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A Relação Jurídica Tributária.1.1

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A RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

DEFINIÇÃO

 Artigo 1.º, n.º 2, da LGT

 Relação jurídica tributária é o vínculo intersubjetivo emergente de


um facto tributário e enformado por normas jurídico-tributárias (Prof.
Joaquim Freitas da Rocha).
I. O FACTO CONSTITUTIVO

 Verificação cumulativa e simultânea de duas circunstâncias (facto


tributário lato sensu – artigo 36.º, n.º 1, da LGT):

 Um facto real e concreto (facto tributário stricto sensu)

A previsão desse facto numa norma tributária de incidência


II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

1. O SUJEITO ATIVO

Artigo 18.º, n.º 1, da LGT: o sujeito ativo da relação jurídica tributária


é a entidade de direito público titular do direito de exigir o
cumprimento das obrigações tributárias a que o sujeito passivo está
adstrito.
§1. A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

Artigo 1.º (Âmbito de aplicação) da Lei Geral Tributária


(…)
3. Integram a administração tributária, (…), a Autoridade Tributária e Aduaneira, as demais
entidades públicas legalmente incumbidas da liquidação e cobrança dos tributos, o Ministro das
Finanças ou outro membro do Governo competente, quando exerçam competências administrativas no
domínio tributário, e os órgãos igualmente competentes dos Governos Regionais e das autarquias locais.
A AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA

Decreto-Lei n.º 118/2015, de 15 de dezembro


Aprova a orgânica da Autoridade Tributária e Aduaneira

Artigo 1.º
Natureza
1. A Autoridade Tributária e Aduaneira, abreviadamente designada por AT, é um serviço da administração
direta do Estado dotado de autonomia administrativa.
2. A AT dispõe ainda de unidades orgânicas desconcentradas de âmbito regional, designadas por direções de
finanças e alfândegas, e de âmbito local, designadas por serviços de finanças, delegações e postos aduaneiros.
AS “DEMAIS ENTIDADES PÚBLICAS”

 As autarquias locais (criação, disciplina jurídica e cobrança de taxas)

 As conservatórias (taxas de registo)

 As entidades de regulação e supervisão (setor bancário, da energia, farmacêutico, etc.)

 Os institutos públicos (setor do turismo, do vinho, da aviação, etc.)

 As universidades públicas (taxas de propina)

Os hospitais públicos (taxas moderadoras)


§2. OS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

 Atos meramente materiais


Não fixam nem produzem efeitos jurídicos autónomos (v.g., receção de um
documento, audição de um contribuinte, etc.)

 Atos jurídicos
Atos individuais e concretos fixadores de efeitos jurídicos na esfera de
determinado sujeito (v.g., liquidação de um imposto, avaliação de um imóvel,
indeferimento de uma reclamação, etc.)
ATOS ADMINISTRATIVOS TRIBUTÁRIOS

Atos da Administração Tributária de aplicação da norma tributária ao caso concreto e


produtores de efeitos jurídicos na esfera jurídica de determinado sujeito.
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

A. ATOS SINGULARES E ATOS GERAIS

Atos singulares são os que têm um destinatário individualizado, produzindo efeitos numa determinada
esfera jurídica e numa situação jurídica concreta (ex.: atos de liquidação).

Atos gerais têm uma abrangência potencialmente geral e abstrata e os seus efeitos atingem um número
indeterminado ou indeterminável de pessoas e de situações (ex.: orientações genéricas).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

B. ATOS IMPOSITIVOS E ATOS NÃO IMPOSITIVOS

Atos impositivos são os que fixam ou impõem efeitos jurídicos desfavoráveis para o seu destinatário
(ex.: atos de derrogação do sigilo bancário).

Atos não impositivos são os que fixam efeitos jurídicos favoráveis para o seu destinatário,
reconhecendo ou alargando um determinado direito ou interesse em matéria tributária (ex.: atos de
reconhecimento de isenções).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
C. ATOS PREPARATÓRIOS OU INTERLOCUTÓRIOS E ATOS DEFINITIVOS
Atos preparatórios ou interlocutórios são os que se inserem no procedimento mas que não fixam, de modo
último, efeitos jurídicos (ex.: projetos de decisão). [artigo 66.º da LGT]

Atos definitivos:
 Definitividade material: os atos definitivos são aqueles que são fixadores de efeitos jurídicos finais.
 Definitividade vertical: os atos definitivos são aqueles que expressam a última palavra da Administração
Tributária, i.e., a manifestação do mais elevado superior hierárquico.
 Definitividade horizontal: os atos definitivos são os atos decisórios, concludentes do procedimento.

Princípio da impugnação unitária: artigo 54.º do CPPT.


§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
D. ATOS DE PRIMEIRO GRAU, ATOS DE SEGUNDO GRAU E ATOS DE TERCEIRO GRAU

Atos de primeiro grau são os que consubstanciam a primeira apreciação de uma determinada situação tributária,
i.e., são a primeira pronúncia decisória da Administração Tributária (exs.: atos de liquidação, atos de indeferimento
de reconhecimento de benefícios fiscais).

Atos de segundo e de terceiro graus são os que consubstanciam uma reapreciação de uma determinada situação
tributária, procedendo à sindicância de uma anterior decisão da Administração Tributária; comportam, ou podem
comportar, a apreciação da legalidade dos atos de primeiro grau (exs.: atos que decidem reclamações graciosas, atos
que decidem recursos hierárquicos).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

E. ATOS EXPRESSOS E ATOS TÁCITOS

Atos são expressos quando a Administração Tributária exterioriza a sua vontade através de um
comportamento que revela inequivocamente um determinado sentido decisório, positivo (deferimento
expresso) ou negativo (indeferimento expresso).

Atos são tácitos quando o sentido decisório da Administração Tributária resulta de um comportamento
indireto, mas que revela com probabilidade um determinado sentido, positivo (deferimento tácito) ou
negativo (indeferimento tácito).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
F. ATOS VINCULADOS E ATOS DISCRICIONÁRIOS

Atos vinculados são os praticados pela Administração Tributária no estrito cumprimento de poderes vinculados
pela lei, cabendo-lhe apenas, i.e., sem a mínima possibilidade de conformação, a subsunção do caso concreto à
norma que fixa em termos absolutos, complexos e exaustivos todos os pressupostos da sua aplicação (exs.: matérias
de incidência dos impostos ou das respetivas taxas).

Atos discricionários são os praticados pela Administração Tributária ao abrigo de poderes discricionários, i.e.,
quando o legislador se limita a configurar uma moldura geral do regime jurídico, atribuindo à Administração
Tributária uma margem de decisão ou de escolha na aplicação da norma, i.e., concedendo-lhe um espaço de
discricionariedade (exs.: artigo 60.º, n.º 6, da LGT, artigo 68.º, n.º 13, da LGT, artigo 77.º, n.º 1, do CPPT).
§3. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
G. ATOS TRIBUTÁRIOS E ATOS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

Atos tributários lato sensu são atos produtores de efeitos jurídicos, de caráter individual e concreto, de aplicação
da norma tributária substantiva a um caso concreto; incluem:
 Atos tributários stricto sensu; e
 Atos administrativos em matéria tributária

Atos tributários stricto sensu são os atos de determinação concreta da dívida tributária (atos de liquidação).

Atos administrativos em matéria tributária são todos os outros atos que integram a noção ampla de ato
tributário mas que não são atos de liquidação (exs.: reconhecimento de benefícios fiscais, indeferimento de um

pedido de pagamento prestacional da dívida tributária, indeferimento de uma reclamação graciosa).


II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2. O SUJEITO PASSIVO

Artigo 18.º, n.º 3, da LGT: o sujeito passivo da relação jurídica


tributária é a pessoa ou entidade que, nos termos da lei, está adstrita ao
cumprimento das vinculações que a mesma integra (dever ou obrigação
principal e deveres ou obrigações acessórias).
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.1. O SUJEITO PASSIVO DIRETO


É a pessoa ou entidade que tem uma relação pessoal e direta com o facto tributário, ou seja, preenche ela
própria as normas de incidência de um tributo.

 Sujeito passivo singular: o facto tributário ou pressuposto da tributação verifica-se apenas


relativamente a uma pessoa ou entidade.
 Sujeito passivo plural: o facto tributário ou pressuposto da tributação verifica-se ab initio
relativamente a mais do que uma pessoa ou entidade.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2. O SUJEITO PASSIVO INDIRETO


É a pessoa ou entidade que, sem ter uma relação pessoal e direta com o facto tributário, é
chamada ao cumprimento de obrigações tributárias (normalmente relacionadas com terceiros).

 Categorias:
 Substitutos tributários
 Sucessores tributários
 Responsáveis tributários (solidários e subsidiários)
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.1. OS SUBSTITUTOS TRIBUTÁRIOS

Substituição tributária: por imposição legal, a prestação tributária vai ser entregue ao sujeito ativo não
pelo sujeito que realizou o facto tributário, mas por um terceiro que com ele mantém relações especiais e
que, por isso, lhe vai exigir a prestação em causa (artigo 20.º da LGT).

 Retenção na fonte (artigo 34.º da LGT): os rendimentos, ao serem pagos ou colocados à disposição,
são alvo de uma amputação a título de pagamento do tributo, recebendo o respetivo credor um
montante menor do que aquele que teria a receber. O substituto é a fonte dos rendimentos do
contribuinte, pelo que lhe cabe reter dada percentagem desses valores.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.1. OS SUBSTITUTOS TRIBUTÁRIOS

 Retenção na fonte a título definitivo: é efetuada a título liberatório e , por tal motivo, não dará lugar a
acertos posteriores, sendo a tributação retentiva uma tributação última e terminante.

 Retenção na fonte a título de pagamento por conta: é seguida de englobamento e, por isso, dá lugar a
acertos posteriores, especificamente por via de dedução, à coleta do imposto devido, dos montantes retidos
ao longo do período de tributação, podendo daí resultar quer o pagamento de uma determinada diferença,
quer o reembolso de determinado montante.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.1. OS SUBSTITUTOS TRIBUTÁRIOS

 Substituição sem retenção na fonte: o substituto é credor do contribuinte substituído,


obrigando-o a lei, em primeiro lugar, a cobrar o tributo juntamente com os valores que tenha a
haver do contribuinte substituído e, depois, a entregar esse tributo ao Estado. O contribuinte é a
fonte dos rendimentos do substituto, pelo que a tarefa deste é a de cobrar o tributo juntamente
com os valores que tem a haver.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.2. OS SUCESSORES TRIBUTÁRIOS

 Sucessão tributária: a obrigação tributária transfere-se para outro sujeito passivo em virtude do
desaparecimento por morte do sujeito passivo direto ou originário (artigo 29.º, n.º 2, da LGT).

 A sucessão acontece quer para herdeiros, quer para legatários


 O sucessor só responde, em princípio, com o valor dos bens herdados, i.e., até às forças da herança
 O sucessor só é chamado caso tenha aceite a sucessão (aceitação pura e simples ou a benefício de inventário)
 Não se exige que as dívidas a transmitir já tenham sido liquidadas pelo credor tributário
 A sucessão não abrange quantias exigidas a título sancionatório
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

2.2.3. OS RESPONSÁVEIS TRIBUTÁRIOS

 Responsabilidade tributária: verifica-se quando alguém, por imposição legal, é chamado ao pagamento de
dívidas tributárias de outra pessoa ou entidade, após o incumprimento desta (artigo 22.º da LGT).

 Responsabilidade solidária: casos em que ao património do incumpridor se junta o património do


responsável, sem ser preciso esgotar o primeiro;
 Responsabilidade subsidiária: casos em que ao património do incumpridor se junta o património do
responsável, mas apenas após verificado o benefício de excussão prévia, i.e., após demonstrada a
insuficiência do primeiro.
II. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

§1. OS RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS


 Artigo 21.º, n.º 2, da LGT
 Artigo 27.º, n.º 1, da LGT
 Artigo 21.º, n.º 7, do EBF
 Artigo 22.º, n.º 15, do EBF
 Artigo 103.º, n.ºs 4 e 5, do CIRS
 Artigo 30.º, n.º 5, do CIVA
 Artigo 79.º, n.º 1, do CIVA
 Artigo 49.º, n.º 6, do CIMT
 Artigo 42.º, n.ºs 1, 2 e 4, do CIS

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