Contestação

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: 1

Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0011251-71.2022.5.15.0108

Tramitação Preferencial
- Falência ou Recuperação Judicial

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 13/09/2022


Valor da causa: R$ 76.270,32

Partes:
AUTOR: RODRIGO LUIS BUENO
ADVOGADO: LICIA REGINA DA COSTA
ADVOGADO: MICHELE FERNANDES BELO
RÉU: ESTRE AMBIENTAL S/A EM RECUPERACAO JUDICIAL
ADVOGADO: GILSON GARCIA JUNIOR
RÉU: COMPANHIA BRASILEIRA DE ALUMINIO

ADVOGADO: FERNANDO JOSE GARCIA


PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
Fls.: 2

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO TRABALHO DE


SÃO ROQUE/SP.

Processo nº.: 0011251-71.2022.5.15.0108

ESTRE AMBIENTAL S/A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, sociedade


regularmente constituída na forma da lei, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 03.147.393/0001-59,
com sede na Rua do Rocio, nº 220, 2ª Andar; Conjunto 22, Edifício Atrium, Vila Olimpia, cidade
de São Paulo/SP, CEP 04.552-903,, por seu advogado infra-assinado, com escritório na
cidade de Vinhedo, Av. dos Imigrantes, 570 – Jardim Junco, CEP 13289-130 e ESTRE SPI
AMBIENTAL S/A, em recuperação judicial, sociedade regularmente constituída na forma
da lei, inscrita no CNPJ/MF sob o nº. 10.541.089/0001-57, com sede na Avenida Thomaz
Alberto Whately, 5005 – Anexo X, Jóquei Clube, cidade de Ribeirão Preto, Estado de São
Paulo, por seu advogado infra-assinado (instrumento de procuração protocolados), que
receberá as notificações/intimações na Cidade de Vinhedo - São Paulo, na Avenida Dos
Imigrantes Nº. 570, Jardim Itália, CEP 13.289-130, e-mail: advocacia@geaadv.com.br; nos
autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA promovida por RODRIGO LUIS BUENO, já
qualificado na inicial, vem, respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fulcro no
artigo 847 da Consolidação das Leis do Trabalho apresentar sua CONTESTAÇÃO, pelos
motivos de fato e de direito a seguir expostos.

PRELIMINARMENTE

I - DA CORRETA DENOMINAÇÃO E ENDEREÇO DA RECLAMADA

Conforme verifica-se dos documentos anexos, o reclamante, quando da sua


demissão, prestava serviços para a Estre SPI Ambiental S/A em recuperação judicial, motivo
pelo qual, requer-se a, junto ao distribuidor, a retificação do seu nome e endereço, em
conformidade com o constante no introito acima da presente peça, para todos os fins e efeitos
de direito.

II - DO PROTOCOLO DA DEFESA EM CARÁTER DE SIGILO

De maneira preliminar, destaca-se importante a observância do fato de que os


procedimentos trazidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas não se alteraram com
informatização dos processos. Desta maneira, ainda que apresentada antecipadamente, a
parte adversa apenas pode ter ciência da contestação quando da audiência.

Nesta linha de pensamento que encontramos em alguns momentos, infelizmente,


patronos/reclamantes que atuando de má-fé, se ausentam de comparecer na primeira
audiência do processo precisamente para terem ciência do conteúdo constante na peça de
defesa, objetivando certa posição de vantagem processual indevida. Além de tal conduta se
revelar injusta e atentar contra os princípios constantes do direito processual, altera
violentamente a distribuição do encargo probatório das partes, afrontando o próprio artigo 847
da CLT.

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Sendo assim, a Reclamada protocola a presente contestação de forma sigilosa,


exatamente para evitar a situação acima descrita, mantendo o devido sigilo até o momento
oportuno.

III – DAS INFORMAÇÕES SOBRE A RECLAMADA

Apenas por cautela, ressalta a reclamadas que seu correto endereço é o


informado na qualificação acima.

Ainda, informa a reclamada que se encontra em recuperação judicial, processo nº


1066730-69.2020.8.26.0100, em trâmite perante a 1ª Vara de Falências e Recuperações
Judiciais - Foro Central Cível:

O pedido está pautado no artigo 47º da Lei 11.101/2005 (Lei de Recuperação


Judicial e de Falência):

“A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da


situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.”

Assim, tendo a reclamada preenchido os requisitos legais para requerimento da


recuperação judicial, o pedido foi devidamente deferido conforme r. decisão:

“(...)
Os documentos juntados aos autos comprovam que a requerente
preencheu os requisitos legais para requerimento da recuperação
judicial, conforme art. 48 da Lei nº 11.101/05. A petição inicial foi
adequadamente instruída, nos exatos termos exigidos pelo art. 51 da
Lei nº 11.101/05. Em síntese, o pedido está em termos para ter o seu
processamento deferido, já que presentes os requisitos legais (artigos
47, 48 e 51 da Lei 11.101/2005), verificando-se a possibilidade de
superação da “crise econômico-financeira” das devedora.
Assim, pelo exposto, nos termos do art. 52 da Lei 11.101/2005,
DEFIRO o processamento da recuperação judicial das empresas
ESTRE AMBIENTAL S.A., CNPJ n° 03.147.393/0001-59, GEO
VISION SOLUÇÕES AMBIENTAIS E ENERGIA S.A., CNPJ nº
08.303.561/0001-71, NGA - NÚCLEO DE GERENCIAMENTO
AMBIENTAL LTDA., CNPJ/ME nº 09.325.263/0001-45, CAVO

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SERVIÇOS E SANEAMENTO S.A., CNPJ n° 01.030.942/0001-85,


ESTRE SPI AMBIENTAL S.A., CNPJ nº 10.541.089/0001-57, NGA
JARDINÓPOLIS - NÚCLEO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL
LTDA., CNPJ nº 10.556.415/0001-08, NGA RIBEIRÃO
PRETONÚCLEO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL LTDA., CNPJ
nº 10.536.788/0001-09, OXIL MANUFATURA REVERSA E
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS LTDA., CNPJ nº
03.506.999/0001-33, CGR GUATAPARÁ - CENTRO DE
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS LTDA., CNPJ nº
08.463.831/0001-01, V2 AMBIENTAL SPE S.A., CNPJ nº
10.826.008/0001-65, CTR ITABORAÍ - CENTRO DE TRATAMENTO
DE RESÍDUOS DE ITABORAÍ LTDA., CNPJ n° 09.014.794/0001-17,
AMBIENTAL SUL BRASIL - CENTRAL REGIONAL DE
TRATAMENTO DE RESÍDUOS LTDA., CNPJ nº 08.738.827/0001-09,
CGR - CENTRO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS FEIRA DE
SANTANA S.A., CNPJ nº 18.854.317/0001-50, RESICONTROL
SOLUÇÕES AMBIENTAIS
S.A., CNPJ nº 00.957.744/0001-07, VIVA AMBIENTAL E SERVIÇOS
S.A., CNPJ nº 05.566.002/0001-66, RECICLAX - RECICLAGEM DE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL LTDA., CNPJ nº
09.612.814/0001-51, SPE SOMA - SOLUÇÕES EM MEIO AMBIENTE
LTDA., CNPJ nº 14.758.018/0001-61, ESTRE ENERGIA NEWCO
PARTICIPAÇÕES S.A., CNPJ nº 36.116.429/0001-96, PIRATININGA
ENERGIA E PARTICIPAÇÕES LTDA., CNPJ nº 17.692.873/0001-05,
; SPE PAULÍNIA ENERGIA LTDA., CNPJ nº 17.690.151/0001-11.
(...)
3) Determino, nos termos do art. 52, III, da Lei 11.101/2005, “a
suspensão de todas as ações ou execuções contra os
devedores”, na forma do art. 6º da LRF, devendo permanecer “os
respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações
previstas nos §§ 1º, 2º e 7º do art. 6º dessa Lei e as relativas a créditos
excetuados na forma dos §§ 3º e 4º do art. 49 dessa mesma Lei”,
providenciando a devedora as comunicações competentes (art. 52, §
3º).
(...)”.

Em conseguinte, conforme decisão anexa, o juízo da


recuperação judicial manteve a suspensão das ações e execuções, em caráter excepcion
al, além do prazo de 180 dias previsto no art. 6º, parágrafo 4º, da
Lei nº 11.101/2005, até o término da AGC ou pelo prazo máximo de 180 dias (o que ocorrer
primeiro):

“No caso dos autos, verifica-se que a recuperanda tem cumprido com
seus ônus e obrigações processuais.
Não conceder a extensão da proteção decorrente do stay period seri
a contraproducente ao instituto da recuperação
judicial e ao próprio interesse das partes que já irão deliberar sobre o
PRJ em data próxima. Para tanto, necessário se faz a prorrogação da
proteção legal, para que o ambiente de negociação não seja
perturbado com eventuais medidas deflagradas contra
a recuperanda.
Posto isso, mantenho a suspensão das ações e execuções, em
caráter excepcional, além do prazo de 180 dias previsto no art.

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6o, parágrafo 4o., da Lei


n. 11.101/2005, até o término da AGC ou pelo prazo máximo de 1
80 dias, aquilo que ocorrer primeiro.”

Temos ainda que o deferimento do pedido de recuperação demonstra de forma


clara e precisa, que foram atendidos todos os requisitos previstos em Lei.

Assim, ressalta a ora contestante que se encontra em recuperação judicial.

IV - DA LEI APLICÁVEL

A presente reclamatória foi distribuída, bem como terá a primeira audiência,


quando já está em plena vigência a Lei nº 13.467/17, assim, a reclamada requer que todos os
pedidos e aspectos processuais sejam analisados com base no novo texto de lei.

De tal modo, deverá ser aplicável a lei vigente na época da apreciação dos
pedidos, pois, não há direito adquirido, se a alegação suscitada depende de provas a serem
produzidas nos autos.

Neste aspecto, a Lei de Introdução as normas de direito brasileiro, dispõe no artigo


6º abaixo transcrito:

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato


jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente
ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que
já não caiba recurso.

Ademais, conforme Parecer nº 00248/2018/CONJUR-MTB/CGU/AGU, realizado


pelo Ministério do Trabalho aprovado e publicado pela AGU em 15/05/2018, temos que as
alterações da Reforma Trabalhista terão aplicação imediata.

III - CONCLUSÃO
Pelo exposto, entende-se que mesmo a perda de eficácia do artigo 2º
da MP 808/2017, a qual estabelecia de forma explícita, apenas a título
de esclarecimento, a aplicabilidade imediata da Lei 13.467/2017 a
todos os contratos de trabalho vigentes, não modifica o fato de
que esta referida lei é aplicável de forma geral, abrangente e
imediata a todos os contratos de trabalho regidos pela CLT
(Decreto-lei nº 5.542, de 1º de maio de 1943), inclusive, portanto,
àqueles iniciados antes da vigência da referida lei e que
continuaram em vigor após 11/11/2017, quando passou a ser
aplicável a Lei 13.467/2017.
Brasília, 14 de maio de 2018.
RICARDO LEITE

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Procurador Federal
Consultor Jurídico
Fonte: http://trabalho.gov.br/images/Imagens/Noticias/MAIO-
2018/despacho-de-14-de-maio-2018-diario-oficial-da-uniaao-
imprensa-nacional.pdf

Desta forma, os fatos eventualmente reconhecidos em juízo após a vigência do


texto da reforma trabalhista devem observar os ditames da Lei nº 13.467/17. Além do mais,
a análise do preenchimento dos requisitos para o benefício da justiça gratuita e
pagamento dos honorários sucumbenciais deverá observar os preceitos atuais na
época da apreciação do pedido.

V - DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Inicialmente, requer a reclamada a condenação do reclamante ao pagamento de


litigância de má-fé, conforme expõe a seguir.

Informa a reclamada, que restará cabalmente comprovado que o autor, de forma


desleal e sem se preocupar com as consequências dos seus atos, entendeu por bem
apresentar uma inicial totalmente desprovida de verdade, buscando com isso ludibriar esse
juízo e com isso angariar valores que sabe muito bem não ser devido.

Resta totalmente comprovada a má-fé do obreiro, no sentido de que, mesmo tendo


ciência que a sua dispensa não foi por motivo imotivado, entendeu por bem pleitear a
expedição de alvará para levantamento do seu FGTS.

Nesse sentido, conforme restará demonstrada na presente ação, o reclamante foi


dispensado por justa causa, sendo que antes mesmo da distribuição da presente ação, tinha
ciência da causa da sua dispensada e da impossibilidade de levantamento de valores do
FGTS.

Todavia, e zombando do Judiciário e das partes envolvidas, entendeu por bem o


reclamante por apresentar uma narrativa totalmente fora da realidade do contrato de trabalho
em sua exordial, sendo certo que esse MM. Juízo, acreditando na farsa apresentada,
entendeu por bem deferir o pedido de expedição de alvará para levantamento do FGTS,
quando na verdade, a dispensa foi efetivada por justa causa.

Tem-se, de forma clara, que o reclamante feriu integralmente a norma contida nos
artigos 79 à 81, do Diploma Processual Civil:

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé
como autor, réu ou interveniente.

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou


fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

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V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do


processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante


de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e
inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a
parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os
honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz


condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na
causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a
parte contrária.
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa
poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja
possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo
procedimento comum, nos próprios autos.

Assim, ante a clara litigância de má-fé do autor, DEVERÁ SER CONDENADO, nos
termos do que dispõe os artigos 79,80 e 81 do Código de Processo Civil, ao pagamento de
multa em favor da ora reclamada, tendo em vista sua conduta extremamente imoral, a fim de
prejudicar a reclamada e atingir a finalidade da demanda.

VI - DA RESPONSABILIDADE DA 2ª RECLAMADA – DA ILEGITIMIDADE

O reclamante, ao propor a presente Reclamação Trabalhista, chamou para


constituir o seu polo passivo, além da ora contestante, também a “dona da obra” e segunda
reclamada, qual seja, Companhia Brasileira de Alumínio.

No entanto, a 2ª reclamada é parte ilegítima para figurar no polo passivo da


demanda, visto que não participou da relação contratual entre a ora reclamada e o reclamante.

Neste aspecto, necessário esclarecer que a Companhia Brasileira de Alumínio


não se qualifica como tomadora de serviços nos termos da súmula 331 do TST, ao contrário
do argumentado na inicial é tão somente dona da obra.

Corroborando com as assertivas da contestante, citamos o entendimento


sedimentado pela Orientação Jurisprudencial nº 191 do SBDI-1do C. TST:

Nº 191 DONO DA OBRA. RESPONSABILIDADE. Inserida em


08.11.00
Diante da inexistência de previsão legal, o contrato de empreitada
entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade
solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas
pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa
construtora ou incorporadora.

No mesmo sentido, citamos a jurisprudência abaixo:

EMENTA:

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DONO DA OBRA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA NÃO


CONFIGURADA. O entendimento contido na Súmula 331 do
C.TST, por não se tratar de quaisquer das hipóteses ali
ventiladas. Na qualidade de dona da obra, a recorrente não deve
ser responsabilizada pelas obrigações trabalhistas do
empreiteiro, porque não assume os riscos da atividade
econômica deste. Aplica-se à hipótese, portanto, o entendimento
da OJ nº 191 da SDI-I do C.TST.
TIPO: RECURSO ORDINÁRIO DATA DE JULGAMENTO:
15/12/2009 RELATOR(A): RICARDO ARTUR COSTA E
TRIGUEIROS REVISOR(A): IVANI CONTINI BRAMANTE
ACÓRDÃO Nº: 20100000317 PROCESSO Nº: 01235-2007-005-02-
00-4 ANO: 2009 TURMA: 4ª DATA DE PUBLICAÇÃO: 12/02/2010
EMENTA:
DONA DA OBRA - RESPONSABILIDADE - OJ 191, TST. A relação
jurídica existente entre o empreiteiro e o dono da obra é de
natureza eminentemente civil e a que se estabelece entre o
empreiteiro e seus empregados é regido pela legislação
trabalhista. O dono da obra não é empregador dos trabalhadores
que laboram para o empreiteiro e, em relação a estes não é titular
de nenhum direito ou obrigação de cunho trabalhista. Ademais, a
empresa que contrata outra empresa para executar serviços
específicos (exemplo o de reforma do estabelecimento) não
inseridos na sua atividade normal, atua na condição de dona da
obra, circunstância que exclui a aplicação do art.455 da CLT.
Também não há que se falar na aplicação da Súmula 331 do
C.TST, visto que não se trata de contratação de trabalhadores por
intermédio de empresa interposta, mas da contratação de um
determinado serviço, cuja a finalidade é o resultado da obra,
esgotando-se com a sua conclusão, característica que a
diferencia da terceirização. Nesse sentido é a OJ 191 do C.TST.

Pelo exposto, percebe-se que a co-demandada Companhia Brasileira de


Alumínio, como dona da obra, é parte ilegítima para constar do polo passiva da presente
Reclamação Trabalhista.

Ad argumentadum, a 1ª reclamada e ora contestante, como empresa ativa no


mercado e que gera inúmeros empregos tem ampla possibilidade de arcar com a eventual
condenação.

Por tudo quanto argumentado, a ora contestante requer que Vossa


Excelência se digne a decretar a extinção do processo sem julgamento do mérito, nos
termos do artigo 485 do Novo Estatuto processual Civil, com relação a Segunda
reclamada.

PREJUDICIAL DE MÉRITO
DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

A reclamada suscita em seu favor, a prescrição quinquenal, nos termos do artigo


7°, inciso XXIX, da Constituição Federal e artigo 11 do Estatuto Consolidado, declarando
prescritos eventuais direitos e interesses da reclamante anteriores a 05 (cinco) anos a contar
da data do ajuizamento da presente reclamatória.

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Considerando a data da propositura da ação 13/09/2022, os pedidos


anteriores a 13.09.2017, estão fulminados pela prescrição quinquenal.

A corroborar seguem transcritos os preceitos legais atinentes a prescrição


quinquenal:
Art. 11 - CLT - O direito de ação quanto a créditos resultantes das
relações de trabalho prescreve:
I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato;
Art. 7ª, inciso XXIX da CF - ação, quanto aos créditos resultantes
das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho;

Logo, pelos fatos e razões acima expostos, a prescrição deve ser considerada,
em razão do dever o juiz aplicar a lei, mormente quando se trata de matéria de ordem pública.

Dessa forma, deverá ser aplicada aos pedidos elencados na presente ação, a
prescrição quinquenal.

NO MÉRITO

Alega o reclamante, em síntese, que foi contratado pela reclamada em 04.08.2014


para exercer as atividades de ajudante de serviços operacionais, sendo promovido em
01/03/2020 à função de auxiliar administrativo.

Informar ainda que apesar de registrado como auxiliar administrativo, em julho de


2021 passou a exercer a função de técnico de segurança do trabalho, sendo dispensado em
18/07/2022, com aviso trabalhado até 09/08/2022.

Pleiteia o pagamento de diferenças salariais e de adicional de periculosidade, bem


como, das verbas rescisórias em razão da dispensa imotivada, além de honorários
advocatícios, benefícios da justiça gratuita e demais pedidos conforme exordial.

Contudo, todos os pedidos constantes da presente demanda deverão ser julgados


IMPROCEDENTES, conforme restará demonstrado.

DADOS FUNCIONAIS:

Admissão : 04.08.2014
Data Afastamento : 08.09.2022 (justa causa)
Função : admissão até 28/02/2020 - Ajudante de Serviços Gerais;
01/03/2020 à 30/06/2022 – Auxiliar administrativo;
01/07/2022 à demissão – Técnico de Segurança do Trabalho

DOS DOCUMENTOS DA INICIAL

Impugna a reclamada os documentos juntados com a exordial, posto que não se


prestam ao fim que pretende o reclamante, pelo que deverão ser totalmente desconsiderados
como meio de prova.

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Ainda, há que se ressaltar que o autor apenas junta documentos que comprovam
o vínculo havido com a reclamada, mas não comprova nenhum dos fatos expostos na exordial.

Especificamente em relação ao aviso prévio (id 33ec733) e exame demissional (id


b09c53a), temos que esses deverão ser desconsiderados, eis que não retratam a realidade
do contrato de trabalho firmado entre as partes.

Nesse sentido, temos que o aviso prévio emitido foi cancelado, sendo certo,
inclusive, que conforme restará demonstrado nas linhas abaixo, o reclamante, utilizando-se
de má-fé, omitiu desse MM. Juízo a invalidade dos documentos.

Em relação ao e-mail juntado pelo reclamante (id a400116) às fls. 20, resta a
reclamada impugná-lo, eis que somente relata, mais uma vez, a má-fé do autor, eis que,
mesmo ciente que não havia rescisão contratual, entendeu por encaminhar a mensagem, com
o único intuito de demonstrar uma situação que jamais existiu.

Continuando, no que tange ao diploma expedido pelo Senac (id 2b7fd97), temos
que esse apenas demonstra que o reclamante terminou o curso, não comprovando, em
nenhum momento que havia a prestação de serviços, antes de 01/07/2022, para a função de
técnico de segurança do trabalho, ficando, portanto, impugnado.

Restam impugnados ainda os documentos de id f6fa772, 8b86869, 9d111e2 e


6271aa5, eis que não retratam qualquer atividade diversa da efetivamente realizada pelo
reclamante, devendo ser desconsiderado como elemento de prova.

No que tange a norma coletiva, temos que ficam impugnadas as que não tenham
ligação com a atividade preponderante da reclamada, ou seja, a limpeza urbana, motivo pelo
qual, tem-se que deverão ser desconsideradas as normas de outros sindicatos, notadamente
as que se referem aos técnicos de segurança.

Por fim, em relação aos demais documentos, temos que não se prestam ao fim
colimado pelo obreiro, devendo, por esse motivo, ser desentranhado dos autos.

DO ÔNUS DA PROVA

Na distribuição do ônus da prova, compete o reclamante comprovar a ocorrência


do fato constitutivo do seu direito, na forma dos artigos 818 da CLT e 373, inciso I, do Código
de Processo Civil, consistente, in casu, na conduta atribuída ao empregador, senão vejamos:

Art. 818. O ônus da prova incumbe:


I – ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II – ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo,


modificativo ou extintivo do direito do reclamante.
(Nova redação pela Lei 13.417/2017)

Artigo 373 CPC. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

Depreende dos dispositivos legais supra citados que competia o reclamante a


prova de todas as alegações declinadas na exordial.

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Assim, por todo o exposto, cabe o reclamante fazer prova de suas alegações, pelo
que se requer desde já a observância dos referidos dispositivos legais.

DA REALIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO E DA RESCISÃO CONTRATUAL

Conforme infere-se dos autos, informa o reclamante que:

Todavia, tal assertiva não corresponde com a verdade, conforme abaixo


demonstra-se abaixo.

Inicialmente, cabe destacar que o aviso prévio juntado pelo reclamante com a
exordial, datado de 18/07/2022, não tem validade jurídica, na medida em que foi cancelado,
sendo mantido o contrato de trabalho.

Nesse sentido, temos que o aviso prévio realmente foi emitido, todavia, devido a
um acordo entre as partes, houve o seu cancelamento, tendo em vista que após uma proposta
feita pela reclamada, o reclamante foi promovido ao cargo de técnico de segurança do
trabalho, passando a laborar, então, na cidade de Ribeirão Preto/SP.

Prova das assertivas feitas pela reclamada, fazemos com os documentos


anexados à presente peça defensiva, a começar, pela candidatura do reclamante a uma vaga
para o exercício da função de técnico de segurança do trabalho, conforme abaixo:

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Nesse sentido, temos que o reclamante se candidatou a vaga de técnico de


segurança, sendo que após o processo seletivo realizado, foi aprovado para o exercício da
função, que seria desempenhada na cidade de Ribeirão Preto/SP.

Após aprovado para a nova colocação profissional dentro da empresa, o


reclamante trocou diversas mensagens com os gestores da área, sendo que, em várias
dessas conversas, comprova-se que não havia nenhum problema no procedimento adotado
pela reclamada, não sendo relatado, em momento algum, a existência de aviso prévio.

Portanto, em razão da nova função que seria desempenhada, e por acordo entre
as partes, o aviso prévio trabalhado, anteriormente assinado, foi cancelado de forma tácita,
inclusive porque após a aprovação para a nova função, foram tomadas todas as providências
para o início da atividade, que, repita-se, seria realizada em Ribeirão Preto/SP.

Prova das alegações da reclamada, fazemos com os prints abaixo:

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Ora, por qual motivo a reclamada alteraria a função, com um aumento salarial de
quase 100% (cem por cento), providenciaria reservas em hotel para um funcionário que estava
no aviso prévio?

Foge inclusive a razoabilidade, eis que, de acordo com as provas produzidas até
aqui, verificamos que o reclamante falta com a verdade com a presente ação, com o único
intuito de angariar valores que sabe muito bem não serem devidos.

Continuando, e demonstrando a boa-fé da empresa em seus procedimentos, a


reclamada cita alguns trechos de conversas realizadas entre o reclamante e o Gestor da Area
de Ribeirão Preto, unidade onde passaria a prestar serviços:

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Ou seja, o reclamante estava muito feliz com a nova colocação na empresa, tendo
manifestado, em diversas oportunidades, através de contato com seus colegas de trabalho, a
continuidade no trabalho.

Todavia, não obstante o entusiasmo inicial, o reclamante laborou por poucos dias
em sua nova função na cidade de Ribeirão Preto, sendo que abandonou suas atividades, sem
dar qualquer satisfação ao empregador.

Em relação a esse ponto, é digno de nota que reclamante, à partir do dia


08/08/2022, entendeu por bem não retornar as suas atividades, bem como, por não dar
nenhuma justificativa para as faltas recorrentes.

A reclamada tentou, de todas as formas, entrar em contato com o reclamante,


todavia, não obteve sucesso.

Dentre as formas de contato, foram enviados vários telegramas para a residência


do reclamante, conforme verifica-se dos documentos juntados com a presente defesa e que
citamos abaixo:

A) Telegrama enviado em 18/08/2022 e recebido em 19/08/2022:

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B) Telegrama enviado em 22/08/2022 e recebido em 23/08/2022:

C) Telegrama enviado em 29/08/2022 e recebido em 30/08/2022:

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Ou seja, da análise dos telegramas enviados, verificamos, sem sombra de


dúvidas, que o contrato de trabalho do reclamante estava ativo, demonstrando assim que o
aviso prévio anteriormente emitido, foi efetivamente cancelado.

Dando sequência e em razão da ausência de retorno do reclamante ao trabalho


ou a apresentação de justificativa para as ausências, a reclamada, com amparo da Lei,
entendeu por bem dispensar o reclamante por justa causa, sendo que, mais uma vez, foi
enviado o telegrama dando ciência da decisão:

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Assim, após todos os trâmites legais, outra alternativa não restou a reclamada, se
não a dispensa por justa causa em 08/09/2022, tendo realizado o pagamento dos valores
devidos pela rescisão em 16/09/2022, através de depósito na conta corrente do reclamante,
conforme comprovado pelo recibo de pagamento anexo.

Portanto, após os esclarecimentos acima, verificamos que a presente ação é uma


afronta ao judiciário e a boa fé que deve ser seguida em uma demanda judicial.

O reclamante, aproveitando-se de um aviso prévio cancelado, ingressou com uma


reclamação trabalhista, pleiteando verbas que sabe muito bem não serem devidas.

A reclamada, em nenhum momento, prejudicou o reclamante em seus direitos,


muito pelo contrário, pois, conforme demonstrado, além da promoção, com um aumento
salarial de quase 100%, aguardou durante vários dias que houvesse o retorno ao trabalho, o
que, de fato, jamais ocorreu.

Não podemos deixar de mencionar que todo o procedimento do reclamante na


presente ação foi de caso pensado, com o único intuito de ludibriar esse Juízo e com isso
receber valores que sabe muito bem não serem devidos.

Nesse sentido, temos que o reclamante foi comunicado de sua dispensa por justa
causa em 08/09/2022, conforme telegrama juntado aos autos, sendo que, a presente ação
somente foi distribuída em 13/09/2022, ou seja, após ter conhecimento da rescisão contratual.

Todavia, não obstante ter ciência da justa causa, ingressou com uma ação
desprovida de verdade, com uma narrativa totalmente fora da realidade, situação essa que
levou a esse MM. Juízo, acreditando na boa fé obreira, por deferir o pedido de tutela
antecipada, com a possibilidade de levantamento do FGTS.

Ou seja, mesmo ciente da ilegalidade do procedimento adotado, o reclamante


manteve a sua linha de pensamento, apresentando uma narrativa fora da realidade ao
judiciária, situação essa que deverá ser penalizada de forma robusta por esse MM. Juízo, sob
pena de assim não o sendo, restar configurado que a nossa Justiça permite aventuras
jurídicas.

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Tem-se no presente caso um ato atentatório a dignidade da justiça, eis que o


reclamante expos, de forma dolosa, fatos destituídos de veracidade no que tange a sua
demissão, faltando com a boa-fé que deveria reger todos os atos das partes envolvidas em
um processo.

O reclamante conseguiu, através da narrativa da sua exordial, movimentar sua


conta junto ao FGTS, eis que esse MM. Juízo deferiu o pedido de tutela antecipada, o que
não ocorreria, caso a verdade estivesse relatada na peça de ingresso.

Importante deixar claro que não estamos aqui, em nenhum momento, duvidando
da correção dos atos praticados por esse MM. Juízo, muito pelo contrário, pois o que se vê é
que esse N. Julgador foi ludibriado pela narrativa absurda e fora da realidade apresentada
pelo reclamante.

Portanto, após todos os argumentos tecidos, verificamos que o reclamante não foi
dispensado sem justa causa, que o aviso prévio datado de 18/07/2022 foi cancelado, assim
como, o pedido de realização de exame médico, que foi indevidamente realizado pelo obreiro.

Ademais, a única verdade que existe em relação a rescisão contratual é a de que


ocorreu por justa causa, em 08/09/2022, após a reclamada ter tentado, de várias formas, que
o reclamante retornasse as suas atividades, ou ao menos, justificasse a sua ausência.

Nesse sentido ainda, a reclamada, ciente das suas obrigações legais, realizou o
pagamento das verbas rescisórias no prazo estabelecido no artigo 477 da CLT, conforme faz
prova o comprovante de pagamento juntado com a presente defesa.

Assim, ficam impugnados os pedidos de pagamento das verbas citadas abaixo,


eis que a rescisão foi por justo motivo, conforme exaustivamente comprovado.

a) Saldo salarial (09/08/2022);


b) Aviso prévio indenizado;
c) Férias integral e vencidas do período 04/08/2021 a 03/08/2022 +1/3;
d) 13º proporcional e indenizado 2022 (8/12);
e) Liberação do saldo do FGTS da conta vinculada;
f) Multa de 40% do FGTS
g) Multa do artigo 477, § 8º CLT;
h) Baixa em CTPS;
i) Multa do artigo 467 CLT;
j) Indenização pelo seguro-desemprego.

Não podemos deixar de mencionar ainda que as verbas rescisórias, em


decorrência da rescisão por justa causa, foram pagas de acordo com o TRCT, não havendo
que se falar em diferenças.

Portanto, em razão das provas produzidas nos autos, verifica-se de forma clara e
precisa, que o reclamante não foi prejudicado em seus direitos, notadamente porque todas as
verbas devidas foram corretamente pagas, motivo pelo qual, a teor do disposto no artigo 818
da CLT, caberá ao obreiro comprovar suas infundadas e levianas alegações.

Ad Cautelam, em caso de condenação da reclamada, o que se admite apenas por


amor ao debate, requer que qualquer obrigação de fazer, qual seja anotação na CTPS do
autor, seja realizada após o trânsito em julgado do presente feito, com intimação da reclamada

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para anotação, e sem aplicação de penalidade, eis que a reclamada não se nega a realizar
qualquer procedimento que este MM Juízo determinar.

Ainda, deverão ser compensados todos os valores pagos sob o mesmo título, sob
pena de enriquecimento ilícito do obreiro, figura essa totalmente vetada por nosso
ordenamento jurídico pátrio.

DA DIFERENÇA SALARIAL

Continuando em seus infundados e absurdos reclamos, pleiteia o reclamante o


pagamento de diferenças salariais, sob o argumento de que exercia a função de técnico de
segurança do trabalho desde julho de 2021.

No entanto, mais uma vez, razão não assiste ao autor.

Inicialmente, cabe a reclamada somente impugnar a alegação do reclamante, no


sentido de que “em julho de 2021 passou a exercer a função de Técnico de Segurança do
Trabalho, porém apenas teve sua situação regularizada em CTPS em 01/07/2022”, eis que
não corresponde com a verdade.

Nesse sentido, conforme já exposto na presente peça defensiva, o reclamante


passou à exercer as funções de técnico de segurança somente em 01/07/2022, sendo certo
que anteriormente a essa data, laborava como assistente administrativo.

Importante destacar que a má-fé do reclamante no presente processo é gritante,


eis que, mesmo ciente que não tem direito a verbas, insiste em pleiteá-las, buscando com
isso tão somente enriquecer ilicitamente.

De acordo com a ficha de registro, bem como, os demais documentos referentes


ao contrato de trabalho, o reclamante, antes da alteração contratual realizada pela reclamada,
não exerceu a atividade de técnico de segurança do trabalho, cabendo ao obreiro, a teor do
disposto no artigo 818 da CLT, comprovar suas infundadas e levianas alegações.

Em relação a esse ponto, devemos deixar claro que enquanto assistente


administrativo, o obreiro realizava somente atividades inerentes a função, não desviando ou
cumulando qualquer outra.

Devemos salientar também, conforme já exposto na presente peça defensiva, que


somente em julho/2022 foi aberta uma vaga para a função de técnico de segurança do
trabalho na reclamada, sendo que o reclamante, conforme documento anexo, candidatou-se
ao cargo.

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Portanto, se a vaga para técnico de segurança somente foi disponibilizada em


julho/2022, como poderia o obreiro ter laborado na função desde julho/2021?

Ademais, se o reclamante já era técnico de segurança do trabalho, por qual motivo


candidatar-se-ia para preencher a nova vaga e em outra unidade?

Ainda, conforme documentos juntados com a presente defesa, tem-se que a vaga
para a função de técnico de segurança do trabalho, para qual o reclamante habilitou-se,
sequer era na unidade onde o obreiro laborava.

Não é demais mencionar que o reclamante, enquanto assistente administrativo,


sempre exerceu atividades relacionadas a função, não desviando ou exercendo qualquer
outra, devendo o obreiro, a teor do disposto no artigo 818 da CLT, comprovar suas alegações.

Em relação ao tema ainda, devemos acrescentar que se o reclamante exerceu


atividade de técnico de segurança do trabalho anteriormente à 01/07/2022, por que não juntou
nenhum documento comprovando? Qual foi a atividade que exerceu no período, como técnico
de segurança? Era responsável por qual atividade inerente a função de técnico de segurança?

E nem poderia ser diferente, eis que o reclamante, em hipótese alguma, exerceu
a função de técnico de segurança do trabalho anteriormente à 01/07/2022, demonstrando
assim, mais uma vez, a sua má-fé com a presente ação.

Aliás, seria impossível o reclamante exercer a função de técnico de segurança do


trabalho, uma vez que no período de labor existiam profissionais que a executavam.

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Além do exposto, temos que a CLT, mais precisamente no artigo 456, parágrafo
único, prevê que:

Art. 456 - A prova do contrato individual do trabalho será feita


pelas anotações constantes da Carteira de Trabalho e
Previdência Social ou por instrumento escrito e suprida por todos
os meios permitidos em direito.

Parágrafo único - À falta de prova ou inexistindo cláusula


expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se
obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição
pessoal.

Nesse sentido, conforme verifica-se dos documentos apresentados aos autos pela
reclamada, o reclamante foi contratado para exercer a função de ajudante de serviços
operacionais, passando em 01/03/2020 a auxiliar administrativo e por último, em 01/07/2022,
a função de técnico de segurança do trabalho, sendo que jamais exerceu qualquer atividade
distinta.

Desta forma, não há que se falar em pagamento de diferenças salariais, nos


moldes pleiteados pelo autor, eis que não comprovou que exerceu a função de técnico de
segurança do trabalho anteriormente a 01/07/2022.

Não obstante, pelas atividades exercidas pelo reclamante ao longo do seu


contrato de trabalho, NÃO CABERIA enquadramento ao cargo citado.

Nesse sentido ainda, temos que a reclamada possuía uma equipe de profissionais
qualificados, cada qual com sua função pré-determinada, sendo certo, inclusive, conforme
restará demonstrado em audiência de instrução, havia funcionário para realizar a função de
técnico de segurança do trabalho no período anterior.

Destarte, além de todo o quanto exposto e dos documentos juntados, restará


comprovado por meio de testemunhas e em audiência, que o reclamante não tem direito as
verbas pleiteadas.

No mais, conforme se aufere da jurisprudência atual, entende também essa


reclamada que o reclamante laborou dentro das especificações do seu contrato individual de
trabalho, e pela denominação das atividades da empresa, praticava todo serviço apto e na
qual era capaz e pertinente, para realizá-lo.

Assim, certamente apenas exercia funções pertinentes as suas atividades


rotineiras e da sua função e nunca houve “desvio” de função que tenta sustentar de forma
indevida.

Se isso não bastasse, ficam IMPUGNADAS as assertivas do autor, vez que não
correspondem com a verdade, devendo comprovar suas assertivas a teor do disposto no
artigo 818 da CLT.

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Dessa forma, o reclamante em nenhum momento exerceu atividades diferentes


daquelas atinentes para qual foi contratado, descabendo a absurda tentativa do autor de
aplicar nova roupagem ao seu cargo com o objetivo de angariar vantagens indevidas, não
encontrando nenhum amparo legal os pleitos do reclamante.

Ademais, ressalte-se, os pedidos, nos moldes em que foram formulados, carece


de embasamento legal ou jurisprudencial, eis que não há previsão legal para o pedido com
base no artigo 460 da CLT.

Desta forma, afigura-se impossível de deferimento do pedido, por absoluta


ausência de suporte legal ou jurisprudencial, ou mesmo por além de não ter exercido nenhuma
outra função, além da contratada, fatos esses que levam ao sepultamento jurídico da
pretensão e consequente improcedência do pedido de desvio de função.

Isto posto, de qualquer ângulo que se observe, vê-se que o pedido do reclamante
de desvio de função e seus reflexos, são improcedentes, descabendo, portanto, o pedido
constante na exordial.

Ainda, não sendo devida a verba principal, ou seja, a diferença salarial, improcede
tambem o pedido de diferenças de adicional de periculosidade, bem como, integração em
DSR, feriados, férias +1/3, 13º salário e FGTS +40%, eis que em nosso ordenamento jurídico
o acessório segue a sorte do principal.

DA ANOTAÇÃO NA CTPS

Em razão do pleito de reconhecimento de diferenças salariais, o reclamante requer


as respectivas anotações em CTPS.

No entanto, razão não assiste ao reclamante.

A função do autor sempre foi condizente com suas anotações em CTPS, de forma
que todos os valores sempre foram corretamente pagos ao obreiro. Portanto, improcede o
pedido de anotação em CTPS. Assim, tem-se que ao contrário das alegações fantasiosas do
reclamante, este, antes de 01/07/2022, não exerceu a função de técnico de segurança.

Portanto, em razão das provas produzidas nos autos, verifica-se de forma clara e
precisa, que o reclamante jamais exerceu qualquer outra função, senão aquelas para a qual
fora contratado, conforme faz prova a farta documentação juntada aos autos, motivo pelo qual,
a teor do disposto no artigo 818 da CLT, caberá ao obreiro comprovar suas infundadas e
levianas alegações.

Ad Cautelam, em caso de condenação da reclamada, o que se admite apenas por


amor ao debate, requer que qualquer obrigação de fazer, dentre elas a anotação em CTPS,
seja realizada após o trânsito em julgado do presente feito, com intimação da reclamada para
anotação, e sem aplicação de penalidade, eis que a empresa não se nega a realizar qualquer
procedimento que este MM Juízo determinar.

DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT

Pleiteia o reclamante o recebimento da multa prevista no artigo 477 da CLT.


Porém, o pedido em questão deverá ser julgado, de imediato, IMPROCEDENTE.

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Conforme se verifica pelos documentos anexos aos autos, o reclamante recebeu


corretamente as verbas rescisórias dentro do prazo legal, não havendo que se falar em
aplicação da multa do artigo 477 da CLT.

O reclamante foi comunicado da dispensa por justa causa e sem cumprimento do


aviso prévio em 08.09.2022:

Assim, no dia 16.09.2022, ou seja, três dias após o comunicado da dispensa, a


reclamada realizou o pagamento das verbas rescisórias devidas, portanto, tempestivamente:

Ainda, caso seja deferido alguma verba ao reclamante, ainda assim, não há que
se falar em incidência da multa prevista no artigo 477 da CLT.

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Neste sentido a jurisprudência:

2.2. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT: A reclamada não se conforma


com a condenação ao pagamento da MULTA do artigo 477 da CLT,
pois mesmo que o Tribunal mantenha a sentença na parte que
considerou revertido o motivo do desligamento, a multa prevista não
possui fundamento, pois as rescisórias não seriam devidas até o
transito em julgado da sentença, afastada a hipótese de incidência
prevista no dispositivo. Aprecio. Não há falar no cabimento da multa
prevista no parágrafo 8º do art. 477 da CLT, uma vez que restou
comprovado o pagamento tempestivo das parcelas resilitórias devidas
pela reclamada. Assim, as parcelas deferidas neste julgado não
podem ser consideradas para o fim de inadimplemento das parcelas
resilitórias, porquanto o crédito somente foi constituído na presente
decisão. Uma vez revertida a justa causa em decisão judicial não há
como se admitir que tenha a ré desrespeitado o prazo do artigo 477 §
6º, da CLT, uma vez que não procedeu ao pagamento das parcelas
rescisórias por entender que a parte autora cometeu falta grave
passível de dispensa motivada. Assim, dou provimento ao recurso da
reclamada para excluir da condenação o pagamento pela multa do art.
477 da CLT. Fonte:
http://gsa6.trt4.jus.br/search?q=cache:8O6mSrB1CUMJ:jbintra.tr
t4.jus.br:8080/pje_2grau_helper/jurisp%3Fo%3Dd%26c%3D2050
748%26v%3D4101496+inaplicabilidade+da+multa+do+artigo+477
+na+revers%C3%A3o+por+justa+causa+inmeta:DATA_DOCUME
NTO:2015-01-26..2016-01-
26++&client=jurisp&site=jurisp_sp&output=xml_no_dtd&proxyst
ylesheet=jurisp&ie=UTF-
8&lr=lang_pt&proxyreload=1&access=p&oe=UTF-8

EMENTA: Multas dos artigos 467 e 477 da CLT. Não cabimento.


Tratando-se de matérias controversas não há incidência das multas
em tela, pois até o momento da primeira audiência não estava
resolvido sobre o direito ou não aos debatidos valores. As regras
punitivas aplicam-se restritivamente. TIPO: RECURSO ORDINÁRIO;
DATA DE JULGAMENTO: 11/02/2014; RELATOR(A): ANA MARIA
CONTRUCCI; REVISOR(A): MERCIA TOMAZINHO; ACÓRDÃO
Nº: 20140099322 ;PROCESSO Nº: 00017759620105020041 A28;
ANO: 2013; TURMA: 3ª; DATA DE PUBLICAÇÃO: 19/02/2014;
PARTES: RECORRENTE(S): Euromobile Interiores Ltda.; Tatiana
Silva Giatti; Fonte:
http://www.trtsp.jus.br/geral/Consulta/Jurisprudencia/Ementas/0
20140099322.html

Posto isto, espera e requer a reclamada seja julgado IMPROCEDENTE o pedido


de recebimento dos consectários legais, bem como da multa do artigo 477 da CLT, posto que
conforme demonstrado, totalmente indevido.

Ad argumentandum, caso seja acolhido o pedido de reversão da justa causa, o


que não se espera e nem ao menos se admite, que não deverá haver a aplicação da
penalidade prevista no artigo 477 da CLT, tendo em vista que somente com o trânsito em
julgado da decisão será devida alguma verba.

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Assim, tendo a reclamada pago no prazo legal, não há que se falar em pagamento
de penalidade.

DO ARTIGO 467 DA CLT

Por decorrência, descabe, outrossim, a aplicação do disposto no artigo 467 do


Diploma Consolidado, tendo em vista que o acessório segue o mesmo destino do principal, e
pela expressa inexistência de verbas salariais incontroversas, até mesmo porque as verbas
rescisórias devidas foram devidamente quitadas pela empresa, no prazo legal, conforme se
comprova do incluso TRCT e comprovante de verbas rescisórias anexos com a defesa.

DO ENQUADRAMENTO SINDICAL

Na esteira dos infundados pedidos constantes na exordial, o autor pleiteia


benefícios previstos em Disposições Normativas diversas das aplicadas na reclamada,
resultando, logicamente, em um pedido indireto de enquadramento sindical na categoria dos
mencionados trabalhadores.

De saída, é inadmissível, por via de consequência, este pedido do reclamante.

Não poderia a reclamada responder por obrigações contratadas mediante CCT’s


ou acordos, conforme pretende o autor no caso em tela, celebradas por outro sindicato, que
não aquele pelo qual é representada, tendo em vista não ter participado da elaboração da
relação jurídica concernente.

Nesse sentido, a reclamada ressalta que, conforme bem se verifica pelos


documentos juntados com a inicial, a autor pretende o reajuste salarial com base em
Convenção Coletiva de Trabalho dos Técnicos de Segurança do Trabalho, documento este
que a reclamada não pactuou.

Sabe-se muito bem que o que determina o enquadramento sindical do empregado


é a atividade preponderante da empresa que é orientada pelo seu objeto social, exceção para
os profissionais liberais e categorias diferenciadas.

"O enquadramento sindical do empregado opera-se em função da


atividade preponderante da empresa, ressalvados, porém as
categorias diferenciadas e os profissionais liberais". (TRT-PR-RO
1185/83, Ac. 2335/83, de 11/10/83, Rel. George Christofis. No
mesmo sentido: TRT-PR-RO 1225/83, Ac. 2614/83, de 25/10/83,
Rel. George Christofis; TRT-PR-RO 925/83, Ac. 1607/83, de
05.07.83, Rel. George Christofis). Revista TRT - 9a. Reg. - vol. VIII,
Jul/Dez - pág. 147.

Em face disso, sendo o reclamante um empregado da reclamada, não aplicariam


ao seu contrato de trabalho o disposto nas normas coletivas acostadas aos autos, porque
ineficazes entre as partes aqui debatedoras, razão pela qual os pedidos articulados em face
das normas coletivas anexadas na exordial, deverão ser julgados improcedentes.

Por estas razões, ficam desde já impugnados quaisquer instrumentos normativos


juntados aos autos pelo reclamante, se não pertencentes ao sindicato representativo da ora
contestante, bem como todos os tópicos da exordial a benefícios atinentes a estas normas,
devendo tais pleitos serem julgados improcedentes por falta de amparo legal.

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Nesse sentido, a reclamada ressalta ainda o quanto disposto na Súmula 374 do


C. Tribunal Superior do Trabalho:

Súmula nº 374 - TST - Res. 129/2005 - DJ 20, 22 e 25.04.2005


- Conversão da Orientação Jurisprudencial nº 55 da SDI-1
Norma Coletiva - Categoria Diferenciada - Abrangência
Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem
o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em
instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão
de classe de sua categoria. (ex-OJ nº 55 - Inserida em 25.11.1996)

Nesse sentido já entendeu o E. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região:

TIPO: RECURSO ORDINÁRIO


DATA DE JULGAMENTO: 11/09/2014
RELATOR(A): BENEDITO VALENTINI
REVISOR(A): SONIA MARIA PRINCE FRANZINI
ACÓRDÃO Nº: 20140790831
PROCESSO Nº: 00976009620095020075
A20 ANO: 2014 TURMA: 12ª
DATA DE PUBLICAÇÃO: 19/09/2014
PARTES:
RECORRENTE(S):
Myrian Graciela Feingold
CEVEKOL S/A-IND E COM PROD. QUÍMICOS(MF)
RECORRIDO(S):
RARO CONSULTORIA E PARTICIPAÇÕES S.A.
Holding's Rosenberg S.A.
EMENTA:
RECURSO ORDINÁRIO. CATEGORIA PROFISSIONAL
DIFERENCIADA. APLICABILIDADE DAS NORMAS COLETIVAS
INDICADAS PELA AUTORA. SÚMULA Nº 374, DO C. TST. Nos
termos do entendimento consagrado na Súmula nº 374, do C. TST, o
empregado integrante de categoria profissional diferenciada não
tem direito às vantagens previstas em instrumento coletivo no
qual não houve representação de sua empregadora, hipótese esta
constatada nos autos. Por essa forma, não merece prosperar a
simplória tese recursal de que, pertencendo a autora à categoria
profissional diferenciada dos advogados, faz jus aos benefícios
previstos nas normas coletivas colacionadas aos autos,
independentemente de sua empregadora estar representada pelo
respectivo órgão de classe. Recurso da reclamante ao qual se nega
provimento, no particular. ARGUIÇÃO DE PRESCRIÇÃO TOTAL.
INTERRUPÇÃO DO PRAZO EM RELAÇÃO À DEVEDORA
SOLIDÁRIA. Ao contrário do que alega a 9ª reclamada, não há que
prevalecer a prejudicial de prescrição total invocada, já que a ora
recorrente foi indicada como responsável solidária pelos direitos
postulados na presente reclamação, pela formação de suposto grupo
econômico com as demais co-rés, o que, por si só, atrai a disposição
contida no artigo 204, parágrafo 1º, do Código Civil, segundo o qual "a
interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não
prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de
obrigações e direitos indivisíveis". Prejudicial afastada.

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http://aplicacoes1.trtsp.jus.br/vdoc/TrtApp.action?viewPdf=&id=24475
61

TIPO: RECURSO ORDINÁRIO


DATA DE JULGAMENTO: 26/08/2014
RELATOR(A): MARTA CASADEI MOMEZZO
REVISOR(A): SÔNIA MARIA FORSTER DO AMARAL
ACÓRDÃO Nº: 20140747383
PROCESSO Nº: 00026580820135020051
A28 ANO: 2014 TURMA: 10ª
DATA DE PUBLICAÇÃO: 04/09/2014
PARTES:
RECORRENTE(S):
Lilian Ganiko Brito
RECORRIDO(S):
Queiroz Galvão Desenvolvimento Imob LTDA
EMENTA:
"Nada obstante a função de arquiteta da reclamante inserir-se como
"profissional liberal" no quadro anexo do art. 577 da CLT, sendo-lhe,
em tese, aplicável as regras da categoria profissional diferenciada, nos
moldes do art. 511, § 3º, da CLT, máxime por força de seu estatuto
(Lei nº 4.950-A/66), na hipótese dos autos, incide o entendimento
cristalizado na Súmula 374, do C. TST. Isso porque o simples fato de
a reclamante ser integrante de categoria diferenciada não basta,
por si só, para vincular o seu empregador às obrigações previstas
em instrumento coletivo negociado por categorias profissionais
e econômicas diversas, do qual não participou, seja diretamente
ou mediante representação. E o que se verifica no caso concreto é
que a reclamada, vinculada SINDUSCON/SP, não participou do ajuste
resultante na norma coletiva cuja aplicação pretende a autora, razão
pela qual tem a sua relação de trabalho regida pela convenção coletiva
apontada pela ré (art. 511, caput, da CLT)."
http://aplicacoes1.trtsp.jus.br/vdoc/TrtApp.action?viewPdf=&id=23469
26

Desta forma, por não ter a reclamada participado de qualquer negociação coletiva
referente ao Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho, não é possível juridicamente,
que seja condenada ao pagamento de verbas previstas nesses documentos. Ora, como pode
a reclamada se compelida ao pagamento de verba, na qual não pactuou?

No mais, a ficha de registro demonstra qual é o Sindicato representativo da ora


reclamada, em observância aos ditames da lei, que define que o enquadramento sindical do
funcionário segue a atividade preponderante da empresa.

Nesse sentido, todos os recolhimentos feitos pela empresa referem-se sempre


aos Sindicatos representativos das categorias pertinentes às Convenções Coletivas anexas.

Destarte, a reclamada ressalta, novamente, que para a devida aplicação de uma


Norma Coletiva, há dependência com a atividade preponderante da empresa.

No que diz respeito às categorias diferenciadas, são passíveis em razão do


estatuto profissional dos trabalhadores, ou da condição de vida singular da categoria
profissional.

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Logo, mesmo que considerássemos o autor como categoria diferenciada, somente


haveria CCT (ou acordo) aplicável, se a entidade sindical que representa a empresa houvesse
pactuado a Instruções Coletivas com a categoria diferenciada, o que não é o caso do
presente feito.

Conforme é de ciência deste Nobre Juízo, a reclamada é empresa privada, de


coleta pública e varrição, sendo o Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de
São Paulo e Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação, Limpeza
Urbana, Ambiental, Áreas verdes públicas os responsáveis por qualquer transação que venha
abranger a reclamada ou seus funcionários, respectivamente.

Corroborando com esse entendimento, o Tribunal Superior do Trabalho já


manifestou entendimento de que a empresa não é obrigada a observar uma CCT onde a
entidade sindical que lhe representa não assinou com a categoria diferenciada, conforme a
citada Súmula 374.

Além disso, o empregador deve participar ativamente de sua categoria econômica


porque as decisões tomadas nas negociações coletivas geram obrigações para a empresa.
Nesse sentido, bem determina o artigo 511 da Consolidação da Leis Trabalhistas.

O enquadramento sindical está previsto neste artigo 511 da CLT, o qual determina
que toda a empresa que desempenha atividade econômica, deverá se enquadrar a uma
categoria correspondente.

Assim, o enquadramento sindicar NÃO DEPENDE DOS EMPREGADOS, MAS


SIM DA ATIVIDADE PREPONDERANTE DA EMPRESA.

Assim bem determina o artigo 581 da CLT:

Art. 581. Para os fins do item III do artigo anterior, as empresas


atribuirão parte do respectivo capital às suas sucursais, filiais ou
agências, desde que localizadas fora da base territorial da
entidade sindical representativa da atividade econômica do
estabelecimento principal, na proporção das correspondentes
operações econômicas, fazendo a devida comunicação às
Delegacias Regionais do Trabalho, conforme localidade da sede
da empresa, sucursais, filiais ou agências.

§ 1º Quando a empresa realizar diversas atividades econômicas,


sem que nenhuma delas seja preponderante, cada uma dessas
atividades será incorporada à respectiva categoria econômica,
sendo a contribuição sindical devida à entidade sindical
representativa da mesma categoria, procedendo-se, em relação
às correspondentes sucursais, agências ou filiais, na forma do
presente artigo.

§ 2º Entende-se por atividade preponderante a que caracterizar a


unidade de produto, operação ou objetivo final, para cuja
obtenção todas as demais atividades convirjam, exclusivamente
em regime de conexão funcional.

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Assim, não há que se falar em aplicação da norma coletiva referente ao técnico


de segurança do trabalho, eis que não se aplica a contestante.

Ad argumentandum, em sendo deferido o pedido de diferenças salariais pleiteado


pelo reclamante, deverá ser utilizada a norma coletiva referente aos funcionários da
reclamada e não a juntada pelo reclamante, sob pena ilegalidade, bem como, que as
determinações no Instrumento Coletivo juntados pelo autor deverão limitar-se ao seu período
de vigência.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS/SUCUMBENCIAIS

Os honorários advocatícios são devidos apenas em caso de sucumbência, sendo


improcedente os pedidos, improcede também os honorários advocatícios pretendidos.

Ad argumentandum, a considerar que a partir da entrada em vigor da Lei 13.467


de julho de 2017, por força do parágrafo 3º, do artigo 791 A da Consolidação das Leis do
Trabalho, será atribuída ao empregado a responsabilidade pelo pagamento de honorários
advocatícios sucumbenciais, data vênia, requer a ora reclamada, em caso de improcedência
dos pedidos do reclamante, a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios
sucumbenciais.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Improcede ainda e finalmente o requerimento de Justiça Gratuita, formulado pelo


reclamante, por não preenchidos os requisitos insertos na legislação reguladora.

Isto porque, para a concessão do benefício em questão, necessário que sejam


preenchidos todos os requisitos necessários, cuja previsão encontra respaldo na lei.

Nesse sentido, temos que a concessão da justiça gratuita é um beneficio para os


trabalhadores que recebem até 40% do benefício máximo pago pelo INSS, conforme previsto
no artigo 790 da CLT, o que não é o caso do reclamante, que quando da sua demissão,
recebia salário superior à R$ 4.000,00 (quatro mil reais), conforme faz prova a documentação
anexa.

Importante salientar que o teto da previdência social hoje é de R$ 7.507,49 (sete


mil, quinhentos e sete reais e quarenta e nove centavos), sendo que, 40% desse valor,
conforme previsto no artigo 790 da CLT equivaleria a aproximadamente R$ 3.003,00 (Três mil
e três reais).

Portanto, recebendo o reclamante salário superior a R$ 4.000,0 (quatro mil reais),


não há que se falar em justiça gratuita.

Ademais, temos que o autor se utilizou de causídico particular, ao invés de buscar


o patrocínio do sindicato de sua categoria, estando plenamente em discordância com a
legislação que cuida da questão.

Em não sendo preenchidos tais requisitos, não há que ser acolhida a pretensão,
pelo que é IMPROCEDENTE o pedido, é o que se requer.

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DA LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ

Em razão de todos os argumentos tecidos na presente defesa, notadamente pelas


provas produzidas, requer a reclamada a aplicação de multa por litigância de má fé ao
reclamante, eis que a apresentação dessa reclamação trabalhista se trata de uma mera
aventura jurídica, eis que os fatos alegados não correspondem com a verdade.

Cabe destacar ainda a frase que menciona “a boa-fé se presume e a má-fé se


prova”, ou seja, restou comprovado na presente ação a atitude negativa do reclamante, que
utilizando de artifícios, conseguiu ludibriar esse MM. Juízo, e angariar a expedição de alvará
para levantamento do FGTS, mesmo tendo ciência que a sua dispensa ocorreu por justa
causa.

Pelo exposto, requer a aplicação de multa de litigância de má fé nos termos do


artigo 79, 80 e 81 do CPC vigente.

DA LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS E DOS VALORES APRESENTADOS NA INICIAL

Na forma dos artigos 128 e 460, do Código de Processo Civil, em liquidação de


sentença, deverá ser observada a limitação de valores imposta pelo próprio trabalhador na
especificação dos pedidos, não podendo o valor do principal, na data do ajuizamento da ação,
exceder aquele teto.

Especificamente em relação aos valores, entende a ora contestante que uma vez
liquidados os pedidos articulados na petição inicial, esses definem os limites da lide, sendo
obrigatória a observância dos valores postulados na exordial em caso de procedência.

Nesse sentido, temos que eventual condenação deve adequar-se aos limites da
lide, sob pena de assim não o sendo, restar violado o artigo 5º, LIV da CF, bem como, artigos
141 e 492 do Código de Processo Civil.

No mesmo caminho, temos o entendimento do C. TST:

Portanto, em caso de condenação, o que não se espera, eventuais valores


deverão ser limitados ao pedido constante da exordial, que foram devidamente liquidados.

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DA DEDUÇÃO

Por derradeiro, como medida de extrema cautela, invoca a reclamada em seu


favor o Instituto da dedução, de acordo com os termos dos artigos 368 e 369 do Código Civil,
c/c o artigo 767, do Diploma Consolidado. Assim, requer que esse R. Juízo se digne
determinar que os valores hipoteticamente deferidos ao reclamante neste processo restem
integralmente compensados daqueles que efetivamente lhe restaram contra-prestados pelo
primeiro quanto aos mesmos títulos, a fim de evitar-se a configuração inadmissível do
enriquecimento ilícito.

DO IMPOSTO DE RENDA E INSS

No caso de eventual condenação, os descontos previdenciários relativos às


verbas de natureza salarial, deverão ser procedidos na forma que reza o parágrafo único, do
artigo 43, da Lei nº 8.212/91, com as modificações introduzidas pela Lei nº. 8.620 de 05 de
janeiro de 1993.

E os descontos fiscais, se cabíveis, na forma do artigo 46 da Lei nº. 8541/92, e


constantes das tabelas expedidas pelos órgãos

competentes, conforme determina o Provimento 01/96 e 02/93 da Corregedoria


Geral do C. TST e artigos 43 e 44 da Lei nº 8.212/91.

Portanto, deverá o reclamante contribuir com sua cota quanto aos descontos retro
mencionados, tendo em vista que a matéria a respeito está pacificada por meio do
entendimento da Súmula 368 e da Orientação Jurisprudencial 363 da SDI-I, ambas do
Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Assim, hão de ser observados os limites de responsabilidade para o empregador


e o empregado, ambos contribuintes obrigatórios da Previdência Social.

DA CORREÇÃO MONETÁRIA – ÉPOCA PRÓPRIA

O artigo 39 da Lei nº 8.177/91 combinado com o artigo 459, parágrafo 1º da C.L.T.,


estabelece que a correção monetária deverá ser aplicada pela época própria. Se o reclamante
recebia seus salários no quinto dia útil do mês subseqüente, não pode pleitear a atualização
antes de sua exigibilidade.

Realmente, o parágrafo único do artigo 459 da CLT, anteriormente à edição da Lei


nº 7.855/89, previa o prazo de 10 dias, após o vencimento do mês, para pagamento das
verbas salariais, prazo este reduzido para o quinto dia útil a partir de 24/10/89, com a edição
da Lei 7855/89 que deu nova redação ao parágrafo único do artigo 459 da CLT.

INDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA

Inicialmente, a ora contestante ressalta que, diante da complexidade e


instabilidade jurisprudencial acerca do tema, o índice que deve ser aplicável, até que se tenha
a sedimentação da matéria em tela, é a Taxa Referencial Diária (TRD).

Isto porque com a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, houve a previsão


expressa em seu artigo 879, § 7º que deverá ser aplicado como índice de correção monetária
de créditos decorrentes de condenação trabalhista a Taxa Referencial (redação antes da
vigência da medida provisória):

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“Art. 879:

§ 7º: A atualização dos créditos decorrentes de condenação


judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo
Banco Central do Brasil, conforme a Lei nº 8.177, de 1º de março
de 1991.”

Todavia, tal artigo teve sua redação alterada com a medida provisória nº 905, de
11 de Novembro 2019 onde definiu que os créditos decorrentes de condenação judicial terá
a atualização feita pelo IPCA-E:

“Art. 879:

§ 7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação


judicial será feita pela variação do IPCA-E, ou por índice que
venha substituí-lo, calculado pelo IBGE, que deverá ser aplicado
de forma uniforme por todo o prazo decorrido entre a condenação
e o cumprimento da sentença. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 905, de 2019)”

Porém a Medida Provisória foi revogada.

Neste sentido, tendo em vista que os créditos discutidos nesta ação dizem respeito
a ação interposta antes da vigência da Medida Provisória, deverá ser aplicada a lei vigente ao
tempo da interposição, ou seja, a aplicação da Taxa Referencial como índice de correção
monetária, conforme § 7º do artigo 879 da CLT.

Assim, não há que se falar em aplicação do IPCA para correção os débitos


trabalhistas, no presente caso.

Ainda, há que se destacar que em recente notícia veiculada a respeito da


aplicação do IPCA-E, o Ministro Gilmar Mendes entendeu por bem em suspender os
processos que envolvam discussão sobre a aplicação do índice de correção monetária.

Isto porque, há a discussão quanto a a aplicação da TR como fator de atualização


monetária com fulcro na Lei nº 8177/91 e na Lei nº 13.467/17, bem como na MP 905/19.

O que ocorre é que quando o STF declarou expressamente a


inconstitucionalidade da lei 8.177/91, a referida decisão estava vinculada a uma situação
específica de precatórios, jamais o Tribunal a quo teria afastado a incidência da norma de
forma ampla e geral, pois, de fato não houve no julgamento a observância dos requisitos
inerentes ao controle concentrado de constitucionalidade ou sua submissão à sistemática de
repercussão geral.

Assim, segue transcrito o inteiro teor da r. decisão do Ministro do STF Gilmar


Mendes publicada em 21/02/2020, por meio da qual foi cassado o V. Acórdão do TST
que estava norteando os Juízes e Tribunais regionais com relação a aplicação do IPCA-
E como índice de correção dos débitos trabalhistas:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.247.402 MATO


GROSSO DO SUL
RELATOR : MIN. GILMAR MENDES
RECTE.(S) : OI S.A.

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ADV.(A/S) : JOSÉ ALBERTO COUTO MACIEL


RECDO.(A/S) : AGLEIS REGGIORI EPIFANIO
ADV.(A/S) : KELLY LUIZA FERREIRA DO VALLE

Decisão: Trata-se de agravo interposto contra decisão de


inadmissibilidade de recurso extraordinário interposto em face de
acórdão do Tribunal Superior do Trabalho, ementado nos seguintes
termos: “AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO
DOS DÉBITOS TRABALHISTAS. IPCA-E. MODULAÇÃO DOS
EFEITOS DA DECISÃO DO PLENO DO TST. Agravo regimental a que
se dá provimento para examinar o agravo de instrumento em recurso
de revista. Agravo provido. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM
RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA
LEI Nº 13.015/2014. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICE DE
ATUALIZAÇÃO DOS DÉBITOS TRABALHISTAS. IPCA-E.
MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO DO PLENO DO TST. Em
razão de provável caracterização de violação do art. 39 da Lei nº
8.177/91, dá-se provimento ao agravo de instrumento para determinar
o prosseguimento do recurso de revista. Agravo de instrumento
provido. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.’ CORREÇÃO MONETÁRIA.
ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO DOS DÉBITOS TRABALHISTAS. IPCA-
E. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO DO PLENO DO TST.
Esta Corte Superior, em sua composição plenária, ao julgar o TST-
ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, declarou a inconstitucionalidade do
art. 39 da Lei nº 8.177/91, na esteira do entendimento sufragado pelo
STF nas ADIs nºs 4.357, 4.372, 4.400 e 4425 e Ação Cautelar n° 3764
MC/DF. Considerou esta Corte, ao fundamentar a decisão, que a
expressão "equivalentes à TRD" estampada no dispositivo legal
"impede que se restabeleça o direito à recomposição integral do
crédito reconhecido pela sentença transitada em julgado", concluindo
que "ao permanecer essa regra, a cada dia o trabalhador amargará
perdas crescentes resultantes da utilização de índice de atualização
monetária do seu crédito que não reflete a variação da taxa
inflacionária". Sobreveio a suspensão dos efeitos da tese firmada por
esta Corte Superior, nos termos de decisão monocrática exarada nos
autos da Reclamação Constitucional nº 22.012. Ocorre que, no
julgamento definitivo da referida Reclamação, a Segunda Turma da
Excelsa Corte houve por bem julgá-la improcedente, restabelecendo,
por consectário, a eficácia da decisão proferida por este Tribunal.
Nesse contexto, conclui-se que o e. TRT, ao determinar a utilização
do IPCA-E como índice de atualização monetária dos créditos
trabalhistas, não obedeceu ao critério de modulação fixado por esta
Corte, e o fez em contrariedade com a jurisprudência desta Corte, o
que enseja o conhecimento do recurso de revista, nesse particular.
Recurso de revista conhecido e parcialmente provido.” (eDOC 73, p.
1-2)
Opostos embargos de declaração, foram rejeitados (eDOC 80)
No extraordinário, interposto com fundamento no art. 102, III, a, da
Constituição Federal, aponta-se violação aos artigos 5º, II, XXII,
XXXVI, 102, §2º, do texto constitucional. (eDOC 83, p. 10-11)

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Nas razões recursais, alega-se que, não obstante haver declarado


expressamente a inconstitucionalidade da Lei 8.177/1991, o Tribunal
a quo teria afastado a incidência da norma, e, portanto, usurpado
competência do Supremo, já que não teria havido impugnação da
referida lei no âmbito de controle concentrado de constitucionalidade
ou sua submissão à sistemática de repercussão geral. (eDOC 83, p.
13) Ademais, sustenta-se equívoco do acórdão do Tribunal de origem
ao, com base em aplicação de jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, aplicar o IPCA-E como índice de correção monetária no caso
concreto.
Nesse sentido, esclarece-se que o IPCA-E, nos moldes de
entendimento do Supremo, alcançaria tão somente a atualização dos
créditos judiciais da Fazenda Pública antes da expedição de
precatório, na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação da
Lei nº 11.960/09, não sendo o índice a ser utilizado para correção de
débitos trabalhistas de pessoas jurídicas de direito privado, como é o
caso dos autos. (eDOC 83,p. 12 e 13)
Aponta-se fato novo decorrente de decisão da lavra em leading case
do STF (RE 870947 -Tema 810-, Relator Ministro Luis Fux) que
examina a matéria relativa à correção monetária, pois teria havido a
suspensão da eficácia do julgado, em decorrência de se ter dado efeito
suspensivo a declaratórios aviados. (eDOC 83 , p. 3, 10-11)
É o relatório.
Decido.
A irresignação merece prosperar.
Com efeito, o Tribunal de origem afastou a incidência de índice de
correção monetária prevista na Lei 8.177/1991, por não ser apta a
garantir
ao trabalhador a recomposição integral do crédito reconhecido pela
sentença transitada em julgado, submetendo-o a perdas crescentes
oriundas da variação da inflação. Nesse sentido, extrai-se o seguinte
trecho do acórdão impugnado: “Esta Corte Superior, em sua
composição plenária, ao julgar o TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231,
declarou a inconstitucionalidade do art. 39 da Lei 8.177/91, na esteira
do
entendimento sufragado pelo STF nas ADIs nºs 4.357, 4.372,
4.400 e 4425 e Ação Cautelar n° 3764 MC/DF. Considerou esta Corte,
ao fundamentar a decisão, que a expressão “equivalentes à TRD”
estampada no dispositivo legal “impede que se restabeleça o direito à
recomposição integral do crédito reconhecido pela sentença transitada
em julgado”, concluindo que “ao permanecer essa regra, a cada dia o
trabalhador amargará perdas crescentes resultantes da utilização de
índice de atualização monetária do seu crédito que não reflete a
variação da taxa inflacionária.” (eDOC 73, p. 6) (Grifei)
Nesse contexto, no que tange a possível ofensa à cláusula de reserva
de plenário, observo que o acórdão do TST ora impugnado assentou
expressamente que o Plenário daquela e. Corte declarou a
inconstitucionalidade do art. 39 da Lei 8.177/91: Art. 39. Os débitos
trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos pelo
empregador ou pelo empregado, nos termos previstos em lei,
convenção ou acordo coletivo, sentença normativa ou cláusula
contratual, sofrerão juros de mora equivalentes ao índice aplicado à
caderneta de poupança, no período compreendido entre o mês

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subsequente ao vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento.


Percebe-se, assim, que o órgão fracionário do Tribunal negou
aplicação ao texto normativo, com base em entendimento do plenário
ou órgão especial, o que afasta, in casu, ofensa à cláusula de reserva
de plenário, prevista no artigo 97 da Constituição Federal.
Por outro lado, como se vê, no caso em apreço, o Tribunal de origem,
consignou que o IPCA deveria ser o índice de correção monetária a
ser aplicado sobre débitos trabalhistas, com esteio no entendimento
do STF no âmbito das ADIs nºs 4.357, 4.372, 4.400 e 4425 e Ação
Cautelar n° 3764 MC/DF.

Nesse contexto, é de rigor sublinhar que o decidido nas ADI’s


4357/DF e 4425/DF aproveita ao recorrente, porquanto, conforme
asseverado, diversamente dos presentes autos, ali se cuidou de
hipótese relativa à atualização monetária da condenação imposta à
Fazenda Pública relativa a período compreendido entre inscrição do
crédito em precatório e o seu efetivo pagamento.
Nesse sentido, cito, a propósito, trecho da própria ementa do julgado
feito em controle concentrado: “DIREITO CONSTITUCIONAL.
REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE
PRECATÓRIO.(...) (...) 6. A quantificação dos juros moratórios
relativos a débitos fazendários inscritos em precatórios segundo o
índice de remuneração da caderneta de poupança vulnera o princípio
constitucional da isonomia (CF, art. 5º, caput) ao incidir sobre débitos
estatais de natureza tributária, pela discriminação em detrimento da
parte processual privada que, salvo expressa determinação em
contrário, responde pelos juros da mora tributária à taxa de 1% ao mês
em favor do Estado (ex vi do art. 161, §1º, CTN). Declaração de
inconstitucionalidade parcial sem redução da expressão
“independentemente de sua natureza”, contida no art. 100, §12, da CF,
incluído pela EC nº 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios
de natureza tributária, sejam aplicados os mesmos juros de mora
incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário. 7. O art. 1º-F da Lei
nº 9.494/97, com redação dada pela Lei nº 11.960/09, ao reproduzir
as regras da EC nº 62/09 quanto à atualização monetária e à fixação
de juros moratórios de créditos inscritos em precatórios incorre nos
mesmos vícios de juridicidade que inquinam o art. 100, §12, da CF,
razão pela qual se revela inconstitucional por arrastamento, na mesma
extensão dos itens 5 e 6 supra. (...)” (ADI 4357/DF, Rel. Min. AYRES
BRITTO, Tribunal Pleno, DJe 26.9.2014 -Grifei)
Confiram-se também, a propósito, os seguintes precedentes: “Agravo
regimental em reclamação. 2. Direito do Trabalho. 3. Aplicação de
índice de correção de débitos trabalhistas.
Ausência de similitude: inexistência de identidade material entre os
fundamentos do ato reclamado e o que foi decidido nas ADIs 4.357/DF
e 4.425/DF. 4. Não cabimento da reclamação. 5. Inexistência de
argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Agravo
regimental a que se nega provimento.” (Rcl 26770 AgR/RS, de minha
relatoria, Segunda Turma, DJe 27.6.2018). (Grifei)
“CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. EXECUÇÃO DE SENTENÇA
TRABALHISTA. ACÓRDÃO QUE DETERMINA A CORREÇÃO
MONETÁRIA DE DÉBITOS TRABALHISTAS. ALEGADA

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CONTRARIEDADE ÀS ADI 4.357, ADI 4.425 E RECLAMAÇÕES


22.012 E 23.035. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE ESTRITA
ADERÊNCIA ENTRE O DECIDIDO NO ATO RECLAMADO E AS
AÇÕES CONCENTRADAS. RECLAMAÇOES DESTITUÍDAS DE
CARÁTER VINCULANTE. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL
A QUE SE NEGA PROVIMENTO.” (Rcl 26128 AgR/RS, Rel. Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, DJe 13.10.2017)
Já, no que tange especificamente ao Tema 810, registro recente
julgado, por meio do qual esta Corte entendeu por subtrair desse tema
qualquer liame com a modulação de efeitos que, de fato, foi levada a
termo nas ADIs. Veja-se: “Embargos de declaração em agravo
regimental em recurso extraordinário. Omissão. Ocorrência. 2. Direito
Administrativo. Índice de correção monetária das condenações
judiciais da Fazenda Pública. 3. Não houve modulação de efeitos da
declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 1º- F da Lei
9.494/1997, na redação dada pela Lei 11.960/2009.
Ao determinar a aplicação do IPCA-e apenas após 25.3.2015, data
do julgamento das ADIs 4.357 e 4.425, o Tribunal de origem
contrariou a tese fixada no RE-RG 870.947, paradigma do tema
810 do Plenário Virtual. 4. Embargos de declaração acolhidos, com
efeitos infringentes, para dar provimento ao recurso extraordinário.
Honorários majorados em 10%.” (RE 1162628 AgR-ED, de minha
relatoria, Segunda Turma, DJe 6.11.2019)
Diante dessas considerações, importa esclarecer que, além de não se
amoldar às ADIs, tampouco o caso dos autos se adéqua ao Tema 810
da sistemática de Repercussão Geral, no âmbito do qual se
reconheceu a existência de questão constitucional quanto a aplicação
da Lei 11.960/09 para correção monetária das condenações contra a
Fazenda Pública antes da expedição de precatório.
Isso porque a especificidade dos débitos trabalhistas em que pese a
existência de princípios como hipossuficiência do trabalhador, a meu
sentir, teria o condão de estabelecer uma distinção que aparta o caso
concreto da controvérsia tratada no Tema 810, tornando inviável
apenas se considerar débito trabalhista como “relação jurídica não
tributária.”
Assim, diante da constatação de que a conclusão do Tribunal de
origem a respeito da utilização do IPCA-E ou da TR sobre débitos
trabalhistas se fundou em errônea aplicação da jurisprudência desta
Corte, cujos julgados no Tema 810 e ADI 4.357 não abarcam o caso
concreto para para lhe garantir uma solução definitiva, é de rigor
oportunizar àquela Corte eventual juízo de retratação no caso.
Ante o exposto, dou provimento ao recurso extraordinário, com
base nos artigos 21, § 2º, do RISTF e 932,VIII, do NCPC e, assim,
ao cassar o acórdão recorrido, determinar que outro seja
proferido.
Publique-se.
Brasília, 19 de fevereiro de 2020.
Ministro Gilmar Mendes
Relator
Fonte:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5821781

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A corroborar segue a notícia veicula recentemente nos veículos de comunicação


de âmbito nacional:

Ministro suspende trâmite de ações que discutem correção


monetária de créditos trabalhistas
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
determinou a suspensão da tramitação de todos os processos no
âmbito da Justiça do Trabalho em que se discutam se os valores
devidos deverão ser corrigidos pela Taxa Referencial (TR) ou pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
O ministro deferiu medida liminar nas Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADCs) 58 e 59, ajuizadas, respectivamente, pela
Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif) e pela
Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação
(Contic) e outras duas entidades de classe. A decisão do relator
deverá ser submetida a referendo do Plenário, em data a ser definida.
Entre os motivos considerados pelo relator para o deferimento da
medida estão a crise decorrente do estado de calamidade pública
decretado em razão da pandemia da Covid-19, a iminência de decisão
do Tribunal Superior do Trabalho (TST) para suspender o atual índice
(a TR) e o início do recesso do Judiciário.
(...)
O relator determinou o apensamento das ADCs 58 e 59 e da ADI
6021 à Ação Direta de Inconstitucionalidade 5867, para tramitação
simultânea e julgamento conjunto. Todas as ações se referem à
constitucionalidade dos artigos 879 e 899 da CLT, na redação
dada pela Reforma Trabalhista. Também admitiu o ingresso de
outras associações de classe como interessadas no julgamento
das ações (amici curiae).
(…)”
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=4
46480 - Publicado em 29.06.2020

Diante da discussão nos autos sobre a aplicação da TR como fator de atualização


monetária com fulcro na Lei nº 8.177/91 e na Lei nº 13.467/17, bem como conforme ADC 59
(0077330-57.2018.1.00.0000), a ora agravante requer a suspensão do feito até que a matéria
seja pacificada no âmbito dos Tribunais Superiores, como medida para resguardar a
segurança jurídica e o princípio da legalidade, de acordo com entendimento do Ministro Gilmar
Mendes:

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Fonte: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5534144

Desta forma, face a complexidade e instabilidade jurisprudencial (ausência de


decisão terminativa) acerca do tema, o índice que deve ser aplicável, até que se tenha a
sedimentação da matéria, é a Taxa Referencial Diária (TRD).

DAS CONDIÇÕES DO CUMPRIMENTO E DA LIQUIDAÇÃO

Caso haja condenação, o que não se espera, ao contrário do quanto pleiteado


pelo reclamante, deverá ser aplicado o artigo 878 da CLT:

Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a


execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal
apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas
por advogado.

E assim, posteriormente, deverá ser aplicado o artigo 880 da CLT:

Art. 880 - Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal


mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que
cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as
cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em
dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à
União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a
execução, sob pena de penhora.
...
§ 2º - A citação será feita pelos oficiais de justiça.

Nesse sentido, não há que se falar em eventual pagamento sem a prévia citação
do executado, conforme bem determina o artigo supracitado.

Desta forma, em caso de condenação, o que não se espera conforme todo o


exposto, requer a ora contestante que seja devidamente citada para realizar o pagamento,
nos termos do art. 880 da CLT, sem a culminação de qualquer constrição, uma vez que
incabível neste feito.

DA INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 523 DO CPC

Embora improcedentes os pleitos lançados na exordial, apenas por cautela,


ressalta a ora reclamada que, com a redação do art. 880 da CLT, dada pela Lei 11.457 de
16.3.2007, facultou-se ao executado pagar ou garantir a execução, sob pena de penhora.

Portanto, resta claro que a regra do CPC não deve, e “permissa vênia”, jamais
pôde, ser aplicada à execução trabalhista.

Ademais, face ao artigo 769 da CLT, e ante a existência de regras próprias


contidas no artigo 880, 882 e 883, também, da CLT, fica patente a inaplicabilidade do artigo
523 do CPC.

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Dessa forma, ressalta-se que aos trâmites e incidentes do "processo da execução"


são aplicáveis, naquilo que não contravierem ao título que trata do "processo judiciário do
trabalho", os preceitos do artigo 889 da CLT.

Por fim, a corroborar com o quanto exposto, o assunto já foi pacificado pelo TST:

“A multa coercitiva do artigo do artigo 523, parágrafo 1º do CPC (antigo


artigo 475-J do CPC de 1973) não é compatível com as normas
vigentes da CLT por que se rege o processo do trabalho, ao qual não
se aplica”.
(Carmem Feijó)
Processo: IRR-1786-24.2015.5.04.0000

Diante do exposto, inaplicável o artigo 523 do CPC.

DA APLICAÇÃO DO ARTIGO 400 E 396 DO CPC

Não há que ser aplicado o teor do artigo 400 do Código de Processo Civil à
presente reclamatória, eis que, conforme se verifica dos documentos anexos, foram carreados
aos autos os documentos necessários às comprovações de pagamento dos títulos pleiteados
pelo reclamante.

Ademais, cabe à reclamante comprovar suas alegações, de acordo com os


instrumentos que lhe são disponíveis, não sendo lícito, portanto, adotar a cômoda posição de
pretender seja a contestante compelida a apresentação de documentos cujo ônus lhe recai.

Portanto, mesmo diante da aplicação da inversão do ônus da prova observada no


processo do trabalho, cabe à reclamante se desincumbir dos seus ônus processuais.

Posto isto, INAPLICÁVEL o pedido em questão.

DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS

Inexistindo as irregularidades infundadas e despropositadamente alegadas pelo


demandante, além dessa Justiça Especializada não se revestir de caráter fiscalizador, revela-
se descabida a expedição de ofícios aos órgãos relacionados na peça vestibular.

DAS CAUTELAS

Em caso de eventual procedência de algum pedido do reclamante, o que não se


espera, requer a reclamada que:

a) Seja aplicada a Lei nº 13.467, de 2017, e quanto à execução o art. 878, devendo
o reclamante a requerer em momento oportuno;
b) Todos os valores deverão ser apurados em regular execução de sentença, com a
observância, mês a mês, da correta evolução salarial do reclamante;
c) Os períodos de férias, efetivamente gozados, deverão ser excluídos dos cálculos
de horas extras (se deferidas), porquanto serão remuneradas via reflexos, sob
pena de se incorrer no bis in idem;

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d) Condenação do reclamante ao pagamento das custas processuais e demais


despesas;
e) Sejam consideradas as ausências do autor ao serviço, assim como os
afastamentos, a fim de não se lhe deferir vantagens que pressuponham a sua
presença ao emprego no período reclamado;
f) A reclamada impugna desde já todos os documentos juntados pelo autor.

DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em face ao exposto, aguarda a reclamada o acolhimento da presente


contestação, preliminares e prejudicial de mérito, para o fim específico de que, esse MM. Juízo
acolha presente defesa, para que seja a reclamatória JULGADA IMPROCEDENTE, uma vez
que restou demonstrado e comprovado, à saciedade, que os pleitos formulados improcedem
em todos os seus termos, condenando-se o demandante nas sanções legais cabíveis.

Nestes termos, protestando provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, notadamente pelo depoimento pessoal do reclamante, sob pena de
confissão, oitiva de testemunhas, juntada posterior de documentos, expedição de ofícios,
perícia, e outros mais necessários ao pleno esclarecimento desse MM. Juízo.

Finalmente requer a Reclamada que as notificações e intimações do presente


processo deverão ser enviadas para o advogado GILSON GARCIA JUNIOR, OAB/SP nº
111.699.

Nesses termos,
Pede Deferimento.

Vinhedo/SP, 12 de maio de 2023.

Gilson Garcia Junior


OAB/SP 111.699

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https://pje.trt15.jus.br/pjekz/validacao/23051211420719400000201782484?instancia=1
Número do processo: 0011251-71.2022.5.15.0108
Número do documento: 23051211420719400000201782484

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