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INTRODUÇÃO
CONCEITO: É o meio processual, em regra, voluntário de impugnação de
uma decisão, utilizado antes da preclusão, apto a propiciar um resultado
mais vantajoso na mesma relação jurídica processual, decorrente de
reforma, invalidação, esclarecimento ou confirmação.
MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DE DECISÕES: a) recursos; b) ações autônomas
FINALIDADE: o reexame da decisão.
FUNDAMENTO: a falibilidade humana e o inconformismo natural daquele
que é vencido e deseja submeter o caso ao conhecimento de outro órgão
jurisdicional; o recurso instrumentaliza o princípio do “duplo grau de
jurisdição”.
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REFORMATIO IN PEJUS
• “REFORMATIO IN PEJUS” (piora): havendo recurso apenas por parte da
defesa, o tribunal não pode proferir decisão que torne mais gravosa sua
situação, ainda que haja erro evidente na sentença, como, por exemplo,
pena fixada abaixo do mínimo legal. Art. 617 CPP.
Pode ser direta (provimento de reforma) ou indireta (provimento de
anulação)
• “REFORMATIO IN MELLIUS” (melhora): havendo recurso apenas por parte
da acusação, o tribunal pode proferir decisão mais benéfica em relação
àquela constante da sentença – Ex.: réu condenado à pena de um ano de
reclusão; MP apela visando aumentar a pena; o tribunal pode absolver o
acusado por entender que não existem provas suficientes.
VOLUNTARIEDADE
O recurso é meio voluntário (extensão do direito de ação); o poder
judiciário só atua se provocado (inércia da jurisdição).
EXCEÇÕES: o princípio da voluntariedade do recurso é mitigado pelo
reexame necessário (recurso obrigatório). Trata-se de condição de eficácia
da decisão, não transitando em julgado a sentença enquanto não for
analisado.
HIPÓTESES DE RECURSO NECESSÁRIO:
• Art. 574, I – da sentença que conceder habeas corpus;
• Sentenças absolutórias referentes aos crimes contra a economia popular ou à saúde
pública;
• Decisão que determinarem o arquivamento dos autos do inquérito policial referentes
a esses crimes, art. 7º da Lei 1521/51;
• Sentença concessiva de mandado de segurança, art. 14, § 1º, Lei 12016/09.
• Da decisão que conceder a reabilitação, art. 746 CPP. (STJ, Resp 157.415/SP).
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Quanto à motivação
• Ordinário: é o recurso que visa a defesa de um direito subjetivo. Baseiam-se no
mero inconformismo (ex.: apelação, RSE etc.).
• Extraordinário: é o recurso possui requisitos próprios. Exemplos: recurso
extraordinário (que a matéria seja constitucional), recurso especial (que tenha
sido negada vigência à lei federal) etc.
Quanto à iniciativa
• Voluntários – são aqueles em que a interposição do recurso fica a critério
exclusivo da parte que se sente prejudicada pela decisão do juiz; é a regra no
processo penal. Art. 574 CPP.
• Necessários (ou “de ofício” ou anômalos) – em determinadas hipóteses, o
legislador estabelece que o juiz deve recorrer de sua própria decisão, sem a
necessidade de ter havido impugnação por qualquer das partes.
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• Regularidade Formal: O CPP estabelece a forma segundo a qual o recurso deve ser
interposto, são formalidades legais para o recurso ser recebido (ex: a apelação pode ser
interposta por petição ou por termo nos autos).
• Tempestividade: O recurso deve ser interposto no prazo legal.
Os prazos começam a correr a partir do primeiro dia útil após a intimação conforme
artigo 798, § 1º, CPP. Súmula n° 310 do Supremo Tribunal Federal: “quando a intimação
tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o
prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente,
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir” (no caso de carta precatória,
o prazo é contado a partir da juntada da carta aos autos do processo).
OBS1: Prazos processuais penais são contínuos, art. 798 CPP.
OBS2: Réu e defensor – o prazo começa da última intimação.
OBS3: Processo eletrônico: disponibilização, publicação e início do prazo – Lei 11419/06.
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JURISPRUDÊNCIA
“Homicídio doloso. Tribunal do Júri. Três julgamentos da mesma causa. Reconhecimento
da legítima defesa, com excesso, no segundo julgamento. Condenação do réu à pena de
6 (seis) anos de reclusão, em regime semiaberto. Interposição de recurso exclusivo da
defesa. Provimento para cassar a decisão anterior. Condenação do réu, por homicídio
qualificado, à pena de 12 (doze) anos de reclusão, em regime integralmente fechado, no
terceiro julgamento.Aplicação de pena mais grave. Inadmissibilidade. Reformatio in
pejus indireta. Caracterização. Reconhecimento de outros fatos ou circunstâncias não
ventilados no julgamento anterior. Irrelevância. Violação consequente do justo processo
da lei (due process of law), nas cláusulas do contraditório e da ampla defesa. Proibição
compatível com a regra constitucional da soberania relativa dos veredictos. HC concedido
para restabelecer a pena menor. Ofensa ao art. 5º, incs. LIV, LV e LVII, da CF. Inteligência
dos arts. 617 e 626, do CPP. Anulados o julgamento pelo tribunal do júri e a
correspondente sentença condenatória, transitada em julgado para a acusação, não
pode o acusado, na renovação do julgamento, vir a ser condenado a pena maior do que a
imposta na sentença anulada, ainda que com base em circunstância não ventilada no
julgamento anterior” (STF — HC 89.544 — 2ª Turma — Rel. Min. Cezar Peluso — DJe-89
— p. 197).
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