2015 - Roque, Dionísio Virgílio
2015 - Roque, Dionísio Virgílio
2015 - Roque, Dionísio Virgílio
Autor:
Supervisor:
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Avaliação da biodiversidade faunística em diferentes níveis de cobertura florestal na província de Manica
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha amada e querida esposa, Teresa Assucênia Salvador Cumaio
Roque e a minha flor que nunca murcha, Alícia Dionísio Roque, que diante de todas
dificuldades, sempre merecí delas um olhar de admiração e uma palavra de motivação.
A memória do meu pai, Virgílio Roque Chihale, que embora não se encontrando no mundo
dos vivos, permanece no meu coração pela cultura académica que sempre me incutiu. A minha
mãe, Rosa Mulunguana Massango, pelo apoio permanente.
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro por minha honra, que o presente trabalho é resultado da minha pesquisa e nunca foi
apresentado para obtenção de qualquer outro grau académico ou publicação, estando
mencionadas todas as fontes usadas na sua elaboração. Esta dissertação é apresentada em
cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção do grau de mestre, da Universidade
Eduardo Mondlane.
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(Dionísio Virgílio Roque)
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus pai, pelo chamamento à vida e pelo facto de ser guardião
da mesma;
Ao meu supervisor Prof. Doutor Valério Macandza pelo excelente e inestimável apoio e
orientação durante a concepção do projecto, colecta de dados no campo e elaboração do
trabalho final;
Ao Prof. Doutor Almeida Sitoe pela orientação durante a colheita de dados no campo e
acompanhamento na elaboração do trabalho final;
A minha esposa e filha que desde o início do curso até ao trabalho final, apoiram-me e
motivaram-me incondicionalmente;
As minhas colegas do campo, Sandra, Alba, Flávia e Adelaide, pelo companheirismo, espírito
académico e trabalho em equipa;
Aos Senhores Macamo, Rafael, Machava e Nacamo pela paciência durante a colecta de dados
no campo, ao Eng. Crimildo Teles pelas dicas durante a elaboração do trabalho final;
Aos Técnicos do SDAE e Guias de campo dos distritos de Tambara, Macossa, Gondola,
Sussundenga e Mossurize, pela paciência e acompanhamento durante a colecta de dados;
A todos que directa ou indirectamente contribuíram para a realização deste trabalho, vai o meu
“Nabhonga”.
ÍNDICE Página
DEDICATÓRIA ......................................................................................................................... i
ÍNDICE ..................................................................................................................................... iv
RESUMO .................................................................................................................................. xi
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.2. Objectivos........................................................................................................................ 6
2.2. Principais causas do desmatamento e degradação florestal e seu impacto na fauna ....... 8
3.1.5. Hidrografia.............................................................................................................. 23
3.3.2. Determinação da densidade das aves nos níveis de cobertura florestal e regimes de
uso florestal....................................................................................................................... 30
4.2. Frequência das espécies de mastofauna e herpetofauna nos níveis de cobertura e regimes
de uso florestal ..................................................................................................................... 46
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 54
6. RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 55
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 56
ANEXOS ................................................................................................................................. 67
Tabela 2. Número de transectos para mastofauna e herpetofauna por nível de cobertura florestal
.................................................................................................................................................. 30
Tabela 3. Número de pontos de observação de aves por nível de cobertura florestal ............. 31
Tabela 4. Densidade de aves por hectare entre os níveis de cobertura e regimes de uso florestal
.................................................................................................................................................. 50
Figura 5. Mapas de localização dos pontos de amostragem nos distritos de estudo ............... 29
Figura 7. Riqueza de espécies (S) de fauna entre os níveis de cobertura florestal .................. 36
Figura 8. Número de espécies das famílias de maior riqueza por nível de cobertura florestal 37
Figura 9. Riqueza de espécies (S) de fauna entre os regimes cobertura florestal .................... 39
Figura 10. Similaridade das comunidades da fauna entre os níveis de cobertura florestal .... 40
Figura 11. Dendrograma de similaridade da fauna entre níveis de cobertura florestal ........... 40
Figura 12. Similaridade das comunidades da fauna entre os regimes de cobertura florestal .. 42
Figura 13. Dendrograma de similaridade da fauna entre regimes de cobertura florestal ........ 42
Figura 14. Substituição (turnover) das espécies nas comunidades faunísticas entre os níveis de
cobertura florestal .................................................................................................................... 43
Figura 15. Aninhamento das espécies nas comunidades faunísticas entre níveis de cobertura
florestal .................................................................................................................................... 43
Figura 16. Substituição (turnover) das espécies nas comunidades faunísticas entre os regimes
de cobertura florestal................................................................................................................ 45
Figura 17. Aninhamento das espécies nas comunidades faunísticas entre os regimes de
cobertura florestal .................................................................................................................... 45
Figura 20. Comparação da média do número de aves entre os níveis de cobertura florestal .. 51
Figura 21. Comparação da média do número de aves entre os regimes de cobertura florestal
.................................................................................................................................................. 52
Anexo 3. Lista de espécies por família nos três níveis de cobertura ....................................... 69
Anexo 4. Lista de espécies por famílias nos regimes de cobertura florestal ........................... 72
RESUMO
LISTA DE ABREVIATURAS
1. INTRODUÇÃO
De acordo com FAO (2006), África perdeu cerca de 4 milhões de hectares de floresta entre
2000 e 2005, simultaneamente com a perda de fauna devido a perda ou degradação do habitat
(Gibson et al., 2007). A selecção do habitat pela fauna é normalmente guiada pela obtenção de
recursos (alimento, água), condições (segurança e abrigo) e interacções sociais, variando de
espécie para espécie devido a diferenças nas necessidades dessas condicões e recursos (Tews
et al., 2004). Assim, qualquer factor que altera a estrutura do habitat irá modificar a sua
ocupação pelas espécies da fauna, e com isso, modificar a composição das suas comunidades
(Kuhnen, 2010).
A redução da cobertura florestal afecta as espécies da fauna através das mudanças na qualidade
do habitat, incluindo o habitat crítico e de refúgio (Deikumah et al., 2014). A agricultura de
subsistência e itinerante, exploração florestal de madeira, lenha, carvão, exploração mineira e
queimadas descontroladas, são consideradas as principais causas de redução de cobertura
florestal (Sitoe et al., 2013 e Deikumah et al., 2014). A agricultura afecta a cobertura florestal
através da fragmentação dos habitats (Tscharntke et al., 2005). Porém, a sua prática nem
sempre significa altos níveis de extinção da fauna, na medida em que pode originar gradientes
de cobertura florestal em mosaicos, aumentando a heterogeneidade composicional e estrutural
do habitat e resultar numa alta diversidade de espécies de mamíferos e aves (Tscharntke et al.,
2005 e Fahrig et al., 2011).
A diversidade de espécies pode ser medida em três níveis diferentes, num habitat ou
comunidade específica (diversidade alfa), em todos habitats de uma determinada região
(diversidade gama) ou pela diferença na composição entre habitats (diversidade beta)
(Anderson et al., 2011). A diversidade beta é um bom indicativo da variação entre a
composição das comunidades e gera dois padrões de variação, nomeadamente: turnover,
quando ocorre a substituição das espécies de uma comunidade por espécies diferentes em
outras comunidades, e aninhamento, quando há perda ou ganho de espécies numa das
comunidades, resultando numa situação em que as espécies da comunidade mais pobre são um
subgrupo das espécies da comunidade mais rica (Baselga, 2010 e Baselga e Orme, 2012).
As florestas tropicais são um dos ecossistemas terrestres mais ricos em espécies da flora e fauna
no mundo. Todavia, essas espécies estão desaparecendo rapidamente devido perturbações de
origem antrópica que conduzem a perda e fragmentação dos habitats naturais (Meijaard et al.,
2005; Sitoe et al., 2013 e Deikumah et al., 2014). Apesar de esforços para estabelecimento de
áreas protegidas (APs), elas não são suficientemente representativas, grandes e geridas de
forma eficiente para conservar todas as espécies faunísticas (Meijaard et al., 2005). Por esta
razão, a conservação da biodiversidade nas áreas de conservação deve ser complementada pela
conservação fora delas (Chapin III et al., 2000). Porém, para a conservação efectiva da
biodiversidade em regiões florestais dominadas pelo homem, é particularmente importante
compreender a relação entre a heterogeneidade espacial criada pelas perturbações antrópicas e
a biodiversidade (Fahrig et al., 2011).
A redução de cobertura florestal é sempre reportada nos trópicos como uma das maiores causas
de degradação dos ecossistemas florestais (Geist & Labim, 2001). É também uma preocupação
em paisagens tropicais porque estas áreas, muitas vezes, possuem altos níveis de biodiversidade
e endemismo (Forrest et al., 2008). Em Moçambique, as mudanças na cobertura florestal foram
reportadas pelo inventário florestal (Marzoli, 2007), e ocorrem sobretudo, ao redor de grandes
cidades, corredores de desenvolvimento, áreas de conservação, assim como em florestas de
gestão comunitária (Saket, 1994 e Filipe, 2008).
Burivalova et al., 2014). Deste modo, o presente estudo que pretende avaliar o efeito da
mudança de cobertura e regimes de uso florestal na biodiversidade faunística, está inserido no
projecto TREDD+ cujo objectivo é a redução das emissões por desmatamento e degradação
florestal para a conservação efectiva da biodiversidade. Portanto, este não é um estudo isolado
mas complementa e é complementado por outros estudos realizados no âmbito do projecto
TREDD+.
1.2. Objectivos:
1.2.1. Geral
1.2.2. Específicos
1.3. Hipóteses
H1: Os habitats com nível de cobertura florestal alto apresentam mais riqueza em espécies de
fauna que os habitats com níveis de cobertura florestal médio e baixo;
H3: Os habitats com níveis de cobertura florestal médio e baixo apresentam maior abundância
das espécies de aves que os habitats com níveis de cobertura florestal alto.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Moçambique é um dos poucos países da África Austral que ainda tem uma área considerável
de florestas naturais e matas remanescentes, principalmente do tipo Miombo (Sitoe et al.,
2012). As estimativas sobre a cobertura florestal total (Figura 1) variam, mas a recente
avaliação dos recursos florestais pela FAO, estimou-a em pouco mais de 50%, ou seja, pouco
mais de 40 milhões de hectares (FAO, 2010). A referência mais frequentemente utilizada sobre
a cobertura florestal e desmatamento em Moçambique, é o último Inventário Florestal Nacional
(IFN) (Marzoli, 2007).
Agricultura
A agricultura tem sido indicada como uma das principais causas da redução da cobertura
florestal em Moçambique (Marzoli, 2007). A agricultura causa perda de diversidade e
abundância de fauna através da sua expansão, intensificação e fragmentação de habitats.
Porém, a sua prática em áreas florestais nem sempre significa altos níveis de extinção da fauna
uma vez que pode aumentar a heterogeneidade dos habitats através do aumento de diferentes
estágios de regeneração na paisagem (Fahrig et al., 2011). O aumento da heterogeneidade cria
mosaicos de habitats para a fauna, maior oferta de recursos (biomassa vegetal, frutos, sementes,
néctar, insectos) e condições como cobertura para dispersão e reprodução, resultando numa alta
complementaridade do habitat e aumento da diversidade de mamíferos e aves (Tscharntke et
al., 2005 e Fahrig et al., 2011).
Estudos realizados por Deikumah et al. (2014) encontraram alta riqueza de aves especialistas
em áreas de mosaico agricultura-floresta que em áreas de exploração mineira. As aves
granívoras alimentam-se de sementes de ervas que são mais disponíveis nas bordas florestais e
na matriz agrícola. As aves frugívoras, apesar da sua dependência em grandes árvores
frutíferas, muitas espécies podem complementar suas dietas com frutas cultivadas e de ervas
daninhas disponíveis na matriz agrícola (Deikumah et al., 2014).
Exploração mineira
A extração mineira tanto em grande assim como em pequena escala, resulta na remoção da
vegetação e da cobertura superior do solo, abertura de valas em massa que diminuem a
qualidade do habitat e afectam negativamente a fauna terrestre através da diminuição de
segurança, locais de abrigo e poluição na matriz circundante remanescente (Kennedy & Marra,
2010 e Deikumah et al., 2014). O efeito marginal resultante da extração mineira promove
deterioração de recursos fornecidos pelas florestas adjacentes e aumento da competição
interspecífica (Deikumah et al., 2014).
Os remanescentes florestais em áreas de exploração mineira são usualmente menos usados pela
fauna devido existência de poucos recursos alimentares (Deikumah et al., 2014), erosão do
solo, redução da fertilidade para restabelecimento duma comunidade vegetal e contaminação
da água de abeberamento da fauna selvagem pela lavagem dos minérios pelo mercúrio, nos
casos de garimpo (Selemane, 2010). Por exemplo, as aves do interior das florestas são
caracterizadas pela relutância em atravessar áreas hostís de mineração sem cobertura em
comparação com áreas de mosaico de agricultura e florestas (Deikumah et al., 2014).
Exploração florestal
A exploração florestal apesar de consistir em corte selectivo das árvores, destroi cerca de 40 a
80% das árvores na área de corte como resultado do derrube de árvores vizinhas à medida que
as árvores cortadas caem, actividade pesada da maquinaria florestal e criação de acesso ao local
do corte para a extracção de lenha e carvão. A área basal e a altura da copa são reduzidas
enquanto o tamanho médio das clareiras e distância entre as árvores aumenta. A distribuição
das plantas torna-se menos uniforme com clareiras separando manchas intactas (Sekercioglu,
2002).
grazers. As aves insectívoras atraídas pelos insectos, também usam esses locais para o
forrageamento (Sekercioglu, 2002).
Queimadas
As queimadas intensas (feitas no pico da estação seca) alteram a estrutura vegetal como
resultado da queima das folhas, serapilheira, morte de árvores de grande porte e exposição de
minerais do solo (Kennedy & Fontaine, 2009). Porém, o fogo também cria novas características
do habitat denominadas estruturas pirogénicas, em situações em que a temperatura do fogo
permanece abaixo de 175°C, libertando nutrientes que melhoram o crescimento e vigor das
plantas (Chidumayo et al., 1996). Este novo crescimento aumenta a abundância de novos
brotos, flores, sementes e insectos, atraindo herbívoros, aves insectívoras, nectatívoras e
granívoras para novas oportunidades de forrageamento (Kennedy & Fontaine, 2009).
Existem teorias que explicam a resposta específica da vegetação e fauna ao fogo: (i) a hipótese
de perturbação intermédia que prevê alta diversidade de espécies em locais sujeitos a
frequências intermédias de queimadas e intensidades porque essas áreas, serão a mistura de
espécies pioneiras e espécies do climax (Connell, 1978); (ii) o modelo da sucessão e
acomodação no habitat (Fox, 1983), que sugere que deveria existir uma sequência previsível
de comunidades de fauna que recolonizam o habitat após uma queimada intrinsecamente
relacionada a uma recuperação da estrutura da vegetação.
A cobertura florestal é uma das componentes mais importantes do habitat da fauna. Fornece
abrigo contra condições ambientais adversas e esconderijo contra predadores e recursos
alimentares aos animais (Morrison et al., 2006). As árvores grandes e velhas fornecem a
maioria das cavidades de protecção e nidificação, fendas para répteis, locais de empoleiramento
das aves, fontes de néctar e de fruta e actuam como quebra-ventos para ninhos e outros locais
de abrigo da fauna (Mori, 2011). São também importantes no ciclo de nutrientes (fertilizam o
solo, fixam azoto atmosférico) melhorando a qualidade do pasto para os herbívoros (Ramage
et al., 2013). A vegetação graminal e outras herbáceas, proporcionam locais importantes de
alimentação, nidificação para aves, répteis, anfíbios e mamíferos.
Os insectos que servem de alimento para as aves, também são abundantes na vegetação
herbácea (Mori, 2011 e Ramage et al., 2013).
Em resposta, os herbívoros grazers com nicho dietético amplo, ampliam sua dieta para incluir
espécies de gramíneas normalmente não consumidas em épocas favoráveis do ano (época
chuvosa) enquanto que herbívoros selectivos com menor nicho alimentar, procuram locais
onde os tipos de alimentos de que dependem, persistem (Owen Smith & Novellie, 1982; Ball
et al., 2000 e Owen-Smith et al., 2013). Os herbívoros especialistas em recursos dependentes
de uma ou poucas espécies de plantas, geralmente apresentam menor abundância e distribuição
regional, uma vez que ficam restritos aos lugares onde as suas necessidades alimentares são
satisfeitas, enquanto que os herbívoros generalistas que usam muitas espécies de plantas,
podem atingir abundância e distribuição mais altas usando uma variedade maior de
possibilidades alimentares, embora algumas vezes, possam ser encontradas em baixas
densidades, se esses recursos forem escassos (Brown, 1984 e Owen-Smith et al., 2013).
Cobertura florestal
Segundo Burivalova et al. (2014) e Brown et al. (2014), as aves exibem uma tendência
contrastante, diminuindo a riqueza e densidade de espécies especialistas do interior florestal e
aumentando a riqueza e densidade de espécies generalistas de habitat com a redução da
cobertura florestal e perda de habitat. Algumas espécies de aves, por serem móveis, usam
diferentes clareiras em áreas de menor cobertura para diferentes necessidades em recursos.
Certas espécies de aves frugívoras e nectarívoras podem forragear com sucesso em áreas
perturbadas de reduzida cobertura onde há maior disponibilidade do alimento, enquanto
nidificam em florestas primárias e fechadas (Sekercioglu, 2012 e Burivalova et al., 2014). Para
Woltmann (2003), a resposta positiva da riqueza e densidade das aves à redução de cobertura
pode ser explicada por erros de observação na medida em que torna-se mais fácil detectar aves
em áreas perturbadas de reduzida cobertura florestal que em florestas fechadas.
As clareiras podem possuir alimento preferido para os herbívoros devido a altos níveis de valor
nutritivo e palatabilidade das espécies pioneiras do que espécies tolerantes à sombra (Richards
& Coley 2007). Seguindo esse padrão, a diversidade, riqueza e abundância de herbívoros é
maior nas clareiras ou pelo menos os herbívoros pequenos e médios, concentram sua actividade
de forrageamento nesses locais (Richards & Coley 2007). As aves insectívoras, também são
abundantes nessas áreas devido a alta abundância de insectos (Richards & Coley 2007 e Wirth
et al., 2008).
Água
Espaço
Cada espécie selvagem requere uma certa quantidade de espaço para mover-se, evitar ou
escapar de potenciais predadores, localizar parceiro (a) e acasalar-se, obter quantidade
adequada de alimentos, água e descanso. O requerimento espacial para a fauna é determinado
pela quantidade e qualidade do alimento, cobertura, disponibilidade de água, tamanho do
animal (animais grandes requerem mais espaço), dieta preferida (carnívoros requerem mais
espaços) (Yarrow, 2009).
A fragmentação do habitat pode diminuir a diversidade alfa dentro dos habitats (fragmentos) e
aumentar a diversidade beta entre os habitats (Loreau, 2000). A variação na diversidade beta
pode estar associado a factores ecológicos. Quanto maior for a capacidade de dispersão de
espécies, menor é a diversidade beta entre os locais dado que a movimentação das espécies
entre os locais homogeiniza a fauna (Qian et al., 2005). A amplitude do nicho relaciona-se com
a capacidade das espécies utilizarem vários estágios dos gradientes. As espécies generalistas
são capacitadas a ocuparem mais de um ambiente, facilitando a presença e movimentação das
mesmas entre os ambientes e diminuindo a diversidade beta entre locais (Marvier et al., 2004
e Bernardo, 2012). Outros factores como a complexidade do habitat e o isolamento podem
causar flutuações na diversidade beta devido a formação de nichos em ambientes diferenciados
(Qian et al., 2005).
Os remanescentes do habitat podem não prover alimentos, locais para reprodução e abrigo em
quantidade suficiente para que determinadas espécies mantenham-se a longo prazo (Gimenes
& Dos Anjos, 2003 e Jacoboski et al., 2014). A fragmentação e a perda de habitat prejudicam
a conservação de espécies de aves do interior das florestas, devido a maior exposição a factores
abióticos externos, exposição a factores antrópicos, e seu baixo potencial de dispersão através
de áreas abertas, o que impede o fluxo de indivíduos entre os fragmentos, podendo com o tempo
diminuir a variabilidade genética dessas populações (Crooks et al., 2004; Henle et al., 2004 e
Jacoboski et al., 2014). Porém, beneficiam as aves generalistas da periferia florestal, já que
possuem alta capacidade de dispersão ao longo do habitat matriz e exploram uma variedade
ampla de habitats e recursos para nidificação e alimentação presentes nas bordas florestais
(Batáry et al., 2014 e Jacoboski et al., 2014).
Perturbação ecológica é qualquer evento relativamente discreto no tempo que altera a estrutura
da população, comunidade ou ecossistema e que resulta em mudanças nos recursos,
disponibilidade de substrato ou ambiente físico (Persha et al., 2011). A hipótese de
perturbações intermédias estabelece que a diversidade de espécies competidoras é maximizada
em frequências intermédias de perturbação ou mudanças ambientais (Grime, 1973 e Connell,
1978). Esta relação é baseada no facto de as perturbações intermédias alterarem a
disponibilidade de recursos e serem a fonte de múltiplos níveis de heterogeneidade ambiental,
e assim, produzirem ambientes diversos no habitat que formam a base para partição de recursos
entre as espécies coexistentes (Roxburgh et al., 2004 e Kwabena, 2009).
A diversidade num habitat ou comunidade específica (diversidade alfa) pode ser quantificada
através de dois grandes grupos de métodos, (i) índices de riqueza específica (ex: riqueza de
espécies, índice de Margalef, índice de rarefação, entre outros) e (ii) índices de estrutura das
comunidades ou de relação de espécies com sua abundância (ex: índice de Simpson, Shannon-
Wiener, Pielou, entre outros) (Gomes & Ferreira, 2004 e Apgaua, 2012).
Os métodos para quantificar a diversidade β podem ser divididos em duas classes, (i)
similaridade-dissimilaridade (Jaccard e Sorensen) e (ii) de reposição ou substituição de
espécies (Whittaker, Cody, Magurran e índice de complementaridade) (Gomes & Ferreira,
2004 e Apgaua, 2012).
Substituição (turnover)
Nas comunidades faunísticas estruturadas pelo padrão de turnover (Figura 2), os gradientes
ambientais (ex: vegetação) e climáticos influenciam a ocorrência de diferentes espécies,
resultando em conjuntos desiguais de espécies ao longo do gradiente (Svenning et al., 2011).
A dispersão das espécies também influencia no estabelecimento do turnover entre comunidades
pois, segundo Qian et al. (2005), espécies com baixa capacidade de dispersão possuem uma
tendência de se manterem agregadas, aumentando os valores de substituição entre as áreas. O
processo de perda e fragmentação de habitats pode induzir a um padrão de turnover entre as
comunidades uma vez que os fragmentos formados podem consistir na eliminação de certas
espécies e substituição por outras (Bernardo, 2012).
Aninhamento (nestedness)
Figura 2. Padrão de substituição de espécies (turnover) e aninhamento em três comunidades diferentes (C1 – C3) (Baselga,
2010).
Reserva especial
Coutada oficial
só pode ser feito com prévio consentimento das comunidades locais, após processo de
auscultação, que culmine na celebração de um contrato de parceria (AR, 2014).
A área visa proteger e conservar os recursos naturais existentes na área do uso consuetudinário
da comunidade, incluindo conservar os recursos naturais, florestas sagradas e outros sítios de
importância histórica, religiosa, espiritual e de uso cultural para a comunidade local, garantir o
maneio sustentável dos recursos naturais de forma a resultar no desenvolvimento sustentável
local e assegurar o acesso e perenidade das plantas de uso medicinal e à diversidade biológica
em geral (AR, 2014).
Concessão florestal
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 3. Mapa de localização da província de Manica e cobertura de terra nos diferentes distritos
3.1.2. Clima
A Província de Manica é no geral, caracterizada por um clima tropical modificado pela altitude,
com duas estações distintas: uma chuvosa, de Setembro a Março, e outra seca, de Abril a
Agosto (Bazima et al., 2011). Os distritos localizados a norte da província tais como Tambara
e Macossa possuem um clima seco e sub-húmido, respectivamente e as suas temperaturas
médias anuais são relativamente altas chegando a atingir os 32.5°C (MAE, 2014 e MAE,
2014a) que os distritos localizadaos a sul, tais como Sussundenga e Mossurize que são
geralmente mais frios atingindo 23°C de temperaturas médias (MAE, 2014c e MAE, 2014d).
3.1.3. Relevo/Topografia
Os planaltos com altitudes que variam entre os 200 e 1.000 m, localizam-se na região central e
Este, e ocupam cerca de 70% da área da Província (MAE, 2014b e Bazima et al., 2011). As
planícies com altitudes que variam de 100 a 200 m estão localizadas no extremo Sudeste da
Província, onde os terrenos são quase planos e localmente dissecados (MAE, 2014; MAE,
2014a e Bazima et al., 2011).
3.1.4. Solos
3.1.5. Hidrografia
A Província de Manica é rica em recursos hídricos. Os principais rios correm no sentido Oeste-
Este, obedecendo à disposição do relevo. As principais bacias hidrográficas são o Zambeze, no
extremo Norte, Pungué e Búzi, na região Central e Save, no extremo Sul. A rede hidrográfica
dos distritos localizados na região sul tais como Sussundenga e Mossurize, é relativamente
numerosa que os distritos do centro (Gondola) e norte (Tambara e Macossa) da província
(Bazima et al., 2011).
O distrito de Gondola é atravessado por dois principais rios tais como, o Púngue e Revué, para
além de 4 rios secundários como os rios Mussagandze, Mudzingadzi, Thôa e Mudi (MAE,
2014b). A rede hidrográfica do distrito de Sussundenga compreende 4 rios principais,
nomeadamente: Revué, Munhinga, Mussapa e Lucite. Uma grande parte da Albufeira de
Chicamba pertence ao território do distrito (MAE, 2014c). O Distrito de Mossurize possui dois
importantes rios de regime permanente, o Búzi e o Mossurize, para além de outros rios de
importância secundária tais como, Dacata, Muchenedzi, Zona, Chinhica, Rupice,
Mucurumadzi, Lucite, Mavuaze e Mussessa (MAE, 2014d).
Isoberlinia spp.; savanas (árvores e arbustos) cobrindo 13.5%; floresta de mopane (aberta e
fachada) cobrindo 10.1% e áreas de florestas com mosaiso de agricultura itinerante ocupando
13.2% (Jansen et al., 2008 e MICOA, 2014).
O distrito de Gondola é dominado pela floresta de miombo de estrato baixo a médio, com
elevado desflorestamento causado pelo corte não selectivo das árvores (MAE, 2014b e Bazima
et al., 2011). Predominam espécies vegetais com uma altura média de 10 a 15 m tais como,
Brachistegia spp., Julbernardia spp. e Isoberlina spp., Diplorhynchus condylocarpon,
Dalbergia sp., Millettia stuhlmannii (Jambirre/Panga-panga), Pterocarpus angolensis
(Umbila), Pau-ferro, entre outras (MAE, 2014b; Bazima et al., 2011 e MICOA, 2014). Nas
áreas montanhosas da província como o distrito de Sussundenga, a vegetação predominante é
a floresta sempre verde de montanha devido a abundância de chuvas ao longo do ano, com
predominância de estrato alto e cobertura de copa que varia de 40% a 90%, sobretudo nas áreas
de conservação como a Reserva Florestal de Moribane (Alves, 2004 e MAE, 2014c).
Predominam espécies como Jambirre, Newtonia buchananii, Combretum zeyheri, Markhamia
sp, Albizia adianthifolia, Pteleopsis myrtifolia, entre outras (MAE, 2014c; MICOA, 2003 e
MICOA, 2014).
A fauna da província de Manica encontra-se mais representada nas áreas de conservação que
fora delas (MICOA, 2009). A comunidade de pequenos mamíferos, répteis, anfíbios, aves e
insectos é diversa. Porém, os grandes mamíferos estão ausentes sobretudo em áreas de
assentamento populacional, embora ocorram em menor escala em algumas áreas de
conservação como a Coutada 9 em Macossa e Reserva Florestal de Moribane em Sussundenga
(Guedes, 2008 e Lindsey & Bento, 2012). Os mamíferos como rinoceronte branco
(Ceratotherium simum), sitatunga (Tragelaphus spekei), rinoceronte preto (Diceros bicornis),
girrafa (Giraffa camelopardalis), chango da montanha (Redunca fulvorufula) e palapala-
cinzenta (Hippotragus equinus), estão extintos em Tambara, Macossa, Gondola e Mossurize
(MICOA, 2009; Lindsey & Bento, 2012 e MICOA, 2014). O cudo (Tragelaphus strepsiceros)
e o facocero (Phacochoerus aethiopicus) são os animais mais caçados em Macossa e Tambara
(Lindsey & Bento, 2012). Os distritos de Macossa e Sussundenga apresentam alta riqueza de
mamíferos de médio e pequeno porte em relação aos distritos de Tambara, Gondola e
Mossurize (MICOA, 2014).
O distrito de Macossa possui 18.063 de habitantes com uma densidade populacional muito
baixa que Tambara, Gondola, Sussundenga e Mossurize, cerca de 1.9 habitantes/km2 (MAE,
2014a). À semelhança de Tambara, possui extensas áreas que não estão habitadas e são
potencial habitat para fauna. Porém, as comunidades locais praticam agricultura de subsistência
com base em corte e queima (agricultura itinerante) sem insumos em áreas que variam de meio
a um hectar. Isto resulta numa progressiva conversão de habitats naturais em áreas de
agricultura, uma vez que usam apenas as machambas por um período máximo de 2 anos,
seguindo para abertura de novas áreas, o que conduz a uma redução da cobertura florestal
(Lindsey & Bento, 2012). Existe também, uma Associação de Produtores de Mel de Macossa
composta por 13 membros da comunidade local que se dedica a extracção do mel com base no
uso do fogo, operadores madereiros individuais que trabalham ao nível da comunidade, sem
licenças de corte e que cortam as árvores e vendem-nas no local de corte assim como
processadores secundários de madeira (pequenos carpinteiros) localizados nas vila que
fornecem os seus produtos Yola Mobílias em Maputo e Univendas em Tete (Nhancale et al.,
2009).
Figura 4. R epresentação esquemática do gradiente de perturbação florestal causada pelas comunidades locais (Adaptado de
Shrestha & Alavalapati, 2006 e Guthiga, 2008)
Para a detecção e identificação dos mamíferos, répteis e anfíbios, utilizou-se métodos directos
e indirectos, colhendo-se apenas dados de espécies presentes nos transectos e registando-os
numa ficha de recolha de dados (Anexo 1). Os métodos directos consistiram no levantamento
através da observação directa dos mamíferos, anfíbios e répteis dentro dos transectos. Os
métodos indirectos consistiram no registo da ocorrência das espécies através da identificação
de fezes, pegadas, restos de alimentos, tocas, pêlos, escavações, ninhos e audição de sons
emitidos pelos animais. A identificação e nomenclatura das espécies foi realizada no campo
com ajuda de pessoas residentes na área e uso de manuais de identificação de animais tais como
Stuart & Stuart (2001) para mamíferos, Walker (1996) para sinais indirectos de mamíferos,
Branch (1998) para identificação de répteis e Channing (2001) para identificação de anfíbios.
Foram colocadas 20 armadilhas do tipo gaiolas Sherman 23 cm x 7.5 cm x 7.5 cm para capturar
pequenos mamíferos difíceis de visualizá-los e que não deixam sinais identificáveis. As gaiolas
foram colocadas em locais com sinais de tocas, pequenos trilhos e restos de alimentos. Para
atrair os pequenos mamíferos, usou-se como isca, a manteiga de amendoim (Figura 6). As
armadilas eram colocadas no final do dia, pernoitavam no local e eram inspeccionadas na
manhã do dia seguinte. Os animais capturados eram identificados e posteriormente libertos no
seu habitat.
Segundo Blomberg (1996), o levantamento dos répteis foi feito em microhabitats específicos
como rochas, locais com troncos de árvores caídas, cascas e copas de árvores mortas ao longo
dos transectos. O levantamento dos anfíbios foi feito em habitats específicos como lagoas e
locais pantanosos (Halliday, 1996). A procura da fauna de diferentes grupos taxonómicos
(mamíferos, répteis e anfíbios) durou em média 1 hora em cada transecto e era feita das 07:00h
as 12:00h e das 14:00h as 16:00 horas de cada dia. O esforço de amostragem para a avaliação
da mastofauna e herpetofauna foi de 76 transectos (Tabela 2).
Tabela 2. Número de transectos para mastofauna e herpetofauna por nível de cobertura florestal
3.3.2. Determinação da densidade das aves nos níveis de cobertura florestal e regimes de
uso florestal
Para determinar a densidade das aves, foram feitos levantamentos usando contagem em ponto
(point count) de acordo com Greenwood (1996). Em cada nível de cobertura e regime de uso
florestal, foram estabelecidos dois pontos de contagem com 200 m de separação, obedecendo
a metodologia de Gibbson et al. (1996), segundo a qual, a distância mínima sensível entre dois
pontos de contagem das aves deve ser de 200 m dado que pontos próximos levam a
sobrecontagem e pontos demasiadamente distantes gastam tempo na deslocação do contador
de um ponto para outro. Em cada ponto, o observador mantinha-se em estação por 5 minutos
após escalar o ponto antes de iniciar a contagem, para permitir que as aves que se
movimentaram devido a perturbação causada pela sua chegada, pousassem nos ramos (Gibbson
et al., 1996 e Raman, 2003).
As espécies foram agrupada por famílias, a riqueza das espécies foi determinada e comparada
entre os níveis de cobertura e entre os regimes de uso florestal. A similaridade de espécies entre
os níveis de cobertura e regimes de uso florestal foi calculada utilizando o Coeficiente ou Índice
de Jaccard em combinações de pares de nível de cobertura florestal e pares de regimes de usos
florestal (Gomes & Ferreira, 2004 e Silvestre, 2009), conforme a seguinte fórmula:
Onde:
CJ = Coeficiente de Jaccard;
S1 e S2 = Número de espécies da área 1 e 2
S0 = Número de espécies comuns a ambas as áreas
A análise da similaridade entre os níveis de cobertura e regimes de uso florestal foi feita com
base em dendogramas de similaridade no software MVSP (Multi-Variate Statistical Package)
versão 3.22. A substituição das espécies (turnover) e o aninhamento (nestedness) foram
calculados em combinações de pares de nível de cobertura florestal e pares de regimes de usos
florestal através da equação do índice de dissimilaridade de Sorensen (Índice de Sorensen =
Índice de aninhamento + Índice de dissimilaridade de Simpson), conforme Baselga (2010) e
Baselga & Orme (2012).
A comparação do turnover e aninhamento foi feita entre pares de níveis de cobertura florestal;
entre pares de regimes de uso florestal correspondentes a áreas protegidas (coutadas e reserva
florestal) e áreas não protegidas (floresta comunitária e concessão florestal); entre pares de
regimes de uso correspondentes a áreas não protegidas (floresta comunitária e concessão
florestal). A categorização em áreas protegidas e não protegidas visa compreender a
contribuição das áreas não protegidas na manutenção da diversidade faunística assumindo-se
que teoricamente, pela natureza do seu uso, sofrem mais perturbações antrópicas e por
conseguinte detém baixa diversidade faunística.
Onde:
βsor = Dissimilaridade de Sorensen
βsim = Dissimilaridade de Simpson (igual a componente turnover de dissimilaridade de
Sorensen)
βsne = Aninhamento de dissimilaridade de Sorensen
a = Número de espécies partilhadas entre os dois locais ou comunidades
b = Número de espécies únicas no local com menor riqueza
c = Número de espécies únicas do local ou comunidade mais rica. Os valores variam de 0 a 1
e valores próximo de 1 representam uma grande diversidade beta.
A densidade de aves entre os níveis de cobertura e entre os regimes de uso florestal foi estimada
usando a fórmula proposta por Greenwood (1996):
Onde:
D = Densidade das aves (aves/ha)
r = Raio da primeira zona de contagem (25 metros)
n1 = Número de aves contadas dentro do raio de 25 metros
n2 = Número de aves contadas fora do raio dos 25 metros
m = Número de pontos de contagem de cada nível de cobertura
loge = Logaritmo natural ou de base 10, correspondente a 2.7182817
A definição dos níveis de cobertura florestal (alto, médio e baixo) para a colheita de dados foi
feita usando estimativas visuais de percentagem de cobertura no campo. Os tipos de vegetação
(ex: miombo, mopane e floresta de montanha) não foram rigorosamente considerados no
desenho experimental e estes podem ter um papel determinante na composição das
comunidades de fauna. Para além de diferentes níveis de cobertura no mesmo tipo de
vegetação, o desenho experimental devia ter incluido diferentes regimes de uso no mesmo tipo
de vegetação.
O estudo determinou apenas a densidade das aves sem a sua respectiva identificação, perdendo-
se deste modo, a possibilidade de se aferir a influência que as mudanças de cobertura têm sobre
a diversidade e turnover funcional nas comunidades de aves pois, diferentes espécies têm
diferentes funções no ecossistema.
O estudo não incluiu as causas das mudanças de cobertura florestal, o que limitou o
estabelecimento de relação e discussão dos padrões de biodiversidade faunística documentados
com os mecanismos pelos quais diferentes causas da redução de cobertura florestal alteram a
diversidade de espécies nas paisagens.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O nível de cobertura alto e baixo apresentaram maior riqueza da fauna com 34 e 33 espécies,
respectivamente, em relação ao nível médio que apresentou 30 espécies (Figura 7). Foram
identificadas 31 espécies de mamíferos distribuídos em 14 familias, 11 espécies de répteis
distribuídas em 8 famílias e 2 espécies de anfíbios de 2 famílias (Anexo 3). As famílias
Bovidae, Cercopithecidae, Cricetidae/Muridae, Viverridae/Herpestidae do grupo dos
mamíferos e as famílias Viperidae, Scincidae e Colubridae do grupo dos répteis, são as que
apresentaram maior número de espécies. Porém, não foram registadas diferenças no número
de espécies por família em cada nível de cobertura florestal (Figura 8).
40
35
30
Riqueza de fauna
25
20
15
10
0
Médio Baixo Alto
Nível de cobertura florestal
Figura 7. Riqueza de espécies (S) de fauna entre os níveis de cobertura florestal (as barras verticais indicam intervalos de
confiança da média SE)
Thryonomyidae
Suidae
Sciuridae
Orycteropodidae
Cercopithecidae
Viverridae
Cricetidae Mamíferos
Lorisidae
Elephantidae
Família
Leporidae
Felidae
Hystricidae
Bathyergidae
Bovidae
Boidae
Viperidae
Scincidae
Répteis
Colubridae
Testudinidae
Lacertidae
Chamaeleonidae
Agamidae
0 2 4 6 8
Número de espécies
Figura 8. Número de espécies das famílias de maior riqueza por nível de cobertura florestal
De acordo com a hipótese inicial, o nível alto apresentou maior riqueza de espécies da fauna
que o nível médio. A razão para este resultado pode estar relacionada com o facto de o nível
de cobertura alto apresentar vegetação densa que oferece habitats para abrigo, protecção e
reprodução de mamíferos e répteis (Silveira, 2005; Ramage et al., 2013 e Kurz et al., 2014).
Urbina-Cardona et al. (2006) e Burivalova et al. (2014) encontraram maior riqueza de répteis
e mamíferos em florestas tropicais de alta cobertura em relação a florestas secundárias de
cobertura média. Silveira (2005) também encontrou maior riqueza da fauna em locais de
cobertura alta de florestas de eucaliptos em relação aos habitats de cobertura média.
Contrariamente à hipótese inicial, entre o nível de cobertura alto e baixo, não se registou
diferença na riqueza das espécies. Isto pode estar associado o facto de nos níveis de cobertura
baixo na área de estudo, existir uma mistura de paisagens de áreas de agricultura e florestas
(Culpa em preparação), aumentando a heterogeneidade ambiental, maior oferta de recursos
(biomassa vegetal, frutos, sementes) para o forrageamento da fauna (Tscharntke et al., 2005;
Fahrig et al., 2011 e Ramage et al., 2013) e formação de clareiras nessas áreas que podem
possuir alimento preferido para os herbívoros devido aos níveis altos de valor nutritivo e
palatabilidade das espécies pioneiras, esperando-se maior riqueza e abundância de herbívoros
pequenos e médios ou alta presença de seus sinais pela concentração de actividade de
forrageamento nesses locais (Richards & Coley, 2007; Wirth et al., 2008 e Flynn, 2011).
A alta riqueza da fauna encontrada nesses locais, pode ser explicada pelo facto de os habitats
florestais remanescentes nas áreas de mosaico agricultura-floresta não estarem totalmente
isolados e permitirem algum nível de intercâmbio de indivíduos entre diferentes comunidades
e persistência de uma fracção da diversidade original (Fonseca et al., 1997).
25
20
Riqueza de fauna
15
10
0
Coutada 7 Reserva florestal Coutada 9/13 Floresta Concessão
comunitária florestal
Figura 9. Riqueza de espécies (S) de fauna entre os regimes cobertura florestal (as barras verticais indicam intervalos de
confiança da média SE)
A similaridade das comunidades faunísticas entre os níveis de cobertura é alta (≥ 60%) mas
diminuiu com o aumento da diferença de cobertura florestal entre os habitats (Figura 10). O
dendrograma de similaridade mostrou existir maior proximidade entre os níveis de cobertura
médio/baixo que entre os níveis alto/baixo e alto/médio (Figura 11).
100
80
Coeficiente de Jaccard (%)
60
40
20
0
Alto e Baixo Alto e Médio Médio e Baixo
Figura 10. Similaridade das comunidades da fauna entre os níveis de cobertura florestal
A alta similaridade encontrada resulta do elevado número de espécies comuns e baixo número
de espécies únicas entre os níveis de cobertura médio/baixo. A menor aproximação ou
semelhança entre os níveis de cobertura alto e baixo reflecte o maior número de espécies
O diferencial cada vez menor à media que aumenta a diferença de cobertura florestal (14
espécies do nível alto para o médio e 11 espécies do médio para o baixo), torna as comunidades
faunísticas entre esses dois pares de níveis de cobertura mais similares (Anexo 5). Estes valores
de similaridade são altos quando comparados com os obtidos em outros estudos. Por exemplo,
Barlow et al. (2007) encontraram cerca de 59% e 47% de espécies de mamíferos e répteis de
florestas primárias, em florestas secundárias e plantações, respectivamente. Cabanillas-Silva et
al. (2002) encontraram 75% de similaridade de espécies, quando comparavam duas áreas de
floresta densas. No entanto, quando compararam áreas de florestas fechadas com áreas de
florestas perturbadas, obtiveram 47% de similaridade.
A similaridade das comunidades faunísticas entre os regimes de uso florestal é baixa (< 40 %)
(Figura 12). O dendrograma de similaridade mostrou existir em média, menor aproximação
entre os regimes de uso florestal (Figura 13). Isto resulta de menor número de espécies comuns
entre os regimes de uso florestal, mostrando que de um regime para o outro há diferenciação
de nichos decorrentes da diferença no tipo de vegetação que resultam na existência de maior
número de espécies únicas, o que tornam os regimes de uso mais vulneráveis à perda de
diversidade (Cadotte, 2011; Villéger et al., 2013 e Pereira, 2014).
100
Coeficiente de Jaccard (%)
80
60
40
20
Figura 12. Similaridade das comunidades da fauna entre os regimes de cobertura florestal
0.3
0.25
Substituição
0.2
0.15
0.1
0.05
0
Alto e médio Alto e baixo Médio e baixo
Figura 14. Substituição (turnover) das espécies nas comunidades faunísticas entre os níveis de cobertura florestal
0.08
0.06
Aninhamento
0.04
0.02
0
Alto e médio Alto e baixo Médio e baixo
Figura 15. Aninhamento das espécies nas comunidades faunísticas entre níveis de cobertura florestal
A baixa diversidade beta entre os níveis de cobertura, pode ser resultado de uma pequena
substituição de espécies entre os níveis de cobertura florestal, atribuída a factores ecológicos
como a alta capacidade de dispersão e maior amplitude de nichos de espécies de mamíferos.
Segundo Qian et al. (2005), quanto maior for a capacidade de dispersão das espécies, menor
deve ser a diversidade β ou substituição das espécies entre locais pois, a movimentação das
espécies entre áreas tende a homegeinizar as comunidades de fauna. Bernardo (2012) e Rego
et al. (2012) encontraram um baixo padrão de aninhamento entre as comunidades faunísticas e
atribuíram a diferenças ambientais entre os gradientes.
Entre os regimes de uso florestal observou-se um alto padrão de substituição (turnover) das
espécies nas comunidades faunísticas (próximo a um), significando que existem poucas
espécies partilhadas entre os regimes de uso florestal (Figura 16). Porém, o padrão de
aninhamento das espécies nas comunidades faunísticas é baixo (próximo a zero) (Figura 17).
A alta substituição (turnover) entre os regimes de uso florestal pode estar relacionado à
diferenças nos gradientes de cobertura da vegetação entre regimes que se encontram dentro e
fora das áreas de consevarção que impõem restrições no nicho para a ocorrência das mesmas
espécies, resultando em maior perda de espécies de um regime para o outro e substituição por
outras (Svenning et al., 2011).
0.8
Substituição
0.6
0.4
0.2
Figura 16. Substituição (turnover) das espécies nas comunidades faunísticas entre os regimes de cobertura florestal
0.1
0.08
Aninhamento
0.06
0.04
0.02
Figura 17. Aninhamento das espécies nas comunidades faunísticas entre os regimes de cobertura florestal
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
Espécies de fauna
Figura 18. Comparação da proporção/frequência de ocorrência de espécies de mastofauna entre níveis de cobertura florestal
(as barras verticais indicam intervalos de confiança binomiais para proporções)
Coutada 7 a)
1
Proporção de ocorrência
0.8
0.6
0.4
0.2
Espécies
Reserva florestal b)
1
Proporção de ocorrência
0.8
0.6
0.4
0.2
Espécies
Concessão florestal c)
0.9
0.8
Proporção de ocorrência
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
Espécies
Coutadas 9/13 d)
Proporção de ocorrência
0.8
0.6
0.4
0.2
Espécies
Floresta comunitária e)
1
Proporção de ocorrência
0.8
0.6
0.4
0.2
Espécies
Figura 19a-e. Comparação da proporção/frequência de ocorrência de espécies de mastofauna entre os regimes de uso florestal
(as barras verticais indicam intervalos de confiança binomiais para proporções)
Os níveis de cobertura baixo e médio apresentaram maiores densidades de aves que o nível alto
(Tabela 4). Contudo, a diferença no número médio das aves entre os níveis de cobertura não
Tabela 4. Densidade de aves por hectare entre os níveis de cobertura e regimes de uso florestal
28
Nr total de aves contadas
24
20
16
12
Figura 20. Comparação da média do número de aves entre os níveis de cobertura florestal
45
40
Nr total de aves contadas
35
30
25
20
15
10
0
Coutada 7 Floresta comunitaria Concessao florestal
Coutada 9/13 Reserva florestal
Regime de uso
Figura 21. Comparação da média do número de aves entre os regimes de cobertura florestal
A alta densidade das aves nos níveis de cobertura baixo pode estar relacionada com a baixa
susceptibilidade das aves à redução da cobertura florestal, devido a contribuição compensatória
ou afluxo de espécies generalistas do habitat (Burivalova et al., 2014). Para Scott et al. (2006)
e Burivalova et al. (2014), as aves exibem uma tendência contrastante com a diminuição da
cobertura florestal, diminuindo a abundância de espécies especialistas e aumentando
abundância de espécies generalistas do habitat. Fraterrigo & Wiens (2005) encontraram uma
correlação positiva entre a redução da cobertura florestal e a abundância das aves generalistas
e atribuíram à maior capacidade de uso e aproveitamento de recursos que as aves apresentam
em locais com mosaicos de machambas e habitação. Mills et al. (1989), Cam et al. (2000) e
Crooks et al. (2004), também encontraram um aumento da densidade total das aves em áreas
de florestas primárias transformadas em áreas de florestas secundárias.
A resposta positiva da densidade das aves à redução de cobertura florestal no presente estudo,
também pode ser explicada pela maior facilidade de detectar e contar aves em habitats florestais
de cobertura baixa em relação a florestas fechadas (Woltmann, 2003). Certas espécies de aves
frugívoras e nectarívoras podem forragear com sucesso em áreas perturbadas onde há maior
disponibilidade de alimento, enquanto nidificam em florestas primárias e fechadas
(Sekercioglu, 2012 e Burivalova et al., 2014).
A alta densidade das aves na coutada 7 pode estar relacionada com maior presença de áreas de
agricultura-floresta (Culpa em preparação). Estas áreas de machambas adjacentes a áreas
florestais podem ter fonte de recursos alimentares para as aves com capacidade de atravessar a
barreira do habitat matriz perturbado (Batáry et al., 2014 e Jacoboski et al., 2014).
5. CONCLUSÕES
A diversidade beta entre os níveis de cobertura florestal é baixa e resulta apenas de uma
pequena substituição das espécies entre as comunidades faunísticas. Porém, entre os
regimes de uso florestal a diversidade beta é alta e resulta de uma maior substituição
das espécies nas comunidades faunísticas e não do aninhamento;
6. RECOMENDAÇÕES
Os próximos estudos usem métodos que permitam uma melhor amostragem dos
anfíbios, pequenos mamíferos, répteis e outra fauna de pequeno porte que deixa sinais
indirectos difíceis de ver e identificar;
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
Ficha de recolha de dados da mastofauna e herpetofauna nos diferentes níveis de cobertura florestal
P = Presente
NP = Não presente