Aula 3
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SOCIEDADE
AULA 3
CONTEXTUALIZANDO
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Ainda no contexto dos negócios, entendemos que em qualquer produto,
físico ou digital, os elementos objeto, serviço e sistema estão interligados. Por
exemplo, o produto físico fogão só tem serventia enquanto está sendo usado
para cozinhar um alimento (serviço); se não oferecer o serviço (por um problema
técnico, por exemplo) o fogão perde seu valor. O produto digital animação só
promove entretenimento (serviço) por meio de um aparelho (bem durável) e um
sistema operacional.
TEMA 1 – O DESIGN
5Na história das sociedades ocidentais, isso aconteceu no Período Neolítico, entre 8.000 a.C. e
5000 a.C., no Oriente Médio, como consequência das primeiras sociedades agrárias.
6Artífice é um operário especializado em trabalhos manuais, que muitas vezes é sinônimo de
artesão. Preferimos usar esse termo em nossos estudos para separar os dois conceitos: artesão
produz artesanato (séculos XX e XXI) e artífice produz objetos pré-industriais (de 4000 a.C. até
a Revolução Industrial).
7Bens duráveis, como veículos, móveis, vestuário, eletrodomésticos etc.
8Marcas, logotipos, papelaria empresarial, fôlderes, livros, embalagens, estamparia, sinalização
etc.
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apresentou-se como uma ferramenta para resolução de problemas complexos,
centrada no ser humano e nos negócios, concomitantemente.
Apesar da abordagem tecnicista/industrial, humana ou ambiental (pois
esses conceitos coexistem no século XXI), o design é entendido, hoje como um
processo para resolução de problemas, independentemente do tipo de produto,
físico ou digital, que resulte do processo. Mas não é apenas resolver o problema,
pois outras áreas do conhecimento humano também fazem isso. O que se difere
no design é a materialidade da solução, com esboços, modelos, prototipação,
desenhos técnicos, pesquisas com usuários etc., de certa forma garantindo que
a solução proposta é a melhor, dentro do contexto, antes de ela acontecer,
gerando economia em recursos.
O design é complexo; design envolve processo (metodologia do design)
e resultado (produto do design). Muitas pessoas acreditam que design é
qualidade (design do produto ou um produto com design), mas se consideramos
design como qualidade, precisamos ter em mente que qualidade é um conceito
relativo ao contexto social do usuário. Por exemplo, um produto do design
(realizado com uma metodologia do design) pode ser avaliado por uma pessoa
como um produto sem design ou com design ruim, porque nesse caso específico,
quem fez a avaliação não pertence ao público-alvo do produto.
Trabalhar com design é, muitas vezes, atuar de forma contraditória: o
designer busca inovação, mas atua na realidade (o que é possível, no contexto
tecno-econômico-social); influência interações sociais e é pressionado por
grupos sociais; promove o consumo e deve prevenir o uso desequilibrado dos
recursos naturais; configura a produção seriada em massa e a produção
personalizada; pode manter desigualdades sociais e econômicas existentes ou
liberar grupos sociais marginalizados na sociedade.
Enfim, “o designer é simultaneamente sujeito e objeto da dinâmica
cultural. Ele influencia a cultura [..] e é influenciado por ela” (Bonsiepe, 1988 apud
Ono, 2006, p. 45).
10Necessidades físicas: têm relação com alimentação, saúde, abrigo, segurança física,
mobilidade, atuação no meio material. Necessidades cognitivas: têm relação com pensamento,
linguagem, percepção, memória, raciocínio. Necessidades emocionais: têm relação com alegria,
tristeza, tranquilidade, segurança, prazer, satisfação, empatia, amor. Necessidades
socioculturais: têm relação com pertencimento, aceitação, identidade, respeito, prestígio, poder.
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fácil de usar pelos jovens de 15 a 30 anos, e complicado para adultos com mais
de 40 anos; ser utilitário para uma pessoa e ser de prestígio para outra.
Além do contexto sociocultural entre grupos sociais, também há variações
na perspectiva do tempo. Um produto considerado belo e funcional na década
de 1970, pode ser hoje entendido como feio e que prejudica a saúde. Outro fator
é que o design não garante que um determinado produto assuma funções
contraditórias, como um jogo digital que deveria entreter, possibilitando boas
experiências, mas provoca ansiedade e frustação aos jogadores.
11A segunda Revolução Industrial foi ocorreu 1860 a 1945, a terceira Revolução Industrial entre
1945 e 2000/2010, e partir de 2000/2010 estamos vivenciando a quarta Revolução Industrial ou
Industria 4.0 Veja mais: <https://www.startse.com/noticia/nova-economia/industria-4-0-entenda-
o-que-e-quarta-revolucao-industrial>.
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base intelectual do design) auxiliavam os engenheiros industriais com a cópia12
e/ou concepção de novos produtos (bens duráveis e comunicação visual/artes
gráficas). Como esses auxiliares conheciam as formas de fabricação,
desenvolviam modelos (protótipos e/ou desenhos) que guiavam a produção no
chão de fábrica.
O pensamento no meio industrial neste contexto era: este é o produto que
faço, atendendo ao consumidor padrão normal. Se ele é diferente (subgrupo de
usuários dentro do público-alvo em questões físicas, cógnitas, emocionais,
socioculturais), que se adapte ou faça alterações no produto por conta própria.
Então, o primeiro papel social do design13 foi como projetista industrial,
para atender às necessidades da indústria. O designer poderia trabalhar como
funcionário da indústria ou prestar serviço como profissional liberal. Estética,
ergonomia, estrutura e tecnologia dos produtos, bem como as funções
simbólicas, de uso e técnicas do produto estavam diretamente relacionadas ao
modo de pensar do designer.
Porém, o designer (ou equipe de design) não resolvia tudo sozinho e
poderia sofrer fortes pressões por parte do engenheiro, administrador ou
proprietário da indústria para privilegiar questões produtivas sobre as
necessidades do consumidor. Dependendo do tipo de gestão empresarial
(indústria, comércio e serviço), esse papel ainda é atuante na sociedade pós-
industrial.
As principais características do design como projetista industrial são:
12Em muitas indústrias desse período, os artefatos eram cópias adaptadas de modelos
produzidos pelas oficinas de alto padrão, que continuaram a atender às classes sociais mais
ricas, devido a questões de qualidade e prestígio.
13Optamos em usar a palavra design representando a atividade profissional, em vez de designer,
que é o profissional, pois o designer pode assumir um dos vários papéis sociais que o design
apresenta na sociedade, dependendo do briefing do projeto.
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• critérios de escolha da melhor alternativa centrados na forma produtiva,
mesmo que causem algum desconforto ao usuário, como mesas com
altura mais baixa que o ideal e fontes muito pequenas em bulas médicas.
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interpretações ao ler livros ou artigos importantes sobre design, mas que foram
escritos no século XX. Em terceiro, mas não menos importante, para que o futuro
designer compreenda por que as pessoas, das mais diversas idades e grupos
sociais, possuem visões diferentes quanto ao design e sua função social.
TROCANDO IDEIAS
Faça uma pesquisa com seus amigos e familiares. O que eles pensam
sobre design? O que é, o que faz, como faz, por que faz? Compartilhe os
resultados no fórum.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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