Galileu #378 - Set23
Galileu #378 - Set23
Galileu #378 - Set23
BOMBA
ATÔMICA:
COMO A ARMA
NUCLEAR
LANÇADA
PELOS EUA
INFLUENCIOU
OS RUMOS DA
HISTÓRIA
A CIÊNCIA AJUDA VOCÊ A MUDAR O MUNDO ED. 378 SETEMBRO DE 2023
FUTURO
INCERTO
COM CREDIBILIDADE
EM JOGO, TWITTER,
FACEBOOK E OUTRAS
PLATAFORMAS PASSAM
POR MOMENTO DE CRISE
E TRANSIÇÃO. E MUITA
COISA PODE MUDAR COM
A REGULAÇÃO DELAS
(INCLUSIVE PARA VOCÊ)
CLUBE DE REVISTAS
COMPOSIÇÃO
SETEMBRO DE 2023
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CAPA
COM MUDANÇAS E
NOVAS REGULAÇÕES,
O QUE SERÁ DAS
REDES SOCIAIS?
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SOCIEDADE
EFEITOS DA BOMBA
ATÔMICA FORAM MUITO
ALÉM DA GUERRA FRIA
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QUER QUE EU DESENHE?
CLUBE DE REVISTAS
TECNOLOGIA
TEXTO Caio Delcolli EDIÇÃO Luiza Monteiro ILUSTRAÇÃO Maurício Planel DESIGN Flavia Hashimoto
EM MOMENTO DE
CRISE E TRANSIÇÃO,
PLATAFORMAS
COMO TWITTER E
FACEBOOK ESTÃO COM
A CREDIBILIDADE EM
JOGO — E MUITA COISA
PODE MUDAR COM A
REGULAÇÃO DELAS
CLUBE DE REVISTAS
CRISE GERAL
Isso tudo acontece em um momento de hemorragia financeira
para as Big Techs do Vale do Silício, como é chamada a região da
Califórnia berço das inovações em tecnologia. Em janeiro deste
ano, Google, Meta — que detém Facebook, Instagram, WhatsApp
e a recém-lançada Threads —, Amazon, Twitter e Microsoft soma-
vam, juntas, mais de 50 mil demissões nos três meses anteriores,
segundo a agência de notícias Reuters. Isso se deve a uma queda
na quantidade de vendas após a pandemia de covid-19 ter se ate-
nuado e ao fato de uma recessão estar à espreita nos EUA.
EFEITOS NEFASTOS
Outra decisão autoritária de Musk foi encerrar as APIs (sigla em in-
glês para “interface de programação de aplicações”) gratuitas do
Twitter. Isso impede que usuários façam login na plataforma por
meio de aplicativos de terceiros, como Post News e Flipboard. Na
prática, a rede está forçando essas empresas a se tornarem clien-
tes se quiserem continuar integradas à plataforma. Ela tem afeta-
do muitos desenvolvedores, pesquisadores acadêmicos e quaisquer
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Vale dizer que os picos de dopamina causados por curtidas não são
altos como aqueles causados pelo consumo de cocaína, cigarro ou
cafeína, por exemplo. Mas, no frigir dos ovos, todo esse processo de-
sencadeia reações químicas em nosso cérebro que satisfazem nossa
necessidade básica pela aprovação da comunidade em que estamos
inseridos. Estímulo e recompensa são vinculados no melhor estilo
pavloviano — as curtidas impulsionam nosso sistema produtor de
dopamina. É o mesmo processo que fazia os cachorros do fisiolo-
gista russo Ivan Pavlov salivarem quando ouviam os sinos tocarem.
Eles sabiam que seriam recompensados com comida.
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REGULAR É PRECISO?
Todos os especialistas entrevistados pela GALI-
LEU para esta reportagem concordam em um
ponto: a regulação das redes pode melhorar
essa realidade de danos aos usuários e à pró-
pria sociedade. Max Fisher, autor de A Máquina
do Caos, diz que atualmente há duas escolas de
pensamento que regem os projetos de lei circu-
lando em diferentes países. Uma é praticamen-
te cirúrgica, ele explica, pois defende que as re-
gulações realmente inteligentes devem definir
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ENTREVISTA
“É sempre ou
quase sempre
errado trazer
um ser à
existência”
O
O último Censo Demográfico brasileiro, com dados
referentes a 2022 e divulgado em junho pelo Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
mostrou uma tendência demográfica no país: queda nas
taxas de fecundidade (filhos por mulher) e de natalidade
(número de nascimentos por habitantes). Em resumo, cada
vez menos pessoas estão nascendo por aqui, acompanhan-
do um cenário que já vinha sendo observado em países do
Hemisfério Norte há décadas.
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E POR QUE VOCÊ ACHA QUE AS PESSOAS AINDA QUEREM TER FI-
LHOS, QUE A PROCRIAÇÃO AINDA É UMA PARTE MUITO IMPORTAN-
TE DA EXISTÊNCIA HUMANA?
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SOCIEDADE
TEXTO Nathalie Provoste EDIÇÃO Luiza Monteiro DESIGN Flavia Hashimoto
ECOS
DA BOMBA ATÔMICA
CLUBE DE REVISTAS
N
Na noite de 30 de dezembro de 1943, num la-
boratório secreto em Los Alamos, no estado do
Novo México (EUA), cientistas se reuniram para
uma celebração: Niels Bohr, ganhador do Prê-
mio Nobel de Física em 1922, estava indo visi-
tá-los. O dinamarquês chegou à festa, fez um
cumprimento geral e prontamente se dirigiu ao
líder científico do local, o físico estadunidense
J. Robert Oppenheimer. “É realmente grande o
bastante?”, Bohr quis saber, de cara. A pergun-
ta, na verdade, poderia ser traduzida assim: a
bomba atômica que vocês estão desenvolvendo
é poderosa o suficiente para tornar guerras fu-
turas inconcebíveis?
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SENTIMENTOS CONFLITANTES
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À esquerda: físico
Norris Bradbury
junto a dispositivo do
Experimento Trinity,
que fez primeiro teste
da bomba atômica.
(Foto: Getty Images)
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Quando uma bomba de fissão nuclear explode, emite uma luz ca-
paz de cegar. Ela gera uma onda de choque e cria uma bola de
fogo que pode chegar até 4 mil graus Celsius no hipocentro. De-
pois, quando a pressão nessa área cai, uma outra onda de choque
ocorre em direção a ela, varrendo novamente o que estiver no
caminho. Em Hiroshima, quase tudo foi destruído ou ficou grave-
mente danificado até um raio de 4,8 km da explosão; mas outros
danos foram além dessa distância, com estilhaços de vidro joga-
dos até 19 km do hipocentro. “A onda de choque foi tão grande
que arrancou casas e prédios com alicerce e tudo. Pessoas foram
pulverizadas”, descreve o físico Marcelo Lapola, doutor em físi-
ca pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). “E, depois da
explosão, quem não morreu pelo calor ou pela onda de choque,
morreu pela radiação liberada.”
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MEDOS E ESPERANÇAS
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1. O Brasil nunca produziu uma arma nuclear, 3. O Brasil teria condições de produzir
mas teve interesse durante a ditadura uma arma nuclear hoje; até porque o
militar (1964-1985). “Os militares achavam enriquecimento do urânio-235, isótopo
que seria a grande oportunidade de termos que pode sustentar uma reação em cadeia
uma hegemonia na América [do Sul]”, de fissão nuclear, já é feito aqui para
explica o historiador Mario Marcello Netto. as operações em Angra 1 e 2. Porém, a
Constituição de 1988 institui que “toda
2. No entanto, o país investiu na atividade nuclear em território nacional
energia nuclear: hoje, temos duas usinas, somente será admitida para fins pacíficos e
Angra 1 e Angra 2, no estado do Rio de mediante aprovação do Congresso Nacional.”
Janeiro. Inauguradas em 1985 e 2001,
respectivamente, elas são responsáveis 4. Desde 1998, o Brasil é signatário do Tratado
por cerca de 2% da energia elétrica total de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
produzida em nosso território. O governo O acordo foi criado pela Organização das
brasileiro também está construindo Angra 3, Nações Unidas (ONU) em 1968, por medo
que tem 65% das obras concluídas. do armamento iniciado na Guerra Fria.
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