000942196
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PORTO ALEGRE - RS
2014
KAREN CAVALCANTI TAUCEDA
LINHA DE PESQUISA:
2014
BANCA EXAMINADORA
Ao meu orientador, Dr. José Cláudio Del Pino pela confiança em meu trabalho
durante a trajetória de pesquisa em educação em ciências, iniciada antes da formulação
desta tese. Pela sensibilidade de compreender as relações entre os sujeitos e os
conhecimentos/emoções por eles produzidos, pela ótica da diversidade contextual em
que estão mergulhados. Pela atitude de diálogo que permeia a sua ação pessoal, que por
mim é identificada como um sentimento de não aceitação da situação posta, da ideia que
em um ambiente onde as diferentes vozes são escutadas, é um lugar potencialmente
transformador, na medida em que se aprofundam e se ampliam as ações e os
significados das palavras que são proferidas.
ABSTRACT
The study deals on the learning to learn of the different subjects/actors in teaching
situations problematizing and diversified, produced in the dynamics of the school
context. Learning, in this study, it is considered as an "event" related to different
contexts historical-cultural in a dynamic unity, whose subject-actors are inserted,
causing multiple situations producing learning. The situations and the interactions
between the individuals involved in the act of learning, were analyzed in a public school
in Porto Alegre/RS, the State College Julio de Castilhos, between 2011 and 2013,
together with the students of 1ST year of secondary education in the discipline of
biology, and the students of the Federal Institute of Education, Science and Technology
(IFRS-campus Porto Alegre), of degree course in Natural Sciences: Chemistry and
Biology, participants of PIBID (Institutional Program of Scholarships to Teaching),
between july 2012 and december 2013. From the perspective of a research in action,
were análisados concepts built (the invariant operative), and we identified the
difficulties to determine the problem situations most suitable to promote the conceptions
in sciences. But in the interactions that are dialectically in the school, the teacher also
learns, modifies itself. It is in the classroom that the teacher will develop your
investigative process to learn how to teach, constructing concepts related to the teaching
of science, in a learning to learn. In the process of learning to learn, the teacher
understands the dinâmca related to learning to learn of student. In the learning
difficulties of students and teachers trained and training, the teacher researcher has
changed through reflection of their own learning difficulties to solve problem situations,
at focus of Gérard Vergnaud (1990), in the conceptual fields. In this analysis, the
knowledge is organized in problem situations, and is from the resolution of these
situations that the subjects who learn, develop their conceptualizations. The context of
teaching the teacher trainers also is problematized in this research. In investigations of
initial and continuing training, the situations / social contexts has influenced learning in
sciences, reinforcing the idea that learning to learn through the Resignification of the
previous concepts in problem-solving situations, it is essential to learn to teach. When
there not is this connection, identifies difficulties for the learning of the teacher, because
he simply repeats without signification some concepts transmitted in the academy,
reproducing often many times, the traditional methodology of teaching. It was found in
this study that a teacher who is not formed in a research context, where his practice in
the classroom not the basis for the elaboration of new meanings of academic
knowledge, is a teacher who probably does not recognize as an element for the learning
of their students, research. Therefore, the learning and teaching science if perform in the
context whose essence must be the research, because it is permeated by teaching
situations that is constitute in the historical-cultural context of the subjects of learning.
The arguments of this thesis were based from the reflection-action on reference
Vergnaud (1990, 2003), Ausubel (1980, 2000), Vygotsky (! 988), Moreira (2002, 2011),
Freire (2004), Demo (1999) Nóvoa (1992) and Schon (1997).
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................16
1 1 Organização de tese.................................................................................................16
2 QUESTÕES DE PESQUISA....................................................................................48
8 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES............................................................................319
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................323
10 APÊNDICES...........................................................................................................331
QUADROS
FIGURAS
1 1 Organização da tese
1
Um resumo referente ao texto da introdução, foi aceito para ser apresentado no XV Salão de Ensino,
que será realizado na UFRGS, em Porto Alegre, de 22 a 24 de outubro de 2014. Um texto modificado
será enviado para a Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências.
16
alunos e professores que se desenvolvem no contexto escolar, em situações de ensino-
aprendizagem em ciências.
2
O sentido que damos nesta pesquisa de ressignificar os conhecimentos, é aquele que Vergnaud dá ao
termo “conceito”: é a situação que fornece o seu sentido. Então, quando o sujeito se apropria
significativamente do conceito, não há mudança conceitual (salvo quando há obstáculos
epistemológicos) ou uma compreensão por parte do sujeito, de suas concepções alternativas (como era
defendido pelos construtivistas e cognitivo-construtivistas). Ocorre, de acordo com Vergnaud, uma
resolução de situações-problema, apoiadas nas concepções prévias dos sujeitos e dos novos
conhecimentos, isto é, uma evolução conceitual contextual. A conceituação pode evoluir para esquemas
mentais, se promovidas pelo professor, diferentes situações de uma mesma classe de problema.
17
...os resultados da aprendizagem, dependiam muito mais
deles, de seus conhecimentos, do debate junto aos seus
pares, de suas observações, dos problemas propostos pelo
professor e de sua resolução (TAUCEDA, 2013, p. 82).
18
laboratório fez com que os mesmos não se comportassem
adequadamente, não gostei destas distrações.”.
19
especificidades. Argumentamos, nesta tese, que não faz mais sentido separar
epistemologicamente estes sujeitos pois, alguns problemas enfrentados por alunos e
professores no seu dia a dia escolar, estão justamente na ideia que o aluno é “somente
aluno”, aquele que teoricamente aprende passivamente, receptáculo dos conhecimentos
dos professores; e que o professor é “somente professor”, aquele que ensina o que o
aluno deve aprender, em uma interminável narrativa, como afirma Moreira (2011), sem
considerar que as concepções prévias de seus alunos apresentam potencial para
resssignificar a sua prática, através de um contexto formativo, de debate de ideias.
Nas escolas, estes papéis sociais apresentam um certo imobilismo, e isto é uma
das características de um contexto que predomina a pedagogia tradicional. Nesta
perspectiva, o aluno não ensina e o professor não aprende. Na perspectiva que o aluno
também ensina, refletimos a sua atuação no contexto da sala de aula, para além do
construtivismo/cognitivismo; pensamos no aluno interagindo com os seus pares e o
professor, construindo conceitos ressignificados, em uma perspectiva interacionista de
Vergnaud.
20
O ensinar, na teoria de Vergnaud também não é a reprodução mecânica dos
conceitos escolares, é a sua transformação, que conferem ao novo conceito produzido,
elementos do cotidiano e alguns elementos que o professor ensinou, tornando-o
dinâmico através das situações que lhe deram sentido, possibilitando então, a sua
evolução.
Formular hipóteses também faz parte do aluno que ensina, pois nos debates
coletivos da sala de aula, muitos conhecimentos estão sendo explicitados e refletidos a
partir dos conhecimentos prévios, desenvolvendo-se uma “rede” de informações que
serão “interiorizadas” pelos seus pares e pelo professor. O professor assim, organizará
esta “rede” de conhecimentos, a partir do debate reflexivo das situações problemáticas
significativas. Desta forma, o aluno perceberá o seu conceito como provisório, uma
hipótese.
Uma questão que é abordada nesta tese, é que “ensinar e aprender” não
apresentam disjunção, pelo contrário. É difícil aprender a ensinar ou aprender a
aprender, em um contexto sem interações dos sujeitos: aluno e professor. Se o contexto
em que se dá a ação educativa é formado por aluno e professor, os significados do
ensinar e do aprender também estão sendo refletidos a partir das ações interativas destes
atores/sujeitos. Muitos conhecimentos novos estão sendo construídos, promovendo
novos significados do que é ser aluno, e o que é ser professor. Estas identidades,
portanto, não estão estáticas; miscigenam-se na ação educativa. Todos, em algum
momento, podem ser alunos e/ou professores.
21
conceitos relacionados às teorias pedagógicas), tem muito de contextual, pois eles são
elaborados em situações-problema significativas; eles não se referem a um só tipo de
situação, e uma única situação não pode ser analisada com um só conceito. Forma-se
então um campo conceitual, através de situações que problematizem, neste caso, as
teorias pedagógicas. As situações formam um campo conceitual (VERGNAUD, 1988).
Vergnaud também menciona o contexto de ensino como promotor de estratégias
problematizadoras. Para o professor desenvolver o aprender a aprender, ele deve estar
inserido em um contexto social, com situações problematizadoras, que promovam os
questionamentos relacionados à prática de ensinar, isto é, o campo conceitual
relacionado às práticas pedagógicas. Segundo Schön (1997) e Vergnaud (2003), o
contexto da escola e da sala de aula é rico em situações problematizadoras, e é neste
contexto que ele deverá desenvolver a sua formação.
22
como “construtor de seu próprio conhecimento”. Segundo esta autora, se o papel
autoritário do professor é prejudicial, a interpretação simplista do aluno como
“construtor de seu próprio conhecimento”, induz o professor a renegar a sua função de
orientador do aprendizado.
23
1 3 As situações do contexto escolar na aprendizagem de alunos e
professores investigadores
24
ensino. É a perspectiva cognitivo-construtivista de Piaget (1977) e Ausubel et al.
(1980); nestes últimos autores, não se trata de enfatizar as etapas de desenvolvimento
piagetiano, mas enfatizar o aprender a aprender.
25
Em Mortimer (1995), a noção de perfil conceitual busca compreender as
concepções dos estudantes dentro de um esquema geral: relacioná-las e ao mesmo
tempo diferenciá-las dos conceitos científicos apreendidos na escola. As ideias dos
estudantes, situa-se então, em um contexto mais amplo de convivência com o saber
escolar, e com o saber científico. Vergnaud (1988), ao definir campos conceituais como
um conjunto de situações paulatinamente dominadas, através da compreensão de vários
conceitos de natureza distintas, propõe a ideia de uma trama de conhecimentos, onde
todos os conceitos que o sujeito domina, podem ser acionados, dependendo da situação
apresentada (Fig. 2).
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM
26
forma predicativa (o explicar, o dizer), reforçando a importância do problema referente
a escolha de estratégias de ensino. Tauceda e Del Pino (2013), ao desenvolverem
situações de ensino que contemplassem aspectos teóricos e práticos do estudo das
moléculas orgânicas, evidenciaram que a execução de uma atividade prática não
significa que esta atividade está promovendo significações relacionadas à matéria de
ensino, em uma evidente desconexão entre a teoria e a prática.
O ato de aprender envolve sujeitos que ensinam e aprendem, então não faz
sentido separá-los através da hierarquização de suas importâncias, pois a aprendizagem
27
é produzida em um contexto-histórico-cultural (VYGOTSKY, 1991), que a reflete e a
tensiona. Ambos, professores e aprendizes, constituem-se nesta relação.
3
O invariante operatório é a essência do conceito. Na perspectiva de Vergnaud, não há conceito sem
uma situação problematizadora que lhe forneça um significado. Portanto, o conceito é invariante,
porque condiz à uma situação, pois o sujeito compreende esta proposição e as propriedades que estão
relacionadas à ela, como verdadeiras. Ao mesmo tempo é operatório, pois ao resolver a situação, o
sujeito conceitua. O ápice da complexidade da conceituação é a formação dos esquemas mentais, nos
quais o sujeito resolve diferentes situações de uma mesma classe, organizando uma intrincada rede de
significados, os chamados campos conceituais.
28
universo e da vida, com os invariantes relacionados às concepções místicas. Esta
constatação apresenta, pelo menos, duas interpretações: uma ressignificação conceitual,
no processo de evolução do conhecimento; ou uma aprendizagem memorística, em que
os conceitos de ensino, identificados nos invariantes, são utilizados para as provas, sem
uma validade para a interpretação de situações da vida.
29
de suas interações do dia a dia. Segundo Pozo (1989), em Ausubel et al, (1980) e
Ausubel (2000), são enfatizados os processos de ensino-aprendizagem dos conceitos
científicos, a partir dos conceitos previamente formados pelos alunos na sua vida
cotidiana.
30
evidente a importância do professor como mediador dos conhecimentos prévios e de
ensino, através da produção de situações significativas, e de sua relevância na
organização de situações de ensino promotoras de interações na sala de aula. Na
identificação de invariantes relacionados a moléculas orgânicas, foram reconhecidas
incoerências com os conceitos de ensino, que logo foram acionados novamente na
resolução de outras situações, estas novamente fazendo a conexão “conceito prévio-
situação-conceito novo”.
31
produzidos no processo de conceituação, percebeu-se nitidamente como os conceitos
estão interligados na formação do campo conceitual do metabolismo celular. Os alunos
utilizaram muitos invariantes “cruzados”. Portanto, o ensino de conceitos isolados pode
impedir a aprendizagem dos próprios conceitos. A percepção que os conceitos
apresentam significados interligados, reitera a necessidade de formar o aluno
pesquisador, na perspectiva de Demo (1999). O contexto problematizador/questionador
é ferramenta para o ensino, tanto em Demo, como para Vergnaud. Em Vergnaud esta
relação fica mais esclarecida, quando consideramos que são as situações-problema que
significam os conceitos. Quanto mais promovemos situações significativas para o aluno
resolver, em um determinado tema de ensino, por exemplo, moléculas orgânicas, mais
se ampliam as conceituações e abstrações, alcançando um desenvolvimento do campo
conceitual original, formando um campo conceitual mais geral. Isto foi percebido em
um estudo realizado com alunos de 1º ano do ensino médio de biologia, por Tauceda et
al. (2013b). As dificuldades de aprendizagem relacionadas aos conceitos de célula e
enzima, foram devidas à falta do conceito de molécula orgânica na estrutura cognitiva
do aprendiz. Esta percepção se deu através da análise dos invariantes operatórios
produzidos para resolver situações problema, indicando a necessidade de reformulação
na estrutura destas situações. A introdução do conceito de enzima através de situações-
problema parece contribuir para a conceituação de célula. Segundo Vergnaud (1982), o
conhecimento está organizado em campos conceituais, cujo domínio (VERGNAUD,
1990) requer a apreensão de vários conceitos, esquemas e representações de natureza
distintas (Fig. 3).
32
Figura 3 – Representação dos campos conceituais inclusivos, elaborados a partir de
situações. Cada campo é composto de conceitos conectados. Por sua vez, os campos
conceituais apresentam relação entre si. A não resolução de situações inclusivas
dificultam a conceituação mais geral.
34
35
Quadro 1 – Atividades de ensino (protocolos para aulas experimentais), produzidos coletivamente pelo grupo PIBID/IFRS/campus Porto Alegre
- Licenciatura em Ciências da Natureza: Química e Biologia, para a aprendizagem dos estudantes de 1º ano na disciplina de biologia e química
no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, no período de julho de 2012 a dezembro de 2013. Os objetivos descritos a seguir, são uma ressignificação
da autora, a partir dos resultados da aprendizagem dos licenciandos (os conhecimentos explicitados nos protocolos), no referencial metodológico
dos campos conceituais (conhecimentos em ação), e de alguns elementos conceituais da C-T-S-A (Ciência, Tecnologia, Saúde e Ambiente), que
estavam explicitados nos protocolos.
36
2.PROTOCOLO: Vida Microscópica Na visualização de uma gota de água no microscópio, problematiza-se as condições ambientais do
Lago Guaíba/RS e do “Recanto Chinês” do Parque Farroupilha (Redenção/POA), e a existência de
seres vivos pluricelulares e unicelulares na água destes ambientes. São debatidas as relações entre a
estrutura morfofisiológica destes organismos com a estrutura celular. Reflete-se sobre o conceito de
“vida”, a partir das concepções prévias, as observações realizadas no microscópio e algumas
definições escolares e científicas. Nas situações problematizadoras, discute-se, a partir da existência da
vida microscópica, as possibilidades da vida extraterrestre.
Nas situações-problema que relacionam aspectos da dieta dos seres humanos com alimentos
3. PROTOCOLO: Moléculas Orgânicas
importantes em termos nutricionais, investiga-se a presença dos carboidratos, lipídios e proteínas em
nosso cotidiano, através de experiências que identificam estas moléculas orgânicas em alguns
alimentos. Problematiza-se a origem destas moléculas na Terra primitiva, e a importância destas no
processo de evolução da célula.
37
Visualizando-se diferentes tecidos (animais, vegetais) e células (gametas, microrganismos),
problematiza-se os conceitos “unicelular”, “pluricelular”, “procarionte”, “eucarionte”, “célula
5. PROTOCOLO: Tecido/Célula
vegetal”, “célula animal”, e a diversidade das células. Propõe-se uma investigação sobre os
mecanismos evolutivos (seleção natural) que desencadeiam a diversidade da vida.
Na situação experimental com diferentes materiais biológicos (batata descascada em fatias e folha de
6. PROTOCOLO: Transporte através da elodea sp), problematiza-se o fenômeno da osmose. Investigando as concepções prévias dos alunos em
membrana celular relação à superfície da célula (membrana plasmática), vista ao microscópio ótico, questiona-se os
resultados do experimento (turgor ou plasmólise), que evidenciam uma estrutura de membrana com
poros, visto que ocorreu uma mudança no interior da célula através do acréscimo de água com sal.
Problematiza-se estes conhecimentos em relação ao conceito de osmose, importante para o
intercâmbio de substâncias entre as células e o ambiente. Esta compreensão ressignifica a
conceituação de célula, para uma estrutura dinâmica. Investiga-se também o fenômeno físico da
difusão em situações-problema que remontam o cenário ambiental da evolução da célula primitiva.
38
prévias dos alunos sobre a importância do DNA para as células e os seres vivos; diferenças de DNA
7. PROTOCOLO: DNA nuclear
eucarioto e procarioto; divisão celular das bactérias e em seres pluricelulares (mitose e meiose) através
da duplicação do DNA (replicação); estrutura do DNA; diferenças reprodutivas dos seres vivos que
evoluíram a partir da divisão celular (assexuada e sexuada); tecnologia do DNA (transgênicos, células
tronco, clonagem...)
8. PROTOCOLO: Tabela Periódica Na visualização da TP, debate-se as informações que nela estão contidas, através da problematização
(TP) do conceito de elemento químico (átomo) e a sua relação com os fatos do cotidiano. No estudo das
reações do hidróxido de sódio e cloreto de diferentes metais (Al, Ba, Ca, Cu, Fe, K, Na), observa-se as
reações químicas e problematiza-se este conceito através de situações-problema que envolvam
concepções prévias e os conceitos científicos. Identifica-se estas substâncias na TP.
9. PROTOCOLO: Estudo dos Óxidos Reconhece-se a existência de substâncias chamadas “óxidos”, através de reações químicas entre o gás
carbônico e a “água de cal” e a reflexão de conhecimentos cotidianos relacionados ao gás carbônico da
respiração dos seres vivos, e aquele contido nos “refrigerantes”. Problematiza-se o óxido gás
carbônico (C02) e o óxido de enxofre (S02), em relação aos problemas ambientais da atualidade, o
efeito estufa e a chuva ácida, inserindo-os também no ciclo biogeoquímico, através do reconhecimento
do átomo do carbono e do enxofre, que fazem parte das suas estruturas moleculares.
10. PROTOCOLO: Ligações Químicas Na reflexão em situações-problema práticas relacionadas às propriedades físicas de algumas
substâncias (condutividade e solubilidade), propõe-se a interação dos conceitos prévios dos
39
significados de átomos e moléculas, com o conceito de “ligação química”. Identifica-se substâncias
iônicas e covalentes através dos resultados das reações químicas de alguns compostos, e propõe-se
situações que problematizem o conceito de “reação química”, através das concepções prévias e novas,
relacionadas ao conceito de átomo, molécula e ligação química, para conceituar ligação covalente e
iônica.
10. PROTOCOLO: Ligações Através da problematização de situações do cotidiano (mistura de água com sal, açúcar, álcool, óleo
de cozinha, querosene, iodo, naftalina), investigar o conceito de “interações intermoleculares”,
Intermoleculares
construindo este conhecimento, na reflexão das experiências no laboratório e as ideias prévias
identificadas no início da atividade de misturas entre estas substâncias Nas situações-problemas, há a
interação entre estes conceitos e aqueles relacionadas à solubilidade, polaridade, vaporização.
Investiga-se o conceito de solvente e soluto que desenvolve-se a partir das reflexões e interpretações
da atividade.
Nas situações-problema do cotidiano que envolvem experiências gustativas com ácidos (limão,
11. PROTOCOLO:
acerola, abacaxi), bases (banana-verde) e sais (sal de cozinha), constroem-se o conceito de “grupo de
Moléculas/Substâncias Inorgânicas
substâncias inorgânicas”, considerando os resultados das experiências de reação de substâncias com
indicadores ácido-base. As situações- problema relacionam os conceitos novos com os resultados da
experiência, ressignificando esses conceitos. Problematiza-se também estes conceitos químicos com a
40
biologia, através do questionamento do mecanismo digestivo dos vertebrados que utiliza o ácido
clorídrico; os remédios de PH básicos, que usamos para problemas digestivos e o uso do vinagre para
desinfetar verduras, que baseia-se no conceito de homeostasia celular. Propõe-se situações de
discussão sobre doenças provocadas por alimentos contaminados por falta de saneamento básico da
população, como por exemplo hepatite, disenterias, cólera, leptospirose, etc.
41
Quadro 2 – Relação da produção coletiva do PIBID/IFRS/campus Porto Alegre
- Licenciatura em Ciências da Natureza: Química e Biologia, no Colégio Júlio de
Castilhos, para eventos científicos e eventos no contexto escolar, no período de julho de
2012 a dezembro de 2013.
42
Planejamento e organização de um roteiro prático para o estudo de transporte
entre membranas.
43
educação em movimento – Porto Alegre: Colégio Estadual Júlio de Castilhos,
10, 11, 17 e 18 de setembro de 2013. Atas da Fundação de Apoio ao Colégio
Estadual Júlio de Castilhos, Porto Alegre: CEJC, 2013.
In: III Jornada Ensino Médio – docência, identidade e autoria – Porto Alegre:
Colégio Estadual Júlio de Castilhos, 04 de outubro de 2013. Atas da Fundação
de Apoio ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos, Porto Alegre: CEJC, 2013.
44
A situação-problema é o elo conceitual em que os conceitos se conectarão
(prévios e novos), na significação do conhecimento, este, é diferente de ambos. Segundo
Vergnaud (1996), muitas de nossas concepções vêm das primeiras situações que
resolvemos ou de nossa experiência tentando modifica-la. As situações então, darão o
sentido aos conceitos, e portanto os conceitos apresentam muitas características
contextuais. Reiteramos que estas ideias acima explicitadas, vem ao encontro da
proposta de perfil conceitual analisada por Mortimer (1996). As ressignificações do
conhecimento pelo aluno na situação-problema (diferente da concepção prévia e do
conceito de ensino), também considera estas ideias produzidas, em um contexto mais
amplo, onde também se situam o saber escolar e o científico.
45
situações-problema produzidas pelo professor/formador, que continham os novos
conceitos. Ainda mais, sem esta reflexão-ação, os licenciandos produziram materiais de
ensino (protocolos para aulas experimentais) que indicavam concepções, ou
racionalistas do conhecimento ou empiristas; isto se refletiu na metodologia pedagógica
tradicional que estes alunos evidenciaram, ao proporem atividades de ensino para aulas
práticas para os estudantes da escola.
46
convergências teóricas e implicações práticas. In: II Simpósio Internacional de
Enseñanza de las Ciências - online), onde propõe-se a reflexão-ação dos formadores de
professores de ciências.
2º
1º
ºº
ºº}
47
2 QUESTÕES DE PESQUISA
A hipótese inicial, que norteou este estudo, foi a de que a metodologia dos
campos conceituais facilitaria a aprendizagem de ciências, pelas suas características de
integração de conhecimentos, através de problematizações significativas em um
contexto dialógico, entre os sujeitos envolvidos. Mas ao mesmo tempo, desde que é
48
uma metodologia relacionada aos contextos de ensino, poderia também apresentar
dificuldades para ser desenvolvida.
A teoria dos campos conceituais foi refletida pela pesquisadora, como uma
alternativa metodológica para desenvolver práticas de ensino diferenciadas da
tradicional, visto que esta, não possibilitava o “desabrochar” de questionamentos por
parte da professora/pesquisadora e dos estudantes. O ambiente assim, “estéril”, não
constituía-se como um campo de ideias, que porventura, se transformassem em
hipóteses, por ambos sujeitos aprendizes, alunos e professores, pois neste campo estava
tudo já posto, estabelecido, determinado. Situações e ações que resultaram destas
reflexões, direcionaram o pensar da pesquisadora para além da proposta original da tese:
os campos conceituais. Este evento no pensamento da autora (professora/pesquisadora),
pode ser também considerado como uma ampliação deste campo de ideias: o ensino-
aprendizagem em ciências. Neste movimento cognitivo-contextual, conectou-se outros
elementos conceituais de teorias relevantes na área do ensino em ciências, como é o
caso da reflexão-ação e do aluno pesquisador. Estes conceitos que afloraram a partir da
prática na escola, apresentaram potencial para compor um campo conceitual mais
amplo, desta forma, foram refletidos em alguns artigos que são apresentados ao longo
da tese. Mas, ao final destas reflexões, chegou-se à conclusão que existem outras
possibilidades educativas que podem ser acopladas a todas estas ideias em formação,
como é o caso da perspectiva da CTSA (Ciência-Tecnologia-Saúde-Ambiente). Esta
visão, de união de vários referenciais, ditos educacionais com instrucionais, não foi
desenvolvido em situações de ensino no contexto escolar, mas a autora considerou
pertinente mencionar esta possível abordagem para o ensino em ciências.
49
quando foram problematizados seus conhecimentos prévios e em construção. Aqui, o
professor-pesquisador teve um papel reflexivo sobre a sua prática, que reverteu em
análise da ação metodológica utilizada na sala de aula, e na utilização desta abordagem
nas interações que ocorreram no contexto da formação de professores. As situações
problematizadoras que surgiram em ambas as etapas da pesquisa (com alunos e
graduandos), originaram-se principalmente das concepções produzidas nas discussões e
reflexões que se seguiram, antes e depois das atividades propostas. Estas duas etapas de
reflexões constituíram-se novamente, em elementos conceituais, que interagiram em um
contexto mais amplo de significações, a escola, como será explicitado adiante, em
situação prototípica de ensino de ciências, em que a professora/pesquisadora agora se
constitui como professora/pesquisadora em contexto de formação continuada (Fig. 5),
como será explicado no artigo 6 6, pag. 246 (Tauceda et al. - A Teoria dos Campos
Conceituais e a reestruturação curricular do ensino médio do Rio Grande do Sul: uma
análise inicial a partir de situações relacionadas ao ensino de ciências. In: V Encontro
Nacional de Ensino de Biologia/II Encontro Regional de Ensino de Biologia-Regional
1).
ESCOLA
50
Na etapa da pesquisa com estudantes da escola, as atividades de ensino foram
realizadas no 1º ano do ensino médio, com alunos de idade aproximada entre 14 e 18
anos na disciplina de biologia, no turno da manhã. Foram propostas atividades teórico e
práticas, em situações-problema significativas.
51
(conceitos), mais estáveis. E quando explicitados, constituem representações simbólicas
linguísticas, e como tal, são fortemente mediadas pela cultura.
52
A pesquisa também resultou em uma proposta metodológica dos campos
conceituais na qual, são focalizados o papel do professor no contexto escolar e da sala
de aula, na mediação da aprendizagem através das situações problematizadoras, em dois
momentos (Fig. 7):
2. IDENTIFICAÇÃO
Mediadoras
contextualizada 3. SITUAÇÕES
Conceitual
(prévios e novos)
Escola
53
4 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS
54
americano de Educação em Ciências – PR, Londrina: 2011. Atas do V EREBIO e IV
ICASE, Londrina: Universidade Estadual de Londrina (UEL), T156, 2011.
www.uel.br/ccb/biologiageral/eventos/erebio/comunicacao.html
55
Girona: 2013. Revista Enseñanza de las Ciencias, número extra, p. 754-758, 2013.
http://congres.manners.es/congres_ciencia/gestio/creacioCD/cd/htm/comunicaciones.ht
ml
Apresentação trabalhos
56
Conhecimento fazendo diferença – Porto Alegre: FAPA (Faculdade Porto Alegrense),
24 de novembro e 1 de dezembro de 2012. Folder673.pdf, 2012.
11. TAUCEDA, K. C.; DEL PINO, J. C.; NUNES, V. M. A Teoria dos Campos
Conceituais e a aprendizagem da célula através da conceituação de enzima com alunos
do ensino médio. Enseñanza de las Ciências
Capítulo de livro
57
Estadual Júlio de Castilhos. Ata da Fundação de Apoio ao Colégio Júlio de Castilhos,
Livro n. 1, f. 14, reg. 9, 31 de agosto de 2012. (APÊNDICE 10 1 4, p. 333)
58
Considerações sobre a importância das interações que se estabelecem na sala de aula
foram apresentadas em Tauceda et al. (2013a), principalmente no que diz respeito ao
papel mediador do professor, entre os conhecimentos produzidos pelos alunos de ensino
médio de biologia, e as situações problematizadoras que nortearam o debate na
construção de significados. Estes elementos conduziram também a formação da
professora/pesquisadora.
13. TAUCEDA, K. C.; DEL PINO, J. C.; NUNES, V. M. O PIBID na formação inicial
de professores de ciências da natureza: uma pesquisa no referencial dos campos
conceituais de Gérard Vergnaud. In: IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação
em Ciências – SP, Águas de Lindóia: ABRAPEC, 2013. Atas do IX Encontro
Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), Águas de Lindóia:
ABRAPEC, 2014. www.adaltech.com.br/testes/ixenpec/indiceautor.htm#k
http://coletivoperuanodedocentes.webnode.es/200000183-c6383c8365/eje%201.1.pdf
59
Artigo completo apresentado em evento científico e publicado em revista
18. TAUCEDA, K. C.; NUNES, V. M.; DEL PINO, J. C. A Teoria dos Campos
Conceituais e a reestruturação curricular do ensino médio do Rio Grande do Sul: uma
análise inicial a partir de situações relacionadas ao ensino de ciências. In: V Encontro
Nacional de Ensino de Biologia/II Encontro Regional de Ensino de Biologia-
Regional 1—São Paulo, São Paulo: 2014. (USP-Instituto de Biociências, 8 a 11 de
setembro de 2014). Publicação na Revista de Ensino de Biologia da Associação
Brasileira do Ensino de Biologia (SBEnBio)
60
Artigo que será submetido à revista
61
professor”. Se estes sujeitos da aprendizagem se encontram no contexto escolar, é aí que
devem ser problematizados os conhecimentos, por alunos e professores. Sem dúvida, é
o professor que apresenta potencial para mediar os conhecimentos de ensino e aqueles
que o aluno já traz em suas estruturas cognitivas (prévios, cotidianos). Mas se o
professor desenvolveu uma prática-reflexiva através de um contexto de situações
problematizadoras, organizadas pelos seus formadores, ele provavelmente desenvolverá
conhecimentos que lhe proporcionarão uma evolução conceitual, que se reverterá em
sua prática. Por sua vez, ele desenvolveu a sua reflexão a partir das ideias explicitadas
pelos seus alunos que vivenciam o contexto educativo, e os seus formadores
organizaram as situações a partir das ideias dos professores, que as desenvolveram na
prática em sala de aula. É um “ciclo”, em que os conceitos de alunos e professores estão
entrelaçados no campo conceitual do ensino-aprendizagem em ciências.
62
Resumo aceito para apresentação em evento científico
63
5 Primeiro Capítulo
PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA RELACIONADA AO TEMA:
64
III Simpósio Nacional de Ensino de Ciências e Tecnologia – Ponta Grossa, PR., 28 de
setembro a 26 de setembro de 2012. ISNN 1981-366X
RESUMO
Este trabalho, que começou em 2011, faz parte de uma pesquisa mais ampla de
Doutorado em Educação em Ciências nos referenciais da Teoria dos Campos
Conceituais de G. Vergnaud e da Aprendizagem Significativa de D. Ausubel. Este
estudo descreve e discute alguns resultados referentes à aprendizagem de conceitos
biológicos (metabolismo célula – fermentação e fotossíntese), na disciplina de biologia
do 1º ano doa ensino médio, em uma escola pública estadual de Porto Alegre/RS. Os
resultados iniciais indicam a relevância da identificação da estrutura conceitual dos
conhecimentos prévios para orientar as situações-problema e a importância da
4
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
ktauceda@terra.com.br.
5
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
6
Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente - UFRGS. Professor de Biologia do Centro
Tecnológico Parobé. SEC/RS, CEP: 90010420 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
vladinunes@terra.com.br
65
identificação das situações-problema adequadas para o processo de conceituação destes
temas de biologia.
Abstract
This work, which began in 2011, is part of a broader research Doctorate in Science
Education in the references of the Theory of Conceptual Fields of G. Vergnaud and D.
Significant Learning Ausubel. This study describes and discuss some results concerning
the learning of biological concepts (metabolism - cell fermentation and photosynthesis),
the discipline of biology gives a grade school in a public school of Porto Alegre. Initial
results indicate the importance of identifying the conceptual framework of prior
knowledge to guide the problem-situations and the importance of identifying problem
situations suitable for the process of conceptualization of these issues in biology.
INTRODUÇÃO
66
relacionamento deste processo com a célula e os processos bioquímicos entre si, não
relacionamento destes processos com o meio ambiente (TAUCEDA et al. 2011).
67
pensamento tida como pertinente, relevante a uma determinada situação) e teoremas-
em-ação (uma proposição tida como verdadeira sobre o real); (R) o conjunto de
representações simbólicas linguísticas, gráficas ou gestuais – que podem ser usadas
para representar invariantes, situações e procedimentos.
A resolução de situações-problemas
68
esquemas) dos conceitos prévios dos estudantes com a estrutura conceitual dos
conhecimentos que se quer ensinar, mais chance tem os alunos de desenvolver-se
cognitivamente em determinados campo conceitual, isto é, eles conceituam.
JUSTIFICATIVA
OBJETIVOS
METODOLOGIA
7
O texto apresenta algumas modificações para torna-lo mais explicativo, principalmente na
metodologia.
69
metabolismo celular (fermentação, fotossíntese e respiração celular). Será discutido
somente as estruturas conceituais de introdução do conceito de fotossíntese, que
necessariamente farão referência aos conceitos já trabalhados da fermentação. Um dos
aspectos deste estudo é a comparação entre turmas na promoção da aprendizagem
significativa. No ano de 2010, as aulas ocorreram sem a aplicação da Teoria dos
Campos Conceituais, e foram produzidos conhecimentos pelos alunos, em resposta a
tarefas de ensino, por exemplo, provas e testes, que foram utilizados como exemplo de
uma turma sem a aplicação da TCC (T2). Esta metodologia começou a ser utilizada a
partir de 2012, porque a partir deste ano, iniciou-se uma pesquisa sobre “A Teoria dos
Campos Conceituais (TCC) e a aprendizagem em biologia no ensino médio”, nas
turmas de 1º, de regência da autora (adaptado de Krey e Moreira, 2009)
70
As interações (aluno/aluno/professor), nas discussões da apresentação dos
conteúdos e nas discussões da apresentação das situações-problema (avaliações),
considera o desenvolvimento cognitivo, na abordagem da TCC. É enfatizado o debate
(tornar os conhecimentos implícitos em explícitos), negociações de significados,
argumentações, exemplos, comparações, relações (Grossi, 2006). Não é apresentado
para os alunos, o conhecimento “pronto” (formalismo do ensino tradicional).
Situações teóricas
71
sentido a partir da aplicabilidade do conceito que se quer ensinar, isto é, através da
interação dos conhecimentos prévios com o novo conhecimento (conceituação). A
negociação de significados através da mediação do professor, discussões dirigidas, onde
a linguagem é importante são chamadas situações teóricas. As negociações têm como o
objetivo, identificar conhecimentos prévios (nas situações de apresentação dos conceitos
e situações avaliativas) (adaptado de Krey e Moreira, 2009).
72
tradicional não é a de Vergnaud (no ensino tradicional, o conceito não está relacionado
há uma situação problemática que o aluno deve solucionar). Serão poucas intervenções
e questionamentos na apresentação dos conteúdos assim como na apresentação de
situações-problema avaliativas. Esta metodologia não enfatiza a organização de
momentos em que sejam oportunizadas mediações entre aluno/aluno/professor. Isto
porque não há a preocupação de identificar os conhecimentos prévios, por meio de
discussões ou tarefas escritas. Se conhecimentos prévios forem explicitados, estes não
serão utilizados para a reformulação das situações-problema avaliativas.
Situações-problema (avaliativas):
73
metabolismo diferente. Este modelo se relaciona com as condições ambientais em
modificação, que promoverão a sua evolução: os gases da atmosfera primitiva,
principalmente o vapor d’água interagindo com a eletricidade dos raios atmosféricos e
modificando a sua estrutura molecular. Esta interação produzirá átomos de oxigênio,
que combinados formarão moléculas de gás ozônio. Estas formarão a camada de ozônio
que impedirá a entrada, na atmosfera do excesso de eletricidade, calor e radiação. Este
bloqueio inibirá a síntese de m.o., acarretando sua escassez no ambiente para as células
primitivas (fermentativas) que as utiliza para seu alimento. Esta compreensão da
situação ambiental faz com que o aluno compreenda, na situação-problema,
conhecimentos que irão fornecer sustentação para a elaboração da ideia de limitação do
processo metabólico da fermentação e da modificação ambiental como promotora da
evolução de células. Estas apresentarão outro tipo de metabolismo, que não dependa das
m.o. do ambiente.
RESULTADOS
74
O conceito de “reação” é utilizado adequadamente ao sugerir a quebra de
alguma molécula (o aluno não especifica qual) para liberar energia dentro da célula.
Porém apresenta inadequações científicas. A ideia das reações químicas entre m.o.,
radiação, calor e eletricidade, no interior da célula para liberar energia, é inviável
biologicamente. Os três últimos itens, por serem fontes de intensa e incontrolável
energia na situação ambiental proposta, desestabilizam a célula e as m.o., causando
destruição em curto ou longo prazo. Os sistemas biológicos toleram sua ocorrência
(destes tipos de energias), desde que em pequenas quantidades e de maneira controlada
(radiação natural do ambiente atual, calor produzido pelo metabolismo em seres
heterótrofos e calor do sol nos seres autotróficos, eletricidade produzida pelos impulsos
nas células nervosas). O conceito de enzima, responsável pela reação bioquímica das
m.o. que liberará energia para a célula, confunde-se com o conceito de síntese de m.o.,
resultado ação da radiação, calor e eletricidade nos gases da atmosfera primitiva.
Provavelmente, as situações-problema propostas para o conceito de enzima não foram
adequadas. O aluno não propôs nenhum mecanismo alternativo para a escassez de m.o.
no ambiente. Fala apenas da não possibilidade de evolução da célula fermentativa. Mas
se não ocorreu a evolução da célula fermentativa, como irão surgir outros seres vivos
com outros mecanismos de obtenção de energia? A resposta apresenta adequações e
inadequações científicas. É respondida a situação-problema 1 mas não a 2.
75
O aluno compreende a cadeia alimentar autótrofo-heterótrofo-autótrofo, e
propõe uma solução: heterótrofos (bactérias) alimentando-se de autótrofos (células que
produzem novas m.o.). O aluno não compreendeu que a solução da situação proposta
elaborada por ele “As bactérias começaram a comer as células...já que as células
produziam a sua própria m.o. e as bactérias precisavam disso.”, contêm a explicação
correta para a situação proposta: a escassez de m.o. no ambiente para ser utilizada como
alimento. A resposta é adequada cientificamente, responde a situação-problema 1 e
deixa dúvidas se responde a situação-problema 2. Para determinar se o aluno realmente
construiu o invariante operatório do conceito de fotossíntese seria necessário propor
outras situações-problema para esta classe de situação.
76
evolução da célula autotrófica em função da escassez de m.o. do meio. A resposta é
adequada cientificamente e responde às situações-problema propostas.
77
Possíveis invariantes operatórios:
78
Aluno 2: “A célula obtém energia através das m.o. e as m.o.
obtiveram energia pelas reações (calor, radiação,
eletricidade). Com isso, a célula quando colide com a m.o.
quebra e libera energia quando não tem mais m.o.”
79
abióticos e bióticos). Percebe-se que o aluno compreende “ar” não fazendo parte do
ambiente, pois ele os distingue através da interação com as m.o. Bachelard (1972)
afirma que a construção da nova racionalidade exige uma nova linguagem científica;
esta se encontra em estado de revolução semântica permanente. É importante considerar
os novos sentidos dos conceitos, nos limites de uma nova teoria científica. Caso
contrário, ocorre um obstáculo epistemológico identificado por Bachelard como
obstáculo verbal. O aluno deixa indefinido o objeto da ação “conseguir energia do
ambiente”. Ao propor esta generalização do conceito de metabolismo, ele dificulta a
elaboração do conceito de m.o. e posteriormente da fermentação. Segundo Bachelard
(1972), um conhecimento geral corre o risco de se converter em um conhecimento
extremamente vago, provocando o obstáculo da generalização. A afirmação: “A célula
pega energia do ambiente ... e do ar.” pode indicar um conceito implícito de m.o. As
situações-problema (das aulas teóricas e das avaliações) talvez não tenham promovido a
conceituação e a explicitação deste conhecimento. A resposta é inadequada
cientificamente e não propõe uma solução para as situações propostas.
80
as m.o. Estes compostos formarão as células primitivas (bactérias) e serão absorvidas
por elas, pois a energia agora estável, está armazenada na estrutura destas m.o. (ATP,
glicose, lipídios). “Esta célula sobreviverá com escassez de m.o. fazendo fotossíntese
para sua obtenção de energia.”. Este invariante operatório está correto cientificamente,
pois cita a fotossíntese como o processo de obtenção de energia em situação de escassez
de m.o. no ambiente. Apesar das atividades teóricas de introdução do conceito de
fotossíntese não terem ocorrido, o aluno conceitua fotossíntese. Para identificar a
ocorrência de esquema deste conceito, seria necessário propor diferentes situações desta
classe (necessidade da produção de seu próprio alimento).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
81
conceituação da fotossíntese, é uma situação problemática nova e não familiar que
requer máxima transformação do conhecimento adquirido (m.o., fermentação)
formando algumas estruturas (invariantes operatórios) do campo conceitual da
fotossíntese.
Embora esta pesquisa esteja em seu estágio inicial, a teoria de Vergnaud indica
ser um referencial adequado para análise das dificuldades dos alunos na resolução de
problemas de biologia (e da conceituação). Na análise da estrutura dos invariantes
operatórios, (conceitos e teoremas-em-ação) para a resolução de problemas é possível
identificar quão distantes estariam dos invariantes operatórios científicos adequados, na
resolução do problema em questão. Nesta pesquisa formam identificados diferentes
possíveis invariantes operatórios para resolver as situações problema. Na turma
tradicional, um aluno desenvolveu invariantes operatórios relativos à fermentação
(processo de obtenção de energia), e dois alunos conceituaram a fotossíntese na situação
proposta. Na turma diferenciada, todos os alunos indicaram invariantes operatórios
relativos à fermentação e 2 alunos conceituaram a fotossíntese na situação proposta. A
identificação destes invariantes é importante para formular situações-problema que
sejam reconhecidas pelos alunos (que contenham elementos cognitivos prévios) e que se
relacionem, em termos de construção conceitual, com os conceitos a serem ensinados.
82
implícito e não imerso na ação. O conhecimento explícito pode ser debatido, o
conhecimento implícito não (VERGNAUD, 1998). Em geral, os alunos não são capazes
de explicar seus teoremas e conceitos-em-ação. Na abordagem de uma situação, os
conhecimentos a serem trabalhados dependem de teoremas-em-ação e da identificação
de diferentes tipos de elementos pertinentes que permanecem implícitos, em sua maioria
(MOREIRA, 2002). Foram identificados alguns invariantes operatórios implícitos: na
turma tradicional, referente à conceituação de fermentação e na turma diferenciada
referente à fotossíntese. Deve-se então, adequar as situações-problema (tanto das tarefas
teóricas como das avaliações), para que promovam a explicitação destes conhecimentos,
tornando-os verdadeiramente conhecimentos coerentes com os científicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
83
BACHELARD, G. Le matérialisme ralionnel. Paris: Presses Universitaires de France,
1972.
84
MOREIRA, M. A. Abandono da narrativa, ensino centrado no aluno e aprender a
aprender criticamente. REMPEC – Ensino, Saúde e Ambiente, v. 4, n. 1, p. 2-17, 2011.
85
VERGNAUD, G. A comprehensive theory of representation for mathematics education.
Journal of Mathematical Behavior, v. 17, n.2, p. 167-181, 1998.
VERGNAUD, G. A gênese dos Campos Conceituais. In: GROSSI, E. (Org.) Por que
ainda há quem não aprende? A teoria. Ed. Vozes, RJ: Petrópolis, 2003.
86
Resumo aceito para ser apresentado no XI Fórum FAPA: Conhecimento Fazendo a
Diferença – Porto Alegre, RS: Faculdade Porto-Alegrense, 24 de novembro e 1º de
dezembro de 2012.
RESUMO
8
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
9
Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente - UFRGS. Professor de Biologia do Centro
Tecnológico Parobé. SEC/RS, CEP: 90010420 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
vladinunes@terra.com.br.
10
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
87
(TCC) (VERGNAUD, 1990, 1996), visto que esta abordagem também considera a
aprendizagem como um processo investigativo, de construção de ideias no debate
coletivo em situações problematizadoras. Estudos mostram também a importância das
estruturas cognitivas prévias, na formulação e reformulação do conhecimento
(AUSUBEL, 2000). Este aspecto, e o conhecimento da estrutura conceitual dos
conteúdos de ensino através mediação do professor, é reconhecido pela TCC de
Vergnaud. Esta pesquisa11 consistiu na análise da aprendizagem em situações-problema
práticas e teóricas, em situações de ensino de debate e discussões; a aprendizagem foi
resultado da resolução dos protocolos para as aulas experimentais em uma turma do
turno da manhã (25 estudantes), de 1º ano do ensino médio, embora as atividades de
ensino no laboratório de biologia estivessem sendo desenvolvidas, em consequência do
projeto, com cerca de 100 estudantes (cinco turmas). Os resultados indicam que as
concepções prévias relacionadas às situações-problema propostas nas atividades
experimentais, são fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem significativa
de conceitos biológicos. Nesta abordagem, os protocolos de laboratório são elaborados
na forma de “situações-problema”. Estas situações promovem relações entre o cotidiano
do aluno, suas concepções prévias e os conceitos científicos que se quer ensinar
(VERGNAUD, 2003), utilizando as atividades experimentais como metodologia
promotora do conhecimento. Os protocolos tradicionais que enfatizam a simples
descrição da experiência e elaboração de uma conclusão (que deverá ser o conceito do
livro didático ou da matéria de ensino), não possibilitam uma releitura dos fenômenos
(não valorizando os conhecimentos prévios), como foi descrito por Tauceda et al.,
(2011). Observa-se uma reduzida compreensão dos conceitos escolares na
aprendizagem através de protocolos ditos “tradicionais”, em comparação aos resultados
encontrados nos protocolos do tipo “situações-problema”. Conclui-se que professor
deverá desenvolver estratégias para as aulas em laboratório que valorizem o cotidiano e
sua relação com os novos conhecimentos, para que o resultado seja a compreensão dos
conceitos de ensino e o incentivo à novas dúvidas e formulações de hipóteses.
11
O resumo apresenta algumas reformulações para torná-lo mais explicativo, principalmente na
metodologia.
88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VERGNAUD, G. A gênese dos Campos Conceituais. In: GROSSI, E. (Org.) Por que
ainda há quem não aprende? A teoria. Ed. Vozes, RJ: Petrópolis, 2003.
89
O laboratório de biologia na escola: desafios e perspectivas. In: A Construção
Cotidiana da Docência, p. 81-92. ISBN 978-85-7843-302-4
12
Licenciatura em Ciências Biológicas e Bacharel em Zoologia – UFRGS. Mestre em Biologia Animal –
UFRGS. Mestre em Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em Ciências:
Química da Vida e Saúde – UFRGS. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência/PIBID, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/CAPES. Professora
de Biologia do Colégio Estadual Júlio de Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande
do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
90
seria a prova. Transmitiam a impressão de que a compreensão dos conteúdos estava
diretamente relacionada à transcrição da matéria no quadro, e esta, para o caderno. As
discussões, que efetuávamos nas aulas teóricas, muitas vezes pareciam desimportantes
para a aprendizagem. Nas primeiras aulas ministradas no laboratório, estes estudantes
demonstravam estar “perdidos”, sem direção, pois a execução da aula e resultados da
aprendizagem dependiam muito mais deles; de seus conhecimentos, do debate junto aos
seus pares, de suas observações, dos problemas propostos pelo professor e de sua
resolução. Não era incomum, os alunos demonstrarem muita insegurança ao
desenvolverem atividades, tanto na sala de aula como no laboratório. A pergunta “Está
certo, professora?”, era constante. Todas estas questões foram levadas em consideração
para decidir a relevância do projeto.
91
examinadas, não seria uma aula mais criativa e instigante? Vergnaud (1996) salienta
que ao resolver problemas o aluno conceitua, isto é, ele se desenvolve cognitivamente.
92
O projeto foi divulgado à comunidade escolar, em junho de 2011, através do
informativo eletrônico “Julinho em Notícia13” e, em reunião com os professores da área
de biologia, procurou-se relatar as atividades e abrir espaço para sugestões e
participação destes.
13
Informativo eletrônico mensal elaborado e expedido pela Fundação de Apoio ao Colégio Estadual Júlio
de Castilhos.
93
no laboratório, os alunos se posicionam como sujeitos ativos da construção do
conhecimento e o professor como um maestro, a coordenar vários músicos. O foco não
está no maestro, mas na música que a orquestra produz. De maneira similar, a
metodologia do laboratório não está centrada no professor, mas nos conhecimentos que
os alunos produzem. Este deslocamento do processo ensino-aprendizagem causa temor
naqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer metodologias mais eficazes para o
ensino das ciências.
Outro fator que dificulta a execução das aulas experimentais pelos professores
é o excesso de carga horária que os docentes têm que cumprir para alcançar um salário
razoável. Esta questão também é uma decorrência do pouco investimento na educação
no nosso estado. A impossibilidade de formar parcerias para planejar, organizar e
ministrar atividades de laboratório (pois ocorreu redução e relocação de professores nas
escolas de ensino médio, desarticulando as aulas práticas), dificulta a realização de aulas
experimentais, que por suas características metodológicas já citadas anteriormente,
desestimula o professor que se vê sozinho para executar uma tarefa que é desgastante.
Um professor com muitas turmas não se motiva para a realização de aulas práticas.
94
relação da teoria com a prática” “Nós conseguimos ver a
parte teórica e aplicá-la na prática” “Foi excelente, sem
dúvidas, é bem mais fácil aprender o conteúdo teórico depois
de ter aulas práticas.” “A aula prática é mais fácil de
entender porque vemos literalmente o que acontece.” “A
relação da teoria com a prática ajuda muito para que seja
formada uma ideia.” “... as experiências aumentam a
curiosidade.” “Nas aulas práticas podemos corrigir os nossos
erros.”
Krasilchik (2004) afirma que dependendo do que for ensinado e de como isso é
feito, a biologia pode ser uma disciplina relevante e merecedora da atenção por parte
dos alunos ou uma disciplina insignificante e pouco atraente. A afirmação do autor é
confirmada pelos relatos dos estudantes.
95
Com relação à pergunta dois, os alunos perceberam a melhor
aprendizagem no ambiente do laboratório:
96
Figuras 8 e 9 – Estudantes de 1º ano na disciplina de biologia durante as aulas com microscópios.
“Para a professora deve ter sido melhor também por que ela
explicou melhor, e eu entendi mais. ”
97
(aproximadamente 100 estudantes), cuja origem era majoritariamente da 8ª série do
ensino fundamental, afirmou que nunca havia participado de aulas em laboratório ou
experimentais. Dos alunos que relataram ter frequentado aulas experimentais (10%
aproximadamente), a maioria estava repetindo o 1º ano e havia participado de poucas
aulas experimentais na escola, na disciplina de química.
98
Figuras 10 e 11 – Vista parcial de modelos, pôsteres didáticos e do laboratório de biologia da escola.
14
Os bolsistas do PIBID/IFRS-campus centro, desenvolvem atividades de apoio às atividades dos
professores de Química e Biologia participantes do programa. Atuam no inventário de equipamentos e
materiais do laboratório e na elaboração de protocolos, kits experimentais e jogos didáticos. Participam
das atividades teórico-práticas, de aulas de reforço, da produção bibliográfica para livros, periódicos,
anais de encontros, seminários e congressos na área de Educação em Ciências, além de elaborarem
materiais para a divulgação na escola.
99
Neste ano de 2012, continuamos com as aulas práticas no espaço do
laboratório para seis turmas do 1º ano na disciplina de biologia. Este projeto está em
andamento e não tem prazo para terminar, pois é um direito de todo aluno da escola
pública participar de aulas em laboratório, seja nas disciplinas da área das Ciências
da Natureza (Biologia, Química e Física) seja de outras áreas. É um dever das
instituições responsáveis pela Educação (governamentais ou privadas) promover
condições adequadas para que estas ocorram com qualidade, em termos de matérias,
equipamentos e pessoal disposto para desenvolvê-las. Este é o desafio que temos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIZZO, N. Educação - Nota baixa em ciências. Boletim Ciência Hoje (online), n. 134,
2008.
100
POSSOBOM, C.C.F.; OKADA, F.K.; DINIZ, R.E.S. 2003. As atividades práticas de
laboratório no ensino de Biologia e Ciências: relato de uma experiência. In:
Universidade Estadual Paulista – Pró-Reitoria de Graduação. (Org.). Núcleos de
Ensino. São Paulo: Editora da UNESP, v. 1, p. 113-123.
101
VIII Congresso da Rede Latino Americana para a transformação da formação Docente
em linguagem - Rio Claro, SP, UNESP, 14 a 19 de julho de 2013. ISBN 978-85-87197-
24-5
RESUMO
102
desencadeadas pela interação destes elementos. A Teoria dos Campos Conceituais
(TCC) propõe que a relação entre professores, alunos e conhecimentos ocorre em um
ambiente de ensino dialógico, pois enfatiza a explicitação dos conceitos (prévios e
novos) através da resolução de situações-problema para tornar a aprendizagem
significativa (MOREIRA, 2002) e mais próxima da linguagem científica.
INTRODUÇÃO
103
conceitos científicos, isto pode levar muito tempo. O conhecimento muda se for
comunicável, debatido e compartilhado e o professor deverá mediar à explicitação dos
conhecimentos implícitos. A explicitação dos conhecimentos através do diálogo na sala
de aula é a contribuição mais relevante da TCC para o desenvolvimento da linguagem
científica, pois enfatiza a importância de metodologias de aprendizagem e estratégias de
ensino que contribuam para promover a explicitação dos conhecimentos durante o
processo de conceituação do real. O professor tem um papel fundamental neste processo
Segundo Vergnaud (1990) trata-se de uma teoria psicológica do processo de
conceituação, que permite estudar continuidades e rupturas do conhecimento do ponto
de vista conceitual.
OBJETIVO
17
O texto apresenta algumas modificações na metotologia para torná-lo mais explicativo.
104
METODOLOGIA
105
RESULTADOS
106
vivos, então a água não participa do processo.” “Sim, porque
a água acumulada se misturou com a terra suja e poderia
ocorrer uma evolução das moléculas tornando-a complexa.”
Sim porque a água é composta de várias coisas.” “Sim, seria
como se fosse uma banheira ou caldeirão que teria muitas
moléculas (depois células, depois tecidos, depois órgãos,
depois sistemas e depois seres vivos) que elas iriam evoluir
até formarem seres vivos. Na água as moléculas poderiam
ligar-se com mais facilidade.”
- As m.o. proliferam-se nos rios, lagos, pois o espaço é maior e há outros tipos de
moléculas.
- As moléculas dos reservatórios de água evoluiriam até formar seres vivos. / - A água
facilita a ligação molecular.
107
Situação-problema 2: Explicar de que maneira as condições ambientais da Terra
primitiva (chuvas, raios, temperatura no solo, diferentes concentrações de partículas na
água), levaram à formação dos aminoácidos, proteínas e coacervados (futuras células).
Indicar os fenômenos físicos e químicos que levaram à formação das futuras células.
108
ao seu redor formando assim os coacervados.” “A ionização
que é a atração entre os átomos das moléculas de água e
proteína, também ocorre o fenômeno da difusão das
partículas e elas colidem com os coacervados.” “As condições
da Terra primitiva ajudam na criação de aminoácidos,
proteínas e coacervados, pois a água da chuva faz com que
as proteínas percam elétrons tornando-se ionizadas com
carga elétrica, assim atraindo mais água ao seu redor e
formando os coacervados com os fenômenos químicos e
físicos que levaram a formação das futuras células. Foi o
fenômeno físico da difusão das partículas (m.o.) nos rios,
lagos, etc. e a ionização é um fenômeno químico de atração
das moléculas de água e das proteínas.” “As células se
formaram através das proteínas que perderem elétrons, por
estarem dissolvidas em água e tornam-se ionizadas
causando atração de água a sua volta. A partir daí ocorre a
difusão das partículas das m.o. em rios, mares, etc. E as m.o.
colidem com os coacervados formando coacervados
maiores.”
109
- A difusão de partículas de m.o, nos rios e mares provoca a colisão com os
coacervados tornando-os maiores.
- Os átomos das moléculas orgânicas são iguais àqueles encontrados nos gases da
atmosfera primitiva.
110
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
111
problemas com a explicitação de conhecimentos mediada pelo professor é uma
avaliação.
112
significativas, para que gradativamente evolua para um invariante coerente
cientificamente, por exemplo: “a água participa do processo de formação dos seres
vivos”. Isto pode ser conseguido através da resolução das situações-problema 1 e 2, pois
estas enfatizam a importância da água para a formação das m.o. e futuras células
(coacervados). Ao analisar as respostas das situações 1 e 2, percebemos que a água é um
componente constante nos invariantes das respostas dos estudantes.
113
responsáveis pelo surgimento de novas substâncias a partir da combinação de outras
substâncias.
114
Algumas estratégias de ensino se mostraram eficientes na promoção da
explicitação dos conhecimentos durante o processo de aprendizagem dos conceitos
escolares: a discussão coletiva das tentativas de resolução de problemas, as aulas
práticas para determinar se o “fazer” e o “explicar” estão atuando simultaneamente na
estrutura cognitiva do aprendiz. Esta pesquisa em andamento, sugere que as interações
que se estabelecem no convívio da sala de aula são tão importantes para a aprendizagem
como os próprios conceitos que se quer ensinar. Na TCC esta relação é dialética.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
116
Experiências em Ensino de Ciências, v..8, n. 1, p. 98-110, 2013. ISSN 1982-2413
RESUMO
18
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
19
Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente - UFRGS. Professor de Biologia do Centro
Tecnológico Parobé. SEC/RS, CEP: 90010420 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
vladinunes@terra.com.br.
20
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
117
Palavras-chave: origem do universo; origem da vida; campo conceitual; invariantes
operatórios.
Abstract: The theoretical Vergnaud’s conceptual field is used in this work, which
presents the first results of a survey of science education in biology. Initially we
investigated the concepts of the origin of the universe and of life in secondary school
students, at the discipline of biology. Through problem situations developed over the
course of this study, we sought to identify the relationship between the conceptual
structure and the cognitive structures of the student. In the analysis of these relations,
evidenced in the construction of possible indicators of operative invariants of
complexity and structural characteristics differentiated and that can guide future
research for the improvement of these situations.
Keywords: origin of the universe; origin of life; conceptual field; invariant operative
INTRODUÇÃO
118
A evolução da cognição ocorre quando a estrutura conceitual dos novos
conhecimentos interage com a estrutura cognitiva dos conhecimentos prévios
(relevantes), promovendo a aprendizagem significativa dos conceitos (AUSUBEL 1976,
1982). Nesta interação, os conhecimentos ficam mais elaborados e estáveis. No
processo de conceituação, as relações entre as estruturas cognitivas humanas e a
estrutura dos conceitos podem ser evidenciadas (GRINGS et al., 2006). Para Vergnaud,
os conhecimentos prévios são precursores dos novos conhecimentos, os conhecimentos-
em-ação (largamente implícitos), podendo evoluir ao longo do tempo para
conhecimentos científicos explícitos (MOREIRA, 2002). Ou mais próximos dos
científicos, os escolares.
119
de representações simbólicas que compõem o significante do conceito. Assim como as
situações dão sentido aos conceitos, os esquemas (herança piagetiana) dão sentido às
situações. O sentido de uma situação para o sujeito são os esquemas evocados pelo
sujeito para resolver uma situação. Esquema é uma organização invariante da conduta
para uma determinada classe de situações (VERGNAUD, 1990). Isso significa que um
esquema é um elemento cognitivo eficiente (não necessariamente eficaz) para todo um
espectro de situações. Dependendo das características de cada situação em particular,
pode gerar diferentes sequências de ações (VERGNAUD, 1998). Esquema, segundo
Piaget, é a organização no sujeito, de habilidades sensório-motoras e intelectuais e que
fornecem condições para solução para situações imediatas ou que necessitem de
reflexão (GRINGS et al., 2006).
120
conceitos científicos; o esquema se torna mais complexo e evolui em sua eficiência de
resolver situações-problema.
OBJETIVOS
METODOLOGIA
121
das questões (situação) - problema propostas. O texto elaborado foi submetido a uma
análise qualitativa, com o objetivo de identificar os possíveis indicadores de invariantes
operatórios, as dificuldades do desenvolvimento conceitual e a adequação das situações
problema propostas para a aprendizagem significativa dos conceitos científicos,
relacionados à origem do universo e da vida. As situações problema são de resposta
aberta. Os dados obtidos permitiram inferir possíveis invariantes operatórios usados
pelos alunos na resolução destas situações, durante o processo de conceituação e
assimilação dos significados dos campos conceituais desta pesquisa. O estudante,
através da interação com as situações e objetos propostos nas questões-problema,
manifesta através da sua linguagem escrita, propriedades, situações e relações que dão
significado aos invariantes operatórios e aos conceitos (VERGNAUD, 1998).
122
invariantes operatórios depois que foram desenvolvidas as atividades didáticas, e as
dificuldades encontradas pelos alunos para a compreensão dos conceitos científicos
desta pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
123
Categoria 1 - Conceitos Cientificamente Aceitos (CCA)
Resposta 1:
Resposta 2:
124
A maioria dos possíveis indicadores dos teoremas-em-ação do CCOU não
contém o elemento conceitual da evolução do universo, e no CCOV o sentido
“apareceram” pode indicar também um teorema-em-ação, implícito não-científico. A
não compreensão das formas iniciais de vida, a partir das condições da Terra primitiva,
pode significar que o aluno não domina ainda estes conhecimentos, ou que esta visão
mecânica do aparecimento da vida pode vir a representar um obstáculo epistemológico
na aprendizagem dos conceitos científicos, relacionados à origem e evolução da vida.
Vergnaud (2003) salienta que os conhecimentos anteriores podem se tornar obstáculos
para os novos conhecimentos.
O conceito evolutivo da vida faz parte do senso comum de forma mais evidente
do que o conceito evolutivo do universo. As informações sobre a evolução dos seres
vivos encontram-se mais acessíveis na mídia, museus de ciências, filmes de ficção-
científica e nas discussões na escola, facilitada também pela ampla divulgação da
existência de fósseis, fato que não pode ser refutado por teorias não científicas. A teoria
da origem do universo, Big-Bang, citada em muitos textos (inclusive nos textos
híbridos), não é compreendida através dos conceitos químicos que relacionam a
evolução da matéria subatômica em átomos, moléculas, tampouco nos conceitos físicos
de termodinâmica da matéria do universo primordial. O desconhecimento sobre a
evolução do universo, como percebido nesta pesquisa, evidencia a importância de
desenvolver este campo conceitual, importante para compreender a dialética da matéria
em direção à origem da vida.
125
Categoria 2 – Conceitos Híbridos (CH = CCA + CCI)
Resposta 1:
“Acredito que foi tudo criação de Deus. Ele como força maior
fez sim todo o universo, sistema solar... Deus está nos
pequenos detalhes, assim como a vida, os humanos, animais,
plantas... Outra teoria válida foi a da explosão do Big-Bang,
mas não tenho muita informação de como as coisas se
seguiram, como os humanos foram evoluindo e tal. ”
Resposta 2:
126
Os possíveis indicadores de invariantes operatórios desta categoria, para o
CCOU, indicam a coexistência de explicações (científicas ou não), podendo-se inferir
um invariante operatório mais amplo: “o universo foi criado por Deus apesar da ciência
também explicar sua origem.” A teoria da evolução do universo, mais uma vez, não é
citada. Estas informações ainda não fazem parte do senso comum dos estudantes, então
o desenvolvimento da aprendizagem do CCOU no ensino médio torna-se importante,
principalmente na disciplina de biologia. Desta forma, é possível relacionar os
primórdios do universo com a origem e evolução da vida. Com relação ao CCOV,
ocorre a tendência de explicar a origem da vida de forma não-científica e mencionar a
evolução dos seres vivos de acordo com a ciência.
Resposta 1:
“Eu acredito que Deus criou o universo. Ele criou a Terra e fez
aparecer a primeira célula, e a partir daí o mundo foi
evoluindo. ”
Resposta 2:
127
Nesta categoria, os textos apresentam simplificação estrutural indicando a
utilização de possíveis teoremas-em-ação, similares e inadequados, os quais traduzem
uma não compreensão dos campos conceituais (ou não aceitação destes) envolvidos nas
situações da questão-problema 1.
Questão-problema 2:
Resposta 1:
Resposta 2:
128
dentro da galáxia e o planeta Terra é uma das esferas de
enorme matéria. A vida surgiu depois de milhões de anos
através de vários fatores como partículas de água e outros. ”
129
1. Meteoros levam água para o planeta e depois a vida,
representada pela célula, evolui.
Resposta 1:
Resposta 2:
130
Campo Conceitual da Origem do Universo (CCOU) - Possível indicador do teorema-
em-ação da resposta 1 e 2:
vontade de Deus.
Resposta 1:
131
Resposta 2:
“Eu acredito que tudo que tem na Terra, no universo foi Deus
que criou... acredito também que foi ele que fez surgir a
vida...”
Pode-se dizer que os CCI não são concepções alternativas, pois os alunos
desenvolveram estas explicações para dar conta de diferentes situações que envolvem o
problema das origens e evolução do universo e da vida. Então, estes possíveis
invariantes operatórios seriam uma regra implícita que integrariam um esquema e
modelos mentais necessários para resolver as situações desta classe. De qualquer forma,
estes conceitos são inadequados cientificamente, não correspondem às situações-
132
problema propostas, principalmente no que diz respeito à origem do universo. Estas
possíveis causas já foram explicitadas anteriormente no item dos CCA das concepções
prévias.
133
bloquear eficazmente a apreensão de um campo conceitual. Nesta pesquisa, se
identificou possíveis indicadores de teoremas-em-ação, não científicos (místicos), que
provavelmente dificultaram a explicitação e compreensão das teorias da origem do
universo e da vida.
134
a educação científica são independentes e complementares, pois a ciência e a religião
respondem a diferentes necessidades humanas. Porém, a síntese entre estas duas formas
de conhecimento provoca distorções de ambas e à construção de estruturas de
conhecimento inconsistentes (EL-HANI e BIZZO, 1999, 2002). Percebeu-se, nesta
pesquisa, que as concepções híbridas (CH), como por exemplo: “Deus criou o universo
através do Big-Bang porque ele quis assim”, praticamente encerram a questão sobre a
origem do universo, dificultando a exploração de novas situações problema, relativas ao
CCOU.
135
aprendizagem, e não esperar que os alunos os apreendam ou creiam neles (COBERN,
1994).
Para Cobern (1996), o Ensino de Ciências deve ter o objetivo de tornar tais
teorias, modelos e conceitos compreensíveis para os estudantes e não esperar que os
alunos apreendam as teorias, os modelos e os conceitos da ciência, percebendo-as como
verdade. Neste sentido, a Teoria dos Campos Conceituais pode tornar-se importante,
pois prioriza as situações que darão sentido aos conceitos científicos e o estudo da
estrutura destes conceitos relacionando-os com os conhecimentos prévios dos
estudantes. Então, segundo Mortiner, a aprendizagem das ciências ocorrerá através da
aplicabilidade das várias zonas de seu próprio perfil conceitual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
136
_______________ Aprendizagem Significativa: a Teoria de David Ausubel. São
Paulo: Moraes, 1982.
138
_________________ Quelques problmes theóriques de la didactique a propos d'un
example: les structures additives. Atelier International d'Eté: Récherche en
Didactique de la Physique. França: La Londe les Maures, 1983.
139
WOOLNOUGH, B. On the fruitful compatibility of religious education and science.
Science & Education, v. 5, n. 2, p. 175-183, 1996.
140
IX Congreso Internacional sobre Investigación en Didáctica de las Ciencias. Girona-
Espanha, 9 a 12 de setembro de 2013. ISSN: 0212-4521
OBJETIVO
21
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
22
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
23
Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente - UFRGS. Professor de Biologia do Centro
Tecnológico Parobé. SEC/RS, CEP: 90010420 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
vladinunes@terra.com.br
141
MARCO TEÓRICO
142
abrange uma classe de situações. Teorema-em-ação é uma proposição considerada
como verdadeira sobre o real; conceito-em-ação é uma categoria de pensamento tida
como pertinente.
METODOLOGIA
143
(T1) turma de “ensino diferenciado”:
RESULTADOS
144
inadequadas cientificamente. Foram identificadas 57% de respostas inadequadas
cientificamente e 43% adequadas cientificamente na turma de ensino tradicional (T2). O
invariante “A quebra das m.o. libera energia” (o significado de m.o. é “molécula
orgânica”), foi o mais frequente. Menos frequente foi o invariante “A quebra da m.o.
libera a enzima.” Nas situações de apresentação dos conceitos, foi identificada a
necessidade de um maior debate em relação à estrutura molecular da matéria. Na
situação-problema 1, foi identificada a necessidade de contextualizar esta situação no
ambiente da Terra primitiva, para promover a relação dos conhecimentos prévios dos
alunos com a situação proposta. Segundo Ausubel (1982) a concepção prévia é o
elemento mais importante para a aprendizagem, pois o aluno só aprende a partir daquilo
que ele já sabe.
145
CONCLUSÕES
146
célula e enzima). Segundo Vergnaud (1982), o conhecimento, está organizado em
campos conceituais, cujo domínio (Vergnaud, 1990) requer o domínio de vários
conceitos, esquemas e representações de naturezas distintas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
147
MOREIRA, M. A. A teoria dos campos conceituais de Vergnaud, o ensino de ciências e
a pesquisa nesta área. Investigações em Ensino de Ciências, v. 7, n. 1, p. 7-29, p.
2002.
149
CCNext – Revista de Extensão/Centro de Ciências Naturais e Exatas, UFSM, v. 1, n. 1,
2014. ISSN Eletrônico: 2179-4588
RESUMO
1. CONTEXTO DO RELATO
24
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
25
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
150
Esta pesquisa consiste na identificação da aprendizagem promovida pela resolução de
situações-problema. Estas situações foram elaboradas e mediadas pelo professor, e
desenvolvidas pelos alunos no laboratório de biologia da escola. Foram realizadas entre
setembro e outubro de 2012, com um total aproximado de 195 horas-aula. Segundo
Vergnaud (1998), na teoria dos campos conceituais, o sujeito desenvolve-se
cognitivamente através da conceituação. Ele conceitua ao resolver as situações-
problema significativas para ele, e ao resolver estas situações, ele desenvolve-se
cognitivamente. Para Vergnaud (1994), o professor deve compreender e analisar os
aspectos conceituais dos esquemas (prévios e novos) e das situações para as quais os
estudantes desenvolvem seus esquemas (na escola ou fora dela). Todas as situações-
problema têm como objetivo promover a conceituação, e ao desenvolver esta
conceituação, as situações promovem a explicitação dos conceitos (conhecimentos em
ação ou invariantes operatórios), possibilitando a identificação do desenvolvimento da
aprendizagem, neste processo. Esta identificação (dos invariantes operatórios da
estrutura conceitual prévia e nova), é importante para subsidiar as informações a
respeito do aspecto conceitual destas situações, para possíveis reformulações. Vergnaud
(1993) considera que um conceito é constituído por um conjunto de situações que darão
sentido ao conceito; um conjunto de invariantes operatórios (conceito e teoremas-em-
ação) em que se baseia a operacionalidade dos esquemas, ou seja, os significados dos
conceitos que estão amplamente implícitos; e um conjunto de representações simbólicas
que permite representar um conceito, suas propriedades, as situações e os
procedimentos. Um esquema é constituído de diferentes invariantes operatórios que
formam um plano de ação, uma estratégia que abrange uma classe de situações.
Teorema-em-ação é uma proposição considerada como verdadeira sobre o real;
conceito-em-ação é uma categoria de pensamento tida como pertinente. O significado
de situação-problema nesta pesquisa, não é a mesma daquele dos exercícios de fim de
capítulos dos livros texto. É uma situação gerativa, produtiva, isto é, o aluno percebe
como problema e para resolvê-lo, dá sentido aos conceitos necessários para solucioná-lo
(VOSNIADOU, 1994). Ao solucioná-lo, ele evidencia compreensão, isto é, uma
aprendizagem significativa (AUSUBEL et al, 1980). Segundo Vergnaud (1994), para
que o sujeito considere um problema como um problema, ele deve possuir conceitos
que lhe forneçam a compreensão deste problema. Desta forma, para que ocorra a
aprendizagem significativa, deve-se considerar a estrutura conceitual que se quer
ensinar e a estrutura cognitiva do aluno (concepções prévias). É através da identificação
151
deste desenvolvimento cognitivo frente às situações-problema (elaboradas e mediadas
pelo professor), resolvidas através da interação na sala de aula entre alunos e professor,
que este, organizará estratégias de ensino (situações-problema), que possibilitem as
filiações e rupturas necessárias para a aprendizagem de conceitos em determinado
campo conceitual. Todo este processo é complexo, (VERGNAUD, 1993), portanto
deve-se considerar o tempo longo para que ocorra a aprendizagem significativa.
Segundo Grossi (2006), aprender é formular hipóteses. Neste processo de
questionamentos, hipóteses, verificações, erros e em longo prazo, acertos, o aluno
percebe-se aprendendo a aprender.
152
experimental. Na análise destes conhecimentos, faz-se referência ao conceito de
fermentação, constituinte deste campo conceitual e já desenvolvido na sala de aula.
153
(Situação-problema 4, 5 e 6) - Para a interação destes conhecimentos produzidos, com
os novos conhecimentos que se quer ensinar:
6. Por que antes de colocar o bicarbonato, o gás oxigênio que existe na água, não
era visto em forma de bolhas? Explique relacionando com a fórmula química da
fotossíntese.
Material e Método:
Resultados:
154
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO
da célula fermentativa.
155
“As células se alimentaram das m.o. para obter
energia mas as m.o. acabaram por que elas comeram todas.
“As bactérias começaram a comer as células já que não
tinham mais m.o., já que as células produziam a sua própria
m.o. e elas (as bactérias) precisavam disso.”
O aluno não compreendeu que a solução da situação proposta elaborada por ele
“As bactérias começaram a comer as células... já que as células produziam a sua própria
m.o. e as bactérias precisavam disso.” contêm a explicação correta para a situação
proposta: a escassez de m.o. no ambiente para ser utilizada como alimento. A resposta é
adequada cientificamente, responde a situação-problema 1 e deixa dúvidas se responde
a situação-problema 2.
156
por exemplo, a quebra da glicose pelo ATP para liberar energia. O aluno descreve a
evolução da célula autotrófica em função da escassez de m.o. do meio. A resposta é
adequada cientificamente e responde às situações-problema propostas.
Fotossíntese. ”
157
Resposta para a resolução da situação-problema 4:
cresça.”
158
Mas como não ocorreu à apropriação do significado do conceito de fotossíntese, a
resposta não soluciona a situação-problema. Os invariantes não produziram uma
aprendizagem significativa, pois não ocorreu compreensão com relação à situação-
problema. Portanto, são inadequados cientificamente, pois é a situação que lhe dá
sentido.
processo. ”
159
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
160
cresça.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
26
Situações-problema que não apresentam em sua estrutura conceitual, conhecimentos prévios
relacionados aos novos conceitos de ensino. Desta forma, o aluno, ao resolver a situação, não reelabora
o seu conceito prévio, tornando-o mais complexo e abstrato.
27
É uma aprendizagem fundamentada principalmente na memorização de conceitos ou na repetição de
conhecimentos do senso comum. De qualquer forma, na análise a partir da teoria de Vergnaud, não
ocorre a construção de significados/conceitos a partir da compreensão significativa das situações-
problema.
161
VERGNAUD, G. Teoria dos campos conceituais. In: NASSER, L. (Org.) Anais, I
Seminário Internacional de Educação Matemática, p. 1-26. Rio de Janeiro: Instituto
de Matemática, UFRJ, 1993.
162
O artigo será enviado à Revista Enseñanza de las Ciências
RESUMO
Este artigo traz algumas reflexões sobre a aprendizagem da célula na análise da Teoria
dos Campos Conceituais de Gérard Vergnaud. Identifica dificuldades na elaboração
deste conceito a partir de conceitos que compõem a trama conceitual da célula: a
enzima. Propõe situações problema e situações de ensino facilitadoras para a
aprendizagem significativa deste campo conceitual. Foram estudadas duas turmas de
alunos com metodologias de ensino diferentes. Em uma turma foi desenvolvida aulas
tradicionais e em outra, a metodologia relacionada aos campos conceituais. Percebeu-se
uma melhor aprendizagem dos conceitos científicos na turma diferenciada, e analisando
os resultados em ambas as turmas, identificou-se a necessidade de estudar os
conhecimentos a partir de suas estruturas conceituais.
28
Mestre em Biologia Animal – UFRGS. Mestre em Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG
em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual
Júlio de Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
ktauceda@terra.com.br.
29
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
163
Abstratc
This article presents some reflections on the learning of the cell in the analysis of the
Theory of Conceptual Fields of Gerard Vergnaud. Identifies the difficulties in drafting
this concept based on concepts that make up the fabric for conceptual frame of the cell:
the enzyme. Proposes problem situations and teaching situations facilitators for the
meaningful learning of this conceptual field. We studied two groups of students with
teaching methodologies different. In a class was developed traditional class and in
another, the methodology related to conceptual fields. It was noticed that better learning
of scientific concepts in class differentiated, and analyzing the results in both classes,
we identified the need to study the knowledge from their conceptual structures.
INTRODUÇÃO
164
Sangiogo e Zanon (2012) relataram as dificuldades na compreensão da estrutura e do
modo de ação das enzimas, em um estudo realizado com professores, graduandos e pós-
graduandos de química e biologia.
165
ensino que estimulem o debate entre os estudantes, isto é, a explicitação dos
conhecimentos.
METODOLOGIA
Este estudo foi realizado nos meses de agosto a setembro de 2012, no Colégio
Estadual Júlio de Castilhos, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul e os
166
resultados foram comparados com as aulas do ano de 2010, quando ocorreram sem a
aplicação da Teoria dos Campos Conceituais (TCC). Neste ano foram produzidos
conhecimentos pelos alunos, em resposta a tarefas de ensino, por exemplo, provas e
testes Esta turma foi utilizada como exemplo de uma turma sem a aplicação da
metodologia dos campos conceituais (tradicional). Esta metodologia começou a ser
utilizada a partir de 2012, porque a partir deste ano, iniciou-se uma pesquisa sobre “A
Teoria dos Campos Conceituais (TCC) e a aprendizagem em biologia no ensino médio”,
nas turmas de 1º de regência da autora. Foram escolhidas então, duas turmas para a
avaliação da aprendizagem: uma turma (T1), cujo ano letivo desenvolveu-se em 2010 e,
portanto, sem aplicação da TCC e outra turma (T2), cujo ano letivo desenvolveu-se em
2012 com a aplicação da TCC (adaptado de Krey e Moreira, 2009). A escolha das
turmas priorizou aquelas com a maior média de frequência apresentada durante o ano,
em uma amostra de seis turmas. As turmas apresentavam 25 alunos aproximadamente,
na faixa etária entre 14 a 18 anos. Foram utilizados dois períodos de 50 minutos por
semana, totalizando em torno de 27 horas-aula. O período longo dispensado para o
estudo deste campo conceitual e a valorização da frequência do estudante na sala de
aula, foram justificadas por Vergnaud (1990), pois segundo este autor, a aprendizagem
pode demandar muito tempo e nem sempre coincide com o período de ensino.
167
(1990, 1993) não é o de situação didática, mas sim o de “tarefa de pensamento”, isto é,
os processos cognitivos e as respostas do sujeito para a resolução das situações com as
quais ele é confrontado.
169
(VERGNAUD, 2004), indicando compreensão e não simples memorização (Vosniadou,
1994).
170
conteúdos que se quer ensinar. Os conceitos não serão inseridos em situações-problema.
A aula é caracterizada como expositiva, narrativa. Segundo Moreira (2011, p. 2):
171
A introdução dos conteúdos e as avaliações desenvolvidas através de situações-
problema permitem diagnosticar conhecimentos prévios dos estudantes, que serão
explicitados nos momentos da discussão no grupo e na produção dos textos individuais.
Segundo Grings et al. (2006), esta explicitação de conhecimentos na resolução de
situações problemáticas, promovem a compreensão das relações de filiações e rupturas
entre os conceitos prévios e novos.
172
RESULTADOS
173
(Situação-problema 2) Nos mares, rios, lagos de ± 3,5 bilhões de anos atrás, os
organismos primitivos unicelulares (bactérias) obtinham energia para sobreviver
através das moléculas orgânicas (proteínas, glicose, lipídios) que se encontram no seu
ambiente. Como ocorre este processo?
174
(Situação-problema 3) Explique o que acontece quando as moléculas orgânicas e
coacervados interagem em uma reação bioquímica. Explicar e relacionar a energia de
ativação (enzima) com a energia liberada.
175
informações sobre as diferentes situações em que a célula pode se encontrar, e ao
mesmo tempo, tensionar uma elaboração cognitiva que promova um esquema mental.
176
2. Turma de ensino tradicional (T1) – Situação problema 1
177
É feita a correta relação enzimas, colisão entre as m.o. e liberação de energia.
Porém, na segunda referência o invariante “quebrando a enzima” não está correto,
ocorrendo uma confusão na operacionalidade do conceito “enzima”. A enzima também
é uma m.o. (proteína), porém esta não se “quebra” para liberar energia.
178
O aluno compreende que as moléculas orgânicas são fonte de energia para as
células. Na segunda referência destaca-se o entendimento sobre o fluxo de energia: a
transferência de energia dos “raios” (eletricidade atmosférica) para os aminoácidos
(através sua formação como resultado da recombinação dos gases da atmosfera
primitiva ocasionada por esta energia) e para os coacervados. O aluno não explica como
se dá esta “passagem”.
179
Na resposta é indicada compreensão em relação à funcionalidade da enzima.
Porém, nas respostas daqueles que não explicaram de forma adequada cientificamente,
não ocorreu nenhum invariante operatório que indicasse esta funcionalidade.
180
O aluno entende que a quebra da m.o. é resultado da absorção dela. Não
compreende os eventos bioquímicos da enzima com m.o.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
181
A Teoria dos Campos Conceituais mostrou-se promissora para a identificação
de diferentes aspectos para a aprendizagem significativa do conceito de enzima e célula.
As concepções prévias dos alunos tiveram um importante papel tanto para o professor,
na elaboração das situações teóricas, como para o aluno que se apoia nestas concepções
para a elaboração de novos conhecimentos. Por exemplo, o invariante operatório “a
quebra de m.o. libera energia” que se relaciona com o conceito de enzimas, apresenta
continuidade com o conhecimento da estrutura molecular da matéria. O invariante “Os
aminoácidos obtiveram energia através dos raios” e “Os aminoácidos “passavam”
energia para os coacervados.”, se relacionam às concepções prévias da formação das
m.o. Ocorre uma continuidade destas concepções com a ideia das m.o. sendo fonte de
energia para o coacervado. Algumas rupturas devem ser feitas, como por exemplo, a
ideia que basta o coacervado se aproximar da m.o. para que ocorra a liberação de
energia. Para ocorrer esta ruptura é necessário, por exemplo, propor situações para
conceituação da estrutura molecular da matéria. Vergnaud (1990) e Ausubel et. al.
(1980) enfatizam o papel do conhecimento prévio como precursor de novos
conhecimentos (científicos ou não) e sobre as continuidades e rupturas na construção do
conhecimento.
182
pesquisa indicou que as construções conceituais cientificamente aceitas, ocorreram em
maior porcentagem na turma que utilizou a metodologia da Teoria do Campo
Conceitual (T2), como indicou a comparação com T1 (ensino tradicional). Em todas as
situações-problema avaliativas, T2 mostrou melhor aprendizagem no conceito de
enzima. Como as situações-problema contextualizaram a célula (primitiva), e como
estas situações foram resolvidas em maior porcentagem em T2, pode-se concluir que ao
resolverem estas situações aqueles alunos iniciaram a conceituação de célula.
Uma outra questão que surge na análise deste campo conceitual, tão importante
na aprendizagem dos conceitos biológicos, como é o caso do campo conceitual da
célula, é o problema de qual caminho seguir para promover a aprendizagem
significativa, na trama conceitual que é o conceito da célula, como indica os seguintes
esquemas abaixo:
183
1.Proposta de desenvolvimento conceitual a partir de situações-problema que enfatizam
os conhecimentos mais simples para os mais complexos, porém, em termos de
conhecimentos prévios, o mais simples corresponde ao conceito mais abstrato. Este
enfoque possibilita a investigação de fenômenos químicos e físicos no laboratório, para
iniciar a conceituação dos fenômenos biológicos, que passa, necessariamente, por
situações-problema relacionadas às moléculas orgânicas e inorgânicas.
(1º) ÁTOMO
FENÕMENOS QUÍMICO/FÍSICOS
MOLÉCULAS ORGÃNICAS
CÉLULA
2. Proposta de desenvolvimento conceitual a partir de situações-problema que
enfatizam a aprendizagem dos conhecimentos mais complexos em direção aos mais
simples, porém, em termos de conhecimentos prévios, o mais complexo corresponde ao
conceito mais concreto, isto é, o aluno apresenta alguns conhecimentos que podem, em
situações-problema adequadas, relacionar-se à experiência cotidiana do aprendiz. Este
enfoque também possibilita à visualização “in loco”, de células macroscópicas e em
microscopia, no início das atividades de ensino.
(1º) ORGANELAS FENÕMENOS BIOLÓGICOS
CÉLULA
ENZIMA
MOLÉCULAS INORGÂNICAS
184
Os resultados encontrados neste estudo, colocam em evidência as situações-
problema como direcionadoras da aprendizagem significativa e de conceituações
importantes no processo de compreensão da célula funcional, e não meramente
morfológica. Através destas situações, o aluno forma um modelo mental de célula, que
pode considerar preferencialmente a energia das moléculas orgânicas no processo da
manutenção da célula; ou pode ser um modelo mais explicativo e abstrato, que já
considera a existência de moléculas orgânicas específicas (enzimas), que participarão do
processo de liberação de energia das moléculas orgânicas, funcionando como
biocatalisadores. Alguns invariantes operatórios utilizados para resolver as situações-
problema, em T2, indicam este modelo explicativo e esta evolução conceitual: “A
energia é liberada através da reação enzimática com as m.o.”; “A energia de ativação
provocada pela enzima faz com que a m.o. colida com a célula.”; “A m.o. e a enzima
colidem liberando energia”. Em T1 também encontramos o invariante operatório: “A
célula formou a enzima que fez com que ela retirasse a energia da m.o.”. Podemos notar
que este invariante apresenta uma estrutura conceitual mais simples, e, comparado aos
invariantes de T2, este é menos eficiente na resolução da situação. Palmero (2003)
enfatiza a necessidade de desenvolver um ensino que promova a construção de modelos
celulares dinâmicos e complexos, visto que é esta realidade dos seres vivos, portanto
esta compreensão é fundamental para a conceituação biológica.
185
fenômenos biológicos, por exemplo, a ação da enzima no contexto celular de reação
bioquímica. De outro modo, é difícil para o aluno compreender os significados de
átomos e moléculas visualizando reações químicas, e enzima, em um contexto de célula
primitiva, que o aluno tem que imaginar. Pode-se não mencionar o coacervado, mas
perde-se com isso o contexto evolutivo ambiental em que a vida surgiu.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CABALLER, M. J.; GIMÉNEZ, I. Las ideas del alumnado sobre el concepto de célula
al finalizar la educación general básica. Enseñanza de las Ciencias, Barcelona, v. 11,
n. 1, p. 63-68, 1993.
186
GROSSI, E. P. Aprender é formular hipóteses. Ensinar é organizar provocações.
Porto Alegre: GEEMPA, 2006.
LEGEY, A. P.; CHAVES, R.; MÓ, A. C. A.; SPIEGE, C. N.; BARBOSA, J. V.;
COUTINHO, C. M. L. M. Avaliação de saberes sobre célula apresentados por alunos
ingressantes em cursos superiores da área Biomédica. Revista Electrónica de
Enseñanza de las Ciencias, v. 11, n. 1, p. 203-224, 2012.
187
PALMERO, M. R. L.; MOREIRA, M. A. Modelos mentales de la estructura y el
funcionamento de la célula: dos estudios de casos. Investigações em Ensino de
Ciências, v. 4, n. 2, p. 121-160, 1999.
188
VERGNAUD, G. Psicologia do desenvolvimento cognitivo e didáctica das
matemáticas. Um exemplo: as estruturas aditivas. Analise Psicológica, v. 1, p. 75-90,
1986.
VERGNAUD, G. A gênese dos Campos Conceituais. In: GROSSI, E. (Org) Por que
ainda há quem não aprende? A teoria, p. 21-60, RJ: Ed. Vozes, 2003.
189
VOSNIADOU, S; BREWER, W. F. Mental models of the Earth: A study of conceptual
change in childhood. In: Cognitive Psychology, v. 24, p. 535-585, 1992.
190
6 Segundo Capítulo:
PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA RELACIONADA AO TEMA:
191
IX ENPEC – 9o Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências - realizado
no Hotel Majestic em Águas de Lindóia, São Paulo, 10 a 13 de novembro de 2013.
ISBN: 978-85-99681-03-9
RESUMO
30
Mestre em Biologia Animal – UFRGS. Mestre em Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG
em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual
Júlio de Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
ktauceda@terra.com.br.
31
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
32
Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente - UFRGS. Professor de Biologia do Centro
Tecnológico Parobé. SEC/RS, CEP: 90010420 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
vladinunes@terra.com.br
192
de acordo com a metodologia tradicional de ensino (grupo 1) e com a metodologia de
situações-problema dos campos conceituais de Gérard Vergnaud (grupo 2). Na análise
dos invariantes operatórios produzidos nas propostas de ensino, não foi identificada
melhoria na aprendizagem deste conceito, embora é reconhecida a necessidade de novas
pesquisas a partir deste referencial, pois o conceito de “epistemologia” envolve um
campo conceitual amplo, cujo domínio requer tempo e diferentes situações-problema.
Abstract
This work refers to the learning of the concept "epistemology" for students of
Bachelor's Degree in Natural Sciences: Chemistry and Biology of IFRS, participants
Scholarship Program Initiation to Teaching (PIBID). August 2012 to Ariel 2013,
meetings ere Hely chico gere discasse propalas for teaching the discipline of biology,
targeted at students from the 1st year of high school in State College Júlio de Castillos.
These meetings were conducted according to the traditional method of teaching (group
1) and with the methodology of problem situations of conceptual fields of Gérard
Vergnaud (group 2). In the analysis of operational invariants produced the teaching
proposals, there were no improvements in learning this concept, although is recognized
the need for further research from this reference, since the concept of "epistemology" is
a broad conceptual field whose mastery requires time and different problem situations.
INTRODUÇÃO
193
científicas nas Instituições de Ensino Superior (IES), que tem sugerido a articulação dos
cursos de formação, com a realidade da escola básica, redirecionando a formação
centrada na universidade para a experiência e reflexão docente na escola.
194
Segundo Vergnaud (1990), um campo conceitual é um conjunto de situações,
cujo domínio exige uma variedade de conceitos, procedimentos e representações
simbólicas entrelaçados durante o processo de aquisição. Portanto, o sujeito se
desenvolve cognitivamente ao resolver estas situações e ao resolvê-las, ele conceitua.
Vergnaud (1993) considera que um conceito é constituído por um conjunto de situações
que lhe darão sentido; um conjunto de invariantes operatórios (conceito e teorema-em-
ação) em que se baseia a operacionalidade dos esquemas, ou seja, os significados dos
conceitos que estão amplamente implícitos; e um conjunto de representações simbólicas
que permite representar um conceito, suas propriedades, situações e procedimentos.
Um esquema é uma estratégia que abrange uma classe de situações. Teorema-em-ação é
uma proposição considerada como verdadeira sobre o real; conceito-em-ação é uma
categoria de pensamento tida como pertinente. As situações devem ser potencialmente
significativas, o aluno deverá possuir conhecimentos prévios adequados para dar sentido
a elas e progressivamente, elaborar e enriquecer seus conceitos subsunçores (prévios),
isto é, conceituar (AUSUBEL, 2000).
METODOLOGIA
195
frequentam o 5º e 6º semestre (de um total de oito) do curso de licenciatura. Formam
dois grupos: um direcionado ao ensino de química (cinco alunos), que atuam nas aulas
do professor de química e supervisor do PIBID, e outro grupo relacionado ao ensino de
biologia (sete alunos), atuantes nas aulas de três professores de biologia, sendo dois
supervisores do PIBID.
196
das situações teóricas e práticas propostas para as aulas experimentais e a mediação do
professor supervisor durante as reuniões desenvolvidas em G2.
197
Objetivos das situações-problemas avaliativas:
198
RESULTADOS
Item “Resultados”:
199
G2 - Protocolo para aula experimental: Estudando as etapas do método científico
Item “Resultados”:
4) Teste sua hipótese: Coloque porções iguais de algodão frouxo em duas placas
separadas. Faça com que ambas as porções peguem fogo ao mesmo tempo. Logo que
começar a queimar, coloque sobre uma das porções que está queimando, um copo de
béquer emborcado. Repita o mesmo procedimento com porções de algodão apertado.
Item “Conclusões”:
6) Com base nas experiências e observações, elabore conclusões que confirmem ou não
a sua hipótese.
200
G1:
G2:
DISCUSSÃO
33
Nesta pesquisa, consideramos que o significado do conceito de epistemologia está relacionado aos
processos mentais de construção e evolução dos conhecimentos no contexto dialógico histórico-cultural
da sala de aula.
201
ciência como produtora de “verdades” inquestionáveis, ele terá provavelmente uma
atitude passiva frente ao conhecimento que ele deverá ensinar. Será um professor adepto
à metodologia de transmissão de conteúdo, narrativo. Segundo Moreira (2011), este é o
método mais utilizado em nossas escolas. Esta interpretação também nos remete a uma
prática pedagógica empirista, onde o aluno é direcionado pelo professor para o
conhecimento que ele deve saber (Don Finkel, 2008). Nesta concepção, os alunos não
apresentam conhecimentos prévios que devem ser considerados para elaborar os novos
conhecimentos.
202
alguma compreensão sobre a produção do conhecimento, através da reflexão da
experimentação a partir dos conhecimentos prévios. Porém, o protocolo produzido na
situação 1, não indica esta compreensão, pois a maioria dos invariantes operatórios se
relacionam ou com o conceito pronto (fenômeno) ou com a observação deste fenômeno,
por exemplo, no invariante “Elabore uma hipótese que possa explicar o que foi
observado.”. Neste invariante operatório, não há indicação de uma proposta para a
reflexão dos conhecimentos prévios dos alunos. Já no invariante “... respostas inéditas e
criativas para resolver problemas, que surgiram após as observações.”, mostra uma
concepção empirista de produção de conhecimento, repetindo as conclusões da análise
dos invariantes produzidos para os protocolos em G1.
203
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Agradecimentos e apoios
204
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
205
VERGNAUD. G. La théorie des champs conceptuels. Recherches en Didactique des
Mathématiques. v. 10, n. 23, p. 133-170, 1990.
206
VII Encuentro Iberoamericano de Colectivos Y Redes de Maestros y Maestras que
hacen Investigación e Innovación desde su Escuela y Comunidad, Cajamarca: Perú, 15
al 25 de julio de 2014.
RESUMO
34
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
35
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
207
1. CONTEXTO DO RELATO
208
5º e 6º semestre (de um total de oito semestres) do curso de licenciatura. Estes
estudantes desenvolvem suas atividades nas aulas de química, cujo professor é
colaborador do PIBID (não integrante do o programa). O supervisor deste grupo,
doutorando e integrante do PIBID é o autor desta pesquisa. Os graduandos
desenvolveram suas atividades em turmas de 1º ano do ensino médio no turno da noite,
com alunos na faixa etária entre 17 a 22 anos aproximadamente.
209
a metodologia da TCC propõe a resolução de situações-problema significativas, isto é,
situações que apresentem em sua estrutura, conceitos que o sujeito está apto a dar
significado, pois são compreensíveis para ele, e ao mesmo tempo, que promova novos
significados.
210
Foram elaboradas e aplicadas situações-problema avaliativas (1 e 2) para
identificar as concepções prévias relacionadas ao campo conceitual de “aprendizagem”,
através dos conceitos de “pedagogia tradicional” e “pedagogia construtivista”. As
respostas foram analisadas de acordo com a TCC, isto é, identificando os invariantes
operatórios (conhecimentos em ação) propostos para resolver as situações-problema
avaliativas 1 e 2. Também foi analisada a adequação das situações-problema propostas e
a mediação do professor neste contexto de pesquisa. Na resolução da situação-problema
1 e 2 é proposto um protocolo de aula experimental que deverá ser entregue aos
estudantes da escola. O protocolo deve conter objetivos, metodologia, resultados e
conclusões. Abaixo da resolução da situação-problema 1 e 2 estão os invariantes
operatórios. Na resolução da situação-problema 1 e 2, os conhecimentos em ação dos
graduandos estão melhor explicitados na proposta dos itens “resultados” e “conclusões”,
portanto os itens “objetivos” e “metodologia” não foram transcritos:
Situação-problema avaliativa 1:
4.Qual foi a substância que evaporou primeiro? Qual a que mais demorou?
211
Possíveis invariantes operatórios na resolução da situação-problema avaliativa 1:
Situação-problema avaliativa 2:
2.Pode-se observar que o iodo é uma substância que sublima? Busque no dicionário o
significado desta palavra. Todas as substâncias moleculares volatilizam? Justifique a
sua resposta
212
3.Apesar de termos aquecido o cloreto de sódio, não foi possível observar sua fusão.
Todas as substâncias iônicas têm ponto de fusão tão elevado quanto o Na Cl? Justifique.
5.Se utilizássemos como solventes: água, álcool metílico (CH3 OH), hexano (C6H1) e
sulfeto de carbono (CS2) e como solutos: gasolina, amônia (NH3), enxofre (S) e cloreto
de amônio (NH4Cl), quais seriam os resultados encontrados? Por quê?
213
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO
214
e a experimentação e estes com o novo conceito “sublimar”. Propõe o novo conceito
desconectado de qualquer problematização, isto é, uma situação que possua elementos –
conceitos – que promova o novo. O invariante “Deve-se explicar o comportamento
observado no procedimento II da prática, levando em conta o tipo de ligação química, a
polaridade ou não das substâncias usadas e, consequentemente, suas forças
intermoleculares.”, propõe a construção do novo conhecimento a partir da
experimentação, mas como não são mencionados os conhecimentos prévios este
invariante indica uma concepção empirista e também racionalista, pois traz conceitos
“prontos” que não estão inseridos em situações que lhe darão significado. Vergnaud
(1990) afirma que o conceito é composto por situações que lhe darão significado,
invariantes operatórios (a operacionalidade), e os símbolos (a representação do
conceito).
215
tempo. As dificuldades conceituais são superadas na medida em que são identificadas e
confrontadas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
216
construção destes a partir da reflexão de conceitos prévios com o que foi observado na
experimentação e o novo conceito que se quer ensinar, este protocolo terá uma
concepção racionalista da aprendizagem. Ambas as concepções de conhecimento,
embasam epistemologicamente a pedagogia tradicional. A pedagogia construtivista
sustenta-se pela interação do pensamento empírico-racionalista. A TCC é uma teoria
pós-construtivista, por enfatizar a construção de conhecimentos novos a partir da
estrutura conceitual do conhecimento prévio em situações-problema significativas,
através da mediação do professor.
Agradecimentos e apoios:
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
217
GALIAZZI, M. C. Educar pela pesquisa: ambiente de formação de professores de
ciências. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.
GAUCHE, R.; SILVA, R. R.; BAPTISTA, J. A.; SANTOS, W. L. P.; MÓL, G. S.;
MACHADO, P. F. L. Formação de professores de química: concepções e proposições.
Química Nova na Escola, v. 27, p. 26-29, 2008.
218
VERGNAUD. G. La théorie des champs conceptuels. Recherches en Didactique des
Mathématiques. v.10, n.23, p. 133-170, 1990.
219
2d International Congress of Science Education, Foz do Iguaçu, Paraná state, Brazil at
27-30 august 2014. Journal of Science Education. ISSN 0124-5481.
RESUMO
36
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
37
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
220
mas uma estratégia investigativa para a elaboração de conhecimentos de ciências. Nesta
pesquisa (março de 2011 a dezembro de 2013), as avaliações foram analisadas em
diferentes contextos: na escola (aproximadamente 150 estudantes de ensino médio, na
disciplina de biologia, Colégio Estadual Júlio de Castilhos, Porto Alegre, Brasil), e na
formação inicial de professores (quatro graduandos de Licenciatura em Ciências da
Natureza - Química e Biologia, IFRS/campus Porto Alegre), participantes do PIBID
(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência). A aprendizagem ocorre
quando as situações (de ensino e avaliativas), promovem a relação dos conhecimentos
prévios com os conceitos escolares. Nesta convergência, há uma ressignificação dos
conceitos. Na pedagogia tradicional, este novo conhecimento é considerado “erro”,
devendo ser esquecido para reproduzir o conhecimento do professor. Na TCC, é
considerado um “momento” do processo da aprendizagem, pois esta é contínua. Estes
“erros” são as concepções prévias na TCC, e pontuam toda a evolução conceitual. Na
aprendizagem dos conceitos de biologia na escola, a proposta avaliativa 1 (situações-
problema) foi elaborada para identificar as concepções prévias. As demais propostas
consideraram os elementos conceituais que foram identificados na proposta avaliativa 1,
e os elementos conceituais da matéria de ensino. As dificuldades de aprendizagem
foram decorrentes da não inclusão, nas situações-problema avaliativas, de estruturas
conceituais prévias que promovessem o novo conceito. Já na aprendizagem de conceitos
relacionados à formação de professores de ciências, as propostas avaliativas de ensino
para a explicitação dos conceitos (debate, problematizações), foram em número
reduzido, dificultando a reflexão, pelos graduandos, das situações-problema avaliativas.
Na TCC, a dificuldade da aprendizagem não recai sobre o aluno, mas no processo que
promoveu esta aprendizagem (situações-problema e de ensino). Deve-se então
reformular as situações.
Agradecimentos e apoios:
221
REFERENCES BIBLIOGRÁFICAS
222
Artigo aceito para ser apresentado no 5° Encontro Nacional De Aprendizagem
Significativa (5º Enas) – Belém, Pará, 01 A 05 de setembro de 2014.
RESUMO
Este artigo propõe uma discussão sobre a formação de professores de ciências, através
de resultados encontrados em uma pesquisa (que faz parte de um estudo mais amplo de
doutorado), que foi realizada em 2012, em parceria com o PPG Educação em Ciências-
UFRGS/PIBID-IFRS-campus Porto Alegre/Colégio Estadual Júlio de Castilhos.
Analisou-se os resultados, integrando os referenciais da Teoria da Aprendizagem
Significativa e da Teoria dos Campos Conceituais, focando alguns aspectos destas
teorias, como por exemplo, as concepções prévias e as situações-problema
significativas. É importante que os futuros docentes compreendam estes conceitos,
considerando que o PIBID propõe-se a contribuir para uma formação teórica, cuja
prática, diferencie-se da tradicional. Constatou-se que os licenciandos não indicam
compreensão acerca dos princípios básicos da aprendizagem significativa e dos campos
conceituais. A hipótese aqui apresentada é que, provavelmente, houve falta de reflexão-
ação para explicitar os conhecimentos em ação, isto é, conhecimentos prévios, cujas
estruturas conceituais são necessárias na elaboração de situações-problema
significativas para a conceituação em uma aprendizagem significativa.
38
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
39
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
223
Palavras-chave: conhecimentos prévios, situações-problema significativas, PIBID,
formação de professores de ciências, reflexão-ação.
Abstract
This article proposes a discussion about the training of science teachers, through results
found in a search (which is part of a broader study of doctorate), which was held in
2012 in partnership with the PPG Science Education-UFRGS/PIBID-IFRS-campus
Porto Alegre/State College Julio de Castilhos. We analyzed the results by integrating
the references in of the Theory of Meaningful Learning and Theory of Conceptual
Fields, focusing on some aspects of these theories, such as for example, the prior
conceptions and the problem situations significant. It is important that future teachers
understand these concepts, whereas the PIBID proposes to contribute to a theoretical
training, whose practice, differentiates itself from the traditional. It was found that the
licensees do not indicate understanding about the basic principles of meaningful
learning and conceptual fields. The hypothesis presented here is that, probably, there
was a lack of action-reflection in order to make explicit the knowledge in action, that is,
previous knowledge, whose conceptual structures are necessary in the preparation of
problem situations significant for the conceptualization in a meaningful learning.
1 - INTRODUÇÃO
224
professores é produzida na análise do ensino no contexto real de sala de aula, no
chamado paradigma processo-produto.
225
O programa incentiva a carreira do magistério, proporcionando bolsas de
iniciação a graduandos de cursos de licenciatura presenciais, para estágio em escolas
públicas, com IDEB abaixo da média nacional. Propõe-se a articular as teorias
pedagógicas que os futuros docentes discutem nas universidades com as práticas
desenvolvidas na escola, e esta, é a principal contribuição para a formação inicial do
professor (BRASIL, 2013). Mais do que isto, sugere formar um professor investigativo,
nos moldes de que Schön propõe. Segundo Brasil (2010), o PIBID tem como objetivo
inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública, proporcionando-lhes
oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e
práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar, que busquem a superação de
problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem.
2 - MARCO TEÓRICO
226
aprendemos a partir do que já conhecemos. Em termos de prática docente, deve-se
identifica-lo e desenvolver o ensino de acordo.
227
progressividade dos conceitos. Esta situação, também deverá ser significativa, isto é, o
sujeito deve apresentar subsunçores para compreende-la como um problema.
3 - METODOLOGIA
228
relacionadas a este campo conceitual (pedagogia construtivista), e a sua evolução,
indicando elementos para a discussão sobre o processo formativo dos professores de
biologia, participantes do PIBID. Também foram analisadas, a adequação das situações-
problema propostas e a mediação do professor, esta, representada pelas reuniões
quinzenais com o grupo.
229
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
230
Possíveis invariantes operatórios:
231
célula) e a sua utilização, para compor os problemas do 2º protocolo (núcleo celular)
para a aula prática. Neste estágio de ensino, o licenciando deveria compreender que a
aprendizagem relacionada ao núcleo celular ocorreria de forma significativa, se os
problemas (situações) possuíssem também conhecimentos prévios identificados na
resolução da situação-problema avaliativa 1.
Resolução da situação-avaliativa 2:
232
conhecimentos que estão relacionados ao conceito da célula, considerando as relações
entre estes conceitos, em uma abordagem investigativa a partir das concepções prévias
dos alunos.
Resolução da situação-avaliativa 3:
233
Novamente, os invariantes não indicam a explicitação das concepções prévias,
tampouco, a interação das possíveis concepções prévias com os novos conceitos,
dificultando uma progressiva complexidade na evolução conceitual do campo
conceitual da célula e a sua conceituação significativa. Estes invariantes também não
explicitam uma diferenciação progressiva e reconciliação integrativa.
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
234
2. Estas inadequações podem ter sido resultado das poucas interações
(situações de ensino) entre os sujeitos envolvidos no PIBID (licenciandos, professores
supervisores e coordenadores), pois é através destas interações que ocorrem o debate
das situações-problema, as negociações de significados, isto é, a explicitação das
concepções prévias (que devem ser utilizadas para a elaboração das situações de ensino
e avaliativas). Nesta explicitação, também tensiona-se o novo conhecimento em relação
ao prévio, promovendo a evolução conceitual, que não foi identificada nesta pesquisa,
diferentemente do que foi identificado no trabalho de Krey e Moreira (2009). Neste
estudo, os autores promoveram uma aprendizagem significativa de determinados
conceitos, utilizando a metodologia da TCC em licenciandos de física. Esta metodologia
proporcionou, a estes graduandos, uma compreensão, não só de conceitos de física,
como também, de conceitos relacionados à uma metodologia de ensino diferenciada,
como é o caso da TCC.
Agradecimentos e apoios:
235
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
236
______________. Aprendizagem significativa: da visão clássica à visão crítica. In: V
Encontro Internacional sobre Aprendizagem Significativa, 2006, Madrid. Actas do V
Encuentro Internacional sobre el Aprendizaje Significativo, Madrid, España, 2006.
Disponível em:
<http:www.if.ufrgs.br/~moreira/visaoclasicavisaocritica.pdf>Acesso em: 20 fev. 2014.
237
VI Congreso Internacional sobre Formación de profesores de Ciencias – Bogotá,
Colômbia, 8 a 10 de outubro de 2014. Revista Tecné, Episteme y Didaxis: TED. ISSN
0121-3814
RESUMO
Este trabalho propõe uma discussão sobre a formação inicial de professores no contexto
do PIBID/IFRS, desenvolvido no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, Porto Alegre,
Brasil, no período entre julho a dezembro de 2013. Busca-se refletir sobre algumas
ações (confecção de protocolos para aulas práticas) em uma perspectiva de Schön, a
reflexão-ação, e de Vergnaud, os campos conceituais, com o propósito de aproximar e
“ressignificar” a teoria acadêmica da prática dos futuros docentes. Percebeu-se algumas
dificuldades para a elaboração, pelos graduandos, do conceito “reflexão-ação”, e
propõe-se algumas alternativas metodológicas, baseadas na Teoria dos Campos
Conceituais, por exemplo, as situações-problema significativas em situações de ensino
interativas.
40
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
41
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
238
OBJETIVO
MARCO TEÓRICO
239
significativas que os tornam operacionais. Então, é uma proposta metodológica, onde os
conhecimentos construídos, no processo de conceituação na resolução de situações-
problema, tornam-se sempre uma reflexão, uma elaboração cognitiva para dar conta da
nova situação problemática que é apresentada. Esta reflexão, é o conhecimento-em-
ação, o conceito, hipótese, teoria, invariante operatório que o sujeito elabora para aplicar
na prática, isto é, nas situações-problema. É a reflexão-na-ação.
METODOLOGIA
240
Estes graduandos, com idade entre 20 a 30 anos, estavam desenvolvendo
atividades no CEJC relacionadas ao PIBID, desde março de 2011 (início do programa
na escola e período no qual o supervisor e pesquisador, autor deste estudo, ainda não
participava do PIBID), e frequentavam na época da pesquisa, o 4º e 5º semestres (de um
total de oito semestres) do curso de licenciatura.
RESULTADOS
241
Situação-problema avaliativa 1:
Resolução da situação-problema 1:
Situação-problema avaliativa 2:
Funções Inorgânicas
242
Experimento 1:
Experimento 2:
1. Um conceito para ácido, base e sal pode ser construído a partir dos testes com
os indicadores tornassol e fenolftaleína.
CONCLUSÕES
243
indiquem relação de significados do item “resultados” com aqueles do item
“conclusões”, sugere uma ruptura conceitual entre a prática (os conceitos explicitados
no item “resultados”) e a teoria (os conceitos explicitados no item “conclusão”). Isto
não condiz com o conceito de “reflexão-ação”, pois as teorias que os graduandos
desenvolvem na academia são aqueles referentes a epistemologia do conhecimento
(empirismo/racionalismo), que fundamentam-se na psicologia cognitiva, isto é, como a
mente representa a realidade (JOHNSON-LAIRD, 1987) e como o sujeito aprende
(VERGNAUD, 1990).
244
se limitará a “confirmar” as teorias pedagógicas vigentes, mas a transformá-las através
da prática reflexiva.
Agradecimentos e apoios:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
245
PASTRÉ, P.; MAYEN, P.; VERGNAUD, G. La didactique professionnelle: note de
synthèse. Revue Française de Pédagogie, v. 154, n. 145, p. 198, 2006.
246
Artigo aceito para ser apresentado no V Encontro Nacional de Ensino de Biologia/II
Encontro Regional de Ensino de Biologia-1 Instituto de Biociências da Universidade de
São Paulo/SP, 8 a 11 de setembro de 2014.
RESUMO
43
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
44
Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente - UFRGS. Professor de Biologia do Centro
Tecnológico Parobé. SEC/RS, CEP: 90010420 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
vladinunes@terra.com.br
45
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
247
Palavras-chave: campo conceitual, ensino de ciências, pesquisa como metodologia de
ensino, formação de professores, ensino médio.
TEMA DE INVESTIGAÇÃO
248
dos campos conceituais, enfocando o aspecto da “pesquisa como princípio pedagógico
do ensino médio”, enfatizado pela nova proposta curricular. A partir dos resultados
encontrados, busca-se refletir sobre o “status quo” da proposta do governo em relação a
este aspecto, isto é, quão distante estão as ideias dos sujeitos envolvidos em organizar
esta proposta na escola, em termos de conceituações, daquelas relacionadas à
implementação de um ensino diferenciado do tradicional, como é o caso da “pesquisa
como princípio pedagógico”. Elabora-se algumas hipóteses relacionadas ao referencial
dos campos conceituais, para explicar os conhecimentos em ação encontrados na
resolução de situações prototípicas46.
JUSTIFICATIVA
A proposta da SEDUC/RS, até certo ponto, foi debatida nas escolas. Mas o que
perguntamos é: ela foi debatida o suficiente, e qual deveria ser a “formatação” deste
debate, para que efetivamente, revertesse em mudanças das práticas pedagógicas? Estas
práticas, muitas identificadas como “tradicionais”, não deveriam estar sendo refletidas a
partir de conceitos relacionados às teorias pedagógicas? Na questão do tempo
dispensado para o debate, Vergnaud (1983), enfatiza que a aprendizagem de conceitos
(conhecimentos relacionados às situações), é um processo longo, que pode durar alguns
anos, ou uma dezena de anos, com analogias e mal-entendidos entre situações,
concepções, procedimentos e significantes.
46
Diferentemente das situações-problema, organizadas, explicitadas e debatidas durante o ensino, e
que devem considerar as concepções prévias e os conceitos científicos escolares, as situações ditas
“prototípicas”, consideram um conceito geral que deverá ser problematizado, por exemplo a adição, e a
partir deste conceito, a situação prototípica é enunciada: “A reunião de duas partes de um todo.”
Portanto, é uma situação que antecede a formulação de um problema, a situação-problema: “Três
meninas e quatro meninos estão em uma festa de aniversário. Ao todo, quantas crianças sâo?”. No caso
deste estudo, a coordenação pedagógica sob orientação da SEDUC/RS, organizou as situações
prototípicas, e a pesquisadora/autora elaborou as situações-problema para dar sentido às
conceituações dos professores e identificar continuidades e rupturas. A ideia central defendida neste
estudo é que além de ser uma proposta metodológica, a TCC segundo Vergnaud (2011, pag. 17), “...é
uma proposta teórica em que o conteúdo conceitual específico das situações, dos enunciados e das
representações simbólicas permite melhor captar as filiações e as rupturas.”
249
perspectiva de Shön (1995)? E esta prática-reflexiva, não seria necessária para que
efetivamente as práticas docentes promovessem “o aluno pesquisador”, proposto por
Demo (1998)? Como desenvolver uma proposta de ensino para o nível médio, baseada
na “pesquisa” quando são escassos os tempos, espaços e recursos para manter o diálogo,
que foi iniciado de forma fragilizada?
250
MARCO TEÓRICO
251
sujeito. As pesquisas realizadas nesta linha investigativa apresentam potencial, não só
para identificar a aprendizagem de determinados conceitos, mas também para promover
uma metodologia pedagógica potencialmente facilitadora da aprendizagem significativa,
para todos os níveis de ensino.
Pode-se identificar então, quais são os conceitos que estão sendo produzidos
em um determinado momento histórico social, e quais são as características destes
momentos que estão determinando estas construções conceituais. A TCC então, é um
marco investigativo importante na identificação da evolução conceitual É a estrutura do
conhecimento é identificada à medida em que este é produzido.
METODOLOGIA
252
Os invariantes pesquisados, foram produzidos em dois momentos:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
254
Resolução da situação prototípica 1/etapa inicial:
255
Nesta etapa inicial, cuja a resolução da situação prototípica 1 é a
implementação da proposta da SEDUC/RS, junto aos professores da escola, são
evidenciados invariantes que não estão relacionados ao conceito de pesquisa, pois este
conceito pressupõe construção do conhecimento a partir das concepções prévias. Os
sujeitos indicariam alguma aprendizagem do conceito de pesquisa, se inicialmente
tivessem produzido invariantes que indicassem problematização em relação aos
conceitos prévios dos professores da escola. Segundo Ausubel (2000), as concepções
prévias são os elementos cognitivos mais relevantes para a aprendizagem significativa.
256
crítica e autocritica / Esclarecer os objetivos da pesquisa
como forma integradora e à iniciação cientifica. / Orientar a
construção metodológica de um pré-projeto de pesquisa em
suas etapas e características. / Promover a
interdisciplinaridade entre os conceitos de pesquisa e as
áreas de conhecimento do currículo escolar. / Verificar a
presença de diferentes linguagens no cotidiano dos alunos e
desenvolver a capacidade de elaborar argumentos
convincentes em defesa das próprias opiniões.”
257
continuidades) que justifique a sua ocorrência. Mais uma vez, se repete o que foi
identificado na situação anterior: não há indicação de uma aprendizagem significativa
do conceito de “pesquisa......”. Nas duas etapas de resolução de situações prototípicas,
os invariantes/conceitos “prontos” não apresentam similaridade com uma “hipótese”
que está sendo construída, pois justamente falta-lhes a interação entre as estruturas
conceituais do questionamento em relação às concepções prévias, do novo conceito e o
problema que está posto. Segundo Grossi (2006), aprender é formular hipóteses.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
258
1º) As situações-problema elaboradas pela pesquisadora, para identificar
invariantes operatórios condizentes com o conceito pesquisado, e que foram produzidas
a partir das situações prototípicas propostas pela SEDUC/RS e coordenação pedagógica
da escola, não evidenciaram a construção conceitual e a aprendizagem de “pesquisa...”.
Quais são os sujeitos responsáveis em promover situações-problema adequadas?
Inicialmente, são os proponentes da SEDUC/RS, que, “teoricamente”, realizaram o
debate com o objetivo de promover a aprendizagem deste conceito, junto às direções e
coordenações pedagógicas das escolas. Posteriormente, a coordenação pedagógica (que
reproduziu a metodologia de ensino promovida pela SEDUC/RS), que evidenciou
dificuldade para apreensão do significado do conceito de “pesquisa...”, como indicou a
resolução da situação prototípica 1 (concepções prévias da coordenação pedagógica). Se
estes sujeitos responsáveis pelo desenvolvimento da aprendizagem deste conceito,
relacionado ao ensino de ciências, não o compreendem, como esperar que eles
desenvolvam estratégias de ensino adequadas para promover esta aprendizagem, junto
aos professores da escola? É o que indica a resolução da situação prototípica 2. Nesta
resolução, também não ocorre indicação de aprendizagem do conceito analisado;
tampouco, evolução conceitual (continuidades e rupturas). Esta evolução, se encontrada,
indicaria que as estratégias de ensino (por exemplo, problemas, situações) propostas,
estariam se tornando mais complexas e abstratas, através da identificação e utilização
das concepções prévias dos professores da escola nas situações-problema.
Considerando que esta proposta pode ser identificada como uma formação
continuada de professores, primeiramente os gestores (SEDUC/RS) deveriam assumir o
259
compromisso de discutir esta proposta, através das experiências docentes. Segundo
Shön (1995) e Nóvoa (1992), não há teoria pedagógica sem a prática que a sustente e
vice-versa. Ambos, teoria e prática se transformam durante a ação pedagógica.
260
compreenderem os conteúdos de ensino, os futuros professores tendem a utilizar
metodologias que possibilitam esta aprendizagem; por exemplo, a metodologia dos
campos conceituais, que é baseada principalmente no diálogo entre os sujeitos
envolvidos na aprendizagem.
261
REFERÊNCIAS
262
MOREIRA, M. A.; CABALLERO, M. C.; RODRÍGUEZ, M. L. Aprendizagem
significativa: um conceito subjacente. In: Encuentro Internacional sobre el Aprendizaje
Significativo – Burgos: España, 1997. Atas do Encuentro Internacional sobre el
Aprendizaje Significativo, 1997, p. 17-44. Disponível em:
<http:www.if.ufrgs.br/~moreira/apsigsubport.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014.
RIO GRANDE DO SUL/ SE. Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul.
Proposta pedagógica para o ensino médio politécnico e educação profissional
integrada ao ensino médio - 2011-2014. Disponível em:
<http://www.educacao.rs.gov.br/dados/ens_med_proposta.pdf> Acesso em: 10 mar.
2013.
263
SCHON, A. D. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A.
(Org.). Os professores e a sua formação, p. 77-91. Lisboa: Dom Quixote, 1995.
264
O artigo será enviado para a Revista Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências. ISSN
1983-2117
RESUMO
Este trabalho propõe uma discussão sobre a formação inicial de professores no contexto
do PIBID/IFRS, desenvolvido no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, Porto Alegre, RS,
no período de agosto de 2012 à dezembro de 2013. Na reflexão da aprendizagem que os
graduandos evidenciam na elaboração das atividades de ensino (protocolos para aulas
experimentais para os estudantes da escola), propõe-se uma discussão sobre a
compreensão destes licenciandos da importância da interação da teoria com a prática,
em uma perspectiva de Schön, a reflexão-ação. Para isto, utilizou-se a abordagem dos
campos conceituais de Vergnaud. Identificou-se conhecimentos em ação relacionados a
uma epistemologia de ruptura da teoria com a prática. Não ocorreu, portanto, no
47
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
48
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
265
contexto da pesquisa, a formação de um esquema mental da “reflexão-ação”, pois os
possíveis invariantes que foram produzidos na resolução das situações problemáticas
não foram condizentes com os significados deste conceito (reflexão-ação). A Teoria dos
Campos Conceituais pode ser uma metodologia eficaz para identificar os conceitos
produzidos em situações de ensino, e ao mesmo tempo, propor situações que promovam
a evolução destes conhecimentos. O PIBID com a sua proposta de formação de
professores no contexto da escola, apresenta potencial para intermediar estas
aprendizagens.
Abstract
The work proposes a discussion on the initial training of teachers in the context of
PIBID/IFRS, developed in State College Julio de Castilhos, Porto Alegre, RS, Brazil, in
the period between August 2012 to December 2013. In reflection of learning that
students demonstrate in preparation of teaching activities (protocols for experimentias
classes for the students of the school), it is proposed a discussion on the understanding
of these licensees of the importance of the interaction between theory and practice, in a
perspective of Schon, the action-reflection. For this, we used the approach of conceptual
fields of Vergnaud. We identified the knowledge in action related to an epistemology of
rupture of the theory with the practice. There was, therefore, in the context of the
research, the formation of a mental scheme of "action-reflection", because the possible
invariants that were produced in the resolution of problematic situations were not
consistent with the meanings of this concept (reflection-action). The Theory of
Conceptual Fields can be an effective methodology to identify the concepts produced in
teaching situations, and at the same time, propose situations that promote the
development of such knowledge. The PIBID with its proposal for the training of
teachers in the context of the school, has the potential to mediate these learnings.
266
INTRODUÇÃO
A Teoria e a Prática
Cunha (2007) afirma que o termo “teoria” (que provêm do grego), significa um
conhecimento meramente especulativo e por isto, baseado na racionalidade. Já Ferreira
(1999), define teoria como “conjunto de princípios fundamentais duma arte ou duma
ciência; doutrina ou sistema fundado nesses princípios; hipótese, suposição”. Em termos
filosóficos, Abbagnano (1998), compreende o conceito de “teoria” como “vida
267
contemplativa; condição hipotética ideal...normas e regras, que na realidade são
observadas imperfeitas...”
268
professores, pois nestes processos, ocorre predominantemente a “instrução” do
professor, em detrimento de ações que permitam produzir novos conhecimentos para
novas práticas.
269
capacitação docente, como por exemplo, os “diários de bordo”49. Outro exemplo, seria o
PIBID (Programa Institucional para Bolsas de Iniciação à Docência), que iremos
explicar mais adiante.
49
Registro pedagógico para a formação de professores, em uma perspectiva de investigação-ação. Nele
estão os registros das impressões sobre a prática pedagógica, os materiais utilizados e a resposta dos
alunos no processo de ensino-aprendizagem.
270
hipóteses. É a reflexão-na-ação. Então, a TCC na formação de professores, propõe
relacionar os conteúdos específicos do ensino, as variáveis contextuais (situações-
problema), e as experiências prévias dos professores que estão presentes em todas as
situações de ensino-aprendizagem (ACIOLY-RÉGNIER, MONIN, 2009).
271
Este trabalho propõe-se a discutir a formação de professores de ciências através
do PIBID, no contexto da TCC, como uma proposta metodológica para aproximar a
teoria acadêmica das práticas reflexivas dos futuros professores, e indicar possíveis
“convergências” de significados com o modelo “reflexão-ação”.
CONTEXTO DA PESQUISA
272
oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e
práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar, que busquem a superação de
problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem.
METODOLOGIA
273
Os graduandos desenvolveram suas atividades nas aulas de biologia e química,
cujos professores são colaboradores do PIBID (isto é, não bolsistas). Os graduandos
desenvolveram suas atividades em turmas de 1º ano do ensino médio no turno da noite,
com alunos na faixa etária entre 17 a 22 anos aproximadamente.
274
aulas práticas, e nas últimas reuniões do ano, organizar os “kits” experimentais. Os
outros objetivos do PIBID (relatos para apresentação em eventos relacionados à
educação em ciências e eventos na escola, planos de trabalho e relatórios de atividades,
ambos semestrais) eram combinados por e-mail.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Situação-problema avaliativa 1:
275
conceito.
Resultados (carboidratos):
3) Por que o queijo e o presunto ficaram com coloração diferente dos demais?
Conclusões (carboidratos):
Resultados (lipídios):
276
Conclusões (lipídios):
Situação-problema avaliativa 2:
277
A resolução da situação-problema avaliativa 2:
Experimento 1:
Experimento 2:
Um conceito para ácido, base e sal pode ser construído a partir dos testes com os
indicadores tornassol e fenolftaleína.
O experimento HCl + NaOH → NaCl + H2O pode ser explicado através da observação
de seus resultados.
É formado algo na reação entre ácido sulfúrico e o hidróxido de bário e esta reação tem
um nome.
O invariante “Um conceito para ácido, base e sal pode ser construído a partir
dos testes com os indicadores tornassol e fenolftaleína produzido no experimento 1”,
elaborado para o protocolo de aula experimental para os estudantes da escola, indica
uma concepção epistemológica baseada na ruptura da teoria com a prática. Este
conceito, proposto para “funções inorgânicas”, não sugere a reflexão sobre as
concepções prévias, provavelmente isto irá dificultar a sua significância. Indica
concepções epistemológicas, ora empirista, quando sugere a construção dos conceitos
278
científicos (de ensino) baseado apenas nas observações dos testes, ora racionalista,
quando propõe a aprendizagem de conceitos complexos e abstratos (ácido, base e sal),
sem situações problemáticas (que envolvam estruturas conceituais prévias e novas). Na
resolução destas situações, o sujeito promove significados, ele conceitua.
Situação-problema avaliativa 3:
279
2) Comparado ao experimento 1, quais suas conclusões?
280
A maioria dos invariantes dos protocolos para aulas práticas produzidas pelos
graduandos, não indicam uma reflexão-ação da sua prática, como futuros professores
através do PIBID, pois estes conceitos relacionam-se aos da pedagogia tradicional. A
análise da estrutura destes invariantes na resolução das situações-problema contribuiu
para esta percepção. Ao mesmo tempo, Wiebusch e Ramos (2012), enfatizam a
importância do PIBID para a inserção dos futuros professores na realidade escolar, com
suas práticas pedagógicas, interações entre os sujeitos e particularidades. A TCC e a
reflexão-ação podem contribuir na compreensão desta realidade e em suas mudanças,
pois, segundo Schön (1995), a teoria só se concretiza por meio da prática que a
aperfeiçoa, em uma relação dialética. Segundo Silva e Schnetzler, 2008 a “teoria-
prática” é fundamental para a interação dos conhecimentos acadêmicos com os
problemas decorrentes da vivência do cotidiano escolar. Desse modo, teoria
isoladamente não gera transformações, porque ela somente se concretiza por meio da
prática que a aperfeiçoa e a modifica enquanto aprimora a própria prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
281
determinado conceito. Segundo Vergnaud (1996), um conceito é constituído por
diferentes situações e as situações podem ser resolvidas por diferentes conceitos.
282
“Determinado óxido está presente no refrigerante”; “O gás carbônico é essencial para os
seres vivos, pois participa de um processo importante para as plantas”. Nos três
protocolos para aulas práticas, não ocorrem situações-problema que relacionassem os
invariantes entre si. Esta desconexão de significados conceituais, além de promover a
ruptura da teoria/prática, não contribuem para a aprendizagem dos conceitos e
ampliação da capacidade de abstração do estudante, pois como ele terá dificuldade de
compreender os conceitos, por exemplo, de amido; ácido, base e sal e gás carbônico, ele
provavelmente não conceituara moléculas orgânicas, funções químicas e óxidos. Estes
campos conceituais são amplos e complexos, daí a necessidade de promover várias
situações para desenvolver diferentes conceitos que os compõem. Novak (1986) e
Vergnaud (1990), mencionam a importância da rede de significados (conceitos que se
relacionam) para a aprendizagem.
283
As situações-problema avaliativas (1, 2, 3), propostas para os graduandos
também devem ser revistas, pois segundo Vergnaud (1996), estas devem interagir com
os conceitos prévios dos sujeitos para que ele possa atribuir significados, construindo
então um novo conceito.
Agradecimentos e apoios:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
284
AUSUBEL, D. P. The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view.
Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2000.
285
GILBERT J. The construction and reconstruction of the concept of the reflective
practitioner in the discourses of teacher professional development. International
Journal Science Education, v. 16, n. 5, p. 511-522, 1994.
286
SAVIANI, D. Saber escolar, currículo e didática. Campinas: Autores Associados,
1994.
287
VERGNAUD, G. Qu’est-ce qu’apprendre. In: Colloque Iufm du pole Nord-Est Des
Iufm. les effets des Pratiques Enseignantes sur les Apprentissages des eleves –
Besançon: França. Anais Colloque Iufm du pole Nord-Est des Iufm. les effets des
Pratiques Enseignantes sur les Apprentissages des Eleves, Besançon, 2007.
288
7 Terceiro Capítulo:
PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA RELACIONADA AO TEMA:
289
Artigo aceito para ser apresentado no II International Symposium of Science Education
SIEC 2014 – on line, organizado pela Editora Educación; Revista de Formación e
Innovación Educativa Universitaria; Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias
(REEC) e Universidade de Vigo, 13 a 16 de outubro de 2014.
Resumo
Neste artigo são analisados alguns aspectos da formação de professores de ciências que
estão relacionados aos significados de ensinar e aprender, na perspectiva do professor
reflexivo, de Shön, e da construção conceitual em situações problematizadoras, como é
o caso da teoria dos campos conceituais de Gérard Vergnaud. É considerada a
possibilidade de aprender a ensinar, a partir da experiência do aprender a aprender, visto
que ensinar e aprender fazem parte de uma unidade histórico-cultural.
50
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
51
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
290
INTRODUÇÃO
291
interações, e que também é influenciado por elas. Desta forma, temos o elemento que
faltava, para que o processo de aprender (ou ensinar), com suas facilidades e
dificuldades, se constitua através das interações de múltiplos protagonistas, cujo
processo se efetua na escola.
292
novos conhecimentos. Em Acioly-Régnier e Monin (2009), a teoria dos campos
conceituais na formação de professores, propõe relacionar os conteúdos específicos do
ensino, as variáveis contextuais (situações-problema), e as experiências prévias dos
professores, que estão presentes em todas as situações de ensino-aprendizagem.
Segundo Vergnaud (1994), esta teoria enfatiza a mediação do professor: na elaboração
das situações-problema significativas (aquelas que o sujeito apresenta elementos
cognitivos para compreendê-la); na escolha das situações de ensino que apresentem
potencial para a discussão e debate dos conhecimentos em ação, com o objetivo de
torná-los explícitos. Conhecimentos explícitos podem ser debatidos, conhecimentos
implícitos não.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
293
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
294
Resumo expandido aceito para ser apresentado no X Salão de Ensino – UFRGS, Porto
Alegre, 22 a 24 de outubro de 2014.
52
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
53
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
295
para realizar testes e provas. Para o professor é importante que ele também apresente
uma atitude investigativa sobre a sua prática, caso contrário, ele irá desenvolver aulas
pautadas em conhecimentos memorísticos, da área de ensino e pedagógicos, ausentes de
significações. Em uma atitude investigativa, o professor percebe as limitações de sua
prática, e em uma atitude reflexiva, reorganiza seus conhecimentos em situações de
debate no contexto social da escola. Segundo Vygotsky (1991), os sujeitos desenvolvem
seus conhecimentos através das relações que se estabelecem em um contexto histórico-
cultural.
296
No contexto de sala de aula, o estudo envolveu aproximadamente 100 alunos
com idade entre 14 e 18 anos. Foram analisados os conceitos construídos (os invariantes
operatórios), relacionados ao universo, vida, moléculas orgânicas, metabolismo celular,
fotossíntese, enzima e célula, e identificou-se dificuldades para determinar as situações-
problema mais adequadas para promover as conceituações em ciências e biologia, e
uma melhora nesta aprendizagem com a metodologia da TCC. No contexto de formação
de professores, foram analisados os invariantes operatórios construídos por oito
graduandos, com idade entre 20 e 25 anos. Investigou-se a aprendizagem dos conceitos
de epistemologia, pedagogia construtivista, aprendizagem significativa e reflexão-ação.
Identificou-se dificuldades na elaboração destas conceituações. Uma das hipóteses para
este fato é que as situações de ensino nas quais os graduandos estavam inseridos não
foram adequadas para promover situações-problema significativas que contribuíssem
para a elaboração dos conceitos, isto é, não provocavam uma reflexão ação nestes
estudantes.
297
Ciências e Cognição / Science and Cognition, v. 19, n. 2, p. 256-266, 2014. ISSN 1806-
5821
RESUMO
Atualmente, referências sobre a importância “do aprender” e “do ensinar” são feitas
com frequência. Nesta análise que disjunta, tem-se a impressão que alunos e professores
fazem parte de universos pedagógicos distintos, e que se encontram por acaso, na sala
de aula. Nesta ruptura epistemológica, encontra-se a realidade da escola; distante das
discussões que ocorrem nas universidades padece de reflexão. Mesmo professores
recém-saídos das universidades, não compreendem a importância de ensinar a teoria
relacionada com a prática, à narrativa do professor com as concepções do aluno, o
ensinar a aprender a aprender. O “ensinar” e o “aprender” estão intimamente
relacionados. O professor só poderá ensinar se compreender como o aluno aprende.
Nesta perspectiva, a Teoria dos Campos Conceituais é um referencial importante, por
enfatizar a práxis educativa em ciências. Este ensaio propõe a discussão desta teoria, em
54
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
55
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
298
relação ao ensino tradicional, baseado na narrativa do professor e no ensino centrado no
aluno, do “aprender a aprender”. Busca-se fazer algumas considerações epistemológicas
em relação a estas pedagogias, relacionando-as com a elaboração dos conhecimentos
científicos na perspectiva dos campos conceituais; nesta aproximação, pretende-se
encontrar diferenças e similaridades.
Abstract
Currently, references about the importance "of learning" and "of teaching" are made
frequently. This analysis that disjoint, we have the impression that students and teachers
are part of distinct pedagogical universes, and meet by chance in the classroom. This
epistemological break is the reality of school. Distant from the discussions that take
place in the universities is vitiated by reflection. Even teachers fresh out of university,
do not understand the importance of teaching the theory related to the practice, the
narrative of the teacher with the views of the student, teach him to learn how to learn.
The "teaching" and "learning" are closely related. The teacher can only teach understand
how the student learns. In this perspective, the Conceptual Fields Theory is an important
benchmark by emphasizing the educational praxis in science. This paper proposes a
discussion of this theory, compared to traditional teaching, based on the narrative of the
teacher and the student-centered learning, of "learning to learn". Seeks to make some
epistemological considerations regarding these pedagogies, relating them to the
development of scientific knowledge in the fields of conceptual perspective; this
approach, we intend to find differences and similarity.
1. Introdução
299
bastante resumida podemos citar: as que focalizam os aspectos sociais da aprendizagem
e as que enfatizam os seus elementos cognitivos. Os cognitivistas (PIAGET, 1976;
POSNER; STRIKE; HEWSON e GERTZOG, 1982) enfatizam os processos mentais da
aprendizagem, pois o ser humano não capta o mundo diretamente, ele representa este
mundo em sua mente. Por outro lado, os “sociológicos” (VYGOTSKY, 1988; FREIRE,
1996) enfatizam que a interpretação do mundo é influenciada principalmente pelo
“status quo” da sociedade.
300
disciplinas e vangloriar o diminuto sucesso... Outros afirmam que os conteúdos que se
ensinam na escola não contemplam a realidade do aluno, por estarem distantes das
necessidades do estudante da escola pública, que são mais direcionadas para o “mundo
do trabalho”. Por sua vez, o professor é questionado pela sociedade, por que os seus
alunos não aprendem. Seria a sua metodologia defasada ou, nos casos de professores
recém-saídos das universidades, seria a sua metodologia equivocada?
301
apresenta um papel de destaque nas ideias de Vergnaud. Isto é percebido quando é
enfatizada a importância da interação social, principalmente em relação ao professor na
promoção de situações, para que os seus alunos desenvolvam esquemas na zona de
desenvolvimento proximal, da linguagem e da simbolização, no domínio de um campo
conceitual.
302
Alheio a situações, o conceito não fará sentido, pois ele está ancorado pelas
diferentes situações que formarão o campo conceitual daquele conjunto intrincado e
conectado de significados. E as situações, constituintes dos conceitos e que lhes dão os
significados, fazem parte também do “universo” do professor: elo de interação entre o
conhecimento cotidiano do aluno (prévios), e o conhecimento escolar. Vygotsky
também enfatiza a importância do papel do professor. Ele é o mediador dos
conhecimentos, na transposição da zona real para a potencial, ao valorizar as atividades
orientadas na zona proximal.
303
importante conhecer a estrutura conceitual dos esquemas dos conhecimentos prévios,
muitos, desenvolvidos fora do ambiente escolar (Vergnaud, 1994) e da estrutura
conceitual dos esquemas que devem ser desenvolvidos na escola, isto é, os
conhecimentos relacionados aos conteúdos de ensino. Ao estudar o próprio conteúdo do
conhecimento no processo de conceituação do real, (Moreira, 2002), identifica-se as
continuidades e rupturas entre conhecimentos do ponto de vista de seu conteúdo
conceitual (Vergnaud,1990).
304
experimentação captada pelos sentidos, cujo resultado é o conhecimento. O empirismo,
pensamento que muitos professores ainda possuem sobre como é formado o
conhecimento, também remonta à filosofia da ciência do século XVII. Se o aluno deve
“receber” os conhecimentos, parte-se do pressuposto que ele não os possui. Nesta
epistemologia, o aluno é uma “tabula rasa” (folha de papel em branco) onde, segundo
John Locke (Hodson, 1986), os sentidos registram a “verdade” sobre o mundo. No
ensino baseado na narrativa, o conhecimento é visto a partir da ótica do professor. Neste
enfoque, ocorre um dualismo epistemológico. Racionalista porque o conhecimento do
ensino, narrado pelo professor é a verdade (pois não há discussão). Empirista porque
somente o professor possui o conhecimento, pois somente ele tem a “experiência”
relacionada a ele.
305
visualização de modelos prontos (figuras de livros). Na análise dos desenhos produzidos
com o objetivo de responder às tarefas instrucionais, identificou-se a conexão das
estruturas cognitivas do conceito de reprodução com as da replicação do DNA.
306
situações problemáticas para a sua aprendizagem (conceituações), pois, segundo Grossi
(2006), aprender é formular hipóteses. Neste processo de questionamentos, hipóteses,
verificações, erros, e a longo prazo, acertos, o aluno percebe-se aprendendo a aprender.
307
simplesmente reproduzir acriticamente, como um “mantra” os conhecimentos
científicos que a humanidade levou milhares de anos para desenvolver. A função da
escola é tornar os sujeitos críticos, criativos e conhecedores do ato de aprender. Para
Praia, Carrelhas e Gil-Pérez (2002), ao professor, deve-se atribuir o papel de mediador
entre os saberes dos alunos e o conhecimento reconhecido. Neste confronto de
conhecimentos, ocorrerá um “salto” qualitativo que poderá ajudar a construir um novo
saber, com novos conceitos, competências e atitudes e não simples memorização na
aquisição de conhecimentos.
308
falando, tornando difícil o diálogo entre professor/aluno. Como não existe esta conexão
dos conhecimentos do aluno com os conhecimentos expostos através da narrativa do
professor (que são as suas interpretações dos conhecimentos de ensino), ocorre um hiato
cognitivo. Na medida em que ocorre este “espaço vazio”, ao aluno resta somente
“decorar” para a prova, utilizando a sua memória de curta duração, que serve para
executar as tarefas mais imediatas. Durante a execução das tarefas de uma prova, este
aluno pode até apresentar um resultado satisfatório. O problema é quando é solicitado,
este mesmo conteúdo de ensino, em outras situações problemáticas que se relacionam
com aquele conhecimento (conceito), que o aluno soube aplicar naquela situação
específica da prova. Como não houve conceituação, isto é, resolução de problemas
através da conexão de estruturas cognitivas prévias e novas, não ocorreu formação de
um esquema cognitivo para lidar com diferentes situações relacionadas àquele
conhecimento. Faltam, no modelo narrativo, as situações problemáticas para fazer a
interação cognitiva entre as ideias dos alunos e as ideias do professor (matéria de ensino
interpretada pelo professor). Falta a interação entre professor/aluno para que ele dê a
palavra ao aluno, com o objetivo de identificar as concepções prévias e elaborar
situações adequadas para que o estudante identifique estas situações como um problema
a ser resolvido. Ausubel, Novak e Hanesian (1980) e Vergnaud (1990) enfatizam a
importância desta identificação para uma aprendizagem significativa. Falta o professor
assumir o seu papel de agente ativo, provedor destas situações, para que ocorra o
desenvolvimento conceitual dos alunos. Quando o professor simplesmente discursa para
os alunos, ele assume uma posição passiva frente à aprendizagem destes estudantes. Isto
porque, possivelmente, não está ocorrendo aprendizagem. Vygotsky enfatiza o papel
mediador do professor para o desenvolvimento cognitivo do aluno. A dificuldade da
aprendizagem pode ser percebida, por exemplo, quando é proposta a resolução de
diferentes problemas que fazem parte da estrutura conceitual de um determinado
conhecimento. Ou quando as diferentes situações a serem resolvidas fazem parte de
conceitos pertencentes a um determinado campo conceitual. Podemos dar um exemplo
na situação da conceituação de fotossíntese. A fotossíntese é um conceito e ao mesmo
tempo, um campo conceitual, pois este conceito é constituído por diferentes conceitos
(enzima, moléculas orgânicas, energia, metabolismo). No trabalho realizado por
Tauceda, Del Pino e Nunes (2012), foi constatado que na sala de aula com metodologia
de ensino tradicional (narrativo), ocorreu menor conceituação de fotossíntese,
cientificamente aceita, do que na sala de aula onde foi desenvolvida a metodologia
309
diferenciada da TCC. Na turma tradicional, muitos alunos não conseguiram resolver as
situações diferentes que faziam parte da estrutura dos conceitos relacionados à
fotossíntese; eles não desenvolveram um esquema mental para conceituar fotossíntese.
Faltou-lhes o debate de situações problema durante o processo de ensino para que
fossem identificadas concepções prévias para que estes conhecimentos fossem inseridos
nas situações-problema avaliativas. A importância das situações no processo de
conceituação é enfatizada por Moreira (2002), quando ele afirma que um único conceito
não se refere a um só tipo de situação, e uma única situação não pode ser analisada com
um só conceito.
310
cognitiva, o aluno não utilizará estes conhecimentos apenas para situações imediatas,
previamente conhecidas. Ele terá a capacidade mental, que foi fornecida pela sua
conceituação e compreensão, para aplicar estes conhecimentos em diferentes situações
que compõem determinado conceito. Os estudantes, em sua maioria, não estão aptos
para resolverem diferentes problemas que envolvam determinado conhecimento
(conceito). Eles estão sendo preparados pela escola, a reproduzirem simplesmente, os
conteúdos que são “ensinados” pelo professor. Como o aluno apenas memoriza estes
conteúdos de ensino para o dia da prova, estes conhecimentos não são operacionais,
pois não foi desenvolvida, pela escola, a capacidade para resolver diferentes situações-
problemáticas teóricas ou relacionadas com o seu cotidiano.
Já havíamos dito que estas situações devem conter elementos conceituais que o
aluno possa identificá-las como problemas a serem resolvidos. Neste processo de
conceituação, ele provavelmente estará armazenando estas informações na memória de
longo prazo. A conceituação envolve relembrar os conhecimentos para aplicá-las na
resolução de diferentes problemas. Tauceda et al. (2012) exemplifica esta recursividade
na aprendizagem da fotossíntese. Na aula com metodologia diferenciada (baseada na
TCC), as diferentes situações-problema utilizadas para relacionar as concepções prévias
com os conteúdos de ensino, contribuíram para a aprendizagem da fotossíntese,
diferentemente do que foi observado na aula com metodologia tradicional, narrativa.
Estes resultados foram identificados, ao serem analisadas as respostas das situações-
problema avaliativas.
311
Por que estes três autores, enfatizam a importância para a aprendizagem das
concepções prévias dos estudantes? Ao fornecer situações que contenham conceitos
prévios, significativos para os alunos, o professor estará “recriando” esta memória, já
adquirida. E através desta evocação de conhecimentos armazenados na memória, será
possível, através de situações que também evidenciem os novos conhecimentos (além
dos prévios), relacionar a estrutura cognitiva prévia com a estrutura conceitual nova,
originando um novo conhecimento (uma ressignificação dos conhecimentos de ensino).
Mas o mais importante é que o professor poderá identificar as rupturas e continuidades
do conhecimento-em-ação durante a aprendizagem, e isto só será possível se o aluno
possuir elementos cognitivos que o possibilitem reconhecer estas situações como um
problema.
Para que o professor mude a sua estratégia de ensino é necessário que ele
compreenda como o aluno aprende. A TCC parece indicar uma possibilidade para este
entendimento. O aprender a aprender envolve interação na sala de aula. Nenhuma
aprendizagem ocorre com o sujeito isolado de seu contexto social (professor-
aluno/aluno-aluno). A TCC também é interacionista, pois é valorizada a função do
professor na proposição de situações problemáticas adequadas para que os alunos
312
possam resolver. É interacionista quando pressupõe um conhecimento prévio do
professor em relação aos conhecimentos prévios dos alunos, e a partir desta
compreensão, elaborar as situações problemáticas. O professor é o mediador dos
conhecimentos. Ele deve estabelecer um ambiente dialógico na sala de aula onde os
alunos possam explicitar suas concepções prévias na interação aluno-aluno-professor.
313
foram identificadas como fator de melhoria da aprendizagem em Grings, Caballero e
Moreira (2006) e Tauceda et al. (2012), na formação de esquemas e conceituações de
temperatura e nas conceituações de fotossíntese, consecutivamente. Para Vergnaud
(1996), os esquemas são constituídos por invariantes operatórios chamados também de
conhecimentos-em ação, que por sua vez, são constituídos por conceitos-em-ação e
teoremas-em-ação, que constituem a parte conceitual e operacional dos esquemas.
Teorema-em-ação é uma proposição considerada verdadeira sobre o real e conceito-em-
ação é uma categoria de pensamento tida como pertinente. Esse conhecimento, que é
principalmente implícito, o aluno apresenta dificuldade de explicá-lo. Isso não significa
que este conhecimento não existe ou que não possa ser explicitado. No processo de
explicitação do conhecimento implícito (através da ação mediadora do professor de
prover situações problemáticas significativas para os alunos), os teoremas e conceitos-
em-ação podem ser debatidos e modificados tornando-se mais próximos dos
conhecimentos científicos.
4. Considerações Finais
314
ação do sujeito durante o ato de aprender. Um conceito escrito pelo professor no quadro
de giz ou no livro texto não significa muita coisa. É o sujeito que lhe dá significado
durante a ação de resolver um problema, pois não existe conceito sem situação. A
definição do conceito de Vergnaud pode ser a maior aproximação entre o ensino
centrado no aluno (ou o ensino baseado no aprender a aprender) e a TCC. A partir desta
definição, se originam as demais concepções de Vergnaud (professor, aluno e
conhecimento). Principalmente, na TCC o professor possui um papel mais amplo do
que simplesmente ensinar conteúdos (embora esta seja a principal função da escola no
ensino tradicional). Ao professor, cabe a tarefa de ensinar o aluno a aprender a aprender.
5. Referências bibliográficas
315
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
316
PIAGET, J. A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1976.
317
VERGNAUD. G. La théorie des champs conceptuels. Recherches en Didactique dês
Mathématiques, v. 10, n. 23, p. 133-170, 1990.
318
8 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Mortimer (2002) sugere que, para que uma ferramenta analítica possa
apresentar impacto nas práticas pedagógicas do dia-a-dia, particularmente no ensino de
ciências, deve preencher dois critérios: capturar efetivamente os aspectos principais do
que ocorre nas salas de aula, e ser desenvolvida em um nível de detalhe apropriado, de
modo a facilitar o trabalho de análise e planejamento de ensino. Evidenciou-se que a
proposta metodológica dos campos conceituais cumpre estes dois critérios. No primeiro,
consideramos que esta metodologia/teoria capta as significações que transitam no
contexto escolar e da sala de aula, pois é pautada na investigação dos conceitos
construídos, e em evolução na resolução das situações problematizadoras. Em relação
ao segundo critério, consideramos que esta metodologia também cumpre o seu papel de
ressignificar a prática docente, pois seu desenvolvimento está fundamentado em
situações-problema significativas, e no debate para tentar resolvê-las. O contexto
escolar e da sala de aula é rico nestas situações.
319
proporcionou uma reflexão-ação na pesquisadora, pois muitas situações foram
problematizadas, e para resolvê-las, muitos conhecimentos foram construídos por
alunos e professores investigadores, nos quais a autora/professora/pesquisadora se
inclui.
320
Segundo Canavarro (1999), e Praia (1999), a aprendizagem deve considerar conteúdos
interdisciplinares e transdisciplinares, culturais e educacionalmente relevantes. Em um
estudo de Frison et al (2012), esta necessidade de articulação é explicitada, pois para os
alunos, para garantir uma melhor eficiência na sala de aula, o professor precisa
selecionar o conteúdo e planejar as suas aulas considerando as peculiaridades do aluno
(idade e contexto sociocultural). Para Vasconcelos et al. (2003), este enfoque no ensino
em ciências, é a compreensão das relações CTSA, em que as aprendizagens se tornam
úteis aos alunos, numa perspectiva de ação, procurando valorizar as aprendizagens dos
objetivos educacionais, e não meramente instrucionais. A pesquisa compartilhada e as
discussões que advém destas ações, desviam a atenção do professor para o aluno como
construtor de seu conhecimento.
321
Nesta perspectiva, do contexto impulsionando as problematizações, Vergnaud
(2003, p. 43) enfatiza:
322
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
323
DEMO, P. Pesquisa: Princípio Científico e Educativo. São Paulo: Cortez, 1999.
324
MOREIRA, M. A. A teoria dos campos conceituais de Vergnaud, o ensino de ciências e
a pesquisa nesta área. Investigações em Ensino de Ciências, v.7, n. 1, p. 7-29, 2002.
325
NOVAK, J. D. e GOWIN, D. B. Aprender a Aprender. Lisboa: Plátano Edições
Técnicas, 1996.
326
campos conceituais. In: SINECT- III Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e
Tecnologia – PR, Ponta Grossa: 2012. Atas do III SINECT, Ponta Grossa:
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), CD-ROM, 7pdf, 2012.
Disponível em: <http://www.sinect.com.br/2012/ensalamento.php?ordem01=area2012>
Acesso em 4 fev. 2013.
327
TAUCEDA, K. C.; DEL PINO, J. C.; NUNES, V. M. O PIBID na formação inicial de
professores de ciências da natureza: uma pesquisa no referencial dos campos
conceituais de Gérard Vergnaud. In: IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação
em Ciências – SP, Águas de Lindóia: 2013. Atas do IX Encontro Nacional de
Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), Águas de Lindóia: ABRAPEC, 2013c.
328
Belém: 2014. Atas do 5º Encontro Nacional de Aprendizagem Significativa, Pará:
UEP-Universidade Estadual do Paraná, 2014d. (No Prelo)
VERGNAUD, G. A gênese da teoria dos campos conceituais. In: GROSSI, E.P. (Org.).
Por que ainda há quem não Aprende? Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
330
10 APÊNDICES
331
10 1 PRODUÇÃO PARA APOIO PEDAGÓGICO
332
10 1 1 ATIVIDADE DE ENSINO: ORGANIZAÇÃO DE STUAÇÕES-PROBLEMA
ATRAVÉS DO DEBATE DE FILME.
333
10 1 2 ATIVIDADE DE ENSINO: ORGANIZAÇÃO DE STUAÇÕES-
PROBLEMA ATRAVÉS DO.DEBATE DE TEXTO.
RESPONDA 1
1. O ser humano interage com o meio ambiente e a sociedade, e nesta relação ele
se modifica e transforma o meio ao seu redor; ao mesmo tempo procura
compreender o ambiente. Para você, o que é o meio ambiente, a sociedade e o
universo? Como se relacionam?
HOMEM PRIMITIVO
Para ele, o mundo era habitado por coisas visíveis e invisíveis (espíritos). Estes
espíritos habitavam talvez os animais, as árvores, o mar, o vento e se manifestavam
através de forças da natureza, como trovão, relâmpago. Doenças e catástrofes naturais
(ex. enchentes) eram manifestações do espírito do mal. O homem primitivo se
relacionava com o universo e o explicava através da magia, e a função do mago ou
feiticeiro pré-histórico, consistia em submeter estas forças sobrenaturais ao seu objetivo,
isto é, persuadir os espíritos a cooperar. O homem primitivo preocupa-se mais em
controlar o universo através do domínio dos espíritos do que explicar a sua origem. De
qualquer maneira, qualquer explicação deste tipo deveria envolver a ação de forças
espirituais sobre a natureza. Ele tem uma relação de grande dependência com a
334
natureza, pois sua tecnologia é muito pobre (pedras polidas, por exemplo), dificultando
sua ação na natureza para sua sobrevivência. Por isso, sua visão de universo se resume a
natureza que o rodeia, sendo esta natureza controlada por espíritos (futuros deuses). Os
espíritos eram a própria natureza.
Outros ainda entendiam o Universo como uma bola oca, estando a Terra e o céu na sua
parte de dentro. Fora não existiria nada. O fim da Terra se ligava com o começo do céu;
e o fim do céu com o começo da Terra.
HOMEM DA ANTIGUIDADE I
(Idade do Metal-Neolítico até a Grécia Antiga, isto é, de 4.000 a.C. até o século
VIII a.C.)
335
incontrolável. Um exemplo disto é o conhecimento dos egípcios antigos sobre os ciclos
do Rio Nilo e que influenciavam sua produção agrícola. Porém, os deuses ainda
controlam o universo, pois o conhecimento do homem na antiguidade ainda é escasso
sobre a natureza. O conhecimento do homem acerca da natureza (universo) faz com
que ela perca, em certo grau, seu caráter espiritual (místico). Então, torna-se necessário
que os espíritos (deuses), se afastem da natureza e se aproximem do homem, para que a
vida tenha mais sentido. Também surge a divisão de classes entre camponeses e
aristocracia (posição social baseada em sua relação privilegiada com os deuses e no
domínio das riquezas). Desta forma, os deuses imortais, poderosos representados por
figuras humanas, muito se assemelham com a classe dominante da época. Até este
período, que podemos denominar de período pré-racional ou pré-científico, o mundo
divino operava no mundo da natureza. O mago/sacerdote tinha conhecimento da
natureza e acesso aos espíritos/deuses. Não existia conflito entre ciência e religião (aqui
entendido como ciência, todo meio racional de controlar fatos observados, ex. o
controle do fogo para derreter metais e fazer armas. Esta tecnologia é resultante do
conhecimento de que o fogo derrete determinados materiais).
HOMEM DA ANTIGUIDADE II
336
O HOMEM DA IDADE MÉDIA (395 a 1453)
b) Exortação do estudo da obra divina que é o mundo (que` `Ele viu que era
bom'', conforme afirma o Gênesis), descobrindo na natureza manifestações da perfeição
divina, principal função de seu estudo.
337
Algumas concepções gregas da natureza foram apropriadas e distorcidas pela
Igreja para justificar seus dogmas (verdades incontestáveis).
339
permaneça. Depois da vitória da burguesia (Revolução Francesa, 1789), esta se aliou à
religião, a fim de desviar a atenção do povo explorado e mantê-los em estado de
submissão. O Renascimento, a imprensa, a reforma religiosa e o hermetismo
impulsionaram a Revolução Científica (séc.XV e XVI), que propõe um novo papel da
ciência frente a sociedade e a filosofia. A ciência mudou sua forma e sua função,
passando a ser repensada nos moldes na nova sociedade que estava emergindo nesta
época. Os objetivos do homem da ciência e da própria ciência acabaram sendo
redirecionados para uma era livre das influências místicas da idade média.
A reforma religiosa participou de modo decisivo do desencadeamento da
revolução científica. Os reformistas pregavam que uma forma de se apreciar a
existência de Deus era através das descobertas na ciência e por isto esta foram
incentivadas, proporcionando uma propulsão ao desenvolvimento da revolução
científica. Finalmente, o hermetismo selou a revolução, na medida em que representava
um conjunto de ideias quase mágicas, mas que exaltavam a concepção quantitativa do
universo, encorajando o uso da matemática para relacionar grandezas e demonstrar
verdades essenciais. A difusão da matemática criou um ambiente propício para o
desenvolvimento de um método científico mais rigoroso e crítico, o que modificou a
forma de fazer ciência.
340
empregado cientificamente esse instrumento, sendo o primeiro a usá-lo com fins
astronômicos.
Galileu era partidário da doutrina de Copérnico. Isso foi suficiente para que a
Inquisição, movida pela Igreja Católica, prendesse o grande sábio, mas, devido a sua
idade, 69 anos, foi tratado com indulgência. Somente a negação pública de seus “erros”
e a obrigação de uma “penitência” permanente devolveram a Galileu a liberdade que
estava longe de ser completa, pois, havia sido condenado à prisão domiciliar. A visão do
universo adotada por Galileu era baseada na observação, na experimentação e numa
generosa aplicação da matemática. Podemos observar que Copérnico, Giordano Bruno e
Galileu, apesar de terem vivido na era pós-Idade Média, sofreram grande perseguição
religiosa, pois a Igreja ainda mantinha muito de seu poder e influência, decidindo sobre
os rumos das descobertas científicas do início da Idade Moderna.
341
nebular propõe que uma grande nuvem rotante de gás interestelar, colapsou para dar
origem ao Sol e aos planetas. Uma vez que a contração iniciou, a força gravitacional da
nuvem atuando em si mesma acelerou o colapso. À medida que a nuvem colapsava, a
rotação da nuvem aumentava e, com o passar do tempo, a massa de gás rotante
assumiria uma forma discoidal, com uma concentração central que deu origem ao Sol.
Os planetas teriam se formado a partir do material no disco. Nosso planeta Terra foi
formado de escombros desta supernova (estrelas explosivas). A contribuição moderna à
hipótese nebular diz respeito principalmente a como os planetas se formaram a partir do
gás no disco, e foi desenvolvida nos anos 1940 pelo físico alemão Carl Friedrich
Freiherr von Weizäcker (1912-). Após o colapso da nuvem, ela começou a esfriar;
apenas o Proto-sol, no centro, manteve sua temperatura.
RESPONDA 2:
Tomemos uma destas Galáxias, que recebeu o nome de Via Láctea. Esta
galáxia como tudo no Universo, se encontra em movimento. Em seu movimento, esta
galáxia se chocou com uma nuvem gigante de poeira e gases. E neste choque formou-se
uma pequena estrela: o sol. Esta estrela passou a movimentar-se no interior da Via
Láctea, sendo seguida, por causa da atração, por pequenas porções de matéria: os
planetas. Os planetas formaram-se a partir do resfriamento de suas partículas, que então,
puderam se juntar. (Não se esqueça que o interior do planeta perde calor para o meio
ambiente mais lentamente que sua superfície. A prova disto é que a Terra é feita de
rochas e metais quentes e derretidos em seu interior, que são expelidos para a superfície
pelos vulcões.)
342
No início (a bilhões de anos atrás), a Terra era uma imensa bola quentíssima.
Nada na Terra era líquido ou sólido. Todos os materiais que compõem este planeta
estavam em estado gasoso. Enviando para o espaço o seu calor, ela foi se resfriando,
formando uma superfície sólida – a crosta terrestre – que contém a massa quente em seu
interior. Parece-se com um balão cheio de gás quente.
RESPONDA 3
343
periodicidade dos elementos da química, foi desenvolvida a física matemática básica da
atualidade, a criação da teoria dos conjuntos infinitos e muitos outros empreendimentos
notáveis. Foram mudanças que resultaram da contribuição de inúmeras pessoas em
diferentes locais. Mais rapidamente que no século XIX a ciência começou a avançar
durante o século XX. Não foram apenas as descobertas científicas que se aceleram. Os
equipamentos tornaram-se cada mais vez mais poderosos e sofisticados, obtendo-se
resultados muitas vezes assombrosos.
RESPONDA 4
Não, não há um começo de tudo. O Universo não tem começo e não tem fim. É
um movimento constante que nunca se interrompe, que está sempre se transformando.
Não existia o ferro, o ar, o oxigênio, a água. Nada, enfim, que vemos na Terra e
em volta dela. Tratava-se de uma pasta super concentrada e super quente, formada de
toda a matéria. Esta pasta se concentrou tanto e esquentou tanto que acabou explodindo.
Esta explosão espalhou a pasta em todas as direções. A matéria que antes se
movimentava concentrada em altíssimas temperaturas passa a se movimentar em todas
as direções. Afasta-se do núcleo da explosão diminuindo a temperatura, em infinitas
partes que, por sua vez, vão se afastando entre si.
344
formando outra maior; a assim sucessivamente. As partículas vão aumentando de
tamanho até que chegam a formar elétrons (partículas muito pequenas que possuem
eletricidade negativa) e prótons (partículas com eletricidade positiva).
345
A teoria da relatividade de Einstein influenciou notadamente a teoria do Big-
Bang. A teoria da relatividade geral proposta por Einstein, afirma, em termos
cosmológicos, que a geometria do espaço-tempo assuma um caráter dinâmico,
explicando desta forma a evolução do Universo. Espaço e tempo passaram a ser
variáveis consideradas pela física e o universo passou a ser visto como uma grande
membrana, que se deforma de acordo com a matéria que existe dentro dele.
346
em estrelas, onde o hidrogênio e o hélio se fundiram em mais elementos químicos
massivos. As estrelas explosivas (supernovas) formam os elementos mais massivos e se
dispersaram pelo espaço.
RESPONDA 5
5. O que são galáxias? Elas estão paradas? Qual a importância desta constatação
para fundamentar a Teoria do Big-Bang?
347
6. Qual a sua hipótese para a formação das estrelas, os cometas, os astros de
forma geral?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RONAN, C. A. História Ilustrada da Ciência. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, v.1,
v. 2, v. .3, v. .4, 1983.
348
STEINER, J. E. A Origem do Universo. Estudos Avançados, v. .20, n. 58, p. 232-248,
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/20.pdf> Acesso em 20 abr.
2008.
349
10 1 3 ATIVIDADE DE ENSINO: ORGANIZAÇÃO DE STUAÇÕES-PROBLEMA
ATRAVÉS DE SAÍDA À CAMPO NA COMUNIDADE.
Resultados:
350
Conclusões:
1. O grupo se identificou com alguma resposta dos entrevistados? Qual? Por que?
351
10 1 4 ATIVIDADE DE ENSINO: ORGANIZAÇÃO DE STUAÇÕES-PROBLEMA
ATRAVÉS DA ELABORAÇÃO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHO (HQ).
Etapa 4:
352
Figuras 13 e 14 – Estudantes de 1º ano na disciplina de biologia, produzindo histórias em quadrinhos
durante a etapa 3 da atividade de HQ, no laboratório da escola, no ao de 2012.
353
10 1 5 ATIVIDADE DE ENSINO: ORGANIZAÇÃO DE STUAÇÕES-PROBLEMA
ATRAVÉS DA ATIVIDADE PRÁTICA DE FORMAÇÃO DE MOLÉCULAS
ORGÂNICAS
Situações-problemas:
354
partir dele, a proteína. Faça também um modelo de glicose (carboidrato). Desenhe todos
estes modelos (Fig. 15 e 16).
Discussão:
2. Refletindo sobre a atividade prática que você desenvolveu, qual é o fato que
comprova que as m.o.originaram-se dos gases da atmosfera da Terra primitiva?
355
10 1 6 ATIVIDADE DE ENSINO: ORGANIZAÇÃO DE STUAÇÕES-PROBLEMA
ATRAVÉS DO DEBATE DE TEXTO
RESPONDA
Ele não desenvolveu uma teoria sobre a origem da vida, pois sua preocupação
era com a sobrevivência (conseguir alimento, abrigo, etc.). Esta afirmação é confirmada
pelas pinturas rupestres (interior das cavernas), que indicam a perseguição de animais
durante a caça e a fuga de predadores. O homem primitivo pensava que controlava estes
animais através de rituais mágicos (teatro, dança, música). Ao representar uma caçada
bem sucedida e ao se fantasiar de predador (urso, leão, por exemplo), ele acreditava
controlar o cotidiano e absorver as qualidades (força, voracidade) daqueles animais que
representava.
356
deuses e os mitos, que são histórias (narrativas) para explicar os fenômenos da natureza,
as origens do mundo e do homem. Percebe-se que há uma supervalorização do homem
(deus) que pode ser explicada pela necessidade de se sobrepor à natureza, pois a ciência
como à conhecemos ainda não existia e a tecnologia era pouco desenvolvida. Os relatos
de seres vivos são envoltos em acontecimentos sobrenaturais e místicos e suas origens
não são questionadas. A fusão de animais com humanos nas artes é frequente
(minotauro e medusa da cultura grega e Osíris, Ísis e hamón-rá na cultura egípcia).
ABIOGÊNESE
357
IDADE MÉDIA (±200 a.C. a 1300 a. C.)
358
microscópios) e para testar teorias novas e antigas, como por exemplo a teoria da
geração espontânea (teoria sobre a origem da vida).
John Needan, em 1745 afirmou que os seres vivos surgiam por geração
espontânea graças a uma força vital. Ele realizou um experimento onde preparou um
caldo nutritivo, colocou em alguns frascos, ferveu por 30 minutos e os vedou com rolha
de cortiça. Mesmo assim, depois de alguns dias apareceram alguns microrganismos no
caldo. Needan acreditava que a fervura e a vedação da rolha eram suficientes para
impedir a entrada de microrganismos. Ele confirmou a ABIOGÊNESE.
359
IDADE CONTEMPORÂNEA (1850- ?)
360
10 2 OUTROS ARTIGOS PARA EVENTOS CIENTÍFICOS
361
V Encontro Regional Sul de Ensino de Biologia (EREBIO-SUL) – Londrina,
Universidade Estadual de Londrina (UEL), 18 a 21 de setembro de 2011. ISBN 978-85-
7846-110-2
RESUMO
56
Este trabalho foi aceito para ser apresentado no III Encontro Nacional de Ensino de Ciências da Saúde
e do Ambiente, Niterói/RJ, 2012 na modalidade “Reapresentação de trabalho”, com o título “Os
conceitos de universo e vida desenvolvidos apartir do referencial teórico dos campos conceituais em
estudantes do ensino médio na disciplina de biologia”.
57
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
58
Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente - UFRGS. Professor de Biologia do Centro
Tecnológico Parobé. SEC/RS, CEP: 90010420 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
vladinunes@terra.com.br
59
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
362
estruturais diferenciadas e que podem orientar futuras pesquisas para o aperfeiçoamento
destas situações-problema.
Abstract: The theoretical Vergnaud’s conceptual field is used in this work, which
presents the first results of a survey of doctorate. Initially we investigated the concepts
of the origin of the universe and of life in secondary school students, at the discipline of
biology. Through problem situations developed over the course of this study, we sought
to identify the relationship between the conceptual structure and the cognitive structures
of the student. In the analysis of these relations, evidenced in the construction of
possible indicators of operative invariants of complexity and structural characteristics
differentiated and that can guide future research for the improvement of these problem
situations.
Keywords: origin of the universe; origin of life; conceptual field; invariant operative
1 INTRODUÇÃO
363
continuidades e rupturas entre estes conhecimentos, do ponto de vista de seu conteúdo
conceitual (VERGNAUD, 1990). Para Vergnaud (1998), um conceito adquire sentido
através de sua interação com situações e problemas, assimilando as propriedades que
formam os conceitos-em-ação e os teoremas-em-ação (conhecimentos-em-ação ou
invariantes operatórios). O teorema-em-ação é uma proposição considerada como
verdadeira sobre o real e um conceito em ação é uma categoria de pensamento
considerada como pertinente. Um conceito está constituído por elementos que se
relacionam: situações, invariantes operatórios e suas propriedades que se expressam por
meio de diferentes representações simbólicas (VERGNAUD, 1996). As situações dão
sentido aos conceitos, então o campo conceitual é um conjunto de situações, que requer
o domínio de vários conceitos, procedimentos e representações de naturezas distintas
(Vergnaud, 1988). Conceitos são definidos por três conjuntos: 1º) S: um conjunto de
situações que constituem o referente do conceito; 2º) I: um conjunto de invariantes
operatórios (teoremas e conceitos-em-ação) que dão o significado do conceito; 3º) R:
um conjunto de representações simbólicas que compõem o significante do conceito.
Então, como as situações dão sentido aos conceitos, os esquemas (herança piagetiana)
dão sentido às situações. O esquema é um elemento cognitivo eficiente (não
necessariamente eficaz) para todo um espectro de situações, dependendo das
características de cada situação em particular, e pode gerar diferentes sequências de
ações (VERGNAUD, 1998).
364
evidenciar e analisar as dificuldades encontradas pelos alunos, sem considerar as
especificidades dos conteúdos envolvidos tampouco o processo de conceituação do real
produzido pelo aluno (VERGNAUD, 1996). Cabe ao professor esta tarefa.
2 OBJETIVOS
3 METODOLOGIA
365
aberta; os dados obtidos permitem inferir possíveis invariantes operatórios usados pelos
alunos na resolução destas situações.
366
4 RESULTADOS E CONCLUSÕES
Resposta 1: “...há 4,5 bilhões de anos atrás houve uma grande explosão, onde teve uma
chuva de meteoros, onde se formou os rios, lagos e mares, depois veio as bactérias, os
crustáceos, os peixes e assim em diante até a origem do homo sapiens. ”
Resposta 2: “A origem do universo para mim foi a grande explosão, Big-Bang, e assim
formou-se o sistema solar. Com pequenas partes da matéria, foi se formando o
planeta....que ganhou forma e assim os continentes se juntaram. Em uma única célula a
367
vida começou. O primeiro ser vivo da Terra era um bicho parecido com o girino, com
apenas uma célula. Depois a terra ganhou vida com os peixes, dinossauros e outros
animais daquela época. ”
O conceito evolutivo da vida faz parte do senso comum de forma mais evidente
do que o conceito evolutivo do universo, pois as informações sobre a evolução dos seres
vivos encontram-se mais acessíveis na mídia, museus de ciências, filmes de ficção-
científica e nas discussões na escola, facilitada também pela ampla divulgação da
existência de fósseis, fato que não pode ser refutado por teorias não científicas.
368
4.2 Categoria 2 – Conceitos Híbridos (CH = CCA + CCI)
Resposta 1: “Acredito que foi tudo criação de Deus. Ele como força maior fez sim todo
o universo, sistema solar... Deus está nos pequenos detalhes, assim como a vida, os
humanos, animais, plantas... Outra teoria válida foi a da explosão do Big-Bang, mas não
tenho muita informação de como as coisas se seguiram, como os humanos foram
evoluindo e tal”.
Resposta 1: “Eu acredito que Deus criou o universo. Ele criou a Terra e fez aparecer a
primeira célula, e a partir daí o mundo foi evoluindo”.
369
Resposta 2: “Origem do Universo, eu acho que foi Deus que criou tudo, e depois veio
Adão e Eva...”
370
4.4 Categoria 1 – Conceitos Cientificamente Aceitos (CCA)
371
Os possíveis invariantes operatórios sugerem uma aprendizagem significativa para lidar
com as situações-problema relativas à origem da vida, pois a essência deste campo
conceitual é a compreensão do conceito de evolução como precursora da vida no
planeta. As respostas desta categoria apresentam estrutura semelhante, indicando a
utilização de possíveis teoremas-em-ação, similares.
Resposta 2: “Para mim Deus criou o mundo e tudo o que existe no universo. Não acho
que as teorias científicas por isso estejam erradas (Big-bang, evolução), mas que isso só
aconteceu porque Deus quis assim”.
372
4.6 Categoria 3 – Conceitos Cientificamente Inadequados (CCI)
Resposta 1: “ A única coisa que eu acredito é que Deus fez o mundo: a Terra... os
animais... fez o homem chamado Adão...”
Resposta 2: “ Eu acredito que tudo que tem na Terra, no universo foi Deus que criou...
acredito também que foi ele que fez surgir a vida...”
373
casos, as crenças serviram de obstáculos epistemológicos, talvez não à compreensão,
pois a teoria científica seria um invariante operatório implícito, mas à aceitação de que a
ciência explica estes fenômenos.
Cobern (1996) afirma que o Ensino de Ciências deve ter o objetivo de tornar
tais teorias, modelos e conceitos, compreensíveis para os estudantes, e não esperar que
os alunos apreendam os conhecimentos da ciência, percebendo-os como verdade. Neste
sentido, a Teoria dos Campos Conceituais é importante, pois prioriza as situações que
darão sentido aos conceitos científicos e o estudo da estrutura destes conceitos,
relacionando-os com os conhecimentos prévios dos estudantes. Então, segundo
Mortiner (1995), a aprendizagem das ciências ocorrerá através da aplicabilidade das
várias zonas de seu próprio perfil conceitual.
374
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
375
MORTIMER, E. F. Conceptual change or conceptual profile change? Science &
Education, v. 4, p. 267-285, 1995.
376
VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional – Rio de Janeiro, CEFET/RJ,
01, 02, 03 de agosto de 2012. ISBN 978-85-88578-08-1
ENSINO MÉDIO
CAMPOS CONCEITUAIS
Karen C. Tauceda60
INTRODUÇÃO
60
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
61
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
62
Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente - UFRGS. Professor de Biologia do Centro
Tecnológico Parobé. SEC/RS, CEP: 90010420 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil.
vladinunes@terra.com.br
377
dificuldades relatadas por professores está a de desenvolver metodologias mais criativas
e eficientes (MEDEIROS et al., 2009) que promovam processos cognitivos da
aprendizagem significativa. Atividades didáticas e materiais instrucionais que
proponham situações- problema (investigativas) são mais eficazes neste objetivo
(COSTA e MOREIRA, 2001).
378
A Teoria dos Campos Conceituais (TCC) e a Aprendizagem Significativa (AS)
379
pensamento tida como pertinente, relevante a uma determinada situação) e teoremas-
em-ação (uma proposição tida como verdadeira sobre o real); (R) o conjunto de
representações simbólicas – linguísticas, gráficas ou gestuais – que podem ser usadas
para representar invariantes, situações e procedimentos.
A resolução de situações-problemas
380
Ele afirma que este desenvolvimento é lento. Então, quanto mais situações
problemáticas o professor debater com seus alunos, procurando interagir os
conhecimentos destas situações com a estrutura conceitual (invariantes operatórios e
esquemas) dos conceitos prévios dos estudantes com a estrutura conceitual dos
conhecimentos que se quer ensinar, mais chance os alunos tem de desenvolver-se
cognitivamente em determinados campos conceituais, isto é, conceituem
JUSTIFICATIVA
381
OBJETIVOS
METODOLOGIA
382
como problema e para resolvê-lo, dá sentido aos conceitos necessários para solucioná-lo
(VOSNIADOU, 1994). Considera-se a estrutura conceitual que se quer ensinar, a
estrutura cognitiva do aluno, o desenvolvimento cognitivo (filiações/rupturas), e o
tempo longo para ocorrer a aprendizagem. As interações (aluno/aluno/professor), nas
discussões da apresentação dos conteúdos e nas discussões da apresentação das
situações-problema (avaliações), aborda o desenvolvimento cognitivo, na abordagem da
TCC. É Enfatizado o debate (tornar os conhecimentos implícitos em explícitos),
negociações de significados, argumentações, exemplos, comparações, relações (Grossi,
2006). Não é apresentado para os alunos, o conhecimento “pronto” (formalismo do
ensino tradicional).
383
1.2 Situações-problema 1 (avaliação): identificação dos conhecimentos prévios
(texto/desenho) - individual
384
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
385
CARRASCOSA, J. El problema de las concepciones alternativas en la actualidad.
(Parte II). El cambio de concepciones alternativas. Revista Eureka sobre la
Enseñanza y Divulgación de las Ciencias, v. 2, n. 3, p. 388-402, 2005.
386
NOVAK, J. D. Uma Teoria de Educação. São Paulo: Pioneira. Physics Education.
College Park, 1981.
_____________ A gênese dos Campos Conceituais. In: GROSSI, E. (Org) Por que
ainda há quem não aprende? A teoria. Ed. Vozes, RJ: Petrópolis, 2003.
387
5º Seminário Brasileiro de Estudos Culturais e Educação (SBECE) e 2º Seminário
Internacional de Estudos Culturais e Educação (SIECE) – Canoas: RS ULBRA, 20 a 22
de maio de 2013. ISSN 2236-3491
388
enfatiza os conhecimentos prévios, as situações-problema e as interações entre os
sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem. O modelo clássico de ensino,
consagrado e aceito por professores, alunos, pais e sociedade em geral, é aquele em que
o professor ensina fundamentalmente falando, dizendo aos estudantes o que se supõe
que devam saber. Este modelo pedagógico narrativo se coloca no lado oposto à teoria
dos campos conceituais. Em primeiro lugar porque a intervenção do professor na TCC é
propositiva e não impositiva, pois considera os conhecimentos prévios dos alunos. Em
segundo lugar, a TCC é uma teoria reflexiva, que propõe a análise crítica sobre a prática
ao enfatizar a importância das situações-problema na interação com os conhecimentos
prévios e com os conceitos que se quer ensinar. Existe uma diferença entre elaborar
situações problemáticas e propô-las aos estudantes, e transmitir os conceitos prontos,
como sugere o método da narrativa. Em terceiro lugar, na TCC o professor irá promover
a explicitação dos conhecimentos, através do debate na sala de aula, pois este é
produzido pelos sujeitos na interação criativa, propositiva e reflexiva. Este ensaio
propõe a discussão da Teoria dos Campos Conceituais em relação ao ensino tradicional,
baseado na narrativa do professor e ao ensino centrado no aluno, do “aprender a
aprender”. Busca-se fazer algumas considerações epistemológicas em relação a estas
teorias relacionando-as com a elaboração dos conhecimentos científicos na perspectiva
dos campos conceituais; nesta aproximação, pretende-se encontrar diferenças e
similaridades à epistemologia da TCC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_____________ A gênese dos Campos Conceituais. In: GROSSI, E. (Org) Por que
ainda há quem não aprende? A teoria. Ed. Vozes, RJ: Petrópolis, 2003.
389
Artigo aceito para ser apresentado no VI Encontro Regional sul de Ensino de Biologia
– Santo Ângelo: RS, Universidade Regional Integrada (URI), 22 a 24 de maio de 2013.
Resumo
Este trabalho apresenta alguns resultados referentes à Teoria dos Campos Conceituais
de Gérard Vergnaud, no ensino de biologia de nível médio, em uma escola pública de
Porto Alegre, o Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Os campos conceituais analisados
são do universo e da fotossíntese, ambos problematizados através de questões-
problema. Percebeu-se o quão é importante à adequação conceitual destas situações e o
potencial dos invariantes operatórios para diagnosticar dificuldades de aprendizagem.
São discutidos alguns aspectos desta metodologia, em comparação à metodologia
tradicional, como por exemplo, o papel do aluno, do professor e dos conteúdos para a
aprendizagem.
Palavras-chave: universo, fotossíntese, campo conceitual.
65
Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
66
Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
390
INTRODUÇÃO
391
A questão central do desenvolvimento cognitivo, segundo Vergnaud (1998), é a
conceituação. O desenvolvimento cognitivo ocorre, quando o estudante é submetido a
distintas situações e as domina progressivamente. A TCC permite analisar as relações
entre os conhecimentos (conceitos) explícitos e os invariantes operatórios largamente
implícitos do comportamento dos sujeitos em determinadas situações. É identificada as
continuidades e rupturas entre estes conhecimentos, do ponto de vista de seu conteúdo
conceitual (Vergnaud, 1990). Para Vergnaud (1998), um conceito adquire sentido
através de sua interação com situações e problemas, assimilando as propriedades que
formam os conceitos-em-ação e os teoremas-em-ação (conhecimentos-em-ação ou
invariantes operatórios). O teorema-em-ação é uma proposição considerada como
verdadeira sobre o real e um conceito em ação é uma categoria de pensamento
considerada como pertinente. Um conceito está constituído por elementos que se
relacionam: situações, invariantes operatórios e suas propriedades que se expressam por
meio de diferentes representações simbólicas (Vergnaud, 1996). As situações dão
sentido aos conceitos, então o campo conceitual é um conjunto de situações, que requer
o domínio de vários conceitos, procedimentos e representações de naturezas distintas
(Vergnaud, 1988). Conceitos são definidos por três conjuntos: 1º) S: um conjunto de
situações que constituem o referente do conceito; 2º) I: um conjunto de invariantes
operatórios (teoremas e conceitos-em-ação) que dão o significado do conceito; 3º) R:
um conjunto de representações simbólicas que compõem o significante do conceito.
Então, como as situações dão sentido aos conceitos, os esquemas (herança piagetiana)
dão sentido às situações. O esquema é um elemento cognitivo eficiente (não
necessariamente eficaz) para todo um espectro de situações, dependendo das
características de cada situação em particular, e pode gerar diferentes sequências de
ações (Vergnaud, 1998).
392
científicos através do processo de explicitação do conhecimento implícito (Moreira,
2002).
393
os fenômenos envolvidos neste evento (físicos, químicos, biológicos). As reflexões
relacionadas à metodologia da TCC na sala de aula são subsídios importantes para
relacionarmos o cotidiano escolar do ensino de biologia, com esta proposta de ensino.
METODOLOGIA
394
laboratório. O filme e as aulas práticas resultaram em relatórios produzidos em dupla,
visto que a discussão enriquece a compreensão dos conceitos, a aprendizagem
significativa e a produção de possíveis invariantes operatórios explícitos. Segundo
Moreira (2002), todas as atividades didáticas que promovam o debate são importantes
para que os invariantes operatórios possam se tornar progressivamente, verdadeiros
conceitos e teoremas científicos, pois o conhecimento explícito, ao contrário do
implícito, pode ser comunicado a outros, discutido e modificado.
395
- A matéria que constitui o universo esteve da mesma forma que a conhecemos
atualmente (seres vivos, planetas, nebulosas, galáxias, etc.) ou sofreu modificações?
Justifique.
- Os seres vivos sempre existiram? Fósseis de seres vivos de milhões de anos indicam
que os seres vivos sempre foram iguais ou tem sofrido modificações? Justifique.
Questão-problema 2
396
Esta questão propõe a continuidade cognitiva com os conhecimentos
relacionados à fermentação, ao mencionar a sobrevivência da célula através da obtenção
de energia das moléculas orgânicas, porém, “tensiona” à ruptura, ao propor um novo
cenário no ambiente: a escassez das moléculas orgânicas, resultado da alimentação das
células fermentativas, associada à ruptura molecular da água (pelas fontes de energia da
atmosfera – calor, eletricidade e radiação). Ocorreu liberação de átomos de oxigênio
para a atmosfera que originaram, ao longo de milhares de anos, a camada de ozônio.
Esta camada atmosférica bloqueia a entrada de raios ultravioletas, que foram um dos
responsáveis pela recombinação molecular dos gases da atmosfera primitiva que
formaram as moléculas orgânicas. O aluno deverá propor um novo processo de
obtenção de energia pelas células, pois as moléculas orgânicas no meio estão escassas.
A solução deste problema é a produção das moléculas orgânicas pelas próprias células
(fotossíntese).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resposta 1: “Origem do Universo, eu acho que foi Deus que criou tudo, e depois veio
Adão e Eva...”
Resposta 2: “A origem do universo para mim foi a grande explosão, Big-Bang, e assim
formou-se o sistema solar. Com pequenas partes da matéria, foi se formando o
planeta....que ganhou forma e assim os continentes se juntaram-se. Em uma única
célula a vida começou. O primeiro ser vivo da Terra era um bicho parecido com o
girino, com apenas uma célula. Depois a terra ganhou vida com os peixes, dinossauros
e outros animais daquela época.”
397
A maioria dos possíveis invariantes operatórios não contém a estrutura
conceitual da evolução do universo. Na resposta 2, apesar de não estar explicitados
invariantes com explicações místicas, o significado implícito de “ganhou vida” pode
indicar um invariante implícito não científico. A incompreensão das formas iniciais de
vida, a partir das condições da Terra primitiva, pode significar que o aluno não domina
ainda estes conhecimentos, ou que esta visão mecânica do aparecimento da vida pode
vir a representar um obstáculo epistemológico na aprendizagem dos conceitos
científicos, relacionados à origem e evolução da vida. Vergnaud (2003) salienta que os
conhecimentos anteriores podem se tornar obstáculos para os novos conhecimentos.
Resposta 1: “ Eu acredito que tudo que tem na Terra, no universo foi Deus que criou...
acredito também que foi ele que fez surgir a vida...”
398
Nas respostas com invariantes com adequação científica (não místicos), a
estrutura das respostas sugere uma diversidade e complexidade maior dos possíveis
indicadores de invariantes operatórios, que aqueles identificados nas respostas
relacionadas aos conhecimentos prévios. Já se encontra a ideia da evolução do universo
em alguns conceitos e teoremas-em-ação. Este fato sugere que as intervenções didáticas,
(com situações-problema diversificadas), concomitante com a reformulação da questão-
problema, poderiam estar promovendo respostas diversificadas e adequadas
cientificamente (que envolvam o conceito de evolução do universo). Existe um
indicativo de construção de um esquema mental para resolver as diferentes situações
problema propostas na questão 2, pois a ideia de evolução (da vida e do universo) são
constantes nas respostas.
Resposta 1: “A célula precisa de m.o. para reagir junto com a radiação, o calor e a
eletricidade e é importante para a liberação de energia que estava acumulada no interior
da célula. Sem a m.o. não haverá liberação de energia nem evolução da célula
fermentativa.”
Resposta 2: “As células se alimentaram das m.o. para obter energia mas as m.o.
acabaram por que elas comeram todas. As bactérias começaram a comer as células já
que não tinham mais m.o., já que as células produziam a sua própria m.o. e elas (as
bactérias) precisavam disso.”
399
heterótrofos e calor do sol nos seres autotróficos, eletricidade produzida pelos impulsos
nas células nervosas).
Resposta 1: “... as m.o. foram acabando e a célula teve que evoluir. Então a célula para
sobreviver passou a produzir sua própria glicose, essa glicose era quebrada pelo ATP e
produzia energia para a célula.”
Resposta 2: “Para sobreviver ela começa comendo as outras, depois como tudo isso
não adianta, ela começa a se reproduzir e consegue sobreviver. Para sobreviver ela
precisa da glicose fermentativa que ela já tem, então produz ATP e com ATP + glicose
se forma 2ATP que com isso ela sobrevive.”
400
Na resposta 2 indica que a situação-problema relativa à escassez de m.o., não foi
interpretada pelo aluno como uma situação limite que provocaria uma “novidade”
metabólica (fotossíntese). Pelo contrário, a “novidade” que o aluno propõe é o processo
de reprodução. Ao mesmo tempo, é afirmado que a célula já possui glicose. Mas se não
há mais síntese de m.o. no ambiente para a absorção das células heterótrofas, de onde
vêm esta glicose? A afirmação de que a célula já apresenta glicose (para a reação
fermentativa) pode indicar a existência de um conhecimento implícito de fotossíntese,
pois a solução que o aluno propõe para a escassez de m.o., não é a possibilidade de
produzir a sua m.o. (que seria e fotossíntese), mas a de se alimentar de células que
começaram a reproduzir-se. A resposta é adequada cientificamente; responde à
situação-problema 1 e talvez a 2. Deve-se então investigar se realmente o aluno
conceituou a fotossíntese, propondo diferentes situações para que ele explicite este
conhecimento implícito para torná-lo científico.
401
situações-problema), é progressivo e demorado. Considerando as características do
campo conceitual do universo, este domínio envolve mais do que desenvolver os
conceitos científicos em questão. Envolvem também crenças e sentimentos, resultado
das experiências do cotidiano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
402
devem aprender. O professor ao utilizar esta metodologia, desconsidera os
conhecimentos prévios, as situações-problema e as interações na sala de aula, eixos
fundamentais da TCC.
Por outro lado, o professor também irá exercer um papel importante na TCC. É
ele que irá desenvolver as situações problemáticas. Estas situações não somente devem
considerar os conhecimentos prévios como também os novos conhecimentos. Para isto,
o professor deverá compreender a estrutura dos conceitos prévios e dos conhecimentos
que ele quer ensinar (invariantes operatórios). Sem estas informações ele não poderá
propor situações que provoquem, ao mesmo tempo, as rupturas e continuidades
cognitivas necessárias para a aprendizagem dos conceitos. Neste trabalho, percebeu-se a
necessidade de elaborar situações-problema em um crescente de complexidade.
Segundo Vergnaud (1998), o desenvolvimento cognitivo ocorre no domínio de distintas
situações cada vez mais complexas. Por exemplo, o campo conceitual da fotossíntese
envolve muitos conceitos interligados. Para que o aluno conceitue o mais próximo
possível dos conhecimentos científicos são necessárias muitas situações. E ao resolver
diferentes situações ele forma esquemas, como por exemplo, o esquema mental da
evolução (como indica as respostas do campo conceitual do universo). O esquema
mental da evolução, desenvolvido a partir das conceituações da origem do universo e da
vida são importantes para que o estudante compreenda os processos de organização da
matéria, processos estes cada vez mais complexos (como é o caso da fotossíntese).
403
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
404
SEPÚLVEDA, C. e EL-HANI, C. N. Quando visões de mundo de encontram: religião e
ciência na trajetória de formação de alunos protestantes de uma licenciatura em ciências
biológica. Investigação em Ensino de Ciências, v. 9, n. 2, p. 137-175, 2004.
VERGNAUD, G. A gênese dos Campos Conceituais. In: GROSSI, E. (Org) Por que
ainda há quem não aprende? Ed. Vozes, RJ: Petrópolis, 2003.
405
IX Salão UFRGS de Ensino – Porto Alegre, RS, 21 a 25 de outubro de 2013.
http://hdl.handle.net/10183/90997
INTRODUÇÃO
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Mestre em Biologia Animal e Educação em Ciências – UFRGS. Doutoranda do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde – UFRGS. Professora de Biologia do Colégio Estadual Júlio de
Castilhos. SEC/RS. CEP: 90020005 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. ktauceda@terra.com.br.
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Pós-Doutor em Ensino de Química. Professor do Instituto de Química e do PPG em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre,
RS, Brasil. delpinojc@yahoo.com.br.
406
proporcionando bolsas de iniciação a graduandos de cursos de licenciatura presenciais,
para estágio em escolas públicas, com Ideb, abaixo da média nacional.
407
que lhe darão sentido; um conjunto de invariantes operatórios (conceito e teorema-em-
ação) em que se baseia a operacionalidade dos esquemas, ou seja, os significados dos
conceitos que estão amplamente implícitos; e um conjunto de representações simbólicas
que permite representar um conceito, suas propriedades, situações e procedimentos.
Um esquema é uma estratégia que abrange uma classe de situações. Teorema-em-ação é
uma proposição considerada como verdadeira sobre o real; conceito-em-ação é uma
categoria de pensamento tida como pertinente. As situações devem ser potencialmente
significativas, o aluno deverá possuir conhecimentos prévios adequados para dar sentido
a elas e progressivamente, elaborar e enriquecer seus conceitos subsunçores, isto é,
conceituar (Ausubel, 2000).
METODOLOGIA
408
desenvolvido por outro professor supervisor do PIBID e doutorando do PPG Educação
em Ciências da UFRGS, cujas aulas não apresentam a participação presencial destes
alunos.
409
aula experimental que deverá ser entregue aos estudantes da escola antes da atividade
experimental; este protocolo relaciona-se à aprendizagem do conceito “metodologia
científica”. Deve conter os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões
relacionadas aos conceitos científicos que cada grupo se propôs desenvolver juto aos
alunos da escola.
A situação-problema 2 avaliativa:
RESULTADOS
410
dos graduandos estão melhor explicitados na proposta dos itens “resultados” e
“conclusões”, portanto os itens “objetivos” e “metodologia” não foram transcritos:
Item “Resultados”:
4) Teste sua hipótese: Coloque porções iguais de algodão frouxo em duas placas
separadas. Faça com que ambas as porções peguem fogo ao mesmo tempo. Logo que
começar a queimar, coloca sobre uma das porções que está queimando, um copo de
béquer emborcado. Repita o mesmo procedimento com porções de algodão apertado.
Item “Conclusões”:
6) Com base nas experiências e observações, elabore conclusões que provem se sua
hipótese é falsa ou verdadeira: As experiências realizadas apresentaram um fenômeno?
Justifique sua resposta.
DISCUSSÃO
412
sendo que não foram produzidos invariantes que indicassem uma proposta para a
reflexão dos conhecimentos prévios dos alunos da turma da escola. Já no invariante “...
respostas inéditas e criativas para resolver problemas, que surgiram após as
observações. ”, mostra uma concepção empirista de produção de conhecimento,
repetindo as conclusões da análise dos invariantes produzidos para os protocolos em
G1.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
413
que foi dedicado a esta metodologia diferenciada foi curto. O conceito de epistemologia,
na realidade é o campo conceitual de epistemologia. Fazem parte deste conhecimento
muitos esquemas, conceitos, problemas, situações, relações, estruturas, conteúdos e
operações de pensamento, entrelaçados durante o processo de aquisição (VERGNAUD,
1990). Em segundo lugar, a pedagogia aplicada nas escolas é geralmente tradicional,
onde não ocorrem aulas experimentais e o ensino é centrado na narrativa do professor,
que traz os conhecimentos prontos sem conexão com os conhecimentos dos alunos, do
cotidiano. Os alunos graduandos do IFRS/PIBID também foram ensinados na escola a
desconectarem a teoria da prática. Para pensar de outro jeito, teoria/prática,
conhecimentos prévio/científicos, reflexão antes e depois da ação, é necessária outra
abordagem na formação de professores através do PIBID. A TCC pode ser uma
metodologia adequada, pois propõe o estudo do desenvolvimento do conhecimento a
partir da estrutura conceitual prévia e da nova, na resolução de situações-problemáticas.
Outro aspecto que dificultou a aplicação da metodologia diferenciada foi à
desmotivação por parte dos graduandos para mudar a dinâmica das reuniões. Como eles
já estavam “acostumados” com reuniões onde poucos participavam e esta participação
não era baseada na resolução de situações-problema (reflexão a partir de suas
concepções prévias), “a pedagógica tradicional” realizada pelos graduandos tornou-se
difícil de ser questionada.
Agradecimentos e apoios:
414
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
415
VERGNAUD. G. La théorie des champs conceptuels. Recherches en Didactique des
Mathématiques. v.10, n.23, p. 133-170, 1990.
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