Bioética e Segurança Do Paciente 7 - Texto
Bioética e Segurança Do Paciente 7 - Texto
Bioética e Segurança Do Paciente 7 - Texto
SEGURANÇA DO PACIENTE
Profa. Dra. Cristiane Damiani Tomasi
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1 PROTOCOLOS
DE SEGURANÇA DO PACIENTE
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EXEMPLO
Exemplo 1:
Em um hospital, um paciente com o nome “João Silva” foi admitido para realizar uma
cirurgia de apendicite aguda. No entanto, devido a uma troca de pulseiras com outro
paciente de mesmo nome, o “João Silva” errado foi levado para a sala de cirurgia. O erro
só foi percebido quando os médicos começaram a revisar o prontuário e notaram que os
sintomas e histórico clínico não correspondiam ao paciente ali presente. Esse incidente
causou atraso na cirurgia do paciente correto, além de gerar confusão e ansiedade para
ambos os pacientes e suas famílias.
Exemplo 2:
Após a implementação do protocolo de identificação do paciente, um hospital introduziu
um sistema de pulseiras coloridas para diferenciar os pacientes. Cada cor representava
uma ala específica do hospital. Uma paciente chamada “Maria Rodrigues” foi internada
na ala vermelha para realizar uma cirurgia cardíaca. Ao ser preparada para a cirurgia, a
equipe verificou a pulseira e confirmou que correspondia à cor da ala em que ela estava
internada. Isso evitou a ocorrência de erros de identificação e garantiu que Maria recebesse
o procedimento correto, na ala adequada e com a equipe especializada. O protocolo de
identificação, nesse caso, ajudou a garantir a segurança do paciente e a prevenção de
incidentes indesejados.
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REFLITA
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de estímulo à pesquisa e publicação nacional para conhecer a situação da segurança
no uso de medicamentos.
Intervenção Descrição
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Prescrição de Deve destacar a parte do nome que os diferencia; pode ser utili-
Medicamentos com nomes zada letra maiúscula ou em negrito. Exemplos de nomes seme-
semelhantes lhantes incluem DOPAmina e DOBUtamina, ClorproPAMIDA e
ClorproMAZINA, VimBLASTina e VinCRIStina. É recomendado
que os membros da Comissão de Farmácia e Terapêutica e/ou do
Núcleo de Segurança do Paciente organizem uma lista dos me-
dicamentos com nomes semelhantes ou embalagens parecidas
selecionados no estabelecimento de saúde, a fim de divulgá-la
entre os profissionais da instituição. Essa medida visa evitar er-
ros de medicação decorrentes da confusão entre medicamentos
com nomes semelhantes.
MÍDIA INTEGRADA
Sugerimos que você assista ao vídeo “Aprendendo com Erros”, o qual aborda o erro na
administração do medicamento Vincristina. O vídeo foi realizado pela OMS e publicado e
legendado pela Proqualis (Centro colaborador para Qualidade do Cuidado e Segurança do
Paciente). Acesse aqui!
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EXEMPLO
Caso 1:
• Medicamento: Paracetamol
• Dosagem: 1 comprimido, conforme necessário
• Duração do tratamento: Uso contínuo
Caso 2:
• Medicamento: Paracetamol 500mg
• Dosagem: 1 comprimido a cada 6 horas, máximo de 4 comprimidos por dia
• Duração do tratamento: Por 5 dias ou até alívio dos sintomas
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administração por via incorreta.
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d) O transporte deve ser realizado corretamente, observando-se aspectos técni-
cos, especialmente no caso de medicamentos termolábeis;
e) Ao receber os medicamentos na unidade de saúde, é necessário realizar uma
nova conferência, considerando a identificação do medicamento, lote, validade,
quantidade e integridade física.
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Quadro 2 – Os certos na administração de medicamentos
Certo Ações
Paciente certo Verificar o nome do paciente por meio de perguntas abertas, utilizando
identificadores e conferindo com a pulseira de identificação.
Dose certa Conferir a dose prescrita, prestando atenção a detalhes como zeros, vírgu-
las e pontos, verificar a unidade de medida e a velocidade de gotejamento.
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alizados no local e no paciente corretos. Para isso, é utilizada a Lista de Verificação
de Cirurgia Segura da Organização Mundial da Saúde (OMS). O aumento no volume
de cirurgias e os avanços técnicos têm aumentado o potencial de erros e danos aos
pacientes. Estudos revelam altas taxas de eventos adversos relacionados a cirurgias,
que impacta a confiança na saúde. A implementação da Lista de Verificação de Ci-
rurgia Segura demonstrou redução de complicações e mortalidade, e é recomendada
por diversos países e organizações (OMS, 2009).
O protocolo para Cirurgia Segura deve ser aplicado em todos os locais de estabeleci-
mentos de saúde onde sejam realizados procedimentos terapêuticos ou diagnósticos
que envolvam incisões no corpo humano ou a introdução de equipamentos endos-
cópicos. Isso inclui tanto o centro cirúrgico quanto outros espaços, e é válido para
qualquer profissional de saúde que realize tais procedimentos (BRASIL, 2013f).
Este protocolo tem como foco principal a utilização da Lista de Verificação de Cirurgia
Segura e do Manual de Cirurgia Segura, desenvolvidos pela OMS, como estratégias
para reduzir o risco de incidentes cirúrgicos. Embora outros fatores sejam igualmente
importantes, como profissionais capacitados, ambiente adequado e conformidade
com a legislação, este protocolo concentra-se na aplicação sistemática da lista de
verificação como uma medida fundamental para garantir a segurança durante os pro-
cedimentos cirúrgicos (BRASIL, 2013f).
A lista de verificação para cirurgia segura divide-se em três momentos: antes da indu-
ção anestésica; antes da incisão cirúrgica e antes do paciente sair da sala de cirurgia.
Cada fase do procedimento cirúrgico corresponde a um momento específico e a uti-
lização da Lista de Verificação é essencial em cada uma delas. Um único responsável
será encarregado de conduzir a verificação dos itens. Em cada fase, o condutor da
Lista de Verificação deve garantir que a equipe tenha concluído suas tarefas antes
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de prosseguir para a próxima etapa. Se algum item não estiver em conformidade, a
verificação será interrompida e o paciente permanecerá na sala de cirurgia até que a
questão seja resolvida.
Antes da incisão cirúrgica, a equipe realiza uma pausa para realizar algumas eta-
pas cruciais. Isso inclui a apresentação de cada membro da equipe, a confirmação
da cirurgia correta no paciente e sítio cirúrgico, a revisão verbal dos planos de cada
membro usando a Lista de Verificação como guia, a confirmação da administração de
antimicrobianos profiláticos e a verificação da acessibilidade dos exames de imagens
necessários.
Antes do paciente deixar a sala de cirurgia, a equipe realiza uma revisão conjunta
da cirurgia realizada. Isso inclui a contagem de compressas e instrumentais, a iden-
tificação de amostras cirúrgicas, a revisão de qualquer mau funcionamento de equi-
pamentos e a revisão do plano de cuidados e providências para o pós-operatório e
recuperação pós-anestésica. Essas etapas são essenciais para garantir a segurança
do paciente durante todo o procedimento cirúrgico.
Para monitorar a eficácia das estratégias de segurança na cirurgia, são utilizados in-
dicadores específicos. Alguns desses indicadores incluem o percentual de pacientes
que receberam a antibioticoprofilaxia no momento adequado, o número de cirurgias
realizadas no local errado, o número de cirurgias realizadas no paciente errado, o
número de procedimentos incorretos, a taxa de mortalidade cirúrgica intra-hospitalar
ajustada ao risco e a taxa de adesão à Lista de Verificação. Esses indicadores for-
necem dados importantes para avaliar a qualidade e segurança dos procedimentos
cirúrgicos, que permite a identificação de áreas que necessitam de melhoria contínua.
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Para que a higiene das mãos seja efetiva, é essencial que haja fácil acesso a produtos
de higienização, como preparações alcoólicas, que devem estar próximas dos pro-
fissionais, de modo a permitir a higienização sem que seja necessário se deslocar do
ambiente onde o paciente se encontra.
A higiene das mãos é um termo amplo que engloba diversas ações para prevenir a
transmissão de microrganismos e, assim, evitar a ocorrência de infecções relaciona-
das à assistência à saúde. Essas ações incluem a higiene simples das mãos, que con-
siste na lavagem com água e sabonete comum, a higiene antisséptica das mãos, que
envolve o uso de água e sabonete associado a um agente antisséptico, e a fricção
antisséptica das mãos com preparação alcoólica, que é a aplicação de uma prepara-
ção alcoólica nas mãos sem necessidade de enxágue ou secagem.
Os momentos determinados para a higiene das mãos são os seguintes: antes de to-
car o paciente; antes de realizar procedimentos limpos ou assépticos, como o manu-
seio de dispositivos invasivos ou a movimentação de um sítio anatômico contaminado
para outro durante o atendimento ao mesmo paciente; após o risco de exposição a
fluidos corporais ou excreções, como contato com membranas mucosas, pele não
íntegra ou curativos, ou a movimentação de um sítio anatômico contaminado para ou-
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tro; após tocar o paciente, incluindo antes e depois do contato com o paciente e após
remover luvas esterilizadas ou não esterilizadas; e após tocar superfícies próximas
ao paciente, como objetos inanimados e equipamentos de saúde, além de remover
luvas.
Esses momentos são fundamentais para prevenir a transmissão de micro-organismos
e devem ser seguidos de acordo com o fluxo de cuidados. A higiene das mãos após
cada um desses momentos, inclui a remoção adequada das luvas, é crucial para
garantir a segurança do paciente e prevenir a disseminação de infecções. A conscien-
tização sobre esses momentos e a adoção da higiene das mãos como uma prática
rotineira são essenciais para promover um ambiente de cuidado seguro e prevenir as
infecções relacionadas à assistência à saúde.
Estudos mostram que a taxa de queda em hospitais varia de 3 a 5 quedas por 1.000
pacientes-dia. É mais comuns em unidades com pacientes idosos, na neurologia e
reabilitação. As quedas podem resultar em danos graves, como fraturas, hematomas
subdurais e sangramentos, que afetam a mobilidade e aumentam o risco de novas
quedas. Além disso, as quedas contribuem para o aumento dos custos de assistên-
cia, ansiedade na equipe de saúde e podem ter repercussões legais e na continuidade
do cuidado.
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dades diárias. Já os pacientes com baixo risco de queda são aqueles acamados e
dependentes de terceiros ou aqueles independentes e sem fatores de risco.
Existem escalas de avaliação de risco de queda, como a Morse Fall Scale e a St Tho-
mas Risk Assessment Tool in the Falling Elderly (STRATIFY), que ajudam a classificar
o grau de risco do paciente e orientar as intervenções necessárias para prevenir que-
das. No entanto, é importante ressaltar que essas escalas não são de acesso livre e
requerem autorização dos autores para utilização (BRASIL, 2013b).
Este protocolo não adota uma escala específica, mas concentra-se nas intervenções
de prevenção baseadas no risco de queda do paciente.
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ETAPA 3: inspeção diária da pele de pacientes em risco, com atenção especial às
áreas de alto risco;
ETAPA 4: manejo da umidade, mantendo o paciente seco e hidratando a pele.
ETAPA 5: otimização da nutrição e hidratação, revisando fatores nutricionais e
oferecendo suplementos quando necessário;
ETAPA 6: minimização da pressão, redistribuindo a pressão sobre as áreas vul-
neráveis.
Essas etapas devem ser aplicadas a todos os pacientes classificados como de risco
nas etapas anteriores. A avaliação e o cuidado com a pele, isso inclui limpeza, hidra-
tação e controle da umidade, são fundamentais. Além disso, a nutrição adequada
e a minimização da pressão sobre as proeminências ósseas são importantes para
prevenir LP.
CONCLUSÃO
Os protocolos de segurança do paciente abrangem uma diversidade de áreas e a
implementação bem-sucedida dos protocolos de segurança requer o engajamento
de toda a equipe de saúde, treinamento adequado, monitoramento contínuo e me-
lhoria contínua. Ao priorizar a segurança do paciente, as instituições podem alcançar
melhores resultados clínicos, reduzir custos associados a eventos adversos e propor-
cionar um ambiente confiável para os pacientes receberem cuidados de qualidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Anexo 01: protocolo para a prática de higiene das
mãos em serviços de saúde. Distrito Federal: Ministério da Saúde, Anvisa, Fiocruz,
09 jul. 2013a. Disponível em: https://bit.ly/3HHrQgj. Acesso em: 5 maio 2023.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Anexo 02: protocolo para a prevenção de úlceras por
pressão. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Anvisa, Fiocruz, 2013d. Disponível em:
https://bit.ly/44KjXAH. Acesso em: 5 maio 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Anexo 03: protocolo para cirurgia segura. Distrito
Federal: Ministério da Saúde, Anvisa, Fiocruz, 09 jul. 2013f. Disponível em: https://
bit.ly/3nzP15g. Acesso em: 5 maio 2023.
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Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
Reitora Luciane Bisognin Ceretta
Pró-Reitoria de Ensino
Graziela Amboni
PRODUÇÃO DO MATERIAL
Autora
Profa. Dra. Cristiane Damiani Tomasi
Assessoria Pedagógica
Fernanda Cizescki
Design Instrucional
Amanda Kestering Tramontin
Angélica Manenti
Natassia D’Agostin Alano
Revisão
Ana Paula Dias Fernandes de Oliveira
Bruno Estevam Pereira
Emilly Estevam Machado
Vitória Lobo Gonçalves
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