Economia Internacional - Questoes para Preparacao
Economia Internacional - Questoes para Preparacao
Economia Internacional - Questoes para Preparacao
Ao analisar os modelos de comércio internacional criados a o longo de séculos, começamos a entender que não há
uma teoria geral e aceita por todos para o comércio internacional. Uma primeira comparação entre os modelos, nos
levar a crer que caminhamos para uma teoria geral, que cada modelo era válido na sua época, no entanto, certos
modelos considerados ultrapassados ainda são utilizados actualmente, e mesmo o modelo antigo de Adam Smith tem
um papel importante e de certa forma ainda pode ser considerado válido. Além disso, cada modelo possui
pressupostos diferentes que condizem com sua época: modelo ricardiano pressupõe pleno emprego, livre
mobilidade interna de fatores e não mobilidade de tecnologia, sendo que na época a Inglaterra pregava uma
espécie de livre -comércio e uma proibição a exportação de tecnologia, enquanto que o enfoque neoclássico
inverte a mobilidade de fatores para tecnologias e a não- mobilidade de uma para a outra, o que condiz
também com a época onde as tecnologias de produção já eram relativamente bem distribuídas entre os países centrais,
mas condiz ainda mais com a própria teoria neoclássica. Logo nenhum modelo é estritamente teórico, todos têm
pressupostos, teorias, hipóteses e conclusões.
2. Analise alguns dos principais resultados dos novos modelos de comércio internacional que enfatizam
economia de escala, diferenciação de produto e estrutura de mercado? O principal resultado do enfoque nas
economias de escala é decretar que mesmo com uma desvantagem comparativa inicial pode-se terminar com uma
vantagem de custo derivada da maior escala que supere e la, o que torna o país competitivo naquele sector, algo
impossível pelos modelos anteriores. Já o enfoque na diferenciação do produto quebra com as várias teorias
anteriores que pregavam a simplificação do produto transformando-os em meros bens homogêneos. Esse enfoque
elimina isso que hoje pode ser considerado um absurdo e nos permite analisar produtos de um mesmo mercado que
por teorias anteriores seriam considera dos iguais, mas que agora são trata dos como produtos similares, porém
diferentes. O enfoque da estrutura de mercado analisa o comércio de um ponto de vista estrutural, com base na
diferenciação do produto e de concorrências monopolísticas. Permite-nos analisar não só o comércio entre países,
como o intra-indústrias e intra-firmas, e nos da ferramentas analíticas para entender o superfaturamento e
subfaturamento estratégicos de cada divisão de uma empresa multinacional.
3.Discutir o modelo clássico (Ricardo) de vantagem comparativa.A teoria ricardiana é considerada parte das
teorias clássicas, junto da teoria de Smith. Enquanto Smith considerava que o comércio internacional se dava a través
das vantagens absolutas, isto é, uma simples comparação entre preços domésticos e internacionais seria o bastante
para a determinação do comércio entre dois países, Ricardo fala das vantagens comparativas na sua teoria do
comércio. O princípio da vantagem comparativa supõem serem as trocas internacionais de bens o resultado das
diferenças entre os países em termos de custos relativos, e consequentemente, de preços relativos. Como regra geral
qualquer país tenderá a exportar produtos nos quais tenha vantagem comparativa. O modelo ricardiano é baseado na
teoria clássica do valor trabalho, sendo os custos comparativos são determinados pela produtividade relativa do
trabalho e as variações nessa produtividade entre os países adviriam principalmente de diferenças tecnológicas entre
eles. As vantagens comparativas viriam de inúmeros fatores que determinariam as “inclinações” nacionais.
4.Diferencia o conceito de vantagem comparativa do conceito de vantagem competitiva.Vant comparativa
compara os custos relativos de produção do mesmo produto em dois países diferentes, em que o preço é ditado pelo
custo de produção mais uma margem normal de lucro. Já a vant competitiva vem de uma comparação dos custos
relativos de produção, levando-se também em conta os custos de um comércio externo, em que o preço é igual ao
custo de produção mais a margem normal de lucro somado aos custos próprios da atividade de comércio exterior, o
que inclui nessa categoria, impostos, custos de transporte, seguro, etc. Na vant competitiva, temos competências
específicas que causam uma vantagem de custos e /ou vantagem de diferenciação: Recursos seriam os fatores
específicos à propriedade, como marcas, patentes, redes de comercialização, enquanto que Capabilites seriam
capacidades de se utilizar mais eficientemente os recursos, quanto de um ponto de vista gerencial, organizacional ou
mercadológico.
5.Discuta o seguinte argumento: “Mesmo que países tenham idêntica dotação de fatores e acesso às mesmas
tecnologias há ganhos de comércio devido à especialização derivada das economias de escala”.
Se seguirmos uma análise muito ortodoxa do comércio internacional, onde se elimina os ganhos por economia de
escala (custos unitários são iguais para qualquer nível de produção), poderíamos dizer que é um argumento falso,
afinal os dois países teriam a mesma dotação de fatores e a mesma tecnologia, seriam virtualmente uma “cópia” um do
outro, e, portanto não haveria comércio, já que eles não teriam nem VCs nem DCs em relação à dois produtos entre
eles. No entanto, o argumento se prova verdadeiro quando adicionamos ao modelo (ou utilizamos um que aceita a
hipótese de) economias de escala, isto é, custos menores para níveis maiores de produção de determinados
produtos.Com essa ideia em mente, se um dos países se especializa em determinado produto intensivo em K e o outro
em outro produto intensivo em L, mesmo que a produção dos dois bens se mantenha igual (antes se produzia 50A e
50B e a produção se mantêm igual), pela hipótese temos um preço menor de A e B. Assim, se antes se consumia
determinada quantidade por um preço maior, agora se pode consumir uma quantidade maior por um preço menor, o
que configura um ganho de comércio. Portanto, considerando verdadeira a hipótese das economias de escala, países
com idêntica dotação de fatores e tecnologias tem ganhos de comércio com a especialização, com a queda da hipótese,
temos o argumento com o errôneo.
6. Discuta o seguinte argumento: “Livre-comércio pode implicar perda de bem-estar em função dos termos de
troca se a especialização for no sector com preços baixos no mercado mundial”.
Se um determinado país se especializa na produção de produto B com preço relativamente baixo (ou elasticidade preço-de
manda ou elasticidade renda-demanda baixas) e ele passa por uma fase onde o preço desse produto cai abaixo dos
patamares anteriores, ele vai sim passar por uma fase de perda de bem-estar, culpa do livre-comércio, ou seja, da abertura
econômica, por causa da deterioração dos termos de troca. Com o custo de A constante, uma queda do preço de B
significa uma queda da arrecadação do país analisado, para manter a mesma cesta de consumo, a parte importada de A
(que pode inclusive ser todo o consumo de A ) custará “mais”, ou seja, ele terá de exportar mais B para ter o necessário
para importar a mesma quantidade anterior de A, o que pode não se realizar, resultando por fim na perda de bem-estar
do país que exportava B.
7.O que se entende por comércio intrafirma? Quais são os seus determinantes principais?
É o comércio efetuado dentro de uma determinada empresa transnacional, ou seja, efetuado entre estabelecimentos da
mesma firma, no caso, entre matriz e filial ou filial e filial. Deriva do processo produtivo baseado em cadeias produtivas
de escala global realizado por empresas que se localizam em dois ou mais países. Seus determinantes principais são a
disponibilidade dos fatores de produção no local da matriz ou da filial, preço dos fatores de produção (sobre tudo L),
controle governamental, incentivos a o IED do país onde se está ou se instalará uma filial, barreiras comerciais, tributação,
incentivos fiscais, etc
8. Discuta os determinantes e instrumentos da política comercial.
Podemos dividir as razões para a política comercial em duas categorias: econômicas e não-econômicas. No primeiro grupo
podemos colocar como motivos: geração de renda e emprego, proteção ou criação de uma indústria nascente (ISI),
combate à competição predatória e à prática de dumping, manutenção das finanças públicas (impostos sobre importação
e/ou exportação), e até mesmo como política de controle de inflação. Na categoria das razões não-econômicas temos:
suprir os interesses dos setores dominantes, permitir a segurança nacional (comércio de armas, alimentos ou tecnologia),
exportação ou importação de bens estratégicos (trabalho, recursos naturais e até mesmo cultura), e inclusive como
instrumento de política externa, tanto para cooperação quanto para o conflito(retaliação). Também podemos dividir seus
instrumentos em duas grandes categorias: Os que atuam sobre as exportações podem também subdividi-los em:
instrumentos de regulação e promoção, como mecanismos operacionais (portos), planejamento e estratégia (upgrade),
contratação (frete, seguro, câmbio), e subsídios. Os que atuam sobre as importações também são subdivididos em:
medidas tarifárias, estas podendo ser ainda mais especificadas entre tarifas nominais (que não proíbem as importações, a
penas as diminuem de um patamar onde estariam sob um regime sem tarifas), proibitivas (tão altas que restringem
totalmente a importação de certo bem), efetivas (proteção sobre o valor agregado), consolidadas (registradas no GATT
-OMC) e aplicadas (consideradas as tarifas “verdadeiras”); e medidas não-tarifárias , como quotas tarifárias,
autorizações, restrições quantitativas, políticas de controle de preço, normas técnicas, entre outro tipo de instrumento de
política comercial sobre importações de medidas não-tarifárias.
9. Quais são os efeitos do protecionismo? Como se decompõe a perda de excedente do consumidor?
Com a implementação de uma tarifa em algum produto, o preço deste
aumentar: P =>(1+s)P, sendo s>0. Com esse aumento do preço, a
demanda diminuirá, ocorrerá, também, uma diminuição da quantidade
importada. Este aumento de preço protegerá a indústria nacional,
fazendo com que esta indústria consiga ofertar mais produtos,
aumentando a produção e consumo internos. Outros efeitos são a
transferência de renda do consumidor para o produtor (maiores preços
geram maiores gastos pelo lado do consumidor), a distribuição
funcional da renda.
10.O que se entende por argumento da indústria nascente?
Este analisa os ganhos e perdas das políticas protecionistas de um
ponto de vista de curto e longo prazo, estabelecendo que elas possam servir para permitir o surgimento e o fortalecimento
de uma indústria nascente. A proteção gera alguns resultados muito negativos no curto prazo (contração das importações,
transferência de renda do consumidor para o produtor), no entanto, seu efeitos no longo prazo, se ela tiver sido feita com
foco e visão, podem sim ser positivos.
A proteção gera um ambiente doméstico mais favorável ao produto e à indústria do país, algo que não pode ser ignorado,
sobre tudo na situação de um Estado pobre ou emergente inserido no contexto de uma economia mundial que possui uma
competitividade com a qual ele sequer sonha. Se ela for feita para um setor específico e estratégico e for mantida por certo
tempo, a política protecionista o protegeria e permitiria que ele “crescesse” em segurança até que pudesse enfim competir
com os seus equivalentes internacionais de igual pra igual, ao menos no setor ajudado. Assim, há uma troca da vantagem
comparativa “instantânea” para uma VC dinâmica, sobretudo ao se pensar em economias de aprendizado e economias de
escala, que dependem de grandes investimentos e/ou de anos de operação para alcançar um patamar internacional.
11.Quais são os determinantes e os fundamentos da integração regional?
Os deter da integração regional podem ser divididos em: razões econômicas podemos inserir a eficiência alocativa,
reestruturação produtiva, economias de escala, economias de aprendizado, diversificação do comércio exterior e Razões
não-econômicas podemos ter inúmeros argumentos, como: motivações culturais, políticas ou de segurança, no entanto, por
basearem-se em argumentações fora da economia, são razões menos confiáveis que as anteriores, embora motivos muito
mais fortes para os acordos de integração serem assinados, afinal, os motivos políticos por trás de uma EU ou um
NAFTA são tão importantes, se não mais, que as razões puramente econômicas para países se integrarem em um bloco.
Em relação a os fundamentos da integração regional, tem: O tratamento preferencial é óbvio quando observamos qualquer
bloco, tanto em relação à instrumentos econômicos (taxas, tarifas, ajuda econômica) quanto em relação à de mais
instrumentos de política (migrações mais fáceis, maior aproximação política, etc.), já a discriminação positiva é toda a
base da integração regional: um tratamento melhor dos países-membros em relação a os países de fora.
12.Discuta o argumento: “no que se refere ao nível de bem-estar, integração regional é superior ao protecionismo e
inferior ao livre-comércio”.
Analisando o nível de bem-estar em consumo, e resumindo esse
consumo a dois países que podem se encontrar em 3 situações
econômicas: isolados, em integração regional e em livre comércio.
Onde C1 seria o ponto de consumo interno sob o regime de livre -
comércio (ausência de taxas), C2 o ponto sob um regime
extremamente protecionista (taxas restritivas que levam a economia
a se isolar, o que torna o equilíbrio da produção interna o mesmo do
consumo interno), e C3 o ponto sob um regime de integração
econômica. O consumo de ambos os bens é inegavelmente maior em
C1 que em C2, no entanto, a diferença entre o consumo entre elas é
algo a ser analisado: em relação à C2 (economia protegida), vemos
uma melhoria em relação ao bem Y, e uma melhoria pouco expressiva (ou nula) em relação à X; em relação à C1, vemos
uma melhora expressiva em relação a ambos os produtos, no entanto, a diferença entre C1 e C3 é menor que a entre
C1 e C2. Assim, uma economia onde reina o protecionismo se encontra numa situação de bem-estar menor que uma
completamente aberta, e uma economia em integração econômica pode estar entre as duas situações de bem-estar. Assim,
podemos considerar a integração econômica um “meio-termo” entre o protecionismo exacerbado e o liberalismo total.
Analisando pela produção interna também vemos que a integração se encontra na metade do caminho entre as duas
situações extremas: na economia protegida temos uma produção altíssima de Y, produção essa que cai muito com a aberta
ampla do país, mas que cai menos na situação de integração regional(P 2>P 3>P1, em relação à produção doméstica). Ao
contrário, a produção de X só cresce conforme se vai a brindo a economia.
13No que se refere ao nível de bem-estar, integração regional pode ser idêntica ao protecionismo e inferior ao livre-
comércio Analisando através de um gráfico onde os eixos são os produtos X
e Y e temos uma linha de possibilidade de produção e várias curvas de
consumo ou de bem-estar, podemos ter a seguinte situação:
Aqui, mantêm-se a noção que uma situação de protecionismo exagerado
produz menos bem-estar que uma onde impera o liberalismo absoluto, no
entanto, vemos uma situação de consumo (C3) da integração regional que corta
a mesma curva de bem-estar que a situação do protecionismo (C2),ou seja,
quanto ao bem-estar, ambas as situações são idênticas, mesmo que a
quantidade de produtos não seja a mesma, o bem-estar do consumo deles é o
mesmo entre ambos os pontos. A razão disso é o Py maior leva a uma
substituição de bens.
14.Discuta algumas proposições básicas (estáticas e dinâmicas) a respeito
do processo de integração regional. Analise também o trade-off “integração vs autonomia de política”.
As proposições básicas sobre os benefícios são que eles são diretamente proporcionais: às barreiras iniciais (para países
membros); às margens de preferência; ao número de países-membros, pelo aumento das oportunidades de comércio; a o
tamanho do mercado regional, isto é, é influencia do diretamente pelo volume de comércio na área na qual o país membro
se insere; à magnitude das elasticidades-preço da oferta e da demanda; à proximidade geográfica dos países-membro.
Além disso, as perdas são diretamente proporcionais às barreiras em relação ao resto do mundo e países muito
dependentes entre si em termos de comércio tendem a ter maiores benefícios com a integração. Em relação aos ganhos
dinâmicos da integração, os benefícios decorrem das: oportunidades de economias de escala (ampliação do mercado); e
oportunidades das economias de aprendizado (também pela ampliação do mercado). Além disso, ela provoca um efeito
pró-competitivo (firmas antes “distantes” agora competem pelo mesmo mercado de igual para igual), permite uma
reestruturação produtiva decorrente da ampliação do mercado e estimula a formação bruta de capital fixo, pois dá ao
investidor maior segurança sobre seus investimentos. Somado a isso temos uma estimulação do IED (efeito plataformas e
cadeias produtivas regionais), aumento da eficiência alocativa graças à possibilidade de mobilidade intra-regional de K e
L, e formação de um bloco de poder regional (surgimento do MCE e depois da EU frente à “dominação” americana). A
integração regional também estimula a possível formação de uma área monetária ótima, o que fixaria os câmbios em
relação a os países-membros, reduz as incertezas, reduz o custo de operações cambiais, dá uma estabilidade maior dos
preços, reduz o custo de intervenção no mercado de câmbio e gera uma coordenação de políticas macroeconômicas.
Entretanto, não há benefício sem custo, e nesse caso este se dá pela perda (em graus que variam conforme o grau de
integração) da autonomia de políticas macroeconômicas, ou seja, políticas monetárias, cambiais, etc. O grande explo atual
disso é o caso do PIIGS na UE, onde a integração regional lhes custou um grau de liberdade que com certeza seria de
grande ajuda numa crise mundial pela qual eles passaram.