Aspectosdelinguagem
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Resumo
O presente estudo objetiva investigar os aspectos da linguagem no processo da aquisição
da fala e na alfabetização da criança com Síndrome de Down. Caracteriza-se como uma
pesquisa bibliográfica, com fontes baseadas em artigos científicos, dissertações e teses.
A Síndrome de Down é o distúrbio cromossômico mais comum e é uma causa importante
de graus variáveis de deficiência intelectual. Esse distúrbio cromossômico traz dentre
muitas alterações, em especial para este estudo, a dificuldade na aquisição da linguagem
e no processo de alfabetização. A aprendizagem de pessoas com Síndrome de Down
ocorre de forma mais lenta quando comparada a pessoas sem qualquer deficiência. Assim,
as dificuldades mais comuns são: manter a atenção e continuar com a atividade específica;
reter informações; situar essas informações no tempo e no espaço; elaborar um
pensamento abstrato. Nesse contexto, todo o aprendizado deve ser estimulado a partir do
concreto, sem pular etapas, necessitando de instruções visuais e situações reais para que
a pessoa com Síndrome de Down consolide suas aquisições.
Introdução
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as mesmas respostas dos sujeitos com síndrome em relação aos que não possuem esta
condição genética:
O autor ainda afirma que grande parte das crianças com Síndrome de Down
apresentam atrasos significativos de linguagem e maior dificuldade para comunicar-se.
Existem várias razões possíveis para tanto e dentre elas assinalamos:
● Maior frequência de perda auditiva, repetidas infecções no ouvido médio;
● Problemas com os movimentos motores da língua e boca, com o controle
do uso da cavidade nasal e com controle da respiração;
● Atraso no desenvolvimento cognitivo;
● Problemas com o encadeamento de sons e palavras;
Schwartzman (2003) sinaliza sobre compreender a sequência de aquisição de
habilidades de linguagem em crianças com Síndrome de Down, relatando que o tempo de
aquisição destas crianças é diferente das demais, destacando pesquisas realizadas na área
da linguagem.
As pesquisas sugerem que o aspecto articulatório da fala e a sintaxe são os
mais afetados nas crianças com Síndrome de Down, destacando-se as principais fases:
a) O início do balbucio numa criança sem a Síndrome de Down se faz nos
primeiros seis meses, nas crianças com Síndrome de Down aparece aos oito meses;
b) A fala leva um tempo maior para se desenvolver na criança com Síndrome
de Down, e algumas crianças não demonstraram uso consistente de palavras antes dos
três anos de idade;
c) As primeiras emissões de palavras combinadas numa mensagem com
significado podem ser observadas por volta dos quatro anos de idade;
d) O uso de sentenças para a comunicação, na criança com Síndrome de
Down, inicia-se por volta de 41 a 60 meses de idade. Antes desta fase, elas se comunicam
verbalmente usando simples vocalizações ou emissões de uma ou duas palavras
combinadas, sem a estrutura sintática de uma sentença.
A intervenção do fonoaudiólogo deve ser iniciada o mais precocemente
possível, pois as pesquisas dos teóricos Pueschel e Schwartzman comprovam que
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algumas crianças com Síndrome de Down demonstram um progresso mais rápido das
habilidades comunicativas quando acompanhadas por este profissional. Assim, por volta
da idade escolar, já estarão construindo sentenças e, em alguns casos, lendo, enquanto
outras que não foram submetidas a trabalhos especializados serão bem mais lentas,
começando a utilizar as primeiras palavras com três a quatro anos.
Para Schwartzman (2003, p.206) as interferências físicas, cognitivas e
emocionais que a Síndrome de Down determina influenciarão de forma diferente cada
criança no aspecto da linguagem. Dessa forma, a autora enfatiza sobre recursos auxiliares
de comunicação, como os Sistemas aumentativos e alternativos de comunicação1 (gestos,
símbolos gráficos etc) durante as interações. “Calcada sobre uma estrutura básica de
linguagem, a criança fará uso do meio de comunicação que melhor lhe convier em
determinado momento de seu desenvolvimento” (SCHWARTZMAN, p. 208, 2003)
O uso de sistemas alternativos e aumentativos de comunicação facilita o fluxo
de significados entre parceiros, contribuindo, assim, para a aquisição da linguagem. É
imprescindível que se dê às crianças com Síndrome de Down toda oportunidade de
mostrar que compreendem o que lhes foi dito ou ensinado, mesmo que isso seja feito
através de respostas motoras - como apontar e gesticular - se ela não for capaz de fazê-lo
exclusivamente de forma oralizada.
Diante do exposto pode-se afirmar que, se na criança sem a Síndrome a
aprendizagem de habilidades motoras, diárias, sociais e cognitivas exigem uma boa
parcela de prática e experiência, mais trabalho, paciência e estímulos serão necessários
para a criança com Síndrome de Down. É importante pontuar a argumentação de Pueschel
ao afirmar que muitos fatores podem causar um atraso no desenvolvimento motor das
crianças Down, tais como os defeitos cardíacos congênitos ou outros problemas
biológicos ou do ambiente que possam interferir.
Schwartzman (2003) estabelece que estas dificuldades ocorrem
principalmente, porque há imaturidade nervosa e não mielinização das fibras, pois pode
dificultar funções mentais como: habilidade para usar conceitos abstratos, memória,
percepção geral, habilidades que incluam imaginação, relações espaciais, esquema
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1
Sistemas de comunicação alternativos e aumentativos são constituídos de conjuntos de signos e têm sido
agrupados em duas grandes classes: 1) os sistemas em que o próprio corpo atua para significar e 2) os
sistemas que dependem de auxílio de instrumentos. Dentre os sistemas de comunicação alternativos
empregados universalmente, destacam-se semantografia Bliss (HEHNER, 1980), os desenhos de linha PCS
(JOHNSON, 1992), a pictografia PIC (MAHARAJ, 1980), e as línguas de sinais como LIBRAS (Oates,
1989: Capovilla e colaboradores, comunicação pessoal).
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Diante disso o trabalho com as pessoas com Síndrome de Down deve procurar
desenvolver as habilidades respeitando seu ritmo, promovendo estímulo para se obter
uma eficaz promoção das habilidades motoras e cognitivas. De acordo com Schwartzman
(2003), a educação da criança é uma atividade complexa, pois exige adaptações de ordem
curricular que requerem cuidadoso acompanhamento dos educadores e pais.
Para Silva (2002), o ensino do indivíduo com necessidades especiais deve
ocorrer de forma sistemática e organizada, seguindo passos previamente estabelecidos. O
ensino não deve ser teórico e metódico e sim deve ocorrer de forma agradável e que
desperte interesse na criança.
Normalmente o lúdico atrai muito na primeira infância, e é um recurso muito
utilizado, pois permite o desenvolvimento global da criança através da estimulação de
diferentes áreas.
O atendimento a criança com síndrome de Down deve ocorrer de forma
gradual, pois as mesmas não conseguem absorver grande número de informações.
Também não deve ser apresentada a criança Down, informações isoladas ou mecânicas,
mas sim, de forma que a aprendizagem possa ocorrer de forma mediada e interativa,
através de momentos prazerosos.
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Considerações finais
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Crianças e jovens com Síndrome de Down são pessoas como todas as outras,
no entanto são seres únicos e possuem suas particularidades, suas personalidades e
dificuldades também próprias. Portanto as atividades a serem trabalhadas com estes
jovens para que atinjam seus objetivos consolidando suas habilidades devem permear
todas as etapas, sem que nenhuma delas seja pulada, respeitando o tempo de cada um.
O aumento significativo das produções científicas sobre a Síndrome de Down
é um forte indicador da relevância e da complexidade do tema para a comunidade escolar
e científica.
Os resultados deste trabalho mostrou que há uma grande amplitude de
pesquisas sobre a Síndrome de Down, mas, torna-se importante ressaltar que a produção
de Teses, Dissertações e Artigos sobre as pessoas com Síndrome de Down não deve se
esgotar.
Nesse contexto concluímos sobre as aquisições acadêmicas da criança com
Down. No que diz respeito à alfabetização, não existe um método de leitura que sirva de
paradigma para todos. O mais adequado varia em função da avaliação de estratégias que
têm como meta direcionar o aluno para que ele segmente e represente os fonemas para
compreender a mensagem. Desenvolver a linguagem oral e escrita é promover uma
atmosfera que estimule a criança a falar e escrever livremente sobre as experiências da
vida diária. Para ser alfabetizado o aluno precisa estar socialmente em contato com a
escrita, da mesma maneira que precisou interagir com a linguagem oral para adquiri-la.
Referências
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PUESCHEL, S. (ORG.) Síndrome de Down: Guia para pais e educadores. 9.ed. São
Paulo: Papirus, 2005.
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Abstract
The objective of the present study is to investigate the aspects of language in the process
of speech acquisition and alphabetization of children with Down Syndrome. It
characterizes of a bibliographic research with sources based on scientific articles,
dissertations and thesis. Down Syndrome is the most common chromosomal disorder and
an important cause in the variety of levels of intellectual deficiencies. This chromosomal
disorder brings, between many alterations, specially for our study, the difficulty in the
acquisition of speech and the process of alphabetization. The learning abilities of people
with Down Syndrome happens in a slower pace when compared with people without any
deficiency, thereby, the most common difficulties are: to keep their attention and to
continue some specific activity, to absorb information, to place this information in space
and time, to elaborate an abstract thought. In this context, all the learning process should
be stimulated starting from the concrete, without skipping any steps, with the need of
visual instructions and real situations so the person with Down Syndrome can consolidate
his/her acquisitions.
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