As Gerações Românticas
As Gerações Românticas
As Gerações Românticas
a) Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811 – 1882) teve o grande mérito de ser o
introdutor do Romantismo no Brasil com a obra Suspiros poéticos e saudades, que possui
traços de religiosidade e têm em seu prefácio as características do Romantismo. O poema
indianista épico A confederação dos tamoios apresenta o caráter nacionalista e inicia uma
polêmica com José de Alencar, relativa à visão de cada autor sobre o índio.
Poesia lírica: nela, os textos possuem traços de subjetivismo, marcados pela dor e pelo
sofrimento de amores frustrados. Os poemas líricos mais famosos são. “Se morre de
amor”, “Ainda uma vez - adeus!”, “Como, és tu?” e “Não me deixes”.
Poesia medieval: reúne uma série de poemas escritos em português arcaico, à moda
dos trovadores medievais e estão sob o título de Sextilhas de Frei Antão.
Poesia nacionalista: ora exalta a pátria distante, ora idealiza a figura do índio. Os
chamados poemas saudosistas são marcados pelo exílio e desembocam numa
exaltação da natureza brasileira. Na “Canção do Exílio”, o poeta nunca se refere ao
elemento humano, mas apenas aos elementos naturais, pois a tendência era exaltar a
nação recém-independente.
Mas é no indianismo que o poeta consagra-se. Apesar de idealizado, o índio de Gonçalves
Dias está mais próximo à realidade do que o índio enfocado por José de Alencar, por ter o
primeiro profundo conhecimento sobre a tradição, os costumes e a língua dos nativos.
Continua, entretanto, o índio dotado de sentimentos e atitudes artificiais europeizadas. Entre os
poemas indianistas destacam-se “I-Juca Pirama”, “Marabá”, “O canto do piaga”, “Canção do
Tamoio”, “Leito de folhas verdes”, além do poema épico inacabado “Os timbiras”. Também
consta de sua obra um dicionário da língua tupi.
Quanto aos aspectos formais, a poesia da primeira geração apresenta-se ainda atrelada a
modelos anteriores. Gonçalves Dias, na “Canção do Exílio”, utiliza a redondilha maior e a rima
oxítona marcada, obtendo, assim, ritmo e musicalidade. Em “I-Juca Pirama”, utilizam-se
recursos da métrica e a redondilha menor.
O segundo momento da poesia romântica brasileira inspira-se em Byron e Musset. Lord Byron,
nobre inglês e aventureiro, identificava-se com suas personagens; era boêmio, idealista,
extravagante e rebelde; deixou obras impetuosas, de espírito satírico. Alfred de Musset,
francês de gênio romântico, herdeiro imediato de futuro incerto (a França arrasada pela
Revolução Francesa), pregava o ceticismo e certo ar de deboche.
b) Luís Nicolau Fagundes Varela (1841- 1875): influenciado por Byron, teve o pessimismo e a
fuga reforçados pela morte do filho, golpe do qual nunca se recuperaria, entregando-se ao
alcoolismo. Deste fato, surgiu o “Cântico do calvário”, do “Livro das sombras”. Sua religiosidade
é notória e também a escravidão entra como tema de sua obra, assim como a natureza,
escolhida para evasão. Produziu ainda: “Noturnas”, “Cantos religiosos”, “Diário de Lázaro”, “O
estandarte auriverde”, “Cantos meridionais” e outros.
c) Casimiro José Marques de Abreu (1839- 1860): apresenta o amor totalmente idealizado e
o lirismo saudosista. Em seus textos, há predomínio da simplicidade e da fluência; os versos,
em seu poema mais famoso, “Meus oito anos”, caracterizam-se pelo aspecto direto, sem
abstrações ou segundas intenções. Sua obra principal é “Primaveras”.
Caracterizada pela poesia social e libertária, essa geração reflete as lutas internas da segunda
metade do reinado de Dom Pedro II: principalmente, a favor dos movimentos abolicionista e
republicano. Os escritores sofrem intensa influência de Victor Hugo, poeta francês, daí o nome
“hugoana”. O termo “condoreirismo” é conseqüência do símbolo de liberdade refletido pelo
condor, águia da cordilheira dos Andes que voa livre e alto. Castro Alves, Tobias Barreto e
Sousândrade são expoentes desta época.
a) Antônio Frederico de Castro Alves (1847- 1871) condensa, em sua produção literária, as
características principais do Romantismo, acrescidas da universalização, isto é, amplia os
horizontes a novas tendências. A temática de sua obra envolve o amor, a mulher, a morte, o
sonho, o “eu”, e também a República, o abolicionismo, a igualdade, as lutas de classes, os
oprimidos. Quanto à forma, apresenta traços marcadamente românticos, como os exageros na
metáfora, comparações grandiosas, antíteses, hipérboles e apóstrofes.
Distinguem-se, na sua obra, dois aspectos temáticos importantes. A poesia lírico-
amorosa evolui da idealização para a concretização das virgens sonhadas pelos românticos da
2ª geração, o amor não é mais tão inatingível ou inacessível; a mulher é individualizada, de
carne e osso, sensível e voluptuosa, não mais um “anjo de candura”. A poesia social sofre
influência das mudanças internacionais: a Questão Coimbrã, em Portugal; o positivismo de
Comte; o socialismo científico de Marx e Engels; o evolucionismo de Darwin, e das mudanças
nacionais: a decadência da Monarquia; a luta abolicionista; a Guerra do Paraguai, o
pensamento republicano. Espumas flutuantes e Hinos do Equador são coletâneas nascidas de
amores vividos e não apenas sonhados. Os escravos reúnem os poemas abolicionistas de
maior divulgação: “Vozes d’África” e “O navio negreiro”. Também publicou a peça Gonzaga ou
A Revolução de Minas.
4ª PROSA URBANA
b) João Franklin da Silveira Távora (1842- 1888) retratou figuras típicas do nordeste, como o
vaqueiro, o matuto, o cangaceiro, seu modo de vida, sua psicologia e a paisagem em que se
inseriam. Tem sua importância confirmada por criar o romance regionalista nordestino, em
busca de uma literatura nacional com feitos heróicos, tradição e poesia próprios. Seus títulos
são: O cabeleira, Lourenço, O matuto e Um casamento no Arrabalde (novela).