TCC Jaque, Imina e Kamila Revisão Final 07-12
TCC Jaque, Imina e Kamila Revisão Final 07-12
TCC Jaque, Imina e Kamila Revisão Final 07-12
CURSO DE JORNALISMO
Manaus – AM
2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO
CURSO DE JORNALISMO
Manaus – AM
2022
IMINA BATISTA TRAVASSOS - 2027529
JAQUELINE PIMENTA ALVES -0525683
KAMILA AMOEDO MEIRELES - 1700104
MANAUS – AM
2022
FICHA CATALOGRÁFICA
CDU 00:00
IMINA BATISTA TRAVASSOS - 2027529
JAQUELINE PIMENTA ALVES -0525683
KAMILA AMOEDO MEIRELES – 1700104
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
MSc. Helder Ronan de Souza Mourão (Orientador)
Centro Universitário Fametro
_______________________________________________
Professora MSc. Tânia Cecília Brandão
Centro Universitário Fametro
________________________________________________
Professora Msc. Liege Socorro Albuquerque Peres
Centro Universitário Fametro
DEDICATÓRIA
Durante essa caminhada de altos e baixos, serviu para deixar claro e confirmar aqueles
que torcem pelo nosso sucesso. Agradeço a Deus, por ter me dado a oportunidade de ter saúde
e condições financeiras para conquistar uma formação aos 37 anos. Minha mãe Zenilde, que
nasceu no interior de Manaus, no município de Tefé, e devido a situação da época, não teve
acesso a escola, mas nem por isso, impediu dela ser minha base de incentivo durante todo o
curso, te amo mãe e obrigada por tanto!
Meu marido Voelly, se não fosse por ele, não teria começado o curso. Foi ele que fez a
minha inscrição no vestibular, e mesmo eu sempre achando que estava tarde para começar
(que loucura), ele insistiu e investiu em mim. As noites que chorava dizendo que não iria
conseguir, ele chegava com uma palavra de incentivo e quando eu olhava nos olhos dele,
enxergava um brilho e um orgulho de eu estar estudando, então, não podia desistir.
Lembro das noites que falava que estava cansada, e precisava dar um tempo no curso,
ele respondia na hora que não existia essa opção e que o tempo iria passar tão rápido, que nem
iria perceber, e assim segui.
Agradeço também a minha irmã Luciana, que sempre foi tão forte e determinada
quando realizou o sonho de se formar em direito, que então eu pensava; vou seguir também
forte e determinada. Agradeço pelas vezes dela correr lá na faculdade, só para levar alguma
coisa pra eu comer. Gratidão eterna também a minha sogra Tereza e meu cunhado Yuri, foram
também fundamentais nessa caminhada de uma forma surpreendente.
A realidade é que Deus foi muito bom comigo durante todo o curso.
Não poderia deixar de agradecer a professora Tânia Brandão, por ter me
proporcionado a minha primeira experiência de estágio na área, foi incrível. Agradeço
também a professora Liege Albuquerque, que em uma noite em sala de aula, me indicou para
o meu segundo estágio, o qual estou até hoje e está sendo uma das mais maravilhosas
experiências na minha vida profissional.
Obrigada a cada um de vocês por todo o apoio até aqui.
Agradeço primeiramente a Deus que me deu força e coragem todos os dias para
enfrentar as dificuldades de lidar com a rotina corrida, a meus pais que são meu apoio em
todos os meus objetivos e sonhos, a Miguel Jorge Mourão que me incentivou e acreditou que
cumpriria essa caminhada e me tornaria jornalista.
A todos os professores pelas orientações, empenho e dedicação de ensinar da melhor
forma durante esses anos. Ao meu companheiro que esteve comigo não deixando eu desistir e
sempre acreditou no meu potencial.
E as minhas amigas que não largaram minha mão diante dos desafios que enfrentamos,
agora cumprindo junto o trabalho de conclusão do curso.
EPÍGRAFE
INTRODUÇÃO 14
1. AMBULANTES LEGAIS EM MANAUS 17
1.1. PROBLEMÁTICAS NA VIDA DOS VENDEDORES AMBULANTES 19
2. JORNALISMO DE FORMA HUMANIZADA 24
3. DOCUMENTÁRIO 27
3.1. OS DESAFIOS DA GRAVAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO 29
4. RELATÓRIO TÉCNICO 31
ETAPAS DE ELABORAÇÃO 32
PRÉ-PRODUÇÃO 32
PRODUÇÃO 33
PÓS-PRODUÇÃO 34
ESTRUTURA DO PROJETO 34
CRONOGRAMA 38
5. MEMORIAL DESCRITIVO 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
REFERÊNCIAS 43
INTRODUÇÃO
As pessoas se interessam por temas que envolvem suas vidas, direta ou indiretamente.
Falar da vida e da luta dos indivíduos, principalmente sobre a vida laboral tem interesse tanto
na área da pesquisa acadêmica, quanto para o jornalismo.
Portanto esse relatório técnico propôs investigar o seguinte tema: A realidade dos
vendedores ambulantes na cidade de Manaus. Para tanto, partimos da seguinte questão-
problema a seguir: O que está por trás da rotina dos vendedores ambulantes de Manaus?
Não se trata de um tema simples, pois existe um mundo de variáveis, estatísticas,
políticas públicas, problemas econômicos, políticos e sociais e etc, porém acima de tudo,
existem pessoas e histórias de vida.
Com a inflação acumulada de outubro de 2021 a outubro de 2022, de 6,47%, segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a cesta básica com o valor
assustador de R $662,24 em Manaus, essa categoria específica dos vendedores ambulantes
sofrem as consequências.
Destacamos os vendedores ambulantes irregulares, mas conhecidos como vendedores
informais ou comerciantes de rua. Pessoas que saem todos os dias às ruas de Manaus atrás do
seu sustento e, contudo, desafiam as suas próprias forças. Se há venda, há comida naquele dia.
E quando essa venda não chega? São homens e mulheres que buscam somente uma coisa:
dignidade e poder levar para a sua família o alimento naquele dia.
Para a efetivação dessa pesquisa jornalística nos propomos a produzir um
documentário. Observa-se que apesar da categoria aparecer em pautas jornalísticas, ainda é
muito superficial, pois o que surge é sempre a questão de pautas sobre formalização e deveres,
e não sobre a dignidade do ser humano.
Neste trabalho foi abordado sobre a ausência de políticas públicas claras para esse
grupo de trabalhadores que é formado por pessoas simples, que não têm acesso a internet,
saneamento básico, saúde e uma alimentação adequada.
A partir deste ponto, foi possível dar profundidade a voz dos atores e protagonistas
desse tema. Conforme o desenvolvimento do produto, foi possível compreender mais sobre o
tema e dar diretrizes de como operacionalizar a produção desse documentário de Trabalho de
Conclusão de Curso.
A responsabilidade social carrega consigo um forte impacto diante dos resultados de
pesquisas para se obter uma resposta concreta. Ao passar informações através de dados para
uma sociedade, é possível manter um compromisso de profissionalismo.
Nesse relatório a pesquisa possui abordagem de cunho qualitativo, pois busca obter
explicações para determinados questionamentos, desde o surgimento da prática de vendas de
rua, sem ponto fixo, até o termo “vendedores ambulantes”. A abordagem se destaca e se
adequa às necessidades citadas. De acordo com os autores Denzin e Lincoln (2000, p.1) que
apontam que a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem interpretativa e naturalista de seu
objeto de estudo. Isso significa que pesquisadores qualitativos estudam coisas em seu cenário
natural, buscando compreender e interpretar o fenômeno em termos de quais os significados
que as pessoas atribuem a ele.
A pesquisa bibliográfica não poderia ser diferente, foi parte fundamental, pois é com
ela que analisamos determinados temas a partir de vários pontos de vista diferentes e assim
afunilar as respostas para alcançar o objetivo.
Através do documentário, será possível ter uma visão mais ampla a respeito do
assunto. Para isso, foi preciso conviver durante dias com vendedores ambulantes,
acompanhando a rotina de vendas e os desafios de andar pelas ruas de Manaus, sem saber do
retorno financeiro daquele dia. Foi preciso entender a realidade dessa classe invisível para a
sociedade. Por meio do documentário, o objetivo é mostrar o tema de forma clara e deixar ao
público os pensamentos reais de pessoas que são exemplos de determinação e persistência.
Por esse motivo, tivemos uma metodologia para coleta de dados, que seguiu além da
pesquisa bibliográfica, a pesquisa de campo pelas seguintes técnicas de coletas: Convivência,
anotações e gravações de áudio e imagens. Em um segundo momento, fizemos a primeira
abordagem aos entrevistados que fizeram parte do documentário.
Foram quatro vendedores ambulantes, e uma fonte do poder público, para nos ajudar a
chegar mais perto do objeto de estudo para repassar com clareza a realidade vivida.
No documentário, a abordagem qualitativa se manteve e utilizamos em conformidade
como método de captação a entrevista, buscando sempre o relato de pessoas que representam
a realidade dos vendedores ambulantes, pois a entrevista é um método de coleta de dados que
mais nos aproxima do objeto estudado ao mesmo tempo em que nos mune de material
audiovisual para a construção do documentário, com esse objetivo seguimos os passos dos
personagens sem corte, devido ao caráter subjetivo, foi então realizado o trabalho em campo.
Neste projeto também foram utilizados dados de fontes oficiais como, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dados do Departamento de Comércio Informal
da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal
(Semacc).
1. AMBULANTES LEGAIS EM MANAUS
MEDIDAS PADRÃO
– Carro Lanche: 2,00×1,80(maior) / 1,80×1,50(menor)
– Carrinho de Merenda com toldo: 1,50×1,00
– Barraca ou tenda para café da manhã ou guloseimas: 2,00×2,00
– Banca de atividades como miudezas, bombons e variedades: 1,20×0,80
Por tudo que foi supracitado, se faz importante registrar, como a necessidade, em uma
trajetória ocupacional, leva as pessoas a trilharem um caminho às vezes difícil, em que muitos
se deparam com a precariedade. Essa atividade específica realizadas nas ruas define bem a
insegurança, mas ao mesmo tempo, uma esperança de conseguir fazer o trabalho atual, uma
ponte para novas conquistas.
O tema referente ao trabalho traz consigo diversos valores para a equipe,
principalmente no cuidado de humanizar o assunto a ser tratado. O foco em vendedores
ambulantes, foi para destacar a importância que eles têm na questão de superar um mundo de
desigualdade, passar por uma crise e enfrentar seus próprios medos.
A atividade cresce cada vez mais ao ano. Há aqueles que escolhem a profissão com o
risco de empreender e outros porque não tiveram alternativas e optaram por comercializar
produtos como fonte de renda para sustentar a família, ambas as partes já demonstram
objetivos de ter o próprio negócio.
O autor Ricardo Antunes, em uma de suas obras ‘Os Sentidos Do Trabalho’, 1999,
relata bem a crise econômica e o trabalho informal. “Crise do fordismo” e a maneira pela qual
as “personificações do capital” procuram superá-la com a reestruturação da economia –
ficando muito aquém do sucesso esperado – somente são inteligíveis como parte de uma crise
muito mais profunda do sistema como um todo. Mostra também que elas em verdade são
manifestações das contradições do sistema do capital, que nenhuma quantidade de
“toyotismo” poderá remediar.
Bilhões de pessoas saem às ruas todos os dias para encarar a realidade de ter uma
renda incerta. A diferença, é que essa classe específica de vendedores ambulantes informais,
não têm alternativa de sustento, a não ser esperar por dias de sucesso de vendas.
Mostrar a realidade vivida que normalmente não é vista com um olhar clínico, e sim,
com olhares julgadores, como se essas pessoas estivessem ali por opção. Conhecer a rotina
dessas pessoas de perto, seus desafios, risos e lágrimas, é um choque de realidade para uma
sociedade desigual.
O curso de jornalismo é extenso para abordar diversos assuntos que envolvem toda
uma sociedade. A visibilidade que o curso pode oferecer para a população com o tema: “Qual
é a realidade dos vendedores ambulantes na cidade de Manaus vividas em um lugar onde
ninguém vê, em suas casas”, é uma reflexão de um olhar mais humanizado para uma categoria
quase esquecida.
Todo o processo desenvolvido, foi uma contribuição importante para que todos saibam
as dificuldades enfrentadas por essa categoria, e será uma ponte para alcançar essas pessoas.
Através do documentário são exibidas histórias de vida, rotinas e desabafos de pessoas
humildes que buscam crescer e sobreviver. O não enfrentamento desse tema acaba por trazer
consequências negativas para um todo. Se não há reflexão, não há discussão do tema, e isso
pode ser um problema resultante na desigualdade social.
Fazer jornalismo pode parecer ser uma profissão como qualquer outra, mas não é. A
profissão pede entrega, responsabilidade e ética profissional.
E tudo ficou muito compreensível através deste projeto de TCC, que o foco desde o
início, foi mostrar a realidade dos vendedores ambulantes da cidade de Manaus, não de forma
vexatória, mas para servir de um alerta para os inúmeros casos de descasos de uma classe que
todos nós passamos por eles diariamente, e não damos importância para o problema que estar
exposto nas ruas da cidade.
Através do produto que é um documentário, foi possível reavaliar através do material
apurado, preencher os possíveis vazios de informação. Uma produção extensa que
eventualmente não cabem em veículos jornalísticos convencionais, assim é o resultado de
todo esse trabalho.
Avaliamos a questão sobre sustento de alimentos, analisamos o emocional pela
ausência de uma renda fixa, destacamos a trajetória de vida em meio a situação de
vulnerabilidade e identificamos a visibilidade dessa categoria nos meios de comunicação.
Neste trabalho abordamos o termo vendedores ambulantes informais, que é todos
aqueles que se dedicam ao comércio de rua, sem localização fixa. No produto, é destacado um
grupo específico, aqueles sem ponto fixo e que acabam por serem obrigados a dividirem
locais com pessoas do mesmo grupo e mesmos objetivos, conseguir um espaço informal para
adquirir pelo menos naquele dia, o sustento da família.
Não é difícil encontrar vendedores ambulantes pelas ruas e vielas da cidade. O
espaço que esse grupo utiliza, é sempre de muito movimento e disputa pelo mesmo espaço. A
mídia por sua vez aborda sempre o mesmo nicho, o da formalização e cumprimento de leis.
Através deste relatório técnico, o foco foi exibir a voz de uma classe esquecida pela
sociedade. A realidade não vista, a ausência do básico dentro de suas casas. Alimentação e
dignidade tiradas de forma desumana por falta de oportunidades de trabalho é claro, a maioria
delas não tiveram escolha, e tiveram que escolher entre estudar ou ir às ruas para poder
comer.
A vulnerabilidade é vista e sentida facilmente, precisa apenas a população querer
enxergar essas pessoas.
Diante do assunto abordado, foram realizadas pesquisas em livros, documentários e
artigos que explanaram a realidade dos vendedores ambulantes por autores que fizeram
pesquisa de campo e outros que vivenciaram a rotina dessa classe. Entre eles, destaca-se o
livro ‘A Cruel Pedagogia do Vírus’ do autor Boaventura de Souza Santos. Boaventura é
professor catedrático, jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e
distinguished legal scholar da Faculdade de Direito da Universidade Wisconsin-Madison e
global leader da Universade de Warwick.
Essa obra faz parte de uma coleção chamada ‘pandemia capital’, que aborda a crise
atual pela qual passamos e suas implicações na política, na psicologia, na economia e nas
relações humanas. O autor começa com uma pergunta interessante e segue com um conceito
chamado à anormalidade da exceção, uma crise eterna que se chama economia.
A classe dos vendedores ambulantes que vivem uma realidade que poucos conhecem,
por exemplo, a falta de alimentos no fim do dia, é nada mais do que a não adaptação no setor
financeiro. O capitalismo atual tem um desafio que une a produção e consumo.
O documentário, como falado no tópico anterior, é uma produção artística, via de regra
um filme, que se caracteriza principalmente pelo compromisso da exploração da realidade.
Desde 1922, quando surgiu o primeiro documentário, já era defendida a ideia de que não
existe na vida um não atuar.
O ser humano é um ser em permanente autoconstrução que age atuando no mundo em
geral, não necessariamente em frente à câmera. Cabe ao documentarista, portanto, captar
atuações.
Perguntava-se, na época, o que motivava os documentaristas a voltar à questão do real
e da verdade no cinema, sobretudo num país lotado de questões sociais a serem resolvidas.
Hoje, no entanto, com a proliferação de fake news no mundo, e de um ponto de vista
sociocultural, tal reflexão ganha um novo sentido.
O marco seguinte do cinema documentário ocorreu na década de 1930, com o
movimento documentarista britânico e, especialmente, com o trabalho de John Grierson
(1898-1972), que consolidou o documentário como gênero, com uma base institucional
definida e uma proposta de linguagem que dominaria toda a produção de filmes até o início da
década de 1960.
O documentário é uma produção artística, via de regra um filme, que se caracteriza
principalmente pelo compromisso da exploração da realidade. Isto significa que na maioria
das vezes representa a realidade tal como ela é. Através deste gênero, a sociedade consegue
chegar mais perto da informação e do conhecimento, onde as tecnologias e a linguagem
audiovisual se apresentam como recursos de exploração.
Eduardo de Oliveira Coutinho foi um cineasta e jornalista brasileiro, e foi considerado
por muitos como o maior documentarista da história do cinema do Brasil. Tinha como marca
realizar filmes que privilegiavam as histórias de pessoas comuns.
O grande profissional encerrou sua carreira em 2014, ao ser assassinado pelo próprio
filho. Mas nos deixou um acervo de cultura como a sua obra-prima ‘Cabra Marcado para
Morrer’, que falava sobre o assassinato do líder campesino João Pedro Teixeira, ocorrido em
1962. O longa teve suas filmagens interrompidas em 1964, em decorrência da ditadura
militar, e foi concluído apenas 20 anos depois, tornando-se imediatamente um clássico do
nosso cinema. Coutinho seguiu como principal nome do documentário brasileiro
contemporâneo, tendo feito outros filmes aclamados, como Santo Forte, Edifício Master e
Jogo de Cena. Em 2011, ele lançou Canções, que marcou sua carreira como o principal
documentarista do Brasil. “Colocado diante do compromisso de escrever(...) sinto-me
angustiado além da medida. No meu caso, independente de neuroses temporárias ou
permanentes, esta dificuldade tem a ver com a escolha do documentário” (Eduardo Coutinho)
Para contextualizar qual iremos utilizar, e quando se fala em documentário, uma das
leituras que melhor embasa esse tipo de produção é o livro “Introdução ao Documentário”, de
Bill Nichols. Nichols é cineasta e crítico de cinema com especialização no estudo e teoria de
documentários.
Segundo Bill Nichols cada documentário tem seu tipo de voz, e cada voz é como uma
marca digital de determinada forma de ver o mundo histórico. O autor enfatiza seis tipos de
vozes do gênero audiovisual documentário, sendo eles: poético, expositivo, observativo,
participativo, reflexivo e performático.
Documentário poético: Os documentários poéticos retiram do mundo histórico sua
matéria-prima, mas a transformam de maneiras diferentes. O modo poético começou
justamente no contexto do modernismo, como uma maneira de representar a realidade em
fragmentos, impressões subjetivas, atos incoerentes e ações vagas.
“ O momento da filmagem adquire, a partir dali, uma dimensão quase mística, “um
acontecimento único: não houve antes, nem há depois. Não me importa que isso
pareça metafísico. Tenho que acreditar nisso para ter vontade de filmar.”
(COUTINHO, 1999).
Levantar esse assunto sobre a real rotina e situação de vulnerabilidade dos vendedores
ambulantes da cidade de Manaus, ainda é novo para uma sociedade que foca nas diretrizes da
formalização e esquece o lado humano. A humanização desse tema serviu para mostrar que os
mais de 12 mil vendedores ambulantes informais da cidade, enfrentam uma realidade que não
é vista pela população que vive uma outra verdade.
O tema demanda não só atenção, mas prevenção e amparo, o que infelizmente, não é
visto. A realidade é evidente e exibe várias pessoas que estão em situação de vulnerabilidade
social, pelo fato de receberem o acolhimento e suporte necessário para melhor executarem
seus trabalhos.
A equipe decidiu exibir o tema em formato de documentário, tendo em vista que essa
ferramenta audiovisual utiliza como base o conceito da proposta de levar mais informação, de
forma clara e objetiva por meio de imagens reais e de pessoas genuínas.
Portanto, a equipe produziu um documentário com o tempo de 15 minutos,
proporcionando ao telespectador perceber realidades que estão às vezes diante dos seus olhos
e passam despercebidas.
De forma interessante, o documentário foi realizado para deixar de ser uma simples
gravação, e se transformar em um painel de histórias de vida à serem questionadas. O
documentário em um único capítulo, pode ser assistido na plataforma digital do YouTube.
Tivemos como objetivo o foco de manifestar para os meios de comunicação, que
retratar a realidade dos vendedores ambulantes como de fato ela é, é necessários para
conseguir políticas públicas. Mostrar que a sociedade tem diante dos seus olhos situações de
seres humanos que vivem de forma exposta a ausência do básico no dia a dia, seguindo uma
linguagem responsável e humanizada por meio do gênero escolhido, o documentário
participativo.
O público alvo ficou em destaque os formadores de opinião como jornalistas e
profissionais da área da comunicação, assim também como responsáveis dos órgãos
competentes de secretarias que desenvolvem trabalhos sociais, população manauara e a
comunidade acadêmica do Centro Universitário Fametro.
ETAPAS DE ELABORAÇÃO
Um processo de elaboração é a primeira etapa para chegar nas principais decisões para
um projeto alinhado e organizado. Antes de a equipe começar o processo de produção do
material, foram realizadas reuniões para definir o papel de cada uma das etapas. Iniciamos o
trabalho com pesquisas relacionadas ao tema em livros, dissertações e afins para que assim a
equipe pudesse ter mais conhecimento do assunto deste TCC, além de também estudar sobre
diversos documentários.
Através do tema específico do trabalho e estudos realizados sobre os tipos de
documentários, foi produzido um vídeo documentário participativo onde enfatiza a interação
do cineasta com o tema/personagem. A narrativa envolve entrevistas, depoimentos que
mostram o cineasta conversando com pessoas, sendo filmado e até fazendo também a locução
da obra.
Após essa parte inicial, a equipe se reuniu para debater quais materiais, plataformas e
programas seriam utilizados para gravação, edição e veiculação do produto. Com os materiais
definidos, fomos à busca de personagens e fontes que poderiam falar sobre o assunto com
propriedade, para assim, o documentário ter um material rico em informações pertinentes.
PRÉ-PRODUÇÃO
Para criação do documentário, o primeiro passo foi a escolha do tema que seria
abordado nele. O tema escolhido foi a realidade dos vendedores ambulantes na cidade de
Manaus retratada em um documentário , como o assunto é extenso e precisa de uma
abordagem mais fragmentada para melhor entendimento do telespectador, foi decidido
transformar esse assunto em um único capítulo de um documentário. Planejando em deixar a
exibição das imagens mais dinâmica e interessante, o próximo passo foi a escolha dos
personagens e fontes e principalmente o formato que aconteceriam as entrevistas, então foi
escolhido o documentário tipo participativo.
A escolha dos personagens se deu após uma pesquisa prévia das zonas mais
movimentadas da cidade, e destacamos um vendedor ambulante que estava tão próximo da
gente, e não era percebido. Um vendedor de pipocas que todos os dias se encontra na frente da
Instituição de Ensino, e não imaginávamos as dificuldades que o homem enfrentava.
Realizamos entrevistas prévias para conhecer um pouco mais da história de cada um,
e logo foi possível agendar data e horário das entrevistas. Essa etapa estando toda organizada,
partimos para a seleção de locação dos equipamentos para as filmagens como, câmera, tripé,
adaptador de áudio e a escolha do profissional filmmaker.
Antes de começar as filmagens foram criados roteiros e muito planejamento, neles
foram colocados tópicos principais das entrevistas, as perguntas para cada convidado, além de
dados estatísticos e informações que não poderiam ser esquecidas, como o nome de órgãos
competentes que seriam mencionados. Como o documentário foi planejado para ter um único
capítulo, nos preparamos para entregar um material de qualidade e de fácil compreensão para
o telespectador.
Verificamos a qualidade dos equipamentos, a previsão do tempo e a disponibilidade
de cada personagem e fonte. Outro ponto importante, foi conseguir administrar a agenda de
todos os envolvidos da gravação, inclusive realizar trocas de turnos de trabalho para que o
produto alcançasse a maior qualidade.
PRODUÇÃO
PÓS-PRODUÇÃO
Após gravar o documentário, foi necessário editá-lo, para que chegasse ao público
com o aspecto mais profissional possível. Nessa etapa, detalhes como ruídos, altura do áudio
foram corrigidos. Também foram colocadas trilhas sonoras. Após finalizar todos os passos
anteriores, o documentário ficou pronto para ser divulgado nas plataformas digitais.
O projeto apresentado segue todas as diretrizes de execução que pede um
documentário, se baseando em roteiro, fontes e tempo de edição e será inserido na plataforma
do Youtube.
ESTRUTURA DO PROJETO
PASSO 01 - ABERTURA:
ORÇAMENTO
5. MEMORIAL DESCRITIVO
Quando a equipe entrou no consenso sobre o tema do nosso TCC, foi como se
tivessem cortado o laço de um início de uma corrida, onde o prêmio seria o maior de todos, o
sentimento de gratidão e o certificado de que somos capazes. Esse foi o meu sentimento.
Conviver com alguns vendedores ambulantes da cidade de Manaus, me fez ter uma
nova visão sobre a vida. Aprendi que não tenho motivos para reclamar e que há pessoas que
são felizes com pouco.
Foi uma experiência que levarei para toda a vida. Vendedores ambulantes é uma classe
de homens e mulheres que nunca perdem o foco, e que saem de suas casas com uma Fé
inabalável.
A oportunidade de conhecer de perto histórias diferentes, foi muito gratificante. Ah,
um dos personagens do nosso documentário, Damião da Nobrega, me envia versículos
bíblicos todos os dias por volta de 1h da manhã através do whatsapp, e está tudo bem. Esse
horário, acredite, é o horário que ele se prepara para ir descansar.
A parte mais difícil, foi não se envolver com as histórias relatadas. Ao chegar dentro
das casas e presenciar panelas e geladeiras vazias e água de esgoto passando na porta da casa,
foi a pior parte.
Fiquei responsável em conduzir as entrevistas, e foi uma experiência única. Mas
acontece que um documentário envolve tantas coisas, que não tem como, toda equipe acaba se
envolvendo um pouco em cada etapa e no final, o extraordinário acontece, o nascimento de
‘filho’, que foi preparado com muito carinho e dedicação.
Fechei esse trabalho lindo junto às minhas amigas de faculdade, Imina e Kamila, com
muito orgulho e um aprendizado que só foi possível, porque tivemos professores
comprometidos com a educação e ética.
Chegar a uma conclusão de um tema para o TCC não foi tão difícil para o nosso
grupo, apesar de termos ideias diferentes. Mas a abordagem que fizemos foi bastante
trabalhosa, mas uma experiência incrível, pois convivemos e vimos de perto a realidade dos
trabalhadores ambulantes para poder passar as informações concretas no nosso trabalho.
Em umas das gravações, fomos para o sinal debaixo do sol quente vender água e
amendoim, junto de um dos personagens da gravação do documentário, e foi desafiador.
Receber o não das pessoas não é nada fácil, parece que as esperanças vão sumindo aos
poucos, mas logo em seguida, acontece uma venda, então parece que tudo muda.
Ouvir falar de dificuldades todos nós ouvimos, agora, presenciar as situações de
vulnerabilidade, é ir de encontro à uma realidade, que a sociedade não quer enxergar.
É com gratidão e alívio que estamos concluindo mais uma etapa das nossas vidas e
iremos seguir um plano de carreira. Com um bom aprendizado de ética e profissionalismo
seguiremos em frente com o dever cumprido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BRYMAN, Alan. Research methods and organization studies. London: Routledge, 1989
CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Tradução de Iraci D.
Poleti. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
COUTINHO, E. Entrevista a José Geraldo Couto e Inácio Araújo, Ilustrada, Folha de S. Paulo.
28/11/1999.
SANTOS, Boaventura de Souza. A Cruel pedagogia do Vírus. Coimbra: Edições Almedina S.A, 2020