Ham Adulto
Ham Adulto
Ham Adulto
manuseio da medicação, uso do telefone, Deve ser permitido o uso de tecnologia assistiva
manuseio do dinheiro, compras e uso dos meios (bengalas, muletas, andadores etc.) durante o
de transporte. Cada fator desse é classificado de TUG.
1 a 3, no qual 1 representa dependência para
determinada função, 2 significa que o indivíduo
precisa de ajuda, e 3 exibe total independência
para a função. O escore total é o somatório das
pontuações, tendo como pontuação máxima 27
pontos.
2. C i r c u n f e r ê n c i a d a p a n t u r r i l h a :
Normalmente >/= 31cm; valor menor pode
indicar sarcopenia.
3. Escala de Dowton: A Escala de Downton é
utilizada para avaliar o risco de queda, se
n e c e s s á r i o, p a r a p ro g r a m a r m e d i d a s
preventivas para evitar novos eventos. Esta
escala considera o fato de não ocorrência de
quedas anteriores, as causas que produziram ou
fatores de risco apresentados a respeito de cada
paciente e da idade, atribuindo a cada ponto
um valor de 0 ou 1. Quando o escore da escala
for maior que 2 pontos considera-se que o
paciente tem um elevado risco de quedas.
AVALIAÇÃO DA COGNIÇÃO
Recomenda-se que o rastreio para declinio
cognitivo seja realizado caso a família ou o paciente
AVALIAÇÃO DE HUMOR reporte problemas com a memória ou seja
A depressão pode se apresentar de maneira atípica percebida alteração cognitiva durante a consulta.
em idosos, como apatia, perda de peso, declínio 1. Mine exame do estado mental (MEEM):
cognitivo e manifestações somáticas, como dor É constituído de duas partes, uma que abrange
crônica, e ter impacto negativo na qualidade de orientação, memória e atenção, com pontuação
vida, acarretando declínio funcional e aumento do máxima de 21 pontos e, outra que aborda
risco de suicídio e de uso dos serviços de saúde. habilidades específicas como nomear e
Escala de depressão geriátrica de Yesavage: compreender, com pontuação máxima de 9
É um instrumento validado para rastreio composto pontos, totalizando um escore de 30 pontos. Os
por 15 perguntas. Pontuação ≥ 5 indica rastreio valores mais altos do escore indicam maior
positivo e exige avaliação mais detalhada para o desempenho cognitivo. Aborda questões
diagnóstico. A escala original era composta de 30 referentes à memória recente e registro da
perguntas. memória imediata, orientação temporal e
espacial, atenção e cálculo e linguagem - afasia,
apraxia e habilidade construcional.
2. Teste do desenho do relógio: Avaliação
quantitativa ou qualitativa do desenho de um
relógio após comando: desenhar relógio
redondo com todos os números e ponteiros
indicando 11 horas e 10 minutos).
3. Teste de fluência verbal: Consiste em dizer
o maior número de nomes de animais, frutas ou
palavras que começam com a letra F no
período de 1 minuto.
Observação: O mini-cog combina o teste do
relógio com o teste de evocação de três palavras.
AVALIAÇÃO DA NUTRIÇÃO
A prevalência de desnutrição na população idosa
pode chegara 15% e, se não houver intervenção
multidisciplinar, são devastadores os efeitos em
morbidade, perda de funcionalidade e mortalidade.
Maria Vitória de Sousa Santos
TRATAMENTO
Segundo Roma IV, o tratamento inicial deve
ser direcionado para tipo de sintomas
predominantes, conforme o fluxograma abaixo:
• A transmissão da ascaridíase ocorre pela passa pela traqueia, faringe e poderá ser
ingestão de ovos larvados do parasito através expelida ou deglutida.
da água ou alimentos contaminados. • As larvas deglutidas passarão pelo trato
• A poeira e insetos como moscas, formigas e digestório até o intestino delgado, fixam-se
baratas podem contaminar os alimentos, e na mucosa e formam os adultos jovens.
ovos podem ser transportados • O ciclo pulmonar é denominado “ciclo de
mecanicamente pelas patas desses insetos. Loss”.
CICLO BIOLÓGICO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Os indivíduos parasitados com baixa
intensidade são assintomáticos.
• E m i n f e c ç õ e s m a c i ç a s, n a f a s e d e
desenvolvimento da larva, podem ser
encontradas:
1. Dor abdominal, diarreia, nausea, perda de
apetite.
2. Obstrução intestinal "bolo de áscaris"
3. Migração do parasita (Pancreatite aguda,
Colangite, Abscesso hepático).
4. Sindrome de Löeffler (Ciclo pulmonar da
larva - Tosse seca, broncoespasmo - Rx:
infiltrados intersticiais múltiplos e
migratórios - Eosinofilia no HMG).
DIAGNÓSTICO
1. Exame de fezes: Utilizado para
• Os ovos são eliminados pelo hospedeiro por identificação dos ovos de áscaris nas fezes,
meio das fezes, no ambiente, em condições pelos métodos de sedimentação de Lutz ou
ideais (25 °C a 30°C, umidade mínima de de Hoffman (para ovos inférteis) ou
70%, presença de O2) forma os embriões métodos de suspensão, como o de Faust
que originam a primeira larva (L1). (para ovos férteis).
• Após uma semana a larva L1 do tipo 2. Hemog rama: É possível detectar
rabditoide sofre muda e transforma-se em L2 eosinofilia.
e posteriormente em L3 (larva infectante do 3. E x a m e s
tipo filarioide) dentro do ovo. radiológicos: Os
• O hospedeiro ingere o ovo infectante exames radiológicos, do
contendo a larva L3 encontrada no solo, tipo baritados, podem
atravessa o trato digestório e eclode no revelar imagens de
intestino delgado. “falha de enchimento”
• A eclosão ocorre devido a vários fatores do patognomônicas de
h o s p ed ei ro : agen tes red u to res, p H , ascaridíase - O “bolo de
temperatura, sais e CO2. áscaris” é um exemplo.
• Na altura do ceco atravessa a parede do Obstrução intestinal.
intestino, cai nos vasos linfáticos e veias, Observação: Na fase de migração larvária
encaminha-se para o fígado. podem ser encontradas larvas no escarro.
• Por meio da veia cava inferior ou superior TRATAMENTO
atingem o coração direito. Formas não complicadas
• Migram para os pulmões em 4 a 5 dias, onde - Albendazol*
realiza muda transformado-se em L4. - Mebendazol
• Esta penetra nos capilares rompendo-os, - Ivermectina
caem nos alvéolos onde realiza outra muda, - Levamizol
- Pamoato de pirantel
formando a L5 que sobe a árvore brônquica,
Forma complicada (obstrução intestinal)
- Citrato de piperazina (+ óleo mineral)
Maria Vitória de Sousa Santos
ANCILOSTOMÍASE
• A Ancilostomíase, Ancilostomose ou
Necatoríase são nomes de doenças causadas
p e l o s A n c i l o s to m í d e o s d a s e s p é c i e s
Ancylostoma duodenale ou Necator
americanus.
• Essas verminoses, também conhecidas como
“amarelão”, têm grande prevalência em
regiões quentes e úmidas de solo arenoso.
TRANSMISSÃO
A transmissão se dar para o homem ocorre de
duas formas:
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 1. Pela penetração da larva L3 na pele,
1. D e r m a t i t e c e r c a r i a n a : E r u p ç ã o quando em contato com qualquer parte do
maculopaular pruriginosa. corpo;
Maria Vitória de Sousa Santos
2. Por ingestão da larva L3 com água ou • Nos alvéolos, as larvas migram para os
verduras cruas mal lavadas contaminadas. brônquios, traqueia, faringe e chega à laringe
onde podem ser expelidos ou ingeridos.
• Estes últimos atravessam o tubo digestório e
atingem o intestino delgado e dentro de 8
dias começa a exercer hematofagismo,
fixando-se à mucosa, transformam-se na
larva L5 (após 15 dias de infecção), seu
habitat final.
• Após 30 dias da infecção tornam-se adultos,
exercem hematofagismo, iniciam a cópula e
em seguida a oviposição (35 a 60 dias).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Maioria assintomáticos.
1. Palidez;
2. Olhos e mucosas descoradas;
3. Fadiga;
CICLO DE VIDA 4. Vertigens;
• Ao serem eliminados nas fezes, os ovos 5. Tonturas;
fertilizados estão geralmente em seus 6. Desânimo e fraqueza;
estágios iniciais de clivagem; têm casca fina e 7. Dores de cabeça;
hialina e formato ovoide. 8. Dores epigátricas;
• Os ovos maturam em 1 a 10 dias, quando 9. Falta de apetite;
encontram condições favoráveis no solo 10. Cólicas;
(temperatura entre 20 - 30 °C para Ancylos- 11. Vômitos;
toma e 25 - 35 °C para Necator), umidade 12. Flatulências;
elevada e oxigenação), produzindo larvas 13. Diarreias sanguinolentas ou não.
rabditoides (L1) em seu interior. 14. Anemia (pois os parasitos se alimentam de
• Em 12 a 24 horas, a eclosão dos ovos libera sangue);
larvas L1. 15. O intestino é acometido pela destruição
• O ovo eclode liberando a L1 que então se dos tecidos e ingestão de hemácias pelos
desenvolve no solo e muda para L2, parasitos, podendo gerar úlceras intestinais
trocando a bainha. além de anemia e hipoproteinemia
• No solo, as larvas alimentam-se de bactérias (causando uma hipoalbuminemia e edema
e material orgânico em decomposição. generalizado -anasarca);
Sofrem mais duas mudas para transformar- 16. A penetração das larvas causa dermatites
se em larvas filarioides (L3) infectantes, cerca de intensidades variáveis de acordo com o
de 1 semana depois. número de larvas e o sistema imunológico
• A infecção humana se dá pela penetração de do hospedeiro.
larvas filarioides na pele, geralmente dos pés 17. A passagem das larvas pelos pulmões pode
e das mãos, que entram em contato direto provocar lesões transitórias e sintomas
com o solo contaminado com fezes como dispneia, tosse e febre baixa.
humanas. DIAGNÓSTICO
• O processo de penetração na pele leva cerca • Exame parasitológico de fezes –
de 30 minutos e pode produzir prurido M é t o d o s d e L u t z , Wi l l i s o u Fa u s t –
intenso. ContagemdeovospeloKato-Katz;
• Atravessa a pele, mucosa ou conjuntiva e cai • Eosinofilia leve a moderada.
na corrente sanguínea ou linfática, chega ao TRATAMENTO
coração e pelas artérias pulmonares atinge os 1. Mebendazol;
pulmões onde se transforma na larva L4 (2 a 2. Albendazol;
7 dias). 3. Pamoato de Pirantel.
Maria Vitória de Sousa Santos
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Maria Vitória de Sousa Santos
DIARREIA AGUDA
• Diarreia se refere a uma alteração do hábito ETIOLOGIA
intestinal por diminuição de consistência das 1. Infecciosa;
fezes (pastosa ou aquosa) e aumento da 2. Não infecciosa.
frequência (>3x dia) e do volume das MECANISMOS PATOLÓGICOS
evacuações (>200g/dia). - Osmótica: Ocorre por acúmulo de solutos
• É decorrente da alteração na absorção, osmoticamente ativos não absorvíveis no
secreção ou motilidade intestinal. lúmen intestinal. Água é atraída para dentro
• A queixa de diarreia é inespecífica do lúmen intestinal pela concentração
(fisiológicos e patológicos). hiperosmótica do seu conteúdo, a tal volume
As diarreias podem ser de causas por: que o cólon não consegue reabsorver o
1. Agentes infecciosos; excesso de líquido. Assim, ocorre retenção
2. Intolerância alimentar; de líquidos intraluminais e
3. Intoxicação alimentar; consequentemente diarreia.
4. Fármacos ou doença intestinal; • Causas:
5. Entre outros. - Deficiência de dissacaridases (lactose,
• Disenteria aguda é caracterizada pela frutose)
diarreia com presença de sangue nas fezes, - Alimentos dietéticos com sorbitol/
podendo haver muco e/ou pus. Pode estar manitol/lactulose
acompanhada de sintomas como febre, cólica - Uso indiscriminado de laxantes/
e tenesmo. antiácidos com Mg
• Presença de produtos patológicos: sangue, - Medicamentos (colestiramina, lactulose,
pus, muco, resíduos alimentares, fezes metformina)
brilhantes/flutuantes - Crescimento bacteriano excessivo
• Pode haver: desconforto perineal, tenesmo, - Doenças disabsortivas (Doença celíaca,
urgência fecal, dor abdominal tipo cólica, giardíase)
incontinência fecal, sensação de urgência Observação: Cessa com jejum. Fezes sem
para evacuar. muco e/ou sangue. Irritação perineal
CLASSIFICAÇÃO DA DIARREIA (substâncias redutoras/ pH fecal ácido). Gap
DURAÇÃO osmótico: ↑ 125 mOsmol/kg nas fezes.
1. Aguda: Começa subitamente e persiste
por menos de 2 semanas geralmente
causada por agentes infecciosos. São
processos autolimitados, na maioria das
vezes, e a conduta primordial é a
manutenção da homeostase com o
equilíbrio hidroeletrolítico.
2. Crônica: Sintomas persistem por 4
semanas ou mais. - Secretória: Distúrbio no processo
3. Persistente: Duração entre 2 e 4 hidroeletrolítico pela mucosa intestinal, por
semanas. meio do aumento de secreção de íons e água
para o lúmen ou inibição da absorção, por
LOCALIZAÇÃO
meio de drogas ou toxinas.
1. Alta: Originada no intestino delgado.
Desencadeia diarreia de padrão secretor. • Causas:
- Bactérias produtoras de enterotoxinas:
2. Baixa: Originada no intestino grosso.
V. cholerae
Costumam apresentar padrão inflamatório.
- Dano epitelial por vírus: Rotavírus,
Adenovírus
- Uso de laxantes: bisacodil, senna
- Medicamentos: furosemida,
espironolactona, IECA, ranitidina
Maria Vitória de Sousa Santos
mansoni
- DII
- Neoplasia de cólon/reto
- Colite isquêmica
- Colite pós-radiação AGENTES ETIOLÓGICOS
- Colite eosinofílica VIRAL
Observação: Presença de fezes com muco e/ • Principais agentes da diarreia aguda
ou sangue. Gap osmótico normal. infecciosa
• Duração: Autolimitada 24-72 h (maioria
dos casos).
• Quadro clínico: Diarreia aquosa, náuseas e
vômitos, desconforto abdominal, mialgia,
cefaleia, febre baixa
• Transmissão: fecal-oral / através do
vômito
• S u rt o s : Pe n s a r e m fo n t e d e á g u a
contaminada
Observação: Rotavírus (lactentes e crianças
pequenas). Norovírus (adultos e crianças
maiores). Citomegalovírus
(imunocomprometidos).
Maria Vitória de Sousa Santos
PARASITAS
BACTÉRIAS
- Loperamida e difenoxilato:
Inibem a motilidade intestinal,
aumentam o tempo de contato para a
absorção de água e eletrólitos, e com
isso diminuem o número das
evacuações intestinais e as cólicas.
Observação: Esses medicamentos devem ser
evitados nos casos de disenterias e nos
pacientes com febre alta e toxemia, pois
poderiam agravar a evolução da doença e
precipitar o aparecimento de megacólon
tóxico.
4. Antibióticos: Como a maioria das
diarreias infecciosas tem evolução
autolimitada, o uso de antibióticos deve ser
restrito a condições específicas (disenteria).
Usados em caso de toxemia. Se sintomas
persistirem por mais de 1 mês usar
metronidazol (Ad: 750 mg 3x dia por 5 d.)
IRRITAÇÃO PERITONEAL
Tipos de abdome que apresentam irritação
peritoneal:
1. Inflamatório;
2. Perfurativo;
3. Hemorrágico.
Tipos de abdome que não apresentam
irrigação peritoneal:
1. Obstrutivo;
2. Vascular.
OBSTRUTIVO
• Presença de obstáculo mecânico ou funcional
que leve a interrupção da progressão do
conteúdo intestinal.
• Segunda causa mais comum de abdome
agudo.
• Dor em cólica, geralmente periumbilical.
• Associada a náuseas, vômitos, distensão
abdominal, parada da eliminação de flatos e
fezes.
• Oclusão mecânica por bridas, hérnias,
neoplasias e invaginação.
Observação: TRÍADE CLÁSSICA: Dor
abdominal + Distensão abdominal + Parada
de eliminação de fezes e flatos.
Exame físico:
- Ao exame físico notamos grande distensão
abdominal, timpanismo à percussão, e dor
difusa à palpação.
- Os ruídos hidroaéreos são inicialmente
aumentados com timbre metálico, podendo
estar ausentes em quadros avançados.
- O exame físico compreende também a
avaliação da região inguinal, à procura de
possíveis herniações.
Observação: O delgado não tem gás, ao
contrário do cólon, que sempre tem gás. Este é PERFURATIVO
o padrão radiológico normal. Toda vez que • Dor súbita e intensa, com defesa abdominal e
observarmos inversão do padrão radiológico irritação peritoneal.
normal, estaremos diante de um quadro de • Derrame do conteúdo de víscera oca no
obstrução mecânica. Quando distendido, o peritônio.
delgado é reconhecido pelas pregas de Kerkring • Terceira causa mais comum de abdome
(válvulas coniventes). No abdômen agudo agudo.
obstruído é notado o Sinal do Empilhamento de • Úlcera gastroduodenal, diverticulite, corpos
Moedas e do grão de café (volvo). estranhos e neoplasias.
Maria Vitória de Sousa Santos
• Dor súbita, intensa, aguda, difusa e • O abdome agudo vascular ocorre quando há
persistente, o que faz o paciente chegar sofrimento de uma víscera por interrupção
rapidamente no pronto-socorro. súbita do aporte sanguíneo para esse órgão.
• Dor piora com o movimento. Por isso, • Dor difusa e mal definida, há desproporção
geralmente o paciente fica imóvel, em entre a dor e o exame físico.
posição fetal. • Causas mais comuns: embolia e trombose
• Peritonite (decorrente da liberação de ácido mesentérica com isquemia intestinal.
clorídrico, bile ou fezes na cavidade • Alguns fatores de risco do abdome agudo
abdominal). vascular estão intimamente relacionados a
• Sinal de Jobert: Perda da macicez hepática este processo, como a idade avançada, a
durante a percussão do hipocôndrio direito, doença vascular, a fibrilação arterial, as
que indica a presença de perfuração de doenças valvares, as cardiopatias e a
víscera oca em peritônio livre, como na hipercoagulação.
úlcera péptica. • O exame padrão ouro é a angiografia, que
• Durante a palpação do abdome, há rigidez consegue identificar o vaso acometido e,
involuntária com descompressão brusca muitas vezes, tratar a obstrução vascular.
positiva em todo o abdome (“abdome em • A tomografia computadorizada, no entanto,
tábua”). é o exame mais utilizado, tendo em vista a
• Palidez e sudorese. maior facilidade de acesso e menor
• Pode evoluir para o choque séptico. invasividade.
Achados característicos na radiografia e • A radiografia de abdome pode revelar
TC: distensão de alças intestinais e níveis líquidos
- Pneumoperitônio: Indica a presença de (achado mais comum), enquanto a USG tem
ar entre o diafragma e o fígado (mais contexto reduzido na isquemia, devido a
comum) ou entre o diafragma e estômago. distensão abdominal diminuir a visibilidade.
INFLAMATÓRIO
• Tipo de abdome agudo mais comum,
consequência de processos inflamatórios/
infecciosos.
• Curso clínico de dor abdominal que vai
aumentando de forma progressiva ao longo
de algumas horas, chegando a forte
intensidade, podendo associar-se à anorexia,
febre e fatores de melhora ou piora a
depender da etiologia.
• Causas mais comuns: apendicite aguda,
colecistite aguda, diverticulite aguda,
pancreatite, anexite aguda.
VASCULAR/ISQUÊMICO
Maria Vitória de Sousa Santos
LABORATORIAIS
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3. Diminuição dos inibidores da cristalização
LITÍASE URINÁRIA (citrato, magnésio, pirofosfato, alto peso
• É caracterizada pela presença de cálculos no molecular - glicosaminoglicanos,
trato urinário, poupando o parênquima nefrocalcina, uropontina, bikunina,
renal. fragmento urinaro de protrombina,
• Cálculos correspondem a estruturas proteína de Tamm-Horsial).
cristalinas que alcançaram tamanho FISIOPATOLOGIA
suficiente para causar sintomas ou serem • O processo físico-químico de formação de
percebidos por técnicas de imagem cálculos depende de uma cascata complexa
radiológicas. de eventos que ocorrem quando o filtrado
FATORES DE RISCO glomerular (FG) atravessa o néfron.
1. Raça: brancos; Inicia-se então pelos seguintes eventos,
2. Sexo: predominante em homens; gradativamente:
3. Idade predominante: 20 a 40 anos; 1. Supersaturação (concentração elevada na
4. Hábitos alimentares de risco: excesso de urina de substâncias que formam cálculos:
carne e sódio; Ca, Ox, P, Urato, H);
5. Ingestão hídrica: risco em baixa ingestão; 2. Nucleação (Heterogênea, homogênea!
6. Clima: regiões montanhosas, desertos e epitaxia);
áreas tropicais (meses mais quentes —> sol 3. Crescimento;
estimula a síntese de Vit. D —> aumenta a 4. Agregação;
reabsorção intestinal de cálcio); 5. Adesão ao urotélio.
7. Profissões sedentárias, em ambientes • Sendo assim, temos uma urina que se torna
quentes; s u p e r s at u r a d a e m re l a ç ã o a o s s a i s
8. Sedentarismo; formadores de cálculo, de modo que íons
9. Associação com obesidade, diabetes dissolvidos se precipitam para fora da solução
mellitus, síndrome metabólica (diminui pH e formam os cristais.
urinário e hipercalciúria). • Após sua formação, os cristais podem fluir
TIPOS DE CÁLCULO com a urina ou ficar retidos no rim em
1. Oxalato de cálcio; pontos de ancoragem ou áreas de constrições
2. Fosfato de cálcio; que promovem crescimento e agregação.
3. Ácido úrico;
4. Cístina;
5. Estruvita.
ETIOLOGIA
1. Excesso de solutos; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
2. Diminuição da ingestão hídrica; Entretanto, a apresentação característica é de:
Maria Vitória de Sousa Santos
TRICOMONÍASE
Fatores de risco:
1. Múltiplos parceiros sexuais;
2. Baixo nível sócio-econômico;
3. Raça negra;
CANDIDÍASE VAGINAL
4. Tabagismo;
Fatores predisponente:
Fatores predisponentes:
5. História prévia de DST;
1. Diabetes;
6. N ã o u t i l i z a ç ã o d e m é t o d o s
2. Imunodepressão;
anticoncepcionais (barreira ou hormonal).
3. Anticoncepcionais de alta dosagem
Quadro clínico:
Quadro clínico:
(controverso);
Varia desde assintomático até severo.
4. Antibióticos de largo espectro;
5. Gravidez;
1. Corrimento amarelo esverdeado, bolhoso ALTERAÇÕES MAMÁRIAS
ou espumoso, profuso, com odor fétido, Manifestações clínicas:
podendo ser acompanhado de prurido 1. Alterações do volume mamário;
vulvar; 2. Alterações da forma das mamas e do
2. Podem ocorrer: irritação, desconforto complexo areolo - mamilar;
vulvar, dispareunia e disúria; 3. Modificações do aspecto e cor da pele e do
3. Pode provocar eritema vaginal e colpite complexo areolo - mamilar;
macular ("colo em framboesa"), dor em 4. Alterações na vascularização superficial;
baixo ventre (ocasionalmente), ficar atento 5. Cicatrizes e marcas congênitas;
para doença inflamatório pélvica; 6. Aparecimento de nervos da derme;
4. Na gravidez pode causar: ruptura 7. Alterações de implantes se presentes
prematura das membranas prematuridade; (silicone, salino, misto);
infecção puerperal. 8. Presença de secreções mamilares;
Observação: Os sintomas se exacerbam no 9. Presença de nodularidades nas mamas;
final ou logo após a menstruação. 10. Linfonodomegalia em região axilar/supra
Diagnóstico: e infra clavicular.
1. Clínica; EXAME FÍSICO DAS MAMAS
2. Exame a fresco (com SF 0,9%): observação Pode ser feito pelo clínico e pela própria
direta do parasita móvel, aumento paciente (auto-exame da mama).
leucócitos; O exame físico das mamas é feito através de:
3. Secreção vaginal corada pelo Gram, ou - Inspecção das mamas: estática e dinâmica;
Glensa, ou Papanicolau; - Palpação das mamas;
4. pH elevado maior que 5, geralmente entre - A expressão papilar/mamilar;
6 e 7; - Palpação dos linfonodos axilares e
5. Cultura: meio de Diamond (meio supraclaviculares.
anaeróbico); INSPEÇÃO DA MAMA
6. Teste das aminas: ocasionalmente positivo. • A inspecção das mamas (estática e dinâmica):
Identificar alterações da estrutura e superfície
das mamas relacionadas à algumas
patologias.
ESTÁTICA
• Paciente em pé
ou sentada.
• As alterações da
superfície:
retração da pele,
alteração da
pigmentação,
hiperemia,
surgimento de
manchas, edema
(aspecto de ‘’pele em casca de laranja’’),
úlceras ou fissuras.
• Ex: A pele hiperemiada é sinal de processo
inflamatório como mastite ou abcesso
mamário, a pele em casca de laranja, as
retracções e úlceras estão presentes em
processos malignos como carcinoma da
mama.
• As alterações da estrutura ou forma como
abaulamentos ou tumorações, alteração dos
contornos, desvio da posição normal dos • A palpação é realizada com a paciente
mamilos, em geral indicam presença de deitada com as mãos atrás da cabeça e os
massas benignas ou malignas. braços bem abertos.
• Permite avaliar o volume, a consistência, a
elasticidade e a temperatura da pele.
• É fundamental avaliar as duas mamas
(mesmo que a queixa seja em apenas uma)
para comparar os achados e orientar o
diagnóstico.
• O volume pode estar alterado por processos
inflamatórios (como mastite ou abcesso) ou
tumorais (como quisto ou carcinoma da
mama).
• A consistência pode estar alterada em caso
de presença de áreas de condensação (edema,
DINÂMICA nódulos, massas císticas ou sólidas).
• Na inspeção dinâmica a • Os nódulos ou massas palpáveis devem ser
realização de manobras caracterizados em relação a limites,
é para realçar possíveis consistência, mobilidade, fixação nas
retrações e estruturas circunjacentes e diâmetro.
a b a u l a m e n t o s, q u e • A elasticidade do mamilo pode estar alterada
podem sugerir ou não na presença de cicatrizes e massas.
processos malignos, Técnicas:
bem como, verificar o • Velpeau: Realizada
comprometimento dos com mão
planos musculares, espalmada e
cutâneo e gradil movimentos
costal. circulares.
• São realizadas as • Boodgood: É
manobras solicitando realizada com a
à paciente que eleve ponta dos dedos
lentamente as mãos simulando tocar
sobre a cabeça e em piano.
seguida baixar e PALPAÇÃO DOS LINFONODOS
pressionar com as • Palpa-se os
mãos as asas do osso linfonodos axilares,
ilíaco bilateralmente, para contrair a supra e
musculatura peitoral. infraclaviculares.
• A manobra de inclinação do tronco para • Para a palpação da
frente com os braços abertos é útil em cadeia linfática
pacientes com mamas grandes ou pendulares axilar direita, deve-
e para melhor observação de retração do se deixar o braço
complexo areolopapilar, que pode sugerir direito da paciente
malignidade. solto ao longo do
Observação: examinar toda a mama em corpo, ou apoiado
todos os seus quadrantes. ou sustentado pelo
PALPAÇÃO DA MAMA braço direito do
• A palpação deve ser feita em toda mama, e x a m i n a d o r,
incluindo a região subareolar, regiões enquanto com a
paraesternais, infraclaviculares e axilares. mão esquerda, este
faz a palpação.
• Para a cadeia linfática do lado esquerdo, NÓDULOS MAMÁRIOS
inverte-se o Na detecção eventual do nódulo ou tumoração
braço de apoio é necessário caracterizar quando a:
e a mão que 1. Localização (quadrantes);
palpa, ou seja, 2. Tamanho bidimensional;
mão direita 3. Forma (redondo,ovalova ou irregular);
palpa axila 4. Limites (contornos);
esquerda e 5. Consistência;
mão esquerda 6. Mobilidade.
palpa axila
direita.
• D e v e - s e
observar a
presença de
gânglios, localização dos mesmos, tamanho,
dor local, consistência, mobilidade, relação
entre si, aderência a planos profundos e
eventuais ulcerações. Da mesma forma, todos
os achados devem ser criteriosamente
anotados.
EXPRESSÃO PAPILAR
• A expressão papilar
(pressão ao nível da
aréola e da papila)
permite investigar a
eventual presença CÂNCER DE MAMA E QUADRANTES
de secreção papilar. 1. Área retroaréolar: 18%
• O tipo de secreção 2. QSM: 15%
pode indicar o tipo 3. QSL: 50%
de patologia, por 4. QIM: 6%
exemplo a secreção 5. QIL: 11%
purulenta está CAROÇOS NAS MAMAS
presente em processos infecciosos como 1. C i s t os : E s t r u t u r a s a r re d o n d a d a s,
mastite e abcesso. preenchidas com líquidos (sangue ou outros oviros
• S e c re ç õ e s h e m o r r á g i c a s p o d e m s e r fuidos).
fluídos).
indicativas de carcinoma da mama. 2. Alterações fibrocísticas: Parênquima
Observação: É importante ver cor, se é uni com área irregular, aumento da densidade,
ou multiductal, quantidade e dor local. dor local e aparecimento comum no
CLASSIFICAÇÃO DE TANNER periodo peri-menstrual.
3. Nódulos: Semelhantes aos cistos, em
forma e tamanho, se diferenciam por serem saem
sólidos.
soldo
4. Tumores: Mais parecidos com os
nódulos, se diferenciam principalmente
pelo tamanho e por sua composição.
Principais razões de aparecimento de caroços
nas mamas:
1. Período menstrual;
2. Placas de glândulas que produzem falsos
nódulos;
3. Tratamentos hormonais;
4. Nódulos fibroe piteliais benignos -
fibroadenomas;
5. Nódulos de gordura - lipomas;
6. Infecções mamárias - mastites e abscessos
mamários;
7. Mastopatia
Masfopatia diabética - nódulos benignos
em usuária de insulina;
8. Câncer de mama (consistência endurecida,
fixo, indolor).
Sinais de
Sinais dealerta:
alerta:
- Um nódulo com textura dura e irregular
geralmente indolor;
- Nódulo preso na pele ou na parede torácica;
- Covinhas na pele perto do nódulo)
- Pele espessada e vermelha sobre a mama
com pequenos furinhos (em casca de
laranja);
- Uma secreção sanguinolenta do mamilo ou
semelhante a água de rocha;
- Linfonodos da axila de consistência
endurecida ou que estão emaranhados ou
presos à pele ou parede torácica.
ÚLCERAS GENITAIS POTENCIAIS COMPLICAÇÕES
ÚLCERAS GENITAIS • As UGs, além de proporcionarem incômodo
e muitas vezes dor para a mulher, têm como
• Úlceras genitais (UGs) são lesões localizadas
complicação importante ser um meio
na vulva, vagina ou colo uterino com perda
facilitador para a aquisição de outros agentes
de tecido, envolvendo a epiderme e a derme
relacionados às DSTs, em especial o vírus da
ou apenas a epiderme.
imunodeficiência humana (HIV).
• As UGs podem se apresentar em tamanho e
• As UGs podem facilitar a transmissão sexual
número variados, quase sempre associadas a
e perinatal do HIV.
processo inflamatório.
• A quebra da integridade da mucosa cria
• Necrose, infecção, sangramento e tecido
facilidades na entrada de microrganismos,
granulomatoso podem estar presentes, mas
proporcionando aumento importante no
isso não é obrigatório.
risco de aquisição de HIV em mais de três
• Manifestam como lesões ulcerativas erosivas,
vezes.
precedidas ou não por pústulas e/ou
O procedimento básico de investigação da
vesículas, acompanhadas ou não de dor,
causa das UGs consiste em identificar com
ardor, prurido, drenagem de material
detalhes:
mucopurulento, sangramento e
1. Tempo e forma de evolução da UG;
linfadenopatia regional.
2. L o c a l i z a ç ã o p r e c i s a , d i v i d i n d o
• Acomete uma parcela significativa da
preferencialmente a vulva em terços;
população feminina, tendo sua lesão mais
3. Aspecto: tamanho, profundidade, grau de
comum, quando de causa infecciosa,
inflamação;
associada ao vírus do herpes simples.
4. Presença de linfadenomegalia regional e/
CLASSIFICAÇÃO
ou a distância;
Do ponto de vista didático e para facilitar a 5. Aparecimento concomitante de outras
abordagem das UGs, podemos classificá-las lesões no corpo e na boca;
em: 6. Presença de fator desencadeante: trauma,
1. UGs causadas por infecções sexualmente uso de medicamentos, outras pessoas com
transmissíveis (ISTs): Têm como agentes o mesmo quadro;
etiológicos os seguintes microrganismos: 7. Presença de doenças sistêmicas.
- Herpes simplex virus (HSV);
- Treponema pallidum (sífilis); HERPES GENITAL
- Haemophilus ducreyi (cancro mole); • O herpes genital (HG) é uma doença
- Chlamydia trachomatis sorotipos L1-3 sexualmente transmissível de alta prevalência
em nosso meio.
(linfogranuloma venéreo – LGV);
- Klebsiella granulomatis (granuloma • A propagação da infecção se dá por contato
sexual oral, vaginal ou anal sem proteção.
inguinal ou donovanose).
• Em casos de gravidez, da mãe para o bebê,
2. UGs não relacionadas às ISTs: Têm como
pode ser transmitido pelo parto ou
as principais causas:
- Vasculites autoimune; amamentação.
- Traumas; • O herpes simples vírus (HSV) pode provocar
- Neoplasia. lesões na pele e nas mucosas dos órgãos
genitais masculinos e femininos.
• O vírus penetra nas terminações dos nervos
sensoriais e é transportado retrogradamente
pelo axônio para as raízes dos gânglios
dorsais, onde fica potencialmente latente por
toda a vida.
• A reativação espontânea por várias causas
resulta no transporte anterógrado de
partículas/proteínas do vírus para a
superfície, onde se dissemina, com ou sem 5. Queimação e dor intensas acompanham as
formação de lesões. lesões vesiculares iniciais;
• Há dois tipos do vírus herpes simples (HSV, 6. Prurido e formigamento;
de herpes simplex vírus), o HSV-1 e o 7. Disúria (sintoma urinário - podem estar
HSV-2. presentes em caso de lesões na vulva).
1. O HSV-1 é a causa mais frequente das 8. Edema (levando à obstrução uretral).
lesões orais. 9. Febre baixa, mal-estar e cefaleia (sinais de
2. O HSV-2 costuma ser encontrado nas viremia);
lesões genitais, embora ambos os tipos 10. Linfonodomegalia inguinal dolorosa
possam causar herpes genital. bilateral;
• As pacientes infectadas podem transmitir o 11. Corrimento vaginal (quando atinge o colo
vírus quando assintomáticas, e muitas uterino).
infecções são sexualmente transmitidas por
pacientes que desconhecem sua infecção.
FATORES DE RISCO
• O desenvolvimento de herpes simples está
muito relacionado a imunidade.
Principais causas de imunossupressão que
aumentam as chances de herpes:
1. Falta de sono;
2. Traumas;
3. Trabalho excessivo;
4. Uso de drogas;
5. Constrangimentos emocionais;
6. Má alimentação (desnutrição); Observação: Não há dúvidas de que a carga
7. AIDS (síndrome da imunodeficiência viral contribui para o número, o tamanho e a
adquirida); distribuição das lesões. Os mecanismos
8. Uso de altas doses de corticoide; normais de defesa do hospedeiro inibem o
9. Neoplasias; crescimento viral, e a cicatrização se inicia em
10. Quimioterapia; 1 a 2 dias. O tratamento inicial com um
11. Entre outras. medicamento antiviral reduz a carga viral.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pacientes imunodeficientes apresentam maior
O vírus infecta células epidermais viáveis, e a suscetibilidade, menor resposta e cicatrização
resposta à infecção é formada por: retardada.
1. Pápulas eritematosas; Observação: Para um paciente não infectado
2. Vesículas dolorosas (agrupadas nas regiões anteriormente, a fase vesicular ou inicial é mais
genitais); longa. Há aumento no período de formação da
Observação: Às vezes, elas estão presentes nova lesão e a cicatrização é mais demorada. A
dentro do meato uretral ou, por contiguidade, dor persiste pelos primeiros 7 a 10 dias, e a
podem atingir a região anal e perianal, cicatrização da lesão requer 2 a 3 semanas.
3. Úlcera dolorosa (rompimento da cobertura Observação: Se um paciente tiver sofrido
da bolha); exposição anterior ao HSV-2, o episódio inicial
4. Crostas (úlcera cicatriza e desenvolvem será significativamente menos grave. A dura-
uma crosta); ção da dor e da sensibilidade dolorosa será
Observação: As três fases das lesões são: (1) menor, e o tempo de cicatrização será de
vesícula com ou sem formação de pústula, com aproximadamente duas semanas.
duração de aproximadamente uma semana, (2) Observação: As lesões do HG costumam
ulceração e (3) crosta. Pode-se predizer que o regredir espontaneamente, mesmo sem
vírus se dissemina durante as duas primeiras tratamento, nos indivíduos imunocompetentes.
fases do surto infeccioso. Nos imunodeprimidos, incluindo os infectados
pelo HIV, porém, elas podem adquirir
dimensões extraordinárias.
COMPLICAÇÕES • Acredita-se que a transmissão sexual de T.
• As complicações extragenitais mais comuns pallidum ocorra apenas quando lesões
são meningite asséptica e retenção urinária sifilíticas mucocutâneas estão presentes.
por disfunção do sistema nervoso autônomo Observação: Toda erupção cutânea sem
sacral. causa determinada deve ser investigada com
DIAGNÓSTICO testes para sífilis.
1. Clínica; FATORES DE RISCO
2. Exame físico; 1. Início precoce da atividade sexual;
3. Cultura (padrão-ouro - a especificidade é 2. Utilização não adequada dos métodos de
alta, mas a sensibilidade é baixa e declina à barreira;
medida que as lesões cicatrizam). 3. Ter múltiplos parceiros sexuais;
4. PCR (é mais sensível do que a cultura). 4. Portadores de outras Infeções Sexualmente
5. Sorologia (testes sorológicos tipo-específicos Transmissíveis, principalmente o Vírus da
para glicoproteína-G disponíveis para de- Imunodeficiência Adquirida (HIV);
tectar anticor pos específicos para 5. Grupos socioeconômicos desfavoráveis.
g l i c o p ro t e í n a - G 2 ( H S V- 2 ) e p a r a CLASSIFICAÇÃO E SINTOMAS DA SÍFILIS
glicoproteína-G1 (HSV-1)). 1. Sífilis recente (primária, secundária e
6. NAAT (mais sensíveis). latente recente): Até um ano de evolução;
TRATAMENTO 2. Sífilis tardia (latente tardia e terciária):
Mais de um ano de evolução.
Tradicionalmente, a sífilis não tratada é
classificada nos seguintes estágios:
1. Sífilis primária: O tempo de incubação
é de 10 a 90 dias (média de três semanas).
A primeira manifestação é caracterizada
por uma úlcera rica em treponemas,
geralmente única e indolor, com borda
bem definida e regular, base endurecida e
fundo limpo, que surge no local de entrada
da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo
uterino, ânus, boca ou outros locais do
tegumento), sendo denominada “cancro
duro”. A lesão primária é acompanhada de
linfadenopatia regional (que acomete
linfonodos localizados próximos ao cancro
duro). Sua duração costuma variar muito,
em geral de três a oito semanas, e seu
desaparecimento independe de tratamento.
2. Sífilis secundária: Ocorre dentro de 6
semanas a 6 meses após a cicatrização da
lesão inicial, manifestando-se por manchas
no corpo que, em geral, não coçam,
incluindo as palmas das mãos e as plantas
dos pés. São lesões ricas em bactérias que
também desaparecem espontaneamente,
SÍFILIS
trazendo a falsa impressão de cura. Além
• A sífilis é uma doença infecciosa causada pela
disso, podem ocorrer micropoliadenopatia,
bactéria Treponema pallidum.
linfadenopatia generalizada, sinais
• A sua transmissão se dá por meio de relação
constitucionais, como mal-estar, febre,
sexual desprotegida, transfusão de sangue ou
cefaleia, dor de garganta e falta de apetite,
compartilhamento de seringas com sangue
quadros neurológicos, oculares e hepáticos.
contaminado e durante a gestação e o parto.
A sífilis secundária representa a fase da
circulação da bactéria na corrente
sanguínea. A sintomatologia desaparece
em algumas semanas, independentemente
de tratamento, trazendo a falsa impressão
de cura. Atualmente, têm-se tornado mais
frequentes os quadros oculares,
especialmente uveítes. A neurossífilis
meningovascular, com acometimento dos
pares cranianos, além de quadros
meníngeos e isquêmicos, pode acompanhar
essa fase.
3. Sífilis latente: Período em que não se
observa nenhum sinal ou sintoma.
- Latente recente - até um ano após a
exposição;
- Latente tardia - mais de um ano de
evolução;
4. Sífilis terciária: Pode surgir entre 1 e 40 COMPLICAÇÕES NA GESTAÇÃO
anos depois do início da infecção. A Na gestação, a sífilis pode apresentar
inflamação causada pela sífilis nesse estágio consequências severas, como:
provoca destruição tecidual. É comum o 1. Abortamento;
acometimento dos sistemas nervoso e 2. Prematuridade;
cardiovascular. Além disso, verifica-se a 3. Natimortalidade;
formação de gomas sifilíticas (tumorações 4. Manifestações congênitas precoces ou
com tendência a liquefação) na pele, tardias;
mucosas, ossos ou qualquer tecido. As 5. Morte do recém-nascido – RN.
lesões podem causar desfiguração, DIAGNÓSTICO
incapacidade e até morte. Os testes utilizados para o diagnóstico de sífilis
Observação: A transmissibilidade da sífilis é são divididos em duas categorias:
maior nos estágios iniciais da doença (sífilis 1. Exames diretos;
primária e secundária), diminuindo 2. Testes imunológicos.
gradualmente com o passar do tempo (sífilis
EXAMES DIRETOS
latente recente ou tardia). Essa maior
Os exames diretos são aqueles em que se
transmissibilidade explica-se pela riqueza de
realiza a pesquisa ou detecção do T. pallidum
treponemas nas lesões, comuns na sífilis
em amostras coletadas diretamente das lesões.
primária (cancro duro) e secundária (lesões
muco-cutâneas).
TESTES IMUNOLÓGICOS virtude do fenômeno prozonac. Uma vez
• Caracterizam-se pela realização de pesquisa observada reatividade no teste, a amostra
de anticorpos em amostras de sangue total, deve ser diluída em um fator dois de
soro ou plasma. diluição, até a última diluição em que não
Esses testes são subdivididos em duas classes: haja mais reatividade no teste. O resultado
1. Treponêmicos: São testes que detectam final dos testes reagentes, portanto, deve ser
anticorpos específicos produzidos contra os expresso em títulos (1:2, 1:4, 1:8 etc.). Os
antígenos de T. pallidum. São os primeiros a testes não treponêmicos são utilizados para
se tornarem reagentes, podendo ser o diagnóstico (como primeiro teste ou teste
utilizados como primeiro teste ou teste complementar) e também para o
complementar. Em 85% dos casos, monitoramento da resposta ao tratamento
permanecem reagentes por toda vida, e controle de cura.
mesmo após o tratamento e, por isso, não Observação: A queda adequada dos títulos é
são indicados para o monitoramento da o indicativo de sucesso do tratamento.
resposta ao tratamento. - VDRL
DRL (do inglês Venereal Disease
- Os testes rápidos – TR utilizam Research Laboratory);
principalmente a metodologia de - RPR (do inglês Rapid Plasma Reagin);
imunocromatografia de fluxo lateral ou de - USR (do inglês Unheated-Serum Reagin).
plataforma de duplo percurso – DPP. São Observação: Anticorpos anticardiolipinas
os mais indicados para início de podem estar presentes em outras doenças. Por
diagnóstico; isso, é sempre importante realizar testes
Observação: Os TR são práticos e de fácil treponêmicos e não treponêmicos para a
execução, com leitura do resultado em, no definição laboratorial do diagnóstico.
máximo, 30 minutos. Utilizam amostras de Observação: Resultados falso-reagentes
sangue total colhidas por punção digital ou podem ocorrer em reações cruzadas com HIV,
venosa. Têm a vantagem de ser realizados no gestação, senilidade, imunizações, uso de
momento da consulta, possibilitando drogas injetáveis, ou indicar presença de
tratamento imediato. anticardiolipinas, doenças autoimunes,
- Testes de hemaglutinação (TPHA, do hanseníase ou leptospirose.
inglês T. Pallidum Haemagglutination Observação: Os testes não treponêmicos
Test) e de aglutinação de partículas tornam-se reagentes em cerca de uma a três
(TPPA, do inglês T. Pallidum Particle semanas após o aparecimento do cancro duro.
Agglutination Assay); ensaios de micro- A denominada cicatriz sorológica ou memória
hemaglutinação (MHA-TP, do inglês sorológica caracteriza-se pela persistência de
Micro-Haemagglutination Assay); resultados reagentes nos testes treponêmicos e/
- Teste de imunofluorescência indireta ou nos testes não treponêmicos com baixa
( F TA - A b s, d o i n g l ê s F l u o re s c e n t titulação após o tratamento adequado para
Treponemal Antibody-Absorption); sífilis, afastada a possibilidade de reinfecção.
- Ensaios imunoenzimáticos (como os testes
ELISA, do inglês Enzyme- Linked
Immunosorbent Assay) e suas variações,
como os ensaios de quimiluminescência
(CMIA, do inglês Chemiluminescent
Microparticle Immunoassay).
2. Não treponêmicos: Esses testes
detectam anticorpos anticardiolipina não
específicos para os antígenos do T. pallidum.
Permitem uma análise qualitativa e
quantitativa. Sempre que um teste não
treponêmico é realizado, é imprescindível
analisar a amostra pura e diluída, em
Esquema oral alternativo (mulheres alérgicas à
penicilina, não grávidas):
- Doxiciclina 100 mg, VO, 2x/dia, por 4
semanas.
CANCRO MOLE
• O cancroide é uma afecção provocada por
Haemophilus ducreyi, mais frequente nas regiões
tropicais.
• Denomina-se também cancro mole, cancro
venéreo ou cancro de Ducrey.
• O período de incubação é geralmente de três
a dez dias, podendo se estender por até duas
semanas.
• O cancro mole é uma doença infecciosa
aguda de transmissão sexual e ulcerativa, a
partir de microabrasões na pele, localizada
nos genitais, pouco frequente em nosso meio.
• É causada por bacilo Gram-negativo e
caracterizada clinicamente pela presença de
ulcerações dolorosas, em número variado, de
bordas irregulares e frequentemente envoltas
por halo eritematoso vivo, localizadas em
TRATAMENTO região genital, anal ou anogenital,
Sífilis primária, secundária, latente acompanhadas ou não de adenopatia satélite.
precoce (menor 1 ano): MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Penicilina G benzatina, 2,4 milhões de • Inicia-se como pequena pápula inflamatória
unidades, IM dose única envolta por halo eritematoso escuro, que
Esquemas orais alternativos (mulheres alérgicas rapidamente evolui para lesão
à penicilina, não grávidas): vesicopustulosa que, ao se romper, resulta em
- Doxiciclina 100 mg, VO, 2x/dia, por 2 lesão ulcerada, de base mole, rasa, com
semanas bordas irregulares, recoberta por exsudato
Sífilis latente tardia, terciária e necrótico purulento e envolta por halo
cardiovascular: eritematoso vivo.
1. Penicilina G benzatina, 2,4 milhões de • São lesões dolorosas e em número, forma e
unidades, IM, semanalmente, por 3 tamanho variados devido a sua característica
semanas de autoinoculação.
• Em regra, as lesões são recobertas com GRANULOMA INGUINAL
material purulento e, quando secun- • A doença ulcerativa genital granuloma
dariamente infectadas, exalam odor fétido. inguinal também é conhecida como
• Nas mulheres as localizações mais comuns donovanose, e é causada por uma bactéria
são a fúrcula vulvar, o vestíbulo, o clitóris e os intracelular gram-negativa,
grandes lábios. Calymmatobacterium (Klebsiella) granulomatis.
• As úlceras no colo uterino ou na vagina • Parece que o grau de contágio dessa doença
podem ser duras. é apenas médio, requerendo exposições
• Simultaneamente, quase metade das repetidas, e possui um período longo de
pacientes desenvolverá linfadenopatia incubação, de semanas a meses.
inguinal mole unilateral ou bilateral. • Acomete preferencialmente pele e mucosas
• Quando as úlceras são grandes e flutuantes, das regiões genitais, perianais e inguinais.
são chamadas de bubão. Às vezes podem • É pouco frequente, ocorrendo na maioria das
supurar e formar fístulas, e sua drenagem vezes em climas tropicais e subtropicais.
resultará na formação de outra úlcera. • A donovanose (granuloma inguinal) está
frequentemente associada à transmissão
sexual, embora os mecanismos de
transmissão não sejam bem conhecidos,
sendo sua transmissibilidade baixa.
• Ele pertence à microbiota intestinal, e seu
período de incubação varia de 1 a 12
semanas
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DIAGNÓSTICO
• A paciente com
1. Clínica; g r a nu l o m a
2. Exame físico; i n g u i n a l
3. Bacterioscopia (o diagnóstico é confirmado apresenta-se com
com a identificação de bastonetes gram- n ó d u l o s
negativos, sem motilidade, em esfregaço i n fl a m a t ó r i o s
coletado da lesão e corado pelo Gram). indolores, que
Observação: Antes de se obter a amostra, o progridem para
pus superficial ou a crosta devem ser removidos úlceras altamente
com gaze esterilizada embebida em solução vascularizadas,
salina. aver melhadas e
4. Cultura e biópsia (podem ser úteis no car nudas, que
diagnóstico diferencial ou em casos não sangram com
responsivos à terapia empregada); facilidade ao
5. Teste de amplificação de ácido nucléico. contato.
Observação: Não se deve esquecer de que o • A ulceração tem
teste para HIV deverá ser feito rotineiramente borda plana ou
em pacientes com úlcera genital. hipertrófica, bem
TRATAMENTO delimitada, com
fundo granuloso,
de aspecto vermelho vivo e de sangramento
fácil.
• Se secundariamente infectadas, podem se
tornar dolorosas.
• Essas úlceras cicatrizam por fibrose, o que
pode resultar em cicatrizes semelhantes a
queloides.
.
• Os linfonodos, em geral, não estão 5. BRASIL. Ministério da saúde. Protocolo
envolvidos, mas podem aumentar de clínico e diretrizes terapêuticas para
tamanho, e novas lesões surgirem junto aos atenção integral as pessoas com infecções
canais de drenagem linfática. sexualmente transmissíveis (IST). Brasília,
• Há predileção pelas regiões de dobras e 2022.
região perianal.
• Na mulher, a forma elefantiásica é uma
sequela tardia, sendo observada quando há
predomínio de fenômenos obstrutivos
linfáticos.
DIAGNÓSTICO
• O diagnóstico é confirmado pela história
clínica, exame físico e identificação de
corpúsculos de Donovan ao exame microscópico
de amostra corada com Wright-Giemsa, esse
método é feito a partir da biópsia ou raspado
do bordo da lesão.
TRATAMENTO
⑳
Referências:
1. LASMAR, R. B. Tratado de Ginecologia.
1. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017.
2. BEREK, J. S. Tratado de Ginecologia. 15.
ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2014.
3. HOFFMAN, B. L. et al. Ginecologia de
Williams. 2. ed. Rio de Janeiro: Grupo A,
2014.
4. FEBRASGO. Febrasgo - Tratado de
Ginecologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Grupo
GEN, 2019.