, para chegar ao apogeu a que é des- Aproveito para desejar a todos um ANO NOVO
tinado. de muita Paz, cercado de seus familiares, Irmãos e
O mal existe por toda parte, com atrações tenta- amigos e seja repleto de projetos e de realizações
doras, mas, por toda parte, está igualmente o bem. de metas e sonhos, sempre com a presença do Gran-
O mal não é um princípio desconhecido, nem uma de Arquiteto do Universo.
causa sem origem; é o lado fraco de nossa nature- FELIZ 2023!!!
za. Não é justo que sacrifiquemos nossa dignidade
e nossa força moral aos apetites da vida material. Saudações Fraternais!!!! TFA!!!!
Não precisamos falar sobre o bem, precisamos
PRATICAR o bem. Valdir Massucatti
Por isso que somos recebidos e maneira dife- Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do
rente na Maçonaria, nós renascemos na busca de Estado do Espírito Santo
NOTÍCIAS MAÇÔNICAS

EX-GRÃO-MESTRE DE GOIÁS LANÇA LIVRO DE MEMÓRIAS


O ex-Grão-Mestre da Grande Loja creve o pronunciamento da aber-
Maçônica de Goiás, Ruy Rocha de tura oficial da XXVIII Assem-
Macedo, um dos mais laureados do bleia Geral da Conferência da
Brasil, fez o lançamento do livro Maçonaria Simbólica do Brasil -
“Fraternidade em Memórias”, em CMSB, realizada em julho de
concorrido evento realizado no dia 1999, na Capital Goiânia, profe-
8 do mês corrente, na Loja “Paz rido pelo Past-Grão-Mestre Ernâ-
Universal nº 17”, da cidade de Goiâ- ni Napoleão Lima, em nome de
nia. todos os Grão-Mestres das Gran-
Dentre as memórias eleitas na des Loja brasileiras, ao qual
obra, o autor cita, enaltece e trans- denominou de Discurso-Poema.

GRÃO-MESTRE PARTICIPA DA GRAND LODGE ANNUAL


COMMUNICATION DA GRANDE LOJA NACIONAL FRANCESA
Representando a Grande Loja Maçônica
do Estado do Espírito Santo, o Sereníssimo
Grão-Mestre Valdir Massucatti participou,
da Grand Lodge Annual Communication
da Grande Loja Nacional Francesa, que
marca o encerramento do ano maçônico da
Potência, acompanhado do Grande Secre-
tário de Relações Exteriores da GLMEES,
Jorge Henrique Valle dos Santos.
Irmãos de 63 delegações estrangeiras,
incluindo Estados Unidos, Canadá, Brasil,
Paraguai, Índia, Moçambique, África do
Sul e países da Europa como Inglaterra, Ale-
manha, Escócia, Armênia, Bélgica, Mace-
dônia, Portugal, Romênia, Turquia e Ucrâ-
nia, entre outros, participam do evento.
Durante as celebrações, o Sereníssimo
Valdir Massucatti entregou um mimo ao
Grão-Mestre da Grande Loja Nacional
Francesa, Jean-Pierre Rollet, reforçando os
lados de amizade entre as Potências.
Também foram realizados muitos conta-
tos visando à celebração de novos tratados de reconhecimento para a GLMEES.
NOTÍCIAS MAÇÔNICAS
FRAFEM E A ARLS ALPHA E MEGA, Nº 3502
REALIZARAM A CAMPANHA NATAL DO BEM
FRAFEM Alpha e Ômega e os Obreiros da Loja
estiveram no Supermercado ABC da Av. Getú-
lio Vargas, no bairro Jardim das Palmeiras, para
receber as doações.
Neste ano, foram arrecadados 647 Kg de ali-
mentos, sendo que 37 cestas básicas foram mon-
tadas com a certeza de que irão aliviar as difi-
culdades dessas famílias que se encontram em
situação de adversidades.
Que o Grande Arquiteto do Universo aben-
çoe os gestores responsáveis pelo Supermerca-
do ABC, as pessoas de bom coração que cola-
boraram com as doações, os trabalhadores que
Nos dias 10 e 11 de dezembro, a ARLS Alpha realizaram essa tarefa de amor e todos os
e Ômega, nº 3402, do Oriente de Uberlândia, Irmãozinhos e Irmãzinhas que serão beneficia-
realizou pelo quarto ano consecutivo a Campa- das com esses alimentos. Que todos recebam as
nha Natal do Bem. bênçãos do Cósmico, tornando o Natal de
Com o objetivo de arrecadar alimentos não Nosso Mestre Jesus um momento de Amor e
perecíveis para montar cestas básicas, a Paz!!!

5º ENCONTRO ESTADUAL DAS FRAFEMS DO GOBSP


Na tarde de 03 de Dezembro de
2022 no Hotel Leques Brasil foi reali-
zado o 5º Encontro Estadual das
FRAFEMs do GOBSP, foram aborda-
das várias matérias e palestras cujo
tema foi a Inclusão.
A primeira palestra ministrada foi,
Todo Grão de Areia Importa, ministra-
da por Laura Magrini, onde demons-
trou de maneira contundente os ODS
da ONU, quais deles as FRAFEMs do escutar e sentir.
vem trabalhando e seus respectivos resultados, Foi abordado o papel da Mulher na Maçona-
fruto do empenho das Fraternas. ria, com a matéria: Mulheres na Maçonaria
A segunda Palestra foi com o tema Inclusão, com as Paramaçônicas.
por Soraia Alvarenga que demonstrou como Foram divulgados vídeos da APJ, FDJ, Meni-
superou a deficiência física e chegou a ser cam- nas do Arco-íris, Filhas do Nilo e OEO.
peã de tênis de mesa adaptado a cadeirante. Foi uma manhã gloriosa e muito Fraterna,
A última palestra foi a de Rosa Berenice onde as Fraternas tiveram a oportunidade de
Lima, com o tema Escutar Sentimentos, encan- interagir com todas no Estado de SP.
tando a audiência ao demonstrar a importância
NOTÍCIAS MAÇÔNICAS

3ª EDIÇÃO DO NATAL SOLIDÁRIO DO GOB-SC


No dia 16 de dezembro, obreiros, fraternas,
cunhadas, sobrinhos, sobrinhas e convidados
participaram na Sede Administrativa do GOB-
SC, em Florianópolis, da solenidade de encer-
ramento da 3ª edição da Campanha Natal Soli-
dário.
Esta campanha foi idealizada e operacionaliza-
do pela Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul
do GOB-SC e ultrapassou todas as expectati-
vas, inclusive superando o quantitativo de brin-
quedos arrecadados nas edições anteriores. Em
2020 a campanha arrecadou 1.225 brinquedos,
em 2021 foram arrecadados 1.650 brinquedos.
Neste ano a Campanha Natal Solidário atingiu
a expressiva marca de 1.858 brinquedos novos,
disponibilizados para 18 entidades que aten-
dem crianças de 0 a 12 anos de idade, em situa-
ção de vulnerabilidade.
Cabe salientar, que o êxito da campanha se tor-
nou realidade em virtude da colaboração efeti-
va das Lojas Maçônicas, das Fraternidades
Femininas, bem como de Obreiros, Fraternas e
empresários desvinculados da Ordem, que rea-
lizaram doações de brinquedos e também de
expressivos valores financeiros. caminhando entre as pilhas de brinquedos, lem-
Contamos com a participação especial da brou da importância de estender a mão aos
Banda da Polícia Militar de Santa Catarina, o menos favorecidos.
Piano Catarinense, sob a regência do maestro O sucesso da Campanha vem de encontro ao
Evandro Espíndola e da cantora Nicole Keller, papel importante que o GOB-SC desenvolve,
que abrilhantaram sobremaneira o evento, apre- buscando concretizar um dos valores mais
sentando as tradicionais cantigas de Natal e importantes da nossa fraternidade, que é auxili-
músicas clássicas, encantando e contagiando os ar o próximo e contribuir na construção de uma
presentes. sociedade justa e igualitária.
Também houve a chegada do Papai Noel, que
NOTÍCIAS MAÇÔNICAS
CEIA DE NATAL PARA INTERNOS DO INAMEX
dia muito especial.
A Atlântida faz doações regulares de roupas,
alimentos, material de higiene pessoal, fraldas,
colchões, cobertores, roupas de cama e mantém
a campanha de doação de leite implantada em
2018. Este trabalho tem sido bancado pelos
Irmãos e cunhadas da Loja, sem fazer uso do
Tronco de Solidariedade.
Em dezembro de 2017, 2018, 2019 e 2021 a
Loja proporcionou uma ceia de Natal com dis-
tribuição de presentes, com o intuito de dar um
pouco de carinho, alegria e conforto natalino
para compensar, por breves instantes, a falta da
convivência com suas famílias. A repercussão
foi muito positiva para todos. Em 2020 não foi
possível realizar o evento devido à pandemia.
Agora, em 2022, a Atlântida repetiu a ação,
A Loja Atlântida Nº 15 realizou no dia 16 de mais uma vez, inclusive com auxílio financeiro
dezembro, uma bonita ação de Natal para os da Grande Loja.
internos do INAMEX - Instituto de Amparo ao O INAMEX foi fundado em 10 de janeiro de
Excepcional, em Porto Alegre. Irmãos e cunha- 1973. Presta assistência integral para pessoas
das realizaram uma bela ceia, com comidas e com deficiência mental/intelectual e física,
bebidas, entregaram doações, presentes e pro- sendo crianças, adolescentes e adultos com ida-
moveram a visita do Papai Noel, levando ale- des que variam de 9 a 68 anos.
gria, amor e carinho aos 80 abrigados. Foi um

GLP FIRMA PARCERIA COM UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL


A Grande Loja do Paraná (GLP) vai auxiliar
na difusão dos ideais do Movimento Escotis-
ta e incentivar que Lojas Maçônicas da juris-
dição apoiem a criação de Grupos Escotei-
ros. Estes são alguns dos detalhes do termo
de parceria entre a GLP e a União dos Esco-
teiros do Brasil (UEB), assinado pelo Sere-
níssimo Grão-Mestre, Irmão Marco Antônio
Corrêa de Sá, pelo diretor-presidente UEB,
Ivan Alves do Nascimento, e pelo diretor-
presidente da UEB-PR, Rosano Ouriques.
“Os Escoteiros prestam um grande servi- dade e o testemunho à sociedade. Que esta
ço em favor do gênero humano e, sem som- parceria dê muitos frutos às instituições, mas
bra de dúvidas, a Maçonaria pode auxiliar na sobre tudo para nossas crianças, adolescen-
difusão de seus valores junto à nossa Irman- tes e jovens”, disse o Grão-Mestre.
O ENSOMBRECER DA MAÇONARIA
UNIVERSAL CONTEMPORÂNEA
são aquisições da vida individual, enquanto
aqueles do inconsciente coletivo são arquétipos
.Por Dário Angelo Baggieri que têm uma existência permanente e a priori”.
Assim, a sombra é um “problema moral”. Ela
Amados irmãos, em uma palestra proferida coloca em jogo a globalidade da personalidade
sobre evasão Maçônica e suas consequências do Eu. Ninguém pode perceber a Sombra sem
na Maçonaria Universal e seus efeitos sobre a um emprego considerável de firmeza moral”.
Maçonaria Brasileira, foram colocados para Para o maçom, evoluir ao trabalhar com as
análise, estatísticas deveras nebulosas sobre o ferramentas simbólicas, ao passar progressiva-
futuro da Ordem no mundo e no Brasil. Em mente do esquadro ao compasso, sem esquecer
nosso País, ainda são registrados aumento do a régua, o prumo, o nível e às vezes até mesmo o
número de obreiros em comparação com todos machado que fende e amaça que estimula ou
os demais países, onde esse número vem paula- esmaga, sempre significa conciliar-se consigo
tinamente, decrescendo. Enveredando pela aná- mesmo, reunir-se, decantar sua pessoa verda-
lise da parapsicologia e de estudos da persona- deira para melhor engajar sua eclosão, de acor-
lidade humana e suas correlações com as muta- do com um método de progressão particular.
ções da temporalidade, vemos que Jung procla- Trata-se de se revelar para melhor se identifi-
ma que: "Os conteúdos do inconsciente pessoal car com medida e discernimento. O Maçom
deve trabalhar sobre si mesmo para estar na
medida de se incorporar ao edifício comum.
Consequentemente, como na análise, face a
face, ratifica que a sombra está próxima do
mundo dos instintos, levá-la em consideração
contínua é indispensável.
Freud, em sua análise Psicanalítica sobre a
personalidade humana nos permite ratificar que
o "INDIVÍDUO MAÇOM", deveria simulta-
neamente escolher subjugar OS SEUS Egos e
encontrar O NOSSO “Eu”. Assim deveria ser,
mas temos encontrado muitas ditas Estrelas
binárias, os famosos donos de lojas, que neces-
sitam ser dominantes, e nessa dominância é
onde encontramos os traços de uma pessoa –
arrogância ou humildade, graciosidade ou gros-
seria. No equilíbrio entre as estrelas, encontra-
mos a natureza dos gases que elas emitem. É
difícil ser útil para aos seus companheiros
maçons e ao mesmo tempo ser imodesto e arro- existe um lugar onde um maçom não possa se
gante. Há pouco espaço para os outros quando encontrar ou que esteja impossibilitado de agir,
você enche a sala com o seu Ego. Talvez seja sempre pautando seus atos e atitudes dentro de
também por isso que devemos aprender a ver- parâmetros Éticos, Morais e Alvissareiros, na
dadeiramente subjugar as nossas paixões – as prática desinteressada de suas virtudes cardea-
paixões do Ego – e desenvolver as paixões do is.
Eu – a conexão com o divino. Uma estrela deve Assim, ao ter a Maçonaria criado as bases
escurecer para que a outra brilhe. para o diálogo e para o debate de ideias nas suas
A Maçonaria Universal proclama aos seus lojas e posteriormente implementando e trans-
iniciados que tenham um compromisso de ética ferido estas competências também para a Soci-
e de respeito na observância dos valores morais edade Civil Organizada, fizeram com que as
existentes, assim este compromisso estará lojas maçônicas fossem consideradas como
acima de qualquer tipo de política ou agremia- centros formadores de opinião e de lideranças e
ção. Por isso que nos é possível afirmar neste que no espaço público, fomentassem a busca do
contexto que o maçom faz, a Ordem apenas progresso de forma contínua e incessante e com
observa. consequência, de tornar feliz a humanidade.
O próprio cosmopolitismo que é inerente à As Lojas se tornaram um local de aplicação
maçonaria, permite tais fatos. das vontades profanas e de fomentar, na socie-
A Maçonaria ao deter um caráter universalis- dade, a idéia que a tolerância deve ser aplicada
ta e progressista, que ultrapassa qualquer fron- de forma salutar na discussão de projetos que
teira e por se regular por valores de igualdade, visam o bem comum e que contribuiriam para a
fraternidade e de solidariedade entre os seus obtenção de consensos, sem que se tivesse de
membros, propiciou que as ações dos seus afili- passar por um qualquer conflito para chegar a
ados no mundo profano sejam um reflexo dos tal.
seus próprios valores. O Irmão William Almeida de Carvalho, em
E como os valores maçônicos são transversa- sua célebre manifestação sobre o tema, nos brin-
is e inerentes à sociedade e ao mundo em si, não dou com uma visão balizada e que nos retrata de
não recebe porque a geração pós-1975 está
mais perdida do que tudo. Vai mantendo o barco
navegando, cada vez mais, na decadência. Suas
pesquisas apontam alguns cenários sobre a
Maçonaria se transformar numa espécie de Igre-
ja Positivista, que teve um auge no Brasil no
início do século XX e hoje vive das glórias do
passado.
Na Maçonaria Especulativa, o Caminho Per-
feito foi abandonado, a benevolência e a corre-
ção entraram em moda e a hipocrisia foi sendo
instituída pelas vaidades pessoais em todos os
patamares da hierarquia Maçônica, onde não
mais prevalece a harmonia nas relações entre os
maneira racional e concatenada todo esse con- irmãos e logo surgem as desavenças, as divi-
texto. Afirma que com o esgotamento da pauta sões sectárias. Todos os dias vemos o surgimen-
Iluminista, principalmente nos países desen- to de novas Potências. Vemos que amor frater-
volvidos do Atlântico Norte, a Maçonaria não nal se torna uma pseudo-virtude. Os Estados
soube desenvolver uma pauta pós-Iluminista. sofrem então com a corrupção e a desordem, e
As razões da decadência nos países de língua começam a aparecer, em grande quantidade,
inglesa são extremamente ingênuas. com envolvimento de muitos, ditos irmãos, nes-
As explicações francesas são filosoficamen- ses tenebrosos caminhos do vício que enodoam
te mais sofisticadas, mas ainda deixam a dese- aquele que deveria ser limpo e puro, de coração
jar. sensível ao bem e praticantes dos princípios
O Brasil e América Latina ainda estão num morais e dos bons costumes.
nível de consciência em que somente 5% dos A doutrina nos ensina que em qualquer caso
Grão-Mestres, os que têm certa consciência do que vivenciamos , devemos porém nos equili-
problema, discutem, no máximo, as evasões. brar com os polos energéticos do universo (ma-
Ainda não chegaram à pauta pós-Iluminista, crocosmo) e nosso pessoal , o do homem (mi-
que é o cerne do problema. crocosmo), buscando a medida exata entre o
A decadência do Atlântico Norte ainda não positivo e o negativo, entre a luz e as trevas, a
chegou aos trópicos. Ainda estamos crescendo relatividade (dispersão) e a gravidade (conjun-
(parece até aqueles grandes cantores que tive- ção), o bem e o mal, enfim, entre as forças anta-
ram um auge e hoje estão reduzidos, por terem gónicas e complementares que existem em
perdido a liderança nos grandes centros, reali- todos os sistemas e cujas atuações, devem nos
zando algumas performances no interior de manter em constante equilíbrio, como nos ensi-
Minas e no Nordeste), mas as perspectivas são na diuturnamente o Pavimento do Mosaico,
aterrorizadoras. com a sua dualidade que representa o bem e o
A pesquisa CMI- do Irmão Kennyo, demons- mal, A Luz e as trevas, a verdade e a mentira, a
tra que no Brasil, existe uma geração analógica, Paz e a discórdia, enfim retrata o ser humano
nascida até 1975, que está no poder, é mais auto- imperfeito, que deve procurar ser melhor a cada
ritária e menos letrada, etc., que está em perma- dia.
nente guerra surda com a geração pós-1975, Assunto extremamente intrigante e estimu-
que é mais digital, mais preparada universitari- lante e que poderíamos ficar por laudas e laudas
amente, menos autoritária e mais aberta a divagando sobre o mesmo.
absorver uma pauta pós-Iluminista, mas que Discussão e debate são a maneira como nos
educamos e crescemos. A transformação indi- incorrigível e acredito na Maçonaria Universal
vidual e coletiva requer planificação, atitudes, e sei que ela sempre será como a Fênix e sem-
tomada de posição e execução do que foi pla- pre ressurgirá das cinzas, do fogo e será sem-
nejado. pre o Ar que respiramos e a Água que circulará
Para aqueles que deixam de lado desejos e em nosso Corpo, mantendo a nossa vida em
vontades preconcebidos, a Maçonaria é trans- essência e em espirito, nesse Orbe Terrestre(
formadora de muitas maneiras. Ela discute terra).
essas questões de vida e morte. Deixa o aspi- Quem viver, verá!!!
rante refletir sobre símbolos e seus significa-
dos e, sim, talvez chegar a insights pessoais
sobre alma, espírito e energia. Bibliografia
A Maçonaria oferece-nos a oportunidade de 1) Evasão Maçônica RJ Aildo Virginio
nos convertermos de uma natureza limitada Carolino
humana polarizada, para uma natureza espiri- 2) Maconaria Brasileira e Historia Oculta-
tual ilimitada e equilibrada. Precisamos apren- da- Ir Kennyo Ismail
der a lidar com todos os aspectos do nosso tem- 3)GLMDF- Evasão Maçônica 2017
peramento, a fim de entender todas as caracte- 4)Ascensão e Queda da Maçonaria no
rísticas desta vida, material, emocional, men- Mundo Ir William Almeida de Carvalho
tal e espiritual. É este último reino espiritual,
que tropeçam muitos dos irmãos que não Autor:
incorporaram a verdadeira luz que receberam Irmão Dario Angelo Baggieri M.'. I.'.
no dia de suas iniciações e serão sempre Profa- CIM 157465
nos de Aventais. Cadeira N1 da AMLES - Patrono Alferes
Mas como sempre digo, sou um Sonhador Tiradentes
UMA PROVÁVEL RELAÇÃO DOS ARTÍFICES DIONISÍACOS
COM A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO DE SALOMÃO (Parte 1)
“É fato conhecido a existência, já antes da construção do Templo de Salomão, na Ásia Menor,
de uma sociedade de arquitetos com o privilégio de erigir edifícios públicos. Tal associação se
denominava de Fraternidade de Artesões Dionisianos. Quando da construção do Templo
foram os Dionisianos, não só pela sua especialidade, mas, pela necessidade, admitidos na obra.
É de se crer, hajam iniciado em seus Mistérios outros participantes da construção que passa-
ram a ter seus privilégios e benefícios. Ao término das obras se dispersaram, indo empregar os
seus conhecimentos em outros orientes.” (Girardi, 2008, pág. 390)

Templo de Salomão

naria. Tema debatido e batido, confesso, mas, a


dedicação às pesquisas, assim como, as fontes
Por Irmão José Ronaldo Viega Alves utilizadas, me levaram por caminhos que me
permitiram não cair no pecado da mesmice. E
INTRODUÇÃO foi na busca constante por informações com o
O tema que dá título a este o artigo, vinha sendo propósito de enriquecer ao máximo esse tema,
desenvolvido há algum tempo, num processo de trazer ao conhecimento dos Irmãos essa vari-
bem lento até. Mas, um fato importante e bem edade de grupos, associações, confrarias e cor-
recente, veio a fazer com que eu retomasse de porações de ofício que tiveram seus nomes asso-
vez o assunto com o propósito de concluí-lo. ciados às origens da Maçonaria Operativa ou à
Vamos ao começo dessa história: meses atrás Maçonaria que antecedeu à Maçonaria Especu-
fui convidado para elaborar um trabalho, o qual lativa, que acabei me deparando com o nome
foi apresentado depois num encontro das Lojas dos Artífices Dionisíacos, sendo que, até então
dessa região maçônica. Para a ocasião, havia não havia lido praticamente nada a respeito
escolhido o seguinte tema: as origens da Maço- deles. No decorrer da palestra pude comprovar
que eu não estava sozinho sobre ignorar a histó- plesmente fascinante, assim como, vai estimu-
ria dos Artífices e sua relação com o passado lar, vai instigar a nossa imaginação, a nossa sede
primitivo da Maçonaria. de conhecimento e até aquele doce prazer que o
No fragmento que aparece acima, logo após o sentimento da descoberta proporciona.
título, extraído do “Vade-Mécum Maçônico”, Todos os artigos e partes de livros que foram
do Ir.'. João Ivo Girardi, pude perceber uma das lidos até o momento, e que continham informa-
poucas referências com relação aos Artífices ções relativas aos Artifices Dionisíacos, se con-
com a qual, então, eu me depararia num primei- verteram na matéria-prima utilizada para a feitu-
ro momento: um grupo de artesãos que teria exis- ra desta Parte 1, e talvez não seja muita coisa se
tido num passado distante e longínquo. Tão lon- pensarmos que a partir de agora temos a tradu-
gínquo que fui encontrá-los no conteúdo perti- ção de um livro praticamente sobre o tema.
nente ao verbete MAÇONARIA PRIMITIVA, Saúdo o Ir.'. José Filardo, o qual está sempre na
tal como o que foi transcrito no trecho acima, ou dianteira, colocando à disposição dos Maçons
seja: ”Fraternidade de Artesões Dionisianos”, brasileiros aqueles livros clássicos, produto da
que como já deu perceber, é equivalente ao lavra de Irmãos renomados que dedicaram gran-
termo “Artífices Dionisíacos”, este último o de parte das suas vidas às pesquisas maçônicas,
nome que encontraremos mais comumente. uma gama de conhecimentos sobre cultura maçô-
Quanto ao fato recente que teria acontecido é nica.
o seguinte: ao abrir o meu email, há alguns dias,
me deparei com a capa de um livro intitulado Q U E M F O R A M O S A RT Í F I C E S
“Esboço para a História dos Artífices Dionisía- DIONISÍACOS?
cos”, da autoria de Hyppolito Joseph da Costa,
numa tradução do Ir.'. José Filardo.
Diante da notícia, e o livro vem em boa hora PARA QUAL LUGAR E PARA QUAL
mesmo, encomendei o meu exemplar de imedia- É P O C A , P O D E R Í A M O S A J U S TA R
to, tendo a seguir mudado um pouco acerca do NOSSA MÁQUINA DO TEMPO, SE O
meu plano originai: o que eu havia pesquisado, o NOSSO OBJETIVO FOSSE O DE
que eu havia descoberto, enfim, o que já estava DEPARAR-NOS COM OS PRIMEIROS
pronto, com algumas alterações de última hora, VESTÍGIOS DAQUILO QUE HOJE
é o que vai constar nessa que será a Parte 1 desse CONHECEMOS POR MAÇONARIA?
trabalho. Haverá uma Parte 2 ou Parte Final, A pergunta é muito difícil de ser respondida e
onde as informações e comentários serão as que isso se deve ao fato de que teríamos que entrar
obterei durante a leitura do exemplar encomen- numa faixa de tempo à qual podemos chamar de
dado (o livro tem somente 84 páginas, na verda- “passado imemorial”. Mas, se deixarmos de
de, é uma tese) e daqui a alguns dias deverei lado a fixação para uma data específica, daria
estar com ele em mãos. para viajar bem longe na nossa máquina, que-
Não optei por interromper o trabalho que já rem ver? Quantos dos Irmãos que estão lendo
vinha desenvolvendo, tanto que, ele poderá ficar este trabalho podem afirmar que já leram algo ou
como uma espécie de introdução ao assunto. que conhecem a história desses que receberam a
Quem sabe, poder despertar naquele que o lê, denominação de ARTÍFICES DIONISÍACOS?
um interesse maior, ou até mesmo convencê-lo Os Artífices Dionisíacos estavam entre aque-
de que esse tipo de leitura é fundamental para o les considerados seguidores de Dionísio (que
Maçom, pois, é conhecendo melhor o passado vem a ser o Baco dos romanos), o que significa
da Maçonaria que podemos entender melhor o dizer que eles poderiam ser situados num tempo
seu presente. bem longínquo.
Acho que o assunto, para quem gosta de ler e Quem efetuou pesquisas por ocasião da ela-
estudar sobre a história da Maçonaria, é sim- boração de um trabalho para leitura em Loja ou
visando seu aumento de salário, certamente já O trecho acima, nos ajuda quanto a termos
pesquisou ou já ouviu falar desse clássico que é uma ideia melhor sobre situar os Artífices no
o “Dicionário de Maçonaria” do Irmão Joaquim tempo. O autor fala que eles teriam chegado à
Gervásio de Figueiredo. Pois, tenho comigo a Fenícia uns cinquenta anos antes da construção
suposição de que ele pode muito bem ter sido o do Templo de Salomão...
pioneiro em haver citado o nome Artífices nesse A título de ilustração, o Templo de Salomão,
seu livro, em termos de Brasil. No citado “Dici- teve o início da sua construção lá pelo ano de
onário de Maçonaria”, ele escreveu dentro do 1012 a.C., sendo que, no ano de 1005 a.C. foi
verbete “MISTÉRIOS DE DIONÍSIO”, o dada como finalizada.
seguinte trecho:
“Entre os seguidores desta forma básica dos COMENTÁRIOS COM RELAÇÃO AO
Mistérios se achavam os célebres Artífices Dio- TEXTOS DOS IRMÃOS FIGUEIREDO,
nisianos, uma sociedade secreta, comprometi- WARD E FORT NEWTON:
dos pelos mais rígidos juramentos a não revelar O Irmão J. S. M. Ward era filiado à Escola
os seus sinais e palavras de passe, e adotando Antropológica (**), sendo que, nos estudos que
emblemas emprestados do ofício de construto- realizou com respeito às origens da Maçonaria,
res. Estes grupos nômades de operários edifica- ele deixou claro sua tendência em creditar essas
ram templos em toda a Síria e Ásia Menor, tal origens muito mais à Síria do que ao Egito. (Fi-
como os grupos de maçons construíram depois gueiredo, 2009, págs. 537-538)
igrejas na Europa.” No livro de Alex Horne (aliás, o meu livro
Ainda: o Irmão Figueiredo cita na sequência preferido quando o assunto é o Templo de Salo-
o pesquisador inglês, também Irmão, J. S. M. mão), cujo título é “O Templo de Salomão na
Ward, que por sua vez escreveu o seguinte sobre Tradição Maçônica”, este autor cita o Irmão
os Artífices: George F. Fort, membro da Loja Quatour Coro-
“Parece haverem atingido a Ásia Menor pro- nati, o qual sumariou, digamos assim, o episódio
cedentes do sudeste, e segundo Estrabão (*), da construção do Templo, tendo para isso se
poderiam descobrir-se vestígios seus em toda a baseado em alguns dos manuscritos antigos da
Síria e Fenícia, via Pérsia e Índia. Aparente- Maçonaria inglesa, as chamadas “Old Charges”.
mente chegaram à Fenícia uns cinquenta anos Recolho uma passagem que consta nesse sumá-
antes da construção do templo do Rei Salomão e rio, onde ele escreveu o seguinte:
só a sua presença pode explicar a maneira como “Este rei (Salomão) coligiu, de vários países
se construiu aquele templo. Com efeito, a pró- do mundo, uma classe maior de operários espe-
pria Bíblia torna indiscutivelmente claro que o cializados, que totalizavam oitenta mil talhado-
templo não foi construído por judeus, que res de pedras.” (Horne, 1999, pág. 7)
naquela época eram um povo agrícola, total- Observação: Nas narrativas sobre a constru-
mente incapazes de compreender a tarefa de ção do Templo, pertencentes a esse tipo de docu-
construir um edifício tão bem elaborado. Da mentos, os trabalhadores eram classificados
mesma fonte aprendemos que os principais como Maçons.
arquitetos e homens vieram da Fenícia, e nas Na verdade, a passagem da Bíblia que poderia
fundações admitidas com as do primeiro templo ser utilizada para corroborar a afirmação de
foram encontradas letras fenícias... Da Fenícia Horne, seria a que vem a seguir, embora não
se espalharam templos pela Ásia menor, e depo- fique explícita a alusão pelo autor aos operários
is, pela Grécia, donde no decurso do tempo, sem especializados, mas, se refere a um censo que foi
dúvida colonizadores gregos levaram membros levantado na terra de Israel onde foi acusada
da corporação para a Magna Grécia, antiga uma população de estrangeiros que ali residiam.
denominação do sul da Itália”. (Figueiredo, Com base nisso são designadas as quantidades
2009, págs. 266-267) de trabalhadores que atuariam na construção do
Templo. Vejamos: epigráficos da língua hebraica, que se chamava
“Salomão levantou o censo de todos os de alfabeto fenício, este último um termo que
homens estrangeiros que havia na terra de Isra- vinha sendo utilizado mais para designar o
el, segundo o censo que fizera Davi, seu pai; e hebraico no contexto aquele de antigos reinos
acharam-se cento e cinquenta e três mil e seis- israelitas.
centos. Designou deles setenta mil para levarem Resumindo: o alfabeto fenício está nas ori-
as cargas, oitenta mil para talharem pedras nas gens do alfabeto hebraico.
montanhas, como também três mil e seiscentos Prosseguindo: já deu para ver o quão longe
para dirigirem o trabalho do povo.” (2 Crôni- podemos recuar nessa história e nem sequer me
cas, 2.17-18) referi ainda à Maçonaria Operativa propriamen-
O detalhe é que dá para perceber no texto que te dita, mas, a um grupo que sugere uma ligação,
apareceu acima, o qual é atribuído ao Irmão ou a suspeita de que possa ser uma das prováveis
Ward, que isso até faz sentido, até porque, há organizações percursoras, e que, por enquanto,
relatos provindos de Estrabão também, só que serviu para mostrar a alta dose de complexidade
citados por esse outro grande historiador da que envolve o tema em questão.
Maçonaria Operativa que é o Irmão Joseph Fort
Newton onde lemos: UMA BUSCA NO CLÁSSICO “O
“Já vimos que Estrabão encontrou vestígios TEMPLO DO REI SALOMÃO NA
dos arquitetos dionisíacos na Síria, na Pérsia e TRADIÇÃO MAÇÔNICA” DE ALEX
na Índia. Pois podemos também encontrá-los, HORNE
se caminharmos para o Ocidente. Atravessando A partir do momento em que intensificamos
a Ásia Menor, entraram na Europa, por Cons- nossas pesquisas, a coisa muda de figura, pois,
tantinopla, e se espalharam pela Grécia e com foco para um assunto específico acabamos
Roma, onde já eram conhecidos, séculos antes redescobrindo algumas das referências, cita-
de Cristo formando corporações chamadas Col- ções, comentários que já constavam em deter-
legia. Essas Lojas floresceram em todo o Impé- minadas obras, mas, que numa primeira leitura
rio Romano e foram encontrados vestígios de passaram despercebidas.
sua existência na Inglaterra, datando de mea- É o caso do “O Templo do Rei Salomão na
dos do século primeiro da nossa era.” (Fort Tradição Maçônica”, obra fundamental para
Newton, 2000, pág. 81) quem se interessa pela história do Templo de
Além do mais, um pouco adiante, Ward se Salomão em sua ligação simbólica com o Tem-
refere também ao fato de que nas fundações plo Maçônico. O livro já tem décadas, é de auto-
admitidas como do Primeiro Templo teríamos a ria do Alex Horne (***), e não é nada difícil
oportunidade de constatar que o episódio sobre a encontrá-lo em sebos, por exemplo.
construção do Templo de Salomão é uma daque- Na verdade, o trecho que se refere aos Artífi-
las opiniões mais difundidas quando o assunto ces e que é encontrável em Horne é proveniente
versa sobre as origens da Maçonaria. da obra de um outro autor, Joseph Fort Newton,
E mais: Ward fala que nas fundações admiti- este último autor do livro “Os Maçons Constru-
das com as do Primeiro Templo, foram encon- tores”, que foi traduzido e publicado no Brasil
tradas letras fenícias. pela Editora Maçônica “A Trolha” Ltda., no ano
Vamos tentar corroborar o que acabou de ser 2000.
dito por Ward da seguinte forma: o alfabeto Todas as informações que constaram até aqui
hebraico pode ser descrito como um desenvolvi- e foram postas ao alcance do leitor tem a precí-
mento do alfabeto aramaico. Isso ocorreu duran- pua finalidade de possibilitar uma noção a respe-
te os períodos persa, helenístico e romano. O ito de quem, eram os Artífices Dionisíacos, em
detalhe é que ele substituiu o chamado alfabeto que época da história viveram, e porque deveri-
paleo-hebraico, aquele dos primeiros registros am ser melhor conhecidos de parte dos Maçons
que se interessam pela história das origens da Depois de formado, a mando do governo de
Maçonaria. É que com essas informações tere- Portugal foi estudar economia e técnicas indus-
mos base suficiente para fazer uma leitura triais nos Estados Unidos e no México, o que
melhor do ensaio de autoria do Irmão Hipólito durou até o ano de 1799, tendo essa experiência
da Costa. Com a sua biografia encerramos essa resultado num livro intitulado “Diário da minha
primeira parte. viagem para Filadélfia”, publicado post-
mortem. Foi na Filadélfia, onde viveu por dois
UM MAÇOM BRASILEIRO, HIPÓLITO anos, que foi iniciado na Maçonaria.
DA COSTA NETO, AUTOR DO ENSAIO No ano de 1801 foi nomeado diretor literário
I N T I T U L A D O : E S B O Ç O PA R A A da junta da Impressão Régia. Em 1802 viajou
H I S T Ó R I A D O S A R T Í F I C E S para Paris e Londres com o objetivo de adquirir
DIONISÍACOS livros para a Real Biblioteca, além de maquiná-
rio e material para a Impressão Régia. Nessa épo-
Quem foi Hipólito da Costa? ca, secretamente, se encarregou de manter os
Hipólito José da Costa Pereira Furtado de contatos entre as Lojas portuguesas e o Grande
Mendonça foi um jornalista, maçom e diploma- Oriente de Londres.
ta brasileiro, que nasceu em 1774 na Colônia do Depois de retornar à Portugal, pelo fato de ser
Sacramento, território português na época, hoje, Maçom e sob a acusação de disseminar ideias
Uruguai e morreu no ano de 1823 em Londres, maçônicas na Europa, foi preso pela Inquisição,
na Inglaterra. A partir do momento em que a tendo permanecido assim de 1802 a 1804, quan-
Colônia do Sacramento voltou para as mãos dos do então fugiu para a Inglaterra a partir de 1805
espanhóis, seu pai que era alferes foi morar perto atrás de refúgio. Na Inglaterra esteve sob a pro-
da cidade de Pelotas (RS), onde Hipólito passou teção do Duque de Sussex que era filho do rei
sua adolescência, indo após para Porto Alegre, Jorge III, e Maçom como ele. Hipólito da Costa
até que no ano de 1792, matriculou-se na Uni- conservou sua nacionalidade de origem. Porém,
versidade de Coimbra, onde acabou sendo como medida de proteção, adquiriu ações do
diplomado em Matemática, Filosofia e Direito. Banco da Escócia, pois, com isso, ganhava

Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça


St. Mary the Virgin, em Hurley, condado de
Berkshire. No Brasil ele é o patrono da Impren-
sa, assim como, é o patrono da cadeira de nº 17
da Academia Brasileira de Letras. Em 2001,
seus restos foram trasladados para Brasília
onde repousam nos jardins do Museu da
Imprensa Nacional.
Da sua obra geral constam narrativas, estu-
dos sobre gramática e sobre ciência, teatro, his-
tória, Maçonaria...
Em 1828 ele publicou em Londres o “Sketch
for the History of the Dionysian Artificers, ou o
“Esboço para a História dos Artífices Dioni-
síacos”, nosso objeto de estudo neste trabalho.

CONTINUANA PRÓXIMA EDIÇÃO

NOTAS:
(*) Estrabão (63 a.C./ 23 d.C.): historiador,
filósofo e geógrafo grego. Sua obra monumen-
tal GEOGRAFIA era composta de 17 livros.
(**) Escola Antropológica: Uma das quatro
todos os direitos de um cidadão inglês, o que Escolas do Pensamento Maçônico, que apare-
lhe dava proteção contra a perseguição das auto- cem no livro “Pequena História da Maçonaria”,
ridades portuguesas e liberdade para trabalhar de autoria do Maçom e estudioso inglês C.W.
como tradutor, professor e jornalista. Leadbeater. Essa escola buscava analogias
Hipólito da Costa foi o fundador do primeiro entre as práticas, os costumes e o simbolismo
periódico brasileiro, o Correio Braziliense ou dos ritos iniciatórios praticados por alguns
Armazém Literário, que foi publicado em lín- povos antigos, os quais guardariam certa seme-
gua portuguesa em Londres durante o período lhança com aqueles em uso nas cerimônias
de 1808 a 1823, tendo sido publicadas 29 edi- maçônicas. As outras escolas eram: a Autênti-
ções. ca, a Mística e a Oculta.
Esse jornal, que era mensal, apresentava um (***) Alex Horne: Maçom e pesquisador
retrospecto de notícias acompanhadas de norte-americano, membro da Loja Quatour
comentários, relacionadas aos acontecimentos Coronati nº 2076 de Londres, Inglaterra. O
nas áreas da política, comércio, finanças, agri- livro foi publicado no Brasil pela Editora Pen-
cultura, ciências e artes, literatura, além de samento e possui várias edições.
outros assuntos a nível mundial. Nesse jornal
defendeu ideias liberais e a emancipação colo- Irmão José Ronaldo Viega Alves
nial. A partir de julho de 1822, aderiu ao movi- ronaldoviega@hotmail.com
mento da independência do Brasil, e na edição Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna”
de setembro publicou um projeto de constitui- Oriente de S. do Livramento, RS
ção. O último número do periódico foi publica-
do em janeiro de 1823, quando Hipólito já esta-
va a serviço do governo brasileiro.
Hipólito da Costa faleceu de maneira súbita
aos 49 anos de idade e foi sepultado na igreja de
JUSTO E PERFEITO Perfeito” parece encontrar fundamento no ofí-
cio empreendido nas Guildas da Idade Média,
Ir.'. Valerio de Oliveira Mazzuoli quando se aferia a perfeição da obra pela hori-
zontalidade (com o Nível) e pela perpendicula-

A expressão “Justo e Perfeito” que empre- ridade (com o Prumo) dos objetos trabalhados.
gamos na liturgia maçônica é bíblica e Tais objetos passavam por rígida fiscalização de
vem utilizada pelo Livro Sagrado em Vigilantes que, ao final do dia, atestavam ao
importantes passagens. A primeira está no Livro chefe imediato da obra (o Mestre) se tudo estava
de Gênesis, Capítulo 6, Versículo 9, quando refe- ou não “Justo e Perfeito”. É por tal razão que as
re: “Noé era um homem justo e perfeito no meio joias dos cargos de 1º e 2º Vigilantes são, res-
dos homens de sua geração”. A segunda consta pectivamente, o Nível e o Prumo. De fato, a rigi-
do Livro de Jó, Capítulo 14, Versículo 4, ao dez dos trabalhos empreendidos por aqueles
dizer: “Eu sou motivo de riso para os meus ami- pedreiros livres fez vir à luz a construção de cate-
gos; eu, que invoco a Deus, e ele me responde; o drais e templos suntuosos por toda a Europa,
justo e perfeito serve de zombaria”. A mesma repletos de detalhes e ornamentos que jamais
significação também é encontrada – com varia- deixaram de atrair a admiração de todos.
ção de tradução, mas de idêntico sentido – no Ao Mestre da obra era transmitida a informa-
Deuteronômio, Capítulo 32, Versículo 4, quan- ção, pelos Vigilantes, de se as peças analisadas
do afirma: “Deus é a verdade, e não há nele (por exemplo, as pedras trabalhadas) perfaziam
injustiça; justo e reto é”. os padrões de exatidão exigidos, tanto na hori-
Na Maçonaria Operativa a expressão “Justo e zontalidade (no nível) quanto na perpendicula-
ito em ambas as colunas, o Venerável Mestre
invoca o auxílio do Grande Arquiteto do Uni-
verso para abrir a Loja, momento a partir do
qual tudo deve ser tratado sob os influxos da
moral e da razão, não sendo a nenhum Irmão
permitido falar ou passar de uma para outra colu-
na sem obter permissão, nem ocupar-se de
assuntos proibidos pelas leis maçônicas. Ao
final dos trabalhos, o Orador, assim entendendo
por bem, afirma que tudo transcorreu segundo
os princípios e leis maçônicos e dá a sessão por
“Justa e Perfeita”.
“Justo e Perfeito”, portanto, é expressão alta-
mente significativa no mundo maçônico, espe-
ridade (no prumo). Estando cada peça ou objeto cialmente pelo seu fundamento bíblico, a indi-
de acordo, o labor nos canteiros de obras deve- car que os trabalhos em Loja devem ser condu-
ria prosseguir, porque o respectivo trabalho esta- zidos e transcorrer segundo os princípios da jus-
va “Justo e Perfeito”. Ademais, para se evitar o tiça e da perfeição; e que o nosso templo interior
ingresso de impostores e fraudadores criaram- deve também ser edificado segundo os postula-
se sinais e palavras de reconhecimento naquelas dos da prudência e da virtude, que são aqueles
corporações profissionais, mantendo-se a coe- que conduzem a tais desideratos. Tal é assim
são entre os obreiros. porque Deus criou o céu e a Terra com justiça e
Com a transição da Maçonaria de Ofício para perfeição, devendo esse ensinamento bíblico
a Maçonaria Especulativa as lições tomadas nas ser espelho para a condução da vida de todos os
associações de construtores passaram a compor homens.
a mística que hoje se conhece e se estuda nas É evidente, no entanto, que o valor do “perfe-
Lojas simbólicas, deixando as construções de ito” apenas pode ser encontrado na obra do Gran-
serem reais para se tornar ilustrativas e dotadas de Arquiteto do Universo, que é Deus. Somente
de uma significação filosófica que está à base da Ele é justo e perfeito, pois Ele é a verdade e n'Ele
maçonaria a partir de então. Daquele momento não há injustiça. Contudo, tal não significa que
em diante, o que se visou “construir” ou “edifi- buscar a perfeição não seja um objetivo a ser
car” é, essencialmente, o templo interior de perseguido pela maçonaria universal. Por essa
cada qual, com todos os percalços e dificuldades razão é que, além de justa, devem as sessões em
atinentes à sua perfeita concretização. Loja serem também “perfeitas”, ainda que a con-
As dificuldades operacionais para a constru- cepção de perfeição aqui empregada seja aquela
ção de um templo também se fazem presentes afeta ao universo puramente humano, dado que
no que tange ao nosso templo íntimo, a exemplo somente Deus é, de fato, entidade perfeita.
da lapidação de nossa Pedra Bruta, da constân- Importante é não perder de vista que o “Justo
cia da vida no prumo das virtudes e do fortaleci- e Perfeito” que utilizamos em nossa Ordem é
mento de nossas colunas íntimas. Se houve difi- um mantra maçônico a indicar que se deve bus-
culdades e desafios para a edificação daquelas car, hoje e sempre, a pureza das relações à luz
obras monumentais, também para a construção dos princípios da prudência e da virtude, sem o
de nossa casa interna (nosso Eu interior) tais que o desenvolvimento de qualquer trabalho
percalços se apresentam, sendo o desafio de não logrará se desenvolver a contento.
vencê-los aquele posto à consideração de todos Para que as atividades maçônicas sejam pau-
os maçons ao redor do mundo. tadas pela justiça e perfeição é imprescindível
No R.'.E.'.A.'.A.'., estando tudo Justo e Perfe- invocar o auxílio do Grande Arquiteto do Uni-
verso, única entidade capaz de direcionar os dentro de Loja e também dentro de nossa habi-
trabalhos em Loja à necessária retidão. Também tação mais íntima, com a paz necessária a que se
com o auxílio do G.'.A.'.D.'.U.'. as atividades realizem os propósitos maiores para os quais o
desarmônicas, que abalam a boa egrégora da maçom se dedica diuturnamente. Este é um
Loja, devem ser repreendidas, porque impedem caminho dificultoso, porém gratificante, a ser
sejam os trabalhos dirigidos à perfeição. Por- trilhado com discernimento e prudência por
tanto, também faz parte da busca da perfeição a todos nós, voltado à incessante busca da Verda-
reprimenda de tudo aquilo que desarmoniza a de.
Loja, seja em termos ritualísticos (formais) ou __________________________________
substanciais (materiais). O autor
Ir.'. VALERIO DE OLIVEIRA MAZZUOLI
O maçom tem o dever de empregar os conhe-
cimentos adquiridos em Loja no mundo profa- Assessor e Consultor Jurídico do Grande
no, em suas atividades diárias e perante a famí- Oriente do Estado de Mato Grosso –
GOEMT. Benemérito da Ordem e Membro-
lia e a sociedade em que vive. Os ideais de justi- Titular do Ilustre Conselho do GOEMT. Obre-
ça e de perfeição, que são perseguidos pelos tra- iro da BCARLS Conquista e Integração nº 8
(R.'.E.'.A.'.A.'.), filiado à ARLS Cuyabá nº 88
balhos maçônicos, devem ser também levados (Rito de York) e membro-fundador da ARLS
para toda a vida do homem maçom, sobretudo Acadêmica François-Marie Arouet nº 101
diante de seus semelhantes e das relações que os (R.'.E.'.A.'.A.'.), Or.'. de Cuiabá-MT.
E-mail: mazzuoli@terra.com.br
cercam, sem o que a missão da maçonaria de
fazer impregnar na sociedade os valores maio- BIBLIOGRAFIA
res que defende e propaga não se concretizará. CASTELLANI, José. Dicionário de termos maçônicos. 2.
ed. Londrina: A Trolha, 1995.
A justiça e a perfectibilidade buscadas nas DA CAMINO, Rizzardo. Dicionário maçônico. 5. ed. São
Colunas do Norte e do Sul e também no Oriente Paulo: Madras, 2018.
são sintomáticas do desejo maçônico de sempre DIAS, Ronaldo Brêtas de Carvalho. Preleções em
maçonaria. Belo Horizonte: D'Plácido, 2020.
avançar rumo à busca de novos desafios e con- LEADBEATER, C. W. Pequena história da maçonaria.
quistas, para que seja possível aproximar-se do Trad. J. Gervário de Figueiredo. São Paulo: Pensamento,
conhecimento da Verdade. Uma atitude Justa e 1978.
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Da pedra bruta à pedra
Perfeita é alavanca a outras atividades sequen- c ú b i c a : e n s a i o s d e evo l u ç ã o d o A p re n d i z a o
ciais que deverão, da mesma forma, ser concluí- Companheiro. Cuiabá: Umanos, 2022.
das com a devida justiça e perfeição, e assim por
diante.
Em suma, tudo deve estar Justo e Perfeito
ALQUIMIA E ROSICRUCIANISMO
NA MAÇONARIA
primeiro deste último.
Considerando que a alquimia pode ser dividi-
Por Jaime Paul Lamb da em denominações operativas (práticas) e espe-
culativas (teóricas) – uma distinção que também

T anto a tradição alquímica quanto o rosa-


crucianismo podem ser contados entre os
muitos tributários do que se tornaria a
Maçonaria especulativa moderna. Prova disso
pode ser encontrada no trabalho dos órgãos ane-
é evidenciada na Maçonaria – pode-se entender
como esses dois sistemas seriam sinérgicos, par-
ticularmente no que diz respeito aos seus méto-
dos comuns de simbolização e alegorizando seu
trabalho. A alquimia e a maçonaria estão repletas
xos da Fraternidade, como o Rito Escocês e a de elaborados conjuntos de símbolos e prosa ale-
Societas Rosicruciana, e em certos rituais maçô- górica ou dramatizações que representam certos
nicos que não são mais trabalhados, como o Rito processos específicos do ofício. Além disso, o
Egípcio de Cagliostro. É o propósito deste artigo trabalho de ambas as tradições compartilha uma
enumerar brevemente algumas das maneiras crença em um princípio hermético central cen-
pelas quais nossa Fraternidade, em seu aspecto trado nas simpatias entre o microcosmo e o
especulativo, foi afetada e/ou contribuiu para as macrocosmo, em que uma operação realizada
tradições rosacruzes e alquímicas. Trataremos em um domínio particular pode ter um efeito cau-
sal em outro domínio correspondente – uma
característica central de magia simpática. Embo-
ra o caso tenha sido esquecido durante a maior
parte do século passado, a dinâmica entre a
alquimia e a Maçonaria voltou a receber a aten-
ção necessária no pensamento e na literatura
maçônica do século XXI. Qualquer irmão inte-
ressado neste fascinante campo de investigação
deve consultar o trabalho do irmão P.D. New-
man, um psiconauta operativo, que em seu exce-
lente Alchemically Stoned: The Psychedelic
Secret of Freemasonry (The Laudable Pursuit,
2017) desenvolve e apresenta uma das teses
mais inovadoras da literatura maçônica moder-
na, referente ao simbolismo da acácia no ritual e
o simbolismo da Maçonaria e sua possível liga-
ção com a Pedra Filosofal dos alquimistas e, histórico-crítico sobre a origem dos rosacruzes e
assim, com as propriedades enteogênicas da plan- dos maçons”, Confissões de um comedor de ópio
ta. Para uma visão mais ampla, consulte Alche- inglês, Londres: Walter Scott, 1886] Uma coisa é
mical Keys to Masonic Ritual (Lulu Press, 2007) clara: exceto talvez o trabalho dos neoplatônicos
do irmão Timothy Hogan, cujo trabalho fez florentinos de No Renascimento, o furor Rosa-
muito para abrir as comportas da investigação cruz do início do século XVII foi, ostensivamen-
alquímica da perspectiva da Maçonaria. Há um te, a síntese mais desenvolvida do Cristianismo
enorme valor para o maçom de hoje em desen- esotérico, Hermetismo, alquimia, astrologia,
volver essa perspectiva alquímica crítica. magia simpática e pensamento cabalístico no
Se em nenhuma outra forma senão nominal- início da era moderna – e, talvez não por coinci-
mente, o Rosacrucianismo também foi perpetua- dência, todos esses desde então, os assuntos
do na Maçonaria especulativa e seus órgãos ane- foram considerados quanto à sua relação com o
xos, como os graus Rosa-Cruz no Rito Escocês ofício especulativo. Isso nos deixa, na ausência
Antigo e Aceito e na Societas Rosicruciana, ou de evidências concretas de uma forma ou de
Sociedade Maçônica Rosacruz; o último de outra, para considerar três possibilidades:
cujos graus são padronizados nos da Orden der 1. O interesse pelas artes e ciências herméti-
Gold und Rosenkreuzer (alemão, Ordem da cas ou ocultas foi infundido na Maçonaria espe-
Cruz Dourada e Rosa-Cruz). Formada por Samu- culativa devido à influência Rosacruz delibera-
el Richter em 1710 dC e reconstituída em mea- da, que provavelmente teria sido devido à sua
dos do século 18 por Hermann Fictuld, a Orden encontrando o sistema maçônico um hospedeiro
der Gold und Rosenkreuzer era uma sociedade adequado para seus objetivos e doutrinas;
Rosacruz alemã povoada exclusivamente por 2. Interesse por esses assuntos gerado espon-
maçons e alquimistas. A estrutura de grau taneamente na Maçonaria devido à sua fusão
sequenciada cabalisticamente da Ordem seria com outras tradições de Mistérios, como Rosa-
adotada por muitas ordens Rosacruzes e hermé- crucianismo, Teosofia e Templarismo; ou
ticas a seguir, incluindo a Maçônica Societas 3. As ciências ocultas têm, desde o seu início,
Rosicruciana e, através delas, a Ordem Herméti- sido mantidas pela Maçonaria – os Mistérios
ca da Golden Dawn. No entanto, argumentos Ocultos, ou aspectos especulativos do ofício, por
foram feitos no sentido de atribuir a origem da assim dizer – e, inversamente, encontraram sua
Maçonaria como proveniente do meio do rosa- expressão externa temporária na forma do Rosa-
crucianismo europeu. [De Quincey, “Inquérito crucianismo.
BUDISMO, MAÇONARIA, E ILUMINISMO
preensão. Ele então encontrou um monge itine-
rante que renunciou aos cuidados do mundo,
Por Edward A. Berry, e George R. Adams inspirando Siddhartha a deixar o palácio perma-
nentemente e começar sua busca pela verdade.

A Maçonaria e o Budismo estão preocupa- Depois de muitos anos de busca e abnegação


dos em alcançar a iluminação pessoal e extrema, Siddhartha sentou-se sob a sagrada
em ajudar os outros a alcançar esse esta- Árvore Banyan, ou Bodhi. Lá ele jurou: “Eu
do também. Embora possa parecer à primeira tomo meu assento sob esta figueira, deixo o
vista que maçons e budistas entendem o concei- vento secar minha carne, deixo o sol queimar
to de iluminação de maneiras diferentes, este meus ossos em cinzas, mas não vou sair deste
artigo demonstrará que não é necessariamente o lugar até que tenha alcançado a compreensão da
caso. verdade absoluta. ” (Swami Premananda, 33°,
Os maçons são ensinados a olhar além do O Caminho da Lei Eterna: Dhammapada, p.
superficial e, em vez disso, buscar a verdade 31). Ele então começou a meditar, culminando
subjacente. De fato, esse era o objetivo central com uma epifania da natureza fundamental da
do próprio Buda. Nascido como o príncipe Sidd- existência. Assim, ele se tornou o Buda, que sig-
hartha Gautama, a lenda nos informa que ele foi nifica “o Desperto (ou Iluminado)”. Ele passou
criado por seu pai, um rei, protegido de todas as as décadas restantes de sua vida compartilhan-
dificuldades do mundo. Siddhartha, no entanto, do sua descoberta das causas e alívio do sofri-
deixou seu palácio isolado. Uma vez no mundo, mento.
o jovem príncipe testemunhou pessoas sofren- A experiência do iniciado maçônico é, em
do de doenças, velhice e morte, fazendo com certo sentido, semelhante. O maçom desperta
que ele percebesse sua profunda falta de com- para sua “busca” na “Loja simbólica dos Santos
João em Jerusalém”. Esta loja é o centro do seu
coração, e ele bate à porta da sua loja interior. A
porta da loja é aberta e ele começa sua jornada
em direção à Luz, ou iluminação. Ao longo do
caminho, ele é despertado para seus valores espi-
rituais inatos, que incluem, entre outros, com-
panheirismo e compaixão.

A Fundação: As Quatro Nobres Verdades


O Buda organizou sua compreensão da natu-
reza da condição humana nas Quatro Nobres
Verdades. A primeira verdade é que o sofrimen- O Caminho Óctuplo Budista
to (ou, no sânscrito dos antigos textos budistas,
duhkha) é característico da existência humana. que deve haver Sabedoria para inventar, Força
A segunda verdade é a origem ou as causas do para sustentar e Beleza para adornar todos os
sofrimento (em páli e sânscrito, samudaya). Em grandes e importantes empreendimentos. Ao
seu primeiro sermão, o Buda associou sofri- procurar entender as coisas como elas são e nos
mento com desejo e apego. despojar das superfluidades da vida, desenvol-
A terceira verdade é a verdade do fim do vemos a Sabedoria, ou panna. Mantendo uma
sofrimento, agora amplamente conhecida em língua de boa reputação, agindo de acordo com
inglês por sua palavra sânscrita nirvana. O Nir- o quadrado e concentrando-se em ser um Cons-
vana não deve ser associado a um lugar, seja trutor, descobrimos nossa bússola moral e
aqui ou no além, mas sim como um estado de desenvolvemos Força moral (moralidade, ou
consciência que resulta em equanimidade, no sita). Ao aplicar nossas ferramentas de trabalho,
qual não há apego nem aversão. subjugar nossas paixões e colocar nossos proje-
A quarta e última verdade é o método de ces- tos em nossas tábuas de cavalete, adornamos
sação do sofrimento (em Pali, magga; em sâns- nossas mentes e todos os nossos empreendi-
crito, marga), que foi descrito pelo Buda em seu mentos com Beleza e harmonia, de modo que os
primeiro sermão. vários componentes de nossas vidas se encai-
xam com precisão exata, alcançando idealmen-
A Jornada: O Caminho Óctuplo Budista te a tranquilidade ou samadhi.
Dentro da quarta nobre verdade encontra-se
o guia para o fim do sofrimento: o Nobre Cami- O Caminho do Meio
nho Óctuplo. O Caminho Óctuplo Budista ou o Nobre
O Caminho Óctuplo Budista é organizado em Caminho é muitas vezes referido como “O
três categorias: Sabedoria, Moralidade e Tran- Caminho do Meio”. O Buda ensinou a trilhar
quilidade. Os oito são mantidos dentro destas um caminho sem luxo nem privação. Ao equili-
três categorias: brar esses elementos, o praticante desenvolve
1) Panna, ou Sabedoria — Visão Correta e equanimidade - um estado de não ter aversão
Intenção Correta; nem desejo. Este estado de equilíbrio é bastante
2) Sita, ou Moralidade — Fala Correta, Ação familiar para o maçom que entende que manter
Correta e Meio de Vida Correto; e o equilíbrio em todas as coisas é o caminho para
3) Samadhi, ou tranquilidade — Esforço Cor- a iluminação maçônica.
reto, Atenção Correta e Concentração Correta. Após sua primeira admissão em uma loja
Este arranjo tripartido do caminho alinha-se maçônica, um novo maçom fica entre os pilares
bem com os ensinamentos maçônicos de Sabe- Terrestre e Celestial, “simbolizando o equilí-
doria, Força e Beleza. Os maçons são ensinados brio que explica os grandes Mistérios da Natu-
reza”, como Albert Pike, 33°, expressa em sua
palestra do 26º Grau (“Príncipe da Misericór-
dia”, Morals and Dogma, edição clássica, p.
547). Como tal, ele representa o terceiro pilar,
ou do meio, da loja, pelo qual todo o edifício é
sustentado.
Ainda sobre o tema Moral e Dogma, não
podemos deixar de notar que o autor Albert
Pike tem inúmeras referências respeitosas ao
budismo nesta obra seminal do Rito Escocês,
chegando a descrever o Buda como “o primei-
ro legislador maçônico cuja memória é preser-
vada para nós pela história.” (18º Grau,
“Knight Rose Croix”, edição clássica, p. 277).
A LUA NA ÁGUA
Aqui Pike usa “legislador” em um sentido Como a Maçonaria, o Budismo está repleto
muito amplo para se referir a Buda ignorando a de símbolos – símbolos, por exemplo, na ver-
“distinção de casta” e abrindo “o caminho mais são japonesa do Budismo Mahayana, que
amplo” para todos os homens, características muitas vezes faz referência ao “caráter ilusó-
rio de todos os fenômenos” (Ivan Morris, The
que a própria Maçonaria promove ao reunir
World of the Shining Prince: Court Life in
homens de diversos credos e estilos de vida que Ancient Japan ). Um desses símbolos que
compartilham uma crença em uma Divindade permeia a arte e a literatura japonesas é a
benevolente. lua na água. Outro símbolo da vida em nosso
mundo como ilusão vê o estado do mundo
As ferramentas de trabalho como um sonho; Morris cita um antigo
O maçom emprega suas ferramentas de tra- poema japonês que diz que “este mundo nos-
balho para buscar o equilíbrio e “aperfeiçoar- so... [é] como uma ponte flutuante de
se na Maçonaria”. Como um Aprendiz Inicia- sonhos”.
do, ele recebe o martelo comum e o medidor de
vinte e quatro polegadas para quebrar os “can- do Irmão Andre G. Salmon, 33°, Reitor Eméri-
tos” da pedra bruta de seu personagem. No to do Distrito de Colúmbia Scottish Rite Colle-
Grau de Companheiro, ele recebe o esquadro, o ge of Philosophy:
nível e o prumo, para calibrar sua pedra. Final- Existem forças dentro de nós (maya) que
mente, no Grau de Mestre Maçom, recebe a instintivamente nos impedem de escapar desse
espátula para espalhar o cimento do amor fra- mundo de aparências contraditórias (samsara),
terno. Para desenvolver a equanimidade, pode- sem as quais nos sentiríamos desorientados e
se dizer que o budista emprega a ferramenta de assustados. No entanto, sempre que o Homem
trabalho da meditação e o que alguns chamam está determinado a libertar-se da ilusão samsá-
de “mindfulness” – a “lembrança correta [Sam- rica […] a sua fuga começa com uma técnica de
ma Sati] de seu verdadeiro eu”, como estudioso luta substituindo a oposição pela complemen-
de religião comparada e maçom Swami Prema- taridade […] podem diferir ou mesmo se opor
nanda, 33° , denomina-o em The Way of Wis- em um grupo pertinente perdem sua aparente
dom and Self-Liberation (1949, p. 14). Tais diferença ou oposição para constituir uma
caminhos, quando tomados com preocupação única realidade superior. (Andre G. Salmão,
pelos outros, são de fato caminhos para a ilumi- 33°, Salmão, 2015)
nação. Fechamos com estas observações sobre
como o Budismo pode trazer mais Luz na Fonte: Scottish Rite Journal
Maçonaria a partir dos escritos de nosso faleci-
CAMPANHA JANEIRO BRANCO
Iniciativa visa a conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental
gando as frustrações das metas não cumpridas
no ano que passou. Essas frustrações podem
2023 está aqui! E o primeiro mês deste novo desencadear respostas emocionais negativas,
ano traz a campanha Janeiro Branco, que busca como baixa autoestima e sentimentos de dúvi-
conscientizar a população sobre a importância da, resultando em crises existenciais que
da saúde mental e os cuidados necessários para podem levar à ansiedade ou depressão. A cor da
garantir o bem-estar emocional. A iniciativa campanha também carrega significado, sendo o
também tem o intuito de desmistificar certos branco alusivo a “uma 'folha ou tela em branco',
tabus que cercam o tema, por meio da divulga- onde todos podem se inspirar para escrever ou
ção de informações e do incentivo ao diálogo. reescrever suas próprias histórias de vida”.
A campanha foi idealizada pelo psicólogo Dessa forma, o janeiro branco funciona
Leonardo Abrahão e colocada em prática em como um alerta para começar este novo capítu-
janeiro de 2014, quando profissionais de psico- lo com uma visão mais saudável e positiva, dei-
logia da cidade de Uberlândia, Minas Gerais, xando de lado qualquer falha do passado para
foram às ruas e veículos de comunicação locais focar nas muitas oportunidades do futuro. Mais
para conversar com a população sobre Saúde do que isso, a iniciativa visa estimular as pesso-
Mental e Emocional. as a buscarem uma vida melhor, por meio da
O mês de janeiro foi escolhido justamente realização de ações sociais que fomentem uma
pelo seu significado cultural, visto que, muitas cultura direcionada à educação preventiva e
pessoas tendem a começar um novo ano carre- construção de ideias que valorizam a saúde
mental. muito importante na manutenção da sua saúde
As ações incluem palestras, palestras relâm- mental, além de auxiliar no tratamento e na recu-
pagos, workshops, cursos, oficinas, entrevistas peração de quem sofre de algum transtorno
na mídia, caminhadas, rodas de conversa e abor- mental. Abaixo está uma lista, feita pelo NIH,
dagem em todos os locais onde as pessoas de ações de autocuidado que podem ajudar a
estão: ruas, praças, igrejas, empresas, residên- aliviar a mente em momentos de estresse e alta
cias, academias, shoppings, hospitais, prefeitu- intensidade.
ras, e muitos outros. Fazer exercícios regularmente
A campanha tenta mostrar para as pessoas Comer refeições saudáveis e regulares
que apresentam problemas relacionados à Manter-se hidratado
saúde mental não é sinônimo de fraqueza pes- Fazer do sono uma prioridade
soal, muito menos frescura, e que as questões Experimentar uma atividade relaxante
emocionais e psicológicas devem ser tratadas Definir metas e prioridades
com o mesmo nível de importância que um dis- Praticar a gratidão
túrbio ou doença física. Assim, o janeiro branco Focar na positividade
tenta quebrar o estigma que envolve o ato de Estar presente nos momentos da vida
procurar ajuda profissional, incentivando trata- O GOSP apoia esta campanha e incentiva os
mentos, como a terapia, para resolver os pro- Irmãos a fazerem o mesmo, falando sobre o
blemas enfrentados. tema em suas Lojas, comunidades e famílias,
De acordo com o "National Institute of Men- bem como praticando o autocuidado e buscan-
tal Health" (NIH), "a saúde mental inclui o do ajuda profissional, se necessário. Lembre-
bem-estar emocional, psicológico e social. [...] se, nossa saúde, física e mental, é extremamen-
A saúde mental é mais do que a ausência de uma te importante e devemos fazer o possível para
doença mental - é essencial para o seu bem- zelar por ela.
estar geral, saúde e qualidade de vida”. Para mais informações, acessem o site: jane-
Nesse caso, o autocuidado tem um papel irobranco.com.br
CÂNCER DE PRÓSTATA: UM ALERTA
ciada que auxilia no fator 'estouro'.
À medida que envelhecemos, perdemos elas-
Por Terry McCallum ticidade em tantos lugares e coisas. A próstata
tende a inchar um pouco à medida que cresce

Q uantas vezes você já ouviu o termo câncer


de próstata (retórico)? Vamos acertar a
palavra; 'prostrado' significa que você
está deitado no chão e 'próstata' significa
com o tempo, diminuindo assim o espaço dispo-
nível para a passagem da urina ao sair da bexiga.
Isso resulta em fluxo reduzido e/ou intermitente,
bem como aumento da frequência na necessida-
... bem, continue lendo. de de urinar.
Dificilmente poderia haver uma plataforma A condição é chamada de Hiperplasia Prostá-
melhor para falar sobre câncer de próstata do que tica Benigna (HPB). De acordo com o Instituto
esta revista. E, no entanto, algo tão totalmente Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e
masculino geralmente não é discutido até que Renais, cerca de cinquenta por cento dos homens
afete você pessoalmente. Sim, eu sei - é uma com mais de cinquenta anos têm HPB. Aos
coisa de homem. Somos todos invencíveis! Isso oitenta anos, esse número sobe para quase
é até descobrirmos que não somos. noventa por cento.
Esse aumento da próstata é muito comum e
Afinal, o que é a próstata? existe cirurgia de rotina e medicamentos que
É um órgão circular (como uma rosquinha podem remediar, removendo parte do material
bem pequena) que fica logo abaixo da bexiga, obstrutivo. Este procedimento tornou-se cari-
envolvendo o tubo (uretra) que vai da bexiga até nhosamente referido como "re-bore".
a 'saída'. Sua principal função é produzir o fluido No entanto, tendo removido parte da próstata,
que alimenta e transporta nosso fluido seminal sua função torna-se proporcionalmente diminuí-
(sêmen). Há também uma função muscular asso- da. Sim - você está mijando como um cavalo de
novo, mas não sem alguma redução do serviço nível de PSA de 3,0 ng/mL e inferior é geralmen-
em outras áreas. te considerado normal. No entanto, descobriu-se
O aumento da próstata não é tão ruim por si só. que alguns com níveis mais baixos têm câncer de
Sendo de natureza benigna, geralmente não é próstata e muitos com mais de 4 - até 10 ng/mL -
motivo de grande preocupação. Mas outra con- não têm câncer de próstata.
dição que pode ser muito mais grave é, obvia- Outros fatores também podem fazer com que
mente, o câncer de próstata. o nível de PSA de alguém varie. Muitas vezes,
O câncer em qualquer lugar nunca é bom, mas pode aumentar com a idade, o tamanho da prós-
alguns tipos de câncer são mais tratáveis do que tata, bem como qualquer inflamação ou infec-
outros, o que significa que, se detectado e tratado ção. A ejaculação ou exercícios vigorosos nos
precocemente, o prognóstico geralmente é favo- dias anteriores ao exame de sangue também
rável. O câncer de próstata se enquadra nessa podem aumentar o PSA. Se uma biópsia da prós-
categoria. tata foi realizada, ela elevará o nível de PSA por
um tempo. Algumas das drogas que são usadas
O QUE DEVEMOS FAZER? para tratar a HBP irão, na verdade, diminuir o
Como a maioria das condições médicas – par- nível de PSA.
ticularmente o câncer – quanto mais cedo for Em geral, porém, quanto mais alto o nível de
detectado, melhor será o prognóstico. Então... PSA de um homem, mais provável é que ele
FAÇA TESTE REGULARMENTE! Existem tenha câncer de próstata. Mas isso não é tudo.
dois tipos principais de testes primários disponí- Como mencionado acima, sendo o teste de PSA
veis, sendo um um pouco menos confortável que apenas um guia, outros testes precisam ser feitos
o outro. Um é um exame de sangue (PSA) e o para confirmar a situação.
outro envolve uma luva de borracha (DRE).
O TESTE DA LUVA DE BORRACHA:
O EXAME DE SANGUE: DRE (Exame de toque retal)
PSA (Prostate Specific Antigen) É aqui que o médico – devidamente trajado
Este exame de sangue é um guia mais do que com EPI – usa um dedo (dele) para sentir a prós-
razoável para saber se seu corpo está reagindo à tata pelo reto (seu). O médico verifica se há
presença de câncer de próstata. Se o PSA mostrar inchaço e/ou qualquer outra anormalidade. Um
um resultado anormal, ou se algum fator para o conforto do paciente durante este
sinal/sintoma estiver presente, você pode ser
encaminhado a um urologista, que pode realizar
um DRE.
O PSA está presente em nosso sangue o tempo
todo. O nível dela pode ser elevado pela presen-
ça de câncer de próstata, embora existam outras
condições que também podem fazer isso. Por-
tanto, recomenda-se que os homens façam o
teste do nível de PSA regularmente assim que
passarem dos cinqüenta anos, ou dos quarenta,
se houver histórico familiar de câncer de prósta-
ta. Isso independe da presença ou não de qual-
quer sinal ou sintoma.
LEMBRE-SE: Um teste de PSA é apenas um
guia.
Não há nível específico normal ou anormal de
PSA no sangue. Como um guia muito geral, um
exame é regido pelos atributos físicos do médico mento com você e aconselhá-lo sobre quaisquer
examinador – mais especificamente o tamanho efeitos colaterais comuns. Uma das principais
de suas mãos. Isso pode determinar se parece preocupações de muitos homens é qualquer efei-
que o exame está sendo feito usando um lápis ou to potencial em sua vida sexual. Como em tudo,
uma picareta. isso dependerá de uma série de fatores. Por exem-
Ao encontrar seu especialista pela primeira plo, se a terapia hormonal for prescrita, um efeito
vez, seu aperto de mão inicial pode determinar colateral comum é a redução do desejo sexual.
como você deseja proceder. Muitos tratamentos podem fazer com que
Se alguma anormalidade for encontrada, o você volte a uma vida sexual normal, mas pode
médico pode recomendar uma ressonância mag- levar até 2 ou 3 anos para que isso aconteça. Não
nética (ressonância magnética) ou um ultrassom é raro que a disfunção erétil seja um efeito cola-
de alta resolução. Esses métodos podem forne- teral, mas mesmo isso tem várias opções de tra-
cer ao médico uma imagem real da próstata. Mas tamento. O seu médico irá aconselhá-lo.
mesmo este não é o teste definitivo final e, às
vezes, uma biópsia da próstata é realizada, onde Lidando com o impacto emocional
o tecido é retirado da próstata e examinado. Inicialmente, receber um diagnóstico de cân-
cer pode ser tremendamente traumático psicolo-
Sinais (o que você vê) e sintomas (o que gicamente, e a possibilidade de efeitos colaterais
você sente) provavelmente será uma de suas menores preo-
O aumento da próstata (HPB) e o câncer de cupações nesse momento.
próstata podem produzir muitos sinais e sinto- No entanto, médicos e profissionais de saúde
mas semelhantes em seus estágios posteriores, mental com muita experiência estão lá para aju-
embora muitas vezes não haja nenhum no está- dá-lo. Eles entendem como os problemas psico-
gio inicial. Daí a necessidade de testes regulares. lógicos podem afetar seus sentimentos de auto-
As coisas mais comumente experimentadas são: estima e seus relacionamentos. Se você tem um
Micção aumentada ou frequente. parceiro, ambos podem querer participar de uma
Fluxo urinário fraco ou interrompido ou sessão de terapia. Você pode expressar seus
necessidade de esforço para esvaziar a bexiga. medos e preocupações, aprender estratégias de
Vontade de urinar frequentemente à noite. enfrentamento e encontrar novas maneiras de
Sangue na urina ou sêmen. desenvolver intimidade durante sua recupera-
Novo início de disfunção erétil. ção.
Dor ou queimação durante a micção (muito
menos comum). ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE:
Embora este artigo tenha sido escrito com
TRATAMENTO uma combinação de pesquisa considerável e
Existem tantas opções de tratamento e tantos alguma experiência pessoal, o autor não pos-
fatores que podem influenciar qual tratamento é sui qualificação médica nesta área. O leitor
melhor para você; sua idade, a agressividade do não deve, portanto, tirar conclusões ou diag-
câncer, o estágio do câncer, se ele se espalhou a nósticos do conteúdo e deve sempre procurar
partir da próstata, etc. Os tratamentos incluem: aconselhamento de um médico qualificado em
Radiação vez de agir com base nas informações aqui
Remoção (prostatectomia) contidas.
Terapia hormonal
Quimioterapia
Terapia medicamentosa direcionada
Vigilância ativa
O seu médico irá discutir as opções de trata-
Estátua de Ettore Ferrari no Campo dei Fiori , Roma, onde Bruno foi queimado na fogueira
como herege sob acusações que incluem a negação das principais doutrinas católicas.

GIORDANO BRUNO E
OS MUNDOS INUMERÁVEIS
quaisquer noções que dissessem o contrário
foram consideradas heréticas e descartadas.
Por Daniel Rivera Seguindo as observações astronômicas de
Copérnico, tornou-se evidente que a Terra girava

A hipótese do Pluralismo Cósmico foi popu- em torno do Sol.


larizada durante a Revolução Copernica- Bruno baseou-se nas ideias de seus predeces-
na, particularmente conforme defendida e sores, como Lucrécio, Nicolau de Cusa e Thomas
propagada pelo hermetista, filósofo natural, Digges, para reintroduzir a hipótese de vida em
mnemonista e teórico cosmológico Giordano outros mundos. Frances Yates observou que:
Bruno (1548-1600). Durante a maior parte da “Bruno é celebrado principalmente nas histó-
Idade Média, o modelo geocêntrico do cosmos rias do pensamento e da ciência, não apenas por
de Ptolomeu foi a visão de mundo mais popular, sua aceitação da teoria copernicana, mas ainda
pois se encaixava nas ortodoxias judaico-cristãs mais por seu maravilhoso salto de imaginação
contemporâneas sobre a singularidade da Terra; e pelo qual ele anexou a ideia da infinitude do uni-
verso ao seu copernicanismo, um extensão da Romana. Por seus ensinamentos sobre o Infinito
teoria que não havia sido ensinada pelo próprio dos Mundos e outras ideias, ele foi preso; e, após
Copérnico. E este universo infinito dele, Bruno um longo julgamento, acusado de heresia e quei-
povoou com inumeráveis mundos, todos se mado na fogueira em Roma no ano de 1600.
movendo através do espaço infinito - assim final- Longe de suprimir essas idéias, a execução de
mente quebrando o universo ptolomaico medie- Giordano Bruno fez dele um mártir do livre pen-
val fechado e iniciando concepções mais moder- samento e da ciência e popularizou ainda mais
nas.”[1] suas hipóteses entre os intelectuais de sua época.
Giordano Bruno foi um profundo estudioso Giordano Bruno é favoravelmente mencionado
dos escritos atribuídos a Hermes Trismegisto, como mártir no ritual Albert Pike do 30º grau do
que informaram sua crença no infinito e nos Rito Escocês; e uma estátua do escultor e Grão-
mundos inumeráveis, com base no princípio da Mestre Ettore Ferrari está no Campo de'Fiori, em
plenitude: que uma Causa Infinita, Deus, deve ter Roma, no local exato onde Bruno foi executado.
um Efeito Infinito, e não pode haver limite ao seu [6]
poder criativo.[2] Talvez não seja de admirar que outro escocês,
No terceiro diálogo de seu Sobre o Infinito o irmão Charles Leslie, ecoou o ensinamento de
Universo e Mundos, Bruno afirma que existem Giordano Bruno em sua oração, “Uma Vindica-
“Inumeráveis corpos celestes, estrelas, sóis e ter- ção da Maçonaria e Sua Excelência Demonstra-
ras [que] podem ser percebidos sensivelmente . . . da”, que passou quase inalterada para os traba-
por nós, e um número infinito deles pode ser lhos de Preston-Webb do Grau de Companheiro:
inferido por nossa própria razão”. Ele conclui “Inúmeros mundos estão ao nosso redor, todos
ainda que “todos esses mundos . . . conter anima- emoldurados pelo mesmo artista divino, que
is e habitantes não menos do que a nossa própria rolam pela vasta extensão e são conduzidos pelas
terra, uma vez que esses mundos não têm menos mesmas leis infalíveis da natureza.”[7]
virtude nem uma natureza diferente da nossa ter- Origens:
ra.”[3] 1. Frances Yates, Giordano Bruno and the
Bruno passou um tempo na Grã-Bretanha ensi- Hermetic Tradition (Londres: Routledge
nando sua Arte da Memória e filosofia; e entre and Kegan Paul Ltd. 1964), 245.
seus alunos da Arte da Memória e filosofia 2. AD Nock, ed. O Corpus Hermeticum, vol.
encontramos os escoceses Alexander Dicson e II (Paris: Assn. G. Bude, 1945), 38
William Schaw, o último de cujos Estatutos influ- 3. Dorothea Waley Singer, Giordano Bruno:
enciou a formação da Maçonaria Especulativa. His Life and Thought, with Annotated
[4] Dame Frances Yates observa ainda: e seu sim- Translation of His Work, On the Infinite
bolismo egípcio. A Maçonaria não aparece na Universe and Worlds (Nova York: Henry
Inglaterra como uma instituição reconhecível até Schuman, 1950), 302, 240
o início do século XVII, mas certamente teve pre- 4. David Stevenson, The Origins of Freema-
decessores, antecedentes, tradições de algum sonry, Scotland's Century (Nova York:
tipo que remontam a muito antes, embora este Cambridge University Press, 1998), 91-
seja um assunto muito obscuro. 95
“Estamos tateando no escuro aqui, entre estra- 5. Frances Yates, Giordano Bruno and the
nhos mistérios, mas não podemos deixar de ima- Hermetic Tradition (Londres: Routledge
ginar se poderia ter sido entre os espiritualmente and Kegan Paul Ltd. 1964), pg. 415, 274.
insatisfeitos na Inglaterra, que talvez tenham 6. William Denslow, 10.000 maçons famo-
ouvido na mensagem 'egípcia' de Bruno algum sos (Richmond: Macoy Publishing,
indício de alívio, que as tensões da Magia A flau- 1957), 157
ta foi soprada pela primeira vez no ar.”[5] 7. Anonymous, The Free Masons Pocket-
As ideias de Bruno provaram ser altamente Companion (Edimburgo: Auld & Smellie,
controversas para a poderosa Igreja Católica 1765), 163.
O APERTO DE MÃO
para recebê-la na vida após a morte por seus
ancestrais ou pelos deuses usando um aperto de
Por Joi Grieg mão direito. Hmmm... Eu nunca tinha pensado
em apertos de mão. Há quanto tempo eles são

C ada um de nós opta por pesquisar um


tema baseado em interesses ou, neste
caso, serendipidade. Uma das minhas
coisas favoritas a fazer é passar por cemitérios
antigos e ler as lápides. Quando eu estava na
usados? Que significados sagrados eles tive-
ram? Como eles se relacionam com a maçona-
ria? E o que eles podem significar para cada um
de nós?
Eu não sou o primeiro ou o último que foi ou
Grécia no meu aniversário de 25 anos, fomos a será intrigado por este tópico. Na Enciclopédia
Kerameikos, um dos cemitérios mais antigos da Maçonaria de Albert Mackey, há uma dis-
do mundo. Ele remonta ao terceiro milênio aC cussão sobre os sinais de mão. Mackey afirma:
com túmulos que datam do início da Idade do "Na Maçonaria, a mão como símbolo ocupa
Bronze (2500-2000 aC. Enquanto caminháva- um lugar de destaque... O mesmo símbolo é
mos pelo museu, me vi paralisado por uma encontrado nas religiões mais antigas e algu-
pedra funerária grega ou estela de um jovem e mas de suas analogias com o simbolismo maçó-
um homem mais velho apertando as mãos de nico são peculiares". Mackey diz de maneira
uma maneira muito especial. A placa dizia que reveladora que a mão é considerada importante
era um dexiose ou aperto de mão destro de “como aquele símbolo de inteligência mística
cerca de 400 aC. Enquanto andava pela sala, pelo qual um maçom conhece outro tanto na
encontrei outra com uma mulher sendo agarra- escuridão quanto na luz”. Ele continua a discu-
da pelo braço com uma placa indicando que era tir o uso da mão em tais antigas religiões de mis-
tério como o mitraísmo e na adoração dos deu-
ses sumérios, assírios e babilónicos. Encontrei
uma quantidade significativa de pesquisas
feitas por mórmons sobre esse assunto. Se você
não sabia, o fundador do mormonismo, Joseph
Smith Jr., tornou-se maçom no início de sua
vida e há algo em comum na adoração do tem-
plo mórmon no uso de mantos, aventais, aper-
tos de mão e levantar/posicionar os braços. O
estudioso mórmon Todd M. Compton, do Neal
A. Maxwell Institute for Religious Scholarship,
escreveu sobre seu interesse neste tópico extre-
mamente bem e o vincula à iniciação:
Apesar de seu uso "secular" como um meio
difundido de reconhecimento, amizade e acor-
do, também foi cooptado pelas religiões de mis-
térios para ser usado como emblema para mui-
tas coisas: amor, iniciação, chegada, salva-
ção, união com o deus, apoteose. ..., podemos
conjecturar que um aperto de mão como sím-
bolo ... ocorreu como parte da união do inicia-
do com o deus em Elêusis.
Estudiosos concordam que apertos de mão
pré-data preservados escritos história ou arte.
Isso é bastante intuitivo, pois é fácil pensar no
uso da mão e das mãos segurando a mão do
outro para ajudar um ao outro, bem como no este trabalho, você também pode notar que a
amor ou na raiva. A história mais antiga regis- mão esquerda do rei está estendida para receber
trada de aperto de mão parece remontar ao anti- essas insígnias enquanto sua mão direita está
go Egito, onde um hieróglifo mostra uma mão levantada em um gesto de juramento.
estendida que alguns dizem representar o verbo No Antigo Testamento, apertos de mão tam-
"dar" de 2800 aC. Nas origens pró-canaanitas bém são mencionados em Salmos, Isaías e
do hebraico chamado ketav ivri, o pictograma outros livros. O aperto de mão entre Deus e o
original para a letra yod era uma mão estendi- homem geralmente significa ser elevado à vida
da. O momento para isso é cerca de 1800 aC. eterna, tornar-se parte de um conselho divino,
Mais ou menos nessa mesma época da história, uma elevação a um papel, receber ajuda divina
o "Painel de Investidura", uma antiga pintura ou alguma combinação destes. Plutarco, histo-
de parede figurativa da Mesopotâmia mostra riador e ensaísta grego (46-120 dC) em Mora-
como os reis chegaram ao poder na antiga Babi- lia, falou sobre o papel do aperto de mão entre
lónia. Este trabalho pictórico mostra uma cena os pitagóricos como símbolo de amor, fraterni-
de criação e um jardim do mito do Éden, bem dade e reconciliação. "Devemos nos moldar
como este aperto de mão. O ritual é conhecido segundo os pitagóricos... (que) nunca deixa-
como Enuma Elish ou "Quando no alto", onde, vam o sol se pôr antes de unirem as mãos direi-
em parte, o rei segura a mão da estátua do deus tas, abraçarem-se e se reconciliarem", escreveu
Mar duque para garantir que suas autoridades Plutarco.3
sejam transferidas para o próximo ano. Ao ver No mundo romano, a mão direita era sagrada
para Fides, a divindade da fidelidade. Os adora-
dores de Mitra, centrados em Roma, tinham um
sistema complexo de sete graus de iniciação.
Os iniciados se autodenominavam syndexioi,
aqueles "unidos pelo aperto de mão" ou "uni-
dos pela mão direita". Os seguidores de Mani
(216-275 ou 277 d.C.), chamados de manique-
ístas, usam o aperto de mão, ou kusta, como
símbolo de “puxar uns aos outros das trevas
para a luz”, salvando a mão de um homem que
está se afogando."
Não é até que entramos na Idade Média ou
com tribos migratórias como os beduínos que o
uso de um aperto de mão como verificação de
segurança para armas é mencionado. Quando
dois estranhos se encontravam, cada um esten-
dia a mão direita, agarrando a mão do outro
para demonstrar que não possuíam armas
escondidas. O movimento de agitação foi uma
tentativa de desalojar qualquer armamento
fatal que possa estar à espreita ameaçadora-
mente nas mangas. O aperto de mão efetiva-
mente se tornou uma abreviação para 'Prometo
que não estou prestes a esfaqueá-lo violenta- Robert Baden-Powell
mente até sua morte prematura e sangrenta'.
turas, homens e mulheres não podem apertar as
O aperto de mão não se limita às histórias
mãos (judeus ortodoxos) ou que é considerado
tradicionais do Ocidente e do Oriente Próximo.
inapropriado em outros tocar fora de relaciona-
Os Hopi, a tribo indígena da América do Norte,
mentos pessoais íntimos.
apresentam o aperto de mão em sua mitologia.
Ao longo do tempo e em várias culturas, a
Após alguns encontros com os visitantes
mão direita foi reservada para comer, tocar e
estrangeiros, os Hopi foram informados nas
usar para aperto de mão. Particularmente, para
profecias que deveríamos tentar lembrar a
os homens, apertar a mão direita era um sinal
todas as pessoas que viriam aqui da sacralidade
de qualidade, respeito e acordo. Entre e com as
de todas as coisas. Se pudéssemos fazer isso,
mulheres, foi durante o século 19 na Inglaterra
então haveria paz na terra. Mas se não fizésse-
que a prática do aperto de mão se tornou mais
mos isso, se não tivéssemos nos reunido como
difundida. Os vitorianos estavam desconfortá-
uma família humana, o Grande Espírito agarra-
veis com os beijos que eram comuns, mesmo
ria a terra com Sua mão e a sacudiria. Se o Gran-
entre homens e mulheres publicamente. Em
de Espírito precisasse, viria novamente um
alguns grupos, como os judeus ortodoxos,
Segundo e depois um Terceiro com crescente
tocar entre homens e mulheres é inapropriado,
intensidade de apertos de mão. Os Hopi tam-
então o aperto de mão não é praticado.
bém falam do nakwách, um antigo símbolo de
A mão esquerda, em várias culturas, era
fraternidade e o uso de um aperto de mão como
reservada para tarefas como o banheiro e, em
requisito para entrar no quinto mundo, do quar-
alguns pontos de vista, era vista como maligna.
to mundo em que estamos agora.
Uma exceção é com os escoteiros. A primeira
É importante salientar que em algumas cul-
explicação que ouvi foi que era a mão mais
próxima do coração e, por isso, é oferecida
como sinal de amizade. Robert Baden-Powell,
que fundou os Escoteiros, teve essa história
atribuída a ele quando ele era um soldado após
uma batalha com o líder Ashanti, Prempeh na
África em 1895, quando ele "... encontrou
Prempeh após uma batalha e o cumprimentou
com a mão direita, o cacique estendeu a mão
esquerda e disse: "Em nossa terra só os mais
bravos dos bravos apertam a mão esquerda,
porque para isso devemos largar nossos escu-
dos e proteção."
No mundo acadêmico, a pesquisa sobre
apertos de mão continua. Em agosto deste ano,
um estudante de doutorado (no Instituto Max
Planck de Psicolinguística) na Holanda divul-
gou um artigo sobre a mão de chimpanzés. zado, fazer uma venda, concordar com o preço
Aparentemente, entre alguns grupos, a coleta do carro ou conseguir minha primeira hipote-
de peles entre os chimpanzés é acompanhada ca. Quando criança, lembro-me de apertos de
por um aperto de mão acima da cabeça. Um mão secretos em clubes e de desenvolver “ro-
chimpanzé agarrará a mão do outro e levantará tinas” de apertos de mão extravagantes feitos
as mãos unidas em direção ao céu. Descober- com amigos. Na faculdade, lembro-me de ver
tas específicas incluem: "O fato de que o com- irmãos da fraternidade cumprimentando-se
portamento é duradouro e parece ser transmi- com um aperto de mão especial. Quando per-
tido através de gerações sugere que os apertos guntei sobre isso, me disseram que era segre-
de mão podem ser uma forma rudimentar de do. Como não entrei para uma irmandade, não
cultura". Houve um anúncio de pesquisa em sei se eles têm um aperto de mão semelhante.
neurociência que confirma o poder de estender Do ponto de vista da Maçonaria, as garras
a mão em saudação e um aperto de mão com estão relacionadas a cada grau. A partir deste
estranhos para causar uma impressão melhor. uso de apertos, a frase “Get a grip” é atribuída.
“Não é qualquer aperto de mão que leva a sen- Dizem que eles remontam aos tempos opera-
timentos positivos, mas uma maneira particu- cionais, onde o uso do aperto de mão era a
lar de apertar as mãos, como um aperto de mão maneira de validar seu nível como pedreiro -
firme, confiante, mas amigável, como muitas aprendiz, artesão ou mestre. Dizia-se que era
vezes é promovido como uma boa prática de um segredo para que os impostores não pudes-
negócios.” sem entrar e fazer um trabalho inferior. À medi-
Antes de encontrar as pedras funerárias gre- da que a alvenaria passou de operativa para
gas e esta busca, eu nunca tinha pensado em especulativa, o uso continua.
como me sentia sobre a mão treme, muito Claramente, apertos de mão, estão conosco
menos o uso dos termos handclaspan e grip. há muito tempo e têm significado desde a
Duas mãos unidas são um símbolo visto em antiguidade por meio de sua presteza.
joias como um amuleto e em alfinetes maçóni- Talvez este artigo forneça luz adicional e
cos. O que é que fez deste um símbolo tão pode- uma oportunidade para cada um de nós refletir
roso? Para mim, houve muitos apertos de mão sobre eles e seu simbolismo e uso dentro da
memoráveis, como me formar, ser parabeni- Maçonaria hoje.
O MEDIDOR DE 24 POLEGADAS:
UMA MEDIDA DE DISTÂNCIA E TEMPO
Como a maioria dos símbolos maçônicos, ele esconde muito mais do que revela.
cabilidade ao tempo. A relação de vinte e quatro
polegadas com as vinte e quatro horas do dia é
Por Douglas Messimer certamente bastante óbvia, mas quando exami-
namos exatamente o que é dividido em vinte e

C omo muitos, a explicação do ritual lida


apenas com o significado óbvio, deixan-
do o simbolismo interno enterrado na
verborragia. A Maçonaria revela a todos, se
você apenas buscar o real significado.
quatro partes, a explicação se torna um pouco
mais difícil.
Lembro-me de quando, no início da adoles-
cência, li os livros de bolso do meu pai, escritos
pelo escritor de ficção científica Isaac Asimov...
Com o início das civilizações, a medição das e depois meu pai e eu tivemos algumas discus-
coisas parece ter se originado em quase todas as sões filosóficas sobre o mundo tridimensional
culturas, usando partes do corpo humano, o pé, em que vivemos, e meus pensamentos sobre a
a mão, a palma da mão, o dedo e o côvado (me- quarta dimensão... ..não sabia que tínhamos
dido do cotovelo à ponta do dedo médio). uma quarta dimensão, sabia? Eu afirmo que a
Alguns afirmam que a origem de uma polegada quarta dimensão é a do tempo. Então, o que é o
foi realmente baseada na articulação do polegar. tempo? Para a maioria de nós, é a duração entre
Mas o importante não é o nome da medida, mas duas horas específicas, o intervalo decorrido
sim a divisão da medida em unidades e sua apli- entre quaisquer dois eventos; a passagem de
uma certa fração da vida. Ah, sim, mas para o
filósofo o tempo é uma quantidade desconheci-
da e, como o espaço, parece ser um conceito da
mente, sem existência objetiva. Os matemáti-
cos modernos afirmam que o tempo e o espaço
são apenas duas faces do mesmo conceito,
como os dois lados de uma moeda de um dólar.
Embora possamos compreender um sem neces-
sariamente referenciar o outro, não podemos
"usar" um sem o outro. Cada coisa material
ocupa espaço por um certo tempo; e, por sua
vez, toda coisa material existente por um deter-
minado período de tempo, ocupa um certo espa-
ço.
Nós, como humanos, passamos ou ocupamos
o espaço em três direções, para cima e para bai-
xo, esquerda e direita, para frente e para trás.
Passamos pelo tempo continuamente, aparente-
para o serviço de Deus e o alívio de um irmão
mente em apenas uma direção... do nascimento
aflito e digno, oito para nossas vocações habitu-
à morte. Não podemos voltar nem por uma fra-
ais e oito para descanso ". Dividir nossas vinte e
ção de segundo. Na verdade, tendo chegado a
quatro horas em três partes iguais é realmente
este momento da minha vida, não tenho certeza
uma advertência muito prática e cotidiana.
se quero voltar e recuperar algum do meu tem-
O maçom interessado em uma interpretação
po... e você? Da sua aula de inglês 101 do ensino
adicional de nossas vinte e quatro horas (dividi-
médio ou da faculdade .... você deve se lembrar
das por três) não precisa procurar além da Gran-
desta passagem escrita por Omar ...
de Luz sobre o Altar - na verdade, volte de Ecle-
"O dedo que se move escreve; e tendo escrito,
siastes XII a Eclesiastes I para encontrar a inspi-
segue em frente; nem toda piedade nem inteli-
ração para esta advertência de que existe um
gência o atrairão de volta para cancelar meia
tempo para tudo. Nós lemos:
linha, nem todas as suas lágrimas lavarão uma
"Para tudo há uma ocasião e um tempo para
palavra dela."
todo propósito debaixo do céu; tempo de nascer
Um lembrete sutil de que nunca podemos
e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de
voltar e recuperar o que passou.
arrancar o que se plantou; tempo de matar e
Então, como a medição e o tempo se relacio-
tempo de tempo de curar; tempo de derrubar e
nam com a Maçonaria? O trabalhador operativo
tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de
mede sua pedra com seu medidor; se a cantaria é
rir; tempo de prantear e tempo de dançar;
muito longa, ele a encurta. Se for muito largo,
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar
ele o estreita. Se estiver torto demais para fazer
pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se
um quadrado, ele o joga no lixo e começa de
de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder;
novo com uma cantaria tosca.
tempo de guardar e tempo de lançar fora;
Mas o maçom especulativo, medindo seu
tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de
tempo com o medidor de vinte e quatro polega-
calar e tempo de falar; tempo de amar e tempo
das, não tem essa latitude. O minuto arruinado
de odiar; tempo de guerra e tempo de paz”.
se foi para sempre; a hora torta nunca pode ser
Mas em nenhum lugar no sábio conselho do
endireitada. O dia impróprio para a Edificação
profeta ou patriota, pregador ou professor, há
Não Feita por Mãos jamais poderá ser fixado em
um tempo reservado para ... perder tempo'. O
seu Muro Eterno. Temos apenas "...oito horas
Deus e no alívio de um irmão digno e aflito, um
terço em refrigério e sono, e o terço restante em
trabalho - o que nos deixa pouco menos de
dezessete anos do nosso tempo para realizar
tudo o que temos que fazer! Não é de admirar
que apenas alguns de nós deixem para trás um
monumento que permanecerá por muito tempo
o suficiente para ser visto pela próxima geração,
quanto mais por uma que durará através dos tem-
pos.
Se você tem ouvido atentamente, notou quan-
tas alusões maçônicas existem para 'trabalho' e
tempo é a própria substância da vida; suas atas quão poucas para 'refresco'. Nosso medidor de
douradas são as únicas pedras que temos para vinte e quatro polegadas nos dá - quase a contra-
construir. gosto, ao que parece - oito horas para duas ocu-
Cada realização do homem, seja para o Tem- pações das quais sabemos que uma precisa da
plo de mármore ou nosso Templo de caráter, ato maior parte - oito horas para descanso e sono.
de egoísmo ou doação altruísta aos outros, cons- Os outros dezesseis são para o serviço que pode-
truindo uma nação ou construindo uma casa, mos oferecer e para nosso trabalho regular,
deve ser realizada com "Tempo". Sem o tempo nossa ética de trabalho.
nada está acabado. Assim, quem perde o seu Encontre o maçom que está realmente inte-
tempo ou o do outro esbanja algo que não pode ressado em nosso ofício gentil, você encontrará
recuperar. um homem que geralmente está pronto para ofe-
Ao nosso redor estão muitos homens diferen- recer seus serviços para visitar os enfermos,
tes com as mesmas ideias diferentes de como o fazer o trabalho necessário do comitê, ajudar o
tempo deve ser gasto. Cada pessoa tem o cobridor, trabalhar em uma equipe de gradua-
mesmo número de minutos em uma hora, de ção. Aí você verá alguém que está feliz em sua
horas em um dia, de dias em um ano. Alguns loja.
têm pouco ou nada a mostrar por seus trinta, qua- Tempo - a substância da vida! Tempo - pre-
renta ou cinquenta anos de trabalho nesta bobi- sente do Grande Arquiteto! Cronometre a pedra
na mortal. Outros têm grandes realizações ou de construção do seu templo espiritual! Tempo -
deixaram uma impressão duradoura em seus o maior mistério do homem, inimigo mais amar-
semelhantes como produto de seu tempo bem go e amigo mais verdadeiro! Seu cuidado, con-
gasto. Albert Pike tornou-se um estudioso eru- servação e emprego são o verdadeiro segredo
dito pelo uso constante de seu tempo livre. Este do medidor de vinte e quatro polegadas, seu des-
homem sabia o que o medidor de vinte e quatro perdício e gastos sem objetivo são o pecado con-
polegadas realmente significava e quão profun- tra o qual esta ferramenta de trabalho simbólica
do é um símbolo. alinha nossa Antiga Arte.
Isso faz você parar e pensar, sóbrio, devo O medidor de 24 polegadas... é um instru-
acrescentar, quando você aplica a regra maçôni- mento para medir não apenas a distância... mas
ca para determinar quanto tempo realmente também o tempo. E ainda, outro emblema do
temos. Dizem-nos que os nossos dias são repar- tempo... a Foice... que corta o frágil fio da vida,
tidos em trinta, dez... ou setenta anos... um dom vence no final. Oh, de fato podemos correr com
do Senhor. Raramente começamos o trabalho o Pai Tempo... mas só por um tempo.
de nossa vida antes dos vinte anos. Dos cin-
quenta anos de tempo real de trabalho, somos Fonte: https://issuu.com/sra76
admoestados a gastar um terço no serviço de
PAIDEIA: MITO OU REALIDADE?
sas e seu significado, qual era o destino do indi-
víduo após a morte, o que considerar "bom" e o
Por Raffaele Rossi porquê da existência do mal, o que é verdade.
Questões existenciais que não possuem uma

Q uando os primeiros espécimes da raça


humana "Homo" apareceram na África
há cerca de 2,8 milhões de anos, é quase
certo que eles não tiveram tempo, nem curiosi-
resposta certa e inequívoca; são dúvidas que
dizem respeito à vida, ao nosso íntimo e ao que
não podemos saber exatamente.
O homem sente a necessidade íntima de dar
dade, nem vontade de se perguntar de onde vie- resposta a estas grandes questões.
ram, o motivo de sua presença naquele lugar e Essas perguntas tentaram responder, de dife-
nem mesmo sobre como seria seu próprio futu- rentes maneiras, ao mito, à religião, à filosofia,
ro. Eles provavelmente estavam muito ocupa- ciência.
dos lutando contra os elementos e outras espé- “Fatti non foste a viver come bruti, ma per-
cies animais, todos competindo por sua sobre- seguir virtute e canoscenza”, quem nunca leu
vivência. ou ouviu estes famosíssimos versos que o gran-
A certa altura da sua evolução, o Homo sapi- de poeta Dante faz pronunciar Ulisses, dirigin-
ens terá começado, movido por uma inata sede do-se aos seus companheiros, quando, no
infinita de conhecimento, a colocar-se algumas Canto XXVI do inferno do Divino Comédia,
questões fundamentais como, por exemplo, trata de líderes e políticos que não agiram com
qual foi o sentido da vida, qual poderá ser a ori- armas e com coragem pessoal, mas com a acui-
gem do universo, qual a origem de todas as coi- dade inescrupulosa de sua própria engenhosi-
o valor de uma pessoa.
Por sua própria natureza, todos os homens
desejam "saber", percorrem toda a sua existên-
cia movidos pelo ardor do conhecimento, mas
este deve ser guiado por um caminho de justiça,
caridade e amor fraterno.
Não é "Conhece-te a ti mesmo" o lema que
acolhe o Irmão Maçom à entrada do templo
onde as obras tendem a concretizar esta exorta-
ção? Qual é a finalidade do ensino maçónico
A árvore genealógica do homem (adaptado do
Smithsonian's National Museum of história Natural)
senão o aperfeiçoamento do ser humano atra-
vés de um conhecimento meditado, que tem
dade. O engenho é um dom, é uma capacidade suas raízes na cultura e na sua análise, que leva
extraordinária do ser humano, mas que, por um ao aperfeiçoamento, tornando-se um mestre da
desejo exagerado de conhecimento, pode levar vida, se ensina a paz, a harmonia e o amor entre
à perdição, se não for guiado pela virtude povos, se puder nos guiar para uma luz ainda
moral, por aquela lei moral universal que une mais radiante e assim nos aproximar espiritual-
todos os homens de boa vontade. Esta "peque- mente do Grande Arquiteto do Universo.
na oração", pronunciada por Ulisses para exor- Um exemplo admirável da condição huma-
tar os seus companheiros e incentivá-los a con- na atual nos foi dado por um filósofo do passa-
tinuar a viagem para além das Colunas de Hér- do cuja doutrina teve e continua a ter grande
cules, a última fronteira do mundo então influência na cultura ocidental; Refiro-me a
conhecido, representa o apelo sentido contra a Platão e a uma de suas alegorias mais conheci-
barbarização do ser humano e não é abordada das: o "mito da caverna", ao qual me refiro para
só a eles mas a todos os homens de boa vontade um exame mais aprofundado. O mito é contado
para que não temam o desconhecido e se sin- no início do sétimo livro de "La Repubblica",
tam obrigados a manter sempre viva a sua curi- um dos textos universalmente reconhecidos
osidade e a sua sede de conhecimento. Uma como fundamentais para a história do pensa-
frase que nos admoesta, como homens, a valo- mento ocidental.
rizar nossa inteligência e seguir o caminho da Resumirei brevemente o conteúdo aqui:
virtude. “imagine prisioneiros acorrentados no fundo
Perseguindo a "virtude e o conhecimento", de uma caverna que sempre foram forçados a
ou seja, não fomos criados para viver como as observar imagens, sombras de várias formas
pessoas que não usam a inteligência, portanto projetadas na parede do fundo da caverna. Para
como os animais, mas para alcançar a educação eles, a realidade é formada pelo que veem
no bem (virtude) e o conhecimento entendido desde o nascimento e se ouvissem uma voz,
como o despertar da consciência e, portanto, o para eles, ela viria das próprias sombras”.
conhecimento interior de si mesmo. Este deve Se um prisioneiro fosse forçado a olhar para
ser o principal objetivo dos seres humanos. É a luz, ficaria deslumbrado e as formas que cau-
justamente esse conhecimento, essa possibili- savam as sombras pareceriam menos reais do
dade de nos elevarmos, que nos distingue das que as sombras às quais ele sempre esteve acos-
bestas que vivem primitivamente, dia a dia, tumado. Se ele fosse então retirado da caverna,
sem questionar os fatos do mundo e do futuro. para a luz do sol, deslumbrado, sentiria um des-
Uma pessoa que não possui conhecimento é conforto ainda maior e também sentiria raiva,
um animal um indivíduo, enquanto o conheci- sem entender a realidade que está vivenciando.
mento torna-se o pré-requisito para determinar Querendo se adaptar à nova situação, com o
Representação gráfica do mito da Caverna
tempo, ele conseguiria se acostumar com a luz lho interior e no início do despertar da cons-
e olhar os próprios objetos, as pessoas e o ciência, ele toma consciência das ficções que o
mundo ao seu redor. O mesmo prisioneiro, per- homem acreditava serem entidades reais,
cebendo a situação, gostaria de voltar para a enfim, ele passa a ver a verdade como ela real-
caverna e libertar os outros companheiros, mas mente é ao entrar em contato com o real" ser
encontraria um obstáculo para convencer os interior "tendo a consciência desperta.
outros prisioneiros a serem libertados. Ele seria O instinto do homem deveria ser o de libertar
ridicularizado ao voltar com "olhos arruina- os outros "prisioneiros" para compartilharem
dos" da nova condição vivida e acusado de que- suas descobertas, mas essa tentativa é inútil,
rer sua destruição se tentasse libertá-los, pois pois os "prisioneiros" não podem e não querem
"não valeria a pena sofrer a dor de cegar e o ver além das tranquilizadoras "sombras do ego
esforço de escalar para ir e admirar as coisas pluralizado" e atacar o portador de verdade.
que ele descreveu. Vivemos em uma época que eu não hesitaria
Platão simboliza a fonte do verdadeiro em descrever como "sem educação".
conhecimento com o sol, enquanto os prisione- Educar-se significa elevar-se acima da mera
iros acorrentados na caverna representam a mai- condição natural com que viemos ao mundo. O
oria da humanidade: o filósofo é o homem termo "educação", entendido em sua exceção
liberto, que tenta conduzir seus companheiros grega (paideia), equivale a "formação huma-
ao conhecimento. na", ou seja, indica o conteúdo da formação
É claramente uma alegoria sobre o mundo cultural da pessoa no sentido mais elevado e
conhecível, sobre a descoberta das coisas que indica um ideal de formação global da cara.
nos rodeiam e da realidade por meio da razão e A tarefa essencial do homem, de todo
não da percepção que em si é falaciosa, onde a homem, é realizar o êxodo da caverna da falta
ascensão e contemplação do mundo superior de educação, para que cada um possa se erguer,
equivalem à elevação da alma ao mundo inteli- superar sua própria condição natural e acessar
gível. o mais alto reino da cultura; significa subir ao
O homem deve despertar desse sono que se longo de uma rota de fuga da jaula invisível do
chama "vida" porque é dominado por um "Ego não saber. É um caminho difícil e cheio de obs-
pluralizado" que o escraviza; depois, no traba- táculos que conduz à luz, à verdade. Em estrei-
ta correlação com a educação podemos colocar mesmo sente a necessidade de sair da gruta, de
o conceito de “formação” que alude à ideia de se educar, de começar a caminhar para o conhe-
dar forma, ou seja, formar por meio de um con- cimento (luz) que não tem mas que, sabendo
ceito; da matéria-prima (a pedra informe) que não tem, quer obter com o esforço de fuga
desenvolve-se uma forma precisa que tem um para a luz, ou seja, para o despertar da cons-
significado apreciável, que tem seu próprio ciência.
valor (a pedra cúbica) como um escultor que Immanuel Kant argumentou que: "a expe-
transforma, ou dá forma, o bloco de mármore riência sem teoria é cega, mas a teoria sem expe-
em estátua. riência é um puro jogo intelectual. Se o homem
Vivemos um momento histórico em que nos não aprende, não tem valor". Para que um
vangloriamos de ser incultos, um tempo em homem tenha valor, portanto, ele deve ser livre
que o parecer se opõe ao ser, onde a ignorância para embarcar na jornada rumo ao conheci-
é percebida como um valor, enquanto o conhe- mento, livre de condicionamentos sociais e pes-
cimento é experimentado como um impedi- soais. Um homem "digno" não pode ser confi-
mento, como um obstáculo, quase como algo nado por muros erguidos por ele mesmo.
de que se envergonhar. Para isso devemos par- Carl Gustav Jung argumentou que "pensar é
tir novamente da educação, entendida no senti- muito difícil. É por isso que a maioria das pes-
do de superar a condição dada, de sair da caver- soas julga". A reflexão leva tempo, portanto
na em que estamos, mas para isso é necessário quem reflete, só por isso, não tem como expres-
necessariamente perceber que estamos em uma sar julgamentos continuamente." O exercício
caverna, isto é, para estar ciente do fato de que do pensamento torna-se, para muitos, um fardo
somos prisioneiros de caverna. demasiado pesado e difícil de enfrentar, pois
Quem não sabe que está numa gruta, quem significaria ter de questionar sobretudo as pró-
não sabe o que é uma gruta, nunca sentirá a prias crenças, os próprios "espaços blindados",
necessidade de fazer um êxodo dos seus espa- os próprios "perímetros opressivos" sobre os
ços blindados, dos seus perímetros opressivos. quais se apoiar para acreditar na vida mais sim-
É por isso que a consciência, o despertar da ples, assim como os interlocutores de Sócrates
consciência, é tão importante. que se imaginavam sábios e não sabiam que
Segundo Sócrates, Platão relata em sua obra não sabiam.
"Apologia de Sócrates", tratar da filosofia Ser maçom não significa ter a vida mais
significa exercer um exame incessante de si simples, pelo contrário, deve estar rodeado de
mesmo e dos outros seres humanos e somente um trabalho árduo de si mesmo para que com
quem admite sua ignorância pode partir em dificuldade se consiga alisar a pedra disforme.
busca da verdade; portanto, apenas os ignoran- Se uma pessoa for considerada "válida", seja
tes são verdadeiramente filósofos. Mas uma por ser reconhecida, com ou sem razão, pelas
vida sem pesquisa não vale a pena para o competências inerentes à sua profissão, seja
homem e descobrir-se ignorante é inútil se essa por ter adquirido "títulos" reconhecidos pela
ignorância não se tornar um ponto de partida sociedade, deverá, sutil ou mesmo claramente,
para a busca de novas verdades mais profun- propuser uma falsidade, ao contrário, esta seria
das. considerada válida por ter sido propagada por
Assim, o filósofo, que é aquele que ama a uma pessoa "digna de confiança". E assim
educação por excelência, que sabe estar a meio permanecerá até que ele não seja claramente
caminho entre aquele que é dotado de ampla e contrariado por uma realidade irrefutável.
profunda doutrina (o sábio) e aquele que, pelo Isso acontece porque nem todos duvidam se
contrário, combina a ignorância com a estupi- aquele divulgador é uma pessoa verdadeira-
dez (o insipiente), ele sabe não sabe e por isso mente "titulada" ou se ostentou ou não aquelas
uma estimativa cada vez mais preci-
sa é obtida à medida que o número
de tentativas aumenta. Pelo que foi
dito acima é evidente que não há cer-
teza de que o mesmo fenômeno se
repetirá sucessivamente.
É necessário, portanto, para todo
acontecimento, seja íntimo ou exter-
no, “duvidar” e fazer aquelas per-
guntas, às quais se possa dar respos-
tas, visando esclarecer os motivos
que o desencadearam.
habilidades aparentemente manifestas, ou se Afirmamos, pois, que a "dúvida"
espalhou "sua verdade" de boa fé ou por inte- é o verdadeiro motor que impulsiona "o
resse próprio (o mito da caverna). homem digno" a educar-se para sair do estado
Entre os pensadores, o debate sobre a exis- em que se encontra, libertando a sua consciên-
tência ou não da verdade objetiva está sempre cia dos constrangimentos do ego pluralizado
vivo. Os materialistas, que mantêm a priorida- que a aprisiona no mais baixo nível palco presa
de da natureza sobre o espírito, o afirmam, os de sentimentos abjetos. No Dicionário de Filo-
idealistas, que, inversamente, mantêm a priori- sofia on-line de Treccani, lemos que "dúvida" é
dade do espírito sobre a natureza, o negam. o "estado subjetivo de incerteza, que resulta em
Para este último, a verdade é apenas subjetiva. uma incapacidade de fazer escolhas teóricas ou
Mesmo a esfera matemática nos dá um exem- práticas, sendo os elementos objetivos consi-
plo de como uma ciência, a ciência matemáti- derados insuficientes para determiná-los em
ca, só pode nos fornecer uma verdade subjetiva um sentido e não no oposto."
e não objetiva, mesmo que envolta em objetivi- A dúvida, como método, torna-se promotora
dade. do processo construtivo do conhecimento, tor-
Devemos afirmar que os números estatísti- na-se a condição natural do ensaio, que se mani-
cos não representam uma realidade objetiva, festa com a “suspensão do juízo”, pois “da dúvi-
pois estão relacionados a um fenômeno e, por- da decorre a tolerância das opiniões e compor-
tanto, podem ser avaliados de maneira diferen- tamentos alheios” .
te dependendo de como são representados e E este não é talvez um dos ensinamentos car-
lidos, dependendo também do uso que se faz deais da Maçonaria?
deles e do que se quer colocar em evidência. Com Descartes, a dúvida metódica encontra
Podemos dar um exemplo fazendo uma sua realização exemplar. A dúvida, desenvolvi-
pausa para refletir sobre a lei estatística dos da em toda a sua capacidade decisiva, encon-
grandes números que se aplica a uma sucessão trará resolução na aquisição de novas certezas
de variáveis aleatórias independentes com dis- metafísicas. Partindo da incerteza dos dados
tribuição idêntica de qualquer tipo. A lei dos dos sentidos, a análise da dúvida estende-se
grandes números nos diz que à medida que o progressivamente às verdades racionais.
número de tentativas aumenta, a distribuição É precisamente a atividade de duvidar que
de probabilidade da frequência relativa com a fornece a inelutável consciência do eu pensante
qual um evento aleatório ocorre tende cada vez que nos permite sair da dúvida. No entanto, a
mais a se concentrar em torno do valor de pro- certeza da existência do pensamento não forne-
babilidade do próprio evento. Portanto, se a ce também a da existência de coisas externas,
probabilidade do evento for desconhecida, cujo conhecimento pode estar sujeito ao enga-
no da própria percepção. A dúvi-
da é, portanto, a base do verda-
deiro conhecimento, porque
somente questionando o conhe-
cimento antigo podemos chegar
a um princípio resistente a qual-
quer dúvida, base para outros
conhecimentos.
Pode-se duvidar de tudo, exce-
to da própria existência, pois no
próprio ato de pensar é necessá-
rio um sujeito pensante, esse
mesmo sujeito deve existir para
poder pensar. O ato de duvidar
confirma diretamente o ato de
pensar e, portanto, de “ser”.
Mas o quão fascinante é pen-
sar, criar uma identidade ener- composição energética do universo. A física
gética a partir da matéria bioquímica, não é quântica nos aproxima dessa dedução, que é a
compreendido por todos. É cansativo jogar-se teoria física que descreve o comportamento da
no labirinto da dúvida, na névoa da dúvida, matéria; ele, em sua forma mais básica, é for-
esquadrinhar o que responde às nossas dúvi- mado por partículas de pura energia denomina-
das. Nosso "verdadeiro ser interior", nosso ver- das "quanta".
dadeiro Pai, sabe exatamente o que é verdadei- Certamente não é o momento de nos deter-
ro, o que é certo, o que é necessário para nossa mos nestes estudos que poderiam ser objeto de
Mônada, mas ouvi-lo é outra história. futuras discussões, mas é certo que uma das
Ouvir, perceber, o próprio ser, que nos fala derivações destes estudos concebe o homem
através das sensações, não é simples, requer como pura energia já que sendo, em essência,
estudo, aplicação, confiança na intuição. nosso corpo físico é constituído de matéria e
Mas como conciliar o metafísico com o matéria de "quanta" e sendo a energia "quânti-
mundo físico. É possível uma fusão tão energé- ca" pura, segue-se que o homem é pura energia
tica que nos faça entender o quanto os seres enquanto seu corpo físico representa a mais
humanos, e não só isso, mas tudo o que existe densa vibração de energia.
está realmente unido em um só? Que a essência Os físicos teóricos, que sempre tentaram
do cosmos, do universo, é a mesma do ser entender a substância da realidade física, nota-
humano e de todas as coisas que o cercam? ram que o universo parecia ser pura consciên-
Eu, claro, estou convencido que sim, mas cia consciente de si e que dava vida a tudo ao
não só digo, há estudos recentes que vão nesse nosso redor.
caminho. Isso significa que tudo o que existe na natu-
Os estudos que realizamos, a procura contí- reza faz parte da mesma fonte de existência.
nua do nosso ser íntimo, a vontade de nos aper- Mas esta é outra história, certamente emocio-
feiçoarmos, de nos superarmos tentando apro- nante, cheia de ideias filosóficas mas também e
ximar cada vez mais o nosso “ser” da perfeição sobretudo teológicas.
“divina”, leva-nos a alargar a nossa forma de
conceber a realidade física e, portanto, também Fonte: Revista Athanor
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