Pura Picaretagem - Daniel Bezerra
Pura Picaretagem - Daniel Bezerra
Pura Picaretagem - Daniel Bezerra
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Ficha Técnica
Copyright © 2013, Daniel Bezerra e Carlos Orsi
Diretor editorial: Pascoal Soto
Editora executiva: Tainã Bispo
Editora assistente: Ana Carolina Gasonato
Produção editorial: Fernanda Ohosaku, Renata Alves e Maitê Zickuhr
Preparação de textos: Taís Gasparetti
Revisão de textos: Eliane Usui
Revisão técnica: Elton J. F. de Carvalho (capítulos 2, 3 e 5)
Ilustrações: Leandro Melite Moraes
Capa: Maria João Carvalho | www.ideiascompeso.pt
2013
Todos os direitos desta edição reservados a
TEXTO EDITORES LTDA.
[Uma editora do grupo Leya]
Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 86
01248-010 — Pacaembu — São Paulo — SP — Brasil
www.leya.com.br
Este livro foi escrito tendo em mente o leitor curioso,
porém leigo.
A divulgação científica no Brasil, em especial a
produzida por autores brasileiros, ainda engatinha.
Espero que a leitura seja proveitosa.
– Daniel Bezerra
– Carlos Orsi
INTRODUÇÃO
O livro que você tem em suas mãos é real. É sólido. É
feito de átomos reais. Os elétrons dos átomos de seus
dedos repelem os elétrons dos átomos da folha de
papel, provocando a sensação de solidez. Não importa o
quanto você se concentre, não há meio de tornar o livro
menos sólido – a menos, claro, que você decida queimá-
lo, rasgá-lo ou dissolvê-lo em ácido. Mas temos a
esperança de que a experiência de lê-lo não seja
traumática a ponto de provocar reações assim.
Esperamos.
O primeiro parágrafo desta introdução apenas
reafirma um fato óbvio da vida – de todas as vidas –, o
de que objetos materiais têm uma realidade objetiva
que independe do estado mental e da disposição de
quem os contempla ou deixa de contemplá-los. Como
Albert Einstein disse certa vez, a Lua continua lá em
cima, mesmo que ninguém olhe para ela.
É um sintoma curioso do estágio atual da civilização
que essa obviedade precise ser reafirmada – mais ainda
que haja gente disposta a escrever um livro inteiro para
reafirmá-la.
Mas o fato é que o óbvio tem estado sob ataque, seja
por parte de gurus de autoajuda que insistem que
querer é necessário e suficiente para fazer acontecer,
seja por físicos e filósofos (e pseudofísicos e
pseudofilósofos) que parecem convencidos de que a
Teoria Quântica, uma das maiores conquistas da ciência
do século passado, implica que a realidade é uma
espécie de ilusão coletiva que pode ser pilotada pela
força da mente.
O que deixa em aberto a questão: e se eu usar a força
da minha mente para fazer com que a realidade seja
algo independente da mente? A mente pode criar uma
pedra pesada demais para a mente levantar?
O discurso da realidade como ilusão manipulável atrai
porque engendra um sentimento de poder e controle.
Seres humanos gostam de ter o controle das coisas.
Estar ao sabor do acaso é desconfortável. É desajeitado.
Faz suar frio. Quem não gostaria que uma atitude
mental positiva realmente fosse tudo o que bastasse
para que o próprio acaso passasse a trabalhar a nosso
favor?
Mas os fatos, assim como a Lua, estão aí, mesmo
quando nos recusamos a olhar para eles.
O físico Amit Goswami disse a seguinte sentença, que
ficou famosa: “O mundo material ao nosso redor não é
nada além de movimentos possíveis da consciência.
Escolho, momento a momento, minha experiência.
Heisenberg disse que átomos não são coisas, apenas
tendências”.
Menos famosa do que a fala de Goswami é a resposta
do historiador e articulista da Scientific American dos
Estados Unidos, Michael Shermer, que desafiou
Goswami a saltar de um prédio de vinte andares e,
conscientemente, escolher a experiência de passar
incólume através do chão.
A resposta de Goswami ao desafio é desconhecida por
nós, mas não nos parece que tenha decidido aceitá-lo.
O desafio que nos impomos talvez não seja menos
audacioso do que o de Shermer, mas pelo menos não é
de todo impossível: garantir que nenhum leitor passe
incólume, não através das páginas materiais que
compõem este livro (isso está garantido pelas leis da
Física), mas pelos fatos e ideias que ele contém. E que,
ao terminar, esteja melhor equipado para distinguir
entre teoria científica legítima e pura besteira.
A viagem começa na próxima página.
CAPÍTULO 1
De volta à escola
Onda ou partícula?
Surge o quantum
É a economia, estúpido
O corpo negro
Catástrofe a caminho
Energia em pacotes
9 A forma como a luz do Sol se dispersa pela atmosfera da Terra, e que faz
o céu ser azul, é chamada de “Dispersão de Rayleigh” em homenagem a
ele.
De incertezas e probabilidades
25 E. Schrödinger, Annalen der Physik 79, 361, 189, 734; 80, 437; 81, 109
(1926); Die Naturwissenchaften 14, 664 (1926). Esses artigos são muito
difíceis de encontrar fora de bibliotecas especializadas (além de estarem
escritos em alemão), mas o leitor destemido pode tentar encarar um
resumo em inglês em The Physical Review vol. 28, n.6 (1926), “An
Undulatory Theory of the Mechanics of Atoms and Molecules”.
A (IN)CONSCIÊNCIA QUÂNTICA
Eu vos garanto: se alguém disser a esta montanha:
“Levanta-te e lança-te ao mar”, e não duvidar no seu coração, mas
acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá.
Evangelho Segundo S. Marcos, 11:23
Misticismos outros
38 Todas as citações da obra de Gary Zukav vêm da edição e-book the The
Dancing Wu Li Masters, publicada nos EUA por Harper-Collins em 2009.
(Tradução nossa).
40 Ok, então não é exatamente assim que acontece: dizer que é possível
“pegar emprestado do Nada” um bocadinho de energia para em seguida
“devolvê-lo ao Nada” é uma licença poética. O fato é que o que chamamos
de vácuo na verdade fervilha de energia; e flutuações quânticas aleatórias
podem produzir pares de partículas ditas “virtuais”, num processo cuja
duração é prevista pelo Princípio da Incerteza. Mas esse é um fenômeno
melhor descrito pela Teoria Quântica de Campos, que foge do escopo deste
livro.
MUNDO ESTRANHO
Acho que posso dizer com segurança que ninguém entende Mecânica
Quântica.50
Richard P. Feynman
P12=|ψ1 + ψ2|2
56 Para quem continua em dúvida: |–5 + 3|2 = 4 e |–5|2 + |3|2 = 34. Bem
diferente, portanto.
[(+1)+(–1)+(–1)+(+1)]:4.
68 Para quem não tem medo de matemática: P(a,b) = –a.b, onde a e b são
os vetores unitários que definem a orientação dos detectores e P(a,b) é a
média do produto dos spins para aqueles detectores. O produto escalar
entre dois vetores, como se sabe, é um número real que depende do
cosseno do ângulo entre eles.
Futuro quântico
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