Aula 03
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Autor:
Renan Araujo
04 de Fevereiro de 2023
Índice
1) Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral
..............................................................................................................................................................................................3
2) Questões Comentadas - Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral - Multibancas
..............................................................................................................................................................................................
29
3) Lista de Questões - Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral - Multibancas
..............................................................................................................................................................................................
68
Naqueles crimes, no entanto, exige-se que o sujeito ativo seja funcionário público, e tenha
se valido do cargo para praticar o delito. Diz-se, portanto, que são crimes próprios, embora seja
admitido o concurso de pessoas, respondendo o particular pelo delito, desde que conheça a
qualidade de funcionário público do agente.
Aqui, os crimes são comuns, ou seja, podem ser praticados por qualquer pessoa.
Aqui, diferentemente do que ocorre no crime de exercício funcional ilegal, o agente não
possui qualquer vínculo com a administração pública ou, caso possua, suas funções são
absolutamente estranhas à função usurpada.1
CUIDADO! O funcionário público que exerce função na qual não fora investido
comete este crime, pois nesse caso é considerado particular, já que a conduta
não guarda qualquer relação com sua função pública.
É necessário que o agente pratique atos inerentes à função. Não basta que apenas se
apresente a terceiros como funcionário público.2
1
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 193
2
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 194
A Doutrina entende que esta “vantagem” pode ser de qualquer natureza, não
necessariamente uma vantagem financeira, podendo ser, inclusive, um favor sexual, etc.3
Resistência
A conduta punida é a resistência comissiva (ação), ou seja, aquela na qual o agente pratica
uma conduta, qual seja, o emprego de violência ou ameaça ao funcionário que irá executar o ato
legal.
Entende-se, ainda, que essa violência deve ser contra o funcionário público, não contra
coisas (chutar a viatura da polícia, por exemplo).4
Aquele que resiste à prisão em razão de estar sendo preso em flagrante por crime que
exige a violência ou grave ameaça para sua caracterização, não responde por este crime,
considerando-se a violência aqui empregada como mero desdobramento do crime principal
(posição Doutrinária).5
O ato deve ser legal, ou seja, deve estar fundamentado na Lei ou em decisão judicial.
Assim, a decisão judicial injusta pode ser ato legal. Não pode o particular se rebelar contra ela
desta maneira, pois o meio próprio para isso é a via recursal. Entretanto, se a prisão, por
exemplo, decorre de uma sentença que não a determinou, ou a determinou em face de outra
pessoa, o ato de prisão é ilegal, e a resistência está amparada por uma causa de exclusão da
ilicitude (ou da tipicidade, para alguns).6
3
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 767
4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 200
5
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 200
6
É irrelevante se o ato é ou não manifestamente ilegal. Basta que seja ilegal para que esteja legitimada a resistência.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 202/203
7
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 769
A tentativa sempre será possível quando a resistência puder se dar mediante fracionamento
da conduta. É o caso da resistência mediante ameaça via carta.
Além disso, caso o crime seja praticado mediante violência o agente responde não só pelo
crime de resistência, mas responde de maneira autônoma pela violência:
Art. 329 (...) § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
Ou seja: em se tratando de resistência praticada mediante ameaça, esta fica absorvida pelo
crime de resistência (o agente responde só pelo crime de resistência); todavia, se o crime de
resistência for praticado mediante violência, o agente responderá pelo crime de resistência e pela
violência.
Desobediência
Aqui o agente deixa de fazer algo que lhe fora determinado ou faz algo cuja abstenção lhe
fora imposta mediante ordem de funcionário público competente. Trata-se, portanto, de crime
omissivo ou comissivo, a depender da conduta do agente.
Esse crime não se configura quando o réu desobedece a ordem que possa lhe incriminar,
pois não está obrigado a contribuir para sua incriminação.8
8
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 774
Diversas Leis Especiais preveem tipos penais que criminalizam condutas específicas de
desobediência. Nesses casos, aplica-se a legislação especial, aplicando-se este artigo do CP
apenas quando não houver lei específica tipificando a conduta.
Desacato
É inegável que haverá o crime quando o desacato partir de um particular. Mas e se quem
cometer o desacato for funcionário público? Três correntes existem:
● Não é possível – A lei determina que somente o extraneus (particular) pode cometer
este delito, pois ele se encontra no capítulo dos crimes praticados por particular;
● É possível, desde que o funcionário desacate seu superior hierárquico – Para esta
corrente, se entre os funcionários não há relação hierárquica, não há o crime em
questão;
● É possível, em qualquer caso9 – Essa é a predominante10, e entende que o
funcionário público que desacata outro funcionário público estará praticando o crime
do art. 331 do CP. Assim, de superior ou inferior hierarquia, o agente poderá
responder pelo crime de desacato.11
O conceito de “desacatar” pode ser definido como a falta de respeito, a humilhação, com
gestos ou palavras, vias de fato, até mesmo agressões físicas, etc.
Entretanto, isto não significa que a mera crítica ao exercício da função pelo servidor seja
considerada desacato, desde que seja realiza de maneira condizente com os padrões de respeito
e urbanidade.
Não se exige que o funcionário esteja na repartição ou no horário de trabalho, mas sim que
o desacato ocorra em razão da função exercida pelo servidor.12
9
(HC 104.921/SP, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), SEXTA TURMA,
julgado em 21/05/2009, DJe 26/10/2009)
10
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 777
11
COSTA, Álvaro Mayrink da. Direito Penal. Parte especial. Vol. 7. 6º edição. Editora Forense – Rio de Janeiro, 2011,
p. 223
12
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 778
Parte da Doutrina entende que o agente deve ter a intenção de ofender a administração
pública e a honra subjetiva do funcionário, e que esta intenção não se coaduna com estado de
exaltação ou ânimo. No entanto, para a maioria da Doutrina e da Jurisprudência, o fato de o
agente estar exaltado ou irritado não descaracteriza o crime.
Considera-se o crime formal, pois basta que a ofensa exista, ainda que o resultado não
ocorra (ainda que o funcionário público não se sinta ofendido ou menosprezado pela conduta).
Por fim, exige-se que o ato seja praticado na presença do funcionário público14. Além disso,
entende-se que se o ofendido já não é mais funcionário público (demitido, aposentado, etc.), o
crime de desacato não se caracteriza, ainda que praticado em razão da função anteriormente
exercida pelo funcionário.15
Todavia, tal entendimento não durou muito tempo. A Terceira Seção do STJ,
posteriormente, uniformizou entendimento no sentido de que o desacato CONTINUA sendo
crime no nosso ordenamento jurídico.
13
Exemplo de possibilidade da ocorrência da tentativa se dá quando o agente é impedido por alguém de atirar
objetos sobre o funcionário público (com a intenção de ofender). CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 779
14
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 778
15
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 216
16
STJ - REsp nº 1640084
Tráfico de influência
A Doutrina entende que o particular que paga ao agente para a suposta intermediação
NÃO É SUJEITO ATIVO, mas sujeito PASSIVO17 do delito, pois, embora sua conduta seja imoral,
não é penalmente relevante, tendo sido ele também lesado pela conduta do agente, que o
enganou.
Na verdade, entende-se que aquele que paga pelo suposto tráfico de influência é um
corruptor putativo, pois imagina que está corrompendo a administração pública, no entanto, essa
possibilidade não existe, face à ausência de influência do agente que recebe a vantagem.
Se a influência do agente for REAL, tanto ele quanto aquele que paga por ela são
considerados CORRUPTORES ATIVOS (art. 333 do CP).
Se, por fim, o agente diz que parte da vantagem se destina ao funcionário público que
deverá praticar o ato, em razão de essa conduta contribuir ainda mais para o descrédito da
moralidade administrativa, sua pena é aumentada, nos termos do § único do artigo 332 do CP:
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua
que a vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
17
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 780. Em sentido contrário, BITENCOURT. BITENCOURT, Cezar Roberto.
Op. Cit., p. 227
18
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 781
Corrupção ativa
Este crime pode ser cometido de duas formas diferentes (é, portanto, crime de ação
múltipla): oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público.
Aqui, não se pune a corrupção subsequente. O que seria isto? Vejam que se exige que a
promessa ou oferecimento seja anterior à prática do ato19, não havendo o crime se o ato já fora
praticado pelo funcionário público.
A Doutrina entende que o mero pedido de favor, o famoso “jeitinho”, não configura o
crime de corrupção ativa.20
19
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 783
20
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 783
Por fim, existe uma última modalidade de corrupção ativa especial prevista no CP, que é a
corrupção ativa de testemunha, perito, tradutor, contador ou intérprete, que é um crime contra a
administração da Justiça, previsto no art. 343 do CP:
Nesse caso, a única diferença em relação ao crime de corrupção ativa comum é que a causa
de aumento da pena ocorre não quando o funcionário público age da maneira que não deveria,
mas quando a corrupção ocorre no bojo de processo em que seja parte a administração pública
direta ou indireta.
Contrabando E Descaminho
Existem, aqui, dois crimes distintos, cada um correspondente a um TIPO PENAL distinto.
Tratarei ambos no mesmo tópico porque facilita nosso estudo e porque até bem pouco tempo
ambos faziam parte do mesmo tipo penal.
Ambos são crimes comuns, ou seja, podem ser praticados por qualquer pessoa. Se algum
funcionário público, valendo-se da função, concorrer para a prática do delito, não responde por
este, mas pelo crime do art. 318 do CP (facilitação de contrabando ou descaminho), em
verdadeira exceção à teoria monista do concurso de pessoas.
O STF possui algumas decisões no sentido de que a mera omissão em declaração ao fisco,
acerca da quantidade de mercadoria, configura o crime de descaminho.
O descaminho, por sua vez, irá se consumar com a liberação na alfândega, sem o
pagamento dos impostos devidos21. Trata-se de crime FORMAL.
CUIDADO! Isso só se aplica aos tributos federais, já que a Lei 10.522/02 foi editada dirigindo-se
à Fazenda Nacional.
Todavia, a terceira seção do STJ havia firmado entendimento no sentido de que o valor deveria
ser o de R$ 10.000,00, seguindo o patamar previsto na Lei 10.522/02.
Porém, mais recentemente, a própria Terceira Seção do STJ decidiu que o patamar deve ser o de
R$ 20.000,00:
21
(AgRg no REsp 1493968/PR, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 07/05/2015, DJe
26/05/2015)
22
Importante lembrar, ainda, que devem estar presentes os demais requisitos que autorizam o reconhecimento da
insignificância, dentre eles o fato de NÃO ser o agente um criminoso “contumaz”. A reiteração delitiva impede o
reconhecimento da insignificância, conforme entendimento do STJ e do STF:
O STJ até já proferiu alguns julgados nesse sentido. Entretanto, mais recentemente vem
prevalecendo o entendimento (no STJ) de que o pagamento não pode gerar a extinção da
punibilidade (no descaminho).23
Nada mudou quanto ao núcleo estrutural de cada um dos tipos penais; Contrabando
continua sendo, basicamente, a importação ou exportação de mercadoria proibida; Descaminho
continua sendo a conduta de “tentar não pagar imposto” que incidiria pela entrada, saída ou
consumo de mercadoria.
A primeira delas, já reclamada pela Doutrina há algum tempo, foi a SEPARAÇÃO dos crimes
em dois tipos penais distintos. Antes, ambos se encontravam no tipo penal do art. 334 do CP.
Com a nova redação, o crime de descaminho permanece no art. 334 e o crime de contrabando
vai para o recém-criado art. 334-A. Vejamos:
23
(RHC 43.558/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 05/02/2015, DJe 13/02/2015)
Contudo, podemos perceber a primeira alteração substancial da nova Lei: A pena para o
delito de descaminho permanece a mesma (1 a 4 anos de reclusão), mas a pena do delito de
contrabando foi AUMENTADA para 02 a 05 anos de reclusão.
Essa alteração na quantidade da pena produz consequências negativas para o réu (e,
portanto, sabemos que NÃO IRÁ RETROAGIR). Vejamos:
● Não cabe mais suspensão condicional do processo (a pena mínima ultrapassa um ano)
● Passa a admitir prisão preventiva (antes só cabia em hipóteses excepcionais)
● O prazo prescricional passa de 08 para 12 anos (art. 109, III do CP)
Podemos dizer que esta tenha sido a alteração mais sensível da nova lei.
(...)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro,
análise ou autorização de órgão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008,
de 26.6.2014)
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à
exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Não há grandes considerações a fazer sobre estas figuras. No primeiro caso, podemos dizer
que já havia tal previsão, ainda que “implicitamente”. Isto porque a importação ou exportação
clandestina de uma mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização do órgão
competente, na prática, é o mesmo que importar ou exportar uma mercadoria proibida, já que
sem o registro, análise ou autorização sua importação ou exportação é vedada. De qualquer
forma, isso agora está explícito.
Esta figura tem por finalidade punir aqueles que trazem de volta ao país determinados
produtos que são aqui fabricados e depois exportados e não podem ser aqui comercializados,
especialmente por questões tributárias.
A Doutrina entende que este artigo foi parcialmente revogado pela Lei 8.666/93, que
estabeleceu diversos crimes em processos licitatórios. No entanto, é pacífico o entendimento de
que o crime permanece em vigor em relação à conduta referente à venda em Hasta Pública, pois
não se insere no bojo de procedimento licitatório.24
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado
por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado,
por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou
cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
24
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 798
25
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 289
publicado pelo prazo de 30 dias, mas expirado o prazo, lá permaneceu por seis meses, e um
particular o inutilizou, não cometeu este crime.
A segunda consiste em violação de selo ou sinal empregado por funcionário público para
identificar ou cerrar (fechar) qualquer objeto.
A Doutrina entende que não comete este crime o particular que inutiliza o selo ou sinal
empregado de maneira ilegal por funcionário público. Exemplo: Particular que rasga cópia do
mandado de despejo afixado abusivamente na porta de sua casa, para que todos os vizinhos
vejam.
Não se exige finalidade especial de agir em nenhuma das condutas, apenas o dolo simples.
A conduta pode ser tanto de subtrair quanto de inutilizar livro, processo ou documento. A
subtração e a inutilização podem ser totais ou parciais.
Não se exige nenhuma finalidade especial de agir (dolo específico) por parte do agente,
bastando o dolo genérico.
Se o documento, livro ou processo é restituído sem que haja qualquer prejuízo, uns
entendem que este fato (espécie de reparação do erro) é causa que beneficia o agente na fixação
da pena, e outra parte da Doutrina entende que isso desconfigura o crime, podendo permanecer
eventual desacato.
26
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 804/805
Este crime NÃO É COMUM! Trata-se de CRIME PRÓPRIO! Somente o particular que tinha a
incumbência de realizar corretamente o lançamento de informações, etc., é quem pode cometer
o crime.27 O sujeito passivo aqui é, mais precisamente, a previdência social.
A Doutrina entende que este crime é material, ou seja, é necessária a efetiva ocorrência da
obtenção da vantagem relativa à redução ou supressão da contribuição social devida. Se o
agente, mesmo praticando as condutas, não obtém êxito, o crime é tentado.28
ATENÇÃO! Existe outra hipótese de extinção da punibilidade para este delito, mas que
pressupõe o PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO ou contribuição social (inclusive acessórios).
O pagamento poderá ocorrer mesmo depois de iniciada a ação do fisco, mas antes do
recebimento da denúncia, mas com fundamento no art. 34 da Lei 9.249/95. Muita atenção a isso!
27
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 806
28
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 809
Assim, são três os requisitos para o perdão judicial ou aplicação apenas da pena de multa:
b) Ser primário
c) O valor das contribuições não ser superior ao valor estabelecido pela Previdência
Social como o mínimo ao ajuizamento de execuções fiscais
Isso se justifica pela mesma razão que no crime de descaminho: se a conduta não é
considerada relevante nem na seara cível ou administrativa, não pode ser considerada
penalmente relevante, pois o Direito Penal é a ultima ratio, ou seja, só pode ser aplicado quando
os outros ramos do Direito forem insuficientes.
Embora não haja unanimidade na jurisprudência dos Tribunais Superiores, o STJ vem
entendendo que se o valor das contribuições sonegadas for inferior a este valor, não há hipótese
de perdão judicial ou aplicação da pena de multa, mas sim atipicidade da conduta, em razão do
princípio da insignificância29.
O § 3° estabelece uma espécie de crime privilegiado, quando o sonegador não for pessoa
==2a8243==
jurídica (obviamente, então, deve ser pessoa física ☺) e sua folha de pagamento é módica:
CÓDIGO PENAL
29
(AgRg no REsp 1609757/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
27/02/2018, DJe 08/03/2018)
⮲ Arts. 328 a 337-A do CP – Tipificam os crimes praticados por particular contra a administração
em geral:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem
ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional.
Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido
pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei
nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
§ 1º Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Redação dada pela Lei
nº 13.008, de 26.6.2014)
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de
outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
o exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em
transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
§ 1º Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
⮲ STJ - HC 104.921/SP – O STJ decidiu no sentido de que o funcionário público que desacata
outro funcionário público é, neste momento, apenas mais um particular, devendo responder pelo
crime de desacato. Exige-se, apenas, que o infrator não esteja no exercício de suas funções:
⮲ STJ - AgRg no REsp 1493968/PR – Durante algum tempo houve divergência quanto à
necessidade de constituição definitiva do crédito tributário para a consumação do delito de
descaminho. A sexta turma do STJ entendia necessária a constituição definitiva do crédito,
entendendo tratar-se de crime material. A quinta turma do STJ, por sua vez, entendia
desnecessária a constituição definitiva, por entender que se tratava de crime material. A matéria,
por fim, foi pacificada, no sentido de que se trata de crime formal, dispensando a constituição
definitiva do crédito para sua consumação, o que implica, inclusive, a não aplicação da Súmula
Vinculante 24:
⮲ STJ - AgRg no AREsp 812.459/PR – O STJ consolidou entendimento no sentido de que não
cabe a aplicação do princípio da insignificância ao delito de descaminho quando, a despeito do
valor insignificante, fica configurada a reiteração delitiva por parte do agente, caracterizada pela
reiteração em delitos da mesma natureza:
⮲ STJ - AgRg no REsp 1602575/PR – Ainda sobre o crime de descaminho, o mesmo STJ, porém,
entendeu que mesmo em casos nos quais resta comprovada a reiteração delitiva é possível,
⮲ STJ - RHC 43.558/SP – O STJ já proferiu algumas decisões no sentido de que o pagamento do
tributo devido (inclusive acessórios), no crime de descaminho, geraria a extinção da punibilidade.
Entretanto, mais recentemente vem prevalecendo o entendimento (no STJ) de que o pagamento
não pode gerar a extinção da punibilidade (no descaminho).
(...) 3. Assim, o descaminho não pode ser equiparado aos crimes materiais contra
a ordem tributária, o que revela a impossibilidade de que o agente tenha a sua
punibilidade extinta pelo pagamento do tributo. (...)
(RHC 43.558/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
05/02/2015, DJe 13/02/2015)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2018 – TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) A respeito dos crimes
praticados por particulares contra a administração, em geral (arts. 328; 329; 330; 331; 332; 333;
335; 336 e 337 do CP), assinale a alternativa correta.
(A) Não há previsão de modalidade culposa.
(B) Aquele que se abstém de licitar em hasta pública, em razão de vantagem indevida, não é
punido pelo crime de impedimento, perturbação ou fraude de concorrência, já que se trata de
conduta atípica.
(C) O crime de desacato não se configura se o funcionário público não estiver no exercício da
função, ainda que o desacato seja em razão dela.
(D) Para se configurar, o crime de corrupção ativa exige o retardo ou a omissão do ato de ofício,
pelo funcionário público, em razão do recebimento ou promessa de vantagem indevida.
(E) Para se configurar, o crime de usurpação de função pública exige que o agente, enquanto na
função, obtenha vantagem.
COMENTÁRIOS
a) CORRETA: Item correto, pois não há previsão de modalidade culposa para nenhum destes
delitos.
b) ERRADA: Item errado, pois tal agente também é punido, na forma do art. 335, § único do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois o crime de desacato pode ocorrer mesmo que o funcionário não
esteja, naquele momento, exercendo a função, desde que a conduta se dê em razão da função
por ele exercida, na forma do art. 331 do CP.
D) ERRADA: Item errado, pois tal delito se configura no momento em que o particular oferece ou
promete a vantagem indevida ao funcionário público, na forma do art. 333 do CP.
e) ERRADA: Item errado, pois não é necessário, para a consumação de tal delito, que o agente
obtenha qualquer vantagem. Caso isso ocorra, teremos a forma qualificada do delito, prevista no
art. 328, § único do CP.
afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
vantagem.” Incorre na mesma pena estabelecida para o crime citado, nos termos do parágrafo
único do mesmo artigo, quem
(A) faz proposta em certame licitatório que, posteriormente, deixa de cumprir.
(B) se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
(C) sendo agente público deixa de inabilitar concorrente sabendo-o fraudador.
(D) sabendo da ocorrência do fato não o denuncia às autoridades públicas.
(E) sendo agente público homologa certame sabendo-o fraudado.
COMENTÁRIOS
Neste caso, incorre nas mesmas penas quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da
VANTAGEM oferecida, conforme estabelece o art. 335, § único do CP.
COMENTÁRIOS
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008,
de 26.6.2014)
(...)
COMENTÁRIOS
Item errado, pois tal delito se configura ainda que o agente não obtenha vantagem. Caso o agente
obtenha vantagem, teremos a forma qualificada de tal delito, conforme art. 328, § único do CP.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o crime de resistência se verifica quando há oposição à execução de ato LEGAL
por parte de funcionário público, mediante violência ou grave ameaça, ao funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio, conforme art. 329 do CP.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois não é necessário que o agente influencie o funcionário público. Na verdade, a
Doutrina sustenta que o crime do art. 332 se verifica exatamente quando o particular busca obter
vantagem, em prejuízo de terceiro, alegando que irá influenciar em ato a ser praticado pelo
funcionário, mas não pretende agir dessa forma.
COMENTÁRIOS
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008,
de 26.6.2014)
(...)
COMENTÁRIOS
Neste caso o indivíduo pratica o crime de resistência e também responderá pela violência (lesão
corporal) praticada, na forma do art. 329 e seu §2º do CP:
Resistência
(...)
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Descaminho
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
COMENTÁRIOS
Item errado, pois tal conduta configura o crime de descaminho, previsto no art. 334 do CP:
Descaminho
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a ocorrência de prejuízo não é elemento do tipo de desobediência, motivo pelo
qual é irrelevante para a consumação de tal delito.
COMENTÁRIOS
Resistência
COMENTÁRIOS
Resistência
14. (VUNESP – 2015 – CRO-SP – ADVOGADO JÚNIOR) Imagine que determinado dentista, por
meio de um site de compras na Internet adquire, do exterior, um instrumento odontológico cuja
utilização é proibida no Brasil. A encomenda não é barrada pelos controles aduaneiros e o dentista
começa a utilizar o instrumento. É correto afirmar que
a) tipificou-se crime de descaminho.
b) tipificou-se crime de contrabando.
c) tipificou-se crime de exercício irregular da profissão.
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Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008,
de 26.6.2014)
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Item errado, pois tal conduta configura o crime de descaminho, previsto no art. 334 do CP:
Descaminho
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o crime de resistência se verifica quando há oposição à execução de ato LEGAL
por parte de funcionário público, mediante violência ou grave ameaça, ao funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio, conforme art. 329 do CP.
17. (VUNESP – 2015 – PREF. DE CAIEIRAS-SP – ASSESSOR JURÍDICO) Antônio foi abordado
por Policiais Militares na via pública e, quando informado que seria conduzido para a Delegacia de
Polícia, pois era “procurado” pela Justiça, passou a desferir socos e pontapés contra um dos
policiais. Sobre a conduta de Antônio, pode-se afirmar que
a) praticou o crime de desacato, previsto no artigo 331 do Código Penal.
b) praticou o crime de resistência, previsto no artigo 329 do Código Penal.
c) praticou o crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal.
d) não praticou nenhum crime, pois todo cidadão tem direito à sua autodefesa.
e) praticou o crime de corrupção ativa, previsto no artigo 333 do Código Penal, pois pretendeu,
com sua reação, corromper o funcionário público a não cumprir ato de ofício.
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Tal conduta configura o crime de resistência, previsto no art. 329 do CP, pois o agente se opôs a
execução de ato legal por meio de violência:
Resistência
COMENTÁRIOS
O delito de corrupção ativa (art. 333 do CP) é crime comum, podendo ser praticado por qualquer
pessoa, e não crime próprio. Trata-se de crime formal, pois se consuma com a prática da conduta
pelo particular (correta a letra C), ainda que o funcionário não aceite a vantagem ou não infrinja
seu dever funcional (errada, portanto, a letra B). Trata-se de crime de concurso eventual, pois pode
ser praticado por uma única pessoa e não admite forma culposa (erradas as letras D e E).
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c) falsidade ideológica
d) sonegação de contribuição.
e) falsificação de selo ou sinal público.
COMENTÁRIOS
Descaminho
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
21. (VUNESP – 2014 – TJ-PA – ANALISTA JUDICIÁRIO) Quem se opõe à execução de ato legal,
mediante ameaça a pessoa que está prestando auxílio a funcionário competente para executá-lo,
comete crime de
a) usurpação de função pública.
b) desobediência.
c) resistência.
d) desacato.
e) exercício arbitrário das próprias razões.
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Resistência
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Tal conduta corresponde ao crime de tráfico de influência, previsto no art. 332 do CP:
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
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(...) § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência.
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Item errado, pois o funcionário público pode praticar o delito de desobediência, na qualidade de
particular, quando estiver fora do exercício das funções.
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26. (VUNESP – 2015 – CÂMARA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – ADVOGADO) José, policial
militar, no exercício da sua função, decidiu abordar João na via pública, pois este passou a correr
quando percebeu a aproximação da viatura policial. Durante a abordagem, João passou a
desprestigiar e ofender José, em razão do seu salário de policial militar, inclusive proferindo
palavras de baixo calão contra ele. Com relação à conduta de João, pode-se afirmar sobre ele que
(A) ao sair correndo, quando viu a viatura policial, praticou o delito de resistência.
(B) cometeu o delito de desobediência.
(C) sua conduta é atípica.
(D) é passível de queixa-crime, ajuizada por José, no prazo de 6 meses, a contar da data do fato,
caso sinta que sua honra profissional tenha sido ofendida.
(E) praticou o crime de desacato.
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João, neste caso, praticou o delito de desacato, previsto no art. 331 do CP:
Desacato
27. (VUNESP – 2015 – CÂMARA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – ADVOGADO) Sobre o
delito de corrupção ativa, previsto no artigo 333 do Código Penal, pode-se afirmar que
(A) é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive por um funcionário público
que não esteja agindo nessa qualidade e tem como sujeito passivo o Estado.
(B) é crime material.
(C) mesmo quando a vantagem oferecida ou prometida for posterior à conduta praticada pelo
funcionário público, ocorrerá o crime de corrupção ativa.
(D) não se configura o delito de corrupção ativa, caso a vantagem não tenha sido endereçada ao
funcionário diretamente (mas a terceira pessoa), assim como também não se configura o delito,
caso o funcionário venha a repelir a vantagem oferecida pelo particular.
(E) ocorrerá todas as vezes que o funcionário público ceder à exigência do particular para realizar,
omitir ou deixar de praticar ato de ofício.
COMENTÁRIOS
B) ERRADA: Trata-se de crime FORMAL, que se consuma com a mera prática da conduta,
independentemente da obtenção do resultado pretendido.
C) ERRADA: Item errado, pois a conduta deve ser anterior à prática do ato, pois o tipo penal exige
que a conduta seja praticada para “determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”.
D) ERRADA: Item errado, pois o crime se configura mesmo quando é realizado por interposta
pessoa, e a eventual recusa do funcionário público é irrelevante, pois o delito já estará consumado.
E) ERRADA: O crime ocorre quando o particular pratica sua conduta. Caso o funcionário público
efetivamente infrinja seu dever funcional, haverá aumento de pena, nos termos do art. 333, § único
do CP.
(A) O crime de resistência previsto no artigo 329 do CP tem sua pena aplicada sem prejuízo da
pena correspondente à violência grave.
(B) O delito de desobediência, previsto no artigo 330, CP, é crime comum, tendo como sujeito
ativo qualquer pessoa, com exceção do funcionário público, que mesmo quando não está no
exercício da função, não perde essa condição para efeitos penais.
(C) O crime de falso testemunho ou falsa perícia (art. 342, CP) admite retratação do agente que
poderá ser manifestada em qualquer instância e grau de jurisdição, ocasionando a extinção da
punibilidade.
(D) O delito de desacato (art. 331, CP), dado o objeto material (o funcionário público e sua honra),
tem como sujeito passivo apenas o funcionário público humilhado.
(E) O crime de coação no curso do processo (art. 344, CP) não admite violência, mas apenas ameaça
por parte do agente, que busca favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte ou
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial,
administrativo ou em juízo arbitral.
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(...)
E) ERRADA: Item errado, pois tal delito também pode ser praticado por meio de violência, nos
termos do art. 344 do CP.
29. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA) Antônio foi abordado por
Policiais Militares na via pública e, quando informado que seria conduzido para a Delegacia de
Polícia, pois era “procurado” pela Justiça, passou a desferir socos e pontapés contra um dos
policiais. Sobre a conduta de Antônio, pode-se afirmar que
(A) praticou o crime de desacato, previsto no artigo 331 do Código Penal.
(B) praticou o crime de resistência, previsto no artigo 329 do Código Penal.
(C) praticou o crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal.
(D) não praticou nenhum crime, pois todo cidadão tem direito à sua autodefesa.
(E) praticou o crime de corrupção ativa, previsto no artigo 333 do Código Penal, pois pretendeu,
com sua reação, corromper o funcionário público a não cumprir ato de ofício.
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Neste caso o agente praticou o delito de resistência, previsto no art. 329 do CP:
Resistência
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O crime de corrupção ativa é COMUM (pode ser praticado por qualquer pessoa) e tem como
objeto (bem jurídico) a moralidade e a probidade da administração pública. Além disso, é crime
de concurso EVENTUAL e não admite forma culposa. Por fim, trata-se de crime FORMAL, pois se
consuma com a mera prática da conduta, independentemente de o agente obter o resultado
pretendido.
31. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA) José solicita e recebe dinheiro
de um empresário que participará de uma licitação pública a pretexto de ajudá-lo a vencer o
certame, sob o argumento de que tem muitos amigos no comando da Administração Pública.
Sobre a conduta de José, está correto afirmar que
(A) praticou o crime de usurpação da função pública (art. 328, Código Penal).
(B) praticou o crime de corrupção ativa (art. 333, Código Penal).
(C) praticou o crime de impedimento, perturbação ou fraude concorrência (art. 335, Código Penal).
(D) praticou o crime de tráfico de influência (art. 332, Código Penal).
(E) não praticou nenhum crime (fato atípico), pois quem decide o resultado de licitação é o agente
público e não o particular.
COMENTÁRIOS
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
32. (VUNESP – 2015 – PREF. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – AUDITOR) Cidadão solicita a poda
de uma árvore que se encontra no passeio público em frente a sua residência, ao agente público
municipal, responsável por atividades de zeladoria urbana. Tal agente afirma que tal serviço
demorará de 2 a 3 meses, mas que se o cidadão quiser maior rapidez, pode lhe pagar R$ 100,00,
que enviará a equipe para realizar o serviço no dia seguinte. O interessado paga a quantia e recebe
o serviço, conforme combinado. Nesse caso, as condutas do agente público municipal e do
cidadão são crimes contra a Administração Pública, respectivamente previstos como
(A) corrupção passiva e corrupção ativa.
(B) corrupção ativa e peculato.
(C) peculato e corrupção passiva.
(D) concussão e peculato.
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Questão polêmica. É pacífico na Doutrina que se o agente apenas cede ao pedido do funcionário
público e dá a vantagem indevida solicitada, não pratica o delito de corrupção ativa, pois o tipo
penal do art. 333 do CP não abarca este verbo (pagar ou dar).
Contudo, a questão deixa claro que o funcionário público não solicitou a verba, apenas esclareceu
como funcionava o “esquema”. O particular, por livre e espontânea vontade, ofereceu a vantagem
indevida, caracterizando o delito de corrupção ativa.
O funcionário público, por sua vez, praticou o delito de corrupção passiva ao aceitar a vantagem.
33. (VUNESP – 2013 – ITESP – ADVOGADO) O fazendeiro de uma cidade do interior de São
Paulo, que solicita aos assentados dinheiro a pretexto de influir na atuação de funcionário do ITESP
a fim de facilitar a concessão de títulos de domínio visando a regularização fundiária, comete o
crime de:
a) corrupção passiva qualificada.
b) tráfico de influência.
c) advocacia administrativa.
d) exploração de prestígio.
e) estelionato
COMENTÁRIOS
A conduta do fazendeiro caracteriza o delito de tráfico de influência, nos termos do art. 332 do CP:
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
34. (VUNESP – 2012 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) A pena prevista pelo
Código Penal para o crime de "resistência" (CP, art. 329), por expressa disposição legal, é
A) de reclusão e de multa.
B) de reclusão, de seis meses a um ano.
C) maior, se o funcionário público, em razão da violência, fica afastado do cargo.
D) maior se o ato, em razão da resistência, não se executa.
E) diminuída de um a dois terços se a resistência não é praticada com violência.
COMENTÁRIOS
A resposta é a letra D.
Para resolvermos a questão é necessária a transcrição do art. 329 do CP, que define o tipo penal
do delito de resistência. Vejamos:
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Vemos, então, que a pena, em regra, é de detenção, de dois meses a dois anos.
Contudo, caso o ato não se execute em razão da resistência, a pena será maior, e será de reclusão,
de um a três anos.
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Tal delito se caracteriza, na forma qualificada, quando o ato não é executado em razão da
resistência do agente. Vejamos:
36. (VUNESP – 2007 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Assinale a alternativa que
exemplifica o crime de desacato.
A) "X", de forma muito humilhante, diz a seu vizinho, funcionário público, durante um churrasco
entre amigos, que ele é a pessoa mais preguiçosa e lenta que já conheceu.
B) "X" descumpre a ordem dada pelo juiz em audiência e continua fotografando a vítima do crime
sob julgamento.
C) "X", ao deparar-se no fórum com a escrevente "Z", dirige a ela as seguintes palavras: que coisa
mais linda, até parece um anjo!
D) "X", ao ter seu veículo apreendido pelo Delegado de Polícia "Z", gesticula a ele de forma
obscena utilizando o dedo médio da mão.
E) "X", que assiste a uma partida de vôlei, zomba de um dos jogadores: Vejam como o nosso
promotor público enfeita a quadra, até parece uma borboleta!
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Desacato
O crime de desacato deve ser praticado contra o funcionário público NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO
(quando estiver exercendo a função) ou EM RAZÃO DELA (mesmo fora do local do exercício da
função, mas em razão da função).
37. (VUNESP – 2006 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) São pressupostos do delito
de resistência que
I. o ato ao qual se opõe seja legal;
II. a violência ou ameaça seja praticada contra o policial que executar o ato;
III. a oposição seja praticada mediante violência ou ameaça.
Está correto o contido em
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
COMENTÁRIOS
Resistência
Assim, vemos que o ato ao qual se opõe deve ser LEGAL. A violência ou ameaça deve ser praticada
contra o funcionário competente para praticar o ato, e não necessariamente um policial. Por fim, A
oposição ao ato deve ser praticada necessariamente com violência ou ameaça.
COMENTÁRIOS
A conduta descrita caracteriza o delito do art. 329 do CP, ou seja, crime de RESISTÊNCIA. Vejamos:
Resistência
39. (VUNESP – 2009 – TJ/SP – OFICIAL DE JUSTIÇA) Examine as afirmações sobre o crime de
tráfico de influência.
I. Ocorre se o agente solicita para si ou para outrem vantagem a pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público no exercício da função.
II. É praticado, ainda que sem intenção, e de forma imprudente, se o agente exige para si ou para
outrem vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da
função.
III. Tem a sua pena aumentada se o agente alega que a vantagem solicitada é também destinada
ao funcionário público que se deixará influenciar.
Está correto o contido em
A) I, somente.
B) I e II, somente.
C) I e III, somente.
D) II e III, somente.
E) I, II e III.
COMENTÁRIOS
I - CORRETA: Esta é a redação do tipo penal previsto no art. 332 do CP, caracterizando o delito
de tráfico de influência;
II - ERRADA: O crime somente é punido a título de dolo, não havendo previsão de forma culposa;
III - CORRETA: Esta é a causa de aumento de pena prevista no art. 332, § único do CP,
aumentando-se a pena em metade.
COMENTÁRIOS
I – CORRETA: Item correto, pois é necessário que o agente resista à ordem legal utilizando-se de
violência ou grave ameaça, nos termos do art. 329 do CP.
II – CORRETA: Para que tal crime se configure é necessário que a ordem do funcionário público
seja LEGAL, nos termos do art. 330 do CP.
41. (FCC – 2019 – TRF4 – OFICIAL DE JUSTIÇA) Tício e Tácito, trabalhadores autônomos do
ramo de construção civil, fazendo-se passar por policiais civis, compareceram na empresa “X”
aduzindo ter em mãos um mandado de busca e apreensão diante de suspeita de crime tributário,
e de um mandado de prisão temporária contra Manoel, um dos sócios daquela empresa. Para não
cumprir os mandados, Tício e Tácito solicitaram e receberam a quantia de R$ 3.000,00 em dinheiro
de Rodrigo, o outro sócio diretor da empresa. No caso apresentado, Tício e Tácito cometeram
crime de
(A) corrupção ativa.
(B) usurpação de função pública.
(C) corrupção passiva.
(D) concussão.
(E) exercício arbitrário ou abuso de poder
COMENTÁRIOS
Tício e Tácito praticaram, no caso, o crime de usurpação de função pública, previsto no art. 328 do
CP (sem prejuízo de eventual crime patrimonial, como estelionato):
GABARITO: Letra B
d) Obstrução à justiça.
e) Desinteligência.
COMENTÁRIOS
O agente praticou aqui o crime de resistência, na forma do art. 329 do CP, pois se opôs à execução
do ato legal mediante violência:
Resistência
(...)§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência.
Vale frisar que o agente responderá, ainda, pelas lesões causadas nos policiais.
GABARITO: Letra C
43. (FCC – 2017 – TRF5 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) José desatendeu ordem ilegal de funcionário
Público e deixou o local em que tal ordem lhe fora dada. A conduta de José
a) caracterizou o delito de desacato.
b) caracterizou o delito de resistência no tipo legal fundamental.
c) configurou o crime de desobediência.
d) não tipificou os crimes de desobediência, desacato ou resistência.
e) configurou o crime de resistência na forma agravada.
COMENTÁRIOS
Se a ordem dada pelo funcionário público era ILEGAL, José não cometeu crime algum ao
desobedecer a ordem, pois o crime de desobediência, do art. 330 do CP, só se verifica quando o
agente desobedece a ordem LEGAL de funcionário público.
Não há que se falar, ainda, nos crimes de desacato ou resistência, pois a conduta praticada não
corresponde a qualquer destes tipos penais.
44. (FCC – 2017 – TRF5 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O particular que atenta contra a Administração
em Geral, com a característica de iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria no país, comete, segundo o
Código Penal, o crime de
a) fraude de concorrência.
b) contrabando.
c) descaminho.
d) sonegação de contribuição previdenciária.
e) impedimento de concorrência.
COMENTÁRIOS
Descaminho
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
45. (FCC – 2017 – TRF5 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Marcelino, dirigindo seu veículo, é abordado
por policiais militares que o vistoriaram e nada encontraram de irregular, nem com a documentação
do veículo, tampouco com os documentos pessoais, os quais estavam plenamente válidos. Apenas
por precaução, os policiais o convidaram para ir à Delegacia de Polícia para fazer uma melhor
averiguação de sua vida pregressa já que não simpatizaram com ele. Marcelino se recusa a
acompanhá-los e, os policiais o alertam que o conduzirão à força, caso ele não concorde. No
entanto, ele novamente não aceita acompanhá-los resistindo à ordem. A conduta de Marcelino
a) configura crime de desacato e de resistência.
b) configura crime de resistência, somente.
c) configura crime de resistência e de desobediência.
d) configura crime de desacato e de desobediência.
e) não configura crime.
COMENTÁRIOS
Neste caso, Marcelino NÃO PRATICOU CRIME ALGUM, pois recebeu uma ordem ILEGAL dos
policiais. Se Marcelino não possuía mandado de prisão ou condução coercitiva em seu desfavor,
tampouco estava sem situação de flagrante delito, tal condução é absolutamente ilegal. Se a
ordem dada pelo funcionário público era ILEGAL, Marcelino não cometeu crime algum ao
desobedecer a ordem, pois o crime de desobediência, do art. 330 do CP, só se verifica quando o
agente desobedece a ordem LEGAL de funcionário público.
Não há que se falar, ainda, nos crimes de desacato ou resistência, pois a conduta praticada não
corresponde a qualquer destes tipos penais.
46. (FCC – 2015 – TRE-RR – ANALISTA JUDICIÁRIO) Paulo é estudante de uma determinada
faculdade do Estado de Roraima, cursando o primeiro semestre. No início deste ano de 2015 Paulo
é submetido a um trote acadêmico violento e, amarrado, é obrigado a consumir à força bebida
alcoólica e substância entorpecente. Após o trote, Paulo, completamente embriagado e
incapacitado de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento por conta desta embriaguez e do uso de droga, desloca-se até uma Delegacia de
Polícia da cidade de Boa Vista, onde tramita um inquérito contra ele por crime de lesão corporal
dolosa decorrente de uma briga em uma casa noturna, e oferece R$ 10.000,00 em dinheiro ao
Delegado de Polícia para que este não dê prosseguimento às investigações. Paulo acaba preso
em flagrante pela Autoridade Policial. No caso hipotético exposto, Paulo
a) praticou crime de corrupção ativa e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de
condenação.
b) é isento de pena pelo crime cometido nas dependências da Delegacia de Polícia.
c) praticou crime de corrupção ativa e não terá a pena reduzida no caso de condenação pela
embriaguez.
d) praticou crime de concussão e não terá a pena reduzida no caso de condenação.
e) praticou crime de concussão e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.
COMENTÁRIOS
Paulo praticou a conduta típica prevista no art. 333 do CP, ou seja, em tese teria praticado o delito
de corrupção ativa.
Contudo, a questão deixa claro que ele se encontrava inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, situação decorrente de
embriaguez ocasionada por FORÇA MAIOR. Assim, Paulo é inimputável e, segundo o CP, isento
de pena (afasta a culpabilidade), nos termos do art. 28, §1º do CP.
COMENTÁRIOS
A conduta do agente, aqui, configura o delito de tráfico de influência, previsto no art. 332 do CP:
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
48. (FCC – 2015 – TCM-GO – AUDITOR) José ofereceu R$ 1.000,00 para João, Oficial de Justiça,
deixar de citá-lo numa ação cível. João aceitou a oferta, mas José deixou de honrá-la. Nesse caso,
José responderá por corrupção ativa
a) consumada e João por corrupção ativa tentada.
b) tentada e João por prevaricação.
c) tentada e João por corrupção ativa consumada.
d) consumada e João por corrupção passiva consumada.
e) tentada e João por corrupção ativa tentada.
COMENTÁRIOS
José responderá por corrupção ATIVA CONSUMADA (pois o mero oferecimento já consuma o
delito), nos termos do art. 333 do CP. João, por sua vez, responderá pelo delito de corrupção
PASSIVA CONSUMADA, pois a mera aceitação da vantagem já consuma o delito, nos termos do
art. 317 do CP.
49. (FCC – 2015 – TCM-GO – AUDITOR) Paulo, sócio administrador de agência de turismo,
ofereceu uma viagem à Europa a Jack, agente fiscal de rendas, para determiná-lo a não autuá-lo
por sonegação de tributo estadual. Jack aceitou a oferta, viajou e, quando voltou, foi até a empresa
e lavrou auto de infração pela sonegação do referido tributo. Nesse caso,
a) Paulo responderá por corrupção ativa e Jack não responderá por nenhum delito por ter lavrado
o auto de infração.
b) Jack responderá por corrupção passiva e Paulo por prevaricação.
c) Paulo responderá por corrupção ativa e Jack por prevaricação.
d) não há crime, porque o auto de infração foi lavrado, não tendo havido prejuízo para a
Administração pública.
e) Jack responderá por corrupção passiva e Paulo por corrupção ativa.
COMENTÁRIOS
Paulo responderá por corrupção ATIVA CONSUMADA (pois o mero oferecimento já consuma o
delito), nos termos do art. 333 do CP. Jack, por sua vez, responderá pelo delito de corrupção
PASSIVA CONSUMADA, pois a mera aceitação da vantagem já consuma o delito. Contudo, a
“corrupção passiva” que Jack praticou não foi a do art. 317 do CP, pois quando se trata de
aceitação de vantagem indevida por funcionário da administração tributária, cuja finalidade é o
não lançamento de tributo ou lançamento parcial (contrariamente à Lei), teremos uma modalidade
especial de corrupção passiva, que é a “corrupção passiva tributária”, prevista no art. 3º, II da Lei
8.137/90.
A resposta da questão poderia ter sido mais completa, de forma a não dar margem para anulação.
50. (FCC – 2015 – TJ-AL – JUIZ) NÃO constitui crime praticado por particular contra a
Administração em geral
a) o tráfico de influência.
b) a desobediência.
c) a resistência.
d) a advocacia administrativa.
e) o desacato.
COMENTÁRIOS
Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra D traz um crime que não constitui “crime
praticado por particular contra a Administração em geral”, eis que tal delito é um crime praticado
por FUNCIONÁRIO PÚBLICO contra a administração em geral, nos termos do art. 321 do CP.
51. (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA – PROCESSUAL) A respeito dos crimes contra a
Administração Pública, é correto afirmar:
a) Não configura o crime de contrabando a exportação de mercadoria proibida.
b) Constitui crime de desobediência o não atendimento por funcionário público de ordem legal de
outro funcionário público.
c) Comete crime de corrupção ativa quem oferece vantagem indevida a funcionário público para
determiná-lo a deixar de praticar medida ilegal.
d) Pratica crime de resistência quem se opõe, mediante violência, ao cumprimento de mandado
de prisão decorrente de sentença condenatória supostamente contrária à prova dos autos.
e) Para a caracterização do crime de desacato não é necessário que o funcionário público esteja
no exercício da função ou, não estando, que a ofensa se verifique em função dela.
COMENTÁRIOS
B) ERRADA: O crime de desobediência é um crime que só pode ser praticado pelo particular. Se
praticado pelo funcionário público pode, no entanto, configurar o crime de prevaricação, nos
termos dos arts. 329 e 319 do CP;
C) ERRADA: Cuidado com a pegadinha! Se a medida que o funcionário público ia praticar era
ilegal, não há crime de corrupção ativa, pois se exige que o ato que o funcionário público iria
praticar seja legal, nos termos do art. 333 do CP:
D) CORRETA: O fato de a sentença judicial que embasa o mandado de prisão ser considerada
injusta não desconfigura o crime, pois o modo correto para o agente questionar a sentença é a via
recursal. Nesse caso, o ato praticado pelo funcionário público (oficial de justiça) é plenamente legal,
pois se fundamenta em decisão judicial válida, que pode, no entanto, ser atacada pela via do
recurso.
E) ERRADA: É necessário que a ofensa seja proferida, em qualquer caso, em razão da função
pública, esteja ou não o funcionário público no exercício da função no momento do crime.
52. (FCC – 2007 – AUDITOR -FISCAL DE TRIBUTOS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO) No crime
de corrupção ativa a vantagem indevida
a) deve ser recebida pelo funcionário público
b) deve ser concedida a funcionário público
c) pode ser oferecida a funcionário público
d) é exigida pelo funcionário público
e) é solicitada pelo funcionário público
COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS
Como Túlio não possuía qualquer vínculo com a administração pública, o exercício da função
pública, neste caso, configura o crime de usurpação de função pública, nos termos do art. 328 do
CP. O crime de exercício funcional ilegalmente antecipado só se configuraria se Túlio tivesse sido
nomeado mas ainda não empossado no cargo, o que não ocorreu.
54. (FCC - 2009 - TRT - 3ª REGIÃO (MG) - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA -
EXECUÇÃO DE MANDADOS) O crime de desobediência
A) só pode ser praticado por omissão.
B) será punido apenas com multa, se for culposo.
C) ocorre independentemente da legalidade da ordem.
D) exige violência ou grave ameaça.
E) não prescinde de dolo, ainda que eventual.
COMENTÁRIOS
O crime de desobediência só é punível na modalidade dolosa, motivo pelo qual a existência desse
elemento subjetivo do tipo é INDISPENSÁVEL.
55. (FCC – 2007 – ISS/SP – AUDITOR-FISCAL) Aquele que exige vantagem, a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público no exercício da função, comete o crime de
a) tráfico de influência.
b) advocacia administrativa.
c) exploração de prestígio.
d) condescendência criminosa.
e) prevaricação.
COMENTÁRIOS
A conduta de exigir vantagem a pretexto de influir em ato a ser praticado por funcionário público
pode caracterizar o delito de TRÁFICO DE INFLUÊNCIA. Vejamos o art. 332 do CP:
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
56. (FCC – 2011 - TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO) João, funcionário público no exercício de suas
funções, em cumprimento de mandado de citação, abordou José, o citando, ordenando-lhe que
ajoelhasse no chão para ouvir a leitura do teor do mandado. José recusou-se a ajoelhar-se, dizendo
que ouviria de pé. Nesse caso, José
a) cometeu crime de desacato.
b) cometeu crime de desobediência.
c) não cometeu nenhum delito.
d) cometeu crime de resistência simples.
e) cometeu crime de resistência qualificada.
COMENTÁRIOS
José, neste caso, não cometeu qualquer delito, pois a ordem do funcionário público não foi legal,
ou seja, não possuía qualquer amparo legal, de forma que foi plenamente válida a conduta de
José.
Desobediência
Vê-se, assim, que sendo ilegal a ordem emanada do funcionário público, inexigível seu
cumprimento.
57. (FCC - 2013 - TCE-SP - AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS) O crime de corrupção ativa
a) caracteriza-se mesmo que a oferta de vantagem indevida seja feita após a prática do ato de
ofício.
b) deixa de existir quando a vantagem indevida é aceita pelo funcionário público, caracterizando-
se, nesse caso, apenas o delito de corrupção passiva.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: O item está errado, pois é necessário que a oferta ou promessa de vantagem indevida
seja anterior à prática do ato, pois o tipo penal exige que ela seja feita “para” ocasionar a falta
funcional, e não em decorrência dela;
B) ERRADA: Em sendo aceita a oferta, o particular responde pela corrupção ativa e o funcionário
público responde pela corrupção passiva;
C) ERRADA: O item está errado, pois a oferta de vantagem deve ser dirigida a um funcionário
público especificamente e deve ser vantagem indevida, o que não ocorre no caso;
D) CORRETA: Neste caso, o particular que apenas solicita ao funcionário público um “jeitinho”
(sem nada oferecer em troca), não pratica crime. O funcionário público, entretanto, caso atenda ao
pedido, pratica crime de corrupção passiva privilegiada, nos termos do art. 317, §2º do CP:
58. (FCC – 2014 – TRF4 – OFICIAL DE JUSTIÇA) Processado por roubo cometido contra
empresa pública federal, Mélvio teve sua prisão preventiva legalmente decretada. Ao ser
regularmente cumprido o respectivo mandado por Oficial de Justiça, Mélvio resistiu com violência
à prisão e, ao final, foi absolvido da imputação de roubo, posto que afinal reconhecida injusta.
Com base somente nesses dados,
(A) inexistiu crime de resistência, qualquer que seja o fundamento técnico da absolvição quanto ao
roubo.
(B) inexistiu crime de resistência, desde que a absolvição seja pela negativa de autoria quanto ao
roubo.
(C) inexistiu crime de resistência, mas responde Mélvio, de qualquer modo, por outro eventual
crime correspondente à violência.
(D) inexistiu o crime de resistência, desde que a absolvição quanto ao roubo tenha afirmado a
inexistência ou o atipicidade do fato respectivo.
(E) caracteriza-se o crime de resistência.
COMENTÁRIOS
Neste caso restou PLENAMENTE caracterizado o delito de resistência, pois o agente, mediante
violência, resistiu ao cumprimento de ato legal por parte de funcionário público. Vejamos:
Resistência
O fato de, posteriormente, o acusado ser absolvido da acusação criminosa (em relação ao delito
que gerou o mandado de prisão) não torna ilegal a prisão realizada e, portanto, não afasta o delito
de resistência.
COMENTÁRIOS
O crime de desacato implica aviltamento ao funcionário público e à própria função pública em si,
não sendo necessário que haja resistência ao cumprimento de ordem, tampouco coação ou
desobediência.
b) só se caracteriza se o funcionário, estando no local, ouça ou veja a ofensa que lhe é dirigida, em
razão de suas funções.
c) caracteriza-se mesmo que a ofensa feita ao funcionário público não diga respeito ao exercício
de suas funções.
d) pode ser reconhecido em críticas genéricas dirigidas publicamente a uma instituição.
e) pode ser cometido por escrito, através de carta dirigida ao funcionário público.
COMENTÁRIOS
61. (FCC – 2011 – TRE-RN – ANALISTA JUDICIÁRIO) Quem se opõe à execução de ato legal,
mediante ameaça ao funcionário competente para executá-lo, comete crime de
a) resistência.
b) desobediência.
c) desacato.
d) exercício arbitrário das próprias razões.
e) coação no curso do processo.
COMENTÁRIOS
Tal pessoa estará praticando o delito de resistência, nos termos do art. 329 do CP.
62. (FCC – 2010 – TCE-AP – PROCURADOR) NÃO constituem crimes praticados por particular
contra a administração em geral
a) o desacato e a fraude de concorrência.
b) a condescendência criminosa e a advocacia administrativa.
c) a corrupção ativa e a sonegação de contribuição previdenciária.
d) o tráfico de influência e a resistência.
e) a desobediência e o contrabando.
COMENTÁRIOS
Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra B traz crimes que não constituem “crimes
praticado por particular contra a Administração em geral”, eis que tais delitos são crimes praticados
por FUNCIONÁRIO PÚBLICO contra a administração em geral, nos termos do art. 320 e do art.
321, ambos do CP.
63. (FCC – 2012 – MPE-PE – TÉCNICO) Quem se opõe à execução de ato legal, mediante
ameaça a quem esteja prestando auxílio ao funcionário público competente para executá-lo,
a) comete crime de desacato.
b) comete crime de desobediência.
c) comete crime de resistência.
d) comete crime de tráfico de influência.
e) não comete crime contra a Administração Pública.
COMENTÁRIOS
Tal pessoa estará praticando o delito de resistência, nos termos do art. 329 do CP.
64. (FCC – 2011 – TRE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO) A conduta de iludir, no todo ou em parte,
o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria tipifica o crime de
a) contrabando.
b) descaminho.
c) peculato.
d) prevaricação.
e) excesso de exação.
COMENTÁRIOS
65. (FCC – 2013 – MPE-MA – ANALISTA MINISTERIAL) Ana doou um automóvel ao filho de um
fiscal, para que não autuasse sua empresa por fraudes que havia constatado. Anita, oficial de
justiça, exigiu R$ 5.000,00 de José, para não cumprir mandado de prisão que ordenava a sua
prisão. Ângela decorou a casa de um policial para determiná-lo a deixar de investigar delito que
havia praticado. Alice, médica de um posto de saúde, solicitou R$ 1.000,00 para fornecer atestado
falso a pessoa interessada em justificar faltas ao serviço. Amanda, perita judicial, recebeu R$
5.000,00 de uma das partes para favorecê-la no laudo pericial que estava elaborando. O crime de
corrupção ativa será imputável somente a
a) Anita, Alice e Amanda.
b) Ana e Ângela.
c) Alice e Amanda.
d) Alice.
e) Ana, Alice e Ângela
COMENTÁRIOS
Somente Ana e Ângela praticaram crime de corrupção ativa, pois concederam vantagem indevida
a funcionário público, a fim de determiná-lo a deixar de praticar ato de ofício, nos termos do art.
333 do CP.
COMENTÁRIOS
Paulus praticou, neste caso, o delito de resistência, nos termos do art. 329 do CP, pois se opôs a
execução de ato legal por parte do funcionário público. Paulus praticou, ainda, o delito de lesões
corporais leves, eis que o delito de resistência não engloba punição pela violência praticada, de
maneira que o agente responde por ambos os delitos em concurso material, nos termos do art.
329, §2º do CP.
COMENTÁRIOS
Neste caso, a conduta do agente configura o delito de resistência, pois se opôs, mediante
violência, ao ato legal a ser praticado pelo funcionário público (a prisão em flagrante), motivo pelo
qual responderá pelo crime do art. 329 do CP.
território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação incorre na mesma pena do crime
de
a) sonegação fiscal.
b) descaminho.
c) fraude de concorrência.
d) contrabando.
e) corrupção ativa em transação comercial internacional.
4. (VUNESP – 2017 – CÂMARA DE COTIA-SP – PROCURADOR LEGISLATIVO - ADAPTADA) O
crime de usurpação de função pública somente se caracteriza se o agente usurpador obtém
vantagem enquanto na função.
5. (VUNESP – 2017 – CÂMARA DE COTIA-SP – PROCURADOR LEGISLATIVO - ADAPTADA) O
crime de resistência caracteriza-se pela oposição à execução de ato, ainda que ilegal, mediante
violência ou grave ameaça, a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
prestando auxílio.
6. (VUNESP – 2017 – CÂMARA DE COTIA-SP – PROCURADOR LEGISLATIVO - ADAPTADA) O
crime de tráfico de influência caracteriza-se independentemente de o agente influir em ato
praticado por funcionário público no exercício da função.
7. (VUNESP – 2017 – CÂMARA DE COTIA-SP – PROCURADOR LEGISLATIVO - ADAPTADA) A
reinserção no território brasileiro de mercadoria destinada à exportação, em tese, caracteriza o
crime de descaminho.
8. (VUNESP – 2016 – CÂMARA DE MARÍLIA-SP – PROCURADOR) Funcionários públicos estão
executando um ato legal. Mediante violência, um indivíduo opõe-se à execução do ato, e acaba
causando lesão corporal leve em um particular que prestava auxílio aos funcionários públicos. Em
que pese a oposição o ato se executa. O indivíduo
a) comete crime de resistência e também responderá pela violência (lesão corporal).
b) comete crime de desobediência, o qual terá sua pena aumentada por conta da violência (lesão
corporal).
c) apenas responderá pela violência (lesão corporal), não havendo porque se cogitar de outro
crime, pois o ato foi executado.
d) apenas comete crime de resistência, não havendo porque se cogitar de outro crime, uma vez
que a vítima de violência (lesão corporal) não se trata de funcionário público.
e) não comete crime algum.
9. (VUNESP – 2016 – CÂMARA DE MARÍLIA-SP – PROCURADOR) A conduta de iludir, no todo
ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo
de mercadoria constitui
a) crime de contrabando.
b) crime de descaminho.
c) crime de sonegação de contribuição previdenciária.
d) mero ilícito fiscal-aduaneiro, sem repercussão na esfera penal.
e) mero ilícito fiscal-tributário que sujeita a respectiva mercadoria a perdimento, sem repercussão
na esfera penal.
14. (VUNESP – 2015 – CRO-SP – ADVOGADO JÚNIOR) Imagine que determinado dentista, por
meio de um site de compras na Internet adquire, do exterior, um instrumento odontológico cuja
utilização é proibida no Brasil. A encomenda não é barrada pelos controles aduaneiros e o dentista
começa a utilizar o instrumento. É correto afirmar que
a) tipificou-se crime de descaminho.
b) tipificou-se crime de contrabando.
21. (VUNESP – 2014 – TJ-PA – ANALISTA JUDICIÁRIO) Quem se opõe à execução de ato legal,
mediante ameaça a pessoa que está prestando auxílio a funcionário competente para executá-lo,
comete crime de
a) usurpação de função pública.
b) desobediência.
c) resistência.
d) desacato.
e) exercício arbitrário das próprias razões.
27. (VUNESP – 2015 – CÂMARA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – ADVOGADO) Sobre o
delito de corrupção ativa, previsto no artigo 333 do Código Penal, pode-se afirmar que
(A) é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive por um funcionário público
que não esteja agindo nessa qualidade e tem como sujeito passivo o Estado.
(B) é crime material.
(C) mesmo quando a vantagem oferecida ou prometida for posterior à conduta praticada pelo
funcionário público, ocorrerá o crime de corrupção ativa.
(D) não se configura o delito de corrupção ativa, caso a vantagem não tenha sido endereçada ao
funcionário diretamente (mas a terceira pessoa), assim como também não se configura o delito,
caso o funcionário venha a repelir a vantagem oferecida pelo particular.
(E) ocorrerá todas as vezes que o funcionário público ceder à exigência do particular para realizar,
omitir ou deixar de praticar ato de ofício.
(D) O delito de desacato (art. 331, CP), dado o objeto material (o funcionário público e sua honra),
tem como sujeito passivo apenas o funcionário público humilhado.
(E) O crime de coação no curso do processo (art. 344, CP) não admite violência, mas apenas ameaça
por parte do agente, que busca favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte ou
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial,
administrativo ou em juízo arbitral.
29. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA) Antônio foi abordado por
Policiais Militares na via pública e, quando informado que seria conduzido para a Delegacia de
Polícia, pois era “procurado” pela Justiça, passou a desferir socos e pontapés contra um dos
policiais. Sobre a conduta de Antônio, pode-se afirmar que
(A) praticou o crime de desacato, previsto no artigo 331 do Código Penal.
(B) praticou o crime de resistência, previsto no artigo 329 do Código Penal.
(C) praticou o crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal.
(D) não praticou nenhum crime, pois todo cidadão tem direito à sua autodefesa.
(E) praticou o crime de corrupção ativa, previsto no artigo 333 do Código Penal, pois pretendeu,
com sua reação, corromper o funcionário público a não cumprir ato de ofício.
31. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA) José solicita e recebe dinheiro
de um empresário que participará de uma licitação pública a pretexto de ajudá-lo a vencer o
certame, sob o argumento de que tem muitos amigos no comando da Administração Pública.
Sobre a conduta de José, está correto afirmar que
(A) praticou o crime de usurpação da função pública (art. 328, Código Penal).
(B) praticou o crime de corrupção ativa (art. 333, Código Penal).
(C) praticou o crime de impedimento, perturbação ou fraude concorrência (art. 335, Código Penal).
(D) praticou o crime de tráfico de influência (art. 332, Código Penal).
(E) não praticou nenhum crime (fato atípico), pois quem decide o resultado de licitação é o agente
público e não o particular.
32. (VUNESP – 2015 – PREF. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – AUDITOR) Cidadão solicita a poda
de uma árvore que se encontra no passeio público em frente a sua residência, ao agente público
municipal, responsável por atividades de zeladoria urbana. Tal agente afirma que tal serviço
demorará de 2 a 3 meses, mas que se o cidadão quiser maior rapidez, pode lhe pagar R$ 100,00,
que enviará a equipe para realizar o serviço no dia seguinte. O interessado paga a quantia e recebe
o serviço, conforme combinado. Nesse caso, as condutas do agente público municipal e do
cidadão são crimes contra a Administração Pública, respectivamente previstos como
(A) corrupção passiva e corrupção ativa.
(B) corrupção ativa e peculato.
(C) peculato e corrupção passiva.
(D) concussão e peculato.
(E) corrupção ativa e concussão.
33. (VUNESP – 2013 – ITESP – ADVOGADO) O fazendeiro de uma cidade do interior de São
Paulo, que solicita aos assentados dinheiro a pretexto de influir na atuação de funcionário do ITESP
a fim de facilitar a concessão de títulos de domínio visando a regularização fundiária, comete o
crime de:
a) corrupção passiva qualificada.
b) tráfico de influência.
c) advocacia administrativa.
d) exploração de prestígio.
e) estelionato
34. (VUNESP – 2012 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) A pena prevista pelo
Código Penal para o crime de "resistência" (CP, art. 329), por expressa disposição legal, é
A) de reclusão e de multa.
B) de reclusão, de seis meses a um ano.
C) maior, se o funcionário público, em razão da violência, fica afastado do cargo.
D) maior se o ato, em razão da resistência, não se executa.
E) diminuída de um a dois terços se a resistência não é praticada com violência.
35. (VUNESP – 2007 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) A resistência qualificada
consiste
A) na oposição do agente ao ato legal mediante violência.
B) na oposição do agente ao ato legal, causando considerável prejuízo à vítima.
C) na oposição do agente ao ato legal mediante o emprego da violência ou ameaça.
41. (FCC – 2019 – TRF4 – OFICIAL DE JUSTIÇA) Tício e Tácito, trabalhadores autônomos do
ramo de construção civil, fazendo-se passar por policiais civis, compareceram na empresa “X”
aduzindo ter em mãos um mandado de busca e apreensão diante de suspeita de crime tributário,
e de um mandado de prisão temporária contra Manoel, um dos sócios daquela empresa. Para não
cumprir os mandados, Tício e Tácito solicitaram e receberam a quantia de R$ 3.000,00 em dinheiro
de Rodrigo, o outro sócio diretor da empresa. No caso apresentado, Tício e Tácito cometeram
crime de
(A) corrupção ativa.
(B) usurpação de função pública.
(C) corrupção passiva.
(D) concussão.
(E) exercício arbitrário ou abuso de poder
42. (FCC – 2018 – TRT-15 – TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA) Astolfo, é surpreendido na
prática de crime de roubo e recebe ordem de prisão por dois policiais militares do Estado X que
estão devidamente fardados e com viatura. Para evitar a prisão, Astolfo arremessa pedras em
direção aos policiais ferindo a ambos que, ainda assim, conseguem prendê-lo com o uso da força
necessária. Em relação à ação contra a execução de ordem legal praticada por Astolfo, sem
prejuízo de outros crimes decorrentes da violência, ele poderá responder pelo crime de
a) Desacato.
b) Desobediência.
c) Resistência.
d) Obstrução à justiça.
e) Desinteligência.
43. (FCC – 2017 – TRF5 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) José desatendeu ordem ilegal de funcionário
Público e deixou o local em que tal ordem lhe fora dada. A conduta de José
a) caracterizou o delito de desacato.
b) caracterizou o delito de resistência no tipo legal fundamental.
c) configurou o crime de desobediência.
d) não tipificou os crimes de desobediência, desacato ou resistência.
e) configurou o crime de resistência na forma agravada.
44. (FCC – 2017 – TRF5 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O particular que atenta contra a Administração
em Geral, com a característica de iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria no país, comete, segundo o
Código Penal, o crime de
a) fraude de concorrência.
b) contrabando.
c) descaminho.
d) sonegação de contribuição previdenciária.
e) impedimento de concorrência.
45. (FCC – 2017 – TRF5 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Marcelino, dirigindo seu veículo, é abordado
por policiais militares que o vistoriaram e nada encontraram de irregular, nem com a documentação
do veículo, tampouco com os documentos pessoais, os quais estavam plenamente válidos. Apenas
por precaução, os policiais o convidaram para ir à Delegacia de Polícia para fazer uma melhor
averiguação de sua vida pregressa já que não simpatizaram com ele. Marcelino se recusa a
acompanhá-los e, os policiais o alertam que o conduzirão à força, caso ele não concorde. No
entanto, ele novamente não aceita acompanhá-los resistindo à ordem. A conduta de Marcelino
a) configura crime de desacato e de resistência.
b) configura crime de resistência, somente.
c) configura crime de resistência e de desobediência.
d) configura crime de desacato e de desobediência.
e) não configura crime.
46. (FCC – 2015 – TRE-RR – ANALISTA JUDICIÁRIO) Paulo é estudante de uma determinada
faculdade do Estado de Roraima, cursando o primeiro semestre. No início deste ano de 2015 Paulo
é submetido a um trote acadêmico violento e, amarrado, é obrigado a consumir à força bebida
alcoólica e substância entorpecente. Após o trote, Paulo, completamente embriagado e
incapacitado de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento por conta desta embriaguez e do uso de droga, desloca-se até uma Delegacia de
Polícia da cidade de Boa Vista, onde tramita um inquérito contra ele por crime de lesão corporal
dolosa decorrente de uma briga em uma casa noturna, e oferece R$ 10.000,00 em dinheiro ao
Delegado de Polícia para que este não dê prosseguimento às investigações. Paulo acaba preso
em flagrante pela Autoridade Policial. No caso hipotético exposto, Paulo
a) praticou crime de corrupção ativa e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de
condenação.
b) é isento de pena pelo crime cometido nas dependências da Delegacia de Polícia.
c) praticou crime de corrupção ativa e não terá a pena reduzida no caso de condenação pela
embriaguez.
d) praticou crime de concussão e não terá a pena reduzida no caso de condenação.
e) praticou crime de concussão e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.
47. (FCC – 2015 – SEFAZ-PE – JULGADOR TRIBUTÁRIO) O advogado de um contribuinte
mencionou que seu procedimento administrativo poderia ter o andamento mais célere, caso
efetivasse o pagamento de uma “taxa de andamento” ao funcionário responsável pelo
encaminhamento processual, mediante o conhecimento e a amizade que ele possuía com o
referido funcionário. Efetivado o acordo, o cliente lhe entregou os valores. A conduta do advogado
está inserida no crime de
a) fato atípico pela cobrança de honorários.
b) advocacia administrativa.
c) corrupção ativa.
d) tráfico de influência.
e) estelionato.
48. (FCC – 2015 – TCM-GO – AUDITOR) José ofereceu R$ 1.000,00 para João, Oficial de Justiça,
deixar de citá-lo numa ação cível. João aceitou a oferta, mas José deixou de honrá-la. Nesse caso,
José responderá por corrupção ativa
==2a8243==
50. (FCC – 2015 – TJ-AL – JUIZ) NÃO constitui crime praticado por particular contra a
Administração em geral
a) o tráfico de influência.
b) a desobediência.
c) a resistência.
d) a advocacia administrativa.
e) o desacato.
51. (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA – PROCESSUAL) A respeito dos crimes contra a
Administração Pública, é correto afirmar:
a) Não configura o crime de contrabando a exportação de mercadoria proibida.
b) Constitui crime de desobediência o não atendimento por funcionário público de ordem legal de
outro funcionário público.
c) Comete crime de corrupção ativa quem oferece vantagem indevida a funcionário público para
determiná-lo a deixar de praticar medida ilegal.
d) Pratica crime de resistência quem se opõe, mediante violência, ao cumprimento de mandado
de prisão decorrente de sentença condenatória supostamente contrária à prova dos autos.
e) Para a caracterização do crime de desacato não é necessário que o funcionário público esteja
no exercício da função ou, não estando, que a ofensa se verifique em função dela.
52. (FCC – 2007 – AUDITOR -FISCAL DE TRIBUTOS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO) No crime
de corrupção ativa a vantagem indevida
a) deve ser recebida pelo funcionário público
b) deve ser concedida a funcionário público
c) pode ser oferecida a funcionário público
d) é exigida pelo funcionário público
e) é solicitada pelo funcionário público
54. (FCC - 2009 - TRT - 3ª REGIÃO (MG) - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA -
EXECUÇÃO DE MANDADOS) O crime de desobediência
A) só pode ser praticado por omissão.
B) será punido apenas com multa, se for culposo.
C) ocorre independentemente da legalidade da ordem.
D) exige violência ou grave ameaça.
E) não prescinde de dolo, ainda que eventual.
55. (FCC – 2007 – ISS/SP – AUDITOR-FISCAL) Aquele que exige vantagem, a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público no exercício da função, comete o crime de
a) tráfico de influência.
b) advocacia administrativa.
c) exploração de prestígio.
d) condescendência criminosa.
e) prevaricação.
56. (FCC – 2011 - TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO) João, funcionário público no exercício de suas
funções, em cumprimento de mandado de citação, abordou José, o citando, ordenando-lhe que
ajoelhasse no chão para ouvir a leitura do teor do mandado. José recusou-se a ajoelhar-se, dizendo
que ouviria de pé. Nesse caso, José
a) cometeu crime de desacato.
b) cometeu crime de desobediência.
c) não cometeu nenhum delito.
d) cometeu crime de resistência simples.
e) cometeu crime de resistência qualificada.
57. (FCC - 2013 - TCE-SP - AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS) O crime de corrupção ativa
a) caracteriza-se mesmo que a oferta de vantagem indevida seja feita após a prática do ato de
ofício.
b) deixa de existir quando a vantagem indevida é aceita pelo funcionário público, caracterizando-
se, nesse caso, apenas o delito de corrupção passiva.
c) caracteriza-se quando o agente coloca faixas e cartazes oferecendo recompensa em dinheiro
para quem informar o autor do furto de seu veículo.
d) não se caracteriza quando o agente se limita a pedir ao funcionário público que pratique, omita
ou retarde ato de ofício.
e) é punido na forma culposa quando a promessa de vantagem indevida tiver sido feita por
imprudência.
58. (FCC – 2014 – TRF4 – OFICIAL DE JUSTIÇA) Processado por roubo cometido contra
empresa pública federal, Mélvio teve sua prisão preventiva legalmente decretada. Ao ser
regularmente cumprido o respectivo mandado por Oficial de Justiça, Mélvio resistiu com violência
à prisão e, ao final, foi absolvido da imputação de roubo, posto que afinal reconhecida injusta.
Com base somente nesses dados,
(A) inexistiu crime de resistência, qualquer que seja o fundamento técnico da absolvição quanto ao
roubo.
(B) inexistiu crime de resistência, desde que a absolvição seja pela negativa de autoria quanto ao
roubo.
(C) inexistiu crime de resistência, mas responde Mélvio, de qualquer modo, por outro eventual
crime correspondente à violência.
(D) inexistiu o crime de resistência, desde que a absolvição quanto ao roubo tenha afirmado a
inexistência ou o atipicidade do fato respectivo.
(E) caracteriza-se o crime de resistência.
61. (FCC – 2011 – TRE-RN – ANALISTA JUDICIÁRIO) Quem se opõe à execução de ato legal,
mediante ameaça ao funcionário competente para executá-lo, comete crime de
a) resistência.
b) desobediência.
c) desacato.
d) exercício arbitrário das próprias razões.
e) coação no curso do processo.
62. (FCC – 2010 – TCE-AP – PROCURADOR) NÃO constituem crimes praticados por particular
contra a administração em geral
a) o desacato e a fraude de concorrência.
b) a condescendência criminosa e a advocacia administrativa.
GABARITO
1. ALTERNATIVA A
2. ALTERNATIVA B
3. ALTERNATIVA D
4. ERRADA
5. ERRADA
6. CORRETA
7. ERRADA
8. ALTERNATIVA A
9. ALTERNATIVA B
10. ERRADA
11. ERRADA
12. ALTERNATIVA B
13. ALTERNATIVA C
14. ALTERNATIVA B
15. ERRADA
16. ERRADA
17. ALTERNATIVA B
18. ALTERNATIVA C
19. ALTERNATIVA B
20. ALTERNATIVA A
21. ALTERNATIVA C
22. ALTERNATIVA C
23. CORRETA
24. ERRADA
25. ERRADA
26. ALTERNATIVA E
27. ALTERNATIVA A
28. ALTERNATIVA A
29. ALTERNATIVA B
30. ALTERNATIVA C
31. ALTERNATIVA D
32. ALTERNATIVA A
33. ALTERNATIVA B
34. ALTERNATIVA D
35. ALTERNATIVA E
36. ALTERNATIVA D
37. ALTERNATIVA D
38. ALTERNATIVA D
39. ALTERNATIVA C
40. ALTERNATIVA B
41. ALTERNATIVA B
42. ALTERNATIVA C
43. ALTERNATIVA D
44. ALTERNATIVA C
45. ALTERNATIVA E
46. ALTERNATIVA B
47. ALTERNATIVA D
48. ALTERNATIVA D
49. ALTERNATIVA E
50. ALTERNATIVA D
51. ALTERNATIVA D
52. ALTERNATIVA C
53. ALTERNATIVA E
54. ALTERNATIVA E
55. ALTERNATIVA A
56. ALTERNATIVA C
57. ALTERNATIVA D
58. ALTERNATIVA E
59. ALTERNATIVA B
60. ALTERNATIVA B
61. ALTERNATIVA A
62. ALTERNATIVA B
63. ALTERNATIVA C
64. ALTERNATIVA B
65. ALTERNATIVA B
66. ALTERNATIVA D
67. ALTERNATIVA A